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de Ensino de Língua
Portuguesa e Literatura
Prof. Iara de Oliveira
2015
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof. Iara de Oliveira
469
O48d Oliveira, Iara de
218 p. : il.
ISBN 978-85-7830-922-0
1. Língua portuguesa.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Apresentação
O desenvolvimento tecnológico do último século gerou transformações
de várias ordens – social, cultural, econômica, política – atingindo, inclusive,
a instância educacional. O aprimoramento da educação a distância, o
desenvolvimento de ambientes virtuais de ensino, as videoaulas, etc.
romperam as fronteiras dos espaços escolares e levaram a educação formal
para os mais diversificados lugares. No entanto, toda essa evolução não
apagou ou diminuiu a importância do professor. Ela, na verdade, reforçou
o caráter de mediador deste profissional, atribuindo-lhe novas e dinâmicas
funções.
Com esse percurso, esperamos que você possa traçar caminhos que
o levem a desempenhar as funções docentes com competência, sempre
consciente da necessidade de atualização e aprimoramento. Também
almejamos que o instrumental aqui fornecido possibilite que sua prática
pedagógica seja dinâmica e sempre passível de remodelação, conforme as
necessidades identificadas durante os processos avaliativos.
Por fim, desejamos que você faça uma ótima leitura e uma excelente
reflexão!
NOTA
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E
LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-
METODOLÓGICOS ................................................................................................. 1
VII
3 NOVAS DIMENSÕES PARA O CURRÍCULO............................................................................. 65
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 68
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 72
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 73
VIII
UNIDADE 3 – A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE
LÍNGUA E LITERATURA......................................................................................... 145
IX
X
UNIDADE 1
OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA
LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-
METODOLÓGICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade apresenta-se dividida em três tópicos para facilitar a
compreensão do conteúdo. Ao final de cada um deles, há atividades que
servirão para revisar, fixar e ajudar a construir seu conhecimento sobre o
tema.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
1 INTRODUÇÃO
Para que possamos, acadêmico(a), compreender as questões que subsidiam
o ensino de língua portuguesa e literatura, estudaremos, primeiramente, aspectos
essenciais de fundamentação. Veremos um breve panorama do ensino de língua
e literatura, identificando as mudanças de paradigma que ocorreram nas últimas
décadas. Na sequência, abordaremos a influência dos estudos linguísticos para o
ensino de língua, bem como a alternância da visão de codificação/decodificação
para a de letramento. Por fim, fechando este primeiro tópico, analisaremos a
questão do ensino. Vamos, lá?
3
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
FIGURA 2 – FICHA PARA REGISTRO INDIVIDUAL DOS DADOS COLETADOS DURANTE APLICA-
ÇÃO DO TESTE ABC
TESTES A B C
Aluno
Idade em meses Cor Nacionalidade
Filiação
Profissão do pai
N. M. = 3
Data do exame
Obs.:
Examinado por
8
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
apoiaram a nova visão de língua, concebida como fato social. Deu-se mais valor
às variantes linguísticas, combateu-se o chamado “preconceito linguístico” e se
começou a valorizar registros que não apenas o culto ou normativo.
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
UNI
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
Vale lembrar que antes dos anos 60, no Brasil, a língua era estudada
por dois grupos de “cientistas”: os filólogos e os gramáticos. Os primeiros
estudavam a origem e evolução histórica da língua, mergulhando em textos
antigos procurando entender como a língua era apresentada neles; os segundos,
as normas que regiam – e regem – a língua atualmente falada e escrita. Levavam
(levam) em consideração que havia normas rígidas para o bem falar e o bem
escrever e estas deviam ser seguidas sempre.
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
É claro que houve – e ainda há - relutância em levar essa nova visão para
a sala de aula. Hoje há acaloradas discussões entre gramáticos e linguistas, e os
professores, nem sempre muito convictos de seus posicionamentos, transitam
entre a normatização, ensinando as regras gramaticais descontextualizadas; e
os estudos linguísticos, procurando evidenciar as variantes linguísticas, a língua
culta como uma variante e um ensino mais focado no uso da língua.
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
A partir dos anos 80 do século XX, viu-se surgir um novo termo associado
à alfabetização, ampliado para as instâncias seguintes de ensino: o letramento. O
termo, como já deve ser de seu conhecimento, é uma versão para o português do
inglês literacy, significando, originalmente, condição daquele que aprende a ler e
escrever. Alfabetização e letramento andam juntos quando se pensa em ensino/
aprendizagem de língua.
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
5 ENSINO DE LÍNGUA
ATENCAO
Durante muito tempo (de Platão ao início do século XX), o ensino formal
era resumido pelas palavras transmissão/recepção. O professor era aquele que
tinha o domínio dos conteúdos e os transmitia aos alunos, que eram vistos
como receptores passivos. Nesse processo, os conteúdos e a forma como estes
eram apresentados não podiam ser questionados, bem como o aluno deveria
assimilar o que era passado em sala de aula, apenas reproduzindo o que havia
“aprendido”. Os currículos traziam disciplinas que seguiam uma sequência de
conteúdos compartimentados, isolados entre si e das demais disciplinas, sem que
sequer fosse mencionada a possibilidade de interdisciplinaridade.
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
Não precisamos ir muito longe em nossas reflexões, pense que boa parte
das ações realizadas diariamente são fruto de um planejamento, da reunião de
alguns conceitos associados à procedimentos que nos levam à execução segura
da ação. Vamos observar um exemplo bem prático: nossas férias estão chegando e
decidimos que uma parte delas será dedicada para viajar. O que fazemos a partir
disso? PLANEJAMOS! Colhemos informações com colegas, amigos, familiares
sobre a que lugar ir, vemos qual o melhor meio de chegar lá, qual rota seguir,
que pontos turísticos visitar, onde e o que comer, onde nos hospedar, quanto
podemos gastar, etc. Ou seja, reunimos uma série de saberes e competências e
os organizamos para chegar ao resultado esperado. Esse é um procedimento
padrão em nossas vidas, portanto, levá-lo para o nosso profissional não é uma
tarefa difícil. A questão aqui, então, talvez seja quais saberes e competências
necessitamos reunir para ser o professor de Língua Portuguesa que desejamos.
Pereira (2010, p. 247), afirma que são necessários:
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste primeiro tópico da Unidade 1 vimos:
• Quando o Brasil se constituiu como uma colônia de Portugal não havia o estudo
da língua portuguesa porque se falavam muitas línguas no país (indígenas,
latim, africanas).
• O perfil dos ingressantes nos cursos de letras, nessa mesma década, muda,
trazendo pessoas de meios não letrados ou pouco letrados para o ambiente
acadêmico universitário.
1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico, relembraremos algumas teorias de ensino-
aprendizagem que, ao longo do tempo, deixaram marcas no ensino de língua
portuguesa e literatura que temos hoje. Essas teorias, sob muitos aspectos, são
responsáveis pelo que se ensina na atualidade, em língua e literatura, quer no que
tange às questões teóricas, quer no que diz respeito às questões práticas. Assim,
faremos uma breve incursão pela teoria inatista; pela teoria comportamentalista;
pela teoria interacionista, desmembrada, de certa forma, em construtivista
e sociointeracionista; pela afetividade de Wallon e na visão educacional que
Ferreiro e Teberosky deram às teorias piagetianas. Por fim, abordaremos os
documentos legais, os Parâmetros Curriculares Nacionais, pois é neles que estão
os pressupostos teórico-metodológicos que apoiam o ensino de língua portuguesa
e literatura, encontrados nas bases do ensino fundamental e médio brasileiro.
ATENCAO
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
que o baixo rendimento escolar de alguns de seus alunos se deve ao fato de que
“não têm habilidade de aprender”, “não conseguem aprender”, “não rendem
mais porque é só até aí que conseguem ir...”. É importante refletir sobre nossa
prática docente para verificarmos se nós também não temos, ainda que de
forma inconsciente, deixado alguns ecos dessa teoria influenciar em nosso fazer
pedagógico diário.
DICAS
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
DICAS
ATENCAO
No entanto, Piaget destaca que o erro não deve ser ignorado. Ele deve servir
como elemento para um diálogo que permita chegar às melhores soluções para
o problema ou questionamento, levando, de fato, à construção de conhecimento.
Basta que se entenda que ele parte de uma lógica que é própria da criança e deve
ser superado para a maturação cognitiva.
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
Esse teórico desenvolveu sua teoria com base nas noções de equilíbrio
e desequilíbrio. Para ele, todo indivíduo estabelece uma relação de equilíbrio
com o meio em que vive. Toda vez que ocorre uma mudança, estabelece-se o
desequilíbrio e o indivíduo procura formas de restabelecê-lo. Para retomar o
equilíbrio, o indivíduo, neste caso específico a criança, faz uso de dois mecanismos
que Piaget chamou de assimilação e acomodação.
DICAS
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
DICAS
As atividades pedagógicas, por sua vez, devem ser variadas para que
haja o processo dialético de reconhecimento do “eu” na relação com o “outro”.
Não pode haver exclusão da criança porque ela apresenta dificuldades de
aprendizagem. Nesta visão, a reprovação é condenada porque vista como um
ato de exclusão, de cerceamento do desenvolvimento integral. Cabe ao professor
criar em sala de aula, ou melhor, no ambiente escolar, um clima de igualdade
de expressão, evitando tratamentos desiguais, decorrentes de questões étnicas,
religiosas, sociais, econômicas, comportamentais, cognitivas, etc.
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
DICAS
Para saber mais sobre Henri Wallon e sua teoria, assista ao documentário
sobre o teórico, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=R12yGnj55Is>.
