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PROF: RAQUEL TINOCO Treinamento Funcional | Portal Educação

ORÇAMENTO DE
OBRAS DE
CONSTRUÇÃO
CIVIL

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ORÇAMENTO DE
OBRAS DE
CONSTRUÇÃO
CIVIL
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SUMÁRIO

MÓDULO I

1 NOÇÕES GERAIS SOBRE ORÇAMENTOS

1.1 O QUE SÃO ORÇAMENTOS


1.2 COMO SE ORGANIZAM OS ORÇAMENTOS
1.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1.3.1 Estudo das condicionantes de um trabalho

1.3.2 Composição de custos

1.3.3 Determinação do preço

1.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES


1.5 PREÇO DE VENDA (UNITÁRIO) DE SERVIÇOS
1.6 REALIZAÇÃO DE ORÇAMENTOS

MÓDULO II

2 CÁLCULO DE PREÇOS DE VENDA

2.1 ESTRUTURAS DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.2 COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA

2.3 O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO

2.4 CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES

MÓDULO III

3 CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS

3.1 FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS

3.2 CUSTOS DE MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS


3.3 RENDIMANTOS: MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

3.3.1 Mão de Obra

3.3.2 Materiais

3.3.3 Equipamentos

3.4 FICHAS DE CUSTOS

MÓDULO IV

4 CÁLCULO DE CUSTOS DO CANTEIRO DE UMA OBRA

4.1 MONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS

4.2 ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS

4.3 DESPESAS GERAIS

4.4 DESMONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS

MÓDULO V

5 MEDIÇÕES PARA ORÇAMENTO

5.1 PRINCÍPIOS BASE

5.2 REGRAS BÁSICAS DE MEDIÇÃO

5.3 DESENVOLVIMENTO DE CHECK-LIST

5.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES

5.5 MEMÓRIA DESCRITIVA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MÓDULO I

1 NOÇÕES GERAIS SOBRE ORÇAMENTOS

A importância da realização de um orçamento preciso corresponde à


possibilidade direta de uma empresa obter lucro ou prejuízo em uma obra,
principalmente quando faltam critérios técnicos e econômicos mínimos para a
sua elaboração. Por ter papel de responsabilidade direta pelo sucesso ou
fracasso, no orçamento devem estar contidas todas as condicionantes de
trabalho, desde a análise dos insumos utilizados, até a previsão de alguns gastos
fixos mensais, tais como aluguéis de equipamentos e mão de obra envolvida na
organização dos trabalhos (mestres, técnicos, engenheiros ou arquitetos
responsáveis pela execução).

FIGURA 1

FONTE: Arquivo pessoal do autor.


Em uma visão tradicional, um orçamento é uma previsão ou estimativa
do custo de uma obra. O custo total da obra é o valor que corresponde à soma
de todos os gastos necessários para a sua execução.

Um orçamento corresponde a uma avaliação, previsão ou estimativa do


custo de obra ou de serviço a ser executado por meio de quantificação de
insumos, mão de obra ou equipamentos, o tempo de duração do
empreendimento. Assim, será possível obter o preço total da obra (GONZÁLEZ,
2007).

Na participação de uma concorrência, o preço proposto pelo construtor


não deve ser nem tão baixo a ponto de não permitir lucro, nem tão alto a ponto
de não ser competitivo na disputa com os demais proponentes.

Há sempre a possibilidade de duas ou mais empresas chegarem a


orçamentos distintos, porque distintos são os processos teóricos utilizados, a
metodologia de execução proposta para a obra, as produtividades adotadas para
as equipes de campo e os preços coletados, dentre outros fatores.

O que é importante destacar é que o orçamento deve refletir as


premissas da construtora, constituindo-se numa meta a ser alcançada pela
empresa.

Os documentos integrantes do estudo do orçamento servem como


importante fonte de informação para a preparação, organização e execução dos
trabalhos. Muitas vezes, o volume de informações para um determinado caso
pode ser bastante complexo, exigindo o registro de uma série de informações
interligadas, que fazem parte de todo o processo de execução até a entrega do
trabalho.

O principal objetivo deste módulo está no entendimento dos conceitos


de todos os elementos que constituem um orçamento de obras de Construção
Civil, com a familiarização de suas características próprias e alguns aspectos
relevantes.
Neste módulo será possível criar um embasamento técnico que será
necessário para a compreensão de todo o curso.

1.1 O QUE SÃO ORÇAMENTOS

Os orçamentos são as formas de saber quanto custa uma obra ou


projeto. Tem o mesmo sentido de previsão, sendo o ato de estimar uma situação
futura, com base em uma análise presente, com o objetivo de alcançar uma nova
situação projetada.

No caso da Construção Civil, uma obra é


uma atividade econômica, na qual o aspecto custo
possui especial importância. O orçamento possui
uma proposta do custo de uma obra, apresentada
por uma empresa para a prestação de um serviço
solicitado.

Para entendimento geral de todos os


passos que se deve percorrer para o desenvolvimento de
um orçamento, deve-se ter em conta uma série de aspectos, conforme o
fluxograma apresentado a seguir.
FIGURA 2

FONTE: MATTOS, 2006.

Definição sintética de orçamento:

É a completa discriminação dos custos e serviços para a realização de


uma obra de Construção Civil.

Segundo Tisaka (2006), os principais elementos de um orçamento são:

 Projeto;
 Caderno de encargos;
 Medição;
 Quantificação;
 Memória descritiva;
 Serviço simples;
 Serviço composto;
 Mapa de Trabalhos;
 Mão de obra;
 Materiais (insumos);
 Composição de custos;
 Composição de preços;
 Preço de venda.

Projeto

Definição do plano geral para edificar, incluindo a informação específica


para a concretização.

Caderno de Encargos

Documento de um projeto no qual se enumera as obrigações das partes


e condições técnicas para a execução da obra.

Medição

Determinar quantidades de material, mão de obra e máquinas a aplicar


em uma determinada obra. A medição gera documento em que constam os
materiais e serviços necessários para um trabalho e que servem para fazer o
estudo do orçamento.

Quantificação

É a etapa em orçamentação na qual são levantadas as quantidades de


serviços de obra a executar por meio do registro da medição.

Memória Descritiva

Documento que contém todas as explicações detalhadas, apresentando


as justificações e soluções para a execução de uma determinada construção.
Serviço Simples

É o serviço realizado apenas a partir de insumos e ferramentas básicas,


com o emprego de mão de obra auxiliar.

Serviço Composto

É o serviço realizado a partir de insumos diversos, com o emprego de


técnica e equipamentos especiais.

Mapa de Trabalhos

É a peça gráfica em que o orçamento é apresentado. É construído pela


relação dos serviços da obra com as respectivas quantidades, custos unitários e
totalizações por grupos de serviços afins ou correlatos.

Mão de obra

É o trabalho humano que é empregado na construção.

Materiais (insumos)

São os componentes utilizados na realização física dos diversos


serviços.

Composição de custos

É a discriminação das quantidades de insumos e respectivos preços


necessários à realização de um serviço (a soma define um custo para o serviço).
Preço de venda

É a composição de custos acrescida da taxa de BDI (Benefícios e


Despesas Indiretas) que contempla os serviços realizados pelo construtor que
não fazem parte da obra em si, o emprego do capital, os riscos e o lucro.

Para a realização de um orçamento de Construção Civil é necessário


compreender inicialmente os seguintes pontos:

- Identificação da obra;

- Descrição;

- Quantificação;

- Análise e valorização dos serviços apresentados.

Como o orçamento é preparado antes da realização do trabalho, deve


ser realizado um estudo abrangente para que não existam lacunas na
composição dos custos e considerações aleatórias.

Um dos requisitos básicos para um bom orçamentista é o conhecimento


detalhado de cada serviço. Quanto maior a capacidade de interpretar desenhos,
planos e especificações da obra, melhor será o estabelecimento de ações para
cada fase do trabalho a realizar, sendo possível identificar a dificuldade de cada
serviço e consequentemente custos de execução.

Existem alguns parâmetros que não podem ser determinados com


exatidão, como é o caso das condições climáticas, condições do solo quando
não ocorreram estudos prévios, disponibilidade de materiais, principalmente em
períodos de férias coletivas dos fornecedores, além da influente flutuação da
produtividade dos operários e diversas paralisações por acidentes, feriados ou
outros fatores interligados.
1.2 COMO SE ORGANIZAM OS ORÇAMENTOS

A organização dos elementos que fazem parte de um orçamento não


pode ser analisada apenas como uma listagem de números que foram retirados
de um livro ou de um manual.

Os orçamentos devem ser um documento regido por conceitos


fundamentais de orçamentação, como ser capaz de retratar a realidade do
projeto, por se tratar de um estudo, há sempre a possibilidade de uma margem
de incerteza incorporada à análise, muitas são as premissas de cálculo adotadas
e a defasagem de tempo entre o momento da orçamentação e o da realização
do serviço.

Os principais atributos de um orçamento são (MATTOS, 2006):

 Estimativa;
 Especificação;
 Temporalidade.

Estimativa

O orçamento é baseado em previsões, obtendo levantamentos


aproximados. Por mais que todas as variáveis sejam ponderadas, há sempre
uma aproximação associada. O orçamento não tem que ser obrigatoriamente
exato, porém deve ser o mais preciso possível. Quanto mais criteriosa for a
análise dos elementos necessários para o estudo do orçamento, menor será a
sua margem de erro.

Por exemplo, em um orçamento de R$ 752.350,45, o valor apresentado


com o rigor dos centavos não representa necessariamente uma “precisão” de
duas casas decimais. Esse preço de venda é decorrente de uma série de contas
definidas a partir de premissas de cálculo.
FIGURA 3

A estimativa de um orçamento está embutida em diversos itens:

 Mão de obra

 Produtividade das equipes

Quando, por exemplo, se admite que um pedreiro gasta 1,0 h para fazer
1,0 m2 de alvenaria de bloco cerâmico, será por meio dessa premissa que o total
de mão de obra de alvenaria será calculado. A produtividade afeta diretamente
a composição de custo.

 Encargos sociais e trabalhistas

O percentual de encargos que incidem sobre a mão de obra leva em


conta premissas tais como incidência de acidentes do trabalho, rotatividade para
cálculo de aviso prévio, faltas justificadas e outros elementos arbitrados a partir
de parâmetros estatísticos e históricos.
 Material

 Preço dos materiais

Não é possível afirmar com certeza que os preços cotados durante a


orçamentação serão os praticados durante a obra.

 Impostos

Os impostos embutidos no preço de aquisição dos insumos podem variar


durante a obra. Além disso, a base de cálculo de impostos como o ISS é
estimada para fins de orçamento.

 Perda

O percentual de perda e desperdício é arbitrado para cada material que


entra no orçamento. Assim, por exemplo, admitir que há uma perda de 3% no
bloco cerâmico é uma consideração que pode se mostrar arrojada, realista ou
conservadora dependendo do serviço.

 Reaproveitamento

O reaproveitamento consiste na quantidade de vezes que um material


pode ser reutilizado (Exemplo: chapa de madeira compensada para forma de
estruturas de concreto).

 Equipamento
 Custo horário

O custo horário depende de parâmetros de cálculo como vida útil, custo


de manutenção e operação.
 Produtividade
Quando se assume, por exemplo, que uma escavadeira, escava 30 m 3
de solo por hora, há uma margem de incerteza incluída, pois a produtividade é
função da disponibilidade mecânica (percentual de tempo em que o equipamento
está em condições mecânicas de ser utilizado) e do coeficiente de utilização
(percentual do tempo disponível em que o equipamento efetivamente trabalha),
além do empolamento do material escavado (aumento de volume entre os
estados natural e solto).

 Custos indiretos

 Pessoal

Os salários e encargos sociais das equipes técnica, administrativa e de


apoio.

 Despesas gerais

As contas de água, luz, telefone, aluguel de equipamentos gerais (grua,


andaimes), seguros, fretes, etc.

 Imprevistos

Os orçamentistas precisam incluir no orçamento alguma verba para os


custos que não podem ser orçados com certeza ou explicitamente: retrabalho
em razão de chuvas, por má qualidade, danos causados por fenômenos naturais
ou por terceiros, danos causados pela construtora a terceiros, etc.

Especificação

O orçamento para a construção de uma obra em um determinado local


dentro da área geográfica da sede da empresa é diferente do orçamento de uma
obra com as mesmas características a ser realizado em outra região distante,
que necessite de mobilização da estrutura da empresa ao local. Não é correto
designar um orçamento como padrão ou generalizado para um tipo de serviço.
Por mais que um orçamentista se baseie em algum trabalho anterior, é sempre
necessário adaptá-lo à obra em questão.

Todo orçamento está intrinsecamente ligado a:

 Empresa

O orçamento traz implícita a política da empresa, na quantidade de


cargos de supervisão previstos (engenheiros, mestres, encarregados), no
padrão do canteiro de obras, na quantidade de veículos disponibilizados para a
equipe, grau de terceirização de serviços, na taxa de administração central
cobrada da obra para cobrir parte dos custos do escritório central da empresa,
na necessidade de empréstimos para fazer a obra, etc.

 Condições locais

O clima, relevo, vegetação, profundidade do lençol freático, tipo de solo,


condições das estradas locais, facilidade de acesso às fontes de matérias-
primas, qualidade da mão de obra, oferta de equipamento, qualidade dos
subempreiteiros da região, diferentes alíquotas de impostos, entre outros fatores.

Temporalidade

Um orçamento realizado há algum tempo já não é válido atualmente. Se,


por exemplo, a aprovação para iniciar um trabalho acontecer após longo tempo
(fora da previsão definida em orçamento), será necessário estabelecer alguns
ajustes. Isso se deve a:
 Flutuação no custo dos materiais ao
longo do tempo;
 Alteração de impostos e encargos
sociais e trabalhistas;
 Evolução dos métodos construtivos.
Surgimento de técnicas, materiais e
equipamentos mais adequados à
realização do respectivo serviço;
 Diferentes cenários financeiros e gerenciais. Os diferentes cenários
podem justificar a terceirização, delegação de tarefas, condições de capital de
giro, necessidade de empréstimo, etc.

A organização de orçamentos para obras de Construção Civil pode ter


enfoques distintos, quando analisado sob o prisma do cliente e proprietário da
obra ou pelo construtor (MATTOS, 2006).

Do ponto de vista do cliente e proprietário da obra, o orçamento é a


descrição de todos os serviços, devidamente quantificados e multiplicados pelos
respectivos preços unitários, cuja somatória define o preço total, ou seja, seu
desembolso.

Alguns pontos apresentados em um orçamento não são uma


preocupação imediata do proprietário, como a cotação de materiais, percentual
de perdas e produtividade de equipes. De uma maneira geral estará mais
preocupado com o montante do empreendimento e como esse montante será
desembolsado ao longo do tempo.

Do ponto de vista do construtor, o orçamento é a descrição de todos os


materiais, devidamente quantificados e multiplicados pelos respectivos custos
unitários, acrescidos das despesas indiretas, cuja somatória define o custo total,
ou seja, o desembolso do construtor, mais o lucro e os impostos, gerando então
o preço total, que é quanto irá receber (TISAKA, 2006).

Para o construtor, o orçamento encerra em seu contexto todas as


premissas que passam a ser metas de desempenho durante a obra. O preço de
venda dos serviços é fixo, o custo é variável e precisa ser monitorado em função
dessas metas.

1.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Para a estruturação de um orçamento destinado a obras de Construção


Civil é necessário considerar alguns conceitos fundamentais que compõem o
mesmo.

O orçamento engloba três grandes etapas de trabalho:

 Estudo das condicionantes de um trabalho;


 Composição de custos;
 Determinação do preço.

Inicialmente estudam-se os documentos disponíveis em uma obra,


realiza-se a visita ao local de trabalho, e fazem-se consultas ao cliente. Em
seguida, prepara-se o custo, que é proveniente das definições técnicas, do plano
de obra, dos quantitativos dos serviços, das produtividades e da cotação de
preços de insumos.

Por fim, soma-se o custo indireto, aplicam-se os impostos e aplica-se a


margem de lucro desejada, obtendo-se assim o preço de venda da obra.

1.3.1 Estudo das condicionantes de um trabalho

Quando existem elementos técnicos disponíveis pelo cliente para a


realização de um orçamento, normalmente por meio de um projeto, seja ele
básico ou técnico/executivo, a partir do projeto ou especificações técnicas por
meio de um caderno de encargos, são identificados os serviços constantes da
obra com suas respectivas quantidades, o grau de interferência entre eles, a
dificuldade relativa de realização das tarefas, etc.

A fase de estudo das condicionantes de um trabalho faz com que sejam


conhecidas as condições da obra, englobando os seguintes passos:

Leitura e interpretação do projeto e especificações técnicas

A depender da complexidade da obra, as plantas baixas, cortes, vistas,


perspectivas, notas, detalhes, diagramas, tabelas e quadros, que em essência
definem o produto final a ser construído, demandam maior ou menor análise.

O entendimento do projeto depende muito da experiência do


orçamentista e de sua familiaridade com o tipo de obra.

As especificações técnicas são documentos que trazem informações de


natureza mais qualitativa do que quantitativa. Elas contêm, entre outras coisas:

 Descrição qualitativa dos materiais a serem empregados;


 Padrões de acabamento;
 Tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais;
 Critério de aceitação de materiais;
 Tipo e quantidade de ensaios a serem realizados;
 Resistência do concreto.

Leitura e interpretação do edital

O edital é o documento que rege a licitação, no caso de a obra ser objeto


de uma concorrência. Ele traz as "regras" do projeto. É o principal documento da
fase de licitação.

Algumas das informações contidas no edital e que são indispensáveis


para a elaboração do orçamento:

 Prazo da obra;
 Datas contratuais;
 Penalidade por atraso no cumprimento do prazo ou bônus por
antecipação;
 Critérios de medição, pagamento e reajustamento;
 Regime de preços (unitário, global, por administração);
 Limitação de horários de trabalho;
 Critérios de participação na licitação (capital social da empresa, etc.);
 Habilitação técnica requerida com relação à empresa e responsável
técnico;
 Documentação requerida;
 Seguros exigidos;
 Facilidades disponibilizadas pelo contratante (instalações de água,
energia, etc.).

Visita técnica

A visita ao local da obra serve para tirar dúvidas, levantar dados e


características importantes para um orçamento, tirar fotos, avaliar o estado das
vias de acesso e verificar a disponibilidade de materiais, equipamento e mão de
obra na região. Em muitos casos, quando não existe projeto ou caderno de
encargos, a visita técnica torna-se a única fonte de levantamento de informações
para realizar o orçamento.

1.3.2 Composição de custos

Identificação dos serviços

O custo total de uma obra é fruto do custo orçado para cada um dos
serviços integrantes da obra. A origem da quantificação está na identificação dos
serviços.

Levantamento de quantitativos
Cada serviço identificado deve ser quantificado. O levantamento de
quantitativos é um dos principais trabalhos do orçamentista. O levantamento de
quantitativos inclui cálculos baseados em dimensões precisas fornecidas no
projeto (volume de concreto armado, área de telhado, área de pintura, etc.) ou
em alguma estimativa (volume de escavação em solo, quando são dados perfis
de sondagem, por exemplo).

Custos Diretos

Os custos diretos são aqueles diretamente associados aos serviços dos


trabalhos em obra. Representam o custo orçado dos serviços levantados.

A unidade básica é a composição de custos, os quais podem ser


unitários, ou seja, identificados a uma unidade de serviço (quando ele é
mensurável, por exemplo: kg de armação, m3 de concreto) ou dado como verba
(quando o serviço não pode ser traduzido em uma unidade fisicamente
mensurável, por exemplo: paisagismo, sinalização).

Cada composição de custos unitários contém os insumos do serviço com


seus respectivos índices (quantidade de cada insumo requerida para a
realização de uma unidade do serviço) e valor (provenientes da cotação de
preços e da aplicação dos encargos sobre a hora-base do trabalhador).

A empresa pode usar composições de custos próprias obtidas pela


experiência e levantamento por meio de obras de igual dimensão já
anteriormente realizadas ou obtê-las em publicações especializadas, como a
TCPO (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos), da Editora PINI
(TCPO, 2011), sendo atualmente uma das publicações mais completas e
difundidas no mercado da Construção Civil.

Custos Indiretos

Os custos indiretos são aqueles que não estão diretamente associados


aos trabalhos de obra em si, mas que são necessários para que tais serviços
possam ser realizados. Nestes custos são dimensionadas as equipes técnicas
(engenheiros, mestres, encarregados), de apoio (almoxarife, apontador) e de
suporte (secretária, vigia), e identificadas às despesas gerais da obra (contas,
materiais de escritório e limpeza, etc.), mobilização e desmobilização do canteiro
de obras, taxas e emolumentos, entre outras despesas.

