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grupo de renormalização
A primeira parte do curso teve forte concentração na teoria de Landau e na obtenção de uma
solução para as fases dos sistemas físicos e as transições de fase baseado na teoria de campo
médio em geral. Discutimos também as limitações desses resultados. Sabemos que o que estamos
deixando de lado são as utuações. Isso foi discutido brevemente com uma pequena introdução a
teoria de grupo de renormalização. Para fazermos um estudo mais cuidadoso, precisamos incluir
as utuações de uma forma mais consistente e entender o papel que elas desempenham quando o
sistema físico adquire uma temperatura inferior a temperatura crítica, T < Tc , e d < dc , onde Tc é
a temperatura crítica e dc o comprimento de correlação crítico. Para isso é necessário termos uma
descrição da energia livre F [hφ(~r)i] e das funções partições com maior detalhamento da microscopia
do sistema. Discutimos no curso I as bases da descrição microscópica por meio de uma descrição
em geral, a aproximação do campo médio, também nessa descrição, as técnicas discutidas formam
a base para uma descrição em melhor nível de aproximação. Esses métodos em geral exigem uma
deles. Aqui, no entanto, queremos encontrar uma forma mais fenomenológica, dentro do espírito
do que zemos até agora, para abordar esse problema. Para isso, vamos desenvolver o método
caracterizado pelo parâmetro de ordem e as operações de traço envolvem a integral sobre todos os
valores possíveis em todos os pontos do espaço ou todos os pontos de uma rede do parâmetro de
ordem o qual é considerado como um campo clássico contínuo. Com essa metodologia poderemos
1
desempenham um papel fundamental. Elas servem, no entanto, também para descrever o sistema
físico longe da transição de fase. Na verdade, a discussão que faremos aqui poderia ter sido a
discussão inicial para introduzir a teoria de Landau. Aqui estamos seguindo a ordem sugerida por
CL (ref. 1). A seguir, pretendemos avançar a discussão sobre a teoria de grupo de renormalização
notas desse capítulo estão baseadas no capítulo 5 de CL e nos capítulos 17 e 18 do Huang (ref. 2)
1 Teoria de campo
no ensemble canônico onde F (T ) é a energia livre de Helmholz. Para termos uma descrição
Nós queremos uma descrição que ponha em evidência o papel do parâmetro de ordem φ(~r) mas
levando em conta que o parâmetro de ordem é uma grandeza macroscópica, em certa extensão.
Com isso, queremos dizer que seu conhecimento é limitado dentro de um valor médio calculado em
uma célula com muitos átomos. O procedimento é dividirmos o sistema físico em várias células, com
dimensões grandes quando comparadas com comprimentos microscópicos característicos tais como
2
clássicas. Ele é calculado como um valor médio sobre todas as partículas da célula centrada na
posição ~r e seu valor médio é designado por φ̃(~r). Nesse caso, ele pode ser visto como uma variável
clássica contínua, variando de célula para célula. Essencialmente, o que estamos considerando aqui
é que as utuações importantes no valor da energia são aquelas de grande comprimento de onda.
distância que caracteriza microscopicamente o sistema. Não esperamos nenhuma utuação com
valor menor que a, ou seja, a transformada de Fourier das grandezas físicas associadas tem um
corte em Λ ∼ 2π/a, ou seja, só é esperado ter componentes para ~k < 2π/a. Esse procedimento de
caso, a energia livre de Landau, que discutimos no curso I, é calculada para uma conguração
particular local do parâmetro de ordem. Agora, em vez de considerarmos seu valor mínimo,
permitiremos todos os valores, incluindo suas excitações, mas de acordo com seu peso estatístico.
Os estados do sistema são especicados pelo valor de φ̃(~r) e sua energia efetiva é H̃[φ̃(~r)] onde a
ˆ ˆ
d 1 d
H= d rf [φ(~
r)] + r)]2
d rc[∇φ(~ (3)
2
ou,
ˆ ˆ
1
d r f˜[φ̃(~
d d
H̃ = r)] + r)]2
d rc[∇φ̃(~ (4)
2
A função de partição é calculada como uma soma sobre todos os valores possíveis do parâmetro
ˆ
Z= Dφ̃(~r)e−H̃/kB T (5)
ˆ ´
dd rh(~r)φ̃(~r))/kB T
Z= Dφ̃(~r)e−(H̃− (6)
3
´
A integral D... é uma integral funcional, ou seja, ela é calculada sobre todos os valores
A integral é uma integral de caminho uma vez que ela é a soma sobre todos os caminhos possíveis
de φ̃(~r) no espaço. Exemplos desses caminhos estão na gura 1, onde os caminhos (a) e (b)
representam caminhos onde o parâmetro de ordem é constante enquanto que para os caminhos (c)
Figure 1: Exemplos de caminhos que contribuem para a integral funcional em um campo unidi-
mensional. Extraído de CL.
Podemos escrever a função de partição em sistemas clássicos partindo do campo φ(~r). Para
isso, escrevemos
ˆ ´
dd rh(~r)φ(~r)]/kB T
δ[φ(~r) − φ̃(~r)]e−[H−
Y
Z= Dφ̃(~r)Tr (7)
~
r
de onde temos
4
ou seja, somamos sobre todos os valores microscópicos xando o mesmo valor para o parâmetro
de ordem e depois somamos sobre todas as formas possíveis para o parâmetro de ordem. A razão de
realizarmos a soma nessa ordem deve-se a suposição que o parâmetro de ordem entra em equilíbrio
Para o que se segue, não é necessário fazer a distinção entre o campo φ(~r) e seu valor médio φ̃(~r).
Também não distinguiremos entre a energia H e H̃ no cálculo da energia efetiva que determina o
Uma última observação sobre nosso tratamento em coarse-graining é que para termos uma
teoria macroscópica completa, essa não deve depender do vetor de onda de corte, Λ, o qual deve
desaparecer dos valores das grandezas físicas calculadas. A solução parar isso é fazermos Λ → ∞.
Esse limite, no entanto, nem sempre é possível, podendo aparecer divergências na energia livre (ex-
ceto nas aproximações de campo médio). A forma de evitar essas divergências é a renormalização,
similar ao que foi feito na eletrodinâmica quântica. Voltaremos a essa questão posteriormente.
cálculo na função de partição. Para isso, vamos considerar a nossa denição da integral funcional
como sendo o limite contínuo de uma teoria de campos φ~l denida em N sítios ~l de uma rede de
dimensão-d. o parâmetro da rede serve como limite de comprimento que consideramos, ou o cuto.
