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Encontre o sábio e a besta indomada dentro de você e honre-


as como expressão do Divino. Deixe minha música te
embalar, pois estou vivo!

Mestre da Natureza
Pã é o Deus Grego da natureza, dos bosques, da primavera, do pastoreio, da vida, dos ciclos universais,
dos animais, da caça, da música, da profecia, da crítica teatral, do pânico, da fertilidade, do sexo e da
masturbação. Sua ascendência é bastante controversa
com fontes ditando ser filho de várias deidades: Phanes,
Cronos, Zeus, Hermes, Dionísio, Penélope, Eros e até do
Deus-cabra Aegipan (o 2º Pã). Seu nome significa “Tudo”
ou “Todos” ou ainda pode prover do Grego Antigo para
“Pasto” e era uma das divindades mais adoradas na
Helênia Antiga. Na Roma Antiga foi comparado a
Lupercus, Sileno, Fauno e Silvano. Em ambas as culturas
foi confundido também com sátiros. Pã acompanha as
ninfas e faz parte do séquito de Dionísio.

Em uma das várias histórias de seu nascimento, Hermes


enamorou-se da ninfa Dríope e esta veio a engravidar de
Pã. Após seu nascimento, sua mãe repudiou a criança,
pois nascera com barba, pés de bode, orelhas pontudas e
nariz arrebitado. Entretanto, Hermes enxergou a beleza
de seu filho e o levou com muito gosto ao Olimpo onde
foi saudado com muita alegria pelos Deuses,
principalmente por Dionísio que vendo sua real natureza
foi quem lhe concedeu seu nome. Pã era tão bem visto na
Grécia que em quase todos os mitos de Deuses Ele
aparece tendo algum papel, por exemplo: os cães de caça
de Ártemis foram um presente de Pã e o dom da profecia
de Apolo foi Pã quem concedeu.

Na Titanomaquia (Guerra dos Deuses Olimpianos contra os Titãs) Pã levou pânico às hostes inimigas
causando terror e confusão sem sentido, pois tocando sua flauta ele poderia causar êxtase e prazer assim
como fazer emergir o pior dos pesadelos, o que levou os Deuses à vitória. Em outra ocasião, Pã estava
sentado junto ao rio Nilo quando Typhon, o inimigo dos Deuses, apareceu. Typhon havia roubado os
tendões de Zeus e este não poderia batalhar, portanto, Pã entrou no rio e transformou seu corpo: a parte
superior em bode e a parte inferior em peixe. Isso distraiu Typhon dando tempo para Hermes recuperar os
tendões de Zeus e garantir que Ele saísse vitorioso na batalha. Por todos estes estratagemas era bastante
respeitado entre os Deuses e foi elevado aos céus como a constelação de Capricórnio.

Seu culto se originou na Arcádia (região da Grécia Antiga) onde havia um


templo dedicado ao Deus (havia outro no Egito Antigo também), contudo,
afora estes dois templos, era venerado no meio da natureza ou dentro de
cavernas com pessoas nuas que lhe ofereciam mel e leite de cabra
esperando que ele proferisse oráculos. Nestes cultos, após várias entoações
e cânticos, esperava-se que a presença de Pã se manifestasse através de
algum sinal para então se iniciarem sua forma de adoração mais elevada: o
sexo. Orgias rituais, “Hieros Gamos”, eram praticados e não poderiam ser
interrompidos até antes do Sol raiar. Não tinha uma data de adoração
específica, pois a tradição fala que é Pã quem diz quando deve ser adorado,
porém, em Roma seu culto se dá entre os dias 15 e 17 de Fevereiro.

Pã é um Deus muito conhecido pelo seu apetite sexual: indomado, violador,


sujo e animalesco. Geralmente se apaixonava por uma ninfa para ver seu
objetivo frustrado por alguma ocasião, assim como aconteceu com Syrinx,
Pitys e Eco. Mas com a Deusa da Lua Selene ele
conseguiu encantá-la e, levando-a pelos bosques
noturnos, se acasalou com a Deusa. A Titã Réia
também era sua companheira. Em uma outra história,
Pã decidiu copular com a Rainha da Lídia, entretanto,
Héracles, fugindo da ira de sua madrasta Hera, estava
na Lídia e trocou suas vestimentas com a rainha para
não ser reconhecido. Pã adentrando ao quarto da
rainha tentou ataca-la na figura de Héracles, mas foi
expulso e desde então Pã proibiu o uso de roupas em
seus ritos e espalhou o rumor de que Héracles era um travesti. Mas, ainda assim, sua maior proeminência
era como Divindade Pastoril que auxilia na multiplicação dos rebanhos, ou seja, um Deus agreste, da roça,
do campo.

É representado estando
nu ou com uma pele de
lince para esconder os
pés de bode, com um
cajado e a syrinx,
correndo atrás de ninfas,
fazendo sexo com elas ou
animais ou ainda tocando
sua flauta enquanto
descansa. Também é
representado com o falo
ereto (apenas Pã e Príapo
eram assim
representados), pois era
sabido de sua potência e
vigor sexuais. Um de seus
símbolos é o pinheiro que
adorna sua cabeça, pois
enquanto tocava sua
flauta a ninfa Pitys (que
significa pinheiro) inebriou-se com sua canção e começou a se aproximar de Pã, entretanto, o vento
Bóreas estava apaixonado pela ninfa e enciumado soprou um vento forte. Estando na beira de um
penhasco a ninfa não conseguiu se segurar e caiu no precipício, porém, foi transformada em pinheiro pelos
Deuses que se compadeceram da bela ninfa. Como Deus da Profecia revela o futuro através dos sonhos
noturnos ou dos cochilos durante a tarde.