Cotação de preços

A cotação de preços consiste na coleta de preços dos fornecedores do


mercado para os diversos materiais da obra, tanto os que aparecem no custo
direto, quanto no custo indireto. É importante que esta etapa seja feita em
seguida à seleção das composições de custos, para que o orçamentista possa
ter uma relação completa de todos os materiais do orçamento.

Definição de encargos sociais e trabalhistas

Análise dos encargos sociais e trabalhistas, a serem aplicados à mão de


obra a ser utilizada na obra analisada. Envolvem os diversos impostos que
incidem sobre a hora trabalhada e os benefícios a que têm direito os
trabalhadores e que são pagos pelo empregador.

1.3.3 Determinação do preço

Definição da margem de lucro

Basea-se nas condições intrínsecas e extrínsecas da obra, o construtor


define a margem de lucro que deseja obter na obra em questão. Ele deve levar
em conta fatores como: concorrência, risco do empreendimento, necessidade de
conquistar a obra para imagem da empresa, etc. Aplicação do BDI (Benefícios e
Despesas Indiretas) sobre o preço do trabalho como taxa de majoração
importante ao custo do orçamento.
Ao analisar os conceitos fundamentais aqui apresentados, é importante
identificar que o propósito do orçamento não se resume à definição do custo da
obra. Ele tem uma abrangência maior, servindo de subsídio para outras
aplicações, tais como (MATTOS, 2006):

Levantamento dos materiais e serviços

A descrição e a quantificação dos materiais e serviços ajudam o


construtor a planejar as compras, identificar fornecedores, estudar formas de
pagamento e analisar metodologias executivas.

Obtenção de índices para acompanhamento


Com base nos índices de utilização de cada insumo (mão de obra,
equipamento, material), o construtor poderá realizar uma comparação entre o
que orçou e o que está efetivamente acontecendo na obra. Os índices servem
também como metas de desempenho para as equipes de campo.

Dimensionamento de equipes

A quantidade de homem-hora requerida para cada serviço serve para a


determinação da equipe. A partir do índice, determina-se o número de
trabalhadores para uma dada duração do serviço.

Capacidade de revisão de valores e índices

O orçamento pode ser facilmente recalculado a partir de novos preços


de insumos e índices de produção. Para isso, basta que os campos de valores
sejam alterados, pois todo o restante é produto de operações aritméticas
simples.

Realização de simulações

Cenários alternativos de orçamento com diferentes metodologias


construtivas, produtividades, jornadas de trabalho, lucratividade, etc.
Geração de cronogramas físico e financeiro

O cronograma físico retrata a evolução dos serviços ao longo do tempo.


O cronograma financeiro quantifica mensalmente os custos e receitas desses
mesmos serviços – é a distribuição temporal dos valores.

Análise da viabilidade econômico-financeira

O balanço entre os custos e as receitas mensais fornece uma previsão


da situação financeira da obra ao longo dos meses.

1.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES

O Mapa de Trabalhos e Quantidades deve relacionar todos os serviços


a serem realizados. Em seguida, calcular as quantidades a serem executadas e
seus custos unitários (custo para executar uma unidade de cada serviço em
questão).

Os produtos de quantidades por custos unitários fornecem os custos


totais parciais. A soma destes é o custo total do orçamento. Acrescendo-se o
BDI, obtemos o preço total do orçamento (o preço a ser apresentado ao cliente).

Assim, para o exemplo apresentado a seguir (CARDOSO, 2006):

1) Medição de quantidades

escavação = 1,2 x 1,2 x 1,2 = 1,728 m3


remoção de solo = 1,2 m3

compactação do fundo = 1x1 = 1 m2

fundo em concreto = 1 x 1 x 0,05 = 0,05 m3


alvenaria = (1 + 1 + 0,8 + 0,8) x 1,15 = 4,14 m2

reboco interno = 0,8 x 4 x 1,15 = 3,68 m2

grade = 1 m2

reaterro = 0,528 m3

2) Planilha de orçamento discriminado


Orçamento para execução de caixa de drenagem em alvenaria,
dimensões externas 1 x 1 x 1,2 m, rebocada internamente com grelha de aço d=
¾”.
TABELA 1

Item Serviço Unidade Quantidade Custo Custo parcial


unitário

1. Movimento de solo
1.1 Escavação de solo com m3 1,728 15,00 25,92
escoramento

1.2 Apiloamento do fundo m2 1,00 8,00 8,00


1.3 Remoção de solo m3 1,20 5,00 6,00
1.4 Reaterro de solo m3 0,528 10,00 5,28
2. Fundo em concreto magro m3 0,05 120,00 6,00

3. Alvenaria de tijolos m3 4,14 22,30 92,22


maciços, e= 10 cm

4. Revestimento interno – m2 3,68 14,00 51,52


reboco misto

5. Grade de aço, barra d=¾” m2 1,00 150,00 150,00


Subtotal 345,04
BDI 50% 172,52
Total 517,56
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Os Mapas de Trabalhos e Quantidades devem ser apresentados:

 Dividindo os trabalhos (ou projeto) em capítulos;


 Para cada capítulo é necessário individualizar as tarefas;
 Conferir as tarefas. Verificar se estão todas consideradas (um
orçamento antigo semelhante pode ajudar);
 Medir quantidades sobre peças desenhadas definindo previamente a
unidade de medição.
1.5 PREÇO DE VENDA (UNITÁRIO) DE SERVIÇOS

O preço de venda de um serviço é o preço calculado por uma empresa


para venda do trabalho em questão.

No estudo do preço de venda devem ser


considerados os custos da empresa para a
execução do trabalho. Estes custos são definidos
por meio de composições unitárias de custos de
serviços.

Para o cálculo de preços de venda deve-


se criar a decomposição em capítulos de um
mapa de trabalhos, conforme o exemplo a seguir
de um edifício corrente:

Capítulo 1 - Demolições

Capítulo 2 - Terraplanagem

Capítulo 3 - Fundações e estruturas

Capítulo 4 - Construção civil

4.1 - Alvenarias

4.2 - Revestimento exterior - fachadas

4.3 - Revestimento interior - tetos

4.4 - Revestimento interior - paredes

4.5 - Revestimento interior - pavimentos

4.6 - Coberturas e impermeabilizações

4.7 - Carpintaria

4.8 - Serralharia

4.9 - Pinturas
4.10 - Vidros

4.11 - Diversos

Capítulo 5 - Instalações Hidráulicas

Capítulo 6 - Instalações Elétricas

Capítulo 7 - Instalações de Ar-condicionado

Capítulo 8 - Instalações de Gás

Capítulo 9 - Elevadores

Composições unitárias de custos de serviços

As composições unitárias de custos são as "fórmulas" de cálculo dos


custos unitários nos orçamentos discriminados. Cada composição consiste das
quantidades individuais do grupo de insumos (material, mão de obra e
equipamentos) necessários para a execução de uma unidade de um serviço.

Exemplos:

(1) Para a execução de escavação de solo para vigas de fundação, o


único insumo é a mão de obra (servente), sendo estimado um consumo de
quatro horas para cada m3 escavado.

Escavação de solo normal, até 3,0 m de profundidade – m2

TABELA 2
Item Descrição (função) Quantidade Custo unitário Custo
unitária parcial
1 Servente 4,00 h 5,60/h R$ 22,40

Total R$ 22,40

FONTE: Arquivo pessoal do autor.


O custo unitário do serviço é obtido multiplicando-se a quantidade
empregada do insumo por seu custo respectivo. No caso apresentado, o valor
da hora é de R$ 2,00.

Acrescendo-se os percentuais de Leis Sociais, considerados como


180%, o preço do insumo "Servente" é de R$ 5,60/h e o preço do serviço
"Escavação" é de R$ 22,40/m3.

(2) A execução da armadura de uma viga, em aço CA-50 de 12,5mm,


envolve os seguintes insumos, já incluídas as perdas nas quantidades unitárias:

TABELA 3 - ARMADURA CA-50, 12,5 MM – KG

Item Descrição Quantidade Custo unitário Custo


unitária parcial
1 Aço CA-50, 12,5 mm 1,05 kg 3,00/kg 3,15

2 Arame recozido 0,02 kg 7,00/kg 0,14

3 Armador 0,10 h 8,40/h 0,84

4 Servente 0,10 h 5,60/h 0,56

Total : R$ 4,69
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Da mesma forma, os percentuais de Leis Sociais estão embutidos nos


custos de mão de obra. Não é necessário que seja assim, podendo-se calcular
em separado, acrescendo-se como um subtotal.

O valor adotado depende de vários fatores, principalmente da legislação


vigente na data e nas condições particulares da empresa (rotatividade, horas
extras, índice de ações trabalhistas, etc.).

Para estes dois exemplos, o valor calculado é o custo, válido


genericamente, para obras comuns. Contudo, em cada caso, devem ser
verificados aspectos singulares, tais como: local da obra (transporte), horário e
condições de trabalho (horas extras, periculosidade, insalubridade). Além disso,
devem ser acrescidos os custos não discriminados e o lucro desejado (BDI)
(SILVA, 2006).

Obtenção das composições

As composições de custos podem ser obtidas de várias fontes. A melhor


forma é o levantamento direto nas próprias obras, verificando-se o consumo de
acordo com a produtividade da mão de obra local e nas condições técnicas em
que se produz. Porém, pela quantidade de trabalho envolvido, geralmente no
início das composições são obtidas por meio de referências em publicações.

A utilização indiscriminada, porém, é perigosa, pois os coeficientes


foram determinados em locais distintos, e não há garantias de que sejam
adequados para as condições das nossas obras. Por exemplo, uma publicação
editada em São Paulo, há trinta anos, evidentemente deve refletir condições
muito diferentes das encontradas nos dias de hoje. Outra forma de obtenção de
composições é o cálculo direto, para o qual se apresentam dois casos:

(1) Argamassa para alvenaria (1:2:9) - m3:

a) Materiais - traço em volume, considerando os pesos específicos: o


volume para cada parcela do traço é: 1 m3 / (1+2+9) = 0,083333 m3

a1) cimento (1600 kg/m3): 0,83333 x 1600 = 133,3333 kg

a2) cal hidratada (1030 kg/m3): 0,83333 x 2 x 1030 = 171,6666 kg

a3) areia: 0,83333 x 9 = 0,75 m3

a4) perdas: assume-se perda média de 10% nos materiais

b) Mão de obra: estimada (ou medida na obra) em 10h/m 3.

c) Betoneira: tempo ocupado estimado (ou medido na obra) em 4 h.


TABELA 4 - ARGAMASSA PARA ALVENARIA (1:2:9) – M3

Item Descrição Quantidade unitária Custo Custo


unitário parcial
1 Cimento 133,33 kg * 1,10 0,32/kg 46,93
2 Cal hidratada 171,67 kg * 1,10 0,28/kg 52,87
3 Areia média 0,75 m3 * 1,10 35,00/m3 28,88
4 Betoneira 500 litros 0,50 dia 20,00/dia 10,00
(aluguel)
5 Servente 10,00 h 5,60/h 56,00
Total : R$ 194,68
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

(2) Alvenaria de tijolos furados (6 furos, 10x15x20), 10 cm de largura –


m2, para revestir:

a) Quantidade de tijolos

a1) tijolos em um metro quadrado: 1/0,16 x 1/0,21 = 29,76 un


a2) àrea ocupada pelos tijolos: 29,76 x 0,15 x 0,20 = 0,89 m2
a3) volume de argamassa: (1-0,89) x 0,10 = 0,0107 m3
a4) perdas: assume-se perda média de 10% nos materiais.

b) Mão de obra: estimada 1m 1,6h de pedreiro e 0,8h de servente


(estes valores são tradicionalmente empregados)
TABELA 5 - ALVENARIA DE TIJOLOS FURADOS (6 FUROS, 10X15X20),

10 CM DE LARGURA – M2

Item Descrição Quantidade Custo Custo


unitária unitário parcial
1 Tijolos 29,76 un * 1.10 0,28/un 9,17
2 Argamassa 1:2:9 0,0107 m3 * 1,10 194,68/m3 2,29
3 Pedreiro 1,60 h 7,80 /h 12,46
4 Servente 0,80 h 5,60/h 4,48
Total : R$ 28,42
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

É importante entender que a montagem da composição deve ser


coerente com o critério adotado para a medição de serviços, para que se saiba
o que está incluído e o que não está nos valores resultantes da composição de
custos.

Embora os preços possam ser obtidos de listas, do tipo publicado


periodicamente em revistas ou fornecido por contrato (mediante assinatura),
para a execução da obra é necessário obter-se as composições de custos,
propriamente ditas, para que seja possível realizar a aquisição de materiais,
contratação da mão de obra ou de serviços subempreitados e o controle geral
da obra.

1.6 REALIZAÇÃO DE ORÇAMENTOS

Para a realização de orçamentos é necessário organizar os elementos


identificados no estudo, geralmente compostos pelas seguintes etapas:

 Recebimento do conjunto de documentos e informações


complementares (prazo, condições de execução, entre outros);
 Análise preliminar dos documentos e busca de esclarecimentos ou
detalhes para elementos sobre os quais há dúvidas;
 Identificação dos itens e discriminação orçamentária preliminar dos
serviços;
 Quantificação (medição em obra ou por meio de projetos);
 Lançamento em sistema informatizado e/ou busca das composições;
 Listagem e cotação de materiais, mão de obra e serviços
subempreitados;
 Lançamento dos custos, análise de BDI, análises de prazos e
viabilidade; ajustes finais;
 Fechamento do orçamento, redação das condições da proposta ou
minuta do contrato.

Regras gerais para execução de orçamentos:

 Definir claramente as necessidades;


 Saber o que se compra, para que fim e onde comprar;
 Planejar as despesas;
 Organizar os documentos de despesa de forma funcional;
 Evitar desperdícios.

Um orçamento deve conter:

 Apresentação da empresa;
 Quadro técnico;
 Memória descritiva;
 Relatório fotográfico;
 Mapa de Trabalhos e Quantidades;
 Descrição dos serviços oferecidos;
 Planilha de custos;
 Cronograma de execução;
 Prazo de entrega;
 Validade da proposta;
 Fichas técnicas dos produtos mais relevantes.
Nos casos em que o orçamento não seja gratuito, o profissional deve
informar sempre ao consumidor previamente do valor do seu custo, a não
informação condiciona a não obrigatoriedade de recebimento por este serviço.

Normalmente não é prática usual na construção civil o pagamento pela


realização de um orçamento, mesmo que seja preciso realizar um estudo técnico
que pode corresponder a muitas horas de trabalho.

Esta prática caracteriza o risco que existe por parte das empresas de
construção civil, que muitas vezes dedicam parte de seu tempo na criação de
um orçamento técnico, que mostra o perfil técnico e profissional da empresa,
sem a certeza de que terá sucesso.
MÓDULO II

2 CÁLCULO DE PREÇOS DE VENDA

O objetivo do Módulo II é a compreensão do cálculo do preço de venda


para trabalhos em obras de Construção Civil, por meio de uma análise de todos
os custos diretos e indiretos de uma obra. Faz parte deste módulo, a análise dos
diversos elementos que compõem uma obra como um todo.

FIGURA 4

2.1 ESTRUTURAS DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A definição para a estrutura de custos na Construção Civil em um


orçamento é a organização dos custos das empresas de construção para que os
orçamentos possam refletir os custos com maior rigor.

A estrutura habitualmente utilizada é a seguinte:


Diretos
Custos
Indiretos
R$
Canteiro de Obras

Custos diretos – Tudo o que é diretamente imputável às obras e em


particular às respectivas tarefas (tijolos, pedreiro, carpinteiro, equipamentos,
etc.).

Custos indiretos – Custos associados à vida da empresa e que não são


diretamente imputáveis às obras (salários de pessoal do escritório,
administração, custos com a sede, estrutura da empresa, etc.).

Custos de canteiro de obras – Custos imputáveis a uma dada obra


particular, mas que não podem ser imputadas às tarefas do orçamento
(eletricidade, água, salários de pessoal de chefia, vedações, vias provisórias de
comunicação, equipamentos não imputados aos custos diretos, etc.).

Parâmetros de referência

A utilização da experiência anterior é fundamental para que o


orçamentista possa se referenciar. Alguns projetos concluídos com sucesso
devem ser alvo de estudos, gerando parâmetros para estruturar novos estudos.

Por exemplo, para uma estrutura de concreto convencional, as


dimensões esperadas são as seguintes (tabela abaixo), considerando cada
medida em relação à área total construída. Esses elementos representam
médias de projetos considerados de boa qualidade pela experiência da empresa,
mas deve-se ressaltar que estas medidas foram tomadas com base em projetos
estruturais que seguiam certo padrão.
TABELA 6 - PARÂMETROS PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO
CONVENCIONAIS

Altura do Prédio Concreto Armadura Formas


<15 pavimentos 12 a 16 cm/m2 10 a 14 kg/m2 1,6 a 2,1 m2/m2
de 15 a 20 pavimentos 16 a 20 cm/m2 14 a 20 kg/m2
>20 pavimentos 18 a 22 cm/m2 17 a 23 kg/m2
FONTE: BALLOU, 2003.

No caso da falta de projetos no momento do orçamento ou para permitir


a comparação de alternativas, é possível considerar estas medidas como
estimativas, indicando este fato explicitamente no orçamento. Havendo
dimensões para a estrutura, estas devem ser seguidas, estimando-se de forma
aproximada apenas a armadura.

Outra forma de auxílio para um orçamento aproximado consiste na


consideração da participação percentual média dos grandes itens no custo total,
preferencialmente obtida em obras similares anteriores. Os percentuais de
referência podem servir para estimar custos para algumas etapas de projeto
ainda não desenvolvidas ou para verificar outras etapas, identificando certos
erros ou inconsistências destes projetos. Uma distribuição razoável é a seguinte
(tabela abaixo), adequada para prédios de apartamentos residenciais de padrão
normal, com oito a 12 pavimentos.
TABELA 7 - PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL MÉDIA DOS SERVIÇOS EM UM
ORÇAMENTO (EDIFÍCIO DE PADRÃO NORMAL, DE 8 A 12 PAVIMENTOS)*1

# Item %
Custos diretos
1 Serviços Preliminares 1,00
2 Movimento de Solo e Fundações 3,50
3 Estrutura 19,00
4 Alvenaria 7,00
5 Impermeabilizações 1,40
6 Instalações elétricas e telefônicas 5,20
7 Instalações hidráulicas, sanitárias, pluviais, de incêndio e de gás. 9,80
8 Aparelhos sanitários, metais, louças e acessórios. 1,80
9 Pisos e rodapés 6,00
10 Esquadrias, vidros e ferragens. 7,00
11 Revestimento de fachada 4,80
12 Revestimentos internos, inclusive forros. 3,30
13 Pintura interna 2,00
14 Pintura externa 1,50
15 Elevador 1,80
16 Cobertura 0,50
17 Serviços complementares 1,00
18 Paisagismo 0,40
Subtotal 77,00

Custos de administração e indiretos


1 Taxas e impostos 0,20
2 Equipamentos 0,80
3 Despesas indiretas 4,00
4 Gerenciamento 4,50
5 Lucro construção 5,00
6 IR sobre lucro construção 8,50
Subtotal 23,00
Total 100,00

1
Levantamento pessoal da experiência do autor do curso em diversas empresas de construção de
edíficios.
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Uma referência da utilização dos percentuais, caso não existam ainda


os projetos de instalações elétricas ou hidráulicas, pode-se determinar
aproximadamente os valores correspondentes utilizando os dados da tabela
anterior.

Exemplo:

Se o valor orçado (com base nos outros projetos disponíveis) foi de R$


850.000,00, e as instalações elétricas e telefônicas e as hidrossanitárias são
previstas como normais, pode-se complementar o orçamento da seguinte forma:

a) Define-se a participação: Instalações elétricas e telefônicas=5,20% e


Instalações hidrossanitárias= 9,80%, somando o equivalente a 15% do edifício;

b) O orçamento básico representa (100% - 15%)= 85%, portanto;

c) As instalações podem ser estimadas em R$ 52.000,00 e R$


98.000,00, respectivamente;

d) Conclui-se que o orçamento total será de R$ 1.000.000,00

Custos Diretos e Custos Indiretos

Em obras de Construção Civil, é possível perceber com alguma


facilidade que há um elevado número de despesas que não pertencem a um
serviço específico. São custos que ocorrem independentemente das
quantidades produzidas pela obra e que não foram incluídos nas composições
de custos unitários dos serviços. Eles são de ocorrência inevitável e por isso
precisam ser computados no orçamento.

A esse novo tipo de custo denomina-se custo indireto, já que o fato


gerador do custo não está diretamente associado às atividades de produção do
campo custo direto.
Do ponto de vista da classificação, um custo é tido como indireto se não
tiver sido considerado como custo direto. Assim é que a betoneira, se não tiver
sido incluída como insumo no serviço de reboco (que seria um custo direto), terá
que ser tratada como custo indireto.

