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Para aumentar a tonicidade dos lábios, utilizamos o exercício do botão (ou escudo labial ou

exercitador dos lábios), o exercício da colher, o do lápis e o haltere labial.

Exercício do botão (ou escudo labial ou exercitador dos lábios): O paciente segura por trás
dos lábios e diante dos dentes um botão preso a um fio dental. O terapeuta puxa o fio
enquanto o paciente tenta manter o botão preso a boca com a força dos lábios.

Exercício da colher: O paciente deve segurar a extremidade de uma colher de plástico no


centro dos lábios, mantendo-a no plano horizontal. Quando for alcançada essa posição, o
terapeuta coloca um peso sobre a colher e o paciente deve tentar equilibrá-la com a força
dos lábios, efetuando a função de contrapeso.

Exercício do lápis: O paciente deve segurar o lápis no meio dos lábios sem abaixá-lo nem
levantá-lo enquanto o terapeuta conta até 8. O exercício se repete aumentando-se a conta
até chegar a 15.

Exercício do haltere labial: O paciente coloca o haltere labial entre os lábios e fica durante o
máximo de tempo que conseguir.

A partir deste momento, vai aumentando a quantidade de tempo de permanência do haltere


nos lábios, até adquirir uma tonicidade adequada.

Para alongar o lábio superior, utilizamos os exercícios de morder o lábio superior, da


máscara, do garrote e massagens.

Exercício de morder o lábio superior: É realizado com os dentes da arcada inferior, onde o
paciente deve segurar e manter o lábio superior.

Exercício da máscara: O paciente deve prender todo o lábio superior com os dedos e tentar
estira-lo para baixo o máximo possível, em direção ao lábio inferior. Depois de alcançar essa
posição, deve tentar mantê-la.

Exercício do garrote: O paciente deve manter o garrote debaixo do lábio superior, enquanto
permanece com os lábios selados.

Massagens: São realizadas para ajudar a estirar o lábio superior. Deve ser realizada logo
abaixo das narinas no sentido do seu fechamento, ou seja, para baixo. A massagem deve
ser realizada com certa pressão e de modo sistemático.

Para o selamento labial, utilizamos retalhos de hóstias (ou clips ou elástico ortodôntico) e
micropore.

Retalhos de hóstias (ou clips ou elástico ortodôntico): O paciente deve manter entre os
lábios um pedaço de retalho de hóstia , inicialmente por alguns minutos diários e depois ir
aumentando esse tempo.

Micropore: Antes de dormir o paciente sela os lábios com duas tiras de micropore em forma
de X.

Pode utilizar ao invés de micropore para dormir o retalho de hóstia.


Para a mobilidade do lábios, os exercícios dependerão da dificuldade que o paciente
apresenta. Não realizamos essa série de exercícios com todos os pacientes, somente os
exercícios que precisarem ser estimulados: vibração dos lábios, estirar e projetar os lábios
com os dentes ocluídos, movimentos laterais dos lábios, elevar o lábio superior mostrando a
arcada dentária superior e abaixar o lábio inferior mostrando a arcada dentaria inferior.

Para a mobilidade da língua, utilizamos estalos com a ponta da língua, elásticos, argolas de
metal ou plástico, estreitar e alargar a língua, movimentar para os lados e vibração da
língua.

Estalos com a ponta da língua: O paciente estala a língua contra o palato duro, elevando
sua parte anterior.

Elásticos: Dobramos o canudo pelo meio e introduzimos um elástico ortodôntico até a sua
parte central. O paciente deve introduzir o elástico na ponta da língua e tentar soltá-lo
estreitando-a e movimentando-a para trás.

Depois trabalha-se a parte média da língua realizando as mesmas etapas. O objetivo deste
exercício é que o paciente aprenda a estreitar a língua, controlando a musculatura
transversa. Depois de aprendido o exercício, será necessário executar os movimentos de
alargar e estreitar a língua, sem apoiá-la nos lábios ou nos dentes.

Argolas de metal ou plástico: O paciente deve tentar introduzir a ponta da língua dentro das
argolas, sem apoiá-las nos lábios ou nos dentes. Inicia-se com argolas de diâmetro grande
e depois passa-se às menores.

Estreitar e alargar a língua: O paciente deve estreitar e alargar a língua sem movimentá-la
para trás ou para frente. Esta deve estar fora da boca e a ponta apoiada em um depressor.

Movimentar para os lados: Estirar a língua em ponta e movimentá-la em direção as


comissuras labiais direita e esquerda sem chegar a tocá-las. A língua não pode estar
apoiada nos lábios e a mandíbula não pode se mover (se for necessário durante os
primeiros exercícios, pode-se segurar a mandíbula com a mão até que o paciente seja capaz
de controlar seus movimentos). Repetir os exercícios elevando a ponta da língua ate o nariz
e baixando-a em direção ao mento.

