Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
Recomendações
Evitar:
• Choques, quedas, arranhões, oxidação e sujeira nos instrumentos
• Misturar instrumentos
• Cargas excessivas no uso
• Medir provocando atrito entre a peça e o instrumento
• Medir peças cuja temperatura esteja fora da temperatura de referência
• Medir peças sem importância com instrumentos caros
Cuidados:
• Sempre que possível usar proteção de madeira, borracha ou feltro, para apoiar os
instrumentos.
1
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
• Sempre que possível, deixar a peça atingir a temperatura ambiente antes de toca-la com
o instrumento de medição.
2
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
A régua graduada e a trena são os mais simples entre os instrumentos de medida linear. A
régua apresenta-se, normalmente, em forma de lâmina de aço-carbono ou de aço
inoxidável. Nessa lâmina estão gravadas as medidas em centímetro (cm) e milímetro (mm),
conforme o sistema métrico, ou em polegada e suas frações, conforme o sistema inglês.
RÉGUA GRADUADA
Utiliza-se a régua graduada nas medições com “erro admissível” superior à menor
graduação. Normalmente, essa graduação equivale a 0,5 mm ou 1/32”.
As réguas graduadas apresentam-se nas dimensões de 150, 200, 250, 300, 500, 600, 1000,
1500, 2000 e 3000 mm. As mais usadas na oficina são as de 150 mm (6") e 300 mm (12").
Tipos e usos
Régua de encosto interno
3
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Régua de profundidade
Utilizada nas medições de canais ou rebaixos internos.
4
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Características
De modo geral, uma escala de qualidade deve apresentar bom acabamento, bordas retas e
bem definidas, e faces polidas.
As réguas de manuseio constante devem ser de aço inoxidável ou de metais tratados
termicamente. É necessário que os traços da escala sejam gravados, bem definidos,
uniformes, eqüidistantes e finos.
A retitude e o erro máximo admissível das divisões obedecem a normas internacionais.
5
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Observe que, na ilustração anterior, estão indicadas somente frações de numerador ímpar.
Isso acontece porque, sempre que houver numeradores pares, a fração é simplificada.
A leitura na escala consiste em observar qual traço coincide com a extremidade do objeto.
Na leitura, deve-se observar sempre a altura do traço, porque ele facilita a identificação das
partes em que a polegada foi dividida.
6
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Assim, o objeto na ilustração acima tem 1 1/8” (uma polegada e um oitavo de polegada) de
comprimento.
TRENA
Trata-se de um instrumento de medição constituído por uma fita de aço, fibra ou tecido,
graduada em uma ou em ambas as faces, no sistema métrico e/ou no sistema inglês, ao
longo de seu comprimento, com traços transversais.
Em geral, a fita está acoplada a um estojo ou suporte dotado de um mecanismo que permite
recolher a fita de modo manual ou automático. Tal mecanismo, por sua vez, pode ou não ser
dotado de trava.
A fita das trenas de bolso s„o de aço fosfatizado ou esmaltado e apresentam largura de 12,7
mm e comprimento entre 2 m e 5 m.
Quanto à geometria, as fitas das trenas podem ser planas ou curvas. As de geometria plana
permitem medir perímetros de cilindros, por exemplo.
Não se recomenda medir perímetros com trenas de bolso cujas fitas sejam curvas.
As trenas apresentam, na extremidade livre, uma pequenina chapa metálica dobrada em
ângulo de 90º. Essa chapa é chamada encosto de referencia ou gancho de zero absoluto.
7
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
PAQUÍMETRO
decimal (ex: 0,001”). O cursor é provido de uma escala que define a sensibilidade da leitura,
chamada nônio ou vernier, que se desloca em relação à escala da régua e indica o valor da
dimensão tomada.
Observação
1) O cálculo da sensibilidade obtido pela divisão do menor valor da escala principal pelo
número de divisões do nônio, é aplicado a todo e qualquer instrumento de medição
possuidor de nônio, tais como: paquímetros, goniômetros de precisão, etc.
2) Normalmente, para maior facilidade do inspetor, a sensibilidade do paquímetro já
vem gravada neste (ver figura seguinte).
8
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Uso do Paquímetro
a) No Sistema Internacional de Unidades
Cada traço da escala fixa corresponde a um múltiplo do milímetro.
