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APRESENTAÇÃO DA REVISTA NATIVISMO ON-LINE

O projeto editorial da REVISTA NATIVISMO, iniciou em Porto Alegre quando eu trabalhava


como assessor de imprensa para uma gravadora e viajava acompanhando a explosão dos festivais
nativistas no estado.
Em uma das minhas visitas a residência do meu amigo, Glênio Fagundes, encontrei uma revista
Folklore, que era editada na Argentina. Este veiculo serviu de inspiração para eu criar um projeto
editorial similar que registrasse a cultura gaúcha e documentasse os festivais aproveitando este meio
pra circular, já que a cada semana acontecia um festival em uma cidade diferente no estado e não
existia nem uma publicação encarregada desta matéria. Com o incentivo de Dom Glenio, encarei o
desafio e viajei a cidade Santa Maria, para conhecer uma gráfica e editora que estava iniciando e que
tinha interesse neste tipo de projeto. Acertamos a parceria, pois os interesses convergiam, e assim sai
a campo para colher material e captar colaboradores, no que fui muito feliz, pois a receptividade foi
excelente, e consegui a colaboração dos mais importantes nomes entre jornalistas, poetas, músicos,
escritores e pesquisadores da cultura gaúcha. O plano era lançar a edição Nº1 na cidade de Uruguaiana
durante a realização da 12ª Califórnia da Canção Nativa, e assim aconteceu. A apresentação da revista
foi feita por Colmar Duarte, um dos fundadores do festival.
Hoje passados tantos anos, pela importância dos artigos atemporais, e com interesse em fazer
um registro de época, aproveito a evolução da mídia através da internet. Volto a editar, ora, on-line as
Revistas Nativismo que foram publicadas. Espero que tenham uma boa leitura!

Chico Sosa
LGR Artes Gráficas
MARÇO 1983

,
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"I~

S
INI-POSTER:-
- SECA,
LUIZ CORO L, GLÊNIO FAGUNDES
E AS COLUNAS DE SEMPRE. .
o upaço 60i abeJLto e u:tâ a cLW)lJo.6içéio.
A REVISTA .6Wtge c.omo um ve1c.uto d-úúgido
NATIVISMO
ao emeJLgente púótlc.o de nodeio.6, 6e.6tivai.6 e, .6obnetudo, e.6tu -
dcoso» das YI.O.6.6Mco.csas , YWMa c.u.U:wta e. costumes, ;{J1de.pe.nde.n-
temente. de. eJLudiçéio ou .6-<-mptu c.Wtio.6idade..
A Ve.n.6~dade. ê em 6unçéio do.6 dive.n.6o.6 .6e.gme.nto.6
e.x,.i.J.,tentu,se]« da. mÚ.6J.c.a.tJía.dic.ionaLL6ta, 6otc.tõnJ.c.a. ou popu-
tan gaúc.ha. t deste. desenconmo que. .6Wtge. a NATIVISMO c.omo pon-
to de uniéio e c.ompanaçéio de idúM, opiniõu, potêmlc.a OU.6-<-m-
ptu ve1c.uto pana puóUc.açõu de estudos ou pUqui.6M.
A -Úito que. .6e pnopõe. a NATIVISMO: um upaço abeJLto
a .6ua fupo,ú,ç.ã.o.

,
Indice
4 - Gilberto Carvalho
I Expediente Carlinhos Hartlieb
5 - Ricardo Duarta
6 - O Analista de Bagé
8 - Cultura
NATlVISMO Dept". de Arte: Ulisses Dor- 9 - Terceando o Ferro
Ano I,'N°2. neles e Auri Garcês. 10 - Clássicos do Nativismo
Publicação da LGR Artes Grá- Fotolite e montagem: José'
12 - Roteiro dos Festivais
ficas Ltda e EdiSQra. Carlos de Almeida.
16 - Mini-Poster
Diretor: Jorge U.S. Lopes
Diretor de Arte: Clovis Geyer Ilustrações': Yera Souza, Ulis- 18 - Biografia de Gildo de Frei~
Pereira ses Dorneles, Ck>vis Geyer e tas
Diretor de Produçâc.. Fran- Ubiratã. 19 - Roda de Chimarrão
cisco Souza. . Composição de textos:' JOR- 22 - Glênio Fagundes
Cotaboradorea: Ricardo Duar- NAL A RAZÃO - Santa Maria 24 - Ponto de Vista - Luiz Ca-
Impressão; ronel
te, Luiz Fernando Verlssimo,
LGR Artes Gráficas Ltda.
Tau Golin, Glênio FagUndes, 26 - Juarez Fonseca, Tau Golin
Silva Jardim, 808. Fone:
Luiz Coronel, Juareí Fonseca, e o Chasque
(055) 221"6874.
Cezar Prieb, Carlinhos Hart- CGC.: 87 604 930/000-32. San- 28 - Cartas
lieb, Gilberto Carvalho ta Maria - 97.100 - RS. 29 - Nativismo em Quadrinhos
30 -Car tum

NATIVISMO 2 3
=======;;;;;;RICARDO DUARTE;;;
grande pretensão de atingir
o país, impondo nossos
compositores e cantores ao
o importante, é que de- Brasil, através de uma lin-
pois de várias adaptações guagem musical acessível
na- sua estrutura, nesse ao grande público.
tempo em que a princípio Nossa preocupação maior
traçou o seu caminho co- é de não tolhêr a revelação
mo um trilho de formiga de novos compositores, não
cortadeira e hoje mais pa- impedir a dinâmica do fol-
recendo um trator de estei- clore, dando oportunidade
Arrisco-me a ser repetiti- ra, a Califórnia continua a que aconteça o surgi-
vo mas acho indispensável fiel a seu propósito inicial, mento de manifestações
esta lembrança: Corria o ou seja, calcar na tecla musicais renovadas, desde
ano de 1970 e eram quatro insistindo no fato de que que baseadas nos ritmos
homens bem intencionados a música regional é sem dú- clássicos, do Rio Grande
que formavam aquele gru- vida alguma parte do acer- do Sul e por eles identifica-
\
po cantor com este que fala, vo da música popular de dos.
Júlio Machado da Silva Fi- um país. Na primeira Califórnia,
lho, Cesar Tarso Symone É por isso que hoje, após a tentativa de criação de
Lopes e Colmar Duarte. Já 11 anos de trabalho, tendo novos ritmos quando apa-
no ano anterior acontecera arrastado no seu ideal receram os «acalantos»,
com grande sucesso o 10 outros quarentas e tantos «lamentos» e «exaltações»;'
Festival de Música Popular eventos assemelhados a hoje queremos ter a chi-
da Fronteira e os «Maru- Califórnia que foi criada pa- marrita, a rancheira, o ta-
piaras» entusiasmaram-se ra valorizar a miisica regio- tú e tantos outros, vestin-
a participar de sua 2& edi- nal que estava completa- do roupagem nova e não
ção com a composição «Abi- mente desprestigiada, ten- apenas catalogadas, rotula-
chornado». Resultado: Não do a preocupação desses das, e postas numa redoma
se classificou nossa canção eventos na purificação da na sombra de culto das coi-
e a voz geral era de que música campeira, segue co- sas ultrapassadas, enquan-
se tratava de música regio- mo desde que foram cria- to seguiremos somando
nal e não popular. das as 3 «linhas» diferen- eventuais aculturações.
Esse foi o estopim que ciais, interessada em pes- Nossa proposta é séria,
criou a Califórnia, na inau- quisar através do estímulo honesta e melhor ainda -
ginação de Colmar Duarte, de seus compositores os viável, pois já estamos co-
através da nossa indigna- temas não essencialmente lhendo os frutos de nossa
ção geral. campeiros. No início, a mo- semeadura.
desta pretensão de atingir
nossos conterrâneos que-
rência «chica»: depois, a

4 NATIVISMO 2
;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;
G ILBERTO C ARVAL HO ;;;;;;

DECIDIDAM.ENTE A GAUDERIADA ...


Quando em 1971, esboçá cional que pretende standar- mas ligados ao Rio Grande e
vamos a matriz do que viria a dizar a consciência nacional: sua intimidade- o gaúcho não
ser a CALlFORNIA DA CAN- através do «jeans». da «coce». morreu o tipo campeiro apenas
ÇAO NATIVA DO RS. em do «chiclete». da alienação CUl- se transformou no homem 'de
Uruguaiana, tínhamos clara e tural e do desligamento com o agora.
muito nitidamente a preocupa- agora - que irá garantir o nosso As aflições são idênticas. A
ção do seu idealizador Colmar amanhã; os que desrespeitam alma e a mesma. Apenas os
Pereira Duarte, que na época. antes de tudo, o colorido mul- traços exteriores como a in-
não era outra senão «colocar a tifacetado produto do caldea- dumentária e o geitão seco ou
musica nativa do Rio Grande mento racioal que nos distin- despachado, foi cedendo lugar
do Sul, que parte do referen- gue região à região mas nos in- a um tipo mais, digamos,
cial gauchesco no lugar que tegra como Pátria. com quali- «potltico»: capaz de garantir
lhe está reservado no canário ficação sui-gêneris. contudo suas origens e esta
nacional». Os vetos segrega- Então, apesar das resistên- «crurneira muito boa» pelas
dores de outros festivais ante- cias às mesmas razão que ser- suas raizes.
cedentes e suas Comissões. viu em 1971 quando do adven- Os poetas e cantores da
nos ofereciam razões de sobra to da PRIMEIRA CALlFOR- «qauderiada» são gaúchos
para que temas do tipo IIAbi- ~IA, vamos continuar. tambem, e acreditam eles não
chornado» não ficassem restri- A IIGAUDERIADA» de Ro- tem vergonha de gritar que
tos ao circuito das rodlnhas ca- sario do Sul é uma prova disto. são, nem irão recorrer ao ca-
seiras dos nossos amigos. Desde já, asseguro que seu minho do sucesso fácil cus-
à

De 71 para cá a coisa mudou fruto ha de ser uma prova que ta de sua descaracterização.
muito. E como mudou. As se pode prosseguir dando tra- Por tudo isto, que viva e pro-
razões também mudaram; tamento lide respeito» aos te- lifere decididamente a Gaude-
principalmente na cabeça .de riada».
~CARLlNHOS
HARTLlEB----- -.
muitos de agora. Eu. particu-
larmente, continuo insistindo
que o caminho a ser pisado é o
O NATIVISMO E EU
que sempro nos distinguiu e
Descobr I a rnusrca nativista quando participei da 5" Califórnia
afinal nos apresentou como da Canção, na qualidade de jurado. Não que eu nunca tivesse
\ Povo ante o contexto musical e OUVidonada antes. pelo contrarm. FUI um gUrI tescmaco peias
poetico brasileiro. Gente de audições do «Grande Rodeio Coringa», nos tempos da antiga Rã-
distinta formação, Só poderia dio Farroupilha. Ali estava a vitrina da alma gaúcha. e posso ga-
portanto ser asslrn. A preocu- eanur que fui contaminado definitivamente.
pação em se divulgar a temati- Mas o tempo passou. minha formação foi essencialmente ur- ..
camente com nítido sabor re- bana, sempre tive muito mais contato com a cultura da cidade, o
samba. a bossa-nmova. os ritmos centro-americanos e, natu-
gional rio-grandense foi se
iaimente. as ideias norte-americanas. Acabei virando músico, Ei
extinguindo (por pressão de carrego comigo um pouco de tudo isso naquilo que faço.
alquns) aos poucos. Rio Gran- Hoje o nativismo siqnifícapara mim uma manifestação de vi-
de bem Rio Grande não é da. E. como tudo que é vivo. em constante transformação. Como
entendido pelo resto do Pais - uma trepadeira. se me permitem a comparação. Suas raizes es-
dizem outros. Engraçado pois tão assentadas na terra. mas seus rmaos se desenvolvem explo-
daqui temos aplaudido; e mui- rando o espaço em volta. E onde quer que venha a se apoiar,
tas vezes engolido Ilgoelá crescera sempre ostentando um novo broto. que será o testemu-
abaixo» temas do Nordeste, nho silencioso da própria vida. Suas raizes. enquanto isso, esta-
rão cada vez mais fundas. chão a dentro. E ela, vista no todo, se-
de Minas, dos morros do Rio ...
ra uma bela trepadeira.
enfim de linguagem bem Não sei se faço nativismo. mas fui plantado neste solo. Cada
adversa e alheia as nossas manifestação minha traz junto um pouco desse substrato Sei
casas e cabeças. que estou procurando em todas as direções, e isso tem me possi-
Os que combatem o sabor bilitado compreender melhor o universo. Mas me sinto parte
gaucheco são em sua rnaloria daqui. sou o velho-guri que continua aprendendo com os ventos.
os mesmos que vivem corren- Todos os meus sentidos foram despertados para a natureza que
cados pela maquina multina- me cerca. Nativismo. pra mim. é uma coisa muito grande.