Assista, também, ao filme brasileiro O contador de Histórias (2009) no qual se pode refletir
sobre a teoria da afetividade.
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
DICAS
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
DICAS
Se quiser saber como os PCN esclarecem cada um dos aspectos citados, leia
o documento, disponível em: <http://cptstatic.s3.amazonaws.com/pdf/cpt/pcn/volume-
02-lingua-portuguesa.pdf>.
E
IMPORTANT
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
USO REFLEXÃO
de sobre
LÍNGUA ORAL LÍNGUA
e e
ESCRITA LINGUAGEM
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Vale destacar o caráter cíclico dos conteúdos. Isto quer dizer, os conteúdos
vão reaparecendo nos vários níveis, porém de forma aprofundada, agregando
mais informações e reflexões a cada aparição. Como esse caráter cíclico visa à
continuidade da construção de conhecimento, faz-se importante identificar os
saberes prévios dos alunos acerca do conteúdo estudado para verificar até que
ponto estes foram compreendidos/assimilados; considerar o nível de complexidade
dos diferentes conteúdos e o nível de aprofundamento de cada conteúdo. Esses
aspectos são fundamentais para que haja uma aprendizagem efetiva e autonomia
do aluno.
Você já deve ter notado, acadêmico(a), que os PCN apontam para o estudo
da língua oral, ou seja, entendem que esta modalidade da língua precisa ser
também objeto de ação e reflexão, não apenas a língua escrita, como se costuma
observar no cotidiano escolar. Assim, o documento sugere atividades que possam
promover a reflexão sobre o uso da oralidade que tanto se aplicam aos ciclos
iniciais quanto aos ciclos finais do Ensino Fundamental:
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
Todas essas práticas (leitura e escrita) devem também gerar reflexões que
permitam entender o funcionamento da língua como um todo. Fazer com que o
aluno revise sua escrita, por exemplo, é um ato de análise e reflexão, promovendo
uma construção de conhecimentos que auxilie na construção de novos e melhores
textos. É importante que o professor, ao fazer seu planejamento, inclua atividades
diárias que promovam a análise e reflexão sobre a língua.
E
IMPORTANT
O PCNEM, em sua Parte II, deixa claro que “toda linguagem carrega
dentro de si uma visão de mundo, penha de significados e significações que vão
além de seu aspecto formal. O estudo apenas do aspecto formal, desconsiderando
a inter-relação contextual, semântica e gramatical própria da natureza e função
da linguagem, desvincula o aluno do caráter intrasubjetivo, intersubjetivo e social
da linguagem”. (BRASIL, 2000, p. 6-7).
46
TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
Representação e comunicação
• Confrontar opiniões e pontos de vista sobre diferentes manifestações
da linguagem verbal.
• Compreender e utilizar a Língua Portuguesa como língua materna,
geradora de significação e integradora da organização de mundo e da
própria identidade.
• Aplicar as tecnologias de comunicação e da informação na escola, no
trabalho e em outros contextos relevantes da vida.
Investigação e compreensão
• Analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, relacionando
textos/contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura,
de acordo com as condições de produção, recepção (intenção, época,
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Com tudo o que foi exposto, o documento das orientações enfatiza que
cabe à escola e aos professores estabelecerem uma proposta de trabalho que se
paute nas habilidades e competência. Por isso, ao fazer as escolhas de conteúdo é
importante que se leve em conta:
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 2 | OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu:
52
o O texto como unidade de ensino.
o O trabalho com os diferentes gêneros textuais e o respeito às variantes
linguísticas.
o Conteúdos selecionados com base no eixo USO→REFLEXÃO→USO.
53
AUTOATIVIDADE
Pedro e Tina
FONTE: KING, Stephen Michael. Pedro e Tina: uma amizade muito especial. São Paulo: Brin-
que Book, 1999. Disponível em: < http://lendoparavoce.blogspot.com.br/2011/11/
pedro-e-tina-uma-amizade-muito-especial.html>. Acesso em: 25 jun. 2015.
54
2 Observe a imagem que segue:
55
56
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Não é possível refletir sobre formas e métodos de ensino sem entender
o que é o currículo e como influencia o fazer docente. Desse modo, no tópico
3 estudaremos o currículo, identificando-o como um artefato social e cultural.
Em primeiro lugar, estudaremos as visões que antecederam a ideia que hoje
se constrói de currículo, apresentando, para isso, as teorias: tradicionalista,
tecnicista, críticas e pós-críticas. Em seguida, veremos as premissas que hoje
ancoram a ideia de currículo, integrando no contexto educacional vigente.
2 VISÕES DE CURRÍCULO
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 3 | O CURRÍCULO COMO ARTEFATO SOCIOCULTURAL
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Tendo seu foco na racionalização dos meios e seu planejamento feito por
especialistas, as relações professor-aluno eram relegadas a segundo plano. Sua
abordagem estimulava a reprodução de conhecimentos, valorizando a repetição.
E
IMPORTANT
DICAS
61
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 3 | O CURRÍCULO COMO ARTEFATO SOCIOCULTURAL
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
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TÓPICO 3 | O CURRÍCULO COMO ARTEFATO SOCIOCULTURAL
E
IMPORTANT
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
67
UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
LEITURA COMPLEMENTAR
68
TÓPICO 3 | O CURRÍCULO COMO ARTEFATO SOCIOCULTURAL
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UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DO ENSINO DA L. P. E LITERATURA E SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Num outro nível, pesquisa diz respeito a conhecer a maneira como são
produzidos os conhecimentos que ensina, ou seja, a noção básica dos contextos
e dos métodos de investigação usados pelas diferentes ciências. O acesso aos
conhecimentos produzidos pela investigação acadêmica, nas diferentes áreas,
possibilita manter-se atualizado e competente para fazer opções de conteúdos,
metodologias e organização didática do que ensina. Esse lado da atualização
específica é o melhor uso que se pode fazer de programas regulares de capacitação
disponíveis nas redes escolares, que o professor deve buscar de acordo com seu
interesse. Também para isso deve ser apoiado pela escola.
70
TÓPICO 3 | O CURRÍCULO COMO ARTEFATO SOCIOCULTURAL
71
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste último tópico da Unidade 1, estudamos que:
• Ele precisa ser entendido como uma intersecção entre três dimensões: o
currículo formal, o currículo real e o currículo oculto.
72
AUTOATIVIDADE
73
74
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade apresenta-se dividida em três tópicos, facilitando, assim, a com-
preensão do conteúdo abordado. Ao final de cada tópico, há atividades que
servirão para revisar, fixar e ajudarão a construir seu conhecimento sobre o
tema.
75
76
UNIDADE 2
TÓPICO 1
O ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA E LITERATURA NO
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
1 INTRODUÇÃO
Neste momento inicial da Unidade 2 de nosso Caderno de Estudos,
refletiremos sobre o ensino de língua e literatura. Abordaremos algumas questões
gerais sobre o ensino nesta área, em seguida, apresentaremos as discussões sobre o
ensino de língua por meio do texto, exporemos suscintamente a ideia de métodos
e técnicas e, por fim, mencionaremos algumas ideias sobre o ensino híbrido. Essas
reflexões são importantes para que construamos nossos conhecimentos acerca da
profissão que escolhemos exercer, bem como saibamos adequar nossas práticas
docentes à efetivação de um ensino de língua verdadeiramente inovador.
77
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
É claro que este quadro vai pouco a pouco sofrendo modificações e nos
cabe atuar para que sejamos, na condição de professores de língua e literatura,
agentes de mudanças significativas no ensino da língua materna. Compete-nos
estabelecer interações que promovam a formação de cidadãos reflexivos, ativos
socialmente e capazes de fazer uso adequado da linguagem nas suas variadas
manifestações e seus diversificados contextos.
78
TÓPICO 1 | O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
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UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
80
TÓPICO 1 | O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
E
IMPORTANT
81
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Para Bakhtin (2002), não existe modo mais puro e sensível de relação social
do que a palavra. Esta é o cerne da comunicação na vida cotidiana e, através
dela, se revelam as consciências. A palavra se torna importante justamente por
causa de sua significação. “Se nós perdemos de vista a significação da palavra,
perdemos a própria palavra, que fica, assim, reduzida à sua realidade física,
acompanhada do processo fisiológico de sua produção” (BAKHTIN, 2002, p. 49).
Ela é significativa porque está sempre dirigida para um interlocutor e porque
expressa uma situação social:
82
TÓPICO 1 | O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
E
IMPORTANT
83
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Diante do que vimos até aqui, fica evidente que, como professores de
língua portuguesa, temos o desafio de trabalhar sempre apoiados na concepção
interacional da linguagem, promovendo a construção de conhecimentos que se
aplicam às novas situações comunicativas e que de fato insiram nossos alunos no
contexto sociocultural do qual fazem parte. Igualmente, é importante escolher
métodos e técnicas de ensino com os quais consigamos trabalhar essa concepção
e atingir satisfatoriamente os objetivos de aprendizagem propostos.
Antes que avancemos neste item, faz-se necessário fazer uma distinção
entre método e técnica de ensino. O método de ensino é entendido como o
caminho que se pretende percorrer para atingir o objetivo de aprendizagem.
Apresenta duas dimensões: intelectual e operacional. Na primeira dimensão há
um processo de reflexão, de análise, de síntese e de avaliação do objeto/tema/
conteúdo que será ensinado. Na segunda, observa-se uma ordenação lógica e
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TÓPICO 1 | O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
85
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Para que esse método cumpra sua função, é necessário que tanto
professor quanto aluno atendam a alguns pré-requisitos. O professor precisa:
propor atividades claras; assegurar que haja condições para o desenvolvimento
do trabalho; acompanhar o andamento da atividade; aproveitar o resultado
das tarefas como forma de construção coletiva de conhecimento. Já os alunos
necessitam: saber o que e como trabalhar; dominar as técnicas para executar a
atividade; desenvolver atitudes de ajuda mútua.