Na figura acima o valor de cada traço da escala fixa é igual a 1mm. Se deslocarmos o cursor
do paquímetro até que o zero do nônio coincida com o primeiro traço da escala fixa, a leitura
da medida será 1mm (fig. a), no segundo traço 2mm (fig. b), no terceiro traço 3mm (fig. c),
no décimo sétimo traço 17mm (fig. d), e assim sucessivamente.
De acordo com a procedência do paquímetro e o seu tipo, podemos ter diferentes precisões,
isto é, o nônio com número de divisões diferentes. Tem–se normalmente o nônio com 10, 20
1mm 1mm
e 50 divisões, o que corresponde a uma precisão de = 0,1mm , = 0,5mm e
10 20
1mm
= 0,02mm respectivamente.
50
Para se efetuar uma leitura, conta–se o número de intervalos da escala fixa ultrapassados
pelo zero do nônio e a seguir, conta–se o número de intervalos do nônio que transcorreram
até o ponto onde um de seus traços coincidiu com um dos traços da escala fixa.
Exemplos:
1)
9
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Vemos que o 10o intervalo da escala fixa foi ultrapassado pelo zero do nônio, portanto a
leitura da escala fixa é 10.
No nônio, até o traço que coincidiu com o traço da escala fixa existem 4 intervalos, cada um
dos quais é igual a 0,02mm; portanto a leitura do nônio é 0,08.
A leitura da medida é, portanto 10,08mm.
2)
Fig. 1e Fig. 2e
Podemos também neste sistema ter nônios de diferentes precisões. Por exemplo, se a
menor divisão da escala fixa é 0,025” o nônio possui 25 divisões, a precisão será de
0,025"
= 0,001" .
25
10
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Exemplo:
11
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Exemplo:
Erros de Medição
Estão classificados em erros de influências objetivas e de influências subjetivas:
a) DE INFLUÊNCIAS OBJETIVAS: São aqueles motivados pelo instrumento:
• Erros de planicidade;
• Erros de paralelismo;
• Erros da divisão da régua;
• Erros da divisão do nônio;
• Erros da colocação em zero.
b) DE INFLUÊNCIAS SUBJETIVAS: São aqueles causados pelo operador (erros de
leitura).
Paralaxe - O cursor onde é gravado o nônio, por razões técnicas, tem uma espessura
mínima a. Assim, os traços do nônio TN são mais elevados que os traços da régua TM
(figura abaixo).
Fig. 1d Fig. 2d
13
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
14
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Princípio de funcionamento
O princípio de funcionamento do micrômetro assemelha-se ao do sistema parafuso e porca.
Assim, há uma porca fixa e um parafuso móvel que, se der uma volta completa, provocará
um deslocamento igual ao seu passo.
15
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Nomenclatura
A figura seguinte mostra os componentes de um micrômetro.
16
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Características
Os micrômetros caracterizam-se pela:
• Capacidade;
• Resolução;
• Aplicação.
De profundidade
Conforme a profundidade a ser medida, utilizam-se hastes de extensão, que são fornecidas
juntamente com o micrômetro.
17
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
18
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
19
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Contador mecânico
É para uso comum, porém sua leitura pode ser efetuada no tambor ou no contador
mecânico. Facilita a leitura independentemente da posição de observação (erro de
paralaxe).
Digital eletrônico
Ideal para leitura rápida, livre de erros de paralaxe, próprio para uso em controle estatístico
de processos, juntamente com microprocessadores.
20
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Teste sua aprendizagem. Faça os exercícios a seguir e confira suas respostas com as do
gabarito.
Exercícios
1. Identifique as partes principais do micrômetro abaixo:
a)................................................................
b)................................................................
c)................................................................
d)...............................................................
e)...............................................................
f)................................................................
g)...............................................................
h)...............................................................
i)................................................................
j)................................................................
k)...............................................................
l)................................................................
Assinale com um X a resposta correta.
2. O micrômetro centesimal foi inventado por:
a) ( ) Carl Edwards Johanson;
b) ( ) Pierre Vernier;
c) ( ) Jean Louis Palmer;
21
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
d) ( ) Pedro Nunes.
