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Por estas razões, o artigo 1º do CPC, proíbe a autodefesa, determinando que a ninguém é lícito o recurso à força com o fim

de realizar ou
assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados na lei. Deste modo, em confronto com a excepcionalidade da
autotutela, a garantia jurisdicional dos direitos e interesses é a forma da sua defesa. Estas formas de autotutela, em si mesmas restritas
na sua previsão e aplicação, estão ainda limitados pela sua natureza subsidiária. A autotutela só é admissível quando for impossível
recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais para defesa dos direitos (art.º 336.º, n.º 1, do Cciv), sendo portanto, ilícita fora desse
estrito condicionalismo.

Além das situações individuais, há que considerar os chamados interesses difusos, que são interesses que pertencem a uma plur alidade
de sujeitos e que incidem sobre bens que não podem ser atribuídos em exclusividade e nenhum deles.

Em princípio, todo o direito subjectivo ou interesse protegido pode obter tutela jurisdicional, ou seja, todo o direito ou interesse é
garantido pelo direito de acesso aos Tribunais e a todo o direito ou interesse corresponde uma acção.

Segundo Castro Mendes, o processo é a sequência de actos destinados à justa composição de um litígio, mediante a intervenção de um
órgão imparcial de autoridade, o Tribunal.

O Princípio da auto-suficiência do processo (enunciado por Castro Mendes sob a designação de princípio da Tutela Provisória da aparência)
tem a seguinte formulação: em matéria processual, a aparência vale como realidade para o efeito de se determinar se esta apar ência
corresponde ou não a qualquer realidade.

Segundo este princípio, as partes devem situar-se numa posição de plena igualdade entre si e ambas devem ser iguais perante o Tribunal.
É nisso que consiste o princípio da igualdade das partes.

A correcção das desigualdades entre as partes é realizada através da função assistencial do juiz, que, no entanto, só pode ser exercida
nos casos previstos na Lei.

A proibição de desigualdades consiste numa imposição do Tribunal do dever de não originar situações de desigualdade entre as partes,
ou seja, proíbe que o tribunal trate de modo desigual as partes.

O princípio do contraditório é um dos corolários (resultado) do princípio da igualdade das partes – atribui à parte quer um direito ao
conhecimento de que contra ela foi proposta uma acção ou requerida uma providência e, portanto, um direito à audiência prévia, quer um
direito a conhecer todas as condutas assumidas pela contraparte e a tomar posição sobre elas, ou seja, um direito de resposta.

Nas acções declarativas o autor procura que o Tribunal declare a solução, com fundamento no direito substantivo para um determinado
caso. As acções executivas têm por fim a realização coerciva das providências destinadas à efectiva reparação do direito violado. Exemplo:
art.º 817.º, do Cciv. Através da penhora dos bens do devedor e da respectiva venda será realizada a importância com que o credor será
pago. A distinção está no simples declarar e executar, entre o dizer e o fazer.

De acordo com a alínea a) do n.º 2 do art.º 4.º, as acções de simples apreciação são definidas como as que têm por fim obter unicamente a
declaração de existência ou inexistência dum direito ou dum facto. O autor com isso se satisfaz. A acção foi proposta pôr ter mo a uma
situação de incerteza (incerteza objectiva).

Neste tipo de acções, o autor pretende não só que seja declarado o seu direito, que está a ser violado pelo réu, mas também que este seja
condenado à reintegração desse mesmo direito.

Nas acções constitutivas o autor pretende obter, através do Tribunal, um efeito jurídico novo que vai alterar a esfera jurídica do réu,
independentemente da sua vontade. O efeito jurídico nasce directamente através da decisão judicial. Por outras palavras, a sentença
cria um novo estado jurídico, pela modificação ou extinção do anterior.

Os pressupostos processuais São no fundo as questões prévias que o juiz deve em primeira linha verificar. A falta deles (pressupostos
processuais) pode determinar que o juiz se abstenha de conhecer do fundo da questão (mérito) e, em vez disso tenha de absolver o réu da
instância (art.º 289.º, do CPC).

