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FACULDADE DE TEOLOGIA DA UNIVERSIDADE

METODISTA DE SÃO PAULO - UMESP

DIANE SILVA DE PAULA

MARCELO SAMPAIO

THIAGO FERNANDO DE S. SANTOS REIS

O EPISCOPALISMO ASSEMBLEIANO E A SÍNDROME DE


BURNOUT

São Bernardo do Campo


2020
RESUMO

A Síndrome de Burnout tem sido cada vez mais estudada e divulgada no meio das lideranças
cristãs, que acabam por viver exaustos com a demanda do ofício, ainda assim longe de ser
amplamente divulgada no meio evangélico e com pouca atenção ao tema cada vez mais
recorrente. O presente trabalho tem como objetivo contribuir com a reflexão, se existe este
diagnóstico nos pastores de tradição assembleiana e se o modelo de governo episcopal contribui
com tal. Inicialmente o trabalho apresentará um breve histórico das assembleias de Deus no
Brasil e seu modelo de gestão episcopal, a partir de referências selecionadas, assim como a
definição da síndrome de burnout e os 12 estágios até chegar ao esgotamento com um breve
paralelo bíblico. Utilizando-se de entrevistas com 13 pastores da cidade de São Paulo para
refletir sobre os dados que aparecem no Inventário de Maslach, adaptado para a realidade
eclesiástica e verificar a possibilidade do burnout e suas dimensões neste recorte. Por fim, o
estudo pretende através dos gráficos analisar a problemática citada e refletir sobre os resultados,
pois claramente os ministros religiosos estão aquém do desejado olhar saudável sobre as suas
próprias demandas, priorizando o ministério, o tipo de governo pode ser um dado que soma-se
a tendência do pastor de se deixar por último.

Palavras-Chave: Episcopal. Assembleia de Deus. Pastores. Bíblia. Síndrome de Burnout.

2
ABSTRACT

The Burnout Syndrome has been increasingly studied and disseminated among the Christian
leaders, who end up living exhausted with the demand of the profession, still far from being
widely disseminated in the evangelical environment and with little attention to the increasingly
recurrent theme. The present work aims to contribute to the reflection, if there is this diagnosis
in pastors of Assembly tradition and if the model of episcopal government contributes to this.
Initially the work will present a brief history of Assembly of God in Brazil and its episcopal
management model, from selected references, as well as the definition of the burnout syndrome
and the 12 stages until it reaches exhaustion with a brief biblical parallel. Using interviews with
13 pastors from the city of São Paulo to reflect on the data that appear in the Maslach Inventory,
adapted to the ecclesiastical reality and to verify the possibility of burnout and its dimensions
in this section. Finally, the study intends, through the graphics, to analyse the aforementioned
problem and reflect on the results, as clearly the religious ministers fall short of the desired
healthy look at their own demands, prioritizing the ministry, the type of government can be a
data that adds up the tendency of the pastor to leave himself at last.

Keywords: Episcopal. Assembly of God. Pastors. Bible. Burnout syndrome.

3
SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................................... 2
ABSTRACT ............................................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5
2. UM BREVE HISTÓRICO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL ..................... 6
2.1 O modelo de governo episcopal assembleiano ............................................................ 7
3. SÍNDROME DE BURNOUT ........................................................................................... 11
4. PERSPECTIVA DO ESGOTAMENTO HUMANO NA BÍBLIA................................... 15
5. DESAFIOS DA PRÁTICA PASTORAL ......................................................................... 18
6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 23
6.1 Participantes ............................................................................................................... 23
6.2 Instrumentos............................................................................................................... 23
7. RESULTADOS ................................................................................................................. 25
8. ANÁLISE DE DADOS DO INVENTÁRIO DE MASLASH .......................................... 39
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 41
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 42
ANEXO .................................................................................................................................... 45
ANEXO A – Pastor André ....................................................................................................... 48
ANEXO B – Pastor Esdras ...................................................................................................... 51
ANEXO C – Pastor Josué ......................................................................................................... 55
ANEXO D – Pastor Carlos ....................................................................................................... 59
ANEXO E – Pastor Jacó e Miss. Raquel ................................................................................. 62
ANEXO F – Pastor Salomão ................................................................................................... 66
ANEXO G – Pastor Roboão ..................................................................................................... 69
ANEXO H – Pastor Delaias e irmã Madalena ......................................................................... 72
ANEXO I – Pastor Malaquias .................................................................................................. 76
ANEXO J – Pastor Vasti .......................................................................................................... 79
ANEXO K – Pastor Sadraque ................................................................................................. 81

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1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por objetivo investigar a possibilidade dos pastores de tradição
assembleiana desenvolverem a Síndrome de Burnout, que se caracteriza pela exaustão mental,
emocional e física e se é possível que o tipo de governo episcopal influencie o desgaste do seu
colaborador ou a falta de limites que se estabelece na relação da liderança eclesiástica. Muitos,
se não todos, acabam por entender o seu ofício como chamado1 e entende que precisa
disponibilizar muitos dos seus recursos, sejam eles financeiros, emocionais, físicos ou psíquicos
para obter sucesso ministerial. Estará o modelo episcopal de governo eclesiástico a levar os
pastores assembleianos ao isolamento, cansaço, estresse e esgotamento? Ou ainda que existam
esses fatores, o tipo de governo influência?

O modelo de governo assembleiano deriva do modelo batista europeu de igreja, introduzido


pelos missionários suecos, Gunnar Vingren e Gustaf Daniel Hogberg ao desembarcarem no
Brasil em 1910, com a missão de fundar novas igrejas em solo sul-americano. Desde então as
igrejas de tradição assembleiana multiplicaram-se a ponto de se tornar a maior igreja evangélica
pentecostal brasileira. Fundada no norte e nordeste, alcançou as regiões sul e sudeste com a
emigração dos nordestinos na década de 50 e 60, tem maior índice nas periferias, ao contrário
do catolicismo que buscou o centro das cidades. As assembleias de Deus emergem, ao crescer
de forma fragmentada, devido às muitas rupturas internas ao longo do tempo, o que explica a
sua diversidade, como característica, mas não há muitas mudanças na sua raiz, mesmo que haja
muitas denominações, seguem o mesmo princípio de governança. Há um líder, chamado de
presidente, que rege as principais diretrizes de ordem dogmática, estatutária, bem como a
responsabilidade de se manter a tradição.

Os autores deste presente trabalho realizaram 11 entrevistas com pastores


assembleianos, sob o acordo de anonimato e a utilização de pseudônimos para preservar a
identidade deles, assim como dois questionários online, um para os pastores e outro para os
membros, foi observado a maneira como os pastores veem a si e como os membros percebem
os seus lideres. Além disso fizeram pequenas observações do ponto de vista da narrativa bíblica,
se alguns personagens demonstraram ter algum nível de exaustão física-emocional. Entre eles,
Moisés, Elias e até mesmo Jesus, segundo o relato do livro de Marcos, ele convida seus

1
A expressão “chamado” é popularmente proferida na igreja cristã brasileira como um todo como aqueles (as)
que passam a integrar o rol de membros e tem vocação em servir a comunidade.
5
discípulos para descansar e se alimentar, pois estavam sem tempo para essas necessidades
básicas do corpo humano.

Na narrativa bíblica não figuram as palavras estresse, exaustão, desgaste, no entanto há


a possibilidade de inferir que na fala de Cristo, os seus discípulos estavam tão cansados e fracos,
que caso não parassem poderiam ir à exaustão. A Síndrome de Burnout caracteriza-se pelo
excesso de desgaste por um longo período de tempo e pela intensidade na frequência em três
dimensões: esgotamento emocional, despersonalização e realização pessoal no trabalho
(MARLASH E JACKSON, 1981 apud FERREIRA, 2003). Várias instituições tem feito um
trabalho preventivo neste tema, uma vez que esta síndrome pode acometer qualquer pessoa que
não perceba os sinais e as mudanças negativas que estão presente em sua rotina, mesmo os
clérigos tem apresentado, cada vez mais, índices de adoecimento físico e psíquico, de acordo
com (TRASK, 1999 apud ZIBORDI, 2019) “As taxas de suicídio, divórcio, alcoolismo,
depressão, ataque do coração e outras doenças relacionadas ao estresse são hoje
significativamente mais altas entre a classe clerical. As taxas de abandono e aposentadorias
precoces também são altas”.

Buscou-se responder à pergunta se existe a possibilidade de pastores de tradição


assembleiana apresentarem esta síndrome ou indícios que possam desenvolvê-la em algum
momento da sua jornada no trabalho pastoral.

2. UM BREVE HISTÓRICO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL

Em novembro de 1910 na cidade Belém do Pará, desembarcaram dois missionários


suecos vindos dos Estados Unidos, um deles chamado Gunnar Vingren comissionado por sua
igreja local na Suécia, a Igreja Filadélfia de Estocolmo, e Gustaf Daniel Hogberg desafiados a
fazer missão.

Após se conhecerem em uma conferência na cidade de Chicago nos Estados Unidos,


receberam a incumbência de transmitir o evangelho em solo sul-americano. A cidade de Belém
a época pequena e com posição geográfica estratégica para entrada na Amazônia brasileira, de
acordo com Costa (2019), os relatos obtidos pelos próprios missionários narravam que o
ambiente era de excepcional receptividade, um estado novo constitucionalmente laico. Pairava
6
a liberdade religiosa, havia notória pobreza que impulsionava as pessoas a buscarem meios de
subsistência e as impedia de se envolver em questões sobre nacionalismo e a independência
econômica de Portugal, já que ambos os fatores eram tema recorrente posterior a derrocada da
monarquia e construção da nova república.

Os missionários suecos buscavam refúgio em sua denominação de origem, a igreja


Batista, mas por um detalhe mudou-se o curso da história, por fazerem uma leitura diferente
quanto aos dons espirituais e impulsionados pelo recente movimento pentecostal que marcou o
século XX, foram vistos como uma ameaça à tradição Batista, pois segundo Valério (2020),
externalizaram os dons espirituais foram convidados a retirar-se e então fundam a igreja
chamada Missão da fé apostólica que sete anos mais tarde em 1918 passa a se chamar
Assembleia de Deus, surge aquela que hoje é a maior igreja cristã pentecostal do Brasil.

Os autores deste trabalho percebem que essas rupturas e chamadas “divisões” são um
processo natural de expansão da igreja e revela sua diversidade e unidade em torno do Cristo
das escrituras. Com forte crescimento na região norte-nordeste, até meados de 1940 e logo se
expande para o centro-sul brasileiro com a migração nordestina.

Logo após uma forte expansão por áreas rurais na década de 50 e 60 impulsionada pelo
movimento de emigração nordestina para o centro-sul e sudeste, vem o segundo ciclo de
crescimento e expansionismo das Assembleias de Deus. Já na década de 80 de acordo com
Alencar (2019), houve um aprimoramento quanto a gestão encabeçada pelas convenções gerais
que reúnem as diversas assembleias e discutem questões de ordem burocrática estatutárias,
dogmáticas, ética, sucessões, etc. Na prática as convenções hoje são grandes eventos que se
discute pouco a relação Bíblia frente a dilemas emergidos de dentro da igreja e paira um
ambiente de clientelismo em prol da manutenção no poder de grupos familiares que presidem
há décadas tais instituições.

2.1 O modelo de governo episcopal assembleiano

Apesar de a igreja Assembleia de Deus no Brasil nascer da iniciativa de dois


missionários cuja tradição era batista europeia, não se percebe nenhum vestígio quando se
aborda o tema da gestão eclesiástica, a igreja Batista tem como modelo de governo o sistema
7
congregacional, consiste em um modelo democrático de gestão em que as decisões a serem
tomadas partem de um princípio em que toda a igreja deve deferir e indeferir em conjunto as
decisões a serem tomadas, e não por decisão unilateral do pastor ou pelo colegiado de
presbíteros e assemelhados, vale a análise destes modelos e suas implicações sob a ótica do
líder, isto é do pastor. Até que ponto conseguimos identificar a eficácia e ineficácia de tais
modelos, em informação obtida junto ao sítio da convenção Batista lê-se

Nossas Igrejas adotam a forma de governo Congregacional Democrático. São Igrejas


autônomas e locais. Relacionam-se umas com as outras pela mesma fé e ordem, de
forma cooperativa e por laços fraternais. (CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA,
2020).

A menção aos batistas é como ir à raiz procurar entender e identificar alguma correlação
entre o sistema episcopal assembleiano e o congregacional dentro do contexto histórico da
Assembleia de Deus. O sistema episcopal parte do pressuposto em que o poder se concentra em
uma liderança, de um bispo, sua abrangência geográfica se limita em casos como o da igreja
Metodista a estados ou determinadas regiões, ou a todo território nacional e adjacências
internacionais.

Segundo Alencar (2019), a Assembleia de Deus nasce por uma tradição congregacional
e permanecem sob a liderança dos suecos que se mantém por alguns anos, pelo menos durante
a expansão norte e nordeste adentro. Durante o processo de transição da liderança para pastores
brasileiros influenciados por um modelo de liderança do governo Getúlio Vargas, que tinha
como característica um misto de moralismo e autoritarismo, por essa influência o modelo
congregacional foi adaptado a realidade da liderança assembleiana brasileira, em que as igrejas
eram conduzidas por uma única liderança com forte voz sobre o corpo de obreiros dentro da
hierarquia organizacional.

Esse modelo episcopal adotado pela Assembleia de Deus ao longo do tempo e vigente
até hoje é carregado de alguns pontos a serem considerados na relação pastor igreja, pois Reed
(2014), afirma que homens separados por Deus para a liderança também precisam de que se
lhes imponham limites, pois toda a experiência de liderança com demasiado poder em torno de
um indivíduo vem com uma grande possibilidade de que ceda às tentações que este cargo lhe

8
confere, tais como autoritarismo, prepotência, justificar malfeitos amparados na autoridade
concedida por Deus na condução da igreja.

Por outro lado ao analisarmos o modelo bíblico de liderança e tomadas de decisões


dentro da igreja primitiva, partia-se do princípio de um colegiado composto de homens
experimentados não pouca idade a exemplo do relato de Atos dos apóstolos que diz “Tendo
tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e
Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela
questão" (BÍBLIA, Atos dos Apóstolos 15,2) em que Paulo não toma sobre si a
responsabilidade das decisões, mas convoca o colegiado para decidir sobre dificuldades
impostas a situação da igreja primitiva.

O sistema de governo episcopal traz junto de si problemas que automaticamente


impactam diretamente na saúde dos bispos e pastores locais a excessiva sobrecarga faz com que
a tarefa de decidir e julgar o exponha ao juízo de todos os liderados, contribui com o desgaste
emocional, familiar, com o corpo de obreiros e o próprio matrimônio. A fadiga imposta pelo
pastoreio híbrido, isto é, casos em que o pastor trabalha e pastoreia ao mesmo tempo acarreta
um esforço monumental em manter os vários pratos equilibrados em meio a esse turbilhão de
cenários desafiadores direta e indiretamente acabam por envolver-se emocionalmente, o que
pode gerar sofrimento tanto para ele quanto para os que estão ao seu redor diante disso o pastor
Roboão2 lamenta “Eu tenho uma filha de 12 anos, ela me cobra para ficar mais com ela, ter um
tempo maior,”.

Percebe-se nos relatos que quando a família não está diretamente envolvida na
comunidade cristã e/ou os filhos são pequenos, há uma cobrança, o pastor Salomão3 em seu
relato colocou, “Minha esposa e filho reclamam da falta de tempo para eles, meu filho pede, as
vezes, para eu ficar, procuro tirar um domingo para ficar com eles...” Dificilmente a pressão
de ter que dividir-se entre a família e a demanda da igreja, não desgasta a saúde mental,
emocional e psíquica segundo Kopeska (2018) um pastor cansado é ineficiente, não prepara
adequadamente seus sermões, liturgia, tempo de ouvir a membresia e estará na mira de uma

2
Entrevista concedida por pseudônimo ROBOÃO, . Entrevista I. [set. 2020]. Entrevistador: Thiago Reis. São
Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta monografia.
3
Entrevista concedida por pseudônimo SALOMÃO, . Entrevista II. [set. 2020]. Entrevistador: Thiago Reis. São
Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta monografia.