4. Para medir uma peça com ∅ 32,75, usa-se micrômetro com a seguinte capacidade
de medição;
a) ( ) 30 a 50;
b) ( ) 25 a 50;
c) ( ) 0 a 25;
d) ( ) 50 a 75.
22
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Gabarito
1.
a) arco
b) faces de medição
c) batente
d) fuso
e) bainha
f) bucha interna
g) porca de ajuste
h) catraca
i) tambor
j) linha de referência
k) trava
l) isolante térmico
2. c
3. c
4. b
5. b
23
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
0,5mm = 0,01mm
50
24
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Exemplos
a)
b)
25
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Verificando o entendimento
Faça a leitura e escreva a medida na linha
26
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
0,01
R= = 0,001mm
10
Exemplos
27
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Verificando o entendimento
Faça a leitura e escreva a medida na linha.
Leitura: _____________________________________
Leitura: ____________________________________
28
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Exercícios
É importante que você aprenda a medir com o micrômetro. Para isso, leia as medidas
indicadas nas figuras. As respostas corretas são apresentadas no gabarito.
29
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Gabarito
a) 4,00mm
b) 42,96mm
c) 3,930mm
d) 1,586mm
e) 53,08mm
f) 2,078mm
30
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
MICRÔMETRO INTERNO
31
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Para obter a resolução, basta dividir o passo do fuso micrométrico pelo número de divisões
do tambor.
32
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Esse micrômetro serve para medidas acima de 5mm e, a partir daí, varia de 25 em 25mm.
33
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Observação: A calibração dos micrômetros internos tipo paquímetro e tubular é feita por
meio de anéis de referência, dispositivos com blocos-padrão ou com micrômetros externo.
Os micrômetros internos de três contatos são calibrados com anéis de referência.
Faça os exercícios de leitura a seguir e confira suas respostas com as do gabarito.
Exercícios
1. Faça a leitura e escreva a medida abaixo de cada figura.
34
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
35
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
GONIÔMETRO
O goniômetro é um instrumento de medição ou de verificação de medidas angulares.
36
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
37
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Cálculo da resolução
Na leitura do nônio, utilizamos o valor de 5` ( 5 minutos ) para cada traço do nônio. Dessa
forma, se é o 2° traço no nônio que coincide com o traço da escala fixa, adicionamos 10`
aos graus lidos na escala fixa; se é o 3° traço, adicionamos 15`; se o 4°, 20`etc.
A resolução do nônio é dada pela fórmula geral, a mesma utilizada em outros instrumentos
de medidas com nônio, ou seja: dividi-se a menor divisão do disco graduado pelo número de
divisões do nônio.
Ou seja:
Resolução = 1° = 60` = 5`
12 12
Leitura do goniômetro
Os graus inteiros são lidos graduação do disco, com o traço zero do nônio. Na escala fixa,
a leitura pode ser feita tanto no sentido horário quanto no sentido anti-horário.
A leitura dos minutos, por sua vez, é realizada a partir do zero nônio, seguindo a mesma
direção da leitura dos graus.
Conservação
• Evitar quedas e contato com ferramentas de oficina
• Guardar o instrumento em local apropriado, sem expô-lo ao pó ou à umidade.
38
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Exercícios
1. Leia e escreva as medidas abaixo dos desenhos.
39
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Gabarito
a) 50`
b) 11°30`
c) 35`
d) 14°15`
e) 9°25`
f) 19°10`
g) 29°20`
h) 5°20`
i) 14°5`
j) 20`
40
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
TOLERÂNCIA DIMENSIONAL
É muito difícil executar peças com as medidas rigorosamente exatas porque todo processo
de fabricação está sujeito a imprecisões. Sempre acontecem variações ou desvios das
cotas indicadas no desenho. Entretanto, é necessário que peças semelhantes tomadas ao
acaso, sejam intercambiáveis, isto é, possam ser substituídas entre si, sem que haja
necessidades de reparos e ajustes. A prática tem demonstrado que as medidas das peças
podem variar, dentro de certos limites, para mais ou para menos, sem que isto prejudique
a qualidade. Estes desvios aceitáveis nas medidas das peças caracterizam o que
chamamos de tolerância dimensional, que assunto que você vai aprender nesta aula.
As tolerâncias vêm indicadas, nos desenhos técnicos, por valores e símbolos apropriados.
