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Quem é esse homem que se esforça por derreter o silêncio unicamente por
meio do seu movimento? Esse homem é o mimo. A dança é filha da
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música. A pantomima é filha do silêncio [ETIENNE DECROUX] .
1
Professor do Programa de Pós Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal
de Santa Catarina
2
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade
Federal de Santa Catarina.
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BONFANTI, Jean-Claude. Para saudar Etienne Decroux. Transcrição e tradução do roteiro do filme de Bonfanti
por José Ronaldo Faleiro; p. 3 da tradução. [texto manuscrito].
FIALHO, Francisco Antônio Pereira; SILVEIRA, Ermelinda Ganem
Fernandes. Consciência e a jornada do herói. In: SIMPÓSIO NACIONAL
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SOBRE CONSCIÊNCIA, 2., 2007, Salvador. Anais... Salvador: Fundação
Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
INTRODUÇÃO
“Não tenho ensinamentos a transmitir. Apenas aponto algo, indico algo na realidade, algo não
visto ou escassamente avistado. Tomo quem me ouve pela mão e o encaminho à janela.
Escancaro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas lidero um diálogo”
(Buber).
Somos seres vivos. Isto significa que sentimos, pensamos e agimos. Ao sentir
associamos a imagem arquetípica de Eros. O arquétipo, por detrás do pensar é
Atena e do agir é Hermes. Freud em o “Mal estar na Civilização” defende que toda
cultura é fundada sobre a repressão dos instintos dos indivíduos, a impossibilidade
de toda e qualquer erotização que leve ao prazer. Hermes impede Eros (princípio do
prazer), subordinando-o a Atena (princípio da realidade). A satisfação objetiva de
necessidades vinculadas à auto-preservação implica na necessidade do trabalho
(princípio da realidade) e em abstenção do prazer.
DE PARA
Satisfação imediata Satisfação adiada
Prazer Restrição ao prazer
Júbilo (atividade Lúdica) Esforço (trabalho)
Receptividade Produtividade
Ausência de repressão Segurança
(Fonte: Herbert Marcuse, in Eros e Civilização p.34)
4
O Logos (STUVW, palavra) é um um conceito filosófico. A capacidade de racionalização individual ou o princípio
da Ordem e da Beleza. "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus"
João 1:1
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Fernandes. Consciência e a jornada do herói. In: SIMPÓSIO NACIONAL
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SOBRE CONSCIÊNCIA, 2., 2007, Salvador. Anais... Salvador: Fundação
Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
civilização é Logos impondo suas leis a Eros, a repressão dos instintos, condição
“sine qua non” para a co-existência pacífica em sociedade. Busca, no entanto, na
própria teoria freudiana, elementos que apontem para outras alternativas: uma
organização social sem a necessidade de repressão dos instintos. Alguma forma de
se libertar a Bela (a emoção) da Fera (a razão), de resgatar o singular sem
subordiná-lo a uma lógica em que este deva se submeter ao todo.
Para sustentar sua tese, Marcuse cita a antropóloga Margareth Mead que,
estudando os Arapexes, observou, nesta cultura, o respeito ao meio ambiente e o
trato dele como a um Jardim, porque ele favorece a criação das demais espécies
vivas. Igualmente, remete-se a Kant e, em especial à Crítica do Juízo (“Da beleza
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Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
Como construir este mundo novo que pode existir fora de nós, mas que só pode
ser espelho do que existe dentro de nós?
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Fernandes. Consciência e a jornada do herói. In: SIMPÓSIO NACIONAL
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Rubem Alves (2001) nos ensina que, em uma época onde as tecnologias, cada
vez mais sofisticadas, passam a executar e pensar pelos indivíduos, resta ao ser
humano o maior de todos os aprendizados:: Aprender a Viver.
Izquierdo (2002, p. 138) considera que: “...a chave da qualidade de vida é abrir
tempo e usá-lo fundamentalmente para amar, para ser quem somos e melhorá-lo
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De acordo com Las Heras (2003), o termo Persona, cunhado por Jung na década de 20, refere-se à parte da
personalidade humana inata, porém modelada e influenciada pela sociedade, que tem como objetivo facilitar a
nossa comunicação com o mundo externo. É uma subpersonalidade que vai sendo configurada pelo ambiente
social.