Em todas as histórias dos Deuses Gregos apenas Asclépio e Pã conheceram a morte. Diz-se que Thamus,
navegando para a Itália, ouviu uma voz no vento que lhe dizia que o Grande Deus Pã estava morto e que
ele deveria anunciar isso a todo o mundo num determinado penhasco diante do mar. Ao gritar isso os
quatro cantos do mundo ouviram a mensagem e com gemidos e choros de aflição lamentaram essa perda.
Porém, isso é uma metáfora de que os tempos antigos haviam terminado para dar entrada a uma nova
civilização: Pã representando as culturas pagãs, centradas na convivência com a natureza e com a terra,
dando lugar ao culto cristão, centrado na dominação da natureza e da terra.

Na cultura cristã foi identificado como Satanás, o inimigo de Deus. Esta figura encarna todos os aspectos
considerados negativos e que devem ser negados, dentre várias outras que lhe foram atribuídas. No
entanto, esta não é uma real face de Pã, visto que se
trata de uma campanha da igreja para difamar e levar
ao esquecimento as práticas consideradas pagãs.

Em Roma foi equacionado a Lupercus ou ainda com


Fauno e Silvano, sendo Fauno uma das divindades di
indigetes (Deuses mais antigos e originais de Roma).
Todos os três são Deuses pastoris, do campo e dos
rebanhos. Na Gália foi confundido com o Deus Dusios
que também é um Deus pastoril e que concedia força e
vigor ao rebanho e aos homens.

Pã é um Deus que representa uma dualidade universal


muito profunda: ao mesmo tempo em que é um homem
sábio também é um insaciável amante revelando assim o
mais sublime dos seres com a mais bestial das feras; um
Deus identificado com o Universo ou ao menos com uma
natureza inteligente, fecunda e criadora. Pã conhece os
mistérios dos ciclos universais, os mistérios da vida e da
morte (ele habita nas cavernas que são consideradas
umbrais entre o nosso mundo e o outro), a natureza em
si e isto lhe concede a sabedoria de Tudo e do Todo, assim como é revelado em seu nome. Os gregos o
chamavam de último dos Deuses a nascer e o primeiro a ser criado, portanto, Pã é o início, o meio e o fim:
o Alfa e Ômega grego.

O Pangil é um símbolo de Pã e que o representa muito peculiarmente.

Poucos conhecem a verdadeira natureza de Pã e o que Ele nos ensina. Pã não é só sexo, mas
também comunhão, conexão e equilíbrio.

1 - O mastro central representa Seu falo e Seu poder fertilizador. Pã é a força indomável da Natureza
que mantêm a vida através do prazer e do gozo. E isso se dá através do equilíbrio de polaridades.

2 - O corno invertido representa as qualidades mais bestiais de Pã: o Deus estuprador, o Deus do
pânico, o Deus da selvageria, o Deus da inconsequência, o Deus da preguiça, o Deus da malícia, o
Deus que é glutão e beberrão, etc.

3 - O corno vertido representa as qualidades mais divinas de Pã: o poeta, o cuidador, o que abençoa,
o músico, o que traz inspiração, o Mestre, o amante, o liberto, o imortal, o protetor, o doador, o
viajante, etc.

4 - A junção dos cornos vertidos e invertidos formam o equilíbrio das polaridades em Pã. Mas, aqui
Pã não vem falar de masculino e feminino e, sim, das polaridades céu e terra. Nos mitos diz-se que o
peito de Pã era todo manchado de sardas representando as estrelas do firmamento, enquanto que
seus pés fendidos de bode representam a manifestação mais bruta da matéria. E o equilíbrio dessas
duas forças trazem a vida ao Cosmos, sendo por isso mesmo os dois cornos transpassados pelo
mastro fálico.

O nome Pan em grego significa Tudo ou Todo. Dessa forma, o falo que determina o equilíbrio das
forças superiores com as forças inferiores traz a vida e a morte, é a própria Existências do Universo,
é transcendente e imanente, é e não é, o início e o fim, o alfa e o ômega, o criado e o incriado.

Suas faces
 Deus Pã
 Deus Lupercus, Fauno e Silvano
 Deus Dusios
 Deus Aegipan
 Sátiro (Ser mitológico)
 Satanás (Querubim cristão)

Epítetos
 Aegokerôs (Cabra de chifres)
 Limenia / Limenitês / Limenitis /
Limenodkopos (Protetor do Porto)
 Lutêrios / Lutiersês (Libertador,
porque revelou em sonhos a cura de
uma doença [?])
 Lysio (Libertador que transforma
algo em outra coisa melhor e maior)
 Inuus (Para entrar, penetração)
 Agreus (Caçador)
 Nomios (Das pastagens / Pastor)
 Agrotas (Doador da Colheita)
 Phorbas (Aterrorizante)
 Litêrios (Aquele que liberta / Aquele que cura)
 Akrôritês (Da montanha de Akrórite, local onde era cultuado na região de Sikyos)
 Mainalios (Da montanha de Menalius, local na Arcádia onde era cultuado junto com as Mênades)
 Sinoeis (Da malícia)
 Skoleitas (Arqueado [? De Muitas Faces / De Muitos Caminhos])
 Haliplanktos (Que vagueia o mar)
 Megas (Grande)
 Dikérota (De dois chifres)
 Athanatos (Imortal)

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