9
patologia chamada síndrome de Burnout. “Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu como este povo
que está contigo; pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer.” (BÍBLIA, Êxodo
18,18). Jetro, o sogro de Moisés no livro de Êxodo ao ouvir seu relato sobre como Moisés
liderava o povo de Israel durante sua jornada de 40 anos baixo um ambiente inóspito em que
fatores externos contribuem para naturais discordâncias litigantes entre as pessoas, havia de dar
respostas, gerir conflitos, julgar causas que chegavam até ele. Jetro seu sogro ao vislumbrar a
evidente sobrecarga que havia se estabelecido sobre Moisés concluiu rotundamente que este
desfaleceria, entre outras palavras literalmente estaria fadado ao esgotamento! Tamanha a
exaustão psíquica-física que se exige de uma pessoa quando esta acredita ser capaz de fazer
muitas coisas ao mesmo tempo. Essa pecha é muito comum nas Assembleias de Deus, segundo
o pastor Sadraque,

O pastor carrega o piano sozinho e nem ministério, nem obreiros apoiam e alguma
situações até há boicote por parte de obreiros, porque querem se tornar pastores [...].
Você se preocupa tanto com a sua meta financeira, e pensa eu tenho que bater a meta
tenho que pagar missões, tenho que pagar radio, tenho que pagar ideias, isso ou aquilo
que você esquece de priorizar o espiritual, aí o pastor acaba trabalhando em função
desses resultados e a igreja padece. (Informação Verbal) 4

A centralidade de poder, pode se tornar um terreno fértil para o desenvolvimento de


patologias psíquicas e emocionais. Não obstante, Jetro então aconselha Moisés a estabelecer
líderes capacitados sobre determinados grupos de pessoas e estes ficariam encarregados de fazer
a tarefa de liderar, julgar, em suma gerir os grupos designados. O sistema episcopal tem esse
desenho na sua essência ao se constituir obreiros em auxílio ao pastor, porém o que se vê na
prática segundo Delaias e Madalena,

Algo que acho ruim nas igrejas pentecostais é o excesso de centralização, quer dizer
uma igreja, um ministério grande a qual eu pertenço. Toda uma multidão é
centralizada numa pessoa, [...] no pastor presidente. (Informação Verbal)5

4
Entrevista concedida por pseudônimo SADRAQUE. Entrevista III. [set. 2020]. Entrevistador: Marcelo
Sampaio. São Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta
monografia.
5
Entrevista concedida por pseudônimo DELAIAS E MADALENA. Entrevista IV. [set. 2020]. Entrevistador:
Marcelo Sampaio. São Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta
monografia.
10
É que tudo acaba-se afunilando para que o pastor tenha a última palavra e o papel dos
obreiros se limita a filtrarem as querelas e conduzir a ele, isto é, não possuem autonomia
decisória na gestão eclesiástica, nem a possibilidade de que se decida em conselho. Por outro
lado, segundo Paula (2013), é comum a passagem de bastão da liderança de igrejas de pai para
filho, criam-se assim “dinastias religiosas”. Fica evidenciado o excessivo poder dado a
liderança nas Assembleias de Deus que começa com estes exemplos, o que torna toda a igreja
impossibilitada de avançar em diversas questões, tais como burocráticas, revisão de sua
teologia, liturgia, atualização de credo, etc. O sistema episcopal tem esses entraves: a
concentração do poder.

3. SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Burnout, para Mendanha (2018, p.7), também conhecida como a


Síndrome do Esgotamento Profissional é definida como um estado físico e mental de profunda
extenuação, que se desenvolve em decorrência de exposição significativa à situações de alta
demanda emocional no ambiente de trabalho. O termo vem do inglês que significa “burn”
queimar e “out” fora ou até o fim. Pereira (2013) define como um esgotamento que queima até
o fim, até a exaustão, tem por padrão o sofrimento psíquico progressivo, consequência de um
desgaste orgânico, especialmente nas relações afetivas interpessoais no trabalho. De acordo
com este estudioso o termo foi usado cientificamente pela primeira vez, em 1953 através de um
estudo de caso publicado por Schwart & Will, foi a partir do trabalho desses autores que
descreveram o problema e o conjunto de sintomas e sinais de uma enfermeira que se sentia
frustrada com o trabalho que fazia. No entanto a grande maioria dos autores dão o crédito para
o psicólogo Freudenberg que em 1974, apresentou de maneira mundial o termo a comunidade
científica e as organizações.

Os precursores dos primeiros estudos sobre Burnout são, Maslach & Jackson, pois
criaram e desenvolveram os primeiros métodos de investigação e diagnósticos do Burnout,
Mendanha (2018. p. 10) define como, “cansaço físico e emocional que leva a uma perda de
motivação para o trabalho, o qual pode evoluir até o aparecimento de sentimentos de
inadequação e de fracasso”. O Maslach-Burn-out Inventory (MBI), foi validado como um
instrumento de mensuração a respeito da síndrome, que inclusive foi utilizado neste trabalho

11
com adaptação a realidade pastoral. Nos dias atuais a definição mais aceita - de acordo com
Mendanha - da síndrome de Burnout é justamente a teoria proposta por Marlasch.

A síndrome de interpessoais Burnout é um fenômeno psicossocial que ocorre como


resposta crônica aos estressores advindos da situação laboral, uma vez que o ambiente
de trabalho e sua organização podem ser responsáveis pelo sofrimento e desgaste que
acometem trabalhadores. (MENDANHA, 2018, p.10)

Ainda segundo estes autores Mendanha (2018, p.9), entre os sintomas o indivíduo pode
apresentar fadiga, irritabilidade, rigidez, inflexibilidade, aborrecimento, perda de motivação,
tristeza acentuada e sobrecarga de trabalho, ou seja, as pessoas com síndrome de burnout
apresentavam um misto de más escolhas e boas intenções. No Brasil a primeira publicação
aconteceu em 1987 e quem publicou foi o médico cardiologista Hudson Hubner França na
Revista Brasileira de Medicina. Da década de 90 em diante houve uma intensificação na busca
do estudo e pesquisa no meio acadêmico e científico sobre este fenômeno no Brasil.

O local de trabalho, hoje, é um ambiente frio, hostil, que exige muito, econômica e
psicologicamente. As pessoas estão emocional, física e espiritualmente exaustas. As
exigências diárias do trabalho, da família e de todo o resto corroem a energia e o
entusiasmo dos indivíduos. A alegria do sucesso e a emoção da conquista estão cada
vez mais difíceis de alcançar. A dedicação ao trabalho e o compromisso para com ele
estão a diminuir. As pessoas vão ficando descrentes, mantendo-se distantes e tentando
não se envolver demais. (MASLACH & LEITER, 1997, p 1 apud MENDANHA,
p.11)

Assim sendo o Burnout se caracteriza pelo excesso de atividade laborais que levam a
exaustão e compromete a vontade do indivíduo seguir as suas atividades, por ser de ordem
emocional, precisa ser diagnosticado por um profissional qualificado, pois pode ser confundido
com depressão ou estresse. (DOLGHE, 2018 apud CARLLOTO, 2002) destaca que o processo
de Burnout é individual e se intensifica ao longo do tempo, sua evolução pode levar anos e
normalmente não é percebida pelo indivíduo, que tende a negar a si próprio que apresenta
comportamentos, pensamentos e sentimentos que denotam a síndrome, o que dificulta a
intervenção precoce, pois o Burnout se instala lenta e progressivamente, com sintomas em
algumas situações difíceis de serem percebidos inicialmente, ou seja, muitas vezes quando a
pessoa busca ajuda já está em um nível avançado de esgotamento com um acúmulo de sintomas.

Dentre eles vemos o que Freudenberger e North (2006, Apud Mendanha, 2018, p.25)
chamaram de 12 estágios de esgotamento até se chegar ao Burnout, mesmo que nem todos os
sintomas estejam presentes, existe uma linearidade que pode iniciar com; a) Necessidade de
12
aprovação ou autoafirmação, aqui busca-se a perfeição, não pode cometer erros, existe uma
busca excessiva por excelência no próprio desempenho e uma necessidade de reconhecimento;
b) Dedicação excessiva, existe o desejo de atender as expectativas e uma dificuldade de
desligar-se do trabalho; c) Descaso com as próprias necessidades, o tempo está quase todo
voltado para o trabalho, a pessoa deixa de olhar para a sua própria qualidade de vida como lazer,
diversão, vida social, hobbies, alimentação adequada; d) Evitação de conflitos, para impedir
uma crise o indivíduo se esquiva de enfrentar conflitos, mesmo que a situação seja claramente
errada; e) Mudança de valores, o trabalho e a autoestima são os mais importantes; f) Intolerância
e julgamento com o próximo, o outro é visto como menos capaz, preguiçoso, sem disciplina,
pode se tornar agressivo com colegas de trabalho; g) Recolhimento, nesta fase o indivíduo gosta
mais de ficar sozinho, está voltado para si, se sente irritado, desanimado, o foco está apenas no
que é necessário, sente-se cansado. Pode-se recorrer ao uso de álcool e drogas como alívio do
estresse; h) Sentimentos de inutilidade, se evidencia uma mudança de comportamento, a apatia
é algo presente; i) Despersonalização, as atitudes são mecanizadas, automáticas, o indivíduo
sente-se desvalorizado, abre mão dos seus sonhos; j) Vazio interior, sensação que pode tentar
ser preenchido com compulsão alimentar, sexual ou mesmo drogas e álcool; k) Depressão,
sentimento de desesperança, perda de sentido da vida, cansaço físico e emocional; l) E por fim
a síndrome do esgotamento profissional, quando o corpo entra em colapso físico e psíquico,
com ou sem ideação suicida.

As manifestações sintomáticas da Síndrome de Burnout ocorrem na dimensão física,


psíquica e comportamental, Pereira (2013) explica que sintoma é a união entre duas coisas
chamadas de o “significante” (por exemplo, falta de apetite que é a queixa) e o real “significado”
(por exemplo, a decepção), toda vez que adoecemos, produzimos a dor do corpo e a dor da
alma, neste sentido, o indivíduo pode manifestar: alteração no apetite, dores de cabeça,
distúrbios no sono, imunossupressão, taquicardia, passar por desorientação, dificuldade de
concentra-se, mudança brusca de humor, pensamentos mais lentos até absenteísmo, apatia,
agressividade, desejo de morte, impaciência, isolamento, conformismo, perda de interesse no
trabalho, entre outras é o que explica Benevides (2002). Estes e outros sintomas vão além das
palavras, pois o indivíduo muitas vezes não consegue nomear o seu sofrimento ou o
“significado” daquilo que sente no corpo ou na alma (emoções).

Uma vez diagnosticado, um ponto importante diz respeito a depressão e aos sintomas
de estresse que quase sempre acompanha esta síndrome e muitas vezes dificulta o seu

13
diagnóstico, por ter sintomas parecidos, inclusive Pereira (2013) explica sobre a visão da
psicanálise – foi criada por Freud é um campo clínico de investigação teórica da psique humana
independente da Psicologia, - a respeito disso:

A psicanálise tem leituras que vão além do dito e são da ordem do mistério, isto é,
algo que aconteceu no corpo do trabalhador, no sistema nervoso ou na sua alma que
ele não sabe explicar, não entende, fugiu da sua alçada de compreensão. Então quando
se usa o termo sintoma, é preciso ouvir as palavras insônia e dor de cabeça como signo
e sinal e saber que isso vai bater em outra porta, passar do biológico ou anatômico
para o psiquismo, em forma de irritabilidade, auto agressividade, depressão – que é o
sintoma. (PEREIRA, 2013, p. 41)

Ou seja, mesmo quando o indivíduo procura ajuda médica, ele vai tratar os sintomas e
não a causa real, o que na psicologia - ciência que estuda e analisa o comportamento e os
processos mentais de cada indivíduo, assim como grupos socais, em diferentes situações - se
chama de sintomas manifestos, mas o que precisa realmente é ir atrás do que está latente, ou
seja o não dito. No caso do Burnout, Cordeiro (2011), um pastor americano conta a sua
experiência e faz uma analogia do Burnout com o tanque vazio de um carro, ele diz que é como
se o combustível do carro acabasse e você continuasse a andar com ele no vermelho, quando o
seu corpo começa a dar sinais e a pessoa não presta atenção a luz vermelho piscando até entrar
em colapso, quando o carro para completamente por falta de combustível, a exemplo do pastor
Josué que diz,

Chego a dizer que já fiquei várias vezes, por meses, 2, 3, 4 meses sem um dia de folga.
Férias, eu levei pouco mais de uma década de envolvimento no ministério pastoral
para tirar com a família 10 dias de férias e nem chegou a isso... De tempos em tempos,
a gente pensa que precisa de um dia de descanso absoluto, mas eu não tenho
vivenciado isso, a menos que sejam os dias que beiram a exaustão em que o corpo
para mesmo e você mal consegue levantar da cama para comer alguma coisa, usar o
banheiro e deitar novamente. (Informação verbal) 6

Ao pensar naquilo que se esgota, só pode ocorrer quando não há o reabastecimento do


que está por acabar, quando remete-se ao emocional, não poderia ser diferente, uma vez que
para se evitar a exaustão, faz-se necessário o olhar cuidadoso para si, o autocuidado e o
autoconhecimento, é necessário saber os limites do seu corpo e das suas emoções, ou a
possibilidade de desenvolver esta ou outras síndromes faz-se evidente.

6
Entrevista concedida por pseudônimo JOSUÉ. Entrevista V. [set. 2020]. Entrevistadora: Diane Silva de Paula.
São Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta monografia.
14
4. PERSPECTIVA DO ESGOTAMENTO HUMANO NA BÍBLIA

Ao mencionar o esgotamento humano, um assunto tão pertinente e existente em nossos


dias, podemos buscar referências na Bíblia de homens que, possivelmente, sofreram com essa
doença, ou seja demonstraram na sua fala o esgotamento físico, psíquico e/ou emocional.
Possivelmente esta doença já existia antes da década de 70, segundo a Bíblia Deus é o nosso
criador, (BÍBLIA, Gênesis 1,26) “E criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o
criou; macho e fêmea os criou”, este livro não escondeu nas suas páginas a possibilidade de
haver o esgotamento humano desde aquele tempo primitivo, ao contrário há indícios das
fragilidades humanas, o ser introspecto da sua criação, alguns personagens por exemplo
Moisés, Elias, Jonas e os discípulos de Jesus, podem ter sido acometidos com o esgotamento,
por conta de elementos como seu trabalho, gestão, demandas do povo, etc.

A seguir discursaremos sobre alguns destes personagens - de acordo com a narrativa


bíblica - para clarificar alguns pontos de intercessão que demonstram o indício de que eles
podem ter apresentado algum estágio de esgotamento.

4.1 Moisés

Moisés é um homem que Deus chamou para uma missão, libertar e liderar o povo de
Israel rumo a terra prometida, porém o que Moisés não imaginava era a carga emocional,
psíquica e física que ele teria diante dos desafios, além de sua falta de experiência como líder,
o que possivelmente o levara ao esgotamento, e quiçá ao estado depressivo. Exemplificaremos
a seguir em certa feita Jetro ao ir visitar Moisés reparou como ele lidava com o povo e disse:

Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto, que
tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde
a manhã até à tarde? O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes.
Totalmente desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo; porque este
negócio é mui difícil para ti; tu só não o podes fazer. Ouve agora a minha voz; eu te
aconselharei, e Deus será contigo. Sê tu pelo povo diante de Deus e leva tu as coisas
a Deus; e declara-lhes os estatutos e as leis e faze-lhes saber o caminho em que deve
andar e a obra que devem fazer. E tu, dentre todo o povo, procura homem capazes,
tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles
por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez; para
15
que julguem este povo em todo o tempo, e seja que todo negócio grave tragam a ti,
mas todo negócio pequeno eles o julguem; assim, a ti mesmo te aliviarás da carga, e
eles a levaram contigo. (BÍBLIA, Êxodo 18.13,14, 17-22).

Primeiro ponto abordado por Jetro ao observar seu genro é de que a carga toda estava
sobre seus ombros e seria impossível Moisés suportar por muito tempo essa situação tanto ele
como o povo, a gestão de Moisés precisava ser compartilhada. Muitos líderes hoje centralizam
as demandas da igreja em si, tais decisões comportamentais podem fazer com que este gestor
entre em colapso psíquico com o passar dos anos.

Alguns movidos pela empolgação e inexperiência do início de suas carreiras como líder
eclesiástico, negligenciam o autocuidado e não se atentam a proporcionalidade entre o
crescimento orgânico da igreja e a descentralização do poder, ou seja, é preciso ter mais pessoas
para ajudar na administração e condução dos liderados. Moisés, mesmo após o conselho de
Jetro vivenciou isso com o passar dos anos, pois o povo no deserto se multiplicou e frente a isso
a responsabilidade, a carga e os problemas que continuamente chegavam até Moises, assim
como as muitas reclamações do povo insatisfeito com as condições em que se encontravam,
durante a peregrinação estas demandas podem gerar no líder desânimo, estresse e levar ao
esgotamento.

