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Regina Maria
Bom Despacho
2014
Regina Maria
Orientadora:
Bom Despacho
2014
Regina
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Orientadora:
Ao meu marido, meus filhos e
muito em mim.
Agradeço a Deus, a quem devo minha vida
filha e sabedoria.
“Para nossa geração, a vida é mais dura do
que foi para os nossos pais, porém, em um
sentido, somos muito mais afortunados que eles:
temos aprendido e estamos aprendendo com
rapidez a lutar, e a lutar não sozinhos, como
lutaram os melhores de nossos antecedentes, em
nome das palavras de ordem de nossa própria
classe. Lutamos melhor que nossos pais. Nossos
filhos lutarão melhor e vencerão”.
Vladimir Lênin
RESUMO
Nowadays, in the context of Brazil and the world in the early twenty-first century,
more than ever is needed the teacher is reflective. This research sought to aggregate
and articulate some thoughts on the context that the teacher faces in the student
classes of Brazilian nowadays, among which we can ask: the challenge of
technology, the bankruptcy of disciplinary power and the increasing violence and
social degradation. What has truly educated young people has been the television,
the bad part of the Internet and the whatsapp. The school has, in a few decades,
from authoritarianism to permissiveness. The public schools are suffering with the lw
salaries of the teachers, decadent infrastructure, an entire social crisis. Therefore, it
is concluded that one who sought knowledge, sought to study, is disappearing, giving
way to a passive student. In this context, we need to think how to act in order to
maintain their teaching. What is agreed is that in an environment in which students
are largely uncommitted, it is quite difficult to give a quality class, harming those
involved.
INTRODUÇÃO......................................................................................................09
CONCLUSÃO....................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................
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INTRODUÇÃO
usar em prol de sua própria prática é uma dúvida, assim como a maneira como ele
poderia persuadir os alunos a agir em prol de si mesmo prossegue em aberto. Outra
questão que irá ser abordada é a cisão da escola em dois tipos de escola, a voltada
para os ricos e a dos pobres e como o professor pode refletir a respeito ao mesmo
tempo em que analisa e muda o contexto.
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amarelo do professor, com as aulas já preparadas, que ele repete ano após ano. Ao
reproduzir o livro didático, ele corre muito o risco de reproduzir ideologia. Por
exemplo: os livros didáticos de História não contemplam atualidades, mas são as
atualidades e os centenários que são completados naquele ano que o ENEM cobra.
Tais informações simplesmente não estão nos livros didáticos e supõe que o
estudante está lendo o mundo, investigando jornais e revistas, etc.
O educador deve utilizar, para isso, o método dialético. A dialética foi
inventada pelos filósofos gregos que observavam o mundo na fase “cosmológica” do
pensamento grego. Ao observar a natureza, notaram que existia uma luta de
contrários: água e fogo, frio e quente, assim como existia afirmação e negação até
mesmo dentro de um diálogo. Platão utilizou-se largamente do termo, utilizado como
sinônimo de “dialogar”. No entanto, não se pode tomar os diálogos platônicos como
exemplos de diálogos dialéticos, pois ali Sócrates conversa com interlocutores
dóceis, que não argumentam. Historicamente, a dialética foi definida por Hegel como
o processo que abrange tese, antítese e síntese. A natureza e a cultura seriam,
então, marcadas pelo seguinte processo: existe sempre uma luta de contrários em
que surge uma afirmação, essa afirmação é negada, para logo em seguida surgir
uma síntese, que seria a negação da negação anterior.
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Não há, então, ação sem teoria. Para esse teórico estadunidense, não é
apenas um ato rotineiro movido por impulso e sim um ato de busca de verdade e de
justiça, pois o uso da razão é rotineiro no ser humano.
O grande desafio é que o ensino brasileiro, tanto no setor público quanto
privado, no atual contexto, é todo voltado para o capital. A educação pública
encontra inúmeras dificuldades: sua finalidade parece ser ensinar não no sentido
libertador, mas no sentido utilitário. O sistema social e econômico direciona-se nesse
sentido também.
A primeira é que, se ela refletir a fundo, verá que ela é tem que se equilibrar
entre ser crítica e ao mesmo trabalhar como braço ideológico do estado burguês. A
escola particular volta-se para o mercado e a competitividade no mundo capitalista.
