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ERRATAS
I
Conforme comentado no prefácio, esta dissertação foi terminada com uma pouco de pressa,
o que propiciou erros de diversos tipos. Pelo regulamento da Escola, não é possível
substituir a5 páginas com erros, apenas colocar esta errata. Uma versão eletrônica, com
todas as correções citadas a seguir e pequenas alterações de layout, está disponível em
www.sakuda.com/teletrabalho e em www.sobratt.com/sakuda.
Sumário: o sumário original foi impres~o sem a numeração das páginas, erro corrigido
no sumário colocado a seguir.
Agradecimentos, linha 10: "A Álvaro Mello, um dos pioneiros do teletrabalho no Brasil
e companheiro na Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (SOBRATI)",
ao invés de "Álvaro Mello, um dos pioneiros do teletrabalho no Brasil, com que escrevi
dois artigos em co-autoria".
p. 37, linha 1: "Kugelmass (1996)", ao invés de "Kugelmass (1997)".
p. 49, linha 20: "começou a editar o informativo Te/ecommuling l?eview em outubro de
1984'', ao invés de "começou a editar o informativo Te/ecommuting l?eview em 198x".
p. 51, linha 4: "Kortc e Wynne (1996)", ao invés de "Korte et a/. (1996)"
p. 61, linha 4: "Nilles ( 1997)", ao invés de "Nilles ( 1994 )".
p. 77, linha 8: ''fizeram", ao invés de ".fizeramm".
p. I OI, linha 27: "anexo IV", ao invés de "anexo yy··.
p. 105, título da tabela: 'Tabela XXIV: Importância da Territoriedade em Porter", ao
invés de "Tabela XXIV: (Porter)".
Bibliografia: A bibliografia original foi impressa omitiu algumas referências, que foram
incluídas na bibliografia corrigida a seguir.
·Anexos:·de acordo com as regras da Escola, os anexos rião impressos não podem ser
incluídos nesta errata, e estão disponíveis em www.sakuda.com/teletrabalho e
www.sobratt.com/teletrabalho.
Caso encontrem ainda mais erros e/ou queira discutir o trabalho, por favor, me contate
através dos e-mails luiz@sakuda.com ou luiz@sobratt.com.
.. . -.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. Apresentação ....................................................................................................... 2
2. Objetivo ............................................................................................................... 2
3. Pressupostos ........................................................................................................ 3
PARTE 1: PANORAMA
I. Apresentação ....................................................................................................... 7
PARTE2:TELETRABALHO
1. Apresentação ..................................................................................................... 35
2. Contextos do Teletrabalho................................................................................. 36
IV
3. Definição do Teletrabalho ................................................................................ 37
v
PARTE3:TELECENTROS
I. Apresentação ..................................................................................................... 77
3. Conceitos ........................................................................................................... 78
3 .2 . C! ass1.fi1caçao
- de Bag1ey, Mannenng
. e M o khtanan.
. .......................................... 79
6. I. Amostra ............................................................................................................. 90
7. Resultados .......................................................................................................... 95
VI
7.2. Teletrabalhadores .............................................................................................. 96
PARTE4:REFLEXÕES
ANEXOS
VII
' . ', ~·
---··-------------------~---.--- ------·--·------- . ----- - - ---- ' ~--· ·-·---- -----· ---·-----' ------- ·--- ~--------·--
Parte 5:
Bibliografia
•. -
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Bibliografia
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TELETRABALHO:
Desafios e Perspectivas
Banca Examinadora:
SÃO PAULO
2001
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
TELETRABALHO:
Desafios e Perspectivas
Área de Concentração:
Organizações, Recursos Humanos e
1200101410 Planejamento
SÃO PAULO
2001
11
SAKUDA, Luiz Ojima. Teletrabalbo: Desafios e Perspectivas. São Paulo, EAESP/FGV,
200 I, xxx páginas.
SP-00022046-2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. Apresentação
2. Objetivo
3. Pressupostos
4. Estrutura da Dissertação
PARTE 1: PANORAMA
I. Apresentação
2. As Mudanças na Sociedade
4. Trabalho a Domicílio
PARTE2:TELETRABALHO
1. Apresentação
2. Contextos do Teletrabalho
IV
3. Definição do Teletrabalho
Modelos
Parâmetros
4.4. Outros
9. Impactos do Teletrabalho
v
PARTE3:TELECENTROS
I. Apresentação
3. Conceitos
3.4. Comentários
5. Telecentros no Brasil
6. Estudo Exploratório
.6.1. Amostra.
