Você está na página 1de 62

MANUTENÇÃO DE MOTORES DIESEL

PARA VELEIROS

Curso básico

Criado por: Luciano Westphal


1
O que é manutenção?
Manutenção é a ação de manter, sustentar, consertar ou conservar alguma coisa ou algo.
A manutenção é formada por um conjunto de ações que ajudam no bom e correto funcionamento
de algo, como por exemplo a manutenção do motor de uma embarcação.
O termo manutenção também pode estar relacionado com a conservação periódica, ou seja, com
os cuidados e consertos que são feitos entre determinados períodos de tempo com o intuito de
prevenção.
A manutenção também tem o intuito de reparar ou repor algo que está estragado ou que não
funciona corretamente, consertando para que volte a desenvolver a função requerida inicialmente.

Manutenção preventiva
A manutenção preventiva é feita não quando a máquina ou equipamento está com defeitos, mas sim
para prevenir o surgimento de avarias. Este modelo de manutenção serve como precaução, para que
não hajam surpresas desagradáveis com o motor.

Manutenção corretiva
A manutenção corretiva consiste no conserto da máquina ou equipamento, substituindo a peça
avariada por outra que faça com que o sistema volte a funcionar corretamente, corrigindo o
problema.

2
Índice
1 - Funcionamento de um motor a Diesel

2 - Sistemas de propulsão
2.1 Motores com Reversor
2.2 Motores com Rabeta
2.3 Sistema de engate e aceleração

3 - Sistema de combustível
3.1 Tanque de combustível
3.2 Pré filtro
3.3 Filtro de diesel do motor
3.4 Bomba injetora e bicos injetores
3.5 Problemas na linha de combustível

4 - Sistema de refrigeração
4.1 Ralo de captação de água
4.2 Registro do ralo de captação
4.3 Filtro de água salgada
4.4 Bomba de água salgada
4.5 Trocadores de calor do motor
4.6 Boiler de aquecimento de água

3
5 - Sistema de admissão e escapamento de ar
5.1 Turbina do motor
5.2 Filtro de ar do motor
5.3 Saída de escapamento

6 - Sistema de lubrificação do motor

7 - Sistema de partida do motor

8 - Sistema de geração de energia do motor

9 - Painel de instrumentos do motor

10 - Manutenções periódicas do motor

11 - Ferramentas para ter a bordo da embarcação

4
1. Como funciona um motor diesel?

O motor a diesel foi inventado no fim do século 19, na busca por uma eficiência maior do que a
dos motores a gasolina. Nele, o combustível – o óleo diesel – queima por ação do calor que se
liberta quando o ar é altamente comprimido. Diferente dos motores a gasolina que precisam de
uma faísca (vela de ignição) para que haja a queima do combustível no cilindro.
Isto quer dizer que um motor diesel não depende de energia elétrica para funcionar (somente
para dar a partida).

Seu rendimento, tempo de vida útil, segurança e o baixo custo de manutenção são algumas das
características que fazem do motor a diesel ser o preferido para o uso em veleiros.

Mas você sabe como ele funciona?


O ciclo de combustão é dividido em quatro estágios:

Admissão, o ar é aspirado para o interior do cilindro, penetrando nele através da válvula de


entrada (válvula de admissão).

Compressão, o pistão sobe e comprime o ar dentro do cilindro, em produção muito mais elevada
do que num motor a gasolina comum.

Explosão, o combustível é injetado no ar comprimido a alta temperatura, entrando em


combustão espontânea e forçando o movimento do pistão para baixo.

Exaustão, os gases que se formaram na fase anterior são expelidos do interior do cilindro pelo
movimento ascendente do pistão, saindo pela válvula de saída (válvula de escape).
5
O motor a diesel permite adaptações para funcionar com praticamente qualquer tipo de
combustível, porém o mais comum e adequado é o óleo diesel destilado do óleo mineral cru.

Como podemos ver os motores a diesel não possuem vela de ignição, a explosão no cilindro
acontece devido a alta pressão na câmara, sendo assim não precisa de energia elétrica para que a
combustão seja feita.
Portanto o motor só precisa do combustível para funcionar, a parte elétrica só é necessária para
dar a partida no motor. Motores mais antigos possuem uma manivela a qual você pode dar a
partida no motor manualmente em caso de problemas no motor de arranque ou baterias.