E disseram a Moisés; não havia sepulcros no Egito, para nos tirares de lá, para que
morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, que nos tem tirado do Egito? E toda
congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto.
(BÍBLIA, Êxodo, 16, 2).

O emocional de Moisés não suporta a demanda que vem do povo e com ira ele golpeia
uma rocha, “Eu sozinho não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim”
(BÍBLIA, Números 11,14) ao reconhecer que estava pesado, Moisés demonstra exaustão frente
a excessiva carga laboral que a sua posição diante daquelas pessoas exigia, a agressividade,
como dito anteriormente é uma evidência da intolerância diante da situação conflituosa. “E, se
assim fazes comigo, mata-me, eu te peço, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes
ver o meu mal.” (BÍBLIA, Números 11,15). Dentro dos 12 estágios citados anteriormente pode-
se identificar em Moises alguns como: necessidade de aprovação das pessoas e de Deus,
dedicação excessiva, recolhimento, pois ele chegou a ficar 40 dias sozinho no monte,
intolerância, sentimento de inutilidade e a despersonalização, neste ponto ele considera a morte

16
como uma saída para acabar com o seu sofrimento interno que o levaram a uma possível
exaustão.

4.2 Profeta Elias

Elias é considerado profeta na narrativa bíblica, um tipo de vidente, que tinha um


relacionamento direto com Deus, ainda assim observaremos, como certas circunstâncias podem
afetar nossa vida e causar uma tristeza tão profunda que pode nos levar ao desespero e desejo
pela morte. Segundo Bigardi (2019), a história deste homem, nos traz uma riqueza imensurável
em detalhes do momento mais difícil em sua vida, nascido numa cidade de poucos moradores
chamada Gileade que ficava além do rio Jordão. A sua missão consistiu em exortar uma nação
corrompida pela idolatria, Elias precisava convencer o povo de Israel que adorasse apenas ao
seu Deus e desprezasse o deus Baal. “Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: até quando
coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se Baal, segui-o.” (1 REIS, 18,
21).

No momento do auge de sua fama, quando as atenções estavam voltadas para si, o fato
dele ser o único profeta israelita naquele momento lhe parece interessante, a ponto de lhe
assegurar que toda a palavra oriunda de outros profetas, convocados pelo rei Acabe, não se
cumpriu, o que levou inclusive Elias a debochar da inútil insistência dos profetas de Baal em
não haver nenhuma resposta externa do seu deus Baal, nem de qualquer outro fenômeno
sobrenatural, conforme lemos no texto bíblico

E sucedeu que ao meio-dia Elias zombava deles e dizia: Clamai em altas vozes,
porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que
fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e despertará. (BÍBLIA,
1 Reis 18, 27).

A narrativa diz que Baal não fez nada e quando Elias orou ao seu Deus foi respondido,
no entanto Jezabel, a esposa do rei Acabe o ameaçou e disse que lhe mataria em 24 horas, Elias
fugiu da situação problemática e pode ter se sentido tão abatido moralmente que passa a se
isolar, ele chegou a pedir a morte, “E ele disse: tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos

17
Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e
mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só” (BÍBLIA, 1 Reis, 19, 10 ).

Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses,


e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um
deles. O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a
Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo. Ele, porém, foi ao deserto, caminho de
um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta,
ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. (BÍBLIA,
1 Reis 19, 2, 4).

Sabe-se que atualmente existem líderes que assim como Elias desfrutam do sucesso
ministerial, no entanto se sentem solitários em sua jornada e por conta disso acumulam funções,
sem perceber que a exaustão física e emocional pode se instalar sutilmente, uma vez que a
jornada de um líder espiritual dificilmente será bem sucedida sozinho.

5. DESAFIOS DA PRÁTICA PASTORAL

No presente século, muitos são os desafios dos (as) pastores (as), o capitalismo
introduzido em nosso meio, os avanços da ciência, a modernidade, as tecnologias são fatores
que contribuem para altos níveis de estresse, corroboram para que o/a pastor (a) descanse
menos. Cordeiro (2011) diz que serotonina é um hormônio produzido durante o momento de
descanso, responsável pela sensação de bem-estar, ao longo do dia é liberada no nosso
organismo, na sua falta a adrenalina a substitui, no entanto, esta última se em níveis altos e por
tempo prolongado causará danos ao nosso corpo.

Bigardi (2019) refere uma matéria de 2017 sobre uma pesquisa em que o Brasil detinha
a maior taxa de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo e que de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), as estimativas mostraram que 9,3% dos brasileiros tem
algum transtorno de ansiedade. A competitividade instalada em muitos setores da sociedade,
inclusive no governo da igreja, pode contribuir para uma nação doente, depressiva, ansiosa.

Os pastores(as) e líderes cada vez mais se encontram submergidos nas diversas


atividades da igreja, nas dificuldades da comunidade, liturgia e metas estabelecidos pelos seus
superiores. Muitos(as) iniciam suas carreiras pastorais com o sonho de crescimento, de serem

18
o melhor no que faz, porém com a extensa jornada e atribuições algumas áreas da vida ficam
em segundo plano, a exemplo do convívio familiar e social, os sonhos pessoais com o tempo se
tornam frustrações por serem metas não alcançadas o pastor Esdras discursa sobre isso:
“Infelizmente eu não consegui cumprir ou estar cumprindo o que eu planejei para minha vida
pessoal e para minha vida ministerial, hoje com 53 anos eu esperava estar bem melhor do que
eu estou e na vida ministerial, também eu acho que poderia estar um pouquinho melhor...”
Smith descreve a pessoa esgotada,

Alguém que está num estado de fadiga ou frustração em consequência de sua devoção
a uma causa, coisas que não lhe trouxeram a recompensa esperada. A pessoa – homem
ou mulher – que não se esforça para atingir o topo, jamais sofrerá desse mal, nunca se
queimará. Isso só ocorre com pessoas que almejam o melhor. (FREUDENBERGER,
1974 apud SMITH, 1991, p 9).

Ao fazer a analogia com o carro, Cordeiro (2011) enfatiza que com a negligência na
estrada muitos se encontram como um carro parado no acostamento com o motor
superaquecido, pois não foram feitas as devidas manutenções e paradas necessárias. É preciso
haver uma reflexão, encontrar os gatilhos que o levaram ao estado de colapso, para então
reestruturar o modo de vida. Dentre os desafios pastorais de tradição assembleiana as respostas
sobre o preparo para se tornar pastor de igreja foi unânime, não houve preparo algum, um
entrevistado pastor Esdras7, chega ser enfático em sua resposta:

Costumo dizer que nas assembleias de Deus eu não conheço ninguém [...] nenhum e
eu conheço alguns pastores, alguns obreiros, não conheço nenhum que tenha recebido
sequer um mínimo de instrução adequada, específica para o ofício pastoral, os relatos
da assembleia de Deus principalmente é pegar aquele obreiro, aquele diácono, aquele
que tem feito um bom trabalho nas suas respectivas funções e tem de certa forma um
perfil , para o ministério pastoral, não acredito que todas as vezes é levado em conta
o chamado para o ofício pastoral, enfim, pegam esse obreiro e colocam ele para dirigir
igreja, sem ele nunca ter recebido uma instrução. (Informação Verbal)

A falta de preparo traz para o pastor desafios de lidar com demandas que ele não se
sente preparado, pois na maioria das vezes, nunca teve contato com certos tipos de problemas
desde o mais simples até os mais complexos, no que diz respeito ao próximo. Outro ponto de
desgaste emocional são as mudanças repentinas da liderança da igreja local, os autores deste

7
Entrevista concedida por pseudônimo ESDRAS. Entrevista V. [set. 2020]. Entrevistadora: Diane Silva de
Paula. São Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta
monografia.
19
trabalho questionaram como acontecem, quantas vezes foram alocados para outro lugar e como
era isso para eles, muitos disseram que é complicado, dolorido, um pastor em um trecho de sua
resposta relatou: “...a situação da mudança, a primeira congregação que nós pastoreamos, a
saída foi extremamente abrupta e de certa forma um pouco traumática.” A missionária Raquel8
que pastoreia junto ao seu marido desabafou:

“...é bem difícil. O problema da gente é quando abraçamos uma causa,


fazemos de verdade, isso gera inclusive um desgaste na gente. De repente a quebra do
vínculo é muito a seco, eu acho difícil, você está aqui hoje e fica sabendo que amanhã
estará em outro lugar.” (Informação Verbal)

O modelo de gestão episcopal estabelecido nas Assembleias de Deus, tende a gerar nos
líderes algum nível de angústia ao serem notificados sem aviso prévio da mudança, pois laços
e vínculos são quebrados sem a oportunidade de fechar o ciclo com a comunidade. Realizações
e esforços do líder são deixados para traz, para que o próximo dê continuidade, isso pode gerar
no líder um sentimento de perda.

Queixas como desvalorização, baixa remuneração, ausência de assistência médica,


psicológica, desconhecimento de mentorias ou ajuda mútua entre pastores, foram comuns entre
os entrevistados, um deles relatou que: “...a valorização ministerial do pastor, seja ela na
formação, seja ela no cuidado dele e da sua família, ele estaria tempo integral para a obra de
Deus, para o ministério. Então eu acho que o pastor deveria ser assalariado...” O pastor Carlos
foi enfático ao declarar: “Eu procuraria colocar uns conselheiros para todos os pastores para dar
atenção os pastores, para cuidar exatamente de saúde médica, ter uma questão de convênio
médico para atender os pastores em todos os sentidos. Psicológico, de saúde, de tudo, daria
maior atenção, teria um cuidado mais especial na classe dos pastores...” O pastor Roboão
enfatizou: “...eu não recebo ajuda financeira, a não ser os 15% de tudo que a igreja arrecada no
mês, mas para quem vai quase todo dia para a obra, o combustível já é tirado daqueles 15%, e
fora isso não temos outro auxílio, outra ajuda, se eu hoje tivesse um salário de R$ 1.500,00 só
para ficar na obra já não precisaria do trabalho secular...”

8
Entrevista concedida por pseudônimo RAQUEL. Entrevista VI. [set. 2020]. Entrevistadora: Diane Silva de
Paula. São Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta
monografia.
20
Para sustentar suas famílias alguns precisam do trabalho secular, o que abona ainda mais
do seu tempo e dedicação, boa parte dele é dedicado para a demanda da igreja, deste modo a
maioria dos entrevistados não tem férias em família, não costumam tirar um tempo de reclusão
para descansar, se divertir, ter momentos de descontração e lazer ou mesmo vida social. O
Pastor Esdras relatou que além do trabalho secular ele se dedica 100% ao ministério pastoral,
inclusive quando está no trabalho, responde membros da igreja através da rede social pontuou
o seguinte: “A igreja na verdade, o tempo que ela toma é integral, qualquer hora que alguém
me ligar eu estou à disposição, na verdade quem está no ministério não tem tempo livre, é 100%
do tempo, obviamente resguardada ai a condição horário de trabalho, horário do sono, um
passeio...” No discurso do pastor Esdras9 observa-se algum nível de desgaste:

Eu acho que para a igreja em si, acaba ficando o melhor tempo dependendo da
necessidade da igreja. Eu não tenho muito essa questão do hobby e da família em si,
eu sou praticamente focado no ministério, mas eu tenho me policiado nesse sentido.
Minha dedicação é mais focada ao ministério, tenho também o meu trabalho secular.
(Informação verbal)

Ao declarar que tem se policiado podemos inferir um possível questionamento deste


pastor, pois na sua fala subentende-se que a dedicação a si e a sua família é quase inexistente.
O pastor Jacó e a missionária Raquel reconhecem que não dão conta de equilibrar o tempo: “a
gente erra muito nessa divisão de tempo. A gente acaba deixando o ministério absorver muito
tempo da nossa vida. O trabalho demanda 1/3 do tempo, tem o deslocamento. Sobra 8 horas
para dividir entre igreja e descanso, no fim a gente dorme pouco. Estamos muito comprometidos
na questão do físico. Não temos hobby e nem tempo para assistirmos um filme, por exemplo.”
Já para a Raquel, “...para a igreja é praticamente 70%, mesmo tendo o trabalho secular, parece
que você fica conectado na igreja, você recebe ligações. Tivemos que separar um dia com a
família, agora lazer não tem. A visão do nosso ministério é complicada para os pastores, a gente
se sente muito pressionado com relação a isso...”

Percebe-se que além da falta de tempo, se sente pressionado a estar disponíveis em


tempo integral, o que pode acarretar a despersonalização do humano, pois é nítida a sensação
da incorporação do “ser pastor” em todos os momentos da vida, a declaração do pastor Jessé

9
Entrevista concedida por pseudônimo ESDRAS. Entrevista VI. [set. 2020]. Entrevistadora: Diane Silva de
Paula. São Paulo, 2020. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista encontra-se transcrita no Anexo desta
monografia.
21
evidencia isso “com relação a vida social, é difícil porque mesmo quando as pessoas nos
convidam para uma festa de aniversário, você vai lá para participar de uma festa, de um
churrasco, mas eles não vão escolher outra pessoa para fazer uma oração, então é difícil ter uma
vida social, dissociada do ministério pastoral...”. A rigor à dificuldade de separar vida secular
e vida eclesiástica, afinal ao próprio pastor (a), se torna difícil esta descaracterização, pois
reprime a sua liberdade existencial e fica marcado pelo seu ofício.

Os autores utilizaram-se dos métodos de pesquisa qualitativa, pesquisa bibliográfica e


entrevistas semiestruturadas para nortear o trabalho para a coleta de dados, foi realizado contato
com os pastores que fizeram a entrevista via telefone, presencial foi disponibilizado o
questionário on-line tanto para estes quanto para que os demais pastores pudessem responder.
Foram realizadas entrevistas via telefone e presencial com 13 líderes, todos residentes no Estado
de São Paulo.

O Maslach Burn-out Inventory (MBI), foi criado por Maslach e Jackson em 1978, é uma
das ferramentas mais utilizadas por profissionais da saúde para ajudar a diagnosticar a Síndrome
de Burnout, ele é composto por 22 perguntas que diz respeito a frequência que acontece à
situação proposta nele que diz respeito a algumas características da exaustão emocional (EE),
despersonalização (DE) e falta de realização pessoal (RP). É realizado em escala ordinal do tipo
Likert que vai de 1 a 7: 1-nunca, 2-algumas vezes por ano, 3-uma vez por mês, 4-algumas vezes
por mês, 5-uma vez por semana, 6-algumas vezes por semanas e 7-todos os dias. Este
instrumento é validado no Brasil. Segundo Benevides-Pereira (2002) “Considera-se em
Burnout uma pessoa que revele altas pontuações em EE e DE, associadas a baixos valores em
RP”

Os resultados referem-se de acordo com as seguintes pontuações: Grau de exaustão do


EE: menor que 17 é considerado baixo, 18-29 moderado, maior que 30 é visto como elevado.
Grau de exaustão da DE: menor que 5 é considerado baixo, entre 6-11 moderado e maior que
12 é elevado. Por fim, grau de exaustão de RP: maior que 40 é baixo, entre 34-39 moderado e
menor que 36 considera-se elevado.

22
6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

6.1 Participantes

A amostra on-line se constituiu-se de 55 pastores, dos quais 57 estão no exercício


pastoral até a presente data. A faixa etária variou entre 35 e 70 anos e o tempo de exercício
pastoral contínuo entre 7 a 25 anos.

Os membros também responderam um questionário on-line sobre como ele enxerga o


seu pastor e como sente que o seu líder o trata. Foram 76 respostas, a faixa etária na sua maioria
foi entre 21 e 60 anos.

6.2 Instrumentos

Como dito anteriormente, os autores utilizaram-se de entrevista pessoal com os pastores,


questionário online com os membros, assim como as perguntas do Inventário de Maslash foram
adaptadas a realidade pastoral, divididos nas três dimensões de acordo com as questões que
segue abaixo.