Escritório Virtual
7. Resultados
PARTE 4: REFLEXÕES
2. Questões Espaço-Temporais.
2.1. Porter
3. Questões Organizacionais
4. Questões Psicossociais
PARTE 5:BIBL10GRAFIA
ANEXOS
VIl
Telework 1996- Londres
III-1998
I!- 1997
I- 1996
1.3. Outros
Telecommuting 96
5.6. F. Tecnologia
6.3. Motivação
Vlll
6.4. Saúde Mental do Trabalho
6.8. Bibliografia
IX
Dedicado a todos que tentam fazer
X
AGRADECIMENTOS
Bem, esta para parte é sempre complicada: ser econômico ou reproduzir quase toda a
agenda de contatos pessoais? Optei pela primeira opção, pois seria dificil escolher entre
amigos, professores de graduação e pós-graduação e outros profissionais. Além disso,
tendemos sempre a agradecer aqueles que fazem parte do nosso presente e/ou de nosso
passado recente, e esquecemos de pessoas importantes de um passado mais remoto.
Assim, primeiramente, a Mihoko Ojima Sakuda, a Kengi Sakuda (ín memoríam), a Mitiko
Ojima e a Glaucia da Costa Gregio. Por tudo- e tudo, neste caso, é muita coisa ..
Aos meus orientadores, Flávio de Carvalho Vasconcelos e Edith Seligmann Silva, que em
momentos diferentes, me ajudaram ã desenvolver e completar este trabalho.
A Álvaro Mello, um dos pioneiros do teletrabalho no Brasil, com quem escrevi dois artigos
em co-autoria; a Alberto Luiz Albertin, com quem discuti temas relacionados com o
teletrabalho, como comércio eletrônico e comunidades virtuais; a Miguel Pinto Caldas, que
insistiu muito para que eu terminasse a dissertação; e a Alexander Bulbow, que me
acompanha como sócio na Sakuda Gestão e Tecnologia
Cabe ainda registrar que fui bolsista do CNPq, e que esta dissertação não seria possível se
muitas das fontes de informação pesquisadas não estivessem disponíveis gratuitamente na
Internet. Em diversos aspectos, a dissertação foi um grande exercício de teletrabalho.
09 de março de 200 1
XI
PREFÁCIO
Até no prefácio, vale a pena citar outros autores. Neste caso, inicio com Easter-Smith,
Thorpe e Lowe ( 1999):
Bem, quando li esta parte, pensei: "é bom saber que eu sou normal....". Eu passet
exatamente por estas 7 fases, e aqueles que já passaram pela experiência do mestrado e/ou
do doutorado sabem avaliar a veracidade desta pesquisa. Sem dúvida nenhuma, se não
fosse o apoio técnico e emocional que tive de minha família, de minha companheira e de
meus amigos da academia e de fora dela, não conseguiria chegar até o final.
Afinal, a dissertação é nossa primeira obra, ou uma das primeiras, e não precisa ser uma
obra-prima. Precisa ser uma obra de qualidade e relevância, o que espero ter conseguido
realizar neste trabalho.