Por isso, você deve identificar essa simbologia e também ser capaz de interpretar os
gráficos e as tabelas correspondentes.
As peças, em geral, não funcionam isoladamente. Elas trabalham associadas a outras
peças, formando conjuntos mecânicos que desempenham funções determinadas. Veja um
exemplo abaixo:
Num conjunto, as peças se ajustam, isto é, se encaixam umas nas outras de diferentes
maneiras e você também vai aprender a reconhecer os tipos de ajustes possíveis entre
peças de conjuntos mecânicos.
No Brasil, o sistema de tolerância recomendado pela ABNT segue as normas internacionais
ISO (International Organization For Standardization). A observância dessas normas, tanto
no planejamento do projeto como na execução da peça, é essencial para aumentar a
produtividade da indústria nacional e para tomar o produto brasileiro competitivo em
comparação com seus similares estrangeiros.
Afastamentos
Os afastamentos são desvios aceitáveis das dimensões nominais, para mais ou para
menos, que permitem a execução da peça sem prejuízo para o seu funcionamento e
intercambiabilidade. Eles podem ser indicados do desenho técnico como mostra a ilustração
a seguir:
41
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Verificando o entendimento
Analise a vista ortográfica cotada e faça o que é pedido
b) Dentre as medidas abaixo, assinale com um X as cotas que podem ser dimensões
efetivas deste ressalto:
20,5 ( ) 20,04 ( ) 20,06 ( ) 20,03 ( )
A cota ∅ 16 apresenta dois afastamentos com sinal – ( menos ), o que indica que os
afastamentos são negativos: - 0,20 e – 0,41.Quando isso acontece, o afastamento superior
corresponde ao de menor valor numérico absoluto. No exemplo, o valor 0,20 é menor que
0,41; logo, o afastamento – 0,20 correspondente ao afastamento superior e – 0,41
corresponde ao afastamento inferior.
Para saber qual a dimensão máxima que a cota pode ter basta subtrair o afastamento
superior da dimensão nominal. No exemplo: 16,00 – 0,20 = 15,80. Para obter a dimensão
mínima você deve subtrair o afastamento inferior da dimensão nominal. Então: 16,00 - 0,41
= 15,59. A dimensão efetiva deste diâmetro pode, portanto, variar dentro desses dois limites,
ou seja, entre 15,80 mm e 15,59 mm. Neste caso, de dois afastamentos negativos, a
dimensão efetiva da cota será sempre menor que a dimensão nominal.
Há casos em que os dois afastamentos têm sentidos diferentes, isto é, um é positivo e o
outro é negativo. Veja:
43
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Verificando o entendimento
Analise o pino e indique o que é pedido
Neste caso, os dois afastamentos têm o mesmo valor numérico. O que determina qual é o
afastamento superior é o sinal de + (mais) e o que determina o afastamento inferior é o sinal
de – (menos). Logo: a) afastamento superior: + 0,02; b) afastamento inferior: - 0,02.
45
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Tolerância
Tolerância é a variação entre a dimensão máxima e a dimensão mínima. Para obtê-la,
calculamos a diferença entre uma e outra dimensão. Acompanhe o cálculo de tolerância, no
próximo exemplo:
Verificando o entendimento
Calcule a tolerância da cota indicada no desenho.
Tolerância______________________________
Nesse exemplo, os dois afastamentos são negativos. Assim, tanto a dimensão máxima
como a dimensão mínima são menores que a dimensão nominal e devem ser encontradas
por subtração. Para a cota ∅16 mm, a tolerância é de 0,21 mm (vinte e um centésimos de
milímetro).
46
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Nessa representação, os valores dos afastamentos estão exagerados. O exagero tem por
finalidade facilitar a visualização do campo de tolerância, que é o conjunto dos valores
compreendidos entre o afastamento superior e o afastamento inferior; corresponde ao
intervalo que vai da dimensão mínima à dimensão máxima.
Qualquer dimensão efetiva entre os afastamentos superior e inferior, inclusive a dimensão
máxima e a dimensão mínima, está dentro do campo de tolerância.
As tolerâncias de peças que funcionam em conjunto dependem da função que estas peças
vão exercer. Conforme a função, um tipo de ajuste é necessário. É o que você vai aprender
a seguir.