Nesse caso, o valor do parâmetro de ordem φ(~r) em cada sítio da rede ~l é um número independente
e pode ser integrado separadamente:
ˆ ˆ ∞
Y
Dφ = dφ~l (9)
~l −∞
onde o produto é realizado sobre todos os sítios da rede . Podemos ainda denir a integral fun-
5
ˆ ˆ
dφ̃(~
k)dφ̃∗ (~k)
Y
Dφ = (10)
|~k|<Λ
´
A integral dφ(~
k)φ∗ (~k) é uma integral bidimensional no plano complexo de φ(~k), sendo equiv-
ˆ
−βHL (φ~l)
Y
Z= dφ~le (11)
~l
onde
1X
C~ ~0 (φ~ − φ~l0 )2
X
HL [φ~l] = fL (φ~l) + (12)
~l
2 ~ ~0 l,l l
l,l
fL (φ~l) é expresso como uma expansão em série em torno de φ~l = 0 e C~l,~l0 tem um alcane
nito, tipicamente do espaçamento da rede. φ~l pode assumir qualquer valor entre −∞ e ∞. A
conguração que entra na soma da partição é especicada pelo valor de φ~l em cada sítio ~l. A
gura 2 exemplica algumas congurações para uma rede unidimensional. Uma análise desses
exemplos mostra que fL (φ~l) favorece na soma alguns valores particulares de φ~l. Vamos considerar,
por exemplo, que fL tem a forma da densidade de energia livre de Landau no modelo φ4 ,
1
fL = rφ~2l + uφ~4l (13)
2
Nesse caso, fL pode ter um único mínimo em φ~l = 0 ou dois mínimos em φ~l = ±(|r| /4u)1/2 , se
r for negativo. O termo de interação favorece valores iguais de φ~l em todos os sítios da rede. As
congurações (b) e (d) onde φ~l varia rapidamente de sítio para sítio tem valore maiores de HL e,
portanto, menor peso no cálculo do traço da função de partição do que as congurações (a) e (c),
as quais tem um valor φ~l espacialmente uniforme e próximo ao valor mínimo para fL .
6
Figure 2: Congurações de uma teoria de campo em rede unidimensional. (a) Conguração de
baixa energia quando fL tem um únimo mínimo em φ~l = 0. (b) Conguração de alta energia
variando espacialmente quando fL tem um único mínimo. (c) Mesmo que (a) mas com fL com
dois mínimos. (d) Mesmo que (b) mas com fL com dois mínimos. Quando o parâmetro da rede
vai para zero os caminhos tornam-se a teoria contínua apresentada esquematicamente na gura 1.
Para calcularmos limite contínuo do modelo de rede devemos fazer o volume v0 por célula de
cada sítio ir para zero e a posição ~ ~ do sítio torna-se a variável contínua ~r enquanto que φ~ torna-se
R l l
ˆ
d
X
v0 → d r
~l
ˆ
d r f˜[φ(~
d
X
fL (φL ) → r)]
~l
ˆ
1X 1 d 2
C~l~l0 (φ~l − φ~l0 ) → d rc(∇φ) (14)
2 ~ ~0 2
l,l
7
onde
1
f˜ = fL
v0
1 X ~2
c = R C~ (15)
dv0 ~ ~l l,0
l
Finalmente, a integral funcional que aparece no cálculo da função de partição tem a denição
formal
ˆ ˆ
Y
Dφ(~r) = lim dφ~l (16)
v0 →0
~l
ˆ d ˆ d
q ·~ d q q ·~ d q
i~ r i~ r
ei~q·~r f (~q)
X
f (~r) = A e f (~q) = AV e f (~q) →AV =1
q~
(2π)d (2π)d
ˆ ˆ
d −i~
q ·~
r d −i~
q ·~
f (~q) = d re f (~r) =→AV =1 d re
r
f (~r) (17)
ˆ
q 0 )·~
q −~
d i(~
d re
r
= (2π)d δ (d) (~q − ~q0 )
ˆ d
d q 0
e−i~q·(~r−~r ) = δ (d) (~r − ~r0 ) (18)
(2π)d
8
ˆ d
1 X i~q·R~ ~ d q ~
f~l = e l fq~ → ei~q·R~l
V q~ (2π)d
V X −i~q·R~ ~ ~
e−i~q·R~l
X
fq~ = e lf → v (19)
~l 0
N ~ ~
l l
a integral funcional exatamente. Essa situação tem uma aplicação importante. Sempre que o
hamiltoniano H for harmônico em φ(~r), o peso da função e−iβH ca gaussiano e o traço da função
partição pode ser calculado exatamente. Essa solução é o primeiro passo para cálculos perturbativos
ˆ ∞ 1/2
2π
− 12 Cy 2 +λy 2 /(2C)
dye = eλ (20)
−∞ C
que foi calculada simplesmente completando o quadrado. Podemos generalizar esse resultado
para integrais multidimensionais e integrais funcionais. Consideremos Cuma matriz n×n com
componentes Cij = hi|C|ji. Consideremos o caso em que C é real e simétrica. Nesse caso, ela pode
ˆ n
! n ˆ
− 12 yi Cij yj +λi yj −Cp2 yp2 /eλp yp
Y Y
dyi e = dyp e
i=1 p=1
n
!1/2
2π 2
eλp /(2Cp )
Y
=
p=1 Cp
9
1 −1
= (2π)n/2 (det C)−1/2 e 2 λi Cij λj
1 1 −1
= exp[− Tr ln(C/2π) + λi Cij λj ] (22)
2 2
Aqui estamos assumindo a convenção de realizar uma soma toda vez que os índices se repetem.