NATIVISMQ 2 5
========-L. F.VERíSSIM

ENTREVISTA COM O
ANALISTA DE
Nesta edição a revista Nativismo entrevista o ilustre
Analista de Bagé - mais conhecido que farinha na mesa - tchê. Doente é paulista que
que nos dá o seu apoio e depoimento para a alegria do pú- gosta daquilo lá. Uma vez
blico gaudério dos pampas. veio um vivente me procu-
rar porque sonhava toda
1) Nativismo - Como o Ana- 2) Nativismo - Dentro do
noite com a campanha. Eu
lista de Bagé se define: Na- seu posicionamento, é pos-
disse que não era nada de-
tivista, tradicionalista ou sível prever um crescimen-
más porque eu também,
populista? to ou esvaziamento de toda
depôs de um churrasco gor-
esta movimentação?
do, deitava nos pelego e so-
PÔs acho lindo essa pia-
nhava verde. Aí ele disse
zada descobrindo que ter
que os sonhos deles eram
raízes é bom, mesmo quan-
eróticos e eu disse: «Quer
do não é mandioca e beter-
dizer que quando o amigo
raba. Esse movimento vai
sonha com campo tem
crescer, não importa que
umas vaquitas no meio ... »
nome tenha. Pode até se
Mas não era isto. O indio
chamar Firmino.
velho sonhava com coxilha
3)Nativismo - Sabidamente e com descampado, com
um discípulo incontestável mangueira e com charneca,
Bueno, tchê. Por baixo de Freud, seria possível e ficava com uma erecção
das bombacha eu uso Zor- analisar este amor a terra daquelas de segurá tenda.
ba. Vai ter bagual aí dizen- mãe? Existe realmente al- Sonhava que o Tarugo ve-
do que, nos fundo, sou nati- guma conotação edipiana lho ía encompridando, en-
vista grego. Esses nomes no povo gaúcho? compridando e se esten-
são como marca de gado, A terra da gente é me- dendo pelo campo afora.
identificam o rebanho, não lhor que mãe, pôs nos dá a «Mas que côsa más linda»,
o boi. Eu acho que Deus vida e o sustento mas não disse eu. «Mas tu tá me
fez o resto antes e o gaúcho dá cascudo nem manda fa- saindo um telúbrico, que é
quando pegou a prática zer lição. Essa loucura de cruza de telúrico com lúbri-
mas nem por isso me acho gaúcho pelo Rio Grande co, tchê». Mas ele disse:
melhor que os outros. não tem nada de doentio, «É, mas aí vem os trator ... »

6 NATIVISMO 2'
43

,
BAGE
4) Nativismo - O Analista
de Bagé - com seu joelhaço
terapêutico não se declar.a
publicamente um machis-
ta/fascista com tal gesto,
.simplesmente não admitin-
do o retruco?
4) Mas Ó que é isto, tchê?
Sou uma moça. Não tenho
.nada de intolerante ou
grosso e se alguém disser o
contrário leva um trompaço 6) - Nativismo - No fundo, o jogo, dizer quem é real-
nasguampa. no fundo, não dá 'vontade ,mente o Analista de Bagé,
5) Nativismo - E esta mes- de tratar a relho certos seg- antes que a gente decida
ma posição não o tomaria mentos do movimento gaú- rotular o distinto?
um tanto radical em relação cho? (Não precisa citar no- Pós já fiz auto-análise,
às novas correntes nativis-. mes ... por favor não insis- tchê. Foi um pouco cansati-
tas e emepegistas (música ta). vo pular do banquinho pro
popular ~aúcha) no Esta- Mas tu tá querendo me divã e do divã pro banqui-
do? intrigá com todo mundo, .. . nho durante cinqüenta mi-
Pôs não. Coma já dizia tchê. Não se deve tratar nutos, mas hoje me conhe-
meu pai, o velho Adio, ninguém a relho, que é tu- ço de me tratar por tu e di-
«haí mil regras pra comê do gente do Coronel Deus. vidi palheiro. Mesmo por-
mas nenhuma prá cagá. Fora cavalo aporreado e que não tinha muito que
Pensando bem, não sei o china respondona, nin- descobri. Bageense é como
que isto tema ver com sua guém. vitrina de belchior, tá tudo
pergunta. Mas. acho que lá 7) Nativismo - Sem querer' ali na frente. Não é como
no fundo, lá no mosto, todo alongar muito o chasque essas outras raças que pa-
mundo quer a mesma côsa. com nosso famoso entrevis- recem cestinha de moran-
Na grande tropeada da vi- tado - já que a sala de es-' go: os podre tão embaixo.'
da hai lugar pra todos, até pera está lotàda - poderia, Sou gaúcho, e isto é um
milico e baiano. sem frescuras, ou esconder diagnóstico.

NATIVISMO 2 7
~!C'ULTURA==========I
9 DE AGOSTO DE 1747
IMIGRACÃO

ACORIANA

E verdade que em 1680o Rei de Portugal havia implantado a mar· v~m ancorando em Desterro. e não tardara que aguardem sua
·gem esquerda do esluário do Prata. a Colônia Militar do Sanlissimo de descerem mais 550 famitias. perfazendo cerca de 3,000 pes-.
Sacramento - verdadeiro desafio aos espanhóis de Buenos Aires. E Simultaneameate. é dada ao capitão paulista Mateus de Camatl
bem verdade que em 1737 se estabelecera uma Comandãncia Mili·. Siqueira a incumWncia de estebelecer. i beira cio Guaiba. um
lar á entrada da LillIOa dos Patos. Mas. nessa região escassamente don_to Sl!9uro para os "caSolis" em tranSiIO para .as NIl~
povoada e apenas Irilhada pelos caçadores de couro. a soberania lu' No cjja 13 de novembro ele i752. ele inicia os trabalhos de melhoria
sitana somente seria firmada se se desenvolvessem condições efeti· porto ."atural ali exislente. ao mesmo tempo erguendo chouparw
vas de um povoamento estávet. Para lazer frente aos "espanhóis para abrigo dos esperadoS ilhéus, Ao novo e modesto arraial foi"
conlinantes". todavia. não era bastante o lipo de povcamento-ate do o nome de Porto de Viamão,
então implanlado noutras regiões do Brasil. Como bem salienlou o Inesperadamenle. os indios missioneiros reagiam às eletermi
hisloriador João Borges Forles. "a missão de ocupar. guardar. de- ções do Tralado de Madri. recusando·se a enlregar terras a Por!
fender e aumenlar o palrimônio lerrilorial e moral da pátria era gal. Em função desta guerra. os casais açorianos não puderam,
uma missão de-tal maneira transcendente Que os indios, animaliza- guir para o prelendido destino. e ficaram retidos no Porto de V
dos, e os negros escravos, meros instrumentos humanos de treba- mão ("Porto dos Casais" e. posteriormente. "Porto Alegre")
lho. seriam incapazes de real izar. Os novos colonizadores iam rece· Terminada a chamada Guerra Guaran,lica. houve ~ondiç6es pa-
ber o legado de conservarem ilesos os ideais portugueses". que os primeiros imigrantes recebessem terras para habitaçae
No arquipélago dos Açores. explosão demográlica e escassez de cultivo. Distribuiram·se. esses colonos. por Rio Pardo. São José c
lerras aráveis se conslituiam já em problema para o Rei. A solução Tequar}, Santo Antonio da Palrulha. São Luiz de Mostardas. Pira
.não estaria em promover a emigração de familias para o oulro lado ni, ete. Sua maior contribuição ao Continente do Rio Grande resid
do Atlãntico? Sim. E com isso se solucionaria também o problema em um novo modo de viver, diferente das andanças de guerra e e
da ocupação de terras. que afligia lanto ao Governo Mililar de Sanla nDmadismo das campereadas e tropeades, Marido. mulher e fil
Catarina quanto a sua Comandãncia Subsidiaria. de São Pedro do construiram lares. Ao lado da caça aos bois, surgiu a agricultura
RiO Grande. Que atê então havia sido transitório. tornou-se estávet, preso i
No dia 9 de agoslo de 17~7. depois de ouvido o Conselho Ultramari· chão, enraizado.
no •.O rei D. João V 3ssinou a aulorização para que familias doS Aço, A tradição açoriana - ao lado da influência tranoa pelos reine
res fossem transferidas para as partes do Brasil em qOe tossem do Minho e do Alenleio - marcou profundamenle a formação r
mais necessárias. tendo em vista principalmenle a Ilha de Sanla grandense. No linguajar, na vida doméstica, na gastronomia, I\i:
Catarina e outras porções meridionais. Nesse mesmo dia tornou·se crenças religiosas. nas superstições, nos adagios' e Quadrinhas Çt:
público o pregão. marcando as regalias com que os ilheus podiam pulares, no lazer em geral e na dança em particular. nas técnicas
contar': transporle. concessão de terras. ajuda de custo em dinhe,· agricultura e de pesca. no artesanato e na arquitetura.
ro. ter~ame"'as e gêneros alimenticios. "Pelo seu modo de ser, os açorianos representaram um fatore
No ano seguinte. o governador de Santa Catarina. José da Silva equitibr!c na sociedede de guerreiros e campeadores Que o secu
Pais. já está recebendo em Desterro (hoje Florianõpolis) o primeiro XV III projetou no extremo sul" - são palavras de Guilhermino C!
lote de "casais" (familias)'provenienles dos Açores. Em 17~. rnars saro - "Tudo neles tendia â estabilidade. a organização da vida
cem familias e ••em 1750. trezentas. . munat, segundo os modelos do Arquipelago. Isso não quer dizer q.
Nesse ano é assinado o Tralaclo ele Madri. pelo qual os espanhó,s o novo meio não tivesseinfluido neles também. Pelo contrário. rm,
se assenhoravam da COI6nia do Sacramento. el1l troca dos Sete PO' 105 Irocaram a economia lechada das datas (pequenas áreas c
vos das Missões Orientais do R io Uruguai. Desde logo se pretendeW terra destinadas a checares) pelo campo indiviso. pela preia e
destinar para a região missioneira as levas açorianas que continua' gado e pelas tropeadas. temendo-se também campeadores"
vam chegando a Santa C.tarina. Em 1752. um primeiro grupo é re-
melido. em sumacas. para a vila -de Rio Grande. 'outros navios já Rrferências bibliogrãfic~s. Vide na Bibliografia obras n- 22, J4, 41, 50.

8 NATIVISMO
e esclarecimento deixando fir-
mado que a' revista Nativismo
não tem por 'finalidade erlar
polêmicas e nem ao contrário
apaziguar ânimos,
'mas sim re-
gistrar fatos 'que possam ser
provados 'sem distinção das
fontes.