6
Quantos cilindros tem um motor?
Nos motores de combustão interna é no cilindro que se desenvolve a deflagração do combustível,
que é a origem da força mecânica que possibilita o deslocamento do pistão.
Devido a ter que suportar ao longo da sua vida útil as deflagrações constantes de combustível e as
altas temperaturas a que estas se desencadeiam, o cilindro é fabricado de um metal específico
para suportar condições extremas de funcionamento.
Os motores com mais do que um cilindro possuem o chamado bloco do motor em que os cilindros
estão fundidos num único bloco em alumínio ou ferro fundido.
A potência de um motor depende da quantidade de mistura que explode no interior do cilindro,
sendo que cilindros de maior dimensão permitem que os motores atinjam maiores potências.
Quanto maior a cilindrada do motor mais potência ele consegue produzir.

O número de cilindros pode ir desde um único cilindro até doze ou mesmo dezesseis cilindros
como nos motores MANN V16.

Nos veleiros o mais comum são os motores de 1 a 6 cilindros em linha.

7
2.0 - Sistemas de propulsão
Nos veleiros existem duas formas do motor transmitir sua força e rotação para o hélice,
esta transmissão pode ser feita através de um reversor ou através de uma rabeta.

2.1 Motor com reversor

Neste sistema o motor é acoplado a um reversor que transmiti a força do


motor ao eixo e hélice. O reversor faz o trabalho de engate frente, ré e
neutro. Podemos dizer então que o reversor é uma caixa de câmbio. O
engate e aceleração do motor é feito através de cabos mecânicos ligados a
uma alavanca localizada no cockpit do veleiro, estes cabos descem até um
trambulador localizado no reversor. 8
Sistema de reversor com eixo (pé de galinha).

O eixo do hélice do veleiro é ligado ao reversor através de um flange com parafusos, é


de muita importância estes flanges estarem bem alinhados, pois o desalinhamento dos
mesmos vai causar vibração no eixo do hélice causando danos na bucha do eixo do
hélice e no selo mecânico (gaxeta).

9
Alinhamento do eixo

O alinhamento destes flanges deve ser feito regulando as


alturas dos coxins do motor.

10
Vedação do eixo do hélice

No sistema de eixo a vedação do eixo é feita através de um selo mecânico ou de


uma gaxeta. O sistema de gaxeta é usado em barcos mais antigos e precisa ser
ajustada de tempos em tempos (reaperto). Nos dias de hoje já existem selos
mecânicos com retentores, nestes a manutenção é mais fácil e a entrada de água
por ele é praticamente zero.

11
Sistema pé de galinha

É importante o eixo do hélice estar bem alinhado para não danificar a bucha
do pé de galinha (também conhecido como pé de pinto).
A bucha deve ser trocada assim que for observado algum desgaste.

12
Anodos de sacrifício do eixo do hélice

Nos eixos sempre é necessária a instalação de anodos de sacrifício, estes anodos


são feitos de uma liga de Zinco, o Zinco é um material mais fraco que os outros
metais da embarcação. Desta forma ele vai ser corroído mais facilmente que as
outras peças da embarcação. É muito importante substituir os anodos assim que
eles já estiverem desgastados.

13
Troca de óleo do Reversor

A troca de óleo lubrificante do reversor faz parte da manutenção periódica, cada


fabricante indica o tipo de óleo e o intervalo da troca.

A troca do óleo do reversor pode ser feita com o barco na água. A troca pode ser feita
retirando o bujão localizado embaixo do reversor (caso possua) ou colocando uma
mangueira para sugar o óleo no lugar onde está a vareta de óleo.
14
2.2 Motor com Rabeta (Saildrive)

Neste sistema o motor é acoplado a uma rabeta que transmiti a força do motor ao
hélice. A rabeta faz o trabalho de engate frente, ré e neutro. Podemos dizer então que a
rabeta também é uma caixa de câmbio. O engate e aceleração do motor é feito através
de cabos mecânicos ligados a uma alavanca localizada no cockpit do veleiro, estes cabos
descem até um trambulador localizado na rabeta.

A rabeta não é acoplada ao motor através de flanges como o sistema de reversor,


portanto não existe a preocupação de alinhamento de eixo.
15
Vedação da rabeta

Nos veleiros com rabeta o ponto mais importante a ser observado é a vedação de
borracha da rabeta com o casco do barco, esta vedação é feita por um anel de
borracha, a inspeção e manutenção desta é de extrema importância. Pois caso esta
borracha se rasgue ou fure a entrada de água para dentro da casa de máquinas será
muito grande, podendo afundar o barco.

16
Rabetas com borracha dupla

Sensor de alarme de água

Rabetas Yanmar e Volvo Penta mais modernas 17


Anodos de sacrifício da rabeta

Um ponto importante a ser verificado nas rabetas são os anodos de sacrifício, como a carcaça
da rabeta é feita de uma liga de alumínio a tendência de corroer é grande. Portanto a
inspeção e troca dos anodos da rabeta é indispensável.
Um fator muito importante ligado a corrosão é o aterramento do motor da embarcação, uma
embarcação com problemas de aterramento pode causar uma corrosão eletrolítica nas peças
do motor e rabeta.
Estes também devem ser substituídos periodicamente.

