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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI

MECÂNICO DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS FLORESTAIS


Eduardo Campos, Hellen Menezes, Mhel Amaral e Raissa Vieira

RELATÓRIO INFORMATIVO
Transmissão automática

TEIXEIRA DE FREITAS, BAHIA


JUNHO DE 2023
1. SISTEMA DE TRANSMISSÃO AUTOMÁTICO
Desde 2019, mais da metade dos carros vendidos no Brasil possuem sistemas de transmissão
com caixas de câmbio que permitem mudanças de marcha automáticas. Esse tipo de sistema
opera pela variação do fluído, a maior rotação do motor aumenta a pressão de um fluído
hidráulico dentro do câmbio e o sistema realiza as trocas de marcha de forma automática.
2. CONVERSOR DE TORQUE E EMBREAGEM LOCK UP
O conversor de torque foi desenvolvido para conduzir a força do motor para a caixa de
transmissão, isso ocorre por meio do acoplamento de um sistema hidráulico que funciona
com fluído. Ele está fixado entre o volante do motor e o sistema de transmissão, composto
por três peças além do fluido:
Turbina: Quando o veículo está com o motor “D” (Drive), ela é responsável por multiplicar
a força. Por exemplo, seu carro está parado e precisa de potência para se movimentar, a
turbina vai ajudar com a transferência de torque.
Impulsor da Bomba: Essa peça impulsiona o giro do fluido de transmissão para enviá-lo até
a turbina.
Estator: Está localizado entre os dois componentes acima e exerce a função de estabilizar o
fluido quando chega na bobina. Após isso, ele manda, novamente, para o impulsor e essa
rotação é que multiplica o torque dando mais força ao motor.
Quando o impulsor (rotação do motor) e a turbina (rotação do eixo de entrada do câmbio)
estão aproximadamente na mesma velocidade, o conversor de torque entra na “fase de
acoplamento” e o fluido age mais como um “fluxo rotativo”. Durante esta condição, a
energia do fluido proveniente da turbina atinge a parte traseira das lâminas do estator, o que
faz o estator começar a girar a fim de evitar que as lâminas freiem o fluido contra a rotação
do impulsor. Eis o porquê do estator possuir uma roda livre (embreagem de uma via), para
permitir que o estator trave durante a fase de multiplicação de torque e gire livremente
quando o veículo se encontra em velocidade de cruzeiro. O corpo de válvulas é o sistema
responsável pela automação que gerencia o funcionamento e dá nome à transmissão
automática. Por uma intrincada rede de dutos que lembra uma placa de circuito impresso,
passa óleo altamente pressurizado, que é direcionado para a válvulas, solenoides, entradas e
saídas que gerencia a mudanças das marchas dentro da caixa de câmbio.
Muitos conversores utilizados em transmissões de tração dianteira utilizam um projeto
elíptico, conforme mostra a figura 2. Este formato é usualmente chamado de “formato
panqueca”. Ele permite uma carcaça do conversor de torque menor e mais espaço na
transmissão para engrenagens e embreagens adicionais- é necessário apertar estas novas
transmissões de 10 marchas de alguma maneira. O conversor de torque é a fonte principal de
calor gerado em uma transmissão automática. Um conversor operando em stall (rotação
máxima do motor X rotação da turbina) gera uma grande quantidade de calor, e um
conversor em que o lock up está totalmente aplicado gera uma quantidade de calor mínima.
O Lock-Up é usado para anular o funcionamento do conversor de torque em equipamentos
que usam esse tipo de acoplamento motor/transmissão. Quando ativada, a trava transforma
um acoplamento hidráulico em acoplamento direto (rígido). Normal é ativado de acordo com
as condições de operação: a central eletrônica da transmissão faz a leitura de torque e rotação
do motor acionando o dispositivo se ambas atingirem valores pré-definidos. Lock-Up
normalmente é acionado no deslocamento onde não é necessário torque extra proporcionado
pelo conversor de torque e a máquina movimenta em velocidade mais alta.
É comum nos conversores de torque modernos o Lock up estar parcialmente aplicado já na
2ª marcha (e às vezes até em primeira). Uma vez aplicado, o Lock up pode não desaplicar
totalmente até que o veículo esteja completamente parado ou operando sobre carga muito
alta. A programação do Módulo de Controle da Transmissão (TCM) mantém o Lock up
aplicado tanto quanto possível para aumentar a economia de combustível. Isto é possível
através de um programa sofisticado de controle do conversor e de materiais de fricção
melhorados.
Como nota suplementar, em alguns conversores tais como o da transmissão 6L80, a baixa
velocidade e baixa RPM do Lock Up junto com a desativação do cilindro pode causar um
stress adicional no material de fricção da cinta e nas molas de amortecimento/retentores das
molas. As molas de amortecimento geram trincas nas janelas de apoio das molas. Existe uma
placa atualizada de retenção das molas porque este problema ocorre muito frequentemente
nos conversores.
2.1 SERVIÇO DE RETÍFICA DO CONVERSOR DE TORQUE
Quando ocorrem problemas no conversor de torque, como desgaste dos componentes
internos, vazamentos de fluido ou mau funcionamento da embreagem de trabalho, é
necessário realizar uma retificação.
A retífica do conversor de torque é um serviço realizado no sistema de transmissão de
veículos para corrigir problemas e restaurar o desempenho adequado do equipamento. O
conversor de torque é uma parte vital da transmissão automática, responsável por transmitir a
potência do motor para as rodas. Ele funciona através do uso de fluido hidráulico e um
conjunto de turbinas, estatores e embreagens.
Durante o processo de retífica, o conversor de torque é desmontado para inspeção minuciosa
de cada componente. Os especialistas em transmissão avaliam as peças em busca de
desgaste, danos ou qualquer problema que possa estar afetando o seu desempenho. Em
seguida, as peças danificadas ou desgastadas são substituídas por novas ou reparadas,
dependendo da extensão do problema.
Além disso, durante a retífica, é realizada a limpeza completa, removendo resíduos de fluido,
sujeira ou contaminantes que possam ter se acumulado ao longo do tempo. A limpeza é
essencial para garantir o bom funcionamento do sistema, é realizado uma higienização de
todas as pás da turbina e bomba centrífuga, removendo toda oxidação.
Após a substituição das peças danificadas e a limpeza completa, o conversor de torque é
cuidadosamente remontado. É importante seguir as especificações e tolerâncias
recomendadas pelo fabricante para garantir o encaixe correto das peças e o funcionamento
adequado do conversor de torque.