XII
Introdução
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Introdução
1. APRESENTAÇÃO
2. OBJETIVO
Eco (1977) contrapõe a tese monográfica com a panorâmica e faz urna importante ressalva:
3. PRESSUPOSTOS
A hipótese é "urna proposição que pode ser colocada à prova para determinar sua validade
(Goode e Hatt, 1969), "uma suposição que se faz na tentativa de explicar o qtie se
desconhece" que tem uma dupla função: "dar explicações provisórias e servir de guia de
pesquisa". Deve ser "a) plausível; b) consistente; c) específica; d) verificável; e) clara; f)
simples; g) econômica; h) explicativa". (Rubio, 1978)
"O próprio termo "hipótese;' possui uma conotação posi!tv1sta que crê na
possibilidade do conhecimento objetivo da realidade e nas provas estatístico-
matemáticas como comprovadoras da objetividade . Hoje, tanto o marxismo
"Em 1995, a titulo individual ou empresarial, os USA investiram 681 Ecus por
habitante nas tecnologias de informação. O Japão investiu 563 Ecus _por
habitante (Ecus/H), e só esta cifra, porque a pequena utilização dos PC é
atribuída à dificuldade do alfabeto nipônico e às caracteristicas dos métodos de
trabalho japoneses. A União Européia investiu apenas 335 Ecus por habitante,
cabendo à Holanda a maior quantia, 4 77 Ecus/H, e a Portugal e à Grécia a
menor, com 82 e 47 Ecus/H, respectivamente. À Suíça corresponderam 844
Ecus/H e à Noruega 580 Ecus/H. Enquanto que nos USA o número de
computadores por empregado de colarinho branco é de I 04, na União Européia é
de 72. O fato de ser só de 43, em Portugal, e 42, na Grécia, não significa que
estejamos perante economias agrárias, mas sim que se verifica um profimdo
hiato no uso e compreensão destas tecnologias, bem como que os custos de
aquisição, instalação e exploração dos tronics (Tis) ainda são muito elevadas,
em relação à capitação do produto interno dos habitantes destes países (grifo
do autor)."
4. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A bibliografia e os anexos são wna parte importante nesta dissertação, pois podem ajudar
bastante os pesquisadores que começam a explorar este vasto campo do teletrabalho. Como
wn campo novo, parte importante da pesquisa ainda só foi publicada e discutida em
eventos. Assim, selecionamos alguns eventos e listamos os artigos apresentados nos
anexos, uma bibliografia complementar e adicionamos também algwnas das perguntas mais
freqüentes respondidas por Gil Gordon.
Panorama do
Teletrabalho
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Panorama
1. APRESENTAÇÃO
2. AS MUDANÇAS NA SOCIEDADE
As ações reciprocas entre técnicas de fatores sociais tecem laços múltiplos entre
a tecnologia e a história das técnicas, de um lado, e a sociologia do trabalho, de
outro. Desde Aristóteles, que justificava a escravidão pela impossibilidade de se
moverem sozinhas, inúmeros autores? sobretudo os pênsador:es marxistas,
sublinham a influência do desenvolvimento das técnicas sobre a estrutura das
sociedades. Numa famosa página de Miséria da Filosofia, que assinala uma
primeira fase, ainda mecanicista. da sua reflexão, Marx afirmava que "o moinho
de vento nos dará a sociedade com o suserano; o moinho vapor, a sociedade com
capitalista industrial". Depois disso, há outros escritores marxistas que
matizaram consideravelmente a interpretação das relações com a revolução
industrial.
A evolução tecnológica sempre foi um dos principais fatores para a determinação das
formas de trabalho de cada modo de produção. É condição necessária, mas não suficiente
.para as mudanças; e as mudanças não são determinísticas, como ressaltaremos diversas
vezes durante este trabalho. As novas tecnologias modificarão o trabalho do modo que o
conhecemos hoje, podendo até extinguir formas importantes. Friedmann conclui:
Está visto que a técnica não poderia, em caso algum, representar o papel de fator
o único (ou privilegiado) da explicação: a sua própria ação, diversa em cada
caso, insere-se numa rede complexa de fatos econômicos, psicológicos,
democráticos, cUlturais. [... ] Em nossos dias, as primeiras pesquisas consagradas
aos efeitos da automatização mostram, no inicio da nova etapa do .automatismo
industria~ incidências sociais principalmente sobre a integração e a
interdependência dos operadores.