18
Eixo da Rabeta

Outro ponto importante a ser observado nas rabeta são os retentores de vedação do eixo. Estes
retentores fazem a vedação do eixo para que não entre água salgada dentro da rabeta e para que o
óleo lubrificante não saia.
Ao trocar o óleo da rabeta se for observado que o óleo está contaminado será necessário trocar os
retentores de vedação do eixo.
Os retentores muitas vezes estragam devido a linhas de pesca que enroscam do eixo.

A troca do óleo da rabeta é uma manutenção que se deve fazer periodicamente.


19
Troca de óleo da Rabeta

A troca de óleo lubrificante da rabeta faz parte da manutenção periódica, cada


fabricante indica um tipo de óleo e o intervalo da troca.
Nas rabetas a forma de trocar o óleo vai depender do modelo da rabeta, rabetas mais
antigas não possuem acesso para retirada de óleo na parte superior, portanto só é
possível tirar o óleo da rabeta pelo bujão infeiror com o barco fora da água.
Já as rabetas mais modernas possuem um tubo na parte superior (dentro do barco) o
qual é possível puxar todo o óleo da rabeta sem a necessidade de retirar o barco da
água. Porém não sai 100% do óleo, para sair 100% do óleo só drenando por baixo.
20
2.3 Sistema de engate e aceleração

Os motores com reversor e rabeta possuem praticamente o mesmo sistema de engate e aceleração.
Estes possuem um comando de engate e aceleração no cockpit da embarcação.

São utilizados dois cabos mecânicos, chamamos estes de cabo de engate e cabo de aceleração. O
cabo de engate é conectado ao trambulador de engate do reversor ou rabeta e o cabo de
aceleração é conectado a alavanca de aceleração da bomba injetora do motor.
Existem diversos formatos e marcas de alavancas de engate e aceleração, porém o funcionamento
destas é bem parecido.

21
Comandos eletrônicos

Com a chegada da tecnologia a eletrônica está cada dia mais presente nos motores,
os motores modernos já podem vir com o sistema de engate e aceleração
eletrônicos. Onde não existe cabos mecânicos e tudo é acionado através de fios,
módulos, solenoides e atuadores.
22
3.0 Sistema de combustível

O sistema de combustível de um motor diesel é a parte mais importante a ser observada. Muitos dos
problemas de funcionamento do motor está relacionado ao combustível.
O caminho que o diesel faz até chegar ao motor é muito importante, geralmente temos o seguinte padrão:

Tanque de combustível, Pré filtro (separador de água), Filtro de diesel do motor, Bomba injetora,
Bicos injetores.
23
3.1 Tanque de Combustível

Os tanques de combustível dos veleiros podem ser feitos de Aço Inox, Alumínio, Plástico
injetado e fibra de vidro. Dentre estes os mais recomendados são os de Aço Inox,
Alumínio e Plástico injetado.
Os tanques de fibra de vidro eram muito utilizados no passado, porém com a idade a
fibra de vidro perde suas propriedades e o tanque vai esfarelando por dentro, estes
pequenos farelos de fibra vão entupindo o pescador de combustível, filtros e podem até
chegar nos bicos injetores, causando a quebra do motor.
O ideal é que o tanque tenha uma tampa de visitas para que seja possível fazer a limpeza
24
do mesmo.
3.2 Pré filtro
Sensor de presença de água.

Os Pré filtros são também conhecidos como filtros separadores de água, estes fazem a primeira filtragem
do Diesel que vem do tanque da embarcação. Geralmente estes filtros possuem um copo transparente na
parte inferior para que seja possível observar se existe sujeira ou água dentro do copo, na base do copo
transparente tem um dreno o qual pode ser aberto para esgotar a sujeira.
É de extrema importância ter um pré-filtro na linha de combustível do motor, é ele quem vai segurar as
maiores partículas de sujeira.
Como este filtro é o primeiro da linha de combustível é recomendado fazer a substituição do elemento
dele em períodos mais curtos.