Em geral, ela é voltada para o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Esse
exame garante a entrada nas universidades federais, que permanecem enquanto
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consistentes. Refletir e criticar tudo isso ainda representa, por vezes, um tabu para o
professor. Ele trabalha, muitas vezes, para o estado. Na escola particular, ele não é
pago para criticar o sistema e sim em preparar o aluno para ele, principalmente
através do vértice que é o ENEM e do que foi o vestibular. O objetivo desse tipo de
teste é excluir um certo número de candidatos, não é necessariamente desenvolver
um cidadão ético, crítico e consciente. O teste exclui, em boa parte, as Artes, que
não são ensinadas sistematicamente na escola. Elas estão praticamente ausentes
da escola pública, com carga horária mínima.
A escola é vista como o espaço da moral, da cultura respeitável e
consagrada, assim como o professor, embora atualmente uma profissão
desvalorizada, é alguém a quem é vedada a provocação, a polêmica, em muitos
casos. Ele tem que atender ao que a sociedade espera dele, a transmissão da moral
instituída e uma postura moralista. Ele tem uma gestão moral a realizar, no entender
da sociedade, o que é bastante complexo. Ele deve corrigir os alunos e
costumeiramente ele o faz associando Deus, gramática e a polícia.
Os elementos a impedirem uma reflexão crítica coletiva no Brasil são os
seguintes (e que influenciam no sistema educacional público e privado): 1) a
presença da indústria cultural e do monopólio dos meios de comunicação de massa,
que dissemina uma ideologia imediatista e hedonista bastante contrária à educação.
A juventude passa a esperar a satisfação imediata, o que a educação evidentemente
não traz, pois é um processo lento, que exige muito esforço. 2) Os avanços
tecnológicos não se traduzem em avanço humano. Pelo contrário; nunca as
Ciências Humanas no Brasil estiveram tão frágeis, com pouca pesquisa, situação
marginalizada nas universidades, ausência de jornais e revistas que discutam e
repercutam sua produção. Mesmo os suplementos de cultura e literatura nos jornais
desapareceram. Há culto das celebridades, assim como disseminação de
pornografia, drogas, redes sociais e videogames entre os jovens.
O que há em comum é todo um universo de novas interações, o que termina
por afetar a sensibilidade. Os avanços tecnológicos terminam por fazer com que os
alunos se desinteressem da aula e se concentrem e que fiquem degustando cada
um o seu “penico digital”, ou seja, ficam degustando fragmentos comunicativos e
nada aproveitam do que tem valor para a escola. Seu gosto é marcado pelo aspecto
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mesmo tempo há um esforço, motivado pela crise de 2008, de reduzir custos com os
alunos. As propostas dos profissionais da área são, muitas vezes, rechaçadas.
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se assenta no macro-poder, que é desejada por ele. Embora no dia a dia os meios
de comunicação mostrem humoristas vestidos de mulher, personagens gays ou
ambivalentes quanto à sua sexualidade, aparentando tolerância, a tendência a
padronização aumenta muito quando a burguesia busca ativamente diminuir as
diferenças e padronizar, como um todo, a sociedade.
Nem toda forma de poder, no entanto, envolve dominação direta.
Alguns indivíduos que tem poder dominam outros que, por sua vez, são destituídos
de qualquer forma de poder. O poder não deve ser visto apenas como dominação.
Ele escreve a respeito:
Assim, o poder produz efeitos na realidade, ele produz efeitos de poder, daí
que ele não deve ser conotado como algo apenas negativo e pejorativo. As relações
de poder perpassam toda a vida social. É a partir dessas relações que a realidade
se configura. O poder está presente, portanto, até mesmo num hospital; o poder está
no presídio, hospital, escola e fábrica (FOUCAULT, 2008, p. 17). No entanto, na
escola atualmente há como fazer isso, o poder disciplinar não se exerce mais sobre
o corpo. No passado, era bem evidente esse poder. Leia-se, por exemplo, no texto
Cazuza, de Viriato Correa, narrando sua infância numa escola rural em meados do
século XX:
A professora reflete sobre sua realidade e chega à conclusão que não é ela
que é responsável pelo que está se passando: são os alunos que estão
desinteressados. Ela observa a falência do poder disciplinar. Sem o poder
disciplinar, não há como prover educação de qualidade. Esse quadro é que pode ser
encontrado quando o professor reflete sobre o que acontece dentro da escola:
alunos descompromissados, utilizando a escola como espaço de socialização, ilha
de segurança onde há uma grande inversão: a prioridade é namorar, conversar e
marcar as baladas, etc. O professor, que intui estar em segundo plano, sente
desmotivação, adoece, assim como apresenta grande número de faltas. Algumas
disciplinas simplesmente não têm professores. O contexto atual deprime os
professores, impossibilitando-os de trabalhar. A professora reflete e toca no ponto
principal, que não é o salário baixo: são as péssimas condições de trabalho que
geram a baixa qualidade do ensino na escola pública.