Corremos o risco de ser re- oportunidade de desfazer a


petitivos, ao voltarmos a este confusão. Mas para a nossa Sobre a rnusica vencedora,
espaço com o mesmo assunto surpresa o interessado no es- "São Borja, Canto e' Hitmo",
do número anterior.' Mas va- clarecimento óo caso não nos de Sérgio Jacaré é C~rlos C~
mos explicar que quando está- enviou o artigo via postal con-' choeira, o representante da
vamos selecronando um texto forme o combinado, Segundo Comissão acha que a escolha
adequado para este espaço, ti- estivemos verificando com o foi muito justa. Na sua opinião
vemos a opartunidade de nos sr. Romildo Barros responsá- a letra é muito adequada à mu-
encontrarmos com'o Sr. Edson vel pela posta restante e com sica, e quanto a ressalva de al-
Otto, diretor administrativo do o Sr. Eduardo Batista chefe
guns pelo motivo de que com-
Instituto de Tradiçãoe Folclo- dos carteiros que a referida
re, cujo o nome está registrado corresponência não havia che- posição tem também o ritmo
no n° anterior neste mesmo gado na agência dos Correios e de "Zarnba" o que contraria de
espaço, pois o assunto tratado Telégrafos. Este fato inclusive alguma forma o regulamento
na ocasião era o festival Uma nos 'causou transtornos no que pedia ritmos sul-rio-qran-
Canção Para São Borja no qual fechamento e con- denses, ele não concorda que
o Sr. Edson 'foi um dos jura- sequentemente adiamento rio isso impedisse sua classificação
dos. lançamento do 1" número da Para Rillo, o conceito de músi-
Na oportunidade em que revista.
ca sul-rio-grandense é muito
conversávamos, 'ele nos disse Por isso estamos substituin-
que gostaria de fazer uma re- do a matéria por este esclare- amplo. E exemplifica : Sendo
tratação a 'respeito do assunto, cimento dá nossa redação ten- São Borja uma cidade de fron-
pois 'não concordava da forma do em vista que a nossa pre- teira, é particularmente influen
tensão é de assumir, na medi- ciada pelos valores culturais da
que escrevemos, onde a músi- da do possível um compromis- outra borda do Uruguai, o mes-
ca vencedcrateve o aval de um so com os reitores através mo ocorrendo do lado de lá,
membro do, Instituto Gaúcho. das colunas criadas por nós. que também recebe a influên-
Assim deixamos .':Ieselecionar Canto ao assunto que seria
cia dos nossos ritimos.
texto para esta coluna pois' o esclarecido pelo Sr. Edson
Rillo disse ainda que não tem
seu posicionarnento estaria de convém acrescentar que a fon-
acordo com' as nossas neces- te de onde foi copldescada a. nada a opor quanto ao ritmo
sidades já que este espaço fói frase que a música vencedora' parcial de "zamba", contido
criado para que as pessoas' do festival teve o aval do em "São Sorja, Canto e Rítmo'
possam esclarecer' os' seus' membro do Instituto, é do jor- Para ele, isso reflete exatamen-
pontos de vista e passar a lim- nal Folha de,São Borja n" 826, te o sabor de fronteira que exis
po alguns equívocos que, na- editado no dia 16/10/82 na pá- te nesta região. Sua opinião
turalmente, ocorrem devido o' gina 3 cUJOartigo traz como tí- cónforme afirmou, tem, inclu-
imenso número de adeptos de. tulo, RILLO: VENCEDORA
sive, o aval do representante do
diferentes opiniões' envolvidos REFLETE A ARTE MUSICAL
no movimento nativista. In- DA FRONTEIRA, o qual a se- Instituto Gaúcho de Tradicão
clusive fizemos 'questão que gUir transcreveremos todo o e Folclore, Edson Otto, que 'foi
escrevesse, pois' assimteria a parágrafo para fins de registro um dos integrantes do júri.

NATIVISMO 2 9
CL ASSlCos DO A;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;
N~TIVISM(j
Nesses fandango G •••• TROPA DE OSSO
RECUERDOS DA 28 levo a guaiaca recheada
Danço com a melhor china
L. C. Sorges e H. G. Zanatta
Knelrno Amado Alves Oue importa de pagar V}
E"",
(61'W\ 01.) C no. t)~ De vez em quango no hori-
De vez er!l quando D)
O meu cavalo Dlo
Quando boto a rnào nos cobre Deixo atado no palanque zonte do pa'ss~E 13~
So não quero que ele manque Surge uma ~vem de lembran-
Não existe china pobre GII\
Nem qarçon de cara teia Quando terminar a farra 6K-o çsa andarilha';
Vai repontando para dentro do
E u sou de longe OJ
A milicada sempre vem meu jeit08}.
fora de hora Ol A minha infância. -corn seus
Donde chove e não goteia
Não tenho medo de potro 610\ M.as eu saio porta a fora (;1)\0\
ossos em tropilh/"" •
So quero ver quem me agarra
Nem macho que compadreia
El
4jl'\-\
Desde piazito Ol Tinha m ~ira com banhei-
Boteioa perna O~ ro bem culãàdo
A policia não espero
E vou direto pro retoço
Quanto mais quente o alvoroço
Se estoura a reboldosa óW\
'-r rn t ia plqesete
. D'
e um campo on-
Me tapo de quero-quero de Inverna~~
Muito más me sinto afoit06"-\
A r-.;l~lha tropa era de puro pe-
O chinaredo Dl dlgl'ee
Que de muno me conhece Iropa de! ossos descarnados
Sabe qu~ pedindo des~e Gh\ ESTRELA GURIA que camoeava
Meu tacao na vente e ono Gado de8~sso que foi parte do
MUSICA: Pery Alves de Souza meu muridc
Rernancheio 1>:t LETRA: José A. Fogaça de Ca~!o detomba e trator de cor-
Num boteco além dQStrilhos Medeiros (A~6DAl6AlD) uceua ,.
Enquanto no bebedouro 1) .
Eu quis contar um sagredoAl O r.J;l!:Ubodoque e o banho nc
Mato ã sede dotordilho .'"
~uma estrelaJaceira H açlld'e
Ouço mUQindo D~ Mexendo os cabelo riu. Al Foram, ~a rmáncta. minha vi-
O barulho da cordeona não me olhou. nem me ouviu da verdaderre
E a velha porca rabona
D Al O !l1Pu bodoque e o banho nc
Retoçando no salão 6 ••• ·Com seu arreio de nu~ens açude 4"",
quem nunca falta 01
e:os estribos de vento _ n ~gra~ naE~fáncia a minha vi-
bem. onge na esl!urrdao da verdadeira
E um indio curto e grosso
a minha estrela su~iu.
De apelido pescoÇQ(6h\P1 >b ••.• Irooa de osso quem não te
De rabona e querendão G' p ~~
Vfl~no clarão da fOiueira quando pia e:~ '3
n~1;tiiar da chaleira ", Ou não f~..piá ou não viver
Entro na sala o~ D Al corno nosotr os
n agua da lua. vem
No meio da confusão eu sei que não ~de ninguém Corno era undo a gurizada s<
Fico meio atarantado G entrltendo
mintla estrela vadif .
Que nem cusco em procissão F_ . . h\
m~ M a estr~l~ gU4~ Com os ossi1f~que eram bois
ovelhas, potr0l~
Quase sempre D. turma a solloag _. (A1-6DA~lO)
Chego assim. meio com sede deste meu coraçao Noutras andanças,qw,co as re-
Quebro meu chapéu na testa O ;A~ ses dos meu6~onhoS
De beijar santo em paredeG Se 'i!
cigar ras e abelhas o por u~ estreito corredor feit
61- que cochicham nos campos esperança r..,
E num relance c fala~em do m:u amor t~ Algumas vew~ sou tropeiro
Se não vejo alguém de farda outras sou tropa
poderia sab~( A:}
Eu grito me serve um lisoO'l-G~ -o . . Mas sempre g~{do os boi!
Daqueia que matou o guarda DI E($seos qrilos da nCjjte
G tG~nt...01 nascvarandas swenas l- de osso na leP4-brànça
Guardo o trabuco ~ Dl- tarasern da minha dor E Algumas vf),~s sou tropeiro
Empanturrado de bala pode nas sabet'~ outra sou trooa
Meu facão. chapéu de pala fVW~sernpre'gu$~o os bois de
E com licença. vou dançar 6'" vem no clarão da fogueira ... osso na íernbr ança

10 NATIVISMO
==============;;;;;;;;;;N~WISM6==
VELHAS BRANCAS CORDAS DE ESPINHO TERTULlA

Mario Barbara Dornelles Luiz Goronel Jader Morec: Teixeira

p"", Ah1
Geada vestiu de noiva
A"",f6 ('61)feGk
c
(Leonardo)'
(,,1-
Na tar<be.JI~ente. onde as ve- O...,IF ,"'=I-.
OS.!;l~ltiOS da prtanquetra Uma cha~~~ra. uma fogu~ira
lhas brancas A~
Chetrarn a talco Airm~ caso com rosaA~I" c>. Uma chinoca. uma chaleira
o .•.••'f ' _ ,•.,.
Sonham meninas com falsos Caso ela queria ou nao queira Uma s~~ade. um mate am~r-
reis A/6 Al go 6" c.
_ D."" E a peonada repassando o tra-
E quebram os saltos Pra domar o meu destinoo"",
Pula sar~e'a. pede gorjeta Comprei um huçal de prata go
O"" (é.
um belo nf~iBo
T ..,.,
Nenhum pesar me derr~ba n Noite cheirando àquerência
Qualquer paixão me arrebata Nas tertulias do meu pago.
!'I0~nam uma coca e o padre to-
ca D"" A •.•••· ...
d
h . Â'f'tI16-
'Tertulia é o eco das vO~l
Outra vez o sino aco~~~~1 rnm a viola' '-,;F
A tarde segue. seguem turis- com~is cordas de espi{'lJlg, ~erdldas no campo a~~ra
t.fs""'/c. Mel{J.~lJo tem cor de san!!uEr'" Cantiga brotando livre
A:l F ,,(O", (:
NOI]~ prenuncio de aurora
Num memso passo "/6 Te8 b~ijo gosto de vinh5
E rim~asem comprÓmisso
A lua cone. cog~ a ciddae p~ G"l- . p#o c.
Num so cor:rwasso Fui aprender minhe? milonga J ulgamento ou castração

'
i Na agua clara da fo'}!e c. 't Onde se marca o compasiJ
Verte cerv~jà~ alguma mesa
No bater do coraçã~
Abre a sinaleira p"", O ca,~o do quero-~';I.~o o.•.••, fl
E dorme um homem. de sono MaiS que um VISOe umftonteA"" (Estribilho)

ou fo~\ Dh1 AM O A./ú E o b atisrno


' Gt
dos sern nome

111
Nup1f cade« a F
um gordo sacode a oanca Rodeio dos desgarr~dos (;~
, A~' llhO
. GritCjPe a~erta~, par:2pa
Car~~gandO urna cr lari~t>,
rrtb~a de InJustlçiPOS
Hor ens traba~lam suados " •••
Hrndo com olhos esbugalhados . rerfuTi~campôsonoro
. '. Sem porte"rra dou Aramfdo
"V' 1- .........,...

Ií I POdi'b"'i
J)W\ )C ~ )C Onde o violão e o poeta&\-
Entre o suoucio alguém taz
com iClcfm', A"l
.
Promete tudo
Cre nas promessas um velho
A/{j . .
uouo PI'>,
~ corno um cascug~
sonnam com rarna. mijam na

ffiffi .IIID#Õ_I"
9'_ama Gm Atn/6 G "f Cl )(•....•.•..•
li ~
i-azem suçessop"" Al
Roubam ctucietes. novos pive-
tes Dm
Em seu progresso.

