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Primeiramente, é preciso saber que o motor se divide em dois conjuntos.

O
superior é o cabeçote, que geralmente é feito de alumínio. Ali estão as
válvulas, as velas e diversos outros componentes. O inferior é o bloco, que
concentra os cilindros, o virabrequim e demais peças.

Assim como o motor, esta matéria também divide-se entre ambos os conjuntos
de peças. Comece por cima, conhecendo o cabeçote, e depois vá para baixo,
até o bloco. E não caia mais na velha história da rebimboca da parafuseta!

Cabeçote e componentes relacionados


O cabeçote é um componente que arremata a parte superior dos cilindros.
Normalmente, é fabricado em liga de alumínio, mas também pode ser
confeccionado em ferro gusa. Nele, localizam-se várias peças, móveis e fixas,
descritas a seguir.

Tampa do comando de válvulas

O que é a tampa do comando de válvulas? Nada mais que uma carenagem


metálica que encobre a parte superior do cabeçote do motor. Sob ela, está
localizado o comando de válvulas.

Para que serve a tampa do comando de válvulas? Simplesmente para


proteger os componentes do cabeçote da sujeira e de qualquer tipo de
contaminação.
Comando de válvulas

O que é comando de válvulas? Um eixo cilíndrico de pequeno diâmetro,


responsável pela abertura das válvulas do motor. Geralmente está posicionado
no cabeçote, mas, em veículos com mecânica de concepção mais antiga, esse
componente pode estar integrado ao bloco.

Outra característica que pode variar de acordo com o projeto do motor é a


adoção de apenas um ou de dois comandos de válvulas. No primeiro caso, um
único eixo movimenta todo o sistema. No segundo, um componente aciona as
válvulas de admissão, e o outro, as de escape.

Para que serve o comando de válvulas? Instalado diretamente no eixo de


comando, há um conjunto de peças ovaladas chamadas de cames. Quando
entra em rotação, esse mecanismo promove a abertura das válvulas do motor.

Nos motores mais sofisticados, os eixos comando têm recursos de variação.


Isso permite antecipar a abertura e atrasar o fechamento das válvulas durante
o funcionamento do motor, graças a dispositivos chamados variadores de fase.

Sistemas ainda mais complexos alteram também a própria movimentação das


válvulas: tais componentes podem ficar totalmente ou parcialmente abertos,
dependendo da situação. Essas tecnologias de variação permitem otimizar o
rendimento do motor em diferentes rotações e reduzir os índices de emissões
de poluentes.

Válvulas (de admissão e de escape)


O que são as válvulas do motor? Para cada cilindro do motor, há pelo menos
duas válvulas: uma de admissão e uma de escape. Porém, esse número pode
variar: dependendo do projeto, podem existir três, quatro ou até cinco válvulas
para cada cilindro.

 Motor com duas ou com quatro válvulas por cilindro: qual é o melhor?
Tais componentes, fundamentais para o funcionamento do motor,
movimentam-se por meio ação do eixo de comando. Os cames acionam
os tuchos, que, por sua vez, movimentam os balancins, que empurram as
válvulas. Esse sistema faz cada uma das válvulas abrir e também suaviza o
fechamento, provocado por molas. Todo o processo ocorre de modo
perfeitamente sincronizado.

Para que servem as válvulas do motor? Qualquer válvula tem a função de


regular a passagem de fluidos ou de gases, à medida que se abre ou que se
fecha. As válvulas do motor têm o mesmo princípio: as de admissão dosificam
a passagem da mistura ar-combustível (ou apenas do ar puro, no caso dos
veículos com injeção direta) para dentro do motor (vale lembrar que a
combustão só ocorre se se houver quantidade adequada de oxigênio e de
combustível). Já as de escape expelem os gases resultantes da queima do
combustível.

Bico injetor
O que é bico injetor? Esse componente, vital para o sistema de alimentação
de combustível, tem um corpo metálico em formato pontiagudo. Em seu
interior, há pequenas peças móveis. Seu funcionamento é controlado
eletronicamente, embora, no passado, tenham existido alguns sistemas
puramente mecânicos.

Para que serve o bico injetor? A função desse dispositivo é pulverizar


combustível para ser queimado no motor. Pode aspergir um ou mais jatos de
gasolina, etanol ou diesel. Existem dois tipos de bicos injetores: os indiretos,
que aspergem o combustível no duto de admissão, e os diretos, que o injetam
sem desvios na câmara de combustão.

Desde 1997, todos os carros comercializados no Brasil são equipados com


sistemas de injeção eletrônica. Porém, antes disso, a alimentação de
combustível geralmente cabia a outro componente: o carburador. Trata-se de
um sistema mecânico, mais limitado, que tem a mesma função, mas que
proporciona uma queima menos eficiente.

Vela
O que é a vela de ignição? É a peça responsável por produzir centelha para o
motor. Tem uma porção inferior confeccionada em metal e um corpo isolante
em material cerâmico, que fica parcialmente à mostra. Está ligada ao sistema
elétrico do veículo por meio de cabos.