Ajustes
Para entender o que são ajustes precisamos antes saber o que são eixos e furos de peças.
Quando falamos em ajustes, eixo é o nome genérico dado a qualquer peça, ou parte de
peça, que funciona alojada em outra. Em geral, a superfície externa de um eixo trabalha
acoplada, isto é, unida à superfície interna de um furo. Veja, a seguir, um eixo uma bucha.
Observe que a bucha está em corte para mostrar seu interior que é um furo.
Eixos e furos de formas variadas podem funcionar ajustados entre si. Dependendo da
função do eixo, existem várias classes de ajustes. Se o eixo se encaixa no furo de modo a
deslizar ou girar livremente, temos um ajuste com folga.
Quando o eixo se encaixa no furo com certo esforço, de modo a ficar fixo, temos um ajuste
com interferência.
47
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Existem situações intermediárias em que o eixo pode se encaixar no furo com folga ou com
interferência, dependendo das suas dimensões efetivas. É o que chamamos de ajuste
incerto.
Em geral, eixos e furos que se encaixam têm a mesma dimensão nominal. O que varia é o
campo de tolerância dessas peças.
O tipo de ajuste entre um furo e um eixo depende dos afastamentos determinados. A seguir,
você vai estudar cada classe de ajuste mais detalhadamente.
48
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Na cota do furo 25, o afastamento superior é + 0,21; na cota do eixo: 25, o afastamento
inferior é + 0,28. Portanto, o primeiro é menor que o segundo, confirmando que se trata de
um ajuste com interferência.
Para obter o valor de interferência, basta calcular a diferença entre a dimensão efetiva do
eixo e a dimensão efetiva do furo. Imagine que a peça pronta ficou com as seguintes
medidas efetivas: diâmetro do eixo igual a 25,28 mm e diâmetro do furo igual a 25,21 mm. A
interferência corresponde a: 25,28 mm – 25,21 mm = 0,07 mm. Como o diâmetro do eixo è
maior que o diâmetro do furo, estas duas peças serão acopladas sob pressão.
Ajuste incerto
É o ajuste intermediário entre o ajuste com folga e o ajuste com interferência. Neste caso, o
afastamento superior do eixo é maior que o afastamento inferior do furo, e o afastamento
superior do furo é maior que o afastamento inferior do eixo. Acompanhe o próximo exemplo
com bastante atenção.
Compare: o afastamento superior do eixo (+ 0,18) é maior que o afastamento inferior do furo
(0,00) e o afastamento superior do furo (+ 0,25) é maior que o afastamento inferior do eixo
(+ 0,02). Logo, estamos falando de um ajuste incerto.
Este nome está ligado ao fato de que não sabemos, de antemão, se as peças acopladas
vão ser ajustadas com folga ou com interferência. Isso vai depender das dimensões efetivas
do eixo e do furo.
49
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Peças que funcionam acopladas a outras têm, em geral, sua qualidade estabelecida entre IT
4 e IT 11, se forem eixos; já os furos têm sua qualidade entre IT 5 e IT 11. Essa faixa
corresponde à mecânica corrente, ou mecânica de precisão.
Observe que o eixo e o furo têm a mesma dimensão nominal: 28 mm. Veja, também que os
valores das tolerâncias, nos dois casos, são iguais:
Eixo Furo
Dimensão Máxima: 28,000 28,021
Dimensão mínima: - 27,979 - 28,000
Tolerância: 0,021 0,021
Como os valores de tolerâncias são iguais (0,021 mm), concluímos que as duas peças
apresentam a mesma qualidade de trabalho. Mas, atenção: os campos de tolerâncias das
duas peças são diferentes! O eixo compreende os valores que vão de 27,979 mm a 28,000
mm; o campo de tolerância do furo está entre 28,000mm e 28,021 mm. Como você vê, os
campos de tolerância não coincidem.
No sistema ISO, essas tolerâncias devem ser indicadas como segue:
51
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
A tolerância do eixo vem indicada por h7. O numeral 7 é indicativo da qualidade de trabalho
e, no caso, corresponde à mecânica corrente. A letra h identifica o campo de tolerância,
ou seja, o conjunto de valores aceitáveis após a execução da peça, que vai da dimensão
mínima até a dimensão máxima.