~ l( ~ ~ "-v'" "
)( "'"V' ,,' '-..-


NATIVISMO 2
I.~ I.~ li I G
<- .~
11
E

: RorEIROcbs
I FESTIVAIS
o------------------~ 12 classificadas tenha deixa- Ineu e confeccionado com ouro
do muito a desejar, fica o seu do próprio município ficou com
FESTIVAL TCHÊ valor indiscutível de pioneiris- a música A PAMPA E O DIA
mo na demonstração da Cultu- de autorià de Luis Vinicius
o
Festival Tchê realizado ra Nativista na Capital. Brum da Silva, e composição
em Porto Alegre no dia 18 de A escolhida como grande de luis Carlos Borges, inter-
dezembro de 82 chamado tàm- vencedora foi Descaminho com pre.tada por Maninho Brum,
bém de Festival dos festivais, Letra de Antonio Augusto As demais premiadas fo-
foi de grande importância no Ferreira e Música de Ewerton . ram: Melhor arranjo, grupo
sentido de divulgação da cul- Ferreira, interpretada por Barranca 'com a músicas Mi-
tura nativista. Maréo Aurélio Vasconcelos e lonqade Canto e Grito. Melhor
Este festival marcou o pio- os Posteiros que fora a vence- intérprete - Maninhno Brum.
neirismo em mostrar para o dora da Linha de Manifestação Melhor intérprete feminino
público da grande Porto Ale- Riogran.dense na XII Califórnia Lia M. Azambuja, Melhor Ins-
gre o que é feito em matéria da Canção Nativa de Uru- trurnentista lvanov ' Basso.
-
de música nos festivais do in- guaiana. Canção mais popular - Morena
terior do Estado. Rosa' com música e' letra de
Neste festival concorreram SINUELO DA CANÇÃO Teimo de Lima Freitas,
somente as músicas que foram NATIVA Este Festival que teve pleno
campeãs em 21 dos 'festivais São Sepé um Município de êxito no 1 acorde conforme foi
0

mais importantes do interior 107 anos encravado no centro denominado, promete entrar
e quase todos os que se apre- do Estado do Rio Grande, com no Z" do próximo ano para o
sentaram já têm suas músicas uma população de 26900 habi- rol dos grandes, festivais já
gravadas em discos. tantes.e distância de 62 km de que, segundo os organizado-
O Gigantinho foi o palco Santa Maria. Realizou nos dias res, S. Sepé terá um Ginásio
deste concurso. fendo um ex- 14, 15 e 16 numa promoção do cobeto com maiores acomoda-
celente número de espectado- i índio Sepé, Centro de ções' e estará pronta a sede
res provando que a capital ofe- Tradições' Gaúchas e Prefeitu- campestre do lndto Sepé Cen-
rece condições' de promover ra Municipal, o seu fe~tival de- tro de Tradições Gaúcha.
um festival de músicas inédi- nominado Sinuelo da Canção Salientamos também os
tas neste gênero que terá o Nativa na 1" edição, coroada shows apresentados no inter-
maior sucesso. de êxito. valo que foram de alto riível
Fizeram parte do jürl que O juri composto por Glênio tanto no sábado como no do,
premiou a vencedora' com' o Fagundes, Dioqo Duarte, José' mingo. O de sábado inclusive
prêmio de um milhão de cru- Bicca, Milto Monti, e Manoel sendo apresentado com tanto
zeiros é mais o troféu Tchê fo- Xavier.. tiveram um certo brilhantisrno pelo Grupo Os
ram: O Secretário de Cultura e trabalho na escolha da vence- Chirnanqos da cidade de Caça-
Desportos e Turismo do Esta- dora visto que no geral o ní- pava que colocou o platéia em
do, ti Folclorista, Barbosa' Les- vel das composições estava pé para aplaudir a amostra de
sa. A apresentadora' da TV muito bom, No final do troféu canto e danças em várias es-
Gaúcha, Balala Campos;' O Indio Sepé criado por Enilton tampas sulamericana dos paí-
escritor e poetã Luiz Coronel; ses, Argentina, Uruguai, Bolí-
O radialista e tradicionãlista via, e do Rio Grande do Sul.
Darcy Fagundes e o Diretor No domingo o- Grupo Artísti-
Administrativo do Instituto co do C.T.G. Tarumã de São
Gaúcho de Tradição e Folclo- ,Gabriel, repetiu a dose para os
re, Edson Orto. público presente, com uma
Embora' na opinião geral da postura e riqueza de indumen-
imprensa que acompanha to- tária de causar inveja a muitos
dos às festivais, a escolha das C,T.Gs,

12 NATlVISMO
s

: ROTEIROdos
I FESTIVAIS
o------------------~
gando a 'percorrer 400 km sain-
do dez dias antes para chegar
no dia do inicio da festa. Fo-
ram, os piquetes, 13 cavaleiros
do C.T.G. Porteira do Rio
Grande, da cidade de Vacaria
que sairam de Guaíba, lidera-
dos pelo tradicionalista Carlos
Castilhos; de São Jerônlmo à'
390 km de Bagé sairam 9 ho-
nens cada um com' um cavalo
a cabresto; liderados por Dor-
vai Madruga Duarte; de São
Gabriel sairam também 9 ca-
valeiros representando o
C.T.G. Os Minuanos liderados
por EIi de Moura, que percor-
reram 130 Km e de Lavras do
Sul foram 11 representantes
do piquete Rincão do Inferno
liderados por Antônio Augusto
11!!SEMANA CRIOULA Ferreira. Registramos que
nesta calvagada participaram
INTERNACIONAL DE BAGÉ pessoas' de ambos os sexos e
Uma festa de grande impor- Washington 'Carrazco Cris- e de várias idades tendo o' mais
tância para a integração dos tina Fernandez, Ariel Cabrera novo' 9' anos de idade, e 'que
produtores da música, poesia e Maria Cabral, e Pedro Estavil- também foram acompanhado
literatura gaúcha, com' os ho- 10. A festa foi realmente in- dos por repórteres da Folha da
mens do campo mais familia- ternacional, pois além dos uru- Tarde e do Jornal Zero Hora,
rizados com as lides campei- guaios 'presentes esteve tam- Como vocês podem ver a
ras, foi sem sombra de dú- bém o cantor e produtor 'de festa foi completa, tanto aper-
vida a 110 Semana Crioula In- discos Martin Copias represen te campeira como a artística
ternacional, que aconteceu nos tando a música Argentina. Não não deixaram nada a desejar
dias 05 à 09 de janeiro na cida- deixando por menos pelo làdo nas atrações' oferecidas.
de de Bagé, também chamada brasileiro fambém estiveram Quanto as observações' es'
A Rainha da Fronteira. os melheres, Jayme C. Braun colhidas na multidão houve fa-
Não apenas como integra- fazendo as apresentações em lhas, primeiro â reclamação
ção do homem do campo córno forma de payadas amadrinha- dos preços que estavam muito
da cidade foi a importância da do pelo falentoso é versátil elevados, 'segundo da parte da
festa, mas também para reu- Glênio Faqundes e mais Pedro imprensa que desde São P'aulo
nir os gaúchos do outro lado dà Ortaça, Dedé Cunha, Luiz Bas- já havia noticiado o evento com
fronteira, visto que foram nu- tos, Nelcv Vargas, Grupo Mar, duas páginas no càderno dê tu-
merosos os convidados espe- tin Fierro, Grupo Cavera, Gil- rismo do jornal Estado não ti-
ciais para os shows que vieram berto Monteiro, 'Leonardo ê _veram reservas de alojamento
do Uruguai e todos noes' de Teimo de Lima Freitas. Outro dado nos outros festivais e fes-
grande popularidade no seu destaque importante foi a che- tas deste-gênero visto a impor-
país. gada de 4 piquetes de cavalei- tância da imprensa na divul-
Foram eles o Grupo Los ros 'que haviam se deslocado gação e registros destes acon-
Boveros, o poeta Danúbio Luz, desde as suas cidades uns che- tecimentos.

NATIVISMO 2 13
:ROTEIROdos
I FESTIVAIS
o------------------~

, 1! GAUDERIADA
, .
DA CANCÃO .
NAT'IVA
.

tiram, E como destaque um


corpo de 15 jovens eficientes.
recepcionistas que estavam
aptas para prestar todo ô ti-
po de informação necessária,
Quanto aó nível das músicas
também estavam a altura do
um bom festival, pois 'estavam
presentes apresentando seus
trabalhos músicos, 'composito-
res e intérpretes de reconlie-
cida capacidade e populariqa-
de no Estado, ficando no final
assim constituída as premia-
ções: Melhor Arranjo, Grupo
Corríentes; Melhor Instrumen-
tal, Os Pias; Melhor Intérpre-
te Masculino, Eraci Hocha:
Música mais Popular, Caixa
D'Água; Melhor Intérprete
Feminina, Neila Maria; Me-
lhor Vocal, Irapuá; Melhor Ins-
trumentista, o violonista LU-
CIO YANEL; Melhor' Indu-
A CIDADE DE Ã"OSARIO ao lârgo tempo que foi ocupa- .mentfia Os Tropéiros; e Me-
DO SUL: CAPITAL NACIO- do com divulgação, mais pre- .lhor tema Épico,
NAL DA ERVILHA, que hoje cisamente desde fins de ju- E os três primeiros lugares,
tonta com 53.415habitantes e lho de 82, por ócasiãoda coxi- que receberam o troféu gau-
a mais bela praia fluvial do in- lha Nativista, quando seus dério, foram: 3° lugar Letra,
terior do Estado, foi também idealizadores, Lair Eich eRa-I Appoliriár io Queiróz 'Filho,e
durante 4 dias a capital-da Mú- mão Bonilla, percorreram to- música de João Chagas Leite,
sica Nativa, pois 'como não po- dos os eventos similares ob- Interpretada por Glemar Gu-
deria ficar para trás quando as servando os prós e contras pa- glielmi a cançãoA1.MA ABER-
principais cidades do Estado ra chegar a realização de me TA. Em 2° lugar ficou a Letra
fazem os seus festivais. Nos nos falho. E no final podemos de Tornaz Barcelos 'e música
dias 20,21, 22 e 23, realizou a dizer que seus objetivos foram de Lucio Yanel interpretada
sua Gauderiada da CançãoNa- coroados de êxito, pois falhas por Eraci Hocha MELODIOSA
tiva - 1· edição, que embora existentes em festivais, como PARCERIA, E o primeiro lu-
sendo á primeira já nasceu falta de informações aos visi- gar ficou coma cançãoVELHO
com'mais experiência que mui- tantes, falta de acessoria a RIO, letra de Nilton' Carlos
tos outros 'festivais que estão imprensa, assistência.aos do- Mequita e música de Miguel
no ZO ou 'mais anos de exis- nos da f8o5ta, (músicos, com- Marques, interpretada pelo
tência. Este sucesso deve-se positores e cantores) não exis- próprio Miguel Marques,

