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RIBEIRO, Darcy.

Fala aos Moços - Análise

ALUNO: BRUNO FELIPE MONTEIRO ARRUDA

Com uma linguagem menos academicista e uma abordagem mais apelativa,


o texto “Fala aos moços” aparece ao mesmo tempo como um manifesto, pois
diversas vezes clama pela atitude dos jovens, e como um manual, um guia; sem
que se perca o viés pedagógico, Darcy instiga os jovens. Totalmente apoiada nos
ideais Marxistas, a obra fala constantemente de disputas e desigualdades de
classes, chega até mesmo a incitar uma revolução "Essas lutas só podem ser
travadas com chance de vitória desmontando a ordem política e o sistema
econômico vigentes” (RIBEIRO, Darcy). O caráter educativo do texto encontra-se
não somente no que tange o modus operandi para a transformação do cruel sistema
político brasileiro, como também o autor, de forma didática e concisa, dá
explicações de porque o Brasil tenha se tornado o que foi, e o que é, assim como o
que fazer para reverter e evitar que se repita.
Uma geração deve aprender com a outra, assim como na biologia, essa
máxima deve se fazer válida na História; é sobre isso a abordagem de Darcy. O
autor está constantemente preocupado em fazer entender o que é o papel do jovem,
papel esse reconhecido pelo autor como difícil: a ditadura havia deixado sequelas
na vontade por luta do jovem. Não deixem de sentir indignação, não deixem que a
luta se perca. Uma classe não deve sobrepujar a outra, mas quanto a isso é preciso
dar razão Karl Popper quando diz que a intolerância ao intolerante não é
intolerância. A mensagem é clara: A educação também é ferramenta de luta. Os
educadores devem instruir por quê e por quem lutar, devem sempre tomar o papel
de explicadores para que as lutas não sejam em vão ou pelas causas erradas. A
educação deve ser a base da revolução. Enquanto há um reconhecimento de Darcy
da falha de sua geração, existe também o sentimento de esperança, pois ainda há
chances para eles através da educação.
Darcy trata diretamente da História do Brasil, como e por quem foi formado.
Através do conhecimento, Darcy instiga os jovens a lutarem por um futuro melhor.
Por culpa de sua geração os jovens terão uma visão mais deturpada de pelo quê e
por quê lutar, e embora seja um texto dedicado aos jovens, muito ensina-se aos
mais velhos também. Sejam estes os que já o são, ou aqueles que ainda virão a ser.
Para aqueles jovens que amedrontam-se e recuam da luta, ou para aqueles que
ainda não percebem a gravidade dos temas chaves da problemática brasileira Darcy
mostra que não é apenas na juventude o lar da revolução. A força e disposição do
jovem nada é sem a experiência do velho. Assim como a educação, os mais
experientes não entram em batalha. Ensinam como e os motivos para se batalhar;
para que nenhuma vida se perca em vão, antes ou depois da revolução, a educação
se faz necessária.
É portanto de vasta relevância, para diversas áreas do conhecimento, o texto
“Fala aos Moços” onde explica-se o Brasil e sua formação, dinâmicas sociológicas e
revoluções. Serve aos jovens uma chama para lutar, e para os mais velhos aparece
como um motivo para se manter na ativa; “a educação salva!” diz Darcy. Salva
aqueles que ainda estão por vir, graças aqueles que vieram antes, estes por sua
vez, instruídos por aqueles antes. Para o jovem "regozija-se, o mundo pode ser um
lugar melhor por meio de tuas mãos” e para o velho “regozija-se, o mundo por ser
um lugar melhor por meio de suas ideias''. A tarefa passada por gerações deve
tornar-se cada vez mais fácil, até que as lutas e desigualdades sejam apenas
memórias distantes, e o papel da educação seja apenas de contar lutas passadas e
evitar futuras.

BIBLIOGRAFIA:
POPPER, KARL. Os Paradoxos da Soberania. [1945].

RIBEIRO, Darcy. Fala aos Moços. 1994.

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