6 Algumas
2 Algumas 3 Uma vez por 4 Algumas 5 Uma vez por 7 Todos os
1 Nunca vezes por ano mês vezes por mês semana
vezes por
dias
semana
№ Exaustão Emocional 0 1 2 3 4 5 6
4 Me sinto emocionalmente vazio(a) ou esgotado(a).
Me sinto no limite de minhas forças ao fim de cada dia de trabalho ministerial
5
e/ou evento em minha congregação.
Me sinto cansado(a) quando me levanto pela manhã e tenho que enfrentar
6
mais um dia.
9 Trabalhar com pessoas durante todo o dia exige muito esforço.
11 Meu trabalho na congregação me deixa exausto(a).
16 Me sinto frustrado(a) com meu ministério pastoral.
17 Sinto que o meu trabalho pastoral é demasiadamente pesado.
19 Trabalhar diretamente com pessoas, me deixa estressado(a).
23 Me sinto no limite de minhas possibilidades a nível ministerial.

23
№ Despersonalização 0 1 2 3 4 5 6
Sinto que trato alguns membros da congregação de forma impessoal, isto é,
8
sem a devida atenção e cuidado.
Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que iniciei o
13
ministério pastoral.
Me preocupa o fato de que desde o início de meu ministério pastoral, tenho
14
me tornado emocionalmente mais duro(a).
Não me preocupo verdadeiramente com o que acontece com alguns membros
18
de minha congregação.
Quando penso no meu ministério, vejo que realizei muitas coisas que valeram
25
a pena.

№ Realização pessoal no trabalho 0 1 2 3 4 5 6


7 Posso facilmente entender o que membros de minha congregação sentem.
Me empenho eficazmente nos problemas dos membros de minha
10
congregação.
Sinto que influencio positivamente na vida dos membros de minha
12
congregação.

15 Me sinto com muita energia.

Consigo facilmente criar um ambiente descontraído com as pessoas de minha


20
congregação.
Me sinto rejuvenescido (a) quando consigo estabelecer uma relação próxima
21
com os membros de minha congregação.

22 Sinto que as pessoas me culpam de algum modo por seus problemas.

Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais em minha


24
congregação.
Consigo facilmente criar um ambiente descontraído com as pessoas de minha
20
congregação.
Me sinto rejuvenescido (a) quando consigo estabelecer uma relação próxima
21
com os membros de minha congregação.

22 Sinto que as pessoas me culpam de algum modo por seus problemas.

Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais em minha


24
congregação.

24
7. RESULTADOS

1. Atualmente exerce a função de pastor(a), independente de seu título ministerial seja


este diácono, presbítero, evangelista, bispo?

Figura 1 - Ofício de pastor.

Fonte: Os Autores (2020).

2. Qual tradição pertence a sua denominação?

Figura 2 - Denominação

Fonte: Os Autores (2020)

25
3. Qual seu sexo?

Figura 3 - Gênero.

Fonte: Os Autores (2020).

4. Me sinto emocionalmente vazio(a) ou esgotado(a).

4.1 - Você diria que seu pastor está emocionalmente vazio e/ou esgotado?

Figura 4 – Pastor vazio e esgotado. Figura 4.1 – Como o membro percebe o seu pastor

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

26
5. Me sinto no limite de minhas forças ao fim de cada dia de trabalho ministerial e/ou
evento em minha congregação.

Figura 5 – Pastor no limite e forças.

Fonte: Os Autores (2020).

6. Me sinto cansado(a) quando me levanto pela manhã e tenho que enfrentar mais um
dia

Figura 6 – Pastor cansado pela manhã.

Fonte: Os Autores (2020).

27
7. Posso facilmente entender o que membros de minha congregação sentem.

7.1 Na sua opinião o seu pastor compreende o que você sente?

Figura 7 – Pastor entende os membros. Figura 7.1 – Membro se sente compreendido.

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

8. Sinto que trato alguns membros da congregação de forma impessoal, isto é, sem a
devida atenção e cuidado.

8.1 Você acha que o seu pastor trata alguns membros da congregação de forma
impessoal, isto é, sem a devida atenção e cuidado.

Figura 8 – Pastor trata o membro impessoal. Figura 8.1 - O pastor trata me de forma impessoal

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

28
9. Trabalhar com pessoas durante todo o dia exige muito esforço.

Figura 9 – Pastor esforço com pessoas.

Fonte: Os Autores (2020).

10. Me empenho eficazmente nos problemas dos membros de minha congregação.

10.1 O seu pastor se empenha nos problemas dos membros de sua congregação?

Figura 10 – Pastor se Empenha. Figura 10.1 - Seu pastor se empenha nos meus problemas

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

29
11. Meu trabalho na congregação me deixa exausto(a).

Figura 11 - Pastor Trabalho exausto.

Fonte: Os Autores (2020).

12. Sinto que influencio positivamente na vida dos membros de minha congregação.

12.1 Você sente que seu pastor influencia positivamente na vida dos membros.

Figura 12 – Pastor Influência. Figura 12.1 – Percepção do membro influencia.

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

30
13. Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que iniciei o ministério
pastoral.

Figura 13 - Tornar-se insensível

Fonte: Os Autores (2020).

14. Me preocupa o fato de que desde o início de meu ministério pastoral, tenho me
tornado emocionalmente mais duro(a).

Figura 14 - Preocupação com emocional.

Fonte: Os Autores (2020).

31
15. Me sinto com muita energia.

Figura 15 – Pastor se sente com energia

Fonte: Os Autores (2020).

16. Me sinto frustrado(a) com meu ministério pastoral.

Figura 16 – Pastor Frustrado.

Fonte: Os Autores (2020).

32
17. Sinto que o meu trabalho pastoral é demasiadamente pesado.

Figura 17 - Peso do pastorado.

Fonte: Os Autores (2020).

18. Não me preocupo verdadeiramente com o que acontece com alguns membros de
minha congregação.

Figura 18 – Preocupação com a membresia.

Fonte: Os Autores (2020).

33
19. Trabalhar diretamente com pessoas, me deixa estressado(a).

Figura 19 – Pastor com pessoas e estresse.

Fonte: Os Autores (2020).

20. Consigo facilmente criar um ambiente descontraído com as pessoas de minha


congregação.

20.1 O seu pastor consegue facilmente criar um ambiente descontraído com as


pessoas de sua congregação?

Figura 20 - Ambiente descontraído. Figura 20.1 – Seu Pastor gera um ambiente descontraído.

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

34
21 - Me sinto rejuvenescido (a) quando consigo estabelecer uma relação próxima com
os membros de minha congregação.

Figura 21- Rejuvenescido na relação.

Fonte: Os Autores (2020).

22. Sinto que as pessoas me culpam de algum modo por seus problemas.

22.1 Você acredita que seu pastor se sente de algum modo culpado pelos
problemas que os membros enfrentam?

Figura 22 – Pastor os membros me culpam. Figura 22.1 - O seu pastor se sente culpado.

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

35
23. Me sinto no limite de minhas possibilidades a nível ministerial.

Figura 23- Limite das possibilidades.

Fonte: Os Autores (2020).

24. Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais em minha
congregação.

24.1 Você sente que seu pastor sabe tratar de forma adequada os problemas
emocionais em sua congregação?

Figura 24 – Pastor tratando com emoções. Figura 24.1 – O membro vê seu pastor com emoções

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

36
25. Quando penso no meu ministério, vejo que realizei muitas coisas que valeram a
pena.

25.1 - Você acredita que seu líder se sente realizado como pastor?

Figura 25- Pastor Realizações. Figura 25.1 - O membro vê o pastor realizado.

Fonte: Os Autores (2020). Fonte: Os Autores (2020).

26. Qual o período de descanso você acha adequado para o seu pastor?

Figura 26 – Período de descanso.

Fonte: Os Autores (2020).

37
27. Atualmente seu pastor tira férias no ano?

Figura 27 – Férias do pastor hoje.

Fonte: Os Autores (2020).

38
8. ANÁLISE DE DADOS DO INVENTÁRIO DE MASLASH

Tabela 1 - Despersonalização pastores

NÍVEIS PASTORES AMOSTRA


< 5 Baixo 7 10,9%
6 a 11 Moderado 37 57,8%
12 > Elevado 20 31,3%
TOTAL 64 100%
Fonte: Autores.

Tabela 2 - Realização pessoal pastores

NÍVEIS PASTORES AMOSTRA


> 40 Baixo 12 18,8%
37 a 39 Moderado 7 10,9%
36 < Elevado 45 70,3%
TOTAL 64 100%
Fonte: Autores.

Tabela 3 - Esgotamento emocional pastores

NÍVEIS PASTORES AMOSTRA


< 17 Baixo 43 67,2%
18 a 29 Moderado 17 26,6%
30 > Elevado 4 6,3%
TOTAL 64 100%
Fonte: Autores.

De acordo com o estudo acima, nas respostas dos pastores no critério da dimensão da
Despersonalização a média total ficou em 11,23 considerado moderado. Realização Pessoal, a
média total resultou em 33,44, considerado baixo. O Esgotamento Emocional a média total
ficou em 17,2 considerado baixo.

Quando analisada a relação entre as dimensões de burnout dentro do modelo de gestão


episcopal assembleiano, não encontramos associação significativa, porém vale ressaltar que
através dos indicadores obtidos, podemos inferir que há uma cobrança excessiva por parte dos

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pastores, principalmente ao que diz respeito a entender o que os membros sentem, pois 27,6%
se sentem compreendidos pelo seu líder, contra apenas 20% dos pastores que responderam
entender o que seus membros sentem, a contradição ou a autocobrança faz-se justamente
quando ele se vê diferente de como os outros enxergam eles.

Outro dado refere-se ao seu empenho nos problemas dos seus liderados, 20% dos
pastores acreditam fazer isso diariamente enquanto 47,4% dos membros, pode-se inferir que é
mais uma autocobrança destes líderes e por último, diz-se de tratar de forma adequada os
problemas emocionais dos membros, 59,2% disseram que seus pastores tratam de forma
adequada o seus problemas emocionais, contra apenas 27,3% dos pastores que acreditam tratar
de forma adequada, aqui cabe algumas considerações, a visão que o líder tem de si, tanto do
seu preparo para estar à frente de pessoas, quanto a sua capacidade de acolhimento da dor alheia,
precisa ser observado. A cobrança por parte dos líderes é maior do que daqueles que estão em
sujeição a sua liderança, seja porque ele se sente despreparado para estar diante do outro e
acolher as suas questões ou porque realmente falta este preparo em capacitação, inclusive
científica. Sobre influenciar positivamente os membros 47,3% se vê deste modo, no entanto
61,8% dos membros responderam que o seu líder os influencia deste modo, mais uma vez
evidencia-se uma frustração e uma autocobrança por parte dos pastores.

Dos dados que realmente foram próximos, diz-se do ambiente descontraído que o líder
impõe no ambiente e que este não trata de forma impessoal os indivíduos que lhe cercam, assim
como a realização, tanto os líderes, quanto a organização percebem que o primeiro é realizado
em seu ofício, ainda que este sinta que pode mais, ele enxerga que conseguiu muitas coisas.
Um ponto importante a ser observado diz respeito a visão da igreja de perceber se o seu pastor
se sente vazio e esgotado, 42,1% diz que algumas vezes por ano nota seu líder assim, contra
63,6% dos pastores que relatam a mesma frequência neste dado, pode-se concluir que o pastor
não deixa com que a igreja realmente sinta o seu cansaço, principalmente porque ele está quase
que tempo integral disponível a quem precisar da sua ajuda, há quem sabe, uma despreocupação
com o seu próprio descanso e cuidado pessoal.

Para finalizar nas entrevistas dos 12 pastores, 5 relataram realmente tirar férias e se
ausentar do ofício pastoral, os demais relataram tirar férias do trabalho secular, no entanto não
conseguem se afastar initerruptamente dos serviços da igreja ou não gozam de férias desde que
entraram para o ministério pastoral. Entre os membros, 39,5% não sabem se seu pastor goza de
férias e 22,4% dizem que o seu líder não tira férias, os autores inferem que se os membros não
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sabem se o seu pastor tira férias é porque, talvez este não se ausente tempo suficiente para que
o membro perceba a sua falta. A ausência de descanso é um forte indício de que se pode chegar
a uma exaustão, como já dito neste trabalho o nosso corpo físico e emocional precisa repor as
energias.

Dentro do inventário de Maslash que adaptamos para a realidade pastoral, há uma


parcela que está em sofrimento, observa-se na dimensão da despersonalização o índice de
57,8% como moderado e 31,3% elevado, de acordo com Ferreira (2003) a despersonalização
“... consiste numa atitude fria e racional. Cria-se uma relação impessoal e desumanizada. O
vínculo afetivo é substituído por uma atitude racional.”. No entanto a dimensão da realização
pessoal no trabalho e esgotamento emocional estão com baixos índices, o que remete a um
provável senso de propósito de vida e de chamado vocacional, isto é, apesar dos desafios
impostos pelo ofício pastoral, prevalece a sensação de cumprimento do dever.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há evidências que os pastores de tradição assembleiana, precisam de um olhar mais


cauteloso sobre a sua saúde, bem estar e qualidade de vida e das relações interpessoais. Vale
ressaltar que o modelo episcopal assembleiano requer um apurado aperfeiçoamento pensado
preferencialmente sob uma perspectiva do pastor em conduzir de forma saudável os trabalhos
e não sobre as metas institucionais desconsiderando o fator humano, como percebe-se no
decorrer das entrevistas. O fato de as instituições não se atentarem para o cuidado do pastor tem
contribuído para a formação de um coletivo cansado e potencializado os quadros de exaustão.

Quanto ao modelo de gestão episcopal praticado nas Assembleias de Deus, através das
entrevistas realizadas e bibliografia correlata identificamos traços de autoritarismo, abuso de
poder, falta de comunicação. Por outro lado, ausência de autonomia, inexistência de uma
cultura do saber, a solidão, remuneração pífia, falta de período de descanso oficial, a não
assistência médica e psicológica, pressão por alcançar metas financeiras, o pastorado híbrido
em que o pastor tem que trabalhar e pastorear. Sugerimos um estudo mais profundo e
prologando sobre este recorte dentro do contexto religioso cristão, especificamente nesta
tradição das Assembleias de Deus para um maior aprofundamento do tema.

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REFERÊNCIAS

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São Paulo, Casa do Psicólogo, 2002.

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Rio de Janeiro. Thomaz Nelson Brasil, 2019

CARLOTTO, M. S.; CAMARA, S. G. Análise fatorial do Maslach Burnout Inventory (MBI)


em uma amostra de professores de instituições particulares. Psicol. Estud. Maringá, 2004.

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http://www.convencaobatista.com.br/siteNovo/. Acesso em: 17 out. 2020.

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42
ESWINE, Zack. A Depressão de Spurgeon: Esperança realista em meio à angústia.
Tradução de Translíteris. 1. ed. São José dos Campos: Fiel, 2015.

KOPESKA, M. O pastor na modernidade líquida: Como sobreviver a esta era e ter um


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MENDANHA, M.; BERNARDES, P.; SHIOZAWA, P. Desvendando o Burn-Out. Uma


análise interdisciplinar da Síndrome do Esgotamento Profissional. São Paulo. LTR. 2018.
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Elizabeth Gomes. 1. ed. São José dos Campos: Fiel, 2018.

PAULA, W.A.N.G. Assembleia de Deus avante vai !?. 2013. 205f. Dissertação (Mestrado em
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potential causes and preventive means. 2003. 142 f. Dissertação (Mestrado em 1. Ciências
Sociais e Religião 2. Literatura e Religião no Mundo Bíblico 3. Práxis Religiosa e Sociedade)
- Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2003.

SMITH, Malcolm. Esgotamento Espiritual. Tradução: Oswaldo Ramos. 2. Ed. São Paulo:
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no Brasil a partir de 1912. São Paulo: Recriar, 2020.

43
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em: http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apolog%C3%83%C2%A9tica-
crist%C3%83%C2%A3/231/suicidio-de-pastores-e-sindrome-de-burnout.html Acesso em
11/11/2020

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ANEXO

Modelo de Maslach Burnout Inventory (MBI), adaptado para a prática pastoral.

01. Atualmente exerce a função de pastor(a), independente de seu título ministerial seja
este diácono, presbítero, evangelista, bispo?

02. Qual tradição pertence a sua denominação?

03. Qual seu sexo?

04. Me sinto emocionalmente vazio(a) ou esgotado(a).

05. Me sinto no limite de minhas forças ao fim de cada dia de trabalho ministerial e/ou evento
em minha congregação.

06. Me sinto cansado(a) quando me levanto pela manhã e tenho que enfrentar mais um dia.

07. Posso facilmente entender o que membros de minha congregação sentem.

08. Sinto que trato alguns membros da congregação de forma impessoal, isto é, sem a devida
atenção e cuidado.

09. Trabalhar com pessoas durante todo o dia exige muito esforço.

10. Me empenho eficazmente nos problemas dos membros de minha congregação.

11. Meu trabalho na congregação me deixa exausto(a).

12. Sinto que influencio positivamente na vida dos membros de minha congregação.

13. Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que iniciei o ministério pastoral.