14 NATIVISMO2
,
\

: ROTEIROdos
I FESTIVAIS
o-.----------------~
28~CONGRESSO
W
ros. Valdir Silveira. CONSE-
LHO DOS TITULARES ELEI-
TRADICIONALIST A TOS POR 1 [UMI ANO: Adelar
GAÚCHO ~ Rdodrigues, Amauri S. Pi-
nheiro, Carros Cardoso da Sil-
Tendo por patrono espiritual para que o congresso pudesse va, Djalmo Martins de Olivei-
o poeta Lauro Pereira Rodri- levar a termo todos 'os 'seus ra, Gaspar C. Paines, Geraldo
gues, aconteceu de13 à 16 de propósitos. Até mesmo as for- Maciel, João Lulz Dutra, Ney
janeiro na cidade de Cruz Alta ças' militares de Cruz Alta se Zardo, Onésimo Carneiro
o 28° CONGRESSO TRADI_ prontificaram colocando o' seu Duarte e Zeno Dias Chaves.
CIONALlST A GAUCHO. campo de instrução para que SUPLENTES: Aldo P.
O congresso que este ano fói fosse transformado érn local Azambuja, José Freitas Pon-
presidido pelo tradlcíonallsta de acampamento para os tra- tes, João Francisco Andrade,
Rodi Pedro Borgüetti vem se dicionalistas que chegavam de Odíl Peraça Dutra, Frederico
realizando todos os anos, há 28 todo o Estado . Alves, Walter Mendes Mucha,
anos procurando debater, ori-' Quanto aos trabalhos ele de- João Cunha, Luiz Osórió Pér-
entar e orqanizar o movimento bates foram realizados no au- sico, Arthur Ritter de Medei-
tradicionalista do Rio Grnde do ditórió da Escola'Prtessor An- ros,Wilmar Winck de Souia.
Sul. realizou-se este ano ém nes Dias, durante os 4 dias de JUNTA FISCAL: Titulares -
Cru Alta, cidade promotora' Conqresso onde trataram dos Domingos Albea, Cyro Dutra
também da Coxifha Nativista, seguintes temas: 1° O GAU- Ferreira, Luiz Abegg. Suplen-
festival de sucesso jã confir- CHO; 2° CRUZ ALTA E A tes; Antônio Carlos 'Fernan-
mado no Estado. Como todos REGIAO DO PLANALTO; des, João" Luiz Barth Rangel,
os anos acontece neste evento, 3° O TRADICIONALlSMO NO João Paulo Pachecodós Reis.
a cidade promotora' recebe os COMPLEXO SOCIO-CULTU- Do conselho dos 'titulares
tradicionalistas provenientes RAL VIGENTE; 4° MOVI- eleitos por um ano, foi escolhi-
das 26 Regiões' Tradicionalis- MENTO TRADICIONALISTA do o Sr Onésimo Carneiro
tas em que foi dividido o' esta- GAUCHO; 5° TRADICIONA- Duarte para presidir o M.T.G.
do' pelo MTG. [Movimento LlSMO EXTRATERRITO- até o próximo congresso Tra-
Tradicionalista Gaúcho) RIAL; 6° SEXQUICENTENA- dicionalista que será na ci-
entidade coordenadora' do mo- RIO DA REVOLUÇAO FAR- dade de Itaqui conforme ficou
vimento, que tem por finalida- ROUPILHA r MOVIMENTO determinado na ocasião. Tam-
vimemto,qiJe tem por ocasião MUSICAL DOS FESTIVAIS; bém no sábado dia 16 foi pro-
do movimento a mudança de 8° DANÇAS GAUCHAS. clamada durante o Baile Ofi-
seu quadro administrativo, do Todas as seções' plenárias ti- cial a Primeira Prenda do Es-
qual podem participar tradi- veram a participação da maio- tado que vieo a' suba tituir a
cionalistas pertencentes às ria dos' 'CTGs. do Estado é Srta Rosaura K. Almeida cujo
entidades das 26 regiões' que -rnésmo.podemos notar a pre- mandato findou; passando o
estiverem filiadas ao M.T.G .. sença dê varias entidades que cargo a sua sucessora' Srta
estão localizadas fora' do Rio Sandra Rt;lgina Souia Corréa
o 28° Congresso Tradicio- Grande do Sul. da 4", Região Tradicionalista
nalista que teve por presidente No penúltimo dia de con- pertence ao quadro sociál do
da comissão executiva o Dr. gresso como acontece todos os C.T.G. Vaqueanos da Frontei-
Angelino Alves, tradiciona- anos foi eleito o novo conselho ra de Alegrete.
lista que vem labutando a 'mui- diretor li os novos membros da No domingo a abertura foi
tos anos pelo movimento na- junta fiscal do movimento cón-' com uma missa criola celebra-
quela região eque também foi 'forme a nominata a seguir: da pelo Pe. Paulo Aripe e o
coordenador artístico da Coxi- CONSELHO DOS TITULARES encerramento com' um desfile
lha Nativista, está apoiado pe- ELEITOS POR 2 ANOS: Anto- a cavalo (inovação acrescen-t
las demais entidades tradicio- nio Vieira Pedroso, Dirceu Mo- ta da este ano) seguida da pos-
nalistas de Cruz Alta: C.T.G. rosiCarpes, Edson Otto, Aldo se do Conselho e Junt Fiscal
Rodeio da Saudade e CTG Tu- I. Klein Gerciliano A. de Oli- eleita e após no churrasco as
ríbio Veríssimo. Todos perten- veira, José' Ramão do N. Silva, despedidas e os desejos de
centes a 9" Região Tradiciona- Nelson Petry, Odilon 'Gomes reencontro ãté o próximo ano
lista, que não mediu esforços. de Oliveira, Silvio Ataide Bar- em Itaqui.
NATIVISMO 2 15
GILDO DE FREITAS 1919-1982
Entre as suas rnusicas de
maior suceso, estão: Baile do Chi-
co Torto, História dos Passari-
nhos, Trança de China, Definição
do Grito, Me Chamam de Grosso.
Além do ofício de cantor,
também apresentava rodeios com
cavalos bravios que ele criava, sen-
do que o primeiro realizado foi err
São Borja por volta de 1973.
Foi indiretamente também o
criador dos bailões pois possuia
uma churracaria, em Viamão que
servia churrasco até às 22hs cc
música ao vivo, e os frequeses p_-
diam dançar até altas madrugadas.
Depois vendeu para o Sr. Reci qlE
à conserva até hoje como o 1? Bai-
lão.
- Em sua carreira houve mui-
tos fatos marcantes, destacamos
NOME: Leovegildo José de Freitas filha, tem o mesmo dom que o pai. alguns como:
Por ironia do destino Gildo veio a - Quando ganhou o seu 1~
Data de Nascimento: 19 de ju- falecer no dia que faria a estréia da carro de um grupo de estancieiros
nho de 1919, no bairro de Passo filha no meio musical". em São Borja local aonde era mui-
d'Areia. município de Porto Ale- Ficou muito conhecido na ci- to querido pelas suas campanhas
gre. dade de São Borja onde féz cam- com o presidente Getúlio.
Filho de: Vergínio Freitas e de panha política para o presidente - Quando foi chamado como
Giorgina Santos Freitas. Estudou Getúlio Vargas, sendo até mesmo último pedido de um fazendeiro
apenas 6 meses e, contudo tinha a convidado por este-para ir ao Rio agonizante denominado João c..
inteligência aqucada e quando fa- de Janeiro acompanhá-lo nos co- beleria, morador em Itacurumh
zia trovas e repente conseguia mícios. no mesmo município de São Bor~
manter uma perfeita coordenação . Nos meados de 1958, traba- que não queria morrer sem ouvi-
métrica em seus versos. lhou junto com Teixeirinha em cantar, e lá apresentou-se.
Na adolescência, fazia qual- Passo Fundo. Depois esteve em - Quando fez show em bene-
quer tipo de serviço que surgia na várias rádios em Porto Alegre. Tais fício de um asilo, que emocionou a
sua simplicidade de menino pobre ·como rádio Gaúcha, rádio Difuso- platéia a ponto de fazer mais da
e sem estudo. ra. rádio Real. rádio Metrópole. metade chorar.
Foi cortador de Arroz, corta- Também teve programa na rádio Até mesmo em vida era ho-
dor de lenha, nas imediações de Pato Branco do Paraná. menageado pelos seus compa-
Gravataí, e depois domador de ca- Gravou o seu primeiro disco nheiros como fonte de inspiração,
valos para o prado. por volta de 1960 após ter ido re- que lhe dedicavam composições,
Contraiu matrimônio no dia 16 presentar o Rio Grande em uma como fez o cantor Francisco Var-
de maio do ano de 1941, com Jure- excursão, na qual ficou conhecido gas.
ma Silva. do cantor Palmeira da antiga dupla Faleceu no dia 4 de dezembro,
Deste enlace nasceram 5 fi- Palmeira e Biá, que o levou para de 1982, com uma morte repentina
lhos; J')rge Tadeu, Neuza Apareci- dentro da gravadora, inclusive lhe e suave de uma parada cardíaca
da, Paulo Elmenegildo, José Cláu- emprestando dinheiro para a esta- que o levou para o sono eterno
dio e Leoveqildo José. dia, pois na época ele não contava sem nem mesmo o tirar da posição
Sendo que destes somente a com nenhum recurso. em que costumava dormir.

18 NATIVISMO 2
Roda de Chimarrão
ENTREVISTA COM O
QUINTAL DE CLOROFILA
Dimitri: Foi o primeiro Show
Grande nosso. No Centro Cultural.
A revista nativismo formou uma roda de chimarrão com Junto neste show tínhamos um
o grupo Quintal de Clorofila que recentemente esteve em Por- grande baterista, o João Alfredo
to Alegre participando do especial da música Popular do Sul. Fachini, também bom desenhista e
Também já participou de vários festivais no estado e um es- o Paulo Soares qua tocava contra-
pecial no fantástico. Foi o único grupo do interior do estado baixo elétrico e Inácio Raviolli que
tocava contra baixo acústico. Para
que participou do especial da música popular gaúcha.
cada show tínhamos vários músi-
cos mas constantes o Nejandro e o
Nativismo: Como se formou o Arbo: Porque comecei a colo- Dimitri.
Ouintal de Clorofila, quantas pes- car letras de uns dois anos para cá, Nativismo: Daí pra cá, quem
soas formam e porque o' nome? sendo que no início as letras eram forma o grupo?
Arbo: Em primeiro lugar agra- de responsabilidades do Nejandro Arbo: Aí houve uma evolução
decemos a participação na nativis- e os arranjos musicais do Dimitri..; técnica e os dois foram aprenden-
mo e lembrar que já nos apresenta- sendo que o grupo existe há mais do outros instrumentos e na mes-
mos no Programa .Galpãc Crioulo de seis. ma música, tocam vários instru-
não podendo esquecer do progra- Nativismo: No Quintal de Clo- mentos durante a mesma música
ma do Antônjo Augusto Fagun- rofila, como músicos está o Nejan- alternadamente, então o Nejandro
des, anterior ao fantástico. dro e o Dimitri, mas o nome GRU- nas cordas toca bandolim, cava-
lembrando os primórdios do gru- PO Quintal de Clorofila, de onde é quinho, banjo, metalofone ... fa-
po Quintal de Clorofila nós temos que partiu? ziam o arranjo de tal forma que pu-
e nos situar no Nejandro e no Nejandro: É que tínhamos um dessem ir trocando os instrumen-
Dímitri que começaram cedo as amigo: Ricardo Frota, que agora tos e além dos custos excessivos,
apresentações deles e então o 10- está nos Estados Unidos, morava pela conjuntura: sonorízação, ins-
"'- cal de ensaio éra num local exíguo em Santa. Maria e tocava na Or- trumentistas, tornava os shows
que dava para um quintal, corno a questra da Universidade então vi- muito caros.
rma era grande, abriam a janela nha os fins de semana para tocar. Nativismo: Então é Grupo pe-
pelo ambiente cerrado para respi- A gente entrou em contato com Ia polivalência dos seus elemen-
rar a clorofila do quintal. ele e em função da afinidade musi- tos?
Nativismo: Porque eles, se tú cal fez junto conosco um dos pri- Dimitri: Isto, tanto que no.
fazes parte do grupo? meiros shows ... nosso 1? LP. foi gravado por mim
e pelo Nejandro com a Base de
Paulo Soares em duas músicas ...
Arbo: Eles usam o play-back
de quatro canais e usam todas as
possibilidades para conseguir esta
aparência de vários instrumentos,
um conjunto.
Nejandro: Esta história de vá-
rios instrumentos surgiu da função
de reunir. o pessoal para os en-
saios, uma briga, busca este, bus-
ca aquele ... Como estava sempre
o Dimitri e eu compondo, aparecia
a necessidade da entrada de um
cavaquinho por exemplo. Então se
eu estou tocando um violão no iní-