A possibilidade do trabalho a domicílio mediado .por Tis está cada vez mais presente no
imaginário popular. O clássico conto futurista «The Machine Stops" de Foster (1974), foi
escrito em 1908 - antes da Primeira Guerra Mundial e do desenvolvimento comercial do
rádio. Nele, todos os contatos humanos diretos e as viagens são substituídos por
comunicação através de áudio ou video, e criam um ambiente tecnologicamente muito
avançado e interação social nula. Na atualidade, o que não falta são livros de previsões e
tendências e filmes futuristas.
referir ao modo de produção predominante. A primeira, agrícola, dominou de 8000 A.C. até
1650/1750; a segunda, industrial, a partir disto até o auge em meados 1950. A terceira onda
é liderada pelas indústrias das novas tecnologias, e começou a se formar no pós-guerra.
Nesta metáfora, o choque entre as ondas provoca as turbulências atuais.
Após colocar exemplos de programa;; de teletrabalho que já foram implantados, corno urna
companhia britânica com 400 programadores em tempo parcial que utilizam
predominantemente o domicílio para trabalhar; destaca um estudo liderado por Jack Nilles
sobre as vantagens da substituição do transporte por tecnologias de comunicação, focado
nos custos de transporte de energia. Toffier observa que os custos de transporte e energia
têm urna trajetória ascendente, que o custo das telecomunicações tem urna trajetória
descendente, e que a tendência .é se torne mais interessante teletransportar as informações
necessárias ao trabalho do que transportar os trabalhadores. Além disso, os custos
imobiliários também tendem a diminuir. O autor prediz algumas conseqüências da adoção
ampla do teletrabalho domiciliar:
Estes dois círculos viciosos se reforçam mutuamente hoje, mas contribuem para
amadurecer a consciência, ·entre todos os atores envolvidos, de que é preciso
mudar as regra do jogo. Contudo, eles ainda não sabem como fazê-lo.
O autor mostra que "a antinomia entre as teses 'pessimistas' sobre a 'desqualificação-
superqualificação do trabalho' e as teses 'otimistas' sobre o progresso técnico e o 'fim da
divisão do trabalho' podem realmente ser superada, a parir do momento em que as
mutações sócio-técnicas sejam tomadas com potencialidades contraditórias e não como
conseqüências automáticas de uma ev_olução linear."
Tezanos (1993) ilustra a outra potencialidade- a criação de uma sociedade dual através do
seguinte quadro de evolução dos perfis das pirãmides de estratificação nas sociedades
industrializadas:
/' ,,,,
j\
~
/
\,
//
\/
1/
'
§S
Primeira etapa Segunda Etapa Terceira etapa Quarta etapa
São tipos puros, que servem para ilustrar os traços distintivos de cada um. Não chegamos a
alcançar, mesmo nos países onde o Welfare Stale conseguiu atingir seu estado mais
avançado, a estrutura de diamante da terceira etapa, mas podemos considerar esta estmtura
como o tipo ideal que a ser alcançado.
Segundo Tezanos, a sociedade caminha para a quarta etapa, caracterizada pelo sistema
dual, as duas classes são profundamente distintas:
O estudo dos impactos das Tecnologias de Infonnação pode ser feito sob diversas óticas.
Em Jnformalion and Communication Techno/ogies: Vision and Realilies, Dutton (1996),
diretor do Programa Britânico sobre Informação e Comunicação, lançado em 1985, que
tinha como objetivo gerar informação de qualidade para basear políticas e práticas
relacionadas às Tis, organiza o resultado de uma década de pesquisas do programa. Para
melhor visualização dos temas de pesquisa, o autor categorizou duas dimensões:
• Utilização. Esta dimensão estuda o impacto das Tis nas organizações, na gestão e no
trabalho: o reforço e a transformação da estrutura, dos processos e da geografia das
finnas.
• Consumo: Esta dimensão estuda a vida na sociedade de informação: impacto das Tis
nos domicílios, na educação e nos processos democráticos.
É claro que aspectos de Produção, Utilização, Consumo e Governo podem (e devem) ser
abordados simultaneamente, mas a ênfase é ·normalmente em um ou na relação entre dois
deles. Com esta classificação, o autor seleciona alguns dos principais temas de debate e
pesquisa: Limites do Determinismo Tecnológico, Centralidade do Usuário, Culturas de
Tecnologia, O Poder de Idéias, Influência das Tecnologias Emergentes, Interações das
Dimensões Local-Global e Acesso à Sociedade de Informação.
