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Disciplina: Oficina de Leitura e Escrita de Textos Acadêmicos

Facilitadora: Profa. Ma. Andréa Cristina Soares Costa

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Cara(o) Aluna(o)

A disciplina “Oficina de leitura e Escrita de Textos Acadêmicos” foi pensada para


contribuir para as diferentes ciências através do estudo de textos básicos,
proporcionando as primeiras noções a respeito do método científico. O objetivo é o de
utilizar a leitura e a escrita para estruturar a reflexão sobre a realidade e ainda estudar e
discutir conteúdos, objetivos, argumentos e encaminhamento metodológico por meio da
prática da leitura e de técnicas do trabalho científico.

Entende-se que as etapas para a construção de textos científicos requerem um


ordenamento de ideias e de formas que se iniciam com a leitura adequada e a
interpretação de documentos. Nesse sentido, este material foi pensado de forma a
colaborar com as questões que envolvem a escrita de textos acadêmico/científicos,
incitando questionamentos e trazendo reflexões pertinentes à leitura e sua importância.

Boa leitura!

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A LUA DA LÍNGUA

Existe uma língua para ser usada de dia, debaixo da luz forte do sentido. Língua suada, ensopada de
precisão. Que nós fabricamos especialmente para levar ao escritório, e usar na feira ou ao telefone,
e jogar fora no bar, sabendo o estoque longe de se acabar. Língua clara e chã, ocupada com as
obrigações de expediente, onde trabalha sob a pressão exata e dicionária, cumprimentando pessoas,
conferindo o troco, desfazendo enganos, sendo atenciosamente sem mais para o momento. É a
língua que Cristina usou para explicar quem quebrou o cabo da escova na pia do banheiro, num dia
de sol em Fortaleza. Ou a língua empregada pelas aeromoças nos avisos mecanicamente
fundamentais. Língua comum; mútua e funcionária. Língua diária; isto é, língua à luz do dia. Mas no
entardecer da linguagem, por volta das quatro e meia em nossa alma, começa a surgir um veio leve
de angústia. As coisas puxam uma longa sombra na memória, e a própria palavra tarde fica mais
triste e morna, contrastando com o azul fresco e branco da palavra manhã. À tarde, a luz da língua
migalha. E, por ser já meio escura, o mundo perde a nitidez. Calar, a tarde não se cala, mas diz
menos o que veio a dizer. Por isso, poucas vezes se usa esta língua rouca do ciciar das cigarras, que
cede à luz minguante da sintaxe, mas meio bêbada de escuridão.

É a que frequenta os cartões de namoro, as confissões, as brigas e os gritos, ou a atenção desajeitada


de velórios, também os momentos relevantes em vidas sem relevo, ou está nas palavras sussurradas
entre os lençóis (ou ao pé dos muros nos bairros mais distantes) sob o calor da noite. Mas noite aqui,
na face da Terra; que é bem diferente da noite nos breus de uma língua. Pois quando a língua em si
mesma anoitece, o escuro espatifa o sentido. O sol, esfacelado, vira pó. E a linguagem se perde dos
trilhos de por onde ir. Tateia, titubeia e, com alguma sorte, tropeça, esbarrando em regras,
arrastando a mobília das normas, e deixando no carpete apenas as marcas de onde um dia estiveram
outros móveis. À noite sonha nossa língua. O céu da boca, onde esta noite se forma, não tem
estrelas de tão preto. É onde as palavras guardam ainda seu cheiro de pensamento. E têm a
densidade vazia das ideias vagas, condensando-se invisivelmente como nuvens de um céu sem luz.
No calor tempestuoso destas noites, é possível a bailarina ser feita de borracha e pássaro. José
Ribamar põe aves dentro dos frutos maranhenses. E Murilo solta os pianos na planície deserta. Tudo
é dito e tudo é silêncio, distante dos ruídos do dia. Existe o verbo, existe o verso. Existe a canção.
Rosa mineira do Lácio. Tudo é possível na escuridão, sombra que alumbra; penumbra. Luz negra da
noite. Quando abrimos a boca, a língua amanhece.

(LAURENTINO, 2007, p. 96 - 98)

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1 REFLEXÕES SOBRE A LEITURA E SUA IMPORTÂNCIA

Qualquer que seja a informação, cultural, científica, literária, técnica ou didática, ela está presente tanto
na linguagem falada quanto na escrita. Para estar bem informado e produzir bons textos, é preciso ler textos
diversificados sobre um mesmo assunto. Ler apenas uma só obra sobre determinado tema, levará o leitor a
apenas analisar a informação obtida sob um único ponto de vista e isto poderá prejudicar a nossa percepção ou
opinião diante de uma determinada temática ou tópico.
O mundo em que vivemos atualmente requer de nós leitores,
práticas de leitura que sejam cada mais rápidas. No entanto, isto não implica em que tais leituras sejam pouco ou
nada significativas. A leitura rápida, basicamente, abrange duas áreas: leitura e compreensão. Antes de ler, é
preciso identificar a finalidade para a qual estará a fazer tal atividade. É fundamental conhecer o propósito na
leitura, pois ajuda a concentrar a atenção em aspectos importantes do texto.