Para que serve a vela de ignição? É a vela que provoca a ignição do ar e do


combustível na câmara de combustão. Ao gerar faísca, inflama essa mistura, já
comprimida pelo pistão, que entra em movimento graças à expansão dos
gases.

Existe uma infinidade de tipos de velas de ignição, específicos para motores de


diferentes características. Cada qual é feito para trabalhar em temperaturas
distintas. Há modelos com diferentes quantidades eletrodos, que podem ser
feitos de cobre, platina ou irídio. Geralmente, os veículos possuem uma vela
para cada cilindro, mas alguns dispõem de duas.

Trata-se de um componente cujos eletrodos desgastam-se naturalmente por


efeito da centelha. Por isso, as velas precisam ser trocadas com periodicidade
indicada pelo manual do veículo.

Vale ressalvar que os motores a diesel não têm velas. Neles, não há
necessidade de geração de centelha, pois a ignição ocorre unicamente pela
ação da compressão.

Correia dentada / Corrente de sincronização


O que é correia dentada? Trata-se de um componente de borracha com uma
série de “dentes”, no caso da correia dentada, ou metálico, formado por elos,
no caso da corrente. Essa peça interliga o virabrequim, na parte de baixo do
bloco do motor, às árvores do comando de válvulas, no topo do cabeçote.

Nos carros que têm correia dentada, o motorista deve ficar atento ao prazo de
troca. Isso porque essa peça, composta por cordões de kevlar ou de alguma
fibra natural envoltos pelo corpo de borracha, desgasta-se naturalmente e deve
ser substituída dentro de quilometragens ou períodos de tempo específicos,
prescritos no manual do proprietário. Algumas correias, do tipo banhadas a
óleo, têm durabilidade maior, mas também necessitam de reposições
periódicas.

Por outro lado, as correntes de sincronização são bem mais robustas e,


consequentemente, longevas. Geralmente, elas duram tanto quanto o motor
como um todo.

Para que serve a correia dentada? Esse componente é responsável pelo


sincronismo entre o virabrequim e o comando de válvulas. Graças a ele, os
pistões e as válvulas trabalham de modo ordenado e sem folgas, o que é
essencial para o funcionamento do motor.

 Correia dentada ou corrente? Qual é a melhor? Saiba qual é a resposta


do Boris Feldman!
É justamente por isso que o proprietário do veículo costuma ter grande prejuízo
quando uma correia dentada arrebenta. Sem um elo para sincronizá-los, os
pistões, que fazem um movimento de sobe-e-desce, podem colidir com as
válvulas, que passam a abrir e fechar desordenadamente. Quando isso ocorre,
as válvulas empenam, o que exige a retífica do cabeçote.

Junta do cabeçote

O que é junta do cabeçote? Esse componente é instalado exatamente no


ponto de junção entre o bloco e o cabeçote do motor. É ele que une tais partes
e as mantêm estanques. Tem a espessura de uma folha, e seu formato
reproduz com perfeição o diâmetro dos cilindros e as galerias de passagem de
óleo e de água.

Para que serve a junta do cabeçote? O bloco, que traz em seu interior os
cilindros, e o cabeçote, onde estão localizadas as câmaras de combustão,
precisam estar unidos de maneira hermética para que o motor funcione bem.
Se existirem irregularidades, os pistões vão trabalhar abaixo da taxa de
compressão ideal. Outro problema é o surgimento de vazamentos de gases,
óleo e fluido de arrefecimento. Eis a função da junta do cabeçote: vedar e
proporcionar encaixe perfeito entre as porções superior e inferior do propulsor.

Bloco e componentes relacionados


O bloco é o maior componente de um motor. Trata-se de uma estrutura
geralmente confeccionada em ferro fundido ou em liga de alumínio. Nela, estão
localizados os cilindros e os suportes para o virabrequim. Conheça abaixo
todos os componentes relacionados ao bloco.

Cilindro
O que são os cilindros do motor? No interior do motor, há orifícios
cilíndricos. Geralmente, essas perfurações formam uma peça única com o
bloco, sendo moldadas diretamente no processo industrial de fusão.

A maioria dos carros vendidos no Brasil atualmente tem motores de três ou de


quatro cilindros. Porém, ao longo da história da indústria automobilística, já
existiram modelos com um apenas ou dois, além de outros com cinco, seis,
oito, 10, 12 ou até 16 cilindros.

Para que servem os cilindros do motor? No interior do cilindro, ocorre a


movimentação do pistão. É a ação desses componentes, cíclica e alternada,
que locomove o veículo.

Pistão
O que é pistão? Grosso modo, o pistão é um êmbolo móvel, confeccionado
em liga de alumínio. A parte superior, mais volumosa, é popularmente
chamada de “cabeça”. Na outra ponta, há um orifício, onde um pino o une à
biela.