A Influência das Tecnologias Emergentes ·é outro tema importante. Como foi colocado, a
tecnologia e os atores sociais interagem e se modificam. As organizações passam a
depender mais da estrutura tecnológica do que da estrutura fisica. Neste sentido, é
interessante a metáfora de Paul Quintas, que coloca o software como o novo "concreto
eletrônico". Mais uma vez, as potencialidades das Tis são antagônicas: aumenta o acesso ao
conhecimento relevante, mas permite_ uma explosão de informações superficiais e banais e
reduz a diversidade da programação televisiva; pode aumentar a participação dos cidadãos ,
assim como minar a coesão de comunidades, etc.
Tabela IIL Exemplos de Temas nas Áreas de Pesquisa Social em Tis (Dutton)
Áreas de Pesquisa
Luiz Oj i ma Sakuda 17
Teletrabalho: Desafios e Pei>pectivas Panorama
O Acesso à Sociedade -de Informação é cada vez mais crítico, conforme as Tis passam a
mediar cada vez mais os serviços de informação, as pessoas, o trabalho, o sistema de saúde,
o lazer, o entretenimento e se integrar.
A tabela da página anterior ilustra como estes temas são abordados diferentemente
conforme o aspecto (Produção, Utilização, Consumo e Governo) predominante.
Baseado nestes dois eixos - amplitude e controle - o autor desenha uma tipologia de visões
da TI e da Sociedade da Informação:
Continuísmo
políticos de seus estados membros. Alguns pontos em comum destas duas correntes podem
ser detectados:
Melhoria dos empregos no longo prazo: os empregos destruídos com a adoção das Tis são
de um nível inferior de exigências e~ realação aosnovos, o que mudará o perfil do trabalho
no longo prazo. Como a autora coloca, geralmente o cenário otimista predomina e ignora a
possibilidade de perda de empregos pela automação e pela dispersão geográfica Caberia
observar que as pessoas deslocadas dos empregos destruídos não estão, via de regra.
preparados para serem absorvidos nos novos postos; nem mesmo estão localizados na
inesma região.
4. TRABALHO A DOMICÍLIO
Podemos notar na bibliografia que muitos dos pnnctpats pontos positivos e negativos
apontados no teletrabalho se referem a características do traballio a domicílio. Moraes Filho
( 1994) reeditou um interessante trabalho jurídico, uma "monografia de 1943 - ao que
saibamos - ficou única em nossa bibliografia especializada, não merecendo o trabalho a
domicílio a atenção de nenhum outro tratadista". O autor faz um histórico do trabalho a
domicílio, da produção familiar pré-capitalista, onde toda a familia estava envolvida com o
processo de produção e detinha os meios de produção, até a produção industrial. O autor
coloca o traballio a domicílio como uma forma-limite, em determinados aspectos, de
É interessante notar que o trabalho a domicílio rião foi extinto, como se pode imaginar, com
a revolução industrial. Algumas características descritas por Marx levantam questões
interessantes: a TI pode aumentar a capacidade de resistência e/ou barganha dos
trabalhadores, com a matar capacidade de comunicação? A concorrência entre os
trabalhadores será aumentada globalmente de fato? Em que casos? E os intermediários,
como serão? Soares (1995) observou que o número de greves nas empresas estudadas que
implantaram teletrabalho diminuiu consideravelmente.
Abreu e Sorj (1993a) coordenaram uma coletânea que traz uma revisão da literatura da área
e quatro estudos sobre o trabalho a domicílio. Ruas (1993) analisa o tema no setor
calçadista do Rio Grande do Sul; Abreu e Sorj (1993b), estuda as costureiras do Rio de
Janeiro, Matos {I 993) faz uma contnbuição histórica sobre a costura a domicilio para as
indústrias de sacaria de café nas cidades de São Paulo e Santos entre 1830 e 1930; e
Bruschini e Ridenti (I 993) aborda o traballio a domicílio por conta própria de mulheres
paulistas.
