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Eletromagnetismo I

Técnicas de
Eletromagnetismo I
Estudo e Pesquisa

Mônica Ferreira
Alexander Cascardo Carneiro

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Eletromagnetismo I

DIREÇÃO SUPERIOR
Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva

FICHA TÉCNICA
Texto:
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Distância
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói

Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990

Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se
responsabilizando a ASOEC
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ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).

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Eletromagnetismo I

Palavra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente


e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira
(UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes segmentos do
ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as
diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa


modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias
de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu
estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria
aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite


que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o momento,
ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores


especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a


distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-sucedido
projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização,
ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-
graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as


novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD!


Professora Marlene Salgado de Oliveira
Reitora.

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Eletromagnetismo I

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Eletromagnetismo I

Sumário

Apresentação da disciplina......................................................................................... 7

Plano da disciplina ..................................................................................................... 9

Unidade 1 – Revisão de Álgebra Vetorial .................................................................. 13

Unidade 2 – Cálculo Vetorial ..................................................................................... 67

Unidade 3 – Campo Eletrostático ............................................................................... 114

Unidade 4 – Densidade de Fluxo Elétrico e Condições de Contorno .......................... 178

Unidade 5 – Campo Magnetostático e Lei de Ampére................................................ 220

Considerações finais .................................................................................................. 259

Conhecendo o autor ................................................................................................... 261

Referências ................................................................................................................ 263

Anexos ...................................................................................................................... 265

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Eletromagnetismo I

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Eletromagnetismo I

Apresentação da Disciplina

Caro Leitor,

A Teoria Eletromagnética é uma disciplina preocupada com o estudo das cargas


elétricas, em repouso ou em movimento, as quais produzem correntes e campos
elétricos e magnéticos. Portanto, ela é fundamental para o estudo da Física e da
Engenharia Elétrica, sendo indispensável para a compreensão, projeto e operação de
diversos sistemas práticos. Algumas das aplicações da Teoria Eletromagnética incluem
antenas, circuitos de micro-ondas, rádio frequência, comunicações óticas, geociência,
radar, eletrônica quântica, circuitos de estado sólido, conversão eletromecânica e
computadores.

O estudo do Eletromagnetismo inclui conceitos tanto teóricos quanto aplicados.


Os conceitos teóricos são descritos por um conjunto de leis básicas formuladas através
de experimentos conduzidos durante os últimos séculos, em especial o século XIX.
Alguns dos principais cientistas são Faraday, Ampere, Gauss, Lenz, Coulomb e Volta.
A combinação dessas leis resulta em um conjunto de equações vetoriais propostas por
Maxwell, conhecidas como Equações de Maxwell. Os conceitos aplicados de
Eletromagnetismo são formulados por meio da aplicação dos conceitos teóricos a
projetos e operações de sistemas práticos.

Nesse livro, estudaremos os conceitos teóricos de Eletromagnetismo, concluindo


com a definição das Equações de Maxwell. Além disso, resolveremos uma série de
problemas teóricos e práticos de Eletromagnetismo, os quais podem ser solucionados
por meio da Teoria Eletromagnética.

Seu Professor, Alexander Cascardo Carneiro.

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Eletromagnetismo I

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Eletromagnetismo I

Plano da Disciplina

Prezado,

Vamos iniciar os nossos estudos sobre a disciplina de Eletromagnetismo a partir


dos conceitos fundamentais de álgebra e do cálculo vetorial. Em seguida, estudaremos
as principais características e parâmetros de natureza elétrica, essenciais para
entendermos os campos Eletrostáticos e Magnetostáticos. O conteúdo da disciplina fica
dividido nas seguintes seis Unidades.

Unidade 1 – Revisão de Álgebra Vetorial

Nesta Unidade inicial, iremos começar a estudar os conceitos matemáticos da


álgebra vetorial que são fundamentais ao estudo do Eletromagnetismo.

Objetivos da unidade:

Conhecer o histórico do Eletromagnetismo e as principais grandezas físicas e


unidades de medidas.

Compreender os conceitos e operações algébricas envolvendo vetores, como


somas, subtrações e produtos escalar e vetorial.

Entender os três principais sistemas de coordenadas ortogonais, sistema de


coordenadas retangulares, cilíndricas e esféricas, e as operações entre eles.

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Eletromagnetismo I

Unidade 2 – Cálculo Vetorial

Nesta Unidade aprenderemos os fundamentos do Cálculo Vetorial que são a base


matemática para o Eletromagnetismo.

Objetivos da unidade:

Conhecer os elementos diferenciais de volume, área e comprimento.

Entender os operadores vetoriais, como o gradiente, o divergente e o rotacional.

Ser capaz de desenvolver sucessivas aplicações dos operadores vetoriais.

Unidade 3 – Campo Eletrostático

Nesta Unidade, estudaremos os conceitos básicos sobre os campos Eletrostáticos,


incluindo o campo elétrico, a força elétrica e o potencial elétrico. Vamos aprender as
expressões que relacionam esses parâmetros, as quais são aplicações de álgebra e
cálculo vetorial que vimos nas Unidades anteriores.

Objetivos da unidade:

Aprender os conceitos fundamentais sobre carga elétrica, força elétrica e campo


elétrico e suas relações.

Demonstrar a obtenção do campo elétrico através da Lei do Fluxo de Gauss.

Apresentar os modelos, fórmulas e expressões para o potencial elétrico, energia


potencial e diferença de potencial.

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Eletromagnetismo I

Unidade 4 – Densidade de Fluxo Elétrico e Condições de Contorno

Nesta Unidade, vamos estudar os conceitos relacionados às propriedades dos


materiais elétricos, incluindo a definição de condutividade e permissividade. Em
seguida, deduziremos a equação de Laplace, a ser aplicada para diversas condições de
contorno, para determinar a capacitância de capacitores.

Objetivos da unidade:

Aprender sobre as principais propriedades dos materiais elétricos, incluindo suas


classificações, fenômeno de polarização e grandezas, como condutividade e
permissividade.

Estudar as diversas condições de fronteira entre materiais condutores e dielétricos.

Conhecer as equações de Poisson e Laplace para a dedução das condições de


contorno em problemas de Eletrostática.

Unidade 5 – Campo Magnetostático e Lei de Ampére

Nesta última Unidade de Eletromagnetismo I, estudaremos os principais conceitos


relacionados aos campos magnetostáticos, incluindo as Leis de Biot-Svart e a Lei de
Ampére. Encerraremos o aprendizado sobre a Teoria Eletromagnética, considerado o
caso estacionário (sem variação dos campos em relação ao tempo).

Objetivos da unidade:

Estudar as propriedades magnéticas dos materiais, como a permeabilidade e sua


relação com as grandezas magnéticas.

Entender a Lei de Biot-Savart para a densidade de fluxo magnético a partir de uma


corrente elétrica percorrendo um material condutor.

Conhecer a Lei de Ampére e sua aplicação em diferentes configurações de


condutores percorridos por corrente.

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Eletromagnetismo I

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Eletromagnetismo I

1 Revisão de Álgebra
Vetorial

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Eletromagnetismo I

Nesta Unidade inicial, iremos começar a estudar os conceitos matemáticos da


álgebra vetorial que são fundamentais ao estudo do Eletromagnetismo.

Objetivos da unidade:

Conhecer o histórico do Eletromagnetismo e as principais grandezas físicas e


unidades de medidas.

Compreender os conceitos e operações algébricas envolvendo vetores, como


somas, subtrações e produtos escalar e vetorial.

Entender os três principais sistemas de coordenadas ortogonais, sistema de


coordenadas retangulares, cilíndricas e esféricas, e as operações entre eles.

Plano da unidade:

Introdução ao Eletromagnetismo.

Álgebra Vetorial.

Bons estudos!

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Eletromagnetismo I

Introdução ao Eletromagnetismo

A Linha do Tempo para o Eletromagnetismo:

Em geral, a história do Eletromagnetismo pode ser divida em duas eras que se


sobrepõem: a Era Clássica e a Era Moderna.

1. Na Era Clássica foram descobertas e formuladas as leis fundamentais da


Eletricidade e do Magnetismo.
2. A Era Moderna, iniciada a partir do século passado, produziu resultados
importantes para essas leis fundamentais, introduzindo uma ampla gama de aplicações
de Engenharia Elétrica.

A Figura a seguir apresenta os principais eventos históricos do Eletromagnetismo


ocorridos na Era Clássica:

Fonte: WENTWORTH, 2009.

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Eletromagnetismo I

Como pode ser observado na Figura, o primeiro relato do comportamento elétrico


e magnético foi descrito por Thales de Mileto, em 600 a. C. Thales de Mileto descreveu
como a fricção do âmbar fazia o material “desenvolver” uma força que atraia objetos,
como plumas. Em seu experimento, Thales de Mileto mostrou como o âmbar, ao ser
friccionado com pele de gato, pode atrair penas (que hoje sabemos ser explicado pela
Eletricidade Estática).

Mas foi só por volta de 1600 que o termo elétrico surgiu pela primeira vez
(originada da palavra grega elektron, que significa âmbar), em um tratado sobre “força
elétrica gerada por fricção”, de autoria do físico da rainha Elizabeth I, William Gilbert.
Em seu experimento, Gilbert observou que a agulha da bússola se posiciona na direção
norte-sul, pois a Terra se comporta como um “grande ímã”.

Em 1752, Benjamin Franklin inventou o para-raios e demonstrou que o


relâmpago é um fenômeno elétrico (uma forma de eletricidade). Todo o conhecimento
científico do século XVIII sobre Eletricidade foi integrado nos trabalhos de Charles-
Augustin de Coulomb, que formulou as equações matemáticas sobre a força elétrica
entre duas cargas em termos de intensidade (magnitude) e polaridade (direção), em
função da distância entre elas.

O estudo científico e qualitativo dos fenômenos elétricos e magnéticos ocorreu


durante os séculos XVII e XVIII, nas obras dos seguintes autores: Gilbert, 1600,
Guericke, 1660, Dufay, 1733, Franklin, 1752, Galvani, 1771, Cavendish, 1775,
Coulomb, 1785 e Volta, 1800. As forças entre cargas elétricas estacionárias (que não
variam no tempo) puderam ser explicadas graças a Lei de Coulomb. A partir daí, os
campos eletrostáticos e magnetostáticos (campos que não variam com o tempo)
puderam ser formulados e modelados matematicamente.

A partir da segunda metade do século XVIII, em especial a partir do início do


século XIX, tivemos um grande progresso na compreensão do fenômeno
eletromagnético. Em torno de 1800, Alexandre Volta inventou a célula fotovoltaica
(“pilha” ou “bateria” elétrica), permitindo que os experimentos realizados tivessem
correntes controladas.

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Eletromagnetismo I

Em 1819, Hans Christian Oersted descobriu que a corrente elétrica produz


magnetismo (campo magnético). Em um experimento, Oersted mostrou que a corrente
elétrica em um fio faz uma agulha de uma bússola se orientar de forma perpendicular
ao fio, evidenciando a relação entre eletricidade e magnetismo. No ano seguinte, André
Marie Ampère, demonstrou que as correntes elétricas que circulam em um mesmo
sentido fazem os fios se atraírem, enquanto as correntes elétricas em sentidos contrários
fazem os fios se repelirem.

No ano de 1826, Geog Simon Ohm publica a conhecida Lei de Ohm, que relaciona
o potencial elétrico à corrente elétrica e à resistência elétrica. Em 1831, Michael
Faraday demonstra que um campo magnético variante no tempo produz campo elétrico
(induzir uma força eletromotriz). Além disso, Faraday construiu o primeiro gerador
elétrico, que converte energia mecânica em energia elétrica (o gerador elétrico tem a
função contrária do motor elétrico; este converte a energia elétrica em mecânica, e foi
proposto no mesmo ano por Joseph Henry).

As descobertas desse período, em especial a de Oersted de que corrente elétrica


cria campo magnético e a de Faraday de que a variação do campo magnético com o
tempo cria campo elétrico, culminaram na unificação da Eletricidade e do Magnetismo
(Eletromagnetismo) em quatro equações, por James Clerck Maxwell. Essas equações
são hoje conhecidas como equações de Maxwell, sendo o seu desenvolvimento e
entendimento o principal objetivo desse livro. As equações de Maxwell consistem em
um conjunto de fórmulas e fundamentos matemáticos para análise de campos e ondas
eletromagnéticas.

A partir de 1820 foram formulados e modelados matematicamente as relações


entre campos elétrico e magnético e do comportamento de campos variáveis no tempo,
presentes nas obras dos seguintes autores: Oersted, 1819, Ampère, 1820, Faraday, 1831,
Henry, 1831 e Maxwell, 1863.

Mais tarde, em 1887, Hertz verificou, experimentalmente, a propagação de ondas


eletromagnéticas, que foram previstas teoricamente pelas Equações de Maxwell.

As equações de Maxwell representam os fundamentos da Teoria Eletromagnética,


representando o término da chamada Era Clássica do Eletromagnetismo. Uma das

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Eletromagnetismo I

primeiras aplicações práticas da Teoria Eletromagnética foi apresentada em 1901, por


Guglielmo Marconi, que transmitiu e recebeu ondas eletromagnéticas (ondas de rádio),
através do Oceano Atlântico.

A partir daí entramos na Era Moderna do Eletromagnetismo, na qual começaram


a ser desenvolvidas importantes aplicações da Teoria Eletromagnética, como a
propagação de ondas eletromagnéticas através de linhas de transmissão, guias de ondas,
fibras óticas etc. Algumas das aplicações mais atuais do Eletromagnetismo incluem
diodos, transistores, circuitos integrados, lasers, fornos de micro-ondas etc.,
desempenhando um papel fundamental tanto nos projetos quanto nas operações de
Engenharia Elétrica.

Grandezas, Unidades e Prefixos:

Antes de entrarmos na revisão sobre álgebra vetorial, é importante fazermos uma


pequena revisão sobre as grandezas, as unidades, os prefixos e a notação científica. O
Sistema de Unidades Internacional (SI) apresenta o padrão para expressar as unidades
das grandezas físicas. Por exemplo, o comprimento é uma grandeza, enquanto o metro
(m) é a sua unidade no SI; da mesma forma, o tempo é uma grandeza e o segundo (s) é
a sua unidade no SI. A Tabela 1 apresenta as unidades fundamentais (ou unidades
básicas) no SI.

Tabela 1: Unidades fundamentais (ou unidades básicas) no SI.

Fonte: NAHVI-DEKHORDI e EDMINISTER, 2013.

Outros exemplos de grandezas básicas (que não estão presentes na Tabela 1) são:
temperatura em kelvin (K), a intensidade luminosa em candelas (cd) e a quantidade de
uma substância em mols (mol). Não iremos abordá-las uma vez que não temos interesse
nelas.

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Eletromagnetismo I

As unidades para todas as demais grandezas são derivadas dessas quatro unidades
fundamentais. Por exemplo, a unidade de carga elétrica é obtida a partir da corrente e
do tempo: um coulomb (C) é a quantidade de carga elétrica transportada em um segundo
(s) por uma corrente de intensidade igual a um ampère (A), ou seja 1 C = 1 A x 1 s.

Algumas das grandezas e unidades derivadas das grandezas básicas, que são
importantes para o nosso estudo, estão presentes na Tabela 2.

Tabela 2: Unidades adicionais no SI derivadas das unidades básicas.

Fonte: NAHVI-DEKHORDI e EDMINISTER, 2013.

Para representarmos múltiplos ou submúltiplos das unidades, é comum utilizarmos


os prefixos (os quais são expressos em múltiplos de 10 3). A Tabela 3 apresenta os
múltiplos e submúltiplos decimais das unidades do SI.

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Eletromagnetismo I

Tabela 3: Múltiplos e submúltiplos decimais das unidades do SI.

Fonte: NAHVI-DEKHORDI e EDMINISTER, 2013.

Exemplos:

1) 50 mA = 50 x 10-3 A = 0,05 A.

2) 215 μV = 215 x 10-6 V = 0,000215 V.

3) 44 km = 44 x 103 m = 4.400 m.

4) 0,78 MΩ = 0,78 x 106 Ω = 780.000 Ω.

Problema 1: Sabendo que a tensão elétrica pode ser obtida pela equação: V = i x R, e
que i = 48 μA e R = 0,05 GΩ, calcule a tensão elétrica em kV.

Solução:

V=ixR

V = 48 μ x 0,05 G

V = 48 x 10-6 x 0,05 x 109

V = 2.400 V

V = 2,4 x 103 V

V = 2,4 kV

Resposta: V = 2,4 kV.

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Eletromagnetismo I

Problema 2: Sabendo que a carga elétrica pode ser obtida pela equação: Q = i x t, e que
i = 350 pA e t = 22 s, calcule a carga elétrica em μC.

Solução:

Q=ixt

Q = 350 p x 22

Q = 350 x 10-12 x 22

Q = 7.700 x 10-12 C

Q = 7,7 x 10-9 C

Q = 0,0077 x 10-6 C

Q = 0,0077 μC

Resposta: Q = 0,0077 μC.

Em Eletromagnetismo lidamos tanto com grandezas escalares (como nos


problemas 1 e 2) quanto vetoriais. Na próxima seção estudaremos as operações
matemáticas com as grandezas vetoriais, por meio da chamada Álgebra Vetorial.

Álgebra Vetorial

Princípios da Álgebra Vetorial:

Enquanto as grandezas escalares possuem apenas intensidade, as grandezas


vetoriais possuem intensidade (magnitude ou módulo), direção e sentido. Por
exemplo, quando falamos que a velocidade média de um móvel é igual a 30 m/s, temos
uma grandeza escalar, uma vez que a informação dessa grandeza considera apenas a
sua magnitude. Por outro lado, quando falamos que o móvel está se deslocando a uma
velocidade de 30 m/s para frente, temos uma grandeza vetorial, pois possui tanto
magnitude (30 m/s) quanto direção e sentido (para frente). Portanto, grandezas vetoriais

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Eletromagnetismo I

possuem tanto informações em relação a sua magnitude quanto em relação a sua


orientação (direção e sentido).

 Exemplo de Grandezas Escalares: comprimento, área, volume, temperatura,


massa, velocidade (envolvendo distância e tempo), carga elétrica, energia elétrica etc.
 Exemplo de Grandezas Vetoriais: velocidade (envolvendo distância, tempo e
direção), força, trabalho, campo elétrico, campo magnético etc.

A maior parte das grandezas elétricas que iremos lidar em Eletromagnetismo são
vetoriais, em especial os campos elétricos e magnéticos. Nesse contexto, a análise
vetorial fornece um conjunto de ferramentas matemáticas para a manipulação de
grandezas vetoriais de forma eficiente.

Nessa seção estudaremos a Álgebra Vetorial, que explica as operações de adição,


subtração e multiplicação de vetores. Na próxima Unidade estudaremos o Cálculo
Vetorial, que incorpora as regras de diferenciação e integração de vetores a nossa
análise.

Soma (e Subtração) de Vetores:

Um vetor é representado geometricamente por um seguimento de reta, cuja


orientação é dada por uma flecha:

Nesse exemplo, observe que a orientação do vetor 𝐴⃗ é “para direita”, ou seja, sua
direção é horizontal e o seu sentido é para direita. A magnitude (ou módulo) do vetor 𝐴⃗
é o seu comprimento e representamos por |𝐴⃗| (lê-se “módulo de 𝐴⃗”). Temos que:

|𝐴⃗| = 𝐴

Ou seja, o módulo de um vetor é uma grandeza escalar (o módulo ou magnitude é


um valor que define a intensidade do vetor).

Para realizar a soma (ou subtração) de vetores podemos utilizar tanto o método
geométrico (Método do Polígono) quanto o método analítico.

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Eletromagnetismo I

Método do Polígono (Método Geométrico):

Considere que temos um conjunto de N vetores (por exemplo, três vetores):

(a) Junte a origem de um vetor à extremidade de outro vetor. Repita esse passo até o
último vetor.

(b) Trace uma linha unindo a origem do primeiro vetor com a extremidade do último
vetor. Essa linha corresponde ao vetor resultante 𝑅⃗⃗ , que representa a soma desses três
vetores.

Problema 3: Considere dois vetores, 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ , como mostrado a seguir. O vetor 𝐴⃗ faz um
ângulo de 30o com a horizontal. Sabendo que os módulos dos vetores são dados por:
|𝐴⃗| = 𝐴 = 12 e |𝐵 ⃗⃗ | = 𝐵 = 5, determine o módulo do vetor resultante da soma desses
dois vetores: 𝑅⃗⃗ = 𝐴⃗ + 𝐵⃗⃗ .

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Eletromagnetismo I

Solução:

Pela Regra do Polígono, temos:

O módulo do vetor resultante corresponde ao comprimento do lado de cor vermelha.


Temos os comprimentos dos outros dois lados do triângulo, que são 12 e 5, e também
o ângulo entre esses lados, que é igual a 90 o + 30o = 120o. Para calcular o lado de um
triângulo qualquer devemos utilizar a Lei dos Cossenos. Assim:
2 2 2
|𝑅⃗⃗| = |𝐴⃗| + |𝐵
⃗⃗ | − 2 ∙ |𝐴⃗| ∙ |𝐵
⃗⃗ | ∙ cos 120𝑜
2
|𝑅⃗⃗| = 122 + 52 − 2 ∙ 12 ∙ 5 ∙ cos 120𝑜
2
|𝑅⃗⃗| = 229

|𝑅⃗⃗| = 𝑅 = 15,133

A subtração de vetores é mostrada a seguir:

𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ = 𝐴⃗ + (−𝐵
⃗⃗ )

O sinal de menos, em vetores, inverte o sentido do vetor (o vetor mantém o seu


módulo e sua direção, mas inverte o seu sentido). Então a subtração de vetores equivale
a uma soma com a inversão de sentido.

24
Eletromagnetismo I

Problema 4: Considere o mesmo enunciado do Problema 3. Determine o módulo do


vetor resultante da subtração desses dois vetores: 𝑅⃗⃗ = 𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗.

Solução:

Pela Regra do Polígono, temos:

⃗ . O módulo do vetor resultante corresponde ao


Observe que invertemos o sentido de 𝐵
comprimento do lado de cor vermelha. Temos os comprimentos dos outros dois lados
do triângulo, que são 12 e 5, e também o ângulo entre esses lados, que é igual a 90 o -
30o = 60o. Para calcular o lado de um triângulo qualquer devemos utilizar a Lei dos
Cossenos. Assim:
2 2 2
|𝑅⃗⃗ | = |𝐴⃗| + |𝐵
⃗⃗ | − 2 ∙ |𝐴⃗| ∙ |𝐵
⃗⃗ | ∙ cos 60𝑜
2
|𝑅⃗⃗| = 122 + 52 − 2 ∙ 12 ∙ 5 ∙ cos 60𝑜
2
|𝑅⃗⃗| = 109

|𝑅⃗⃗| = 𝑅 = 10,44

O Método Analítico se baseia na representação analítica do vetor, que considera o


vetor como um ponto em um sistema de coordenadas. Por exemplo, a figura a seguir
mostra o vetor 𝐴⃗ = (4,3) representado em um sistema de coordenadas cartesianas (x,y).

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Eletromagnetismo I

O ponto (4,3) foi marcado no sistema de coordenada cartesiana. Em seguida foi


traçada uma reta da origem do sistema coordenado (0,0) até o ponto (4,3). Essa reta é a
representação geométrica do vetor 𝐴⃗.

Considerando um vetor 𝐴⃗ qualquer dado por:

𝐴⃗ = (𝐴1 , 𝐴2 , 𝐴3 , … , 𝐴𝑛 )

Para calcular o seu módulo, teríamos que utilizar o Teorema de Pitágoras,


resultando em:

|𝐴⃗| = √𝐴12 + 𝐴2 2 + 𝐴3 2 + ⋯ 𝐴𝑛 2

No caso do sistema de coordenadas cartesianas, temos:

𝐴 = (𝐴𝑥 , 𝐴𝑦 )

Nesse caso, o módulo é dado por:

|𝐴⃗| = √𝐴𝑥 2 + 𝐴𝑦 2

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Eletromagnetismo I

Problema 5: Calcule o módulo do vetor 𝐴⃗ = (4,3).

Solução:

O módulo do vetor pode ser calculado através da seguinte equação:

|𝐴⃗| = √𝐴𝑥 2 + 𝐴𝑦 2

|𝐴⃗| = √42 + 32

|𝐴⃗| = 𝐴 = 5

⃗ = (2,2,5).
Problema 6: Calcule o módulo do vetor 𝐵

Solução:

O módulo do vetor pode ser calculado através da seguinte equação:

⃗⃗ | = √𝐵1 2 + 𝐵2 2 + 𝐵3 2
|𝐵

⃗⃗ | = √22 + 22 + 52
|𝐵

⃗⃗ | = √33
|𝐵
⃗⃗ | = 𝐵 = 5,74
|𝐵

Para somarmos vetores, basta somarmos cada uma de suas componentes.


Analogamente, no caso da subtração, basta subtraímos cada uma de suas componentes.

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Eletromagnetismo I

Exemplos:

Considere os vetores 𝐴⃗ = (5,6), 𝐵


⃗⃗ = (2,3) e 𝐶⃗ = (0, −2). Determine:

1) 𝑅⃗⃗ = 𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ = (5,6) + (2,3) = (5 + 2, 6 + 3) = (7,9)

|𝑅⃗⃗ | = 𝑅 = √72 + 92 = 11,4

2) 𝑅⃗⃗ = 𝐴⃗ + 𝐶⃗ = (5,6) + (0, −2) = (5 + 0, 6 − 2) = (5,4)

|𝑅⃗⃗ | = 𝑅 = √52 + 42 = 6,4

3) 𝑅⃗⃗ = 𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ = (5,6) − (2,3) = (5 − 2, 6 − 3) = (3,3)

|𝑅⃗⃗ | = 𝑅 = √32 + 32 = 4,24

4) 𝑅⃗⃗ = 𝐵
⃗⃗ − 𝐴⃗ − 𝐶⃗ = (2,3) − (5,6) − (0, −2) = (2 − 5 − 0, 3 − 6 + 2) =

= (−3, −1)

|𝑅⃗⃗| = 𝑅 = √(−3)2 + (−1)2 = 3,16

Problema 7: Considere os vetores 𝐴⃗ = (8,0, −3), 𝐵⃗⃗ = (6, −5,3) e 𝐶⃗ = (0,7,6).


⃗⃗ ⃗ ⃗⃗ ⃗ ⃗⃗
Determine o vetor 𝑅 = 𝐴 − 𝐵 + 𝐶 e o módulo de 𝑅 .

Solução:

Obtendo o vetor 𝑅⃗⃗:

𝑅⃗⃗ = 𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ + 𝐶⃗

𝑅⃗⃗ = (8,0, −3) − (6, −5,3) + (0,7,6)

𝑅⃗⃗ = (8 − 6 + 0 , 0 + 5 + 7 , −3 − 3 + 6)

𝑅⃗⃗ = (2 , 12 , 0)

Obtendo o módulo de 𝑅⃗⃗:

|𝑅⃗⃗ | = √22 + 122 + 02

|𝑅⃗⃗| = √148

|𝑅⃗⃗| = 𝑅 = 12,17

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Eletromagnetismo I

Produto de Vetores:

Existem dois tipos de produtos (ou multiplicação) entre dois vetores: o produto
escalar (representado pelo símbolo ⋅) e o produto vetorial (representado pelo símbolo
×).

O produto escalar entre dois vetores representa o produto resultante da projeção de


um vetor sobre o outro.

Considere dois vetores 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ , separados por um ângulo θ, como mostrado a seguir:

No produto escalar, devemos projetar o vetor 𝐴⃗ sobre o vetor 𝐵


⃗⃗ (ou o 𝐵
⃗⃗ sobre o 𝐴⃗,
tanto faz o vetor), como mostrado a seguir:

O produto escalar entre 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ é então calculado por:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = |𝐴⃗|cos(𝜃)|𝐵
⃗⃗ |

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ cos(𝜃) ⋅ 𝐵

O produto escalar 𝐴⃗ ⋅ 𝐵⃗⃗ (lê-se A escalar B) é igual ao produto entre o módulo da


projeção de 𝐴⃗ sobre 𝐵
⃗⃗ (𝐴 ⋅ cos(𝜃)) e o módulo de 𝐵 ⃗⃗ (𝐵).

Observe que o produto escalar tem esse nome uma vez que resulta em um escalar
(um valor, sem orientação).

29
Eletromagnetismo I

Analogamente, temos que:

⃗⃗ ⋅ 𝐴⃗ = 𝐵 ⋅ cos(𝜃) ⋅ 𝐴
𝐵

Ou seja,

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐵
⃗⃗ ⋅ 𝐴⃗

Tanto faz se projetarmos 𝐴⃗ sobre 𝐵


⃗⃗ ou se projetarmos 𝐵
⃗⃗ sobre 𝐴⃗.

Problema 8: Calcule o produto escalar entre os vetores 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ , sabendo que seus módulos
são dados por: 𝐴 = 11 e 𝐵 = 4, e o ângulo entre eles é 𝜃 = 20o.

Solução:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ cos(𝜃) ⋅ 𝐵

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 11 ⋅ cos(20𝑜 ) ⋅ 4

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 41,35

O produto escalar, do ponto de vista geométrico, representa a projeção de um vetor


sobre o outro vetor. Em outras palavras, é o cálculo da componente de um vetor em
dada direção.

Observe ainda que, se o ângulo entre os dois vetores for 𝜃 = 90o, então o produto
escalar será dado por:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ cos(90𝑜 ) ⋅ 𝐵

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ 0 ⋅ 𝐵

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 0

Ou seja, caso o ângulo entre os dois vetores seja igual a 90 o, então o produto escalar
entre esses dois vetores será igual a 0. Geometricamente, quando o ângulo é igual a 90 o
os vetores estão perpendiculares (são ditos ortogonais), por isso não existe projeção de
um vetor sobre o outro (a projeção é nula).

30
Eletromagnetismo I

Caso 𝜃 = 90o então os vetores são ortogonais, resultando em 𝐴⃗ ⋅ 𝐵


⃗⃗ = 0. Vetores
⃗ ⃗⃗
ortogonais são representados da seguinte forma: 𝐴 ⊥ 𝐵 .

Outro caso particular é o de 𝜃 = 0o, ou seja, quando um vetor já está sobre o outro
(os vetores são paralelos ou colineares). Nesse caso, temos:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ cos(0𝑜 ) ⋅ 𝐵

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ 1 ⋅ 𝐵

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ 𝐵

Ou seja, nesse caso, o produto entre dois vetores é igual ao produto entre os seus
módulos (não precisamos projetar o vetor 𝐴⃗ sobre 𝐵
⃗⃗ , uma vez que ele já está sobre 𝐵
⃗⃗ ).

Problema 10: Calcule o produto escalar entre os vetores 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ , sabendo que seus
módulos são dados por: 𝐴 = 11 e 𝐵 = 4, e que eles são paralelos.

Solução:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ⋅ 𝐵

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 11 ⋅ 4 = 44

Outro parâmetro importante, definido a partir do produto escalar, é o vetor


unitário.

31
Eletromagnetismo I

Vetor Unitário:

Um vetor unitário 𝑎̂ é um vetor que possui módulo igual a 1, ou seja, |𝑎̂| = 1.

Por exemplo:

⃗⃗ ⋅ 𝑎̂ = 𝐵 ⋅ cos(𝜃) ⋅ |𝑎̂|
𝐵
⃗⃗ ⋅ 𝑎̂ = 𝐵 ⋅ cos(𝜃) ⋅ 1
𝐵
⃗⃗ ⋅ 𝑎̂ = 𝐵 ⋅ cos(𝜃)
𝐵
⃗⃗ e o vetor unitário 𝑎̂ representa a projeção do
Ou seja, o produto escalar entre o vetor 𝐵
⃗⃗ na direção de 𝑎̂.
vetor 𝐵

Considere agora um vetor 𝐴⃗ com mesma direção do vetor unitário 𝐴̂:

Podemos representar o vetor 𝐴⃗ como:

𝐴⃗ = 𝐴𝑎̂

Assim:
𝐴⃗
𝑎̂ =
𝐴
Ou seja, podemos obter o vetor unitário, em dada direção, é igual a razão entre o vetor
𝐴⃗ e o seu módulo 𝐴.

Observe que o produto escalar entre dois vetores unitários de mesma direção é
sempre igual a 1, ou seja, 𝑎̂ ⋅ 𝑎̂ = |𝑎̂| ⋅ |𝑎̂| = 1 ⋅ 1 = 1. E que o produto escalar entre
dois vetores unitários ortogonais (ângulo de 90 o) é sempre igual a 0.

32
Eletromagnetismo I

Exemplos:

1) Determine o vetor unitário na direção de 𝐴⃗, dado 𝐴⃗ = (5,6).

|𝐴⃗| = 𝐴 = √52 + 62 = 7,81

𝐴⃗ (5,6) 5 6
𝑎̂ = = =( , ) = (0,64 , 0,77)
𝐴 7,81 7,81 7,81

Observe que:

|𝑎̂| = √0,642 + 0,772 = 1

⃗⃗ , dado 𝐵
2) Determine o vetor unitário na direção de 𝐵 ⃗⃗ = (−3,5).

⃗⃗ | = 𝐵 = √(−3)2 + 52 = 5,83
|𝐵
⃗⃗ (−3,5)
𝐵 −3 5
𝑏̂ = = =( , ) = (−0,51 , 0,86)
𝐵 5,83 5,83 5,83

Observe que:

|𝑏̂| = √(−0,51)2 + 0,862 = 1

Problema 11: Determine o vetor unitário na direção de 𝐴⃗, dado 𝐴⃗ = (−2,1,8).

Solução:

|𝐴⃗| = 𝐴 = √(−2)2 + 12 + 82 = 8,31

𝐴⃗ (−2,1,8) −2 1 8
𝑎̂ = = =( , , ) = (−0,24 , 0,12 , 0,96)
𝐴 8,31 8,31 8,31 8,31

Resposta: 𝑎̂ = (−0,24 , 0,12 , 0,96)

Observe que:

|𝑎| = √(−0,24)2 + 0,122 + 0,962 = 1

Como discutido anteriormente, o conceito de produto escalar em conjunto com o


vetor unitário, permite o cálculo das componentes de um vetor em dadas direções. No

33
Eletromagnetismo I

caso de um sistema de coordenadas cartesianas (x,y) podemos obter as componentes x


e y desse vetor (que correspondem às projeções do vetor nos eixos x e y).

Por exemplo, considere novamente o vetor 𝐴⃗ = (4,3)

Podemos representa-lo em termos de suas projeções sobre os eixos x e y:

𝐴⃗ = (4,3) = 4𝑥̂ + 3𝑦̂

Ou seja, o comprimento (ou módulo) de 𝐴⃗ projetado sobre o eixo x é igual a 4,


enquanto no eixo y é igual a 3.

De forma geral, para o sistema de coordenadas cartesianas, temos:

Assim:

𝐴⃗ = (𝐴𝑥 , 𝐴𝑦 ) = 𝐴𝑥 𝑥̂ + 𝐴𝑦 𝑦̂

34
Eletromagnetismo I

Considerando um vetor 𝐴⃗ qualquer:

𝐴⃗ = (𝐴1 , 𝐴2 , 𝐴3 ) = 𝐴1 𝑎
̂1 + 𝐴2 𝑎
̂2 + 𝐴3 𝑎
̂3

Problema 12: Calcule o produto escalar entre os vetores no sistema de coordenadas


cartesianas 𝐴⃗ = (2,4) e 𝐵
⃗⃗ = (5,7).

Solução completa:

Temos que:

𝐴⃗ = (2,4) = 2𝑥̂ + 4𝑦̂


⃗⃗ = (5,7) = 5𝑥̂ + 7𝑦̂
𝐵

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = (2,4) ⋅ (5,7) = (2𝑥̂ + 4𝑦̂) ⋅ (5𝑥̂ + 7𝑦̂)

Fazendo a operação distributiva:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 2𝑥̂ ⋅ 5𝑥̂ + 2𝑥̂ ⋅ 7𝑦̂ + 4𝑦̂ ⋅ 5𝑥̂ + 4𝑦̂ ⋅ 7𝑦̂

Temos que o produto escalar de componentes paralelas é igual a 1:

𝑥̂ ⋅ 𝑥̂ = 1

𝑦̂ ⋅ 𝑦̂ = 1

E o produto escalar entre as componentes ortogonais é igual a 0:

𝑥̂ ⋅ 𝑦̂ = 0

𝑦̂ ⋅ 𝑥̂ = 0

Assim:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 2 ⋅ 5 + 0 + 0 + 4 ⋅ 7 = 38

Solução rápida:

Basta multiplicarmos as respectivas componentes de cada vetor:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = (2,4) ⋅ (5,7) = 2 ⋅ 5 + 4 ⋅ 7 = 38

35
Eletromagnetismo I

Problema 13: Calcule o produto escalar entre os vetores no sistema de coordenadas


retangulares 𝐴⃗ = (1,0,4) e 𝐵
⃗⃗ = (−3,2,8).

Solução:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = (1,0,4) ⋅ (−3,2,8) = 1 ⋅ (−3) + 0 ⋅ 2 + 4 ⋅ 8 = 29

Problema 14: Calcule o produto escalar entre os vetores no sistema de coordenadas


cartesianas 𝐴⃗ = (1,1) e 𝐵
⃗⃗ = (1, −1).

Solução:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = (1,1) ⋅ (1, −1) = 1 ⋅ 1 + 1 ⋅ (−1) = 0

Portanto, os vetores 𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ são ortogonais. Observe:

Propriedades do produto escalar:

1) Comutativa:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = 𝐵
⃗⃗ ⋅ 𝐴⃗

2) Distributiva:

𝐴⃗ ⋅ (𝐵
⃗⃗ + 𝐶⃗) = 𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ + 𝐴⃗ ⋅ 𝐶⃗

3) O produto escalar de um vetor por ele mesmo resulta em:

𝐴⃗ ⋅ 𝐴⃗ = 𝐴 ⋅ 𝐴 = 𝐴2

𝐴⃗ ⋅ 𝐴⃗ = 𝐴2

36
Eletromagnetismo I

Enquanto o produto escalar mede a projeção de um vetor sobre o outro vetor, o


produto vetorial mede a rotação de um vetor na direção de outro vetor. Diferentemente
de o produto escalar, o resultado de um produto vetorial é um vetor.

Considere dois vetores 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ , separados por um ângulo θ, como mostrado a seguir:

No produto escalar, devemos girar o vetor 𝐴⃗ na direção do vetor 𝐵


⃗⃗ . Para saber a
direção do vetor resultante, utilizamos a chamada Regra da Mão Direita:

Com os quatro dedos da mão direita, giramos o vetor 𝐴⃗ na direção do vetor 𝐵


⃗⃗ . O
polegar aponta a direção do vetor resultante:

37
Eletromagnetismo I

O produto vetorial entre dois vetores 𝐴⃗ × 𝐵


⃗⃗ (lê-se A vetorial B) é um vetor cuja
direção e sentido podem ser obtidas pela Regra da Mão Direita. No exemplo, ao
girarmos o vetor 𝐴⃗ na direção do vetor 𝐵
⃗⃗ , o dedo polegar aponta para cima (ou para
⃗⃗ × 𝐴⃗ giramos o vetor 𝐵
“fora da folha”). Por outro lado, no produto vetorial 𝐵 ⃗⃗ na direção
do vetor 𝐴⃗, fazendo com que o dedo polegar aponte para baixo (ou para “dentro da
folha”).

A direção do vetor resultante do produto vetorial é sempre perpendicular ao plano


formado pelos vetores 𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ . Nesse caso, a direção é dita normal ao plano formado
entre os dois vetores.

Portanto, definiremos 𝑛̂ como sendo um vetor unitário normal ao plano formado


pelos vetores 𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ , cujo sentido é dado pela Regra da Mão Direita.

A figura a seguir ilustra o vetor unitário normal:

Observe que 𝑛̂ é normal ao plano formado pelos dois vetores e, portanto, deve fazer
um ângulo de 90o com ambos. Além disso, pela Regra da Mão Direita, temos que 𝐴⃗ ×
⃗⃗ resulta em um vetor apontando para cima (positivo), enquanto que 𝐵
𝐵 ⃗⃗ × 𝐴⃗ resulta em
um vetor apontando para baixo (negativo). Ambos têm o mesmo módulo, mas sentidos
opostos. Ou seja:

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = −𝐵
⃗⃗ × 𝐴⃗

38
Eletromagnetismo I

O sinal negativo representa a troca de sentido de rotação. Observe na figura que no


produto vetorial 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ estamos girando no sentido anti-horário, enquanto que no
⃗⃗ × 𝐴⃗ estamos girando no sentido horário.
produto vetorial 𝐵

O módulo do produto vetorial 𝐴⃗ × 𝐵


⃗⃗ , do ponto de vista geométrico, consiste na
área do paralelogramo formado pelos vetores 𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ :

A área do paralelogramo é igual a:

Á𝑟𝑒𝑎 = 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

Assim, o produto vetorial entre os vetores 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ é dado por:

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃) ∙ 𝑛̂

Em que 𝑛̂ é um vetor unitário normal ao plano formado pelos vetores 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ .

O módulo do produto vetorial é dado por:

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

Problema 15: Calcule o módulo do produto vetorial entre 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ , sabendo que seus
módulos são dados por: 𝐴 = 11 e 𝐵 = 4, e o ângulo entre eles é 𝜃 = 20o.

Solução:

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 11 ⋅ 4 ⋅ 𝑠𝑒𝑛(20𝑜 )

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 15,05

39
Eletromagnetismo I

Se o ângulo entre os dois vetores for 𝜃 = 90o, então o módulo do produto vetorial
será dado por:

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛(90𝑜 )

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 𝐴 ∙ 𝐵

Ou seja, caso o ângulo entre os dois vetores seja igual a 90 o, então o módulo do
produto vetorial entre esses dois vetores será igual ao produto dos módulos dos vetores.

Outro caso particular é o de 𝜃 = 0o, ou seja, quando um vetor já está sobre o outro
(os vetores são paralelos ou colineares). Nesse caso, temos:

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛(0𝑜 )

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 0

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = 0

Ou seja, caso os vetores sejam paralelos (colineares), isto é, esteja um sobre o


outro, o produto vetorial será igual a 0. Visto que o produto vetorial mede a rotação de
um vetor na direção do outro, no caso de termos um vetor sobre o outro a rotação será
nula (portanto o produto vetorial será igual a 0).

Temos então que, se 𝐴⃗ ⋅ 𝐵


⃗⃗ = 0, então os vetores 𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ são ortogonais. Se 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ =
⃗ ⃗⃗
0, temos então que os vetores 𝐴 e 𝐵 são colineares.

Para calcularmos a direção do vetor resultante do produto vetorial entre dois


vetores (isto é, para calcularmos vetor unitário normal 𝑛̂), precisamos conhecer o
sistema de coordenadas retangulares:

40
Eletromagnetismo I

Observe os vetores unitários na direção de cada um de seus eixos. A partir da Regra


da Mão Direita, podemos concluir que:

𝑥̂ × 𝑦̂ = 𝑧̂

𝑦̂ × 𝑧̂ = 𝑥̂

𝑧̂ × 𝑥̂ = 𝑦̂

𝑥̂ × 𝑧̂ = −𝑦̂

𝑦̂ × 𝑥̂ = −𝑧̂

𝑧̂ × 𝑦̂ = −𝑥̂

𝑥̂ × 𝑥̂ = 𝑦̂ × 𝑦̂ = 𝑧̂ × 𝑧̂ = 0

Problema 16: Calcule o produto vetorial entre 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ , dado: 𝐴⃗ = 7𝑥̂ e 𝐵
⃗⃗ = 2𝑦̂.

Solução:

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 7𝑥̂ × 2𝑦̂ = 7 ∙ 2 𝑥̂ × 𝑦̂ = 14𝑧̂

Resposta: 14𝑧̂

41
Eletromagnetismo I

Problema 17: Calcule o produto vetorial entre os vetores no sistema de coordenadas


cartesianas 𝐴⃗ = (2,4) e 𝐵
⃗⃗ = (5,7).

Solução completa:

𝐴⃗ = (2,4) = 2𝑥̂ + 4𝑦̂

⃗⃗ = (5,7) = 5𝑥̂ + 7𝑦̂


𝐵

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (2,4) × (5,7) = (2𝑥̂ + 4𝑦̂) × (5𝑥̂ + 7𝑦̂)

Fazendo a operação distributiva:

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 2𝑥̂ × 5𝑥̂ + 2𝑥̂ × 7𝑦̂ + 4𝑦̂ × 5𝑥̂ + 4𝑦̂ × 7𝑦̂

Temos que o produto vetorial de componentes paralelas é igual a 0:

𝑥̂ × 𝑥̂ = 0

𝑦̂ × 𝑦̂ = 0

E o produto vetorial entre as componentes ortogonais é igual a:

𝑥̂ × 𝑦̂ = 𝑧̂

𝑦̂ × 𝑥̂ = −𝑧̂

Assim:

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 0 + 2 ⋅ 7 𝑧̂ + 4 ⋅ 5 (−𝑧̂ ) + 0 = 14 𝑧̂ − 20 𝑧̂ = −6 𝑧̂

Solução rápida:

O produto vetorial é o determinante da matriz:


𝑥̂ 𝑦̂ 𝑧̂
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = |𝐴𝑥 𝐴𝑦 𝐴𝑧 |
𝐵𝑥 𝐵𝑦 𝐵𝑧

Assim:
𝑥̂ 𝑦̂ 𝑧̂
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = |2 4 0| = 2 ⋅ 7 𝑧̂ − 5 ⋅ 4 𝑧̂ = −6 𝑧̂
5 7 0

42
Eletromagnetismo I

Problema 18: Calcule o produto vetorial entre os vetores no sistema de coordenadas


retangulares 𝐴⃗ = (7,0,5) e 𝐵
⃗⃗ = (1, −3,6). Em seguida determine o vetor unitário
normal 𝑛̂.

Solução:
𝑥̂ 𝑦̂ 𝑧̂
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = |7 0 5| = 1 ⋅ 5 𝑦̂ + 7 ⋅ (−3)𝑧̂ − (−3) ⋅ 5 𝑥̂ − 6 ⋅ 7 𝑦̂ =
1 −3 6

= 5 𝑦̂ − 21 𝑧̂ + 15 𝑥̂ − 42 𝑦̂ = 15 𝑥̂ − 37 𝑦̂ − 21 𝑧̂ = (15, −37, −21)

Ou seja, 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (15, −37, −21).

Para calcular o vetor unitário:

|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = √152 + (−37)2 + (−21)2 = 45,11

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝑛̂ =
|𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ |
(15, −37, −21)
𝑛̂ = = (0,33 , −0,82 , −0,47)
45,11

Ou seja, 𝑛̂ = (0,33 , −0,82 , −0,47)

Isso significa que o vetor resultante do produto vetorial é 45,11 ̂𝑛, em que 𝑛̂ =
(0,33 , −0,82 , −0,47), ou o vetor (15, −37, −21). Isto é:

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (15, −37, −21) = 45,11 ̂𝑛

Em que 𝑛̂ = (0,33 , −0,82 , −0,47)

43
Eletromagnetismo I

Propriedades do produto vetorial:

1) Não é comutativo:

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = −𝐵
⃗⃗ × 𝐴⃗

2) Distributiva:

𝐴⃗ × (𝐵
⃗⃗ + 𝐶⃗) = 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ + 𝐴⃗ × 𝐶⃗

3) O produto vetorial de um vetor por ele mesmo é igual a zero:

𝐴⃗ × 𝐴⃗ = 0

Sistemas de Coordenadas Ortogonais:

Além de o sistema de coordenadas cartesianas (x,y) e o sistema de coordenadas


retangulares (x,y,z) que vimos na seção anterior, existem ainda outros tipos de sistemas
de coordenadas, como o sistema de coordenadas polares (r,ϕ), o sistema de coordenadas
cilíndricas (r,ϕ,z) e o sistema de coordenadas esféricas (r,θ,ϕ).

Um sistema de coordenadas ortogonais é um sistema em que todas as suas


componentes (coordenadas) são mutuamente perpendiculares (ortogonais). Por
exemplo, no sistema de coordenadas retangulares, temos que as componentes x, y e z
fazem um ângulo de 90o entre elas (ou seja, são ortogonais).

Os sistemas de coordenadas bidimensionais (de duas dimensões) mais conhecidos


são:

 Sistema de coordenadas cartesianas;


 Sistema de coordenadas polares.

Enquanto os sistemas de coordenadas tridimensionais (de três dimensões) mais


conhecidos são:

 Sistema de coordenadas retangulares;


 Sistema de coordenadas cilíndricas;
 Sistema de coordenadas esféricas.

44
Eletromagnetismo I

É importante observar que todas as operações com vetores que aprendemos (soma,
subtração, módulo, vetor unitário, produto escalar e produto vetorial) continuam sendo
resolvidas da mesma forma. Ou seja, as operações com vetores e suas soluções são as
mesmas independente do sistema de coordenadas. A mudança no sistema de
coordenadas só implica em uma mudança na orientação do vetor, devido à mudança na
orientação das componentes.

Já vimos que um vetor, no sistema de coordenadas cartesianas, é representado da


seguinte forma:

Em que:

𝐴⃗ = (𝐴𝑥 , 𝐴𝑦 ) = 𝐴𝑥 𝑥̂ + 𝐴𝑦 𝑦̂

Um ponto P(x,y) no sistema de coordenadas cartesianas tem o seguinte domínio:

𝑥: (−∞, +∞)

𝑦: (−∞, +∞)

No sistema de coordenadas polares, um ponto é representado em termos de seu


raio (r) e do ângulo com o eixo x (ϕ):

45
Eletromagnetismo I

Considere um ponto P(x,y) em coordenadas cartesianas. Assim:

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2
𝑦
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( )
𝑥
Ou seja, podemos representar um ponto P(x,y) como um ponto P(r, ϕ), em
coordenadas polares.

Problema 19: Considere o ponto 𝑃(4,6) em coordenadas cartesianas. Obtenha o ponto


P em coordenadas polares.

Solução:

Temos:

𝑥=4

𝑦=6

Assim:

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2

𝑟 = √42 + 62

𝑟 = 7,21
𝑦
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( )
𝑥
6
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( )
4

ϕ = 0,98 𝑟𝑎𝑑

Resposta: 𝑃(7,21 , 0,98) em coordenadas polares.

46
Eletromagnetismo I

A representação de um vetor no sistema de coordenadas polares é:


̂
𝐴⃗ = (𝐴𝑟 , 𝐴ϕ) = 𝐴𝑟 𝑟̂ + 𝐴ϕ ϕ

Um ponto P(r,ϕ) no sistema de coordenadas cartesianas tem o seguinte domínio:

𝑟: (0, +∞)

ϕ: (0,2𝜋)

Ou seja, o raio pode assumir qualquer valor Real positivo, e o ângulo deve assumir
um valor entre 0 e 2π (entre 0o e 360o).

Para a transformação do sistema de coordenadas cartesianas para as coordenadas


polares, devemos observar a transformação dos vetores unitários:

𝑟̂ = cos(ϕ) ∙ 𝑥̂ + sen(ϕ) ∙ 𝑦̂ = (cos(ϕ) , sen(ϕ))


̂ = −sen(ϕ) ∙ 𝑥̂ + cos(ϕ) ∙ 𝑦̂ = (−sen(ϕ) , cos(ϕ))
ϕ

Assim:

𝐴𝑟 = 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(ϕ)

𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(ϕ)

47
Eletromagnetismo I

Problema 20: Considere o ponto P(4,6) e o vetor 𝐴⃗ = (3,2) em coordenadas cartesianas.


Obtenha o vetor 𝐴⃗ no ponto P em coordenadas polares.

Solução:

Do problema 19, temos P(7,21 , 0,98) em coordenadas polares. Ou seja:

𝑟 = 7,21

ϕ = 0,98

Assim:

𝐴𝑟 = 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(ϕ)

𝐴𝑟 = 3 𝑐𝑜𝑠(0,98) + 2 𝑠𝑒𝑛(0,98)

𝐴𝑟 = 3,33

𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(ϕ)

𝐴ϕ = −3 𝑠𝑒𝑛(0,98) + 2 𝑐𝑜𝑠(0,98)

𝐴ϕ = −1,33 𝑟𝑎𝑑

Resposta: 𝐴⃗ = (3,33 , −1,33) no ponto P em coordenadas polares.

Observe que o módulo do vetor 𝐴⃗ = (3,2) em coordenadas cartesianas é igual ao


módulo do vetor 𝐴⃗ = (3,33 , −1,33) em coordenadas polares, uma vez que o vetor é o
mesmo.