Nestes filtros é possível instalar um sensor de alarme para água no combustível, assim ao chegar água até
25
o sensor ele vai acionar um alarme no painel de instrumentos do motor.
3.3 Filtro de diesel do motor

O filtro de diesel do motor é um filtro específico instalado pelo fabricante do motor, este filtro tem uma
filtragem mais fina, todas as partículas que não foram filtradas pelo filtro separador ficarão neste filtro.
Existem dois tipos de filtros para combustível, os filtros de cartucho que são de papel e os filtros de rosca
que são metálicos.
A substituição deste filtro deve ser feita de acordo com a recomendação do fabricante do motor.
Deve se utilizar sempre que possível o filtro original fornecido pelo fabricante, pois este foi desenvolvido
especialmente para o motor, este vai ter a capacidade de filtragem e os microns corretos de filtragem do
combustível.
Uma classificação em microns é usada para indicar a capacidade de um filtro de líquido remover
contaminantes pelo tamanho das partículas.
50 microns = Diâmetro de um fio de cabelo
40 microns = O menor limite de visibilidade do olho humano
25 microns = Células brancas do sangue
08 microns = Células vermelhas do sangue
02 microns = Bactérias 26
3.4 Bomba injetora e bicos injetores

A bomba injetora e bicos injetores são os responsáveis por injetarem o combustível


na câmara de combustão do motor.
O combustível deve chegar até estes componentes limpos e livres de qualquer
sujeira, o perfeito funcionamento do motor depende da qualidade da injeção de
combustível.

27
Motores com sistema de injeção Common Rail

Nos sistemas de injeção a diesel convencionais, é necessário que a pressão do


combustível se gere de forma individual em cada injeção. No entanto, no sistema
Common Rail, a geração e a injeção de pressão realizam-se separadamente, o que
significa que o combustível está sempre disponível e na pressão necessária para a sua
injeção. A geração de pressão é levada a cabo na bomba de alta pressão. A bomba
comprime o combustível e envia-o até ao orifício do rail (tubo distribuidor) através de um
condutor de alta pressão, que atua como acumulador de alta pressão comum para todos
os injetores (a ele se deve a designação de "common rail", rail comum). A partir daí, o
combustível distribui-se em cada injetor que, por sua vez, o injeta na câmara de
combustão do cilindro.
O que controla o injetor é o módulo eletrônico do motor.
28
Bomba de alimentação mecânica

Em muitos motores existe uma bomba de alimentação de diesel mecânica que vai
acoplada ao motor, essa bomba ajuda a bomba injetora a puxar o diesel que vem
do tanque.
Ela é muito útil para ajudar a sangrar (encher) o sistema de diesel quando acaba o
diesel do motor.

29
3.5 Problemas na linha de combustível

O que fazer quando acabar o combustível ou entupir o sistema de


combustível?

Na maioria das vezes quando acaba o combustível do tanque ou entope


algum filtro o motor continua funcionando com o combustível que está
nos filtros e mangueiras, só quando acabar este combustível o motor vai
parar de funcionar.
Caso seja sujeira deve se substituir os filtros e limpar toda a linha de
combustível.

Para fazer o motor funcionar novamente não é só colocar diesel no


tanque e dar a partida no motor. Será necessário sangrar (encher) o
sistema de combustível.
Após colocar o diesel no tanque a dica é abrir o filtro separador e encher
ele com diesel para ficar mais fácil do motor puxar o combustível.

30
Motores com bomba de alimentação mecânica:

Com o tanque cheio e filtro separador cheio vai ser necessário bombear diesel para os bicos
injetores, a maioria dos motores possuem uma bomba mecânica no bloco do motor ou no filtro de
diesel do motor o qual pode ser usado para bombear combustível manualmente para a linha.
Para sangrar o sistema é necessário abrir os bicos injetores (porcas dos canos que entram nos bicos)
com uma chave de boca (geralmente tamanho 17mm) e o respiro do filtro de diesel do motor
(geralmente uma chave 10mm), assim ao bombear o diesel o ar do sistema irá sair pelo respiro do
filtro e bicos injetores.
Chegando combustível no filtro de diesel e bicos é só reapertar as porcas dos bicos injetores e dar a
partida no motor. 31
Motores sem a bomba de alimentação mecânica

Existem motores que não possuem a bomba de alimentação de combustível mecânica, neste motores
o ideal é instalar um filtro que possui uma bomba integrada para poder facilitar o bombeamento de
diesel.

É aconselhável também ter a bordo uma pêra de combustível igual as que se utilizam em motores de
popa, pois essa pêra ajuda muito em caso de precisar puxar diesel do tanque.

32
Sangrando o sistema de diesel do motor

Com o tanque cheio e filtro separador cheio vai ser necessário sangrar o sistema, é
necessário abrir os bicos injetores (porcas dos canos que entram nos bicos) com uma
chave de boca (geralmente tamanho 17mm).
Após abrir os bicos vai ser necessário dar a partida no motor e observar a chegada
de diesel nos bicos, chegando diesel nos bicos é só reapertar as porcas e dar partida
no motor para funcionar.

