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MINISTERIO DOS NEGOCIOS DA MARINHA E ULTRAMAR pois pela j u n t a local de trabalho e emigração, serão copias
d'elles enviadas pelo primeiro correio aos agentes de emi-
Direcção Geral do Ultramar gração ou seus delegados nas localidades cle onde ella te-
n h a cle ser feita.
4,a Repartição Art. 7.° Outra copia dos mappas a que allude o artigo
anterior será enviada a cada um clos requisitantes, a hm
1." Secçílo dc poderem reclamar, no prazo clc cinco dias, quando sc
considerem lesados pela distribuição, e outra copia será
Sendo necessário alterar o decreto cora força de lei de affixada na porta cla Curadoria Geral, cm lá. Thomé, e na
23 de abril do corrente anno, que regula os serviços de da secretaria do Governo, na Ilha do Principe.
emigração de indígenas p a r a S. Thomé e Principe, no § unico. As reclamações serão resolvidas pelo governa-
sentido de melhorar a assistência medica aos serviçaes, as- dor cla provincia, ouvida a j u n t a de que trata o capitulo li.
segurar u m a efficaz vigilancia sobre a hygiene das popu- A r t . 8.° Mas provincias cle Angola, Cabo Verde, Guiné
lações de colonos e de melhorar os serviços da escritura- e Moçambique são applicaveis á emigração c contratos dc
ção do cofre de trabalho e repatriação e os da cobrança trabalhadores para S. Thomé e Principe todas as disposi-
dos creditos de cada serviçal; ções dos capítulos III e iv do regulamento dos indígenas
T e n d o ouvido a J u n t a Consultiva do Ultramar e o Con- de Angola cle 16 de julho cle 1902, na parte em quo não
selho de Ministros; e se opponha aos preceitos d'este regulamento.
Usando da autorização concedida ao Governo pelo § 1.°
do artigo 15.° do 1.° Acto Addicional á Carta Constitucio- CAPITULO II
nal da Monarchia:
H e i por bem decretar o seguinte: Commissão e j u n t a <lc trabalho (le cmigrnçilo

A r t . 9.° H a v e r á em Lisboa uma commissão central de


CAPITULO I trabalho e emigração de trabalhadores contratados para
S. Thomé e Principe, a qual será presidida pelo director
Disposições geraes
geral do ultramar ou pelo chefe de repartição ct'essa Di-
Artigo 1.° É permittida a emigração de indígenas con- recção Geral que elle designar, cle mais dois chefes cle re-
tratados de um e outro sexo das provincias de Angola, partição cla mesma direcção nomeados pelo Ministro da
Guiné, Moçambique e Cabo Verde, para serviços domésti- Marinha e Ultramar, c cle quatro proprietarios clc 8. Thomé
cos, industriaes e agricolas na provincia de S. Thomé e e Principe, escolhidos nos termos do § 1." d'este artigo.
Principe, quando provenham de circunscrições cVaquellas § 1.° A eleição dos quatro ultimos vogaes da commis-
provincias, onde h a j a agencias de emigração ou suas de- são será feita pelos proprietarios cle S. Thomé e Principe
legações, nos termos d'este regulamento, e as vantagens residentes na metropole, para esse effeito convocados com
contratadas com esses trabalhadores indígenas não sejam quinze dias cle anteccdencia, por annuncios publicados no
inferiores ás prescritas no mesmo regulamento. Diario do Governo e pelo menos em um jornal cle Lisboa
§ unico. T a m b e m é permittido na mesma provincia de e outro clo Porto, e assinados pelo director geral de ul-
S. Thomé e Principe a immigração de operarios, serviçaes tramar.
ou trabalhadores ruraes da China, logo que em Macau ou § 2.° Os proprietarios mencionados reunir-se-hão no lo-
em algum porto de tratado naquelle império sejam esta- cal, clia e hora designados nos annuncios, em assembleia,
belecidas agencias de emigração ou delegações d'estas con- presidida pelo director geral clo ultramar ou pelo chefe
forme os preceitos d'este regulamento. cle repartição que elle designar, a fim cle proeedorem ti
A r t . 2.° O Governo poderá destinar a trabalho na pro- eleição clos quatros vogaes effectivos da commissão, por es-
vincia de S. Thomé e Principe os indígenas de Angola, a crutínio secreto de listas e pluralidade de votos, e de ou-
que se refere o capitulo í v do regulamento do trabalho in- tros tantos substitutos pela mesma forma. E s t a assembleia
digena nesta provincia, até o numero suffieiente p a r a sa- poderá legalmente funccionar logo que compareçam, pelo
tisfazer as necessidades de trabalho naquella. menos, nove proprietarios em S. Thomé e Principe, cuja
§ unico. Regulamentos iguaes ou semelhantes aos de identidade seja conhecida. As firmas sociacs e das socie-
Angola serão estabelecidos nas provincias de Moçambi- dades proprietárias serão representadas por um dos so-
que, Cabo V e r d e e Guiné p a r a o effeito cle emigração p a r a cios ou directores, conformo os casos, sendo-lhcs os pode-
S. Thomé e Principe. res de representação confiados por simples officios ao
A r t . 3.° Os pedidos de trabalhadores serão apresenta- director geral do ultramar autenticados nos termos dos
dos por escrito (modelo A), entre os dias 1 e 15 inclusiva- seus contratos sociaes ou estatutos. Cada proprietario in-
mente, dos meses de junho e dezembro, ao curador geral dividual ou collectivo só disporá de um voto.
clos serviçaes e colonos de S. Thomé ou ao seu delegado § 3,° No caso do falta de concorrência dc eleitores á
no Principe, e por um ou outro serão registados, informa- assembleia cle cpie trata o § 2.°, a escolha de vogaes da
dos acêrca da capacidade legal dos peticionários para ad- commissão devolve se para a Junta Consultiva do UItra-
quirirem serviçaes e clas necessidades razoavcis cVestes, e mar.
assim remettidos á Secretaria clo Governo clo S. Thomé e § 4." Cada eleição será valida por tres annos, o OK vo-
Principe. gaes quo tiverem funccionado por um triennio sempre po-
§ unico. A Curadoria Geral ou a sua delegação passa- derão ser reeleitos para o seguinte.
rão aos interessados recibos (modelo B) indicando o dia c § 5." Todo o expediente da assembleia de eleitores o
hora da apresentação. da commissão correrá pela Direcção Cerai clo Ultramar,
A r t . 4.° As necessidades cle trabalhadores serão regula- conforme as ordens clo respectivo director geral.
das nos seguintes t e r m o s : A r t . 10." As attribuições cla commissão central dc tra-
Como trabalhadores agricolas até um homem adulto ou balhos e emigração serão:
mulher por hectare de terreno. a) D a r parecer sobre os assuntos relativos a esse re-
Art. 5." E m harmonia com os pedidos o Governo pro- gime e serviços clo trabalho na provincia de S. Thomé e
vincial iixará, ató o dia 30 dos meses a que se refere o Principe sempre que pelo Governo Jhe seja requisitado ;
artigo 3.°, o contingente cle emigrantes de que a provin- b) Nomear tres vogaes effectivos e tres substitutos para
cia carece. a j u n t a local clc trabalho e emigração cru S. T h o m é ;
A r t . 6.° Formulados os mappas da distribuição (modelo j e) Nomear os agentes de emigração e seus substitutos
C) no periodo transitorio pelo Governo da provincia e cle- J nas localidades onde deva haver agencias, por meio cle al-
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varás assinados pelo seu presidente e mais um membro da pesas de transferencia que h a j a a fazer entre as duas
commissão; ilhas ou nos cofres da F a z e n d a Publica no Principe se o
d) As nomeações de agentes serão sempre revogáveis Banco recusar a gratuitidade cPease serviço.
pela commissão, logo que elles deixem de cumprir fiel- 2.° Aos agentes de emigração serão pela j u n t a envia-
mente os preceitos legaes regulamentares acêrca da emi- das as necessarias procurações p a r a elles outorgarem nos
gração. contratos de trabalho, e em todos os mais relativas ao seu
Art. 11.° A commissão de que trata o artigo 9.° reu- serviço de emigração, devendo obter essas procurações
nirá logo que seja eleita, a fim cle proceder á nomeação dos requisitantes cle trabalhadores, quando elles não as
de que trata a alinea b) do artigo 10.°, e t e r á mais as tenham mandado directamente aos agentes.
sessões extraordinarias p a r a que for convocada pelo seu a) Os requisitantes habilitarão ns agentes com os fundos
presidente. necessarios p a r a os contratos.
A r t . 12.° Na cidade de S. Thomé funccionará uma junta 3.° Formular os mappas cle distribuição dos trabalha-
local cle trabalho e emigração, a qual será composta do dores, de que trata o capitulo III d'este regulamento, um
curador geral clos serviçaes e colonos na provincia, presi- para cacla districto onde haja agencia de emigração e en-
dente, do chefe de serviço cle saude, do director das obras viar um exemplar a cada agente.
publicas, cle um clos gerentes da caixa filial do Banco Na- 4.° F a z e r a distribuição clo contingente total de traba-
cional Ultramarino em S. Thomé e de mais tres vogaes lhadores pelas diversas agencias, conforme as informações
escolhidos pela commissão central de Lisboa entre os pro- d'estas, preenchendo as faltas de urnas com requisições
prietarios, administradores ou feitores das propriedades supplementares a outras que as comportem e indicando
rústicas, residentes ria Ilha cle S. Thomé. quaes contingentes contratados devem ser embarcados em
§ 1.° H a v e r á como secretario, sem voto, um empregado cada transporte.
da Secretaria do Governo da provincia, designado pelo 5.° F a z e r pelas diversas roças requisitantes de trabalha-
respectivo governador. dores a distribuição dos compellidos que pelo Governo
§ 2.° O serviço cle expediente da j u n t a será feito na da provincia lhe sejam ajnesentados o regulando essas
mesma secretaria e pelos empregados d'ella. distribuições na proporção dos trabalhadores não compel-
§ 3.° A j u n t a local é applicavel o disposto no n.° 4.° clo lidos de cada uma.
artigo 9.° 6.° Vigiar o cumprimento das condições dos contratos,
§ 4.° H a v e r á na cidade de Santo Antonio, da Ilha do especialmente no que diga respeito a alojamento, subsis-
Principe, uma j u n t a districtal de trabalho e emigração, tencia, tratamento em doenças, repatriação e renovação
composta do governador do districto, presidente, do dele- de contratos.
gado do curador geral e de um vogal effectivo e outro § unico. Na distribuição de trabalhadores de diversas
substituto, nomeados cle entre os administradores agrico- precedencias e aptidões, a j u n t a terá sempre em attenção
las daquella ilha, nos termos da alinea b) do artigo 10.° as necessidades e pedidos dos requisitantes, e fóra cPeste
§ 5.° A j u n t a local cle S. Thomé delegará n a j u n t a dis- caso distribuirá em iguaes proporções de todas as proce-
trictal a execução na Ilha do Principe da parte das suas dencias.
attribuições que não possa directamente exercer, e espe- 7.° F i x a r os abonos que a cada agente devam fazer-se
cialmente lhe r e m e t t e r á com a devida antecedencia, em para sua remuneração, despesas do contratos e outras,
cada trimestre, as quantias a que se refere o § 1.° do ar- distribuindo esses abonos, quando em alguma localidade
tigo 57.° d'este regulamento, p a r a que, por intermedio clos haja mais que um agente de emigração pelos diversos
respectivos patrões ou administradores, e sob a fiscaliza- agentes na proporção dos contratos por elles realizados.
ção da mesma j u n t a districtal, sejam entregues aos servi- Estes abonos serão pagos pelos requisitantes na propor-
çaes a que pertencem. ção dos trabalhadores, que cada um receba.
§ 6.° São applicaveis á j u n t a districtal as disposições A r t . 15.° Dos fundos do cofre confiado á sua guarda
do artigo 13.° e gerencia pelo n.° 1.° clo artigo 13.°, p r e s t a r á a j u n t a
A r t . 13.° A j u n t a local do trabalho e emigração terá conta todos os annos á Repartição de F a z e n d a da pro-
uma sessão mensal ordinaria e mais as extraordinarias vincia, e igualmente lhe deverá apresentar balancetes
para que for convocada pelo seu presidente. mensaes do estado do cofre.
A r t . 14.° São attribuições geraes da j u n t a local de tra-
balho e emigração superintender, sem prejuizo das attri- CAPITULO III
buições por lei e regulamentos confiadas ao curador geral
clos serviçaes e colonos, em tudo quanto diga respeito ao R e g r a s de distribuição
regime do trabalho na provincia de S. Thomé e Principe, Art. 16.° P a r a o effeito cla distribuição clos trabalhado-
formulando para isso projectos cle regulamentos o instruc- res contratados são estabelecidas tres categorias de re-
ções sempre sujeitos á approvação do Governo ou á clo quisitantes, u m a cle preferencia, outra ordinaria e outra
governador cla provincia, dirigindo representações e con- extra.
sultas ao Governo por intermedio da commissão central § l . ° A primeira categoria comprehende agricultores,
de Lisboa, ou directamente ao governador cla provincia, industriaes, commerciantes e proprietarios ou comman-
consultando acêrca cle assuntos sobre quo seja mandada dantes e mestres de embarcações, que tenham iniciado as
ouvir. suas explorações na data cla publicação cPcstc regula-
Especialmente llic compete : mento.
1." Guard ar e gerir os fundos clo cofre cle trabalho e emi- § 2.° A segunda categoria comprehende os proponen-
gração dos trabalhadores contratados, tendo-os sempre de- tes a que se refere o paragrapho anterior pelo resto dos
positados na caixa filial do Banco Ultramarino em S. Tho- seus pedidos depois de satisfeitas as preferencias e todos
mé. ou sua agencia no Principe, de oncle só poderá sacá-los os outros que, tendo feito pedidos, possuam capacidade
á proporção das necessidades legaes, mediante cheques as- legal para contratar serviçaes.
sinados por dois dos seus membros, um cios quaes seja o § 3.° A terceira categoria comprehende todos os propo-
presidente ou quem o substitua, e visados pelo inspector nentes a quo se refere o § 2." d'este artigo, pelo rema-
de fazenda na provincia. E m q u a n t o o Banco Ultramarino nescente das suas requisições, depois de completado, pe-
não tiver agencia na Ilha clo Principe os depositos relati- las categorias l . a e 2. a , o numero de 200, a que se refere
vos aos serviçaes residentes nesta ilha, clc que trata o o § 1.° do artigo 20.°
n." 1.° cl'este artigo, serão feitos na caixa filial em S. Tho- A r t . 17." Os requisitantes da primeira categoria rece-
mé, se o mesmo Banco tomar a seu cargo todas as des- berão annualmente pelos primeiros contratados um nu-
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m e r o cTelles igual a 10 por cento do seu pessoal j á con- CAPITULO IV