[...] ler significa em primeiro lugar, ler criticamente, o que quer dizer perder a
ingenuidade diante do texto dos outros, percebendo que atrás de cada texto há um
sujeito, com uma prática histórica, uma visão de mundo (um universo de valores), uma
intenção. (KUENZER, 2002, p.101)

Sem a linguagem, a construção e a produção dos saberes torna-se impossível, pois ela dá margem a várias
possibilidades de comunicação e de interação entre as pessoas. Por meio da linguagem, as diversas leituras abrem
um leque para as interpretações.
É preciso que “o leitor se conscientize de que o exercício de sua consciência sobre o material escrito não
visa o simples reter ou memorizar, mas o compreender e o criticar” (SILVA, 1991, p. 80).
O estímulo a uma prática de leitura apresenta-se como um desafio e que está imposto aos diversos
campos do conhecimento. As dificuldades de escrita e de compreensão de textos podem ser associadas, em
muitos casos, ao fato de lermos pouco ou de forma inadequada. Essa carência gera problemas na interpretação e
na produção textual.
A preocupação do leitor não deve estar focada com o quão rápido pode ler, mas com a rapidez com que
possa compreender os fatos e ideias de que precisa. A compreensão durante a leitura rápida é mais fácil do que
durante a leitura normal. Isto acontece porque a mente está ocupada a procurar o significado, e não a reler
palavras e frases.
O hábito de ler, além de ser prazeroso, desenvolve inúmeras habilidades em quem pratica, pois ela pode
aperfeiçoar a escrita, desenvolver a interpretação de textos diversos, facilitar a produção, e ainda ampliar o nível
cultural.
As pessoas hoje têm acesso a muitas informações e conhecimentos. Seja através de cursos, da televisão,
da tela do computador, ou de livros, jornais, revistas, etc. São diversos os materiais que precisam ser lidos para
que se possa colher as informações e assim buscar o aprimoramento escolar, profissional e pessoal.
Nesse mundo da informação, estudar é o caminho necessário e essencial para alcançar seus objetivos e a
leitura tem uma importância primordial no processo de aquisição de conhecimentos.
Por meio da leitura, o indivíduo desenvolve a interpretação e a produção de textos e que o permitem
experimentar os recursos da linguagem tornando a comunicação oral ou escrita mais eficiente, podendo adequar
as diferentes situações e necessidades.
A leitura contribui para o desenvolvimento de uma postura reflexiva, além de contribuir para o
desenvolvimento de nossa cognição, levando-nos a escrever textos mais coerentes, concisos e coesos. A prática
da leitura enriquece o nosso vocabulário, tanto da escrita quanto da fala, facilitando falar em público, apresentar
seminários, por exemplo.
Em suma, o hábito de leitura é uma competência que precisa ser desenvolvida desde os primeiros anos da
nossa formação social. Mas, como nossa cultura é muito visual e o efeito que as imagens produzem em nossa

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interpretação do mundo não é neutro, certamente esse processo de visualização modela nossa forma de
enxergar a realidade. Desse modo, é fundamental fazer um esforço maior para o desenvolvimento dessa
habilidade fundamental para quem pretende investir em uma formação pós-graduada.

1.1 DIRETRIZES PARA A COMPREENSÃO DE TEXTOS

Etimologicamente, a palavra texto vem de tecer, tecido, trama organizada de fios. Um texto é uma trama
escrita ou falada em que os fios são as ideias. Um texto é um tecido de ideias. Todas as esferas da atividade
humana, por mais variadas que sejam, estão relacionadas com a utilização da língua. Um texto é

um evento sociocomunicativo que existe dentro de um processo interacional. Ele é


resultado de uma coprodução de interlocutores. O que distingue o texto escrito do
falado é a forma como essa coprodução se realiza (KOCH; ELIAS, 2014, p. 13).

Leitura significa compreender como está tecido o texto, mais do que juntar palavras. Por isso, a leitura de
textos acadêmicos geralmente é um desafio para os estudantes acostumados a textos não especializados (revistas
e jornais, por exemplo) ou literários. Quando ingressa na universidade, o estudante precisa aprender a lidar com o
vocabulário científico e filosófico, que apresenta conceitos complexos e argumentos elaborados em textos,
exigindo concentração e dedicação de estudo.
Argumentos são ideias que servem para
A atividade de leitura precisa ser vista como uma construir um raciocínio. Um texto bem escrito
prática específica e continuada na vida acadêmica, ou seja, o apresenta uma lógica e uma organização de
estudante deve ter em mente o horizonte temporal em que ideias articuladas para sustentar afirmações
deve tomar contato com essas dificuldades, ultrapassá-las, e conclusões sobre algum tema.
adaptando à sua rotina e a seu estilo próprio as indicações
que são feitas aqui. Inicialmente, a tarefa pode parecer difícil,
mas a constância da prática de leitura dará uma experiência paulatina que, aos poucos, tornará a atividade parte
da rotina da vida estudantil. Aprendendo as técnicas, o estudante adquirirá desenvoltura e rotina própria de
estudos, incorporando em sua vida particular habilidades cada vez maiores para apreensão dos conceitos e
desenvolvimento de argumentos e ideias.

Exatamente pela complexidade mencionada, os textos acadêmicos devem, pelo menos de início, ser
abordados de forma gradual. Uma leitura adequada é aquela que consegue reter o que o texto tem de essencial.
Um texto científico precisa ser lido mais de uma vez e, de alguma forma, retido em suas ideias principais.

Portanto, de agora em diante, não se deve mais ler qualquer texto sem anotar suas ideias principais e sua
estrutura, o mais detalhadamente possível, em mapas mentais e resumos. É uma questão de economia: temos
uma memória muito reduzida, e é impossível para qualquer ser humano reter as informações de forma
sistemática e organizada apenas na mente. O risco de esquecermos em um curto prazo é muito grande. Anotar e
esquematizar é uma forma econômica de evitar um retorno desnecessário ao texto e, ao mesmo tempo, ter à
mão as informações que ele fornece. Portanto, leitura e escrita acadêmicas estão intimamente relacionadas.