Vibração da língua: Esse exercício estimula a mobilidade.

Para aumentar a tonicidade, utilizamos exercício muscular do papinho, exercício de


resistência, depressor de madeira e deglutição reflexa.

Exercício muscular do papinho: O paciente deve elevar a ponta da língua e apoiá-la no


centro do palato duro, empurrando sobre este várias vezes. Este exercício deve ser
realizado com os dentes em oclusão, e trabalha a ponta da língua e os músculos do
assoalho da boca.

Exercício de resistência: Esse exercício trabalha a língua e os músculos do assoalho da


boca. É realizado com a ponta da língua apoiada na papila palatina, onde o paciente tenta
abrir e fechar a boca fazendo força com a língua para que a boca não se feche.
Depressor de madeira: O paciente deve empurrar com a ponta da língua o depressor que o
terapeuta segura realizando uma força em sentido contrario.

Deglutição reflexa: Esse exercício trabalha a parte posterior. Prende-se a ponta da língua e
simultaneamente injeta-se água contra o palato. O paciente deve deglutir a água movendo
a parte posterior da língua e os músculos do esfíncter velofaríngeo.

Para a posição de repouso: mantemos a língua posicionada contra o palato duro durante 10
minutos. Pode-se utilizar um pedaço de hóstia ou elástico ortodôntico na papila palatina
para auxiliar na concentração do paciente. O paciente deve aumentar gradativamente este
tempo.

Para o freio lingual, utilizamos os seguintes exercícios: estalar a ponta da língua e estirar a
língua.

Estalar a ponta da língua: Esse exercício trabalha a elasticidade do freio lingual. O paciente
deve realizar estalos com a ponta da língua contra o palato duro, mantendo a boca aberta.

Depois, repete-se o exercício com os dentes em oclusão. Após, é necessário realizar uma
forte sucção da língua contra o palato duro, abrindo e fechando a boca, sem deixar de
manter a língua succionada.

Estirar a língua: O exercício é realizado com a boca aberta, onde o paciente deve estirar a
língua o máximo possível, sem tocar nos dentes ou nos lábios.

Para trabalhar os músculos masséteres, realizamos os seguintes exercícios: exercício do


garrote e contração e relaxamento dos masséteres.

Exercício do garrote: Esse exercício é realizado para a estimulação do tono do músculo


masseter. Utiliza-se um garrote de 15 cm de comprimento para morder, este é colocado no
lado direito sobre os molares e depois no lado esquerdo. Deve-se morder de 15 a 20 vezes
de cada lado.

Contração e relaxamento dos masséteres: O paciente deve tratar de vencer a força


realizada pelos dedos indicador e médio, colocados na região anterior da arcada inferior,
que pressionam a mandíbula para baixo. Deve-se realizar uma força para conseguir o
fechamento mandibular.

Os bucinadores são trabalhados através de sucção da seringa. Este exercício consiste em


encher uma seringa de 5 ml de água, inseri-la parcialmente dentro da boca e succionar a
água sem empurrar o êmbolo com a mão. Esse exercício trabalha os bucinadores e o véu
palatino. Pode ser realizado também com iogurte ou sucos.

Para trabalhar o palato mole, realizamos exercícios com estímulo frio, sucção, deglutição
reflexa, bocejo e articulação dos fonemas posteriores /k/ e /g/.

Estímulo frio: Injetar um jato de água fria (com uma seringa) no centro do palato mole,
enquanto o paciente emite o fonema /a/. Esses jatos devem ser curtos para provocar o
estímulo de contração da musculatura.

Sucção: Esses exercícios serão descritos na seção "sucção".


Deglutição reflexa: Já descrita nos exercícios de língua.

Bocejo: Provocamos bocejos abrindo a boca e realizando uma inspiração profunda (via
bucal), para que o paciente observe a elevação do véu.

Articulação dos fonemas /k/ e /g/: O paciente apoia a nuca com as mãos realizando pressão
para frente. No momento da articulação dos fonemas, deve-se mover a cabeça no sentido
contrário. Esse exercício auxilia o fechamento do esfíncter velofaríngeo.

Quanto aos músculos da articulação temporomandibular (ATM), os exercícios que atuam


sobre os músculos que movimentam a ATM são realizados pelos cinesiologos para as
patologias dolorosas dessa articulação. Esses exercícios trabalham a contração dos
músculos agonistas para provocar o relaxamento dos antagonistas, mediante de técnicas de
mobilização e outras mais.

Citaremos abaixo os exercícios para se trabalhar as funções orofaciais (sucção, respiração,


mastigação, deglutição e articulação da fala).

Para trabalhar a sucção, podemos utilizar o exercício com a chupeta ortodôntica, onde o
paciente realiza sucções enquanto o terapeuta segura o aro da chupeta e exerce uma leve
força para fora e com a dedeira de látex, onde colocamos uma dedeira de látex no dedo
indicador (do terapeuta e do paciente), o paciente deve succionar o dedo do terapeuta e ao
mesmo tempo o terapeuta succiona o seu.