Positivos; Negativos. São positivos aqueles cuja verificação é essencial para que o juiz conheça do mérito da causa. Ex: a personalidade
judiciária, a capacidade judiciária, a legitimidade, o interesse processual, a competência do Tribunal e o patrocínio judiciá rio. São
pressupostos negativos aqueles cuja verificação obsta a que o juiz aprecie o mérito da acção. Ex: a litispendência, o caso julgado e a
existência de compromisso arbitral. Ver art.º 497.º, e 498.º.

O que é uma parte? Segundo Pais de Amaral, parte são pessoas que requerem ou contra as quais foi requerida uma determinada pretensão
(providência judiciária) através de uma acção. A personalidade judiciária como susceptibilidade de ser parte em processo (n.º 1 do art.º
5.º,) é também definida na lei segundo o critério da coincidência, ou seja, nos termos do n.º 2 do art.º 5, quem tiver personalidade jurídica,
por maioria de razão, também terá personalidade judiciária. Assim, têm personalidade judiciária todas as pessoas singulares, as pessoas
jurídicas, ou seja, as colectivas (associações ou fundações) e as sociedades a que seja reconhecida. Não se esqueça que todas as pessoas
singulares têm personalidade judiciária ainda que sejam menores, interditos ou inabilitados, pois todos eles podem ser sujeitos de
relações jurídicas (art.º 67.º,do Cciv).

É a susceptibilidade de a pessoa por si, pessoal e livremente, decidir sobre a orientação da defesa dos seus interesses em ju ízo, em
aspectos que não são de mera técnica jurídica. A possibilidade de estar por si mesmo em juízo, significa também o poder de escolher
livremente quem o represente na acção. Aqueles que não possuem capacidade judiciária não podem estar por si mesmos em juízo n em por
meio de representante escolhido. O seu representante é imposto por lei. Ao referir que a capacidade judiciária tem por base e por medida
a capacidade do exercício de direitos, o preceito estabelece a correspondência entre capacidade judiciária e a capacidade do exercício de
direitos. Os interditos, não têm capacidade de exercícios de direitos. Por isso são destituídos de capacidade judiciária

Estamos perante a competência internacional quando a situação em apreço está contacto com diversos ordenamentos jurídicos. A causa apresenta uma conexão
com uma outra ordem jurídica estrangeira. Cada país pode fixar os elementos de conexão que considere relevantes para se atribuir a competência para julgar
determinados litígios. Assim, a questão pode surgir, por exemplo, quando o autor e o réu pertencem a nacionalidades diferentes, quando se situe no estrangeiro
o local de cumprimento de determinada obrigação invocada por um angolano ou quando o facto ilícito ocorreu no estrangeiro. Podem ser considerados relevantes
para atribuição da competência internacional, o domicílio das partes, o lugar do cumprimento da obrigação ou o lugar onde foi cometido o adultério que serve
de fundamento à acção de divórcio. Dispõe o art.º 61.º, que os tribunais angolanos têm competência internacional quando se verifica alguma das circunstâncias
mencionadas no art.º 65.º, do CPC. Nos termos da alínea a) do n.º 1 do art.º 65.º, do CPC, encontramos o princípio da coincidência da competência internacional com a competência interna.
Competência dos Tribunais Aos tribunais cabe um dos poderes e funções do Estado: a jurisdição. A jurisdição é a função ou poder de justa
composição de litígio (Castro Mendes). Este autor vem ainda destacar que à função do Estado, desempenhada p elos tribunais, de compor
litígios, impondo a aceitação da hierarquização dos respectivos interesses e vencendo para isso toda a resistência, dá-se o nome de
jurisdição ou função jurisdicional. Vejam o art.º 174.º, da CRA.