O sistema ISO estabelece 28 campos de tolerâncias, identificados por letras do alfabeto
latino. Cada letra está associada a um determinado campo de tolerância. Os campos de
tolerância para eixo são representados por letras minúsculas, como mostra a ilustração
a seguir:
a b c cd d e ef f fg g h j js k
m n p r s t u v x y x za zb zc
Volte a examinar o desenho técnico do furo. Observe que a tolerância do furo vem indicada
por H7. O numeral 7 mostra que a qualidade de trabalho é a mesma do eixo analisado
anteriormente. A letra H identifica o campo de tolerância.
Os 28 campos de tolerância para furos são representados por letras maiúsculas:
A B C C D E EF F FG G H J JS K
D
M N P R S T U V X Y X ZA ZB ZC
Verificando o entendimento
Analise as cotas com indicação de tolerância ISO e escreva F para as que se referem a
furos e E para as que se referem a eixos.
a) 21H6 ( )
b) 18f7 ( )
c) 30h5 ( )
d) 150h7 ( )
e) 485E9 ( )
f) 500M8 ( )
Sabendo que os campos de tolerância dos furos são identificados por letras maiúsculas
você deve ser escrito a letra F nas alternativas: a, e, f. como os campos de tolerância dos
eixos são identificados por letras minúsculas, você deve ter escrito a letra E nas alternativas
b, c, d.
Enquanto as tolerâncias dos eixos referem-se a medidas exteriores, as tolerâncias de
furos referem-se a medidas interiores.Eixos e furos geralmente funcionam acoplados, por
meio de ajustes. No desenho técnico de eixo e furo, o acoplamento é indicado pela
dimensão nominal comum às duas peças ajustadas, seguida dos símbolos correspondentes.
52
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
A dimensão nominal comum ao eixo e ao furo é 25 mm. A tolerância do furo vem sempre
indicada ao alto: H8; a do eixo vem indicada abaixo: g7.
São inúmeras as possibilidades de combinação de tolerâncias de eixos e furos, com a
mesma dimensão nominal, para cada classe de ajuste. Más, para economia de custos de
produção, apenas algumas combinações selecionadas de ajustes são recomendadas, por
meio de tabelas divulgadas pela ABNT. Antes de aprender a consultar essas tabelas,
porém, é importante que você conheça melhor os ajustes estabelecidos no sistema
ABNT/ISO: sistema furo-base e sistema eixo-base.
SISTEMA FURO-BASE
Observe o desenho a seguir:
Imagine que este desenho representa parte de uma maquina com vários furos, onde são
acoplados vários eixos. Note que todos os furos têm a mesma dimensão nominal e a
mesma tolerância H7; já as tolerâncias dos eixos variam: f7, k6, p6. A linha zero, que você
vê representada no desenho, serve para indicar a dimensão nominal e fixar a origem dos
afastamentos. No furo A, o eixo A` deve girar com folga, num ajuste livre; no furo B, o eixo
B`deve deslizar com leve aderência, num ajuste incerto; no furo C, o eixo C`pode entrar sob
pressão, ficando fixo.
Para obter essas três classes de ajustes, uma vez que as tolerâncias dos furos são
constantes, devemos variar as tolerâncias dos eixos, de acordo coma função de cada um.
Este sistema de ajuste, em que os valores de tolerância dos furos são fixos, e os dos eixos
variam, é chamado de sistema furo-base. Este sistema também é conhecido por furo
padrão ou furo único. Veja quais são os sistemas furo-base recomendados pela ABNT a
seguir:
53
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
SISTEMA EIXO-BASE
Imagine que o próximo desenho representa parte da mesma maquina com vários furos,
onde são acoplados vários eixos, com funções diferentes. Os diferentes ajustes podem se
obtidos se as tolerâncias dos eixos mantiverem-se constantes e os furos forem fabricados
com tolerâncias variáveis. Veja:
O eixo A`encaixa-se no furo A com folga; o eixo B`encaixa-se no furo B com leve aderência;
o eixo C`encaixa-se no furo C com interferência. Veja a seguir alguns exemplos de eixos-
base recomendados pela ABNT:
Entre os dois sistemas, o furo-base é o que tem maior aceitação. Uma vez fixada a
tolerância do furo, fica mais fácil obter o ajuste recomendado variando apenas as tolerâncias
dos eixos.