t r a t a d o e em serviço á data das requisiçScs.
Agencias
A r t . 1S.° Satisfeita a p e r c e n t a g e m dos pedidos da pri-
meira categoria o r e m a n e s c e n t e dc e m i g r a n t e s s e r á dis- A r t . 22." Com autorização do Governo c permittida a
tribuido em rateio, quando preciso, pelos requisitantes clc criação de agencia cle emigração cle t r a b a l h a d o r e s para
categoria ordinaria e, quando attingido o limite de 200 cla II S. T h o m é e Principe nos portos da provincia clc Angola,
2. a categoria, se ainda h o u v e r pedidos a a t t e n d e r , serào Cabo V e r d e , Moçambique e Guiné, assim como cm M a c a u
pela m e s m a forma distribuidos pelos requisitantes com- e nos portos chins de tratado, sempre que nesses portos
p r e h e n d i d o s na categoria e x t r a . esteja r e g u l a r m e n t e estabelecida curadoria dos indigena»
§ 1.° Os rateios serão feitos por forma que, dos grupos ou suas delegações.
que forem e m b a r c a n d o em cada navio, vão contratados § 1." E s s a s agencias serão effectivamente criadas pre-
p a r a c a d a requisitante trabalhadores em n u m e r o propor- cedendo proposta da j u n t a local de trabalho e emigração
cional com o seu pedido. em S. T h o m é ou commissão central em Lisboa.
§ 2.° E s t e s rateios parciaes serão adoptados tanto para § 2.° As agencias nas provincias cle Angola, Cabo V e r d e
satisfazer os pedidos de p r i m e i r a categoria como, depois e G u i n é , assim como em Macau, são exclusivamente in-
cle completa esta, p a r a os clas categorias ordinaria e e x t r a . cumbidas cle promover a emigração e contratos clc traba-
Art- 19.° As agencias de emigração distribuirão os tra- lhadores p a r a a provincia de S. T h o m é e Principe, senclo-
balhadores destinados ao e m b a r q u e conforme as requisi- Ihes e x p r e s s a m e n t e prohibido promover ou realizar contra-
ções da j u n t a local de trabalho e emigração em S. Tho- tos p a r a qualquer outro destino.
mé, e c o n f o r m e a distribuição formularão os respectivos § 3." As agencias, com autorização superior e sob sua
contratos. inteira responsabilidade, poderão ter delegações nas loca-
A r t . 20.° Os pedidos de um s e m e s t r e não satisfeitos lidades e portos onde haja curadorias, ou ainda fora cVeste
no todo ou em parte serão encorporados, pela j u n t a local caso com a clausula cle não poderem celebrar contratos
de S . T h o m é , no m a p p a p a r a o semestre seguinte se os n e m e m b a r c a r trabalhadores senão nos locaes o portos
interessados os não r e t i r a r e m , e serão attendidos em onde as curadorias existam.
concorrência com os outros pedidos que p a r a este semestre § 4.° D e s d e j á fica permittido o estabelecimento clas se-
h a j a m sido feitos e do mesmo m a p p a constem. guintes a g e n c i a s :
§ 1.° A distribuição e rateio serão feitas por cacla dis E m Benguella, com delegação no B i h é ;
tricto onde h a j a agencias de emigração em relação aos Em Catumbella;
pedidos feitos e approvados p a r a esse districto, não sendo E m Novo Redondo, com delegação no B a i l a n d o ;
p e r m i t t i d o ás agencias locaes c o n t r a t a r p a r a ninguém mais E m Loanda, com delegações em A m b r i z , Donclo, Ma-
cle duzentos serviçaes em um semestre emquanto não es- lange e C a b i n d a ;
t e j a m satisfeitas, até esse limite, todas as requisições ap- E m Moçambique, com delegações em Memba e L u r i o ;
p r o v a d a s p a r a o mesmo semestre e districto. E m Qnelimane, com delegações om Oliinde, T e t o e An-
§ 2.° Q u a n d o se verifique a infracção clo disposto no gociie; (os contratos das delegações em Angoche serão
p a r a g r a p h o a n t e c e d e n t e ou nos artigos 17.°, 18.", 19.° e celebrados p e r a n t e o chefe administrativo local, como pre-
seus p a r a g r a p h o s a curadoria ern S. T h o m é annullará, clo ceitua o artigo 2(3.°, emquanto ali não h o u v e r delegado do
officio ou a requerimento clos interessados, os contratos curador, mas serão rectificados pelo curador de Moçambi-
excedentes e contratará o respectivo pessoal com aquelles que ou pelo de Qnelimane, indistinctamente);
com q u e m de direito deveriam t e r sido contratados, se Em Inhambane;
d e m o n s t r a r e m ter satisfeito o preceituado n a alinea a) do E m Lourenço Marques;
artigo 14.° E m Bolama, com delegação em Bissau e C a c h o u ;
' § o." Não tem direito a receber contratados e não se- E m S. Tiago de Cabo Verde, com delegações em todas
rão considerados nos rateios aquelles que não tenham pré- as ilhas cle S o t a v e n t o ;
v i a m e n t e g a r a n t i d o o p a g a m e n t o das respectivas despesas E m S. Vicente, com delegações em todas as ilhas cle
pela f o r m a prescrita na alinea a) clo artigo 14." Barlavento;
§ 4.° Aos serviçaes contratados na provincia clo Mo- E m Macau;
çambique ou em paises estrangeiros não é applicavel o re- E m Nova Goa, com delegações em Salsete, B a r d e z e
gime cle rateios, Revendo comtudo os respectivos agentes Novas Conquistas.
a t t e n d e r todas as requisições legaes, o mais igual e equi- A r t . 23." E m cada agencia haverá até tres agentes,
tativamente que as circunstancias locaes o p e r m i t i a m e sendo dois effectivos c um substituto, nomeados pela forma
não podendo as agencias de cada districto c o n t r a t a r p a r a prescrita no artigo 14.° d e s t e regulamento, mas esses agen-
um m e s m o p a t r ã o mais de duzentos serviçaes por semestre tes não poderão e x e r c e r o seu officio sem licença escrita,
emquanto não e s t e j a m satisfeitos, até esse limite, todos os passada pelo g o v e r n a d o r da provincia ou do districto onde,
podidos legalmente approvados e garantidos p a r a o res- devam f u n c c i o n a r , c sem prestarem caução por deposito
pectivo semestre. de dinheiro ou fiança idónea, a qual caução será de 500;$>000
A r t . 21." As agencias communicarão quinzenalmente réis. Cada agente p a g a r á pela sua licença um imposto clc
á j u n t a local de S . T h o m é o n u m e r o clc t r a b a l h a d o r e s que 500 réis por t r a b a l h a d o r que contratar e expedir directa-
tenham embarcado. mente ou pelos seus delegados, mas nunca inferior a ÕO^OOO
§ 1.° Se alguma agencia puder obter um numero cle con- réis por anno, e independentemente do imposto do sêllo
tratos que satisfaça cabalmente o contingente requisitado, de 5-5000 réis por cada uma. E m compensação os a g e n t e s
avisará pela via mais rapida a j u n t a local de S. T h o m é , a ficam isentos clo p a g a m e n t o dc contribuição industrial pelo
fim d ' c s t a p r o c e d e r conforme mais convenha. exercicio do seu officio.
§ 2." Sc o numero do t r a b a l h a d o r e s eompcllidos for su- § 1." O agente substituto serve tio impedimento de um
perior ao clos pedidos, as agencias de emigração onde o ou de ambos os effectivos.
facto se cle averiguarão do curador geral em 8 . Thomé, § 2." O substituto r e s p o n d e r á sempre pelos actos que,
pela via mais rapida, se podem enviar todos ou alguns como tal, pratique, p e r a n t e o agente a quem substituir e
e x c e d e n t e s , e obtida resposta affirmativa mandarão em- p e r a n t e a lei.
b a r c a r os que lhe forem indicados na resposta, pondo-os I § 3." Nenhum a g e n t e poderá ausentar-se da area cla
á disposição cVaquelle magistrado e. sacarão sobre o cofre sua agencia sem previa licença da commissão central, salvo
geral cle S. T h o m é , pelo custo das passagens c mais despo- doença g r a v e , d e v i d a m e n t e attestada por dois medicos,
1
ses indispensaveis. que p o n h a cm perigo a sua vida, devendo justificar pos-
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teriormente perante a commissão central este caso de força D a mesma forma se procederá com relação aos filhos me-
maior. nores que estejam nos casos de ser contratados e os acom-
Não poderá tambem estar ausente mais de seis meses panharem, sem prejuizo do pagamento, por cada contra-
no mesmo anno, nem repetir a ausencia em mais de dois tado, dos encargos impostos neste regulamento.
annos successivos. § 1.° Cada trabalhador contratado receberá u m a copia
§ 4.° Os pedidos de licença deverão sempre ser moti- do seu registo e uma medalha metallica com o numero do
vados e designar o prazo da licença. seu registo, o millesimo do anno do contrato e indicação
§ 5.° O producto do imposto de licença e sêllo res- da agencia em que este tiver sido feito.
pectivo constituirão receita da provincia onde o agente § 2.° Os contratos originaes serão enviados pelas agen-
funccionar. cias ao curador dos serviços em S. Thomé ou seu dele-
A r t . 24." Os agentes, p a r a obterem as licenças de que gado no Principe pelo mesmo transporte em que os traba-
trata o artigo antecedente, assinarão primeiramente termo, lhadores sejam embarcados.
obrigando s e : § 3.° As medalhas de que trata o § 1.° d'este artigo se-
a) A absterem-se por completo de ingerencia directa rão fornecidas pelos agentes cle emigração.
ou indirecta nas relações das autoridades com os indige- § 4.° Pela celebração de cada contrato e seu registo
nas es em geral em todos os assuntos de politica indigena; pagará o agente de emigração, na respectiva curadoria ou
b) A sujeitarem-se a scr-lhes cassada a licença pelo Go- consulado, o emolumento de 1^500 réis, que constituirá
verno da provincia quando este o julgue necessário, re- receita da repartição applicavel ás despesas do expediente,
nunciando ao direito a qualquer reclamação por esse mo- sendo o remanescente distribuido entre o pessoal da mesma
tivo ; repartição, proporcionalmente aos vencimentos de exerci-
c) A empregarem todos os meios ao seu alcance p a r a cio de cada um.
evitar emigração clandestina, informando a autoridade de § 5.° Alem dos emolumentos de que trata o paragra-
tudo quanto a esse respeito lhes constar; pho antecedente não ficam os contratos de trabalho sujei-
d) A empregarem o maior cuidado e vigilancia na iden- tos a mais nenhum encargo ou imposto p a r a o Estado ou
tificação clos indígenas contratados, pelo que respeita aos para corporações administrativas, alem do emolumento a
seus nomes, commandos, regulatos ou sobados a que per- pagar á repartição de registo no porto de chegada.
tençam, e a evitar que os indígenas consigam emigrar A r t . 28." T e e m direito a obter trabalhadores por con-
com declarações falsas; trato :
e) A absterem-se de empregar quaesquer meios violen- O proprietario, rendeiro ou foreiro pelo menos de 5 hec-
tos ou fraudulentos para obter engajamentos de trabalha- tares ;
dores ; O eommerciante ou industrial estabelecido;
/ ) A sujeitarem-se a todos os regulamentos presentes e O proprietario de embarcações de mais de 4 toneladas
futuros acêrca dos serviços cle emigração, contratos e de arqueação cacla uma.
transportes de trabalhadores. § unico. Os individuos mencionados neste artigo, p a r a