NATIVISMO 2 .19
cio e ele a flauta, ele largava a flau- tão fizemos a elegia a Sepé Tiara-
ta e entrava com a viola de 12 e eu ju, tanto que a levamos num fes .
pegava o cavaquinhó, aprimoran- vai em Santo Angelo, anterior ac
do a técnica a ponto de não sentir Cantares, onde subi aos palcos
a falta de um instrumento ... após muitos anos para interpretá-
Dirnitri: Um preenche enquan- Ia e foi muito bem recebida. Ternos
to o outro para ... outro exemplo: O trigo e o vento
Nejandro: O violão cala na ho- colocada no festival de São Luiz
ra exata que a viola de doze entra. Gonzaga, onde ganhou o melhor
Arbo: O nome do grupo per- arranjo. O trigo e o vento se insere
manece porque de quando em vez no que falam, mas mais por urna
como aconteceu no FRECAP eles obrigação interior, é uma rnúsice
sentem que a música exigia uma, sociológica que aborda o tema de
bateria completa como a "O abandono do trigo, no campo.
viver", levaram um amigo, o QUI- Foi feita há três anos atraz
CA e lá mesmo conseguiram um parece que ela foi profética, pois ji
contrabaixo, sem desgaste dos está acontecendo o que nela dizi,
dois, podendo ainda solar em vio- sobre o abandono do homem
lão e flauta. Era uma música de rit- campo principalmente do plan
mo muito batido, exigindo uma ba- do trigo.
teria completa. Nativismo - Vocês os futur
Nativismo: Este trabalho do gaúchos, que ensinarão a cultun
disco, vocês tem pra quando este vamos fazer a nossa música e pro- um povo pelo que deixarem pa
lançamento? curar manter a nossa individualida- uma outra geração através de Sé
Arbo: Queremos lançá-Io em de. trabalho, como o Quintal enca
março. Nativismo: É um compromis- esta responsabilidade?
Nativismo: E como vocês so do grupo com a cultura do esta- Arbo: começamos pelo princ
classificam este disco dentro de do? pio, começamos pela palavra na:
um posicionamento com a música Arbo: Esta pergunta é vital. O vismo.
do estado? compromisso do grupo com a cul- O Nativismo vai mais longe d:
Nejandro: Ele é um resumo de tura do estado é que este grupo que apenas o Rio Grande e nós ve-
todas as influências musicais que tem uma individualidade tão mar- mos procurar então uma Arnérica
tivemos. Você encontra uma músi- cante que quando ele estrapole o Latina toda onde estamos situa
ca épica, cigana, duas baladas, estado, seja reconhecido corno do dos, com todos os seus problema:
uma música com fundo ecológico, Rio Grande mas leve uma música políticos e sociais comuns a todo (
vai encontrar um Rock que é o CJtUE;l universal, de posicionamento do Brasil. Então nós não nos fixamo
fazíamos no início, até uma seres- homem frente ao mundo, que o no bairrismo do Rio Grandeporqut
ta. que mais preocupa depois da rnu-
_ Nejandro: Acho que o disco, sicalidade, ou mesclado à musicali-
"MISTÉRIOS NOS QUINTAIS" é dade. Quando se vai fase r uma le-
.urna coisa que está começando a tra, a primeira coisa é qual será o
contecer na música do Rio Grande assunto que cabe em cima desta
que podemos simplificar que o música.
MISTÉRIO DOS QUINTAIS DO Nejandre: O nosso compro-
GRUPO QUINTAL DE CLOROFI- misso principalmente é com a mú-
LA É UM COISA NOVA NA MÚSI- sica, a emoção musical e com a
CA DO ESTADO. inovação ...
Nativismo: Em princípio o gru- Nativismo: Então é uma músi-
•.• po quintal da·clorofila não está se ca de projeção, não folclórica, mas
rotulando dentro desta ou daquela sim da situação que se vive no es-
'linha, está trabalhando em cima da tado?
música propriamente dita? Arbo: É. VOU dar um Exem-
Dimitri: A nossa busca nos úl- plo: O Nejandre e o Oimitri apre-
timos tempos desde que a gente sentaram uma música há dois anos
começou o estudo_da técnica e da atrás que a música lembrou Sepé
composição e vocalização das mú- Tiaraju. Nós não fazemos música
sicas, foi a busca de um estilo pró- regionalista. Mas esta música -tra->
prio, não fazer uma música pareci- zia dentro da sua musicalidade
da com a de fulano ou beltrano, uma coisa épica que eu disse. En-
DIMITRI

20 NATIVISMO 2
r
ARBO
Arbo: O que o Quintal não posiciona?
quer é imitar os nordetinos e cario- Dimitre: A nossa busca é de
cas e sim fazer a sua própria músi- usar, identificar e transmitir essa
ca, como sente, e pode dizer que música independentemente do no-
pertence a música popular gaúcha, me, do instrumento usado, é de
e algumas músicas são feitas cons- acordo com o instrumento que a
cientemente, como por exemplo música exige.
Jardim das Delícias, que é um jazz Nativismo - Com que idade
progressivo, foi feito sabendo que vocês começaram na música, e de
deveria ser um jazz progressivo, onde são naturais?
assim como fizemos Elegia a Sepé Arbo: Somos naturais de Pal-
Tiaraju e el Amanecer. meira das Missões, e a segunda
Nejandre: Eu gostaria de fazer pergunta o Nejandre e o Dimitre
uma conclamação da união aos iniciaram entre os cinco e seis anos
músicos do Estado. União dos que na escolinha de arte por volta de
criam, a união dos que preservam. 1969, na universidade dirigida pela
Eu acredito sinceramente que não professora Lia Shultz,
justamente tem esta plêiade de existem fronteiras entre a linha na- Nejandre: Eu gostaria de dei-
bons músicos que tratam direta- tiva e a linha popular, pois a fronte- xar relatado, quantos os instru-
meilte do problema regionalista, ria é que nem muro, foi feito para mentos, que lá pelo mês de abril,
então deixamos para eles que fa- pular e para contrabandear, unir nós já estaremos com charango,
caro esta lembrança, esta manu- em prol da busca, unir de uma for- com gaita de boca, escaleta, arpa,
Íencão, esta memória da coisa ma harmônica naquilo que mais para poder transmitir cada vez
~ direta do Rio Grande, das coi- profundo sentimos dentro de. uma mais o que se sente.
sas mais gauchescas. conjuntura. Nativismo: vocês já pensaram
Nativismo: Então tu concor- Nativismo: como o Quintal se em ocupar todos estes instrumen-
das que os outros fazem um traba- sentiria fazendo uma música total- tos musicais para tornar a música
110 mais do povo para o Estado e mente em inglês? folclórica gaúcha mais cultural,
tu fazes mais do Estado para a Nejandre: Depende do lugar mais erudita?
América Latina? onde se vai apresentar a música, Arbo: Eu acredito que a músi-
Arbo - Sem que nisto haja não temos nada contra, mas se for ca do grupo vai neste sentido mais
urna má compreenção em dizer para ninguém entender, preferi- para o ramo da América Latina, e
que nós podemos ir e os outros mos fazer em latim. não exencialmente do folclore gaú-
não. Pois a nossa música bem gau- Nativismo: E quanto aos ins- cho, e sim apenas como uma va-
chesca pode assumir o papel e le- trumentos como é que o grupo se riável.
var até de forma mais direta o Rio
Grande.
A filosofia que o Quintal tem,
que é de ver-a América Latina co-
mo um todo.
Nativismo: E quanto aos rit-
mos como é que o Grupo se posi-
ciona, visto existirem muitos rit-
mos Latinos americanos além dos
nossos bugios vaneira, rancheira,
polkas, há também chacareiras,
carnavalitos, bagualas chamamês.
Nejandre: Em termos de músi-
ca, eu acredito que não importa
pois a música é uma manifestação
universal.
Dimitre: a influência da músi-
ca do Rio Grande do Sul e está in-
fluenciada pela América Latina que
eu sinto no' Grupo, é bastante
acentuada principalmente para
mim que faço a base, e noto incri-
velmente a influência da música da
América Latina em minhas bases.

NATIVISMO 2
=======GLÊNIO FAGUNDES

A MÚSICA GAÚCHA
Pelo pouco conhecimento que despomos, seria humanamente
impossível estabelecermos ó nàscimento dá música entre os po-
vos mais antigos da terra. No entanto, Sabemos que as informa-
ções que nos éhegam destas civilizações' mais remotas nos foram
legdas pelos: 'Egípcios, 'caldeos. 'asslrtos. hebreus, persas, india-
nos e chineses, que atribuíam a música um papel preponderante,
trazendo em seu conteúdo um respeito religioso e sociàl-filosó-
fico. Por isso, a
criação das artes foi atribuida aos Deuses. O res-
peito' que enobrecia o ser humano diante da Criação Divinal Uma
espécie de reencontro do homem com o Ci' iador .. , Natureza I

Já na Idade Média, o artista nos legaram e seus ciclos um dío após 1600 a 1730 (Forni~
cultuava na arte o rêspeito por acervo énobr8cedor, deposl- ção do Gaúcho).
esta potencial idade, muitas , tando em nossas mãos a espe- MAtOR ACUL TURAÇAo: Re
vezes descontiecida pelo pró- rança de uma continuidade. gião: <iPAMPA» ..
prio autor, 'mas sempre com' a Para melhor entendimento, SEGUNDO PERíODO - lmi
intenção de «ad majorem Dei achamos por bem, simbolica- gratórió.
glóriam». Achamos' interes- mente, dividirmos em três 1750 - Português
sante acrescentar este peque- etapas nossa explanação, a. 1824 - Alemão
no preambulo, uma vez que a saber: ,1875 Italiano.
época' em que atravessamos, PRIMEIRO PERíODO - Es- Contribuição psíco-física ec
nos parece um tantocônfusa ... pontâneo (formador): gauchismo.
Sentimos à ausência de certos - O espanhol TERCEIRO PERíODO - Atual:
valores fundamentais I Não - O europeu «Isolado» e o In- «CONSCIENTIZAÇAO», corr
queremos, entendam, dar a
idéia de limitaçãO li criativi-
dade do artista. Entendemos
que o artista consciente da res-
ponsabilidade cultural, quan-
do sé trate de cultúra gaúcha,
mantenha compromissos ape-
nas-comseus valores, uma vez
que os homens e as épocas
passam só a cultura permane-
ce l A experiência nos mostra
que aquele que portà a preo-
cupação de outra intenção que
não sela cultural. corre o riSCO
de mstorcer a pureza aa men-
saqem. para maior aceitação,
descaractérizando sua essên-
cia. O artista nativo mantém
viva a consciência de respeito
pela terra e por aqueles que