As despesas indiretas associam-se normalmente com manutenção do


canteiro de obras, salários, despesas administrativas, taxas, emolumentos,
seguros, viagens, consultaria, fatores imprevistos e todos os demais aspectos
não orçados nos itens de produção.

Enquanto o custo direto é função direta da quantidade produzida, o


mesmo não se pode dizer do custo indireto.

O salário do mestre, a alimentação da equipe e o custo de vigilância do


canteiro serão os mesmos, quer a obra produza 200 m 3 de concreto em um mês,
quer produza 30 m3.

Por exemplo, o salário do engenheiro e a conta de telefone da obra não


integram as composições de custos dos serviços, mas devem ser levados em
conta no orçamento. A lista das despesas indiretas é extensa, variando com o
porte da obra, sua duração, localização e particularidades.

O custo indireto é todo custo que não apareceu como mão de obra,
material ou equipamento nas composições de custos unitários do orçamento.
Em outras palavras, é todo custo que não entrou no custo direto da obra, não
integrando os serviços de campo orçados (escavação, aterro, concreto,
revestimento, etc.).

Fatores que podem influenciar os custos indiretos

O custo indireto geralmente fica na faixa de 5 a 30% do custo total da


construção. O percentual pode oscilar em função dos seguintes aspectos:
TABELA 8

Aspecto Como influi


Localização Uma obra em local distante requer maior despesa de mobilização de
geográfica pessoal e equipamentos, etc.
Quantidade de engenheiros e supervisores (mestres e encarregados), faixa
Política da empresa
salarial adotada, quantidade de veículos à disposição da obra, etc.
Prazo As despesas administrativas são proporcionais à duração da obra.
Obras com elevado grau de dificuldade tendem a exigir mais supervisão e
Complexidade
suporte externo.
FONTE: MATTOS, 2006.

Há empresas que estimam o custo indireto como um percentual do custo


direto. Embora esse método expedito possa ser aplicado para produzir números
aproximados, é sempre aconselhável analisar em detalhe os diversos aspectos
que compõem o custo indireto para que grandes omissões ou excessos sejam
evitados.

Do ponto de vista temporal, por envolver despesas provenientes de


várias origens (administrativas, legais, comerciais e técnicas), o custo indireto de
uma obra pode ter ocorrência:

TABELA 9

Ocorrência Exemplo
Anterior à obra Visitas à obra, estudos técnicos, ensaios, elaboração de
planejamento, taxas e emolumentos (alvará), etc.
Simultânea à obra Salários e despesas correntes do canteiro de obras.
Posterior à obra Desmobilização do canteiro, taxas e emolumentos (licença
Habite-se), confecção de memoriais, etc.
FONTE: MATTOS, 2006.

Para a análise dos custos indiretos de uma obra, é apresentada uma


relação com os principais custos encontrados na Construção Civil. O peso de
cada um deles é variável de obra para obra e nem todos os itens são aplicáveis
a todas as obras:

TABELA 10

Item O que inclui


PESSOAL
EQUIPE TÉCNICA:
o Engenheiro – gerente de contrato, de
produção;
o Mestre;
Custo acrescido dos encargos sociais e trabalhistas
o Encarregado – de carpintaria, de pedreiros, de
(mensalistas).
armação, de instalações;
o Técnico – de edificações, de segurança;
o Estagiário.
EQUIPE DE SUPORTE:
o Almoxarife;
o Apontador;
o Comprador;
Custo acrescido dos encargos sociais e trabalhistas
o Equipe de serviços gerais (eletricista,
(mensalistas).
encanador, servente, etc.);
o Operadores de equipamentos (guincho, grua,
elevador de carga, etc.).
Item O que inclui
PESSOAL
EQUIPE ADMINISTRATIVA:
o Chefe de escritório (encarregado administrativo
financeiro);
o Auxiliar adiministrativo; Custo acrescido dos encargos sociais e trabalhistas
o Secretária; (mensalistas).
o Motorista;
o Vigia.
Mobilização e desmobilização da obra
o Mobilização e desmobilização do canteiro Montagem e desmontagem de escritórios, barracões,
galpões, centrais (de carpintaria, armação, pré-
moldados), refeitório, depósito de materiais e demais
construções provisórias.
o Mobilização e desmobilização de pessoal Custo do deslocamento (transporte) e alojamento
provisório.
o Mobilização e desmobilização de equipamentos Transporte em carretas, montagem de grua.
o Aluguel de banheiros químicos de obra Custo de locação

MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO DA OBRA


o Estradas de acesso à obra e caminhos dentro Abertura de caminhos de serviço (desmatamento,
da obra terraplenagem, sinalização) e manutenção (aspersão
de água para contenção de poeira, regularização).
o Tapumes e cercas Construção e remoção ao final da obra.
o Iluminação de obra (torres, postes e
Montagem e remoção das estruturas.
gambiarras).
o Ligações provisórias de água, luz e telefone. Custo de material, instalação de equipamentos e taxas
de ligação.
o Placas da obra
EQUIPAMENTOS DO CANTEIRO DE OBRAS
o Andaime;
o Balancim;
o Betoneira;
o Bomba hidráulica;
o Caminhão;
o Caminhão Guindaste (tipo “Munck”);
o Elevador de carga (monta-carga);
o Grua;
o Guincho;
Custo de propriedade e operação (se equipamento
o Porta-palete;
próprio) ou custo por mês de locação.
o Retroescavadeira;
o Rompedor pneumático;
o Equipamentos de uso geral (lixadeira, furadeira,
etc.);
o Serra circular;
o Teodolito, nível, baliza;
o Transformador;
o Vibrador de imersão;
o Veículo utilitário.
EQUIPAMENTOS ADMINISTRATIVOS
o Ar-condicionado, ventilador;
Custo de propriedade ou locação.
o Bebedouro;
o Cafeteira;
o Calculadora;
o Câmera;
o Central telefónica, telefones;
o Cofre;
o Computador e impressora;
o Copiadora;
o Fax;
o Fogão, forno de micro-ondas;
o Mobiliário – mesa, cadeira, escrivaninha,
estante, armário, etc.;
o Refrigerador;
o Relógio de ponto;
o Sirene.
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA
o Extintor de incêndio;
o Sinalização – placas, faixas, cones e cavaletes; Custo de aquisição ou verba.
o Tela de proteção.
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
o Bota;
o Uniforme/fardamento;
o Capacete;
o Luvas;
o Óculos de segurança; Custo de aquisição ou verba.
o Capa de chuva;
o Protetor auricular;
o Cinto de segurança;
o Cabo de sustentação.
FERRAMENTAS
o Arco de serra;
o Balde;
o Broca;
o Carrinho de mão;
o Cavadeira; Custo de aquisição ou verba.
o Chave de dobrar ferro;
o Colher de pedreiro;
o Corda;
o Desempenadeira;
o Enxada com cabo;
o Escantilhão;
o Escova de aço;
o Gerica;
o Maçarico;
o Mangueira;
o Marreta;
o Martelo;
o Masseira;
o Pá com cabo;
o Peneira;
o Picareta com cabo;
o Régua de alumínio;
o Roldana;
o Serrote;
o Talhadeira;
o Tirfor;
o Torquês;
o Trincha.
DESPESAS CORRENTES
o Consumo de energia;
o Consumo de água;
o Consumo de gás;
o Consumo de telefone;
o Despesa com internet; Custo médio mensal.
o Material de escritório;
o Material de limpeza;
o Material de enfermaria;
o Combustível (veículos de apoio).
DESPESAS COM PESSOAL
o Alimentação – comida, vale-refeição, cesta
básica;
Custo médio mensal.
o Transporte – aluguel de veículso, vale-
transporte, etc.
o Relocação de pessoal (mudanças);
o Exames admissionais e demissionais;
Verba.
o Cursos e treinamento de pessoal.
SERVIÇOS DE TERCEIROS
o Controle tecnológico (concreto, solos);
o Topografia;
o Vigilância;
o Consultoria – fundações, tecnologia de
concreto, planejamento, detalhamento de projetos,
etc.;
o Vistoria, laudo pericial;
o Instrumentação.
TAXAS E EMOLUMENTOS
o Alvará;
o ART (CREA);
o Licença Habite-se;
o Outras Licenças.
DIVERSOS
o Seguro contra acidentes coletivos;
o Seguro contra incêndio;
o Seguro de responsabilidade civil;
Prêmio e franquia.
o Seguro de vida coletivo;
o Seguro contra roubo;
o Seguro de equipamentos.
o Frete;
o Proteção de estruturas existentes
(edificações vizinhas, monumentos, pavimentos);
o Limpeza final da obra;
o Adiministração central;
o Imprevistos/Riscos eventuais;
o Custo financeiro.
FONTE: TISAKA, 2006.
FIGURA 5

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Custos Acessórios

Além dos custos diretos há outras fontes de despesa que são geralmente
incluídas nos orçamentos. Tais custos são acessórios porque complementam o
orçamento da obra, aparecendo perifericamente.

Os custos acessórios são:

 Administração Central;
 Imprevistos e Contingências;
 Custo Financeiro.

A administração central é a estrutura necessária para a execução das


atividades de direção geral da empresa, incluindo as áreas administrativa,
financeira, contábil, técnica, de suprimento, etc.

O escritório central é apenas um gerador de despesas, sem ser


propriamente um gerador de receitas, são as obras que suportam as despesas
da estrutura de uma empresa e precisam embutir nos seus custos uma provisão
de recursos para o custeio deste.
As obras rateiam os custos da matriz e remetem mensalmente uma cota
proporcional ao porte de cada contrato. O percentual do custo que as obras
rateiam entre si recebe o nome de taxa da administração central. Geralmente, a
taxa de administração central fica entre 2% e 5% do custo.

Um orçamento, por mais detalhado e criterioso que seja, é sempre


aproximado, pois é impossível preverem-se todas as casualidades de uma obra.

Na construção civil, onde os cenários, os objetos de trabalho e as


particularidades de metodologia variam de obra para obra, os fatores imprevistos
têm maior importância. Podem acarretar atrasos de cronograma, acréscimo de
custos diretos e indiretos, além de colocar em risco a sanidade financeira da
construção.

Em obras por preço global, os imprevistos e contingências devem ser


mais elevados do que em obras por preço unitário. Se a construtora for utilizar
seguro de obra (responsabilidade civil, risco de engenharia), o patamar de
imprevistos é menor. Normalmente, o percentual a ser incluído no orçamento fica
na faixa de 1 a 3% dos custos (diretos mais indiretos).

TABELA 11

Valores sugeridos para imprevistos e contingências


Contrato por Contrato por preço global
Características da obra
preço unitário
Obra simples e construtor experiente. 0,5% 1,0%
Obra normal e construtor experiente. 1,5% 2,5%
Obra complexa e construtor 3,0% 5,0%
experiente.
FONTE: SILVA, 2006.

Na maior parte dos contratos de construção, o construtor realiza os


serviços com seus próprios recursos, fecha a medição ao final do mês e só
depois de alguns dias é que recebe o pagamento.
A empresa que faz a obra gasta do seu bolso com material, mão de obra
e equipamento, e só recebe pelo serviço algum tempo depois (que pode variar
de dias até meses). Em última análise, é como se a empresa contratada
funcionasse como um banco, financiando a construção.

No caso de obras públicas, esta é a regra. Pelo fato de haver uma


defasagem entre o momento do desembolso e o momento do recebimento da
medição, existe inevitavelmente uma perda monetária. É o que se chama de
custo financeiro. Se o dinheiro empregado pelo construtor no financiamento da
obra tivesse sido aplicado no mercado financeiro (poupança, fundos de
aplicação, ações, etc.), ele estaria rendendo e representaria um ganho real. Essa
"perda", ou melhor, esse ganho que o construtor deixa de auferir precisa então
ser contabilizado no custo indireto.

Ao incluir no orçamento o custo financeiro, não se está dando um


benefício ou regalia ou lucro ao construtor, senão apenas recompondo o poder
de compra do dinheiro com o qual ele financia a execução da obra. A única
situação em que não há a alocação de recursos próprios do construtor na obra
é aquela em que a contratante paga um sinal ou adiantamento. Neste caso, o
construtor tem capital de giro para tocar a obra e o custo financeiro é nulo. Não
é prática das mais correntes, pelo menos no setor público.

2.2 COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA

Após a realização do levantamento de todos os custos da obra, definindo


o percentual de lucro almejado e identificando todos os impostos com suas
respectivas alíquotas, o orçamentista está em condições de calcular o preço de
venda da obra. O preço de venda é o valor total ofertado pelo contrato, valor que
engloba todos os custos, o lucro e os impostos. É o valor final do orçamento. É
com ele que a construtora irá propor negócio à entidade contratante ou participar
da licitação. A passagem de custo para preço exige cuidados. Esta etapa está
certamente entre as maiores fontes de erro dos orçamentos.

FIGURA 6

O custo inclui:

o Custos diretos;
o Custos indiretos;
o Custos acessórios - administração central, custo financeiro,
imprevistos e contingências.
2.3 O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO

Para melhor entendimento, suponha que uma obra hipotética foi


orçamentada em R$ 100,00. A diretoria da empresa determinou que a margem
de lucro almejada é de 12% do preço de venda e o orçamentista verificou que
os impostos na localidade atingem o patamar de 8%. Um orçamentista incauto
aplicaria as duas taxas percentuais sobre os R$ 100, chegando a um preço de
R$ 120. Isso está errado, pois imposto e lucro foram calculados sobre o custo,
quando deveriam ser aplicados sobre a venda!

Ao aplicar a margem de lucro e os impostos sobre o custo, o


orçamentista distorceu o sentido dessas duas taxas, que devem incidir sobre o
preço de venda, que é o faturamento da empresa. É só fazer a verificação para
constatar o erro do orçamento:

Preço de venda (PV) = R$ 120,00


Impostos = 8% x R$ 120,00 = R$ 9,60
Lucro = 12% x R$ 120,00 = R$ 14,40
Sobram apenas R$ 96,00 para a realização da obra, porém o custo
orçado tinha sido de R$ 100,00.
O orçamento está errado!

Para obter o preço de venda correto, deve-se fazer a conta de trás para
frente, descontar os 12% da margem de lucro e 8% dos impostos, o valor que
sobra é exatamente o custo de R$ 100,00.

PV – (12% + 8%)PV = R$ 100,00


PV (1 – 0,12 – 0,08) = R$ 100,00
PV = 100 / (0,80) = R$ 125,00 (correto!)
Por meio dos cálculos, o preço de venda é suficiente:

Custo = R$ 100,00
Impostos = 8% x R$ 125,00 = R$ 10,00
Lucro = 12% x R$ 125,00 = R$ 15,00
Soma = R$ 125,00 = PV (correto!)

Um erro comum, que muitos orçamentistas cometem, é aplicar primeiro


a lucratividade e depois os impostos (ou vice-versa):

R$ 100,00 / (1 – 8%) = R$ 108,70


R$ 108,70 / 1 – 12%) = R$ 123,52 (errado!)

A explicação para esta questão, é que ao aplicar desta forma, os


impostos acabam por diminuir parte da margem de lucro prevista.

De forma a realizar um raciocínio lógico e cauteloso, leva-se à seguinte


equação em notação paramétrica (MATTOS, 2006).

𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎
𝐏𝐕 =
𝟏 − 𝐢%

Onde,

PV = preço de venda (R$);


CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo
financeiro, imprevistos e contingências) (R$);
i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%).

Não é correto aplicar os percentuais de lucratividade e impostos


diretamente sobre o custo, pois eles incidem sobre o preço de venda.
O correto é somar todos os custos e dividi-los por (1 - i%), sendo i% a
somatória de tudo que incide sobre o preço de venda.

Aplicar lucro e impostos separadamente, também altera o resultado, é


preciso somar ambos para compor a incidência total, ou seja, conforme a fórmula
apresentada, tudo que for custo deve ficar no numerador e tudo que incide sobre
o preço (faturamento) do contrato fica no denominador (MATTOS, 2006).

Exemplo:

Uma obra foi orçamentada em R$ 250.000,00 (custo total). Na localidade


da obra, os impostos atingem 7% e a margem de lucro desejada pelo construtor
é de 8%. Calcular o preço de venda.

CUSTO = R$ 250.000,00
Impostos = 7%
Lucro = 8%
Incidência sobre o preço de venda = 15%

𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎 𝟐𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎
𝐏𝐕 = = = 𝟐𝟗𝟒. 𝟏𝟏𝟕, 𝟔𝟓
(𝟏−𝐢%) 𝟏−𝟎,𝟏𝟓

Verificação:
Custo = R$ 250.000,00
Impostos = 7% x 294.117,65 = R$ 20.588,24
Lucro = 8% x 294.117,65 = R$ 23.529,41
Soma = R$ 294.117,65 = PV

Exemplo de aplicação do BDI.


Em uma obra composta pelo mapa de trabalhos abaixo:

TABELA 12 - CUSTO DIRETO

Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total (R$)


Escavação m3 10,0 10,00 1.000,00
Forma m2 70,0 20,00 1.400,00
Armação kg 500,0 5,00 2.500,00
Concreto m3 5,0 200,00 1.000,00
Total 5.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

A soma de R$ 5.000,00 corresponde ao total de custo direto para esta


obra. Falta acrescer o custo indireto, os custos acessórios (administração
contratual, custo financeiro, imprevistos e contingências), o lucro e os impostos.
Para efeito de exemplo de cálculo supondo que estes outros itens tenham os
seguintes valores:

Custo indireto = R$ 500,00

Administração central = R$ 50,00

Imprevistos e contingências = R$ 50,00

Lucro = 10% sobre o faturamento

Impostos = 10% sobre o faturamento.

Com essas premissas de cálculo, o preço de venda será:

𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎 𝟓.𝟎𝟎𝟎+𝟓𝟎𝟎+𝟓𝟎+𝟓𝟎
𝐏𝐕 = = = 𝟕. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎
(𝟏−𝐢%) 𝟏−𝟎,𝟏𝟎−𝟎,𝟏𝟎

Para explicar este valor no Mapa de trabalhos da obra, deve-se de maneira lógica dividir o
preço de venda pelo custo direto e multiplicar este valor a todos os serviços, gerando um
multiplicador:
𝟕.𝟎𝟎𝟎
Multiplicador = = 𝟏, 𝟒𝟎
𝟓.𝟎𝟎𝟎
TABELA 13 - PREÇO DE VENDA

Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total (R$)


(multiplicador x 1,40)
Escavação m3 10,0 14,00 140,00
Forma m2 70,0 28,00 1.960,00
Armação kg 500,0 7,00 3.500,00
Concreto m3 5,0 280,00 1.400,00
Total 7.000,00
FONTE: SILVA, 2006.

Em resumo, todos os custos não diretos foram diluídos sobre os custos


diretos. Todos os custos indiretos, acessórios, imprevistos, lucros e impostos
foram linearmente distribuídos sobre o custo direto dos serviços. Este
multiplicador que no caso do exemplo representou uma majoração de 40%,
chama-se BDI (SILVA, 2006).

BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) é o fator a ser aplicado ao custo


direto para a obtenção do preço de venda, portanto:

PV = CD x (1 + BDI)

ou de forma inversa,

𝐏𝐕
BDI = 𝐂𝐃−𝟏

PV = preço de venda

CD = custo direto

O BDI inclui:

 Despesas indiretas de funcionamento da obra;


 Custo da administração central (matriz);
 Custos financeiros;
 Custos imprevistos;
 Impostos;
 Lucro.

Em termos práticos, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o


custo direto dos itens do mapa de trabalhos da obra para se chegar ao preço de
venda.

Por exemplo, se o custo direto de uma determinada obra foi orçado em


R$ 100,00, o custo indireto em R$ 20,00 e o lucro em R$ 10,00, o BDI é igual ao
quociente (20,00 + 10,00) / 100,00 = 30%. o preço final (preço de venda) será
100,00 x 1,30 = R$ 130,00, portanto o BDI é a majoração percentual que o preço
de venda representa sobre o custo direto.

2.4 CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES

Para o cálculo de preço de venda e BDI, pode-se utilizar a seguinte


sequência de operações (MATTOS, 2006):

PV = preço de venda (R$);

CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo


financeiro, imprevistos e contingências) (R$);

i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%).

𝐏𝐕
𝐁𝐃𝐈 =
𝐂𝐃 − 𝟏

BDI = Benefícios e Despesas Indiretas (%)

PV = preço de venda

CD = custo direto
Outra forma de calcular o BDI é transformar os custos em percentuais,
tendo a fórmula:

(𝟏+𝐂𝐈)𝐱(𝟏+𝐀𝐂+𝐂𝐅+𝐈𝐂)
BDI = −𝟏
𝟏−(𝐋𝐎+𝐈𝐌𝐏)

onde,

CI = Custo indireto (%) (sobre custo direto).