Enquanto a jurisdição voluntária possui caráter


administrativo, solucionando um negócio judicial com a participação do juiz, a
jurisdição contenciosa tem caráter jurisdicional, onde o Direito tem como
objetivo a pacifi cação social, substituindo a vontade das partes que, se não for
cumprida, pode ser aplicada de forma coercitiva.A jurisdição voluntária não apresenta conflito de interesses, não havendo
uma coisa a ser julgada. Dessa forma, não existe uma sentença, mas sim um
procedimento, ao contrário da jurisdição contenciosa, onde o juiz age a partir de
um conflito de interesses, julgando um processo e determinando o que deve se feito
Em princípio, a jurisdição contenciosa é estabelecida
quando existem partes antagônicas, havendo, de um lado, o autor, q ue busca
conseguir uma solução judicial a um conflito de interesses e, do outro, o réu, que é a
pessoa sobre a qual se pressupõe atitudes que vão contra o interesse e a ordem
social.
A jurisdição contenciosa, portanto, contém as partes em conflito, ou litígio, um
processo judicial e uma sentença q ue vai favorecer uma das partes em detrimento da outra, sendo comum e rotineiro que haj

litigiosidade.
A jurisdição voluntária é uma atividade estatal de
integração e f iscalização. Busca-se do Poder Judiciário a integração da vontade, para
torná-la apta a produzir determinada situação jurídica. Há certos efeitos jurídicos
decorrentes da vontade humana, que somente podem ser obt idos após a integração
dessa vontade perant e o Estado-juiz, que o f az após a f iscalização d os requisitos
legais para a obtenção do resultado almejado

O patrocínio é a representação das partes por profissionais do foro (Advogados, candidatos à advocacia) na condução e orienta ção
técnicojurídica do processo, mediante a prática dos actos processuais adequados. De acordo com Castro Mendes, existem duas razões
justificativas da necessidade desta representação: Por razões técnicas: a não ser quando elas próprias sejam licenciadas em direito e
práticas em assuntos forenses, as partes carecem de preparação, de conhecimentos, para saberem conduzir a prossecução dos seus
interesses em juízo; Por uma razão psicológica: as não têm em regra a serenidade suficiente para ajuizarem objectivamente das situações,
e ponderarem com inteira racionalidade os seus direitos e deveres.

Assim, é obrigatória a constituição de advogado, nas seguintes situações: Nas causas da competência de Tribunais com alçada em que seja admissível
recurso ordinário (acima de Kz 1.408.001,00). Ficam de fora os processos sumários e sumaríssimos. Nas causas em que seja sempre admissível recurso,
independentemente do valor da causa – vide art.º 678.º, n.º 2 e 3 do CPC. Nos recursos e nas causas propostas nos Tribunais superiores – art.º 1083.º,
do CPC (art.º 1087.º,) – indemnização contra Magistrados e as acções de revisão de sentença (art.º 1094.º, do CPC).

Princípio da cooperação – segundo o princípio da cooperação, as partes e o Tribunal devem colaborar entre si na resolução do conflito
de interesses subjacentes à acção. Princípio do dispositivo – determina que o processo se encontra na disponibilidade das partes e
fundamenta-se na circunstância de os interesses presentes no processo civil serem predominantemente interesses privados.

O princípio do dispositivo desdobra-se em dois outros princípios: o princípio do impulso processual e, quanto ao objecto do processo, o
princípio da disponibilidade privada das partes. O princípio do impulso processual incumbe as partes praticarem os actos que determinam
a pendência da causa e o andamento do processo pelo que o Tribunal não decide enquanto não houver uma causa pendente e não supre as
omissões das partes numa causa instaurada.

O princípio da disponibilidade privada das partes sobre o objecto do processo determina que cabe às partes a definição deste objecto e
a realização da prova dos respectivos factos. Assim, o autor cabe definir o pedido e invocar a causa de pedir, não podendo o Tribunal,
como consequência do fundamento deste princípio conhecer de pedido diverso do formulado ou de causa de pedir diferente da inv ocada.
Como complemento desta delimitação privada do objecto processual, incumbe às partes a realização da prova dos factos incluídos nesse
objecto.

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