OBS: pode ser necessário fazer este procedimento mais de uma vez. 33
A importância da qualidade do combustível
A qualidade do combustível afeta diretamente o funcionamento e a durabilidade de um motor, o
uso constante de um produto adulterado pode gerar enormes prejuízos ao motor. Se você não
quer ter dores de cabeça com a manutenção do seu motor procure sempre compra combustível
de boa procedência.

O prazo de validade do diesel. O prazo de validade do diesel mais comercializado hoje em dia,
o S10 está estimado em 2 meses. Isso devido ao biodiesel incluído na mistura, que propicia o
acúmulo de água e borra no tanque quando o combustível não é renovado. Já o S500 pode durar
cerca de 4 meses.

Diesel Verana - Feito especialmente para embarcações de lazer e conhecido por possuir o menor
teor de enxofre e o menor nível de emissão de poluentes do segmento, também proporciona
mais durabilidade, segurança, desempenho, proteção do motor e melhor qualidade de ignição.
O diesel Verana tem um custo mais alto e nem sempre é encontrado em todos os postos.

OBS: O importante é comprar o óleo diesel de boa procedência independente da


marca ou tipo.
Nunca deixe o diesel ficar velho dentro do tanque de combustível!!!

34
4.0 Sistema refrigeração

Os motores das embarcações são refrigerados pela água do mar, a água salgada
circula pelo motor resfriando seus trocadores de calor ou radiadores. A água salgada
é puxada pelo motor através de uma bomba de água que possui um rotor de
borracha, essa água circula no motor resfria tudo e sai pelo escapamento de volta ao
mar.

O circuito de refrigeração segue o seguinte caminho:


•Captação de água do casco
•Registro
•Filtro de água salgada
•Bomba de água salgada
•Trocadores de calor do motor (radiadores)
•Muflas de escapamento
•Saída de escapamento

35
4.1 Captação de água do casco

A entrada de água do motor é feita pelo ralo de captação instalado no casco do


barco, geralmente este ralo é feito de bronze ou inox e possui uma tela de proteção
para que não entre sujeira. Nunca deve ser utilizado um ralo de plástico!!!

36
4.2 Registro do ralo

O registro do ralo de captação é utilizado para que seja possível fechar a entrada de
água do motor em caso de uma emergência ou reparo do motor. Este registro deve
ser de metal e com esfera de aço inox.

37
4.3 Filtro de água salgada

O Filtro de água salgada é uma peça muito importante para o sistema de


refrigeração do motor, o filtro vai impedir a entrada de sujeira nas mangueiras
e principalmente no rotor de bomba dágua que é responsável por puxar a água
do mar, se entrar uma sujeira grande na bomba dágua pode quebrar o rotor
pois este é feito de borracha.

38
4.4 Bomba dágua Salgada do motor

A bomba dágua salgada do motor é responsável por toda a circulação de água salgada no motor, ela
é que puxa a água salgada do mar e empurra nos trocadores de calor do motor. Portanto a mesma
deve estar sempre revisada.
A principal peça da bomba dágua salgada é o rotor da bomba dágua, este é feito de borracha e deve
ser substituído periodicamente de acordo com a recomendação do fabricante do motor.
A quebra do rotor da bomba dágua fará com que o motor superaqueça podendo até quebrar o
motor.
(Queimar junta do cabeçote, trincar cabeçote etc).

Obs: É muito importante ter a bordo um rotor de reserva, pois o mesmo pode quebrar durante a
navegação devido a algum entupimento no ralo do casco. A troca desta peça é rápida e fácil. 39
4.5 Trocadores de calor do motor

Como falamos anteriormente os motores marítimos são resfriados com a água do mar. Porém a
água salgada não circula diretamente nas partes internas do motor, os motores diesel possuem
um circuito de água doce fechado. A água doce circula pelo bloco do motor, cabeçote, válvula
termostática e etc.
Para esfriar esta água doce do motor são utilizados trocadores de calor, estes trocadores de calor
são feitos com um metal mais nobre para resistir a água salgada.
O radiador tem um formato de colmeia com vários tubos onde a água entra em um lado e sai do
outro lado. Já na parte externa destes tubos circula a água doce do motor.
Portanto a água do motor que está quente aquece os tubos do trocador de calor e a água fria do
mar que passa por dentro dos tubos resfria os tubos, consequentemente esfriando a água doce40
do motor.
Manutenção do trocador de calor do motor

Como os trocadores de calor trabalham com água salgada eles possuem anodos de sacrifício,
geralmente os anodos ficam na tampa de fechamento da colmeia. É muito importante trocar os
anodos de sacrifício e limpar as colmeias de tempos em tempos, como os tubos são bem finos
estes entopem com os resíduos dos anodos impedindo a circulação total da água e
consequentemente faz o motor aquecer.