AC = Administração central (%) (sobre custos diretos e indiretos).

CF = Custos financeiros (%) (sobre custos diretos e indiretos).

IC = Imprevistos e contingências (%) (sobre custos diretos e indiretos).

LO = Lucro operacional (%) (sobre o preço de venda).

IMP = Impostos (%) (sobre o preço de venda).

Considerações sobre BDI

Várias são as conclusões a que se chega sobre BDI (SILVA, 2006):

 Nem toda obra tem o mesmo BDI.

Por depender diretamente da composição dos custos indiretos,


administração central, custo financeiro, imprevistos e contingências, lucro e
impostos, cada obra terá o seu próprio BDI. Não se pode querer que todas as
obras de uma mesma empresa apresentem o mesmo percentual.

Mudando as condições, muda o BDI. Por isso, recrimina-se a prática que


algumas construtoras têm de utilizar um "BDI padrão" da empresa para qualquer
orçamento. Esta simplificação na prática só teria algum cabimento se a
construtora só fizesse o mesmo tipo de obra e sob as mesmas circunstâncias, o
que nem sempre é possível. Para cada obra, o orçamentista tem que calcular o
seu respectivo BDI.

 No cálculo do BDI só entram os impostos que incidem sobre o


faturamento (preço de venda).

Na construção há uma grande quantidade de impostos, mas só integram


o cálculo do BDI aqueles que incidem sobre a fatura ou preço de venda: COFINS,
PIS, CPMF, ISSQN e, no caso de regime de tributação por Lucro Presumido, o
IRPJ e a CSLL. Outros impostos e encargos, tais como IPI, ICMS, FGTS e INSS
não deixam de ser computados. O que acontece é que eles são computados em
outro lugar: uns são integrantes do custo de material, outros compõem a extensa
massa de encargos sociais e trabalhistas.

 O BDI não tem limite superior.

O BDI pode assumir qualquer valor positivo, inclusive acima de 100%.


Sendo o BDI um quociente entre as parcelas que precisam ser diluídas e o custo
direto, nada impede que o BDI atinja valores muito altos. Supondo uma obra em
que uma empresa precise construir uma casa popular a milhares de quilômetros
de sua sede.

O custo indireto será tão alto em comparação com o custo direto -


certamente maior, que a razão indireto/direto será superior a 1, gerando um BDI
maior do que 100%.

 Em uma concorrência, duas empresas proponentes não


necessariamente chegam ao mesmo BDI.
Considerando que cada empresa tem suas peculiaridades de arranjo e
sofisticação de canteiro, formação de equipe, política salarial, margem de lucro
e estipulação de riscos e imprevistos, é virtualmente improvável que duas
construtoras cheguem a um mesmo BDI para uma mesma obra. Aliás, é
basicamente pelo BDI que as propostas se diferenciam entre si.
MÓDULO III

3 CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS

O objetivo do Módulo III consiste na análise e caracterização em


detalhes, de todos os elementos que compõem os custos compostos de uma
construção: mão de obra, materiais e equipamentos.

3.1 FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS

A formação dos custos compostos do orçamento é realizada por meio


do estabelecimento dos custos necessários para a execução de um determinado
serviço ou atividade de acordo com certos requisitos.

As categorias de custos compostos envolvidas em um serviço são


(MATTOS, 2006):

 Custos de mão de obra

A mão de obra é um dos principais custos compostos de uma obra


porque é o elemento racional de uma obra e de suas ações e decisões depende
em grande parte o sucesso do empreendimento. Este custo tem influência em
todas as partes de um projeto de construção civil e é o responsável por dar forma
aos serviços. É o trabalho humano que, em última análise, gera o produto final.
A importância da estimativa correta deste custo para uma obra pode representar
em algumas ocasiões até 60% de seu custo global.

 Custos de materiais
Os materiais entram na maioria absoluta das atividades de uma obra,
representando, muitas vezes, mais da metade do custo unitário de cada serviço.
A cotação de preço dos materiais é uma tarefa que requer cuidado, porque tem
algumas particularidades que o orçamentista deve levar em consideração. São
variadas as formas nas quais os fornecedores dão seus preços, assim como nem
sempre as cotações obtidas, referem-se ao mesmo escopo de aplicação.

 Custos de equipamentos

De acordo com o porte da obra, os equipamentos podem representar


grande parcela do custo de um serviço. Os equipamentos geram diversos custos
de: aquisição, operação, manutenção, seguros, taxas, etc.

3.2 CUSTOS DE MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

 Mão de Obra

 Encargos sociais e trabalhistas

O custo de um operário para o empregador não se confunde com seu


salário-base. Isso porque não é só o salário que constitui o ônus do empregador
- este arca com diversos encargos sociais e trabalhistas impostos pela legislação
e pelas convenções do trabalho, que se somam ao salário-base ao qual o
funcionário faz jus. Para compreensão mais clara deste assunto, os encargos
sociais e trabalhistas são observados sob duas óticas (MATTOS, 2006).

 Encargos em sentido estrito


São os encargos sociais, trabalhistas e indenizatórios previstos em lei e
aos quais o empregador está obrigado. É esta modalidade a mais usada entre
os orçamentistas.

 Encargos em sentido amplo - aos encargos sociais, trabalhistas e


indenizatórios somam-se outras despesas que podem ser referenciadas ao
homem-hora, tais como alimentação, transporte, EPI, seguro em grupo e até
horas extras habituais. A rigor, esta ampliação do conceito de encargo existe por
conveniência do orçamentista.

Encargos em sentido estrito

São os encargos sociais, trabalhistas e indenizatórios previstos em lei e


aos quais o empregador está obrigado. Estes elementos são apresentados de
forma a dar uma referência ao orçamentista, na busca dos elementos que devem
constar em seus estudos:
TABELA 14 - ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS

A. Encargos sociais básicos


A.1 INSS 20,00 %
A.2 FGTS 8,00%
A.3 Salário-educação 2,50%
A.4 SESI 1,50%
A.5 SENAI e SEBRAE 1,60%
A.6 INCRA 0,20%
A.7 Seguro contra riscos e acidentes 3,00%
A.8 SECONCI 1,00%
Total A 37,80%
B. Encargos Trabalhistas
(Encargos que recebem incidência de A)
B.1 Repouso semanal remunerado 18,13%
B.2 Feriados 4,91%
B.3 Férias (+1/3) 15,10%
B.4 Auxílio Enfermidade e Acidentes de Trabalho 2,58%
B.5 13º salário 11,33%
B.6 Licença Paternidade 0,13%
B.7 Faltas justificadas por motivos diversos 0,76%
Total B 52,93%
Grupo C = (A*B) 20,01%
D. Encargos ligados à demissão do trabalhador
D.1 Aviso-prévio 11,56%
D.2 Depósito por despedida injusta 3,08%
D.3 Indenização adicional 0,78%
D.4 Adicional Lei Complementar 110/01 0,77%
Total D 16,18%
Grupo D´ = (A-A2-A8)*D1 3,33%
E. Outros
E.1 Dias de chuva e outras dificuldades 1,50%
E.2 Almoço 20,48%
E.3 Jantar 7,93%
E.4 Café da manhã 3,20%
E.5 Equipamento de segurança 4,85%
E.6 Vale-transporte 7,63%
E.7 Seguro de vida e acidentes 0,59%
Total Grupo E 46,18%
Total A+B+C+D+D´+E 176,42%
FONTE: Sinduscon SP – Novembro/2012.
Na análise dos encargos sociais e trabalhistas, relativos à mão de obra,
existem alguns encargos fixos e outros variáveis.

Os fixos são aqueles em que qualquer empresa está condicionada a


legislação vigente, sendo que independem de considerações como tamanho da
empresa ou capacidade gerencial.

Os encargos variáveis dependem das premissas de cálculo adotadas


por cada empresa. Neste tipo de encargo, uma empresa pode se tornar mais
competitiva em razão de suas estratégias próprias. Com a finalidade de reduzir
o percentual de encargos, toda empresa procura se empenhar em reduzir as
parcelas variáveis, que são basicamente: aviso-prévio, faltas, acidentes de
trabalho, auxílio-enfermidade.

O aviso-prévio, por ser o item variável mais representativo, deve ser


permanentemente monitorado pela empresa. Ele pode ser mantido em níveis
baixos se a rotatividade de trabalhadores for pequena.

Encargos em sentido amplo

Os encargos em sentido amplo representam uma extensão do conceito


tradicional dos encargos sociais e trabalhistas. A ampliação consiste em incluir
no rol dos encargos, todos os demais que possam ser referenciados à hora de
cada trabalhador, tais como:

 Encargos intersindicais

São aqueles provenientes de acordos coletivos entre sindicatos


patronais e de trabalhadores da construção civil. Compreendem:

 Almoço;
 Café da manhã (refeição mínima);
 Vale-transporte;
 Cesta básica;
 Seguro de vida e acidentes em grupo.

 Equipamentos de proteção individual (EPI): São os instrumentos de


uso pessoal para prevenir acidentes e proteger o trabalhador contra possíveis
danos à saúde causados pelas condições de trabalho.

 Ferramentas.
 Seguro coletivo.
 Horas extras habituais.

Os encargos em sentido amplo permitem tratar a hora do funcionário


dentro do conceito de profissional remunerado, alimentado, transportado,
fardado e equipado. De uma maneira geral as empresas preferem computar os
custos com: alimentação, transporte, EPI e ferramentas nas despesas indiretas,
porém a inclusão desses custos como mais um grupo de encargos é uma
tendência moderna entre os orçamentistas.

Encargos intersindicais

Na dedução do percentual dos encargos intersindicais, será necessário


calcular o salário médio dos trabalhadores, obtido por meio de tabelas fornecidas
pelo Sinduscon – Sindicato da Indústria da Construção Civil, que disponibiliza
estes elementos para cada estado respectivamente.
TABELA 15 - HORA-BASE DAS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL

Função Salário/hora (R$)


Servente 4,07
Pedreiro 4,91
Carpinteiro 4,90
Armador 4,86
Eletricista 5,17
Encanador 5,05
Pintor 5,08
FONTE: Sinduscon SP – Novembro/2012.

Adicionais legais

A legislação trabalhista criou alguns adicionais ao salário, destinados a


indenizar condições desfavoráveis da prestação do trabalho:

o Trabalho noturno (majoração média de 20%);


o Insalubridade ("atividades ou operações que, por sua natureza,
condições ou método de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em
razão da natureza e da intensidade dos agentes e do tempo máximo
de exposição aos seus efeitos” Consolidação das Leis do Trabalho,
art. 189, Código do Trabalho).
o Periculosidade. A Consolidação das Leis do Trabalho, art. 193,
Código do Trabalho diz: “o adicional de periculosidade é devido
quando ocorre exercício de trabalho em atividades ou operações
perigosas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições
de risco acentuado” (SINDUSCON SP, 2012).

Estes adicionais não têm a natureza de encargos. Se estiverem


presentes em uma obra, não devem integrar a tabela dos encargos. Os
adicionais são aplicados sobre o salário (ou sobre a hora-base) e em cima desse
total é que se computam os encargos sociais e trabalhistas.

TABELA 16

Diferenças entre insalubridade e periculosidade


Aspecto Insalubridade Periculosidade
Fundamento Risco à saúde Perigo de vida
Gradação Admite Somente 30%
10%,20%,40%
Base de cálculo Salário mínimo Salário do empregado
FONTE: SINDUSCON SP, 2012.

Os adicionais de insalubridade e de periculosidade não se acumulam.


Por norma deve ser aplicado o que for mais vantajoso para o trabalhador.

Hora extra habitual

O adicional por hora extraordinária (hora extra) destina-se a indenizar o


trabalhador pelas horas suplementares à da jornada diária ou semanal. A hora
extra pode surgir por extrapolação da carga de trabalho diária, (sendo o excesso
diário compensável não pode ser superior a quatro horas), ou semanal (quando
exceder as 44 horas da jornada legal).

A Constituição Federal estabelece que o valor da hora extra deve ser no


mínimo 50% maior do que o valor da hora normal (SINDUSCON SP, 2012). De
uma maneira geral não se leva em conta a hora extra nas composições de
custos. Assume-se que todo o trabalho da obra se dará dentro da jornada diária
e semanal regulamentar. Contudo, verifica-se que as construtoras não
conseguem trabalhar sem recorrer a esse mal necessário e por isso é boa prática
prever no orçamento um percentual de horas extras habituais.
Materiais

Cotação de insumos

Após a identificação dos materiais a serem empregados na obra, realiza-


se a coleta de preços junto aos fornecedores do mercado construtivo. No preço
simples obtido devem-se contemplar os custos de frete, impostos de venda,
tarifas de importação e qualquer outra taxa que venha a incidir algum custo
adicional.

No processo de compra, os principais aspectos que influenciam no preço


de aquisição do insumo são:

 Especificações técnicas;
 Unidade e embalagem;
 Quantidade;
 Prazo de entrega;
 Condições de pagamento;
 Validade da proposta;
 Local e condições de entrega;
 Despesas complementares: frete, impostos, etc.
 Especificações técnicas (descrição qualitativa do material, com
informações de dimensões, peso, resistência e quaisquer outros
parâmetros que sirvam para caracterizar o produto);
 Unidade e embalagem (registro do tipo de embalagem em que o
material é acondicionado);
 Quantidade (verificação da quantidade a ser utilizada para
disponibilidade da quantidade solicitada);
 Prazo de entrega;
 Condições de pagamento;
 Local e condições de entrega;
 Despesas complementares.
Nem sempre o menor preço é o melhor preço. Embora o menor preço
exerça uma atração de preferência, cabe ao comprador avaliar a idoneidade do
fornecedor, a qualidade do material, as condições de pagamento, se é
conveniente diversificar demais o leque de fornecedores, etc.

Equipamentos

Custos de propriedade

Quando o construtor utiliza um equipamento próprio para realizar um


serviço qualquer em sua obra, o custo envolvido com aquele equipamento não
é apenas o de combustível, lubrificação e operador. Com o decorrer do tempo,
o equipamento se desvaloriza, tem seu valor de mercado diminuído. Os custos
de propriedade são inevitáveis, ocorrendo independentemente da atividade do
equipamento. São custos provenientes da perda do valor do equipamento com
o decorrer do tempo.

FIGURA 7

FONTE: Equipamentos de Construção Civil. Disponível em:


<http://sp.quebarato.com.br/carapicuiba/locacao-e-venda-de-equipamentos-para-construcao-
civil__69190C.html>. Acesso em:10/10/2012.
Para recuperar o dinheiro investido - e poder repor o equipamento no
futuro, uma parcela do valor de aquisição deve ser cobrada de cada serviço em
que o referido equipamento for empregado.

Procedendo dessa maneira, se a vida útil de uma máquina é estimada


em 10.000 horas, ao final dessa quantidade de horas o valor para reposição da
máquina deverá ter sido recolhido à receita da empresa.

À tarifa horária cobrada para reaver o valor investido dá-se o nome de


depreciação horária. Além disso, se o dinheiro não tivesse sido investido na
aquisição do equipamento, poderia estar tendo rentabilidade por meio de
aplicação financeira em um banco. Esta segunda parcela, que também precisa
ser computada, é a de juros horários. Os juros representam a remuneração do
capital investido no equipamento.

O processo de determinação da depreciação horária pode ser feito de


diferentes formas, a mais simples das quais é o método linear, onde o custo
horário é simplesmente o quociente entre o total de aquisição e a vida útil
estimada. Para efeito de estimativas e composição de custos para
concorrências, este método se mostra o mais expedito e prático. Este método
será apresentado posteriormente.

Depreciação do equipamento

Quando o construtor adquire um equipamento, ele não está gastando


seu dinheiro, está investindo, está trocando uma quantia em dinheiro por um bem
de valor equivalente.

O valor do equipamento, contudo, começa a se desvalorizar a partir do


instante em que é entregue, e a desvalorização prossegue em razão de inúmeros
fatores, tais como idade, tempo de uso, desgaste e obsolescência.

Esse declínio no valor do equipamento representa um dispêndio real e


deve entrar na contabilidade da empresa. Pode-se definir depreciação como a
diminuição do valor contábil do ativo (BALLOU, 2003).
O custo de depreciação de um equipamento é comumente determinado
com dois propósitos básicos: composição de custos e contabilidade. No primeiro
caso, a depreciação serve para a determinação da tarifa horária a ser usada no
orçamento de obras e concorrências. No segundo, a depreciação é exigida para
controle fiscal.

Para fins de orçamentação, como o que se busca é o custo horário do


equipamento, faz-se necessário calcular o custo da depreciação por hora, que
depende de três parâmetros: o valor de aquisição, a vida útil e o valor residual.

Três métodos são os mais usados no cálculo da depreciação de


equipamentos: método linear, método do saldo devedor (exponencial) e método
da soma dos anos. Cabe ao construtor definir o que melhor lhe atende. Todos
os três são explicados a seguir.

O método linear é o mais comum entre os orçamentistas, sendo aplicado


por sua grande simplicidade de manuseio. Os outros dois métodos são mais
adotados na contabilidade da empresa.

Valor de Aquisição

Valor de Aquisição é o valor pelo qual o equipamento foi adquirido


(conforme registrado na nota fiscal ou no recibo de compra) acrescido dos
impostos cabíveis, seguros e despesas com frete, armazenamento e
desembaraço. No caso de compra a prazo é o valor presente do financiamento.

Juros

Quando o construtor investe na aquisição de um equipamento, ele está


dispondo de uma quantia de dinheiro que poderia estar aplicada no mercado
financeiro, rendendo juros. Por isso, o custo de propriedade de um equipamento
deve levar em consideração também os juros correspondentes ao rendimento
que o investimento auferiria ao longo de sua vida útil.
Juros não se confunde com lucro

Uma coisa nada tem a ver com a outra. Os juros não aumentam o
patrimônio, apenas corrigem o poder de compra do dinheiro. O cálculo dos juros
baseia-se no conceito de investimento médio ou valor médio do equipamento.

Esse valor pode ser obtido a partir dos valores anuais de depreciação e
saldo devedor, que vem a ser o valor do equipamento a cada ano (SILVA, 2006).

O exemplo do quadro abaixo serve para ilustrar a metodologia. Suponha


um equipamento de valor de aquisição R$ 200.000,00, com vida útil de cinco
anos, depreciação linear e com valor residual nulo:

TABELA 17

Depreciação Valor contábil


Início do ano
acumulada (R$) do equipamento (R$)
1 0 200.000=Vo
2 40.000 160,000
3 80.000 120.000
4 120.000 80.000
5 160.000 40.000
6 200.000 0 = Vf
∑ = 600.000
Investimento médio = lm = R$ 600.000/ 5 anos R$ 120.000/ano
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Em termos matemáticos e assumindo valor residual não bulo,


demonstra-se que:

(𝐧+𝟏)
𝐥𝐦 = (𝐕𝐨 − 𝐕𝐟) 𝐱 𝟐𝐧
+ 𝐕𝐟
onde:
lm = investimento médio
Vo = valor inicial
Vf = valor residual
n = vida útil (em anos)

Os juros horários são então calculados da seguinte maneira:

𝐥𝐦 𝐱 𝐢
𝐉𝐡 =
𝐚

onde:
Jh = juros horários
lm = investimento médio
i = taxa anual de juros
a = horas de utilização por ano

Custos de operação

Embora o consumo dos elementos varie de acordo com o tipo e o estado


da máquina, e com as condições de operação, algumas fórmulas podem ser
utilizadas para o cálculo do custo horário de cada elemento.

Os custos de operação de um equipamento de construção envolvem


basicamente:

 Pneus

Os pneus já vêm normalmente embutidos no preço de aquisição do


equipamento. Como a vida útil dos pneus é diferente daquela do equipamento,
deve-se calcular o seu custo horário separadamente, em função da vida útil
própria deles.

Em geral, admitem-se três faixas de vida útil para os pneus, de acordo


com a agressividade do local de trabalho:

TABELA 18 - VIDA ÚTIL DOS PNEUS

Condições medianas Condições severas


Equipamento Condições leves (horas)
(horas) (horas)
Motoniveladora 5.000 3.500 2.000
Carregadeira 3.500 2.500 1.500
Caminhão 3.500 2.500 2.000
basculante
FONTE: MATTOS, 2006.

Presume-se que ao final da vida útil do pneu, todo o jogo de pneus será
substituído. No caso de um caminhão de seis rodas, por exemplo, o custo de
pneus será de um jogo de seis pneus a cada 2.500 horas, supondo-se condições
medianas de agressividade do local de trabalho.

O custo horário de pneus é dado por:

𝐩 𝐱 𝐂𝐩
𝐉𝐏𝐡 = 𝐕𝐔𝐩

onde,
Ph = custo horário de pneus
p = número de pneus do equipamento
Cp = custo unitário do pneu
VUp= vida útil do pneu
 Combustível

Trabalhando em condições ideais, um motor de combustão interna a


gasolina consome em média 0,23 litros por horsepower-hora (HP x h)
desenvolvido.