§ unico. Nenhum agente poderá começar o seu serviço terem direito ao que elle se refere, precisam p a g a r de im-
sem ter assinado o termo de que trata este artigo, pres- postos directos ou indirectos, na provincia cle S. Thomé e
tado caução e obtido depois o diploma da sua licença. Principe, pelo menos l õ $ 0 0 0 réis por anno, e exercer ef-
A r t . 25.° Os vencimentos dos agentes e os abonos para fectivãmente a sua profissão ou industria.
despesas, sempre em proporção com o numero de traba- A r t . 29.° Os serviçaes contratados nestas condições se-
lhadores contratados c embarcados, serão fixados e pagos rão agrupados com os compellidos para o effeito da distri-
pela j u n t a local de emigração e trabalho em S. Thomé, buição por categorias e rateio determinados nos artigos
nos termos do artigo 14.°, n.° 7.° 16.° a 21.°
A r t . 30.°. No acto do contrato cada trabalhador poderá
CAPITULO V receber do agente cle emigração adeantamento não supe-
rior ao salario de dois meses, sendo a entrega d'esse
Contratos
adeantamento feito perante alguns dos funccionarios de
A r t . 26.° Os contratos p a r a trabalhadores serão sempre que t r a t a o artigo 26.°
feitos perante autoridades publicas, que serão os curado- § 1.° Do adeantamento recebido se fará menção espe-
res ou seus delegados oncle os haja, ou na falta d'elles a cial no respectivo contrato.
autoridade que exercer as funcções administrativas, não § 2.° O patrão será embolsado d'essa quantia pelo en-
podendo ser admittidos contratos em condições inferiores contro nas primeiras prestações com que tiver de entrar
ás preceituadas neste regulamento. no respectivo cofre para bónus de repatriação a que se re-
§ 1 E m portos estrangeiros exercerão os agentes con- fere o artigo 59.°
sulares de Portugal as funcções que, a respeito cla cele- § 3.° Effectuado o contrato, o serviçal fica desde logo
bração c registo cle contratos de trabalho, pertencem no sob a vigilancia e responsabilidade cla respectiva agencia
territorio português aos curadores ou á autoridade admi- cle emigração ou delegação, ató embarcar para o seu des-
nistrativa, e na Ilha do Principe exercerá as funcções de tino.
delegado clo curador geral o administrador do concelho, A r t . 31.° Os contratos serão feitos pelo prazo máximo
oti quem suas vezes faça. de cinco annos completos, contados do dia em que os tra-
§ 2.° No acto da celebração dos contratos verificará a balhadores forem registados no porto de destino.
autoridade se estão cumpridos todos os preceitos legaes c § unico. Os contratos que no primeiro anno de execu-
regulamentares, sc os trabalhadores outorgam livremente, ção cPeste regulamento forem feitos na provincia de Mo-
e procurará adquirir todas as indicações necessarias p a r a çambique serão, pelo menos, por um anno completo; os
a perfeita identificação dos contratados. contratos feitos no mesmo periodo de tempo na Guiné e
Art. 27." Os contratos de trabalho são sempre indivi- Cabo Verde serão, pelo menos, por clois annos com-
duaes o serão registados c numerados seguidamente, por pletos.
annos, ficando na secretaria ou repartição da autoridade A r t . 32.° Nos contratos se poderá estipular que uma
perante a qual tenham sido feitos um registo conforme o parte dos salarios dos trabalhadores seja successivamente
modelo U . depositada nos cofres da F a z e n d a Publica, no porto de
Quando o serviçal for acompanhado de sua mulher, em- partida, a fim de ser entregue, nos prazos ajustados, ás
bora a união seja segundo o costume gentílico, o contrato familias dos emigrantes para sua congrua sustentação.
será um só para ambos e lavrado em um só instrumento, j Esses depositos serão levantados, á proporção das neces-
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sidades, pelos agentes de emigração, a fim de terem a effeito das condições com que devem ser accommodados e
applicação aqui fixada, sendo os levantamentos feitos cir. tratados.
requisições assinadas pelos agentes de emigração, visa- A r t . 39.° Os serviçaes, depois cle pagas as respectivas
das pelas autoridades de que trata o artigo 26.°, as quaes passagens, serão recebidos a bordo com guias passadas
fiscalizarão essas applicações, e d'ellas informarão perio- pelas autoridades locaes a quem esse serviço incumbe,
d i c a m e n t e a j u n t a local de trabalho e emigração em e acompanhados de uma relação nominativa, em duplicado,
S. Thomé. dos seus nomes e destinos, assinada pelos agentes cle emi-
§ unico. As quantias necessarias para essas despesas gração ou seus delegados.
serão levantadas do cofre do trabalho e emigração pela § 1.° D'estas relações se farão mais dois exemplares,
j u n t a local de trabalho e emigração em S. Thomé, e por que serão enviadas pelos agentes de emigração ou seus
ella transferidas para os cofres respectivos, correndo as delegados, uma ao governador e outra ao curador do porto
indispensaveis despesas de transferencia pelo cofre cla de destino, ou ao delegado cPeste.
mesma j u n t a . § 2.° O commandante clo navio confrontar;! esso do-
A r t . 33.° Se na vigência dos contratos a propriedade cumento com os serviçaes que recebe, e estando certos de-
agricola, industrial ou commercial, ou os barcos mudarem volverá uma das relações com o recibo ao agente de emi-
de dono, o novo adquirente assumirá todas as responsabi- gração, e guardará outra, ficando desde esse momento
lidades que para com os serviçaes pertenciam ao seu an- responsável pela entrega clos serviçaes no porto do destino.
tecessor, e os contratos vigorarão até final. Art. 40.° Os emigrantes irão separados por sexo, em
§ unico. No caso d'este artigo far-se-ha o respectivo compartimentos completamente isolados, c será prohibido
averbamento d'esta mudança nos registos existentes na dormirem sobre o convés e regressarem á coberta antes
curadoria, e nos contratos em poder do patrão. da completa baldeação do navio.
A r t . 34.° Logo que algum navio, com trabalhadores Art. 41.° E prohibido o contraio e o embarque cle ser-
contratados, chegue a S. Thomé ou ao Principe, o com- viçaes velhos, rachiticos, atacados cle. alienação mental, de
mandante respectivo mandará apresentar os trabalhadores maculo, clc doença do somno, ou quaesquer molestias con-
ao curador geral, ou ao seu delegado, que, inscritos os tagiosas ou não, ou qualquer deformidade da doença que
contratos no respectivo registo, avisará os patrões a quem os torne inaptos para o trabalho.
sejam destinados para tomarem immediata conta d'elles. A r t . 42.° A fiança ou deposito estabelecido no artigo
Por conta dos mesmos patrões correrão todas as despesas 37.° é sujeita a todas as responsabilidades pela falta de
feitas com os trabalhadores desde o seu desembarque. cumprimento das obrigações impostas para o transporte
maritimo clos serviçaes ou colonos.
CAPITULO VI Art. 43.° As reclamações acêrca cla falta do cumpri-
mento das obrigações a quo so refere o artigo anterior
Transportes
serão resolvidas, ouvida a parte reclamada, pelo governa-
A r t . 35.° As agencias de emigração, e as delegações dor cle S. Thomé, cm Conselho do Governo, sob promoção
que funccionarem j u n t o a portos cle escala dos navios en- clo curador geral, que neste caso não votará, havendo re-
carregados do transporte, embarcarão os serviçaes direc- curso com effeito suspensivo para o Governo cla metro-
tamente para os seus destinos; as restantes servir-se-hão pole.
clos portos cle mais fácil accesso onde haja agencias ou A r t . 44." Os colonos ou serviçaes não poderão sor con-
delegações. duzidos presos, salvo commettendo crime pelo qual o de-
A r t . 36.° E m todos os navios que transportem servi- vam ser.
çaes repatriados irá um commissario do Governo, nomeado § unico. Neste caso, logo que cheguem a terra, serão
ad hoc pelo governador de S. Thomé, portador clos bónus entregues ás autoridades competentes para se instaurar
de repatriação, e incumbido cle verificar que os serviçaes processo.
só desembarquem no porto do seu destino; entregando- A r t . 4õ.° Todos os serviçaes que não apresentem si-
llies nessa occasião os respectivos bónus, clo que se lavrará naes evidentes (le terem tido variola deverão ser vaci-
acta em triplicado, assinada pelos funccionarios incumbi- nados no acto cle desembarque no porto do destino, se o
dos da execução, pelo commandante do vapor c por duas não foram antes em tempo util, e aquelles a quem a va-
testemunhas. cina não pegar serão revaeinados nas roças, para o que
Um exemplar cPestas actas será enviado á Secretaria as respectivas ambulancias deverão estar providas dc suf-
Geral do Governo de S. Thomé, e os outros dois serão iiciente numero cle tubos dc vacina renovada periodica-
archivados, um na Curadoria Geral em S. Thomé, e o mente.
outro na agencia de emigração do porto de destino. A r t . 46.° E m épocas de epidemia cle variola c obriga-
§ 1.° O transporte de colonos ou serviçaes só poderá toria a vacinação antecipada, não podendo effectuar-se o
ser feito nos navios portugueses para esse fim registados, contrato o embarque sem estar produzido o effeito da ino-
p r e s t a d a fiança ou deposito; ou por navios estrangeiros culação, ou haver sinaes evidentes de variola ou dc se ter
para isso devidamente autorizados pelo governador da verificado por duas experiências sueeessivas do vacinação
provincia de S. Thomé, sujeitando-se os capitães, por de- que o emigrante é refractario a vacina.
claração autentica, ás prescrições respectivas d'este regu- Art. 47." Os navios que transportem serviçaes contra-
lamento. tados serão obrigados a dar passagem gratuita em J .''l
§ 2.° A declaração de que trata o paragrapho antece- classe, entre os portos de embarque de trabalhadores, nas
dente será feita por termo perante o secretario geral clo provincias dc Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné,
Governo, com' intervenção d e ] duas testemunhas, que não em Macau ou outros da China e S. Thomé, e vice-versa,
sejam empregadas da secretaria, e assinada por todos e aos commissarios do Governo nomeados pelo governador
pelo capitão ou seu bastante procurador. dc S. Thomé, sempre que esto magistrado entenda con-
A r t . 37.° O navio que receber a seu bordo mais cle dez veniente mandar fiscalizar, por agentes da sua confiança,
colonos ou serviçaes contratados c reputado com destino a forma por que são cumpridas a bordo as prescrições
especial a esse transporte, e será sujeito a uma fiança ou (Peste regulamento.
deposito cle 2:0005000 réis. § 1." Estas viagens cle inspecção não serão im nos dc
A r t . 38.° Nos regulamentos da provincia dc S. Thomé tres vezes por anno.
e Principe se determinará o^numero de trabalhadores que § 2." Nos alvarás de licenças des navios para o trans-
cacla navio poderá receber em relação ^á^ sua tonelagem, porte cle serviçaes será mencionada expressamente a obri-
sendo considerados como passageiros de 3. a classe para o 1 gação do transporte gratuito dos commissarios.
Dezembro 31 790 1908