86
TÓPICO 1 | O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
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UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
FONTE: A autora
E
IMPORTANT
88
TÓPICO 1 | O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
como Facebook, Twitter etc. para promover debates sobre os temas estudados; as
ferramentas disponíveis na rede para a editoração de materiais elaborados pelos
próprios alunos; os ambientes virtuais de ensino que estendem a construção dos
conhecimentos para além dos muros da escola; sites que fornecem material de
apoio para o docente e/ou aqueles em que há farto material audiovisual. Todo
esse manancial pode ser aproveitado em qualquer instância de ensino e renderá
bons frutos se houver um bom planejamento.
DICAS
5 O ENSINO HÍBRIDO
Diante do quadro atual da educação brasileira, dividindo-se entre os
métodos tradicionais de ensino e as novas tecnologias, surge a perspectiva do
ensino híbrido (blended learning). Em linhas gerais, o ensino híbrido se refere à
junção do ensino presencial com o ensino em ambiente virtual, ou seja:
89
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Como este novo modelo permite o uso das ferramentas virtuais de ensino,
o trabalho em grupo e a interação com o professor, podem-se estabelecer arranjos
de ensino entre o on-line e o off-line. Com o intuito de otimizar o ensino híbrido,
o Instituto Christensen (2015) propôs o que chamou de modelos de rotação,
reordenando a sala de aula e as atividades nela executadas. São eles:
90
TÓPICO 1 | O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
camadas sociais; a maioria dos ambientes virtuais de ensino tem sua interface
em inglês. Essas questões trazem alguns obstáculos, mas não inviabilizam sua
utilização, de forma adaptada, nos variados contextos educacionais.
DICAS
91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos, que:
• O texto, desse modo, deve ser visto para além de seu significado e conteúdo.
Ler significa analisar os aspectos pragmáticos e discursivos, os vínculos
estabelecidos entre texto, sociedade, cultura, contexto de produção, finalidade
de produção etc.
• Geraldi (2006) afirma que o ensino de língua deve pautar-se em três dimensões:
o Leitura de diversificados gêneros textuais.
o Produção de inúmeros gêneros de textos.
o Análise linguística de textos lidos e de textos produzidos.
92
o Trabalho em grupo: elaboração de conhecimentos por meio da cooperação.
o Outras atividades: todas as atividades que possam auxiliar os métodos já
mencionados.
• Atualmente, o uso das ferramentas virtuais de ensino é tão forte que vem
crescendo uma tendência denominada de ensino híbrido.
93
AUTOATIVIDADE
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2
O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS
E ENSINO
1 INTRODUÇÃO
A literatura e seu ensino representam um grande desafio para o professor
de língua portuguesa, por isso, neste tópico, apresentaremos algumas questões
gerais sobre o ensino de literatura, evidenciando seu descompasso no contexto
escolar. Na sequência, abordaremos a visão sobre literatura e seu ensino
destacada nos documentos oficiais da Educação. Em seguida, sugeriremos
algumas estratégias para o trabalho com o texto literário em sala de aula. Por fim,
destacamos os pontos mais importantes deste tópico e propomos uma atividade
para reflexão acerca do conteúdo.
95
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
de toda manifestação artística, a literatura passou a ser vista como algo muito
subjetivo, que podia ser interpretada de acordo com o pensamento de cada um.
Assim, relegada a último plano, aparecia no planejamento porque constava como
parte dos conteúdos a serem estudados, mas se dedicava pouco tempo a ela,
dando destaque para a gramática ou a produção de textos, consideradas mais
importantes e úteis.
É importante lembrar que a escola também deve ser vista como um espaço
para a fruição, para o prazer do saber, para o despertar dos sentidos. Afinal, exercer
a cidadania é fazer parte da sociedade em todas as suas dimensões, inclusive as
artísticas. Como já afirmava a banda Titãs “a gente não quer só comida, a gente
quer comida, diversão e arte".
Parece que um dos grandes erros que o professor comete ao levar o texto
literário para sala de aula é esquecer que o leitor é um ser marcadamente histórico,
ele carrega consigo as questões referentes ao seu tempo e são elas que apoiam sua
visão de mundo. Os textos do século XIX, marcados pela sociedade e pela cultura
do século XIX, são lidos por leitores do século XXI, com a visão sociocultural
do século XXI. Por isso, para que impacto histórico não gere uma impressão
negativa do texto literário, é necessário um processo prévio de reconhecimento,
de sintonia, para poder situar o texto e o leitor em um mesmo espaço/tempo.
Além disso, se considerarmos que os textos tiveram seus suportes modificados ao
longo dos tempos, paredes em cavernas, couro, papiro, pergaminhos, papel, tela
do computador, precisaremos notar que também a leitura se transformou.
96
TÓPICO 2 | O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS E ENSINO
Temos, sim, que trazê-las para o contexto de sala como nossas aliadas, como
coadjuvantes do processo de ensino e aprendizagem de língua e de literatura.
DICAS
97
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
98
TÓPICO 2 | O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS E ENSINO
Embora os PCN para o Ensino Médio tenham deixado claro que questões
como literatura, gramática, produção de texto escrito e regras foram incorporadas
a algo maior: a perspectiva de linguagem, nas Orientações Curriculares para
o Ensino Médio discute-se a necessidade de pensar as especificidades do texto
literário para além da questão da linguagem (BRASIL, 2006). As Orientações
reforçam a ideia de que esse gênero textual não pode ficar vinculado ao estilo de
época, biografia do autor etc., mas deve ser estudado como um objeto estético.
Por isso, o documento utiliza a expressão “letramento literário”:
99
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
100
TÓPICO 2 | O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS E ENSINO
101
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
102
TÓPICO 2 | O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS E ENSINO
E
IMPORTANT
O varal literário não serve apenas para poemas, pode ser utilizado para
pequenos contos, crônicas, enfim, todos os gêneros literários.
TURO S
ESTUDOS FU
104
TÓPICO 2 | O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS E ENSINO
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu
poema.
Recorte o artigo.
Depois, recorte cuidadosamente todas as palavras que formam o
artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Seguidamente, tire os recortes um por um.
Copie conscienciosamente pela ordem em que saem do saco.
O poema será parecido consigo.
E pronto: será um escritor infinitamente original e duma adorável
sensibilidade, embora incompreendido pelo vulgo. (TELES, 1985, p.
132)
105
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
4.1.4 Limeriques
Essa é uma opção bem divertida de trabalho com a poesia e mobiliza os
conhecimentos construídos, bem como a criatividade. O limerique é um poema
curto, de cinco versos, normalmente retratando uma situação divertida ou
absurda ou fantasiosa ou maluca, em que o primeiro, o segundo e o quinto verso
apresentam rimas iguais entre si. Já o verso 3 deve rimar com o verso 4. O esquema
de rima seria, então, AABBA. Seu surgimento é ainda alvo de investigação, mas
sabe-se que o primeiro divulgador deste formato de poema foi Edward Lear
(1812-1888).
DICAS
106
TÓPICO 2 | O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS E ENSINO
4.2.1 Romances
Quando se trabalha com romances, há a possibilidade de fazer uma série
de cruzamentos, analisando os diversos níveis intertextuais. Martins (2006, p. 99)
apresenta as seguintes sugestões para o trabalho intertextual com romances:
107
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
DICAS
108
TÓPICO 2 | O TEXTO LITERÁRIO: ABORDAGENS E ENSINO
Importa ressaltar que a rede, quer estejamos satisfeitos com isso ou não,
acompanhará o ensino de literatura. Nossos alunos estão acostumados a ler na
tela do computador. Buscam os livros na internet. Quando são desafiados a
fazer pesquisa, o primeiro lugar a que se dirigem é o laboratório de informática,
pois buscam não apenas o acesso fácil à informação, mas o acesso à informação
fácil. Como professores não podemos simplesmente negar o uso da internet,
mas também não podemos permitir que as pesquisas solicitadas tragam como
relatórios cópias do que está na rede sem qualquer processo de reflexão, análise,
síntese e avaliação. Por isso, cabe-nos criar mecanismos em nosso planejamento
que coloquem a internet e as informações que lá circulam em seu verdadeiro
lugar, o de coadjuvantes do processo de construção de conhecimento, não como
estrelas ou protagonistas do processo.
109
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
DICAS
Há alguns filmes que podem ajudar nas aulas de literatura, pois auxiliam
na compreensão do fazer literário, do texto literário como arte manifesta em palavras.
Sugerimos: Mais estranho que a ficção (2006); O carteiro e o poeta (1996); Sociedade dos
poetas mortos (1989), entre muitos outros.
Também sugerimos alguns filmes adaptados de obras literárias e que podem servir para um
estudo comparativo: Ensaio sobre a cegueira (2008); A cartomante (2004); Dom (2003);
Lisbela e o prisioneiro (2003), entre muitos outros.
Acesse a sessão de links do Portal do Professor do MEC <http://portaldoprofessor.mec.gov.
br/links.html>. Lá há uma série de ferramentas que podem ajudá-lo a preparar suas aulas de
forma mais dinâmica e interativa.
110
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu:
• O texto literário deve ser visto como uma visão da sociedade e não um retrato
fiel dela.