Para a transformação do sistema de coordenadas polares para as coordenadas


cartesianas, devemos observar que:

48
Eletromagnetismo I

As componentes nas direções x e y são as projeções de r. Assim:

𝑥 = 𝑟 ∙ cos(ϕ)

𝑦 = 𝑟 ∙ sen(ϕ)

Para a transformação do sistema de coordenadas polares para as coordenadas


cartesianas, devemos observar a transformação dos vetores unitários:
̂ = (cos(ϕ) , − sen(ϕ))
𝑥̂ = cos(ϕ) ∙ 𝑟̂ − sen(ϕ) ∙ ϕ
̂ = (sen(ϕ) , cos(ϕ))
ŷ = sen(ϕ) ∙ 𝑟̂ + cos(ϕ) ∙ ϕ

Assim:

𝐴𝑥 = 𝐴𝑟 𝑐𝑜𝑠(ϕ) − 𝐴ϕ 𝑠𝑒𝑛(ϕ)

𝐴y = 𝐴𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴ϕ 𝑐𝑜𝑠(ϕ)

Problema 21: Considere o ponto P(7,21 , 0,98) e o vetor 𝐴⃗ = (3,33 , −1,33) em


coordenadas polares. Obtenha o vetor 𝐴 em coordenadas cartesianas.

Solução:

𝐴𝑥 = 𝐴𝑟 𝑐𝑜𝑠(ϕ) − 𝐴ϕ 𝑠𝑒𝑛(ϕ) = 3,33 𝑐𝑜𝑠(0,98) + 1,33 𝑠𝑒𝑛(0,98) = 3

𝐴y = 𝐴𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴ϕ 𝑐𝑜𝑠(ϕ) = 3,33 𝑠𝑒𝑛(0,98) − 1,33 𝑐𝑜𝑠(0,98) = 2

Resposta: 𝐴⃗ = (3 , 2) em coordenadas cartesianas, que era o enunciado do problema


anterior.

49
Eletromagnetismo I

Operações vetoriais no sistema de coordenadas bidimensionais:

Considere os vetores:

𝐴⃗ = (𝐴𝑖 , 𝐴j ) = 𝐴𝑖 𝑖̂ + 𝐴j ĵ

⃗⃗ = (𝐵𝑖 , 𝐵j ) = 𝐵𝑖 𝑖̂ + 𝐵j ĵ
𝐵

Para o sistema de coordenadas cartesianas: 𝑖 = 𝑥 e 𝑗 = 𝑦

E para o sistema de coordenadas polares: 𝑖 = 𝑟 e 𝑗 = ϕ

1) Módulo:

|𝐴⃗| = √𝐴𝑖 2 + 𝐴j 2

2) Unitário:
𝐴⃗
𝑎̂ =
𝐴
3) Soma:

𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑖 + 𝐵𝑖 , 𝐴𝑗 + 𝐵𝑗 )

𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑖 + 𝐵𝑖 )𝑖̂ + (𝐴𝑗 + 𝐵𝑗 )𝑗̂

4) Subtração:

𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑖 − 𝐵𝑖 , 𝐴𝑗 − 𝐵𝑗 )

𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑖 − 𝐵𝑖 )𝑖̂ + (𝐴𝑗 − 𝐵𝑗 )𝑗̂

5) Produto escalar:

𝐴⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴𝑖 ∙ 𝐵𝑖 + 𝐴𝑗 ∙ 𝐵𝑗

6) Produto vetorial:
𝑖̂ 𝑗̂ 𝑧̂
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = |𝐴𝑖 𝐴𝑗 0|
𝐵𝑖 𝐵𝑗 0

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑖 ∙ 𝐵𝑗 − 𝐵𝑖 ∙ 𝐴𝑗 )𝑧̂

50
Eletromagnetismo I

Um sistema de coordenadas tridimensionais possui três eixos coordenados. Um


ponto P será descrito em termos de (x,y,z) no sistema de coordenadas retangulares; em
termos de (r,ϕ,z) no sistema de coordenadas cilíndricas; e em termos de (r,θ,ϕ) no
sistema de coordenadas esféricas.

O sistema de coordenadas retangulares (ou cartesianas tridimensional) é um


sistema formado por dois sistemas do tipo cartesiano-cartesiano:

Fonte: NAHVI-DEKHORDI e EDMINISTER, 2013.

Temos que:

𝐴⃗ = (𝐴𝑥 , 𝐴𝑦 , 𝐴𝑧 ) = 𝐴𝑥 𝑥̂ + 𝐴𝑦 𝑦̂ + 𝐴𝑧 𝑧̂

Um ponto P(x,y,z) no sistema de coordenadas retangulares tem o seguinte


domínio:

𝑥: (−∞, +∞)

𝑦: (−∞, +∞)

𝑧: (−∞, +∞)

O sistema de coordenadas cilíndricas é um sistema formado por dois sistemas do


tipo polar-cartesiano (observe que a base é um sistema de coordenadas polares,
enquanto a altura é o próprio z):

51
Eletromagnetismo I

Fonte: NAHVI-DEKHORDI e EDMINISTER, 2013.

Temos que:
̂ + 𝐴𝑧 𝑧̂
𝐴⃗ = (𝐴𝑟 , 𝐴ϕ, 𝐴z ) = 𝐴𝑟 𝑟̂ + 𝐴ϕϕ

Um ponto P(r, ϕ, z) no sistema de coordenadas cilíndricas tem o seguinte domínio:

𝑟: (0, +∞)

ϕ: (0,2𝜋)

𝑧: (−∞, +∞)

O sistema de coordenadas esféricas é um sistema formado por dois sistemas do


tipo polar-polar (observe tanto a base quanto a altura são sistemas de coordenadas
polares):

Fonte: NAHVI-DEKHORDI e EDMINISTER, 2013.

52
Eletromagnetismo I

Observe que ordem de se escrever as coordenadas é importante e deve ser


cuidadosamente seguida. Por exemplo, Por exemplo, o ângulo ϕ é o mesmo tanto em
coordenadas cilíndricas quanto em coordenadas esféricas. Porém, na ordem das
coordenadas, ϕ aparece na segunda posição no sistema cilíndrico (r, ϕ, z) e na terceira
posição no sistema esférico (r, θ, ϕ).

Em coordenadas cilíndricas, r mede a distância ao eixo z, tomada no plano normal


a este (no plano xy); enquanto, no sistema esférico, r mede a distância da origem ao
ponto P. Por isso será conveniente escrevermos (R,θ,ϕ) para o sistema de coordenadas
esféricas. A componente θ representa o ângulo entre o vetor e o eixo vertical (z).

Temos que:

𝐴⃗ = (𝐴𝑅 , 𝐴θ , 𝐴ϕ ) = 𝐴𝑅 𝑅̂ + 𝐴θ θ̂ + 𝐴ϕϕ
̂

Um ponto P(R, θ, ϕ) no sistema de coordenadas esféricas tem o seguinte domínio:

𝑅: (0, +∞)

θ: (0, 𝜋)

ϕ: (0,2𝜋)

Os vetores unitários no sistema de coordenadas cilíndricas são mostrados a seguir:

Fonte: ULABY, 2007.

53
Eletromagnetismo I

Observe que o ponto P(r, ϕ, z) pertence a qualquer posição na casca cilíndrica.

Os vetores unitários no sistema de coordenadas esféricas são mostrados a seguir:

Fonte: ULABY, 2007.

Observe que o ponto P(R, θ, ϕ) pertence a qualquer posição na casca esférica.

A Tabela 4 resume as operações com vetores nos sistemas de coordenadas


tridimensionais.

Tabela 4: Resumo das operações com vetores.

Fonte: ULABY, 2007.

54
Eletromagnetismo I

Fórmula para o produto vetorial:

Considere os vetores:

𝐴⃗ = (𝐴𝑖 , 𝐴𝑗 , 𝐴𝑘 ) = 𝐴𝑖 𝑖̂ + 𝐴𝑗 𝑗̂ + 𝐴𝑘 𝑘̂
⃗⃗ = (𝐵𝑖 , 𝐵j , 𝐵𝑘 ) = 𝐵𝑖 𝑖̂ + 𝐵j ĵ + 𝐵𝑘 𝑘̂
𝐵

Para o sistema de coordenadas retangulares: 𝑖 = 𝑥, 𝑗 = 𝑦 e 𝑘 = 𝑧

Para o sistema de coordenadas cilíndricas: 𝑖 = 𝑟 e 𝑗 = ϕ e 𝑘 = 𝑧

E para o sistema de coordenadas esféricas: 𝑖 = 𝑅 e 𝑗 = θ e 𝑘 = ϕ

O produto vetorial é dado por:


𝑖̂ 𝑗̂ 𝑧̂
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = |𝐴𝑖 𝐴𝑗 𝐴𝑘 |
𝐵𝑖 𝐵𝑗 𝐵𝑘

⃗⃗ = (𝐴𝑗 𝐵𝑘 − 𝐴𝑘 𝐵𝑗 ) 𝑖̂ + (𝐴𝑘 𝐵𝑖 − 𝐴𝑖 𝐵𝑘 ) 𝑗̂ + (𝐴𝑖 𝐵𝑗 − 𝐴𝑗 𝐵𝑖 ) 𝑘̂


𝐴⃗ × 𝐵

𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑗 𝐵𝑘 − 𝐴𝑘 𝐵𝑗 , 𝐴𝑘 𝐵𝑖 − 𝐴𝑖 𝐵𝑘 , 𝐴𝑖 𝐵𝑗 − 𝐴𝑗 𝐵𝑖 )

A escolha do sistema de coordenada adequado depende da geometria do problema.


Por exemplo, se estivermos calculando o campo elétrico gerado por um fio de cobre,
que possui geometria cilíndrica, a adoção de um sistema de coordenadas cilíndricas
pode ser mais adequada para representarmos o campo elétrico nesse problema.

Na próxima seção, estudaremos as fórmulas para mudança de sistema de


coordenadas.

Transformações entre Sistemas de Coordenadas:

Nessa seção estabeleceremos as relações entre os vetores nos sistemas de


coordenadas retangulares (x,y,z), cilíndricas (r,ϕ,z) e esféricas (R,θ,ϕ). É importante
observar que, para uma dada posição desse vetor no sistema de coordenadas, deve
existir uma representação desse vetor para um desses três sistemas de coordenadas.

55
Eletromagnetismo I

Transformações Coordenadas Retangular-Cilíndrica e vice-versa:

Coordenadas do Ponto P

P(r, ϕ, z): P(x,y,z):

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2 𝑥 = 𝑟 ∙ cos(ϕ)
𝑦
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) 𝑦 = 𝑟 ∙ sen(ϕ)
𝑥

𝑧=𝑧 𝑧=𝑧

Vetores Unitários

𝑟̂ = cos(ϕ) ∙ 𝑥̂ + sen(ϕ) ∙ 𝑦̂ ̂
𝑥̂ = cos(ϕ) ∙ 𝑟̂ − sen(ϕ) ∙ ϕ
̂ = −sen(ϕ) ∙ 𝑥̂ + cos(ϕ) ∙ 𝑦̂
ϕ ̂
ŷ = sen(ϕ) ∙ 𝑟̂ + cos(ϕ) ∙ ϕ

ẑ = ẑ ẑ = ẑ

Componentes Vetoriais
̂ + 𝐴𝑧 𝑧̂
𝐴⃗ = (𝐴𝑟 , 𝐴ϕ , 𝐴z ) = 𝐴𝑟 𝑟̂ + 𝐴ϕ ϕ 𝐴⃗ = (𝐴𝑥 , 𝐴𝑦 , 𝐴𝑧 ) = 𝐴𝑥 𝑥̂ + 𝐴𝑦 𝑦̂ + 𝐴𝑧 𝑧̂

𝐴𝑟 = 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(ϕ) 𝐴𝑥 = 𝐴𝑟 𝑐𝑜𝑠(ϕ) − 𝐴ϕ 𝑠𝑒𝑛(ϕ)

𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(ϕ) 𝐴y = 𝐴𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴ϕ 𝑐𝑜𝑠(ϕ)

𝐴z = 𝐴z 𝐴z = 𝐴z

Problema 22: Considere o ponto P(3,-4,3) e o vetor 𝐴⃗ = (2 , − 3,4) em coordenadas


retangulares. Obtenha o ponto P em coordenadas cilíndricas e o vetor 𝐴⃗ no ponto P em
coordenadas cilíndricas.

Solução:

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √32 + (−4)2 = 5
𝑦 −4
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = −0,93
𝑥 3

𝑧=𝑧=3

Portanto, o ponto é P(5,-0,93,3) em coordenadas cilíndricas.

56
Eletromagnetismo I

Temos que:

𝐴𝑟 = 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(ϕ) = 2 𝑐𝑜𝑠(−0,93) − 3 𝑠𝑒𝑛(−0,93) = 3,6

𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(ϕ) = −2 𝑠𝑒𝑛(−0,93) − 3 𝑐𝑜𝑠(−0,93) = −0,19

𝐴z = 𝐴z = 4

Portanto, o vetor é 𝐴⃗ = (3,6 , −0,19 ,4) no ponto P(5,-0,93,4) em coordenadas


cilíndricas.

Problema 23: Considere o ponto P(5,-0,93,3) e o vetor 𝐴⃗ = (3,6 , −0,19 ,4) em


coordenadas cilíndricas. Obtenha o ponto P em coordenadas retangulares e o vetor 𝐴⃗
no ponto P em coordenadas retangulares.

Solução:

𝑥 = 𝑟 ∙ cos(ϕ) = 5 ∙ cos(−0,93) = 3

𝑦 = 𝑟 ∙ sen(ϕ) = 5 ∙ sen(−0,93) = −4

𝑧=𝑧=3

Portanto, o ponto é P(3,-4,3) em coordenadas retangulares.

Temos que:

𝐴𝑥 = 𝐴𝑟 𝑐𝑜𝑠(ϕ) − 𝐴ϕ 𝑠𝑒𝑛(ϕ) = 3,6 𝑐𝑜𝑠(−0,93) + 0,19 𝑠𝑒𝑛(−0,93) = 2

𝐴y = 𝐴𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴ϕ 𝑐𝑜𝑠(ϕ) = 3,6 𝑠𝑒𝑛(−0,93) − 0,19 𝑐𝑜𝑠(−0,93) = −3

𝐴z = 𝐴z = 4

Portanto, o vetor é 𝐴⃗ = (2 , −3 ,4) no ponto P(3,-4,3) em coordenadas retangulares.

57
Eletromagnetismo I

Transformações Coordenadas Retangular-Esférica e vice-versa:

Coordenadas do Ponto P

P(R, θ, ϕ): P(x,y,z):

𝑅 = √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 𝑥 = 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛(θ) ∙ cos(ϕ)

√𝑥 2 + 𝑦 2
θ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) 𝑦 = 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛(θ) ∙ sen(ϕ)
𝑧
𝑦
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) 𝑧 = 𝑟 ∙ 𝑐𝑜𝑠(θ)
𝑥

Vetores Unitários

𝑅̂ = 𝑠𝑒𝑛(θ) cos(ϕ) 𝑥̂ 𝑥̂ = 𝑠𝑒𝑛(θ) cos(ϕ) 𝑅̂


+ 𝑠𝑒𝑛(θ)sen(ϕ) 𝑦̂ + cos(θ) cos(ϕ) θ̂
+ 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑧̂ − sen(ϕ) ϕ̂

θ̂ = 𝑐𝑜𝑠(θ) cos(ϕ) 𝑥̂ ŷ = 𝑠𝑒𝑛(θ) sen(ϕ) 𝑅̂


+ cos(θ) sen(ϕ) 𝑦̂ + cos(θ) sen(ϕ) θ̂
− 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑧̂ + cos(ϕ) ϕ̂

̂ = −sen(ϕ) ∙ 𝑥̂ + cos(ϕ) ∙ 𝑦̂
ϕ ẑ = cos(θ) 𝑅̂ − sen(θ) θ̂

Componentes Vetoriais

𝐴⃗ = (𝐴𝑅 , 𝐴θ , 𝐴ϕ ) = 𝐴𝑅 𝑅̂ + 𝐴θ θ̂ + 𝐴ϕ ϕ
̂ 𝐴⃗ = (𝐴𝑥 , 𝐴𝑦 , 𝐴𝑧 ) = 𝐴𝑥 𝑥̂ + 𝐴𝑦 𝑦̂ + 𝐴𝑧 𝑧̂

𝐴𝑅 𝐴𝑥
= 𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ) = 𝐴𝑅 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ)
+ 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑧 𝑐𝑜𝑠(θ) + 𝐴θ 𝑐𝑜𝑠(θ) 𝑐𝑜𝑠(ϕ) − 𝐴ϕ 𝑠𝑒𝑛(ϕ)

𝐴θ 𝐴y
= 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ) = 𝐴𝑅 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ)
+ 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) − 𝐴𝑧 𝑠𝑒𝑛(θ) + 𝐴θ 𝑐𝑜𝑠(θ) 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴ϕ 𝑐𝑜𝑠(ϕ)

𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 cos(ϕ) 𝐴z = 𝐴𝑅 𝑐𝑜𝑠(θ) − 𝐴θ 𝑠𝑒𝑛(θ)

58
Eletromagnetismo I

Problema 24: Considere o ponto P(3,-5,1) e o vetor 𝐴⃗ = (2 ,0 , −1) em coordenadas


retangulares. Obtenha o ponto P em coordenadas esféricas e o vetor 𝐴⃗ no ponto P em
coordenadas esféricas.

Solução:

𝑅 = √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = √32 + (−5)2 + 12 = 5,916

√𝑥 2 + 𝑦 2 √32 + (−5)2
θ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 1,4
𝑧 1
𝑦 −5
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = −1,03
𝑥 3

Portanto, o ponto é P(5,916 , 1,4 , -1,03) em coordenadas esféricas.

Temos que:

𝐴𝑅 = 𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑧 𝑐𝑜𝑠(θ)

= 2 𝑠𝑒𝑛(1,4)𝑐𝑜𝑠(−1,03) + 0 ∙ 𝑠𝑒𝑛(1,4)𝑠𝑒𝑛(−1,03) − 1 ∙ 𝑐𝑜𝑠(1,4) = 0,845

𝐴θ = 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) − 𝐴𝑧 𝑠𝑒𝑛(θ)

= 2 𝑐𝑜𝑠(1,4)𝑐𝑜𝑠(−1,03) + 0 ∙ 𝑐𝑜𝑠(1,4)𝑠𝑒𝑛(−1,03) + 1 ∙ 𝑠𝑒𝑛(1,4) = 1,16

𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 cos(ϕ)

= −2 𝑠𝑒𝑛(−1,03) + 0 ∙ cos(−1,03) = 1,715

Portanto, o vetor é 𝐴⃗ = (0,845 , 1,16 , 1,715) no ponto P(5,916 , 1,4 , -1,03) em


coordenadas esféricas.

Observe que o módulo do vetor 𝐴⃗ não muda (é igual) para os dois sistemas de
coordenadas.

59
Eletromagnetismo I

Problema 25: Considere o ponto P(5,916 , 1,4 , -1,03) e o vetor 𝐴⃗ =


(0,845 , 1,16 , 1,715) em coordenadas esféricas. Obtenha o ponto P em coordenadas
retangulares e o vetor 𝐴⃗ no ponto P em coordenadas retangulares.

Solução:

𝑥 = 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛(θ) ∙ cos(ϕ) = 5,916 𝑠𝑒𝑛(1,4) ∙ cos(−1,03) = 3

y = 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛(θ) ∙ sen(ϕ) = 5,916 𝑠𝑒𝑛(1,4) ∙ sen(−1,03) = −5

z = 𝑟 ∙ 𝑐𝑜𝑠(θ) = 5,916 𝑐𝑜𝑠(1,4) = 1

Portanto, o ponto é P(3 , -5 , 1) em coordenadas retangulares.

Temos que:

𝐴𝑥 = 𝐴𝑅 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴θ 𝑐𝑜𝑠(θ) 𝑐𝑜𝑠(ϕ) − 𝐴ϕ 𝑠𝑒𝑛(ϕ)

= 0,845 𝑠𝑒𝑛(1,4)𝑐𝑜𝑠(−1,03) + 1,16 𝑐𝑜𝑠(1,4) 𝑐𝑜𝑠(−1,03) − 1,715 𝑠𝑒𝑛(−1,03)


=2

𝐴y = 𝐴𝑅 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴θ 𝑐𝑜𝑠(θ) 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴ϕ 𝑐𝑜𝑠(ϕ)

= 0,845 𝑠𝑒𝑛(1,4)𝑠𝑒𝑛(−1,03) + 1,16 𝑐𝑜𝑠(1,4) 𝑠𝑒𝑛(−1,03) + 1,715 𝑐𝑜𝑠(−1,03)


=0

𝐴z = 𝐴z = 𝐴𝑅 𝑐𝑜𝑠(θ) − 𝐴θ 𝑠𝑒𝑛(θ)

= 0,845 𝑐𝑜𝑠(1,4) − 1,16 𝑠𝑒𝑛(1,4) = −1

Portanto, o vetor é 𝐴⃗ = (2 , 0 , −1) no ponto P(3 , -5 , 1) em coordenadas retangulares,


que é o enunciado do problema anterior.

60
Eletromagnetismo I

Transformações Coordenadas Cilíndrica-Esférica e vice-versa:

Coordenadas do Ponto P

P(R, θ, ϕ): P(r, ϕ, z):

𝑅 = √𝑟 2 + 𝑧 2 𝑟 = 𝑅 ∙ 𝑠𝑒𝑛(θ)
𝑟
θ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) ϕ=ϕ
𝑧

ϕ=ϕ 𝑧 = 𝑅 ∙ 𝑐𝑜𝑠(θ)

Vetores Unitários

𝑅̂ = 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑟̂ + 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑧̂ 𝑟̂ = 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑅̂ + cos(θ) θ̂

θ̂ = 𝑐𝑜𝑠(θ) 𝑟̂ − 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑧̂ ̂=ϕ


ϕ ̂

̂=ϕ
ϕ ̂ ẑ = cos(θ) 𝑅̂ − sen(θ) θ̂

Componentes Vetoriais

𝐴⃗ = (𝐴𝑅 , 𝐴θ , 𝐴ϕ ) = 𝐴𝑅 𝑅̂ + 𝐴θ θ̂
̂ + 𝐴𝑧 𝑧̂
𝐴⃗ = (𝐴𝑟 , 𝐴ϕ , 𝐴𝑧 ) = 𝐴𝑟 𝑟̂ + 𝐴ϕ ϕ
+ 𝐴ϕ ϕ̂

𝐴𝑅 = 𝐴𝑟 𝑠𝑒𝑛(θ) + 𝐴𝑧 𝑐𝑜𝑠(θ) 𝐴𝑟 = 𝐴𝑅 𝑠𝑒𝑛(θ) + 𝐴θ 𝑐𝑜𝑠(θ)

𝐴θ = 𝐴𝑟 𝑐𝑜𝑠(θ) − 𝐴𝑧 𝑠𝑒𝑛(θ) 𝐴ϕ = 𝐴ϕ

𝐴ϕ = 𝐴ϕ 𝐴z = 𝐴𝑅 𝑐𝑜𝑠(θ) − 𝐴θ 𝑠𝑒𝑛(θ)

Problema 26: Considere o ponto P(1,2,3) e o vetor 𝐴⃗ = (0 , − 2,1) em coordenadas


cilíndricas. Obtenha o ponto P em coordenadas esféricas e o vetor 𝐴 no ponto P em
coordenadas esféricas.

Solução:

𝑅 = √𝑟 2 + 𝑧 2 = √12 + 32 = 3,16
𝑟 1
θ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 0,322
𝑧 3

ϕ=ϕ=2

61
Eletromagnetismo I

Portanto, o ponto é P(3,16 , 0,322 , 2) em coordenadas esféricas.

Temos que:

𝐴𝑅 = 𝐴𝑟 𝑠𝑒𝑛(θ) + 𝐴𝑧 𝑐𝑜𝑠(θ) = 0 ∙ 𝑠𝑒𝑛(0,322) + 1 ∙ 𝑐𝑜𝑠(0,322) = 0,95

𝐴θ = 𝐴𝑟 𝑐𝑜𝑠(θ) − 𝐴𝑧 𝑠𝑒𝑛(θ) = 0 ∙ 𝑐𝑜𝑠(0,322) − 1 ∙ 𝑠𝑒𝑛(0,322) = −0,316

𝐴ϕ = 𝐴ϕ = −2

Portanto, o vetor é 𝐴⃗ = (0,95 , −0,316 , −2) no ponto P(3,16 , 0,322 , 2) em


coordenadas esféricas.

Problema 27: Considere o ponto P(3,16 , 0,322 , 2) e o vetor 𝐴⃗ = (0,95 , −0,316 , −2)
em coordenadas esféricas. Obtenha o ponto P em coordenadas cilíndricas e o vetor 𝐴⃗
no ponto P em coordenadas cilíndricas.

Solução:

𝑟 = 𝑅 ∙ 𝑠𝑒𝑛(θ) = 3,15 ∙ 𝑠𝑒𝑛(0,322) = 1

ϕ=ϕ=2

𝑧 = 𝑅 ∙ 𝑐𝑜𝑠(θ) = 3,15 ∙ 𝑐𝑜𝑠(0,322) = 3

Portanto, o ponto é P(1,2,3) em coordenadas cilíndricas.

Temos que:

𝐴𝑟 = 𝐴𝑅 𝑠𝑒𝑛(θ) + 𝐴θ 𝑐𝑜𝑠(θ) = 0,95 𝑠𝑒𝑛(0,322) − 0,316 𝑐𝑜𝑠(0,322) = 0

𝐴ϕ = 𝐴ϕ = −2

𝐴z = 𝐴𝑅 𝑐𝑜𝑠(θ) − 𝐴θ 𝑠𝑒𝑛(θ) = 0,95 𝑐𝑜𝑠(0,322) + 0,316 𝑠𝑒𝑛(0,322) = 1

Portanto, o vetor é 𝐴⃗ = (0 , −2 ,1) no ponto P(1,2,3) em coordenadas cilíndricas, que é


o enunciado do problema anterior.

Nessa Unidade, fizemos uma revisão de unidades de medida e de álgebra vetorial.


Na próxima Unidade, vamos introduzir o estudo do cálculo diferencial e integral à
álgebra vetorial, resultando no chamado Cálculo Vetorial.

62
Eletromagnetismo I

Exercícios – Unidade 1

1) Considere as seguintes afirmações sobre a Era Clássica do Eletromagnetismo:

I- Thales de Mileto descreveu como a fricção do âmbar fazia o material


“desenvolver” uma força que atraia objetos, como plumas.

II- Gilbert formulou as equações matemáticas sobre a força elétrica entre duas
cargas em termos de intensidade (magnitude) e polaridade (direção), em função da
distância entre elas.

III- Alexandre Volta inventou o para-raios e demonstrou que o relâmpago é um


fenômeno elétrico.

São corretas as afirmações:

a) I, apenas.

b) I e II, apenas.

c) II e III, apenas.

d) TODAS as afirmações estão CORRETAS.

e) TODAS as afirmações estão INCORRETAS.

2) Sabendo que a tensão elétrica pode ser obtida pela equação: V = i x R, e que i =
35 mA e R = 55 MΩ, a tensão elétrica, em MV, será igual a:

a) 325 MV.

b) 1,925 MV.

c) 16,5 MV.

d) 0,25 MV.

e) 144,88 MV.

63
Eletromagnetismo I

3) Sabendo que a carga elétrica pode ser obtida pela equação: Q = i x t, e que i =
30 A e t = 75 ms, a carga elétrica, em mC, será igual a:

a) 75 mC.

b) 2,25 mC.

c) 225 mC.

d) 2.250 mC.

e) 22.500 mC.

⃗⃗⃗ = (𝟑, 𝟒, −𝟓) e 𝑩


Considere os vetores 𝑨 ⃗⃗⃗ = (𝟎, −𝟑, 𝟎) para as questões 4, 5, 6,
7 e 8:

4) O módulo de 𝐴⃗ é:

a) 0.

b) 3.

c) 7,07.

d) 5.

e) 6,45.

5) O resultado da operação 𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ é

a) (8,0, −3).

b) (3,1, −5).

c) (3,7, −5).

d) (0, −3,0).

e) (3,0,0).

64
Eletromagnetismo I

6) O vetor unitário 𝑎̂ (na direção de 𝐴⃗) é:

a) 7,07.

b) (3, 1 , 5)

c) (1, 0 , 0)

d) (−0,24 , 0,12 , 0,96)

e) (0,42 , 0,57 , −0,71).

7) O produto escalar 𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ é:

a) 7,07.

b) –12.

c) (3,7, −5).

d) 2.

e) 0.

8) O produto vetorial 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ é:

a) (3,7, −5).

b) (15, −37, −21).

c) (7,3, −5).

d) (−15,0,9).

e) (15, −5, −37).

65
Eletromagnetismo I

⃗⃗⃗ = (𝟑, −𝟐, 𝟐) em coordenadas


Considere o ponto P(2,0,1) e o vetor 𝑨
retangulares, para os exercícios 9 e 10:

9) Determine e o vetor 𝐴⃗ no ponto P em coordenadas cilíndricas.

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_____________________________________________________________________

10) Determine e o vetor 𝐴⃗ no ponto P em coordenadas esféricas.

_____________________________________________________________________

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_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

66
Eletromagnetismo I

2 Cálculo Vetorial

67
Eletromagnetismo I

Nesta Unidade aprenderemos os fundamentos do Cálculo Vetorial que são a base


matemática para o Eletromagnetismo.

Objetivos da unidade:

Conhecer os elementos diferenciais de volume, área e comprimento.

Entender os operadores vetoriais, como o gradiente, o divergente e o rotacional.

Ser capaz de desenvolver sucessivas aplicações dos operadores vetoriais.

Plano da unidade:

Elementos diferenciais.

Operadores Vetoriais.

Bons estudos!

68
Eletromagnetismo I

Classificação dos materiais

Elementos diferenciais

Elementos diferenciais são muito utilizados em conjunto com as operações


integrais para cálculo de comprimento, área e volume. Um elemento diferencial (por
exemplo, “dx”) é uma diferença muito pequena (é um comprimento que “tende à zero”).
A letra “d” é a sigla para “diferencial” (“dx”, lê-se “diferencial x”). As operações com
elementos diferenciais são muito utilizadas em cálculos envolvendo materiais sólidos.

Podemos representar um material sólido como sendo um somatório de infinitos


elementos diferenciais de volume (como uma soma de “pequenos pedaços” de
geometria retangular, cilíndrica ou esférica). Lembrando que o somatório de elementos
diferenciais é o que chamamos de “integral”.

Naturalmente, as representações dos elementos diferenciais de comprimento, área


e volume dependem do sistema de coordenadas adotado (se é retangular, cilíndrica ou
esférica). Ou seja, a representação dos elementos diferenciais depende do sistema de
coordenadas. A figura a seguir ilustra o comprimento, a área e o volume diferenciais
em coordenadas retangulares:

Fonte: ULABY, 2007.

69
Eletromagnetismo I

O comprimento diferencial em coordenadas retangulares é o vetor:

𝑑𝑙⃗ = 𝑑𝑥 𝑥̂ + 𝑑𝑦 𝑦̂ + 𝑑𝑧 𝑧̂ = (𝑑𝑥, 𝑑𝑦, 𝑑𝑧)

Já vimos que a área é formada pelo produto vetorial entre dois vetores. Assim, um
elemento diferencial de área da superfície frente é dado por:

⃗⃗⃗⃗⃗𝑥 = 𝑑𝑦 𝑦̂ × 𝑑𝑧 𝑧̂ = 𝑑𝑦 𝑑𝑧 𝑥̂
𝑑𝑆

Os elementos diferenciais de área das superfícies lateral e topo são,


respectivamente:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝑆 ̂
𝑦 = 𝑑𝑥 𝑑𝑧 𝑦

⃗⃗⃗⃗𝑧 = 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑧̂
𝑑𝑆

Observe que para cada elemento diferencial de área existe um vetor unitário
perpendicular (normal) à área diferencial.

O volume diferencial é o produto das três componentes diferenciais:

𝑑𝑉 = 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑧

A figura a seguir ilustra o comprimento, a área e o volume diferenciais em


coordenadas cilíndricas:

Fonte: ULABY, 2007.

70
Eletromagnetismo I

É importante observar que o arco de uma circunferência é igual ao produto entre o


raio e o ângulo, portanto um elemento diferencial de arco é igual ao produto 𝑟𝑑𝜙.

O comprimento diferencial em coordenadas cilíndricas é o vetor:

𝑑𝑙⃗ = 𝑑𝑟 𝑟̂ + 𝑟𝑑𝜙 𝜙̂ + 𝑑𝑧 𝑧̂ = (𝑑𝑟, 𝑟𝑑𝜙, 𝑑𝑧)

A área diferencial das superfícies frente, lateral e topo são dadas respectivamente
pelos vetores:

⃗⃗⃗⃗𝑟 = 𝑟 𝑑𝜙 𝑑𝑧 𝑟̂
𝑑𝑆
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝑆 ̂
𝜙 = 𝑑𝑟 𝑑𝑧 𝜙

⃗⃗⃗⃗𝑧 = 𝑑𝑟 𝑟 𝑑𝜙 𝑧̂ = 𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝜙 𝑧̂
𝑑𝑆

O volume diferencial em coordenadas cilíndricas é dado por:

𝑑𝑉 = 𝑑𝑟 𝑟 𝑑𝜙 𝑑𝑧 = 𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝜙 𝑑𝑧

A figura a seguir ilustra o comprimento, a área e o volume diferenciais em


coordenadas esféricas:

Fonte: ULABY, 2007.

71
Eletromagnetismo I

O comprimento diferencial em coordenadas esféricas é o vetor:

𝑑𝑙⃗ = 𝑑𝑅 𝑅̂ + 𝑅𝑑𝜃 𝜃̂ + 𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜙 𝜙̂ = (𝑑𝑅, 𝑅𝑑𝜃, 𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜙)

As áreas diferenciais das superfícies em coordenadas esféricas são dadas pelos


vetores:

⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝑆 ̂ 2 ̂
𝑅 = 𝑅 𝑑𝜃 𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜙 𝑅 = 𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 𝑅

⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝑆 ̂ ̂
𝜃 = 𝑑𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜙 𝜃 = 𝑅 𝑑𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜙 𝜃

⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝑆 ̂ ̂
𝜙 = 𝑑𝑅 𝑅 𝑑𝜃 𝜙 = 𝑅 𝑑𝑅 𝑑𝜃 𝜙

O volume diferencial em coordenadas esféricas é dado por:

𝑑𝑉 = 𝑑𝑅 𝑅 𝑑𝜃 𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜙 = 𝑅 2 𝑑𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝜙

A Tabela 5 resume os elementos diferenciais de comprimento, área e volume para


os sistemas de coordenadas retangulares, cilíndricas e esféricas.

Tabela 5: Elementos diferenciais de comprimento, área e volume para os


sistemas de coordenadas retangulares, cilíndricas e esféricas.

Fonte: ULABY, 2007.

Operadores Vetoriais

Um campo é a especificação de uma grandeza em função da posição em toda a


região de interesse (também chamada de “região de observação”). Um campo pode ser
tanto escalar quanto vetorial.

Um campo escalar é aquele em que todos os pontos apresentam grandezas sem


orientação (são isentas de direção e sentido, possuindo apenas uma magnitude).

72
Eletromagnetismo I

Exemplos: distribuição de temperatura e potencial elétrico. Um campo escalar é


também chamado de campo potencial. As superfícies em que o campo escalar é
constante são chamadas de equipotenciais.

Problema 1: Considere o campo escalar 𝑉(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 + 𝑦 2 − 2𝑧. Determine o valor


desse campo no ponto P(1,-2,3).

Solução:

𝑉(1, −2,3) = 12 + (−2)2 − 2 ∙ 3 = −1

Resposta: Temos o valor 𝑉 = −1 no ponto P(1,-2,3).

Um campo vetorial é aquele em que cada ponto está associado a um vetor (possui
um módulo, direção e sentido). Exemplos: distribuição da velocidade em um fluido e o
campo elétrico. Como pode ser observado na figura a seguir, em um campo vetorial
temos um vetor associado a cada ponto da região de interesse.

Para mapear campos vetoriais utilizamos as linhas de fluxo, que são linhas
tangenciais ao vetor em cada ponto do espaço. Uma maior concentração de linhas indica
que o campo vetorial é mais intenso.

73
Eletromagnetismo I

⃗⃗ (𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑥 2 + 𝑦 2 , 𝑥 − 2𝑧 , 4𝑦).
Problema 2: Considere o campo vetorial 𝑉
Determine o vetor desse campo no ponto P(1,-2,3).

Solução:

É importante observar que:

⃗⃗(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑥 2 + 𝑦 2 , 𝑥 − 2𝑧 , 4𝑦) = (𝑥 2 + 𝑦 2 ) 𝑥̂ + (𝑥 − 2𝑧) 𝑦̂ + 4𝑦 𝑧̂


𝑉

No ponto P(1,-2,3):

⃗⃗ (1, −2,3) = (12 + (−2)2 , 1 − 2 ∙ 3 , 4 ∙ (−2)) = (5 , −5 , −8)


𝑉
⃗⃗(1, −2,3) = 5 𝑥̂ − 5 𝑦̂ − 8 𝑧̂
𝑉
⃗⃗ = (5 , −5 , −8) no ponto P(1,-2,3).
Resposta: Temos o vetor 𝑉

Logo, um campo escalar representa uma distribuição de valores (escalares) ao


longo de uma região, enquanto um campo vetorial representa uma distribuição de
vetores (com magnitude e orientação) ao longo de uma região.

No estudo de Eletromagnetismo, precisamos de indicadores matemático para


entendermos como um campo (seja escalar ou vetorial) varia no espaço. Nessa seção
aprenderemos três operadores para tal propósito:

1. Gradiente: operação sobre um campo escalar (equipotencial), que resulta em


um vetor. Ele fornece uma medida (módulo e orientação) para a máxima taxa espacial
de variação do campo escalar de determinado ponto.
2. Divergente: operação sobre um campo vetorial (linhas de fluxo), que resulta
em um escalar. Ele fornece uma medida de fluxo por unidade de volume (densidade de
linhas de fluxo) que emana de determinado ponto.
3. Rotacional: operação sobre um campo vetorial (linhas de fluxo), que resulta
em um vetor. Ele fornece informações sobre a circulação do campo vetorial (das linhas
de fluxo) no entorno de determinado ponto.

74
Eletromagnetismo I

Gradiente de um campo escalar:

Ao trabalharmos com uma grandeza física escalar que é função de uma única
variável, como a temperatura 𝑇(𝑥) em função do comprimento 𝑥, a taxa de variação de
𝑇 com o comprimento pode ser descrita pela derivada 𝑑𝑇/𝑑𝑥. Entretanto, se a
temperatura é função das três dimensões 𝑇(𝑥, 𝑦, 𝑧), a sua taxa de variação espacial
torna-se algo não tão simples de descrever.

Considere um campo escalar 𝑇(𝑥, 𝑦, 𝑧) contínuo e diferenciável. As superfícies


equipotenciais são definidas por:

𝑇(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝐶

Em que 𝐶 é uma constante. Observe a figura a seguir.

Fonte: ULABY, 2007.

Considere que a superfície lateral esquerda e direita sejam equipotenciais (𝑇1 = 𝐶1


ao longo da superfície da esquerda e 𝑇2 = 𝐶2 ao longo da superfície da direita), e que a
distância entre dois pontos dessas superfícies (P2 – P1) seja diferencial dada por:

𝑑𝑙⃗ = 𝑑𝑥 𝑥̂ + 𝑑𝑦 𝑦̂ + 𝑑𝑧 𝑧̂

Tendo como base a fórmula da diferencial total, podemos calcular 𝑑𝑇 = 𝑇2 − 𝑇1,


como:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
𝑑𝑇 = 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 + 𝑑𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Por definição:

𝑑𝑥 = 𝑑𝑙⃗ ∙ 𝑥̂

75
Eletromagnetismo I

𝑑𝑦 = 𝑑𝑙⃗ ∙ 𝑦̂

𝑑𝑧 = 𝑑𝑙⃗ ∙ 𝑧̂

Substituindo:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
𝑑𝑇 = 𝑥̂ ∙ 𝑑𝑙⃗ + 𝑦̂ ∙ 𝑑𝑙⃗ + 𝑧̂ ∙ 𝑑𝑙⃗
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
𝑑𝑇 = [ 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂ ] ∙ 𝑑𝑙⃗
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

O vetor dentro dos colchetes define a variação do campo escalar (temperatura) ao


longo de 𝑑𝑙⃗. Esse vetor é denominado gradiente de T, representado simbolicamente por
∇𝑇:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Substituindo, temos então que:

𝑑𝑇 = ∇𝑇 ∙ 𝑑𝑙⃗

Observe que a projeção do vetor gradiente ∇𝑇 na direção especificada por 𝑑𝑙⃗


corresponde à derivada direcional:

𝑑𝑇 = ∇𝑇 ∙ 𝑑𝑙 𝑙̂
𝑑𝑇
= ∇𝑇 ∙ 𝑙̂
𝑑𝑙
Se 𝑑𝑙⃗ for normal à superfície equipotencial (o que corresponde ao menor
deslocamento), temos o valor máximo, que corresponde a:
𝑑𝑇
= ∇𝑇
𝑑𝑛
O gradiente de uma função potencial (como o potencial elétrico) é um campo
vetorial que é normal às superfícies equipotenciais em todos os pontos.

76
Eletromagnetismo I

O símbolo ∇ é denominado del ou operador gradiente, sendo definido, em


coordenadas retangulares, por:
𝜕 𝜕 𝜕
∇= 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

O campo vetorial ∇𝑇 é chamado de gradiente e representa a conversão de um


campo escalar em um campo vetorial. O campo vetorial gradiente representa a máxima
taxa de acréscimo do campo escalar 𝑇.

MÁXIMA = Direção

TAXA = Magnitude

DE ACRÉSCIMO = Sentido

Problema 3: Determine o gradiente do campo escalar 𝑇(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 + 𝑥𝑦 2 − 2𝑧. Em


seguida, determine o gradiente desse campo no ponto P(3,2,1).

Solução:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

∇𝑇 = (2𝑥 + 𝑦 2 )𝑥̂ + 2𝑥𝑦 𝑦̂ − 2 𝑧̂ = (2𝑥 + 𝑦 2 , 2𝑥𝑦 , −2)

No ponto P(3,2,1):

∇𝑇 = (2 ∙ 3 + 22 )𝑥̂ + 2 ∙ 3 ∙ 2 𝑦̂ − 2 𝑧̂ = 10 𝑥̂ + 12 𝑦̂ − 2 𝑧̂ = (10 , 12, −2)

O vetor (10 , 12 , -2) representa a máxima taxa de acréscimo de T no ponto P(3,2,1).

77
Eletromagnetismo I

Problema 4: Determine a derivada direcional de 𝑇 = 𝑥 2 + 𝑦 2 𝑧 ao longo da direção de


𝑙⃗ = 2𝑥̂ + 3𝑦̂ − 2𝑧̂ , e a calcule para P(1,-1,2).

Solução:

Temos que:
𝑑𝑇
= ∇𝑇 ∙ 𝑙̂
𝑑𝑙
Ou seja, a derivada direcional é o produto escalar entre o gradiente de 𝑇 e o vetor
unitário na direção de 𝑙⃗. O gradiente de 𝑇 é dado por:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

∇𝑇 = 2𝑥 𝑥̂ + 2𝑦𝑧 𝑦̂ + 𝑦 2 𝑧̂ = (2𝑥 , 2𝑦𝑧 , 𝑦 2 )

O vetor unitário na direção de 𝑙⃗ é dado por:

𝑙⃗ 2𝑥̂ + 3𝑦̂ − 2𝑧̂ 2𝑥̂ + 3𝑦̂ − 2𝑧̂


𝑙̂ = = = = 0,485𝑥̂ + 0,73𝑦̂ − 0,485𝑧̂
|𝑙⃗| √22 + 32 + (−2)2 4,12

𝑙̂ = (0,485 , 0,73 , −0,485)

Resultando em:
𝑑𝑇
= ∇𝑇 ∙ 𝑙̂ = (2𝑥 , 2𝑦𝑧 , 𝑦 2 ) ∙ (0,485 , 0,73 , −0,485)
𝑑𝑙
𝑑𝑇
= 0,97𝑥 + 1,46𝑦𝑧 − 0,485𝑦 2
𝑑𝑙
No ponto P(1,-1,2):
𝑑𝑇
(1, −1,2) = 0,97 ∙ 1 + 1,46 ∙ (−1) ∙ 2 − 0,485 ∙ (−1)2
𝑑𝑙
𝑑𝑇
(1, −1,2) = −2,435
𝑑𝑙

A expressão do gradiente deve ser igualmente válida para qualquer sistema de


coordenadas ortogonais. A equação para o gradiente em coordenadas cilíndricas e
esféricas é obtido diretamente daquela em coordenadas cartesianas, por meio de uma
transformação do sistema de coordenadas.

78
Eletromagnetismo I

O operador gradiente em coordenadas cilíndricas pode ser definido como:


𝜕 1 𝜕 𝜕
∇= 𝑟̂ + ̂+
ϕ 𝑧̂
𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧

O gradiente do campo escalar 𝑇, em coordenadas cilíndricas, é dado por:


𝜕𝑇 1 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑟̂ + ̂+
ϕ 𝑧̂
𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧

Problema 5: Determine o gradiente do campo escalar 𝑉(𝑟, ϕ, 𝑧) = 2𝑒 −2𝑟 𝑠𝑒𝑛(3ϕ). Em


seguida, determine o gradiente desse campo no ponto P(1,π/2,3), em coordenadas
cilíndricas.

Solução:
𝜕𝑉 1 𝜕𝑉 𝜕𝑉
∇𝑉 = 𝑟̂ + ̂+
ϕ 𝑧̂
𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧
1
∇𝑉 = 2 ∙ (−2)𝑒 −2𝑟 𝑠𝑒𝑛(3ϕ)𝑟̂ + ̂ + 0 𝑧̂
∙ 2𝑒 −2𝑟 ∙ 3𝑐𝑜𝑠(3ϕ)ϕ
𝑟
6𝑒 −2𝑟 𝑐𝑜𝑠(3ϕ)
∇𝑉 = −4𝑒 −2𝑟 𝑠𝑒𝑛(3ϕ)𝑟̂ + ̂
ϕ
𝑟
No ponto P(1,π/2,3):
6𝑒 −2∙1 𝑐𝑜𝑠(3π/2)
∇𝑉 = −4𝑒 −2∙1 𝑠𝑒𝑛(3π/2)𝑟̂ + ̂
ϕ
1
∇𝑉 = 0,54𝑟̂

O operador gradiente em coordenadas esféricas pode ser definido como:


𝜕 1 𝜕 1 𝜕
∇= 𝑅̂ + θ̂ + ̂
ϕ
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ

O gradiente do campo escalar 𝑇, em coordenadas esféricas, é dado por:


𝜕𝑇 1 𝜕𝑇 1 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑅̂ + θ̂ + ̂
ϕ
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ

79
Eletromagnetismo I

Problema 6: Determine o gradiente do campo escalar 𝑉(𝑅, θ, ϕ) = (𝑎2 /𝑅2 )𝑐𝑜𝑠(2θ).


Em seguida, determine o gradiente desse campo no ponto P(a,0,π), em coordenadas
esféricas.

Solução:
𝜕𝑉 1 𝜕𝑉 1 𝜕𝑉
∇𝑉 = 𝑅̂ + θ̂ + ̂
ϕ
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
𝑎2 1 𝑎2
∇𝑉 = −2 ̂+
𝑐𝑜𝑠(2θ)𝑅 (−2𝑠𝑒𝑛(2θ))θ̂ + 0 ϕ
̂
𝑅3 𝑅 𝑅2
−2𝑎2 2𝑎2
∇𝑉 = 3 𝑐𝑜𝑠(2θ)𝑅̂ − 3 𝑠𝑒𝑛(2θ)θ̂
𝑅 𝑅
No ponto P(a,0,π):
−2𝑎2 2𝑎2
∇𝑉 = 3 𝑐𝑜𝑠(2 ∙ 0)𝑅̂ − 3 𝑠𝑒𝑛(2 ∙ 0)θ̂
𝑎 𝑎
2
∇𝑉 = − 𝑅̂
𝑎

Operador gradiente para os sistemas de coordenadas:

Retangulares:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Cilíndricas:
𝜕𝑇 1 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑟̂ + ̂+
ϕ 𝑧̂
𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧

Esféricas:
𝜕𝑇 1 𝜕𝑇 1 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑅̂ + θ̂ + ̂
ϕ
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ

80
Eletromagnetismo I

Propriedades do operador gradiente:

As relações a seguir se aplicam para quaisquer duas funções escalares 𝑇 e 𝑈:

∇(𝑇 + 𝑈) = ∇𝑇 + ∇𝑈

∇(𝑇 𝑈) = 𝑇 ∇𝑈 + 𝑈 ∇𝑇

∇𝑇 𝑛 = 𝑛𝑇 𝑛−1 ∇𝑇

Observe que essas regras são as mesmas da derivada. Isso ocorre uma vez que o
gradiente é uma derivada direcional (ou seja, é uma derivada).

Divergente de um campo vetorial:

Alguns campos vetoriais, ao considerarmos uma região fechada, tendem a possuir


um fluxo de saída igual ao fluxo de entrada. Em teoria Eletromagnética, apenas os
campos Magnetostáticos (ditos solenoidais) possuem esse comportamento. Entretanto,
alguns campos vetoriais podem criar linhas de fluxo, caso exista uma fonte de campo
dentro da região de interesse. Um exemplo é a presença de uma carga elétrica pontual.
O divergente de um campo vetorial resulta em um escalar e tem semelhança com uma
operação de derivada sobre uma função escalar.

Imagine o fluxo de água través de um cano. Em geral, o fluxo de entrada deve ser
igual ao fluxo de saída. Entretanto, caso exista uma fonte de campo (uma nova entrada
de água por esse cano), o fluxo de saída será maior do que o de entrada. E, caso exista
um sumidouro (ou sorvedouro) de campo (um furo por onde sai água desse cano), o
fluxo de saída será menor do que o de entrada. Portanto, se o fluxo de saída for diferente
do fluxo de entrada, então existe fonte (ou sumidouro) na região de interesse.

Graficamente, um campo vetorial é representado por linhas de fluxo, em que as


setas indicam a direção e sentido do campo no ponto onde a linha de campo é
desenhada, enquanto o comprimento da linha (ou a densidade de linhas) representa a
intensidade do campo:

81
Eletromagnetismo I

Fluxo de entrada Região Fechada Fluxo de saída

Por convenção, o fluxo será considerado positivo quando as linhas de fluxo saem
da superfície, e negativo, quando elas entram. Na figura anterior, o fluxo que penetra
pela face da esquerda da superfície fechada é negativo; o que sai pela face direita é
positivo. Assim:

1. Caso não exista fonte ou sumidouro, o somatório do fluxo através de


todas as superfícies da região fechada deve ser igual a 0.
2. Caso exista fonte de campo vetorial, o somatório do fluxo através de
todas as superfícies da região fechada deve ser igual à intensidade (magnitude) da
fonte de campo vetorial.

O nosso objetivo é calcular a intensidade (magnitude) da fonte de campo vetorial.

A figura a seguir apresenta uma carga elétrica (fonte de campo elétrico) no interior
de uma região fechada (superfície esférica imaginária):

Apesar de o campo elétrico da carga +q não se mover, consideramos a sua presença


como o fluxo que flui através do espaço e nos referimos a suas linhas como linhas de
fluxo.

82
Eletromagnetismo I

Na fronteira de uma superfície, definimos a densidade de fluxo como a quantidade


de fluxo que atravessa a superfície dS (elemento diferencial de área da superfície). O
fluxo total que atravessa a superfície fechada S (como a esfera imaginária) é dado por:

Fluxo Total = Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗


𝑆

Em que 𝐹⃗ representa a fonte de campo vetorial. É importante observar que a


direção de 𝑑𝑆⃗ é sempre normal à superfície da região fechada. Portanto, só contribuirão
para o fluxo total, a componente de 𝐹⃗ que seja normal à superfície.

Considere o campo vetorial 𝐹⃗ no sistema de coordenadas retangulares:

𝐹⃗ = 𝐹𝑥 𝑥̂ + 𝐹𝑦 𝑦̂ + 𝐹𝑧 𝑧̂ = (𝐹𝑥 , 𝐹𝑦 , 𝐹𝑧 )

Considere um paralelepípedo diferencial de lados dx, dy e dz:

Temos que o fluxo líquido (variação do fluxo) na direção 𝑥̂ (superfícies frente e


costa) é dado por:
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑥
Ф𝑥 = 𝑑𝑥 𝑑𝑆𝑥 = 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑥
O fluxo líquido na direção 𝑦̂ (superfícies laterais) é dado por:
𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑦
Ф𝑦 = 𝑑𝑦 𝑑𝑆𝑦 = 𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑑𝑧
𝜕𝑦 𝜕𝑦

O fluxo líquido na direção 𝑧̂ (superfícies topo e base) é dado por:

83
Eletromagnetismo I
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑧
Ф𝑧 = 𝑑𝑧 𝑑𝑆𝑧 = 𝑑𝑧 𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝜕𝑧 𝜕𝑧
O fluxo líquido total (variação do fluxo total causada pela fonte de campo vetorial)
no paralelepípedo é a soma dos fluxos nas direções dos eixos coordenados:

Ф𝐿𝑇 = Ф𝑥 + Ф𝑦 + Ф𝑧
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
Ф𝐿𝑇 = ( + + ) 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
Ф𝐿𝑇 = ( + + ) 𝑑𝑉
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

O divergente de um campo vetorial é definido como:


𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Assim, temos que:

Ф𝐿𝑇 = ∇ ∙ 𝐹⃗ 𝑑𝑉

Ou seja, o divergente de um campo vetorial representa a taxa de variação de linhas


de fluxo por unidade de volume (densidade de linhas de fluxo). O campo vetorial 𝐹⃗ tem
divergência positiva se o fluxo líquido que sai da superfície S for positiva, o qual pode
ser observado se o volume da região possuir uma fonte de fluxo. Se o divergente for
negativo, a região pode ser considerada como um volume de absorção. Para um campo
vetorial uniforme, em que a quantidade de fluxo que entra é a mesma que sai, o
divergente é igual a zero.