Ainda,
X
yp = < p|i > yi
i
X
λp = hp|ii λi (23)
i
1X 1 X
HL0 = r~l~l0 φ~lφ~l0 = r(~q) |φ(~q)|2 (24)
2 ~ ~0 2V q~
l,l
onde
1 X i~q·R~ ~
φ~l = e l φq~
N v0 q~
1 X −i~q·R~ ~
r(~q) = e lr
~l,0 (25)
v0 ~
l
D E
~l|~q = 1 i~q·R~
e (26)
N 1/2
Os autovalores de r são
1 X i~q·(R~ ~−R~ ~0 )
h~q|r|~qi = e l l r
~l,~l0 = v0 r(~
q) (27)
N 1/2 ~ ~0
l,l
Escrevendo
10
X
Hext = − h~lφ~l (28)
~l
temos nalmente,
ˆ
0 +H
β(HL ext )
Y
A[T, h~l] = −kB T ln Z = −kB T ln dφ~le
~l
1 1X
h~lβG~0l~l0 h~l0
X
= kB T ln[βr(~q)v0 /(2π)] − (29)
2 q~
2 ~~0 ll
ˆ d
d q q ·(R ~ ~0 ) kB T
~ ~−R
D E
G~0l~l0 = e i~ l l = φ~φ~
l l 0 (30)
(2π)d r(~q)
ˆ
1 1 X
0
H = d d 0
r, ~r0 )φ(~r)φ(~r0 )
d r d r r(~ = r(~q) |φ(~q)|2 (31)
2 2V q~
ˆ d ˆ
1 d q 1 d 0
A[T, h(~r)] = kB T V d
ln[βr(~q)v0 /(2π)] − d
r)βG0 (~r, ~r0 )h(~r0 )
d r d r h(~ (32)
2 (2π) 2
onde
βr(~q) = G−1
0 (~
q) (33)
ˆ d
0 d q 0 kB T
G0 (~r, ~r ) = d
ei~q·(~r−~r ) = hφ(~r)φ(~r0 )i (34)
(2π) r(~q)
Uma questão importante deve ser observada aqui. O limite contínuo tem problemas quando
11
fazemos o limite v0 → 0. A energia livre diverge. Isso pode ser contornado com o cuto na
dimensão física do problema. O volume da célula está relacionado com o cuto da teoria contínua,
como já discutimos. O número de vetores de onda é igual ao número de pontos da célula da teoria
discreta:
ˆ d
X d q
1=N =V (35)
q~
(2π)d
V dΛ−d
v0 = = (36)
N Kd
onde
Ωd
Kd = (37)
(2π)d
(anal, temos um contínuo no sistema e não mais uma divisão em um número nito de células), Λ
tem sentido e podemos associar um valor a v0 . Por exemplo,
4π
v0 = , d=2
Λ2
6π 2
= , d=3 (38)
Λ3
potencial termodinâmico, A[T, h(~r)] e sua energia livre conjugada, F [hφ(~r)i]. Essa teoria é denida
pelas equações
12
ˆ ´
dd rh(~r)φ(~r))/kB T
Z = Dφ(~r)e−(H−
ˆ ˆ
d 1 d
H = d f [φ(~
r)] + r)]2
d rc[∇φ(~ (39)
2
espaço funcional do campo denido pelo parâmetro de ordem φ. O peso estatístico de cada cong-
uração é determinado pelo cálculo da função de partição. Fica claro que a principal contribuição é
´ d
aquela que minimiza β[H − d rh(~
r)φ(~r)]. Essencialmente, podemos fazer uma primeira aproxi-
mação no cálculo da função de partição utilizando a aproximação de ponto de sela ou melhor pelo
caminho de ponto de sela, φ(~r) = φps (~r) o qual é determinado pela equação
δH
|φ(~r)=φps (~r) = h(~r) (40)
δφ(~r)
Aqui identicamos a teoria de campo médio como sendo o resultado da aproximação de ponto
(caminho) de sela, ou seja, quando consideramos apenas a contribuição desse caminho no cálculo
( ˆ )
d
ZCM = exp −β(H[φps (~r)] − d rh(~
r)φps (~r))
( ˆ ! )
d
≡ exp −β FCM [hφ(~r)i] − r) hφ(~r)i
d rh(~ ) (41)
onde
13
hφ(~r)i = φps (~r) (43)
Esse resultado nos dá uma justicativa mais formal para nossa aproximação de campo médio.
Mas temos algo a mais. Estamos agora em condições de calcularmos a contribuição das utuações.
Para isso, vamos considerar a correção devido a variações do campo do parâmetro de ordem em
Temos que calcular a modicação na função de partição. Para isso, vamos expandir H em
ˆ ˆ
H− d
d rh(~
r)φ(~r) = H[hφ(~r)i] − d
r) hφ(~r)i
d rh(~ + H0 + 0((δφ(~r))3 ) (45)
onde
ˆ
0 1 d 0 δ2H
H = d
d rd r
0
|φ(~r)=hφ(~r)i = β −1 G−1 r, ~r0 )
0 (~ (46)
2 δφ(~r)δφ(~r )
βδ 2 H
G0−1 (~r, ~r0 ) =
δφ(~r)δφ(~r0 )
onde G0 (~r, ~r0 ) é a funçã de correlação de campo médio. Na teoria de Landau em hφi4 , temos
ˆ ´
(1) (0) − 12 dd rdd δφ(~r)G−1
0 (~ r0 )δφ(~
r,~ r0 )
Y
Z =Z dδφ(~
r)e (48)
~l
14
Calculando a contribuiçao gaussiana, temos
1
Z (1) = Z (0) q (49)
−1
G0 v0 /(2π)
ˆ d
1 d q
F = FCM + kB T V ln[G−1
0 (~
q )v0 /(2π)]
2 (2π)d
1
= FCM + kB T Tr ln[G−1
0 v0 /(2π)] (50)
2
´ d
A(~r, ~r0 )
P
lembrando que o traço da matriz é TrA = d rA(~
r, ~r) = q~ A(~
q ) , onde a segunda
igualdade se realiza apenas se a matriz diagonaliza-se na transformada de Fourier.
Essa correção na energia livre é conhecida como correção de um ciclo (one-loop correction)
para a aproximação de campo médio sem utuações. A origem dessa expressão está no fato que
essa energia livre é o funcional gerador de todos os diagramas com integração em um ciclo.
βδ 2 F
G−1 (~r, ~r0 ) =
δ hφ(~ri δ hφ(~r0 )i
−1 0 1 δ 2 G−1
0
= G0 (~r, ~r ) + TrG0
2 δ hφ(~r)i δ hφ(~r0 i
ˆ
1 δ 2 G−1
0 (~r1 , ~r2 )
= G−1
0 (~
r , ~
r 0
) + d
d
r 1 d
d
r2 G 0 (~
r 1 , ~
r2 ) (51)
2 δ hφ(~r)i δ hφ(~r0 )i
G−1 (~r, ~r0 ) = G−1 r, ~r0 ) + 12uδ(~r − ~r0 )G0 (~r, ~r0 )
0 (~ (52)
15
ˆ d
1 2 d q kB T
kB T G (~q, r) = r + cq + 12u (53)
(2π)d r + cq 2
phase approximation - RPA). Essencialmente, o que fazemos é substituir um fator φ2 no termo quár-
tico, φ4 , no cálculo de fSL , pelo seu valor médio, hφ2 i. Como temos seis maneiras de escolhermss
dois fatores de φ para formar φ2 , o resultado é que a energia livre em RPA é f = 21 rφ2 + 6u hφ2 i φ2 .