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Marconi e Lakatos (2010) caracterizam a leitura como proveitosa quando constituída dos seguintes
aspectos:

» Atenção – concentração e aplicação da mente no sentido de buscar o entendimento e a assimilação dos


conceitos do texto.

» Reflexão – ponderação do que se lê, observando outros pontos de vista, novas perspectivas.

» Criticidade – avaliação do texto, julgamento, aceitação, refutação dos argumentos. Não admitir argumentos
sem a devida construção lógica, coerente e coesa.

» Análise – divisão do tema do texto em partes, estabelecimento das relações entre essas partes, no sentido da
construção do todo.

» Síntese – reconstrução das partes decompostas pela análise em um mapa mental ou resumo, mantendo a
sequência lógica do pensamento expresso pelo autor.

A leitura proveitosa, aquela que se dedica ao estudo de algum tema, realiza-se em diferentes etapas, que
se sucedem em níveis de aprofundamento e reflexão crescentes. Não significa que será necessário ler o texto
repetidas vezes do começo ao fim. Trata-se de, gradativamente, penetrar nas ideias do autor e tornar-se íntimo
de sua construção. Dirigir a leitura em cada fase para diferentes aspectos cada vez mais específicos, que nos
darão as informações que precisamos. Trata-se de aprender a “circular” pelo texto, até que se possa apreendê-lo
em sua totalidade.

As fases de leitura podem ser descritas assim:

» Uma primeira leitura é sempre destinada ao reconhecimento do texto que, uma vez que se mostrou
importante para a pesquisa, se pretende ler. É uma leitura rápida, que procura por informações no índice ou
sumário (no caso de livros ou teses e dissertações), ou no resumo e nas palavras-chave (no caso de artigos
científicos, por exemplo), ou ainda nos títulos de capítulos ou seções.

» A fase seguinte é exploratória e visa localizar as informações que já se sabe onde estão localizadas. Nesta etapa,
examinam-se a página de rosto, a introdução, o prefácio, as “orelhas”, a bibliografia e as notas de rodapé.

» Na fase seletiva, é preciso concentrar-se nas informações mais relevantes para o interesse da pesquisa,
deixando de lado o que é redundante e desnecessário. Ela é a última etapa de localização das informações mais
importantes relacionadas com o problema em questão.

» Na fase reflexiva, identificam-se as frases fundamentais para saber o que o autor afirma e por que o faz. É um
pré-levantamento dos argumentos utilizados e de sua construção.

A próxima fase é de leitura crítica, tendo dois objetivos: obter uma visão sincrética e global do texto e descobrir
as intenções do autor. O primeiro objetivo visa entender o que o autor quis transmitir. O segundo objetivo tem a
ver com a retificação (correção) ou com a ratificação (confirmação) de nossos próprios argumentos e conclusões a
respeito do que estamos lendo. Nessa fase, cotejam-se nossas opiniões e ideias com as do autor. É uma etapa de
avaliação e de julgamento.

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Concluídas todas as etapas, o que se pretende é que seja possível reconstruir o texto, o conteúdo que o
autor quis transmitir, a sequência das ideias, a forma como foi construída a argumentação e se esta se mostrou
coerente. Para essa finalidade, utilizam-se instrumentos de documentação, como, por exemplo, o esquema e o
resumo, sobre os quais falaremos com mais detalhes adiante.

1.2 A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Severino (2004) e Marconi e Lakatos (2010) apresentam um importante roteiro de orientação para a
leitura de textos acadêmicos, alternando procedimentos individuais e em grupo. Abaixo, uma síntese do que
estes autores apresentam:

» Análise Textual: É a etapa de escolha, delimitação e preparação da unidade de leitura (o texto a ser lido, que
pode ser um capítulo, uma seção, uma divisão, um artigo acadêmico, por exemplo), com totalidade de sentido. A
delimitação facilita o trabalho de leitura. Nessa etapa, realiza-se uma leitura rápida e panorâmica, explicações
sobre vocabulário (dicionário), palavras-chave, informações sobre o autor e sobre a estrutura do texto.
Geralmente esse processo é orientado e conduzido pelo professor.

» Análise Temática: É a etapa de efetiva compreensão do texto, através de sua releitura e da determinação do
tema/problema, da ideia central e da linha de raciocínio do autor. Nessa etapa, faz-se um esquema (ou mapa
mental) da sequência de ideias apresentadas pelo texto. É um processo realizado individualmente pelo estudante.

» Análise Interpretativa: É a etapa da interpretação individual do texto e de sua análise crítica. Verifica-se a
coerência da argumentação, a validade dos argumentos, a originalidade, a profundidade e o alcance deles.
Coteja-se as ideias de outros autores. Pode-se situar as ideias do texto no contexto da produção do autor. Faz-se
um resumo para discussão em sala de aula.

» Problematização: Nesta etapa, levantam-se e debatem-se questões surgidas, explícitas ou implícitas, do texto.
Levantamento de novas questões pertinentes ao estudo.

» Síntese Pessoal: Retomada pessoal do texto, através da reelaboração do processo de compreensão da


mensagem do autor. O raciocínio torna-se personalizado, através da reelaboração do texto em forma de
paráfrase, com discussão de reflexões pessoais e em grupo.