Campos elétricos, em geral possuem divergente diferente de zero, enquanto


campos magnéticos possuem divergente nulo.

84
Eletromagnetismo I

O operador del e a divergência:

O operador del ∇ foi definido em coordenadas cartesianas como:


𝜕 𝜕 𝜕
∇= 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Fazendo o produto escalar do operador del com um vetor 𝐹⃗ , temos:


𝜕 𝜕 𝜕
∇ ∙ 𝐹⃗ = ( 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂ ) ∙ (𝐹𝑥 𝑥̂ + 𝐹𝑦 𝑦̂ + 𝐹𝑧 𝑧̂ )
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Que é a fórmula do divergente definida anteriormente.

𝜋𝑦 𝜋𝑦
Problema 7: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = 5𝑥 2 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑥̂ + 2𝑧 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑦̂, determine o
2 2
divergente desse campo no ponto P(2,1,-1), em coordenadas retangulares.

Solução:
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜋𝑦 𝜋 𝜋𝑦
∇ ∙ 𝐹⃗ = 10𝑥 𝑠𝑒𝑛 ( ) + 2𝑧 (−𝑠𝑒𝑛 ( )) + 0
2 2 2
𝜋𝑦 𝜋𝑦
∇ ∙ 𝐹⃗ = 10𝑥 𝑠𝑒𝑛 ( ) − 𝑧𝜋 𝑠𝑒𝑛 ( )
2 2
No ponto P(2,1,-1):
𝜋∙1 𝜋∙1
∇ ∙ 𝐹⃗ = 10 ∙ 𝑠𝑒𝑛 ( ) − (−1) ∙ 𝜋 𝑠𝑒𝑛 ( )
2 2

∇ ∙ 𝐹⃗ = 10 + 𝜋 = 13,14

Que corresponde à taxa de variação (aumento) das linhas de fluxo (líquido) por unidade
de volume.

85
Eletromagnetismo I

Teorema da Divergência:

Temos que o fluxo líquido total através de um volume diferencial é dado por:

Ф𝐿𝑇 = ∇ ∙ 𝐹⃗ 𝑑𝑉

Ao considerarmos uma região fechada de volume 𝑉, temos que:

Ф𝐿𝑇 = ∭ ∇ ∙ 𝐹⃗ 𝑑𝑉
𝑉

Ф𝐿𝑇 = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆

Logo:

Ф𝐿𝑇 = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∭ ∇ ∙ 𝐹⃗ 𝑑𝑉
𝑆
𝑉

O Teorema da Divergência mostra que o fluxo líquido total (gerado por uma fonte
de campo vetorial) pode ser obtido por meio da integral fechada do campo vetorial
(medir o fluxo total que passa através da superfície ao redor da região) ou fazendo a
integral do divergente do campo vetorial (calcular o divergente que é a densidade
volumétrica de linhas de fluxo; seguida da integral ao longo da região que é o somatório
de todos esses elementos diferenciais de volume).

O Teorema da Divergência é também chamado de Teorema de Gauss.

86
Eletromagnetismo I

Problema 8: Considere uma região fechada delimitada por 0 ≤ 𝑥 ≤ 2, 1 ≤ 𝑦 ≤ 3 e 1 ≤


𝑧 ≤ 2. Dado uma fonte de campo vetorial 𝐹⃗ = 𝑥 2 𝑦 𝑥̂ + 𝑥𝑦𝑧 𝑦̂ + 3𝑦 2 𝑧̂ , determine o
fluxo líquido total (a) por meio da integral fechada e (b) por meio do Teorema da
Divergência.

Solução:

Observe a região no R3:

(a) por meio da integral fechada, temos:

Ф𝐿𝑇 = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆

Temos que calcular o fluxo através de cada uma das 6 superfícies:


2 3 2 3 2
𝑥2𝑦2 3
Ф𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = ∫ ∫ 𝐹𝑥 𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∫ ∫ 𝑥2𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∫ [ 𝑑𝑧 =
2 1
1 1 1 1 1
2
8𝑥 2 8𝑥 2 𝑧 2 8𝑥 2
=∫ 𝑑𝑧 = [ = [ = 16
2 2 1 2 𝑥=2
1

87
Eletromagnetismo I

2 3 2 3 2
𝑥2𝑦2 3
Ф𝑐𝑜𝑠𝑡𝑎 = ∫ ∫ 𝐹𝑥 (−𝑑𝑦𝑑𝑧) = − ∫ ∫ 𝑥2𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑧 = − ∫ [ 𝑑𝑧 =
2 1
1 1 1 1 1
2
8𝑥 2 8𝑥 2 𝑧 2 8𝑥 2
= −∫ 𝑑𝑧 = − [ =− [ =0
2 2 1 2 𝑥=0
1
2 2 2 2 2
𝑥 2 𝑦𝑧 2
Ф𝑑𝑖𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎 = ∫ ∫ 𝐹𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑧 = ∫ ∫ 𝑥𝑦𝑧 𝑑𝑥𝑑𝑧 = ∫ [ 𝑑𝑧 =
2 0
1 0 1 0 1
2
2
= ∫ 2𝑦𝑧 𝑑𝑧 = 𝑦𝑧 2 [ = 3𝑦 [ =9
1 𝑦=3
1
2 2 2 2 2
𝑥 2 𝑦𝑧 2
Ф𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑟𝑑𝑎 = ∫ ∫ 𝐹𝑦 (−𝑑𝑥𝑑𝑧) = − ∫ ∫ 𝑥𝑦𝑧 𝑑𝑥𝑑𝑧 = − ∫ [ 𝑑𝑧 =
2 0
1 0 1 0 1
2
2
= − ∫ 2𝑦𝑧 𝑑𝑧 = −𝑦𝑧 2 [ = −3𝑦 [ = −3
1 𝑦=1
1
3 2 3 2 2
2
Ф𝑡𝑜𝑝𝑜 = ∫ ∫ 𝐹𝑧 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ ∫ 3𝑦 2 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ 3𝑦 2 𝑥 [ 𝑑𝑦 =
0
1 0 1 0 1
3
3
= ∫ 6𝑦 2 𝑑𝑦 = 2𝑦 3 [ = 52 [ = 52
1 𝑧=2
1
3 2 3 2 2
2
Ф𝑏𝑎𝑠𝑒 = ∫ ∫ 𝐹𝑧 (−𝑑𝑥𝑑𝑦) = − ∫ ∫ 3𝑦 2 𝑑𝑥𝑑𝑦 = − ∫ 3𝑦 2 𝑥 [ 𝑑𝑦 =
0
1 0 1 0 1
3
3
= − ∫ 6𝑦 2 𝑑𝑦 = −2𝑦 3 [ = −52 [ = −52
1 𝑧=1
1

Ф𝐿𝑇 = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 16 + 0 + 9 − 3 + 52 − 52 = 22
𝑆

88
Eletromagnetismo I

(b) por meio do Teorema da Divergência, temos:

Ф𝐿𝑇 = ∭ ∇ ∙ 𝐹⃗ 𝑑𝑉
𝑉
2 3 2
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
Ф𝐿𝑇 = ∫ ∫ ∫ + + 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
1 1 0
2 3 2 2 3
𝑥2𝑧 2
Ф𝐿𝑇 = ∫ ∫ ∫ 2𝑥𝑦 + 𝑥𝑧 + 0 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∫ ∫ 𝑥 2 𝑦 + [ 𝑑𝑦𝑑𝑧 =
2 0
1 1 0 1 1
2 3 2 2
3
= ∫ ∫ 4𝑦 + 2𝑧 𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∫ 2𝑦 2 + 2𝑧𝑦 [ 𝑑𝑧 = ∫ 16 + 4𝑧 𝑑𝑧 =
1
1 1 1 1
2
= 16𝑧 + 2𝑧 2 [ = 16 + 6 = 22
1

Considere agora o campo vetorial em coordenadas cilíndricas dado por:


̂ + 𝐹𝑧 𝑧̂
𝐹⃗ = 𝐹𝑟 𝑟̂ + 𝐹ϕ ϕ

O operador divergente de um campo vetorial em coordenadas cilíndricas é definido


como:
1 𝜕(𝑟𝐹𝑟 ) 1 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧

89
Eletromagnetismo I

̂ + 2𝑟 𝑒 −5𝑧 𝑧̂ ,
Problema 9: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = 𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ)𝑟̂ + 𝑟 2 𝑐𝑜𝑠(ϕ)ϕ
determine o divergente desse campo no ponto P(1/2,π/2,0), em coordenadas cilíndricas.

Solução:
1 𝜕(𝑟𝐹𝑟 ) 1 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧
1 1
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝑟 2 (−𝑠𝑒𝑛(ϕ)) + 2𝑟 (−5) 𝑒 −5𝑧
𝑟 𝑟
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2 𝑠𝑒𝑛(ϕ) − 𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ) − 10𝑟 𝑒 −5𝑧

No ponto P(1/2,π/2,0):
π 1 π
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2 𝑠𝑒𝑛 ( ) − 𝑠𝑒𝑛 ( ) − 5 𝑒 0
2 2 2
1 7
∇ ∙ 𝐹⃗ = −3 − = −
2 2

Considere agora o campo vetorial em coordenadas esféricas dado por:

𝐹⃗ = 𝐹𝑅 𝑅̂ + 𝐹θ θ̂ + 𝐹ϕ ϕ
̂

O operador divergente de um campo vetorial em coordenadas esféricas é definido


como:
1 𝜕(𝑅2 𝐹𝑅 ) 1 𝜕(𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝐹θ ) 1 𝜕𝐹ϕ
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝑅2 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ

90
Eletromagnetismo I

Problema 10: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = (5/𝑅) 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑅̂ + 𝑅 𝜃̂ + 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 ϕ


̂,
determine o divergente desse campo no ponto P(1,π/2,π), em coordenadas esféricas.

Solução:
1 𝜕(𝑅2 𝐹𝑅 ) 1 𝜕(𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝐹θ ) 1 𝜕𝐹ϕ
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2 + +
𝑅 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
1 1
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2 5 𝑠𝑒𝑛 𝜃 + 𝑅 𝑐𝑜𝑠 𝜃 + 0
𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃
5 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑐𝑜𝑠 𝜃
∇ ∙ 𝐹⃗ = +
𝑅2 𝑠𝑒𝑛 𝜃
No ponto P(1,π/2,π):
5 𝑠𝑒𝑛 π/2 𝑐𝑜𝑠 π/2
∇ ∙ 𝐹⃗ = +
1 𝑠𝑒𝑛 π/2

∇ ∙ 𝐹⃗ = 5

Operador divergente para os sistemas de coordenadas:

Retangulares:
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Cilíndricas:
1 𝜕(𝑟𝐹𝑟 ) 1 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧

Esféricas:
1 𝜕(𝑅2 𝐹𝑅 ) 1 𝜕(𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝐹θ ) 1 𝜕𝐹ϕ
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2 + +
𝑅 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ

91
Eletromagnetismo I

Propriedades do operador divergente:

O operador divergente admite a propriedade distributiva, ou seja, para qualquer par de


vetores 𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ :

∇ ∙ (𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ ) = ∇ ∙ 𝐴⃗ + ∇ ∙ 𝐵
⃗⃗

Se

∇ ∙ 𝐴⃗ = 0

Então o campo vetorial 𝐴⃗ é denominado solenoidal.

Rotacional de um campo vetorial:

O rotacional de um campo vetorial calcula a circulação líquida do campo vetorial.


Podemos representar um campo vetorial como:

𝐹⃗ = 𝐹𝑛 𝑛̂ + 𝐹𝑡 𝑡̂

Enquanto o divergente de 𝐹⃗ é calculado sobre a componente normal à superfície


𝐹𝑛 , o rotacional de 𝐹⃗ é calculado sobre a componente tangencial à superfície 𝐹𝑡 .

É importante lembrar que a direção e sentido da rotação são dados pela Regra da
Mão Direita.

⃗⃗ é definida como
Para um contorno fechado C, a circulação de um campo vetorial 𝐵
⃗⃗ em torno do percurso C, ou seja:
a integral de linha de 𝐵

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗
Circulação = ∮ 𝐵
𝐶

⃗⃗ = 𝐵𝑜 𝑥̂, como mostrado a seguir:


Considere um campo uniforme 𝐵

92
Eletromagnetismo I

Fonte: ULABY, 2007.

Medindo a circulação no contorno retangular abcd, temos:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ =
Circulação = ∮ 𝐵
𝐶
𝑏 𝑐 𝑑 𝑎
= ∫ 𝐵𝑜 𝑥̂ ∙ 𝑑𝑥 𝑥̂ + ∫ 𝐵𝑜 𝑥̂ ∙ 𝑑𝑦 𝑦̂ + ∫ 𝐵𝑜 𝑥̂ ∙ 𝑑𝑥 𝑥̂ + ∫ 𝐵𝑜 𝑥̂ ∙ 𝑑𝑦 𝑦̂ =
𝑎 𝑏 𝑐 𝑑
𝑏 𝑑
= ∫ 𝐵𝑜 𝑑𝑥 + 0 + ∫ 𝐵𝑜 𝑑𝑥 + 0
𝑎 𝑐

= 𝐵𝑜 𝛥𝑥 − 𝐵𝑜 𝛥𝑥 = 0

Ou seja, a circulação de um campo uniforme é zero.

A figura a seguir mostra um ímã e as linhas de campo magnético:

Fonte: https://phet.colorado.edu/

93
Eletromagnetismo I

Note que, para qualquer que seja a superfície fechada ao redor desse ímã, a taxa de
variação das linhas de fluxo através dessa superfície sempre será igual a zero (pois a
quantidade de linhas que saem é igual a quantidade de linhas que entram). Isso significa
que o divergente desse campo é igual a zero. Por outro lado, como existe uma circulação
dessas linhas de campo, então o rotacional é diferente de 0.

É importante observar que a magnitude (módulo) da circulação do campo vetorial


⃗⃗
𝐵 depende do contorno escolhido. Considere a figura a seguir, em coordenadas
cilíndricas:

Fonte: ULABY, 2007.

Se o contorno escolhido for paralelo ao plano xy, então teremos uma circulação
diferente de 0. Por outro lado, se escolhermos um contorno perpendicular ao plano xy
(paralelo ao plano xz ou yz), então a circulação será nula (pois 𝑑𝑙⃗ não teria uma
componente ϕ̂ e a integral teria uma circulação líquida nula). Em outras palavras, o
⃗⃗ depende do contorno escolhido.
módulo da circulação de 𝐵

Além disso, a direção e sentido (orientação) do contorno determina se a circulação


é positiva (sentido anti-horário) ou negativa (sentido horário).

Assim, gostaríamos de escolher um contorno tal que a circulação do campo vetorial


fosse máxima (módulo) e com mesma direção e sentido do campo vetorial (orientação).
O operador rotacional é definido para acomodar essas propriedades. Ele fornece,
então, as informações sobre a máxima magnitude e orientação da circulação das linhas
de campo.

94
Eletromagnetismo I

Considere um campo vetorial em coordenadas retangulares:

𝐹⃗ = 𝐹𝑥 𝑥̂ + 𝐹𝑦 𝑦̂ + 𝐹𝑧 𝑧̂ = (𝐹𝑥 , 𝐹𝑦 , 𝐹𝑧 )

A direção do rotacional de 𝐹⃗ é 𝑛̂ (ou seja, é um vetor unitário normal à superfície


de circulação, que define o eixo de rotação), cuja direção e sentido são definidas pela
Regra da Mão Direita. Temos então que, em coordenadas retangulares, as três
componentes do rotacional são (componentes normais 𝑛̂):

𝑥̂ → se a rotação for no plano yz

𝑦̂ → se a rotação for no plano xz

𝑧̂ → se a rotação for no plano xy

É importante observar que o rotacional de um campo vetorial resulta em um campo


vetorial (isto é, um vetor definido para cada ponto), que representa a circulação no
entorno daquele ponto.

Vamos calcular apenas a componente na direção de 𝑥̂. Observe a seguir uma


superfície diferencial paralela ao plano yz:

Fonte: NAHVI-DEKHORDI e EDMINISTER, 2013.

Nesse caso, a componente normal estará na direção de 𝑥̂. Calculando a circulação



de 𝐹 , temos:

Circulação = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ =
𝐶

95
Eletromagnetismo I
2 𝜕𝐹𝑦 3
𝜕𝐹𝑧
= ∫ (𝐹𝑦 + ∙ 0) 𝑑𝑦 + ∫ (𝐹𝑧 + ∆𝑦) 𝑑𝑧 +
1 𝜕𝑧 2 𝜕𝑦
4 𝜕𝐹𝑦 1
𝜕𝐹𝑧
+ ∫ (𝐹𝑦 + ∆𝑧) 𝑑𝑦 + ∫ (𝐹𝑧 + ∙ 0) 𝑑𝑧
3 𝜕𝑧 4 𝜕𝑦
2 3 4 𝜕𝐹𝑦 1
𝜕𝐹𝑧
= ∫ 𝐹𝑦 𝑑𝑦 + ∫ (𝐹𝑧 + ∆𝑦) 𝑑𝑧 + ∫ (𝐹𝑦 + ∆𝑧) 𝑑𝑦 + ∫ 𝐹𝑧 𝑑𝑧 =
1 2 𝜕𝑦 3 𝜕𝑧 4

𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦
= 𝐹𝑦 ∆𝑦 + (𝐹𝑧 + ∆𝑦) ∆𝑧 + (𝐹𝑦 + ∆𝑧) (−∆𝑦) + 𝐹𝑧 (−∆𝑧) =
𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦
= ∆𝑦∆𝑧 − ∆𝑧∆𝑦 = ( − ) ∆𝑦∆𝑧
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑦 𝜕𝑧

Observe que apenas as componentes 𝐹𝑦 e 𝐹𝑧 contribuem para a circulação ao longo


desse contorno. Considerando as três componentes, temos:
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
Circulação = ( − ) ∆𝑦∆𝑧 𝑥̂ + ( − ) ∆𝑥∆𝑧 𝑦̂ + ( − ) ∆𝑥∆𝑦 𝑧̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

O rotacional de um campo vetorial em coordenadas retangulares é definido como:


𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑥̂ + ( − ) 𝑦̂ + ( − ) 𝑧̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Assim:

Circulação = ∇ × 𝐹⃗ ∙ ∆𝑆

Em que ∆𝑆 representa a área da superfície. O rotacional mede, então, a máxima


circulação líquida por unidade de área.

É importante observar que o rotacional é o produto vetorial do operador del com o


campo vetorial 𝐹⃗ .

96
Eletromagnetismo I

Representação matricial do rotacional:

Assim como o produto vetorial, o rotacional também pode ser escrito na forma
matricial, sendo o determinante da seguinte matriz:
𝑥̂ 𝑦̂ 𝑧̂
𝜕 𝜕 𝜕
∇ × 𝐹⃗ = || ||
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝐹𝑥 𝐹𝑦 𝐹𝑧

Observe que:
𝑥̂ 𝑦̂ 𝑧̂
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹
|| || = ( 𝑧 − 𝑦 ) 𝑥̂ + ( 𝑥 − 𝑧 ) 𝑦̂ + ( 𝑦 − 𝑥 ) 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝐹𝑥 𝐹𝑦 𝐹𝑧

Problema 11: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = 𝑥 2 + 𝑦 2 𝑥̂, determine o rotacional desse


campo no ponto P(0,1,2), em coordenadas retangulares.

Solução:
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑥̂ + ( − ) 𝑦̂ + ( − ) 𝑧̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = 𝑦̂ − 𝑧̂
𝜕𝑧 𝜕𝑦

∇ × 𝐹⃗ = 0 𝑦̂ − 2𝑦 𝑧̂

∇ × 𝐹⃗ = −2𝑦 𝑧̂

No ponto P(0,1,2):

∇ × 𝐹⃗ = −2 ∙ 1 𝑧̂ = −2 𝑧̂

97
Eletromagnetismo I

𝜋𝑦 𝜋𝑦
Problema 12: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = 5𝑥 2 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑥̂ + 2𝑧 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑦̂, determine
2 2
o rotacional desse campo no ponto P(2,1,-1), em coordenadas retangulares.

Solução:
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑥̂ + ( − ) 𝑦̂ + ( − ) 𝑧̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = − 𝑥̂ + 𝑦̂ + ( − ) 𝑧̂
𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜋𝑦 𝜋 𝜋𝑦
∇ × 𝐹⃗ = −2 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑥̂ + 0 𝑦̂ + (0 − 5𝑥 2 𝑐𝑜𝑠 ( )) 𝑧̂
2 2 2
𝜋𝑦 𝜋 𝜋𝑦
∇ × 𝐹⃗ = −2 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑥̂ − 5𝑥 2 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑧̂
2 2 2
No ponto P(2,1,-1):
𝜋 𝜋 𝜋
∇ × 𝐹⃗ = −2 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑥̂ − 5 ∙ 22 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑧̂ = 0
2 2 2

Considere agora o campo vetorial em coordenadas cilíndricas dado por:


̂ + 𝐹𝑧 𝑧̂
𝐹⃗ = 𝐹𝑟 𝑟̂ + 𝐹ϕ ϕ

O operador rotacional de um campo vetorial em coordenadas cilíndricas é definido


como:
1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑟 𝜕𝐹𝑧 1 𝜕(𝑟𝐹ϕ ) 𝜕𝐹𝑟
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑟̂ + ( − ̂+ (
)ϕ − ) 𝑧̂
𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ
𝑟̂ 𝑟ϕ̂ 𝑧̂
1 𝜕 𝜕 𝜕
∇ × 𝐹⃗ = || ||
𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧
𝐹𝑟 𝑟𝐹ϕ 𝐹𝑧

98
Eletromagnetismo I

Problema 13: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = 𝑟 𝑠𝑒𝑛(ϕ)𝑟̂ + 𝑟 2 𝑐𝑜𝑠(ϕ)𝑒 −5𝑧 ϕ̂ , determine o


rotacional desse campo no ponto P(1,π,0), em coordenadas cilíndricas.
Solução:
1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑟 𝜕𝐹𝑧 1 𝜕(𝑟𝐹ϕ ) 𝜕𝐹𝑟
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑟̂ + ( − ̂+ (
)ϕ − ) 𝑧̂
𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ
𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑟 1 𝜕(𝑟𝐹ϕ ) 𝜕𝐹𝑟
∇ × 𝐹⃗ = − 𝑟̂ + ̂+ (
ϕ − ) 𝑧̂
𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ
1
̂+
∇ × 𝐹⃗ = −𝑟 2 𝑐𝑜𝑠(ϕ)(−5)𝑒 −5𝑧 𝑟̂ + 0 ϕ (3𝑟 2 𝑐𝑜𝑠(ϕ)𝑒 −5𝑧 − 𝑟 𝑐𝑜𝑠(ϕ)) 𝑧̂
𝑟
∇ × 𝐹⃗ = 5𝑟 2 𝑐𝑜𝑠(ϕ)𝑒 −5𝑧 𝑟̂ + (3𝑟 𝑐𝑜𝑠(ϕ)𝑒 −5𝑧 − 𝑐𝑜𝑠(ϕ)) 𝑧̂

No ponto P(1,π,0):
∇ × 𝐹⃗ = 5 𝑐𝑜𝑠(π)𝑒 0 𝑟̂ + (3 𝑐𝑜𝑠(π)𝑒 0 − 𝑐𝑜𝑠(π)) 𝑧̂ = −5 𝑟̂ − 2 𝑧̂

Considere agora o campo vetorial em coordenadas esféricas dado por:

𝐹⃗ = 𝐹𝑅 𝑅̂ + 𝐹θ θ̂ + 𝐹ϕ ϕ
̂

O operador rotacional de um campo vetorial em coordenadas esféricas é definido


como:
1 𝜕(𝐹ϕ 𝑠𝑒𝑛θ) 𝜕𝐹θ 1 1 𝜕𝐹𝑅 𝜕(𝑅𝐹ϕ )
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑅̂ + ( − ) θ̂
𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕θ 𝜕ϕ 𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝜕𝑅
1 𝜕(𝑅𝐹θ ) 𝜕𝐹𝑅
+ ( − )ϕ̂
𝑅 𝜕𝑅 𝜕θ
𝑅̂ 𝑅θ̂ 𝑅𝑠𝑒𝑛θ ϕ̂
1 𝜕 𝜕 𝜕
∇ × 𝐹⃗ = 2 | |
𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 |𝜕𝑅 𝜕θ 𝜕ϕ |
𝐹𝑅 𝑅𝐹θ 𝑅𝑠𝑒𝑛θ 𝐹ϕ

99
Eletromagnetismo I

Problema 14: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = (5/𝑅) 𝑠𝑒𝑛 θ 𝑅̂, determine o rotacional desse
campo no ponto P(1,π,0), em coordenadas esféricas.

Solução:
1 𝜕(𝐹ϕ 𝑠𝑒𝑛θ) 𝜕𝐹θ 1 1 𝜕𝐹𝑅 𝜕(𝑅𝐹ϕ )
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑅̂ + ( − ) θ̂
𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕θ 𝜕ϕ 𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝜕𝑅
1 𝜕(𝑅𝐹θ ) 𝜕𝐹𝑅
+ ( − ̂

𝑅 𝜕𝑅 𝜕θ
1 1 𝜕𝐹𝑅 1 𝜕𝐹𝑅
∇ × 𝐹⃗ = θ̂ + (− ̂

𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝑅 𝜕θ
1 1 5
∇ × 𝐹⃗ = 0 θ̂ + (− 𝑐𝑜𝑠 θ) ϕ
̂
𝑅𝑠𝑒𝑛θ 𝑅 𝑅
5
∇ × 𝐹⃗ = − ̂
𝑐𝑜𝑠 θ ϕ
𝑅2
No ponto P(1,π,0):
5
∇ × 𝐹⃗ = − ̂
𝑐𝑜𝑠 π ϕ
12
̂
∇ × 𝐹⃗ = 5 ϕ

100
Eletromagnetismo I

Operador rotacional para os sistemas de coordenadas:

Retangulares:
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑥̂ + ( − ) 𝑦̂ + ( − ) 𝑧̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑥̂ 𝑦̂ 𝑧̂
𝜕 𝜕 𝜕
∇ × 𝐹⃗ = || ||
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝐹𝑥 𝐹𝑦 𝐹𝑧

Cilíndricas:
1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑟 𝜕𝐹𝑧 1 𝜕(𝑟𝐹ϕ ) 𝜕𝐹𝑟
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑟̂ + ( − ̂+ (
)ϕ − ) 𝑧̂
𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ
𝑟̂ 𝑟ϕ̂ 𝑧̂
1 𝜕 𝜕 𝜕
∇ × 𝐹⃗ = || ||
𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧
𝐹𝑟 𝑟𝐹ϕ 𝐹𝑧

Esféricas:
1 𝜕(𝐹ϕ 𝑠𝑒𝑛θ) 𝜕𝐹θ 1 1 𝜕𝐹𝑅 𝜕(𝑅𝐹ϕ )
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑅̂ + ( − ) θ̂
𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕θ 𝜕ϕ 𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝜕𝑅
1 𝜕(𝑅𝐹θ ) 𝜕𝐹𝑅
+ ( − )ϕ̂
𝑅 𝜕𝑅 𝜕θ
𝑅̂ 𝑅θ̂ 𝑅𝑠𝑒𝑛θ ϕ̂
1 𝜕 𝜕 𝜕
∇ × 𝐹⃗ = 2 | |
𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 |𝜕𝑅 𝜕θ 𝜕ϕ |
𝐹𝑅 𝑅𝐹θ 𝑅𝑠𝑒𝑛θ 𝐹ϕ

Propriedade do operador rotacional:

O operador vetorial admite a propriedade distributiva para quaisquer vetores 𝐴⃗ e 𝐵


⃗⃗ :

∇ × (𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ ) = ∇ × 𝐴⃗ + ∇ × 𝐵
⃗⃗

Se

∇ × 𝐴⃗ = 0

101
Eletromagnetismo I

Então o campo vetorial 𝐴⃗ é denominado conservativo ou uniforme.

O rotacional mede a máxima circulação líquida de um campo vetorial por unidade


de área (a área do contorno é orientada de forma que a circulação líquida seja máxima).

Podemos concluir então que a máxima circulação líquida de um campo vetorial


pode ser obtida por meio da integral do rotacional sobre a sua área, cuja fórmula é
conhecida como Teorema de Stokes.

Teorema de Stokes:

Podemos obter a circulação líquida de duas formas:

Circulação = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∬ ∇ × 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗


𝐶 𝑆

Podemos concluir então que:

∬ ∇ × 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗
𝑆 𝐶

Que é o Teorema de Stokes. Observe que o Teorema de Stokes converte a integral de


superfície do rotacional de um campo vetorial sobre a superfície S em uma integral de
linha ao longo do contorno C que envolve a superfície S.

O processo de conversão dado pelo Teorema de Stokes é realizado frequentemente


na solução de problemas de Eletromagnetismo. No caso de ∇ × 𝐹⃗ = 0, dizemos que o
campo vetorial 𝐹⃗ é conservativo ou uniforme, pois sua circulação (representada pelo
lado direito da equação) é igual a zero.

102
Eletromagnetismo I

Problema 15: Um campo vetorial é dado por 𝐹⃗ = 𝑐𝑜𝑠 ϕ/𝑟 𝑧̂ . Considere um segmento
de superfície cilíndrica definida por 𝑟 = 2, π/3 ≤ ϕ ≤ π/2, e 0 ≤ z ≤ 3. Determine a
máxima circulação líquida por meio do Teorema de Stokes, utilizando (a) o lado
esquerdo da fórmula e (b) o lado direito da fórmula.

A Figura a seguir ilustra a geometria do problema:

Solução:

(a) Utilizando o lado esquerdo:

Circulação = ∬ ∇ × 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆

1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑟 𝜕𝐹𝑧 1 𝜕(𝑟𝐹ϕ ) 𝜕𝐹𝑟


∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑟̂ + ( − ̂+ (
)ϕ − ) 𝑧̂
𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ
1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑧
∇ × 𝐹⃗ = 𝑟̂ − ̂
ϕ
𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑟
1 (−𝑠𝑒𝑛 ϕ) 𝑐𝑜𝑠 ϕ
∇ × 𝐹⃗ = 𝑟̂ − ̂
ϕ
𝑟 𝑟 𝑟2
𝑠𝑒𝑛 ϕ 𝑐𝑜𝑠 ϕ
∇ × 𝐹⃗ = − 2 𝑟̂ + ̂
ϕ
𝑟 𝑟2
3 π/2
𝑠𝑒𝑛 ϕ 𝑐𝑜𝑠 ϕ
Circulação = ∬ ∇ × 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ ∫ (− 𝑟̂ + ̂ ) ∙ 𝑟𝑑ϕ𝑑𝑧 𝑟̂ =
ϕ
𝑆 𝑟2 𝑟2
0 π/3

3 π/2 3 π/2
𝑠𝑒𝑛 ϕ 𝑠𝑒𝑛 ϕ
= ∫ ∫ − 2 𝑟𝑑ϕ𝑑𝑧 = ∫ ∫ − 𝑑ϕ𝑑𝑧 =
𝑟 𝑟
0 π/3 0 π/3

103
Eletromagnetismo I

3 3
𝑐𝑜𝑠 ϕ π/2 1 1 3 3
=∫ [ 𝑑𝑧 = ∫ − 𝑑𝑧 = − 𝑧 [ = −
𝑟 π/3 2𝑟 2𝑟 0 2𝑟
0 0

Como r = 2:
3
Circulação = −
4
(b) Utilizando o lado direito:

Circulação = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗
𝐶

A superfície S é envolvida pelo contorno C = abcd, como mostrado na figura da


geometria. A direção de C é escolhida de forma que seja compatível com a superfície
normal 𝑟̂ pela Regra da Mão Direita. Assim:
𝑏 𝑐 𝑑 𝑎
∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∫ 𝐹⃗𝑎𝑏 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐹⃗𝑏𝑐 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐹⃗𝑐𝑑 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐹⃗𝑑𝑎 ∙ 𝑑𝑙⃗
𝐶 𝑎 𝑏 𝑐 𝑑

em que 𝐹⃗𝑎𝑏, 𝐹⃗𝑏𝑐 , 𝐹⃗𝑐𝑑 e 𝐹⃗𝑑𝑎 são as expressões para o campo 𝐹⃗ calculadas para os
segmentos ab, bc, cd e da, respectivamente.

Como os segmentos ab e cd tem direção dada por 𝑑𝑙⃗ = 𝑟𝑑ϕ ϕ ̂ , o produto escalar com
𝐹⃗𝑎𝑏 e 𝐹⃗𝑐𝑑 (cuja direção é dada por 𝑧̂ , ou seja, 𝐹⃗𝑎𝑏 = 𝐹⃗𝑐𝑑 = 𝑐𝑜𝑠 ϕ/𝑟 𝑧̂ ) é zero. Logo:
𝑐 𝑎
∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∫ 𝐹⃗𝑏𝑐 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐹⃗𝑑𝑎 ∙ 𝑑𝑙⃗
𝐶 𝑏 𝑑

No segmento bc, ϕ = π/2, portanto 𝐹⃗𝑏𝑐 = 𝑐𝑜𝑠 (π/2)/𝑟 𝑧̂ = 0. Enquanto no segmento


1
da, ϕ = π/3, portanto 𝐹⃗𝑏𝑐 = 𝑐𝑜𝑠 (π/3)/𝑟 𝑧̂ = 𝑧̂ . Além disso, 𝑑𝑙⃗ = 𝑑z ẑ. Assim:
2𝑟
𝑎 0 0
1 1
Circulação = ∮ 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∫ 𝐹⃗𝑑𝑎 ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∫ 𝑧̂ ∙ 𝑑z ẑ = ∫ 𝑑z =
𝐶 𝑑 3 2𝑟 3 2𝑟
1 0 3
= 𝑧[ = −
2𝑟 3 2𝑟
Como r = 2:
3
Circulação = −
4
Que é o mesmo resultado calculado para o lado esquerdo do Teorema de Stokes.

104
Eletromagnetismo I

Sucessivas aplicações dos operadores vetoriais:

É possível realizar sucessivas aplicações dos operadores vetoriais. Sobre o


rotacional, há duas propriedades frequentemente utilizadas:

1) O divergente do rotacional de um campo vetorial resulta em um escalar zero:

∇ ∙ (∇ × 𝐹⃗ ) = 0

para qualquer campo vetorial 𝐹⃗ . Enquanto o divergente considera a componente


do campo vetorial normal à superfície, o rotacional considera a componente tangencial
à superfície, por isso o resultado é zero.

As linhas de campo que atravessam a superfície não contribuem para a circulação


e vice-versa (as linhas de campo que circulam a superfície não contribuem para o fluxo).

Problema 16: Dado o campo vetorial 𝐹⃗ = (5/𝑅) 𝑠𝑒𝑛 θ 𝑅̂, determine o rotacional desse
campo em coordenadas esféricas. Em seguida calcule o divergente.

Solução: Esse enunciado é o mesmo do Problema 14, cujo resultado é:


5
∇ × 𝐹⃗ = − ̂
𝑐𝑜𝑠 θ ϕ
𝑅2
O divergente desse campo vetorial é dado por:
1 𝜕(𝑅2 𝐹𝑅 ) 1 𝜕(𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝐹θ ) 1 𝜕𝐹ϕ
∇ ∙ (∇ × 𝐹⃗ ) = + +
𝑅2 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
1 𝜕𝐹ϕ
∇ ∙ (∇ × 𝐹⃗ ) =
𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
1
∇ ∙ (∇ × 𝐹⃗ ) = 0
𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃
∇ ∙ (∇ × 𝐹⃗ ) = 0

Ou seja, o divergente do rotacional de um campo vetorial é igual a zero.

105
Eletromagnetismo I

2) O rotacional do gradiente de um campo escalar resulta em um vetor zero:

∇ × (∇𝑇) = 0

para qualquer campo escalar 𝑇. Como o vetor gradiente é perpendicular à


superfície, o rotacional do gradiente é igual a zero.

Problema 17: Determine o gradiente do campo escalar 𝑉(𝑅, θ, ϕ) = (𝑎2 /𝑅2 )𝑐𝑜𝑠(2θ).
Em seguida, determine o seu rotacional.

Solução: Esse enunciado é o mesmo do Problema 6, cujo resultado é:


−2𝑎2 2𝑎2
∇𝑉 = 3 𝑐𝑜𝑠(2θ)𝑅̂ − 3 𝑠𝑒𝑛(2θ)θ̂
𝑅 𝑅
O rotacional desse campo vetorial é dado por:
1 𝜕(𝐹ϕ 𝑠𝑒𝑛θ) 𝜕𝐹θ 1 1 𝜕𝐹𝑅 𝜕(𝑅𝐹ϕ )
∇ × (∇𝑉) = ( − ) 𝑅̂ + ( − ) θ̂
𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕θ 𝜕ϕ 𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝜕𝑅
1 𝜕(𝑅𝐹θ ) 𝜕𝐹𝑅
+ ( − )ϕ ̂
𝑅 𝜕𝑅 𝜕θ
1 𝜕𝐹θ 1 1 𝜕𝐹𝑅 1 𝜕(𝑅𝐹θ ) 𝜕𝐹𝑅
∇ × (∇𝑉) = (− ) 𝑅̂ + θ̂ + ( − ̂

𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝑅 𝜕𝑅 𝜕θ
1 1 1 1 4𝑎2 4𝑎2
∇ × (∇𝑉) = 0 𝑅̂ + 0 θ̂ + ( 3 𝑠𝑒𝑛(2θ) − 3 𝑠𝑒𝑛(2θ)) ϕ
̂
𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝑅 𝑅 𝑅
1
∇ × (∇𝑉) = 0 𝑅̂ + 0 θ̂ + ̂

𝑅
∇ × (∇𝑉) = (0,0,0)

Ou seja, o rotacional do gradiente de um campo escalar é igual a vetor nulo.

3) O divergente do gradiente de um campo escalar:

∇2 𝑇 = ∇ ∙ (∇𝑇)

Esse operador é conhecido como Laplaciano Escalar. O símbolo ∇2 é


pronunciado “del ao quadrado”. No sistema de coordenadas retangulares é dado por:
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇2 𝑇 = ∇ ∙ (∇𝑇) = ( 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂ ) ∙ ( 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂ )
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

106
Eletromagnetismo I
𝜕2𝑇 𝜕2𝑇 𝜕2𝑇
∇2 𝑇 = + +
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2

O Laplaciano escalar no sistema de coordenadas cilíndricas é dado por:


1𝜕 𝜕𝑇 1 𝜕2𝑇 𝜕2𝑇
∇2 𝑇 = (𝑟 ) + 2 +
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ2 𝜕𝑧 2

E no sistema de coordenadas esféricas é dado por:


1 𝜕 𝜕𝑇 1 𝜕 𝜕𝑇 1 𝜕2𝑇
∇2 𝑇 = 2 (𝑅 2 ) + 2 (𝑠𝑒𝑛 𝜃 ) + 2
𝑅 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ2
2

4) O Laplaciano de um vetor:

O Laplaciano escalar pode ser usado para definir o Laplaciano de um vetor.


Considere um vetor em coordenadas retangulares:

𝐹⃗ = 𝐹𝑥 𝑥̂ + 𝐹𝑦 𝑦̂ + 𝐹𝑧 𝑧̂

O Laplaciano de 𝐹⃗ é definido como:


𝜕2 𝜕2 𝜕2
∇2 𝐹⃗ = ( + + ) 𝐹⃗ = ∇2 𝐹𝑥 𝑥̂ + ∇2 𝐹𝑦 𝑦̂ + ∇2 𝐹𝑧 𝑧̂
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2

Ou seja, é o Laplaciano escalar da componente x do campo vetorial na direção de


𝑥̂ mais o Laplaciano da componente y do campo vetorial na direção de 𝑦̂ mais o
Laplaciano da componente z do campo vetorial na direção de 𝑧̂ . Portanto, em
coordenadas retangulares, o Laplaciano de um vetor resulta em um campo vetorial cujas
componentes são os Laplacianos das componentes do vetor.

Por meio de substituições, pode-se demonstrar que:

∇2 𝐹⃗ = ∇(∇ ∙ 𝐹⃗ ) − ∇ × (∇ × 𝐹⃗ )

Essas propriedades envolvendo os operadores vetoriais são muito utilizadas em


Eletromagnetismo.

107
Eletromagnetismo I

Resumo dos operadores vetoriais

Sistema de
Operador Fórmula
Coordenadas
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
Retangulares Gradiente ∇𝑇 = 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
Divergente ∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑥̂ + ( − ) 𝑦̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥
Rotacional 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
+ ( − ) 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕2𝑇 𝜕2𝑇 𝜕2𝑇
Laplaciano escalar ∇2 𝑇 = 2 + 2 + 2
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

𝜕𝑇 1 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑟̂ + ̂+
ϕ 𝑧̂
Cilíndricas Gradiente 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧
1 𝜕(𝑟𝐹𝑟 ) 1 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑧
Divergente ∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧
1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑟 𝜕𝐹𝑧
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑟̂ + ( − )ϕ̂
𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑟
Rotacional 1 𝜕(𝑟𝐹ϕ ) 𝜕𝐹𝑟
+ ( − ) 𝑧̂
𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ
2 2
1𝜕 𝜕𝑇 1 𝜕 𝑇 𝜕 𝑇
Laplaciano escalar ∇2 𝑇 = (𝑟 ) + 2 2 + 2
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧

𝜕𝑇 1 𝜕𝑇 1 𝜕𝑇
Esféricas Gradiente ∇𝑇 = 𝑅̂ + θ̂ + ̂
ϕ
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
1 𝜕(𝑅2 𝐹𝑅 ) 1 𝜕(𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝐹θ )
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2 +
𝑅 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ
Divergente 1 𝜕𝐹ϕ
+
𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
1 𝜕(𝐹ϕ𝑠𝑒𝑛θ) 𝜕𝐹θ
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑅̂
𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕θ 𝜕ϕ
1 1 𝜕𝐹𝑅 𝜕(𝑅𝐹ϕ )
Rotacional + ( − ) θ̂
𝑅 𝑠𝑒𝑛θ 𝜕ϕ 𝜕𝑅
1 𝜕(𝑅𝐹θ ) 𝜕𝐹𝑅
+ ( − )ϕ̂
𝑅 𝜕𝑅 𝜕θ
1 𝜕 𝜕𝑇 1 𝜕 𝜕𝑇
∇2 𝑇 = 2 (𝑅2 ) + 2 (𝑠𝑒𝑛 𝜃 )
𝑅 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝜕θ
Laplaciano escalar 1 𝜕2𝑇
+ 2
𝑅 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 𝜕ϕ2

108
Eletromagnetismo I

Nessa Unidade finalizamos a nossa revisão sobre a álgebra e o cálculo vetorial,


cujas equações são fundamentais para o estudo do Eletromagnetismo. Na próxima
Unidade, começaremos o estudo dos parâmetros elétricos, iniciando pela Eletrostática.

109
Eletromagnetismo I

Exercícios – Unidade 2

1) O valor do campo escalar 𝑉(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 5 − 3𝑥 3 − 2𝑦 2 𝑧 no ponto P(1,0,2) é


igual a:

a) -4.

b) -2.

c) 0.

d) 2.

e) 4.

⃗⃗(𝑟, ϕ, 𝑧) = (𝑟 2 𝑠𝑒𝑛(3ϕ) , 1 −
2) O vetor no ponto P(-2,0,3) do campo vetorial 𝑉
2𝑧 cos(2ϕ) , 𝑟 2 + 𝑧 2 ) em coordenadas cilíndricas é:

a) (4 , -5 , 5).

b) (-5 , 0 , 4).

c) (0 , -5 , 13).

d) (-5 , 4 , 0).

e) (4 , 5 , -5).

110
Eletromagnetismo I

3) O gradiente do campo escalar 𝑇(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 𝑦 2 − 4𝑧𝑦 3 + 4 no ponto P(0,-2,1)


em coordenadas retangulares é igual a:

a) −48𝑦̂ + 32𝑧̂ .

b) −48𝑦̂.

c) 15𝑥̂ + 35𝑧̂ .

d) 35𝑥̂.

e) −48𝑧̂ .

4) O gradiente do campo escalar 𝑉(𝑅, θ, ϕ) = 𝑉𝑜 (𝑎2 /𝑅)𝑐𝑜𝑠(2θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) no ponto


P(a, π/2 , π/2) em coordenadas esféricas é igual a:
2
a) − 𝑅̂.
𝑎

b) −𝑉𝑜 𝑅̂ − 2𝑉𝑜 θ̂.

c) −𝑉𝑜 /𝑎 𝑅̂ − 2𝑉𝑜 /𝑎 θ̂.

d) 𝑉𝑜 θ̂ + 2𝑉𝑜 /𝑎 ϕ
̂.

e) 𝑉𝑜 𝑅̂.

5) O divergente do campo vetorial 𝐹⃗ = 3𝑥 2 𝑥̂ + 2𝑧 𝑦̂ + 𝑥 2 𝑧 𝑧̂ no ponto P(2, -2 ,


0) em coordenadas retangulares é igual a:

a) 10.

b) 16.

c) 0.

d) -10.

e) 10 𝑥̂.

111
Eletromagnetismo I

̂ no
6) O divergente do campo vetorial 𝐹⃗ = (𝑎3 /𝑟 2 ) cos(ϕ) 𝑟̂ + (𝑎3 /𝑟 2 ) 𝑠𝑒𝑛(ϕ) ϕ
ponto P(a/2 , π , 0) em coordenadas cilíndricas é igual a:

a) 10.

b) 16.

c) 0.

d) -10.

e) 10 𝑟̂ .

7) O rotacional do campo vetorial 𝐹⃗ = 𝑦 𝑐𝑜𝑠(a𝑥) 𝑥̂ + (𝑦 + 𝑒 𝑥 ) 𝑧̂ no ponto


P(0,0,0) em coordenadas retangulares é igual a:

a) 1 𝑥̂ − 1 𝑦̂ − 1 𝑧̂ .

b) 1 𝑥̂ − 1 𝑧̂ .

c) 2 𝑥̂ + 3 𝑧̂ .

d) −1 𝑥̂ + 2 𝑦̂.

e) 0.

8) O rotacional do campo vetorial 𝐹⃗ = 5 𝑟 𝑠𝑒𝑛 (ϕ) 𝑧̂ no ponto P(2,π,0) em


coordenadas cilíndricas é igual a:
̂.
a) 5 𝑟̂ − 5 ϕ

b) 1 𝑟̂ − 5 𝑧̂ .

c) 5 𝑟̂ − 5 𝑧̂ .

d) −5 𝑟̂

e) 0.

112
Eletromagnetismo I

Considere o seguinte campo vetorial em coordenadas esféricas para as


questões 9 e 10:
⃗⃗ = (𝟐/𝑹𝟐 ) 𝒄𝒐𝒔(𝛉) 𝑹
𝑭 ̂
̂ + (𝟐/𝑹𝟑 ) 𝛉

9) Determine o divergente desse campo vetorial.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

10) Considere uma região esférica, delimitada pelo raio 1 ≤ 𝑅 ≤ 2 e pelos ângulos
0 ≤ θ ≤ 𝜋/2 e 0 ≤ ϕ ≤ 2𝜋. Calcule o fluxo total através dessa região por meio do
Teorema da Divergência.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

113
Eletromagnetismo I

3 Campo Eletrostático

114
Eletromagnetismo I

Nesta Unidade, estudaremos os conceitos básicos sobre os campos Eletrostáticos,


incluindo o campo elétrico, a força elétrica e o potencial elétrico. Vamos aprender as
expressões que relacionam esses parâmetros, as quais são aplicações de álgebra e
cálculo vetorial que vimos nas Unidades anteriores.

Objetivos da unidade:

Aprender os conceitos fundamentais sobre carga elétrica, força elétrica e campo


elétrico e suas relações.

Demonstrar a obtenção do campo elétrico através da Lei do Fluxo de Gauss.

Apresentar os modelos, fórmulas e expressões para o potencial elétrico, energia


potencial e diferença de potencial.

Plano da unidade:

Considerações iniciais sobre o eletromagnetismo.

Carga elétrica: fonte de campo eletromagnético.

Força elétrica: força de interação entre cargas.

Campo elétrico.

Lei do Fluxo de Gauss.

Potencial Eletrostático.

Dipolo Elétrico.

Bons estudos!

115
Eletromagnetismo I

Introdução ao estudo dos metais

Considerações iniciais sobre o eletromagnetismo

O universo físico é governado por quatro forças fundamentais da natureza:

1. A força nuclear: é a mais forte das quatro, porém está limitada a sistemas
submicroscópicos (núcleos dos átomos).
2. A força eletromagnética: a intensidade é da ordem de 10-2 da força nuclear,
sendo a força dominante entre os sistemas microscópios, como átomos e
moléculas (ligações químicas).
3. A força de interação fraca: a intensidade é de apenas 10-14 da força nuclear,
desempenhando um papel na interação que envolve partículas radioativas.
4. A força gravitacional: é a mais fraca das quatro, porém é a força dominante
em sistemas macroscópicos, tal como o sistema solar.

O nosso interesse está voltado para a força eletromagnética e suas consequências.


A força eletromagnética consiste em uma força elétrica e uma força magnética. A força
elétrica e a força gravitacional são semelhantes, com a diferença de: enquanto a fonte
de campo gravitacional é a massa, a fonte de campo elétrico é a carga elétrica.

Tanto o campo elétrico quanto o campo gravitacional são inversamente


proporcionais ao quadrado da distância a partir de suas respectivas fontes, contudo a
carga elétrica pode ter polaridade positiva ou negativa, ao passo que a massa não
apresenta essa propriedade.

Muitos dispositivos e sistemas eletrônicos são baseados nos princípios da


Eletrostática, como equipamentos de raios X, osciloscópios, displays de cristal líquido
(LCD), muitos dispositivos de estado sólido usados para controle, no projeto de
sensores de diagnóstico médico (como eletrocardiograma e eletroencefalograma) e
inúmeras aplicações industriais.

Além disso, a Eletrostática é uma introdução ao estudo de campos variantes no


tempo, que aprenderemos em Eletromagnetismo II.

116
Eletromagnetismo I

Nessa Unidade iniciaremos o estudo da Eletrostática, que são os fenômenos


elétricos estacionários (que tem por fonte cargas estacionárias, ou seja, estáticas, as
quais não variam no tempo). O objetivo dessa Unidade é determinar o campo
eletrostático em dada região de interesse, conhecida a fonte do campo (carga elétrica
em repouso).

Carga elétrica: fonte de campo eletromagnético

A carga elétrica é uma propriedade da matéria, assim como a massa. A carga


elétrica é portanto uma grandeza fundamental. Sabemos a partir da física quântica que
toda a matéria contém nêutrons, prótons (carga elétrica positiva) e elétrons (carga
elétrica negativa). A quantidade fundamental de carga corresponde à carga elétrica de
um elétron, indicado pela letra e. A unidade de carga elétrica é Coulomb (C), em
homenagem ao cientista Chales Augstin Coulomb (1736-1806). A intensidade
(módulo) da carga elétrica é:

𝑒 = 1,6 ∙ 10−19 C

A carga de um único elétron é negativa (𝑞𝑒 = −𝑒), enquanto um próton tem carga
elétrica igual em módulo mas de polaridade oposta (𝑞𝑝 = 𝑒).

As cargas elétricas podem ser pontuais (também chamadas de puntiformes) ou


contínuas. A Figura a seguir apresenta cargas elétricas pontuais em uma região de
interesse:

117
Eletromagnetismo I

É importante ressaltar que a dimensão física de cada carga elétrica é muito menor
do que a distância entre elas e o ponto de interesse P (ou seja, podemos desprezar a
“dimensão da carga elétrica”).

As cargas elétricas contínuas são distribuídas ao longo de um volume, de uma


superfície ou de uma linha.

Se as cargas elétricas estiverem em movimento, as distribuições de cargas elétricas


passam a ser distribuições de correntes elétricas.