Vamos considerar o caso em que a temperatura está acima da temperatura crítica, Tc . Nesse
caso, G(~r, ~r0 ) = hφ(~r)φ(~r0 )i , uma vez que hφi = 0. Das equações 47 e 52, e calculando a transfor-
D E
kB T G−1 (~q) = r + cq 2 + 12u φ2 (54)
e,
ˆ d ˆ d
D
2
E d q d q kB T
φ ≡ G(~r, ~r) = G(~q) = (55)
(2π)d (2π)d r+ cq 2+ 12u hφ2 i
16
ˆ Λ
d−1 1
= r + 12ukB T Kd dqq (56)
0 τ + cq 2
Ωd
Kd = (57)
(2π)d
ˆ Λ d
∗ 12ukB Tc d q 12ukB Tc Kd Λd−2
rc ≡ a(Tc − T ) = − =− (58)
c 0 q2 c d−2
ou seja,
!−1
12uKd Λd−2
Tc = 1 + T∗ (59)
(d − 2)ca
relação ao valor limite de metaestabilidade do campo médio. Temos também que Tc → 0 para
d → 2. Isso estabelece a dimensão crítica mais baixa dL (= 2), para a qual as utuações impedem
uma transição de fase a temperatura nita. Ou seja, para d < dL não temos nenhuma transição
de fase.
ˆ !
−1 d−1 kB T kB Tc
χ ≡ τ = r − rc + 12uKd q dq
2
− 2
τ + cq q
a0 Kd
= (r − rc ) − 12ukB Tc τ Id (τ ) (60)
a c
onde
17
a0 Λd−2
!
Kd
= 1 + 12ukB Tc (61)
a ac d−2
ˆ Λ ˆ Λ
d−1 1 1
Id (τ ) = q dq = q d−3 dq (62)
0 q 2 (τ + cq 2 ) 0 τ + cq 2
onde
Λd−4
Id (0) = (64)
c(d − 4)
O resultado produz o mesmo expoente crítico γ=1 que já tínhamos encontrado na teoria de
ˆ Λ(c/τ )1/2
−(d−2)/2 (d−4)/2 y d−3 dy
Id = c τ (65)
0 1 + y2
• Para d > 4, a teoria de campo médio de Landau permanece válida. A natureza da singu-
• Para d=4 (não mostrado aqui) há uma divergência logarítmica. Para d < 4, temos uma
divergência da ordem de τ (d−4)/2 , para τ → 0. A teoria de Landau não se aplica mais. Mais
importante, teorias de perturbação também não são úteis. Uma vez que a contribuição de
18
menor ordem diverge, devemos esperar que as outras contribuições também divergem.
• Podemos dizer que para d>4 a singularidade não é modicada pelas utuações. Isso vale
Isso não signica que a teoria de campo médio funciona melhor quanto maior a dimensão.
Os expoentes críticos mudam com d para d < 4 mas permanecem constantes e iguais aos
• Observando a equação 60 podemos dizer que, embora a teoria de campo médio falha próx-
ima a Tc , ela produz resultados aceitáveis em uma região crítica, com as utuações sendo
responsável apenas por uma pequena contribuição. Pode-se mostrar que a região aceitável
é aquela prevista por Ginzburg, já discutida. Uma discussão sobre esse caso, nesse modelo,
está no CL.
• Última observação, para entendermos o comportamento crítico para d ≤ 4 temos que buscar
soluções não-perturbativas. A solução é a encontrada por K. Wilson em 1971, com a teoria
de grupo de renormalização.
2 Grupo de Renormalização
As idéias da teoria de grupo de renormalização são construídas ao longo de muitos anos. Não
• Podemos dizer que a partir da primeira proposta de uma teoria de campo médio (van-der-
• Entre 1937 e 1963/1971 há um período de grande inquietude uma vez que ca claro que a
19
• O trabalho de Onsager, em 1944, que calcula exatamente o modelo de Ising em duas dimen-
sões, deixa claro que a teoria de campo médio não funciona. Ref.: L. Onsager, Phys. Rev.
• Cyril Domb, Martin Skyes e Michael Fisher (1949) calculam os expoentes críticos utilizando
o método de expansão em séries e mostram que os resultados da teoria de campo médio não
estão corretor.
• Ben Widom identica a maior parte das relações de escalonamento mas não identifca suas
origens. Refs. B. Widom, J Chem. Phys. 41 ,1643 (1964) e B. Widom, J. Chem. Phys. 43,
3892 and 3896 (1965).
resultados de Widom. Ref. A.Z. Patashinskii and V.L. Pokrovsky ",Soviet Phys. JETP, 19
667(1964).
• L. Kadano (1966) apresenta idéias heurísticas que explicam muitas dos resultados da renor-
malização.
Vamos discutir aqui o modelo de Kadano e a seguir o modelo de Wilson. Os exemplos que
2.1 Escalonamento
Vamos revisar rapidamente a discussão sobre escalas. Nosso objetivo é entendermos como o sistema
físico escala quando fazemos uma alteração de escala no sistema físico. Por exemplo, consideremos
reescalonamento na dimensão espacial por uma proporção b. Ou seja, a nova dimensão da rede é
20
a → a0 = ba (66)
N 0 = b−d N (67)
Esperamos que a densidade de spins permaneça a mesma. Para isso, as distâncias espaciais
Com isso garantimos que a densidade de spins no novo sistema é a mesma do sistema antigo.
Podemos também analisar o reescalonamento sob o ponto de vista da função de partição. Para
X
Z= exp[−βHN [σi ]] (69)
{σ}
Somamos agora sobre N − N0 spins, cando apenas para somar sobre os demais N 0 spins.