A r t . 43.° F i n d a cada viagem, e verificado que seja que j § 4.° Verificadas as folhas e levados os creditos á conta
o c o m m a n d a n t e do navio c u m p r i u com as obrigações le- i cle cada serviçal, serão os agricultores intimados para en-
g a e s , ser-lhe-ha, pelo g o v e r n a d o r da provincia do destino, t r a r e m com as respectivas importancias no cofre do tra-
d a d a u m a resalva que assim o certifique. balho, que as d e p o s i t a r á á o r d e m do Banco U l t r a m a r i n o .
A r t . 49.° P a r a que os navios e m p r e g a d o s no t r a n s p o r t e A r t . 54.° A cobrança coerciva ,d'este bónus e clas q u a n -
de serviçaes possam fazer novas viagens no mesmo ser- tias necessarias p a r a as p a s s a g e n s cle repatriação q u a n d o
viço, deverão os c o m m a n d a n t e s a p r e s e n t a r a resalva de h a j a logar será feita a d m i n i s t r a t i v a m e n t e com o m e s m o
que t r a t a o artigo a n t e c e d e n t e . processo e g a r a n t i a s com que são cobradas as quantias
provenientes de impostos devidos á F a z e n d a Publica.
CAPITULO VII A r t . 55.° Aos agentes de emigração e seus delegados
em especial, e em geral a todas as autoridades locaes, in-
Vencimentos e salarios
c u m b e a obrigação de p r o t e g e r e m os serviçaes r e p a t r i a d o s
A r t . 50.° O salario mensal de cada t r a b a l h a d o r n u n c a p a r a que desde o d e s e m b a r q u e ató a chegada ao ponto do
s e r á inferior a 2 ^ 5 0 0 róis piara os homens e 1;)800 réis seu destino não sejam por q u a l q u e r f o r m a illudidos e es-
p a r a as mulheres. poliados clos h a v e r e s que lhes p e r t e n ç a m .
§ 1.° Aos t r a b a l h a d o r e s cle um ou outro sexo será pe- A r t . 5G.° No calculo do tempo completo do c o n t r a t o a
los patrões paga mensalmente m e t a d e dos salarios fixados, que se refere o artigo Õ2.°, contam-se os annos pela sua
devendo esse pagamento effectuar-se no primeiro domingo duração effectiva e descontam-sc os clias cle ausencia legal
seguinte ao mês a que digam respeito ou na s e g u n d a feira e illegal.
immediata. § 1.° R e p u t a - s e legal a ausencia que p r o v e n h a :
§ 2.° I g u a l m e n t e serão e n t r e g u e s aos t r a b a l h a d o r e s 1.° D e licença pedida pelo t r a b a l h a d o r e concedida polo
q u a e s q u e r gratificações e x t r a o r d i n a r i a s q u e os respectivos patrão;
patrões entendam d e v e r conceder-lhes. 2.° D e causa de força m a i o r , reconhecida pelo c u r a d o r
§ 3.° Os r e m a n e s c e n t e s dos salarios não e n t r e g u e s di- geral;
r e c t a m e n t e pelos p a t r õ e s aos t r a b a l h a d o r e s serão deposi- 3.° D e doença r e g u l a r m e n t e c o m p r o v a d a ;
tados no cofre cla repatriação de que t r a t a o artigo 59.°, 4.° D e obediencia a ordens ou citações das a u t o r i d a d e s
sendo r e s e r v a d o s p a r a bónus cle repatriação a cacla um dos judiciaes ou a d m i n i s t r a t i v a s ;
t r a b a l h a d o r e s a que p e r t e n ç a m , ou para, nos termos do 5.° D e ordens de comparência pessoal e m a n a d a s clo cu-
artigo 32.°, s e r e m e m p r e g a d o s no sustento das suas fa- rador geral.
milias. § 2.° Todos os mais casos de ausencia são r e p u t a d o s
A r t . 51.° O p a t r ã o fica t a m b e m obrigado a f o r n e c e r a illegaes.
c a d a serviçal alojamento hygienico, sustento, vestuario, § 3.° Nos casos de ausencia illegal otc doença o t r a b a -
t r a t a m e n t o conveniente n a s suas enfermidades e a p a g a r , lhador p e r d e o direito ao salario total clos dias que ella
quando termine o seu contrato, as despesas da passagem durar.
de regresso ao porto da sua procedencia, tudo em harmo- A r t . 57.° E x p i r a d o o tempo legal do seu contrato o
nia com o disposto no regulamento provincial do S. T h o m é t r a b a l h a d o r póde deixar de ser r e p a t r i a d o se fizer novo
e Principe. contrato.
A r t . 52.° O bónus d a repatriação, a que o serviçal ti- § 1.° O novo contrato s e r á feito mediante aumento de
v e r direito no final do contrato, ser-lhe-ha e n t r e g u e a salario pago pelo patrão, pelo menos 10 por cento do sa-
bordo do navio que o conduzir, á c h e g a d a do porto do lario do anterior contrato, e este salario a u m e n t a d o o re-
destino, com assistência do a g e n t e local d a e m i g r a ç ã o e c e b e r á por inteiro o t r a b a l h a d o r , continuando os bónus,
do c o m m a n d a n t e clo navio. a n t e r i o r m e n t e adquiridos, depositados no cofre de trabalho
§ 1.° Os bónus só serão devidos aos serviçaes que hou- e repatriação até que esta se verifique.
v e r e m servido o tempo completo do seu contrato e só § 2.° N a renovação dos contratos terão p r e f e r e n c i a , c m
estes terão direito ao p a g a m e n t o da passagem de re- i g u a l d a d e cle condições, os patrões com q u e m os t r a b a l h a -
gresso. dores servirem.
§ 2." A n t e s do e m b a r q u e de S . T h o m é e Principe, a CAPITULO VIII
cacla serviçal repatriado lhe f o r n e c e r á a j u n t a local, pela
sua repartição cle contabilidade, u m a nota, r u b r i c a d a pelo C o f r e do t r a b a l h o e r e p a t r i a ç ã o
presidente c por um m e m b r o cla j u n t a , do saldo que te- A r t . 58.° H a v e r á om S . T h o m é , a cargo de u m escri-
n h a a receber á sua chegada ao porto clo destino. t u r á r i o cle 1." ou 2.° classe, auxiliado p o r um a s p i r a n t e ,
§ 3.° P a r a os serviçaes r e p a t r i a d o s da Ilha clo Principe e sob a fiscalização directa do inspector cle f a z e n d a , um
em navios que não façam escala cm S. T h o m é as notas cofre denominado «de t r a b a l h o e r e p a t r i a ç ã o » , p a r a arre-
serão pelo j u n t a local r e m e t t i d a s á j u n t a districtal e esta, cadação dos f u n d o s clos bónus destinados aos serviçaes e do
os e n t r e g a r á aos interessados, mas se o navio que os re- producto das m u l t a s e o m m i n a d a s p o r este r e g u l a m e n t o .
p a t r i a r tiver escala em S. T h o m é a entrega será feita a § 1.° Os dois primeiros funccionarios não f a z e m p a r t e
bordo, no porto cVcsta ilha, por u m enviado da junta do quadro da r e p a r t i ç ã o de f a z e n d a provincial.
local, § 2." Nos casos clo repatriação as q u a n t i a s perten-
A r t . r>3.° Os patrões e n t r a r ã o t r i m e s t r a l m e n t e no cofre centes a cacla repatriado serão l e v a n t a d a s , nos termos
das repatriações com as p e r c e n t a g e n s p a r a bónus clo re- d'este regulamento, e e n t r e g u e s aos commissarios que
patriação, a que se r e f e r e o artigo n0.°, depois de dedu- a c o m p a n h e m os repatriados ate os portos clos seus desti-
zidos os adeantamentos legaes que h o u v e r e m feito no acto nos.
clos contratos. A r t . Õ9.° A m o r t e clo serviçal faz cessar p a r a o p a t r ã o
§ 1.° A entrega será feita á vista dos duplicados clas a obrigação cle p a g a r mais prestações p a r a o cofre da re-
folhas dc p a g a m e n t o mensal visadas pelo c u r a d o r . ! patriação. T a m b e m cessará t e m p o r a r i a m e n t e cs?a obriga -
§ 2." E s t a s folhas serão e n t r e g u e s , na Curadoria Geral, í ção emquanto estiver ausente o serviçal do serviço clo seu
no fim de cada anno civil até IT) de j a n e i r o , devendo con- patrão por doença, f u g a , prisão ou q u a l q u e r outro motivo
t e r a somma total do que pertence a cada serviçal, de- alheio á vontade do mesmo p a t r ã o .
pois cle feitas as respectivas deducções clas quantias adean- § 1.° A s prestações quo estiverem pa i a s ao tempo do
tadas. fallecimento cios serviçaes serão applicadas ao pagamento
£ 3.° O curador p o r á o seu visto e enviá-las-ba ao ins- , das despesas com o serviço de trabalho e emigração, ex-
pector de f a z e n d a atá o fim de janeiros I cepto as dos emigrantes procedentes do estrangeiro on
1908 791 Dezembro 31