Para um motor a diesel, o consumo é aproximadamente 0,15 litros por


horsepower-hora desenvolvido.

Todo equipamento tem uma utilização descontínua. Daí a necessidade


de se aplicar um fator de potência (f) sobre a potência nominal do equipamento.
Para situações de uso baixo, médio ou intenso, pode-se adotar fator de potência
de 40%, 55% e 75%.

Motor a gasolina: consumo (I/h) = 0,23 x f x HP

Motor a diesel: consumo (I/h) = 0,15 x f x HP

FONTE: SOUSA, 2000.

Uma fonte preciosa de dados de consumo são os manuais dos veículos.


Alguns equipamentos apresentam os seguintes consumos médios:

TABELA 19 - CONSUMO MÉDIO DE COMBUSTÍVEL

Equipamento Consumo (l/h)


Motoniveladora 19.23
Carregadeira 23-28
Trator de esteiras 2330
médio
FONTE: MATTOS, 2006.
 Lubrificantes

Os lubrificantes de um equipamento podem abranger óleo do cárter, da


transmissão e do sistema hidráulico.

Como exemplo de referência, a fórmula abaixo permite calcular o


consumo de óleo do cárter em função de três elementos: potência do motor,
capacidade do cárter e intervalo entre trocas de óleo:

FIGURA 8

𝐇𝐏 𝐱 𝟎, 𝟔 𝐱 𝟎, 𝟎𝟎𝟐𝟕𝐤𝐠 /(𝐇𝐏𝐱𝐡) 𝐜
𝐐= +
𝟎, 𝟖𝟗𝟑𝐤𝐠/𝟏 𝐭

FONTE: PEURIFOY, 1989.

onde:
Q = consumo (lI h)
HP = potência do motor (HP)
c = capacidade do cárter (1)
t = intervalo de trocas (h)

Para os demais lubrificantes - transmissão, comando final e sistema


hidráulico, a regra recomendada é adicionar 50% ao custo obtido. Além do
combustível, há que se computar o custo de graxa e filtros.

Outra forma de calcular o consumo de materiais é por meio de uma


fórmula única que engloba combustível, óleos lubrificantes, filtro e graxa:
FIGURA 9

Motor a gasolina: custo horário de materiais = 0,245 x HP x litro da gasolina (R$)

Motor a diesel: custo horário de materiais = 0,18 x HP x litro do diesel (R$)

FONTE: SOUSA, 2000.

É recomendável à empresa apropriar dados reais de campo. Nada é


mais preciso do que usar dados retirados da efetiva observação dos
equipamentos em operação.

O setor de gestão da obra de uma construtora deve ser capaz de


registrar o consumo dos materiais e equipamentos envolvidos, no caso de
lubrificantes por máquina e disponibilizar os dados para o setor de orçamento.

FIGURA 10

O preço da gasolina é 20% maior do que o do óleo diesel

O preço do óleo lubrificante é aproximadamente seis vezes o preço do óleo diesel

O preço do quilo de graxa é o dobro do preço do óleo lubrificante

FONTE: SOUSA, 2000.

Energia elétrica

Os equipamentos movidos a eletricidade têm seu consumo de energia


expresso em função de sua potência, que é dada em HP ou kW. A equivalência
é 1HP = 0,75 kW.

São equipamentos elétricos: vibrador de imersão, régua vibratória,


betoneira, bomba de concreto, bomba de sucção, motosserra, britadeira, martelo
pneumático, usina de concreto e usina de asfalto.

O custo horário de energia elétrica é dado por:


FIGURA 11

𝐄𝐡 = 𝐇𝐏 𝐱 𝟎, 𝟕𝟓 𝐱 𝐜𝐮𝐬𝐭𝐨𝐤𝐖/𝐡 = 𝐤𝐖 𝐱 𝐜𝐮𝐬𝐭𝐨𝐤𝐖/𝐡

FONTE: SOUSA, 2000.

Mão de obra de operação

O custo da mão de obra de operação corresponde ao custo do homem-


hora de operador. A hora do operador deverá ser calculada com todos os
encargos sociais e trabalhistas vistos anteriormente.

Custos de manutenção

Equipamentos exigem manutenção. As despesas são com a aquisição


de peças de reposição e a mão de obra envolvida na troca das peças, ajustes,
etc.

Os custos variam consideravelmente com o tipo de equipamento e o


serviço que executam, assim como dependem da política da empresa.

Em termos gerais, os custos de manutenção compreendem a


manutenção propriamente, os reparos e as despesas fixas. A rigor é dificil
estabelecer uma distinção clara entre manutenção e reparo.

Geralmente denomina-se manutenção o conjunto de atividades de


limpeza, lavagem, inspeção, ajuste, calibração, regulagem, retoque, reaperto e
troca rotineira de peças (filtros, mangueiras, cabos, câmaras, etc.).

Em algumas obras, a manutenção dos equipamentos é feita na própria


frente de serviço, sem necessidade de levar a oficina mecânica; em outros
casos, é necessário montar uma oficina.

Um reparo consiste no conserto ou substituição de peças e partes


danificadas, defeituosas ou quebradas. Um reparo, portanto, é uma atividade
mais esporádica, podendo ser minimizada com a maximização da manutenção.
São serviços de reparo: retífica, serviços de chaparia, usinagem de peças, troca
de sapatas e esteiras, etc. Uma inspeção mais pormenorizada poderá ser
encaixada na categoria de reparos se envolver o desmonte completo de uma
estrutura do equipamento (MATTOS, 2006).

Os reparos em geral são feitos nas oficinas das obras ou por terceiros,
em casas especializadas. Se, por exemplo, a transmissão de um trator apresenta
uma engrenagem quebrada, a substituição pura e simples pode ser considerada
manutenção, mas se o serviço englobar a desmontagem da caixa de marchas
para limpeza e inspeção dos componentes, tem-se então um reparo.

As despesas fixas de manutenção são os gastos de oficina, mão de obra


de mecânicos e ajudantes, ferramentas, seguros dos equipamentos, impostos
(IPVA), etc. Elas ocorrem independentemente da demanda por consertos e
reparos, não sendo necessariamente proporcionais às horas trabalhadas.

Dados de custos de manutenção e reparo de um equipamento não


podem estar dissociados de informações sobre as condições de trabalho sob as
quais ele opera. Uma escavadeira trabalhando em solo arenoso terá menores
custos de manutenção e reparo do que se ela for empregada para escavar rocha
ou argila dura. Também exercem influência no custo: a qualidade dos
operadores, o grau de manutenção, a temperatura ambiente e a idade da
máquina. É fácil perceber que um equipamento novo tem um custo de
manutenção inferior a um equipamento de idade avançada, já próxima do
término de sua vida útil (SOUSA, 2000).

Empresas com longa história de trabalho têm em seus registros de obras


realizadas uma proveitosa fonte de informação para os custos de manutenção.

Quanto mais detalhado e completo o banco de dados de que dispõe o


construtor, mais confiável poderá ser sua estimativa para obras futuras.

Na composição de custos de um equipamento, é importante avaliar as


características do serviço a ser executado, para que a estimativa de custos de
manutenção e reparo não venha frustrar o orçamento.
Método do coeficiente único

Por se tratar de uma categoria muito vasta, os custos de manutenção


são geralmente calculados por meio de um coeficiente multiplicador sobre a
depreciação horária calculada com valor residual nulo, ou seja:

𝐕𝐨
𝐌𝐡 = 𝐤 𝐱
𝐧𝐱𝐚

onde,

Mh = manutenção horária (R$/h)

Vo = valor de aquisição (R$)

n = vida útil em anos

a = números de horas utilizadas por ano

Se a depreciação horária for calculada com valor residual nulo, pode-se escrever
(SOUSA, 2000):

𝐌𝐡 = 𝐤 𝐱 𝐃𝐡

Alguns valores de k (fornecido por fabricantes de equipamentos):


TABELA 20 - CUSTO DE MANUTENÇÃO – COEFICIENTE ÚNICO

EQUIPAMENTO K
Betoneira 0,60
Motoniveladora 0,60
Retroescavadora 0,60
Carregadeira 0,60
Motoescrêiper 0,90
Rolo compactador 0,80
Trator de pneus 0,75
Trator de esteiras 0,90
Caminhão 0,75
basculante
Picape 0,75
FONTE: TCPO 2011.

FIGURA 12

Fonte:<http://maceio.tudotemos.com/market/vimalug_LocacaodeMaquinasparaConstrucaoCivil
_Construcao_9681>. Acesso em: dia mês ano.10/10/2012.
Método dos coeficientes múltiplos

Outro processo de estimativa de custos de manutenção baseia-se no


quadro abaixo. O orçamentista deve enquadrar cada equipamento nos dez
campos apresentados, multiplicar os coeficientes correspondentes e em seguida
multiplicar o produto por 1/10.000 do valor de aquisição do equipamento
(SOUSA, 2000).
TABELA 21 - CUSTO DE MANUTENÇÃO – COEFICIENTES

TIPO HORAS DE USO


VIDA ÚTIL EM ANOS
Guindaste 0,5 1.000 0,5
1 0,6
Caminhão comum 0,8 2.000 0,8 2 0,7

Fora de estrada 1,0 3.000 0,6 3 0,8


4 0,9
Carregadeira 1,0 4.000 0,7
5 1,0
Escavadeira 1,4 5.000 0,9 6 1,0
7 1,1
Motoescrêiper 1,1 6.000 1,0
8 1,2
Trator de esteira 1,2 8.000 1,3 9 1,3
10 1,4
10.000 1,6
15 2,0
TEMPERATURA
12.000 1,9
Muito quente (>40ºC) 1,3
15.000 2,3 RITMO DE TRABALHO
Quente (30 a 40ºC) 1,1
20.000 3,0 Folgado 0,9
Médio (10 a 30ºC) 1,0
Médio 1,0
Frio ( < 10ºC) 1,2
Com pressa 1,5
CONDIÇÕES DE
TRABALHO
QUALIDADE DO
MANUTENÇÃO
Em espera 0,4
OPERADOR
Excelente 0,8
Leves 0,8
Excelente 0,8
Boa 0,8
Médias 1,0
Boa 0,9
Média 1,0
Pesadas 1,4
Ruim 1,2
Ruim 1,5
Severas 2,0
Péssima 2,0
Inexistente 3,0
TIPO DE SERVIÇO
CONHECIMENTO
DO SERVIÇO Mina ou pedreira 0,8

Grande 0,8 Construção geral 0,8

Médio 0,9 Aluguel a terceiros 3,0

Pouco 1,0
FONTE: SOUSA, 2000.
Equipamento alugado

Em uma obra nem sempre o construtor utiliza apenas equipamento


próprio. Por conveniência utiliza-se equipamento alugado de terceiros.

Alugar um equipamento nem sempre é um mau negócio. Em vários


casos é conveniente ao construtor alugar em vez de comprar.

Para tomar a decisão sobre a locação de equipamentos deve-se analisar


as seguintes situações:

 O equipamento é extremamente caro e a obra precisa dele por pouco


tempo;
 O equipamento é muito específico e a empresa não terá onde utilizá-lo
depois;
 O construtor não dispõe de dinheiro para dar entrada em uma máquina
nova;
 O volume de serviço é pequeno para justificar a aquisição do
equipamento;
 O locador já depreciou o equipamento integralmente e está oferecendo
uma tarifa atraente.

O aluguel de um equipamento pode ser realizado de três formas


(SOUSA, 2000):
 Tarifa;
 Leasing (arrendamento mercantil);
 Empreitada.

 Tarifa

O construtor paga um preço fixo por unidade de tempo (hora, dia,


semana ou mês), havendo as seguintes variantes:

o Aluguel inclui o equipamento sem operador;


o Aluguel inclui equipamento com operador;
o Aluguel inclui o equipamento com combustível, lubrificação e
reparos, sem operador;
o Aluguel inclui o equipamento com combustível, lubrificação e
reparos, com operador.
o
 Leasing (arrendamento mercantil)

O construtor paga uma taxa fixa pelo aluguel do equipamento, por prazo
determinado, mas com opção de compra pelo arrendatário.

A vantagem é que boa parte do aluguel pago é descontada do preço de


aquisição do equipamento. Outra vantagem é que a empresa pode considerar a
nível contábil como despesa os pagamentos feitos, abatendo o imposto de renda
devido.

 Empreitada

O construtor paga pelo trabalho realizado pelo locador; nesta


modalidade, é interessante ao locador utilizar seus melhores operadores e
máquinas para aumentar a produtividade e receber o aluguel mais rápido.

Quando o aluguel de uma máquina é feito por hora, cobra-se a hora


trabalhada, medida no horímetro do equipamento. No caso de cobranças por
semana ou por mês, o preço normalmente independe da quantidade de horas,
sendo estabelecida uma média de horas de trabalho – se o construtor for
ineficiente, a hora de aluguel tende a ficar muito cara.
3.3 RENDIMANTOS: MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

3.3.1 Mão de Obra

Custo do homem-hora

Tendo em vista que o custo da hora de um funcionário não se confunde


com o custo de seu salário-base. Para inclusão no orçamento, devem-se somar
à hora-base os encargos sociais e trabalhistas (MATTOS, 2006).

Custo do homem-hora = hora-base x (1 + % encargos)

Índice de produtividade

Define-se produtividade como a taxa de produção de uma pessoa ou


equipe ou equipamento isto é, a quantidade de unidades de trabalho produzida
em um intervalo de tempo especificado normalmente hora.

A produtividade indica a eficiência em transformar energia (e tempo) em


produto. Quanto maior a produtividade, mais unidades do produto são feitas num
determinado espaço de tempo. É óbvio notar que, quanto mais produtivo um
recurso, menor quantidade de tempo será gasto na realização da tarefa.

Produtividade é diferente de produção. Produção representa a


quantidade de unidades feitas num certo período. Produtividade é a rapidez com
que essa produção foi atingida.

Exemplo:

Um pedreiro assenta 800 tijolos em um dia de 8 horas, e outro pedreiro


assenta os mesmos 800 tijolos em 12 horas. No final, a produção dos dois terá
sido igual, mas a produtividade do primeiro pedreiro foi de 50% mais eficiente no
trabalho (100 tijolos/hora contra 67 tijolos/hora do segundo).
Os índices podem ser vistos como o inverso da produtividade. O
conhecimento e o domínio dos índices são de grande importância por que:

o Revelam a produtividade da mão de obra e equipamento, e o


consumo dos materiais adotados no orçamento;
o Fornecem um parâmetro para comparação do orçado com o
realizado;
o Representam o limite além do qual a atividade se toma deficitária;
o Permitem a detecção de desvios;
o Ajudam o gerente a estabelecer metas de desempenho para as
equipes.
A quantidade de homens-hora de cada categoria de trabalhador de um
serviço é função da produtividade, ou seja, da rapidez com que o trabalho é
executado. Pela própria definição de produtividade, quanto mais unidades de
trabalho o indivíduo produz na unidade de tempo, menor a quantidade de
homens-hora requerida para conclusão da atividade.

Existe uma relação direta entre duração e quantidade de recursos. Se


uma obra dispõe de muitos homens para determinada atividade, sua duração é
logicamente menor do que se um número inferior de homens estivesse
disponível para aquela tarefa.

Exemplo

Dimensionar equipe para montar 12 toneladas de estrutura metálica,


com a premissa de que o índice é de 150 h/t e que cada operário trabalha 10
horas por dia.

Total de horas requeridas = 12 t x 150 h/t = 1.800 h


TABELA 22

Quantidade de Operários Horas por dia Dias


10 10 1.800/(10x10)=18
11 10 16,4
12 10 15
14 10 12,9
FONTE: MATTOS, 2006.

Enquanto o consumo de material necessário para um serviço pode ser


matematicamente Ievantado a partir dos desenhos, pois tem as dimensões
exatas, o estabelecimento da produtividade da mão de obra é um processo
empírico e depende de uma série de fatores, tais como experiência, grau de
conhecimento do serviço, supervisão, motivação, etc. Por tudo isso, a
produtividade deve estar sendo continuamente aferida no campo, e informada
ao setor de orçamento. Consultar índices de livros pode ser uma boa prática,
mas a homogeneização da produtividade entre as obras está longe de ser uma
realidade.

O gerenciamento da produção de uma obra tem relação intrínseca com


os índices adotados no orçamento. A meta de todo gerente é melhorar os índices
(ou seja, diminuí-Ios) a fim de maximizar o lucro de cada serviço (MATTOS,
2006).
Quanto menor o índice, maior a produtividade.

Quanto maior o índice, menor a produtividade.

O índice pode também ser chamado de Razão Unitária de Produção


(RUP).
Quanto menor a RUP, maior a produtividade.

Quanto maior a RU P,menor a produtividade.


As produtividades devem levar em conta as interrupções e oscilações
que ocorrem com a produção do trabalhador: deslocamentos entre uma frente
de serviço e outra, paradas para beber água, necessidades fisiológicas, "cera",
falta de material, espera por equipamentos, etc.

O tempo improdutivo depende do indivíduo, da supervisão, das


condições climáticas (em temperaturas muito altas há uma tendência maior a
interrupções), da complexidade do serviço, da urgência, etc.

A produtividade, portanto, deve ser colhida no campo abrangendo um


período de tempo relativamente longo, a fim de que sejam realistas, ou seja,
reflitam com precisão a taxa média de rapidez com que o serviço é feito.

Informações sobre produtividade de obras similares são realmente úteis


como ponto de partida ou referência. Com a finalidade de criar um histórico de
produtividades, as obras geralmente criam formulários de apropriação de horas
onde são registrados o número de pessoas empregadas no serviço (por
categoria), a quantidade de horas consumidas, a quantidade de unidades
realizadas naquele período de tempo e dados descritivos de clima, fatores de
ineficiência, imprevistos, e qualquer outra informação julgada importante.

Os registros devem ser feito sem intervalos de tempo relativamente


curtos, de preferência diariamente, de tal forma que possa ser possível
acompanhar as oscilações da produtividade com o tempo.

Relatórios que cobrem períodos extensos são bons para a obtenção de


valores médios, mas não permitem avaliar como cada fator mencionado
anteriormente influencia o ritmo do trabalho.

Relatórios detalhados ajudam o orçamentista a detectar como a


produção cai em um dia chuvoso, por exemplo, ou como varia a quantidade de
serviço com o dia da semana.

É de conhecimento geral que nos primeiros estágios de qualquer serviço


de construção, as produtividades tendem a ser baixas. Com o passar do tempo,
a organização das tarefas e o melhor conhecimento das diversas atividades
envolvidas promovem um aumento da produtividade. Por outro lado nos estágios
finais do serviço, experimentam-se valores mais baixos para as produtividades.

Em obras pequenas, nas quais os prazos são pequenos e a quantidade


de serviço reduzida, não há tempo hábil para que as equipes atinjam a plenitude
em termos de desempenho, o que acarreta a ocorrência de produtividades
menores do que as de obras longas, em que o operário permanece em uma
mesma atividade por muito tempo e sem tantas interrupções (MATTOS, 2006).

Faixas de produtividade

Os setores de orçamento das construtoras costumam trabalhar com uma


produtividade predeterminada para cada serviço. São parâmetros históricos,
quer gerados por observações de campo da própria empresa, quer retirados de
livros ou recomendações de fabricantes.

A versão mais recente do TCPO - Tabela de Composições de Preços


para Orçamentos, da editora PINI, traz faixas de produtividade para alguns
serviços. Há faixas que se referem à mão de obra (Ex.: índice do pedreiro na
produção de alvenaria de tijolo cerâmico furado, índice do carpinteiro na
fabricação de formas de viga), outras a material e a equipamentos.

3.3.2 Materiais

EPI´s

O custo médio anual de EPI por operário é estimado em função do


consumo de cada equipamento:
TABELA 23 - CUSTO MÉDIO ANUAL DE EPI POR FUNCIONÁRIO

Consumo
EPI Unidade Custo unitário Custo total
anual
Bota de borracha par 2,00 25,00 50,00
Capacete un 2,00 15,00 30,00
Protetor auricular un 25,00 1,00 25,00
Luva de raspa par 4,00 5,00 20,00
Cinto de náilon un 0,25 50,00 12,50
Capa de chuva un 1,00 12,00 12,00
Avental de raspa un 0,33 30,00 9,90
Óculos protetores un 0,20 10,00 2,00
Protetor facial un 0,20 1,00 0,20
Total 161,60
FONTE: MATTOS, 2006.