22 NATIVISMO 2
zc

perigo de descaracterizaçãol li PERíODO Conscientlzação. Aqueles que


Neste período se fazem neces- -reúnem maior' conliecimento
sário os exemplos! ' Notamos que o homem em de nossa cultura devem voltar-
núcleo imigratóriõ tem a ten- se para as manifestações' pu -
dência natural de realimentar- raso As chamadas «projeções'»
se culturalmente dentro de seu musicais, quase sempre, não
próprio meio, pouco assimilan-« passam de caricaturas que dei-
1° PERfODO
do outros 'usos e custumes, xam muito adesejar , pela au-
retardando seu processo de sência de maior" intimidade
o reconhecido musicólogo uru- aculturação. Muitas vezes, com a filosofia gaúcha.
guaio Lauro Ayestaran, em conserva intacto ângulos de Sabemos que, na maiorià das,
sua obra «EI Folklore Musical sua origem cultural. vezes, a bagagem musical de
Uruguayo», deixa bem claro o nossos 'artistas pertencem a
seguinte: «Qualquer um dos, outras culturas, por 'isso o
três países Uruguai, Argentina 111 PERíODO exemplo 'se faz necessário
e Rio Grande do Sul (Brasil), através do trabalho ligado di-
poderia reclamar para si a pa- Neste período pela carência retamente à terra.
ternidade das músicas pam- de exemplos e
informações' re- Gostàrlarnos de deixar aqui al-
peanas», quer maior cuidado córnnosso gumas sugestões ao Movimen-
Se não bastasse a evidência acervo cultural. Os meios 'de . to Cultura Gaúcho:
dessa informação, 'uma pes- comunicação nortéados por in- 1° - Criação de um Regulamen-
quisa feita por nossos estudio- teresses «muitas veze» alheios to Modelo para eventos musi-
sos 'levaria a mesma conclu- a nossa cultura, num processo cais.
são, uma vez que o gaúcho de massificação, .descolorem 11°) - Calendário dos eventos
ou gaúchos tiveram a mesma pela forma inadequada de en- . musicais.
formação. A presença do e'o- foque nossos valores reais. IJO) - Estabelecer data e local
ropeu isolado, sem respaldo dà O movimento musical gaúcho para trocas de experiências en-
sua cultura, aliado ào lndio sempre existiu, mas só a partir tre orqanizadores de' eventos
formaram as primeiras «tol- da 1· Califórnia da Canção musicais nativos ..
derias» seguindo o movimento Nativa, houve maior conscien- IVO - Pesquisa sobre rítmos de
do gado. Neste período ini- tização poético-musical, uma fronteira.
ciou-se o grande processo de vez que surgia a oportunidade VO- Proposição do téma Épico
aculturação. de evidenciar os trabalhos nos eventos musicais.
Acreditamos heste patrimônio nativos. Vl" - Criação do ABC do na-
cultural que lamentavelmente O atual período musical pode- tivismo (livro didático dos pon-
ainda não foi reconhecido. ria chamar-se Período de tos básicos da nossa cultural.

NATIVlsMo 2
~~,=======
~ LUIZ CORONEti

o IMPASSE DO RIO GRANDE DO SOM

1
1. os FESTIVAIS, VERDA- SOB OS CÉUs DO RIO VALIDADE E LIMITE
DEIRA EXPLOSÃO DE GRANDE, REPRESEN- EXTREMAMENTE VIS.
FOGOS DE ARTIFíCIO, TAM UM CIClO. COM VEIS.

como as múmias d9S fa-


2 3 raós, atras de microfones,
A eles todos o elogio de Limites, e se falo de limi- em posição de guerra,
serem, na essência e no na- tes é porque das janelas de quando de fato, estamos
cedouro, uma guerilha, meu mundo, vejo além da- na plena paz álacre e festi-
uma cultura de resistên- quele cerro, encontro os ris- va dos festivais.
cia, contra a massificação cos de uma codificação, No conteúdo, ainda não nos
cultural. rotinização em tomo de te- libertamos do repetitivo, do
Antes de mais nada, cada mas e montagens. Na for- nostalgico saudisismo, do
um destes festivais é um ma, um medo de avançar, bairrismo exacerbado, da
momento de encontro do de conquistar erxpressões valentia esbaforida.
homem do Rio Grande con- corporais e sonoras mais Os festivais serviram para
sigo memso. livres. Cantores estáticos redescobrirmos temas, mo-

24 NATIVISMO 2
tivos, ritmos, a hora é pa- Os letrlstas precisam escre-
ra a imaginação, com seu ver peças, roteiros de espe- 6
poder de síntese e vigor en- ciais da Tv, os interpretes Tenho pago caro o papel
trarem ação carecem de teatros, de veí- de participante poleniista.
A imaginação criativa ainda culação nos rádios e os mú- Pessoalmente sou calmo,
não é ·estrela dos festivais, sicos da gravação digna e tranqüilo, de bem com a vi-
antes a fotografia ideal de bem cuidada de discos. .da e as pessoas mas não sei
paisagens e tempos sonha- Este é o saito. Este é o de- me recusar ao papel crítico.
dos e tão belos quanto ir- safio. A partir daí tudo se Quem não sabe o que quer,
reais. toma verdadeiramente ri- quando acha não se dá con-
co, ta.
4 O calendário festival pa-
rece mais um roteiro turís-
Por isso, quero ver a cultu-
ra do Rio Grande como uma
tico, um carnaval que ter- força viva, dinâmica, pro-
Falei um dia em PATRO- mina na quarta-feira de cin- ponente, e não' como uma
NAGEM CULTURAL. Com zas. fórmula estática de cartão
isto quis me referir a que os Quantas músicas maravi- postal.
promotores de festivais se lhosas brilharam qual co-
tomavam também ídeólo- metas para nunca mais es- 7
gos, censores, juizes da pargir sua luz, além do dia O paiol está cheio, A co-
criação. O que era um ris- ou noite de seu festival? lheita dos festivais é gran-
co, pois a arte como a vida Pessoalmente seguirei uns de, é preciso parar, rever;
só tem razão de ser quando revendo músicas com meus gravar com a qualidade '0
livre. parceiros em festivais, pois que existe de melhor, ca-
apesar de tudo, é melhor do so contrário estaremos es-
5 que engravidar gavetas.
Mas lutarei por outros es-
pargindo o que de melhor
foi feito, perdendo o fio da
Acredito que já andamos paços ao meu trabalho. meada.'
um bocados. Estão aí meus. livros regio-
Nossos letristas, interpre- nalistas, BUÇAL DE PRA-
tes, músicos, muitos deles TA e RETIRANTES DO
já aprenderam seu oficio. SUL.
A eles não cabe mais o con- Cada um deles com milha-
finamento no universo ála- res de volumes correndo O!
cre' dos Festivais. Rio Grande através de li-
Carecem de melhor espaço. vrarias, de brindes de gran-
De um espaço mais amplo, des empresas.
mais verdadeiro. Isto é lutar por espaços.

NATIVISMO 2 25
:;MOSICA====== TAU GOLIN
JUAREZ FONSECA &
LITERATURA
Quem chegar a uma loja nei Lima (vários), Os 3 Xi-
Esta página não pretende
de discos (das boas), cer- rus (vários também), Os ocupar um espaço para a críti-
tamente se surpreenderá Tapes. (dois discos), Anto- ca, no seu sentido científico.
com a quantidade de discos nio Chimango (versão mu- Nosso cruério será apenas o de
gaúchos que há à disposi- sicada, por Martin Coplas), chamar atenção para obras da
ção. São mais de 200 títu- Memórias dos Bardos das Rio Grande do Sul, ou da Amé-
los, atestando não apenas Ramadas (de Sebastião rica Latina, fundamentais para
a grande movimentação Fonseca de Oliveira), Be- a nossa cultura e que se cons-
musical do Rio Grande, co- renice Azambuja (vários), utuem em leituras irnportan
mo também a força de nos- Os Cobras do Teclado (dois tes.: Nesse sentido, chamamos
atenção para os seguintes li
so mercado discográfico. títulos), Os Maragatos (vá-
vros: .
Veja a'relação de alguns au- rios), José Mendes (todos XARQUEADA !pedro Way
tores, pesquisadores rapi- os discos), Ivan Taborda, Ile~ Movimento e IEL, Cr'
damente Klng's Discos, de Os Mirins (vários), Nelson ,600,001 Esse romance, escritc
Porto Alegre, dentro do pa- e Jeanette (vários), Pedro 'em '1931, subsiste até os nos
norama da música nativista Raymundo (dois discos an- sos dias, Lançado inicialmentE
e regionalista: Os Serranos tológicos), Gaúcho da Fron- pela Sociedade Felipe de Oli-
(vários títulos), Os Gaitei- teira (dois discos), Gildo verra, agora está novamente
nas bancas pelo Movimenta e
ros (três tocadores de gai- de Freítas (vários), Morae-
I E L, O v!lior fundamental do
ta ponto: Chico Gaiteiro, zinho, todos os discos de livro reside no retr ato profun-
Valdir Santos e Beto Cae- Teixeirinha (mais de 30), damente reat do «universo» de
tano) , Os Milongueiros Tio Bilia (vários), Dedé uma Charqueada rio-granden-
(também vários títulos), Cunha. Isso, como se disse, se, como propriedade, sistema
Andarilhos, Darcy Fagun- em levantamento por alto e de produção que reúne em sua
des (Rinha de Galo e o an- a disposição. Tem também voita os gaúchos-proletários,
tigo Tropa Amarga, que ele o lado da música gaúcha que, atreves da força de seus
gravou com Luiz Menezes), não regionalizada, e aí se braços, conseguem produzir a
nqueza (que invar iavelmen-
Pedro Ortaça (dois títulos), encontra: Saracura, Bebeto
te permanece concentrada nas
Paixão Côrtes (três títulos), Alves, Jerônimo Jardim,
mãos do capitalista), enguanto
Os Gaudérios (reedição de. Grupo Caverá (este' fica en-
cresce a sua miser ia, a falta de
um disco fundamental), Ce- tre os dois casos), grupo perspectiva e a ~~~Ioração.
nair Maicá, Os Araganos, Canto Livre, Túfio Piva, QUEM E QUEM NAS LE
Luiz Carlos Borges, Noel Kim Ribeiro, Vôo Livre, TRAS RIQ-GRANDENSE (Fa-
Guarany (vários títulos), Geraldo Flach, Almônde- raco & Hickmann, Edições'
Conjunto Farroupilha (ou- gas, e, evidentemente, . Porto Alegre, Cr$ 800,00l. Es-
tro disco histórico relança- Kleiton & Kledir. Para ter- se drctonar io de autores con-
do), Danças Gaúchas (com minar, se encontra nas lo- iemporáneos veio preencher
Inezita Barroso), O Gaúcho jas os discos de todos os' a lacuna que, consequente-
Canta o Rio Grande (clássi- festivais nativistas (que os mente, dificultava às pessoas o
conhecimento dos escritores
cos do gauchismo, em sele- gravaram, é claro): todos os
do estado, Os principais auto-
ção), Os Angueras, Irmãos doze da Califórnia, dois da res Integram o volume tcuja
Bertussi (vários, importan- Tertúlia, dois da Coxilha, segunda edição, a sair em
tes), Adair de Freitas, Jor- os da Ciranda, os da Vin- março, aumenta o número dos
ge Trindade, Marco Au- dima e, lançamento de ago- ' errados}. Uma síntese enfatiza
rélio Campos, Moreno Gal- ra, o da Nova Ronda do Ale- o estilo de cada um, as obras
vão, Miguel Marques, Sid- grete. pubiicadas em livros indivi-

26 NATIVISMO 2
duais . ern antologias e na im-
prensa. Idéia inspirada no Ins-
CHASQUE'
tituto Nacional dei Libr o Es-
pafiot . esse Quem E Quem Parece que em fevereiro os festivais se alcamaram, mas
passa a curnpr ir O importante para compensar tem Rodeios Crioulos por todo o Estado,
papel ,de apresentar ao povo
pois chegaram as nossas mãos convites 'do VI Rodeio de
os seus escr uor es.
André da Rocha ser realizado nos dias 18, 19, 20 de feve-
reiro. Nos dias 5 e 6 de fevereiro, Barra do Ribeiro tam-
;/
-... SlMOES
• Jw bém faz o seu 13° Rodeio promovido pelo C.T.G. Pealo da
Tradição, e Prefeitura Municipal aproveitando o 24° ani-
versário de emancipação do Município. E Santo Augusto
LOPES NETO: tendo por local a FAZENDA TAPERA realiza o seu 5°'
REGIONAUSMO Rodeio nos dias 4, 5 e 6 de março.
&
LITERATURA •
. Há nos bastidores o comentário de que a imprensa em
alguns festivais está sendo colocada em 2° plano, e que
RMIrJ
IIJIJIIlIlII:IIAYn enquanto alguns penetras passam por membros de grupos
e tem todas as vantagens oferecidas, inclusive refeições
gratuitas. Os repórteres que estão a serviço na divulga-
ção dos eventos tem que pagar todas as despesas.