Considere uma região do espaço preenchida com um número imenso de cargas


separadas por distâncias diminutas (diferencial). Essa distribuição de partículas muito
pequenas pode ser substituída por uma distribuição contínua e suave descrita por uma
densidade volumétrica de carga [C/m3]. A densidade volumétrica de um elemento
diferencial de volume é definida como:
𝑑𝑞
𝜌𝑉 =
𝑑𝑉
em que 𝑑𝑞 é um elemento diferencial de carga elétrica em um elemento diferencial
de volume 𝑑𝑉. Assim, considerando a distribuição da densidade de carga elétrica
𝜌𝑉 (𝑥, 𝑦, 𝑧), a carga total em um dado volume V é obtida a partir de:

118
Eletromagnetismo I

Q = ∭ 𝜌𝑉 𝑑𝑉
𝑉

Considerando o sistema de coordenadas retangulares (um retângulo carregado


eletricamente):

Q = ∭ 𝜌𝑉 (𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝑉

Considerando o sistema de coordenadas cilíndricas (um cilindro carregado


eletricamente):

Q = ∭ 𝜌𝑉 (𝑟, 𝜙, 𝑧) 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜙𝑑𝑧
𝑉

Considerando o sistema de coordenadas esféricas (uma esfera carregada


eletricamente):

Q = ∭ 𝜌𝑉 (𝑅, 𝜃, 𝜙) 𝑅2 𝑑𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝜙
𝑉

Problema 1: Determine a carga elétrica total contida em um feixe de elétrons de 2 cm


de comprimento em um cilindro de 1 cm de raio, como mostrado na figura a seguir:

119
Eletromagnetismo I

Considere a densidade volumétrica de carga elétrica dada por:


2𝑧
𝜌𝑉 (𝑟, 𝜙, 𝑧) = −5 ∙ 10−3 ∙ 𝑒 −10

Solução:

Q = ∭ 𝜌𝑉 (𝑟, 𝜙, 𝑧) 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜙𝑑𝑧
𝑉
0,04 2𝜋 0,01
2𝑧
Q = ∫ ∫ ∫ −5 ∙ 10−3 ∙ 𝑒 −10 𝑟 𝑑𝑟𝑑𝜙𝑑𝑧 =
0,02 0 0
0,04 2𝜋 0,04 2𝜋
2 𝑟 2 0,01 2
= −5 ∙ 10−3 ∫ ∫ 𝑒 −10 𝑧 [ 𝑑𝜙𝑑𝑧 = −2,5 ∙ 10−7 ∫ ∫ 𝑒 −10 𝑧 𝑑𝜙𝑑𝑧 =
2 0
0,02 0 0,02 0
0,04 0,04
2 2𝜋 2
= −2,5 ∙ 10−7 ∫ 𝑒 −10 𝑧 𝜙[ 𝑑𝑧 = −5𝜋 ∙ 10−7 ∫ 𝑒 −10 𝑧 𝑑𝑧 =
0
0,02 0,02
2
𝑒 −10 𝑧0,04 2 0,04
= −5𝜋 ∙ 10−7 [ = 5𝜋 ∙ 10−9 𝑒 −10 𝑧 [ = −1,84 pC
−102 0,02 0,02

Em alguns casos, em particular quando lidamos com condutores, as cargas elétricas


podem ser distribuídas ao longo da superfície do material, possuindo uma densidade
superficial de cargas [C/m2]. Nesse caso, a carga elétrica total em uma dada superfície
S é obtida a partir de

Q = ∬ 𝜌𝑆 𝑑𝑆
𝑆

Os elementos diferenciais de área, para cada superfície de cada sistema de


coordenada foram dados no início da Unidade 2.

120
Eletromagnetismo I

Problema 2: O disco circular de cargas elétricas, mostrado na figura a seguir, possui


uma densidade superficial de carga de simetria azimutal que aumenta linearmente com
o raio r a partir de 0 C/m2 do centro (r = 0 cm) até 6 C/m2 na extremidade (r = 3 cm):

Determine a densidade de carga superficial. Em seguida, determine a carga elétrica total


presente na superfície do disco.

Solução:

Como a densidade é simétrica em relação ao ângulo de azimute 𝜙, a sua função depende


apenas de r sendo dada por:
6𝑟
𝜌𝑆 = = 2 ∙ 102 𝑟
0,03

A carga total é:
2𝜋 0,03 2𝜋
𝑟 3 0,03
Q = ∬ 2 ∙ 102 𝑟 𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝜙 = 2 ∙ 102 ∫ ∫ 𝑟 2 𝑑𝑟 𝑑𝜙 = 2 ∙ 102 ∫ [ 𝑑𝜙 =
3 0
𝑆 0 0 0
2𝜋
2𝜋
= 1,8 ∙ 10−3 ∫ 1 𝑑𝜙 = 1,8 ∙ 10−3 𝜙 [ = 0,01131 = 11,31 mC
0
0

De forma similar, se a carga elétrica for distribuída ao longo de uma linha (que não
precisa ser reta), caracterizamos a distribuição em termos da densidade linear de cargas
[C/m]. Nesse caso, a carga elétrica total em uma dada linha L é obtida a partir de:

121
Eletromagnetismo I

Q = ∫ 𝜌𝑙 𝑑𝑙
𝐿

Problema 3: Calcule a carga elétrica total contida em um tubo cilíndrico de cargas


orientadas ao longo do eixo z, conforme mostrado na figura, em que a densidade linear
de cargas é dada por 𝜌𝑙 = 2𝑧 e o comprimento do cubo é de 10 cm:

Solução:
0,1
2𝑧 2 0,1
Q = ∫ 𝜌𝑙 𝑑𝑙 = ∫ 2𝑧 𝑑𝑧 = [ = 0,01 C
2 0
𝐿 0

Força elétrica: força de interação entre cargas

Os experimentos de Coulomb demonstraram que:

1. Duas cargas de mesmo sinal (polaridade) se repelem, enquanto cargas de


sinais (polaridades) opostos se atraem.

2. A força elétrica age ao longo da linha que une as cargas.

3. A intensidade (módulo) da força elétrica é proporcional ao produto dos


módulos das cargas elétricas e inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre elas.

Essas propriedades constituem a chamada Lei de Coulomb, a qual é expressa


matematicamente pela seguinte equação:

122
Eletromagnetismo I
1 𝑞1 𝑞2
𝐹⃗𝑒21 = ̂
2 𝑅12
4𝜋ϵo 𝑅12

Em que 𝐹⃗𝑒21 é a força elétrica exercida pela carga elétrica 𝑞1 sobre a carga elétrica
𝑞2 , R12 é a distância entre as duas cargas, 𝑅̂12 é um vetor unitário que aponta da carga
𝑞1 para a carga 𝑞2 e ϵo é a permissividade elétrica no espaço livre, tal que ϵo = 8,85x10-
12 farad por metro (F/m). Considera-se que as cargas elétricas estejam no espaço livre
(vácuo) e que estejam isoladas da ação de outras cargas elétricas (são desprezadas as
ações de cargas que estejam fora da região de observação). A figura a seguir ilustra a
Lei de Coulomb:

É importante observar que a força elétrica 𝐹⃗𝑒12 consiste na força elétrica que age
na carga 𝑞1 devido à carga 𝑞2 , e que ela é igual em módulo e direção a 𝐹⃗𝑒21 , porém com
sentido oposto:

𝐹⃗𝑒12 = −𝐹⃗𝑒21

A Lei de Coulomb é válida apenas para cargas pontuais (partículas carregadas) e a


objetos que podem ser tratados (considerados) cargas pontuais (por aproximação). No
caso de objetos macroscópicos, em que as cargas podem estar distribuídas de modo
simétrico ou assimétrico, precisamos recorrer às integrais (como vimos na seção
anterior).

Uma vez que as cargas não variam no tempo (são estacionárias), a força elétrica
dada pela Lei de Coulomb pode ser chamada de “força elétrica estática”, ou então força
eletrostática.

123
Eletromagnetismo I

Problema 4: Determine o módulo da força eletrostática, em kN, exercida por uma carga
elétrica 𝑞1 = 4 μC sobre uma carga elétrica 𝑞2 = 2 μC situada a uma distância R = 2
mm.

Solução:
1 𝑞1 𝑞2 4 ∙ 10−6 ∙ 2 ∙ 10−6
|𝐹⃗𝑒21 | = 2 = = 1,798 ∙ 104 = 17,98 kN
4𝜋ϵo 𝑅12 4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ (2 ∙ 10−3 )2

A Lei de Coulomb pode ser reescrita em termos do vetor unitário da seguinte


forma:
1 𝑞𝑄
𝐹⃗𝑒 = 𝑅̂
4𝜋ϵo 𝑅 2
1 𝑞𝑄 𝑟⃗ − 𝑟⃗′
𝐹⃗𝑒 =
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|2 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|
1 𝑞𝑄
𝐹⃗𝑒 = (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3

Em que 𝑄 é a carga de prova, que é a carga elétrica na posição onde estamos


medindo a força elétrica, 𝑞 é a carga da fonte, que é a carga elétrica que está atuando
sobre a carga de prova, 𝑟⃗ é a posição da carga de prova 𝑄 e 𝑟⃗′ é a posição da carga da
fonte 𝑞.

124
Eletromagnetismo I

Problema 5: Considere uma carga elétrica 𝑞1 = 3x10-4 C posicionada em O(1,2,3) m e


uma carga elétrica 𝑞2 = -10-4 C posicionada em P(2,0,5) m, ambas no vácuo. Determine
a força elétrica exercida em 𝑞2 por 𝑞1 .

Solução:

Temos:

𝑄 = −10−4

𝑞 = 3 ∙ 10−4

𝑟⃗ = (2,0,5)

𝑟⃗′ = (1,2,3)

𝑟⃗ − 𝑟⃗′ = (2,0,5) − (1,2,3) = (1, −2,2) = 1𝑥̂ − 2𝑦̂ + 2𝑧̂

|𝑟⃗ − 𝑟⃗′ | = √12 + (−2)2 + 22 = 3

Assim:
1 𝑞𝑄 3 ∙ 10−4 ∙ (−10−4 )
𝐹⃗𝑒 = 3
(𝑟⃗ − 𝑟⃗′) = (1𝑥̂ − 2𝑦̂ + 2𝑧̂ )
|𝑟

4𝜋ϵo − 𝑟 ⃗′| 4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 33

𝐹⃗𝑒 = −10 ∙ (1𝑥̂ − 2𝑦̂ + 2𝑧̂ ) = −10𝑥̂ + 20𝑦̂ − 20𝑧̂ N

Observe que a força pode ser escrita da seguinte forma:


−1𝑥̂ + 2𝑦̂ − 2𝑧̂
𝐹⃗𝑒 = |𝐹⃗𝑒 |𝑅̂ = 30 ∙ ( )N
3

Considerando um conjunto finito de cargas pontuais (isto é, o domínio é discreto).


A força elétrica resultante em 𝑄 devido a 𝑛 cargas elétricas pontuais é igual ao
somatório das forças elétricas exercidas por cada uma das cargas elétricas:
𝑛

𝐹⃗𝑒 = ∑ 𝐹⃗𝑒𝑖
𝑖=1
1 𝑞𝑖 𝑄
𝐹⃗𝑒𝑖 = (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo − 𝑟⃗𝑖 ′|3
|𝑟

Em que 𝑟⃗𝑖 ′ é a posição da carga elétrica 𝑞𝑖 . Assim:

125
Eletromagnetismo I
𝑛
𝑄 𝑞𝑖
𝐹⃗𝑒 = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑖=1

Problema 6: Quatro cargas elétricas de 10 μC são colocadas no espaço livre em (-3,0,0),


(3,0,0), (0,-3,0) e (0,3,0) em um sistema de coordenadas retangulares (todas as
distâncias estão em metros). Determine a força elétrica sobre uma carga de 20 μC
colocada em (0,0,4).

Solução:

𝑟⃗ − 𝑟⃗1′ = (0,0,4) − (−3,0,0) = (3,0,4)

𝑟⃗ − 𝑟⃗2′ = (0,0,4) − (3,0,0) = (−3,0,4)

𝑟⃗ − 𝑟⃗3′ = (0,0,4) − (0, −3,0) = (0,3,4)

𝑟⃗ − 𝑟⃗4′ = (0,0,4) − (0,3,0) = (0, −3,4)


4
𝑄 𝑞𝑖
𝐹⃗𝑒 = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑖=1

20 ∙ 10−6 10 ∙ 10−6 10 ∙ 10−6


𝐹⃗𝑒 = −12 ∙[ 3
(3,0,4) + (−3,0,4)
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10 5 53
10 ∙ 10−6 10 ∙ 10−6
+ 3 (0,3,4) + (0, −3,4)]
5 53
20 ∙ 10−6 10 ∙ 10−6
𝐹⃗𝑒 = −12 ∙ (0,0,16) = (0 , 0 , 0,23) = 0,23 𝑧̂ N
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10 53

As equações da Lei de Coulomb que vimos até aqui são válidas para um sistema
de cargas elétricas pontuais (domínio discreto), de modo que as cargas são finitas
(contáveis). Contudo, em sistemas reais, as cargas elétricas são distribuídas ao longo de
um volume, superfície ou linha, devendo então introduzir o conceito de densidade de
carga elétrica a esses sistemas.

No domínio discreto, temos:


𝑛
𝑄 𝑞𝑖
𝐹⃗𝑒 = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo ⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
|𝑟
𝑖=1

126
Eletromagnetismo I

No domínio contínuo, o termo 𝑞𝑖 é substituído por 𝑑𝑞 e o somatório é substituído


por uma integral (vamos calcular o “somatório” de infinitos elementos diferenciais de
carga elétrica), resultando em:

𝑄 (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
𝐹⃗𝑒 = ∫ 𝑑𝑞
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3

Assim, a força elétrica resultante de uma distribuição de carga elétrica volumétrica


é dada por:

𝑑𝑞 = 𝜌𝑉 𝑑𝑉′

𝑄 (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
𝐹⃗𝑒 = ∭ 𝜌𝑉 𝑑𝑉′
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑉

A força elétrica resultante de uma distribuição de carga elétrica superficial é dada


por:

𝑑𝑞 = 𝜌𝑆 𝑑𝑆′

𝑄 (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
𝐹⃗𝑒 = ∬ 𝜌𝑆 𝑑𝑆′
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑆

A força elétrica resultante de uma distribuição de carga elétrica linear é dada por:

𝑑𝑞 = 𝜌𝑙 𝑑𝑙′

𝑄 (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
𝐹⃗𝑒 = ∫ 𝜌𝑙 𝑑𝑙′
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝐿

Nessa seção estudamos a Lei de Coulomb em sua forma discreta e contínua. Na


próxima seção estudaremos o Campo Elétrico e sua relação com a força elétrica e a
carga elétrica. Essa relação permitirá obtermos a força elétrica calculada a partir do
campo elétrico.

127
Eletromagnetismo I

Campo elétrico

A carga elétrica é a fonte de campo elétrico. Em uma região de observação existe


um campo elétrico se, em cada ponto dessa região, puder ser detectada a presença de
uma força elétrica. Portanto carga elétrica, força elétrica e campo elétrico são grandezas
elétricas que se relacionam entre si. O campo elétrico pode ser obtido a partir da força
elétrica e da carga elétrica por meio da seguinte equação:

𝐹⃗𝑒
𝐸⃗⃗ =
𝑄

Em que 𝐹⃗𝑒 é a força elétrica e 𝑄 é a carga de prova no ponto de interesse (no ponto
em que se deseja obter o campo elétrico). É importante observar que no caso de
estarmos lidando com uma força eletrostática, então o campo elétrico obtido é dito
campo eletrostático. A força elétrica poderia ser obtida também da seguinte forma:

𝐹⃗𝑒 = 𝐸⃗⃗ 𝑄

Essa equação evidencia que, após obtermos o campo elétrico gerado por uma carga
elétrica q (chamada de carga fonte), podemos obter a força elétrica (multiplicando-se o
campo elétrico pela carga elétrica Q presente no ponto de interesse). Essa equação é
válida tanto para cargas elétricas pontuais quanto para cargas elétricas contínuas.

-Campo elétrico de cargas pontuais:

Considerando a equação da força elétrica entre duas cargas pontuais (Lei de


Coulomb), podemos obter a equação do campo elétrico de uma carga pontual:

𝐹⃗𝑒 1 𝑞𝑄
𝐸⃗⃗ = = (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝑄 4𝜋ϵo 𝑄|𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
1 𝑞
𝐸⃗⃗ = (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3

A unidade do campo elétrico pode ser tanto volt por metro (V/m) quanto newton
por coulomb (N/C). Observe que basta existir uma única carga elétrica pontual q
(denominada carga fonte ou carga geradora) para que o campo elétrico 𝐸⃗⃗ exista.

128
Eletromagnetismo I

A presença do campo elétrico, no entanto, só é revelada se uma força elétrica for


exercida sobre outra carga elétrica Q (denominada carga de prova ou carga teste), que
é colocada no ponto onde se deseja medir o campo elétrico.

A figura a seguir ilustra as linhas de campo elétrico devido a uma carga q:

Observe que as características vetoriais do campo elétrico são semelhantes às


características vetoriais da força elétrica: enquanto o sentido da força elétrica depende
dos sinais da carga fonte e prova, o sentido do campo elétrico depende exclusivamente
do sinal da carga fonte (caso o sinal da carga elétrica seja positivo, as linhas de campo
elétrico terão sentido “para fora” da carga; por outro lado caso o sinal da carga elétrica
seja negativo, as linhas de campo elétrico terão sentido “para dentro” da carga).

129
Eletromagnetismo I

Dessa forma, o sentido do vetor campo elétrico no ponto de interesse dependerá


do sinal da carga fonte, como mostrado na figura a seguir:

Observe que o vetor campo elétrico é sempre tangente à linha de campo (em
qualquer que seja o ponto de interesse).

Problema 7: Uma carga elétrica pontual 𝑞 = 2x10-5 C é colocada no espaço livre em


(1,3,-1), no sistema de coordenadas retangulares. Determine (a) o campo elétrico em
(3,1,-2) e (b) a força elétrica em uma carga de 8x10 -5 C localizada no referido ponto.
Todas as distâncias estão em metros.

Solução:

(a)

𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ = (3,1, −2) − (1,3, −1) = (2, −2, −1) = 2𝑥̂ − 2𝑦̂ − 1𝑧̂

|𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ | = √22 + (−2)2 + (−1)2 = 3

Assim:
1 𝑞 2 ∙ 10−5
𝐸⃗⃗ = (𝑟
⃗ − ⃗′)
𝑟 = (2𝑥̂ − 2𝑦̂ − 1𝑧̂ )
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3 4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 33
(2𝑥̂ − 2𝑦̂ − 1𝑧̂ )
𝐸⃗⃗ = 6,66 ∙ 103 ∙ (2𝑥̂ − 2𝑦̂ − 1𝑧̂ ) V/m = 19,98 ∙ 103 ∙ V/m
3
(b)

𝐹⃗𝑒 = 𝐸⃗⃗ 𝑄
(2𝑥̂ − 2𝑦̂ − 1𝑧̂ ) (2𝑥̂ − 2𝑦̂ − 1𝑧̂ )
𝐹⃗𝑒 = 19,98 ∙ 103 ∙ 8 ∙ 10−5 ∙ = 1,6 ∙ N
3 3

130
Eletromagnetismo I

A figura a seguir mostra as linhas de campo elétrico de duas partículas com cargas
elétricas positivas iguais:

Observe que nesse caso as linhas de campo são curvas, mas as regras paras o campo
elétrico continuam as mesmas:

1. O vetor campo elétrico em qualquer ponto é tangente à linha de campo que


passa por esse ponto (e tem o mesmo sentido que a linha de campo);

2. Quanto menos espaçadas estiverem as linhas de campo, maior será o módulo


do campo elétrico naquele ponto.

A figura mostra também o vetor campo elétrico em um ponto do espaço (o vetor


campo elétrico é tangente à linha de campo que passa pelo ponto). O desenho não
transmite a ideia de que as partículas se repelem?

Uma carga elétrica exibe duas propriedades fundamentais:

1. A carga elétrica resultante não pode ser nem criada e nem destruída (lei da
conservação da carga elétrica).

2. O vetor campo elétrico resultante em um ponto devido a um conjunto de


cargas elétricas pontuais é igual a soma dos vetores campo elétrico devido a
cada carga no referido ponto (princípio da superposição linear).

O segundo princípio permite obtermos o campo elétrico resultante a partir do


somatório de cada campo elétrico:

131
Eletromagnetismo I
𝑛

𝐸⃗⃗ = ∑ 𝐸⃗⃗𝑖
𝑖=1

1 𝑞𝑖
𝐸⃗⃗𝑖 = (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3

Assim:
𝑛
1 𝑞𝑖
𝐸⃗⃗ = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑖=1

Problema 8: Duas cargas elétricas pontuais 𝑞1 = 2x10-5 C e 𝑞2 = -4x10-5 C são colocadas


no espaço livre em (1,3,-1) e (-3,1,-2), respectivamente, no sistema de coordenadas
retangulares. Determine (a) o campo elétrico em (3,1,-2) e (b) a força elétrica em uma
carga de 8x10-5 C localizada no referido ponto. Todas as distâncias estão em metros.

Solução:

(a)

𝑟⃗ − 𝑟⃗1′ = (3,1, −2) − (1,3, −1) = (2, −2, −1)

𝑟⃗ − 𝑟⃗2′ = (3,1, −2) − (−3,1, −2) = (6,0,0)


2
1 𝑞𝑖
𝐸⃗⃗ = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑖=1

1 2 ∙ 10−5 4 ∙ 10−5
𝐸⃗⃗ = −12 ∙[ 3
(2, −2, −1) − (6,0,0)]
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10 3 63
1
𝐸⃗⃗ = ∙ (0,037 , −0,148 , −0,074) ∙ 10−5
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12

𝐸⃗⃗ = 8,99 ∙ 104 ∙ (0,037 , −0,148 , −0,074) V/m

(b)

𝐹⃗𝑒 = 𝐸⃗⃗ 𝑄

𝐹⃗𝑒 = 8,99 ∙ 104 ∙ (0,037 , −0,148 , −0,074) ∙ 8 ∙ 10−5

𝐹⃗𝑒 = 7,192 ∙ (0,037 , −0,148 , −0,074) N

132
Eletromagnetismo I

Laboratório Virtual para o Campo Elétrico:

Podemos utilizar o seguinte laboratório virtual para simular medidas de campo elétrico
gerado por cargas pontuais:

https://phet.colorado.edu/sims/html/charges-and-fields/latest/charges-and-fields_pt_BR.html

Experimente colocar duas ou três cargas elétricas (positivas e/ou negativas) e detecte o
valor do campo (por meio do sensor) em algum ponto. Consegue calcular o vetor campo
elétrico com a fórmula?

Por exemplo: Vamos experimentar colocar uma carga positiva (1 nC) no centro (0,0),
uma negativa (-1 nC) 1 metro para cima (0,1) e outra carga positiva (1 nC) 2 metros
para a direita (2,0). Em seguida, vamos colocar o sensor entre as duas cargas positivas,
no ponto (1,0). A figura a seguir ilustra o que deve ser feito:

Observe que a intensidade do campo elétrico é igual a 4,46 V/m e que o ângulo desse
vetor campo elétrico é igual a 134,8 graus (faça você mesmo e anote o valor que você
encontrar).

Agora vamos tentar calcular o vetor campo elétrico resultante a partir da fórmula:

𝑟⃗ − 𝑟⃗1′ = (1,0) − (0,0) = (1,0)

𝑟⃗ − 𝑟⃗2′ = (1,0) − (0,1) = (1, −1)

𝑟⃗ − 𝑟⃗3′ = (1,0) − (2,0) = (−1,0)


3
1 𝑞𝑖
𝐸⃗⃗ = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑖=1

133
Eletromagnetismo I

1 1 ∙ 10−9 1 ∙ 10−9
𝐸⃗⃗ = ∙ [ (1,0) − (1, −1)
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 13 √2
3

1 ∙ 10−9
+ (−1,0)]
13
1 1 ∙ 10−9 (1, −1) (−1,1)
𝐸⃗⃗ = − −12 ∙ ∙ = 4,5 ∙ V/m
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10 2 √2 √2
1/√2
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 135 graus
−1/√2

-Campo elétrico de distribuições contínuas de cargas:

No caso de a carga elétrica ser continuamente distribuída em um volume (ou área


ou comprimento), devemos recorrer às equações para as distribuições contínuas de
cargas elétricas:

𝑑𝑞 = 𝜌𝑉 𝑑𝑉

𝑑𝑞 = 𝜌𝑆 𝑑𝑆

𝑑𝑞 = 𝜌𝑙 𝑑𝑙

O campo elétrico diferencial medido no ponto P devido a uma carga diferencial dq


é dado por:
1 𝑑𝑞
𝑑𝐸⃗⃗ = (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
4𝜋ϵo ⃗ − 𝑟⃗′|3
|𝑟

A Figura a seguir ilustra o campo elétrico devido a uma distribuição volumétrica


de cargas:

134
Eletromagnetismo I

Aplicando o princípio da superposição linear, o campo elétrico total (somatório


dos infinitos elementos diferenciais de carga) pode ser obtido pela integração dos
campos gerados por todas as cargas que compõem a distribuição de cargas:
1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝑑𝑞
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3

Se as cargas estiverem distribuídas por um volume (distribuição volumétrica de


cargas), o campo elétrico total é dado por:

1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∭ 𝜌𝑉 𝑑𝑉
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝑉

Se as cargas estiverem distribuídas por uma superfície (distribuição superficial de


cargas), o campo elétrico total é dado por:

1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∬ 𝜌𝑆 𝑑𝑆
4𝜋ϵo ⃗ − 𝑟⃗′|3
|𝑟
𝑆

Se as cargas estiverem distribuídas por uma linha (distribuição linear de cargas), o


campo elétrico total é dado por:

1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 𝑑𝑙
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝐿

É importante destacar que os elementos diferenciais de volume, área ou


comprimento dependem do sistema de coordenadas ortogonais utilizado.

A seguir veremos alguns dos exemplos clássicos de Eletromagnetismo para


obtenção do campo elétrico:

1-Campo elétrico de um anel de cargas (ou espira de carga):

Considere um anel muito fino de raio b com densidade linear de carga elétrica 𝜌𝑙
uniforme e positiva, posicionado no espaço livre no plano xy:

135
Eletromagnetismo I

Fonte: ULABY, 2007.

Vamos determinar a intensidade do campo elétrico em um ponto de altura h ao


longo do eixo z, ou seja, em um ponto (0,0,h).

Solução: Observe que o objetivo desse problema é calcular o campo elétrico em


um ponto ao longo do eixo do anel, para uma distância h a partir do centro do anel.

Considerando o campo elétrico gerado pelo segmento diferencial do anel (como o


segmento 1, mostrado na Figura), temos que o segmento tem comprimento 𝑑𝑙 = 𝑏 𝑑ϕ
e contém a carga elétrica 𝑑𝑞 = 𝜌𝑙 𝑑𝑙 = 𝜌𝑙 𝑏 𝑑ϕ.

Além disso, o vetor distância a partir do segmento 1 até o ponto de interesse (0,0,h)
é dado por:

𝑟⃗ − 𝑟⃗′ = (0 𝑟̂ + ℎ 𝑧̂ ) − (𝑏 𝑟̂ + 0 𝑧̂ ) = −𝑏 𝑟̂ + ℎ 𝑧̂

|𝑟⃗ − 𝑟⃗′| = √(−𝑏)2 + 𝑧 2

Assim, temos que o campo elétrico é dado por:

1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 𝑑𝑙′
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝐿
2𝜋
1 −𝑏 𝑟̂ + ℎ 𝑧̂
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 𝑏 𝑑ϕ
4𝜋ϵo ((−𝑏)2 + ℎ2 )3/2
0

Observe a figura a seguir, destacando dois segmentos:

136
Eletromagnetismo I

Note que o segmento 2 é diametralmente oposto ao segmento 1. Por conta disso, o


campo elétrico gerado pelo segmento 2 (𝑑𝐸⃗⃗2) é idêntico ao campo elétrico gerado pelo
segmento 1 (𝑑𝐸⃗⃗1), exceto que a componente 𝑟̂ de 𝑑𝐸⃗⃗2 é oposta à de 𝑑𝐸⃗⃗𝑎 . Portanto, as
componentes 𝑟̂ se cancelam, enquanto que as componentes 𝑧̂ se somam. Observe que
essa abordagem é válida para qualquer que sejam os dois segmentos (para todo
segmento haverá um segmento diametralmente oposto), por isso podemos cancelar (por
simetria) a contribuição da componente 𝑟̂ :
2𝜋
1 ℎ 𝑧̂
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 𝑏 𝑑ϕ
4𝜋ϵo ((−𝑏) + ℎ2 )3/2
2
0

1 𝜌𝑙 2𝜋𝑏 ℎ 𝑧̂
𝐸⃗⃗ =
4𝜋ϵo (𝑏2 + ℎ2 )3/2

Assim, o campo elétrico ao longo do eixo de um anel carregado é dado por:


𝜌𝑙 𝑏 ℎ
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂
2ϵo (𝑏2 + ℎ2 )3/2

Sabemos que a carga elétrica total, nesse caso, é dada por:

𝑄 = 𝜌𝑙 2𝜋𝑏

Substituindo:
1 𝜌𝑙 2𝜋𝑏 ℎ 𝑧̂
𝐸⃗⃗ =
4𝜋ϵo (𝑏2 + ℎ2 )3/2
1 𝑄 ℎ 𝑧̂
𝐸⃗⃗ =
4𝜋ϵo (𝑏2 + ℎ2 )3/2

137
Eletromagnetismo I

Que é a fórmula do campo elétrico evidenciando a carga elétrica total da fonte.

Considere agora que o ponto de interesse está muito distante, ou seja, que ℎ ≫ 𝑏.
Nesse caso:
1 𝑄 ℎ 𝑧̂
𝐸⃗⃗ =
4𝜋ϵo (ℎ2 )3/2
𝑄 ℎ 𝑧̂
𝐸⃗⃗ =
4𝜋ϵo ℎ3

Que é a fórmula para a carga elétrica pontual. Em outras palavras, à medida que
nos afastamos do anel, a equação para o campo elétrico se aproxima daquela utilizada
para a carga pontual. Isso significa que, nesse caso, o anel se aproxima a um ponto (uma
carga pontual) quando a distância h for muito grande.

Esse resultado é razoável, já que, visto de uma grande distância, o anel “parece”
uma carga pontual.

Problema 9: Considere um anel muito fino de raio b = 1 mm com densidade linear de


carga elétrica 𝜌𝑙 = 2x10-4 C/m, posicionado no espaço livre. Determine o campo elétrico
em um ponto h = 5 m situado no eixo do anel.

Solução:
𝜌𝑙 𝑏 ℎ
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂
2ϵo (𝑏2 + ℎ2 )3/2
2 ∙ 10−4 ∙ 1 ∙ 10−3 ∙ 5
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂
2 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ ((1 ∙ 10−3 )2 + 52 )3/2
5 ∙ 105
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂ = 2,26 ∙ 103 𝑧̂ V/m
8,85 ∙ (10−6 + 25)3/2

Observe que, como ℎ ≫ 𝑏, poderíamos considerar o anel como uma carga pontual, e
obter o campo elétrico utilizando a fórmula para a carga pontual (confira!).

138
Eletromagnetismo I

Problema 10: Calcular o campo elétrico de um disco circular de cargas. Nesse problema,
vamos determinar o campo elétrico no mesmo ponto (0,0,h), situado no espaço livre ao
longo do eixo z (que é o eixo do disco), devido a um disco circular de cargas no plano
xy com densidade superficial de carga uniforme e positiva:

Solução:

Observe que um segmento do disco consiste em um anel de raio r e largura dr. Logo,
esse segmento tem uma área 𝑑𝑆 = 2𝜋𝑟 𝑑r e contém a carga elétrica 𝑑𝑞 = 𝜌𝑆 𝑑𝑆 =
𝜌𝑆 2𝜋𝑟 𝑑r.

Podemos obter a equação do campo elétrico para o disco a partir da equação do anel
substituindo b por r e considerando a integral ao longo do raio. Assim:

1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∬ 𝜌𝑆 𝑑𝑆
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝑆
2𝜋 𝑎 𝑎
1 ℎ 𝑧̂ 𝜌𝑆 𝑟 ℎ
𝐸⃗⃗ = ∫ ∫ 𝜌𝑆 2 𝑟𝑑𝑟𝑑ϕ 𝑧̂ = ∫ 𝑑𝑟 𝑧̂
4𝜋ϵo (𝑟 + ℎ2 )3/2 2ϵo (𝑟 2 + ℎ2 )3/2
0 0 0

𝑢= 𝑟2 + ℎ2

𝑑𝑢 = 2𝑟𝑑𝑟
𝜌𝑆 ℎ 𝜌𝑆 ℎ 3 𝜌𝑆 ℎ 1 𝜌𝑆 ℎ 1 a
𝐸⃗⃗ = ∫ 3 𝑑𝑢 𝑧̂ = ∫ 𝑢−2 𝑑𝑢 𝑧̂ = − 𝑧̂ = − [ 𝑧̂ =
4ϵo 2ϵo √𝑢 2ϵo √𝑟 2 + ℎ2 0
4ϵo 𝑢2

139
Eletromagnetismo I
𝜌𝑆 ℎ 1 𝜌𝑆 ℎ 1 𝜌𝑆 ℎ
=− + 𝑧̂ = (1 − ) 𝑧̂
2ϵo √𝑎2 + ℎ2 2ϵo √0 + ℎ2 2ϵo √𝑎 + ℎ2
2

𝜌𝑆 ℎ
𝐸⃗⃗ = (1 − ) 𝑧̂
2ϵo √𝑎 + ℎ2
2

2-Campo elétrico de um plano infinito de cargas:

Considere um plano infinito carregado com uma densidade superficial de carga


elétrica 𝜌𝑆 uniforme e positiva, posicionado no espaço livre no plano xy:

Fonte: https://www3.ufpe.br/

Vamos determinar a intensidade do campo elétrico em um ponto qualquer de altura


h acima do plano infinito.

Observe que podemos considerar o plano infinito como sendo um disco (do
problema 10) de raio a infinito. Fazendo a tender a infinito na equação do disco, temos:
𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂
2ϵo

Que é a equação do campo elétrico acima do plano infinito. É importante observar


que, as linhas de campo elétrico devem estar apontando para fora do plano infinito (pois
a densidade de carga elétrica é positiva). Portanto, o campo elétrico será positivo em
qualquer ponto acima do plano e negativo em qualquer ponto abaixo do plano, assim:
𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = ± 𝑧̂
2ϵo

Note que o campo elétrico é constante (é o mesmo), não importa o valor da altura
h. A única alteração é no seu sentido, que é positivo acima do plano e negativo abaixo

140
Eletromagnetismo I

do plano (se a densidade de carga fosse negativa, o campo elétrico seria negativo acima
do plano e positivo abaixo do plano).

Problema 11: Considere um plano infinito com densidade superficial 𝜌𝑆 = 10-9 C/m2,
posicionado no espaço livre. Determine (a) o campo elétrico em um ponto abaixo desse
plano e (b) a força elétrica em uma carga q = 5 nC situada abaixo desse plano.

Solução:

(a)
𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = − 𝑧̂
2ϵo
10−9
𝐸⃗⃗ = − 𝑧̂ = −56,5 𝑧̂ V/m
2 ∙ 8,85 ∙ 10−12

(b)

𝐹⃗𝑒 = 𝐸⃗⃗ 𝑄 = −56,5 ∙ 5 ∙ 10−9 𝑧̂ = −282,5 ∙ 10−9 𝑧̂ N

Considere agora dois planos infinitos paralelos, o primeiro com densidade de carga
elétrica positiva e o segundo com densidade de carga elétrica negativa:
𝜌𝑆 𝜌𝑆 𝜌𝑆 𝜌𝑆 𝜌𝑆 𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = − 𝑧̂ + 𝑧̂ 𝐸⃗⃗ = 𝑧̂ + 𝑧̂ 𝐸⃗⃗ = 𝑧̂ − 𝑧̂
2ϵo 2ϵo 2ϵo 2ϵo 2ϵo 2ϵo

𝜌
𝐸⃗⃗ = 0 𝐸⃗⃗ = 𝑆 𝑧̂ 𝐸⃗⃗ = 0
ϵo

Ou seja, o campo elétrico entre as duas placas paralelas e infinitas é dado por:

141
Eletromagnetismo I
𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂
ϵo

E é nulo (𝐸⃗⃗ = 0) na região externa.

Problema 12: Uma folha infinita carregada uniformemente com uma densidade
superficial 𝜌𝑆 = 10-9 C/m2 está situada em z = 0 (plano xy). Outra folha infinita com
densidade 𝜌𝑆 = -10-9 C/m2 está situada em z = 2 m. Determine o campo elétrico em
todas as regiões.

Solução:
𝜌𝑆 10−9
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂ = 𝑧̂ = 113 𝑧̂ V/m, para 0 < z < 2
ϵo 8,85 ∙ 10−12

𝐸⃗⃗ = 0, para z < 0 ou z > 2

3-Campo elétrico de um fio infinito carregado:

Considere um fio infinito carregado com uma densidade linear de carga elétrica 𝜌𝑙
uniforme e positiva, posicionado no espaço livre ao longo do eixo z:

Considerando o campo elétrico gerado por um segmento diferencial de fio, temos


que o segmento tem comprimento 𝑑𝑙 = 𝑑z e contém a carga elétrica 𝑑𝑞 = 𝜌𝑙 𝑑𝑙 =
𝜌𝑙 𝑑𝑧.

Vamos determinar a intensidade do campo elétrico em um ponto qualquer a uma


distância de raio r do fio infinito.

Considere que o ponto de interesse está sobre o plano xy (ou seja, em z = 0), assim:

𝑟⃗ − 𝑟⃗′ = (𝑟 𝑟̂ + 0 𝑧̂ ) − (0 𝑟̂ + 𝑧 𝑧̂ ) = 𝑟 𝑟̂ − 𝑧 𝑧̂

142
Eletromagnetismo I

|𝑟⃗ − 𝑟⃗′| = √𝑟 2 + 𝑧 2

Assim, temos que o campo elétrico é dado por:

1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 𝑑𝑙
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝐿
+∞
1 𝑟 𝑟̂ − 𝑧 𝑧̂
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 2 𝑑𝑧
4𝜋ϵo (𝑟 + 𝑧 2 )3/2
−∞

Observe que a componente 𝑧̂ do campo elétrico de um segmento diferencial de


altura h é anulada pela componente 𝑧̂ do campo elétrico de um segmento diferencial de
altura –h. Dessa forma, a componente 𝑧̂ é anulada para qualquer que seja a altura h:
+∞
1 𝑟 𝑟̂
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 2 𝑑𝑧
4𝜋ϵo (𝑟 + 𝑧 2 )3/2
−∞
+∞
𝜌𝑙 𝑟 1
𝐸⃗⃗ = ∫ 2 𝑑𝑧 𝑟̂
4𝜋ϵo (𝑟 + 𝑧 2 )3/2
−∞

Considere a seguinte integral:


1 𝑢
∫ 𝑑𝑢 =
(𝑎2 + 𝑢2 )3/2 𝑎2 √𝑎2 + 𝑢2

Temos então que:

𝑟=𝑎

𝑧=𝑢

𝑑𝑧 = 𝑑𝑢

Assim:
+∞
𝜌𝑙 𝑟 1 𝜌𝑙 𝑟 𝑧 𝜌𝑙 𝑧 +∞
𝐸⃗⃗ = ∫ 3 𝑑𝑢 𝑟̂ = 𝑟̂ = [ 𝑟̂ =
4𝜋ϵo 4𝜋ϵo 𝑟 2 √𝑟 2 + 𝑧 2 4𝜋ϵo 𝑟 √𝑟 2 + 𝑧 2 −∞
−∞ (𝑎2 + 𝑢 2 )2
𝜌𝑙 𝜌𝑙
= + 𝑟̂
4𝜋ϵo𝑟 4𝜋ϵo 𝑟
𝜌𝑙
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂
2𝜋ϵo 𝑟

143
Eletromagnetismo I

Que é a equação do campo elétrico em um ponto (r, ϕ,z) qualquer, gerado por um
fio infinito situado no eixo z.

Problema 13: Considere um fio infinito com densidade linear 𝜌𝑙 = 3x10-8 C/m,
posicionado no espaço livre ao longo do eixo z. Determine (a) o campo elétrico no
ponto (3,π,5) em coordenadas cilíndricas (em metros) e (b) a força elétrica em uma
carga q = 8 mC situada nesse ponto.

Solução:

(a)
𝜌𝑙
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂
2𝜋ϵo 𝑟
3 ∙ 10−8
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂ = 179,83 𝑟̂ V/m
2 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 3

(b)

𝐹⃗𝑒 = 𝐸⃗⃗ 𝑄 = 179,83 ∙ 8 ∙ 10−3 𝑟̂ = 1,44 𝑟̂ N

Problema 14: Calcular o campo elétrico de um fio finito carregado. Nesse problema,
vamos determinar o campo elétrico em um ponto qualquer devido a um fio finito situado
no eixo z, de comprimento –L/2 < z < L/2 (comprimento L) com densidade linear de
carga uniforme e positiva.

Solução:

𝑟⃗ − 𝑟⃗′ = (𝑟 𝑟̂ + ℎ 𝑧̂ ) − (0 𝑟̂ + 𝑧 𝑧̂ ) = 𝑟 𝑟̂ − (ℎ − 𝑧) 𝑧̂

|𝑟⃗ − 𝑟⃗′| = √𝑟 2 + (ℎ − 𝑧)2

Assim, temos que o campo elétrico é dado por:

1 (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 𝑑𝑙
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝐿
𝐿/2
1 𝑟 𝑟̂ − (ℎ − 𝑧) 𝑧̂
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 2 𝑑𝑧
4𝜋ϵo (𝑟 + (ℎ − 𝑧)2 )3/2
−𝐿/2

144
Eletromagnetismo I

Para simplificar, vamos fazer a substituição:

𝑢=ℎ−𝑧

𝑑𝑢 = −𝑑𝑧
𝐿/2
1 −𝑟 𝑟̂ + 𝑢 𝑧̂
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝜌𝑙 3 𝑑𝑢 =
4𝜋ϵo
−𝐿/2 (𝑟 2 + 𝑢2 )2

𝜌𝑙 𝑢 𝑧̂ 𝑟 𝑟̂
= [∫ 2 𝑑𝑢 − ∫ 2 𝑑𝑢 ]
4𝜋ϵo (𝑟 + 𝑢2 )3/2 (𝑟 + 𝑢2 )3/2

Temos que:

𝑢 1 1 L/2
∫ 3 𝑑𝑢 =− =− [ =
(𝑟 2 + 𝑢 2 )2 √𝑟 2 + 𝑢2 √𝑟 2 + (ℎ − 𝑧)2 −𝐿/2
1 1
=− +
√𝑟 2 + (ℎ − 𝐿/2)2 √𝑟 2 + (ℎ + 𝐿/2)2

𝑟 𝑢 ℎ−𝑧 L/2
∫ 3 𝑑𝑢 = = [ =
𝑟 √𝑟 2 + 𝑢2 𝑟 √𝑟 2 + (ℎ − 𝑧)2 −𝐿/2
(𝑟 2 + 𝑢 2 )2
ℎ − 𝐿/2 ℎ + 𝐿/2
= −
𝑟 √𝑟 2 + (ℎ − 𝐿/2)2 𝑟 √𝑟 2 + (ℎ + 𝐿/2)2

Assim:
𝜌𝑙 1 1
𝐸⃗⃗ = [( − ) 𝑧̂ +
4𝜋ϵo √𝑟 2 + (ℎ + 𝐿/2)2 √𝑟 2 + (ℎ − 𝐿/2)2

ℎ + 𝐿/2 ℎ − 𝐿/2
( − ) 𝑟̂ ]
𝑟 √𝑟 2 + (ℎ + 𝐿/2)2 𝑟 √𝑟 2 + (ℎ − 𝐿/2)2

No caso particular em que o ponto está no plano xy (h = 0), temos:


𝜌𝑙 𝐿
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂
4𝜋ϵo 𝑟 √𝑟 2 + (𝐿/2)2

E se o fio for infinito (L tender a infinito), temos:


𝜌𝑙
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂
2𝜋ϵo 𝑟

Que é a fórmula do campo elétrico para o fio infinito.

145
Eletromagnetismo I

Considere a seguinte vídeo aula:

https://www.youtube.com/watch?v=klEZTj5w7P8

O Wolfram Alpha pode ser muito útil para a resolução de integrais (confira!).

Lei do Fluxo de Gauss

Na Unidade anterior vimos que o conceito de linhas de fluxo é útil para mapearmos
campos vetoriais. Nesse contexto, temos as linhas de campo elétrico, as quais exibem
as seguintes propriedades:

1. “Nascem” (se originam) em cargas elétricas positivas e “morrem” (terminam)


em cargas elétricas negativas.

2. Em cada ponto do espaço, as linhas de fluxo têm a direção e sentido do campo


elétrico resultante.

3. A densidade de linhas de fluxo é proporcional ao valor da carga elétrica (ou


à intensidade do campo elétrico).

Assim, o fluxo elétrico através de uma superfície é a quantidade de campo elétrico


que atravessa a superfície. Partindo da Lei de Gauss para a Divergência, temos que o
fluxo total através de uma superfície fechada é dado por:

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗


𝑆

Observe que essa equação foi dada na Unidade anterior. A unidade para o fluxo
𝑁
total pode ser tanto V ∙ m quanto 𝑚2 .
𝐶

Para o cálculo do fluxo do campo elétrico começaremos considerando uma única


carga pontual +Q. Uma carga elétrica pontual exibe uma simetria esférica radial, como
mostrado na figura a seguir:

146
Eletromagnetismo I

Observe que não importa o raio da superfície, o número de linhas que atravessa
essa superfície é sempre o mesmo. Essa superfície desenhada ao redor da fonte de carga
elétrica é chamada de Superfície Gaussiana.

A carga elétrica é uma fonte de campo elétrico (campo vetorial). Portanto, o fluxo
elétrico que passa por uma superfície fechada é proporcional à carga elétrica total
contida no interior dessa superfície.

Dessa forma, considerando o sistema de coordenadas esféricas para a equação do


campo elétrico, temos:
1 𝑄
𝐸⃗⃗ = 𝑅̂
4𝜋ϵo 𝑅 2

Assim, o fluxo é dado por:


1 𝑄
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮ 𝑅̂ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆 𝑆 4𝜋ϵo 𝑅2

Uma superfície diferencial de área na direção radial (casca esférica) é dada por:

𝑑𝑆⃗ = 𝑅 𝑑𝜃 𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜙 𝑅̂ = 𝑅2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 𝑅̂

Substituindo:
2𝜋 𝜋 2𝜋 𝜋
1 𝑄 𝑄
∫ ∫ 𝑅̂ ∙ 𝑅2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 𝑅̂ = ∫ ∫ 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 =
4𝜋ϵo 𝑅2 4𝜋ϵo
0 0 0 0
2𝜋 2𝜋
𝑄 𝜋 𝑄 2𝜋𝑄 𝑄
= −∫ 𝑐𝑜𝑠𝜃 [ 𝑑𝜙 = ∫ 𝑑𝜙 = =
4𝜋ϵo 0 2𝜋ϵo 2𝜋ϵo ϵo
0 0

147
Eletromagnetismo I

Ou seja, chegamos a duas equações:


𝑄
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ =
𝑆 ϵo
𝑄
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 =
ϵo

A última equação mostra que o fluxo do campo elétrico depende de dois


parâmetros: a carga elétrica (discreta ou contínua) contida no interior da superfície e o
meio em que ela está inserida. No caso de a carga elétrica ser continua, basta utilizarmos
os conceitos do início dessa Unidade para obtenção da carga elétrica total dentro da
superfície desejada.

Problema 15: Dada uma carga elétrica pontual de 60 µC na origem, calcule o fluxo do
campo elétrico que passa através de uma porção da esfera de raio R = 26 cm, limitada
por 0 < 𝜃 < π/2 e 0 < 𝜙 < π/2.

Solução:
1 𝑄
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮ 𝑅̂ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆 𝑆 4𝜋ϵo 𝑅2
𝜋/2 𝜋/2 𝜋/2 𝜋/2
1 𝑄 𝑄
∫ ∫ 𝑅̂ ∙ 𝑅2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 𝑅̂ = ∫ ∫ 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 =
4𝜋ϵo 𝑅2 4𝜋ϵo
0 0 0 0
𝜋 𝜋
2 𝜋 2
𝑄 𝑄 𝜋𝑄 𝑄
= −∫ 𝑐𝑜𝑠𝜃 [2 𝑑𝜙 = ∫ 𝑑𝜙 = = = 847,46 kV ∙ m
4𝜋ϵo 0 4𝜋ϵo 2 ∙ 4𝜋ϵo 8ϵo
0 0

60 ∙ 10−6
= = 847,46 kV ∙ m
8 ∙ 8,85 ∙ 10−12

Observe que o fluxo elétrico nesse caso foi igual a um oitavo do fluxo elétrico da
superfície fechada (pois escolhemos uma superfície que corresponde a um oitavo da
área da casca esférica). Além disso, perceba que o fluxo não depende do raio da esfera.

148
Eletromagnetismo I

Problema 16: Dada uma carga elétrica pontual de 60 µC na origem, calcule o fluxo do
campo elétrico que passa por uma superfície fechada cilíndrica de raio r = 26 cm, z = -
26 cm e z = 26 cm.

Solução:

Como a superfície é fechada ao redor da carga elétrica, então o fluxo será:


𝑄 60 ∙ 10−6
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = = = 6.779,66 kV ∙ m
ϵo 8,85 ∙ 10−12

Observe que essa equação do fluxo do campo elétrico é válida para qualquer que seja a
superfície fechada ao redor da carga elétrica. Note ainda que esse resultado é igual a
oito vezes o resultado do problema anterior (uma vez que agora estamos considerando
toda a superfície ao redor da carga).

Problema 17: Qual é o fluxo de campo elétrico que atravessa a superfície S na forma de
disco plano de raio 4 m, que contém uma distribuição de carga elétrica com densidade
superficial 𝜌𝑆 = 1/2𝑟 nC/m2.

Solução:
2𝜋 4 2𝜋 4
𝑄 1 1 10−9
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = = ∫ ∫ ∙ 10−9 𝑟 𝑑𝑟𝑑𝜙 = ∫ ∫ 1 𝑑𝑟𝑑𝜙
ϵo ϵo 2𝑟 2ϵo
0 0 0 0
2𝜋
10−9 10−9 ∙ 8𝜋 10−9 ∙ 4 ∙ 𝜋
∫ 4 𝑑𝜙 = = = 1.419,93 V ∙ m
2ϵo 2ϵo 8,85 ∙ 10−12
0

É importante destacar que, se a carga elétrica estiver fora da superfície fechada,


então o fluxo será nulo (pois a quantidade de linhas que entram será igual a quantidade
de linhas que saem).

Isso significa que ao considerarmos a Lei de Gauss para calcular o campo elétrico,
devemos escolher a superfície fechada (superfície gaussiana) de forma adequada. A
resolução para obtenção da equação do campo elétrico fica muito simples desde que

149
Eletromagnetismo I

uma superfície fechada adequada, denominada superfície gaussiana, seja escolhida.


Nesse caso, duas condições devem ser satisfeitas:

1. O campo elétrico 𝐸⃗⃗ deve ser normal ou tangencial à superfície 𝑆, de forma


que o produto escalar 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ seja uma simples multiplicação algébrica 𝐸 ∙ 𝑑𝑆
(para a componente normal) ou nulo (para a componente tangencial).

2. Na parte da superfície em que o produto escalar é não nulo, o campo elétrico


𝐸⃗⃗ deve ser constante, para que a integral possa ser “removida”.

A escolha da superfície gaussiana depende de uma prévia investigação da simetria.

Para exemplificar a aplicação da Lei de Gauss, vamos obter o campo elétrico em


um ponto P, devido a uma linha de cargas infinitamente longa com densidade de carga
elétrica uniforme 𝜌𝑙 ao longo do eixo z. É importante observar que nós já obtemos essa
equação na seção anterior, por meio da Lei de Coulomb.

Como a linha de cargas é uma extensão infinita ao longo do eixo z, as condições


de simetria determinam que o campo elétrico 𝐸⃗⃗ deve estar na direção de 𝑟̂ , e não
depende de 𝜙 ou z (o campo elétrico não varia com 𝜙 ou z). Os quatro passos para a
utilização da Lei de Gauss é:

1. Escolher o tipo de simetria, entre retangular, cilíndrica ou esférica.

2. Escolher a superfície gaussiana.

3. Calcular o fluxo.

4. Calcular o campo elétrico 𝐸⃗⃗ .

Solução do problema:

1. A simetria do problema do fio infinito é cilíndrica radial (ou seja, como


discutido anteriormente, o campo elétrico está na direção de 𝑟̂ e só depende
de r):

𝐸⃗⃗ = 𝐸(𝑟) 𝑟̂

2. Nesse caso, é natural escolhermos como superfície gaussiana uma superfície


cilíndrica:

150
Eletromagnetismo I

Fonte: ULABY, 2007.

3. Observe que o fluxo atravessa (é normal) apenas à superfície lateral do


cilindro. Portanto:
ℎ 2𝜋 ℎ 2𝜋

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ ∫ 𝐸(𝑟) 𝑟̂ 𝑟 𝑑𝜙𝑑𝑧 𝑟̂ = ∫ ∫ 𝐸(𝑟) 𝑟 𝑑𝜙𝑑𝑧


𝑆
0 0 0 0

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2𝜋ℎ𝐸(𝑟)𝑟

4. Temos o fluxo dado por:


𝑄
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 =
ϵo

Em que a carga elétrica total, dentro dessa superfície gaussiana é dada por:

𝑄 = 𝜌𝑙 ℎ

Assim:
𝜌𝑙 ℎ
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 =
ϵo

Logo:
𝜌𝑙 ℎ
2𝜋ℎ𝐸(𝑟)𝑟 =
ϵo
𝜌𝑙 ℎ 𝜌𝑙
𝐸(𝑟) = =
2𝜋ℎϵo 𝑟 2𝜋ϵo 𝑟

Como:

𝐸⃗⃗ = 𝐸(𝑟) 𝑟̂

151
Eletromagnetismo I

Então:
𝜌𝑙
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂
2𝜋ϵo 𝑟

Que é a expressão do campo elétrico gerado por um fio infinito já obtida na seção
anterior.