Ferramentas

Com ferramentas, pode-se proceder de forma análoga ao que foi feito


acima para o EPI. O custo médio anual de ferramentas (CMAF) por operário
pode ser estimado em função do consumo de cada ferramenta (SOUSA, 2000):

𝐂𝐌𝐀𝐅/(𝟏𝟐 𝐱 𝐒)

onde,

CMAF = custo médio anual de ferramentas por operário

S =salário médio mensal

As ferramentas como encargo possuem características específicas e


variáveis, porque o consumo médio varia de acordo com o ofício do funcionário
e do tipo de serviço que realiza. A não ser que o orçamentista componha uma
tabela de encargos para cada ofício dos funcionários, torna-se mais prático
incluir os gastos no custo indireto.

Basicamente, as ferramentas gerais são:

o Alicate, arco de serra, balde, cavadeira, chave de dobrar ferro, colher


de pedreiro, enxada com cabo, marreta, martelo, pá com cabo,
peneira, picareta com cabo, prumo, roldana, serra rápida, serrote,
talhadeira, torquês, trena metálica.

Materiais Diversos

Os diversos materiais existentes na execução de uma obra, de uma


maneira geral são analisados por meio das fichas técnicas dos fabricantes, mas
sempre considerando o histórico de uso nas obras de mesmo tipo e com as
mesmas aplicações dos mesmos.

3.3.3 Equipamentos

Custo horário total

A maneira mais prática de atribuir valor a um equipamento é por hora de


utilização, sendo esta a forma de lançamento na composição de custos unitários.

O custo horário de um equipamento é a soma de várias parcelas, sendo


preciso calcular cada uma delas. Como são vários os fatores envolvidos, não é
tarefa das mais fáceis. Por isso os métodos de cálculo são relativamente
empíricos, baseados em parâmetros obtidos das observações das condições de
trabalho, tipo de equipamento e outras características especiais.

É importante ressaltar que cabe a cada empresa apropriar seus custos


reais e tabulá-los de forma a ter dados confiáveis para o orçamento. Mesmo dois
equipamentos idênticos em modelo, ano de fabricação e tipo de serviço podem
apresentar custos reais diferentes que a empresa só detectará se coletar os
dados e tratá-los. Os custos envolvidos na hora do equipamento são
basicamente de três famílias, como mostrados na notação horária a seguir
(SOUSA, 2000):

𝐂𝐡 = 𝐃𝐡 + 𝐉𝐡 + 𝐏𝐡 + 𝐆𝐡 + 𝐋𝐡 + 𝐌𝐎𝐡 + 𝐌𝐡

Custo de Custo de Custo de


propriedade operação manutenção

onde,

Ch = custo horário total (R$/h)


Dh= custo horário de depreciação (R$/h)
Jh = custo horário de juros (R$/h)
Ph = custo horário de pneus (R$/h)
Gh = custo horário de combustível (R$/h)
Lh = custo horário de lubrificação (R$/h)
MOh = custo horário de mão de obra de operador (R$/h)
Mh = custo horário de manutenção (R$/h)

Para equipamentos elétricos:

𝐂𝐡 = 𝐃𝐡 + 𝐉𝐡 + 𝐄𝐡 + 𝐌𝐡

onde,

Eh = custo horário de energia elétrica (R$/h).

Hora produtiva e hora improdutiva

A hora produtiva de um equipamento é a hora de trabalho efetivo. Seu


custo é a soma de todas as parcelas de custo de propriedade (depreciação e
juros), custo de operação (pneus, combustível, lubrificantes, energia elétrica,
operador) e custo de manutenção.
A hora improdutiva corresponde a uma hora de trabalho em que o
equipamento fica à disposição do serviço, porém sem ser empregado
efetivamente. Assume que a máquina está à disposição da obra e com o
operador ocioso. É o caso, por exemplo, de um caminhão-pipa numa praça de
aterro. Ele não trabalha a hora inteira, pois fica parte do tempo aguardando o
lançamento do material. Sendo assim, o equipamento fica improdutivo em boa
parte do tempo.

O tempo improdutivo surge muitas vezes do arredondamento feito ao se


dimensionar uma equipe, se uma carregadeira produz 100 m 3/h e cada caminhão
consegue fazer 30 m3/h, a necessidade teórica de caminhão é de 3,33 un, mas
o arredondamento para quatro caminhões acarreta a improdutividade: cada
caminhão trabalhará apenas 100/(4 x 30) = 83% do tempo de forma improdutiva,
passando 17% do tempo em hora improdutiva.

A hora improdutiva leva em conta apenas o custo de propriedade


(depreciação e juros) e a mão de obra de operação (SOUSA, 2000):

𝐇𝐨𝐫𝐚 𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐭𝐢𝐯𝐚: 𝐂𝐡𝐩𝐫𝐨𝐝 = 𝐂𝐡 = 𝐃𝐡 + 𝐉𝐡 + 𝐏𝐡 + 𝐆𝐡 + 𝐋𝐡 + 𝐌𝐎𝐡 + 𝐌𝐡

𝐇𝐨𝐫𝐚 𝐢𝐦𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐭𝐢𝐯𝐚: 𝐂𝐡𝐩𝐫𝐨𝐝 = 𝐃𝐡 + 𝐉𝐡 + 𝐌𝐎𝐡

A hora improdutiva é usada para computar o tempo que o equipamento


fica parado em um serviço e para futuras reivindicações que o construtor venha
fazer no decorrer da obra. A hora improdutiva inclui depreciação, juros e mão de
obra de operação.

O que muitas vezes se faz é calcular a depreciação do equipamento


descontando-se o custo dos pneus e em seguida calcular o custo horário de
pneus como um custo de operação, conforme explicado mais à frente. Isso
porque o equipamento e os pneus têm vidas úteis distintas.
Vida Útil

Dá-se o nome de Vida Útil (VU) ao período de tempo em que o


equipamento trabalha de forma eficiente e produtiva. Ela depende do tipo de
equipamento, das condições de trabalho e da qualidade da manutenção. No
cálculo da depreciação, a vida útil reflete o período ao final do qual o construtor
terá conseguido aprovisionar fundos para substituir aquela máquina que está
atingindo seu prazo de utilização. É o prazo necessário para o retorno do capital
investido. Em termos de horas:

𝐕𝐔 = 𝐧 𝐱 𝐚

onde:

n = vida útil (anos)

a = horas de utilização por ano (hJano).

A tabela abaixo apresenta a vida útil média de alguns equipamentos:

TABELA 24 - VIDA ÚTIL DOS EQUIPAMENTOS

Vida útil(VU)
Equipamento
Anos(n) Horas/ano(a) Horas(n x a)
Perfuratriz manual 3 2.000 6.000
Betoneira 4 1.250 5.000
Trator de esteira 4 (condições leves) a 6(severas) 2.000 8.000 a 12.000

Rolo pé de carneiro 8 1.750 14.000


Compressor de ar 5 2.000 10.000
Caminhão basculante 5 2.000 10.000
Caminhão fora de estrada 8 a 12 2.000 16.000 a 24.000

Carregadeira de pneus 4a6 2.000 8.000 a 12.000


Escavadeira 5 2.000 10.000
FONTE: MATTOS, 2006.
Valor Residual

Valor Residual (Vr) é o valor que uma máquina ainda possui após haver
sido utilizada durante a quantidade de horas estabelecida como sua vida útil. É
o valor estimado de revenda ao final da vida útil.

Nos cálculos de custo horário de depreciação, normalmente adota-se um


valor residual de 10% a 20%.

Se a vida útil de uma carregadeira foi estimada em 10.000 horas, ao final


desse período ela não estará necessariamente inservível. Ao contrário, se houve
operação e manutenção eficientes, ela pode ainda estar em relativamente boas
condições de uso e ter um determinado valor de revenda no mercado.

Na pior das hipóteses, o equipamento pode servir como sucata para


algum ferro-velho. O valor residual deve ser subtraído do valor de aquisição do
equipamento para o cálculo da depreciação.

Se uma construtora depreciou certo equipamento em 8.000 horas,


porém o equipamento ainda pode ser usado após essa idade, seu custo horário
a partir dali não terá mais a parcela da depreciação, pois o valor de aquisição já
foi recuperado.

Seu custo dali por diante será composto apenas de operação e


manutenção, constituindo uma grande vantagem competitiva para o proprietário.

O custo de propriedade deixa de existir a partir do número total de horas


previamente estabelecido durante o cálculo da depreciação. Nota-se, assim, que
estender a vida útil de um equipamento é de primordial importância para o
construtor. Enfatizar a necessidade de manutenção preventiva e operação
cautelosa deve ser um aspecto frequentemente abordado junto a operadores e
mecânicos.

Eventualmente, o valor residual pode ser considerado nulo se houver


indícios de que o equipamento vai estar irrecuperável no final de sua vida útil ou
que dificilmente poderá ser vendido na praça.

É o caso de equipamentos empregados em condições muito agressivas


ou equipamentos muito específicos.
Depreciação - Método Linear

Pelo Método Linear, assume-se que o valor do equipamento decrescerá


a partir do valor de aquisição original segundo uma taxa uniforme. A perda de
valor entre dois anos consecutivos é constante, independente da idade da
máquina naquele período.

Este método, que preza pela simplicidade, é o utilizado pelos


orçamentistas. A depreciação horária é o custo de aquisição da máquina,
deduzido seu valor residual, e dividido pelo número de horas da vida útil
(MATTOS, 2006):

𝐕𝐨 − 𝐕𝐫 𝐕𝐨 − 𝐕𝐫
𝐃𝐡 = =
𝐕𝐔 𝐧𝐱𝐚

Exemplo:

Uma escavadeira foi comprada por R$ 200.000,00 e sua vida útil é estimada em
cinco anos, considerando-se uma utilização de 2.000 horas por ano. O valor
residual é de 10% do original. Calcular a depreciação horária pelo método linear.
Valor de aquisição (Vo) = R$ 200.000,00
Valor residual (Vr) = 10% x R$ 200.000,00 = R$ 20.000,00
Vida útil (VU) = 5 anos x 2.000 h/ano = 10.000 h

Vo − Vr 180.000
Dh = = = R$ 18,00/h
VU 10.000

Em termos contábeis, a depreciação é a mesma ano a ano:


TABELA 25 - METRO LINEAR

Ano % de depreciação Depreciação anual Valor contábil


0 - - 200.000,00
1 20% 36.000,00 164.000,00
2 20% 36.000,00 128.000,00
3 20% 36.000,00 92.000,00
4 20% 36.000,00 56.000,00
5 20% 36.000,00 20.000,00 = Vr
Total depreciado ∑ = 180.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Depreciação - Método do Saldo Devedor (Exponencial)

A essência do Método do Saldo Devedor é tornar a depreciação


proporcional ao estado do equipamento, ou seja, depreciar o equipamento mais
nos primeiros anos (quando ele está em melhor estado) e menos nos últimos
anos da vida útil.

Este método tenta remediar as críticas feitas ao método linear, pelo qual
se paga por um trator com 5.000 horas de uso a mesma depreciação anual que
se paga por um trator idêntico com 200 horas. Uma grande vantagem que tem o
método do saldo devedor é permitir uma depreciação mais rápida, importante
para o construtor, que em pouco tempo fica com o equipamento já quase todo
contabilmente pago, fato que reduz o custo de propriedade dos equipamentos
em idade avançada.

Na depreciação baseada no saldo devedor, o percentual cobrado ano a


ano é o dobro daquele da depreciação linear, porém aplicado sobre o saldo ainda
a depreciar, ou seja, o valor da depreciação em um determinado ano é dado pela
multiplicação da referida taxa percentual pelo saldo no princípio do ano.

O saldo é o valor ainda não depreciado, isto é, a diferença entre o valor


original e o total de depreciação já cobrado até o momento. O valor residual não
é levado em conta na fórmula, somente no cálculo da última parcela, quando
então o saldo final deve ser igual ao valor residual.

Exemplo:

Calcular a depreciação do equipamento do exemplo anterior pelo


Método do Saldo Devedor. Taxa de depreciação anual = 2 x l00% / 5 = 40%

TABELA 26 - MÉTODO DO SALDO DEVEDOR

Ano % de depreciação Depreciação anual Valor contábil


0 - - 200.000,00
1 40% 80.000,00 120.000,00
2 40% 48.000,00 72.000,00
3 40% 28.800,00 43.200,00
4 40% 17.280,00 25.920,00
5 40% 5.920,00 20.000,00 = Vr
Total depreciado ∑ = 180.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Depreciação - Método da Soma dos Anos

Neste método a taxa de depreciação anual varia ano a ano. O primeiro


passo é colocar os anos da vida útil em ordem crescente (1, 2, ...) e somá-Ios.

Por exemplo, para uma vida útil de cinco anos, a soma é 1+2+3+4+5=15.
O próximo passo é atribuir a cada ano uma taxa igual à razão entre os números
em ordem decrescente e a soma dos números, ou seja, no primeiro ano a taxa
de depreciação é 5/15; no segundo ano, 4/15, etc. Cada fração é aplicada sobre
o valor de aquisição deduzido do valor residual.
Exemplo.

Calcular a depreciação do equipamento do exemplo anterior pelo


Método da Soma dos Anos.

Vida útil = 5 anos = 1+2+3+4+5=15

Coeficientes são aplicados sobre Vo - Vr = 180.000,00

TABELA 27 - MÉTODO DA SOMA DOS ANOS

Ano % de depreciação Depreciação anual Valor contábil


0 - - 200.000,00
1 5/15 60.000,00 140.000,00
2 4/15 48.000,00 92.000,00
3 3/15 36.000,00 56.000,00
4 2/15 24.000,00 32.000,00
5 1/15 12.000,00 20.000,00 = Vr
∑=15
Total depreciado ∑ = 180.000,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Os métodos do saldo devedor e da soma dos anos alocam a maior parte


da depreciação no começo do período. Eles são ditos métodos de depreciação
rápida e refletem com mais fidelidade o que ocorre com o valor do equipamento
no mercado.

Como nesses métodos o valor da depreciação é variável, haveria um


custo horário diferente para cada ano, o que dificultaria a vida do orçamentista.

O método linear, por ter valores constantes ao longo dos anos, é o mais
utilizado nos orçamentos de construção.
Apropriação de índices

Por mais abrangente que seja o conjunto de composições de custos


unitários que um estudo possa conter, ele parte de referências de índices, por
meio de TCPO, ou software específico, de observações de obras diversas e
realizadas sob condições particulares.

As construtoras precisam, portanto, desenvolver suas próprias


composições de custos, que reflitam a produtividade de campo real de suas
equipes e, enfim, que melhor representem as características de produção
particular da empresa.

Ao processo de obtenção dos índices reais de produção dá-se o nome


de apropriação. É pela apropriação que o construtor passa a conhecer seus
índices, a realidade de sua empresa. O passo inicial da apropriação é a
observação. É a partir dos dados coletados no campo que se construirá
composição real. Observar é assistir e registrar.

3.4 FICHAS DE CUSTOS

As fichas de custo são a maneira de organizar os elementos coletados


durante o levantamento dos diversos elementos necessários para uma
composição de custos. O esquema a seguir apresenta uma estrutura padrão de
uma ficha de custos simples (SOUSA, 2000).
TABELA 28

Ficha de Custo n.º


Obra Descrição do artigo
Data

Designação do recurso Unidade Quantidade Custo Totais

TABELA 29 - EXEMPLOS DE FICHAS DE CUSTOS

FICHA DE CUSTO N.º EX1


ARGAMASSA - CIMENTO E AREIA AO TRAÇO 1:5 (m3)
DATA – NOV 2010
CUSTO
RECURSO UN QUANTIDADE TOTAIS %
SIMPLES
MATERIAIS
Cimento kg 270,00 0,07 18,90 48,75
Areia m3 1,120 15,00 16,80 43,32
Água m3 0,135 0,40 0,05 0,13
TOTAL DE MATERIAIS 35,75 92,20
MÃO DE OBRA
Servente H 0,55 3,75 2,06 5,31
TOTAL DE MÃO DE OBRA 2,06 5,31
EQUIPAMENTOS
Betoneira 180 L H 0,55 1,75 0,96 2,48
TOTAL DE EQUIPAMENTOS 0,96 2,48
TOTAL GLOBAL 38,77 100,00

PAREDES INTERIORES – ALVENARIA DE TIJOLO CERÂMICO FICHA DE CUSTO N.º EX2


ASSENTE COM ARGAMASSA - CIMENTO E AREIA AO TRAÇO DATA – NOV 2010
1:5 (m3)
CUSTO
RECURSO UN QUANTIDADE TOTAIS %
SIMPLES
MATERIAIS
Argamassa
(Cimento, areia traço m3 0,002 38,77 0,08 1,07
1:5) un 17,50 0,16 2,80 37,43
Tijolo cerâmico 30x20x7
TOTAL DE MATERIAIS 2,88 38,50
MÃO DE OBRA
Pedreiro H 0,40 6,50 2,60 34,76
Servente H 0,40 5,00 2,00 26,74
TOTAL DE MÃO DE OBRA 4,60 61,50
EQUIPAMENTOS

TOTAL DE EQUIPAMENTOS
TOTAL GLOBAL 7,48 100,00
FONTE: Arquivo pessoal do autor.
MÓDULO IV

4 CÁLCULO DE CUSTOS EM CANTEIROS DE OBRAS

O objetivo deste Módulo é analisar as características dos canteiros de


obras, para compreensão do sistema de seu funcionamento, a sua organização
e implantação, fatores muito importantes porque o canteiro é uma das fases mais
importantes na execução de uma obra.

4.1 MONTAGEM DOS CANTEIROS DE OBRAS

Os canteiros de obras devem conter as instalações necessárias de


maneira planejada e organizada, no sentido de ordenar a produção correta dos
trabalhos conforme definido no projeto de execução.

Definição segundo a NR-18 (Norma Regulamentadora): canteiros de


obras correspondem à área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem
operações de apoio e execução de uma obra. Esta norma tem a função de
regularizar procedimentos e foi elaborada em conjunto com construtoras,
trabalhadores e governo, para estabelecer diretrizes e exigências diversas, esse
inter-relacionamento e fluxo de recursos visa evitar desperdícios de materiais,
mão de obra, tempo, defeitos e de equipamentos dadas a sua relação direta com
a produtividade e qualidade durante a execução da obra, além disso, deve ser
de forma econômica com flexibilidade de modo a aperfeiçoar o espaço
disponível.
FIGURA 13

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Tipos de canteiros

De acordo com Bonin (1993), os canteiros de obras podem ser


enquadrados dentro de três tipos principais: restritos, amplos e longos e restritos.

• Restritos

A construção usa o terreno completo ou um grande percentual deste,


caracterizado por falta de espaço e aproveitamento integral da área
disponibilizada.

Exemplo: Construções urbanas e centrais de uma cidade, ampliação e


reformas.

• Amplos

A construção ocupa um percentual relativamente pequeno do terreno,


há disponibilidade para acesso para veículos e acesso para área de
armazenamento e acomodação de pessoal.
Exemplo: Construção de plantas industriais, construções habitacionais
horizontais e outras grandes obras como barragens ou usinas hidrelétricas.

• Longos e restritos

São restritos em apenas uma das dimensões com possibilidade de


acesso em poucos pontos do canteiro.

Exemplo: Trabalho de ferro e rodagem, redes de gás e petróleo, e alguns


casos de obras de edificações em zonas urbanas.

Canteiros de obras segundo a NBR-12264: Áreas de vivência em


canteiros de obras. Conjunto de áreas destinadas à execução e apoio dos
trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas
de vivência.

Para tanto são destacadas algumas das principais etapas:

Planejamento de canteiros

O planejamento em canteiros de obras pode ser definido como o


planejamento do layout e da logística das suas instalações provisórias,
instalações de segurança e sistema de movimentação e armazenamento de
materiais.

O planejamento do layout envolve a definição do arranjo físico de


trabalhadores, materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem.

Fase de Implantação

• Acomodamento dos Equipamentos e Materiais:


Toda acomodação deve ser feita com escoramento adequado, em seus
devidos recipientes e em local apropriado.

• Estabelecimento da Segurança e Saúde Ocupacional:

Deverá ser designada uma equipe de profissionais capacitados para


garantir a Segurança e a Saúde dos trabalhadores.

• Instalação dos Equipamentos:

Todo equipamento deve ser instalado respeitando a instrução dos


fabricantes e garantindo o funcionamento dos mesmos.

• Montagem/Instalação da estrutura administrativa:

Toda instalação administrativa deverá ser instalada ou construída,


observando toda logística de manuseio dos materiais, tráfego de pedestres,
veículos e equipamentos, sempre ministrando a distância de locomoção.

Instalações provisórias: áreas de vivência e de apoio

De acordo com a definição da NR-18, as áreas de vivência (refeitório,


vestiário, área de lazer, alojamentos e banheiros) são áreas destinadas a suprir
as necessidades básicas humanas de alimentação, higiene, descanso, lazer e
convivência, devendo ficar fisicamente separadas das áreas laborais.