Lavinas e/ ai (2000) consideram que existe uma mudança no trabalho a domicilio atual:
Até a década passada o trabalho a domicílio era considerado urna forma pouco
usual e inadequada de emprego nas sociedades desenvolvidas, cuja importância
tenderia a declinar também nas sociedades em vias de desenvolvimento, onde
era assimilada à informalidade, à marginalidade e à exclusão. Essa visão se
apoiava na convicção, firmemente estabelecida, de que havia com elo
indissolúvel entre crescimento econômico e a ampliação dos direitos sociais e
trabalhistas nas sociedades democráticas.
No estudo foram colocados dois casos sobre traballio a domicilio: uma empresa de
infonnática que optou por um escritório virtual enviou todos os funcionários para o
trabalho a domicilio, extinguindo a sede da fínna; e de uma fábrica de grande porte de
medidores. O segundo caso não é de teletraballio, e não iremos .abordar.
O primeiro caso é tipicamente de teletrabalho que mostra uma relação de "quase iguais"
pois as posições técnica e sócio-econõmica do microempresário e de seus colaboradores são
semelliantes, e a subcontratação .é uma fonna de diminuir a carga tributária. O teletrabalho
eliminou também o escritório físico e seus custos. Este tipo de acordo necessita de uma
relação de confiança entre as partes, uma vez que a relação empregador/empregado pode
ser caracterizada e acarretar processo trabalhista. Não houve redução do salário, mas houve
a perda algumas vantagens indiretas aos trabalhadores, como o vale-refeição, e a adição de
custos decorrentes da realização da atividade no espaço doméstico, como a eletricidade.
Um fator não-monetário influenciou na deciSão de adoção dessa relação de trabalho:. maior
qualidade vida. Acreditamos que essa seja urna escolha possível apenas para um número
muito reduzido de trabalhadores, altamente qualificados e urna situação de "quase
igualdade" entre as partes.
É interessante notar que o autor utiliza "virtual organizing", e não "virtual organization",
pois considera o segundo termo infeliz, uma vez que conota impossibilidades que denomina
como "organizações ocas" ou "corretoras".
I. Interação com o Consumidor (Interação Virtual). Este vetor trata dos novos desafios
e oportunidades das interações entre as empresas e os consumidores. As Tis permitem
que os clientes possam ter experiências remotas com produtos e serviços, participar
ativamente na customização dinâmica e criar comunidades de consumidores.
2. Configuração de Ativos (Fornecimento Virtual). Este vetor foca nos requisitos que a
organização deve ter para ser virtualmente integrada na rede de negócios, contrastando
com o modelo de integração vertical da economia industrial. As organizações podem
usar a Internet para as transações corporativas, estruturar e administrar um portifólio
dinâmico de relações para montar e coordenar os ativos necessários para prover valor a
seus clientes.
Cada um destes vetores tem 3 estágios, com locais criticas e objetivos de performance
distintos, conforme ilustrado na tabela seguinte. O Estágio I foca nas unidades funcionais,
como serviços ao cliente, compras e desenvolvimento de novos produtos. O Estágio 2 foca
no nível organizacional, no modo de coordenação das atividades para criar mais .valor
econômico. O Estágio 3 foca na rede interorganizacional, no design e na alavancagem de
múltiplas comunidades interdependentes para a inovação e o crescimento.
A questão crítica é a escolha de quais são os ativos que podem ser obtidos externamente
sem perda de vantagem competitiva, sendo que esta escollia deve ser dinâmica, conforme
as mudanças na realidade.
No modelo de integração virtual, uma organização não domina todas as outras da rede.
Cada empresa harmoniza a posição de liderança relativa a uma série de recursos com
posições sectmdárias em outros recursos complementares. Um exemplo dado pelo autor é o
da IBM, que é líder na área de mainframes e segue padrões externos na área de
· computadores pessoais.