Podemos esperar poder escrever a função de partição na forma
exp[−βHN 0 [σi0 ]]
X
Z= (70)
{σ 0 }
Podemos esperar então que a energia livre do novo sistema é a mesma do sistema original, pelo
menos na parte singular da energia livre (responsável pelo comportamento crítico). A relação entre
ou,
21
f (t, h) = b−d f (t0 , h0 ) (72)
t0 = bDt t (73)
h0 = bDh h (74)
Escrevemos então
Vamos assumir agora que f não deve se alterar com a mudaça de escala, ou seja, não deve
apresentar uma dependência em b. Nesse caso, b deve desaparecer da equação 75. Para isso,
devemos substituir as variáveis h0 e t0 por uma única variável que não dependa de b:
h0 bD h h h h Dh
= = = onde ∆= (76)
|t0 |Dh /Dt Dh /Dt
|t| (bDt )Dh /Dt |t| Dh /Dt
|t|∆ Dt
d/Dt ∆
f (t0 , h0 ) = |t0 | f˜(h0 / |t0 | ) (77)
e, também,
22
f (t, h) = |t|2−α X0 (h/t∆ ) (79)
de onte temos
d
α=2− (80)
Dt
β = 2 − α − ∆ = (d − Dh )/Dt
ξ. Sabemos que
ξ 0 = b−1 ξ (82)
Mas, ao mesmo tempo, temos que ξ 0 ∼ |t0 |−ν , da mesma forma que ξ ∼ |t|−ν . Logo,
!−ν
ξ0 t0
= = b−νDt (83)
ξ t
1
ν= (84)
Dt
dν = 2 − α (85)
23
Da função de correlação, temos
η = d + 2 − 2Dh (88)
Vamos considerar uma rede de dimensão d com N sítios e constante de rede a. Utilizaremos como
modelo de estudo um sistema físico que é descrito pelo modelo de Ising, com spins si = ±1 nos
espaciais estão fortemente correlacionado. A idéia básica do método é gerar uma nova rede, com
a0 = ba (89)
Com isso, produzimos uma nova rede, onde cada novo sítio é identicado com um novo spin,
que denominaremos spin de bloco ("block spin"), s0 . Vamos indexar os novos sítios por Iα (sα )
(ver g. 3). O reescalonamento de Kadano consiste em mapearmos os valores dos spins da rede
original na nova rede. Não há uma única forma de procedermos e diferentes mapeamentos levarão,
24
em princípio, a diferentes esquemas de grupo de renormaliza ção. A segunda etapa consiste em
encontrarmos as interações efetivas entre os novos spins, ou seja, obter um novo hamiltoniano para
a nova rede.
Vamos agora aplicar para o caso do modelo de Ising explicitamente. O que faremos a seguir
X
G(h, t) = exp(−G(h, t)/kB T ) = exp(−H[{s}]/kB T ) (90)
{s}
X
H[{s}] = 0 (91)
{s}
25
Y
Sα = si (92)
i∈Iα
XX
H{S} = Kα S α (93)
Iα α
Sα Sβ = 2N δαβ
X
(94)
{S}
onde a soma sobre {S} equivale a dupla soma sobre Iα e α. Podemos agora encontrar os
Kα = 2−N
XX
Sα H{S} (95)
Iα α
Vamos limitar a análise aos hamiltonianos homogêneos, isto é, vamos chamar de a a classe de
todos os subconjuntos de sítios Iα para os quais podemos identicar uma operação de simetria da
rede. Restringiremos os sistemas para os quais todos os Kα de Iα ∈ a têm o mesmo valor. Nesse
XX X X X
H[{s}] = Kα Sα = Kα Sα (96)
Iα α a Iα ∈a α
ou,
N
si sj + K20
X X X X
H[{S}] = K1 si + K2 si sj + K3 si sj sk + ... (97)
i=1 hi,ji hhi,jii hi,j,ki
onde hi, ji refere-se aos primeiros vizinhos, hhi, jii, aos segundos vizinhos, e assim por diante,
hi, j, ki aos tripletos primeiros vizinhos, etc. Podemos identicar por exemplo K1 = −h/kB T ,
26
K2 = J/kB T , etc. O mesmo acontece com os hamiltonianos H.
Vamos agora renormalizar a rede para uma rede cúbica com b sítios em cada bloco B para cada
dimensão. Temos então bd spins em cada bloco B. Vamos denominar os spins dos blocos como s0 .
Temos então
onde δK é o delta de Kronecker. Essa função nos diz se uma conguração em particular produz
o valor s0B = 1 ou s0B = −1. Vamos introduzir agora uma função peso
P {s0 , s} =
Y
PB (100)
B
onde o produto é sobre todos os blocos. Ela depende do conjunto de todos os spins dos blocos,
{s0 } e o conjunto de todos os spins originais, {s}. Essa função tem as propriedades
P {s0 , s} ≥ 0
P {s0 , s} = 1
X
(101)
{s0 }
P {s0 , s} e−H{s}
X XX
Z= H[{s}] = (102)
{s} {s0 } {s}
27
0 0
e−G0 +H [{s }] = P {s0 , s} e−H[{s}]
X
(103)
{s}
com a condição
H[{s0 }] = 0
X
(104)
{s0 }
Podemos agora introduzir uma energia livre para os spins de bloco, G0 = N 0 g 0 , onde g0 é a
0 0 0
e−G = e−H [{s }]
X
(105)
{s0 }
G0 + G0 = G (106)
mento {Kα } e {Kα0 } por K e K 0, respectivamente, podemos esperar que as energias tenham a
G = N g(K)
G0 = N 0 g(K 0 )
G0 = N µ(K) (107)
28
Podemos reconstruir os parâmetros Kα0 da mesma forma que os parâmetros Kα :
0
Kα0 = 2−N Sα0 H0 [{S 0 }]
X
(109)
{S 0 }
A equação de recorrência 108 nos permite aplicá-la iterativamente para obtermos o resultado
K → K 0 = R(K) (110)
onde R é a transformção que leva K para K 0 . Embora diferentes regras para a soma dos blocos
de spin levem a diferentes grupos de renormalização, todos eles são, em princípio, legítimos. A
diculdade está em encontrar a relação de transformação. O método de Kadano não nos diz como
fazê-lo.