3. CORPO DE VÁLVULAS
O corpo de válvulas trabalha sob alta pressão. Com números que variam entre 60 e 200
libras, a qualidade do óleo tem um papel fundamental na garantia de seu funcionamento. O
comportamento do óleo sob pressão precisa ser controlado e ele precisa estar em perfeitas
condições. O espaço entre as válvulas e as paredes dos dutos é pequeno e qualquer impureza
pode provocar danos se ela tentar passar por aqueles espaços. As válvulas em seu interior,
são movimentadas pelos solenoides, que ao se moverem, abrem e fecham dutos
redirecionando o fluxo do óleo da transmissão para destinos diferentes que irão atuar no
comportamento da transmissão.
Dentro da transmissão, existem vários componentes de atrito, ou seja, discos e cintas que
entram em contato direto uns com os outros a fim de produzir os efeitos de frenagem e
liberdade nos conjuntos de movimento. Com o tempo de uso, estes componentes poderão
exibir sinais de desgaste, mediante isso, algumas impurezas começam a se desprender deles,
passando a circular pela transmissão. Estas partículas passam pelo corpo de válvulas,
podendo facilmente prenderem entre os componentes. A contaminação aloja-se nas válvulas
e atrapalha ou impede seu funcionamento, além disso, também contribui para seu desgaste o
que acaba gerando vazamentos.
3.1 REPAROS
Os possíveis reparos no corpo de válvulas incluem: uma simples limpeza, substituição de
juntas danificadas, substituição de solenoides e até retrabalhos e substituição de válvulas
defeituosas.
Quando isso acontece, os orifícios por onde se movimentam as válvulas danificadas
precisam ser alargados através de processos controlados de usinagem que são feitos com
ferramentas (brocas ou "rimmer") especialmente projetadas para aquele orifício específico.
Em seguida as válvulas defeituosas são trocadas por versões comum diâmetro maior.
Para que uma transmissão esteja preparada para receber de volta seu corpo de válvulas
reformado, é preciso fazer a reforma completa, ou seja, substituir o kit de atrito, o kit de
juntas e o óleo, além de muitas vezes, reformar o conversor de torque e também substituir
filtros. Isso, quando componentes de hard parts como bombas, planetárias, garfos, tambores
e até engrenagens não sofreram desgaste causado pelo óleo estragado.
4. TREM DE ENGRENAGENS EPICICLOIDAL OU PLANETÁRIAS
As caixas de mudanças automáticas baseiam-se, na sua maioria, num conjunto de
engrenagens designado por trem de engrenagens epicicloidais ou planetárias. Este trem é
composto por uma roda central, ou planetário, à volta da qual rodam engrenagens satélites,
um suporte destas e uma coroa exterior dentada no interior.
A engrenagem planetária está montada ao redor da Solar. Na engrenagem epicicloidal
simples, um par de satélites gira em eixos que se apoiam no suporte, em forma de U, das
engrenagens satélites, o qual está montado num eixo cujo este eixo corresponde ao da
engrenagem planetária.
À medida que o suporte roda, as engrenagens satélites giram nos seus eixos, em volta da
roda central, na qual estão engrenadas. As engrenagens satélites estão também engrenadas
nos dentes do interior da coroa circular, a qual pode girar à volta da roda central e das
engrenagens satélites, também em torno do mesmo eixo. Mantendo imóvel uma destas
engrenagens, as restantes podem ser rodadas de modo a permitir obter as diferentes reduções
conforme as dimensões das engrenagens.
Para obter o número necessário de combinações de engrenagens, uma caixa de mudanças
automática inclui dois, três ou quatro trens epicicloidais. Algumas partes de cada um dos
conjuntos estão permanentemente ligadas entre si; outras são ligadas temporariamente ou são
detidas por um sistema de cintas de frenagens e embreagens selecionadas por válvulas
hidráulicas de mudanças, situadas na parte inferior da caixa de mudanças. O óleo, sob
pressão, para acionar as cintas de frenagem e as embreagens, é fornecido pôr uma bomba
alimentada com óleo de lubrificação da caixa de mudanças. Pôr vezes utilizam-se duas
bombas movidas a partir das extremidades dos eixos primário e secundário da caixa de
mudanças.
O seletor de mudanças comanda diretamente as válvulas hidráulicas, a menos que se
selecione a marcha automática para frente. Neste caso, o funcionamento das válvulas é
comandado pela abertura da borboleta do acelerador e pela velocidade do automóvel.
Quando a borboleta se encontra aberta, a pressão do óleo é reduzida e as engrenagens
permanecem numa posição de velocidade baixa.
Quando o automóvel atinge a velocidade pré-selecionada, um regulador anula o comando
pôr abertura da borboleta, o que permite a passagem para uma velocidade mais elevada.
ANEXOS