Se na fala é possível desdizer, dizer novamente, recomeçar a dizer, gesticular, comunicarmos pelo olhar,
na escrita não temos essa possibilidade. Na comunicação escrita, na imensa maioria das vezes, a mensagem do
texto deve se fazer entender sem a presença de quem o escreveu. Em uma conversa, há falsos começos,
truncamentos, hesitações, correções, inserções, repetições. Ou seja, o texto falado é mais dinâmico, em
comparação com o escrito, nesse aspecto. Na fala há, por assim dizer, uma coprodução do texto entre quem
detém a palavra e quem está ouvindo. Ambos estão empenhados em ser cooperativos, em negociar sua
argumentação, de forma que não faz sentido analisar separadamente a produção de cada interlocutor (KOCH;
ELIAS, 2014).

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Enquanto o texto falado apresenta-se no momento em que está sendo feito (planejamento e verbalização
ocorrem simultaneamente), o texto escrito é planejado. Seus rascunhos podem ser revisados e corrigidos. Ao
escrever, principalmente textos acadêmicos, devemos ser claros, objetivos, e nosso texto deve ser ordenado para
que o leitor não se sinta perdido e compreenda nossas ideias. Afinal, na imensa maioria das vezes, quem escreve
e quem lê não estão na presença um do outro. Leitura e escrita estão interligadas, muito embora cada uma esteja
relacionada ao desenvolvimento de habilidades específicas e a um treinamento contínuo. Ler bem é um
pressuposto para escrever bem.

1.3 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO ACADÊMICO

Centralidade do Tema – É o assunto principal em torno do qual gravitam as ideias e os


argumentos. Um texto acadêmico jamais deve fugir ao tema, concentrando-se nele e
explorando suas possibilidades de compreensã o.

Pressupostos Claros – Direçã o da argumentação e clareza da tese/hipó tese a ser defendida


ou demonstrada.

Argumentos Sólidos – Constroem os caminhos ló gicos para demonstrar os pressupostos ou


defendê-los. A unidade do texto depende da argumentaçã o. Argumento é a construçã o
ordenada de sentido do texto. Quanto mais só lido, claro, ordenado e forte, mais revelador de
nossa capacidade de criaçã o, avaliaçã o e crítica.

Segundo
Clareza – UmViana (2003),
texto são características
acadêmico precisa serde um bometexto
claro acadêmico:
objetivo e as ideias logicamente
encadeadas. Deve-se evitar a afetaçã o, o esnobismo, os lugares comuns, as frases feitas e o
sentimentalismo. Isso, contudo, nã o impede o uso de linguagem figurada (metá foras e
alegorias, por exemplo) e da criatividade na abordagem do tema.

Coesão – É amarrar uma frase na outra. Nada mais é que a ligaçã o harmoniosa entre os
pará grafos, fazendo com que fiquem ajustados entre si, mantendo uma relaçã o de
significâ ncia.

Coerência – Elo conceitual entre diversos segmentos que mantém a unidade do texto e da
argumentaçã o. Quando falamos em coerência, nos referimos à ló gica interna de um texto,
isto é, o assunto abordado tem que se manter intacto, sem que haja distorçõ es, facilitando,
assim, o entendimento da mensagem.

É fundamental, para quem escreve, ter o que dizer ao leitor. Um texto bem escrito é aquele que faz
sentido para quem o lê, ou seja, que se comunica de alguma forma com quem está do outro lado. Em trabalhos
acadêmicos, é essencial que a sua preocupação seja em escrever de forma lógica e que demonstre o seu domínio
sobre o assunto, diferentemente de textos literários e fictícios cuja função pode ser provocar os sentimentos do
leitor. Ou seja: é essencial que você identifique o possível leitor de seus escritos.

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A seguir, algumas sugestões para a escrita acadêmica (SILVA, 2016):

» escrever exige planejamento: desenhe, faça mapas mentais, sumários. A escrita acadêmica deve se constituir
em um exercício constante. Não espere que o texto esteja pronto na primeira tentativa de escrita, tampouco por
uma ideia iluminada, nem pelo momento ideal para escrever. Eles surgem apenas se você exercitar a escrita. Não
tente organizar tudo na mente antes de escrever: é mais produtivo rascunhar mapas mentais, sumários e
esquemas.

» delimitar tema: quem escreve tem que saber do que está falando. Escrever exige preparação. Um trabalho
científico deve se basear na empiria coletada e na bibliografia que sustentará as análises. O pesquisador deve
certificar-se de que tomou todas as notas necessárias e fichou os autores mais importantes para embasar suas
análises.

» suspender censura: a autocrítica exagerada pode ser um impedimento para a escrita. Não seja tão
perfeccionista e exigente consigo mesmo. Coloque as ideias no papel tão logo puder. Vá desenvolvendo o
raciocínio aos poucos, melhorando o que escreveu anteriormente.

» ter equilíbrio entre ler e escrever: saiba a hora em que é preciso parar ou diminuir a leitura de fontes e outros
autores para dedicar-se ao seu próprio texto.

» estar à espreita de ideias: estar atento ao que se passa ao seu redor. Assistir filmes, ler revistas e jornais, ouvir
diversos gêneros musicais, interessar-se por temas culturais contemporâneos ajudam a expandir sua visão de
mundo e podem ser fontes para o incremento de seu repertório cultural e, consequentemente, para sua
inspiração intelectual.