K ∗ = R(K ∗ ) (112)
Assumimos que K (n) atinge o ponto xo na medida que n → ∞. O hamiltoniano H∗ , cor-
respondente a K ∗, é chamado de hamiltoniano do ponto xo. Esse ponto xo é o que estamos
interessados uma vez que nele o sistema é invariante para uma mudança de escala. Ou seja, a
Vamos analisar o comportamento do sistema próximo do ponto xo, que assumimos ser um
29
ponto crítico. Os diversos valores de K0 formam um espaço de constantes. A transformação entre
dois pontos dene um uxo dinâmico discreto nesse espaço. Para nossa análise, faremos uma
aproximação linear para a variação das transformações nesse espaço. Próximos do ponto crítico,
escrevemos então,
e temos
ou,
∂Rα (K)
T̄αβ = |K=K 0 (116)
∂Kβ
A matriz T̄ não é necessariamente simétrica. Assumiremos que ela possui autovalores não-
degenerados o que garante que os autovetores da direita e da esquerda formam uma base. Vamos
T̄ ϕ
~ = λ~
ϕ (117)
ou,
Temos então,
30
δKα = (K (n) − K ∗ ) = ϕiα vi
X
i
δKα0 = (K (n+1) − K ∗ ) = ϕiα vi0
X
(119)
i
Utilizando a propriedade
ϕ̄ · φ̄ = φ̄ · ϕ̄ = 1̄ (121)
onde
φ̄iα = φiα
podemos escrever
φiα δKα
X
vi =
α
vi0 φiα δKα0
X
= (123)
α
vi0 = λi vi (124)
Os vi0 s são chamados de campos de escala e estão associados com a transformação do grupo de
31
renormalização próximo do ponto crítico. Os vi 's formam um conjunto de coordenadas curvil[ineas
para o ponto xo. Partindo do hamiltoniano inicial, podemos escrever
em torno de um ponto xo. Podemos classicar os campos de escala vi pelos seus autovalores:
1. Relevantes se |λi | > 1. Esses campos tem que ser considerados uma vez que para um valor
não nulo eles aumentam de intensidade a cada transformação. Para estar no ponto xo eles
2. Irrelevantes se |λi | < 1. Nesse caso, o campo diminui a cada transformação, eventualmente
3. Marginal se |λi | = 1. Esse caso depende dos detalhes do sistema e exigem uma análise
diferenciada.
32
Figure 4: Ponto xo (hiperbólico) para um espaço de parâmetros bidimensional adaptado para as
coordenadas e os uxos. Extraído da ref. 4.
campos de escala são irrelevantes, ele é um nó estável. Finalmente, se temos os dois tipos de
campos de escala, relevantes e irrelevantes, o ponto xo é um ponto de sela ou hiperbólico. Vamos
considerar esse caso. Consideremos um sistema com n campos de escala, sendo m relevantes:
A condição
v1 = ... = vm = 0 (127)
33
na superfície levam a K ∗ enquanto que os pontos que não estão na superfície inicialmente levam
a K∗ mas a medida que se aproximam desse afastam-se, na medida que o número de interações
Figure 5: Superfície crítica de um ponto xo hiperbólico com três campos de escala e m = 1.
Extraído da ref. 4.
Vamos retornar agora a equação de recorrência 108 e utulizarmos os campos de escala como
Essa é uma equa ção linear não-homogênea. Sua solução geral é formada por uma solução
34
g(v1 , v2 , ...) = b−d g(λ1 v1 , λ2 v2 , ...) (129)
Vamos assumir que µ(v1 , v2 , ...)seja uma função regular (analítica) dos cmapos de escala em
torno da origem. Pode-se mostrar nesse caso (ver ref. 5) uma solução particular regular greg (v1 , v2 , ...)
pode ser obtida pela iteração de µ apenas. Podemos escrever então
g(v1 , v2 , ...) = greg (v1 , v2 , ...) + b−d gsing (v1 , v2 , ...) (130)
O processo de renormalizarmos os sítios para blocos cada vez maiores tem o efeito de diminuir o
com ξ = ∞. Todos os pontos na superfície crítica levam a K∗ por meio de transformações de grupo
de renormalização. Ou seja, todos os pontos em uma superfície crítica devem ser críticos, isto é,
crítica ou melhor todos os sistemas físicos que formam a mesma superfície crítica denem uma
classe de universalidade dos sistemas críticos. Todos os sistemas físicos na superfície crítica serão
direcionados para o mesmo ponto xo K∗ sob o efeito de operações de grupo de renormalização,
ou seja, eles apresentarão o mesmo comportamento crítico. A diferença entre os sistemas físicos
estabelece-se nos campos de escala irrelevantes, os quais não têm inuência no comportamento
crítico.
Vamos voltar para o nosso exemplo do modelo de Ising. Sabemos que para t 6= 0 o comprimento
de correlação
e nito, o mesmo para h 6= 0. Portanto, t = h = 0 devem estar entre as condições que deniem
a superfície crítica, ou seja, t e h devem estar associados a campos de escala relevantes. Podemos
35
fazer a associação t → 0 ⇔ v1 → 0 e h → 0 ⇔ v2 → 0. Vamos escrever os autovalores respectivos
na forma
λ 1 = bD t
λ 2 = bD h (131)
onde Dt , Dh > 0 para os campos relevantes e b > 1. A equação 129 tem a forma
ln λ1
Dt =
ln b
ln λ2
Dh = (133)
ln b
Podemos ir mais longe ainda. Vamos chamar de vt o campo de escala associado com a temper-
φtα Jα
P
Tc ({Jα }) = P α t ∗
(135)
α φα Kα
36
2.3 Aplicação: modelo de Ising em uma dimensão
Vamos considerar um exemplo simples, que tem solução exata, para entendermos melhor as idéias
discutidas acima. Por falta de tempo, não vamos detalher muito o resultado. Para uma versão
pedagógica, sugerimos a ref. 8. Aqui, vamos seguir resumidamente os passos do CL, na ausência
de um campo externo.
Solução exata O hamiltoniano de Ising em uma dimensão e na ausência de campo externo pode
H X X X
−H̄ = − =K σi σi+1 + L σi + C
T i i i
X 1 X X
= K σi σi+1 + L (σi + σi+1 ) + C
i 2 i i
X
= K̄(σi , σi+1 ) (136)
i
onde K = J/T e L = h/T , sendo que J é a integral de troca e h é o campo magnético externo.
C é uma constante que dene o zero de energia.
Para calcularmos a função de partição utilizamos matrizes de transferência. Vemos que pode-
K+L −K
0 e e
eK̄(σ,σ ) = eC
≡ M̄ (K, L, C) (137)
−K K+L
e e
Para calcular a função de partição vamos utilizar condições de contorno periódicas. Com isso,
podemos escrever
37
e−H̄ = TrM̄ N = eN C (λN N
X
ZN = + + λ− ) (139)
σ0 ,...,,σN
f 1
= lim [−ZN ]
T N →∞ N
h2
!