14. Me preocupa o fato de que desde o início de meu ministério pastoral, tenho me tornado
emocionalmente mais duro(a).

15. Me sinto com muita energia.

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16. Me sinto frustrado(a) com meu ministério pastoral.

17. Sinto que o meu trabalho pastoral é demasiadamente pesado.

18. Não me preocupo verdadeiramente com o que acontece com alguns membros de minha
congregação.

19. Trabalhar diretamente com pessoas, me deixa estressado(a).

20. Consigo facilmente criar um ambiente descontraído com as pessoas de minha congregação.

21. Me sinto rejuvenescido (a) quando consigo estabelecer uma relação próxima com os
membros de minha congregação.

22. Sinto que as pessoas me culpam de algum modo por seus problemas.

23. Me sinto no limite de minhas possibilidades a nível ministerial.

24. Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais em minha congregação.

25. Quando penso no meu ministério, vejo que realizei muitas coisas que valeram a pena.

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Roteiro de Entrevista Semiestruturada para Pastores de Tradição Assembleiana

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes? Como
é isso para você?

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e quais
você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro, relatórios...)

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em porcentagem,
por exemplo?

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos? Como
é a sua vida social?

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando iniciou o
ministério e agora?

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal, como
ministério?

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

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ANEXO A – Pastor André

Pastor André

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- A nossa trajetória, iniciou há 25 anos atrás, quando aceitei a Jesus no ano de 1995,
fomos sendo discipulados, crescendo na graça, no conhecimento, fomos discipulados, batizados
nas águas, fui levado a cooperador, depois levado ao diaconato, depois levado a presbítero.
Presbítero fui levado em 2008, primeiro de junho de 2008. Já estamos pastoreando há 12 anos
ininterruptos.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- Já mudamos 4 vezes de igreja. A saída e a chegada é sempre algo que as vezes foge da
nossa explicação. Acaba a gente chorando, se alegrando, enfim sempre despedida é muito
difícil, a gente pega carinho, pega amor, aquelas pessoas que te recepcionaram, te chamaram
para fazer parte da família delas indiretamente, as mudanças são sempre ruins, por outro lado
são boas também, porque as vezes tem um povo que está precisando de você e Deus direciona
a nossa direção para nos encaminhar as congregações.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)

- Olha essa última questão é muito fácil de responder, até porque assim, ser pastor não
é para qualquer um, ser pastor é chamada de Deus, não é eu querer ser pastor. Eu não gosto
quando perdemos membros. É basicamente isso que é ruim, que eu não gosto de exercer, é dar
baixa em um membro que saiu, que se desviou, que voltou por aquele caminho que ele andava.
A outra coisa ou o que eu gosto é tudo, eu gosto de fazer tudo, pregar, principalmente pregar,
eu amo pregar, elaborar um sermão, eu gosto de cantar, gosto de servir, gosto de visitar, gosto
de ir ao hospital, claro que é ruim, mas você se sente útil naquele momento por uma família que
está em desespero e particularmente já vimos muitos milagres de Deus acontecendo isso vai

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fazer com que a nossa fé venha se fortalecer a cada dia. Aconselhamento. É... você tem que ser
um pouco de psicólogo também, você tem que usar a psicologia e no curso que fazemos tanto
no básico, como médio, tem justamente uma matéria de psicologia pastoral que temos que saber
ouvir, saber aconselhar, orientar, porém tudo dentro da direção e orientação do Espírito Santo.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Estar preparado, você se prepara, mas no momento que você vai tomar posse, que você
vai exercer essa função, claro dá uma dor na barriga, você fica preocupado, mas contudo, nós
estávamos orando, buscando ao Senhor orientação, nos preparando teologicamente, para
justamente exercer não somente uma fala, uma escrita ou um sermão, mas também a questão
emocional também, familiar que é empenhada em toda essa área aí.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- O curso de capacitação nós fazemos. Você tem que ter no mínimo um curso básico,
para poder ai estar pastoreando, até porque você não pode expressar nada, que venha ir contra
é o evangelho, ou seja contra aquilo que você professa né, se torna uma heresia, então há curso
sim, curso básico em teologia, também hoje o mais avançado tem o médio em teologia e
também tem o bacharelado, estamos em estudo constante, temos a escola bíblica dominical,
tem essas capacitações, tem escola para obreiros e membros, tem esses cursos que participamos
sim.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

- Olha em relação também a saber lidar com a família, questão de porcentagem, na


verdade eu acredito que não tem uma porcentagem porque a maioria das coisas que fazemos
para o ministério é tudo é em família, o meu filho é músico, a minha esposa é líder das irmãs,
eu pastoreio, a minha filha canta nas crianças, então acaba tendo um conjunto ai, junto com a
família, há um tempo atrás eu trabalhava, agora tenho tempo integral para o ministério. Em
questão de viagem, de saída, nós fazemos sempre no começo do ano vamos dar uma viajada,
ou quando tem uma oportunidade também.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?


49
Respondido.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- As nossas necessidades, as nossas questões emocionais, nós colocamos diante de Deus,


em relação a algumas agonias, algumas aflições, que nós passamos, nos remete a entender e
nos dar, um acalento, nos dá um descanso que as nossas preocupações emocionais, físicas,
principalmente as emocionais, claro, nós colocamos diante do Senhor, porque se Ele não
acalentar o nosso coração... claro o conselho é muito bem-vindo, a psicologia claro, excelente,
mas se o Senhor não nos der um acalento para exercer esse ministério, que como eu disse para
você, é vocação, é chamada. A questão física, é as vezes a gente da aquela parada, aquela
descansada até para dar uma desligada desse mundo moderno, atualizado, que nós nos
encontramos nesse século 21. Então a gente acaba tendo essa necessidade mental, isso acaba
acarretando ao físico também, é claro que não tem como você exercer qualquer função, exercer
qualquer atividade, mas a gente tenta, de alguma forma exercitar não só a questão física, mas
também mental.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

- Nós comunicamos também algumas necessidades, além de Deus, nós temos um pastor
presidente, não é somente um pastor local, regional, mas também estadual, então nós colocamos
algumas necessidades que fogem do controle, um controle não só de poder resolver, de poder
ajudar, mas também de algumas questões que foge mesmo do controle, que você não tem o
domínio daquilo.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando iniciou
o ministério e agora?

- A diferença é de idade, quando eu assumi a primeira igreja, tínhamos o vigor de 33


anos e hoje estamos com 45, então querendo ou não, 12 anos já foram embora, passaram rápido,
a disposição temos, mas o corpo acaba impedindo de ter mais decisões, mais atitudes, mais
trabalhos, como eu disse são 12 anos pastoreando ininterruptamente.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

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- Os projetos e planos pessoais para ser bem sincero, acaba ficando em segundo plano
ou terceiro, porque quem pastoreia acaba se envolvendo tanto que acaba correndo atrás dos
objetivos da obra.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- As mudanças, eu tiraria todos os pastores do trabalho secular e deixaria integral, 100%


na obra de Deus, essa mudança eu acho que seria muito propícia, muito vantajosa, produtiva e
eu acredito que menos desgastante, porque nós temos pastores que trabalham tanto na vida
secular, quanto na vida ministerial, então acaba sendo desgastante mesmo, acaba desgastando
até o final, chega no final do ano, só Deus, então, muitas vezes você acaba ficando muito no
automático, então tem que tentar desligar um pouco, mas é difícil.

ANEXO B – Pastor Esdras

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- Desde que nasci meu pai já era evangélico e com isso, nós crescemos na igreja e
iniciamos liderando departamentos, liderando grupo de louvor, líder de mocidade local,
regional, líder de varões, ai assumimos uma igreja pequena, que nós denominamos de sub-
congregação ficamos por 7 anos e agora estamos nessa que é um pouquinho maior, por 4 anos
e 6 meses.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- A primeira igreja que dirigi era uma subcongregação, sai depois de 7 anos fui para
uma igreja maior, mas a gente se apega com as pessoas, lá tem pessoas que aceitou a Jesus
comigo, tem pessoas que, crianças que nasceram, crianças que se apegam, pessoas que
mudaram que gostaram da igreja, então isso a gente apega mesmo. Como a gente está envolvido
no dia a dia 100%, a gente consegue diluir isso mais rápido, mas a família que atua, até a família
se adaptar, isso dá um choque sim.

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3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)

- Na verdade todas as atividades eu me sinto bem, eu me sinto bem fazendo, todas, sem
exceção, a que eu menos gosto na verdade é a questão financeira, falar de oferta no culto, fazer
campanhas financeiras, eu tenho dificuldade, a assembleia de Deus não tem o foco principal na
questão financeira, então a gente acaba que tendo dificuldade. As demais todas, não tenho
nenhuma objeção não, aconselhamento, gosto muito de aconselhar, receber pessoas, e tem uma
outra também, a questão de ficar indo nas casas, eu não gosto muito não ser que a pessoa esteja
doente, nós vamos visitamos, acompanhamos, levamos ceia para quem não poder vim na igreja,
sem problema nenhum.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Quando eu recebi a primeira, na verdade eu já desejava, porque eu sou evangélico


desde que, quando eu nasci meu pai já era crente, então eu estou na igreja desde criança é um
sonho meu inclusive, galgar outros postos se Deus assim permitir. Então na verdade na
primeira, desejava assim mesmo e hoje com a experiência que a gente já tem, estamos
preparados para assumir qualquer desafio.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- Infelizmente a igreja não oferece capacitação para nós obreiros que dirigimos
congregação, nós não temos um apoio técnico, psicológico, não. Hoje infelizmente eu não tenho
recurso para estar numa sala de aula, então a gente pesquisa por conta própria, houve uma
palestra ali, uma outra palestra ali, aos pouquinhos, via internet, presencial não tem, porque
falta de recursos e tempo, Porque a gente trabalha fora e atua na igreja, por exemplo, vou fazer
um curso para ficar fora da igreja, ai complica. Existe essa deficiência na igreja.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

- Fazendo contas, meu tempo de trabalho hoje é 10 horas de trabalho, tem os cultos a
noite, o culto demanda 3 horas em média na igreja com as situações a serem resolvidas e durmo
52
4 horas, 5 horas por dia, no máximo. E família o tempo que tenho com a família, é o tempo que
estou em casa, só nas férias que a gente tem um tempo maior, nós não temos um tempo
realmente nosso, é trabalho, igreja, e quando ficamos em casa rotineiramente, esse é o nosso
tempo. A igreja na verdade, o tempo que ela toma é integral, qualquer hora que se alguém me
ligar eu estou a disposição, na verdade quem está no ministério não tem tempo livre, é 100%
do tempo, obviamente resguardada ai a condição horário de trabalho, horário do sono, um
passeio, nós fazemos por amor a Deus e a obra de Deus.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Eles reclamam tem hora, eles até reclamam que é muita carga, muito corrido, que
precisava descansar mais, não em relação a eles na verdade, mas em relação a mim mesmo, eles
acham que deveriam maneirar um pouco, mas infelizmente o ofício não deixa, não dá para
parar.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Bom, a saúde na verdade a gente cuida daquele jeito. Saúde emocional não temos
como cuidar, na verdade nós não cuidamos, porque nós carregamos o nosso cargo e o dos outros
no emocional. Na mental, existe toda uma carga de preocupação com as pessoas, preocupação
com as coisas, com o serviço, tudo na intenção de não prestar um desserviço. Realmente não
temos cuidado disso, não temos um apoio, quando temos alguma descarga sobre nós, nós
conversamos com um companheiro, trocamos ideia com um companheiro das coisas que
acontece. Já na saúde física só o básico mesmo, só quando há necessidade, porque ai depende
do plano de saúde, depende de uma série de coisas, então acarreta também o trabalho secular,
que acaba inibindo você de fazer certas coisas e fazemos só realmente o apagar incêndio, essa
é a verdade.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

- Eu sou muito caseiro, isso já inibe você de ficar tendo uma atitude diferente, segundo
é custo para você poder fazer um social mesmo, existe um custo que na verdade esse custo ai,
a gente não tem como bancar e o terceiro lado social é relacionamento com amigos, isso ai a
gente faz, dependendo do tipo de necessidade é o tipo de amigo que a gente se relaciona, que
faz ai o social, e quando tem que, igual eu respondi na questão anterior, quando nós temos uma

53
necessidade, eu pelo menos sei, esse tipo de coisa eu só posso conversar com fulano se eu
conversar com outro, eu mato ele e eu junto, então até nisso ai a gente precisa ter cuidado para
fazer esse tipo de relacionamento.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando iniciou
o ministério e agora?

- Eu tenho energia e a disposição como um eletrocardiograma, ela oscila de acordo com


o ambiente, de acordo com as metas, de acordo com a reciprocidade do povo com relação a
seus pedidos, a suas orientações, ela oscila uma hora tá lá encima, no outro dia você quer parar,
no outro dia você está estável, ela oscila, não tem esse que diga que mantêm, mas isso não ao
ponto de desanimar ou jogar a toalha ou voltar para trás, isso é fora de cogitação.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- Infelizmente eu não consegui cumprir ou estar cumprindo que eu planejei para minha
vida pessoal e para minha vida ministerial, hoje com 53 anos eu esperava estar bem melhor do
que eu estou hoje. E na vida ministerial, também eu acho que poderia estar um pouquinho
melhor, mas isso também é da forma que eu ajo, eu não uso de mecanismos diferenciados para
poder atingir objetivos, eu acredito ainda na questão de providência divina no que tange ao
ministério.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- Se eu fosse presidente do ministério que eu estou hoje eu, primeira providencia minha
era trabalhar para a educação religiosa, nós não temos educação religiosa hoje no nosso
ministério. Outra coisa que eu faria, era a valorização ministerial do pastor, seja ela na
formação, seja ela no cuidado dele e da sua família, ele estaria tempo integral para a obra de
Deus, pro ministério. Então eu acho que o pastor deveria ser assalariado. Eu também investiria
na formação secular em determinadas áreas específicas do pastorado como a psicologia, como
a saúde mental e também a saúde pessoal, a saúde física porque um obreiro com a saúde física
boa, ele tem um desenvolvimento totalmente diferenciado e a valorização isso eu acho
fundamental, a valorização do obreiro, isso daí eu acho que faz a diferença do ministério.