» escrever com autoria: é fundamental utilizar a criatividade na escrita acadêmica. Convenhamos: ninguém gosta
de ler um texto que fala mais do mesmo. Mesmo que seja um tema já conhecido, é sempre válido demonstrar
uma nova abordagem crítica e o domínio sobre o que é dito.

» escrever com correção gramatical: por fim, mas não menos importante, a gramática. Obviamente, um bom
texto segue as normas da língua portuguesa. Pequenos erros não irão arruinar o seu bom trabalho, mas é sempre
recomendável evitá-los. Para isso, recorra aos serviços de um revisor profissional para seus textos.

» para melhorar a escrita é preciso praticar: praticando, você consegue afastar a censura aos poucos e tornar-se
menos exigente consigo mesmo. Deixe de lado o perfeccionismo e não tenha medo de ser imperfeito. Não pense
que o que você está escrevendo deve ser necessariamente o trabalho de sua vida. É o exercício que vai lhe
proporcionar uma escrita cada vez mais qualificada.

1.4 TIPOS DE TEXTO

Na escrita acadêmica, utilizamo-nos desses diferentes tipos de texto – seja no diário de campo
(instrumento de coleta de dados), seja na análise de resultados, por exemplo.

É importante conhecê-los separadamente, embora um texto acadêmico, muitas vezes, se utilize dessas três
modalidades de forma articulada entre si.

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Texto descritivo
Apresenta a perspectiva do observador. Enumera aspectos, pormenores e características de alguém, de algo ou
de alguma situação (físicas, psicológicas, ambientes, contextos).
Exemplo de descrição: A mulher era magra, extrovertida, falava alto e ficava muito irritada quando percebia que
não lhe davam a devida atenção.

Texto narrativo
Conta uma história, possuindo enredo, personagens, narrador, espaço.
Exemplo de descrição: João completou o ensino médio em 2005 e, em seguida, foi morar em Porto Alegre.
Conheceu Maria durante um carnaval, casaram-se em 2007 e tiveram um filho em 2009.

Texto dissertativo, opinativo ou argumentativo


Desenvolve um tema, defende uma ideia baseado na argumentação, busca persuadir o leitor. Exemplo de
descrição O grafite surge, nas décadas de 1960 e 1970, como movimento artístico que congrega jovens dos
guetos latinos e negros dos grandes centros e catalisa a rebeldia, a contestação e a afirmação identitária dessas
minorias.

Nos diferentes tipos de texto, pode-se utilizar, no mínimo, cinco formas de argumentação (WESTON,
2009):

» Argumento de princípio – uma crença pessoal baseada em evidências ou raciocínio lógico irrefutável ou difícil
de refutar.
» Argumento por evidência – a confiabilidade dos dados recolhidos pela pesquisa e seu tratamento rigoroso e
fidedigno é fundamental para convencer o leitor. É utilizado para contestar um ponto de vista equivocado através
de apresentação de dados colhidos na realidade.
» Argumento de autoridade – através de citações literais e paráfrases de autores conhecidos e respeitados na
área, damos credibilidade ao texto. São baseados na autoridade de quem argumenta (autor reconhecido da área).
» Argumento por exemplificação – para fortalecer a argumentação podem ser usados exemplos, comparações,
analogias e metáforas.
» Argumento lógico – estabelecimento de relações de causa e efeito. Utilizado para demonstrar que a conclusão
não é fruto de interpretação pessoal (portanto, contestável), mas de necessidade lógica (incontestável).

1.5 O PARÁGRAFO
É importante atentar para como o parágrafo expressa as etapas do raciocínio. A estrutura do parágrafo reproduz
a do próprio texto: deve haver um anúncio do que se pretende dizer (uma introdução); um desenvolvimento no
corpo do parágrafo; uma síntese ao final (uma conclusão). Para escrever um parágrafo deve-se atentar para os
seguintes aspectos:

» O parágrafo é um conjunto de enunciados que devem convergir para o mesmo sentido. A mudança de
parágrafo marca o fim de uma etapa do raciocínio e o início de outra.
» O parágrafo deve girar em torno da primeira frase (tópico frasal). Ela deve ser muito precisa e objetiva para que
as ideias do parágrafo sejam convenientemente desenvolvidas. Essa frase (ou até uma palavra dela) deve nortear
o parágrafo.
» Cada parágrafo deve explorar uma só ideia. Isso evita que o parágrafo se torne confuso e sem coerência.

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1.6 SOBRE OS GÊNEROS TÉCNICOS, ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS
Existem diversos gêneros produzidos com a finalidade de divulgar conhecimento, entre eles um dos mais
breves seria o artigo científico. Além dele, outro gênero breve seria o ensaio, que é essencialmente um texto
híbrido, visto que é um texto opinativo, geralmente escrito na primeira pessoa e não é puramente técnico,
acadêmico ou científico, mas passeia pelas fronteiras da literatura. Gêneros mais longos seriam a dissertação e a
tese. A primeira é produzida como trabalho final de um percurso de mestrado, e a segunda, trabalho final
elaborado ao longo do percurso de um doutorado. Ambos são gêneros acadêmicos que trazem o resultado de
uma pesquisa realizada ao longo de alguns anos (que variam de acordo com a instituição em que se estuda) e
apresentam uma investigação de caráter inovador sobre um determinado tema de qualquer natureza,
dependendo da área em que se insere o pesquisador.