Obs: Quando o rotor da bomba dágua salgada quebra os pedaços de borracha param nesta
colmeia do radiador, portanto é muito importante abrir o trocador de calor para limpar após a
quebra do rotor da bomba dágua salgada.

41
4.6 Boiler (aquecedor de água)

O boiler de aquecimento de água doce é um acessório muito utilizado nos veleiros. O boiler pode ser
elétrico com uma resistência (geralmente 110V) ou pode ser mecânico utilizando a água quente do
próprio motor do barco.
O boiler elétrico é menos utilizado pois consome uma grande quantidade de energia elétrica,
geralmente se utiliza o boiler elétrico quando o barco está na marina ligado a tomada de cais.
Já o boiler mecânico é ligado ao motor do barco para que a água seja aquecida.
O Boiler é um trocador de calor o qual possui uma serpentina dentro de um reservatório de água, a
água quente do motor passa por esta serpentina aquece a água e retorna ao motor.

Obs: A água do boiler pode chegar a mesma temperatura de funcionamento do motor (70 a 90 graus),
portanto é necessário ter nas saídas de água um misturador quente/frio para regular a temperatura.
42
5.0 Sistema de admissão e escapamento de ar do motor

Todos os motores para funcionarem precisam do ar para ser misturado ao


combustível para que haja a explosão dentro dos cilindros. O ar entra no motor
pelo coletor de admissão que direciona o ar ao cabeçote do motor, este ar
precisa estar livre de impurezas para que o motor tenha um bom
funcionamento.
Tanto para motores turbinados ou aspirados é ideal ter um filtro de ar na
admissão de ar do motor.

Partes importantes do sistema de admissão e escapamento:

Turbina
Filtro de ar
Saída de escapamento

43
5.1 Turbina

Motores de maior porte e potência utilizam uma turbina compressora de ar. Esta
turbina serve para aumentar o volume de ar nos cilindros do motor, aumentando
a quantidade de ar também vai ser necessário mais combustível para a mistura.
Portanto o motor vai ganhar mais potência.
Em veleiros o mais comum é motores aspirados, são mais simples, menos
potentes, porém mais duráveis.

44
5.2 Filtro de ar do motor

A qualidade do ar que entra no motor é muito importante para o bom funcionamento


do motor, impurezas e sujeira na admissão do motor pode causar o mal funcionamento
do motor e até a quebra do mesmo.
Portanto todo motor deve ter um filtro de ar e este deve ser limpo ou trocado se
necessário.

45
5.3 Saída de escapamento

Após a queima do ar/combustível o motor descarta a sobra através do escapamento.


Os motores marítimos possuem um sistema de escapamento molhado, mais
conhecido como mufla de escapamento. Isso é necessário pois a saída de
escapamento de um motor é muito quente e como o motor está dentro de uma casa
de máquinas isolada este calor não teria para onde ir (nos carros tem o vento que
ajuda a dissipar o calor).

Saídas de escapamento obstruídas por sal ou corrosão podem prejudicar o


funcionamento do motor, a obstrução pode limitar a quantidade de saída de água
forçando a bomba dágua salgada e até fazer o motor aquecer. 46
Mufla de escapamento do motor

Como falamos anteriormente nos motores marítimos a saída de escapamento é


molhada, este sistema nós chamamos de mufla de escapamento.
Geralmente a mufla de escapamento dos motores dos veleiros são integradas com
o trocador de calor do motor.
Se um motor superaquecer a mufla de escapamento pode trincar e a água salgada
pode entrar nos cilindros do motor e causar um calço hidráulico.

47
6.0 Sistema de lubrificação do motor

O sistema de lubrificação, como o nome diz, existe principalmente para lubrificar as peças
móveis do motor e diminuir o atrito entre elas e seu consequente desgaste, bem como para
resfriar o motor, absorvendo parte do calor.
Um elemento importante desse sistema é o óleo lubrificante, ele fica armazenado no Carter cuja
capacidade varia de um motor para o outro. O óleo é então sugado por uma bomba de óleo,
passa pelo filtro e vai para a galeria principal, onde o óleo é distribuído para os principais pontos
do motor como mancais de virabrequim, comando de válvulas, balancins do cabeçote e
retornando ao Carter pela ação da gravidade. Em alguns motores o óleo passa também por um
trocador de calor para ser resfriado.
48
Óleo lubrificante do motor