54
ANEXO C – Pastor Josué

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- Minha trajetória ministerial no ano de 2006 eu era diácono das assembleia de Deus,
fui para a igreja batista eu era um diácono e passei a ser um diácono em função pastoral, voltei
para a igreja de onde havia saído e eu tive uma infância e juventude lá e nessa igreja voltei a
ser diácono, a exercer a função diaconal após ter sido pastor daquele pequeno rebanho no
interior pela igreja batista, voltei a ser diácono na Assembleia de Deus, o que perdurou por 1
ano, quando fui convidado, indicado para dirigir uma nova congregação agora nas assembleia
de Deus.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- A Igreja que eu pastoreio atualmente, ela tem 90 membros, a situação da mudança, a


primeira congregação que nós pastoreamos, a saída foi extremamente abrupta e de certa forma
um pouco traumática, eu acho que por se a primeira congregação, há todo aquele encanto,
aquele momento especial de encarar todas as coisas pela primeira vez, então foi um pouco difícil
assimilar que aquilo, quando as mudanças acontece, as assembleias de Deus trabalham assim e
nós estamos inseridos nesse sistema, então não pode ser novidade, mas hoje a realidade é essa
de estar há 2 anos e pouco na quinta igreja e sabendo que a qualquer momento haverá uma
ruptura naquilo para ir para outro lugar por estar inserido nesse contexto.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)

- No dia a dia eclesiástico há sempre rotinas a serem cumpridas, a gente entende isso
como dom, como chamado, tenho trabalho na área do ensino já alguns anos, é muito mais
confortável para mim a sala de aula, a própria visitação, aconselhamento pastoral é muito
prazeroso também, você acompanhar, aconselhar, ver uma possibilidade de mudança é
prazeroso, agora a benção de ter uma companhia no ministério, que é a esposa, faz com que
algumas coisas que eu beiro ao asco, que é fazer relatórios por escrito, relatório financeiro, uma
55
ojeriza mesmo, não tenho a menor disposição, em última instância, em último caso, mas não
gosto de lidar, não tenho essa pré-disposição com nenhuma dessa parte de relatório, a parte de
lidar com as pessoas é a realização plena, mas relatórios escritos, formalidade, relatórios
financeiros, acompanhar como que está, se está no vermelho, se melhorou, quem contribuiu,
quem não contribui, eu não me dou com isso e graças a Deus, há uma complementaridade com
a esposa, ela me acompanha nas outras áreas, mas essa área ela faz com excelência então a
gente consegue com relação isso ter uma certa tranquilidade.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Costumo dizer que nas assembleias de Deus eu não conheço ninguém, nem um e eu
conheço alguns pastores, alguns obreiros, não conheço nenhum que tenha recebido sequer um
mínimo de instrução adequada, específica para o ofício pastoral, os relatos da assembleia de
Deus principalmente é pegar aquele obreiro, aquele diácono, aquele que tem feito um bom
trabalho nas suas respectivas funções e tem de certa forma um perfil , para o ministério pastoral,
não acredito que todas as vezes é levado em conta o chamado para o ofício pastoral, enfim,
pegam esse obreiro e colocam ele para dirigir igreja, sem ele nunca ter recebido uma instrução...
então eu não tinha a mínima ideia em algumas situações em como lidar, em relação a hoje, a
gente perceber que é exatamente ao contrário, mas a gente vê o dia a dia do pastorado
acontecendo e você vê que o preparo é sempre pequeno para enfrentar as dificuldades, as
propostas, nós estamos lidando com o ser humano, então o preparo é sempre pouco, o ser
humano sempre se supera tanto nas coisas boas e infelizmente nas coisas ruins também.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- Cursos de capacitação são de certa forma escassos ao meu ver, no ministério pastoral,
as nossas sedes, elas costumam fazer curso preparatório para obreiros, mas não de uma maneira
tão regular, nós temos as reuniões de ministério, onde muitas vezes são ministrações específicas
para o obreiro, para o pastor, para o dirigente de uma congregação, mas apesar de ter feito
alguns meio que por conta, coisas envolvendo o universo da teologia, não é uma coisa frequente,
não há uma mentoria voltada para o benefício do dia a dia do pastor, pelo menos ao ver, então
curso de capacitação a gente procura fazer meio que por conta em algum seminário, alguma
simpósio, alguma coisa que você consiga participar, caçando e muito esporádico ainda.

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6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

- Uns 70% do meu tempo ou mais seja voltado para assuntos do ministério e os outros
30% talvez, a gente tenta dedicar a família como um todo, filhos, esposa, o casamento é muito
raro pra mim sobrar um tempo, pra mim, pra uso próprio, para as coisas que eu gosto é muito
difícil, eu infelizmente, talvez com tristeza, chego a dizer que já fiquei várias vezes, por meses,
2, 3, 4 meses sem um dia de folga, um dia de folga. Férias, poxa vida, eu levei uma década,
pouco mais de uma década de envolvimento no ministério pastoral para tirar com a família 10
dias de férias e acho que não deu isso, acho que um pouco mais de uma semana. De tempos em
tempos, a gente pensa que precisa de uma dia de descanso absoluto, mas eu não tenho
vivenciado isso, a menos que sejam os dias que beiram a exaustão em que o corpo para mesmo
e você mal consegue levantar da cama para comer alguma coisa, usar o banheiro e deitar de
novo. O trabalho pastoral pra mim, que hoje é em tempo integral.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- A família hoje também está de certa forma, engajada tal qual, a minha esposa, ela sente
o chamado para obra, para o pastorado, muitas vezes eu faço o outro lado da moeda, dizendo
para ela dar uma segurada, a minha esposa faz o acompanhamento em quase tudo, só algum
assunto de extrema relevância e total apreciação do pastor, ai ela claro, precisa ai do meu
trabalho, da minha participação, tenho também uma situação com o meu filho de 15 anos, que
foi levado ao cargo de cooperador nas assembleias de Deus e da mesma maneira ele tem um
engajamento no trabalho. Então, hoje com essa situação da minha esposa e do meu filho, a
família não vê com tanto peso assim, nós sofremos talvez do mesmo mal, de bastante trabalho.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Eu tento cuidar da saúde física, pelo menos, mantendo o mesmo manequim, tentando
não trocar muito a numeração das roupas, quando as roupas estão já com os botões com
dificuldade de abotoar eu sei que é preciso caminhar, tomar mais cuidado com a alimentação,
o preventivo não posso dizer que além da alimentação e às vezes, muitas tentativas frustradas
de sair do sedentarismo, mas o emocional é às vezes recorrer a tomar do próprio remédio, às
vezes recorrer a uma literatura, a alguma leitura que seja uma distração, como eu já disse
passeios ainda estão nos projetos, mas eles serão executados, se Deus quiser, com maior
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frequência, mas não tenho assim muitas alternativas para cuidar da saúde emocional, ainda é
algo muito distante da nossa realidade pastoral, nós ouvimos problemas de toda ordem, mas
muitas vezes não nos preparamos ou fazemos alguma coisa depois disso para não ficar com o
emocional pesado, não levar para casa, cuidar da saúde como um todo não tem sido o meu forte
não, sinceramente.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos? Como é
a sua vida social?

- O ministério é cruel, pastores sentem total receio de compartilhar as angústias com


outros pastores, parece que dá aquele sentimento de que vão usar isso contra você, vão te ver
não mais como aquele super homem no púlpito, mas as angústias, as frustrações que acontecem
no ministério, os projetos que não dão certo, a própria criação dos filhos, ensinar a igreja sobre
o cuidado com a família e muitas vezes, perder parte do crescimento dos filhos, as angústias
são muitas vezes reprimidas, não compartilhadas, como eu disse, eu tenho uma esposa pastora
mesmo e tudo que eu posso, eu consigo, eu compartilho com ela, tenho um filho que está dando
os primeiros passos na vida de obreiro, aquilo que é possível para ele, ele já acaba ouvindo
alguns desabafos do pai, do pastor, as vezes do amigo, porque a gente tem aquele sentimento
de que desse lado da mesa, do lado de cá da mesa do escritório, do gabinete, eu tenho que estar
para escutar, a gente não está mais acostumado a estar do outro lado para falar. Com relação a
vida social, é difícil porque mesmo quando as pessoas nos convidam para uma festa de
aniversário, você vai lá para participar de uma festa de um churrasco, faz parte, mas eles não
vão escolher outra pessoa para fazer uma oração, então é difícil ter uma vida social, dissociada
do ministério pastoral, as pessoas não nos veem como a pessoa que mora ali, o cara que tem
aquele carro, o pai do aluno, principalmente por pastorear numa cidade relativamente pequena,
as pessoas só conseguem identificar como pastor, é quase impossível passar incólume perante
a sociedade como uma pessoas normal.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando
iniciou o ministério e agora?

- Eu tenho quase que problema de hiperatividade, no ministério pastoral principalmente,


vou tomar todos os cuidados para não dizer que o ritmo está um pouco mais acelerado do que
da primeira congregação, está no mínimo igual, do que quando eu comecei e ainda estava
pisando em território novo, hoje um pouco mais familiarizado com os limites, eu tento trabalhar

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o mais acelerado que eu posso e com isso eu consigo me manter satisfeito, fazendo como eu
digo, se possível 30 coisas ao mesmo tempo.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- Não, nem sempre, na vida pessoal o tempo vai sendo escasso para ser empregado, é o
mesmo tempo para todos, mas talvez eu não otimize e os anos vão passando e algumas coisas
para quando for possível, se possível. E na igreja o sistema que eu convivo que eu gosto, sou a
favor, acho muito bom, faz com que as vezes você tenha que correr um pouco, deixar o mais
engatilhado possível porque você pode ir para uma nova congregação e ter que fazer aquele
projeto do início novamente, então, nesse sentido, nem na vida pessoal nem na vida ministerial
é possível cumprir os objetivos.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- Se eu fosse presidente, eu mudaria pouca coisa e eu não consigo mensurar quais


seriam, acredito que não consigo enxergar, que vou deixar a visão pastoral, de congregação e
assumir uma nova visão que vai fazer sentido para aquela função, então eu não tendo essa
vivencia, não consigo dizer com propriedade, eu acho que se não mudaria nada, mudaria pouca
coisa. Como dirigente de congregação muita coisa possa ser diferente, muita coisa possa
melhorar, mas talvez não condiga com a realidade do presidente propriamente dito.

ANEXO D – Pastor Carlos

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- Eu estou pastoreando praticamente desde os meus 37, 35 anos. minha vida sempre foi
essa, trabalhando em nome do ministério, meu trajeto no ministério sempre foi envolvido com
liderança de jovens isso me levou ao cargo pastoral, fui levado a diácono, presbítero, fui a
evangelista e ai fui me desenvolvendo. Eu pastoreio há 12 anos para mais.

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2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- Hoje a nossa tem 200 e pouco, já mudei de 4 a 5 vezes, a mudança é experiencia, novos
desafios, cada povo tem a sua peculiaridade, cada pessoa tem a sua particularidade, então para
gente é desafiador e também não é muito bom, ficar muito tempo em um lugar que você não
tem total autonomia para desenvolver projetos.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)

- Acho que o complicado, que eu não gosto mesmo é mexer com o administrativo
financeiro, embora eu gosto de manter organizado, mas eu não gosto de mexer. O que a gente
não gosta é de visitar uma pessoa que a gente precisa ir lá bajular, massagear o ego dela, essa
visita eu não gosto, mas a visita amigável, no caso de uma enfermidade, é satisfatório, é
gratificante para mim. Eu gosto das atividades da igreja de cuidar da ovelha, de recepcionar a
ovelha, a igreja em si, cuidar do pessoal, isso ai a gente ama fazer.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Olha dizer para você que não é complicado, mas dizer que 100%, 100% não, a gente
começa com a cara e a coragem, hoje a gente tá mais preparado, mas cada dia é uma experiência
nova. Hoje me sinto preparado sim.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- Olha temos aberto bastante espaço na igreja, eu em particular não consegui me


capacitar, mas gosto muito sim. Eu não costumo fazer no dia-a-dia, eu acabo me envolvendo,
porque eu tenho uma mistura da vida secular com a vida ministerial, hoje meu desenvolvimento
é no aprendizado secular, eu faço o curso de direito agora, estou no 5 semestre.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

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- Eu acho que para a igreja em si, acaba ficando o melhor tempo dependendo da
necessidade da igreja. Eu não tenho muito essa questão do hobby e da família em si, eu sou
praticamente focado no ministério, mas eu tenho me policiado nesse sentido. Minha dedicação
é mais focada ao ministério, tenho também o meu trabalho secular.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Ah, a minha vida é bastante corrida. Eles reclamam um pouco.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Hoje 100% não, mas eu já comecei a alguns anos atrás, já passei com algumas baterias
de exames, para ver a questão da saúde e tendo o cuidado com a mental também, eu procuro
médicos, a própria saúde mental eu procuro não absorver os problemas de todo mundo da igreja
para trazer para casa, tomo esse cuidado sim. Minhas férias, as vezes no final do ano eu tiro 15
dias e vou para a casa da minha sogra e fico lá com minha esposa, mas não chega a ser para
lazer não.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

- Atualmente hoje é só com a esposa mesmo, com meus filhos, mas quando a gente se
abre um pouco, acaba que mistura muito, acaba você não querendo trazer os problemas da igreja
para casa, é complicado, tento separar, mas acabo me vendo sem ter com quem conversar. Não
tenho 100% de vida social não.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando iniciou
o ministério e agora?

- Eu acho que pela forma que trabalho, o trabalho que tenho desenvolvido, acho que
cada dia que passa eu tenho encarado novos desafios e isso eu acho que tenho tido mais energia.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- Eu tenho sido muito focado no ministério, a gente consegue concluir muito mais do
ministério em si. No pessoal não é 100% não, atualmente a gente vai deixando para segundo
plano.
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12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- Eu procuraria colocar uns conselheiros para todos os pastores para dar atenção os
pastores, para cuidar exatamente de saúde médica, ter uma questão de convenio médico para
atender os pastores em todos os sentidos. Psicológico, de saúde, de tudo, daria maior atenção,
teria um cuidado mais especial na classe dos pastores, mas com os que estão focados mesmo
no ministério.

ANEXO E – Pastor Jacó e Miss. Raquel

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia?

Raquel: - A trajetória na minha vida tem 25 anos, comecei com a diaconia, auxiliando
os pastores e desenvolvendo o trabalho de mulheres, adolescentes, jovens, ministrando
palestras. Há 15 anos atrás, fui consagrada a missionária. Há 7 anos tomando conta de igreja

Jacó,: - Eu sempre me vi pregando desde muito jovem, fui líder de jovens, de


adolescentes. Eu tinha uma certa resistência de ser pastor, porque meu pai era pastor e eu
acompanhava os problemas, as coisas que ele tinha que resolver e eu dizia, se ser pastor é isso
eu quero ficar aqui na porta mesmo. Algumas vezes eu disse não para dirigir igreja, mas quando
você tem a chamada, não tem jeito, quando Deus quer, chega uma hora que você não consegue
dizer não. Há 7 anos estamos juntos na direção da igreja.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

Jacó: - Uma média de 300 pessoas. Dirigimos 3 igrejas, a primeira por 5 anos, você não
quer se apegar, porque você sabe que está ali por um tempo, mas você acaba se envolvendo ao
conhecer a história e ajudar, acaba ficando íntimo, quando você muda de igreja, de repente não
está mais lá, quebra esse vínculo, parece que fica num vazio. Você se desliga e vai cuidar de
outro povo, então você aprende a colocar um limite, essa mudança é difícil.

62
Raquel: - É bem difícil, o problema da gente é quando abraçamos uma causa, fazemos
de verdade, isso gera inclusive um desgaste na gente. De repente a quebra do vínculo é muito a
seco, eu acho difícil, você está aqui hoje e fica sabendo que amanhã estará em outro lugar. Fica
esse sentimento de perda, mas temos procurado trabalhar isso.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)

Jacó: - A parte financeira pega para mim, é muito difícil, é uma coisa que tem que ser
bem trabalhado para as pessoas entenderem o propósito de contribuição, é uma parte delicada,
se não precisasse fazer seria melhor. Parte burocrática de secretária eu nem me envolvo, tem o
secretário para isso. Não é que não gosto, se posso delegar, eu delego. Eu não gosto de cuidar
de livro caixa. Não gosto de campanhas para arrecadar dinheiro, a pessoa já dizima todos os
meses, já oferta nos cultos e vem essas campanhas extras, eu não gosto. Eu gosto de pregar, de
ministrar no louvor, de visitar, eu amo.

Raquel: - Eu não gosto de lidar com conflitos onde envolve fofoca, picuinhas, coisas
de uniforme... essa questão de oferta, eu não gosto de forçar ninguém a dar nada, ao mesmo
tempo gosto muito da área social e gosto de pedir ajuda para essa área, eu amo. Amo visitar as
idosas, as viúvas, amo me envolver aonde eu vejo que dá resultados de almas, cuidar de vidas,
gosto de acolher as pessoas, gosto muito do que dá resultado de almas no Reino.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

Jacó: -Na primeira deu receio, aquela preocupação de será que vai dar certo?! Na
segunda eu fui tranquilo porque percebi que Deus estava no controle, era uma coisa que tinha
fugido, mas vi que ia dar certo. Hoje me sinto mais preparado.

Raquel: - Quando fomos para a primeira, eu via que enfrentar a igreja era algo novo, foi
uma conquista, foi uma busca para me sentir orientada em algumas situações. Hoje me sinto
melhor preparada sim para enfrentar uma igreja.

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5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

Jacó: - Sim a gente busca, fizemos curso de capelania, teologia, individualmente muita
leitura de livro, de pesquisas, alguns cursos.

Raquel: - A gente procura sim e fazemos isso juntos. Aonde tiver um curso, a gente
enfrenta, todo tipo de workshop a gente vai atrás, porque gostamos de aprender.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

Jacó: - A gente erra muito nessa divisão de tempo. A gente acaba deixando o ministério
absorver muito tempo da nossa vida. O trabalho demanda 1/3 do tempo, tem o deslocamento.
Sobra 8 horas para dividir entre igreja e descanso, no fim a gente dorme pouco. Estamos muito
comprometidos na questão do físico. Não temos hobby e nem tempo para assistirmos um filme,
por exemplo.