111
AUTOATIVIDADE
Turma:
112
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico nos dedicaremos ao estudo do planejamento. Em um
primeiro momento, abordaremos a importância de planejar as ações na prática
docente, e como esse ato permeia toda a educação. Em seguida, estudaremos o
plano de ensino, observando como está estruturado e o que devemos levar em
consideração ao elaborá-lo. Por fim, analisaremos o plano de aula, instrumento
igualmente importante para o professor, indicando sua constituição, bem
como as sequências didáticas. Vale lembrar que também neste tópico teremos
exercícios que procuram fixar os conhecimentos construídos e uma leitura para
complementar os saberes até aqui desenvolvidos.
2 O PLANEJAMENTO
Sempre que pensamos na educação como um todo, esbarramos na
ideia de planejamento. A escola, como a vemos hoje, é fruto de uma série de
planejamentos, em escala maior ou menor. Assim, há o planejamento do sistema
educacional, no qual se abordam os diversos aspectos do processo educacional,
estabelecendo, desse modo, uma política educacional, quer nacional, quer
estadual, quer municipal; há, também, o planejamento escolar, expresso no PPP,
em que se estabelecem as atividades da escola e do qual participam a comunidade,
os professores, os funcionários, os gestores educacionais; o planejamento
curricular, no qual se traçam as metas e se selecionam os conteúdos que devem
compor o currículo de cada nível de ensino e de cada disciplina; e, por fim, há
o planejamento de ensino e de aula, responsáveis por prever os conteúdos e
atividades que ocorrerão ao longo do ano e a cada aula, respectivamente.
113
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
FONTE: A autora.
Observe o mapa mental que segue. Ele mostra, de forma clara e concisa, os
elementos que são mobilizados (conhecimentos, reflexões, estratégias etc.) para a
elaboração de um bom planejamento.
115
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
• Estreita relação com o plano de curso, pois permite criar uma lógica e integrar
as ações.
• Contexto como base para a construção, levando em consideração as
necessidades dos alunos e seu ritmo de aprendizagem.
• Flexibilidade para a realização de ajustes sempre que se julgar necessário.
• Execução com tempo previsto (cronograma), buscando, assim, a viabilidade
do processo de ensino e aprendizagem.
• Acompanhamento integral do trabalho docente, afinal, o plano não deve ser
um documento entregue no início do período letivo para ser esquecido e
arquivado.
116
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
DICAS
Para saber mais sobre planejamento, assista ao vídeo disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=PnRUXfyHHNY&NR=1>.
E
IMPORTANT
Libâneo (2011) menciona que o plano de ensino deve conter uma justificativa.
Nela, o docente expõe a importância da disciplina para a formação do indivíduo,
estabelecendo os vínculos necessários com o currículo e o contexto. No entanto, não é
um elemento obrigatório. Em alguns casos, inclusive, essa justificativa já está no PPP e é
incorporada ao plano de ensino; em outros, ela não aparece como item desse tipo de
planejamento.
2) Ementa: nem sempre vemos esse item separado do conteúdo, mas há planos
em que ele se constitui como um elemento à parte. A ementa é a menção
dos conteúdos gerais que devem ser estudados naquela série. Normalmente
apresenta-se em forma nominal e competirá a cada professor(a) fazer os
recortes e subdivisões cabível a cada conteúdo.
117
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
EMENTA:
Leitura e escrita: processos de (re)significação. O texto escrito, suas características
e estratégias de funcionamento social. O adentrar a linguagem escrita como um
aprendizado não natural, considerando os diferentes gêneros textuais. A interface
leitura e produção de textos.
3) Objetivo geral e objetivos específicos: cada conteúdo foi escolhido porque ele
tem um papel importante na formação do cidadão, ou seja, quando selecionamos
o conteúdo que vamos ensinar em nossas aulas, também estabelecemos com
que objetivo o colocamos em nosso planejamento. O que se espera que o aluno
consiga com aquele conteúdo. Servem como um direcionamento, um norte
para a ação docente.
E
IMPORTANT
118
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
FONTE: A autora.
119
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Para facilitar nossa ação docente, segue um quadro com verbos que podem
ser utilizados em nosso planejamento.
120
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
Para deixar mais claro como funciona a relação entre objetivo geral e
objetivos específicos, veja o exemplo que segue:
Perceba que o objetivo geral aponta para uma questão mais ampla, levará
mais tempo para ser atingido. Os objetivos específicos são de curto prazo. Durante
o período que foi estabelecido para trabalhar o gênero textual Charge, o aluno
deverá atingir os objetivos estabelecidos: conhecer o gênero, identificar suas
características, desenvolver uma charge e perceber esse gênero como unidade
completa de sentido. Todos esses objetivos contribuem para atingir em longo
prazo o objetivo geral: desenvolver a habilidade de utilizar a língua portuguesa
nas diversas situações comunicacionais.
A escolha dos conteúdos deve ser fruto da reflexão do professor que levará
em consideração seus conhecimentos prévios, o PPP da instituição de ensino em
que atua, o planejamento curricular e, claro, as diretrizes e documentos legais.
Além disso, vale lembrar, a sala de aula será um ambiente em que os conteúdos
atuarão como: instrumentos de compreensão e intervenção crítica da realidade;
interdisciplinares, rompendo com a visão fragmentada de conteúdo; dinâmicos,
atualizados, que permitam desenvolver habilidades cognitivas, éticas, afetivas,
psicomotoras, sociais etc.; uma forma de manifestação do respeito à diversidade
(PASSOS, 2006).
121
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
TURO S
ESTUDOS FU
122
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
E
IMPORTANT
crônicas.
diversos autores da literatura Crônica narrativa
Análise de textos diversos.
brasileira.
Análise comparativa de
Produzir contos respeitando
textos.
os critérios já estudados.
123
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
sinopses.
Produção de sinopses por
Comparar sinopses com o Sinopse
meio de filmes.
conteúdo do filme.
Produzir sinopses de filmes.
Produção de texto teatral
Ler texto teatral. por meio de releitura dos
Reconhecer as características Texto teatral clássicos.
de texto teatral. Dramatização dos textos
teatrais produzidos.
Ler clássicos infantis.
Conhecer diversos livros que
3º Trimestre
124
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
Conhecer os vícios de
Produção de cartazes com
linguagem. Vícios de
os vícios de linguagem mais
Utilizar adequadamente a linguagem
utilizados.
escrita padrão.
125
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Avaliação:
O processo de avaliação se dá de forma contínua, contemplando as seguintes
categorias: produtividade, participação, assiduidade e pontualidade.
A avaliação é diagnóstica e estimuladora do desenvolvimento do aluno e
do grupo de alunos. Todas as atividades de leitura, produção escrita, apresentação
de seminários e trabalhos são avaliados. Também é considerada a autoavaliação
do aluno. São observados o ritmo individual e o fato de que cada aluno percorre
caminhos diferentes, em tempos diversos, para chegar a fins semelhantes. E, como
o exercício com a palavra é fundamental para a aquisição e domínio da língua, a
produção da leitura e da escrita assume dimensões maiores, devendo ser considerada
significativa para o resultado final da avaliação de cada escala.
O diálogo e a interação entre os envolvidos no processo pedagógico poderão
determinar a qualidade dos resultados obtidos pelos professores e pelos alunos. A
análise desse processo subsidia o planejamento para o redimensionamento de novos
procedimentos didáticos se necessários. As atividades de leitura das obras literárias
escolhidas contemplam a exposição de análises e estudos de críticos, propostas
de análises comparativas, roteiros de leitura abordando aspectos significativos da
composição textual, além de avaliações escritas.
Bibliografia:
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela.
Português: contexto, interlocução e sentido. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2008.
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 45. ed.
São Paulo: Saraiva, 2005.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2. ed. São
Paulo: Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2009.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed.
rev. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
______. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon;
Porto Alegre: L&PM, 2007.
CEREJA, William; COCHAR, Thereza. Gramática reflexiva: texto, semântica e
interação. 3. ed. São Paulo: Atual, 2009.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do português contemporâneo. 5.
ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2008.
SOUZA E SILVA, M. Cecília P. de; KOCH, Ingedore Villaça. Linguística aplicada ao
português: Sintaxe. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
126
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
E
IMPORTANT
127
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
PLANO DE AULA
Nível 9º ano
Conteúdo Gênero textual: Diferenciando correspondências
Cronograma 3 aulas (45 a 50 minutos cada)
Objetivos de
Conteúdo Estratégias Requisitos mínimos
aprendizagem
Identificar a finalidade Correspondências Aula expositiva Saber utilizar o com-
de textos de diferentes dialogada. putador.
gêneros. Filme: Central Saber realizar pes-
Identificar as marcas do Brasil. quisas.
linguísticas que eviden- Sala de Saber enviar
ciam o locutor e o inter- informática e receber
locutor de um texto. correspondências
Estabelecer as (e-mails).
caracte-rísticas
do gênero textual
correspondência.
Produzir correspon-
dências.
Note que há uma identificação inicial, definindo nível de ensino, ano, tema,
duração etc. Claro que este é um plano destinado a servir de base aos professores
de modo geral. Em seu planejamento de aula, bastará utilizar o cabeçalho padrão
da escola em que atua. Há o estabelecimento dos objetivos específicos, quais os
recursos utilizados e, ainda, estabelece os quesitos mínimos que o aluno deve ter
para desenvolver um conhecimento adequado sobre o tema estudado.
Questão problematizadora
Imagine que alguém de quem gosta muito está distante e você deseja se comunicar
com ela:
a) Como você se comunicaria com ela?
128
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
NOTA
2ª aula
Inicie a aula relembrando o que foi estudado na aula anterior. Reveja com os
estudantes os conceitos elaborados, as características e finalidades de cada gênero.