Para que serve o pistão? Essa peça está presente em quase todos os
motores de combustão interna. A cabeça do êmbolo comprime a mistura ar-
combustível quando o conjunto se movimenta para cima: a expansão dos
gases resultantes da queima empurra a cabeça do componente para baixo. É
daí que provêm o movimento de sobe-e-desce desce dos pistões, que
locomove o veículo.

No pistão, estão instalados algumas aréolas metálicas, chamadas de anéis de


segmento ou de vedação. Nos motores de ciclo Otto, há três desses
componentes: o anel de compressão, o anel raspador e o anel de óleo. O
primeiro elimina a folga entre a cabeça do pistão e o bloco, de modo a fazer
com que a câmara de combustão fique estanque no momento da explosão co
combustível. O segundo retira o excesso de óleo lubrificante da parede do
cilindro. Por fim, o terceiro direciona esse lubrificante para baixo, até o cárter.

Outra função dos anéis de segmento é absorver o calor resultante da


combustão da cabeça do pistão e transmiti-lo para o bloco, que é resfriado
pelas galerias do sistema de arrefecimento.

Biela
O que é biela? Trata-se de um componente móvel com duas extremidades,
cada qual com um orifício. O superior, de diâmetro menor, abriga um pino que
é afixado ao pistão. O inferior, maior, é conectado ao virabrequim. O tamanho
dessa peça varia de acordo com o projeto do motor.

Para que serve a biela? Tal peça atua justamente como elo, ligando o pistão
ao virabrequim. Por isso, a parte de baixo movimenta-se lateralmente,
enquanto a de cima move-se verticalmente. As bielas estão entre os
componentes mais solicitados do motor. Assim sendo, precisam ter altíssima
resistência: geralmente são confeccionadas em aço forjado ou fundidas em
ferro-gusa.

Virabrequim
O que é virabrequim? Também chamado de eixo virabrequim ou de árvore de
manivelas, é uma peça giratória formada por várias articulações. Localiza-se na
parte de baixo do bloco. Trata-se de um dos componentes mecânicos mais
importantes do veículo.

Para que serve o virabrequim? A função desse componente é transformar o


deslocamento proveniente do sobe-e-desce dos pistões em movimento de
rotação. Grosso modo, é o virabrequim que transmite a energia gerada pelo
propulsor para a transmissão, que a distribui para as rodas motrizes do veículo.

Mancal
O que é mancal? Qualquer dispositivo cuja função seja a de apoiar um eixo
recebe o nome de mancal. Esse componente deve receber as cargas do
movimento vertical que as bielas fazem sobre o virabrequim e permitir que o
referido eixo se movimente com o menor nível possível de atrito.

Para que serve o mancal? No que diz respeito a motores automotivos,


costuma-se chamar de mancais os componentes que alojam as extremidades
do virabrequim.

Casquilho / Bronzina

O que é casquilho? É um gênero específico de mancal. Também é conhecido


como bronzina, pois muitas vezes tem a face interior revestida em liga de
bronze; todavia, existem casquilhos confeccionados com outros tipos de ligas
metálicas. Tem formato semicircular: quando unidas, duas bronzinas formam
um anel em torno do mancal.

Para que serve o casquilho? Os casquilhos móveis unem as bielas ao colo


do virabrequim, no bloco do motor. Também existem casquilhos fixos, entre o
virabrequim e o bloco do motor.

Cárter
O que é cárter? Chama-se de cárter o depósito de óleo lubrificante do motor.
O formato desse componente assemelha-se ao de uma fôrma retangular. É ali
que está localizado o bujão, um parafuso que, quando retirado, permite o
escoamento do óleo.
Para que serve o cárter? Simplesmente para alojar o óleo do motor: trata-se
de uma peça essencial para o sistema de lubrificação. Quando o motor está em
funcionamento, uma bomba, hidráulica ou elétrica, distribui o fluido para os
componentes móveis, entre os quais, comandos de válvulas, pistões, bielas e
virabrequim. Quando o veículo é desligado, o lubrificante escorre de volta para
o cárter por meio da ação da gravidade.

 Saiba tudo sobre troca de óleo de motores automotivos


Nos motores de quatro tempos, o cárter está localizado na parte inferior,
encaixando-se hermeticamente à base do bloco. Essa posição faz com que ele
seja o mais vulnerável do conjunto a impactos contra o solo. Caso ocorra um
dano capaz de provocar um vazamento de óleo, o propulsor poderá fundir por
falta de lubrificação.

Por isso, alguns modelos de cárter possuem uma camada protetora.


Geralmente, os veículos que não dispõem desse sistema podem ser equipados
com o chamado “peito de aço”. Vale destacar que o cárter pode ser substituído
sem que seja preciso manusear os demais componentes do motor.

Alguns modelos específicos de motores, como os aplicados em competições,


têm o chamado “cárter seco”. Nesse caso, ele não tem a função de armazenar
o lubrificante, mas apenas de recolhê-lo. De lá, o óleo é bombeado para um
reservatório em posição mais elevada.

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