Dentre esses gêneros, o mais curto, também de caráter investigativo, seria o artigo científico. Os artigos são
textos curtos (entre 10 e 20 páginas, aproximadamente), completos, que tratam de uma questão científica.
Apresentam o resultado de um estudo ou de uma pesquisa, seja documental, bibliográfica ou de campo.

Pesquisas documentais são elaboradas a partir da coleta e análise de documentos de diversas naturezas. Um
bom exemplo é a pesquisa em manuscritos antigos, que pode informar muito sobre a vida das pessoas em
determinada época, sobre sua saúde, sobre o desenvolvimento de uma família, enfim, sobre muitas coisas.

Pesquisa bibliográfica é a primeira etapa de qualquer tipo de pesquisa, ela envolve a busca por publicações sobre
um determinado tema que estejamos pesquisando, a seleção de leituras apropriadas e relevantes sobre aquele
tema, a leitura, o fichamento dessas leituras e, por fim, a elaboração da síntese acerca do que conseguimos
compreender sobre aquele determinado tema.

A pesquisa de campo, em linhas gerais, é desenvolvida quando o pesquisador precisa ir a campo, ou seja, ir ao
local onde o seu objeto de estudo, o assunto que ele está pesquisando, se encontra. Dessa natureza são, por
exemplo, as pesquisas em que pessoas são entrevistadas, questionários são aplicados, dados são levantados
sobre determinado tema.

Os artigos científicos, portanto, são elaborados após uma pesquisa e para apresentação em eventos de natureza
técnica, científica e acadêmica e visam uma publicação. Eles são mais comuns na rotina de estudantes
universitários e daqueles que participam de pesquisas de iniciação científica, primeiro passo para a formação do
pesquisador.

A publicação desses estudos permite não só a divulgação científica produzida pelo pesquisador/autor, mas
permite, mediante a descrição da metodologia empregada na realização da pesquisa e da descrição dos
resultados obtidos, que o leitor repita a experiência. Essa publicação se dá, geralmente, em periódicos de
natureza técnica, científica ou acadêmica e esses artigos são, também em geral, avaliados por um conselho ou por
pareceristas que determinam a qualidade do artigo para a publicação naquele determinado periódico.

Fichamento

Uma elaboração do mapa mental, que desenvolve os conceitos em termos de frases e orações. Contém a
referência, conforme as normas da ABNT, e resume as principais ideias do texto. Esse método prevê uma
organização em catálogo, que possa ser acessado com facilidade. Um fichamento pode ser uma coleção de

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citações literais (copiar literalmente as ideias do autor) ou de paráfrases das ideias do texto (uma cópia das ideias,
mas utilizando-se outras palavras que não as que o autor utilizou).

Resenha

Pode se constituir tanto como um instrumento de documentação, quanto de comunicação científica. Visa
apresentar uma síntese das ideias fundamentais de uma obra, evidenciando suas contribuições para a área em
questão, ao mesmo tempo em que faz uma avaliação crítica, contextualizando o texto na obra do autor e/ou no
conjunto da produção da área. Tanto fichamento quanto resenha visam organizar o conteúdo teórico da
pesquisa. O objetivo de ambos é “beneficiar” o material a ser empregado na pesquisa, extraindo as principais
ideias e conceitos dos autores. Uma boa resenha ou um bom fichamento são aqueles que substituem a releitura
da fonte resenhada. Em ambos deve ser registrada a referência completa da obra fichada e o local em que pode
ser eventualmente consultada.

Esquema

É um recurso gráfico que apresenta de forma concisa as principais ideias de um texto lido, de uma aula ou
palestra assistida. É feito de forma rápida no momento em que se lê ou se ouve algum autor, anotando as ideias
principais para ser posteriormente desenvolvido e enriquecido. Uma forma de esquema advinda da área de
gestão de softwares é o mapa mental, uma ferramenta visual e/ou gráfica que ajuda a transmitir um conceito,
estabelecer relações de causa e efeito e tornar palpáveis e visíveis ideias correlacionadas.

Resumo

Como gênero de comunicação científica, o resumo é uma apresentação concisa e seletiva do texto, em que se
destacam os elementos de maior importância da pesquisa. Um resumo basicamente deve conter:
Atenção!
» Tema e problematização desenvolvidos na
pesquisa Recomenda-se a utilização de parágrafo único, frases concisas
e afirmativas, verbo na voz ativa e na terceira pessoa do
» Objetivos singular (fez-se, coletou-se, analisou-se, examinou-se). A
primeira frase do resumo deve explicar o tema principal do
» Abordagem teórico-metodológica documento. Informações sobre a categoria do tratamento
(memória, estudo de caso, análise da situação etc.) são
» Resultados: muitos eventos científicos apontadas em seguida. Não se recomenda o uso de tópicos nem
(congressos, seminários, fóruns, encontros) de símbolos e contrações desconhecidas, fórmulas, equações e
diagramas.
publicam resumos (simples ou expandidos) dos
estudos apresentados em comunicação.

O resumo é o cartão de visitas do artigo. Serve


para dar uma noção do que o leitor vai
encontrar no artigo com a leitura do texto integral. De acordo com a norma 6028 da ABNT, pode ser crítico,
indicativo e informativo.

• Crítico: resumo redigido por especialistas com análise crítica de um documento. Também chamado de resenha.
Quando analisa apenas uma determinada edição entre várias, denomina-se recensão.

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• Indicativo: indica apenas os pontos principais do documento, não apresentando dados qualitativos,
quantitativos etc. De modo geral, não dispensa a consulta ao original.

• Informativo: informa ao leitor finalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma
que este possa, inclusive, dispensar a consulta ao original.