Na sequência, passe algumas cenas, previamente selecionadas, do filme Central
do Brasil. Analise com os alunos as cenas vistas. Mencione o quanto as cartas
foram importantes para a comunicação entre as pessoas e que muitas ainda se
valem desse gênero por não terem acesso ou não dominarem as tecnologias.
Aproveite para lembrá-los das diferenças entre a escrita e a fala, entre a linguagem
formal e a informal e como a formalidade e informalidade varia de acordo com
o interlocutor e a finalidade do texto. Por fim, solicite que os alunos redijam um
SMS, ou um WhatsApp, ou um e-mail para um colega de sala e um e-mail para
o diretor da escola. Esses textos podem ser enviados para os colegas e para o
professor.
3ª aula
A aula será iniciada com o professor se referindo aos textos enviados na
aula anterior. Pode focar as atenções ao e-mail mais formal (o que deveria ser
enviado ao diretor do colégio), apontando os pontos fortes e os pontos fracos.
Na sequência, o professor poderá suscitá-los a falar das redes sociais nas quais
participam e como fazem quando querem incluir alguém na sua rede de contatos.
Após o debate, propor que os estudantes redijam convites, um informal destinado
a convidar um dos colegas de sala para uma de suas redes sociais (Facebook,
Instagram, Twitter etc.) e outro mais formal, direcionado aos pais, convidando-
os para um suposto evento na escola. O professor pode fazer uso da sala de
informática se quiser que os alunos façam o exercício utilizando a internet. Ele
deve mediar todas as ações e solicitar que sejam encaminhadas cópias para ele
do que for redigido pelos estudantes.
Avaliação
Desempenho Desempenho Desempenho
Critérios
avançado médio iniciante
Identificou a
finalidade de textos de
diferentes gêneros.
Identificou as marcas
linguísticas que
eviden-ciam o locutor
e o inter-locutor de
um texto.
Estabeleceu as
características do
gênero textual
correspondência.
Produziu correspon-
dências adequadas
ao contexto em que
foram solicitadas.
DICAS
A versão original deste plano de aula ainda traz dicas de leitura e exercícios
de fixação, baseados na Provinha Brasil, Prova Brasil, Pisa e Enem. Recomendamos que
você dê uma olhada nela, disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/
materiais/0000016793.PDF>.
Na trilha desta disciplina, também disponibilizaremos para você um plano de aula do ensino
médio, que poderá ser adaptado à realidade da sua escola e de seus alunos.
131
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
3 SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS
As sequências didáticas são entendidas como um conjunto de atividades
inter-relacionadas, planejadas para ensinar um determinado conteúdo passo a
passo. São estabelecidas em conformidade com os objetivos traçados e envolvem
atividades de aprendizagem e de avaliação (KOBASHIGAWA et al., 2008). Elas
lembram um plano de aula, no entanto, são mais amplas, fazendo uso de diversas
estratégias de ensino e por durarem várias aulas.
132
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
Sequência
didática
Módulo 1 Módulo N
FONTE: A Autora.
133
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Inicie a atividade da aula investigando o que seus alunos conhecem sobre doenças
infecciosas. Registre as doenças na lousa ou em uma cartolina, que poderá ajudá-lo
em discussões e comparações futuras. Informe aos alunos que essas são as doenças
que costumam causar a contaminação de um grande número de pessoas e que
geralmente são as principais causas de epidemias. Faça perguntas como: É comum
várias pessoas ficarem doentes no mesmo período de tempo? Por que isso acontece?
Vocês conhecem algumas formas de proliferação de doenças? A dengue, por exemplo,
como ela se espalha na população? A dengue é um tema interessante para se iniciar
uma conversa sobre formas de contágio. É muito provável que os alunos já tenham
informações sobre o assunto, mas talvez equivocadas. A mídia traz uma abordagem
com foco na zoonose, dando ênfase à questão do mosquito, o que pode levar a
pensar que ele é o causador e não o transmissor da doença. Pergunte aos seus alunos
o que eles sabem sobre o assunto. Trazer panfletos de divulgação e campanha ou
matérias de jornal para análise em sala de aula é uma estratégia que pode ajudá-lo a
apresentar ou aprofundar essa discussão. Proponha à turma formar equipes. Cada
uma deverá ler textos sobre algumas doenças, ou, se preferir, faça a leitura com elas,
analisando as informações e explicando alguns termos. Veja aqui alguns exemplos
de doenças contagiosas: Salmonelose – causada pela ingestão de alimentos de
Salmonelose origem animal, principalmente carne de frango e ovos, contaminados
Aula 1 pela bactéria Salmonela. Tétano – esta doença é provocada pela contaminação Tétano
(Apresentação da bactéria Clostridium tetani por meio de lesões profundas na pele, como cortes,
da situação) por exemplo. Gripe – causada pelo contato direto com secreções (Gripe saliva e muco
(Produção nasal) contaminadas pelo vírus Influenza. O espirro e a tosse são formas de entrar
inicial) em contato com essas secreções. Dengue – causada pelo vírus Flavivírus, presente
na saliva do inseto transmissor Aedes aegypti. Sarampo - provocada por um vírus,
é transmitida por meio de gotículas de saliva contaminada de uma pessoa a outra.
Gastroenterite rotaviral – doença provocada pela ingestão de água ou alimentos
contaminados por fezes com vírus (rotavírus). Amebíase – ocorre pela ingestão de
água e alimentos contaminados pelo protozoário Entamoeba histolytica, um tipo de
ameba. Após a leitura, desafie a turma a encontrar semelhanças entre essas doenças
e a gripe A. Nesse momento eles devem ter em mãos recortes de jornal e revistas
que tratem da nova epidemia de gripe. Peça para que façam comparações entre essas
doenças. Você pode sugerir para montarem uma tabela que descreva a enfermidade,
o agente transmissor e a forma de contágio. Para estimular os alunos, procure fazer
perguntas provocativas: como é possível evitar essas doenças? Por que essa nova
gripe se espalha com mais facilidade entre as pessoas? Que hábitos devemos evitar
para não a contrair? É importante esclarecer que, para algumas dessas doenças, e
também para muitas outras, existem vacinas, isto é, são passíveis de prevenção. As
vacinas associadas às medidas de profilaxia são a maneira mais eficiente de evitar
a contaminação. A partir dessa conversa inicial, é possível perceber se seus alunos
conhecem algumas formas de contaminação e se sabem que os microrganismos são os
principais causadores de doenças. Você pode voltar à lista inicial para investigar que
conhecimentos a turma tem sobre as formas de contaminação dessas enfermidades.
134
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
DICAS
135
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
ATENCAO
136
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
LEITURA COMPLEMENTAR
138
TÓPICO 3 | PLANEJAMENTO: ESCOLHAS PEDAGÓGICAS PARA O ÊXITO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE L. P.
QUADRO 1
EIXOS ORGANIZADORES DAS ATIVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA NO
ENSINO MÉDIO – PRÁTICAS DE LINGUAGEM
ATIVIDADES DE PRODUÇÃO E DE RECEPÇÃO DE TEXTOS
• Atividades de produção escrita e de leitura de textos gerados nas diferentes esferas
de atividades sociais – públicas e privadas
Tais atividades, principalmente se tomadas em relação aos textos privilegiados no
ensino fundamental, devem focalizar, no caso da leitura, não apenas a formação ou
consolidação do gosto pela atividade de ler, mas sim o desenvolvimento da capacidade
de compreensão do texto escrito, seja aquele oriundo de esferas privadas, seja aquele
que circula em esferas públicas. Essa mesma lógica deve orientar a seleção e a condução
pedagógica de atividades de produção escrita, voltadas para a formação e o refinamento
de saberes relativos às práticas de uso da escrita na nossa sociedade, tanto para as ações
de formação profissional continuada quanto para aquelas relativas ao exercício cotidiano
da cidadania.
• Atividades de produção de textos (palestras, debates, seminários, teatro, etc.) em
eventos da oralidade
Por meio desse tipo de expediente, pode-se não só contribuir para a construção e a
ampliação de conhecimentos dos alunos sobre como agir nessas praticas, como também
promover um ambiente profícuo à discussão e à superação de preconceitos linguísticos
e, sobretudo, à investigação sobre as relações entre os gêneros da oralidade e da escrita,
sobre a variação linguística, sobre níveis de formalidade no uso da língua, por exemplo.
• Atividades de escuta de textos (palestras, debates, seminários, etc.) em situação de
leitura em voz alta
Esse tipo de atividade tem especial relevância na construção de saberes com os quais
o aluno possa atuar, futuramente, em práticas muito caras ao domínio acadêmico e a
outros espaços de formação e aprimoramento profissional. Considerado esse objetivo,
podem ser propostas, na sequência das atividades de escuta, ações de sumarização,
materializadas em textos orais ou escritos.
• Atividades de retextualização: produção escrita de textos a partir de outros textos,
orais ou escritos, tomados como base ou fonte
Como tais atividades se caracterizam pela produção de um novo texto a partir de outro,
ocorre mudança de propósito em relação ao texto que se toma como base ou fonte.
Isso pode ser realizado, por exemplo, em tarefas de produção de resumos, resenhas e
pesquisas bibliográficas.
• Atividades de reflexão sobre textos, orais e escritos, produzidos pelo próprio aluno
ou não
Em se tratando de textos produzidos pelo próprio aluno, essas atividades podem
envolver a reelaboração (revisão/reescrita) de texto com o objetivo de torná-lo (mais)
adequado ao quadro previsto para seu funcionamento. Nesse caso, a ação de reflexão,
tomada individualmente ou em grupo, terá como meta a avaliação do texto e, quando
for o caso, sua alteração. Com relação aos textos produzidos por outros autores que não
o próprio aluno, tais atividades podem se materializar, por exemplo, em momentos de
comentários, discussões e debates orais sobre livros, peças publicitárias, peças teatrais,
programas de TV, reportagens, piadas, acontecimentos do cotidiano, letras de música,
exposições de arte, provas, etc. Esse tipo de prática, quando executado em grupo, pode
se dar oralmente ou até mesmo por escrito, em listas de discussão pela internet, por
exemplo. Assegura-se, por meio desse expediente, um espaço para a reflexão sistemática
sobre valores, ideologias e (pre)conceitos que perpassam os textos em estudo.
