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BRIDGET BISHOP: HÁ 328 ANOS,

MORRIA A PRIMEIRA BRUXA


CONDENADA PELOS JULGAMENTOS
DE SALÉM
Neste dia, em 1692, Bishop era enforcada a mando da Justiça. Sua morte foi só o
começo de um trágico episódio que levou a morte de milhares de pessoas

ALEXANDRE CARVALHO PUBLICADO EM 10/06/2020, ÀS 07H00

Ilustração da morte de Bridget Bishop - Wikimedia Commons

Apontar feiticeiras entre pessoas de diferentes perfis era mais fácil quando
ninguém sabia exatamente como eram esses seres. Se O Mágico de Oz,
filme de 1939, popularizou a figura de rosto verde, nariz e queixo enormes,
na interpretação magistral de Margaret Hamilton, os puritanos de Salem
entendiam que qualquer pessoa – feia ou bonita, jovem ou velha – poderia
ser uma bruxa.

Mas eles tinham algumas pistas. A feiticeira deveria ter uma marca no
corpo indicando seu pacto antinatural com os maus espíritos. Podia ser
uma verruga ou uma marca de nascença qualquer. Por isso, os juízes
convocavam as parteiras da cidade para examinar o corpo nu das
acusadas. Imagine a humilhação desse exame para mulheres puritanas.
Foi por esse teste íntimo e invasivo que passou Bridget Bishop, que teve
seu corpo esquadrinhado, com as parteiras procurando mamilos de bruxa
ou outros sinais. Acharam alguma carne estranha entre a parte pudenda e
o ânus dessa mulher com mais de 60 anos. Talvez o diabo tivesse entrado
por lá, pois era o suficiente para que Bishop deixasse a cadeia, onde
estivera por seis semanas após sua primeira acusação, e fosse levada a um
tribunal formal.

No julgamento para valer, Bishop foi acusada de todo tipo de


comportamento mágico e maléfico. Parecia ter uma predileção por se
materializar nos quartos e nas camas dos homens da aldeia, mas também
faria maçãs voarem, atravessaria portas fechadas e, claro, torturaria as
meninas adolescentes, ameaçando-as de morte. Um rasgo no casaco seria
uma prova de que seu espectro teria sido apunhalado por um aldeão que
tentava se defender.

Julgamentos em Salem / Créditos: Wikimedia Commons

Por mais que ela negasse tudo, as acusações se amontoavam e os jurados


aceitavam vários testemunhos como provas definitivas. O veredicto não
chegou a surpreender: “Por haver praticado bruxaria sobre cinco moças da
aldeia em 19 de abril, e em diversos outros dias e lugares, antes e depois,
considera-se Bridget Bishop culpada”.

Curiosamente, a ré foi condenada por ter enfeitiçado meninas que nunca


vira antes, enquanto as acusações de feitiço sexual contra homens que ela
de fato conhecia não contribuíram para a decisão –- o que comprova a
força dos testemunhos das adolescentes.

No dia 10 de junho, a senhora Bishop foi conduzida por um percurso de 15


minutos, atravessando o centro da aldeia de Salem. Até que a procissão
parou diante de uma plataforma rochosa. Lá em cima, um carrasco colocou
um pano sobre sua cabeça e uma corda em torno do seu pescoço. E a
empurrou na forca, para que o corpo ficasse suspenso no ar.

Bridget Bishop foi a primeira bruxa de Salem a morrer enforcada, a mando


da justiça. Uma morte mais dolorosa do que podemos supor.

Nos enforcamentos que ainda acontecem em algumas partes do mundo, as


pessoas caem de alturas significativas e o peso de seu corpo faz com que o
pescoço quebre com a pressão da corda amarrada. Significado: uma morte
instantânea. Horrível, mas uma morte mais humana – ou pelo menos mais
rápida – que a das vítimas de Salem.

No século 17, as bruxas subiam poucos degraus de escada e eram


empurradas com as pernas amarradas. Não havia impacto suficiente para
quebrar o pescoço. Então, a cabeça se inclinava para trás e as vértebras
daquela região do corpo se expandiam, mas os ossos permaneciam
intactos. Significado: uma morte demorada.

Levava de dois a três minutos para que as vítimas dos julgamentos de


bruxaria perdessem a consciência. Durante esse tempo todo, elas se
debatiam, sentindo a asfixia... Ainda vivas, testemunhando a própria morte.

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