A prioridade dos recursos muda com o tempo, e cria espaço para formação de coalizões
entre concorrentes que pass·am a cooperar para um objetivo específico. Esta prática, a "co-
ompentição" (combinação de cooperação e competição), deverá ser cada vez mais comum,
como no caso da IBM, Apple e Motorola na criação e desenvolvimento do PowerPC.
assegurada por tecnologias qlte apóiém este tipo de trabalho em eqwpe e sistemas
integrados de controle.
Outros autores ilustram o conceito de organização virtual, como Davidow e Malone ( 1993 },
que utiliza o termo "corporação virtual", e Tapscott (I 997), que utiliza o termo
"organização em rede".
EITO (1998) exemplifica os beneficios que uma empresa em rede pode usufruir em três
aspectos do uso das Tis: o teletrabalho, o comércio eletrônico (te/etrade) e a
telecooperação. Muitos destes exemplos ainda não foram provados, embora constatados em
alguns casos. Para este trabalho, o intuito .é mostrar a abrangência e a interdependência
destes aspectos na organização, conforme o quadro nas páginas seguintes.
Qualidade Aumento da autonomia Acesso contínuo (24 horas Respostas mais rápidas e
dos funcionários para por dia, 365 dias por ano) completas para a
determinar o melhor mix de consumidores e qualidade e outras
trabalho/ vida pessoal fornecedores a questões
informações de produção
Redução de tempo, custos e vendas Contato direto mais fácil
e frustação de trânsito do entre as funções de
horário de pico e das Aumento das horas negócio
interrupções de mudança disponíveis ao consumidor
na carre1ra a custos baixos, com Aumento das
gestão de fuso-horários oportunidades de
Melhor acesso a interação direta e
habilidades de grupos Contato direto entre os feedback entre executivos
excluídos -<!eficientes, conswnidores e e empregados
pais solteiros, origina dores de produtos e
comunidades dispersas serviços, reduzindo a
perda de qualidade na
cadeia de produção
A flexibilidade da organização virtual pode ter consequências muito distintas nos diferentes
estratos sócio-econômicos, como poderemos perceber no estudo do teletrabalho. Neste
sentido, é interessante citar o estudo de Camoy, Castells e Benner (1997), que analisa o
crescimento do emprego flexível no Vale do Silicio nos últimos dez anos.
Além disso, a existência comunicação entre firmas, ainda razão da rápida circulação de
engenheiros e programadores entre elas, favorece a rápida disseminação da inovação na
economia regional, abrindo possibilidades de carreiras brilhantes para muitas pessoas
altamente qualificadas. Este caso ilus~a parte deste novo cenário.
Teletrabalho
Teletrabalho: Desafios e Persp~ctivas Teletrabalho
1. APRESENTAÇÃO
O tema teletrabalho passou a ser discutido no Brasil apenas recentemente, mas tem ganhado
importância no debate. Um bom exe·mplo ·disso é a citação no Livro Verde da Sociedade de
Informação (Soclnfo, 2000), onde é definido como "a atividade profissional realizada a
distância física do local convencional de trabalho, ou seja, da empresa contratante."
Examinaremos mais adiante os textos onde o teletrabalho é citado diretamente no livro. A
existência de um livro verde, fruto de debates com diversos segmentos da Sociedade,
mostra que a Sociedade de Informação reflete uma mudança de patamar de debate no
Brasil. Cabe. ressaltar, no entanto, que iniciativas Semelhantes em outros países já foram
efetivadas vários anos antes. Portugal, por exemplo, lançou seu Livro Branco (posterior ao
Livro Verde) em 1998.
2. CONTEXTOS DO TELETRABALHO
3. DEFINIÇÃO DO TELETRABALHO
Teletrabalho é uma nova forma de trabalho definida pela Comissão Européia como "o uso
de computadores e telecomunicações para mudar a geografia do trabalho aceita", e envolve
diversos aspectos (econõmico, social, cultural, organizacional, tecnológico, ambiental, legal
e outros) e diversos atores (organizações, indivíduos, governos, fornecedores de tecnologias
de informação, sindicatos e outros). Muitos autores definiram e/ou fizeram uma revisão dos
conceitos e definições. Destes, destacamos os trabalhos de Nilles, Lamound, Daniels e
Standen, e European Information Technologies Observatory (EITO).