Devem ser destacados, num resumo, os seguintes aspectos: objetivo, método, resultados e conclusões do
documento. A ordem e a extensão desses itens dependem do tipo de resumo (se informativo ou indicativo) e do
tratamento que cada item recebe no documento original.

Relatório

É todo documento que relata uma pesquisa. Uma tese, uma dissertação, um trabalho de conclusão de curso, um
artigo científico são, em sentido geral, relatórios de pesquisa. Há também outros projetos de pesquisa
(geralmente coordenados por um professor doutor), cujas agências de financiamento (CAPES,CNPQ, FAPERGS,
por exemplo) exigem relatórios parciais e finais, de acordo com a fase em que esteja o projeto.

Monografia

Em sentido geral, uma monografia é um trabalho acadêmico sobre um determinado tema. Especificamente, dá-se
o nome de monografia ao trabalho de conclusão de um curso de especialização. Em ambos os casos, esse tipo de
estudo deve ter algumas características, segundo Marconi e Lakatos (2010):

» Proporcionar o exercício da escrita e do pensamento crítico, tanto por parte do pesquisador quanto do
estudante dos diferentes níveis de formação (graduação, especialização, mestrado e doutorado). » Ser um
trabalho escrito, sistemático e completo.

» Constituir-se em uma contribuição efetiva e relevante para a área. » Ser um estudo pormenorizado e exaustivo
sobre um tema.

» Possuir rigor metodológico e teórico no tratamento dos dados.

» Ser uma contribuição original (autoral) para a área, tanto na produção de novos problemas de pesquisa quanto
no que se refere a novas abordagens do que já é conhecido, revendo as possibilidades metodológicas de
interpretação. » Possuir a já comentada estrutura de um relatório de pesquisa.

Apresentação de trabalho em evento: pôster e comunicação oral

Pôster é um gênero de comunicação científica na forma de um painel de grande dimensão (pôster significa
cartaz), objetivando apresentar visualmente, de forma resumida e esquemática, os dados de uma pesquisa. Um
pôster funciona como uma espécie de síntese, de resumo. Geralmente, os eventos científicos (congressos,
seminários, encontros) oportunizam seções de pôsteres, em um ambiente específico para que sejam afixados e
possam ser visitados pelo público. A seção de pôsteres é uma apresentação conjunta em que o público
interessado pode percorrer o ambiente em que os trabalhos estão expostos, conhecer as pesquisas que
apresentam e conversar com os autores, que geralmente permanecem no local de exposição para apresentá-los.
O pôster transmite, de forma rápida e clara, as ideias centrais do trabalho, ao mesmo tempo em que permite que
cada leitor lhe dê o tempo e a atenção que entenda adequados. A exposição oral feita pelo(s) autor(es) aumenta

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a eficácia e o potencial da transmissão das informações. O pôster tem a mesma estrutura do resumo. Pode-se
ilustrar a pesquisa apresentada no pôster com fotografias, gráficos, quadros e mapas mentais.

Comunicação oral

Uma comunicação oral é uma seção (geralmente pública) de apresentação concisa de uma pesquisa por parte de
seus autores em eventos científicos. Geralmente, as seções de apresentação oral tem duração de dez a trinta
minutos. Algumas recomendações para apresentação oral são importantes, segundo Giuliani (2016):

» Saiba antecipadamente o tempo disponível para realizar a apresentação.

» Elabore um bom resumo, crie material visual, desenvolva e treine a apresentação. Os passos anteriores devem
levar em conta o tempo de apresentação disponível. A estrutura dos slides pode ser a mesma do resumo.

» Faça o material visual após escrever a apresentação.

» Calcule a velocidade da apresentação em um slide por minuto. Você terá nove slides no total e um minuto para
encerrar a comunicação.

» Não polua visualmente os slides com excessos de cores ou informações. Cuidado com as animações.

» É importante chegar ao local da apresentação com antecedência para testar o equipamento e o material e
apresentar-se ao coordenador da seção de apresentações.

1.6 DANDO ÊNFASE AO ARTIGO ACADÊMICO


O artigo científico tem uma estrutura bastante variável, visto que ela muda de acordo com o veículo em que ele
for publicado. Mas, em linhas gerais, ele pode apresentar a mesma estrutura detalhada dos demais gêneros de
natureza técnica, científica e acadêmica. No que se refere à apresentação, de um modo geral, os documentos
científicos são estruturados com os seguintes elementos:

• pré-textuais;

• textuais;

• pós-textuais.

Os elementos pré-textuais podem ser definidos como aqueles que antecedem o conteúdo propriamente dito de
forma a identificar o documento;

Os textuais se constituem pelo corpo do texto, onde o conteúdo é desenvolvido;

Os pós-textuais são aqueles elementos que complementam o trabalho.

Elementos pré-textuais

São os elementos que compõem a apresentação geral do artigo:


 cabeçalho: título e subtítulo do trabalho;
 autor(es);
 credenciais do(s) autor(s);

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 local de atividades desses autores.

Elementos textuais

Introdução
Seu objetivo principal é situar o leitor no contexto da pesquisa. O leitor deverá perceber claramente o
que foi analisado, como e por que; as limitações encontradas; o alcance da investigação e suas bases
teóricas gerais. Ela tem, acima de tudo, um caráter didático de apresentar o que foi investigado,
levando-o ao conhecimento do leitor a que se destina e a finalidade do trabalho.