das provincias de Angola, Cabo V e r d e , Guiné e Moçam- zer todo o serviço mencionado para os homens no artigo
bique. | 22.° do decreto cle 17 de agosto de ISSO, excepto derru-
§ 2.° Quanto ás prestações dos serviçaes d'estas tres bar arvores e pilar café; e os da mesma idade do sexo
ultimas provincias mandará a j u n t a local entregá-las ás feminino a fazer todo o trabalho quo para as mulheres está
respectivas familias por intermedio dos agentes locaes dc mencionado no artigo 23.° do mesmo decreto.
emigração, com assistência clo respectivo curador, lavran- g unico. Os menores cle, onze a quatorze annos somente
do-se actas em triplicado d'essas entregas, autenticadas serão empregados em apanhar frutos, guardar sementeiras-
por duas testemunhas idóneas, sendo um exemplar enviado e criações e a fazer os trabalhos domésticos, tendo sem-
á j u n t a local de S. Thomé, outro á secretaria geral e o pre em attenção as suas diminutas forças c pouca idade.
terceiro ficará archivado na agencia quo effectuar a en- Art. G0.° Pelo governador, em Conselho de Governo o
trega. ouvida a j u n t a local de trabalho e emigração, serão deter-
§ 3.° Quanto ás dos serviçaes estrangeiros e clos da pro- minadas as condições geraes a quo devem satisfazer as
vincia de Angola darão immediatamente entrada no cofre creches, casas ou quarteis communs para habitação dos
da fazenda provincial para serem levantadas as dos pri- serviçaes e enfermarias ou hospitaes, suas condições hy-
meiros por quem a ellas tenha direito, transferindo-se as gienicas, systema cle limpeza e tudo o mais que for con-
outras para o cofre cla fazenda da provincia cle Angola ducente ao mesmo fim.
para distribui-las ás familias dos fallecidos. § 1." Dois ou mais membros da junta local, por esta
commissionados, indicarão á mesma j u n t a quaes as cons-
CAPITULO IX trucções novas que será preciso fazer cm cada proprie-
dade e quaes as modificações a introduzir nas existentes.
. Condições de t r a b a l h o c serviço medico
£ 2.° Approvadas estas e aquellas pela j u n t a , será in-
A r t . 60.° Cada patrão de mais cle cincoenta serviçaes ou timado o proprietario a fazer as construcções ou alterações
colonos é obrigado a manter enfermarias separadas para necessarias no prazo que pela mesma lhe for fixado, tendo
os dois sexoií, para os tratar gratuitamente, servidas por em attenção a urgencia da obra e a importancia ou a dif-
enfermeiros habilitados e com a precisa ambulancia. Cessa ficuldade cla mesma obra, nunca alem de dois annos.
esta obrigação se a menos de 5 kilometros do logar da § 3.° Não se fará cle ora ávante construcção alguma
residencia ou occupação habitual dos serviçaes houver hos- para habitação ou hospital de serviçaes, sem previa ap-
pital cm que os doentes possam ser recebidos e tratados provação cla junta local, que verificará se ellas satisfazem
a expensas do patrão. ás condições geraes cPeste artigo.
g 1.° Os facultativos devem visitar diariamente as pro- § 4.° A falta cle cumprimento das prescrições estabele-
priedades que tenham mais cle quatrocentos serviçaes c cidas neste artigo e seus paragraphos será punida com a
todas as outras uma vez por semana, pelo menos, assim multa do 1005000 a 2005000 réis. Sc ainda dentro do
como devem fazer visitas extraordinarias a qualquer roça prazo que llie for marcado clc novo pela j u n t a local não
da sua circunscrição, quanclo sejam chamados em casos estiverem cumpridas estas proscrições, a multa poderá
graves c urgentes. elevar-se até 5005000 réis, o o agricultor ficará inhibido
§ 2.° O facultativo poderá prescrever quaesquer res- de poder contratar serviçaes.
tricções e até completa dispensa clc trabalho. A prescrição A r t . G7.° O patrão que infringir ou consentir na infrac-
terá força obrigatoria. ção do disposto em qualquer outro dos artigos do presente
§ 3.° As prescrições do facultativo, e em geral quaes- regulamento pagará uma multa de 20500(1 a 100,5O00 réis.
quer occorrencias medicas respeitantes ao pessoal opera A r t . GS.° Às multas por infracção do disposto neste de-
rio, serão, á medida que se derem, registadas pelo proprio creto serão applicadas pela j u n t a local e arrecadadas nos
facultativo em livro fornecido pelo patrão com termo dc termos clo artigo 102.° do regulamento de 1878.
abertura e encerramento, e as folhas numeradas c rubri- § unico. Estas multas serão executadas administrativa-
cadas pelo curador ou seu delegado. mente, o reverterão a favor do cofre do trabalho e emi-
§ 4.° O medico é o fiscal do estado sanitario cla pro- gração.
priedade; e, nessa qualidade, poderá passar revista a todo Art. 69.° A Ilha cle S. Thomé será dividida ein 14 cir-
o pessoal. cunscrições sanitarias, cada uma com o seu facultativo o
Art. 61.° P a r a uso das ambulancias c permittido a cacla nella residente, o qual não poderá exercer clinica noutra
individuo que tenha serviçaes e por cada anno a introduc- circunscrição, salvo caso de força maior:
ção de meio litro cle álcool rectificado por cacla seu servi- f .:l circunscrição—Monto Café, Nova Moka, Saudade,
çal ou colono. S. Nicolau, Quinta cla Graça, Santa Adelaide, Plateau
Art. 62.° As serviçaes serão, sem prejuizo clos seus sa- café, Java.
larios, dispensadas cle qualquer trabalho nos trinta ulti- 2.® circunscrição — Milagrosa, Cangá, Mateus Inês,
mos dias prováveis clo periodo cle gestação e nos trinta Lemos, Favorita, Quinta das Palmeiras, Agua G r a n d e ,
clias immediatos ao parto. .Mendes, Castro.
§ unico. As mesmas serviçaes durante os primeiros seis 3. a circunscrição—• Blu-BIu, Villa Dolores, Santo An-
meses cla amamentação clc seus filhos só poderão ser em- tonio, Santa Teresa, Aragão, Valle Prazeres, Justino, La-
pregadas em trabalhos moderados, dentro de casa ou cios ranjeira, Santa Teresa.
terreiros. 4. a c i r c u n s c r i ç ã o — R i o clo Ouro, Bella Vista, Plancas,
A r t . 63.° E absolutamente prohibido empregar os tra- Morro Peixa, Praia das Conchas, Pentecostes, Bom retiro.
balhadores em serviços dc qualquer ordem que obriguem :").•' circunscrição — Boa E n t r a d a , Monte Macaco, Que-
a caminhar com agua, de rio ou mar, acima do joelho, luz, Bemfica, Gratidão, Prado, Vista-Alegre, Santa Mar-
quando nos locaes de embarque ou desembarque de mer- garida, Belmonte, Santa Cruz.
cadorias ou de passagem dc linhas de agua haja pontes ou G.a circunscrição — Ullxi Budo, Guegue, Laura, Pedro-
caes de embarque e desembarque, ou pontes de passagem. ma, Pinheira, Motta & Cruz, Amelia.
Art. 04. 0 E m cacla fazenda ou estabelecimento cm que 7. a circunscrição — Agua Izé, Nova Olinda, Mestre An-
h a j a crianças filhos cle serviçaes ou colonos, de idade in- j tonio, Cachoeira.
ferior a sete annos, haverá, seja qual for o seu numero, 5. a circunscrição—Colonia Açoreana, Caridade, Santa
uma creche nas condições indicadas no regulamento pro- Ceeilia, /dieondó, Amparo, Angra Toldo.
vincial. 9. a circunscrição — S. João dos Angolares, Roça Ango-
A r t . 65.° Os menores do sexo masculino, cle quatorze lares (Macedo), Soledade, Coimbra, Alliança, ( f r a n j a , Valle,
a dezaseis annos, são obrigados para com os patrões a fa- Carmo,
Dezembro 31 792 1908