Registramos que o 2° Rodeio Nacional de «Gaita Pon-
to» de Caxias do Sul já tem data marcada. Será nos dias
S,fMOES LOPESrvETO: ne. 11,12 e 13 de março, e que os 6 melhores gaiteiros grava-
REGIONALISMO & LITERA- 'rão um LP. Vamos lá que o LP do 1° Rodeio ficou «flôr» de
TURA. /Fiavro Loureiro Cha- bom, além disso tem prêmios até o 3° colocado de fazer
ves. Mercado Aberto. Cr$ gaita tocar sózinha. Endereço para correspondência é pela
'1,4lJlJ.lJlJl Essa obra 'é o resul-
CAIXA POSTALW 143 ou pelos-telefones, (054) 221.6588
iauo de protunda Investigação
RÁDIO CAXIAS DO SUL, ou (054) 221.5435, JOÃO
do autor sobre a literatura do
1110 Grande do Sul, Chaves
MENDES.
desfaz var 105 equívocos. pr in-
cioaunente 'dos aooroqrstas

110-grandenses. drrnensronan-
Outra novidade é a transferência do cantor e instrumen-
do com exatidão a produção si-
tista Luiz Carlos Borges, para a cidade de Santa Rosa, e
moruana. maior expressão já nos disse ele que pretende colocar a cidade no rol das
consequrda pelo Regionalismo conhecidas pelo nativismo, com o festival que desejar or-
ern suas letr as, Estuda a evo- ganizar lá.
ruçao da cultura gaucha. esta- Sabe-se que a coisa vai ser internacional e que vem gen-
belece suas uittuencras e re- te do outro lado do rio Uruguai. Adelante paisano, noso-
suuacos. Vejamos essa cons- tros confiamos en usted.
iataçao: «.:.\ matriz da liter atu-
I a r eqronai que se consolida de
Aoounar 10 porto Alegre a Si-

E para finalizar queremos pedir que não deixem de ler o
mües t.opes Neto é uma matriz
racionar: reside no Romantis-
jornal TCHÊ jornal de bombacha - único no gênero, que
mo e na nccçào de José de traz em sua próxima edição, Tau Golin Baixando a ripa nos
..I.le'lCall), DIZ a-nda ,que a fic-, falsos Gaúchos, Rilloterceando com Nico Fagundes, Sér-
çao snnonrana eleva-se acima gio Napp esclarecendo algumas confusões entorno da mú-
das uar ucuia- Idades locais. sica Campesina e o Ortiz tecendo opiniões da tertúlia do
"Jç'J'l'jo a umver srdade , Leonardo chamando-a de bailão.

NATIVISMO 2 27
CARTAS;;
Prezado Senhor: Porto Alegre. 26 de janeiro A REvista NATIVISMO é
de 1983. meu mala' interesse. Ac-ec
que. oor meio de sua lei
E com satisfação. que lhe
Sistemática. estarei sempre
endereçamos o presente em Prezado Sr. Chíco.
par de tudo que acontece
testemunho do nosso agrade- rei ação aos festivais gauct&
cimento pela valiosa colabora- Lemos no Correio do Povo Por ISSO. aoressome em
ção à XII Califórnia da Canção do dia 22/ O1. 83. a divulgação crever a vocês oedindo que
Nativa do Rio Grande do Sul. do iançamento da revista Na- carrnnhe. a quem de dir
Somente com a participação trvrsmo. Como temos muito urna solicitação de assina
dessa prestigiosa Revista. po- cannho oeto que é nosso. isto anual em meu nome.
Desejo receber NAT'IVIS
deríamos ter alcançado o su-e e. tudo sobre nosso folclore.
com regular idade. princi[;i
esso de que foi coroada. estamos interessadas em ad- mente oorque a música
qurrir esta revista. Gostaria- drcrooaí ou não. do Rio Gra-
Saudações mos que nos enviasse. por re- do Sul. está inserida nos
embolso. um examplar . nos de nroqr amação radiofér
Ricardo Ferreira Duarte ca que realizo oara a Rã:
Presidente com. Org. Obrigada Mmlstério da Educação e C,
Irmã Luicia Goi tura. Sernnr e que posso.
Cleber Ubirajara Soares Diretora balho a favor da cultura 9l
Secretário cha que adrruro tanto e que
na-te dos meus estudos.
Aguardo r esnosta. para
der eço anexo. na qual vo
me du ão qual o valor da as,
natura nr etendida. para q
Senhor diretor eu possa r erneter cheque cc
a unoortãncra coresoondente
Lendo a Folha da Tarde. de-
24. de janeiro de 1983 Grarísstmo cor tudo. renOl
parei-me com um artigo que
minhas exoressões de aleg'
falava do lançamento da Revis- e emoção oor ter par ticipat
Prezado Sr. Sosa:
ta Neuvtsmo. da XII CALlFORNIA DA CAI
Fiquei' sabendo da existência
Quero nar abenizá-lo pelo ÇAO NATIVA. bem como rTIl
da revista «Nanvismo» atra-
oronetrtsmo em prol da divul- n ttesto a satisfação de ter fe
AO ZE ROBERTO vés de um artigo publicado no to novos amigos gaúchos. e:
gação da cultura sulina. Eu
Correio do Pov. Gostaria de sa- tre OS quais vocés se incluem.
ainda não conheço a Nativis-
. Eu sou um gaúcho arado ber o que sai uma assinatura. Um abraço.
E o meu Rio Grande não largo. mo mas tenho a esperança de
Se puder. já mande um exem-
POIS tenho a prenda e o torrão tratar-se de uma obra útil ao
piar. que eu fico. mesmo que PAULO TAPAJOS
Grudados no coração. homem moderno que cultua
-não assine.
suas origens e deseja sempre
Cordialmente.
- Se houve tristezas no Pago conhecer mais o mundo em
Essas. eu não as trago que vive. com fórmulas e ce-
Sérgio S. Costa
Carrega-as o Minuano. danado ráter genúinas e pr6prias. não
Vacaria
Para bem longe de mim. copiadas.
Te falo de te falo lhe falar.-
Talvez não será bem aceita
do!
- Cavalgando um jato amado pela nossa juventude; que esta Que o nativismo não tem do-
i.é no firmamento, espalho vazia e sem personalidade - no. A coisa até nem tem no-
Todo maor. toda afeição. sendo escrava da moda - vi- me, Imagina dono. Ele estê
Pois disso. não abro mão! vendo determinados modelos entranhando nas grotas de
Prezado Senhor: como Marilyn Monroe. à sangue. com raizes profun-
Através do Jornal Cor reio do Elvis Presley. à John Lenon. das na aimà. Estamos todos
- Sou patrão e sou peão.
Povo. de sábado último. tomei etc ... Ou seja: conforme os tornados de urtiga. carqueja f
"'Em mim. ninquêm bota a mão.
conhecimento da Revista Na- astros e ídolos em evidência. caraquatás e isto tudo nasce ~
A não ser para um abraço
tivisrno, e como sou ligada em campo.
Bem perto do coração. Com essa onda desenfreada de
Então meus amigos ortodo-
tudoi o que se relaciona com o sexo e droga que consideram-
xos, ladrões da cultura que
Meu Zé Rcberta querido. tradrcionausrno gaúcho. gosta- se livres e independentes. brota das ventas dos bolichos
O Rio Grande. entristecido. fia rrr-ensamente de conhecer Como eu pertenço a esta po- e corredores.1 Sr s. não donos
Sentindo um epertâo. essa revista. bre juventude. me envergonho da verdade. Deixái que a cul-
Da dor de te ver partir. Sou poetisa e compositora. dela e não vivo suas ideolo- tura que existe em vós. recc
Não há de esquercer de Ti .. Em agosto i 82. me classifiquei gias. divulgo meu torrão é truda. se evapore oelos poros.
em 3 lugar. no concurso lite-
0
suas tradições. canais. este cheiro de pasto e
E. eu. tua prenda. tua tia.
rário Felipe D'Otlveira. ai em Tenho certeza de que a 50· Vida cara que nós mais novos.
NMos entreveras da vida. Impregnados da anticultura.
Santa Maria: nesta oportuni- ma dos esforços empreendi-
lembrarei, tão comovida. sem linhas de manifestação.
Das lições que não me deste. dade tive o prazer de conhe- dos reverterá em beneficias cnarqueados oelos juris. re-
Mas. mostraste. em tuas cer a cidade universitária. bem àqueles que. no lar. na escola. mende este sovéu velho. her-
vivências como fazer inúmeras amiza- na faculdade. na vida profis- dado dos nossos antepassados
Que. de um gaúcho largado. des. com esse povo bom e hos- sronat. tem uma fonte de co- e tão mal usado.
O Pago jamais esquece pitaleiro. nhecimento relevante na for- Texto dirigido ao mestre
E. orgulhoso'. se engrandece Enquanto ficou aguardando mação do nosso povo. não des- Glênio Fagundes. Glauco Sa-
a resposta. firmo desde já o prezando a cultura de outros raiva. Jaime Caetano Braun
Com fi lhos de teu padrão 1
meu agradecimento à atenção e a pessoas incubidas -de esco-
povos e do homem como ser
lherem os famosos jurados dos
In Memóriam - A quem tanto dispensada. cultural oermanente.
nossos festivais.
Abraços.
fez pelo Tr adtcionatismo sul- Que o s-. Pelão ,(RJI. Paulo
no-çrandense. M.B. Macedo Tanajós (RJI e Miguel Proença
CECILIA MAICA Av. Juscelino Oliveira. 1030 (SPI. não tém e nada sabem
Sua tia Av. Athayde P. Martins. 1580 ao. 149 - Jardim D. Leopoldina sobre a nossa música.
Sorna. setembro de 1982. 98.870 GIRUA RS Porto Alegre· RS 90.000. Tude Munhoz,

28 NATIVISMO 2
HOS NATlVISMO EM QUADRINHOS TI I S~Ar'" ",TIVISMO EM QUAl

ROMANCE
DA TAFONA

MARIA FLORÃO DE NEGRA


PACAClo NEGRO DA FLOR
SE NEE.4CIARAM POR MESES
PARA UMA MOln DEAMGl
. NA TAfOf,JA ft.BANDONADA
QUE APODRECEU ARRODEANDO
P.ACACIO·SERVIU A CMM ~
.: . E ES?EROU eHIMARREANDJ J
'-~FEZCOLcHÃO ~.~
. ~OlOMBILHO TRAVESSEIRQ ~~, '
. DO BADANA FEZ LENÇOL '-- -
FEZ I:STUFA DO BRASEIRO

A TARDE MORREU COM CHUVA


MAIS GARaJ QUfAGUACEIRO
MARIA SURf.IU NASGMBPA
CHEIA DE UM MEDO FACE/RO

A NEGRA Df AMOR QUEIMAVA


TAL @L O NEGRO NA ESPERA
E INCENDIARAM DE AMOR
A TAFONA ANTES TAPERA

NATIVISMO 2 29
==========~REINALDO;

30 NATIVISMO 2

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