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Jung chamou de Anima a nossa interioridade pessoal, a nossa “imagem de alma”. A primeira noção de anima,
como o lado contrassexual, feminino, do homem, foi posteriormente ampliada. Utilizamos o conceito de anima
no sentido mais amplo usado por Hillman (1985). A anima, como arquétipo, transcende o gênero sexual,
referindo-se a uma estrutura psíquica mais complexa, presente tanto na psicologia do homem, quanto na psique
das mulheres.
7
Para Edinger (1992), o Self, também chamado de Si-mesmo, é o centro ordenador e unificador da psique total
(consciente e inconsciente), assim como o ego é o centro da personalidade consciente. O Self (Si-mesmo)
constitue, por conseguinte, a autoridade psíquica suprema, mantendo o ego submetido ao seu domínio. O Si-
mesmo é descrito de forma mais simples como a divindade empírica interna, e equivale à imago Dei.
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A jornada rumo ao Self, que analogizamos com o caminho em direção à Oz, corresponde ao caminho da
individuação, definido por Jung. Para a Psicologia Junguiana, existe em nós uma tendência inata de orientação
do desenvolvimento da personalidade e a realização individual. O núcleo dessa tendência se localiza no interior
de cada ser humano, propiciando o desenvolvimento da sua integralidade. Os efeitos dessa autoformação, na
segunda metade da vida foi denominada por Jung de “individuação” (NEUMANN, 1995). Essa tendência inata
nos impele ao que Abraham Maslow chamava de capacidade de auto-realização.
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Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
através do amor. Para isso temos que enfrentar todas as circunstâncias e situações
que atentem contra nosso tempo”.
Estudos feitos com macacos mostram notável fidelidade entre uma forma vista
(a) e a forma do padrão de atividade neural (b) em um dos estratos do córtex visual
primário.
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Um atrator tem uma base de atração e um ou mais pólos de atração. Por exemplo, toda vez que nos lembrams
de alguém é porque caiu a ficha, ou seja, fui capaz de associar uma das infinitas possibilidades de cada um se
apresentar ao protótipo que guardo em meu cérebro.
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Fernandes. Consciência e a jornada do herói. In: SIMPÓSIO NACIONAL
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Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
uma vez que ele se caracteriza por um certo nível de receptividade, representando
as coisas do mundo como aparecem para o sujeito e não como são em si (...) Assim,
o que conhecemos do mundo são fenômenos, não númenos. Conhecemos a
imagem das coisas para nossa consciência, não a essência daquilo que acreditamos
estar fora de nós: ‘fenômeno’, ordinariamente, significa ‘aparição’. Só conhecemos
os fenômenos do mundo, não a essência do mundo”. (CASTANÕN, 2007)
David Bohm (1980) falava de uma ordem implicada. O mundo que percebemos
seria o que denominou por Ordem Implícita. O mar de energia incomensurável, que
tanto incomoda os teóricos da Física Quântica, seria a Ordem Implícita e as
consciências (ou aparelhos de medida) seriam os habitantes de uma Ordem Super
Implícita capaz de provocar, com seu vento quântico, colapsos de funções de ondas,
em uma sincronicidade já prevista por Jung ao correlacionar eventos psicológicos
com eventos físicos.
Amit Goswami (2005) fala de uma mônada quântica que uniria e daria sentido
a nossos diversos corpos. Jung entendia essa Ordem Implícita, campo de união
entre soma e psique, como Unus Mundus.
Como a água que move o moinho para gerar energia, a emoção é geradora, é
o substrato do conhecimento, este que ficará indelevelmente tatuado no córtex
cerebral e no coração do aprendiz; e que ocorre por ter sido significativo, por haver
emocionado.
Figura 3: As 6 épocas
Fonte: The singularity is near (KURZWEIL, 2005)
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Na era 3, era dos homens com seus prodigiosos cérebros, temos um Código
Neural que organiza e mantém o cérebro/mente. Na era 4 da Tecnologia explodem
os códigos até convergirem, na Era 5 em um Código Holográfico capaz de organizar
e manter a consciência.