139
UNIDADE 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
QUADRO 2
EIXOS ORGANIZADORES DAS ATIVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA NO
ENSINO MÉDIO – ANÁLISE DOS FATORES DE VARIABILIDADE DAS (E NAS)
PRÁTICAS DE LÍNGUA(GEM)
FOCO DAS ATIVIDADES DE ANÁLISE
Elementos pragmáticos envolvidos nas situações de interação em que emergem os
gêneros em estudo e sua materialidade – os textos em análise
• Papéis sociais e comunicativos dos interlocutores, relações entre esses, propósito
discursivo, função sociocomunicativa do gênero, aspectos da dimensão espaço temporal
em que se produz o texto.
Estratégias textualizadoras:
• uso dos recursos linguísticos em relação ao contexto em que o texto é construído
(elementos de referência pessoal, temporal, espacial, registro linguístico, grau de
formalidade, seleção lexical, tempos e modos verbais);
• uso de recursos linguísticos em processos de coesão textual (elementos de articulação
entre segmentos do texto, referentes à organização – temporal e/ou espacial – das
sequências do texto ou à construção da argumentação);
• modos de organização da composição textual – sequências textuais (tipos textuais
narrativo, descritivo, argumentativo, injuntivo, dialogal);
• organização da macroestrutura semântica (dimensão conceitual), articulação entre as
ideias/proposições (relações lógico-semânticas);
• organização e progressão temática.
Mecanismos enunciativos
• Formas de agenciamento de diferentes pontos de vista na textualização (identificação
dos elementos que sinalizam as vozes e o posicionamento dos enunciadores trazidos
à cena no texto), uso dos elementos de modalização (identificação dos segmentos que
funcionam como indicações acerca do modo como o enunciador se posiciona em relação
ao que é dito, a seu interlocutor ou a si mesmo).
Intertextualidade
• Estudo de diferentes relações intertextuais (por exemplo, entre textos que mantenham
configuração formal similar, que circulem num mesmo domínio ou em domínios
diferentes, que assumam um mesmo ponto de vista no tratamento do tema ou não).
Ações de escrita:
• ortografia e acentuação;
• construção e reformulação (substituição, deslocamento, apagamento e acréscimo) de
segmentos textuais de diferentes extensões e naturezas (orações, períodos, parágrafos,
sequências ou tipos textuais);
• função e uso da topografia do texto (envolvendo a disposição do texto na página,
sua paragrafação, sua subdivisão em sequências, a eventual divisão em colunas, os
marcadores de enumeração, etc.) e de elementos tipográficos essenciais à produção de
sentidos (o que diz respeito à pontuação, com especial atenção para o uso de aspas,
parênteses e travessões).
140
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
141
• Além do plano de aula, há a sequência didática: conjunto de atividades
organizado para ensinar determinado conteúdo, etapa por etapa.
142
AUTOATIVIDADE
PLANO DE AULA
Professor(a):
Turma: Cronograma:
Tema: Resenha
Avaliação
Conteúdo
Objetivos específicos Estratégias de Ensino (Instrumentos
Programático
e critérios)
Descrição da aula
Bibliografia Básica
143
144
UNIDADE 3
A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
E LITERATURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade apresenta-se dividida em três tópicos, permitindo uma melhor
compreensão do conteúdo estudado. Ao final de cada tópico há atividades
que servirão para revisar, fixar e construir seu conhecimento sobre o tema.
145
146
UNIDADE 3
TÓPICO 1
AVALIAÇÃO ESCOLAR:
CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
1 INTRODUÇÃO
As questões educacionais em nosso país são, ainda, geradoras de grandes
discussões, e passam por reformulações constantes em uma tentativa de adaptação
aos novos tempos e tecnologias. Igualmente, nosso sistema educacional deve
encontrar um caminho adequado para a formação dos cidadãos que a sociedade
brasileira precisa. Se, como vimos nas unidades anteriores, o processo de ensino
e aprendizagem vive cercado de debates, o que se pode dizer sobre um outro
processo, tão importante quanto o primeiro e a ele inter-relacionado, talvez até
mais polêmico: a avaliação?
2 CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO
As instituições educacionais, tal como as vemos hoje, sempre foram
acompanhadas da noção de que era necessário “medir” os conhecimentos nelas
aprendidos. Era importante, e ainda é, verificar se os conteúdos haviam sido
assimilados e em que medida. Assim, a ideia de avaliação sempre esteve atrelada
à de medida, mensuração. Embora avaliar não seja sinônimo de medir, durante
muito tempo na história educacional esses dois conceitos se misturaram ou
sobressaiu-se a perspectiva da medição.
147
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
148
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
Ainda, segundo o documento, ela deve ser vista como integrante da prática
educativa, permitindo ao professor reavaliar seu trabalho e o desenvolvimento
de seus alunos. Também precisa ocorrer em um contexto que permita ao discente
refletir sobre o que desenvolveu de conhecimentos e como o fez. Desse modo,
poderá entender que a construção de conhecimentos pode ocorrer de diversas
formas e em vários contextos. Ao mencionar esses aspectos, os Parâmetros
enfatizam o caráter dialógico da avaliação:
149
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
150
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
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UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
152
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
E
IMPORTANT
153
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
154
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
155
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
4 TIPOS DE AVALIAÇÃO
Como você certamente já sabe, existem diversas formas de avaliar o
processo de ensino e aprendizagem e a evolução de nossos alunos. No entanto,
é necessário que escolhamos aquelas que melhor se adequem aos objetivos de
aprendizagem àquele contexto escolar e ao perfil do grupo com o qual estamos
trabalhando. Afinal, a avaliação não é um mero protocolo a ser cumprindo. Ela é
um elemento vital para uma boa construção de conhecimentos.
Vale, ainda, ressaltar que a avaliação não deve restringir-se apenas ao final
de um conteúdo ou unidade didática. Ela deve fazer parte de todo o andamento
daquele bloco de conteúdos, de todo o período, porque é importante acompanhar
o processo está ocorrendo e, principalmente, fazer os ajustes necessários em nosso
planejamento. Essas e outras questões só são visíveis por meio do ato de avaliar.
E
IMPORTANT
Ralph Tyler, na década de 30, foi pioneiro ao desenvolver uma teoria sobre
a avaliação diretamente associada aos objetivos. Com base nas ideias de Tyler, Benjamim
Bloom desenvolveu sua Taxonomia da avaliação, ou seja, definiu e classificou a avaliação.
Embora bastante criticados, seus estudos foram muito importantes para o surgimento da
concepção de avaliação que se tem hoje.
156
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
alunos. É claro que todas, independente de que atribuamos “nota” ou não, são
importantes instrumentos no processo educacional.
157
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
De modo geral, a avaliação somativa possibilita que o aluno veja seu avanço
de uma forma mais fácil: o número representa o percentual de sua aprendizagem.
Como normalmente esse tipo de avaliação trabalha no sistema de amostragem,
selecionando alguns conteúdos dentre todos os estudados, permite, também,
verificar quanto dos objetivos de aprendizagem foram atingidos pelos alunos.
No entanto, vale destacar que se não for bem executada, a avaliação somativa
enfatizará a “memorização” ao invés da construção efetiva de conhecimento e,
se não considerar outros fatores além dos resultados obtidos em um único dia,
não será eficiente para “medir” o grau de aprendizagem. Por exemplo: quando
a escola adota um sistema em que a avaliação se baseia unicamente em provas
aplicadas em dias pré-agendados no calendário escolar, corre-se o risco de que
158
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
justamente naquele dia o aluno esteja indisposto e não consiga aplicar na prova
os conhecimentos que, de fato, construiu. Assim, o resultado numérico não
expressará o percentual de aprendizagem.
159
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
DICAS
a) Aprender a conhecer.
b) Aprender a fazer.
c) Aprender a viver com os outros.
d) Aprender a ser.
Tais princípios chamam a atenção para o fato de que vão muito além
da informação ou o progresso de um conhecimento intelectual. Eles englobam
o desenvolvimento completo do ser humano como ser social, cultural, histórico
etc. Abarcam o avanço do conhecimento, do comportamento, dos conceitos,
dos procedimentos, dos valores, das atitudes. E essas dimensões não podem
ser desenvolvidas dentro de instituições de ensino que sigam uma visão
tradicionalista de ensino, em que se enfatiza o que está nos livros didáticos,
apresentando conteúdos de forma fragmentada e compartimentada. Por isso, a
visão que se tem de educação passou por um redimensionamento, procurando
enfatizar habilidades e competências.
160
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
Ao ter essa dimensão clara, avaliar também ganha novos contornos, porque
precisamos saber de onde nosso aluno partiu, que informações ou conhecimentos
ele já tinha quando chegou a este nível do conteúdo e onde conseguiu chegar
após as aulas, que novas informações e conhecimentos conseguiu construir e que
podem ser mobilizados para as várias áreas de sua vivência. A avaliação se torna
uma importante fonte de informação e de redimensionamento de ações. Essa é a
perspectiva de avaliar quando se enfatiza um ensino e aprendizagem com base
no desenvolvimento de habilidades e competências. Então, voltamos a uma das
questões que formulamos anteriormente: o que são habilidades e competências?
