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proporcionar o benefício de um acesso àqueles que não teriam um outro meio para tal.
Segundo a filosofia budista existem quatro formas de generosidade:
- Partilhar os ensinamentos que geram paz interior da forma adequada à mente e à cultura das
pessoas, sem esperar pagamento ou recompensa.
- Oferecer coisas materiais, como nosso corpo e nossos recursos.
- Oferecer proteção, consolo e coragem. Podemos proteger os outros de perigos
e outros humanos, de não-humanos e dos elementos.
- Oferecer amor (oferecer incondicionalmente aos outros nosso tempo, apoio emocional, energia
positiva e boas vibrações).
Após sua leitura considere, dentro do possível, a possibilidade de adquirir o original, pois assim você
estará incentivando o autor e a publicação de novas obras.
Os Primeiros Contadores de Histórias
Joseph Campbell
Extraído do Documentário exibido na TV Cultura em 03 de novembro de 2004.
Transcrição de Valéria Miguez - valeriamiguez@globo.com
Os mensageiros animais do Poder Oculto já não servem mais como nos tempos antigos para ensinar
e guiar a humanidade.
Hoje os ursos, leões, elefantes e gazelas estão em jaulas nos zoológicos. O homem não é mais um
recém-chegado num mundo de florestas virgens; os vizinhos não são mais animais selvagens, mas sim
outros humanos que lutam por espaços num planeta que gira em torno de uma estrela de fogo.
Não vivemos mais no corpo nem no espírito no mundo dos caçadores da era paleolítica, mas
devemos a eles: as suas vidas, a maneira de viver, a forma do nosso corpo e a estrutura da nossa
mente.
A lembrança dos mensageiros animais ainda deve continuar adormecida dentro de nós, pois ela
desperta quando nos aventuramos numa região selvagem. Ela acorda aterrorizada quando ouvimos um
trovão. E desperta com uma sensação de reconhecimento quando entramos nas grandes cavernas com
pinturas rupestres.
Quaisquer que fossem as trevas interiores onde os feiticeiros dessas cavernas devem existir dentro
de nós e todas as noites nós as visitamos em sonhos.
(J. Campbell; "O Poder do Mito").
As pinturas rupestres deixadas por nossos ancestrais mostram como os caçadores dessas tribos
primitivas eram influenciados pela natureza e por sentimentos religiosos para com os animais, pois
dependiam deles para sua alimentação. Eles contavam histórias sobre eles e o mundo sobrenatural
para onde parecia ir quando morriam. E os caçadores realizavam rituais para os espíritos dos animais
que partiam, tentando convencê-los a voltar e serem sacrificados de novo.
Joseph Campbell dedicou sua vida ao estudo desses mitos e rituais. Para ele, não eram apenas
histórias divertidas contadas em torno de antigas fogueiras, mas poderosos guias para a vida espiritual.
Como pesquisador e professor, Campbell se interessou pelas peças do Museu Americano de Historio
Natural e estudou muitas culturas do mundo inteiro. Ele disse:
"Quando ouvimos os abracadabras de curandeiro do Congo, ou tentamos penetrar numa árdua
argumentação de São Tomás de Aquino, ou percebemos o significado de um estranho conto de fadas
dos esquimós estamos ouvindo os ecos da primeira história".
Nesta entrevista que gravei com Campbell nos dois últimos anos de sua vida, conversamos sobre a
relação entre as primeiras histórias e quem as contava. Como elas nós fazemos rituais para representar
o que julgamos existir no outro mundo e tentamos harmonizar nosso corpo com a morte que é seu
destino.
(Bill Moyers)