O óleo do motor é como o sangue que circula em nossas veias. Não conseguimos viver sem sangue e
quando perdemos muito sangue, desmaiamos, perdemos a consciência. É assim com a falta de óleo, ou
óleo muito baixo no motor.
A lubrificação correta é fundamental para a vida útil do motor e deve fazer parte da rotina de
manutenção do motor. O óleo tem uma viscosidade que evita o atrito entre as peças do motor,
impedindo que elas se desgastem ou num caso extremo pode até travar o motor. Por essa razão, a
troca deve ser feita regularmente, pois o óleo vai aos poucos perdendo sua viscosidade e aderência.
Além do óleo devemos fazer sempre a troca do filtro de óleo, sempre que for trocar o óleo lubrificante
devemos obrigatoriamente fazer a troca do filtro. A função do filtro de óleo é eliminar partículas de
metal que são geradas pela fricção das peças internas dos motores. O atrito das peças do motor pode
gerar impurezas muito nocivas ao bom funcionamento do motor. Aí entra a importância do filtro de
óleo.

49
Troca do óleo e filtro lubrificante do motor

O procedimento para a troca de óleo e filtro do motor é bem simples e fácil de ser executada.
É necessário apenas uma bomba de sucção de óleo manual e um sacador de filtros, ambos podem
ser encontrados em lojas de autopeças.
A bomba de óleo possui um tubo de nylon o qual deve ser colocado no lugar da vareta de óleo do
motor, este tubo vai até o fundo do carter de óleo do motor e suga todo o óleo.
O filtro de óleo lubrificante deve ser retirado com o sacador virando o mesmo no sentido anti-
horário.
Obs: Para a instalação do filtro de óleo novo não pode utilizar o sacador, o filtro de óleo deve ser
colocado somente com a mão para que não tenha um aperto excessivo.
Na instalação do novo filtro deve se passar um pouco de óleo na borracha do filtro para o
mesmo vedar perfeitamente.
50
7.0 Sistema de partida do motor

Para dar início ao funcionamento dos motores é necessário um primeiro movimento, é necessário
girar o motor para que haja compressão nos cilindros e assim o motor continuar funcionando. Para
isso existe um dispositivo chamado motor de partida ou motor de arranque, este tem o
acionamento elétrico e é ligado na bateria da embarcação.
Alguns motores possuem também uma alavanca a qual você pode fazer a partida manualmente.

Para facilitar a partida do motor em dias frios alguns motores possuem vela aquecedora, este
dispositivo é uma resistência ligada a energia 12 Volts do motor que quando acionada fica
incandescente. Fazendo com que o combustível injetado na câmara do pistão exploda e faça o
motor funcionar.
51
Peças de um motor de partida

As peças mais comuns em dar defeito em um motor de partida são o


automático e as escovas.

52
Volante do motor

O volante do motor é a parte do motor que transfere o torque obtido no virabrequim ou eixo
de manivelas. Também é responsável por absorver vibrações do motor e manter estável (ou
dificultar oscilações) da marcha lenta.

53
8.0 Sistema de Geração de energia

Os motores possuem um sistema de geração de energia que serve para o seu próprio funcionamento e
também para carregar as baterias do motor.
Este equipamento é chamado de alternador (pois produz corrente alternada). O alternador é ligado ao
motor através de uma correia, quando o motor está ligado e girando o alternador está produzindo energia.
Portanto sempre temos que verificar a tensão e o estado desta correia.

O alternador possui um regulador de voltagem, este regula a voltagem da carga que o alternador está
produzindo e enviando para as baterias, desta forma o alternador manda somente o necessário para as
baterias.
Caso este regulador de voltagem estrague o alternador pode parar de carregar ou até enviar muita carga
para as baterias, estragando as mesmas.
54
Peças de um Alternador

A peça mais comum em dar defeito em um alternador é o regulador de voltagem.

55
Substituição da correia do alternador

A troca da correia do alternador é bem fácil de fazer e tem uma importância muito grande.
Para fazer a troca da correia deve-se afrouxar os parafusos de fixação inferior e parafuso de fixação
superior do alternador.
Existem dois tipos de ajuste do alternador, um com parafuso esticador (imagem da esquerda) e outro
sem o parafuso esticador (imagem da diretita).
Com o parafuso esticador fica mais fácil de esticar a correia, você vai apertando ele até chegar na tensão
e depois é só apertar a porca que trava o alternador.
Já no modelo sem esticador você precisa puxar o alternador manualmente e apertar o parafuso de
fixação superior (geralmente se usa uma chave de fenda grande para fazer uma alavanca e puxar o
alternador).
56
OBS: A tensão da correia é muito importante, ela não pode ficar frouxa e nem esticada demais.
Testando o alternador

Podemos fazer um simples teste para saber se o alternador está enviando carga para a
bateria.
Com um multímetro comum colocamos ele na posição DC, esta é a posição para poder
medir a voltagem.
O terminal positivo do voltímetro deve ser colocado na saída positiva (+) do alternador
e o terminal negativo de ser aterrado (pode ser no terminal negativo da bateria ou na
carcaça do motor).
Os alternadores podem trabalhar entre 12 e 15 Volts, quem controla essa carga é o
regulador de voltagem.