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http://www.paubrasil.com.br/livraria/scripts/pagina.web?124310257107623640007+e_gandhi.html
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CONCEITO DE HOMEM
Anima vem de amenos, vento. Chawwa (Eva), aquela que pode ser fecundada;
Helena, um eros sexual; Maria, que eleva Eros ao sagrado; e Sofia, a
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http://diversificado.blogspot.com/2006/11/ou-voc-abre-seu-corao-ou-algum.html
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Em 1902, na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Zuriche, Jung concebeu um projeto de pesquisa que tinha
como objetivo penetrar mais fundo no mundo subjetivo e explorar suas estruturas e operações. A pesquisa, cujos
resultados foram publicados em 1904-1910, no Journal fur Psychologie und Neurologie, deu origem ao
experimento denominado ‘’Teste de Associação de Palavras”. Nesta pesquisa, eram utilizadas palavras-
estímulos, lidas a um sujeito que tinha sido instruído previamente para responder com a primeira palavra que lhe
ocorresse à mente. As respostas geravam uma série de reações emotivas, verbais e fisiológicas, que eram
mensuradas e documentadas. A partir destes experimentos, Jung observou que haviam fatores que não eram
conscientes pelos indivíduos e que afetavam as respostas. Algumas palavras-estímulos despertavam
lembranças dolorosas que haviam sido enterradas no inconsciente, conteúdos que, por sua vez, se associavam
a outros conteúdos. Havia uma espécie de rede de material associado, formada por lembranças, fantasias,
imagens e pensamentos, que geravam uma perturbação na consciência. Esta rede foi chamada de complexo
(STEIN, 2000). Este método experimental foi logo abandonado por Jung, mas tanto lhe serviu de ponte para
iniciar o relacionamento com Freud, quanto para lançá-lo internacionalmente no mundo acadêmico (conferências
do bicentenário da Clark University, Estados Unidos, 1909) (GRINBERG, 2006).
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Nós somos
um UNIVERSO
ARQUÉTIPOS
Em Jung o conceito de homem se
CONSTELAÇÕES
amplia. Somos um universo. Nosso ego
não passa de um minúsculo planeta ,
palco em que representamos os papéis
designados por nossas personas.
EGO-PLANETINHA
Se o encontro com a sombra é obra de aprendiz, o encontro com a Anima é nossa obra-prima
(Jung)
Primeiro amar para depois conhecer. Quem nos guia não é Atena a sabedoria
e nem Hermes, a intuição. O que nos move é Eros, a paixão. No início era a
emoção, alfa e ômega, princípio e fim em si mesmo. É preciso se deixar dominar
pelo arquétipo do amor para encontrar Sofia, o feminino universal que compreende e
transcende a fecundidade de Eva, a beleza de Helena e a espiritualidade de Maria
CONCLUSÃO
Figura 5 – Dante e Beatriz fitam o Céu Superior (o Empíreo). Ilustração de Gustave Doré para a
Divina Comédia.
Fonte: Wikipédia
Querido Rama, Senhor dos Mundos .... Pensa e recorda que prometestes a
Indra matar-me para sempre. Nada é para sempre, senão tu mesmo. Se não
morresse por tua mão, de que outra maneira poderia eu fazer para me aceitares em
teu próprio Eu?
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Beatriz de Chico Buarque de Holanda
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Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
Não pedi proteção contra os homens. Vais a toda parte e conheces todas as
coisas que já foram feitas ou que o serão um dia. Porque fui tão descuidado? Eu não
era descuidado em parte alguma! Ó Narayana, olha, eu olhei, maravilhei-me ... Os
Homens são minas, os Homens são minas preciosas. Ó Rama, julgaste que o
escuro era mau?
Vês tudo o que acontece e amparas todas as criaturas. Vi que o céu era
impermanente e que o próprio inferno não perdurava. Descobri que o tempo de cada
existência é apenas um dia cheio; e vi que todas as criaturas, separadas de ti, de
quando em quando renascem, sempre mudando. Não gostam das coisas que vêm e
vão, e passam com o tempo, e odeio o próprio Tempo. Adverti-o, quando nos
encontramos pela primeira vez, que eu o tomava por inimigo, eu mesmo lhe disse
isso.
Oh, tu, que és o Melhor dos Homens, existem muitas espécies de Amor, e
nunca a feri. Vali-me de Lakshmi a fim de atrair-te para cá. Ofereci-te minha vida e tu
a aceitaste.
Portanto, acolhe de volta, com amor, a tua Sita. A guerra acabou, assim,
fechamos a nossa carta”. (Carta de pedra de Ravana, Lorde Demônio, para Rama,
após sua morte)
BIBLIOGRAFIA
ALVES, R. Estórias para quem gosta de ensinar. 4ª. Ed. Campinas: Papirus, 2001,
p.103-108.
HEROLD, K. R. "A Buddhist Model for Information Ethics". In: Second Annual Asia-
Pacific Computing and Philosophy Conference. Bangkok, 2005
STEIN, M. Jung: o mapa da alma – uma introdução. São Paulo: Cultrix, 2000.