1
f − f0 → −T e−2K − e2K (142)
2 T
onde
f0 = −J − T C (143)
∂ 2f 1
χ=− 2
= e2K (144)
∂h T
modelo de Ising em uma dimensão. Esse resultado era esperado qualitativamente uma vez que
38
em uma dimensão não deveríamos esperar uma transição para fase ordenada para temperaturas
não nulas. A fase a T =0 é com os spins totalmente ordenados enquanto que a T 6= 0, os spins
aparecem desordenados.
isso, vamos reescrever a rede em blocos de b−1 spins, deixando um spin em cada sítio como na
gura . A função de partição da nova rede é igual a da rede original e pode ser escrita na forma
0
ZN (K, L, C) = TrM̄ N = Tr[M̄ b ]N = ZN 0 (K 0 , L0 , C 0 ) (145)
onde N 0 = N/b é o número de sítios da nova rede. Os potencias da rede decimada podem ser
determinados por
M̄ (K 0 , L0 , C 0 ) = M̄ b (K, L, C) (146)
Quando L = 0, temos
Essa equação é a relação de recursão do grupo de renormalização. Ela pode ser iterada um
certo número de vezes e, no innito, K chega a um ponto xo K ∗, tal que K 0 = K = K ∗. Nesse
tanh K = 0 (K = ∞)
tanh K = 1 (K = 0) (148)
39
tanh K diminui a cada iteração aproximando-se do ponto xo tanh K = 0 na medida que
qualquer número de iterações. Como todos os valores de K outros que não seja K =∞ tendem
instável, uma vez que os pontos de atração para esse valor é apenas o próprio ponto K = ∞. A
O ponto xo estável descreve o comportamento para todas as temperaturas nitas. Ele está
ξ 0 = ξ/b (149)
ou seja, o comprimento de correlação medido no parâmetro de rede da nova rede é b−1 vezes
medida que ele é reescalonado. Temos apenas dois pontos xos: ξ = 0 e ξ = ∞.O segundo
caso corresponde ao ponto crítico enquanto que o primeiro corresponde a temperaturas altas não
críticas.
40
Figure 7: Fluxo do grupo de renormalização para tanh K e T , mostrando os pontos xos estável
em tanh K = 0 (T = ∞) e instável em tanh K = 1 (T = 0). Extraído de CL.
No caso em que L e C não são nulos, podemos encontrar as relações de recorrência a partir da
0 x(1 + y)2
x =
(x + y)(1 + xy)
y(x + y)
y0 =
(1 + xy)
w2 xy
w0 = (150)
(1 + y)2 (x + y)(1 + xy)
onde
x = e−4K
y = e−2L
w = e−4C (151)
41
(1) x∗ = y ∗ = 0
(2) x∗ = 1, y ∗ arbitrário
(3) x∗ = 0, y ∗ = 1 (152)
O primeiro ponto xo corrresponde a uma conguração onde todos os spins estão alinhados
para todas as temperaturas e corresponde a um campo externo innito. O segund ponto xo
descreve a fase paramagnética a altas temperaturas. Finalmente, o terceiro ponto xo descreve
o ponto crítico a T = 0. Vamos observar esse caso com mais cuidado, que é o mais interessante.
onde δx = x − x∗ e δy = y − y ∗ .
A energia livre se escreve na forma
f (K, L, C) 1 1
= − ln ZN (K, L, C) = − 0 ln ZN0 0 (K 0 , L0 , C 0 ) (154)
kB T N bN
então,
42
para b = 2. Com δy = −2L e δx = e−4K , temos
Figure 8: Fluxo de grupo de renormalização na presença de campo externo mostrando três pontos
xos. Extraído de CL (ref. original D.R. Nelson e M.E. sher, Ann. Phys. 91, 226 (1975)).
43
2.4 Modelo de Ising em duas dimensões
Em duas dimensões as transformadas das constantes de acoplamento tornam-se cada vez mais
a primeira transformação leva a uma interação entre segundos vizinhos, além da dos primeiros
vizinhos, e uma interação entre quatro spins (ver ref. 8). Essa última cria problemas cada vez
ˆ
1 X 2 ∗~ ~
d
r)|2
d r |∇φ(~ = k φ (k)φ(k)
V ~
ˆ k
d 1 X ~ ∗~
d rφ(~
r)h(~r) = φ(k)h (k)
V ~
ˆ k
1 X ∗~ ~
d
r)|2 =
d r |φ(~ φ (k)φ(k)
V ~
ˆ k
1 X
d
r)|4 =
d r |φ(~
3
δK~ (~k1 + ~k2 − ~k3 − ~k4 )φ∗ (~k1 )φ∗ (~k2 )φ(~k3 )φ(~k4 ) (158)
V ~ ~
k1 ,...,k4
ˆ ´
−G(h,t)/kB T dd rh(~r)φ̃(~r))/kB T
Z(h, t) = e = Dφ̃(~r)e−(H̃−
onde
ˆ ˆ
1
d r f˜[φ̃(~
d d
H̃ = r)] + r)]2
d r[∇φ̃(~
2
44
onde
1 2 1
f˜[φ̃(~r)] = ∇φ̃(~r) + rφ̃(~r)2 + uφ̃(~r)4 + ...
2 2
onde escolhemos o coeciente do termo gradiente como sendo 1/2 o que denie a normalização
ˆ
1 X 2 u X 1 X ~
H(t)− d
d rh(~
r)φ̃(~r) = (r+k 2 ) φ(~k) + 3 φ(~k)φ(~k 0 )φ(~q)φ(~q0 )δ~k+~k0 +~q+~q0 ,0 − φ(k)h(−~k)+...
2V ~ V ~~ 0 0 V ~
k kk q~q~ k
A somatória assume que há um cuto para grandes vetores de onda. Para uma rede hipercúbica
esse pode ser simplesmente |kmax | = 2π/a, onde a é o parâmetro da rede. No limite do contínuo,
precisamos introduzir o cuto articialmente. Em geral, optamos, por simplicidade, por um cuto
~
esférico, k < Λ. Mais uma vez, as previsões físicas devem ser independentes do cuto, no limite
Assumindo uma aproximação contínua para a rede, para campo externo constante, a energia
ˆ ˆ d
d 1 d k 2
~ ~ 2
G(t, h)= H(t) − d rh(~
r)φ̃(~r) = −hφ(0) + (r + k ) φ( k)
(2π)d
2
ˆ d d 0
d k d k
+u φ(~k + ~q)φ(~k 0 − ~q)φ(−~k 0 )φ(−~k) + ...
(2π)d (2π)d
~
onde a integral subentende um limite do tipo k < Λ.