Desenvolvimento
O desenvolvimento é a demonstração lógica de todo o trabalho de pesquisa. Através do
desenvolvimento, retoma-se o problema inicialmente formulado, delineado na introdução,
especificando-o, agora, sob a forma de enunciado interrogativo; estabelecem-se as relações entre as
variáveis; apresenta-se o resultado dos testes e pesquisas, avaliando as hipóteses e colocando os
principais resultados da investigação. Fazem parte também do desenvolvimento: marco teórico,
revisão de literatura, fundamentação teórica ou estado da arte. O desenvolvimento tem como
propósito fornecer a fundamentação teórica para o trabalho. Deve incluir, além da contribuição do
próprio autor, ideias de outros autores e indicação de trabalhos consultados. Deve ser construído
numa sequência lógica de pensamento.

Metodologia (Materiais e Métodos) Deve ser esclarecida a forma que foi utilizada na análise do
problema proposto, ou seja, a estratégia da pesquisa (experimental, pesquisa de opinião, estudo de
caso), além de considerar o objeto de estudo, as hipóteses se houver, os objetivos do trabalho.
Devem-se incluir a população, a coleta de dados (análise documental, observação participante ou não,
entrevista ou questionário), os métodos de análise, as técnicas estatísticas (em caso de utilização de
abordagem quantitativa) e o referencial teórico (em caso de utilização de abordagem qualitativa).

A caracterização da amostra também faz parte desta descrição. Pode, a critério do autor, não
constituir um item à parte e ser integrada à Introdução, visando não fragmentar o texto. Mas, nesse
caso, o necessário detalhamento e apresentação dos instrumentos coloca-se em apêndice.

Objeto/Problema
Deve ser apontado para o leitor de forma clara e precisa. Geralmente é apresentado em forma de
enunciado interrogativo, situando a dúvida dentro do contexto atual da ciência ou perante uma dada
situação empírica. Deve ficar claro para o leitor a natureza do problema investigado, as variáveis que o
compõem, que tipo de relação foi analisada.

Objetivos (geral e específicos)


Delimitam a pretensão do alcance da investigação, o que se propõe a fazer, que aspectos pretende
analisar. Os objetivos podem servir como complemento para a delimitação do problema.

Justificativa
Destaca a importância do tema abordado tendo em vista o estágio atual da ciência, as suas
divergências polêmicas ou a contribuição que pretende proporcionar à literatura para o problema
abordado.

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Resultados da Pesquisa (Análise e Discussão)
Devem conter os resultados e as análises quantitativas e/ou qualitativas, dos dados e informações
obtidas relacionadas ao problema, aos objetivos, às hipóteses, se foram formuladas, e ao referencial
teórico. Devem discutir e analisar os resultados do estudo, podendo ser subdivididos em tópicos,
fornecendo elementos para as conclusões. Fazem parte do desenvolvimento.

Conclusão (Considerações Finais e Recomendações)


A conclusão deve apresentar o resultado final, global da investigação, avaliando seus pontos fracos ou
positivos através da reunião sintética das principais ideias desenvolvidas ou conclusões parciais
obtidas. A conclusão não entra nos detalhes operacionais dos conceitos utilizados, mas apenas aborda
as conclusões, estabelecendo pontos comuns, evidenciando um todo unitário, tendo em vista o
problema inicial. O cuidado que se deve ter é o de a conclusão nunca extrapolar os resultados. O
resultado final deve ser decorrência natural do que foi demonstrado e comprovado.

Elementos pós-textuais

Referências
As referências envolvem a apresentação em ordem alfabética dos sobrenomes dos autores das obras citadas ou
indicadas, no decorrer do trabalho. Com elas, permite-se a identificação, no todo ou em parte, das fontes citadas
no texto, podendo ser documentos impressos ou registrados. Segundo a NBR 6023, a referência é constituída de
elementos indispensáveis à identificação do documento, fonte de consulta ou utilização. Quanto à ordenação,
cabe esclarecer que a ordem alfabética tem sido sempre recomendada em trabalhos acadêmicos, ainda que seja
comum em outros tipos de trabalhos, a apresentação por ordenação numérica, cronológica ou geográfica.

Apêndice
Segundo a NBR 14724, apêndice é um documento de caráter opcional “elaborado pelo autor a fim de
complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho”. Os apêndices devem ser
identificados por letras maiúsculas, seguidas de travessão e dos respectivos títulos com as iniciais maiúsculas.
Para citá-los no texto, basta indicar a letra que identifica cada um deles, após a palavra Apêndice.

Anexo
Segundo a NBR 14724, anexo é um documento de caráter opcional “não elaborado pelo autor, que serve de
fundamentação, comprovação e ilustração” (p. 2). Os anexos devem ser identificados por letras maiúsculas,
seguidas de travessão e dos respectivos títulos com as iniciais maiúsculas. Para citá-los no texto, basta indicar a
letra que identifica cada um deles, após a palavra Anexo.

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REFERÊNCIAS

GIUGLIANI, E. Como apresentar um trabalho num congresso científico. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. 2005. Disponível em : Acesso em: 01 jul. 2016

KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2014.

KUENZER, A. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2002, p.
101.

LAURENTINO, André. A lua da Língua. In: CAMPOS, Carmen Lucia; SILVA, Nilson Joaquim (Coord.). Lições de
gramática para quem gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Editora Cortez, 2004.

SILVA, Ezequiel Theodoro. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. 5. ed. São
Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991.

VIANA, C. A. (Org.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Editora Scipione, 2003.

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