Problema 18: O problema de um cabo coaxial é quase idêntico àquele da linha de cargas,
e é um exemplo extremamente difícil de resolver a partir da lei de Coulomb. Suponha
que tenhamos dois condutores cilíndricos coaxiais, o interno de raio a e o externo de
raio b, ambos de extensão infinita:

Considere uma distribuição de cargas superficial 𝜌𝑆 na superfície externa do condutor


interno. Vamos calcular o campo elétrico 𝐸⃗⃗ na região entre os dois condutores
cilíndricos.

Solução:

1- Considerações de simetria nos mostram que apenas a componente 𝑟̂ está presente e


que somente pode ser função de r, ou seja:

𝐸⃗⃗ = 𝐸(𝑟) 𝑟̂

2- Nesse caso, a superfície cilíndrica de comprimento L e raio r, tal que a < r < b deve
ser escolhida como superfície gaussiana.

3- Observe que o fluxo atravessa (é normal) apenas à superfície lateral do cilindro.


Portanto:
𝐿 2𝜋 𝐿 2𝜋

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ ∫ 𝐸(𝑟) 𝑟̂ 𝑟 𝑑𝜙𝑑𝑧 𝑟̂ = ∫ ∫ 𝐸(𝑟) 𝑟 𝑑𝜙𝑑𝑧


𝑆
0 0 0 0

152
Eletromagnetismo I

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2𝜋𝐿𝐸(𝑟)𝑟

4- A carga total na superfície externa do cilindro interno é dada por:


𝐿 2𝜋

𝑄 = ∫ ∫ 𝜌𝑆 𝑎 𝑑𝜙𝑑𝑧 = 2𝜋𝐿𝜌𝑆 𝑎
0 0

Assim, o fluxo através da superfície lateral:


𝑄 2𝜋𝐿𝜌𝑆 𝑎
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = =
ϵo ϵo

Logo:
2𝜋𝐿𝜌𝑆 𝑎
2𝜋𝐿𝐸(𝑟)𝑟 =
ϵo
2𝜋𝐿𝜌𝑆 𝑎 𝜌𝑆 𝑎
𝐸(𝑟) = =
2𝜋𝐿𝑟ϵo 𝑟ϵo

Então:
𝜌𝑆 𝑎
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂
𝑟ϵo

Que é a expressão do campo elétrico entre os dois cilindros infinitos, para a < r < b.

É importante observar no Problema 18 que poderíamos expressar a densidade de


carga superficial como uma densidade de carga linear:

𝜌𝑙 = 2𝜋𝑎𝜌𝑆

Assim:
𝜌𝑙
𝜌𝑆 =
2𝜋𝑎
Substituindo:
𝜌𝑆 𝑎 𝜌𝑙 𝑎 𝜌𝑙
𝐸⃗⃗ = 𝑟̂ = 𝑟̂ = 𝑟̂
𝑟ϵo 2𝜋𝑎 𝑟ϵo 2𝜋ϵo 𝑟

Que é a expressão para o fio infinito calculada anteriormente.

153
Eletromagnetismo I

Ainda sobre o problema do cabo coaxial, toda linha de fluxo elétrico que começa
da carga no cilindro interno deve terminar em uma carga negativa na superfície interna
do cilindro externo. Portanto, o campo elétrico na região de r > b (região externa) deve
ser igual a zero (𝐸⃗⃗ = 0, para r > b). Esse mesmo resultado é encontrado para a região
dentro do condutor interno (para r < a). Assim, o cabo ou capacitor coaxial não possui
campo elétrico externo (o condutor externo é uma “blindagem”) e não existe campo
elétrico dentro do condutor central.

Outro exemplo que pode ser facilmente solucionado via Lei de Gauss é o problema
do campo elétrico gerado por uma superfície esférica metálica carregada. Considere
uma casca esférica de raio a cuja superfície tem uma densidade uniforme e positiva de
carga 𝜌𝑆 :

Vamos determinar a expressão para o campo elétrico 𝐸⃗⃗ em um ponto arbitrário do


espaço:

1- É importante observar que o campo elétrico possui geometria esférica radial:

𝐸⃗⃗ = 𝐸(𝑅) 𝑅̂

2- Nesse caso, escolheremos como superfície gaussiana uma casca esférica de raio
R.

3- O fluxo que atravessa a superfície gaussiana é normal à superfície da casca


esférica, ou seja:
2𝜋 𝜋

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ ∫ 𝐸(𝑅) 𝑅̂ ∙ 𝑅2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 𝑅̂


𝑆
0 0
2𝜋 𝜋

= ∫ ∫ 𝐸(𝑅) 𝑅2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙
0 0

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 4𝜋𝐸(𝑅)𝑅 2

154
Eletromagnetismo I

4- A carga total na superfície da carga esférica é dada por:


2𝜋 𝜋

𝑄 = ∫ ∫ 𝜌𝑆 𝑎2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 𝑑𝜙 = 4𝜋𝜌𝑆 𝑎2
0 0

Se o raio R da superfície gaussiana for menor do que o raio a da casca cilíndrica,


então não haverá carga elétrica dentro da superfície gaussiana. Logo:

𝐸⃗⃗ = 0

Em um ponto qualquer para R < a (no interior da casca esférica).

A Lei de Gauss mostra que o campo elétrico no interior de superfícies carregadas


(em geral condutores) é sempre nulo.

Por outro lado, se o raio R da superfície gaussiana for maior do que o raio a da
casca cilíndrica, então:
𝑄 4𝜋𝜌𝑆 𝑎2
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = =
ϵo ϵo

Logo:
4𝜋𝜌𝑆 𝑎2
4𝜋𝐸(𝑅)𝑅2 =
ϵo
4𝜋𝜌𝑆 𝑎2 𝜌𝑆 𝑎2
𝐸(𝑅) = =
ϵo 4𝜋𝑅2 ϵo 𝑅2

Então:
𝜌𝑆 𝑎2
𝐸⃗⃗ = 𝑅̂
ϵo 𝑅2

Que é o campo elétrico em um ponto qualquer para R > a (no exterior da casca
esférica).

Observe que essa equação do campo elétrico no exterior da casca esférica poderia
ser escrita como:
𝑄
4𝜋𝐸(𝑅)𝑅2 =
ϵo

155
Eletromagnetismo I
𝑄
𝐸(𝑅) =
4𝜋ϵo 𝑅2
𝑄
𝐸⃗⃗ = 𝑅̂
4𝜋ϵo 𝑅 2

Que é a equação do campo elétrico produzido por uma carga pontual. Isso significa
que o campo elétrico produzido por uma superfície esférica carregada tem um
comportamento idêntico ao do campo elétrico produzido por uma carga pontual.

Problema 19: Um volume esférico de raio a contém uma densidade volumétrica de


carga 𝜌𝑉 . Utilize a Lei de Gauss para determinar o campo elétrico 𝐸⃗⃗ para (a) R < a e (b)
R > a.

Solução:

Já sabemos que a geometria é esférica radial e que a superfície gaussiana será uma casca
esférica de raio R. Nesse caso, o fluxo já foi calculado e vale:

Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 4𝜋𝐸(𝑅)𝑅 2

(a) Para R < a:


2𝜋 𝜋 𝑅
4𝜋𝜌𝑉 𝑅3
𝑄 = ∫ ∫ ∫ 𝜌𝑉 𝑅2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝑅𝑑𝜃𝑑𝜙 =
3
0 0 0

4𝜋𝜌𝑉 𝑅 3
4𝜋𝐸(𝑅)𝑅2 =
3ϵo
4𝜋𝜌𝑉 𝑅3 𝜌𝑆 𝑅
𝐸⃗⃗ = = 𝑅̂
3ϵo4𝜋𝑅2 3ϵo

Para R > a:
2𝜋 𝜋 𝑎
4𝜋𝜌𝑉 𝑎3
𝑄 = ∫ ∫ ∫ 𝜌𝑉 𝑅2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝑅𝑑𝜃𝑑𝜙 =
3
0 0 0

4𝜋𝜌𝑉 𝑎3
4𝜋𝐸(𝑅)𝑅2 =
3
4𝜋𝜌𝑉 𝑎3 𝜌𝑆 𝑎3
𝐸⃗⃗ = 2 = 𝑅̂
3ϵo 4𝜋𝑅 3ϵo𝑅2

156
Eletromagnetismo I

Potencial eletrostático

No estudo de circuitos elétricos, nos deparamos com tensões e correntes elétricas.


A tensão elétrica V entre dois pontos de um circuito elétrico representa a quantidade de
trabalho, ou energia potencial, necessária para mover uma carga elétrica entre dois
pontos.

Na verdade, o termo “tensão elétrica” é uma versão reduzida de “tensão potencial


elétrica” ou simplesmente potencial elétrico.

O interessante é que, ao resolvermos problemas de circuitos elétricos, não


percebemos (e nem consideramos) a presença dos campos elétricos. Mas é justamente
a existência de um campo elétrico entre dois pontos que origina a diferença de potencial
(ddp) entre eles, assim como entre os terminais de um resistor ou de um capacitor. A
relação entre o campo elétrico 𝐸⃗⃗ e o potencial elétrico V será tratada nessa seção.

Considere duas partículas carregadas. Quando liberamos a partícula Q (carga teste)


no ponto P, ela começa a se mover e, portanto, adquire energia cinética. Como a energia
não pode ser criada, de onde vem essa energia? Essa energia vem da energia potencial
elétrica U associada à força elétrica entre as duas partículas. Para explicar a origem da
energia potencial U (que é uma grandeza escalar), definimos um potencial elétrico V
(que também é uma grandeza escalar) criado pela partícula q (caga fonte) sobre o ponto
P. Quando a partícula Q é colocada no ponto P, a energia potencial do sistema de duas
partículas se deve à carga elétrica Q e ao potencial elétrico V da carga q.

Considere um sistema formado por 2 cargas pontuais: q (fonte) e Q (prova). O


nosso objetivo é deslocar a carga prova na presença da carga fonte. A força elétrica de
interação entre as cargas fonte e prova é dada por:
1 𝑞𝑄
𝐹⃗𝑒 = 𝑅̂
4𝜋ϵo 𝑅 2

157
Eletromagnetismo I

Vamos calcular o trabalho realizado por uma força elétrica 𝐹⃗𝑒 para deslocar a carga
elétrica Q, na presença da carga fonte q, a partir de um ponto inicial Ri até um ponto
final Rf, ao longo de um percurso qualquer C. O trabalho de uma força é definido como:

𝑊 = ∫ 𝐹⃗𝑒 ∙ 𝑑𝑙⃗
𝐶

Medido em Joule (J).

Problema 20: Um campo eletrostático é dado por 𝐸⃗⃗ = (𝑥/2 + 2𝑦)𝑥̂ + 2𝑥𝑦̂ V/m.
Calcule o trabalho necessário para mover uma carga pontual Q = 20 µC da origem até
o ponto (4,0,0).

Solução:

𝑊 = ∫ 𝐹⃗𝑒 ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∫ 𝑄𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗


𝐶 𝐶

𝑑𝑙⃗ = 𝑑𝑥𝑥̂
4 4
𝑥 𝑥
𝑊 = ∫ 20 ∙ 10−6 [( + 2𝑦)𝑥̂ + 2𝑥𝑦̂] ∙ 𝑑𝑥𝑥̂ = 20 ∙ 10−6 ∫ + 2𝑦 𝑑𝑥 = 80 µJ
2 2
0 0

Como a força elétrica possui apenas a componente na direção de 𝑅̂, devemos considerar
apenas a componente de 𝑑𝑙⃗ na direção de 𝑅̂:

𝑑𝑙⃗ = 𝑑𝑅 𝑅̂

Assim:
𝑅𝑓
1 𝑞𝑄 𝑞𝑄
𝑊 = ∫ 𝐹⃗𝑒 ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∫ 𝑅̂ ∙ 𝑑𝑅 𝑅̂ = ∫ 𝑑𝑅 =
4𝜋ϵo 𝑅2 4𝜋ϵo 𝑅2
𝐶 𝐶 𝑅𝑖

𝑞𝑄 𝑅𝑓 𝑞𝑄 1 1
=− [ =− ( − )
4𝜋ϵo 𝑅 𝑅𝑖 4𝜋ϵo 𝑅𝑓 𝑅𝑖

Ou seja:

158
Eletromagnetismo I
𝑞𝑄 1 1
𝑊=− ( − )
4𝜋ϵo 𝑅𝑓 𝑅𝑖

A análise da fórmula do trabalho realizado por uma força elétrica permite


concluirmos que:

1. O trabalho realizado pela força elétrica independe da trajetória percorrida pela


carga Q, dependendo apenas dos pontos inicial e final. Essa característica é
consequência da Lei da Conservação da Energia.

2. Se os pontos inicial e final formarem um percurso fechado (o ponto final ser


igual ao inicial) o trabalho realizado será nulo.

3. A força eletrostática é conservativa. Isso significa que a circulação (ou


rotacional) de 𝐹⃗𝑒 é nula:

∮ 𝐹⃗𝑒 ∙ 𝑑𝑙⃗ = 0
𝐶

∇ × 𝐹⃗𝑒 = 0

O trabalho pode ser definido como a variação da energia potencial interna do


sistema formado pelas cargas q e Q:

𝑊 = −∆𝑈 = −(𝑈𝑓 − 𝑈𝑖 )

Assim, temos que:


𝑞𝑄 1 1
∆𝑈 = ( − )
4𝜋ϵo 𝑅𝑓 𝑅𝑖

Que é uma função escalar e também medida em Joule (J). Ao analisarmos essas
duas últimas equações, podemos concluir que:

1- Se W > 0, temos 𝑈𝑓 < 𝑈𝑖 , ou seja, há gasto de energia (∆𝑈 < 0).

2- Se W < 0, temos 𝑈𝑓 > 𝑈𝑖 , ou seja, o sistema recebe energia (∆𝑈 > 0).

Por convenção, adota-se como referência o infinito, isto é, 𝑅𝑖 tende a infinito e,


consequentemente, 𝑈𝑖 tende a zero. Assim:
𝑞𝑄
∆𝑈 = 𝑈𝑓 − 𝑈𝑖 = 𝑈𝑓 =
4𝜋ϵo 𝑅𝑓

Logo:

159
Eletromagnetismo I
𝑞𝑄
𝑈=
4𝜋ϵo 𝑅

Em que a carga prova Q foi deslocada a partir do infinito até 𝑅.

É importante observar que, para que o infinito seja adotado como referência, é
necessário que a distribuição de carga fonte seja finita.

A relação entre a força elétrica 𝐹⃗𝑒 e a energia potencial U é dada por:

𝐹⃗𝑒 = −∇𝑈

Para provar essa fórmula, considere o cálculo do gradiente da energia potencial:


𝑑𝑈 1 𝑞𝑄
∇𝑈 = 𝑅̂ = − 𝑅̂ = −𝐹⃗𝑒
𝑑𝑅 4𝜋ϵo 𝑅2

É importante destacar que essa equação só é válida para campos conservativos


(campos em que o rotacional é nulo):

∇ × 𝐹⃗𝑒 = 0

∇ × (−∇𝑈) = 0

A relação entre a força elétrica e o campo elétrico é dada por:


𝐹⃗𝑒
𝐸⃗⃗ =
𝑄

Além disso, o potencial elétrico é ser definido como:


𝑈 𝑞
𝑉= =
𝑄 4𝜋ϵo 𝑅

Que é a equação do potencial elétrico para uma carga pontual q. A unidade do


potencial elétrico é Joule por Coulomb (J/C) ou simplesmente Volt (V).

160
Eletromagnetismo I

Problema 21: Calcule o potencial elétrico em 𝑅𝐴 = 5 m, em 𝑅𝐵 = 15 m e a diferença de


potencial (ddp) entre os dois pontos, devido a uma carga pontual q = 500 pC na origem
(considerando a referência de zero no infinito).

Solução:
𝑞 500 ∙ 10−12
𝑉𝐴 = = = 0,9 V
4𝜋ϵo 𝑅𝐴 4 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 5
𝑞 500 ∙ 10−12
𝑉𝐵 = = = 0,3 V
4𝜋ϵo 𝑅𝐵 4 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 15

𝑑𝑑𝑝 = ∆𝑉 = 𝑉𝐴 − 𝑉𝐵 = 0,9 − 0,3 = 0,6 V

Assim, temos a seguinte relação para o campo elétrico e o potencial elétrico:

𝐸⃗⃗ = −∇𝑉

Isso significa que o gradiente do potencial elétrico nos fornece o campo elétrico.
Ou seja, podemos obter a equação do campo elétrico a partir da equação do potencial
elétrico. Podemos definir o campo elétrico como sendo o máximo decréscimo da função
potencial eletrostático.

Aprendemos até aqui três formas de se obter a equação para o campo elétrico: por
meio da Lei de Coulomb, através da Lei de Gauss e também a partir do potencial
elétrico.

Com isso, podemos definir ainda a diferença de potencial (ddp) como:

𝑑𝑑𝑝 = ∆𝑉 = − ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗


𝐶

Ou:
𝑅𝑓
𝑉𝑓 − 𝑉𝑖 = − ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗
𝑅𝑖

161
Eletromagnetismo I

Assim como definido anteriormente para o trabalho, em Eletrostática, a diferença


de potencial entre 𝑅𝑓 (P2) e 𝑅𝑖 (P1) é a mesma, independente do percurso utilizado para
calcular a integral de linha do campo elétrico entre esses dois pontos:

Fonte: ULABY, 2007.

É importante observar que, se a força eletrostática é conservativa, então o campo


eletrostático também é conservativo (ou não-rotacional):

∇ × 𝐸⃗⃗ = 0

∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = 0
𝐶

Considerando como referência o potencial nulo no infinito, temos:


𝑅𝑓
𝑉𝑓 − 𝑉𝑖 = 𝑉𝑓 = − ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗

Portanto o potencial elétrico pode ser calculado a partir da expressão do campo


elétrico:
𝑅𝑓
𝑉𝑓 = − ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗

A função potencial eletrostático pode ser escrita da seguinte forma:


𝑞
𝑉=
4𝜋ϵo 𝑅

Em que q representa a carga fonte, que pode ser discreta ou contínua.

Considere uma carga elétrica de 1 nC. A figura a seguir mostra o campo elétrico
(apontando para fora da carga elétrica) e algumas superfícies equipotenciais (com o
valor do potencial elétrico):

162
Eletromagnetismo I

No caso da figura acima, essas superfícies são esféricas ao redor da carga elétrica
(é a vista superior da esfera, por isso forma uma circunferência).

Pontos vizinhos que possuem o mesmo potencial elétrico formam uma superfície
equipotencial (pode ser uma superfície imaginária ou uma superfície real):

Fonte: HALLIDAY et al., 2019.

163
Eletromagnetismo I

Observe que o campo elétrico é perpendicular às superfícies equipotenciais. Além


disso, note que o campo elétrico aponta para o máximo decrescimento do potencial
elétrico. Por isso:

𝐸⃗⃗ = −∇𝑉

Problema 22: Como exemplo de aplicação da fórmula para o cálculo do potencial


elétrico, vamos considerar a figura anterior e obter o potencial elétrico da segunda
superfície equipotencial, que está a 1 m de distância da carga elétrica de 1 nC.

Solução:
𝑞
𝑉=
4𝜋ϵo 𝑅
1 ∙ 10−9
𝑉= =9V
4 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 1

Que é o valor mostrado na figura.

Para um conjunto discreto de cargas pontuais, temos:


𝑛

𝑉 = ∑ 𝑉𝑖
𝑖=1
𝑞𝑖
𝑉𝑖 =
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|

Assim:
𝑛
1 𝑞𝑖
𝑉= ∑
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|
𝑖=1

Observe que o resultado é uma função escalar.

Duas observações importantes: 1- O nome adotado (há muitos anos) para a


grandeza V foi uma escolha infeliz, porque potencial elétrico V pode ser facilmente
confundido com energia potencial U. É verdade que as duas grandezas estão
relacionadas (daí a escolha), mas são muito diferentes, e uma não pode ser usada no
lugar da outra; 2- O potencial elétrico V não é um vetor, como o campo elétrico, e sim

164
Eletromagnetismo I

um escalar (na hora de resolver os problemas, você vai ver que isso facilita muito as
coisas!).

Laboratório Virtual para o Potencial Elétrico:

Podemos utilizar o seguinte laboratório virtual para simular medidas de potencial


elétrico gerado por cargas pontuais:

https://phet.colorado.edu/sims/html/charges-and-fields/latest/charges-and-fields_pt_BR.html

Experimente colocar duas ou três cargas elétricas (positivas e/ou negativas) e detecte o
valor do potencial elétrico em algum ponto. Consegue calcular o potencial elétrico com
a fórmula?

Por exemplo: Vamos experimentar colocar uma carga positiva (1 nC) no centro (0,0),
uma negativa (-1 nC) 1 metro para cima (0,1) e outra carga positiva (1 nC) 2 metros
para a direita (2,0). Em seguida, vamos colocar o medidor entre as duas cargas positivas,
no ponto (1,0). A figura a seguir ilustra o que deve ser feito:

Observe que o potencial elétrico é igual a 11,63 (faça você mesmo e anote o valor
que você encontrar).

165
Eletromagnetismo I

Agora vamos tentar calcular o potencial elétrico resultante a partir da fórmula:

𝑟⃗ − 𝑟⃗1′ = (1,0) − (0,0) = (1,0)

|𝑟⃗ − 𝑟⃗1′ | = 1

𝑟⃗ − 𝑟⃗2′ = (1,0) − (0,1) = (1, −1)

|𝑟⃗ − 𝑟⃗2′ | = √2

𝑟⃗ − 𝑟⃗3′ = (1,0) − (2,0) = (−1,0)

|𝑟⃗ − 𝑟⃗3′ | = 1
3
1 𝑞𝑖 1 1 ∙ 10−9 1 ∙ 10−9 1 ∙ 10−9
𝑉= ∑ = −12 [ − + ]
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′| 4 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10 1 √2 1
𝑖=1

𝑉 = 9 ∙ 109 ∙ 1,293 ∙ 10−9 = 11,63 V

Que é o resultado encontrado no laboratório virtual.

Para uma distribuição contínua de cargas elétrica:


1 1
𝑉= ∫ 𝑑𝑞
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|

Assim, considerando uma distribuição volumétrica:

1 𝜌𝑉
𝑉= ∭ 𝑑𝑉
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|
𝑉

Para distribuição superficial:

1 𝜌𝑆
𝑉= ∬ 𝑑𝑆
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|
𝑆

Para distribuição linear

1 𝜌𝑙
𝑉= ∫ 𝑑𝑙
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|
𝐿

166
Eletromagnetismo I

Problema 23: Calcular o potencial elétrico de um disco circular de cargas. Nesse


problema, vamos determinar o potencial elétrico no mesmo ponto (0,0,h), situado no
espaço livre ao longo do eixo z (que é o eixo do disco), devido a um disco circular de
cargas de raio a no plano xy com densidade superficial de carga uniforme e positiva 𝜌𝑆 :

Em seguida, vamos determinar o campo elétrico 𝐸⃗⃗ .

Solução:

|𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′| = √ℎ2 + 𝑟 2


2𝜋 𝑎 𝑎
1 𝜌𝑆 𝜌𝑆 1 2𝜋𝜌𝑆 1
𝑉= ∬ 𝑑𝑆 = ∫∫ 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜙 = ∫ 𝑟𝑑𝑟
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′| 4𝜋ϵo 2
√ℎ + 𝑟 2 4𝜋ϵo √ℎ + 𝑟 2
2
𝑆 0 0 0

𝑢 = ℎ2 + 𝑟 2

𝑑𝑢 = 2𝑟𝑑𝑟
𝑑𝑢
𝑟𝑑𝑟 =
2
1
𝜌𝑆 𝑢−2 𝑑𝑢 𝜌𝑆 √𝑢 𝜌𝑆 √ℎ2 + 𝑟 2 𝑎 𝜌𝑆
𝑉= ∫ = = [ = (√ℎ2 + 𝑎2 − ℎ)
2ϵo 2 2ϵo 2ϵo 0 2ϵo

Para obter o campo elétrico:


𝑑𝑉 𝜌𝑆 𝑑(√𝑧 2 + 𝑎2 − 𝑧) 𝜌𝑆 𝑧
𝐸⃗⃗ = −∇𝑉 = − 𝑧̂ = − 𝑧̂ = (1 − ) 𝑧̂
𝑑𝑧 2ϵo 𝑑𝑧 2ϵo √𝑎 + 𝑧 2
2

𝜌𝑆 ℎ
𝐸⃗⃗ = (1 − ) 𝑧̂
2ϵo √𝑎 + ℎ2
2

167
Eletromagnetismo I

A expressão para o potencial elétrico V envolve somas e integrais escalares que,


como tal, são geralmente mais simples do que as integrais vetoriais baseadas na Lei de
Coulomb. Por isso, ainda que a abordagem para a determinação do campo elétrico a
partir do potencial elétrico possua dois passos, ela é computacionalmente mais simples
do que o método direto baseado na Lei de Coulomb.

Dipolo elétrico

O dipolo elétrico é uma configuração formada por 2 cargas elétricas pontuais de


mesma magnitude e sinais opostos, separadas por uma distância d.

Fonte: HAYT e BUCK, 2013.

As linhas de campo elétrico podem ser observadas a seguir:

Fonte: HALLIDAY et al., 2019.

168
Eletromagnetismo I

Admita que a distância d entre as cargas elétricas é muito menor do que a distância
que as separa do ponto P (d << R). Assim, vamos determinar o campo elétrico em um
ponto P no espaço a partir da seguinte abordagem:

1. Determinar o potencial elétrico V.

2. Determinar o campo elétrico 𝐸⃗⃗ a partir de V.

𝐸⃗⃗ = −∇𝑉

Em primeiro lugar, uma vez que d << R, podemos aproximar as distâncias das
cargas ao ponto P a retas paralelas:

Fonte: HAYT e BUCK, 2013.

Com isso, temos as seguintes expressões para as distâncias:


𝑑
𝑅1 = 𝑅 − 𝑐𝑜𝑠 𝜃
2
𝑑
𝑅2 = 𝑅 + 𝑐𝑜𝑠 𝜃
2
O potencial elétrico será a soma do potencial elétrico gerado por ambas as cargas:
1 𝑞 𝑞 𝑞 1 1 𝑞 𝑅2 − 𝑅1
𝑉= ( − )= ( − )= ( )
4𝜋ϵo 𝑅1 𝑅2 4𝜋ϵo 𝑅1 𝑅2 4𝜋ϵo 𝑅1 𝑅2
𝑞 𝑑 𝑐𝑜𝑠 𝜃
𝑉=
4𝜋ϵo 𝑅 2

Podemos observar o seguinte comportamento para o potencial elétrico:

169
Eletromagnetismo I

1- Para uma única carga pontual (monopolo elétrico) o potencial elétrico é


proporcional a 1/R.

𝑉~1/𝑅

2- Para o dipolo elétrico, o potencial elétrico é proporcional a 1/R2.

𝑉~1/𝑅2

Isso significa que o campo elétrico 𝐸⃗⃗ gerado pelo dipolo elétrico deva ser
proporcional a 1/R3.

𝐸⃗⃗ ~1/𝑅3

O campo elétrico pode então ser obtido a partir do potencial elétrico:


𝜕𝑉 1 𝜕𝑉 2𝑞 𝑑 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑞 𝑑 𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝐸⃗⃗ = −∇𝑉 = − 𝑅̂ − θ̂ = 3 𝑅̂ + θ̂
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 4𝜋ϵo 𝑅 4𝜋ϵo 𝑅3
𝑞𝑑
𝐸⃗⃗ = (2 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑅̂ + 𝑠𝑒𝑛 𝜃 θ̂)
4𝜋ϵo 𝑅3

Problema 24: Determine o campo elétrico no ponto (3,0,0), em coordenadas esféricas,


produzido por um dipolo de comprimento d = 10 µm e carga elétrica q = 50 µC, na
origem.

Solução:
𝑞𝑑 50 ∙ 10−6 ∙ 10 ∙ 10−6
𝐸⃗⃗ = 3 (2𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑅̂ + 𝑠𝑒𝑛 𝜃 θ̂) = (2𝑐𝑜𝑠 0 𝑅̂ + 𝑠𝑒𝑛 0 θ̂)
4𝜋ϵo 𝑅 4 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 33
=

= 0,33 𝑅̂ V/m

170
Eletromagnetismo I

Problema 25: Problema do quadrupolo elétrico ou dipolo back to back. Considere dois
dipolos elétricos como mostrado na figura:

Vamos determinar o campo elétrico 𝐸⃗⃗ em um ponto P distante (R >> a).

Solução:
1 𝑞 𝑞 2𝑞 𝑞 1 1 2 𝑞 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅1 − 2𝑅1 𝑅2
𝑉= ( + − )= ( + − )= ( )
4𝜋ϵo 𝑅1 𝑅2 𝑅 4𝜋ϵo 𝑅1 𝑅2 𝑅 4𝜋ϵo 𝑅1 𝑅2 𝑅
=

𝑞 2𝑎2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 𝑞 2𝑎2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃


= ( 2 )=
4𝜋ϵo 𝑅 𝑎 4𝜋ϵo 𝑅3
𝑅2 − 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃
4
𝜕𝑉 1 𝜕𝑉 𝑞 2𝑎2 3𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 𝑞 2𝑎2 2𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝐸⃗⃗ = −∇𝑉 = − 𝑅̂ − θ̂ = ̂+
𝑅 θ̂
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 4𝜋ϵo 𝑅4 4𝜋ϵo 𝑅4
𝑞 2𝑎2
𝐸⃗⃗ = (3𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 𝑅̂ + 2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑐𝑜𝑠𝜃 θ̂)
4𝜋ϵo 𝑅4

171
Eletromagnetismo I

Nessa Unidade, aprendemos os principais parâmetros elétricos do estudo dos


campos eletrostáticos, deduzindo algumas expressões a partir dos conceitos
matemáticos de álgebra e cálculo vetorial descritos nas Unidades 1 e 2. Na próxima
Unidade, estudaremos a densidade de fluxo elétrico e as condições de contorno na
Eletrostática.

172
Eletromagnetismo I

Exercícios – Unidade 3

1) Uma placa quadrada no plano xy está situada no espaço definido por 0 ≤ 𝑥 ≤ 2


e 0 ≤ 𝑦 ≤ 2 (ambas em metros). Sabendo que a densidade superficial de carga é dada
por 𝜌𝑆 = 2𝑥 C/m2, a carga elétrica total na placa é igual a:

a) 8 C.

b) 4 C.

c) 2 C.

d) 1 C.

e) 0,5 C.

2) Uma carga elétrica 𝑞1 = -20 µC está posicionada em (-6,4,7) e uma carga elétrica
𝑞2 = 50 µC está posicionada em (5,8,-2), ambas no espaço livre (as medidas são dadas
em metros). Nesse caso, a força elétrica exercida sobre 𝑞1 por 𝑞2 é aproximadamente
igual a:

a) −2,4𝑥̂ + 8,1𝑦̂ − 2,32𝑧̂ N.

b) 0,031𝑥̂ + 0,011𝑦̂ − 0,025𝑧̂ N.

c) 0,4𝑥̂ + 0,1𝑦̂ − 0,77𝑧̂ N.

d) 0,4𝑦̂ + 7,7𝑧̂ N.

e) 21,5𝑥̂ N.

173
Eletromagnetismo I

3) Cargas pontuais de 50 nC cada estão posicionadas em A(1, 0, 0), B(−1, 0, 0),


C(0, 1, 0) e D(0, −1, 0), no espaço livre (em metros). A força total na carga em A é
igual a:

a) −2,4𝑥̂ + 8,1𝑦̂ − 2,32𝑧̂ µN.

b) 40,7𝑥̂ − 30𝑦̂ + 55𝑧̂ µN.

c) 4𝑥̂ + 1𝑦̂ − 7,7𝑧̂ µN.

d) 0,4𝑦̂ + 7,7𝑧̂ µN.

e) 21,5𝑥̂ µN.

4) Uma carga de -0,3 µC está posicionada em (25,-30,15) cm, e uma segunda carga
de 0,5 µC em (-10,8,12) cm. O campo elétrico no ponto (15,20,50) cm é igual a:

a) −0,55𝑥̂ kV/m.

b) 0,5𝑥̂ − 0,1𝑦̂ kV/m.

c) 11,96𝑥̂ − 0,46𝑦̂ + 12,5𝑧̂ kV/m.

d) 46𝑦̂ − 21,7𝑧̂ kV/m.

e) 320𝑧̂ kV/m.

174
Eletromagnetismo I

5) Considere dois anéis concêntricos de raios R e R’, no plano xy. O ponto P está
no eixo z (eixo central) a uma distância D do centro dos anéis, como mostrado na figura:

O anel menor possui uma distribuição de carga elétrica uniforme e positiva 𝜌𝑙 ,


enquanto no anel maior ela é negativa −𝜌𝑙 . Sabendo que R’ = 3R, a expressão do campo
elétrico em P é dada por:

a) 0.

b) 1.
𝜌𝑙 𝑅 𝐷
c) 𝑧̂ .
2ϵo(𝑅 2 +𝐷2 )3/2
𝜌𝑙 𝑅 𝐷 𝜌𝑙 3𝑅 𝐷
d) 𝑧̂ − 𝑧̂ .
2ϵo(𝑅 2+𝐷 2)3/2 2ϵo(9𝑅 2 +𝐷2 )3/2
𝜌𝑙 3𝑅 𝐷
e) 𝑧̂ .
2ϵo(9𝑅 2 +𝐷2 )3/2

6) Considere três cargas elétricas pontuais de 60 µC, -30 µC e 50 µC, o fluxo do


campo elétrico que atravessa uma superfície esférica fechada é aproximadamente igual
a:

a) 8.237,4 kV ∙ m.

b) 655,32 kV ∙ m.

c) 9.039,55 kV ∙ m.

d) 12.943,6 kV ∙ m.

e) 0.

175
Eletromagnetismo I

7) Considere uma linha uniforme de cargas 𝜌𝑙 .em forma de anel, de raio a e sobre
o plano xy (z = 0). Nesse caso, a expressão para o potencial elétrico V em um ponto h
ao longo do eixo z (que passa pelo centro do anel) é dada por:
𝜌𝑙 𝑎
a) .
4𝜋ϵo √𝑎2 +ℎ2
𝜌𝑙 𝑎
b) .
2ϵo √𝑎2 +ℎ2
𝜌𝑙
c) .
4𝜋ϵo √𝑎2 +ℎ2
𝜌𝑙 𝑎
d) .
√𝑎2 +ℎ2

e) 0.

8) O campo elétrico no ponto (2,π,0), em coordenadas esféricas, produzido por um


dipolo de comprimento d = 20 nm e carga elétrica q = 30 mC, na origem, é
aproximadamente igual a:

a) −1,35 𝑅̂ V/m.

b) 1,35 𝑅̂ V/m.

c) −0,33 𝑅̂ V/m.

d) 0,33 𝑅̂ V/m.

e) 0,03 𝑅̂ V/m.

176
Eletromagnetismo I

9) A força elétrica gerada por uma carga elétrica sobre uma carga prova de 150 mC
no ponto P é 𝐹⃗𝑒 = 30 𝑅̂ N. Determine o campo elétrico no ponto P.

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10) Determine o potencial elétrico no ponto P situado no centro de um quadrado


de cargas pontuais, dados q1 = 12 nC, q2 = -24 nC, q3 = 31 nC e q4 = 17 nC. A distância
d = 1,3 m.

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177
Eletromagnetismo I

4 Densidade de Fluxo
Elétrico e Condições de
Contorno

178
Eletromagnetismo I

Nesta Unidade, vamos estudar os conceitos relacionados às propriedades dos


materiais elétricos, incluindo a definição de condutividade e permissividade. Em
seguida, deduziremos a equação de Laplace, a ser aplicada para diversas condições de
contorno, para determinar a capacitância de capacitores.

Objetivos da unidade:

Aprender sobre as principais propriedades dos materiais elétricos, incluindo suas


classificações, fenômeno de polarização e grandezas, como condutividade e
permissividade.

Estudar as diversas condições de fronteira entre materiais condutores e dielétricos.

Conhecer as equações de Poisson e Laplace para a dedução das condições de


contorno em problemas de Eletrostática.

Plano da unidade:

Propriedades elétricas dos materiais.

Densidade de fluxo elétrico.

Problemas de valor de contorno na Eletrostática.

Bons estudos!

179
Eletromagnetismo I

Propriedades elétricas dos materiais

Os materiais podem ser classificados de acordo com a facilidade com a qual as


cargas elétricas se movem no seu interior:

1. Condutores: as cargas elétricas se movem com facilidade. Exemplos: o cobre


dos fios elétricos, o corpo humano e a água de torneira.

2. Isolantes ou dielétricos: as cargas não se movem. Exemplos: os plásticos do


isolamento dos fios, a borracha, o vidro e a água destilada.

3. Semicondutores: conduzem eletricidade melhor que os isolantes, mas não tão


bem como os condutores. Exemplos: o silício e o germânio. Os semicondutores são os
principais responsáveis pela revolução da microeletrônica, que nos trouxe a era da
informação.

4. Supercondutores ou condutores perfeitos: são condutores perfeitos, materiais


nos quais as cargas se movem sem encontrar nenhuma resistência. Em 1911, o físico
holandês Kamerlingh Onnes descobriu que a resistência elétrica do mercúrio cai para
zero quando o metal é resfriado abaixo de 4 K. Esse fenômeno é conhecido como
supercondutividade, e permite que as cargas circulem em um supercondutor sem perder
energia na forma de calor.

Os dois principais parâmetros constitutivos dos materiais elétricos são a


condutividade e a permissividade. A condutividade está relacionada com a capacidade
do material em conduzir eletricidade. No nosso tratamento dos parâmetros
constitutivos, assumiremos que os materiais são homogêneos (suas propriedades são as
mesmas em qualquer ponto do material), e isotrópicos (suas propriedades não
dependem da direção). A Tabela 6 apresenta a condutividade de alguns materiais a
temperatura de 20oC.

180
Eletromagnetismo I

Tabela 6: Condutividade de alguns materiais a temperatura de 20 oC.

Fonte: ULABY, 2007.

A unidade para a condutividade em geral é S/m (siemens por metro). Os materiais


que exibem condutividade acima de 10 4 (σ > 104 S/m) são considerados bons
condutores; enquanto os materiais que exibem condutividade abaixo de 10 -4 (σ < 10-4
S/m) são considerados bons isolantes. Entre essas duas faixas estão os materiais
semicondutores.

A maior parte dos condutores são metais com uma abundância de elétrons
disponíveis para condução. A condutividade nos metais depende da densidade de carga
e do espalhamento dos elétrons, devido a suas interações com a rede cristalina. Com o
aumento da temperatura, a condutividade decresce nos metais, pois há uma maior
vibração na rede cristalina, elevando a ocorrência do espalhamento.

Um condutor perfeito ou supercondutor possui condutividade infinita. Até a


década de 1980, apenas um número limitado de metais podia superconduzir a
temperaturas muito baixas (em torno de 10 K). Nos anos seguintes, uma descoberta
impressionante foi realizada: determinadas estruturas com camadas cerâmicas (como o
óxido de ítrio-bário-cobre) poderiam superconduzir a temperaturas significativamente
elevadas. Ainda assim, os supercondutores mais avançados de hoje são limitados a
níveis de intensidade de campos modestos e são operáveis somente a temperaturas bem
abaixo da temperatura ambiente.

Em um bom isolante (ou dielétrico) os elétrons estão fortemente ligados aos seus
átomos, não estando disponíveis para conduzir. Contudo, na presença de um campo

181
Eletromagnetismo I

elétrico muito intenso, os elétrons podem ser retirados das suas órbitas, ocorrendo a
condução. Esta tensão de ruptura em materiais isolantes é, portanto, um parâmetro
crítico, que deve ser considerado na presença de campos elétricos intensos.

Nos semicondutores, os elétrons estão fracamente ligados aos seus átomos e, com
a adição de energia térmica, se tornam disponíveis para condução. Quando o elétron é
puxado do seu átomo, ele deixa para trás um lugar vago, ou uma lacuna, que se
comporta como uma “carga positiva móvel”. Para o silício puro à temperatura ambiente,
o número de portadores de carga móvel, (elétrons e lacunas) é modesto, sendo a
condutividade baixa (da ordem de 10 -4 S/m). Com o aumento da temperatura,
entretanto, o número de portadores de carga aumenta rapidamente, aumentando a
condutividade (mesmo com o aumento das vibrações da rede cristalina). Outra forma
de aumentar a condutividade de um material semicondutor é adicionar intencionalmente
(ou dopar) impurezas que podem facilmente doar um portador de carga (essas
impurezas são chamadas de dopantes). O silício fortemente dopado pode atingir uma
condutividade da ordem de 104 S/m.

A Lei de Ohm na forma pontual define a densidade de corrente elétrica de


condução, ou simplesmente densidade de corrente, como:

𝐽⃗ = 𝜎𝐸⃗⃗

A unidade da densidade de corrente é Ampére por metro quadrado (A/m2). Observe


que 𝐽⃗ é um vetor com mesma direção e sentido do campo elétrico (𝐸⃗⃗ ). Note que, em
dielétricos perfeitos (𝜎 = 0), portanto a densidade de corrente é igual a 0 (𝐽⃗ = 0),
independentemente de 𝐸⃗⃗ . Já em condutores perfeitos (𝜎 = ∞), logo:
𝐽⃗ 𝐽⃗
𝐸⃗⃗ = = =0
𝜎 ∞

O campo elétrico em um condutor perfeito é sempre igual a zero,


independentemente de 𝐽⃗.

É importante observar que a maioria dos materiais possuirá ambas as propriedades:


dielétrica e condutora. Ou seja, um material considerado dielétrico pode ser

182
Eletromagnetismo I

ligeiramente condutivo, e um material que é principalmente condutivo pode ser


ligeiramente dielétrico.

Problema 1: Um fio de cobre com condutividade de 5,8 ∙ 107 S/m está sujeito a um
campo elétrico de 20 𝑟̂ mV/m. Determine a densidade de corrente.

Solução:

𝐽⃗ = 𝜎𝐸⃗⃗ = 5,8 ∙ 107 ∙ 20 ∙ 10−3 𝑟̂ = 1,16 ∙ 106 A/m2

Como discutido anteriormente, a diferença fundamental entre condutores e


dielétricos é que em um condutor os elétrons (livres) estão fracamente ligados ao átomo
(permitindo que eles migrem de um átomo para outro através da estrutura cristalina do
material), enquanto no dielétrico os elétrons das últimas camadas estão fortemente
ligados aos átomos.

Na ausência de um campo elétrico externo, os elétrons em qualquer material


formam uma nuvem simétrica em torno dos núcleos (nesse caso, o centro da nuvem
eletrônica coincide com o centro do núcleo), conforme a Figura a. Quando um condutor
está sujeito a um campo elétrico aplicado externamente, a maior parte dos elétrons livres
migra facilmente de um átomo para o próximo, estabelecendo uma corrente elétrica.
Por outro lado, um campo elétrico aplicado externamente em um dielétrico não
apresenta o efeito de migração, visto que eles não podem se mover livremente. Nesse
caso, a nuvem de elétrons é distorcida (as cargas negativas são atraídas e as positivas
repelidas pelo campo elétrico externo), formando um átomo ou molécula polarizado (o
centro da nuvem de elétrons representa o polo negativo enquanto o núcleo representa o
polo positivo). O processo de polarização está ilustrado na Figura b. O átomo ou
molécula polarizado pode ser representado por um dipolo elétrico, conforme mostra a
Figura c, com uma carga elétrica +q no centro do núcleo separada a uma distância d de
uma carga elétrica -q no centro da nuvem de elétrons.

183
Eletromagnetismo I

Fonte: ULABY, 2007.

Este campo elétrico induzido, denominado campo elétrico de polarização, é mais


fraco e oposto ao campo elétrico externo aplicado. Por conta disso, o campo elétrico
resultante presente no material dielétrico é menor que o campo elétrico externo (a
polarização cria um campo elétrico oposto no interior do material, tendo como efeito
resultante a diminuição do campo elétrico externo total).

Nesse ponto podemos definir permissividade elétrica como sendo uma grandeza
física que descreve o quanto um campo elétrico afeta e é afetado por um material (ou
meio). A permissividade está diretamente relacionada com a susceptibilidade elétrica,
que determina o grau com o qual um material é suscetível (propenso) a polarização.

É comum caracterizar a permissividade (ϵ) de um material em relação ao espaço


livre (ϵo ), denominada permissividade relativa ou constante dielétrica, representada
pelo símbolo 𝜖𝑟 . A Tabela 7 apresenta valores para a permissividade relativa (constante
dielétrica) e para a rigidez dielétrica de materiais comuns.

Tabela 7: Permissividade relativa (constante dielétrica) e rigidez dielétrica de


materiais comuns.

Fonte: ULABY, 2007.

184
Eletromagnetismo I

A aplicação de um campo elétrico suficientemente forte pode tirar elétrons do


átomo e permitir condução nos dielétricos. Isso pode causar um efeito de fuga, segundo
o qual a colisão de um elétron extirpado com outro átomo pode causar uma geração
adicional de cargas e a ruptura do dielétrico (quando isso acontece podem ocorrer
faíscas e o material dielétrico pode ser danificado permanentemente devido às colisões
de elétrons com a estrutura molecular). A rigidez dielétrica consiste no campo elétrico
máximo a que um dielétrico pode ser submetido antes da ruptura. Um exemplo mais
comum de ruptura dielétrica é a descarga atmosférica, onde carga suficiente tem sido
acumulada para superar a rigidez dielétrica do ar (aproximadamente 3 MV/m!).

Uma nuvem carregada com um potencial elétrico V, em relação ao solo, induz um


campo elétrico E = V/d no meio (ar) entre a nuvem e o solo (em que d é a altura entre
a base da nuvem e o solo). Se V for suficientemente grande de forma que E exceda a
rigidez dielétrica do ar, ocorrerá a ionização do ar (formação de íons devido à condução
de elétrons), seguida de uma descarga elétrica (relâmpago).

Em aplicações de alta tensão ou potência elevada envolvendo dielétricos (por


exemplo, cabos de alta tensão), a rigidez dielétrica é um importante critério de projeto.
No projeto de capacitores, cuidado tem que ser tomado para não exceder a tensão de
ruptura do dielétrico.

Densidade de fluxo elétrico

A densidade de fluxo elétrico pode ser definida, matematicamente, como:

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗
𝐷

A unidade da densidade de fluxo elétrico é Coulomb por metro quadrado (C/m2).


⃗⃗ é um vetor que preserva a direção e sentido do campo elétrico 𝐸⃗⃗ .
Observe que 𝐷
Observe que, a partir de agora, estamos considerando a permissividade do meio ϵ, no
lugar da permissividade no vácuo ϵo. É importante destacar que a permissividade do
meio é obtida a partir da seguinte equação:

185
Eletromagnetismo I

ϵ = 𝜖𝑟 𝜖𝑜

Em que 𝜖𝑟 é permissividade relativa (ou constante dielétrica) do material (ou do


meio). Vale ressaltar ainda que 𝜖𝑜 de todas as equações que vimos na Unidade anterior
pode ser substituído por 𝜖𝑟 𝜖𝑜 , caso o material (ou meio) não seja o ar (ou o vácuo). Ao
fazer essa substituição, note que apenas a intensidade do campo elétrico irá mudar
(devido à polarização do material, ou do meio), sendo mantida a sua orientação (direção
e sentido se mantêm).

Problema 2: Determine a densidade de fluxo elétrico para um campo elétrico de 30 𝑧̂


kV/m aplicado sobre um material com constante dielétrica de 5.

Solução:

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗ = 𝜖𝑟 𝜖𝑜 𝐸⃗⃗ = 5 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 30 ∙ 103 𝑧̂ = 1,3 ∙ 10−6 𝑧̂ C/m2


𝐷

Como discutido na seção anterior, em um bom condutor (idealmente perfeito) o


campo elétrico é igual a zero. Para entender esse fato, suponha que apareça subitamente
uma quantidade de elétrons no interior de um condutor. Como os campos elétricos
criados por esses elétrons não são contrapostos por nenhuma carga positiva, os elétrons
irão se repelir, afastando-se uns dos outros. Isso continua até os elétrons atingirem a
superfície do condutor. Neste ponto, a progressão dos elétrons afastando-se uns dos
outros é interrompida, pois o material que envolve o condutor é um dielétrico, que não
permite a condução. Assim, nenhuma carga deve permanecer dentro do condutor (caso
permanecesse, o campo elétrico resultante forçaria essas cargas em direção à superfície
do condutor). O resultado final dentro de um condutor é uma densidade de carga elétrica
igual a zero, e uma densidade superficial de carga elétrica em sua superfície exterior.
Nessas condições, pela Lei do Fluxo de Gauss, temos que o campo elétrico dentro de
um condutor é igual a zero.

Não existem campo elétrico dento de um condutor.

186
Eletromagnetismo I

Vamos agora avaliar como os campos elétricos se comportam na fronteira entre um


par de dielétricos ou entre um dielétrico e um condutor. Calculamos uma integral de
linha de 𝐸⃗⃗ ao redor de um caminho retangular fechado, como indicado na Figura:

Fonte: WENTWORTH, 2009.

O campo elétrico 𝐸⃗⃗ nos meios 1 e 2 podem ser escritos em termos das direções
tangenciais e normais:

𝐸⃗⃗1 = 𝐸⃗⃗𝑇1 + 𝐸⃗⃗𝑁1

𝐸⃗⃗2 = 𝐸⃗⃗𝑇2 + 𝐸⃗⃗𝑁2

Para deduzir as condições de fronteira para as componentes tangenciais 𝐸⃗⃗ e 𝐷


⃗⃗,
começamos construindo um loop fechado abcda e então aplicamos a propriedade da
conservação do campo elétrico (integral de linha do campo eletrostático em torno de
um percurso fechado é igual a zero). Assim temos:
𝑏 𝑐 𝑑 𝑎

∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∫ 𝐸⃗⃗𝑇1 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐸⃗⃗𝑁1 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐸⃗⃗𝑇2 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐸⃗⃗𝑁2 ∙ 𝑑𝑙⃗ = 0
𝐶
𝑎 𝑏 𝑐 𝑑

Fazendo Δh tender a zero, as contribuições das integrais de linha dos seguimentos


bc e da são zero. Com isso:
𝑏 𝑑

∫ 𝐸⃗⃗𝑇1 ∙ 𝑑𝑙⃗ + ∫ 𝐸⃗⃗𝑇2 ∙ 𝑑𝑙⃗ = 0


𝑎 𝑐

Ao longo do segmento ab, 𝐸⃗⃗𝑇1 e 𝑑𝑙⃗ têm mesmo sentido, já no seguimento cd, 𝐸⃗⃗𝑇2
e 𝑑𝑙⃗ têm sentidos opostos, logo:

𝐸𝑇1 Δw + 𝐸𝑇2 (−Δw) = 0

187
Eletromagnetismo I

𝐸𝑇1 Δw − 𝐸𝑇2 Δw = 0

Portanto:

𝐸𝑇1 = 𝐸𝑇2

Ou seja, a componente tangencial do campo elétrico tem que ser contínua através
da fronteira entre os dois meios.

Podemos escrever ainda, em termos da densidade de fluxo elétrico:


𝐷𝑇1 𝐷𝑇2
=
𝜖1 𝜖2

Assim:
𝜖1
𝐷𝑇1 = 𝐷𝑇2
𝜖2

Podendo ser escrito como:


𝜖𝑟1
𝐷𝑇1 = 𝐷𝑇2
𝜖𝑟2

Ou seja, as componentes tangenciais do vetor densidade de fluxo elétrico nos


meios 1 e 2 depende da constante dielétrica de cada meio.

Para determinar as componentes normais de 𝐸⃗⃗ e de 𝐷


⃗⃗, devemos partir da Lei de
Fluxo de Gauss:
𝑄
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ =
𝑆 ϵ
⃗⃗
𝐷 𝑄
∮ ∙ 𝑑𝑆⃗ =
𝑆 ϵ ϵ

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄
∮ 𝐷
𝑆

Essa equação comprova que a integral da densidade de fluxo elétrico sobre a


superfície fechada é igual a carga elétrica total contida no interior dessa superfície.
Lembrando que, no caso particular de o meio ser condutor, então:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 0
∮ 𝐷
𝑆

188
Eletromagnetismo I

Considere novamente dois meios (1 e 2). Vamos traçar uma superfície gaussiana,
como mostrado a seguir:

⃗⃗, considerando a superfície gaussiana da


Partindo da Lei de Fluxo de Gauss para 𝐷
figura, temos:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ 𝐷
∮ 𝐷 ⃗⃗𝑁1 ∙ 𝑑𝑆⃗ + ∫ 𝐷
⃗⃗𝑁2 ∙ 𝑑𝑆⃗ + ∫ ⃗⃗⃗⃗
𝐷 ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄
𝑆
𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙

Fazendo Δh tender a zero, a contribuição da integral da superfície lateral será zero


(o fluxo através da superfície lateral será nulo). Assim:

⃗⃗𝑁1 ∙ 𝑑𝑆⃗ + ∫ 𝐷
∫𝐷 ⃗⃗𝑁2 ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄
𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒

Temos que as áreas das superfícies topo e base são iguais (ΔS), mas de sentidos
opostos (o vetor superfície topo aponta para cima + ΔS, enquanto o vetor superfície
base aponta para baixo - ΔS). Logo:

𝐷𝑁1 ∙ Δ𝑆 + 𝐷𝑁2 ∙ (−Δ𝑆) = 𝑄

Como 𝑄 = 𝜌𝑆 Δ𝑆, temos:

𝐷𝑁1 Δ𝑆 − 𝐷𝑁2 Δ𝑆 = 𝜌𝑆 Δ𝑆

Assim:

𝐷𝑁1 − 𝐷𝑁2 = 𝜌𝑆

Ou seja, a componente normal da densidade de fluxo elétrico varia abruptamente


na fronteira entre os dois meios, a qual está carregada com uma densidade de cargas
superficial 𝜌𝑆 .