10. a circunscrição — Trás-os-Montes, Ió G r a n d e , San- que, em vista da legislação geral, tenha n a provincia de
telmo, Guaiaquil, Cruzeiro, Zampalma, Nova Ceilão. S. Thomé e Principe de ser imposta ao serviçal, será
11. a c i r c u n s c r i ç ã o — R i b e i r a F u n d a , Ribeira Palma, substituída por igual tempo cle trabalho nas obras publi-
Rozema, Rio Leça, Bom Successo, Ponta Figo, Generosa. cas, recolhendo elle cle noite á prisão.
12. a circunscrição — Mouta Forte, Diogo Vaz, Santa A r t . 77.° No desempenho das suas funcções os agentes
Catarina, Lembá, Ponta F u r a d a . de emigração e seus delegados, corresponder-se-hão com
13. a circunscrição — Bindá, S. Migusl, Jou, E n t r e Rios, todas as autoridades das provincias de S. Thomé e P r i n -
Villa Real, Monte Rosa, Monte Victoria. Mussacabu. cipe, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné, Macau e
14. a circunscrição — Villa A r erde, Porto Alegre, Villa com os chefes ou autoridades indígenas e promoverão pe-
Conceição, Monte Mário, Novo Brasil, Praia Grande, r a n t e ellas o qne for necessário p a r a facilitar e obler o
Ilhéu das Rolas. engajamento de serviçaes p a r a S. Thomé e Principe.
A r t . 70.° Os medicos que fazem clinica nas differentes § 1.° Igualmente se corresponderão com os agentes
circunscrições devem ser habilitados com algum dos cur- consulares de Portugal nos portos de tratado na China.
sos das escolas medicas cle Lisboa, Porto ou Coimbra, pagos § 2.° Todas as autoridades portuguesas prestarão au-
e da livre escolha dos proprietarios das roças das respec- xilio aos agentes de emigração e aos seus delegados.
tivas circunscrições onde teem residencia obrigatoria. A r t . 78.° As sobras clas receitas do cofre de trabalho
§ 1.° A j u n t a de S. Thomé determinará quaes as cir- e repatriação, alem das despesas e encargos a que fica
cunscrições a que devem pertencer as pequenas roças, que obrigado pelos preceitos d'este regulamento, serão applica-
não estão incluídas na divisão acima feita, devendo sem- das á criação e custeio de escolas agricolas e industriaes
p r e ter em attenção as distancias mais curtas. na provincia de S. Thomé e Principe.
§ 2.° Dentro do prazo de um anno, deverão estar exe- A r t . 79.° E s t e regulamento começará a vigorar dez dias
cutadas estas determinações sobre o serviço medico, sendo depois da chegada ao porto de cada provincia ultramarina
responsáveis pela sua execução o governador da provin- do primeiro paquete que sair de Lisboa depois da sua
cia e o curador geral dos serviçaes. publicação no Diario do Governo.
§ 3.° A Ilha clo Principe será dividida em cluas circuns- A r t . 80.° Emquanto não estiverem installadas as agen-
crições medicas, devendo o serviço ser desempenhado por cias de emigração, a execução cVeste regulamento ficará
medicos habilitados com o curso das escolas de Lisboa, a cargo dos curadores geraes e seus delegados, mas so-
Porto ou Coimbra. mente nas localidades oncle haja cVestes funccionarios.
§ 4." Os medicos teem residencia obrigatoria nas cir- Neste periodo transitório servirão como agentes proviso-
cunscrições em que for dividida a Ilha do Principe pela rios de emigração as pessoas que tiverem e apresentarem
junta de S. Thomé. Os seus contratos serão registados na procuração dos proprietarios de S. Thomé e Principe.
j u n t a ; e, quando algum medico for despedido, serão en- Art. 81.° E revogado o artigo 11.° do decreto n.° 3,
viados á junta os motivos cVeesa resolução. Qualquer pro- de 16 de julho de 1902, ficando, portanto, restabelecidos
prietario ' das roças póde ter o seu facultativo privativo os vencimentos, incluindo os emolumentos, do curador ge-
com residencia na propriedade e habilitado pelas escolas ral de S. Thomé e Principe, taes quaes existiam á data
de Lisboa, Porto ou Coimbra, dando prévio conhecimento do mesmo decreto.
cl'isto á j u n t a local de S. Thomé. A r t . 82.° Fica em vigor o disposto no decreto n.° 3
§ õ.° Póde continuar em serviço privativo algum facul- cle 16 de julho de 1902, em tudo quanto por este regula-
tativo habilitado em outras escolas que porventura esteja mento não seja modificado, alterado ou revogado.
servindo nas datas da publicação d'este diploma. Art. 83.° O Governo f a r á regulamentos complementa-
res e dará as instrucções precisas para a completa execu-
CAPITULO X ção dos preceitos d'este regulamento.
A r t . 84.° F i c a revogada a legislação em contrario.
Disposições diversas e transitórias
O Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Ma-
A r t . 71.° Os serviçaes existentes cm S. Thomé e Prin- rinha e UItramar assim o tenha entendido e faça execu-
cipe na clata do decreto de 29 de janeiro de 1903 conti- tar. Paço, 31 de dezembro de 1908. = R E I . = Antonio
nuarão a ser regidos em tudo pela legislação anterior Ferreira Cabral Paes do Amarcd.
áquelle decreto.
A r t . 72.° Os individuos, naturaes de S. Thomé e Prin- MODELO A
cipe, que nas condições do artigo 25G.° do Codigo Penal
forem julgados vadios, poderão ser-compellidos a contra- N.°...
tarem-sc p a r a o serviço da agricultura em S. Thomé e REQUISIÇÃO DE SERVIÇAES PROCEDENTES DE . . .
Principe.
Art. 73." P a r a captura dos serviçaes fugitivos c dos va- . . . Semestre de 1 9 0 . . .
dios serão ordenadas administrativamente as buscas domi-
ciliarias ou no mato, que sejam indispensaveis quando haja O abaixo assinado . . . (*) . . . com . . . serviçaes con-
pedido individual ou collectivo relativo a fuga de trabalha tratados e em serviço nesta clata, requisita . . . serviçaes
dores, cm numero não inferior a dez, ou em virtude cle clo sexo . . . da provincia de . . . ( " - ) . . . para serviços . . .( 3 )
. . . 11a ilha de . . .( 4 ) . . . e pede para ser inscrito no res-
requisição do tribunal.
pectivo mappa semestral, ssndo . . . n a l . a categoria, . . .
A r t . ' 7 4 . " Os serviçaes fugitivos capturados nas buscas
na 2. a , c os restantes na secção extra.
serão entregues aos seus respectivos patrões; e os vadios
serão entregues ao curador geral, que os reterá nas obras
. . .(5) . . . de . . . 190. . .
publicas até que se contratem para serviços agricolas,
ou sejam reclamados pelo governador para serviço mi- O Requisitante,
litar. '
F. . .
Art. 75." E applicavel á provincia do S. Thomé e Prin-
cipe o disposto 110 § 2.° do artigo 70.° clo regulamento dc
(') Profissão.
16 de julho de 1902 decretado para a provincia de A11- (-) Angola, Guiné, Cabo Verde, Moçambique ou Macau.
<>'o1a devendo na execução clo referido artigo e em igual- (3) Agiicolas, commerciaes, industriaes, maritimos ou doaics-
dade. de circunstancias ser attendida de preferencia a re- ticos.
quisição do antigo patrão. (4) S. T h o m é ou Principe.
Art. 70." A pena de prisão disciplinar ou correccional (5) Idem,
1908 793 Dezembro 31