Dessa forma o paciente sentirá como o terapeuta realiza a sucção, e este conduzirá sua
língua estimulando seus movimentos de frente para trás. Pode-se utilizar pós de sabores
diferentes para estimulação.

Podemos dividir o trabalho da respiração em duas etapas: a primeira é realizada com treino
da respiração nasal e a segunda com treino do tipo respiratório.

Para o treino da respiração nasal, trabalhamos com um espelho tipo Glatzel, um espelho
pequeno e automatização.

Espelho tipo Glatzel: O paciente deve realizar inspirações e expirações com a boca fechada,
deixando marcada a superfície do espelho. Depois deve inspirar o ar por uma narina e
expulsá-lo pela outra, alternando as narinas.

Espelho pequeno: Coloca-se um pequeno espelho embaixo do nariz, onde o paciente deve
realizar respirações alternando o ritmo e a duração das mesmas.

Automatização: O paciente deve manter um pedaço de retalho de hóstia, clips ou elástico


ortodôntico entre os lábios enquanto realiza alguma atividade como ver televisão, ler, etc.,
aumentando progressivamente a duração.

Para o treino do tipo respiratório, trabalhamos em decúbito dorsal e sentado.

Em decúbito dorsal: O paciente inspira pelo nariz e coloca a mão sobre o diafragma para
sentir sua expansão e elevação; depois segura a respiração e expira lentamente pela boca,
controlando o fluxo de ar. Após, deve colocar as mãos lateralmente sobre as costelas para
sentir a expansão.
Sentado: o paciente inspira pelo nariz, provocando a expansão costodiafragmatica e o
expulsa contando de maneira pausada até 4; depois repete o exercício avançado
progressivamente a conta até chegar a 15. Durante todos os exercícios respiratórios
devemos levar em conta a postura do pescoço e dos ombros.

Orientamos o paciente em relação a mastigação para que esta seja realizada com a mordida
anterior, mastigando os alimentos com os lábios selados, alternando os lados e triturando
os alimentos na zona dos molares (posteriormente).

Quanto a deglutição, iniciamos com o treino de líquidos para depois passar ao treino da
deglutição de saliva. Com uma seringa damos um jato de água a boca do paciente, que
deve deglutir seguindo a seqüência abaixo:

Com a boca aberta: O paciente deve posicionar a água no centro da língua, apoiar sua parte
anterior nas papilas palatinas e, com a boca aberta, apertá-la contra o palato realizando
movimentos ondulatórios de frente para trás para levar a água até a faringe. Esse
movimento só é conseguido por meio da elevação do osso hióide, por isso é necessário
posicionar a mão do paciente debaixo da mandíbula para que perceba essa elevação.
Realizamos essa primeira etapa com a boca aberta para estarmos seguros da posição da
língua.

Com os dentes em oclusão: O paciente utiliza essa posição, ainda com os lábios separados,
mas com os dentes em contato e repete os mesmos movimentos anteriores. Nessa fase
ocorre a contração dos músculos masséteres.

Com os lábios fechados: Com os dentes em oclusão, repete-se os mesmos movimentos.


Nessa fase, além da contração dos masseteres, constata-se a ausência de mímica perioral
ou de movimentos de cabeça.

Para variar o exercício anterior, o paciente mantém uma bala na boca para provocar
salivação. Deve juntar a saliva, ocluir os dentes e realizar os mesmos movimentos do
exercício descrito. Logo após passamos aos alimentos pastosos e realizamos as mesmas
etapas.

No que diz respeito a articulação da fala, os transtornos articulatórios miofuncionais tem


relação com os maus hábitos orais, com as anomalias estruturais dos órgãos
fonoarticulatórios e com a alteração das funções orofaciais.

O sigmatismo anterior está associado a hábitos como sucção de dedos ou de outros objetos,
ao uso da chupeta, entre outros. É freqüente em respiradores bucais.

O sigmatismo lateral também tem relação com a sucção de dedos e da língua e está
presente nas mordidas abertas laterais.

Na reabilitação dos sigmatismos é de extrema importância o trabalho de reabilitação oral,


além da reeducação do posicionamento lingual e do direcionamento da corrente aérea
durante a articulação de determinados fonemas.

As dificuldades na pronúncia do fonema /r/, se deve a pouca habilidade do ápice lingual ou


a falta de elasticidade do freio, que também pode ser curto. O trabalho no sentido de
melhorar a mobilidade e a tonicidade da língua e a elasticidade do freio é muito importante
para o sucesso da reabilitação.

É freqüente a observação de pacientes que articulam quase sem mover a boca e/ou a
língua, produzindo uma fala pouco clara. Treinamos então a pronuncia lenta e a articulação
ampla

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