189
Eletromagnetismo I

Observe que a densidade de fluxo elétrico e a densidade de carga elétrica


superficial tem a mesma unidade: C/m2.

Podemos escrever ainda, em termos do campo elétrico:

𝜖1 𝐸𝑁1 − 𝜖2 𝐸𝑁2 = 𝜌𝑆

Essa equação vale para qualquer que sejam os dois meios. Para o caso particular
em que os meios são dois dielétricos, temos que:

𝜌𝑆 = 0

Portanto:

𝐷𝑁1 − 𝐷𝑁2 = 0

𝐷𝑁1 = 𝐷𝑁2

Ou seja, a componente normal da densidade de fluxo elétrico é contínua através da


fronteira entre os dois meios dielétricos.

Assim:

𝜖1 𝐸𝑁1 = 𝜖2 𝐸𝑁2
𝜖2
𝐸𝑁1 = 𝐸𝑁2
𝜖1

Podendo ser escrito como:


𝜖𝑟2
𝐸𝑁1 = 𝐸𝑁2
𝜖𝑟1

Válida quando os dois meios são dielétricos.

No caso de um dos meios ser condutor (por exemplo, o meio 2), temos que o campo
elétrico será:

𝐸⃗⃗2 = 0

Pois o campo elétrico em um material condutor é sempre igual a zero.


Consequentemente, as componentes tangenciais e normais tanto do campo elétrico
quanto da densidade de fluxo elétrico no meio 2 será igual a zero. Com isso:

190
Eletromagnetismo I

𝐸𝑇1 = 𝐸𝑇2 = 0

Ou seja, a componente tangencial do campo elétrico na fronteira, em qualquer que


seja o meio, será igual a 0. O mesmo vale para a densidade de fluxo elétrico:

𝐷𝑇1 = 𝐷𝑇2 = 0

Para as componentes normais do campo elétrico:

𝜖1 𝐸𝑁1 − 𝜖2 𝐸𝑁2 = 𝜌𝑆

𝜖1 𝐸𝑁1 = 𝜌𝑆
𝜌𝑆
𝐸𝑁1 =
𝜖1

E da densidade de fluxo elétrico:

𝐷𝑁1 − 𝐷𝑁2 = 𝜌𝑆

𝐷𝑁1 = 𝜌𝑆

Podemos resumir essas equações como mostrado na Tabela 8.

Tabela 8: Condições de contorno na fronteira entre dois meios.

Quaisquer dois meios Meio 1 Meio 2 Meio 1 Meio 2


Dielétrico Dielétrico Dielétrico Condutor
𝐸𝑇1 = 𝐸𝑇2 𝐸𝑇1 = 𝐸𝑇2 𝐸𝑇1 = 𝐸𝑇2 = 0
𝜖𝑟1 𝜖𝑟1
𝐷𝑇1 = 𝐷𝑇2 𝐷𝑇1 = 𝐷𝑇2 𝐷𝑇1 = 𝐷𝑇2 = 0
𝜖𝑟2 𝜖𝑟2
𝜖2 𝜌𝑆
𝜖1 𝐸𝑁1 − 𝜖2 𝐸𝑁2 = 𝜌𝑆 𝐸𝑁1 = 𝐸𝑁2 𝐸𝑁1 = 𝐸𝑁2 = 0
𝜖1 𝜖1

𝐷𝑁1 − 𝐷𝑁2 = 𝜌𝑆 𝐷𝑁1 = 𝐷𝑁2 𝐷𝑁1 = 𝜌𝑆 𝐷𝑁2 = 0

A partir das informações contidas na Tabela 8, podemos concluir que:

1. A componente tangencial do campo elétrico é sempre contínua na fronteira


entre dois meios.

2. A componente tangencial da densidade de fluxo elétrico é sempre


descontínua na fronteira entre dois meios.

191
Eletromagnetismo I

3. A componente normal do campo elétrico é sempre descontínua na fronteira


entre dois meios.

4. A componente normal da densidade de fluxo elétrico é contínua na fronteira


entre dois meios, apenas em uma interface dielétrico-dielétrico.

Problema 3: Considere um plano xy como uma fronteira livre de cargas que separa dois
meios dielétricos com permissividade relativa iguais a 𝜖𝑟1 = 3 e 𝜖𝑟2 = 6. Se o campo
elétrico no meio 2 é dado por 𝐸⃗⃗2 = 10 𝑥̂ + 5 𝑧̂ V/m, determine o campo elétrico na
fronteira do meio 1.

Solução:

𝐸𝑇2 = 10 𝑥̂

𝐸𝑁2 = 5 𝑧̂

𝐸𝑇1 = 𝐸𝑇2 = 10 𝑥̂
𝜖2 𝜖𝑟2 6
𝐸𝑁1 = 𝐸𝑁2 = 𝐸𝑁2 = 5 ∙ = 10 𝑧̂
𝜖1 𝜖𝑟1 3

𝐸⃗⃗1 = 10 𝑥̂ + 10 𝑧̂ V/m

Problema 4: Aplicação das condições de contorno. O plano xy é uma fronteira livre


de cargas que separa dois meios dielétricos com permissividade 𝜖1 e 𝜖1 , conforme
mostrado na figura:

Se o campo elétrico no meio 1 é 𝐸⃗⃗1 = 𝐸𝑥1 𝑥̂ + 𝐸𝑦1 𝑦̂ + 𝐸𝑧1 𝑧̂ , determine (a) o campo
elétrico 𝐸⃗⃗2 no meio 2e (b) os ângulos 𝜃1 e 𝜃2 .

192
Eletromagnetismo I

Solução:

(a) Temos:

𝐸⃗⃗2 = 𝐸𝑥2 𝑥̂ + 𝐸𝑦2 𝑦̂ + 𝐸𝑧2 𝑧̂

Como as componentes tangenciais do campo elétrico são contínuas:

𝐸𝑥2 = 𝐸𝑥1

𝐸𝑦2 = 𝐸𝑦1

Para as componentes normais:


𝜖1
𝐸𝑧2 = 𝐸𝑧1
𝜖2
𝜖1
𝐸⃗⃗2 = 𝐸𝑥1 𝑥̂ + 𝐸𝑦1 𝑦̂ + 𝐸𝑧1 𝑧̂
𝜖2

(b) Temos que:

𝐸𝑇1 = √𝐸𝑥12 + 𝐸𝑦1 2

𝐸𝑇2 = √𝐸𝑥2 2 + 𝐸𝑦2 2 = √𝐸𝑥12 + 𝐸𝑦1 2

𝐸𝑁1 = 𝐸𝑧1
𝜖1
𝐸𝑁2 = 𝐸𝑧2 = 𝐸𝑧1
𝜖2

Assim:

𝐸𝑇1 √𝐸𝑥12 + 𝐸𝑦1 2


𝜃1 = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1
𝐸𝑁1 𝐸𝑧1
( )

𝐸𝑇2 √𝐸𝑥1 2 + 𝐸𝑦1 2


𝜃2 = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1
𝐸𝑁2 𝐸𝑧1 (𝜖1/𝜖2 )
( )
Observe que:
𝑡𝑎𝑛 𝜃2 𝜖2
=
𝑡𝑎𝑛 𝜃1 𝜖1

193
Eletromagnetismo I

Problemas de valor de contorno na Eletrostática

Na Unidade anterior aprendemos diversas formas de obter o campo elétrico:

1. O campo elétrico 𝐸⃗⃗ pode ser determinada pelo somatório ou pela integração
de cargas pontuais, linhas de cargas e outras configurações de cargas.

2. Por meio da lei de Gauss, a partir da qual podemos determinar o campo E


associado.

3. Apesar dessas duas abordagens terem importância na compreensão da teoria


eletromagnética, ambas tendem a ter aplicação relativamente restrita, pois,
em geral, as distribuições de cargas não são conhecidas na prática. A partir
daí definimos um novo método, em que o campo elétrico 𝐸⃗⃗ é obtido a partir
do potencial elétrico 𝑉.

Entretanto, esse método requer que a função potencial seja conhecida em toda a
região de interesse (que geralmente não é conhecida a priori). Em vez disso, materiais
condutores na forma de planos, superfícies curvas ou linhas são normalmente
especificados, e o potencial sobre esses materiais é conhecido em relação a uma
referência (em geral, outro condutor). Nestes casos, a solução da equação de Laplace
é um método a partir do qual a função potencial 𝑉 pode ser obtida, uma vez
especificadas as condições (ou valor) de fronteira (ou de contorno) sobre os condutores
que delimitam a região de interesse.

As condições de fronteira são úteis para se determinar os campos elétricos quando


algumas das grandezas de campo são conhecidas. Em muitos exemplos, entretanto,
apenas os potenciais elétricos são conhecidos com, talvez, alguma informação a
respeito da distribuição de cargas. Em geral, sabemos a diferença de potencial DDP
através de um par de condutores, com alguma configuração geométrica (sistema de
coordenada), que estão separados por um dielétrico. Desejamos calcular o potencial
elétrico em qualquer lugar em conjunto com o campo elétrico.

Nessa seção estudaremos os problemas de síntese: dada uma configuração de


corpos condutores (superfícies metálicas) e especificadas condições de contorno (ou de

194
Eletromagnetismo I

fronteira) para a função potencial e/ou sua derivada, determinaremos a função potencial
𝑉 e o campo elétrico 𝐸⃗⃗ associado.

O campo elétrico 𝐸⃗⃗ pode ser obtido a partir do potencial elétrico 𝑉:

𝐸⃗⃗ = −∇𝑉

Além disso, o campo elétrico 𝐸⃗⃗ pode ser usado para determinar a densidade de
⃗⃗:
fluxo elétrico 𝐷

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗
𝐷

Em um condutor, as cargas induzidas estão depositadas na superfície do material,


⃗⃗ e 𝐸⃗⃗ são normais à superfície:
e os campos 𝐷

𝐷𝑁 = 𝜌𝑆

Nos problemas de síntese, a carga total Q no condutor, e a capacitância são obtidas,


quando pertinente.

Dois corpos condutores separados por um meio dielétrico formam um capacitor.


Sabemos que a carga elétrica se distribui na superfície dos condutores, e o campo
elétrico é normal à superfície. Além disso, cada condutor é uma superfície
equipotencial. Se uma fonte de tensão contínua (por exemplo, uma bateria) for
conectada aos condutores, cargas iguais e de polaridades opostas são transferidas para
as suas superfícies:

A superfície do condutor conectado ao lado positivo da fonte acumula uma carga


+Q, enquanto uma carga -Q se acumula na superfície do outro condutor. À medida que

195
Eletromagnetismo I

os condutores vão sendo carregados, a diferença de potencial aumenta até se tornar igual
à diferença de potencial V entre os terminais da fonte de tensão.

Quando um condutor tem excesso de cargas, elas se distribuem na superfície,


mantendo o campo elétrico zero em qualquer ponto dentro do condutor. Isso assegura
que o condutor seja um corpo equipotencial, isto é, o potencial elétrico é o mesmo em
cada ponto de sua superfície.

Vamos então definir a capacitância de um capacitor como:


𝑄
𝐶=
𝑉
Em que Q é o valor absoluto da carga total em um dos condutores e V agora é o
valor absoluto da diferença de potencial entre os condutores. A unidade da capacitância
é coulomb por volt (C/V) ou farads (F), sendo esta última mais comum.

A constante de proporcionalidade C é chamada de capacitância do capacitor. O


valor de C depende da geometria dos condutores (do tamanho, da forma e da posição
relativa dos dois condutores) e da permissividade do material dielétrico, mas não
depende da carga Q nem da diferença de potencial V. A capacitância é uma medida da
quantidade de carga que precisa ser acumulada nos condutores para produzir certa
diferença de potencial. Quanto maior a capacitância, maior a carga necessária.

Problema 5: A carga elétrica total acumulada na superfície de dois condutores é igual a


60 nC. Se a diferença de potencial entre esses condutores é de 10 V, determine a sua
capacitância.

Solução:
𝑄 60 ∙ 10−9
𝐶= = = 6 ∙ 10−9 = 6 nF
𝑉 10

O problema de síntese, matematicamente, se relaciona com a solução das equações


de Poisson e Laplace. Nesse caso, podemos aplicar as equações de Poisson e Laplace

196
Eletromagnetismo I

para nos auxiliar a determinar a função potencial, quando as condições na fronteira


forem especificadas.

-Equações de Poisson e Laplace

As equações de Poisson e Laplace permitem a determinação da função potencial.


Quando comparadas a outros métodos, são geralmente mais úteis, uma vez que muitos
problemas em engenharia envolvem dispositivos cujas diferenças de potencial
aplicadas são conhecidas, e cujas fronteiras estão submetidas a potenciais constantes.

Dada uma distribuição de cargas volumétrica, temos:

𝑄 ∭𝑉 𝜌𝑉 𝑑𝑉
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = =
𝑆 ϵ ϵ

Ou seja:

∭𝑉 𝜌𝑉 𝑑𝑉
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ =
𝑆 ϵ

Considere:
⃗⃗
𝐷
𝐸⃗⃗ =
ϵ
Substituindo:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∭ 𝜌𝑉 𝑑𝑉
∮ 𝐷
𝑆
𝑉

Aplicando o Teorema da Divergência:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∭ ∇ ∙ 𝐷
∮ 𝐷 ⃗⃗ 𝑑𝑉
𝑆
𝑉

Assim:

⃗⃗ 𝑑𝑉 = ∭ 𝜌𝑉 𝑑𝑉
∭∇∙𝐷
𝑉 𝑉

Que resulta em:

197
Eletromagnetismo I

⃗⃗ = 𝜌𝑉
∇∙𝐷

Essa equação demonstra que a densidade de fluxo elétrico que atravessa um ponto
dessa superfície é igual a densidade de carga volumétrica naquele ponto. Naturalmente,
calculada a integral tripla em ambos os lados da equação, temos que o fluxo total
(integral da densidade de fluxo elétrico em toda a região de interesse) é igual a carga
elétrica total dentro dessa região.

Como:

𝐸⃗⃗ = −∇𝑉

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗
𝐷

Chegamos em:
𝜌𝑉
∇ ∙ (−∇𝑉) =
ϵ
𝜌𝑉
∇2 𝑉 = −
ϵ
Que é a equação de Poisson. Essa equação mostra que o laplaciano escalar do
potencial elétrico é igual a menos a densidade de carga volumétrica nos condutores
dividida pela permissividade do meio dielétrico.

Considerando agora uma região sem cargas livres (𝜌𝑉 = 0):

∇2 𝑉 = 0

Que é a equação de Laplace.

Considerando cada sistema de coordenada. Temos que a equação de Laplace em


coordenadas retangulares é dada por:
𝜕2𝑉 𝜕2𝑉 𝜕2𝑉
+ + =0
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2

Em coordenadas cilíndricas é dada por:


1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕2𝑉 𝜕2𝑉
(𝑟 ) + 2 + =0
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ2 𝜕𝑧 2

E no sistema de coordenadas esféricas é dada por:


1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕2𝑉
2 (𝑅2 ) + 2 (𝑠𝑒𝑛 𝜃 ) + 2 =0
𝑅 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ2
2

198
Eletromagnetismo I

A equação de Laplace é bastante abrangente. Quando aplicada a qualquer local


onde a densidade volumétrica de carga é zero, ela determina que toda configuração
imaginável de eletrodos ou condutores produz um campo para o qual o laplaciano é
igual a zero (uma vez que nos condutores as cargas se depositam na superfície, a
densidade volumétrica será igual a zero). Todos esses campos são diferentes, com
diversos valores de potenciais e de taxas de variação espacial, e ainda assim o laplaciano
é igual a zero para cada um deles. Uma vez que todos os campos (se 𝜌𝑉 = 0) satisfazem
a equação de Laplace, podemos reverter o procedimento e utilizá-la para encontrar um
campo específico no qual tenhamos interesse. Naturalmente, são necessárias mais
informações, de forma que devemos resolver a equação de Laplace sujeita a algumas
condições de fronteira.

Todo problema físico deve conter pelo menos uma fronteira condutora
(normalmente ele contém duas ou mais). Os potenciais nessas fronteiras devem ser
conhecidos. Essas superfícies equipotenciais definidas fornecerão as condições de
fronteira para o tipo de problema a ser resolvido.

Portanto, a solução das equações de Poisson e Laplace para determinar o campo


potencial requer que conheçamos o potencial nas fronteiras (isto é, os valores de
contorno nas fronteiras). Assumimos uma superfície condutora em cada extremidade
do material e então aplicamos a equação de Laplace para obter uma expressão para o
potencial, que é resolvido com base nas condições de fronteira (ou seja, os potenciais
em cada lado). O campo elétrico é determinado utilizando-se a equação do gradiente.

Restringimos nossa discussão para geometrias simples e simétricas, para as quais


a aplicação das equações é direta.

A técnica de solução aqui aplicada estará baseada no Método de Separação de


Variáveis, que se baseia em uma interpretação das condições de contorno (que são
conhecidas). Os problemas de valor de contorno podem ser classificados em três tipos:

1- Dirichlet: a função potencial 𝑉 é especificada em toda a superfície de


descontinuidade.

2- Neumann: a derivada da função potencial em relação à normal é especificada


em toda a superfície.

199
Eletromagnetismo I

3- Cauchy: condições de contorno mistas.

Para solucionar os problemas de valor de contorno utilizaremos uma


particularização do Método de Separação de Variáveis, baseado no Método de
Integração Direta, aplicados a problemas unidimensionais.

Problemas unidimensionais: método da integração direta

Vamos começar estudando o problema do capacitor plano de placas paralelas, o


qual pode ser resolvido considerando o sistema de coordenadas retangulares.

No sistema de coordenadas retangulares, a equação de Laplace pode ser escrita


como:
𝜕2𝑉 𝜕2𝑉 𝜕2𝑉
+ + =0
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2

A geometria do problema é mostrada na figura a seguir:

O capacitor consiste de duas placas infinitas paralelas ao plano xy posicionadas a


uma distância d entre elas. Considere que o potencial elétrico em z = 0 é 0, e que o
potencial elétrico em z = d é Vo, de forma que a diferença de potencial é igual a Vo (que
é a diferença de potencial da fonte de tensão). As placas condutoras estão separadas por
um material dielétrico com permissividade ϵ. Note ainda que as linhas de campo elétrico
apontam do condutor de carga elétrica +Q para o de carga elétrica –Q.

Nessas condições, as superfícies equipotenciais são planos infinitos paralelos ao


plano xy (ou seja, não dependem nem de x e nem de y), paralelos entre si e
perpendiculares ao eixo z. Logo o potencial elétrico não varia nem com x e nem com y.
Portanto, a equação de Laplace pode ser escrita como:

200
Eletromagnetismo I
𝑑2 𝑉
=0
𝑑𝑧 2
Por integração direta:
𝑑𝑉
=𝐴
𝑑𝑧
Integrando novamente, temos:

𝑉(𝑧) = 𝐴 𝑧 + 𝐵

Para 0 ≤ 𝑧 ≤ 𝑑, isto é, a região entre as planos.

As condições de contorno são:

𝑉(0) = 0

𝑉(𝑑) = 𝑉𝑜

Assim:

𝑉(0) = 𝐴 ∙ 0 + 𝐵 = 0

𝐵=0

E:

𝑉(𝑑) = 𝐴 ∙ 𝑑 + 𝐵 = 𝑉𝑜

𝐴 ∙ 𝑑 + 0 = 𝑉𝑜
𝑉𝑜
𝐴=
𝑑
Substituindo:
𝑉𝑜
𝑉(𝑧) = 𝑧
𝑑
Que é a função potencial elétrico em qualquer ponto entre as placas condutoras.

Para o campo elétrico, temos:


𝑑𝑉
𝐸⃗⃗ = −∇𝑉 = − 𝑧̂
𝑑𝑧
𝑉𝑜
𝐸⃗⃗ = − 𝑧̂
𝑑

201
Eletromagnetismo I

Observe que o campo elétrico aponta para z negativo, como mostrado na figura, e
sua magnitude é constante entre as placas condutoras.

Considerando um material dielétrico de permissividade ϵ entre as placas


condutoras, temos a densidade de fluxo elétrico dada por:

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗
𝐷
ϵ 𝑉𝑜
⃗⃗ = −
𝐷 𝑧̂
𝑑
Temos ainda que a componente normal (à placa condutora) da densidade de fluxo
elétrico é:

𝐷𝑁 = 𝜌𝑆
ϵ 𝑉𝑜
𝜌𝑆 =
𝑑
Considerando que as dimensões da área das placas sejam finitas dada por A,
entretanto sejam muito maior do que a distância entre as placas (A >> d). Nesse caso,
as soluções encontradas se mantêm válidas, uma vez que os planos podem ser
considerados infinitos. A carga elétrica total é dada então por:

𝑄 = 𝜌𝑆 𝐴
ϵ 𝑉𝑜 𝐴
𝑄=
𝑑
Por fim, a capacitância pode ser calculada como:
𝑄
𝐶=
𝑉𝑜
ϵ𝐴
𝐶=
𝑑
Como discutido anteriormente, a capacitância não depende nem da diferença de
potencial elétrico e nem da carga elétrica. Como pode ser observado, ele depende
apenas da geometria do capacitor e da permissividade do meio dielétrico.

202
Eletromagnetismo I

Problema 6: Considere um capacitor plano de placas paralelas posicionadas ao longo


do plano xy, em que as placas condutoras possuem área de 400 cm2 e estão a uma
distância de 20 mm entre elas. A permissividade relativa do meio dielétrico entre essas
placas é igual a 5. Se uma diferença de potencial de 10 V for aplicada, determine (a) a
expressão do potencial elétrico, (b) o campo elétrico (c) a capacitância.

Solução:

(a)
𝑉𝑜 10
𝑉(𝑧) = 𝑧= 𝑧 = 500 𝑧 V
𝑑 20 ∙ 10−3
(b)
𝑉𝑜 10
𝐸⃗⃗ = − 𝑧̂ = − 𝑧̂ = −500 𝑧̂ V/m
𝑑 20 ∙ 10−3
(c)
ϵ 𝐴 5 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 400 ∙ 10−4
𝐶= = = 8,85 ∙ 10−11 F
𝑑 20 ∙ 10−3

Experimente o seguinte laboratório para realizar simulações sobre um capacitor de


placas paralelas:

https://phet.colorado.edu/sims/html/capacitor-lab-basics/latest/capacitor-lab-basics_pt_BR.html

Vamos agora estudar o problema do capacitor cilíndrico de cascas paralelas,


também conhecido como capacitor coaxial, o qual pode ser resolvido considerando o
sistema de coordenadas cilíndricas.

No sistema de coordenadas cilíndricas, a equação de Laplace pode ser escrita


como:
1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕2𝑉 𝜕2𝑉
(𝑟 ) + 2 + =0
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ2 𝜕𝑧 2

A geometria do problema é mostrada na figura a seguir:

203
Eletromagnetismo I

O capacitor consiste de duas cascas cilíndricas condutoras, infinitas e paralelas,


posicionadas em r = a e em r = b. Considere que o potencial elétrico em r = a é 0, e que
o potencial elétrico em r = b é Vo, de forma que a diferença de potencial é igual a Vo
(que é a diferença de potencial da fonte de tensão). As cascas condutoras estão
separadas por um material dielétrico com permissividade ϵ. Note ainda que as linhas de
campo elétrico apontam do condutor de carga elétrica +Q para o de carga elétrica –Q
(no sentido do eixo central do condutor interno, isto é, na direção de r negativo,
apontando para o eixo r = 0).

Nessas condições, as superfícies equipotenciais são cascas cilíndricas infinitas e


paralelas (não dependem de ϕ nem de z). Portanto, a equação de Laplace pode ser
escrita como:
1𝑑 𝑑𝑉
(𝑟 ) = 0
𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝑟

Ou seja, a função potencial elétrico depende apenas da coordenada radial (varia


apenas com r). Simplificando:
𝑑 𝑑𝑉
(𝑟 ) = 0
𝑑𝑟 𝑑𝑟

Por integração direta:


𝑑𝑉
𝑟 =𝐴
𝑑𝑟
Resolvendo essa equação diferencial:
𝑑𝑉 𝐴
=
𝑑𝑟 𝑟
𝐴
𝑑𝑉 = 𝑑𝑟
𝑟
𝑉(𝑟) = 𝐴 ln 𝑟 + 𝐵

204
Eletromagnetismo I

Para 𝑎 ≤ 𝑟 ≤ 𝑏, isto é, a região entre as cascas cilíndricas.

As condições de contorno são:

𝑉(𝑎) = 0

𝑉(𝑏) = 𝑉𝑜

Assim:

𝑉(𝑎) = 𝐴 ln 𝑎 + 𝐵 = 0

𝐴 ln 𝑎 + 𝐵 = 0

E:

𝑉(𝑏) = 𝐴 ln 𝑏 + 𝐵 = 𝑉𝑜

𝐴 ln 𝑏 + 𝐵 = 𝑉𝑜

Temos o seguinte sistema de equações:

𝐴 ln 𝑎 + 𝐵 = 0

𝐴 ln 𝑏 + 𝐵 = 𝑉𝑜

Fazendo a segunda equação menos a primeira equação, temos:

𝐴 ln 𝑏 − 𝐴 ln 𝑎 = 𝑉𝑜

𝐴 (ln 𝑏 − ln 𝑎) = 𝑉𝑜

𝐴 ln 𝑏/𝑎 = 𝑉𝑜
𝑉𝑜
𝐴=
ln 𝑏/𝑎

Substituindo na primeira equação:


𝑉𝑜
ln 𝑎 + 𝐵 = 0
ln 𝑏/𝑎
𝑉𝑜 ln 𝑎
𝐵=−
ln 𝑏/𝑎

Assim:
𝑉𝑜 ln 𝑟 𝑉𝑜 ln 𝑎
𝑉(𝑟) = −
ln 𝑏/𝑎 ln 𝑏/𝑎

205
Eletromagnetismo I

Que é a função potencial elétrico em qualquer ponto entre as cascas cilíndricas


condutoras.

Para o campo elétrico, temos:


𝑑𝑉
𝐸⃗⃗ = −∇𝑉 = − 𝑟̂
𝑑𝑟
𝑉𝑜 1
𝐸⃗⃗ = − 𝑟̂
ln 𝑏/𝑎 𝑟

Observe que o campo elétrico aponta para r negativo, como mostrado na figura, e
sua magnitude depende de r (a magnitude do campo elétrico não é constante, ela varia
com r). A equação mostra que a intensidade do campo elétrico é maior próximo a casca
interna e menor próximo a casca externa.

Considerando um material dielétrico de permissividade ϵ entre as cascas


condutoras, temos a densidade de fluxo elétrico dada por:

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗
𝐷
ϵ 𝑉𝑜 1
⃗⃗ = −
𝐷 𝑟
̂
ln 𝑏/𝑎 𝑟

Temos ainda que a componente normal (à casca condutora) da densidade de fluxo


elétrico é:

𝐷𝑁 = 𝜌𝑆
ϵ 𝑉𝑜 1
𝜌𝑆𝑖𝑛𝑡 =
ln 𝑏/𝑎 𝑎
ϵ 𝑉𝑜 1
𝜌𝑆𝑒𝑥𝑡 =
ln 𝑏/𝑎 𝑏

Apesar de as densidades de cargas serem diferentes, a carga elétrica total nos


condutores externos e internos devem ser as mesmas:

𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝑄𝑒𝑥𝑡

Considerando que as dimensões da área das cascas cilíndricas sejam finitas dada
por A, entretanto sejam muito maior do que a distância entre as cascas. Nesse caso, as
soluções encontradas se mantêm válidas, uma vez que as cascas podem ser consideradas
infinitas. A carga elétrica total é dada então por:

𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝜌𝑆𝑖𝑛𝑡 𝐴

206
Eletromagnetismo I

𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝜌𝑆𝑖𝑛𝑡 2𝜋𝑎𝐿


ϵ 𝑉𝑜 1
𝑄𝑖𝑛𝑡 = 2𝜋𝑎𝐿
ln 𝑏/𝑎 𝑎
2𝜋𝐿 ϵ 𝑉𝑜
𝑄𝑖𝑛𝑡 =
ln 𝑏/𝑎

Para a carga elétrica na superfície externa:

𝑄𝑒𝑥𝑡 = 𝜌𝑆𝑒𝑥𝑡 𝐴

𝑄𝑒𝑥𝑡 = 𝜌𝑆𝑒𝑥𝑡 2𝜋𝑏𝐿


ϵ 𝑉𝑜 1
𝑄𝑒𝑥𝑡 = 2𝜋𝑏𝐿
ln 𝑏/𝑎 𝑏
2𝜋𝐿 ϵ 𝑉𝑜
𝑄𝑒𝑥𝑡 =
ln 𝑏/𝑎

Ou seja, como explicado:


2𝜋𝐿 ϵ 𝑉𝑜
𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝑄𝑒𝑥𝑡 = 𝑄 =
ln 𝑏/𝑎

Por fim, a capacitância pode ser calculada como:


𝑄
𝐶=
𝑉𝑜
2𝜋𝐿 ϵ
𝐶=
ln 𝑏/𝑎

Observe novamente que a capacitância não depende nem da diferença de potencial


elétrico e nem da carga elétrica, dependendo apenas da geometria do capacitor e da
permissividade do meio dielétrico.

207
Eletromagnetismo I

Problema 7: Considere um capacitor coaxial de comprimento de 60 cm, em que a casca


cilíndrica interna está posicionada em r = 2 mm e a casca cilíndrica externa está
posicionada em r = 4 mm. A permissividade relativa do meio dielétrico entre as cascas
cilíndricas é igual a 3. Se uma diferença de potencial de 10 V for aplicada, determine
(a) o potencial elétrico, (b) o campo elétrico (c) a capacitância.

Solução:

(a)
𝑉𝑜 ln 𝑟 𝑉𝑜 ln 𝑎 10 ln 𝑟 10 ln(2 ∙ 10−3 )
𝑉(𝑟) = − = − = 14,43 ln 𝑟 + 89,66 V
ln 𝑏/𝑎 ln 𝑏/𝑎 ln(4/2) ln(4/2)

(b)
𝑉𝑜 1 10 1 14,43
𝐸⃗⃗ = − 𝑟̂ = − 𝑟̂ = − 𝑟̂ V/m
ln 𝑏/𝑎 𝑟 ln(4/2) 𝑟 𝑟

(c)
2𝜋𝐿 ϵ 2 ∙ 𝜋 ∙ 60 ∙ 10−2 ∙ 3 ∙ 8,85 ∙ 10−12
𝐶= = = 1,44 ∙ 10−10 F
ln 𝑏/𝑎 ln(4/2)

Vamos agora estudar o problema do capacitor esférico, o qual pode ser resolvido
considerando o sistema de coordenadas esféricas.

No sistema de coordenadas esféricas, a equação de Laplace pode ser escrita como:


1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕2𝑉
2 (𝑅2 ) + 2 (𝑠𝑒𝑛 𝜃 ) + 2 =0
𝑅 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ2
2

A geometria do problema é mostrada na figura a seguir:

208
Eletromagnetismo I

O capacitor consiste de duas cascas esféricas condutoras, posicionadas em R = a e


em R = b. Considere que o potencial elétrico em R = a é Vo, e que o potencial elétrico
em R = b é 0, de forma que a diferença de potencial é igual a Vo (que é a diferença de
potencial da fonte de tensão). As cascas condutoras estão separadas por um material
dielétrico com permissividade ϵ. Nesse caso, as linhas de campo elétrico vão apontar
do condutor interno (de carga elétrica +Q) para o condutor externo (que possui carga
elétrica –Q), isto é, na direção de R positivo (saindo do centro da esfera, de R = 0).

Nessas condições, as superfícies equipotenciais são cascas esféricas, portanto não


dependem de 𝜃 nem de ϕ). Então, a equação de Laplace pode ser escrita como:
1 𝑑 𝑑𝑉
(𝑅2 ) = 0
𝑅 2 𝑑𝑅 𝜕𝑅

Ou seja, a função potencial elétrico depende apenas da coordenada radial (varia


apenas com R). Simplificando:
𝑑 𝑑𝑉
(𝑅2 ) = 0
𝑑𝑅 𝜕𝑅

Por integração direta:


𝑑𝑉
𝑅2 =𝐴
𝜕𝑅
Resolvendo essa equação diferencial:
𝑑𝑉 𝐴
=
𝑑𝑅 𝑅2
𝐴
𝑑𝑉 = 2 𝑑𝑅
𝑅
𝐴
𝑉(𝑅) = − + 𝐵
𝑅

209
Eletromagnetismo I

Para 𝑎 ≤ 𝑅 ≤ 𝑏, isto é, a região entre as cascas esféricas.

As condições de contorno são:

𝑉(𝑎) = 𝑉𝑜

𝑉(𝑏) = 0

Assim:
𝐴
𝑉(𝑎) = − + 𝐵 = 𝑉𝑜
𝑎
𝐴
− + 𝐵 = 𝑉𝑜
𝑎
E:
𝐴
𝑉(𝑏) = − +𝐵=0
𝑏
𝐴
− +𝐵 = 0
𝑏
Temos o seguinte sistema de equações:
𝐴
− + 𝐵 = 𝑉𝑜
𝑎
𝐴
− +𝐵 = 0
𝑏
Fazendo a segunda equação menos a primeira equação, temos:
𝐴 𝐴
− + = −𝑉𝑜
𝑏 𝑎
1 1
𝐴 ( − ) = −𝑉𝑜
𝑎 𝑏
𝑉𝑜
𝐴=−
1 1
( − )
𝑎 𝑏
Substituindo na segunda equação:
𝑉𝑜
1 1
(𝑎 − )
𝑏 +𝐵 = 0
𝑏
𝑉𝑜 /𝑏
𝐵=−
1 1
( − )
𝑎 𝑏

210
Eletromagnetismo I

Assim:
𝑉𝑜 /𝑅 𝑉𝑜 /𝑏
𝑉(𝑅) = −
1 1 1 1
( − ) ( − )
𝑎 𝑏 𝑎 𝑏

𝑉 𝑉
( 𝑜 − 𝑜)
𝑉(𝑅) = 𝑅 𝑏
1 1
( − )
𝑎 𝑏
Que é a função potencial elétrico em qualquer ponto entre as cascas esféricas
condutoras.

Para o campo elétrico, temos:


𝑑𝑉
𝐸⃗⃗ = −∇𝑉 = − 𝑅̂
𝑑𝑅
𝑉𝑜

𝐸⃗⃗ = − 𝑅2 𝑅̂
1 1
( − )
𝑎 𝑏
𝑉𝑜 1
𝐸⃗⃗ = 𝑅̂
1 1 𝑅2
( − )
𝑎 𝑏
Observe que o campo elétrico aponta para R positivo (sai do condutor interno e
entra no condutor externo, sendo perpendicular as suas superfícies), e sua magnitude
depende de R (a magnitude do campo elétrico não é constante, ela varia com R). A
equação mostra que a intensidade do campo elétrico é maior próximo a casca interna e
menor próximo a casca externa.

Considerando um material dielétrico de permissividade ϵ entre as cascas


condutoras, temos a densidade de fluxo elétrico dada por:

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗
𝐷
ϵ 𝑉𝑜 1
⃗⃗ =
𝐷 𝑅̂
1 1 𝑅2
( − )
𝑎 𝑏
Temos ainda que a componente normal (à casca condutora) da densidade de fluxo
elétrico é:

𝐷𝑁 = 𝜌𝑆

211
Eletromagnetismo I
ϵ 𝑉𝑜 1
𝜌𝑆𝑖𝑛𝑡 =
1 1
( − ) 𝑎2
𝑎 𝑏
ϵ 𝑉𝑜 1
𝜌𝑆𝑒𝑥𝑡 =
1 1
( − ) 𝑏2
𝑎 𝑏
Apesar de as densidades de cargas serem diferentes, a carga elétrica total nos
condutores externos e internos devem ser as mesmas:

𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝑄𝑒𝑥𝑡

A carga elétrica total é dada por:

𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝜌𝑆𝑖𝑛𝑡 𝐴

𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝜌𝑆𝑖𝑛𝑡 4𝜋𝑎2


ϵ 𝑉𝑜 1
𝑄𝑖𝑛𝑡 = 4𝜋𝑎2
1 1 𝑎2
( − )
𝑎 𝑏
4𝜋 ϵ 𝑉𝑜
𝑄𝑖𝑛𝑡 =
1 1
( − )
𝑎 𝑏
Para a carga elétrica na superfície externa:

𝑄𝑒𝑥𝑡 = 𝜌𝑆𝑒𝑥𝑡 𝐴

𝑄𝑒𝑥𝑡 = 𝜌𝑆𝑒𝑥𝑡 4𝜋𝑏2


ϵ 𝑉𝑜 1
𝑄𝑒𝑥𝑡 = 4𝜋𝑏2
1 1 𝑏2
( − )
𝑎 𝑏
4𝜋 ϵ 𝑉𝑜
𝑄𝑒𝑥𝑡 =
1 1
( − )
𝑎 𝑏
Ou seja, como explicado:
4𝜋 ϵ 𝑉𝑜
𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝑄𝑒𝑥𝑡 = 𝑄 =
1 1
( − )
𝑎 𝑏
Por fim, a capacitância pode ser calculada como:
𝑄
𝐶=
𝑉𝑜

212
Eletromagnetismo I
4𝜋 ϵ
𝐶=
1 1
( − )
𝑎 𝑏
Observe novamente que a capacitância não depende nem da diferença de potencial
elétrico e nem da carga elétrica, dependendo apenas da geometria do capacitor e da
permissividade do meio dielétrico.

Problema 8: Considere um capacitor esférico em que a casca interna está posicionada


em R = 2 mm e a casca externa está posicionada em R = 4 mm. A permissividade relativa
do meio dielétrico entre as cascas esféricas é igual a 3. Se uma diferença de potencial
de 10 V for aplicada, determine (a) o potencial elétrico, (b) o campo elétrico (c) a
capacitância.

Solução:

(a)
𝑉𝑜 𝑉𝑜 10 10 10
− )( ( − ) ( − 2500)
𝑅 𝑏 𝑅 4 ∙ 10−3
𝑉(𝑅) = = = 𝑅 V
1 1 1 1 250
( − ) ( −3 − −3 )
𝑎 𝑏 2 ∙ 10 4 ∙ 10
(b)
𝑉𝑜 1 10 1 0,04
𝐸⃗⃗ = 𝑅̂ = ̂ ̂
2 𝑅 = 𝑅 2 𝑅 V/m
1 1 𝑅2 1 1 𝑅
( − ) ( − )
𝑎 𝑏 2 ∙ 10−3 4 ∙ 10−3
(c)
4𝜋 ϵ 4 ∙ 𝜋 ∙ 3 ∙ 8,85 ∙ 10−12
𝐶= = = 1,33 ∙ 10−12 F
1 1 1 1
( − ) ( − )
𝑎 𝑏 2 ∙ 10−3 4 ∙ 10−3

Um último exemplo seria a gente considerar um condutor esférico isolado, isto é,


a expressão considerando apenas um dos condutores. Nesse caso, podemos fazer a casca
externa infinitamente grande (ou seja, o raio da casca externa b tender a infinito). Com
isso, temos um condutor esférico de raio a e estamos interessados na região dielétrica
(região externa), em que R > a.

Fazendo b tender a infinito, temos:

213
Eletromagnetismo I

O potencial elétrico:
𝑉𝑜 𝑎
𝑉(𝑅) =
𝑅
O campo elétrico:
𝑉𝑜 𝑎
𝐸⃗⃗ = 𝑅̂
𝑅2
A capacitância:

𝐶 = 4𝜋 ϵ a

Problema 9: Considere uma casca esférica isolada de raio R = 5 mm. A permissividade


relativa do meio dielétrico na região externa à casca esférica é igual a 2. Se uma
diferença de potencial de 10 V for aplicada, determine (a) o potencial elétrico, (b) o
campo elétrico (c) a capacitância.

Solução:

(a)
𝑉𝑜 𝑎 10 ∙ 5 ∙ 10−3 5 ∙ 10−2
𝑉(𝑅) = = = V
𝑅 𝑅 𝑅
(b)
𝑉𝑜 𝑎 10 ∙ 5 ∙ 10−3 5 ∙ 10−2
𝐸⃗⃗ = 2 𝑅̂ = 2 𝑅̂ = 𝑅̂ V/m
𝑅 𝑅 𝑅2
(c)

𝐶 = 4𝜋 ϵ a = 4 ∙ 𝜋 ∙ 2 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 5 ∙ 10−3 = 1,11 ∙ 10−12 F

Nessa Unidade concluímos os estudos envolvendo os campos eletrostáticos,


considerando as diversas grandezas físicas e métodos de soluções de problemas. Na
próxima Unidade, estudaremos os campos magnetostáticos, suas características,
propriedades, grandezas físicas associadas e métodos para solucionar os problemas.

214
Eletromagnetismo I

Exercícios – Unidade 4

1) Sobre a classificação dos materiais, é correto afirmar que:

a) Nos materiais condutores, as cargas elétricas não se movem.

b) Nos materiais dielétricos, as cargas elétricas se movem melhor do que nos


semicondutores.

c) Os supercondutores são condutores perfeitos, no qual as cargas se movem sem


encontrar nenhuma resistência.

d) TODAS as alternativas anteriores estão CORRETAS.

e) TODAS as alternativas anteriores estão INCORRETAS.

2) Um fio de ferro com condutividade de 107 S/m está sujeito a um campo elétrico
de 40 𝑟̂ mV/m. A densidade de corrente elétrica é igual a:

a) 5 ∙ 10−3 A/m2.

b) 4 ∙ 105 A/m2 .

c) 40 ∙ 107 A/m2 .

d) 50 ∙ 10−5 A/m2.

e) 400 ∙ 105 A/m2.

215
Eletromagnetismo I

3) A densidade de fluxo elétrico para um campo elétrico de 50 𝑦̂ kV/m aplicado


sobre um material com constante dielétrica de 3 é igual a:

a) 1,33 ∙ 10−6 𝑦̂ C/m2 .

b) 150 ∙ 103 𝑦̂ C/m2 .

c) 133 ∙ 10−6 𝑦̂ C/m2.

d) 150 ∙ 10−9 𝑦̂ C/m2.

e) 15 ∙ 106 𝑦̂ C/m2 .

̂ + 9 𝑧̂ V/m. Para 𝑟 > 2, 𝜖𝑟2 = 3. Nesse


4) Para 𝑟 ≤ 2, 𝜖𝑟1 = 2 e 𝐸⃗⃗1 = 3 𝑟̂ + 6 ϕ
caso, 𝐸⃗⃗2 é igual a:
̂ + 9 𝑧̂ V/m.
a) 3 𝑟̂ + 6 ϕ
̂ + 6 𝑧̂ V/m.
b) 2 𝑟̂ + 4 ϕ
̂ − 4 𝑧̂ V/m.
c) 2 𝑟̂ − 6 ϕ
̂ + 9 𝑧̂ V/m.
d) 2 𝑟̂ + 6 ϕ

e) 0.

5) Considere uma fronteira separando dois meios dielétricos em z = 4. Dados 𝐸⃗⃗2 =


2 𝑥̂ − 3 ŷ + 3 𝑧̂ , 𝜖𝑟1 = 2 e 𝜖𝑟2 = 8, então 𝐸⃗⃗1 será:

a) 2 𝑥̂ + 3 ŷ + 3 𝑧̂ V/m.

b) 2 𝑥̂ − 3 ŷ + 12 𝑧̂ V/m.

c) −2 𝑥̂ + 3 ŷ − 3 𝑧̂ V/m.

d) 8 𝑥̂ − 12 ŷ + 12 𝑧̂ V/m.

e) 0

216
Eletromagnetismo I

6) A carga elétrica total acumulada na superfície de dois condutores é igual a 200


nC. Se a diferença de potencial entre esses condutores é de 40 V, a sua capacitância
será de:

a) 25 nF.

b) 20 nF.

c) 15 nF.

d) 10 nF.

e) 5 nF.

7) Considere um capacitor plano de placas paralelas posicionadas ao longo do


plano xy, em que as placas condutoras possuem área de 80 cm2 e estão a uma distância
de 4 mm entre elas. A permissividade relativa do meio dielétrico entre essas placas é
igual a 5. A capacitância desse capacitor é igual a:

a) 8,85 ∙ 10−11 F.

b) 8,85 ∙ 10−10 F.

c) 8,85 ∙ 10−9 F.

d) 8,85 ∙ 10−8 F.

e) 8,85 ∙ 10−7 F.

217
Eletromagnetismo I

8) Considere um capacitor coaxial de comprimento de 20 cm, em que a casca


cilíndrica interna está posicionada em r = 1 mm e a casca cilíndrica externa está
posicionada em r = 2 mm. A permissividade relativa do meio dielétrico entre as cascas
cilíndricas é igual a 4. A capacitância desse capacitor é igual a:

a) 1,44 ∙ 10−11 F.

b) 8,85 ∙ 10−11 F.

c) 6,4 ∙ 10−11 F.

d) 1,44 ∙ 10−12 F.

e) 6,4 ∙ 10−10 F.

Considere o seguinte enunciado para as questões 9 e 10:

Um capacitor é formado por duas cascas cilíndricas condutoras ao longo do


plano rz, posicionadas em 𝛟 = 𝛟𝟏 e em 𝛟 = 𝛟𝟐. Dado que o potencial elétrico é
igual a 0 em 𝛟𝟏 e igual a 𝑽𝒐 em 𝛟𝟐:

9) Determine a função potencial elétrico e do campo elétrico na região dielétrica


entre as cascas condutoras.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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_____________________________________________________________________

218
Eletromagnetismo I

10) Determine a capacitância do capacitor considerando que a permissividade do


meio é dada por ϵ, e as dimensões das placas sejam 𝑎 < 𝑟 ≤ 𝑏 e 0 ≤ 𝑧 ≤ ℎ.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

219
Eletromagnetismo I

5 Campo Magnetostático
e Lei de Ampére

220
Eletromagnetismo I

Nesta última Unidade de Eletromagnetismo I, estudaremos os principais conceitos


relacionados aos campos magnetostáticos, incluindo as Leis de Biot-Svart e a Lei de
Ampére. Encerraremos o aprendizado sobre a Teoria Eletromagnética, considerado o
caso estacionário (sem variação dos campos em relação ao tempo).

Objetivos da unidade:

Estudar as propriedades magnéticas dos materiais, como a permeabilidade e sua


relação com as grandezas magnéticas.

Entender a Lei de Biot-Savart para a densidade de fluxo magnético a partir de uma


corrente elétrica percorrendo um material condutor.

Conhecer a Lei de Ampére e sua aplicação em diferentes configurações de


condutores percorridos por corrente.

Plano da unidade:

Considerações iniciais sobre o campo Magnetostático.

Corrente elétrica.

Força Magnética: A Lei de Biot-Savart.

Lei de Ampére.

Equações de Maxwell: caso estático

Bons estudos!

221
Eletromagnetismo I

Considerações iniciais sobre o campo


Magnetostático

Em um ímã, as linhas de campo magnético atravessam dois pontos diametralmente


opostos, denominados polo norte e polo sul. As linhas de campo magnético em um ímã
são mostradas na figura a seguir:

Observe que as linhas de campo magnético formam um percurso fechado (isso


significa que o fluxo, ou o divergente, será igual a 0, uma vez que a quantidade de linhas
que entram é igual a quantidade de linhas que saem).

É importante observar que polos iguais de ímãs diferentes se repelem, enquanto


polos diferentes se atraem (similar à força elétrica), dando origem à força magnética.
Entretanto, as cargas elétricas podem ser isoladas, enquanto os polos magnéticos
sempre existem em pares.

Não existem monopolos magnéticos, apenas dipolos. Se um ímã permanente é


cortado em dois pedaços, ele sempre terá um polo norte e um polo sul, não importando
o tamanho de cada pedaço.

As linhas de campo ao redor do ímã são denominadas linhas de campo magnético,


representando a existência de um campo magnético denominado densidade de fluxo
magnético 𝐵⃗⃗ .

222
Eletromagnetismo I

Um campo magnético não existe apenas no entorno de um ímã permanente, ele


pode ser criado por uma corrente elétrica. Ou seja, a corrente elétrica que passa através
de um fio produz linhas de campo magnético:

Fonte: ULABY, 2007.

Observe que a corrente elétrica em um fio induz uma densidade de fluxo magnético
que forma loops circulares ao redor desse fio. Ou seja, a direção da densidade de fluxo
elétrico é tangencial (direção de ϕ) ao círculo em torno da corrente.

Por outro lado, se os fios formassem um loop circular (loop de corrente), também
chamada de espira, então a densidade de fluxo magnético atravessaria o centro dessa
espira.

Outra grandeza importante no estudo do eletromagnetismo é a permeabilidade


magnética, que tal qual a permissividade dielétrica, é uma constante de
proporcionalidade. De fato, a permeabilidade magnética tem uma representação
análoga à permissividade elétrica, para o campo magnético, medindo o quão suscetível
o material (ou o meio) está para o campo magnético, isto é, para sua magnetização
(quanto maior a permeabilidade magnética mais facilmente será induzida uma
densidade de fluxo magnético nesse material).

A grandeza permeabilidade magnética no espaço livre é dada por µo = 4π x 10-7,


sendo sua unidade newton por ampere ao quadrado (N/A2) ou henry por metro (H/m),
sendo esta última mais comum.

223
Eletromagnetismo I

Observe ainda que:


1 1
= = 299.863,38 m/s
√ 𝜇 𝑜 𝜖𝑜 √4𝜋 ∙ 10−7 ∙ 8,85 ∙ 10−12

Que é o valor aproximado da velocidade da luz no vácuo (ou no espaço livre) em


metros por segundo (m/s). Ou seja, a velocidade da luz c pode ser escrita como:
1
𝑐=
√𝜇𝑜 𝜖𝑜

A maioria dos materiais é não-magnético, ou seja, apresentam uma permeabilidade


magnética 𝜇 = 𝜇𝑜 . Para materiais ferromagnéticos, como o ferro e o níquel, 𝜇 pode ser
muito maior do que 𝜇𝑜 . A permeabilidade magnética de um material pode ser obtida a
partir da permeabilidade magnética relativa (mostrada na Tabela 9).

𝜇 = 𝜇𝑟 𝜇𝑜

Tabela 9: Permeabilidade relativa para alguns materiais.

Fonte: ULABY, 2007.

224
Eletromagnetismo I

Problema 1: Determine a permeabilidade magnética do cobalto, dado que a sua


permeabilidade relativa é de 250.

Solução:

𝜇 = 𝜇𝑟 𝜇𝑜 = 250 ∙ 4𝜋 ∙ 10−7 = 3,14 ∙ 10−4 H/m

O objetivo dessa Unidade é então abordar os problemas de análise para o campo


magnético. Para isso será realizado um estudo semelhante ao aplicado ao campo
elétrico:

1. A fonte do campo magnético é investigada.

2. A força magnética é obtida.

3. O campo magnético é determinado.

É importante observar que existe uma analogia entre as formulações obtidas para
o campo elétrico com as que serão determinadas para o campo magnético:

 Lei de Biot-Savart é análoga a Lei de Coulomb.

 Lei de Ampére é análoga a Lei de Gauss.

 Potencial Magnético é análogo ao Potencial Elétrico.

Corrente elétrica

As duas fontes mais comuns de campo magnético são os condutores percorridos


por corrente elétrica e o campo elétrico variável no tempo (este último não
abordaremos nesse livro).

Cargas elétricas em movimento produzem (geram) corrente elétrica. Vamos nos


concentrar na determinação do campo magnético produzido por corrente estacionária
(ou seja, estática, contínua, que não varia no tempo).

Imagine um elemento de carga dq deslocando-se a uma velocidade 𝑣⃗. Então:

225
Eletromagnetismo I

𝑑𝑞 𝑣⃗ = (𝜌𝑉 𝑑𝑉) 𝑣⃗ = (𝜌𝑉 𝑣⃗)𝑑𝑉 = 𝐽⃗ 𝑑𝑉

Assim, a densidade de corrente elétrica é dada por:

𝐽⃗ = 𝜌𝑉 𝑣⃗

A unidade da densidade de corrente é Ampére por metro quadrado (A/m2). Observe


que a densidade de corrente tem mesma direção e sentido (orientação) da velocidade.
Para comprovar essa equação, observe a seguinte relação entre as unidades:
𝐶 𝑚 𝐶 1 𝐴
= =
𝑚3 𝑠 𝑠 𝑚2 𝑚2
O termo 1/m2 representa a área que é perpendicular à densidade de corrente
(unidade de área que é perpendicular ao fluxo de carga elétrica, que o atravessa).