(Fig. 1 Componentes do conversor de torque)

(Fig. 2 Fluxo do fluído durante a multiplicação de torque)


(Fig. 3 Turbina crimpada a esquerda e abrasada a direita)

(Fig. 4 Aberturas na turbina de um conversor crimpado. O fluido que vaza através destas aberturas é chamado de
“lavagem” e reduz sua eficiência)

(Fig. 5 Dados do escâner mostrando a aplicação do lock up em uma transmissão HONDA 10 marchas. O Lock Up
começa a aplicar a 15 km/h em segunda marcha e aplica totalmente a 25 km/h.)
(Fig. 6 Sistema de Lock Up Dupla)

(Fig. 7 Corpo de válvulas, câmbio automático)

(Fig.8 Polimento do corpo de válvulas câmbio automático)


(Fig. 9 Cubo Planetário)

(Fig. 10 Conjunto planetário completo para transmissão automática)

REFERÊNCIAS

1. https://www.conversoresuniao.com.br/servico-de-retifica-de-conversor-de-
torque#:~:text=Seu%20conversor%20de%20torque%20ser%C3%A1,queimados
%20impregnado%2C%20ou%20outros%20s%C3%B3lidos.
2. https://omecanico.com.br/como-funciona-o-cambio-automatico/
3. https://www.minutoseguros.com.br/blog/conversor-de-torque-o-que-e-como-cuidar-
dele/
4. https://autopapo.uol.com.br/noticia/cambio-automatico-uso-manutencao-
funcionamento/
5. https://www.conversoresuniao.com.br/servico-de-retifica-de-conversor-de-
torque#:~:text=Seu%20conversor%20de%20torque%20ser%C3%A1,queimados
%20impregnado%2C%20ou%20outros%20s%C3%B3lidos
6. https://revistamt.com.br/Materias/Exibir/por-dentro-do-conversor-de-torque
7. https://www.google.com/amp/s/www.automatik.com.br/amp/sonhos-e-realidades-do-
reparo-de-corpo-de-valvulas

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