54
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Verificando o entendimento
Analise o desenho técnico e assinale com um X a alternativa que corresponde ao sistema
de ajuste utilizado.
a) ( ) sistema furo-base
b) ( ) sistema eixo-base
Você deve ter observado que enquanto as tolerâncias dos furos mantiveram-se fixas, as
tolerâncias dos eixos variaram. Além disso, a letra H indicativa de sistema furo-base.
Portanto, a alternativa correta é a.
55
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Na segunda coluna – Furo – vem indicada a tolerância, variável para cada grupo de
dimensões, do furo base: H7. Volte a examinar a 9 ª linha da tabela, onde se encontra a
dimensão de 40 mm; na direção da coluna do furo aparecem os afastamentos do furo: 0 (
afastamento inferior ) e + 25 ( afastamento superior ). Note que nas tabelas que trazem
afastamentos de furos o afastamento inferior, em geral, vem indicado acima do afastamento
superior. Isso se explica porque, na usinagem de um furo, parte-se sempre da dimensão
mínima para chegar a uma dimensão efetiva, dentro dos limites de tolerâncias especificas.
Lembre-se de que, nesta tabela, as medidas estão expressas em mícrons. Uma vez que
1μm= 0,001 m, então 25μm = 0,025mm. Portanto, a dimensão máxima do furo é: 40mm +
0,025mm = 40,025mm, e a dimensão mínima é 40 mm, porque o afastamento inferior é
sempre 0 no sistema furo-base.
Agora, só falta identificar os valores dos afastamentos para o eixo g6. Observe novamente a
9 ª linha da tabela anterior, na direção do eixo g6. Nesse ponto são indicados os
afastamentos do eixo: -9 / -25 O superior - 9μm, que é o mesmo que – 0,009 mm. O
afastamento inferior é – 25 μm, que é igual a – 0,025mm. Acompanhe o cálculo da
dimensão máxima do eixo:
56
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
57
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Verificando o entendimento
Tomando como base o desenho anterior, do eixo e do furo consulte a tabela e calcule:
a) Dimensão máxima do eixo;
b) Dimensão mínima do eixo;
c) Dimensão máxima do furo;
d) Dimensão mínima do furo.
Vamos conferir? Em primeiro lugar, você deve ter transformado os mícrons em milímetros,
para facilitar os cálculos. Em seguida você deve ter feito as seguintes contas:
Sabendo que o afastamento superior do eixo (0) é maior que o inferior (- 0,012 mm) e o
afastamento superior do furo (0,018 mm) é maior que o inferior (-0,012 mm), responda:
Que tipo de ajuste haverá entre este furo e este eixo?
_____________________________________________
58
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Analisando os afastamentos, você deve ter concluído que este é um caso de ajuste incerto,
pois dependendo das medidas efetivas do eixo e do furo, tanto poderá resultar folga como
leve interferência.
A aplicação do sistema de tolerâncias ABNT/ ISO tende a se tornar cada vez mais freqüente
nas empresas brasileiras que buscam na qualidade de serviços, produtos e processos os
meios para enfrentar a concorrência internacional. Qualquer pessoa que deseje participar do
progresso tecnológico industrial deve estar bastante familiarizada com este assunto.
Exercícios
1. Analise o desenho abaixo e escreva o que se pede.
_____________________________________________________
59
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
60
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
8. Analise o desenho técnico abaixo, consulte a tabela apropriada no final desta aula e
escrava as informações solicitadas.
61
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
10. Analise o desenho abaixo, consulte a tabela apropriada e assinale com um X o tipo de
ajuste correspondente.
62
Curso de Inspetor de Equipamentos
Metrologia
Gabarito
1.
a) 20 mm,
b) +0,021 mm,
c) +0,008 mm,
d) 20,021 mm,
e) 20,008 mm.
2. a) c) e)
3. 0,07 mm
4. a) X
5.
a) F
b) l,
c) F,
d) l
6. b) X
7. a) X
8
a) + 0,025 mm ou 25μm;
b) 0 (zero)
c) –0,009 mm ou -9μm;
d) –0,025 mm ou -25μm.
9.
10. a) X
64
Curso de Inspetor de Equipamentos