Nas Unidades anteriores, aprendemos que se houver uma fonte de campo elétrico
(uma carga elétrica ou um dipolo elétrico, por exemplo) no interior de uma superfície
fechada, então haverá um fluxo elétrico através dessa superfície. Isso significa que uma
fonte de campo elétrico produz linhas de campos que são direcionais (o fluxo elétrico
é direcional). No caso de haver uma fonte de campo magnético (um dipolo magnético)
no interior de uma superfície fechada, o fluxo líquido através dessa superfície será zero
(as linhas que saem retornam, ou seja, não possuem começo nem fim). Observe as linhas
de 𝐵⃗⃗ para diferentes superfícies gaussianas:

Fonte: http://ensinoadistancia.pro.br/

226
Eletromagnetismo I

Em uma barra imantada, as linhas de campo saem do polo norte e entram no polo
sul. A aparência dessas linhas é semelhante a de um dipolo elétrico, daí o nome dipolo
magnético.

Aprendemos então que o fluxo do campo magnético é nulo e que a corrente elétrica
forma loop de corrente (forma um percurso fechado). Matematicamente:
𝑑𝑄
𝐼 = ∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = −
𝑆 𝑑𝑡

Em que I é a corrente elétrica líquida, medida em ampere (A). Observe que o fluxo
magnético através de uma área é acompanhado por uma redução da carga elétrica ao
longo do tempo.

Aplicando o Teorema da Divergência:

𝑑𝑄
∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∭ ∇ ∙ 𝐽⃗ 𝑑𝑉 = −
𝑆 𝑑𝑡
𝑉

Assim:

𝑑𝑄 𝑑𝜌𝑉
∭ ∇ ∙ 𝐽⃗ 𝑑𝑉 = − = −∭ 𝑑𝑉
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑉 𝑉

Logo:
𝑑𝜌𝑉
∇ ∙ 𝐽⃗ = −
𝑑𝑡
Essa equação é denominada Equação da Continuidade de Carga Elétrica.

Como a corrente elétrica é contínua (isto é, a densidade de corrente é constante),


não há acumulo ou perda de carga elétrica dentro do volume, ou seja, a corrente que
entra é igual a corrente que sai (não há variação da densidade de carga elétrica). Dessa
forma:

∇ ∙ 𝐽⃗ = 0

É importante destacar que os campos que têm divergente nulo são ditos
solenoidais.

227
Eletromagnetismo I

Um campo magnético tem divergente nulo e, portanto, é solenoidal. Logo, o seu


rotacional é não nulo.

Além disso, o loop de corrente é a fonte de campo magnético. Em um loop de


corrente, a corrente elétrica é contínua (estática, não varia no tempo) e forma um
percurso fechado:

Problema 2: Considere a velocidade de deslocamento de uma carga elétrica dada por


𝑣⃗ = 2𝑥𝑥̂ + 4𝑦𝑦̂ em uma caixa retangular de dimensões 0 ≤ 𝑥 ≤ 2, 0 ≤ 𝑦 ≤ 3 e 0 ≤
𝑧 ≤ 4 com densidade volumétrica de carga de 25 nC/m3. Determine: (a) a densidade de
corrente elétrica no ponto (4,5,6) e (b) a corrente elétrica total que flui através dessa
caixa.

Solução:

(a)

𝐽⃗ = 𝜌𝑉 𝑣⃗ = 25 ∙ 10−9 ∙ (2 ∙ 4𝑥̂ + 4 ∙ 5𝑦̂) = (2,5,0) ∙ 10−7 A/m2

(b)
4 3 2

𝐼 = ∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∭ ∇ ∙ 𝐽⃗ 𝑑𝑉 = 25 ∙ 10−9 ∙ ∫ ∫ ∫ 6 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 =


𝑆
𝑉 0 0 0

= 25 ∙ 10−9 ∙ 2 ∙ 3 ∙ 4 ∙ 6 = 3,6 ∙ 10−6 = 3,6 µA

228
Eletromagnetismo I

Força Magnética: A Lei de Biot-Savart

Uma corrente elétrica que percorre um fio condutor consiste em partículas


carregadas que se movimentam através do fio. Consequentemente, um fio percorrido
por uma corrente elétrica quando colocado em um campo magnético sofrerá uma força
que equivale à soma das forças magnéticas que atuam nas partículas carregadas que se
movem no interior do fio:

Fonte: ULABY, 2007.

Sem corrente elétrica percorrendo o fio, a força magnética é igual a zero (e o fio se
mantém na posição vertical). Quando se aplica uma corrente sobre o fio, ele se deflete
para a esquerda (direção de −𝑦̂) se a direção da corrente for para cima (direção de +𝑧̂ ),
e ele se deflete para a direita (direção de +𝑦̂) se a direção da corrente for para baixo
(direção de −𝑧̂ ).

Enquanto a força eletrostática se dá pela interação entre cargas elétricas, a força


magnética ocorre pela interação entre loops de corrente.

Considere dois loops de corrente (fio condutor percorrido por corrente formando
um percurso fechado) a uma distância 𝑅 𝑅̂ entre eles, em que 𝑅 𝑅̂ representa o vetor
deslocamento do elemento de corrente, isto é, o vetor distância entre 𝐼1 𝑑𝑙⃗1 e 𝐼2 𝑑𝑙⃗2.

229
Eletromagnetismo I

Temos que:

𝑅 𝑅̂ = 𝑟⃗ − 𝑟⃗′

Ou seja, o vetor deslocamento é a diferença entre o vetor posição da corrente-prova


𝐼2 (𝑟⃗) e o vetor posição da corrente-fonte 𝐼1 (𝑟⃗′).

Resultados experimentais mostraram que a força magnética exercida em um loop


de corrente C2, devido a interação entre 𝐼1 e 𝐼2 é dada por:

𝜇𝑜 𝐼2 𝑑𝑙⃗2 × (𝐼1 𝑑𝑙⃗1 × 𝑅̂ )


𝐹⃗𝑚 = ∮ ∮
4𝜋 𝑅2
𝐶2 𝐶1

A unidade da força magnética é newton (N).


⃗⃗ de um loop de corrente, como:
Podemos definir a densidade de fluxo magnético 𝐵

𝜇𝑜 𝐼1 𝑑𝑙⃗1 × 𝑅̂
⃗⃗ =
𝐵 ∮
4𝜋 𝑅2
𝐶1

A unidade da densidade de fluxo magnético é tesla (T).

Observe que a força magnética pode ser reescrita como:

𝐹⃗𝑚 = ∮ 𝐼2 𝑑𝑙⃗2 × 𝐵
⃗⃗
𝐶2

Ou seja, a força magnética depende da corrente e do percurso fechado (loop de


corrente) de prova e da densidade de fluxo magnético da fonte (corrente-fonte).

⃗⃗ depende apenas de 𝐼1 , enquanto a força magnética depende


Observe que o campo 𝐵
de ambas as correntes 𝐼1 e 𝐼2 .

Considere um fio que forma um loop fechado percorrido por uma corrente elétrica
𝐼 e sendo colocado em um campo magnético 𝐵 ⃗⃗ externo que seja uniforme (constante),
conforme mostrado na figura:

230
Eletromagnetismo I

Fonte: ULABY, 2007.


⃗⃗ é constante, podemos retirá-lo da integral:
Nesse caso, como 𝐵

𝐹⃗𝑚 = ∮ 𝐼 𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 (∮ 𝑑𝑙⃗) × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 ∙ 0 ∙ 𝐵
⃗⃗ = 0
𝐶 𝐶

Esse resultado é consequência de a soma dos vetores deslocamentos 𝑑𝑙⃗ ao longo


de um percurso fechado ser igual a zero (a origem coincide com o destino). Isso
significa que a força magnética total em qualquer loop fechado de corrente na presença
de um campo magnético uniforme é zero.

Considere agora um fio não-retilíneo e aberto (que não forma um loop fechado),
colocado na presença de um campo magnético uniforme, tal como mostrado a seguir:

Fonte: ULABY, 2007.

Nesse caso, a força magnética se torna:

231
Eletromagnetismo I
𝑏 𝑏

𝐹⃗𝑚 = ∫ 𝐼 𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 (∫ 𝑑𝑙⃗) × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝑎 𝑎

Ou seja, é igual ao produto vetorial entre a corrente multiplicada pelo vetor


deslocamento (𝑙⃗, que é um vetor direcionado de a até b) e a densidade de fluxo
magnético.

Problema 3: Considere um condutor semicircular no plano xy percorrido por uma


corrente elétrica I:

⃗⃗ = 𝐵𝑜 𝑦̂. Determine
O circuito fechado é colocado em um campo magnético uniforme 𝐵
(a) a força magnética na seção retilínea do fio e (b) a força magnética na seção curva
do fio.

Solução:

(a) O comprimento da seção retilínea é de 2r, e a corrente está ao longo da direção


positiva de 𝑥̂. Assim 𝑙⃗ = 2𝑟 𝑥̂, resultando em:
𝑏

𝐹⃗𝑚 = ∫ 𝐼 𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 2𝑟 𝑥̂ × 𝐵𝑜 𝑦̂ = 𝐼 2𝑟 𝐵𝑜 𝑧̂ N
𝑎

(b) Considerando o segmento de comprimento diferencial na parte curva do círculo:


observe que como 𝑑𝑙⃗ e 𝐵
⃗⃗ estão no plano xy, então o produto vetorial 𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ entre eles
aponta na direção negativa de z (−𝑧̂ ). Já o módulo de um produto vetorial é dado por:

|𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ | = |𝑑𝑙⃗| |𝐵
⃗⃗ | 𝑠𝑒𝑛 ϕ = 𝑟 𝑑ϕ 𝐵𝑜 𝑠𝑒𝑛 ϕ

232
Eletromagnetismo I

Em que ϕ é o ângulo entre eles. Assim:


𝜋 𝜋 𝜋

𝐹⃗𝑚 = ∫ 𝐼 𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 ∫ 𝑟 𝑑ϕ 𝐵𝑜 𝑠𝑒𝑛 ϕ (−𝑧̂ ) = −𝐼 𝐵𝑜 𝑟 ∫ 𝑠𝑒𝑛 ϕ 𝑑ϕ 𝑧̂ =
0 0 0

= −𝐼 𝐵𝑜 𝑟 2 𝑧̂ = −𝐼 2𝑟 𝐵𝑜 𝑧̂ N

Observe que, se somarmos as duas forças (do exercício a com a do exercício b), temos
que:

𝐹⃗𝑚 = 𝐼 2𝑟 𝐵𝑜 𝑧̂ − 𝐼 2𝑟 𝐵𝑜 𝑧̂ = 0

Ou seja, a força magnética resultante em um loop fechado, quando o campo magnético


é uniforme, é igual a zero.

Observe que, a partir desse momento em que estamos representando a força


magnética e/ou a força elétrica, podemos criar exercícios de Mecânica, relacionando-
as com forças mecânicas, envolvendo por exemplo o torque (momento) de um corpo.

A densidade de fluxo magnético pode ainda ser escrita como:

𝜇𝑜 𝐼1 𝑑𝑙⃗1 × 𝑅 𝑅̂
⃗⃗ =
𝐵 ∮
4𝜋 𝑅3
𝐶1

A direção do vetor densidade de fluxo magnético é perpendicular ao plano formado


entre 𝐼1 𝑑⃗𝑙1 (direção do fluxo de carga elétrica) e 𝑅 𝑅̂ (direção do vetor deslocamento).

⃗⃗ é
A Lei de Biot-Savart enuncia que em qualquer ponto P, o campo magnético 𝐵
diretamente proporcional à corrente fonte e inversamente proporcional ao quadrado da
distância do elemento de corrente prova no ponto P. A direção do campo magnético é
perpendicular ao longo do plano formado pelo elemento de corrente 𝐼 𝑑𝑙⃗ e o vetor
deslocamento 𝑅 𝑅̂. O sentido é dado pela Regra da Mão Direita.

Matematicamente:

𝜇𝑜 𝐼 𝑑𝑙⃗ × 𝑅 𝑅̂ 𝜇𝑜 𝐼 𝑑𝑙⃗ × (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)


⃗⃗ =
𝐵 ∫ = ∫
4𝜋 𝑅3 4𝜋 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝐶 𝐶

233
Eletromagnetismo I

Ou seja:

𝜇𝑜 𝐼 𝑑𝑙⃗ × (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)


⃗⃗ =
𝐵 ∫
4𝜋 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝐶

Essa equação pode ser ainda escrita como:

𝜇𝑜 𝐽⃗ 𝑑𝑉 × (𝑟⃗ − 𝑟⃗′)
⃗⃗ =
𝐵 ∫
4𝜋 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|3
𝐶

Observe a aplicação da regra da mão direita para os dois pontos da figura a seguir:

Para qualquer ponto acima do fio, a regra da mão direita mostra que a densidade
de fluxo magnético terá sentido “saindo da página”, enquanto em qualquer ponto abaixo
do fio, o sentido será “entrando na página”.

-Fio infinitamente longo:

Considere um fio infinitamente longo de corrente (condutor linear infinito)


colocado ao longo do eixo z, como mostrado na figura a seguir:

234
Eletromagnetismo I

Fonte: ULABY, 2007.

⃗⃗ em um ponto P situado a uma


Vamos determinar a densidade de fluxo magnético 𝐵
distância r no plano xy no espaço livre.

O sistema de coordenadas mais adequado para esse problema é o sistema de


coordenadas cilíndricas. A simetria do problema é cilíndrica radial, ou seja, a variação
⃗⃗ se dá apenas em relação a r.
de 𝐵

Temos que:

𝐼 𝑑𝑙⃗ = 𝐼 𝑑𝑧 𝑧̂

E:

𝑟⃗ = 𝑟 𝑟̂

𝑟⃗ ′ = 𝑧 𝑧̂

Assim:

𝑟⃗ − 𝑟⃗′ = 𝑟 𝑟̂ − 𝑧 𝑧̂

|𝑟⃗ − 𝑟⃗′| = √𝑟 2 + 𝑧 2

Substituindo:
+∞
𝜇𝑜 𝐼 𝑑𝑧 𝑧̂ × (𝑟 𝑟̂ − 𝑧 𝑧̂ )
⃗⃗ =
𝐵 ∫
4𝜋 (𝑟 2 + 𝑧 2 )3/2
−∞

Fazendo o produto vetorial:

235
Eletromagnetismo I
+∞
𝜇𝑜 𝐼 𝑟 1
⃗⃗ =
𝐵 ∫ 2 ̂
𝑑𝑧 ϕ
4𝜋 (𝑟 + 𝑧 2 )3/2
−∞

Considere a seguinte integral:


1 𝑧
∫ 𝑑𝑢 =
(𝑟 2 + 𝑧 2 )3/2 𝑟 √𝑟 2 + 𝑧 2
2

Assim:
+∞
𝜇𝑜 𝐼 𝑟 1 𝜇 𝐼 𝑧 +∞ 𝜇 𝐼
⃗⃗ =
𝐵 ∫ 2 ̂= 𝑜
𝑑𝑧 ϕ [ ̂ = 𝑜 2ϕ
ϕ ̂
4𝜋 (𝑟 + 𝑧 2 )3/2 4𝜋 𝑟 √𝑟 2 + 𝑧 2 −∞ 4𝜋 𝑟
−∞

Resultando em:
𝜇𝑜 𝐼
⃗⃗ =
𝐵 ̂
ϕ
2𝜋 𝑟
Que representa a densidade de fluxo magnético em um ponto a uma distância r do
fio infinitamente longo.

Problema 4: Um condutor linear infinito ao longo do eixo z é percorrido por uma


corrente elétrica de 40 mA. Determine a densidade de fluxo magnético em um ponto
distante 0,4 m desse condutor.

Solução:
𝜇𝑜 𝐼 4𝜋 ∙ 10−7 ∙ 40 ∙ 10−3
⃗⃗ =
𝐵 ̂=
ϕ ̂ = 2 ∙ 10−8 ϕ
ϕ ̂T
2𝜋 𝑟 2𝜋 ∙ 0,4

-Espira circular:

Considere uma espira circular (loop circular) de raio a que conduz uma corrente
̂ . Vamos calcular a densidade de fluxo magnético 𝐵
elétrica contínua 𝐼 ϕ ⃗⃗ em um ponto
sobre o eixo da espira. Considere a espira colocada sobre o plano xy, como mostrado
na figura a seguir:

236
Eletromagnetismo I

̂ , a densidade de fluxo
Se imaginarmos um plano formado entre 𝑅 𝑅̂ e 𝐼 𝑎 𝑑ϕ ϕ
magnético é perpendicular a esse plano. Observe na figura que a componente na direção
de 𝑟̂ da densidade de fluxo magnético é anulada por simetria, portanto 𝐵 ⃗⃗ só possui
componente na direção de 𝑧̂ .

Temos que:

𝐼 𝑑𝑙⃗ = 𝐼 𝑎 𝑑ϕ ϕ
̂

𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ = 𝑧 𝑧̂ − 𝑎 𝑟̂

Substituindo:
2𝜋
̂ × (𝑧 𝑧̂ − 𝑎 𝑟̂ )
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 𝑑ϕ ϕ
⃗⃗ =
𝐵 ∫
4𝜋 (𝑧 + 𝑎2 )3/2
2
0
2𝜋
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 𝑧 𝑟̂ + 𝑎 𝑧̂
⃗⃗ =
𝐵 ∫ 2 𝑑ϕ
4𝜋 (𝑧 + 𝑎2 )3/2
0

Considerando a simetria, chegamos em:


2𝜋
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 𝑎
⃗⃗ =
𝐵 ∫ 2 𝑑ϕ 𝑧̂
4𝜋 (𝑧 + 𝑎2 )3/2
0

237
Eletromagnetismo I
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2𝜋 𝑎
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂
4𝜋 (𝑧 2 + 𝑎2 )3/2
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂
2(𝑧 2 + 𝑎2 )3/2

Observe que no centro da espira (z = 0), a densidade de fluxo magnético é dada


por:
𝜇𝑜 𝐼
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂
2𝑎
Para pontos muitos distante, em que |𝑧| ≫ 𝑎, a densidade de fluxo magnético pode
ser aproximada para:
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂
2|𝑧|3

Problema 5: Um condutor na forma de uma espira circular de raio 30 cm posicionada


no plano xy é percorrido por uma corrente elétrica de 0,5 A. Determine a densidade de
fluxo magnético (a) no centro da espira e (b) em um ponto de altura 2 m sobre o eixo
da espira.

Solução:

(a)
𝜇𝑜 𝐼 4𝜋 ∙ 10−7 ∙ 0,5
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂ = 𝑧̂ = 1,05 𝑧̂ µT
2𝑎 2 ∙ 30 ∙ 10−2
(b)
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2 4𝜋 ∙ 10−7 ∙ 0,5 ∙ 900 ∙ 10−4
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂ = 𝑧̂ = 3,42 𝑧̂ nT
2
2(𝑧 + 𝑎 )2 3/2 2 ∙ (22 + 900 ∙ 10−4 )3/2

Observe que a densidade de fluxo magnético é uma função par, ou seja:

⃗⃗ (𝑧) = 𝐵
𝐵 ⃗⃗ (−𝑧)

Isso significa que a densidade de fluxo magnético, em pontos simetricamente


opostos, tem mesma magnitude, direção e sentido. Lembre-se que as linhas de campo
magnético são fechadas (diferente do campo elétrico que são direcionais). Logo, ao

238
Eletromagnetismo I

longo do eixo z (eixo da espira) a densidade de fluxo magnético aponta sempre para
cima (sentido positivo de z), tanto abaixo quanto acima da espira.

Fonte: https://educacao.uol.com.br/

Uma espira circular de corrente é chamada de dipolo magnético devido ao


comportamento das linhas de campo serem semelhantes a de um dipolo elétrico.

Para um dipolo elétrico, em que z >> d, o campo elétrico ao longo do eixo z é dado
por:
𝑞𝑑
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂
2𝜋ϵo |𝑧|3

Podemos definir o momento do dipolo elétrico como:

𝑝⃗ = 𝑞𝑑 𝑧̂

Isto é, é o produto entre a carga elétrica e a distância entre os polos.

Assim:
𝑝⃗
𝐸⃗⃗ =
2𝜋ϵo |𝑧|3

Voltando à solução do dipolo magnético, temos:


𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂
2(𝑧 2 + 𝑎2 )3/2

Considerando que z >> d, chegamos em:


𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂
2|𝑧|3

Multiplicando por π no numerador e no denominador:

239
Eletromagnetismo I
𝜇𝑜 𝐼 𝜋𝑎2
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂
2𝜋|𝑧|3

Podemos definir o momento do dipolo magnético como:

⃗⃗⃗ = 𝐼 𝜋𝑎2 𝑧̂
𝑚

Ou seja, é o produto entre a corrente elétrica e a área formada pela espira.

Assim:
⃗⃗⃗
𝜇𝑜 𝑚
⃗⃗ =
𝐵
2𝜋|𝑧|3

Dessa forma, em pontos suficientemente afastados da fonte (de carga ou de


corrente), os campos 𝐸⃗⃗ e 𝐵
⃗⃗ têm estruturas (comportamentos) semelhantes.

Lei de Ampére

Em Eletrostática, consideramos o fluxo do campo elétrico, o qual pode ser obtido


via Lei de Gauss. Na Magnetostática, temos a circulação do campo magnético, a qual é
obtida via Lei de Ampére.

A Lei de Gauss para o Magnetismo evidencia que o fluxo de campo magnético


através de uma superfície fechada é sempre nulo. Matematicamente:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 0
∮ 𝐵
𝑆

A Lei de Circulação de Ampére (ou simplesmente Lei de Ampére) enuncia que a


⃗⃗ é igual ao produto
circulação (integral ao longo de um percurso fechado) do campo 𝐵
entre a permeabilidade do meio e a corrente total que flui através (perpendicular ao
plano) do contorno. Ou seja:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = 𝜇𝑜 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖
𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎çã𝑜 = ∮ 𝐵
𝐶

⃗⃗ é a densidade de fluxo magnético. Ao considerarmos meios homogêneos


Em que 𝐵
e isotrópicos, temos a seguinte relação:

⃗⃗ = 𝜇𝑜 𝐻
𝐵 ⃗⃗

240
Eletromagnetismo I

⃗⃗ é ampere por metro (A/m). Para um meio qualquer:


A unidade de 𝐻

⃗⃗ = 𝜇 𝐻
𝐵 ⃗⃗

Em que 𝐻⃗⃗ é o vetor intensidade de campo magnético. Nesse caso, a circulação do


campo magnético 𝐻⃗⃗ é dada por:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖
∮ 𝐻
𝐶

⃗⃗
Assim, a Lei de Ampére demonstra que a integral de linha do campo magnético 𝐻
em torno de um percurso fechado C é igual à corrente transversal ao plano em que o
percurso está contido.

⃗⃗ produz uma corrente elétrica I perpendicular a essa


Ou seja, a circulação de 𝐻
circulação e vice-versa (uma corrente elétrica I produz um campo 𝐻 ⃗⃗ que à circula).
⃗⃗ podem ser obtidos via Regra da
Lembrando que as direções e sentidos para I e para 𝐻
Mão Direita.

⃗⃗ na direção do
A integral de linha nos leva a multiplicar o componente de 𝐻
caminho por um pequeno incremento de comprimento em um ponto do caminho, e
também faz com que nos movemos ao longo do caminho até o próximo comprimento
diferencial, repetindo o procedimento e continuando até que o caminho seja totalmente
percorrido.

Observe o seguinte condutor percorrido por uma corrente I:

Fonte: HAYT e BUCK, 2013.

241
Eletromagnetismo I

⃗⃗ ao longo dos percursos fechados a e b são iguais a I,


A integral de linha de 𝐻
enquanto a integral ao longo do caminho c é menor do que I (uma vez que não foi
formado um percurso fechado, isto é, a corrente inteira não foi envolvida pelo caminho).
⃗⃗. Dessa
Deve-se escolher uma geometria que acompanhe a simetria do campo 𝐻
forma, o contorno fechado C é chamado de contorno amperiano. Ainda que todos os
percursos fechados resultem em I, a escolha de uma geometria (percurso) adequada
(contorno amperiano) deve permitir que a integral de linha se torne uma simples
multiplicação.

Observe ainda que, pelo Teorema de Stokes:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∮ ∇ × 𝐻
∮ 𝐻 ⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝐶 𝑆

Logo:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = ∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗


∮ ∇×𝐻
𝑆 𝑆

Assim:

⃗⃗ = 𝐽⃗
∇×𝐻

Ou seja, a densidade de corrente elétrica é igual ao rotacional do vetor intensidade


de campo magnético. Isso significa que um elemento de circulação de campo magnético
produz uma densidade de corrente elétrica, e vice-versa. Ao considerarmos toda a área
(a integral em relação a área) em que ocorre a circulação (integral do lado esquerdo),
teremos a corrente elétrica que flui através dessa área (integral do lado direito).
⃗⃗ dado que conhecemos
Podemos utilizar a Lei de Ampére para obter a equação de 𝐻
I. Para isso, seguimos os seguintes passos:

1. ⃗⃗ varia em função de quais coordenadas e


Definir a simetria do problema (𝐻
qual é a sua direção e sentido?).

2. ⃗⃗.
Escolher o contorno C (contorno amperiano) que acompanhe a simetria de 𝐻

3. ⃗⃗ igualando-a com I.
Calcular a circulação do campo 𝐻

Essa abordagem será utilizada em alguns exemplos mostrados a seguir.

242
Eletromagnetismo I

-Fio infinitamente longo:

Um fio infinitamente longo sobre o eixo z é percorrido por uma corrente elétrica
contínua I uniformemente distribuída ao longo de sua seção reta (não varia com z).
Vamos determinar o campo magnético 𝐻 ⃗⃗ em um ponto a uma distância r do fio.

⃗⃗ apresenta uma simetria cilíndrica radial (varia apenas com r e tem


Temos que 𝐻
̂ ):
direção ϕ
̂
⃗⃗ = 𝐻(𝑟) ϕ
𝐻
̂ , ou seja, circular o fio infinito
Um contorno amperiano deve então ter direção de ϕ
(variação e 0 a 2π). Um comprimento diferencial desse percurso será então um
comprimento diferencial de arco (de uma circunferência de raio r):

𝑑𝑙⃗ = 𝑟 𝑑ϕ ϕ
̂

Logo:

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = 𝐼
∮ 𝐻
𝐶
2𝜋
̂ ∙ 𝑟 𝑑ϕ ϕ
∫ 𝐻(𝑟) ϕ ̂=𝐼
0
2𝜋

∫ 𝐻(𝑟) 𝑟 𝑑ϕ = 𝐼
0

𝐻(𝑟) 𝑟 2π = I
𝐼
𝐻(𝑟) =
2𝜋𝑟
Assim:
𝐼
⃗⃗ =
𝐻 ̂
ϕ
2𝜋𝑟
Podemos obter a densidade de fluxo magnético a partir de:

⃗⃗ = 𝜇𝑜 𝐻
𝐵 ⃗⃗
𝜇𝑜 𝐼
⃗⃗ =
𝐵 ̂
ϕ
2𝜋 𝑟
Que é a mesma solução encontrada via Lei de Biot-Savart.

243
Eletromagnetismo I

⃗⃗ produzido por um fio infinitamente longo,


Problema 6: Obtenha o campo magnético 𝐻
em um ponto a uma distância de 5 cm desse fio, quando este é percorrido por uma
corrente de 10 A.

Solução:
𝐼 10
⃗⃗ =
𝐻 ̂=
ϕ ̂ = 31,83 ϕ
ϕ ̂ A/m
2𝜋𝑟 2𝜋 ∙ 5 ∙ 10−2

-Linha coaxial infinita:

Como um segundo exemplo da aplicação da lei Ampére, considere uma linha de


transmissão coaxial infinita ao longo do eixo z, pela qual flui uma corrente total I,
uniformemente distribuída no condutor central, e −I no condutor externo:

Fonte: HAYT e BUCK, 2013.


̂ , uma
⃗⃗ possui apenas a componente na direção de ϕ
Já sabemos que, nesse caso, 𝐻
vez que a componente 𝑧̂ acima do ponto de interesse cancela a componente abaixo do
ponto de interesse (pois a linha coaxial é infinita) e a componente na direção de 𝑟̂ é
cancelada por simetria (a componente 𝐻𝑟 produzida por um filamento posicionado em
ϕ = ϕ1 é cancelado pela componente 𝐻𝑟 produzida por um filamento posicionado
⃗⃗ varia apenas em função de r
simetricamente em ϕ = −ϕ1). Além disso, novamente, 𝐻
(como no caso do fio infinito).
⃗⃗ apresenta uma simetria cilíndrica radial (varia apenas com r e tem
Temos que 𝐻
̂ ):
direção ϕ

244
Eletromagnetismo I

̂
⃗⃗ = 𝐻(𝑟) ϕ
𝐻
̂ , ou seja, circular o fio infinito
Um contorno amperiano deve então ter direção de ϕ
(variação e 0 a 2π). Um comprimento diferencial desse percurso será então um
comprimento diferencial de arco (de uma circunferência de raio r):

𝑑𝑙⃗ = 𝑟 𝑑ϕ ϕ
̂

Temos que a densidade de corrente elétrica (no caso de a corrente elétrica ser
uniformemente distribuída ao longo da seção transversal da linha coaxial) é dada por:
𝐼
𝐽⃗𝑖𝑛𝑡 = ẑ
𝐴
Em que A representa a área da seção transversal da linha coaxial. Assim, para o
condutor interno, temos:
𝐼
𝐽⃗𝑖𝑛𝑡 = ẑ
𝜋𝑎2
E para o condutor externo (coroa), temos:
𝐼
𝐽⃗𝑒𝑥𝑡 = 𝐽⃗𝑐𝑜𝑟𝑜𝑎 = − ẑ
𝜋(𝑐 2 − 𝑏2 )

Agora devemos calcular a corrente que flui:

𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = ∫ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆

Observe que o cálculo da corrente que flui, em geral, deve ser feito utilizando a
integral da densidade de corrente. A utilização de uma simples regra de três só seria
válida caso a densidade de corrente seja uniforme (não varie ao longo da seção
transversal).

⃗⃗ em cada uma das regiões da linha


Agora, vamos obter o campo magnético 𝐻
coaxial (diferentes contornos amperianos – circunferências com raios r diferentes).

245
Eletromagnetismo I

Para r < a (condutor interno):


2𝜋 𝑟 2𝜋 𝑟 2𝜋 𝑟
𝐼 𝐼
𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = ∫ ∫ 𝐽⃗𝑖𝑛𝑡 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ ∫ 2 ẑ ∙ 𝑟 𝑑𝑟 𝑑ϕ ẑ = 2 ∫ ∫ 𝑟 𝑑𝑟 𝑑ϕ
𝜋𝑎 𝜋𝑎
0 0 0 0 0 0

𝐼 2𝜋𝑟 2 𝐼𝑟 2
𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = =
𝜋𝑎2 2 𝑎2
Assim, para r < a (condutor interno):
2𝜋
𝐼𝑟 2
̂ ∙ 𝑟 𝑑ϕ ϕ
∫ 𝐻(𝑟) ϕ ̂=
𝑎2
0

𝐼𝑟 2
𝐻(𝑟) 𝑟 2π =
𝑎2
𝐼𝑟
𝐻(𝑟) =
2π 𝑎2
Logo:
𝐼𝑟
⃗⃗ =
𝐻 ̂
ϕ
2π 𝑎2
Para a < r < b (região dielétrica entre os dois condutores):

𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = 𝐼

𝐻(𝑟) 𝑟 2π = I
𝐼
𝐻(𝑟) =
2𝜋𝑟
Logo:
𝐼
⃗⃗ =
𝐻 ̂
ϕ
2𝜋𝑟
Para b < r < c (condutor externo ou coroa):
2𝜋 𝑟 2𝜋 𝑟
𝐼
𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = 𝐼 + ∫ ∫ 𝐽⃗𝑒𝑥𝑡 ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝐼 − ∫ ∫ ẑ ∙ 𝑟 𝑑𝑟 𝑑ϕ ẑ
𝜋(𝑐 2 − 𝑏2 )
0 0 0 0
2𝜋 𝑟
𝐼 2𝜋𝑟 2 𝐼
𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = 𝐼 − ∫ ∫ 𝑟 𝑑𝑟 𝑑ϕ = 𝐼 −
𝜋(𝑐 2 2
−𝑏 ) 2𝜋(𝑐 2 − 𝑏2 )
0 0

𝑟2𝐼 𝐼(𝑐 2 − 𝑟 2 )
𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 =𝐼− 2 =
(𝑐 − 𝑏2 ) (𝑐 2 − 𝑏2 )

246
Eletromagnetismo I

Assim, para b < r < c (condutor externo ou coroa):


𝐼(𝑐 2 − 𝑟 2 )
𝐻(𝑟) 𝑟 2π =
(𝑐 2 − 𝑏2 )
𝐼 (𝑐 2 − 𝑟 2 )
𝐻(𝑟) =
2𝜋𝑟 (𝑐 2 − 𝑏2 )

Logo:
𝐼 (𝑐 2 − 𝑟 2 )
⃗⃗ =
𝐻 ̂
ϕ
2𝜋𝑟 (𝑐 2 − 𝑏2 )

Para r > c (região externa à linha coaxial):

𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = 𝐼 − 𝐼 = 0

Logo:

⃗⃗ = 0
𝐻

Problema 7: Considere uma linha coaxial infinita de raios a = 5 mm, b = 20 mm e c =


25 mm. Uma corrente de 10 A atravessa o condutor interno e de -10 A atravessa o
⃗⃗ no ponto r = 22 mm.
condutor externo. Determine o campo magnético 𝐻

Solução:

Observe que o ponto se situa no condutor externo (20 < 22 < 25). Assim:
𝐼 (𝑐 2 − 𝑟 2 ) 10 ∙ 141
⃗⃗ =
𝐻 ̂=
ϕ ̂ = 45,3 ϕ
ϕ ̂ A/m
2𝜋𝑟 (𝑐 2 − 𝑏2 ) 2𝜋 ∙ 22 ∙ 10−3 ∙ 225

-Solenoide:

Uma importante classe de problemas de Eletromagnetismo diz respeito ao


enrolamento de espiras, como o solenoide e o toroide. Um solenoide é formado pelo
enrolamento de um núcleo de formato cilíndrico por espiras espaçadas em intervalos
⃗⃗ em um ponto P sobre o eixo do solenoide
regulares. O objetivo é calcular o campo 𝐵
(sobre o eixo z).

247
Eletromagnetismo I

Considere um solenoide de comprimento L formado por N espiras de raio a cada


qual portando uma corrente elétrica I:

Fonte: WENTWORTH, 2009.

Nesse caso, a corrente total (produzida pela soma das correntes de cada espira) será
dada por 𝐼𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 = 𝑁 ∙ 𝐼.
⃗⃗ em um ponto de altura h a partir
Vamos medir a densidade de fluxo magnético 𝐵
da base do solenoide (z = 0).

Para 1 espira:
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2
⃗⃗𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎 =
𝐵 𝑧̂
2(𝑧 2 + 𝑎2 )3/2

Para N espiras ao longo de um comprimento L na direção de 𝑧̂ :


𝐿
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 = ∫ 𝐵
𝐵 ⃗⃗𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎
0

A corrente total por unidade de comprimento de espira é dada por 𝑁𝐼/𝐿. Assim,
em um elemento diferencial de comprimento de espira ao longo de z:
𝑁𝐼
𝑑𝐼 = 𝑑𝑧
𝐿

248
Eletromagnetismo I

Dessa forma, o campo 𝐵⃗⃗ produzido por um solenoide pode ser obtido a partir do
⃗⃗
campo 𝐵 produzido por uma espira, a partir de:
𝐿 𝐿 𝐿
𝜇𝑜 𝑑𝐼 𝑎2 𝜇𝑜 𝑁𝐼 𝑑𝑧 𝑎2
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 = ∫ 𝐵
𝐵 ⃗⃗𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎 = ∫ 𝑧̂ = ∫ 𝑧̂
2 2
2((ℎ − 𝑧) + 𝑎 ) 3/2 2𝐿 ((ℎ − 𝑧)2 + 𝑎2 )3/2
0 0 0
𝐿
𝜇𝑜 𝑁𝐼 𝑎2 1
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 ∫ 𝑑𝑧 𝑧̂
2𝐿 ((ℎ − 𝑧) + 𝑎2 )3/2
2
0

Em z = 0 temos a espira de número 1, enquanto em z = L temos a espira de número


N.

Sabendo que:
1 ℎ−𝑧
∫ =−
((ℎ − 𝑧)2 + 𝑎2 )3/2 𝑎 √(ℎ − 𝑧)2 + 𝑎2
2

Então:
𝜇𝑜 𝑁𝐼 𝑎2 ℎ−𝑧 𝐿
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 = −
𝐵 [ 𝑧̂
2𝐿 𝑎2 √(ℎ − 𝑧)2 + 𝑎2 0

𝜇𝑜 𝑁𝐼 ℎ−𝐿 ℎ
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 = −
𝐵 [ − ] 𝑧̂
2𝐿 √(ℎ − 𝐿)2 + 𝑎2 √ℎ2 + 𝑎2

𝜇𝑜 𝑁𝐼 ℎ ℎ−𝐿
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 [ − ] 𝑧̂
2𝐿 √ℎ + 𝑎
2 2 √(ℎ − 𝐿)2 + 𝑎2

Que é a equação da densidade de fluxo magnético produzida por um solenoide de


comprimento L e corrente I, contendo N espiras, medido em um ponto de altura h sobre
o eixo do solenoide, a partir da base do solenoide. Observe que o campo 𝐵⃗⃗ aumenta
com o aumento da corrente elétrica, com o aumento do número de espiras e com a
redução do comprimento do solenoide (redução da distância entre as espiras).

A densidade de fluxo magnético medida na base do solenoide (h = 0) é dada por:


𝜇𝑜 𝑁𝐼 𝐿
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 𝑧̂
2𝐿 √𝐿2 + 𝑎2
𝜇𝑜 𝑁𝐼
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 𝑧̂
2√𝐿2 + 𝑎2
A densidade de fluxo magnético medida no centro do solenoide (h = L/2) é dada
por:

249
Eletromagnetismo I
𝜇𝑜 𝑁𝐼 𝐿/2 −𝐿/2
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 [ − ] 𝑧̂
2𝐿 √(𝐿/2)2 + 𝑎2 √(𝐿/2)2 + 𝑎2
𝜇𝑜 𝑁𝐼 𝐿
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 𝑧̂
2𝐿 √(𝐿/2)2 + 𝑎2
𝜇𝑜 𝑁𝐼
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 𝑧̂
2√(𝐿/2)2 + 𝑎2

Observe que a densidade de fluxo magnético no centro do solenoide é mais intensa


do que em suas extremidades. Isso acontece, pois a menor distância entre as espiras
ocorre no centro do solenoide. Assim, quanto mais afastado das extremidades, maior é
a intensidade do campo magnético.

Considere um solenoide longo e estreito, isto é, com L “muito grande” (tendendo


a infinito) e muito maior do que o seu raio a. Nesse caso, a densidade de fluxo
magnético se torna:
𝜇𝑜 𝑁𝐼
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 𝑧̂
𝐿
Com o comprimento do solenoide infinito, as linhas de campo magnético não
retornam (uma vez que não existe “topo” para as linhas saírem e nem “base” para elas
retornarem). Nesse caso, temos que a densidade de fluxo magnético no interior do
solenoide é dada por:
𝜇𝑜 𝑁𝐼
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐵 𝑧̂ = 𝐵𝑢𝑛𝑖𝑓𝑜𝑟𝑚𝑒 𝑧̂
𝐿
E no lado externo do solenoide é dado por:

⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 = 0
𝐵

Para o vetor intensidade de campo magnético, temos, no interior de uma espira


longa e estreita:
𝑁𝐼
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐻 𝑧̂ = 𝐻𝑢𝑛𝑖𝑓𝑜𝑟𝑚𝑒 𝑧̂
𝐿
E no lado externo do solenoide é dado por:

⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 = 0
𝐻

250
Eletromagnetismo I

Problema 8: Considere um solenoide muito longo de comprimento 0,6 m contendo 50


⃗⃗ no interior desse
enrolamentos. Determine o vetor intensidade de campo magnético 𝐻
solenoide, caso uma corrente de 20 A esteja sendo transmitida por ele.

Solução:
𝑁𝐼 50 ∙ 20
⃗⃗𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐻 𝑧̂ = 𝑧̂ = 1.666,67 𝑧̂ A/m
𝐿 0,6

-Toroide:

Um toroide (também chamado de bobina toroidal) consiste em um núcleo na forma


de “rosca” com espiras de fio enroladas próximas umas das outras em torno desse
núcleo:

Fonte: ULABY, 2007.

Observe que formamos um toroide com a união das extremidades de um solenoide.


Note que b representa o raio do toroide, enquanto (b – a)/2 representa o raio do
solenoide (raio do núcleo no formato de rosca). Para fins práticos de aplicação da Lei
de Ampére, vamos considerar que o raio do toroide é muito maior do que o raio do
núcleo.

Novamente, o problema apresenta uma simetria radial, de forma que 𝐻 ⃗⃗ só depende


̂ . Por isso optaremos por um contorno
de r e possui apenas a componente na direção de ϕ
amperiano na forma de uma circunferência de raio r. É importante observar que na

251
Eletromagnetismo I

região em que r < a, não haverá corrente através da superfície delimitada pelo contorno
e portanto 𝐻⃗⃗ = 0. De forma similar, para r > b, a corrente resultante através dessa
⃗⃗ = 0.
superfície é igual a 0 (não tem variação de corrente, portanto 𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 é zero), daí 𝐻
Isso significa que o campo magnético é nulo no interior e na região externa da bobina.

Para a região interna ao núcleo (a < r < b), temos que:


̂
⃗⃗ = 𝐻(𝑟) ϕ
𝐻

𝑑𝑙⃗ = 𝑟 𝑑ϕ ϕ
̂

𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = 𝑁𝐼

Temos:
2𝜋
̂ ∙ 𝑟 𝑑ϕ ϕ
∫ 𝐻(𝑟) ϕ ̂ = 𝑁𝐼
0

𝐻(𝑟) 𝑟 2π = 𝑁𝐼
𝑁𝐼
𝐻(𝑟) =
2𝜋 𝑟
Logo:
𝑁𝐼
⃗⃗𝑡𝑜𝑟𝑜𝑖𝑑𝑒 =
𝐻 ̂
ϕ
2𝜋 𝑟

Problema 8: Considere um toroide contendo 50 enrolamentos. Determine o módulo do


⃗⃗ em r = 250 mm, no interior do núcleo desse
vetor intensidade de campo magnético 𝐻
toroide, caso uma corrente de 50 A esteja sendo transmitida por ele.

Solução:
𝑁𝐼 50 ∙ 50
⃗⃗𝑡𝑜𝑟𝑜𝑖𝑑𝑒 | =
|𝐻 = = 1,59 kA/m
2𝜋 𝑟 2𝜋 ∙ 250 ∙ 10−3

252
Eletromagnetismo I

Equações de Maxwell: caso estático

A Tabela 10 apresenta um resumo das principais equações que estudamos nesse


livro.

Tabela 10: Principais equações da Eletrostática e da Magnetostática.

Fonte: ULABY, 2007.

É importante observar que essas equações dão origem às chamadas Equações de


Maxwell para o caso Estático, no qual os campos não variam com o tempo (são
estacionários). A Tabela 10 apresenta as quatro equações de Maxwell tanto na forma
diferencial quanto na forma integral.

Note que nós já utilizamos todas essas fórmulas para resolver os problemas ao
longo das Unidades desse livro e que a sua interpretação matemática foi introduzida na
Unidade 2. Assim a partir desse conjunto contendo quatro equações, tanto na forma
diferencial (operadores vetoriais) quanto na forma integral (integrais vetoriais),
podemos solucionar uma vasta gama de problemas de Eletromagnetismo, considerando
o caso estático (Eletrostática e Magnetostática).

Somos capazes de observar ainda que as equações da primeira e da terceira linha


são consequência da aplicação da Lei de Gauss para os campos elétricos e magnéticos,
enquanto as equações da segunda e quarta linha são consequência da aplicação da Lei
de Ampére.

253
Eletromagnetismo I

Exercícios – Unidade 5

1) A permeabilidade de um material que possui permeabilidade relativa igual a


600, é:

a) 3,14 ∙ 10−4 H/m.

b) 7,54 ∙ 10−4 H/m.

c) 2,68 ∙ 10−3 H/m.

d) 9,35 ∙ 10−3 H/m.

e) 1,27 ∙ 10−2 H/m.

Considere o seguinte vetor densidade de corrente para os exercícios 2 e 3:


̂ 𝐦𝐀/𝐦𝟐
𝑱⃗ = 𝟏𝟎 𝒓𝟐 𝒛 𝒓̂ − 𝟒 𝒓 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝛟 𝛟

2) A densidade de corrente no ponto P(3 , 0,52 , 2), em coordenadas cilíndricas, é


igual a:
̂ mA/m2 .
a) 18 𝑟̂ + 9 ϕ
̂ mA/m2 .
b) −15 𝑟̂ + 6 ϕ
̂ mA/m2 .
c) −90 𝑟̂ + 6 ϕ
̂ mA/m2 .
d) 90 𝑟̂ − 9 ϕ
̂ mA/m2 .
e) 180 𝑟̂ − 9 ϕ

254
Eletromagnetismo I

3) A corrente total que flui para fora de uma faixa circular de raio r = 3 m, ângulo
0 < ϕ < 2π rad e altura 2 < z < 2,8 é:

a) 11,6 A.

b) 3,26 A.

c) 350,8 mA.

d) 87,5 mA.

e) 18,3 mA.

4) Um condutor linear infinito ao longo do eixo z é percorrido por uma corrente


elétrica de 80 A. A densidade de fluxo magnético em um ponto distante 50 mm desse
condutor é igual a:
̂ T.
a) 3,2 ∙ 10−4 ϕ
̂ T.
b) 2 ∙ 10−5 ϕ
̂ T.
c) 5,7 ∙ 10−6 ϕ
̂ T.
d) 1,4 ∙ 10−7 ϕ
̂ T.
e) 7,9 ∙ 10−8 ϕ

5) Considere um loop de corrente em forma de “forma de torta” como mostrado a


seguir

A expressão do vetor densidade de fluxo magnético no ponto O é:

255
Eletromagnetismo I
𝜇𝑜 𝐼
⃗⃗ =
a) 𝐵 𝑧̂ .
4𝜋 𝑎 2
𝜇𝑜 𝐼 𝑎
⃗⃗ =
b) 𝐵 𝑧̂ .
4𝜋
𝜇𝑜 𝐼 ϕ
⃗⃗ =
c) 𝐵 𝑧̂ .
4𝜋 𝑎

⃗⃗ = 𝜇𝑜𝐼 𝑧̂ .
d) 𝐵
2𝑎

⃗⃗ = 𝜇𝑜𝐼𝑎 𝑧̂ .
e) 𝐵
2

6) Um condutor na forma de uma espira circular de raio 50 mm posicionada no


plano xy é percorrido por uma corrente elétrica de 100 A. Nesse caso, a densidade de
fluxo magnético no centro da espira é igual a:

a) 0,55 𝑧̂ mT.

b) 155 𝑧̂ mT.

c) 76 𝑧̂ mT.

d) 1,26 𝑧̂ mT.

e) 0.

7) Considere um fio retilíneo longo (infinito em termos práticos), ao longo do eixo


z, de raio a percorrido por uma corrente I que é uniformemente distribuída ao longo de
sua seção reta. Nesse caso, o campo magnético 𝐻 ⃗⃗ a uma distância r do eixo fio em um
ponto no interior do fio é dado por:
𝐼𝑟 ̂.
⃗⃗ =
a) 𝐻 ϕ
2π 𝑎 2
𝐼𝑟 ̂.
⃗⃗ =
b) 𝐻 ϕ
𝑎
𝐼 ̂.
⃗⃗ =
c) 𝐻 ϕ
2𝑎
𝐼 ̂.
⃗⃗ =
d) 𝐻 ϕ
2𝜋𝑟
𝐼 ̂.
⃗⃗ =
e) 𝐻 ϕ
2𝜋𝑟2

256
Eletromagnetismo I

8) Considere uma linha coaxial infinita de raios a = 10 mm, b = 30 mm e c = 40


mm. Uma corrente de 30 A atravessa o condutor interno e de -30 A atravessa o condutor
⃗⃗ no ponto r = 35 mm é igual a:
externo. Nesse caso, o campo magnético 𝐻
̂ A/m.
a) 33,22 ϕ
̂ A/m.
b) 73,08 ϕ
̂ A/m.
c) 128,47 ϕ
̂ A/m.
d) 185,19 ϕ
̂ A/m.
e) 202,13 ϕ

Considere o enunciado a seguir para os problemas 9 e 10: Um campo ⃗⃗⃗


𝑩=
̂+𝟑𝒚
−𝟐 𝒙 ̂ + 𝟒 𝒛̂ T está presente no espaço livre. Um fio retilíneo conduz uma
corrente elétrica de 12 A, a partir do ponto A(1,1,1) até o ponto B.

⃗⃗ sobre o fio retilíneo,


9) Determine o vetor força magnética exercida pelo campo 𝐵
no caso de o fio terminar no ponto B(2,1,1).

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_____________________________________________________________________

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257
Eletromagnetismo I

⃗⃗ sobre o fio retilíneo,


10) Determine o vetor força magnética exercida pelo campo 𝐵
no caso de o fio terminar no ponto B(3,5,6).

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258
Eletromagnetismo I

Considerações Finais

Caro Leitor,

Esse livro reuniu décadas de estudo sobre o tema Eletromagnetismo, de forma a


permitir que seja aplicado ao curso de Engenharia Elétrica, ou em uma de suas ênfases,
como Eletrônica, Telecomunicações e Automação. O livro visa servir como referência
para que seja uma ponte entre o ciclo básico e específico do curso. Por isso, em suas
primeiras Unidades, foi realizada uma revisão de Análise Vetorial seguida do Cálculo
Vetorial.

Em seguida, foram tratados os principais conceitos de Eletromagnetismo,


incluindo as definições de diversos parâmetros elétricos e magnéticos e suas relações,
seguindo leis fundamentais, como a Lei de Coulomb e a Lei do Fluxo de Gauss para o
campo elétrico, e a Lei de Ampére para o campo Magnético. As soluções via equação
de Laplace para os capacitores também foi descrita.

É importante observar que, sem a compreensão do Eletromagnetismo, quaisquer


discussões sobre os circuitos elétricos se darão de modo superficial. Como os circuitos
microeletrônicos vêm se tornando cada vez menores e mais rápidos, a teoria de circuitos
simples não é suficiente. Apenas com a aplicação dos princípios elétricos e magnéticos,
os circuitos microeletrônicos podem ser compreendidos e projetados.

O livro finalizou o estudo de Eletromagnetismo com um conjunto de equações que


resumem tudo que aprendemos, conhecidas como equações de Maxwell. Entretanto, as
equações de Maxwell aqui apresentadas foram aplicadas apenas em casos estáticos, isto
é, em que os campos elétricos e magnéticos não variam no tempo. A partir do próximo
livro, para a disciplina de Eletromagnetismo II, estudaremos então as equações de
Maxwell para campos variantes no tempo e todas as suas implicações.

259
Eletromagnetismo I

260
Eletromagnetismo I

Conhecendo o autor

Alexander Cascardo Carneiro

Obteve o título de graduação em Engenharia de Telecomunicações na


Universidade Federal Fluminense (UFF) no ano de 2011. Possui Mestrado na área de
Comunicações Ópticas pela UFF (2014) e é doutorando em Instrumentação e Óptica
Aplicada também pela UFF.

Já trabalhou em projetos na área de smart grids, para monitoramento em tempo


real da saúde de transformadores de subestações de distribuição de energia elétrica
(ELETRONORTE), no desenvolvimento de detectores acústicos baseados em fibra
ópticas para comunicação submarina (FAPERJ) e com sensores de vibrações e
temperatura baseados em fibras ópticas na área de smart structures para o
monitoramento de estruturas inteligentes.

Atualmente é professor do curso de Engenharia de Produção e Engenharia Elétrica


na Universidade Salgado de Oliveira e trabalha na área de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D) em técnicas de interrogação de sensores baseados em fibras ópticas para o
monitoramento da concentração de misturas e em técnicas de detecção de sensores
óticos com elevada sensibilidade a partir de métodos interferométricos.

261
Eletromagnetismo I

262
Eletromagnetismo I

Referências

BALANIS, C. A. Advanced Engineering Electromagnetics. New York: John


Wiley & Sons. 1989.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física – Volume


3: Eletromagnetismo. 10a Edição. Rio de Janeiro: LTC. 2019.

HAYT JR., W. H.; BUCK, J. A. Eletromagnetismo. 8 a Edição. Porto Alegre:


AMGH. 2013.

NAHVI-DEKHORDI, M.; EDMINISTER, J. A. Eletromagnetismo – Coleção


Schaum. 3a Edição. Porto Alegre: Bookman. 2013.