MODELO B crito no mappa do proximo semestre com . . . serviçaes


N.°... n a provincia de . . sendo . . . , na l . a categoria, . . . na
2. a e . . . n a secção extra.
CURADORIA GERAL DOS SERVIÇAES EM S. THOMÉ
OU DELEGAÇÃO NO PRINCIPE S. Thom é ou Principe, . . . de . . . de 190. . .

D e u entrada hoje ás . . . horas n e s t a curadoria, ou de- O C u r a d o r ou o D e l e g a d o do C u r a d o r ,


legação, u m a requisição do Sr. . . . pedindo para ser ins- F. . .

MODELO C Visto.
S. THOMÉ E PRINCIPE O Governador,
F...
Mappa de requisições approvadas para serem e x e c u t a d a s na provincia de . . .
no semestre do 1.° (le . . . a 31 de . . . de 1 9 0 . . .

Numero Extras
de s e r v i ç a e s N u m e r o de s e r v i ç a e s Numero de serviçaes Numero de serviçaes
%ue que póde contratar que póde contratar que póde contratar Total
actualmente da l.a categoria d a 2." c a t e g o r i a depois do c o m p l e t a s
N o m e s dos requisitantes tem as l.as e 2.as categorias Total geral
contratados
ou
em serviço S. T h o m é Principe S. T h o m é Principe S. T h o m é Priircipo >S. T h o m é Principo
activo

S. Thomé, . . . de . . . de 1 9 0 . . . O S e c r e t a r i o G e r a l do G o v e r n o ,
F...

MODELO D

Data
Numero Regulo, soba ou chefe Nome Data do
Anno de N o m e do i n d i g e n a Naturalidade da do a g e n t e q u o o c o n t r a t o u do sem Observações
ordem povoação a que pertence contrato registo

D . d o G . n . ° 0, i a 9 (le j u n c l r u d o 1 :>(lí<.

Sendo-me presente a consulta do Supremo Tribunal de março, com o fundamento das allegações cla recorrida,
Administrativo acêrca do recurso n.° 12:831, em que é quanto á necessidade de equilibrar as finanças munici-
recorrente Adolfo Trigueiros Sampaio e recorridos a Ca- paes, e vista a disposição do n.° 13.° do artigo 123." do
m a r a Municipal de Lourenço Marques e o Conselho Admi- Codigo Administrativo de 1842, em vigor ali, e que lhe
nistrativo do mesmo districto, e de que foi relator o Con- dá p direito de supprimir ou criar quaesquer empregos.
selheiro, vogal extraordinario, D. João de Alarcão Velas- E d'cste aecordão que vem o presente recurso, que o
ques Sarmento Osorio: recorrente minutou a 11. 2, allegando:
Mostra-se que em sessão de 10 de janeiro de 1907 a 1." Que foi provido no cargo de bibliotecário, com ser-
recorrida, com o fundamento da necessidade de fazer eco- ventia vitalicia, sendo para todos os effeitos considerado
nomias n a administração municipal, deliberou extinguir empregado da secretaria, addido á biblioteca, podendo por
varios logares, e entre elles o de bibliotecário, exonerando conveniencia ser mandado fazer serviço na secretaria,
logo os respectivos funccionarios; quando a camara assim o e n t e n d e r ;
Mostra-se que o recorrente exercia o cargo de bibliote- 2." Que tcndodhe o decreto de 13 de agosto de I S-Síl
cário, para o qual havia sido legalmente nomeado, com garantido a aposentação como empregado municipal, pondo
serventia vitalicia, não havendo commettido qualquer acto em vigor em Lourenço Marques as disposições do Codigo
que devesse determinar a sua demissão; Administrativo (le 1880 quanto á aposentação, a exonera-
Mostra se que esta deliberação foi confirmada pelo Com ção (pie lhe foi dada, baseada no n.° J3." do artigo
selho Administrativo da Provincia, por seu aecordão cle 7 do Codigo Administrativo de 1842, que sc não póde refe-
f-0
Dezembro 31 794 1908