Raquel: - Para a igreja é praticamente 70%, mesmo tendo o trabalho secular, parece que
você fica conectado na igreja, você recebe ligações. Tivemos que separar um dia com a família,
agora lazer não tem. A visão do nosso ministério é complicado para os pastores, a gente se sente
muito pressionado com relação a isso.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

Raquel: - Hoje os filhos já estão grandes, tem o seu trabalho secular e entendem a nossa
agenda, mesmo assim não abrimos mão do dia da família.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

José: - É como eu te falei, a gente não tem tempo. A emocional, eu tenho a minha
psicóloga em casa, mas tem horas que só temos o chão para chorar. Sabe quando eu relaxo,
quando ajoelho e oro, coloco um louvor. A gente agora pega 1 dia no mês, pega uma sexta e
sumimos, se não a gente endoida.

Raquel: - Graças a Deus a gente tem uma força que a gente não entende, é de Deus
mesmo e a gente trabalha muito junto, então quando um está se abatendo o outro chega junto e
dá uma força, isso vai mantendo o equilíbrio de certa forma. No meio dessa dinâmica pesada,
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a gente consegue ter o equilíbrio, temos uma forma de pastorear muito mansa, quando
percebemos que estamos estressados, a gente da uma reorganizada para manter o equilíbrio. A
saúde física não temos cuidado, mas cuidamos da alimentação, arrumamos uma brecha para
fazer uma esteira, pular uma corda, mas não sistematizamos isso. Procuramos fazer exames
periódicos, cumprir o protocolo de prevenção, mantemos os controles.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

José: - Tínhamos um amigo muito chegado, mas ele viajou para fora, temos outro amigo
que é pastor, outro que é médico, que é gerente, a gente não vai tão a fundo, mas principalmente
esse que é pastor, trocamos experiência, mas as questões emocionais converso mais com os
filhos e a esposa. E o social, a gente sai, vai numa pizzaria, esfiharia, um restaurante e é isso,
quando dá para encaixar.

Raquel: - A gente é como ele falou, temos alguns amigos que são pessoas confiáveis,
porque nem sempre dá para se abrir, mas essas pessoas a gente consegue sim, ir mais a fundo.
Tem horas que você precisa de alguém para desabafar que não é o marido e o marido não é a
esposa.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando iniciou
o ministério e agora?

José: - Eu tenho disposição, é uma coisa que eu gosto, não arredo o pé não. Eu acho que
hoje estou mais empenhado, de estar presente, de estar junto. Eu tenho pegada, tenho disposição
e vou pra cima. Eu hoje se não estivesse dirigindo igreja, estaria na porta ajudando,
evangelizando.

Raquel: - Parece que a bagagem que adquirimos nesse tempo, parece que nos encoraja
a fazer, idade não nos pesa, a gente se sente mais cansados, vou fazer 56 e o José 60, a gente
ama o que faz, dá garra, então não medimos esforços. Eu digo, que o dia que parar a gente
morre.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

José: - Sim. Todos os projetos. Na vida pessoal também.


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Raquel: - Realmente os projetos temos sim conseguido realizar. No projeto dos
adolescentes que somos líderes, a parte que não depende de nós, a gente não consegue realizar
porque não temos o apoio de quem deveríamos ter, então nos sentimos meio que abandonados,
esse ai ficamos frustrados.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

José: - Eu não acabaria com os departamentos, mas o culto em si não seria


departamentalizado, eu mudaria a liturgia. A questão do pastor, tem que ser remunerado e faria
todo o aparato para ele ter uma assistência médica para ele estar a disposição do ministério.
Mudaria o horário do culto do domingo, por exemplo só para manhã. Trabalharia mais o social,
porque falta isso. A questão financeira, a forma de contribuição, eu investiria mais nas
congregações.

Raquel: - Eu colocaria o casal de pastores precisaria estar muito bem remunerado, muito
bem assistido, ele teria que ter uma casa para morar, se a igreja pudesse dar essa condição a ele,
um convênio médico, que ai ele ficaria a disposição. Mudaria a questão do culto para louvor e
palavra e tiraria esse negócio de departamento. Eu construiria um prédio para abrigar pessoas
que eu pudesse tirar da rua e colocar ela lá, alimentar e preparar para admitir essa pessoa no
primeiro trabalho. Uma casa grande de idosos, onde pudéssemos acolher. Criaria uma escola
para abraçar as crianças, investiria o financeiro mesmo, não estaria preocupada com televisão,
com rádio, eu canalizaria o financeiro mais para o humano. Os pastores tem que ter uma
assistência emocional, onde eles pudessem de fato serem acolhidos, onde pudessem se desnudar
sem sentimento de culpa ou julgamento, porque pastores erram tanto quanto qualquer um,
precisaríamos sistematizar isso e criar uma estrutura para isso

ANEXO F – Pastor Salomão

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia?

- Eu pastoreio a mais de 25 anos, meu início foi ajudando os irmãos na escola dominical
também surgiu meu interesse pelo ensino.

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2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- Muda de igreja é sempre complicado principalmente com família, a gente da


Assembleia tem esse costume, somos mudado de Igreja, a primeira igreja que dirigi tinha 200
membros, fui pra uma igreja que tinha 80 membros, mais la fui muito abençoado, depois fui
pra uma outra congregação que tinha na faixa de 100 membros, fiquei lá 7 a 8 meses, depois
o pastor achou por bem me retorna pra essa que tinha 200 membros, o pastor estava doente
enfermo, fiquei 12 anos.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e quais
você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)

O que eu não gosto é financeiro, eu tenho uma pessoa que me auxiliar no financeiro,
principalmente porque hoje é tudo digital, eu amo o ensino, muitas igrejas as pentecostais tem
muita oração pouco ensino e conhecimento, tem que ter oração com ação, ação é a palavra.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Eu não me sentia preparado, nem me imaginava ser o pastor da igreja, era uma igreja
grande só de adolescente tinha 40 fora os jovens, então pra entender a cabeça deles, tive que
sair pra fazer um curso em uma igreja batista para aprender lidar com os adolescentes. Nas
nossas igrejas para não falar nome é mais escola dominical e chega uma hora que temos que
buscar em outras fontes, então fui fazer um curso teológico, foi que abriu mais minha mente,
até mesmo para outras questões, e minhas experiências em outras igrejas, então hoje me sinto
mais seguro.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- Procuro fazer uma reciclagem teológica, assuntos que não domino chamo outra pessoa
para dar pra igreja, exemplo apocalipse. Mais uma coisa que nós pastores temos que fazer é
estar nos capacitando e lidar com os casais na igreja, maior problema hoje das igrejas e
principalmente pentecostais e lidar com as famílias .

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6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

- Na família na verdade teríamos que dar praticamente 80 por cento, em relação a viajem
eu sou um pastor que viajo muito pouco, e só faço viajem curtas e geralmente de um, dois dias
e de convenção “até porque não sou um pastor assalariado, tenho que trabalhar”, o que me dar
prazer é fazer minhas caminhadas, me faz relaxar e tira aquela ansiedade, tanto do meu trabalho
material quanto da igreja. Ministerialmente eu me dedico mais ou menos uns 50 a 55 por cento.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Minha esposa e filho reclama da falta tempo, pra eles, meu filho pede as vezes pra eu
ficar, procuro as vezes tirar um domingo pra fica com eles, as vezes vou pela manhã e à noite
fico em casa, meu cunhado também as vezes fica bravo comigo porque eu acabo reformando a
igreja trazendo melhoria porém me tiram daquela congregação.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Física, hidroginástica, academia, menos agora por causa da pandemia, mais faço
caminhada, tive que fazer bariátrica por causa do sobrepeso é uma luta que carrego e tenho que
cuidar. Mental, ouvir louvores, pregações, ensino da palavra. Emocional, procuro refletir e
conversa com o pastor, bate papo fala de nós e não da igreja.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Seus problemas?

- Eu tenho um mentor, um pastor, sempre procuro conversa com ele e me abrir.

“Fiz uma pergunta” você não acha que os membros devem ter cuidado zelo também pelo
seu pastor?

- Sim, cito dois testemunho um em que fui com os jovens canta na janela do pastor no dia do
seu aniversário e outro em que trocamos o sofá da casa do pastor e ambos choraram muito, e
deixar claro, não e abuso do pastor ou aproveitador é zelo, eu mesmo deixo claro “trabalho e
tive a suspensão do contrato e você sabe demora um pouco pra recebe e um membro me ligou

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e pergunto como estava e fez um depósito pra me ajudar nas contas e supriu ali minhas
necessidades”.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando
iniciou o ministério e agora?

- Eu hoje me sinto renovado por Deus me sinto de tanque cheio pra glória de Deus. Eu
olho pra minha igreja como se fosse a primeira Igreja. É algo que faço voluntariamente estou
feliz e satisfeito, eu faço por amor.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- Tem projeto que colocamos, que não conseguimos realiza, assim o pastor não deve
ficar frustrado, não dá pra realizar tudo, não é vergonha retrocedermos em algumas atitudes,
material e espiritual. Hoje minha preocupação e com meu filho em deixar um legado pra ele,
um lugar pra ele viver morar.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- Eu colocaria os cultos de ensino. Assembleia de Deus tem alguns cultos tradicionais,


cultos de oração, doutrina, se eu hoje fosse pastor presidente colocaria os cultos de ensino pois
isso é fundamental pra Igreja.

ANEXO G – Pastor Roboão

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- Sou pastor desde os 21 anos, hoje estou com 38 anos, sou pastor a 17 anos, da mesma
congregação, na época aconteceu um fato com o pastor local, não foi caso de pecado, mais
familiar e o pastor presidente na época preciso de alguém, pra assumir a Igreja, e eu fui
escolhido, e assumir como cooperado e pastor da igreja o meu segundo também era um
cooperador, foi preciso vir pastor evangelista para dar santa ceia. Depois o meu segundo, foi

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pra uma igreja grande de nome e queria que eu fosse com ele, e me disse que não ia pra frente
nossa igreja, mais eu orei e disse pra Deus que aquele que começo a boa obra era fiel pra
termina-la, para glória de Deus, temos mais de 160 membros , começamos com 2 obreiros, 2
jovens e 4 irmãs.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes? Como
é isso para você?

- Em torno de 160, e nunca mudei.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e quais
você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)

- Eu não gosto de tratar de assuntos financeiros e de relatórios, eu gosto do ensino,


aconselhar, preparar sermão, orar pra Deus falar com a Igreja.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Não se sentia preparado, me sentia incapaz, comecei no início assim que casei fazer
um curso de teologia, logo após fui colocado como pastor e vi as dificuldades então pensei
tenho que me preparar mais, e nessa faculdade o pastor Brandão na época me ajudou muito me
aconselhando. E hoje tanto eu como minha esposa pela misericórdia e graça nos sentimos mais
preparado, seguros.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- O que eu faço, eu tento passar tudo que aprendi pra Igreja, eu do um curso básico de
teologia, capelania, pra Igreja, fazendo assim eu vejo que estou ajudando a igreja e estou me
ajudando. Quando vejo que estou esquecendo algo que aprendi na faculdade, eu pego as
apostilas e dou pra igreja.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

70
- Acho que todos que começa como pastor, foca mais na obra, e acaba se esquecendo
mais do descanso psicológico e família. Hoje a família e uns 60 por cento e outros 40 por cento
pra obra, porque eu aprendi que a parti do momento que você aceitamos a Jesus a nossa vida já
não e nossa, fala como Paulo eu Paulo prisioneiro do Senhor, ele nunca disse prisioneiro de
Roma ou César, ele sabia que Jesus poderia tirar ele dessa situação, mais ele estava ali por um
propósito, assim também somos nós Jesus chamou pra um propósito, a nossa vida hoje é do
Senhor . Eu entendo que pastor tem que tirar férias e deve tirar férias, Eu tiro férias no final do
ano e meio do ano julho e coloco outro pra assumir em meu lugar, tiramos esse período pra
descansar e passear. Nós trabalhamos.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Eu tenho uma filha de 12 anos, ela me cobra mais pra ficar com ela ter um tempo
maior, já a esposa ela entende mais, até porque esta junta no ministério.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Antes não se cuidava, mais com o tempo vimos a necessidade de se cuidar, hoje nós
cuidamos mais, mentalmente eu e minha esposa tentamos separar as coisas, no começo
discutíamos e quando perguntávamos o porquê ou era igreja ou trabalho, hoje nós fazemos
assim, quando começa alguma situação, perguntamos é igreja, circular, trabalho, ou em casa?
Fisicamente caminhada, dieta.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Seus problemas?

- Eu consigo mais me abrir com minha esposa do que com outro pastor, emocionalmente
falando, 50 por cento do nosso ministério é ela.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando iniciou
o ministério e agora?

- Graça a Deus sim, me sinto com o mesmo vigor.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

71
- Todos nós temos projetos e planos, pra falar a verdade me sinto um pouco frustrado,
exemplo, hoje nossa igreja é considerada média, mais hoje vemos que ela está pedindo uma
galeria, tenho plano de aula de música, sala pra cuidar da saúde, psicologia mesmo, quando
vemos que não esta acontecendo acaba frustrando um pouco e vejo que tenho que melhorar.

12. Você acha importante a psicologia e questão financeira você acha que o ministério
ajuda?

- Fala a verdade nessa parte eu não recebo ajuda financeira, a não ser os 15 por cento,
mais pra quem vai quase todo dia pra obra, assim o combustível já é tirado daquele 15 por cento,
e fora os 15 por cento não temos outro auxilio outra ajuda, se eu hoje tivesse um salário de
1,500 só pra ficar na obra já não precisaria do trabalho circular, e quanto a psicologia essa parte
da medicina, se chegar uma pessoa com depressão ela está doente, ela atingi o ímpio e o justo,
e se essa pessoa procurar apoio psicológico na igreja e não encontra vai procurar fora.

13. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- Se eu fosse presidente acho que mudaria muita coisa em nosso ministério, psicologia,
e também um auxílio para os pastores tanto financeiramente falando como espiritualmente,
colocaria como norma as igrejas ter seu próprio terreno, porque a parti do momento que ela não
tiver que pagar aluguel ela vai crescer muito mais.

ANEXO H – Pastor Delaias e irmã Madalena

(Conversa introdutória)

“Algo que acho ruim nas igrejas pentecostais é o excesso de centralização, quer dizer uma
igreja, um ministério grande a qual eu pertenço. Toda uma multidão é centralizada numa
pessoa, no pastor presidente.”

“Nós não somos maleáveis, não damos autônima as pessoas que estão abaixo de nós”

“Cada região é regida por um único pastor, e essas regiões são enormes”

72
“Há metas, se hoje arrecadamos R$ 1.000,00 mês que vem devemos entregar R$ 1.200,00. Se
nós batizamos cinco pessoas, temos que ter uma meta maior mês que vem. O pastor vai ficando
pressionado, a coisa vai ficando ruim os filhos vão se desviando.”

“Fizemos capelania na antiga casa de detenção e víamos os Ezequiel, Joel, Obadias, Isaias
quando você ia ver eram filhos de crente e diziam meu pai é pastor e minha mãe é líder do
círculo de oração. Mas porque aquele pai pois a família em terceiro lugar e a igreja em
segundo lugar, porque o sistema faz com que ele penda pra esse lado.”

“Nós pentecostais, nós somos pressionados por uma ideia de que “Eu vou fazer porque se não
Deus vai cobrar de mim.” Agimos por essa lógica e não pela razão.

Dirigimos uma igreja em que quando chegamos nos disseram aqui não é possível festejar ano
novo pois os vizinho em um bar tacavam bombinhas. Nós entramos no bar cumprimentamos
a todos e dissemos nós estaremos aqui essa noite orando por vocês, eles ficaram assustados e
antes da meia noite fecharam as portas e celebramos o réveillon de uma maneira especial.

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- Dirigimos igrejas desde muito jovens, mas nunca igrejas autônomas sempre
congregações. Assim que nós se casamos eu tinha 24 anos, hoje temos 70 anos. E dentro desses
46 houveram alguns períodos que pastoreamos. Liderávamos 40 pessoas.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- Liderávamos cerca de 40 pessoas, algumas vezes não saberia afirmar precisamente,


normal dentro da caminhada cristã.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)Olha no sentido espiritual sim, mas o fato de não ter autonomia de não poder
desenvolver o trabalho. Por falta de autonomia você não consegue apresentar um bom
trabalho.