No ensino médio, portanto, é muito difícil fazer um trabalho de qualidade com
uma pequena carga horária que é reservada às disciplinas de Ciências Humanas:
uma aula por semana. A dificuldade de conciliar essa carga horária é entre as várias
escolas onde os professores trabalham é grande. A preferência é dada para os
efetivos e não para os contratados. O depoimento anterior, de uma professora de
Minas Gerais, é confirmado pelo depoimento de um professor que fez concurso para
professor do estado de São Paulo e logo em seguida pediu exoneração:
questionamento e de crítica aberto pela escola para levar a discussões fúteis e vãs.
Conforme observa Foucault:
A comparação física das escolas e das prisões procede de acordo com sua
composição arquitetônica. Classes distribuídas lado a lado sem nenhuma
comunicação, grandes nas janelas, refeitório comunitário, muros altos e com grades,
portões sem nenhuma visibilidade com o lado externo à escola (FOUCAULT, 2007,
p. 176).
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O corpo, do qual se requer que seja dócil até em suas mínimas operações,
opõe e mostra as condições de funcionamento próprio a um organismo. “O poder
disciplinar tem por correlato uma individualidade não só analítica e ‘celular’, mas
também natural e ‘orgânica’” (FOUCAULT, 1977, p. 22).
O edifício da Escola devia ser um aparelho de vigiar (...) mas esse aparelho
necessita para a eficácia da disciplina de uma vigilância hierárquica (...). O
olhar disciplinar teve de fato, necessidade de escala (...). É preciso
decompor suas instâncias, mas para aumentar sua função produtora.
Especificar a vigilância e torná-la funcional (FOUCAULT, 1977, p.
137).
A seguir, Foucault faz uma análise que vale também para a escola. Na
escola, a verdadeira intenção não é tanto proibir e nem reprimir. É constituir uma
rede de poder sobre a escola, assim como sobre a infância e a adolescência. O
comportamento dos estudantes é constantemente objeto de vigilância, de
investigação, de cerceamento. É todo uma rede de poder sobre a juventude. A
sexualidade é reprimida também na escola: proíbe-se que casais de adolescentes
fiquem se beijando pelos cantos ou nas escadas, ou seja, na escola sua sexualidade
também é objeto de regulação. Esses fatos têm inúmeros exemplos no dia a dia
escolar (FOUCAULT, 2006, p. 22).
Os presídios brasileiros dificilmente podem ser comparados com nossas
escolas, pois eles são verdadeiros campos de concentração para pobres. Eles não
disciplinam, apenas funcionam como estímulo e escola de crimes, reforçando a
criminalidade que deveriam combater. A punição, dentro do aparelho escolar, se
espraia em todo os componentes e mesmo quem não agiu de forma a romper com a
norma é suscetível de ser punido:
servir para punir a mínima coisa; que cada indivíduo se encontre preso
numa universalidade punível-punidora (FOUCAULT, 2007, p. 159).
As sanções e punições são feitas, mesmo, para causar receio nos alunos,
acaso rompam com as normas. Isso demonstra que as penalidades são eficazes,
assim como o sistema de punições. As punições ocorrem em um crescendo, que vai
desde a mera ocorrência até o ato de chamar os pais para conversar, expulsão ou,
no caso do aluno ser menor, queixa no conselho tutelar. Há também, porém, casos
de queixa no conselho tutelar. Existe, portanto, um duplo sistema de gratificação e
de sanção (FOUCAULT, 2007, p. 160).