Esta norma também exige, tendo em vista as condições de higiene e


salubridade, que estas áreas não sejam localizadas em subsolos ou porões de
edificações.
Já as áreas de apoio (almoxarifado, escritório, guarita ou portaria e
plantão de vendas) compreendem aquelas instalações que desempenham
funções de apoio à produção, abrigando funcionário(s) durante a maior parte ou
durante todo o período da jornada diária de trabalho, ao contrário do que ocorre
nas áreas de vivência, as quais só são ocupadas em horários específicos.

FIGURA 14 - CONSTRUÇÃO DE INSTALAÇÃO PROVISÓRIA DE


ESCRITÓRIO PARA CANTEIROS DE OBRAS

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Dimensionamento das instalações

São citadas a seguir algumas dimensões usualmente adotadas no


dimensionamento das instalações de movimentação e armazenamento de
materiais:

(a) Elevador de carga: as dimensões em planta de 1,80 m x 2,30 m são as mais


usuais para torres metálicas de elevadores de carga.
(b) Distância entre roldana e tambor do guincho: esta distância deve estar
compreendida entre 2,5 m e 3,0 m (NR-18), devendo ser considerada para
estimar a posição do guincheiro.

(c) Baias de agregados: as baias devem ter largura igual ou pouco maior que a
largura da caçamba do caminhão que descarrega o material, enquanto as outras
dimensões (altura e comprimento) devem ser suficientes para a estocagem do
volume correspondente a uma carga. No caso da areia e brita, por exemplo, as
dimensões usuais são aproximadamente 3,00 m x 3,00 m x 0,80 m (altura).

(d) Estoques de cimento: a área necessária para estocagem deve ser estimada
com base no orçamento e na programação da obra. As seguintes dimensões
devem ser consideradas neste cálculo:

- dimensões do saco de cimento: 0,70 m x 0,45 m x 0,11 m (altura);

- altura máxima da pilha: 10 sacos. No caso de armazenagem inferior a 15 dias


a NBR 12655 (ABNT, 1992) permite pilhas de até 15 sacos.

(e) Estoque de blocos: a área necessária deve ser estimada com base no
orçamento e na programação da obra. O estoque deve utilizar o espaço cúbico,
limitando, por questões de ergonomia e segurança do operário, a altura máxima
da pilha em aproximadamente 1,40 m.

(f) Caçamba tele-entulho: dimensões usuais em planta de caçambas tele-entulho


são de 1,60 m x 2,65 m.

(g) Bancada de formas: a bancada deve possuir dimensões em planta que sejam
pouco superiores as da maior viga ou pilar a ser executado.
(h) Portão de veículos: o portão deve ter largura e altura que permitam a
passagem do maior veículo que entrará por ele na obra, no decorrer de todo o
período de execução. Usualmente a largura de 4,00 m e a altura livre de 4,50 m
são suficientes.

(i) Caminhões de transporte de madeira: para verificar se estes caminhões


podem entrar no canteiro e acessar as baias deve-se conhecer o seu raio de
curvatura e suas dimensões. Dimensões usuais são as seguintes:

- raio de curvatura: 5,00 m;

- largura e comprimento do veículo: 2,70 m x 10,00 m.

(j) Caminhões betoneiras: dimensões usuais desses caminhões são as


seguintes:

- raio de curvatura: 5,00 m;

- largura e comprimento do veículo: 2,70 m x 8,00 m.

Fase Funcional:

• Para um bom funcionamento, é crucial:

o Garantir o cumprimento das regras de deslocamento e


levantamento de cargas.
o Prevenir e garantir os índices estabelecidos contra acidentes.
o Garantir o horário de trabalho estabelecido.
o Manter a organização e limpeza do canteiro.
o Manter o bem-estar entre os trabalhadores.

Logística em canteiros de obras

Na construção, a logística trata de um processo multidisciplinar aplicado


nos canteiros de obras, que visam garantir a aquisição do armazenamento, o
processamento e disponibilização de recursos e materiais nas frentes de
trabalho, bem como o dimensionamento das equipes de produção e a gestão
dos fluxos físicos.

O processo de controle logístico ocorre por meio das atividades de


planejamento, organização, direção e controle, tendo como principal suporte o
fluxo de informações, antes e durante o processo produtivo (CARDOSO, 2006).

A logística em canteiros de obras nada mais é do que a adequação dos


conceitos da logística aplicada dentro dos canteiros de obras.

Para que isso aconteça deve existir um estudo que vai definir a
estratégia para implantação do empreendimento, focando também o canteiro,
para que se seja possível planejar antecipadamente as condições mais
apropriadas de entrada e saída de materiais e mão de obra, assim como as
escolhas dos equipamentos a serem utilizados e seus posicionamentos.

Existe uma divisão logística que permite ser aplicada às empresas,


promovendo uma identificação com maior clareza das principais atividades
associadas à logística em uma obra. Em uma obra a divisão ocorre em logística
de suprimentos (externa) e logística de canteiro (interna).

A logística de suprimentos trata do fornecimento dos recursos materiais


e humanos necessários à produção, destacam as atividades de planejamento e
processamento das aquisições, a gestão de fornecedores, o transporte dos
recursos até a obra e a manutenção dos recursos de materiais previstos no
planejamento.

Já a logística de canteiro, trata da gestão dos fluxos físicos e dos fluxos


de informações associados à execução de atividades no canteiro, suas
atividades estão associadas à:

 Gestão dos fluxos físicos ligados à execução (planejamento detalhado


dos fluxos de execução dos serviços e dos seus mecanismos de controle),
 Gestão da interface entre os agentes que interagem no processo de
produção (informações e interferência entre os serviços)
 Gestão física da praça de trabalho (implantação do canteiro,
movimentação interna, zonas de estocagem, zonas de pré-fabricação e
atendimento aos requisitos de segurança) (CARDOSO, 2006).

Critérios de otimização do canteiro

 Minimização da distância a percorrer em obra;


 Minimização do número de operações de carga, descarga e transporte
dentro de obra;
 Minimização do número de montagens e desmontagens;
 Isolamento das áreas sociais do local de construção;
 Áreas de controle e estacionamento junto às entradas;
 Programar um espaço de trabalho flexível;
 Proporcionar segurança no trabalho e bem-estar aos trabalhadores;
 Reduzir o tempo de construção;
 Facilitar o processo construtivo.

Os canteiros de obras evoluem com o tempo. Para cada fase é


necessário estudar nova implantação, porque são acrescidas novas frentes de
trabalho que devem trabalhar em sintonia com as demais especialidades.

Um estudo bem executado dos custos dos canteiros de obras, com


critérios técnicos bem estabelecidos, utilização de informações confiáveis e bom
julgamento do orçamentista, pode gerar orçamentos precisos, embora não
exatos, porque o verdadeiro custo de um empreendimento é virtualmente
impossível de se fixar de antemão.

O que o orçamento dos canteiros de obras realmente envolve, é uma


estimativa de custos em função da qual o construtor irá atribuir seu preço de
venda, neste caso, bem estabelecido.

Em razão das fases de excesso de orçamentos a produzir, os


profissionais ligados a orçamentação, por vezes, ficam sem tempo de analisar
os processos mais detalhadamente, analisar e propor mais de uma solução
técnica e fazer as devidas simulações de cada trabalho.

Outro fator importante a que se deve atentar é a aproximação do


orçamentista e a obra em execução, na maioria das vezes o orçamentista não
tem oportunidade de acompanhar o processo in loco e não tem a
retroalimentação por parte dos profissionais de obra quanto às produtividades
reais, os percentuais de perda dos principais materiais e comentários acerca dos
parâmetros de orçamento realizados.

4.2 ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS

Buscaremos agora apresentar referências, sobre os principais


equipamentos normalmente alugados em canteiros de obras, no apoio para
realização dos diversos serviços.

Entre os diversos tipos de equipamentos utilizados em uma obra,


existem os equipamentos de transporte, que são classificados segundo a sua
mobilidade em móveis e fixos.

 Equipamentos Móveis

Os equipamentos móveis estão presentes em todas as fases de uma


obra, sendo que os mais comuns em canteiros de obras: são os caminhões
basculantes, máquinas de grande porte como pá carregadeiras,
retroescavadeiras, etc.

 Equipamentos Fixos

São os equipamentos que devem ser localizados em lugares


estratégicos de uma obra, de forma a obter o maior potencial de apoio a diversos
trabalhos. De uma maneira geral são os equipamentos de transporte vertical
como; gruas, guinchos elevadores, andaimes, etc.

Considerações sobre os custos do aluguel de equipamentos

A análise e atribuição dos custos de equipamento em uma obra podem


tomar formas diferentes dependentes dos objetivos a atingir. Deve-se ter em
conta as vantagens que o aluguel de equipamentos pode trazer para uma
empresa.

As principais vantagens do aluguel de equipamentos são (SOUSA,


2000):

 A manutenção e o investimento são de responsabilidade do locador;


 Não há necessidade de capital próprio ou de captação de recursos
externos;
 Alta disponibilidade do equipamento;
 Maior flexibilidade no incremento de máquinas;
 Troca de investimento por despesa planejada;
 Menor custo operacional;
 Elasticidade e flexibilidade na troca/substituição do equipamento,
conforme demanda, ou seja, o equipamento pode ser devolvido caso haja
queda na produção ou pode ser solicitado um número maior de máquinas
caso seja necessário;
 O aluguel só é cobrado com a máquina disponível;
 Em máquinas de grande porte, o operador é fornecido pela empresa de
locação;
 Comunicação direta com o fornecedor para solucionar qualquer problema;
 Como regra, existe um prazo para solução do problema e caso não seja
feita, o locador deverá disponibilizar outra máquina;
 Muitos contratos são pagos conforme produtividade ou disponibilidade da
máquina;
 Busca contínua de melhorias, pois quanto maior for o investimento do
locador em treinamento dos profissionais da operação, maior será seu
lucro;
 Não há necessidade de manter estoque de peças e equipe técnica;
 Há garantias de fornecimento de equipamentos modernos e com
tecnologia de última geração, traduzindo-se em produtividade para o
negócio;
 Há garantia de que os equipamentos atendem às normas de segurança,
pois a assistência técnica é feita com peças de reposição originais e mão
de obra treinada pelo próprio fabricante;
 Menor custo indireto com compras e estoque de peças, assistência
técnica, manutenção de baterias e carregadores.

Ao verificar as vantagens da locação de equipamentos para a realização


de trabalhos em canteiros de obras, torna-se claro que este tipo de procedimento
corresponde a uma alternativa na maioria das vezes com menos riscos para o
construtor.

Para obter o custo deste fornecimento, na fase de estudo da obra, o


orçamentista deve transmitir ao fornecedor as principais características relativas
às condições da obra e principalmente às condições de uso dos equipamentos,
quanto mais o fornecedor se envolva ao processo, mais precisa será esta
estimativa.

4.3 DESPESAS GERAIS

As despesas gerais dos canteiros de obras compreendem os seguintes


custos:

 Licenças
 Infraestrutura
o Água
o Esgoto
o Energia
o Telecomunicações
 Montagem das Instalações Provisórias
o Escritório da administração
o Depósito de Materiais
o Alojamento de pessoal
 Vedação da Obra
 Acessos
 Equipamentos
o Gruas
o Central de concreto
o Central de revestimento (argamassa)
o Andaimes
o Máquinas de terraplenagem
O custo das despesas gerais de infraestrutura e execução de trabalhos
nos canteiros de obras, é determinado por meio de levantamento do histórico de
obras anteriores e requer uma interação do orçamentista e dos responsáveis
pela execução dos trabalhos, para se obter estimativa o mais precisa possível
de acordo com o tipo de estudo em desenvolvimento.

Desperdícios e perdas por mau armazenamento são comuns em obras

De acordo com Sousa (2000), desperdícios são constituídos pelas


atividades que não agregam valor e que resultam em gastos de tempo, dinheiro,
recursos sem lucro, além de adicionarem custos desnecessários aos produtos.

As definições confirmam que o desperdício corresponde às atividades


que não agregam valor às obras e que podem ser eliminadas sem que ocorra
diminuição no desempenho da empresa, como por exemplo, movimentação
desnecessária, capacidade ociosa, mão de obra e energia perdidos, entre
outros.
FIGURA 15 - EXEMPLO DE EXCESSO DE RESÍDUOS EM OBRA

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

O desperdício não se associa apenas à falta de empenho das pessoas,


obsolescência de equipamentos ou por culpa dos fornecedores, mas há uma
multiplicidade de fatores, alguns individuais; outros decorrentes de diversas
variáveis.

O desperdício contribui para a diminuição da lucratividade das empresas


e mesmo assim não costuma ser mensurado de forma conveniente.

Com a identificação dos desperdícios, os gestores obtêm benefícios de


ordem quantitativa e qualitativa em termos de lucratividade, bem como em
relação às necessidades de melhoria. Traz, ainda, fundamentação para novos
investimentos em qualidade.

A utilização de indicadores de desempenho da empresa favorece a


análise, a avaliação da rentabilidade do investimento em qualidade e,
principalmente a tomada de decisão.

Assim, armazenar corretamente os materiais de uma obra é fundamental


para evitar danos e perdas; além disso, quando se tem organização e
planejamento a produtividade da mão de obra é maior.
4.4 DESMONTAGEM DOS CANTEIROS DE OBRAS

FIGURA 16

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Nesta etapa da obra devem ser respeitadas todas as regras de


montagem desenvolvidas na implantação dos canteiros de obras, sendo que
com um cuidado extra, para não interferir com os elementos construídos na obra.

São necessários certos cuidados com a correta:

 Interrupção dos ramais de água, esgoto e energia que ligavam as


instalações provisórias do canteiro, sem danificar as novas redes
instaladas na edificação;
 Remoção e transporte de todos os resíduos de construção gerados
durante a execução da obra para uma empresa certificada para realizar o
tratamento;
 Remoção dos elementos que constituíram os escritórios de obra, tapumes
e sinalização de forma a poder reaproveitar ao máximo a sua reutilização;
 Limpeza geral da obra.
MÓDULO V

5 MEDIÇÕES PARA ORÇAMENTO

O objetivo do Módulo V é analisar as características relacionadas com


as medições necessárias para a realização de um orçamento e os elementos de
apresentação do orçamento: o mapa de trabalhos e a memória descrtiva.

5.1 PRINCÍPIOS BASE

As medições podem ser elaboradas a partir de um caderno de encargos,


de um projeto ou por meio do levantamento pessoal realizado na visita ao local
do trabalho. Para todos os casos, deve-se realizar uma análise criteriosa, de
forma a obter de forma o mais clara possível todas as informações relativas a
uma obra.

A experiência anterior nesta área para uma análise é muito importante,


principalmente quando a medição tem que ser realizada por meio de elementos
entregues pelo dono da obra, como caderno de encargos e projetos, sem a
possibilidade de acesso ao local da obra. Esses elementos podem conter
informações precisas, mas também podem omitir detalhes que fazem a diferença
nos cálculos a serem realizados posteriormente.

Para a realização de uma medição precisa, deve-se procurar conciliar a


análise dos documentos entregues, com a análise do local de intervenção,
visando abranger todos os pontos que direta ou indiretamente podem gerar
custos no desenvolvimento do trabalho.

Generalidades

As medições constituem a determinação analítica das quantidades de


trabalhos previstos no projeto ou especificação da obra. Estas quantidades são
organizadas em listas ou mapa de medições.
As medições devem ser realizadas seguindo regras bem definidas tendo
em vista atingir os objetivos bem definidos como os descritos no manual “Curso
sobre regras de medição na construção”, publicado pelo Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (FONSECA, 1999):

 Possibilitar, a todas as empresas que apresentam propostas a concurso,


a determinação dos custos e a elaboração de orçamentos, com base nas
mesmas informações de quantidades e nas condições especificadas para
os trabalhos indicados no projeto;
 Elaborar listas de trabalhos, de acordo com sistemas de classificação que
individualizem cada trabalho segundo grupos específicos que
possibilitem, às várias entidades envolvidas no processo, análises
comparativas de custos e avaliações econômicas de diferentes soluções;
 Proporcionar às empresas, a avaliação das propostas cujos preços foram
formulados com idêntico critério, bem como permitir, de um modo
facilitado, a quantificação das variações que se verificarem durante a
construção, devidas a trabalhos a mais e a menos ou a erros e a omissões
de projeto;
 Possibilitar às empresas um acesso simplificado à informação
eventualmente tipificada e informatizada relativa a trabalhos-tipo,
permitindo assim a formulação de propostas para concursos com bases
determinísticas sólidas, nomeadamente as relativas a custos de
construção, de canteiro, e de subempreitadas, etc.;
 Proporcionar às empresas uma sistematização de procedimentos
relacionada com o controle dos diversos trabalhos a executar,
nomeadamente os devidos a rendimentos de recursos que proporcionam
o cálculo das quantidades de materiais e avaliação das quantidades de
mão de obra, de equipamentos ou de outros recursos a utilizar na
execução dos trabalhos;
 Facilitar o estabelecimento dos planos de inspeção e ensaios aplicados
ao controle da quantidade e de segurança na execução dos diferentes
trabalhos;
 Estabelecer as bases para que as empresas realizem a análise e o
controle de custos dos trabalhos.

Os erros de medições acarretam consequências financeiras para os


donos de obra e para o construtor.

Para os donos de obra:

 Impedir a execução da obra prevista por insuficiência de créditos já


anteriormente calculados e previstos;
 Produzir prejuízos por avaliação excedente dos montantes a consumir na
obra.

Para o construtor:

 Necessidade de remodelação do projeto pelo fato do custo real


ultrapassar o limite fixado pelo cliente;
 Provocar prejuízos consideráveis que podem por em risco a viabilidade
da empresa ou levar à falência.

Apesar de cada obra possuir suas próprias particularidades que a


diferenciam, podem ser definidos alguns princípios comuns a ter em
consideração na elaboração das medições, nomeadamente os seguintes
(FONSECA, 1999):

 Estudo da documentação existente:


o Caderno de encargos, projetos, desenhos e cálculos apresentados
devem constituir fonte importante de análise inicial do
orçamentista.
 As medições devem satisfazer integralmente os projetos apresentados e
as condições técnicas gerais e especiais do caderno de encargos, pois
podem existir erros e omissões que o orçamentista deve esclarecer com
o autor do projeto de imediato. Neste sentido, a conferência de metragens
e dimensões apresentadas é indispensável.
 As medições devem ser realizadas de acordo com as regras de medição
adotadas, na falta de informação do caderno de encargos, o orçamentista
deve adotar critérios que conduzam a quantidades corretas. Estes
critérios devem ser discriminados, de forma clara, nas medições do
projeto.
 As medições devem ter em consideração as normas aplicáveis à
construção, nomeadamente aos materiais, produtos e técnicas de
execução.
 Dentro dos limites razoáveis das tolerâncias admissíveis para a execução
das obras, as medições devem ser elaboradas de modo a que não seja
desprezado nenhum dos elementos constituintes dos edifícios.
 Durante o cálculo das medições devem ser realizadas as verificações das
operações efetuadas e as confrontações entre somas de quantidades
parciais com quantidades globais. O grau de rigor a obter com estas
verificações e confrontações depende, como é evidente, do custo unitário
de cada trabalho.
 A lista de trabalhos deve ser individualizada e ordenada segundo os
critérios seguintes:
o Os trabalhos medidos devem corresponder às atividades
que são exercidas por cada categoria profissional de
operário;
o As medições devem discriminar todos os trabalhos,
principais e auxiliares, com uma definição clara de cada
trabalho e indicarem as características mais importantes
necessárias à sua execução. Sempre que possível esta
definição deve ser esclarecida com referência às peças
desenhadas e às condições técnicas ou de outras
informações existentes noutras peças do projeto.
o As medições devem ser decompostas por partes da obra
que facilitem a determinação das quantidades de trabalho
realizadas durante a progressão da construção, bem como
a comparação de custos com projetos similares.

5.2 REGRAS BÁSICAS DE MEDIÇÃO

A medição de uma obra é a determinação quantitativa dos trabalhos a


que serão executados, destinando-se a ser relacionada com o orçamento da
obra. Quando se realizam medições em uma obra, estas são em geral
elaboradas em mapas designados por mapas de medições.

A realização destes mapas é de extrema importância, pois é a partir


destes elementos que se realizam os orçamentos das obras, sendo o orçamento
o resultado da aplicação dos preços unitários às medições efetuadas e incluídas
no mapa de medições.

As medições assumem um papel importante na construção e, de forma


a minimizar os conflitos entre os intervenientes, torna-se necessária a existência
de regras específicas.

A falta de uma regulamentação específica para a definição das regras


de medição de uma obra constitui uma das principais causas de conflito entre os
seus intervenientes.

Para minimizar estes aspectos, algumas empresas aplicam regras


básicas de medição utilizando roteiros genéricos preestabelecidos que facilitam
e direcionam o levantamento das medições, sendo que qualquer outro
profissional da empresa ao analisar os elementos do mapa de medições
consegue encontrar a informação desejada.