73
- Temos que realizar relatório pelos trabalhos realizados, mas as realidades das igrejas
são diferentes. E a cobrança é de que todas devam seguir o mesmo ritmo, e entendemos que a
solução seria uma autonomia maior para que cada pastor possa trabalhar e segundo a sua
realidade.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Se a pessoa é vocacionada é um grande passo, quando não é vocacionado deverão vir


também as ferramentas para cumprir um chamado autentico.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- Sempre que podemos nos capacitamos, existem alguns líderes setoriais que são
presentes, visitam, ouvem. Já outros que não querem saber só mandam ordens por terceiros e
só exigem de relatórios. Existem comunidades em que as condições das pessoas são distintas
com perfil mais simples economicamente e outros mais doutos mais abastados, e a liderança
setorial lida com a essas igrejas de maneira igual, e isso traz muitos problemas e são diferentes
na realidade. Podemos citar um exemplo: Tínhamos um líder setorial de perfil ranzinza,
autoritário e chegou o aniversário dele e foi feita uma arrecadação entre as igrejas do setor, nós
dizemos pastor nossa igreja é pobre o perfil é de pessoas humildes não conseguimos arrecadar
o valor sugerido como presente de aniversário... Na outra semana fomos tirados da igreja e
substituídos por outros pastores. Isso não nos abalou porque é a obra de Deus, esses obstáculos
aparecem. E o que acontecem é que quando você usa de franqueza você é uma pedra no sapato,
e você passa a ser visto como inimigo, como alguém que não se dá com os demais
companheiros... Então tem esse problema também, não que não haja lideres coerentes, mas hoje
em dia existem muitos interesses inescusos, que fazem com que lideres saiam fora dos
princípios bíblicos, tanto no sentido do dinheiro, como em outros casos. Existe hoje uma
quebradeira entre a membresia da Assembleia de Deus, hoje você visita bairros e há diversas
assembleias de Deus com outros nomes, e quando você analisa aqueles pastores foram de
Madureira ou de Belém, esta quebradeira se deve há esse sistema piramidal de gestão e esse
excesso de autoritarismo. Nessas quebradeiras existem aqueles que saem e fundam suas igrejas,
outros ficam mas desmotivados, e outros se desviam. E isso prejudica a obra de Deus, eu
conheço uma centena de gente que se desviaram e concluíram que não há menor condição para
esses desvios.

74
6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

- A sem dúvida nenhuma, muitas vezes a pessoa se sente só, sente uma grande
dificuldade e não tem pra quem comunicar, geralmente a pessoa mais chegada da gente é a
esposa. Mas tem coisas que nem a esposa pode resolver, pois ela também é humana tem suas
fraquezas e suas dificuldades. Muitas vezes escutamos coisas nas reuniões de líderes setoriais
que se levamos para igreja, causaria um risco imenso como afetar a fé das pessoas, se desviarem,
se escandalizarem. Nem sempre, depende a congregação que vamos trabalhar conseguimos
concluir 60%.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Todos são participativos nas atividades filhos foram criados dentro da igreja e hoje
tem suas famílias, graças a Deus sempre estivemos unidos.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Entregando a Deus as questões que eu não posso resolver, evitando estresse e fadiga.
Implicam riscos o não cuidar, nós sempre estamos movimentando, e vejo muitos colegas
quando visitam o médico já estão a beira da morte, e isso é sério. Conhecemos outros que
morreram precocemente. Temos alguns amigos que fundaram igrejas, hoje enfrentam grande
problemas porque eles não tem a quem se reportar seus problemas. A pessoa quando tem poder
absoluto tem dificuldades, e isso não é bom, deve haver uma divisão de poderes.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

- Geralmente compartilhamos com a esposa, mas nem tudo obviamente a mulher é mais
sensível. Eu tenho meu pastor setorial é uma pessoa que não tenho nenhum medo de
compartilhar com ele, mas nem tudo.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando
iniciou o ministério e agora?

75
- São fases, acredito que com o andar da caminhada o silencio é um bom remédio outras
ocasiões nem tanto. A energia naturalmente não é a mesma mas a motivação, é a mesma.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- Dentro do possível, tentamos concluir. Obviamente que existem obstáculos, mas


batalhamos por isso.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- O principal é não colocar cargos excessivo sobre as pessoas, conhecer a vida de cada
um. Acho interessante um convenio médico, as vezes você precisa de um especialista e quando
está descoberto isso traz dificuldades.

ANEXO I – Pastor Malaquias

(Conversa introdutória)

O pastor encontra-se desempregado, e membros dizem a o pastor não está orando... Isso é
triste.

Hoje mesmo faço caminhadas com outro pastor nos cuidamos, porque vejo a situação de outros
amigos que dá dó.

Tem pastor que se acha imprescindível e a realidade não é assim.

Eu vivia no tempo da ignorância e acreditava numa ideia de que pastor não tem direito férias,
eu vim viajar com a minha família depois de 20 anos de serviço de ministério.

O pastorado te leva a pressão, e há muitos problemas cardíacos na área. Outros amigos se


isolam por culpa e dizem eu errei, errei, errei... e não podia errar.

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

76
- Eu pastoreio a 22 anos, iniciei no ministério passei a obreiro e conheci a Jesus aqui em
São Paulo, pois sou natural do estado de Pernambuco. Quando fui chamado o meu pastor tinha
1 membro apenas, eu tinha uma vontade muito grande de ser pastor e Deus foi me capacitando.
Submissão é algo muito importante e por esse caminho se chega ao pastorado.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- Cerca de 40 membros, já mudamos de congregação. E as mudanças são difíceis, mas


em dados momentos necessário.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...)Olha no sentido espiritual sim, mas o fato de não ter autonomia de não poder
desenvolver o trabalho. Por falta de autonomia você não consegue apresentar um bom
trabalho.

- Evangelizar, aconselhar estão entre as coisas que mais tenho prazer. Mas confesso que
o ministério só dá a colher sem o prato pra nós, e isso nos impõe inúmeras dificuldades.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Sem dúvidas, eu tinha isso no meu coração e continuo acreditando no meu ministério,
o que Deus já fez em nossas vidas dentro de todo esse período eu jamais conseguiria retribuir
em vida.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- As qualificações são importantes, vejamos o que diz Romanos capitulo 12, não vos
conformeis com esse munda mas renovais o vosso entendimento, precisamos de faculdade,
conhecimento. Quando temos tempo lemos algum livro, participamos da EBD.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

77
- Na semana são praticamente 6 dias e resta poucos dias para família, gostamos de viajar.
Em porcentagem diria 70 % ministério e 30% família. Claro que vamos trabalhando isso.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Minha esposa é participativa e minhas filhas nem tanto, mas entendem meu ministério,
me apoiam, me incentivam, e absorvem minhas dores.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Pratico caminhadas com um amigo que também é pastor e pratico artes marciais, jiu
jitsu. É muito importante esse respiro. Evitar problemas e se ater as questões que competem ao
reino, pois quanto mais fadiga é mais propicio, e não abraçar o mundo. Não é porque sou pastor
que sou um super homem. Temos que ter em conta os nossos limites.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

- Geralmente compartilho com a esposa, mas nem tudo, para preserva-la pois é o vaso
mais fraco! Mas tenho um amigo companheiro de caminhada ele é pastor também a qual nós
temos profundas conversas e nos apoiamos um ao outro.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando
iniciou o ministério e agora?

- A energia era imensa, hoje a motivação é diferente. Você pode se prejudicar, se não
entender que precisa de uma férias, ir num aniversario de neto, filho.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- Metade do que propomos 100% é impossível. Mas na medida do possível


conseguimos concluir alguns projetos.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- A rentabilidade de uma igreja deveria destinar uma porcentagem para custear o


cuidado da saúde do pastor. Um bom plano de saúde, minimamente.

78
ANEXO J – Pastor Vasti

A o pastor fulano morreu, o ministério diretamente diz coloquem outro no lugar...

Muitos ministérios grandes não se preocupam com esses pontos, e a faculdade trabalhar isso
é muito bom, parabéns.

O orgulho faz com que se omitam muitas coisas, e as vezes o pastor quer demonstrar forças
que não possui.

Eu me sinto só, abanado pelos obreiros, por parte da instituição em alguns momentos.

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- Sempre nessa congregação, servindo como obreiro e fui consagrado diácono,


evangelista e com as mudanças fui consagrado a pastor, e já se foram doze anos de pastoreio.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- 120 membros, não mudei e estou disposto dentro daquilo que o Senhor nos direcionar.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...). Olha no sentido espiritual sim, mas o fato de não ter autonomia de não poder
desenvolver o trabalho. Por falta de autonomia você não consegue apresentar um bom
trabalho.

- O ministério prove poucas ferramentas, só a igreja os membros e temos que se virar


com poucos recursos e excessiva cobrança. Gosto do aconselhamento pastoral, pregação. A
autonomia é importante e sentimos isso em alguns casos. Recebemos uma ajuda financeira do
ministério que só pela graça...

79
4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Sem dúvidas, e continua acreditando no meu chamado e ministério. Precisamos ser


conscientes do chamado e ministério que Deus nos deu. Não adiantaria de nada o pastor
presidente ter me concedido esse cargo sem estar preparado.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- De vez em quando e por meio de livros, da participação na escola bíblica, eventos.


Hoje se o pastor não se atualizar ele fica pra trás.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

- Infelizmente o tempo que do cuidado no ministério é maior, mas amo os encontros em


família com meus filhos, netos, e quando podemos viajar. Eu diria que 60 % ministério e 40%
família.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Eles participam juntamente comigo e me cobram alguma vezes, mas graças a Deus
não há muita dificuldade com a compreensão deles. Minha esposa é indispensável.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Atividades físicas leve, mas nunca pensei no cuidado da saudade emocional, confesso
aqui. Raramente saímos em família para um restaurante, e deixamos com os obreiros a igreja.
Pra termos o nosso momento e aliviar as pressões.

9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

- Tenho um amigo ele é pastor no mesmo ministério, nossas famílias são amigas, e
compartilhamos nossas angústias e alegrias.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando
iniciou o ministério e agora?
80
- Vejo que o maior risco falando nesse tema é colocar a família em segundo lugar, a
disposição é importante, mas quando não observamos o limite das coisas tem consequências.
Hoje a diferença são as experiencias.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- Cerca de 50 % consigo cumprir, mas se houvesse maior engajamento dos obreiros


seguro que conseguiríamos mais. Alguns só participam se o forem os criadores do projeto. Na
vida pessoal nem sempre se tem o sucesso esperado.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- Primeiro uma clínica, plano de saúde e segundo melhorar a remuneração.

ANEXO K – Pastor Sadraque

(Conversa introdutória)

Pastor não consegue dividir problemas, e os pastores ao lado não tem um preparo para isso.

Uma coisa que existe na Assembleia de Deus é que obreiro não vai na frente pedir oração, pra
não demonstrar fraqueza.

-O pastor fulano de tal está com depressão... - Ah ele é fraco.

A liderança do ministério não tem projeto e nem preocupação alguma com saúde mental dos
pastores, não há sequer essa menção.

Não há acesso ao pastor presidente... E o pastor regional mesmo que ele queira dar um suporte,
ele não dispõe de meios.

O pastor carrega o piano sozinho e nem ministério, nem obreiros apoiam e alguma situações
até há boicote por parte de obreiros, por que querem se tornar pastores.

A igreja precisa de psicólogos, e não necessariamente cristãos, porque a realidade é muito


dura. Veja o exemplo do padre do Marcelo, é reflexo da realidade da igreja como um todo.
81
Você se preocupa tanto com a sua meta financeira, e pensa eu tenho bater a meta tenho que
pagar missões, tenho que pagar radio, tenho que pagar ideias, isso ou aquilo que você esquece
de priorizar o espiritual, ai o pastor acaba trabalhando em função desses resultados e a igreja
padece.

Recebemos 7,5% sobre o montante arrecadado da igreja como remuneração, não paga nem a
gasolina...

Conheço um pastor que não desliga da tomada, tem cerca de 70 de idade. Perdeu toda a
família, a esposa faleceu e os filhos não estão na igreja.

Um amigo abraçou o mundo... o cabelo caiu, não conseguia dormir, vivia em todos os eventos
da igreja, a esposa dizia: -precisa de tudo isso? Foi parar no psiquiatra e começou a tomar
medicamento do tipo Rivotril, ai parou com esse ritmo frenético que levava.

No ministério há grandes projetos, mas todos voltados para o CNPJ! E não em prol do ser
humano que está na base da pirâmide.

Hoje o foco não é salvação. Falam pra você: - A sua igreja não tá produzindo, você não tá
batendo sua meta. O foco é tirar dinheiro, está claro isso.

1. Me conte um pouco sobre a sua trajetória ministerial. Como aconteceu. Há quanto


tempo você pastoreia.

- Sou cristão desde berço pastoreio a dois anos, fui consagrado a obreiro e quando surgiu
a oportunidade fui levado ao pastorado e hoje dirijo um ponto de pregação.

2. Quantos membros tem na sua igreja hoje? Já mudou de igreja? Quantas vezes?
Como é isso para você?

- Temos 17 membros, dentro da minha congregação somente para determinadas sub-


congregações. Não temos dificuldade de mudar de igreja, o difícil é por deixar os amigos.

3. Dentro das atividades que você faz como pastor, quais as que você mais gosta e
quais você não gosta? (aconselhamento, preparar sermão, visita pastoral, financeiro,
relatórios...). Olha no sentido espiritual sim, mas o fato de não ter autonomia de não poder

82
desenvolver o trabalho. Por falta de autonomia você não consegue apresentar um bom
trabalho.

- Pregar, ensinar, visitar. A falta de autonomia, dificulta mesmo e sempre fazemos o


máximo, o problema é agradar a todos, o que não é possível.

4. Quando você recebeu uma igreja para dirigir, você se sentia preparado para ser o
pastor? E hoje?

- Sim com certeza, sempre tive no meu coração ser pastor, tenho pouco tempo de igreja
a motivação é mesma.

5. Você costuma fazer cursos de capacitação? Como se dá esse processo?

- Busco conhecimento extra através de livros, vídeos, notícias. É importantíssimo


estarmos informados e buscar recursos quanto ao conhecimento, se não você fica pra trás.

6. Se você pudesse mensurar o tempo que você dedica ao ministério, a família, a você
mesmo (fazer gosta, passear, viajar), ao trabalho; como seria essa divisão em
porcentagem, por exemplo?

- Não existe férias oficialmente no ministério, mas hoje o pastor presidente tira férias,
pastores viajam. Essa cultura está mudando, conheço um pastor que não desliga da tomada, tem
cerca de 70 de idade. Perdeu toda a família, a esposa faleceu e os filhos não estão na igreja.

7. Como a sua família (esposa e filhos) veem sua agenda no ministério?

- Minha esposa e meus filhos são ativos e participativos na obra e me auxiliam no dia a
dia, e procuro sempre envolve-los e que eles se sintam importantes no ministério. As vezes
comentamos os problemas ministeriais em casa, e os filhos ficam atentos. E sempre nos
cobramos pra filtrar determinados assuntos, pois os meninos as vezes até participam dos
assuntos.

8. Você cuida da sua saúde (mental, emocional e física)? O que faz?

- Jogo futebol, tempo com minha família, quando saímos passeamos é um momento
prazeroso que me traz alegria e consigo desconectar dos problemas.

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9. Com quem você conversa sobre as suas questões? Suas angústias, seus medos?
Como é a sua vida social?

- Minha esposa me ajuda muito, mas tenho conflitos que só consigo desabafar com um
pastor amigo. Mas como tenho tempo ainda no ministério não vivi esse momento, mas tenho
consciência que chegará.

10. Quanto a sua energia e disposição, quais as diferenças que você enxerga quando
iniciou o ministério e agora?

- Como disse anteriormente tenho muito pouco tempo no pastorado, entendo que nem
tudo é como parece. Cuidar de igreja traz um fardo muito grande, você absorve o problema os
problemas dos outros.

11. Você sente que consegue cumprir os seus projetos e planos? Tanto na vida pessoal,
como ministério?

- 10 % consigo, estou sendo franco. Não é tão simples, toda mudança gera transtornos,
e quando propomos novos projetos sempre existe uma resistência. Na vida pessoal, procuro
estabelecer projetos que eu consiga cumprir.

12. Se você fosse o presidente, quais mudanças faria?

- Muitas coisas!! Primeira dar liberdade para o pessoal trabalhar, dar uma estrutura.
Construiria hospital e faculdade e daria total assistência aos obreiros principalmente
psicológica, trabalharia forte em casamentos. Condições tem...

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