161
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
FONTE: A autora.
162
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
Vamos transpor essa questão para nosso dia a dia em sala de aula, como
professores de língua portuguesa. Eis um exemplo: Uma professora de língua
portuguesa afirmou, contente, para sua colega professora de literatura, ambas
pertencentes ao quadro de professores de um curso de Letras, na região Sul do
país, que seus alunos haviam finalmente aprendido o uso da crase. Ela havia
ensinado uma música na qual eram apresentadas as principais regras da crase.
Após aprendê-la, os discentes obtiveram êxito ao analisar uma série de frases
soltas e verificar se nelas era pertinente ou não o uso da crase. Uma semana
depois, corrigindo os textos que esses mesmos alunos haviam produzido na
aula de literatura, a professora desta disciplina verificou que mais de 70% da
turma demonstrava problemas com o uso da crase, o que a surpreendeu, dado o
depoimento da colega. O que o exemplo nos mostra? O conteúdo foi assimilado
temporariamente, mas não houve o desenvolvimento da competência para
mobilizá-lo. Os alunos sabiam as regras da crase porque cantavam a música, mas
não conseguiam mobilizar esse saber para a escrita de variados textos. Podem ter
desenvolvido o conceito, mas não a competência.
163
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
PROPOSTA DE REDAÇÃO
TEXTO I
TEXTO II
TEXTO III
166
TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO ESCOLAR: CONCEPÇÕES E HISTÓRICO
DICAS
167
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, vimos:
• Tipos de avaliação:
o Diagnóstica: busca identificar os conhecimentos prévios sobre o assunto a
ser estudado.
o Contínua ou formativa: ocorrendo ao longo do processo de ensino e
aprendizagem permite redimensionar as práticas docentes e os rumos da
aprendizagem.
o Somativa: realizada ao final, permite verificar o que foi aprendido ao longo
do processo.
2 Observe a questão que segue, elaborada para uma turma de 1º ano do Ensino
Médio, sobre o conteúdo Sujeito da oração, e, na sequência, responda: qual
é a ideia de avaliação refletida nesta questão? Que elementos há nela que
confirmam sua resposta?
169
170
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Organizar o processo avaliativo, e acompanhá-lo adequadamente, requer
que o professor observe alguns elementos, como, por exemplo, quais são os
objetivos de aprendizagem para o tema ou conteúdo e qual a melhor forma de
identificar os pontos fortes e fracos deste processo de ensino e aprendizagem
específico. Desse modo, é de suma importância escolher instrumentos de avaliação
compatíveis com os objetivos e estabelecer para cada um deles critérios claros,
transparentes e condizentes com o instrumento a que se associa. Por isso, neste
tópico, estudaremos os instrumentos de avaliação, aproveitando para explorar os
que são mais comuns em nossas salas de aula, bem como os critérios de avaliação,
compreendendo como são essenciais para o fazer pedagógico e para a construção
efetiva de conhecimento.
ATENCAO
2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Existem várias formas de avaliar. No entanto, essas formas não podem
ser escolhidas aleatoriamente. Sempre que nos propomos a fazer um processo
avaliativo em sala de aula, devemos levar em consideração:
171
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
2.1.1 Prova
Quer gostemos ou não, a prova ainda é o instrumento de avaliação
mais utilizado nas instituições de ensino e em outras instâncias educacionais.
Sua utilização exige um processo de reflexão do professor para que ela de fato
permita a mobilização dos saberes e um feedback do ensino e aprendizagem. As
provas podem ser objetivas, ou descritivas, ou mistas, com consulta ou valendo-
se apenas do que aprendeu durante as aulas e seus estudos.
172
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
FIGURA 22 – A PROVA
a) Prova objetiva
Apesar das controvérsias que cercam a prova objetiva, ela pode ser um
instrumento bastante eficiente de avaliação. Basta que o professor a elabore
tomando os devidos cuidados, como veremos a seguir. Por ser constituído por
inúmeras questões, este instrumento de avaliação permite a verificação de uma
ampla amostra do conhecimento. Considerada de difícil elaboração e demorada,
a prova objetiva torna-se uma forma rápida e objetiva de julgamento, já que cada
questão permite apenas uma resposta correta, exigindo muita atenção no momento
de respondê-la. No entanto, há pontos fracos em relação a este instrumento, os
quais também devem ser levados em consideração: apaga a individualidade do
aluno, não leva em conta que em uma sala de aula há uma heterogeneidade de
conhecimento e de níveis de conhecimento, pode ser erroneamente utilizada para
indicar que um aluno aprendeu ou não aprendeu, ou seja, acaba servindo como
um instrumento de controle.
174
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
Memórias Póstumas de Brás Cubas foi publicado pela primeira vez em:
a) 1872.
b) 1880.
c) 1894.
d) 1881.
Está(ão) CORRETA(S):
a) ( ) apenas I e II.
b) ( ) apenas II e III.
c) ( ) apenas I e III.
d) ( ) apenas II.
e) ( X ) I, II, III.
175
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
Observe que é necessário entender como funciona cada uma das avaliações
para poder associar as palavras aos seus respectivos conceitos. Para tanto, o aluno
faz associações, estabelece comparações e analisa cada conceito, tratando de
atribuir-se à terminologia adequada.
176
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
Vale destacar que não se deve formular questões com expressões como:
opine, fale sobre, o que pensa sobre, comente... Expressões como essas, vagas,
permitem todo tipo de resposta, então, se você pedir que o aluno fale sobre
determinado assunto e ele mencionar qualquer informação que não seja relevante,
você terá que considerar. Ou, ainda, se pedir que o aluno opine sobre algum tema
e ele simplesmente colocar “não tenho opinião formada sobre o tema”, você terá
que considerar porque é uma opinião e, portanto, válida.
177
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
Questão discursiva 2:
178
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
No entanto, para que sua aplicação seja de fato eficiente, alguns cuidados
devem ser tomados: a seleção de questões deve priorizar a reflexão, a elaboração
de conceitos, a interpretação do tema estudado; as questões devem ser bem
elaboradas para que não haja uma simples transcrição do material; os alunos
precisam se preparar, portanto, estudar é necessário; os estudantes devem
ser informados sobre quais materiais podem ser utilizados no dia da prova; o
conteúdo precisa ser significativo e o tempo de realização condizente com as
questões propostas, considerando-se que se deverá fazer consulta.
179
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
E
IMPORTANT
Produção coletiva:
EXPLICAÇÃO DA ATIVIDADE:
Para a realização dessa atividade a classe foi distribuída em dois grupos
de participantes. Para cada um foram delimitadas atividades de pesquisa
diferenciadas que teriam como proposta final a organização e apresentação de
painel sobre o tema estudado.
Grupo 1: Atividade: realização de entrevista com pessoas da comunidade
envolvidas com Organizações Não Governamentais (ONGs), com o objetivo de
coletar dados sobre essas organizações e o trabalho nelas desenvolvido, tendo
como referência um roteiro prévio de questões elaborado em sala de aula.
Grupo 2: Atividade: consulta às referências bibliográficas e nas páginas
da internet indicadas em sala de aula, sobre o conceito de ONGs, as leis que as
regem, como se estruturam, bem como seleção de entrevistas, artigos, que tratem
da temática:
181
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
2.1.3 Portfólio
O portfólio é o conjunto de atividades e/ou trabalhos realizado
individualmente pelos alunos. Como afirma Ribas (2007, p. 158) “O portfólio é
a coleção de trabalhos e atividades produzidos pelos alunos, adequadamente
organizada, que revela, com o passar do tempo, os diversos aspectos do
crescimento e desenvolvimento de cada um em particular”.
E
IMPORTANT
183
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
2.1.4 Seminários
Outro instrumento bastante difundido nos ambientes escolares,
principalmente nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio é o
seminário. O seminário consiste:
184
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
185
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
E
IMPORTANT
186
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
E
IMPORTANT
3 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Todas as vezes que elaboramos um instrumento de avaliação, precisamos
refletir sobre o que queremos exatamente com ele. Isso faz com que tenhamos que
estabelecer critérios, os quais servirão como juízes e, sob certos aspectos, como
medidores, do grau de conhecimento a que o aluno chegou com aquele conteúdo
ou tema. Tais critérios devem voltar-se a analisar as diversas dimensões do
processo ensino e aprendizagem, envolvendo, desse modo, também as instâncias
operacionais e atitudinais, não apenas a elaboração de conceitos.
187
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
188
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
189
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
O PCN+ lembra ainda que não se deve mais enfatizar os erros, mas os
avanços conquistados pelo aluno durante o processo de ensino e aprendizagem.
O erro deve ser visto como parte da aprendizagem. A partir do erro, é possível
refletir e redimensionar os parâmetros para o aprender.
190
TÓPICO 2 | O PROCESSO AVALIATIVO EM SALA DE AULA: CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS
O aluno:
Realizou a atividade em conformidade com as
instruções fornecidas?
Cumpriu os prazos estabelecidos no cronograma
de atividades?
Soube aplicar os conceitos estudados à realização
Portfólio da atividade proposta?
Foi participativo?
Soube respeitar as opiniões dos demais colegas?
Formulou questões que permitiram a reflexão e a
formação da criticidade?
Refletiu adequadamente sobre sua prática e
conseguiu fazer uma autoavaliação?
O aluno ou grupo:
Realizou as atividades de preparação do seminário?
Cumpriu os prazos estabelecidos no cronograma
de atividades?
Fez uma introdução do conteúdo adequada ao
público?
Demonstrou conhecimento sobre o assunto?
Apresentou domínio de conteúdo?
Seguiu uma sequência clara e que permitiu uma
melhor compreensão do conteúdo?