As medições constituem o modo de determinação quantitativa dos


trabalhos previstos no projeto ou executadas em obra e têm como principais
objetivos:
a) Possibilitar, a todas as empresas que apresentam propostas a concurso
ou licitação, a determinação dos custos e a elaboração de orçamentos,
com base nas mesmas informações de quantidades e de especificação
técnica de execução dos trabalhos indicados no projeto;
b) Proporcionar às empresas, a avaliação das propostas cujos preços foram
formulados com idêntico critério, bem como permitir de um modo
facilitado, a quantificação das variações que se verificarem durante a
construção.

Condições gerais das medições

 As medições devem descrever, de forma completa e precisa os trabalhos


de uma obra.
 Os trabalhos que implicam diferentes condições ou dificuldades de
execução serão sempre medidos separadamente.
 As dimensões a adotar a cada elemento de construção são sempre
arredondadas ao centímetro.
 O cálculo das quantidades dos trabalhos é efetuado com a indicação das
dimensões segundo a seguinte ordem:
o em planos horizontais, comprimento x largura x altura ou espessura;
o em planos verticais, comprimento x largura ou espessura x altura.
Considerando-se como comprimento e largura as dimensões em
planta dos elementos a medir.
 As dimensões que não possam ser determinadas com rigor deverão ser
indicadas com a designação de quantidades aproximadas.
 As medições devem ser apresentadas com as indicações necessárias à
sua perfeita compreensão, de modo a permitir uma fácil verificação e a
determinação correta dos custos.
 As medições em ambientes exteriores devem ser apresentadas em
capítulos separados das medições de elementos interiores.
 O mapa de medições deve sempre indicar o nome do responsável pela
elaboração da medição e lista de medições.
Unidades de medida

As principais unidades de medida utilizadas em medições de obras são


as seguintes:

TABELA 30

Unidade Descrição Símbolo


Genérica unidade un
Comprimento metro m
Superfície metro m2
quadrado
Volume metro cúbico m3
Massa quilograma kg
Tempo hora, dia h, d
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Regras básicas de medição de alguns trabalhos:

Canteiro de Obras

O canteiro de obras, em geral é medido à Unidade. Contudo, pode-se


dividir esta forma única de medir, segundo os pontos que o caracterizam
(SOUSA, 2000), como:

 Instalações destinadas a pessoal e funcionários (por m 2 ou à unidade);


 Vias de acesso, caminho de circulação e vedações (unidade);
 Instalações de redes de luz, água e esgoto (Unidade – uma única que
engloba todas estas instalações);
 Equipamento, como gruas, andaimes, etc. (Unidade – uma única que
engloba todas estas instalações);
 Pessoal da administração da obra, como técnicos e encarregados (geral
e por especialidades), os funcionários encontram-se incluídos nos
serviços executados (à unidade, por cada um destes, tendo em conta um
plano de mão de obra).

Serviços Preliminares

São os trabalhos necessários para a preparação da execução da obra.


Entre outros podemos citar os seguintes:

 Desvio de obstáculos (a medição será realizada à unidade com a


indicação da natureza dos trabalhos);
 Proteções (a medição será realizada à unidade e engloba a proteção de
construções ou vegetação no local da obra que não deva ser afetada
durante a execução dos trabalhos);
 Drenagens (a medição será realizada por m2 medida em planta).

Fundações

A medição dos trabalhos relativos às fundações deverá ser realizada de


forma que os trabalhos de concreto, formas e armaduras fiquem individualizados
em itens próprios permitindo, assim, uma determinação mais correta das
quantidades de materiais e consequentemente dos orçamentos. Contudo, o m 3
com estas parcelas incluídas é, na prática, mais usado.

Nas fundações, todas as informações relativas às condições de


planimetria, tipo de solo e condições do terreno, a existência de obstáculos, a
localização das construções na vizinhança do edifício que possam afetar o
trabalho de execução das fundações e a existência de terrenos infectados ou
infestados deverão ser referidos nas medições ou outras peças escritas do
processo.
Concreto, Formas e Armaduras

Na realização das medições dos trabalhos de concreto magro, concreto


armado e concreto protendido, deverão ficar separados em subcapítulos
próprios.

Dentro destes, os trabalhos de concreto, formas, armaduras e elementos


pré-fabricados em concreto também serão individualizados. As medições serão
discriminadas por elementos de construção e devem indicar as referências de
identificação utilizadas no projeto.

Todas as operações relativas à execução dos trabalhos de concreto


(fornecimento e transporte de materiais, preparação, carga, transporte,
colocação em obra, compactação e cura) serão englobadas nas medições.

As medições de formas correntes e especiais ficarão individualizadas em


itens próprios e cada uma delas decompostas de acordo com as características
das mesmas (natureza dos materiais, condições particulares de execução, etc.).

Todas as operações relativas à execução de trabalhos de formas


(fornecimento e transporte de materiais, fabricação, montagem, desmontagem,
carga, transporte, descarga, reparações e limpezas) serão englobadas nas
medições.

Em relação às medições das armaduras, as barras de aço, os perfis


metálicos e as armaduras serão individualizados em itens próprios que por sua
vez serão decompostos de acordo com as características gerais.

Esta individualização em itens próprios dos diferentes tipos de aço


permitirá a determinação dos custos destes diferentes tipos, facilitando a
encomenda e aquisição durante a execução da obra.

Todas as operações relativas à execução dos trabalhos de armaduras


(fornecimento e transporte, armações, ligações, emendas, carga, transporte,
descarga e colocação em obra) serão englobadas nas medições.

Os elementos de construção a serem utilizados nas medições de


armaduras serão os mesmos utilizados nas medições de concreto.
Alvenarias

As medições de alvenarias serão agrupadas em alvenarias de tijolos


cerâmicos e blocos de concreto. As medições em cada um dos grupos serão
individualizadas em itens próprios de acordo com a natureza, forma e dimensões
dos materiais constituintes, dimensão dos tijolos e blocos, composição das
argamassas, acabamentos, condições de execução, etc.

Em regra, as medições de alvenarias são individualizadas em itens


próprios de acordo com a sua localização no edifício (infraestrutura,
superestrutura, alvenarias em trabalhos exteriores ao edifício) e que por sua vez
são decompostas em elementos de construção que as compõe.

Todos os trabalhos relativos à execução dos trabalhos de alvenarias,


fornecimento e transporte de materiais, argamassas, cargas, descargas e
execução, são englobados nas medições.

Revestimentos de paredes, pisos, tetos e escadas

As medições serão individualizadas nos subcapítulos correspondentes


aos trabalhos de revestimentos de paramentos exteriores de paredes,
revestimentos de paramentos interiores de paredes, revestimentos de pisos
interiores e exteriores, incluindo terraços, revestimentos de tetos interiores,
revestimentos de tetos exteriores e revestimentos de escadas.

Estes subcapítulos serão, ainda, subdivididos de acordo com a


designação do tipo e complexidade dos trabalhos a realizar, que por sua vez
serão decompostos em rubricas próprias tendo em atenção a natureza dos
materiais constituintes; composição das argamassas; dimensões das peças de
revestimento; acabamentos das superfícies de revestimento; natureza, forma e
posição das superfícies a revestir; condições de execução; métodos de
assentamento; etc.

Na realização das medições, serão englobadas todas as operações


relativas à execução dos trabalhos (carga, transporte, descarga, preparação e
aplicação dos materiais, montagem e desmontagem de andaimes, limpezas,
etc.).

Pinturas

As medições serão realizadas e individualizadas em rubricas próprias de


acordo com o tipo do trabalho, natureza e qualidade dos materiais, natureza e
acabamento da superfície a pintar, trabalhos preparatórios da superfície a pintar,
trabalhos preparatórios da pintura, trabalhos e número de demãos de
acabamento, condições de execução, etc.

Nas medições serão englobados todos os trabalhos relativos à execução


de pinturas nomeadamente: fornecimento e preparação de materiais, os
trabalhos de preparação de superfícies e preparatórios de pintura, a pintura
propriamente dita com o seu acabamento.

5.3 DESENVOLVIMENTO DE CHECK-LIST

Tendo como base os projetos, cadernos de encargos e memoriais


descritivos:

a) O primeiro passo será a análise dos desenhos e especificações técnicas


incluídas;
b) Em seguida, as identificações dos serviços e suas dimensões.

Nesta etapa é que será dada a forma do orçamento. É bastante


conhecido a conceito de que um bom orçamento se fundamenta num bom
levantamento de quantidades.

O detalhamento das quantificações levantadas em obra, dependem do


tipo de projeto, ou seja, as informações de quantidades serão proporcionais ao
seu detalhamento.
Projetos tipo "prefeitura" e anteprojetos demandarão maiores ajustes,
ajustes estes que irão sendo confirmados à medida que os projetos sejam mais
detalhados.

Em todos os casos, independentemente de seu estágio de projeto,


iniciaremos com o conceito de “check-list”.

O "check-list” servirá para identificar as etapas principais da obra, a fim


de orientar-nos sobre termos quantificados à maioria de seus elementos.

Assim, como exemplo para obras de edifícios, os principais itens são:

 Instalação de Canteiro;

 Serviços Gerais;

 Movimento de Terra;

 Fundações e Infraestrutura;

 Estruturas;

 Alvenarias;

 Instalações Hidráulicas;

 Instalações Elétricas;

 Esquadrias de Madeira;

 Esquadrias Metálicas;

 Revestimentos Internos;

 Revestimentos Externos;

 Forro;

 Impermeabilizações;

 Pavimentações Internas;

 Cobertura;

 Vidros;

 Pintura;

 Pavimentação Externa;

 Elevadores;
 Equipamentos;

 Diversos;

 Limpeza.

O desenvolvimento do “check-list” será específico de acordo com o tipo


de obra em estudo para desenvolver o orçamento.

5.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES

O objetivo do mapa de trabalhos e quantidades é transformar em um


único mapa, todas as informações, levantadas durante o processo, de tal forma
a visualizar um conjunto de dados, fornecendo condições das verificações, e
principalmente, possibilitar ao orçamentista um quantitativo, possibilitando que
as quantidades nele expressas, sejam autoexplicativas, evitando as análises de
outros documentos.

Para a determinação do mapa de trabalhos, buscam-se todos os


elementos do estudo, em nível de quantidades e unidades conforme o exemplo
a seguir.
TABELA 31 - EXEMPLO DE MAPA DE QUANTIDADES PARCIAL DE
UM EDIFÍCIO COMERCIAL, UTILIZADO PARA DIMENSÕES

PARCIAIS DE CADA SERVIÇO

Edifício Comercial

QUANTIDADES
SUB 1º 2º 3º
CÓD. DESCRIÇÃO UN TOTAL SOLO TÉRREO MEZANINO PAV. PAV. PAV. ÁTICO FACHADAS

DESPESAS INICIAIS
Projetos VB 1,00 1,00
020302 Ligação provisória de luz VB 1,00 1,00
020301 Ligação provisória de água e esgoto VB 1,00 1,00

SERVIÇOS PRELIMINARES
020202 Limpeza do terreno M² 600,00 600,00
020403 Tapume em chapa de madeira compensada M² 220,00 220,00
Placas da obra VB 1,00 1,00
020501 Locação da obra M² 480,00 480,00
020404 Abrigo provisório M² 57,15 57,15

MOVIMENTO DE TERRA

FUNDAÇÕES
Blocos / Sapatas
050301 Formas M² 42,00 42,00
050405 Aço 5,0 mm KG 43,00 43,00
050403 Aço 6,3 mm KG 306,00 306,00
050403 Aço 10,0 mm KG 72,00 72,00
050404 Aço 12,5 mm KG 174,00 174,00
050404 Aço 16,0 mm KG 59,00 59,00
050404 Aço 20,0 mm KG 434,00 434,00
050514 Concreto M³ 7,90 7,90
050515 Lançamento de concreto M³ 7,90 7,90

FONTE: Arquivo pessoal do autor.


TABELA 32 - EXEMPLO DE MAPA DE TRABALHOS GERAL

MAPA DE TRABALHOS
PREÇO
ITEM SERVIÇOS UNID. QUANT. P.T SUB TOTAL TOTAL ETAPAS
SERVIÇO
1 Serviços Preliminares
1.1 Administração Direta / Canteiro de Obras vb 1,00 26797,59 26.797,59

1.2 Limpeza do Terreno


1.2.1 Limpeza geral,incl remoção da cob.vegetal - troncos c/diam.até m2 2.515,39 1,12 2.817,24
10cm
1.2.2 Remoção de entulho,inclusive transporte ate 1km m3 45,48 19,47 885,44

1.3 Movimento de Terra Mecanizado


1.3.1 Corte e aterro compactado m3 222,97 6,62 1.476,06
1.3.2 Fornecimento de terra,incl.corte,carga,descarga e transporte até 1km m3 822,89 47,36 38.972,07
1.3.3 Aterro, inclusive compactação m3 822,89 2,21 1.818,59

72.766,98
72.766,98
2 Fundação
2.1 Fundações Profundas
2.1.1 Estacas escavadas mecanicamente diam.= 25cm m 252,00 16,47 4.150,44
2.1.2 Taxa de mobilização de equipamentos para estaca escavada mecanicamente
un 1,00 7170,80 7.170,80
2.1.3 Concreto Usinado Fck 20 Mpa Dosado, bombeado e lançado m3 124,56 252,63 31.467,59
2.1.4 Aço CA-50 (80Kg/m3) kg 9.964,80 2,58 25.709,18

2.2 Valas
2.2.1 Escavação manual - profundidade igual ou inferior a 1,50m m3 456,47 14,72 6.719,24
2.2.2 Apiloamento do fundo de valas,para simples regularização m2 464,16 6,80 3.156,29
2.2.3 Lastro de brita m3 23,20 44,41 1.030,31
2.2.4 Reaterro de valas,inclusive apiloamento m3 330,95 17,70 5.857,82

2.3 Fundações Superficiais


2.3.1 Forma comum de tabuas de pinho m2 811,58 16,09 13.058,32
2.3.2 Concreto Usinado Fck 20 Mpa Dosado, bombeado e lançado m3 102,02 252,63 25.773,31
2.3.3 Aço CA-50 (80Kg/m3) kg 8.160,93 2,58 21.055,20

145.148,50
145.148,50

3 Estrutura
3.1 Estrutura em concreto armado
3.1.1 Forma especial de chapas plastificadas (10mm) - plana m2 2.534,90 29,58 74.982,34
3.1.2 Concreto Usinado Fck 20 Mpa Dosado, bombeado e lançado m3 151,60 252,63 38.298,71
3.1.3 Aço CA-50 (80Kg/m3) kg 12.128,52 2,44 29.593,59
3.1.4 Laje mista pré moldada treliçada h=8cm, c/ capeamento 4cm (12cm) m2 1.803,73 29,69 4.401,10

147.275,74
147.275,74

4 Alvenaria
4.1 Paredes de vedação
4.1.1 Bloco cerâmico e=9cm m2 812,04 49,91 40.528,92
4.1.2 Bloco cerâmico e=14cm m2 1.262,34 67,06 84.652,52
4.1.3 Verga de concret 20v20cm sob e sobre janelas m3 10,00 280,00 2.800,00

127.981,44
127.981,44

5 Impermeabilizações
5.1 Fundações
5.1.1 Membranas asfálticas - com 4 camadas de feltro asfáltico 15lbs m2 811,58 17,93 14.551,63
5.1.2 Argamassa impermeabilizada de cimento e areia - traço m2 811,58 16,09 13.058,32
1:3,esp=20mm
5.2 Pisos
Manta asfáltica e=4mm, c/ véu de poliester e proteção mecânica em
5.2.1 argamassa de cimento e areia traço 1:3 com aditivo m2 54,98 35,55 1.954,52
impermeabilizante e=20mm

5.3 Reservatório de Água


Argamassa impermeabilizada de cimento e areia (reservatórios e
m2 98,54 23,76 2.341,31
5.3.1 piscinas) - traço 1:3,esp=30mm

FONTE: Arquivo pessoal do autor.


Além do orçamento propriamente dito. O departamento de orçamentos
organiza a listagem com informações úteis ao nível da execução da obra.

Listagem de composições de serviços:

 Caderno de serviço;
 Código de serviço;
 Código dos materiais;
 Nomes dos materiais;
 Coeficientes dos insumos na composição;
 Totais de materiais/equipamentos;
 Totais de mão de obra;
 Leis sociais;
 BDI;
 Custo unitário de serviço.

TABELA 33 - EXEMPLO DE PLANILHA DE CUSTO UNITÁRIO DE SERVIÇO


Cliente:
Obra Nº

Planilha de Composição de Preços Unitários


Código Descrição Unidade

08,AO,45 Batente em chapa metálica dobrada n. 14 m

Item Material Unidade Quant. Preço Unit. Preço Total


M105010 Areia lavada m3 0,0016
M105080 Cal hidratada kg 0,1200
M105170 Cimento portland kg 0,5700
M305010 Batente metálico em chapa metálica dobrada 14 m 1,0000

Total 1

Item Mão de Obra Unidade Quant. Preço Unit. Preço Total


F000990 Servente h 0,5500
F000200 Pedreiro h 0,5000

Sub-total
Encargos Sociais Enc.Sociais
Total 2

Item Equipamentos Unidade Quant. Preço Unit. Preço Total

Total 3

Total Geral

FONTE: Arquivo pessoal do autor.


5.5 MEMÓRIA DESCRITIVA

É o processo de definição das especificações técnicas de uma obra, com


o detalhamento do tipo de serviço que a empresa propõe, com as características
técnicas e soluções adotadas para o projeto em análise.

A memória descritiva é um documento que deve estar presente na


maioria dos tipos de projetos. Os projetos de obras de Construção Civil devem
conter em um documento todo o detalhamento do projeto realizado.

Esse documento é chamado de memória descritiva da obra e, dentre


inúmeros outros tópicos, pode conter:

 Conceituação do projeto;
 Normas adotadas para a realização dos cálculos;
 Premissas básicas adotadas durante o projeto;
 Objetivos do projeto;
 Detalhamento de materiais empregados na obra ou no produto;
 Demais detalhes que podem ser importantes para o entendimento
completo do projeto.

Neste documento constam os materiais de acabamento e os respectivos


processos construtivos definidos, segundo as normas técnicas específicas, ou
seja, informa o construtor a maneira que deve proceder perante os serviços da
obra.

Estas especificações são realizadas para todas as etapas de uma obra,


desde o tipo de fundações, estruturas, etc.

A memória descritiva deve conter, para uma obra tradicional de um


edifício, as seguintes informações:

 Dados e condições do local;


 Instalação do canteiro de obra e demarcação da obra;
 Serviços gerais e terraplanagem;
 Fundação;
 Superestrutura (lajes, vigas, pilares);
 Paredes e painéis;
 Esquadrias;
 Vidros;
 Cobertura;
 Impermeabilizações;
 Forros;
 Instalações elétricas;
 Instalações hidráulicas;
 Revestimentos de paredes;
 Pisos internos e externos;
 Pintura e acabamentos especiais;
 Serviços complementares finais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 12721.


Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento de construção para
incorporação de edifício em condomínio. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR-12284.


Áreas de Vivência em Canteiros de Obras. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,


Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2003.

BONIN, L.C. et al. Manual de referência técnica para estruturas de concreto


armado convencionais. Sinduscon/RS: Programa de qualidade e produtividade
na construção civil/RS, 1993.

BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR 18. Condições de


Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Brasília, 1990.

CARDOSO, Francisco F. Importância dos Estudos de Preparação e da Logística


na Organização dos Sistemas de Produção de Edifícios. A Construção sem
Perdas. IDORT, São Paulo, 12 nov 2006.

GONZÁLEZ, Marco Aurélio Stumpf. Orçamento e planejamento de obras. São


Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Ciências Exatas e
Tecnológicas, 2007.

FONSECA, M. Santos. Curso sobre regras de medição na construção.


Lisboa: LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1999.

MATTOS, Aldo Dória. Como preparar orçamentos de obras: dicas para


orçamentistas, estudos de caso, exemplos. São Paulo: Pini 2006.
PEURIFOY, Robert L.; OBERLENDER, Garold D. Estimating Construction
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SILVA, Mozart Bezerra da. Manual de BDI. Como incluir benefícios e despesas
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SOUZA, Ubiraci E. Lemes de. Projeto e Implantação do Canteiro. São Paulo:


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TCPO 2011. Tabelas de composição de preços para orçamentos. São


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TISAKA, Maçahiko. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e


execução. São Paulo: Pini 2006.
PROF: RAQUEL TINOCO Treinamento Funcional | Portal Educação

ORÇAMENTO DE
OBRAS DE
CONSTRUÇÃO
CIVIL

www.portaleducacao.com.br
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