r i r aos e m p r e g a d o s d a s e c r e t a r i a , lhe s u p p r i m i u aquella cebeu p a r a a metropole e dos vencimentos q u e r e c e b e u


g a r a n t i a do seu f u t u r o , offendendo-lhe assim direitos fun- d u r a n t e a sua a u s e n c i a ;
dados nas leis e r e g u l a m e n t o s de administração p u b l i c a ; Mostra-se q u e d ' e s t a resolução r e c o r r e u o r e c o r r e n t e
3.° Que a allegação p r o d u z i d a pela c a m a r a p a r a justi- p a r a o Conselho da Provincia, que improveu o recurso,
ficar a sua deliberação, e r e l a t i v a á necessidade de fazer confirmando a resolução r e c o r r i d a pelos f u n d a m e n t o s do
economias, foi por ella m e s m a d e s t r u í d a , abrindo logo seu accordão a fl. . . ;
concurso p a r a u m novo logar de a m a n u e n s e , com orde- É d'aqui que v e m o presente r e c u r s o .
nado igual ao seu, mas a q u e nem lhe era licito concorrer, O que visto e p o n d e r a d o e ouvido o Ministerio P u b l i c o :
pois que, tendo j á mais de q u a r e n t a annos, estava fóra das Considerando que as resoluções dos corpos administra-
condições do concurso, que exigia idade de menos de t r i n t a tivos só podem ser r e v o g a d a s pelas estações t u t e l a r e s ou
annos; pelos meios contenciosos e a p e n a s excepcionalmente pelos
4.° F i n a l m e n t e , que t e v e s e m p r e b o m comportamento e mesmos corpos administrativos, mas quando não h a j a
c u m p r i u os seus d e v e r e s de e m p r e g a d o d a c a m a r a em- offensa de direitos a d q u i r i d o s ;
quanto esteve ao seu serviço, não se justificando por isso Considerando que a resolução da commissão municipal
a sua d e m i s s ã o ; de L o u r e n ç o M a r q u e s que concedeu os abonos da passa-
T o d a s estas allegações v e e m comprovadas com os do- gem ao r e c o r r e n t e não foi r e v o g a d a por q u a l q u e r d'aquelles
cumentos de fl. . . . a fl. . . . ; meios, constituindo por isso a favor (Pelle u m direito que
O que tudo visto e p e n d e r a d o e ouvido o Ministerio legitimamente adquiriu, qual era o de r e c e b e r os abonos
Publico: das passagens, a licença de seis m e s e s e o v e n c i m e n t o ;
Considerando que não se póde contestar á c a m a r a re- Considerando, pelo que fica exposto, que á commissão
corrida o direito que a lei lhe dá de e x t i n g u i r empregos municipal não era licito a l t e r a r aquella sua resolução, por-
ou criar aquelles que j u l g a r convenientes á administração que lesava legitimos direitos adquiridos pelo r e c o r r e n t e
municipal; m a s (artigo 105.° do Codigo Administrativo de 1842, 31.°, 61.°
Considerando que d'esse direito não r e s u l t a o de exone- e 28.° do Codigo Administrativo de 1 8 9 6 ) ;
r a r os serventuários d'esses empregos, q u a n d o elles o não Considerando que esta m e s m a doutrina tem sido defi-
devam ser por a isso não d a r e m motivo p o r actos que nida por este S u p r e m o T r i b u n a l A d m i n i s t r a t i v o e nomea-
commettessem justificativos da sua demissão ; damente nos accordãos de 7 de maio de 1896 e 17 de ou-
Considerando que no caso p r e s e n t e se não m o s t r a que tubro de 1 8 9 9 ;
o r e c o r r e n t e commettesse qualquer falta que justificasse a Considerando que assim é nulla, p o r ser illegal, a deli-
sua demissão, e que assim, e m b o r a extincto, o seu logar, beração r e c o r r i d a :
elle não podia ser p r i v a d o do vencimento respectivo, visto Por estes motivos, hei por b e m , conformando-me com a
sor o seu e m p r e g o de serventia vitalicia; p r e s e n t e consulta, conceder provimento no r e c u r s o e re-
Considerando que a extincção do logar de bibliotecá- vogar a decisão r e c o r r i d a :
rio, seguida logo d a criação do logar de a m a n u e n s e com O Ministro e S e c r e t a r i o de E s t a d o dos Negocios da Ma-
o mesmo ordenado, p a r e c e contrariar a razão a p r e s e n t a d a rinha e U l t r a m a r assim o t e n h a entendido e f a ç a execu-
p a r a aquella extincção, como se allegou, devendo a n t e s o t a r . P a ç o , em 3 1 de d e z e m b r o d e 1908. = R E I . = Anto-
r e c o r r e n t e ser providoi no novo cargo em substituição do nio Ferreira Cabral Paes do Amaral.
de bibliotecário, se este se j u l g a r a i n ú t i l ;
D . d o G . n . ° 0, d e 9 d e j a n e i r o d e 1909.
P o r estes m o t i v o s :
H e i por b e m , conformando-me com a p r e s e n t e consulta,
d a r provimento no recurso e r e v o g a r a decisão r e c o r r i d a .
O Ministro e Secretario d e E s t a d o dos Negocios d a Ma- 2, a Repartição
r i n h a e U l t r a m a r assim o t e n h a e n t e n d i d o e faça exe-
c u t a r . P a ç o , em 3 1 de d e z e m b r o de 1908. — R E I . = An- 1." SecçSo
tonio Ferreira Cabral Paes do Amaral.
D . d o G . n . ° 6, d o 9 d e j a n e i r o d e 1909. A t t e n d e n d o ao q u e m e r e q u e r e u a C o m p a n h i a de Mos-
samedes, allegando que, tendo feito valiosos trabalhos e
importantes despesas p a r a a valorização das suas conces-
sões, não póde proseguir r e g u l a r m e n t e nos trabalhos en-
Sendo-me p r e s e n t e a consulta do S u p r e m o T r i b u n a l cetados, pelas difficuldades que p a r a ella r e s u l t a r a m de
Administrativo acêrca do recurso n.° 12:837, em que é litígios v e r s a n d o sobre os direitos á região mineira de
r e c o r r e n t e José R o d r i g u e s do A m a r a l Leal, medico do Cassinga e da situação de insubmissão no sul da provin-
p a r t i d o municipal de L o u r e n ç o M a r q u e s , e r e c o r r i d a a cia de Angola que se prolongou ató 1907 ;
commissão municipal de Lourenço M a r q u e s , e de que foi T e n d o ouvido a J u n t a Consultiva do U i t r a m a r e o Con-
relator o Conselheiro, vogal e x t r a o r d i n a r i o , D . J o ã o de selho de Ministros, e usando da autorização concedida ao
Alarcão Velasques S a r m e n t o O s o r i o : Governo pelo § 1.° do artigo 15.° do Acto Addicional á
Mostra-se que o r e c o r r e n t e , havendo pedido á C a m a r a C a r t a Constitucional da Monarchia de 5 de j u l h o de
Municipal de L o u r e n ç o M a r q u e s uma licença de seis me- 1852:
ses p a r a gozar na metropole e os abonos respectivos p a r a H e i por bem d e c r e t a r o s e g u i n t e :
as passagens, obteve d e f e r i m e n t o a esse pedido, conforme Artigo 1.° E prorogado por quatro annos o p r a z o de
o despacho dado pela commissão, em sua sessão de 18 de vinte e cinco a que se refere o artigo 5.° do decreto com
outubro de 1905, offerecendo o r e q u e r e n t e u m medico que força de lei de 28 de fevereiro de 1894, d u r a n t e o qual a
d u r a n t e a sua ausencia o substituisse; Companhia de Mossamedes tem a posse e o exclusivo da
Mostra-se que, havendo r e g r e s s a d o a L o u r e n ç o M a r q u e s exploração das minas situadas na a r e a da sua concessão,
o recorrente, e como não tivesse recebido em Lisboa os conforme o artigo 1.° do mesmo decreto.
abonos da passagem p a r a si e sua mulher, veio em 7 de A r t . 2.° E p r o r o g a d o , por igual periodo de quatro an-
março de 1906 pedir-lhe fosse p a g a a quantia r e s p e c t i v a ; nos, o prazo de quinze fixado no artigo 11.° do decreto
Mostra-se que a commissão em sua sessão de 14 do com força de lei de 28 de fevereiro de 1894, p a r a a isen-
mesmo mês, tomando conhecimento d'aquelle pedido, o in- ção de direitos dos apparelhos, instrumentos e machinas
deferiu, declarando não ter o r e q u e r e n t e direito áquelles que a companhia h o u v e r de i m p o r t a r própria e exclusiva-
abonos e exigindo-llie que e n t r a s s e nos cofres da com- m e n t e p a r a a exploração mineira.
missão municipal com a i m p o r t a n c i a da p a s s a g e m que re- A r t . 3.° Os processos de demarcação e posse das mi"

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