Seminário
Fez um resumo do conteúdo ao final da
apresentação?
Usou uma linguagem adequada ao público e ao
contexto?
Os recursos utilizados ajudaram a ilustrar o tema
apresentado?
Demonstrou proatividade?
Soube trabalhar em equipe?
Colaborou para a construção de conhecimento
do grupo?
FONTE: Elaborado pela autora com base em Gil (2006) e Vasconcellos (2008).
191
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
193
RESUMO DO TÓPICO 2
• Instrumentos de avaliação:
o Recursos para coletar e analisar dados sobre o processo de ensino e
aprendizagem.
o Tipos de instrumentos de avaliação:
Provas:
▫ Objetivas: formuladas com questões de múltipla escolha, verdadeiro/
falso, preenchimento de lacunas etc.
▫ Discursivas: elaboração de pequenos textos para responder ao que é
solicitado.
▫ Com consulta: para elaborar as respostas os alunos podem consultar
aos materiais indicados pelo professor.
Produções individuais ou em grupo: atividades diversificadas que
podem ser produzidas individualmente ou por meio de trabalho em
grupo.
Portfólio: conjunto de atividades realizadas pelo aluno ao longo de um
período pré-determinado (bimestre, trimestre, semestre, ano).
Seminários: busca de informações para a formulação de conceitos
e conclusões a serem apresentados ao grande grupo, promovendo o
debate e a reflexão.
Outros instrumentos: observação por parte do professor, produção de
vídeos, jornais, varais literários, dramatizações, projetos de pesquisa etc.
• Critérios de avaliação:
o parâmetros claros e transparentes a serem utilizados para analisar os dados
coletados pelos instrumentos de avaliação;
o associados aos objetivos de aprendizagem;
o englobam não apenas as questões cognitivas, mas também as
comportamentais, atitudinais, as habilidades e competências.
194
AUTOATIVIDADE
O exercício da crônica
195
- Reconhecer a charge como um texto que conjuga linguagem verbal e não
verbal, mas que pode ser composto apenas por linguagem não verbal.
- Compreender a charge dentre os diferentes gêneros da HQ.
- Identificar os suportes nos quais a charge é publicada e as esferas sociais
a que se refere, percebendo o contexto político, social ou cultural com o
qual se relaciona.
- Compreender a charge como um gênero relacionado a outros textos
jornalísticos, como a notícia, o artigo de opinião e a tirinha, percebendo
semelhanças e diferenças entre eles.
- Reconhecer os recursos não verbais como elemento fundamental para a
compreensão das charges.
- Identificar os efeitos de humor e/ou de ironia presentes na charge.
- Reconhecer os efeitos de humor gerado por imagens e/ou certos recursos
linguísticos.
Com base nos dados iniciais, descreva como seria uma aula sobre o tema,
ou seja, indique como faria a apresentação do tema, como abordaria o conteúdo
em si, que recursos utilizaria. Na sequência, estabeleça um instrumento de
avaliação condizente com os objetivos propostos e o conteúdo desenvolvido,
apresentando os critérios de avaliação que o acompanham.
196
UNIDADE 3
TÓPICO 3
AVALIAÇÃO E HETEROGENEIDADE
1 INTRODUÇÃO
Já é de domínio comum que, embora sejamos seres sociais, somos
diferentes uns dos outros. Cada um de nós traz traços físicos, comportamentos,
atitudes, conhecimentos diferentes. Embora convivamos em um mesmo espaço
geopolítico, experienciamos de forma diferente nossa vivência nele. Então, como
queremos que em sala de aula nossos alunos sejam iguais e se comportem da
mesma forma?
197
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
Sob o prisma que a autora defende, a sala de aula torna-se uma espécie de
entre-lugar no qual os contrários convivem. Há a perspectiva homogeneizadora,
que busca a padronização de conhecimentos, de comportamentos, o silêncio
em sala de aula quando o professor “explica” o conteúdo, que faz da avaliação
instrumento de medida e controle. No entanto, há também a heterogeneidade,
os padrões diferenciados de comportamento que, muitas vezes, são descritos
198
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO E HETEROGENEIDADE
199
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
201
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
203
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
É para esta direção que devem seguir nossos olhares. É neste caminho que
devemos traçar os rumos do processo ensino-aprendizagem-avaliação, em nossas
aulas de língua portuguesa. A heterogeneidade não está apenas nos indivíduos
diferentes entre si que temos em nossas salas de aula. Ela também se encontra
na diversificação de conteúdos e práticas pedagógicas, na pluralização de
instrumentos avaliativos, nos múltiplos horizontes em que a produção linguística
se realiza.
204
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO E HETEROGENEIDADE
Não podemos nos esquecer, de igual forma, das práticas de leitura. Elas
devem permear as dimensões anteriores. Antes de escritores, somos leitores. Por
isso, precisamos também dar ênfase a essa perspectiva em nossas aulas. A prática
leitora deve abarcar todos os gêneros textuais, inclusive os textos literários.
Guedes (2006, p. 52) explica porque o texto literário é importante nesse processo:
205
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
Por fim, embora cientes das dificuldades que cercam a profissão e o ato
de ensinar, sabemos que temos força e somos capazes de promover mudanças
efetivas no ensino de língua portuguesa (incluindo-se nela a literatura). Essa é a
nossa grande contribuição para a constituição de uma sociedade mais justa, ética
e formada por seres críticos e reflexivos.
DICAS
206
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO E HETEROGENEIDADE
LEITURA COMPLEMENTAR
207
UNIDADE 3 | A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA
7. Muito se fala sobre o futuro da avaliação, mas muitos educadores ainda não
mudaram a maneira de encarar o ensino e a aprendizagem. Mudar apenas a
avaliação não seria uma forma de mascarar o problema?
Luckesi: Se um educador se propuser a modificar seu modo de avaliar,
obrigatoriamente terá que modificar o seu modo de compreender a ação
pedagógica. A avaliação não existe em si e por si; ela subsidia decisões dentro
de um determinado contexto. No nosso caso, o contexto pedagógico. Os exames
são recursos adequados ao projeto pedagógico tradicional; para trabalhar com
avaliação necessitamos de estar vinculados a um projeto pedagógico construtivo
(o que não quer dizer construtivista ou piagetiano; segundo esse meu modo de
ver, nesse caso, a pedagogia do Prof. Paulo Freire é construtiva, trabalha com o
ser humano inacabado, em processo).
9. Muito se fala da avaliação e de como o professor deve lidar com ela, mas
muitas vezes se esquece do aluno. Qual o verdadeiro valor da avaliação para
o estudante?
Luckesi: A questão volta novamente ao mesmo lugar. Sua pergunta tem
a ver com o conceito de examinar. O ato de avaliar sempre inclui o estudante,
208
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO E HETEROGENEIDADE
pois que ele é o agente de sua formação; só ele se forma. O papel do educador é
acolher o educando, subsidiá-lo em seus estudos e aprendizagens, confrontá-lo
reorientando-o em suas buscas.
[...]
12. O que uma escola precisa desenvolver para construir uma cultura avaliativa
mediadora?
Luckesi: Para desenvolver uma cultura da avaliação os educadores e
a escola necessitam de praticar a avaliação e essa prática realimentará novos
estudos e aprofundamentos de tal modo que um novo entendimento e um novo
modo de ser vai emergindo dentro de um espaço escolar. O que vai dar suporte à
mudança é a prática refletida, investigada.
13. Na sua opinião, qual será o futuro da avaliação no país? O que seria ideal?
Luckesi: O futuro da prática da avaliação da aprendizagem no país é
aprendermos a praticá-la tanto do ponto de vista individual de nós educadores,
assim como do ponto de vista do sistema e dos sistemas de ensino. Avaliação não
virá por decreto, como tudo o mais na vida. A avaliação emergirá solidamente
da prática refletida diuturna dos educadores. Uma última coisa que gostaria
de dizer aos educadores: vamos substituir o nome “aluno” por estudante ou
educando. O termo aluno, segundo os filólogos, vem do verbo alere, do latim,
que significa alimentar; porém, existe uma forma de leitura desse termo mais
popular e semântica do que filológica que diz que “aluno” significa “aquele que
não tem luz” e que teria sua origem também no latim, da seguinte forma: prefixo
“a” (=negação) e “lummen” (=luz). Gosto dessa segunda versão, certamente,
não correta do ponto de vista filológico, mas verdadeira do ponto de vista da
prática cotidiana de ensinar. Nesse contexto de entendimento, agindo com
nossos educandos como seres “sem luz”, só poderemos praticar uma pedagogia
depositária, bancária..., como sinalizou o prof. Paulo Freire. Nunca uma pedagogia
construtiva. Daí também, dificilmente, conseguiremos praticar avaliação, pois
que esta está voltada para o futuro, para a construção permanente daquilo que é
inacabado.
FONTE: LUCKESI, Cipriano Carlos. Considerações gerais sobre a avaliação no cotidiano escolar.
Entrevista concedida à Aprender a Fazer, publicada em IP – Impressão Pedagógica,
publicação da Editora Gráfica Expoente, Curitiba, PR, nº 36, 2004, p. 4-6.
209
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, vimos que:
• O erro na avaliação processual não visto é como algo negativo, mas como
elemento que possibilita compreender a complexidade do processo de
construção de conhecimentos e desenvolvimento de competências.
211
2 Ao final desta unidade, mencionamos os desafios de ser
professor de língua portuguesa e lidar com a avaliação. Uma
das questões levantadas foi a da produção textual. Releia a
parte final da Unidade 3 e depois analise a correção do texto
que segue:
212
REFERÊNCIAS
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universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 8. Ed.
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213
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218