NOTAROS, B. M. Eletromagnetismo. São Paulo: Pearson Education do Brasil.


2012.

RAMOS, A. Eletromagnetismo. São Paulo: Blucher. 2016.

REGO, R. A. Eletromagnetismo Básico. Rio de Janeiro: LTC. 2017.

SERWAY, R. A.; JEWETT JR., J. W. Princípios de Física – Volume 3:


Eletromagnetismo. 5a Edição. São Paulo: Cengage Learning. 2014.

SILVA, C. L.; SANTIAGO, A. J.; MACHADO, A. F.; ASSIS, A. S.


Eletromagnetismo: Fundamentos e Simulações. São Paulo: Pearson Education do
Brasil. 2014.

ULABY, F. T. Eletromagnetismo para Engenheiros. Porto Alegre: Bookman.


2007.

WENTWORTH, S. M. Fundamentos de Eletromagnetismo com Aplicações em


Engenharia. Rio de Janeiro: LTC. 2006.

WENTWORTH, S. M. Eletromagnetismo Aplicado: Abordagem Antecipada das


Linhas de Transmissão. Porto Alegre: Bookman. 2009.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física – Volume 3: Eletromagnetismo. 14a


Edição. São Paulo: Pearson Education do Brasil. 2015.

263
Eletromagnetismo I

264
Eletromagnetismo I

A
nexos

265
Eletromagnetismo I

Gabaritos

UNIDADE 1

1) Considere as seguintes afirmações sobre a Era Clássica do Eletromagnetismo:

I- Thales de Mileto descreveu como a fricção do âmbar fazia o material


“desenvolver” uma força que atraia objetos, como plumas.

II- Gilbert formulou as equações matemáticas sobre a força elétrica entre duas
cargas em termos de intensidade (magnitude) e polaridade (direção), em função da
distância entre elas.

III- Alexandre Volta inventou o para-raios e demonstrou que o relâmpago é um


fenômeno elétrico.

São corretas as afirmações:

a) I, apenas.

b) I e II, apenas.

c) II e III, apenas.

d) TODAS as afirmações estão CORRETAS.

e) TODAS as afirmações estão INCORRETAS.

2) Sabendo que a tensão elétrica pode ser obtida pela equação: V = i x R, e que i =
35 mA e R = 55 MΩ, a tensão elétrica, em MV, será igual a:

a) 325 MV.

b) 1,925 MV.

c) 16,5 MV.

d) 0,25 MV.

e) 144,88 MV.

266
Eletromagnetismo I

Solução:
V=ixR
V = 35 m x 55 M
V = 35 x 10-3 x 55 x 106
V = 1.925.000 V
V = 1,925 x 106 V
V = 1,925 MV

3) Sabendo que a carga elétrica pode ser obtida pela equação: Q = i x t, e que i =
30 A e t = 75 ms, a carga elétrica, em mC, será igual a:

a) 75 mC.

b) 2,25 mC.

c) 225 mC.

d) 2.250 mC.

e) 22.500 mC.

Solução:
Q=ixt
Q = 30 x 75 m
Q = 30 x 75 x 10-3
Q = 2.250 x 10-3 C
Q = 2.250 mC

⃗⃗⃗ = (𝟑, 𝟒, −𝟓) e 𝑩


Considere os vetores 𝑨 ⃗⃗⃗ = (𝟎, −𝟑, 𝟎) para as questões 4, 5, 6,
7 e 8:

4) O módulo de 𝐴⃗ é:

a) 0.

b) 3.

c) 7,07.

d) 5.

e) 6,45.

267
Eletromagnetismo I

Solução:

|𝐴⃗| = √32 + 42 + (−5)2

|𝐴⃗| = √50 = 7,07

5) O resultado da operação 𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ é

a) (8,0, −3).

b) (3,1, −5).

c) (3,7, −5).

d) (0, −3,0).

e) (3,0,0).

Solução:

𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗ = (3,4, −5) + (0, −3,0) = (3,1, −5)

6) O vetor unitário 𝑎̂ (na direção de 𝐴⃗) é:

a) 7,07.

b) (3, 1 , 5)

c) (1, 0 , 0)

d) (−0,24 , 0,12 , 0,96)

e) (0,42 , 0,57 , −0,71).

Solução:

|𝐴⃗| = √32 + 42 + (−5)2

|𝐴⃗| = √50 = 7,07

𝐴⃗ (3,4, −5) 3 4 −5
𝑎̂ = = =( , , ) = (0,42 , 0,57 , −0,71)
𝐴 7,07 7,07 7,07 7,07

268
Eletromagnetismo I

7) O produto escalar 𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ é:

a) 7,07.

b) –12.

c) (3,7, −5).

d) 2.

e) 0.

Solução:

𝐴⃗ ⋅ 𝐵
⃗⃗ = (3,4, −5) ⋅ (0, −3,0) = 3 ⋅ 0 + 4 ⋅ (−3) + (−5) ⋅ 0 = −12

8) O produto vetorial 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ é:

a) (3,7, −5).

b) (15, −37, −21).

c) (7,3, −5).

d) (−15,0,9).

e) (15, −5, −37).

Solução:
𝑥̂ 𝑦̂ 𝑧̂
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = |3 4 −5| = 3 ⋅ (−3)𝑧̂ − (−3) ⋅ (−5)𝑥̂ = 9 𝑧̂ − 15𝑥̂ = (−15,0,9)
0 −3 0

269
Eletromagnetismo I

⃗⃗⃗ = (𝟑, −𝟐, 𝟐) em coordenadas


Considere o ponto P(2,0,1) e o vetor 𝑨
retangulares, para os exercícios 9 e 10:

9) Determine e o vetor 𝐴⃗ no ponto P em coordenadas cilíndricas.

Solução:

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2 = √22 + 02 = 2
𝑦 0
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 0
𝑥 2
𝑧=𝑧=1
Portanto, o ponto é P(2,0,1) em coordenadas cilíndricas.

Temos que:
𝐴𝑟 = 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(ϕ) = 3 𝑐𝑜𝑠(0) − 2 𝑠𝑒𝑛(0) = 3
𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(ϕ) = −3 𝑠𝑒𝑛(0) − 2 𝑐𝑜𝑠(0) = −2
𝐴z = 𝐴z = 2

Portanto, o vetor é 𝐴 = (3, −2,2) no ponto P(2,0,1) em coordenadas cilíndricas.

10) Determine e o vetor 𝐴⃗ no ponto P em coordenadas esféricas.

Solução:

𝑅 = √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = √22 + 02 + 12 = 2,236
√𝑥 2 + 𝑦 2 √22 + 02
θ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 1,107
𝑧 1
𝑦 0
ϕ = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 𝑡𝑎𝑛−1 ( ) = 0
𝑥 2
Portanto, o ponto é P(2,236 , 1,107 , 0) em coordenadas esféricas.

Temos que:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑠𝑒𝑛(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑧 𝑐𝑜𝑠(θ)
= 3 𝑠𝑒𝑛(1,107)𝑐𝑜𝑠(0) − 2 𝑠𝑒𝑛(1,107)𝑠𝑒𝑛(0) + 2 𝑐𝑜𝑠(1,107) = 3,578
𝐴θ = 𝐴𝑥 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑐𝑜𝑠(ϕ) + 𝐴𝑦 𝑐𝑜𝑠(θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) − 𝐴𝑧 𝑠𝑒𝑛(θ)
= 3 𝑐𝑜𝑠(1,107)𝑐𝑜𝑠(0) − 2 𝑐𝑜𝑠(1,107)𝑠𝑒𝑛(0) − 2 𝑠𝑒𝑛(1,107) = −0,447
𝐴ϕ = −𝐴𝑥 𝑠𝑒𝑛(ϕ) + 𝐴𝑦 cos(ϕ)
= −3 𝑠𝑒𝑛(0) − 2 cos(0) = −2
Portanto, o vetor é 𝐴⃗ = (3,578 , −0,447, −2) no ponto P(2,236 , 1,107 , 0) em
coordenadas esféricas.

270
Eletromagnetismo I

UNIDADE 2

1) O valor do campo escalar 𝑉(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 5 − 3𝑥 3 − 2𝑦 2 𝑧 no ponto P(1,0,2) é


igual a:

a) -4.

b) -2.

c) 0.

d) 2.

e) 4.

Solução:

𝑉(1,0,2) = 5 − 3 ∙ 13 − 2 ∙ 02 ∙ 2 = 2

⃗⃗(𝑟, ϕ, 𝑧) = (𝑟 2 𝑠𝑒𝑛(3ϕ) , 1 −
2) O vetor no ponto P(-2,0,3) do campo vetorial 𝑉
2𝑧 cos(2ϕ) , 𝑟 2 + 𝑧 2 ) em coordenadas cilíndricas é:

a) (4 , -5 , 5).

b) (-5 , 0 , 4).

c) (0 , -5 , 13).

d) (-5 , 4 , 0).

e) (4 , 5 , -5).

Solução:

⃗⃗ (−2,0,3) = ((−2)2 𝑠𝑒𝑛(3 ∙ 0) , 1 − 2 ∙ 3 cos(2 ∙ 0) , (−2)2 + 32 )


𝑉
⃗⃗ (−2,0,3) = (0 , −5 , 13)
𝑉

3) O gradiente do campo escalar 𝑇(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 𝑦 2 − 4𝑧𝑦 3 + 4 no ponto P(0,-2,1)


em coordenadas retangulares é igual a:

a) −48𝑦̂ + 32𝑧̂ .

b) −48𝑦̂.

271
Eletromagnetismo I

c) 15𝑥̂ + 35𝑧̂ .

d) 35𝑥̂.

e) −48𝑧̂ .

Solução:
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
∇𝑇 = 𝑥̂ + 𝑦̂ + 𝑧̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
∇𝑇 = 2𝑥𝑦 2 𝑥̂ + (2𝑦𝑥 2 − 12𝑧𝑦 2 ) 𝑦̂ − 4𝑦 3 𝑧̂
No ponto P(0,-2,1):
∇𝑇 = 2 ∙ 0 ∙ (−2)2 𝑥̂ + (2 ∙ (−2) ∙ 02 − 12 ∙ 1 ∙ (−2)2) 𝑦̂ − 4 ∙ (−2)3𝑧̂
∇𝑇 = −48𝑦̂ + 32𝑧̂

4) O gradiente do campo escalar 𝑉(𝑅, θ, ϕ) = 𝑉𝑜 (𝑎2 /𝑅)𝑐𝑜𝑠(2θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) no ponto


P(a, π/2 , π/2) em coordenadas esféricas é igual a:
2
a) − 𝑅̂.
𝑎

b) −𝑉𝑜 𝑅̂ − 2𝑉𝑜 θ̂.

c) −𝑉𝑜 /𝑎 𝑅̂ − 2𝑉𝑜 /𝑎 θ̂.

d) 𝑉𝑜 θ̂ + 2𝑉𝑜 /𝑎 ϕ
̂.

e) 𝑉𝑜 𝑅̂.

Solução:
𝜕𝑉 1 𝜕𝑉 1 𝜕𝑉
∇𝑉 = 𝑅̂ + θ̂ + ̂
ϕ
𝜕𝑅 𝑅 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
𝑎2 1 𝑎2
∇𝑉 = −𝑉𝑜 2 𝑐𝑜𝑠(2θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) 𝑅̂ + 𝑉𝑜 2(−𝑠𝑒𝑛(2θ))𝑠𝑒𝑛(ϕ) θ̂
𝑅 𝑅 𝑅
1 𝑎2
+ 𝑉 ̂
cos(2θ) cos(ϕ) ϕ
𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑜 𝑅
𝑎2 𝑎2
∇𝑉 = −𝑉𝑜 2 𝑐𝑜𝑠(2θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ)𝑅̂ − 2𝑉𝑜 2 𝑠𝑒𝑛(2θ)𝑠𝑒𝑛(ϕ) θ̂
𝑅 𝑅
𝑎2
+ 𝑉𝑜 2 ̂
cos(2θ) cos(ϕ) ϕ
𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃
No ponto P(a, π/2 , π/2):

272
Eletromagnetismo I
𝑎2 𝑎2
∇𝑉 = −𝑉𝑜 2 𝑐𝑜𝑠(2π/2 )𝑠𝑒𝑛(π/2)𝑅̂ − 2𝑉𝑜 2 𝑠𝑒𝑛(2π/2)𝑠𝑒𝑛(π/2) θ̂
𝑎 𝑎
𝑎2
+ 𝑉𝑜 2 ̂
cos(2π/2) cos(π/2) ϕ
𝑎 𝑠𝑒𝑛 π/2
∇𝑉 = 𝑉𝑜 𝑅̂

5) O divergente do campo vetorial 𝐹⃗ = 3𝑥 2 𝑥̂ + 2𝑧 𝑦̂ + 𝑥 2 𝑧 𝑧̂ no ponto P(2, -2 ,


0) em coordenadas retangulares é igual a:

a) 10.

b) 16.

c) 0.

d) -10.

e) 10 𝑥̂.

Solução:
𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = 6𝑥 + 0 + 𝑥 = 6𝑥 + 𝑥2
2

No ponto P(2, -2 , 0):


∇ ∙ 𝐹⃗ = 6 ∙ 2 + 22 = 16

̂ no
6) O divergente do campo vetorial 𝐹⃗ = (𝑎3 /𝑟 2 ) cos(ϕ) 𝑟̂ + (𝑎3 /𝑟 2 ) 𝑠𝑒𝑛(ϕ) ϕ
ponto P(a/2 , π , 0) em coordenadas cilíndricas é igual a:

a) 10.

b) 16.

c) 0.

d) -10.

e) 10 𝑟̂ .

Solução:
1 𝜕(𝑟𝐹𝑟 ) 1 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑧
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧

273
Eletromagnetismo I
1 𝑎3 1 𝑎3
∇ ∙ 𝐹⃗ = (− 2 cos(ϕ)) + cos(ϕ)
𝑟 𝑟 𝑟 𝑟2
𝑎3 𝑎3
∇ ∙ 𝐹⃗ = − 3 cos(ϕ) + 3 cos(ϕ) = 0
𝑟 𝑟
Logo o campo vetorial 𝐹⃗ é solenoidal.

7) O rotacional do campo vetorial 𝐹⃗ = 𝑦 𝑐𝑜𝑠(a𝑥) 𝑥̂ + (𝑦 + 𝑒 𝑥 ) 𝑧̂ no ponto


P(0,0,0) em coordenadas retangulares é igual a:

a) 1 𝑥̂ − 1 𝑦̂ − 1 𝑧̂ .

b) 1 𝑥̂ − 1 𝑧̂ .

c) 2 𝑥̂ + 3 𝑧̂ .

d) −1 𝑥̂ + 2 𝑦̂.

e) 0.

Solução:
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑦 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑥̂ + ( − ) 𝑦̂ + ( − ) 𝑧̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑥 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑥
∇ × 𝐹⃗ = 𝑥̂ + ( − ) 𝑦̂ + (− ) 𝑧̂
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑥
∇ × 𝐹⃗ = 1 𝑥̂ + (0 − 𝑒 ) 𝑦̂ + (−𝑐𝑜𝑠(a𝑥)) 𝑧̂
∇ × 𝐹⃗ = 1 𝑥̂ − 𝑒𝑥 𝑦̂ − 𝑐𝑜𝑠(a𝑥) 𝑧̂
No ponto P(0,0,0):

∇ × 𝐹⃗ = 1 𝑥̂ − 𝑒0 𝑦̂ − 𝑐𝑜𝑠(0) 𝑧̂
∇ × 𝐹⃗ = 1 𝑥̂ − 1 𝑦̂ − 1 𝑧̂

8) O rotacional do campo vetorial 𝐹⃗ = 5 𝑟 𝑠𝑒𝑛 (ϕ) 𝑧̂ no ponto P(2,π,0) em


coordenadas cilíndricas é igual a:
̂.
a) 5 𝑟̂ − 5 ϕ

b) 1 𝑟̂ − 5 𝑧̂ .

c) 5 𝑟̂ − 5 𝑧̂ .

d) −5 𝑟̂

274
Eletromagnetismo I

e) 0.

Solução:
1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹ϕ 𝜕𝐹𝑟 𝜕𝐹𝑧 1 𝜕(𝑟𝐹ϕ ) 𝜕𝐹𝑟
∇ × 𝐹⃗ = ( − ) 𝑟̂ + ( − )ϕ̂+ ( − ) 𝑧̂
𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝜕ϕ
1 𝜕𝐹𝑧 𝜕𝐹𝑧
∇ × 𝐹⃗ = 𝑟̂ + (− ̂

𝑟 𝜕ϕ 𝜕𝑟
1
∇ × 𝐹⃗ = 5𝑟 𝑐𝑜𝑠 (ϕ) 𝑟̂ + (−5 𝑠𝑒𝑛 (ϕ)) ϕ ̂
𝑟
∇ × 𝐹⃗ = 5 𝑐𝑜𝑠 (ϕ) 𝑟̂ − 5 𝑠𝑒𝑛 (ϕ) ϕ̂
No ponto P(2, π,0):
̂
∇ × 𝐹⃗ = 5 𝑐𝑜𝑠 (π) 𝑟̂ − 5 𝑠𝑒𝑛 (π) ϕ
∇ × 𝐹⃗ = −5 𝑟̂

Considere o seguinte campo vetorial em coordenadas esféricas para as


questões 9 e 10:
⃗𝑭⃗ = (𝟐/𝑹𝟐 ) 𝒄𝒐𝒔(𝛉) 𝑹 ̂
̂ + (𝟐/𝑹𝟑 ) 𝛉

9) Determine o divergente desse campo vetorial

Solução:
1 𝜕(𝑅2 𝐹𝑅 ) 1 𝜕(𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝐹θ ) 1 𝜕𝐹ϕ
∇ ∙ 𝐹⃗ = + +
𝑅2 𝜕𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕θ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝜕ϕ
1 1 2 𝑐𝑜𝑠 𝜃
∇ ∙ 𝐹⃗ = 2 0 + +0
𝑅 𝑅 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑅3
2 𝑐𝑜𝑠 𝜃
∇ ∙ 𝐹⃗ =
𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑅4

10) Considere uma região esférica, delimitada pelo raio 1 ≤ 𝑅 ≤ 2 e pelos ângulos
0 ≤ θ ≤ 𝜋/2 e 0 ≤ ϕ ≤ 2𝜋. Calcule o fluxo total através dessa região por meio do
Teorema da Divergência.

Ф𝐿𝑇 = ∭ ∇ ∙ 𝐹⃗ 𝑑𝑉
𝑉
2𝜋 𝜋/2 2
2 𝑐𝑜𝑠 𝜃 2
Ф𝐿𝑇 = ∫ ∫ ∫ 𝑅 𝑑𝑅 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝜙
𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑅4
0 0 1

275
Eletromagnetismo I
2𝜋 𝜋/2 2 2𝜋 𝜋/2 2𝜋 𝜋/2
2 𝑐𝑜𝑠 𝜃 2 𝑐𝑜𝑠 𝜃 2
Ф𝐿𝑇 =∫ ∫ ∫ 𝑑𝑅 𝑑𝜃 𝑑𝜙 = ∫ ∫ [ 𝑑𝜃 𝑑𝜙 = ∫ ∫ 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝜙
𝑅2 −𝑅 1
0 0 1 0 0 0 0
=
2𝜋 2𝜋
𝜋/2 2𝜋
= ∫ 𝑠𝑒𝑛 𝜃 [ 𝑑𝜙 = ∫ 1 𝑑𝜙 = 𝜙 [ = 2𝜋
0 0
0 0

UNIDADE 3

1) Uma placa quadrada no plano xy está situada no espaço definido por 0 ≤ 𝑥 ≤ 2


e 0 ≤ 𝑦 ≤ 2 (ambas em metros). Sabendo que a densidade superficial de carga é dada
por 𝜌𝑆 = 2𝑥 C/m2, a carga elétrica total na placa é igual a:

a) 8 C.

b) 4 C.

c) 2 C.

d) 1 C.

e) 0,5 C.

Solução:
2 2 2

Q = ∬ 2𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑦 = ∫ ∫ 2𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = ∫ 4𝑥 𝑑𝑥 = 8
𝑆 0 0 0

2) Uma carga elétrica 𝑞1 = -20 µC está posicionada em (-6,4,7) e uma carga elétrica
𝑞2 = 50 µC está posicionada em (5,8,-2), ambas no espaço livre (as medidas são dadas
em metros). Nesse caso, a força elétrica exercida sobre 𝑞1 por 𝑞2 é aproximadamente
igual a:

a) −2,4𝑥̂ + 8,1𝑦̂ − 2,32𝑧̂ N.

b) 0,031𝑥̂ + 0,011𝑦̂ − 0,025𝑧̂ N.

c) 0,4𝑥̂ + 0,1𝑦̂ − 0,77𝑧̂ N.

d) 0,4𝑦̂ + 7,7𝑧̂ N.

276
Eletromagnetismo I

e) 21,5𝑥̂ N.

Solução:

𝑄 = −20 ∙ 10−6

𝑞 = 50 ∙ 10−6

𝑟⃗ = (−6,4,7)

𝑟⃗′ = (5,8, −2)

𝑟⃗ − 𝑟⃗′ = (−6,4,7) − (5,8, −2) = (−11, −4,9) = −11𝑥̂ − 4𝑦̂ + 9𝑧̂

|𝑟⃗ − 𝑟⃗′ | = √(−11)2 + (−4)2 + 92 = 14,76

Assim:
1 𝑞𝑄 50 ∙ 10−6 ∙ (−20 ∙ 10−6 )
𝐹⃗𝑒 = 3
(𝑟⃗ − 𝑟⃗′) = (−11𝑥̂ − 4𝑦̂ + 9𝑧̂ )
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗′| 4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 14,763

𝐹⃗𝑒 = −0,0028 ∙ (−11𝑥̂ − 4𝑦̂ + 9𝑧̂ ) = 0,031𝑥̂ + 0,011𝑦̂ − 0,025𝑧̂ N

3) Cargas pontuais de 50 nC cada estão posicionadas em A(1, 0, 0), B(−1, 0, 0),


C(0, 1, 0) e D(0, −1, 0), no espaço livre (em metros). A força total na carga em A é
igual a:

a) −2,4𝑥̂ + 8,1𝑦̂ − 2,32𝑧̂ µN.

b) 40,7𝑥̂ − 30𝑦̂ + 55𝑧̂ µN.

c) 4𝑥̂ + 1𝑦̂ − 7,7𝑧̂ µN.

d) 0,4𝑦̂ + 7,7𝑧̂ µN.

e) 21,5𝑥̂ µN.

Solução:

𝑟⃗ − 𝑟⃗1′ = (1,0,0) − (−1,0,0) = (2,0,0)

277
Eletromagnetismo I

𝑟⃗ − 𝑟⃗2′ = (1,0,0) − (0,1,0) = (1, −1,0)

𝑟⃗ − 𝑟⃗3′ = (1,0,0) − (0, −1,0) = (1,1,0)


3
𝑄 𝑞𝑖
𝐹⃗𝑒 = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑖=1

50 ∙ 10−9 50 ∙ 10−9 50 ∙ 10−9


𝐹⃗𝑒 = ∙ [ (2,0,0) + (1, −1,0)
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 23 √2
3

50 ∙ 10−9
+ 3 (1,1,0)]
√2
50 ∙ 10−9
𝐹⃗𝑒 = ∙ 47,86 ∙ 10−9 𝑥̂ = 21,5 𝑥̂ µN
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12

4) Uma carga de -0,3 µC está posicionada em (25,-30,15) cm, e uma segunda carga
de 0,5 µC em (-10,8,12) cm. O campo elétrico no ponto (15,20,50) cm é igual a:

a) −0,55𝑥̂ kV/m.

b) 0,5𝑥̂ − 0,1𝑦̂ kV/m.

c) 11,96𝑥̂ − 0,46𝑦̂ + 12,5𝑧̂ kV/m.

d) 46𝑦̂ − 21,7𝑧̂ kV/m.

e) 320𝑧̂ kV/m.

Solução:

𝑟⃗ − 𝑟⃗1′ = (15,20,50) − (25, −30,15) = (−10,50,35) = (−0,1 , 0,5 , 0,35)

𝑟⃗ − 𝑟⃗2′ = (15,20,50) − (−10,8,12) = (25,12,38) = (0,25 , 0,12 , 0,38)


2
1 𝑞𝑖
𝐸⃗⃗ = ∑ (𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′)
4𝜋ϵo |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑖 ′|3
𝑖=1

278
Eletromagnetismo I
1
𝐸⃗⃗ =
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12
0,3 ∙ 10−6
∙ [− (−0,1 , 0,5 , 0,35)
0,623
0,5 ∙ 10−6
+ (0,25 , 0,12 , 0,38)]
0,473
1
𝐸⃗⃗ = ∙ (1,33 ∙ 10−6 𝑥̂ − 5,15 ∙ 10−8 𝑦̂ + 1,39 ∙ 10−6 𝑧̂ )
4𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12
= −11𝑥̂ − 4𝑦̂ + 9𝑧̂ kV/m

𝐸⃗⃗ = 11,96𝑥̂ − 0,46𝑦̂ + 12,5𝑧̂ kV/m

5) Considere dois anéis concêntricos de raios R e R’, no plano xy. O ponto P está
no eixo z (eixo central) a uma distância D do centro dos anéis, como mostrado na figura:

O anel menor possui uma distribuição de carga elétrica uniforme e positiva 𝜌𝑙 ,


enquanto no anel maior ela é negativa −𝜌𝑙 . Sabendo que R’ = 3R, a expressão do campo
elétrico em P é dada por:

a) 0.

b) 1.
𝜌𝑙 𝑅 𝐷
c) 𝑧̂ .
2ϵo(𝑅 2 +𝐷2 )3/2
𝜌𝑙 𝑅 𝐷 𝜌𝑙 3𝑅 𝐷
d) 𝑧̂ − 𝑧̂ .
2ϵo(𝑅 2+𝐷 2)3/2 2ϵo(9𝑅 2 +𝐷2 )3/2
𝜌𝑙 3𝑅 𝐷
e) 𝑧̂ .
2ϵo(9𝑅 2 +𝐷2 )3/2

Solução:

279
Eletromagnetismo I

O campo elétrico de um anel carregado é dado por:


𝜌𝑙 𝑏 ℎ
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂
2ϵo (𝑏2 + ℎ2 )3/2

Considerando a contribuição dos dois anéis:


𝜌𝑙 𝑅 𝐷 𝜌𝑙 3𝑅 𝐷
𝐸⃗⃗ = 𝑧̂ − 𝑧̂
2ϵo(𝑅2 + 𝐷2 )3/2 2ϵo (9𝑅2 + 𝐷2 )3/2

6) Considere três cargas elétricas pontuais de 60 µC, -30 µC e 50 µC, o fluxo do


campo elétrico que atravessa uma superfície esférica fechada é aproximadamente igual
a:

a) 8.237,4 kV ∙ m.

b) 655,32 kV ∙ m.

c) 9.039,55 kV ∙ m.

d) 12.943,6 kV ∙ m.

e) 0.

Solução:

Como a superfície é fechada ao redor das cargas elétricas, então o fluxo será:
𝑄 (60 − 30 + 50) ∙ 10−6 80 ∙ 10−6
Ф 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = = = = 9.039,55 kV ∙ m
ϵo 8,85 ∙ 10−12 8,85 ∙ 10−12

7) Considere uma linha uniforme de cargas 𝜌𝑙 .em forma de anel, de raio a e sobre
o plano xy (z = 0). Nesse caso, a expressão para o potencial elétrico V em um ponto h
ao longo do eixo z (que passa pelo centro do anel) é dada por:
𝜌𝑙 𝑎
a) .
4𝜋ϵo √𝑎2 +ℎ2
𝜌𝑙 𝑎
b) .
2ϵo √𝑎2 +ℎ2
𝜌𝑙
c) .
4𝜋ϵo √𝑎2 +ℎ2
𝜌𝑙 𝑎
d) .
√𝑎2 +ℎ2

280
Eletromagnetismo I

e) 0.

Solução:
2𝜋
1 𝜌𝑙 1 𝜌𝑙 2𝜋 𝜌𝑙 𝑎
𝑉= ∫ 𝑑𝑙 = ∫ 𝑎 𝑑𝜙 =
4𝜋ϵo |𝑟
⃗ ⃗
− 𝑟𝑖 ′| 4𝜋ϵo √𝑎 + ℎ
2 2 4𝜋ϵo √𝑎2 + ℎ2
𝐿 0
𝜌𝑙 𝑎
=
2ϵo √𝑎2 + ℎ2

8) O campo elétrico no ponto (2,π,0), em coordenadas esféricas, produzido por um


dipolo de comprimento d = 20 nm e carga elétrica q = 30 mC, na origem, é
aproximadamente igual a:

a) −1,35 𝑅̂ V/m.

b) 1,35 𝑅̂ V/m.

c) −0,33 𝑅̂ V/m.

d) 0,33 𝑅̂ V/m.

e) 0,03 𝑅̂ V/m.

Solução:
𝑞𝑑 20 ∙ 10−9 ∙ 30 ∙ 10−3
𝐸⃗⃗ = 3 (2𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑅̂ + 𝑠𝑒𝑛 𝜃 θ̂) = (2𝑐𝑜𝑠 𝜋 𝑅̂ + 𝑠𝑒𝑛 𝜋 θ̂)
4𝜋ϵo 𝑅 4 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 23
= −1,35 𝑅̂ V/m

9) A força elétrica gerada por uma carga elétrica sobre uma carga prova de 150 mC
no ponto P é 𝐹⃗𝑒 = 30 𝑅̂ N. Determine o campo elétrico no ponto P.

Solução:

281
Eletromagnetismo I

𝐹⃗𝑒 30 𝑅̂
𝐸⃗⃗ = = = 200 𝑅̂ V/m
𝑄 150 ∙ 10−3

10) Determine o potencial elétrico no ponto P situado no centro de um quadrado


de cargas pontuais, dados q1 = 12 nC, q2 = -24 nC, q3 = 31 nC e q4 = 17 nC. A distância
d = 1,3 m.

Solução:

A distância R entre as cargas é:

𝑅 = √0,652 + 0,652 = 0,919

O potencial elétrico é dado por:


1 𝑞1 𝑞2 𝑞3 𝑞4 10−9 12 − 24 + 31 + 17
𝑉= ( + + + )= ( )
4𝜋ϵo 𝑅 𝑅 𝑅 𝑅 4 ∙ 𝜋 ∙ 8,85 ∙ 10−12 0,919
= 0,352 V

UNIDADE 4

1) Sobre a classificação dos materiais, é correto afirmar que:

a) Nos materiais condutores, as cargas elétricas não se movem.

b) Nos materiais dielétricos, as cargas elétricas se movem melhor do que nos


semicondutores.

c) Os supercondutores são condutores perfeitos, no qual as cargas se movem sem


encontrar nenhuma resistência.

d) TODAS as alternativas anteriores estão CORRETAS.

282
Eletromagnetismo I

e) TODAS as alternativas anteriores estão INCORRETAS.

2) Um fio de ferro com condutividade de 107 S/m está sujeito a um campo elétrico
de 40 𝑟̂ mV/m. A densidade de corrente elétrica é igual a:

a) 5 ∙ 10−3 A/m2.

b) 4 ∙ 105 A/m2 .

c) 40 ∙ 107 A/m2 .

d) 50 ∙ 10−5 A/m2.

e) 400 ∙ 105 A/m2.

Solução:

𝐽⃗ = 𝜎𝐸⃗⃗ = 107 ∙ 40 ∙ 10−3 𝑟̂ = 4 ∙ 105 A/m2

3) A densidade de fluxo elétrico para um campo elétrico de 50 𝑦̂ kV/m aplicado


sobre um material com constante dielétrica de 3 é igual a:

a) 1,33 ∙ 10−6 𝑦̂ C/m2 .

b) 150 ∙ 103 𝑦̂ C/m2 .

c) 133 ∙ 10−6 𝑦̂ C/m2.

d) 150 ∙ 10−9 𝑦̂ C/m2.

e) 15 ∙ 106 𝑦̂ C/m2 .

Solução:

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗ = 𝜖𝑟 𝜖𝑜 𝐸⃗⃗ = 3 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 50 ∙ 103 𝑦̂ = 1,33 ∙ 10−6 𝑦̂ C/m2


𝐷

283
Eletromagnetismo I

̂ + 9 𝑧̂ V/m. Para 𝑟 > 2, 𝜖𝑟2 = 3. Nesse


4) Para 𝑟 ≤ 2, 𝜖𝑟1 = 2 e 𝐸⃗⃗1 = 3 𝑟̂ + 6 ϕ
⃗⃗
caso, 𝐸2 é igual a:
̂ + 9 𝑧̂ V/m.
a) 3 𝑟̂ + 6 ϕ
̂ + 6 𝑧̂ V/m.
b) 2 𝑟̂ + 4 ϕ
̂ − 4 𝑧̂ V/m.
c) 2 𝑟̂ − 6 ϕ
̂ + 9 𝑧̂ V/m.
d) 2 𝑟̂ + 6 ϕ

e) 0.

Solução:

A fronteira ocorre em r = 2, portanto ela consiste em um plano ao longo de ϕz que


separa os dois meios dielétricos.

Nesse caso, temos que as componentes tangenciais se mantêm:


̂ + 9 𝑧̂
𝐸𝑇2 = 𝐸𝑇1 = 6 ϕ

E a componente normal é dada por:


𝜖𝑟1 2
𝐸𝑁2 = 𝐸𝑁1 = 3 𝑟̂ = 2 𝑟̂
𝜖𝑟2 3

Assim:

̂ + 9 𝑧̂ V/m
𝐸⃗⃗2 = 2 𝑟̂ + 6 ϕ

5) Considere uma fronteira separando dois meios dielétricos em z = 4. Dados 𝐸⃗⃗2 =


2 𝑥̂ − 3 ŷ + 3 𝑧̂ , 𝜖𝑟1 = 2 e 𝜖𝑟2 = 8, então 𝐸⃗⃗1 será:

a) 2 𝑥̂ + 3 ŷ + 3 𝑧̂ V/m.

b) 2 𝑥̂ − 3 ŷ + 12 𝑧̂ V/m.

c) −2 𝑥̂ + 3 ŷ − 3 𝑧̂ V/m.

d) 8 𝑥̂ − 12 ŷ + 12 𝑧̂ V/m.

e) 0

284
Eletromagnetismo I

Solução:

A fronteira ocorre em z = 4, portanto ela consiste em um plano ao longo de xy que


separa os dois meios dielétricos.

Nesse caso, temos que as componentes tangenciais se mantêm:

𝐸𝑇1 = 𝐸𝑇2 = 2 𝑥̂ − 3 ŷ

E a componente normal é dada por:


𝜖𝑟2 8
𝐸𝑁1 = 𝐸𝑁2 = 3 𝑧̂ = 12 𝑟̂
𝜖𝑟1 2

Assim:

𝐸⃗⃗1 = 2 𝑥̂ − 3 ŷ + 12 𝑧̂ V/m

6) A carga elétrica total acumulada na superfície de dois condutores é igual a 200


nC. Se a diferença de potencial entre esses condutores é de 40 V, a sua capacitância
será de:

a) 25 nF.

b) 20 nF.

c) 15 nF.

d) 10 nF.

e) 5 nF.

Solução:
𝑄 200 ∙ 10−9
𝐶= = = 5 ∙ 10−9 = 5 nF
𝑉 40

7) Considere um capacitor plano de placas paralelas posicionadas ao longo do


plano xy, em que as placas condutoras possuem área de 80 cm2 e estão a uma distância

285
Eletromagnetismo I

de 4 mm entre elas. A permissividade relativa do meio dielétrico entre essas placas é


igual a 5. A capacitância desse capacitor é igual a:

a) 8,85 ∙ 10−11 F.

b) 8,85 ∙ 10−10 F.

c) 8,85 ∙ 10−9 F.

d) 8,85 ∙ 10−8 F.

e) 8,85 ∙ 10−7 F.

Solução:
ϵ 𝐴 5 ∙ 8,85 ∙ 10−12 ∙ 80 ∙ 10−4
𝐶= = = 8,85 ∙ 10−11 F
𝑑 4 ∙ 10−3

8) Considere um capacitor coaxial de comprimento de 20 cm, em que a casca


cilíndrica interna está posicionada em r = 1 mm e a casca cilíndrica externa está
posicionada em r = 2 mm. A permissividade relativa do meio dielétrico entre as cascas
cilíndricas é igual a 4. A capacitância desse capacitor é igual a:

a) 1,44 ∙ 10−11 F.

b) 8,85 ∙ 10−11 F.

c) 6,4 ∙ 10−11 F.

d) 1,44 ∙ 10−12 F.

e) 6,4 ∙ 10−10 F.

Solução:
2𝜋𝐿 ϵ 2 ∙ 𝜋 ∙ 20 ∙ 10−2 ∙ 4 ∙ 8,85 ∙ 10−12
𝐶= = = 6,4 ∙ 10−11 F
ln 𝑏/𝑎 ln(2/1)

286
Eletromagnetismo I

Considere o seguinte enunciado para as questões 9 e 10:

Um capacitor é formado por duas cascas cilíndricas condutoras ao longo do


plano rz, posicionadas em 𝛟 = 𝛟𝟏 e em 𝛟 = 𝛟𝟐. Dado que o potencial elétrico é
igual a 0 em 𝛟𝟏 e igual a 𝑽𝒐 em 𝛟𝟐:

9) Determine a função potencial elétrico e do campo elétrico na região dielétrica


entre as cascas condutoras.

Solução:
1 𝑑2 𝑉
=0
𝑟 2 𝑑ϕ2
𝑑2 𝑉
=0
𝑑ϕ2
𝑑𝑉
=𝐴
𝑑ϕ

𝑉(ϕ) = 𝐴ϕ + B

Para ϕ1 ≤ ϕ ≤ ϕ2, isto é, a região entre as planos. As condições de contorno são:

𝑉(ϕ1 ) = 0

𝑉(ϕ2 ) = 𝑉𝑜

Assim:

𝑉(ϕ1 ) = 𝐴 ∙ ϕ1 + 𝐵 = 0

𝐴 ∙ ϕ1 + 𝐵 = 0

E:

𝑉(ϕ2 ) = 𝐴 ∙ ϕ2 + 𝐵 = 𝑉𝑜

𝐴 ∙ ϕ2 + 𝐵 = 𝑉𝑜

Fazendo a segunda equação menos a primeira equação, temos:

𝐴 ∙ ϕ2 − 𝐴 ∙ ϕ1 = 𝑉𝑜

287
Eletromagnetismo I

𝐴 ∙ (ϕ2 − ϕ1 ) = 𝑉𝑜
𝑉𝑜
𝐴 =
ϕ2 − ϕ1

Substituindo na primeira equação:


𝑉𝑜
∙ ϕ1 + 𝐵 = 0
ϕ2 − ϕ1
𝑉𝑜 ϕ1
𝐵=−
ϕ2 − ϕ1

Assim:
𝑉𝑜 ϕ 𝑉𝑜 ϕ1 𝑉𝑜 (ϕ − ϕ1 )
𝑉(ϕ) = − =
ϕ2 − ϕ1 ϕ2 − ϕ1 ϕ2 − ϕ1

Para o campo elétrico, temos:


1 𝑑𝑉
𝐸⃗⃗ = −∇𝑉 = − ̂
ϕ
𝑟 𝑑ϕ
1 𝑉𝑜
𝐸⃗⃗ = − ̂
ϕ
𝑟 ϕ2 − ϕ1

10) Determine a capacitância do capacitor considerando que a permissividade do


meio é dada por ϵ, e as dimensões das placas sejam 𝑎 < 𝑟 ≤ 𝑏 e 0 ≤ 𝑧 ≤ ℎ.

Solução:

Considerando um material dielétrico de permissividade ϵ entre as cascas


condutoras, temos a densidade de fluxo elétrico dada por:

⃗⃗ = ϵ 𝐸⃗⃗
𝐷
ϵ 𝑉𝑜 1
⃗⃗ = −
𝐷 ̂
ϕ
ϕ2 − ϕ1 𝑟

Temos ainda que a componente normal (à casca condutora) da densidade de fluxo


elétrico é:

𝐷𝑁 = 𝜌𝑆
ϵ 𝑉𝑜 1
𝜌𝑆 =
ϕ2 − ϕ1 𝑟

288
Eletromagnetismo I

A carga elétrica total é dada então por:


ℎ 𝑏 ℎ 𝑏 ℎ 𝑏
ϵ 𝑉𝑜 1 ϵ 𝑉𝑜 1
𝑄 = ∫ ∫ 𝜌𝑆 𝑑𝑟𝑑𝑧 = ∫ ∫ 𝑑𝑟𝑑𝑧 = ∫ ∫ 𝑑𝑟𝑑𝑧
ϕ2 − ϕ1 𝑟 ϕ2 − ϕ1 𝑟
0 𝑎 0 𝑎 0 𝑎
𝑏
ϵ 𝑉𝑜 ℎ 1
= ∫ 𝑑𝑟 =
ϕ2 − ϕ1 𝑟
𝑎
ϵ 𝑉𝑜 ℎ
= ln(𝑏/𝑎)
ϕ2 − ϕ1

Por fim, a capacitância pode ser calculada como:


𝑄
𝐶=
𝑉𝑜
ϵℎ
𝐶= ln(𝑏/𝑎)
ϕ2 − ϕ1

UNIDADE 5

1) A permeabilidade de um material que possui permeabilidade relativa igual a


600, é:

a) 3,14 ∙ 10−4 H/m.

b) 7,54 ∙ 10−4 H/m.

c) 2,68 ∙ 10−3 H/m.

d) 9,35 ∙ 10−3 H/m.

e) 1,27 ∙ 10−2 H/m.

Solução:

𝜇 = 𝜇𝑟 𝜇𝑜 = 600 ∙ 4𝜋 ∙ 10−7 = 7,54 ∙ 10−4 H/m

289
Eletromagnetismo I

Considere o seguinte vetor densidade de corrente para os exercícios 2 e 3:


̂ 𝐦𝐀/𝐦𝟐
𝑱⃗ = 𝟏𝟎 𝒓𝟐 𝒛 𝒓̂ − 𝟒 𝒓 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝛟 𝛟

2) A densidade de corrente no ponto P(3 , 0,52 , 2), em coordenadas cilíndricas, é


igual a:
̂ mA/m2 .
a) 18 𝑟̂ + 9 ϕ
̂ mA/m2 .
b) −15 𝑟̂ + 6 ϕ
̂ mA/m2 .
c) −90 𝑟̂ + 6 ϕ
̂ mA/m2 .
d) 90 𝑟̂ − 9 ϕ
̂ mA/m2 .
e) 180 𝑟̂ − 9 ϕ

Solução:
̂ = 10 ∙ 32 ∙ 2 𝑟̂ − 4 ∙ 3 𝑐𝑜𝑠 2 0,52 ϕ
𝐽⃗ = 10 𝑟 2 𝑧 𝑟̂ − 4 𝑟 𝑐𝑜𝑠 2 ϕ ϕ ̂
̂ mA/m
= 180 𝑟̂ − 9 ϕ 2

3) A corrente total que flui para fora de uma faixa circular de raio r = 3 m, ângulo
0 < ϕ < 2π rad e altura 2 < z < 2,8 é:

a) 11,6 A.

b) 3,26 A.

c) 350,8 mA.

d) 87,5 mA.

e) 18,3 mA.

290
Eletromagnetismo I

Solução:
2,8 2π

𝐼 = ∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 10−3 ̂ ) ∙ 𝑟 𝑑ϕ d𝑧 𝑟̂
∙ ∫ ∫ (10 𝑟 2 𝑧 𝑟̂ − 4 𝑟 𝑐𝑜𝑠 2 ϕ ϕ
𝑆
2 0
2,8 2π

= 10−3 ∙ ∫ ∫ 90𝑧 ∙ 3 𝑑ϕ d𝑧 =
2 0
2,8
𝑧 2 2,8
= 2𝜋 ∙ 10−3 ∙ ∫ 270𝑧 d𝑧 = 270 ∙ 2𝜋 ∙ 10−3 ∙ [ = 3,26 A
2 2
2

4) Um condutor linear infinito ao longo do eixo z é percorrido por uma corrente


elétrica de 80 A. A densidade de fluxo magnético em um ponto distante 50 mm desse
condutor é igual a:
̂ T.
a) 3,2 ∙ 10−4 ϕ
̂ T.
b) 2 ∙ 10−5 ϕ
̂ T.
c) 5,7 ∙ 10−6 ϕ
̂ T.
d) 1,4 ∙ 10−7 ϕ
̂ T.
e) 7,9 ∙ 10−8 ϕ

Solução:
𝜇𝑜 𝐼 4𝜋 ∙ 10−7 ∙ 80
⃗⃗ =
𝐵 ̂=
ϕ ̂ = 3,2 ∙ 10−4 ϕ
ϕ ̂T
2𝜋 𝑟 2𝜋 ∙ 50 ∙ 10−3

291
Eletromagnetismo I

5) Considere um loop de corrente em forma de “forma de torta” como mostrado a


seguir

A expressão do vetor densidade de fluxo magnético no ponto O é:


𝜇𝑜 𝐼
⃗⃗ =
a) 𝐵 𝑧̂ .
4𝜋 𝑎 2
𝜇𝑜 𝐼 𝑎
⃗⃗ =
b) 𝐵 𝑧̂ .
4𝜋
𝜇𝑜 𝐼 ϕ
⃗⃗ =
c) 𝐵 𝑧̂ .
4𝜋 𝑎

⃗⃗ = 𝜇𝑜𝐼 𝑧̂ .
d) 𝐵
2𝑎

⃗⃗ = 𝜇𝑜𝐼𝑎 𝑧̂ .
e) 𝐵
2

Solução:

Ao longo dos segmentos retilíneos OA e CO, o campo magnético medido em O é


igual a 0. Isso ocorre pois, para todos os pontos ao longo desse segmentos, 𝑑𝑙⃗ está em
paralelo com 𝑟⃗ e, portanto, o produto vetorial entre eles é igual a 0. Para o segmento
AC, 𝑑𝑙⃗ é perpendicular a 𝑟⃗ de modo que 𝑑𝑙⃗ × 𝑟⃗ resulta em um vetor na direção de 𝑧̂ .

Temos então que:

𝐼 𝑑𝑙⃗ = 𝐼 𝑎 𝑑ϕ ϕ
̂

𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ = 𝑎 𝑟̂

Substituindo:

292
Eletromagnetismo I
ϕ
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 𝑑ϕ ϕ̂ × 𝑎 𝑟̂
⃗⃗ =
𝐵 ∫
4𝜋 (𝑎 )3/2
2
0
ϕ
𝜇𝑜 𝐼 𝑎 2
⃗⃗ =
𝐵 ∫ 1 𝑑ϕ 𝑧̂
4𝜋 𝑎3
0

𝜇 𝐼ϕ
⃗⃗ = 𝑜
𝐵 𝑧̂
4𝜋 𝑎

6) Um condutor na forma de uma espira circular de raio 50 mm posicionada no


plano xy é percorrido por uma corrente elétrica de 100 A. Nesse caso, a densidade de
fluxo magnético no centro da espira é igual a:

a) 0,55 𝑧̂ mT.

b) 155 𝑧̂ mT.

c) 76 𝑧̂ mT.

d) 1,26 𝑧̂ mT.

e) 0.

Solução:
𝜇𝑜 𝐼 4𝜋 ∙ 10−7 ∙ 100
⃗⃗ =
𝐵 𝑧̂ = 𝑧̂ = 1,26 𝑧̂ mT
2𝑎 2 ∙ 50 ∙ 10−3

293
Eletromagnetismo I

7) Considere um fio retilíneo longo (infinito em termos práticos), ao longo do eixo


z, de raio a percorrido por uma corrente I que é uniformemente distribuída ao longo de
sua seção reta. Nesse caso, o campo magnético 𝐻 ⃗⃗ a uma distância r do eixo fio em um
ponto no interior do fio é dado por:
𝐼𝑟 ̂.
⃗⃗ =
a) 𝐻 ϕ
2π 𝑎 2
𝐼𝑟 ̂.
⃗⃗ =
b) 𝐻 ϕ
𝑎
𝐼 ̂.
⃗⃗ =
c) 𝐻 ϕ
2𝑎
𝐼 ̂.
⃗⃗ =
d) 𝐻 ϕ
2𝜋𝑟
𝐼 ̂.
⃗⃗ =
e) 𝐻 ϕ
2𝜋𝑟2

Solução:
⃗⃗ apresenta uma simetria cilíndrica radial (varia apenas com r e tem
Temos que 𝐻
̂ ):
direção ϕ
̂
⃗⃗ = 𝐻(𝑟) ϕ
𝐻
̂ , ou seja, circular o fio infinito
Um contorno amperiano deve então ter direção de ϕ
(variação e 0 a 2π). Um comprimento diferencial desse percurso será então um
comprimento diferencial de arco (de uma circunferência de raio r):

𝑑𝑙⃗ = 𝑟 𝑑ϕ ϕ
̂

Temos que a densidade de corrente elétrica (no caso de a corrente elétrica ser
uniformemente distribuída ao longo da seção transversal) é dada por:
𝐼
𝐽⃗ = ẑ
𝐴
Em que A representa a área da seção transversal da linha coaxial. Assim, para o
fio, temos:
𝐼
𝐽⃗ = ẑ
𝜋𝑎2
Para r < a (interior do fio):

294
Eletromagnetismo I
2𝜋 𝑟 2𝜋 𝑟 2𝜋 𝑟
𝐼 𝐼
𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = ∫ ∫ 𝐽⃗𝑖𝑛𝑡 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ ∫ 2 ẑ ∙ 𝑟 𝑑𝑟 𝑑ϕ ẑ = 2 ∫ ∫ 𝑟 𝑑𝑟 𝑑ϕ
𝜋𝑎 𝜋𝑎
0 0 0 0 0 0

𝐼 2𝜋𝑟 2 𝐼𝑟 2
𝐼𝑓𝑙𝑢𝑖 = =
𝜋𝑎2 2 𝑎2
Assim, para r < a (interior do fio):
2𝜋
𝐼𝑟 2
̂ ∙ 𝑟 𝑑ϕ ϕ
∫ 𝐻(𝑟) ϕ ̂=
𝑎2
0

𝐼𝑟 2
𝐻(𝑟) 𝑟 2π =
𝑎2
𝐼𝑟
𝐻(𝑟) =
2π 𝑎2
Logo:
𝐼𝑟
⃗⃗ =
𝐻 ̂
ϕ
2π 𝑎2

8) Considere uma linha coaxial infinita de raios a = 10 mm, b = 30 mm e c = 40


mm. Uma corrente de 30 A atravessa o condutor interno e de -30 A atravessa o condutor
⃗⃗ no ponto r = 35 mm é igual a:
externo. Nesse caso, o campo magnético 𝐻
̂ A/m.
a) 33,22 ϕ
̂ A/m.
b) 73,08 ϕ
̂ A/m.
c) 128,47 ϕ
̂ A/m.
d) 185,19 ϕ
̂ A/m.
e) 202,13 ϕ

Solução:
𝐼 (𝑐 2 − 𝑟 2 ) 30 ∙ 375
⃗⃗ =
𝐻 ̂=
ϕ ̂ = 73,08 ϕ
ϕ ̂ A/m
2𝜋𝑟 (𝑐 2 − 𝑏2 ) 2𝜋 ∙ 35 ∙ 10−3 ∙ 700

295
Eletromagnetismo I

⃗⃗⃗ =
Considere o enunciado a seguir para os problemas 9 e 10: Um campo 𝑩
̂+𝟑𝒚
−𝟐 𝒙 ̂ + 𝟒 𝒛̂ T está presente no espaço livre. Um fio retilíneo conduz uma
corrente elétrica de 12 A, a partir do ponto A(1,1,1) até o ponto B.

⃗⃗ sobre o fio retilíneo,


9) Determine o vetor força magnética exercida pelo campo 𝐵
no caso de o fio terminar no ponto B(2,1,1).

Solução:
𝑏

𝐹⃗𝑚 = ∫ 𝐼 𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝑎

𝑙⃗ = (2,1,1) − (1,1,1) = 1 𝑥̂

𝐹⃗𝑚 = 𝐼 𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 12 𝑥̂ × (−2 𝑥̂ + 3 𝑦̂ + 4 𝑧̂ )

𝐹⃗𝑚 = 36 𝑧̂ − 48 𝑦̂ = −48 𝑦̂ + 36 𝑧̂ N

⃗⃗ sobre o fio retilíneo,


10) Determine o vetor força magnética exercida pelo campo 𝐵
no caso de o fio terminar no ponto B(3,5,6).

Solução:
𝑏

𝐹⃗𝑚 = ∫ 𝐼 𝑑𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝐼 𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝑎

𝑙⃗ = (3,5,6) − (1,1,1) = 2 𝑥̂ + 4 𝑦̂ + 5 𝑧̂

𝐹⃗𝑚 = 𝐼 𝑙⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (24 𝑥̂ + 48 𝑦̂ + 60 𝑧̂ ) × (−2 𝑥̂ + 3 𝑦̂ + 4 𝑧̂ )

𝐹⃗𝑚 = 12 𝑥̂ − 216 𝑦̂ + 168 𝑧̂ N

296

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