A função de partição é calculada agora na forma
ˆ
Z=N Dφ(~k)Dφ(~k)∗ e−G(h,t)
onde
45
ˆ
Dφ(~k)Dφ(~k)∗ → dRφ(~
k)dIφ(~k)
Y
|~k|<Λ
para comprimentos de onda cada vez maiores, sucessivamente. Esse processo de granular o sistema
a cada renormalização consiste em alterar sucessivamente o valor do cuto para Λ/b. A gura 9
ilustra esse processo, comparando a renormalização do espaço real com a do espaço ~k . Para cada
distâncias curtas (ou grandes vetores de onda) e reescalonar o mesmo e o momento de forma que
possamos obter uma energia livre com a mesma forma funcional e o mesmo cuto para altos valores
do momento (cuto no ultra-violeta). Devemos, aqui também, esperar que novos acoplamentos
(innito).
46
Figure 9: Comparação entre a granularidade espessa no espaço real e no espaço de momentos.
Extraído de 2.
Podemos esquematizar a metodologia em três passos (por praticidade vamos incluir o termo de
campo no hamiltoniano):
ˆ
−H0 [φ(~k)] ~
dφ(~ ∗ (~k)e−H[φ(k)]
Ω
Y
e =e k)dφ (159)
Λ/b<|~k|<Λ
onde Ω [e uma constante que depende do cuto Λ e das constantes de acoplamento. O novo
hamiltoniano depende apenas de φ(~k) onde
~
k < Λ/b. Com essa diferença ele tem a mesma
47
partição tem a forma
ˆ
0 ~
dφ(~ ∗ (~k)e−H [φ(k)]
−G Ω
Y
Z=e =e N k)dφ (160)
|~k|<Λ/b
~k 0 = b~k (161)
isso fazemos o coeciente do termo de gradiente para 1/2. Isso é feito com uma operação do
tipo
Como
dα(b)
y= |b=1
db
48
e derivando a eq. 164, temos
dα(b)
b = yα(b); α(1) = 1
db
α(b) = by
Figure 10: Efeito de diminuir os graus de liberdade na zona de Brillouin. A esfera original tem
raio Λ. Todos os campos com vetor de onda ~k entre Λ/b e Λ são removidos, cando uma zona
de Brillouin com raio Λ/b. Na transformação seguinte os vtores de onda são reescalonados para
~k = b~k . A nova zona de Brillouin tem raio Λ mas o número total de vetores de ona ~k diminui para
N 0 = N/bd . Extraído de CL.
49
Figure 11: (a) Representação esquemática dos campos φ(~r) com variação espacial em uma dimensão
com o máximo de vetores de onda na transformada de Fourier com cuto Λ. (b) Os campos φ(~ r)
depois que os vetores de onda de maior grau de liberdade foram removidos. Os vetores de onda com
0
maior valor são Λ/b. (c) Reescalonamento do campo φ (~ r) em função da coordenada reescalonada
0
~r = ~r/b. O vetor de onda máximo em unidades reescalonadas é novamente Λ, como mostram as
0 0
oscilações de φ (~
r ). Extraído de CL.
Esse procedimento estabelece novamente uma transformação Rque permite calcular as con-
stantes de acoplamento:
K0 = Rb (K) (165)
com
R1 = identidade
Rb Rb0 = Rbb0
A análise que zemos para as transformações de blocos no espaço real permane válida. O ponto
50
xo é encontrado por meio da equação
K∗ = Rb (K∗ ) (166)
ˆ d
n o 1 d k 2 2
F φ(~k), h = −hφ(0) + d
[~k + r(T ) φ(~k) (167)
2 |k|<Λ (2π)
1. A primeira etapa é calculada sem problemas uma vez que a integração envolve modos inde-
ˆ
0
dφ(~
k)dφ(~k)∗ e−H {φ,h}
Y
Z = Z0 (168)
|~k|<Λ/b
onde
ˆ d
0 1 d k 2
~k + r(T )] φ(~k)2
H {φ, h} = −hφ(0) + [ (169)
2 |~k|<Λ/b (2π)d
A parte regular Z0 é
2
π[r(T ) + ~k ]−1
Y
Z0 = N (170)
Λ>|~k|>Λ/b
ˆ d
0 1 −d d k −2 ~ 2
~
2
H → −hφ(0) + b [b k + r(T )] φ( k/b) (171)
d
2 |~k|<Λ (2π)
51
3. O terceiro passo tem apenas uma solução,
d
y =1+
2
ou seja,
O resultado nal é
ˆ d
0 1 0 d k 2
~k + r0 (T )] φ(~k)2
H {h, φ} = −h φ(0) + [ (173)
2 |~k|<Λ (2π)d
onde
h0 = b1+d/2 h
r 0 = b2 r (174)
de onde temos
Dt = 2
d
Dh = 1 + (175)
2
52
ξr = constante
sistema contínuo realizando uma transformação innitesimal uma vez que tudo que precisamos é
2.7 Modelo φ4
Para uma análise completa ver a ref. 6. Uma análise qualitativa, ver a ref. 7. Aqui seguimos os
passos da ref. 2.
ordem):
ˆ
1 1
H[φ] = d
d r |∇φ(~r)|2 + rφ(~r)2 + uφ(~r)4 (177)
2 2
cuto para Λ/b, com b ∼ 1. Para um volume nito grande V, o número de estados na camada é
1
N = V Sd (Λ)∆k
2
∆k ∆Λ
= = ∆(ln Λ)
Λ Λ
= ln Λ − ln(Λ/b) = ln b (178)
53
Vamos escrever
hφ(~r)i é o parâmetro de ordem médio, que apresenta uma média com granularidade mais espessa
que φ(~r). δφ(~r) contém as componentes de Fourier a serem integradas.
em consideração e seus centros são escolhidos de forma a cobrir todo o espaço do sistema. A
extensão no espaço real é grande, da ordem de |∆~r| ∼ 1/∆k , contendo ondas com vetores de onda
ˆ
d
r)]2
d r[ϕi (~ = 1
ˆ
d
r)]n
d r[ϕi (~ ≈ 0 para n impar
ˆ
d
d rϕi (~
r)ϕj (~r) ≈ 0 (180)
Ou seja,
Para calcular o primeiro passo, substituímos a eq. 181 na eq. 177 e integramos os termos em
´
2.
d
r)|2
d r |∇ϕi (~ ≈ Λ2
54
3. Termos em δφ(~r)4 são desprezados.
References
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[5] Th. Niemeijer a J.M.J. van Leeuwen, em Phase Transitions and Critical Phe-
nomena, vol. 6, pp. 425-505, C. Domb e M.S. Green, eds., Academic Press, 1976.
[8] H.J. Maris e L.P. Kadano, Teaching the renormalization group, Am. J. Phys. 46,
652 (1978).
55