OBS: Este teste deve ser feito com o motor ligado.


57
Divisores de carga

O divisor de carga de baterias divide a carga de energia DC, gerada por um alternador ou carregador
de bateria, em bancos distintos, isolados uns dos outros, assim não há o risco de usar as baterias de partida
do motor, por exemplo, nas cargas de serviço, o que faria que não conseguisse dar partida no motor por
causa da baixa tensão.
É por isso que a importância de obter um divisor de carga de baterias é tão importante. 58
9.0 Painel de instrumentos

O painel de instrumentos do motor monitora o funcionamento do motor indicando os seus principais


parâmetros. Os principais parâmetros que se deve observar em um motor é a temperatura do motor,
pressão de óleo e rotação (RPM).
No motor existem sensores os quais mandam as informações para os relógios do painel, além dos
relógios existe um alarme sonoro que é disparado quando um dos sensores informa um mal
funcionamento.

Alarmes:
ALTERNADOR - Se quebrar a correia do alternador o alternador para de carregar e vai disparar no painel
a luz de bateria e tocar o alarme.
ÓLEO – Caso o motor perca a pressão de óleo vai acender a luz de óleo no painel e tocar o alarme. Se o
painel possuir relógio o relógio vai mostrar baixa pressão.
TEMPERATURA – Em caso de superaquecimento do motor vai acender a luz de temperatura e tocar o
alarme. Caso tenha relógio de temperatura o indicador está alto.
59
10. Manutenção periódica de um motor diesel
Todos os motores precisam de manutenções periódicas para manter um bom funcionamento. Cada fabricante
informa uma série de revisões ou manutenções necessárias por tempo de uso (horas) ou idade do motor. Quando o
motor é novo o correto é utilizar as próprias representantes da marca para que não se perca a garantia do
equipamento. Porém após este prazo de garantia as manutenções mais básicas podem ser feitas pelo proprietário
do motor.

Manutenções a serem feitas para o bom funcionamento do motor.

Mensal:
Verificar o nível de óleo do motor
Verificar nível da água do radiador
Checar o ralo de captação e filtro de água salgada
(pode estar entupido por cracas)
Checar a tensão das correias
Manter o motor limpo e lubrificado (silicone spray)

Semestral / Anual:
Fazer a troca do elemento do filtro separador (6 meses)
Troca de filtro lubrificante e óleo lubrificante – Anual
Fazer a troca dos anodos dos trocadores de calor - Anual
Fazer a troca dos anodos do eixo do hélice ou rabeta - Anual
Fazer a troca do rotor da bomba de água salgada - Anual
Fazer a troca da correia do alternador – Anual
Fazer a troca do líquido de arrefecimento do radiador (2 anos)

Obs: Toda a manutenção vai depender do número de horas utilizadas no motor, portanto o ideal é seguir o
manual de serviço do motor.
60
11. Ferramentas para se ter a bordo
Além de ter o conhecimento para fazer os reparos e manutenções nos motores é muito
importante ter um kit de ferramentas de boa qualidade a bordo. Muitas vezes deixamos de
arrumar algo por falta de ferramentas próprias para mexer em motores.
A falta de uma ferramenta pode impedir que você consiga arrumar seu motor em alguma
emergência e deixando o barco à deriva.

Seguem abaixo as ferramentas mais importantes para ter a bordo de uma embarcação.

01 - Jogo de chaves combinadas de 08 a 19 milímetros


01 - Jogo de chaves combinadas de ¼ até ¾ de polegadas
01 - Jogo de soquetes e catraca (milímetro e polegada)
01 - Alicate de pressão
01 - Alicate comum
01 - Alicate de corte
01 - Alicate de bico de papagaio (alicate de bomba dágua)
01 - Chave inglesa com abertura até 25 milímetros
01 - Jogo de chave de fenda (pequena, média e grande)
01 - Jogo de chave Philips (pequena, média e grande)
01 - Martelo ou Marretinha
01 - Multímetro para serviços elétricos
01 - Estilete profissional
01 – Arco de serra

61
Ferramentas

62

Você também pode gostar