Se o sistema punitivo estiver funcionando, os alunos se comportam, uma vez
que as relações em sala de aula são normatizados por esse sistema de sanções e
punições. O professor é levado a usar a nota como forma de pressão e gratificação,
o que a transforma numa verdadeira moeda de troca. O comportamento dos
infratores é pressionado para se tornar a busca das gratificações e do
reconhecimento. Um dos exemplos disso é o melhor aluno, que apresenta melhor
nota e melhor comportamento (FOUCAULT, 2007, p. 161).
Tanto alunos quanto classes inteiras são submetidas a uma relação
qualitativa. Há turmas difíceis e alunos ruins que já são classificados assim em
sucessivas reuniões de diretoria. As classes são grupos que são qualificados a partir
da nota com bons, regulares e ruins. No passado a classificação chegava a
abranger até mesmo uma lista dos alunos mais pobres. O fato do aluno desejar sair
duma posição vergonhosa para uma honrosa passava pela aceitação pelo poder
disciplinar. O exame é também uma estratégia de controle a ser levada em conta.
Através dele, o aluno se torna um número no caderno de notas, tendo seu
rendimento classificado e avaliado. Ele é então rotulado e treinado a não repetir a
nota ruim. Como escreve Foucault: “O exame combina as técnicas da hierarquia que
vigia e a sansão que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que
permite qualificar, classificar e punir” (FOUCAULT, 2007, p. 164).
O exame é padronizado conforme todo um ritual que envolve sua estética, a
logomarca da escola, assim como ele deve ser feito num período padrão de tempo.
A cópia (cola) é proibida. Os exames em geral são de múltipla escolha,
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possibilitando só uma resposta, o que em filosofia, por exemplo, significa optar por
só uma linha de interpretação de forma autoritária (FOUCAULT, 2007, p. 165).
O exame, realizado de forma objetiva, renova de forma constante o poder. A
disciplina está intrinsecamente ligada ao exame, à avaliação. A disciplina tem
enorme peso no cotidiano escolar. Os alunos passam a ser analisados, comparados
e assim se decide se passarão de ano ou não. O aluno, assim, passa a ser
conhecido em suas aptidões e deficiências e de fato o professor passa a ter poder
sobre ele, uma vez que sabe ou julga saber seu grau de conhecimento. Um certo
tipo de formação do saber está ligado, subterraneamente, ao exercício do poder
(FOUCAULT, 2007, p. 166).
A psicopedagogia, em geral, espera o exame trazer as más notas e age em
função delas, tomando-as como um absoluto, assim como faz, também, a
pedagogia. O poder disciplinar é melhor quando nem mesmo é sentido como algo
não-natural. Para poder alterar algo na psicopedagogia e na forma como ela é
aplicada, é preciso questionar esse absoluto que é a nota e pensar o poder
disciplinar. A análise de Foucault é rica, mas ela ainda foca o poder disciplinar tal
como era nos anos 60 e 70 (FOUCAULT, 2002, p. 23).
Ela fala de algo ainda presente, mas que ao mesmo tempo se faz cada vez
mais fantasmático. O poder disciplinar, pouco a pouco se esvazia, torna-se um tipo
de ritual. Ela deixa de lado um elemento importantíssimo: o fetichismo da mercadoria
chegou à escola. Os alunos foram tomados do espírito do capitalismo e hoje são
pragmáticos, tão pragmáticos quanto a mídia ou quanto os pais. A cultura anticrítica
solidificou-se fortemente em todo lugar e ocupar-se de qualquer coisa que não seja
de consumo passa a ser um erro. Erudição, então, é quase um crime. As canções
de Chico Buarque, embora sejam apenas música popular, no universo do consumo
imperante tornaram-se tão “alta cultura” quanto Beethoven, Mozart e a cultura
erudita em geral.
Embora o poder disciplinar seja tudo isso que Foucault qualifica acima, na
prática esse poder tem perdido espaço e se tornado inoperante nos últimos anos. Os
alunos tem mostrado corpos cada vez mais rebeldes, não aceitam ficar em sala,
respondem o professor, atendem celular e conversam nos ifones. Os pais também
apóiam seus filhos incondicionalmente quando dos problemas ou confrontos com a
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEWEY, John. Por que o ato de pensar reflexivo deve constituir um fim
educacional. Recife: Fundação Joaquim Nabuco: Editora Massangana, 2010.