-.
"more formally, the partia! or total substitution · "mais formalmente, substituição parcial ou total
of telecommunications technologies, possibly por tecnologias de telecomunicação,
with the aid o f computers, for the commute to possivelmente com a ajuda de computadores, da
work" comutação ao trabalho."
Assim, para Nilles, o telecommuting é uma forma de telework. Kugelmass (1997) coloca o
teletrabalho como uma forma de trabalho flexível que combina horário flexível e local
flexível. Em uma nota na página 11, o tradutor de Kugelmass coloca que "os termos
telecomutação e teletrabalho são empregados no mesmo sentido", o que induz a
interpretação que "telecommuting" deva ser traduzida como "telecomutação" e "telework"
como teletrabalho. Como apenas a palavra "teletrabalho" é utilizada nos dois livros, e
sendo praticamente inexistente o uso das palavras "telesserviço" e "telecomutação",
propostas pelos tradutores na literatura brasileira, podemos perceber que existe um
problema da clareza da definição. Notemos que, caso ambas as palavras fossem utilizadas
simultaneamente, não haveria necessidade da palavra "teletrabalho", palavra-chave do
título das duas publicações.
Álvaro Mello, o primeiro autor a lançar uma publicação sobre teletrabalho, utilizou em
Mello (1997) as mesmas definições de Nilles (1997), mas sem traduzir os termos em inglês,
mantendo durante todo o livro "telework" e "telecommuting" com o intuito de deixar claro
a qual conceito se refere. Na edição revisada e ampliada deste material (Mello, 1999), o
autor passou a utilizar apenas o termo "teletrabalho", como termo equivalente a "telework".
Dos diversos artigos que foram escritos sobre este problema, destacamos Lamound, Daniels
e Standen (1997), que analisou 900 artigos entre 1985 e 1996 contendo as palavras-chave
'teleworking ', 'telecommuling' ou 'homeworking' citados na base de dados ABI!Inform 1, e
observou que a maioria da literatura em teletrabalho envolve prescrições baseadas
principalmente na experiência de indivíduos e não utiliza teoria ou pesquisas recentes. O
artigo destaca que os autores americanos costumam utilizar "telecommulíng" e os europeus
"telework"; o que reflete o foco de atenção das diversas definições desenvolvidas até hoje:
localização (telecommuting, trabalho fora do escritório) e processo (teleworking, uso de
tecnologias de informação e comunicação). Estas palavras mostravam diferentes ênfases
que americanos e europeus davam à questão e marcavam suas posições. Os autores
examinam as tipologias propostas anteriormente por diversos autores, identificam as
principais dimensões estudadas em trabalhos anteriores e propõem uina classificação
mu!tidimensional, baseada nas seguintes variàveis:
1
Base de dados que reúne eletronicamente mais de I 000 publicações de negócios e tecnologia.
Contato Intra-
Alto Baixo
Organizacional
Desenvolvedor de
Gerentes de Contador I
Domicílio Advogado Sistemas I
Vendas Programador
Arquiteto
Contato lntra-
Alto Baixo
Organizacional
Representante de Administrativo I
Nômade Seiviços Pessoais Administrativo
Vendas Digitador
Os autores concluem que: (1) teletrabalho e um processo que envolve uma grande
variedade de práticas; (2) que não existe uma forma de teletrabalho, e como corolário, não
existe a melhor forma de teletrabalho; e (3) teletrabalho e melhor entendido como um
fenômeno multidimensional, com características variando ao longo de cinco dimensões -
ÜBSERVATORY (EITO)
Consideramos que o uso de uma definição ampla pode ser mais útil para o estudo dos
diversos aspectos do teletrabalho, sendo porém necessária uma grande gama de
classificações para que a conceituação seja homogenizada, os estudos sejam comparáveis e
haja um real acúmulo de conhecimento. A definição da Comissão Européia, que tem uma
vasta produção sobre o assunto, tem este perfil, principalmente se complementado pelo
trabalho do European Information T::chnology Observatory (EITO, 1998).
Duas sistematizações de EITO são particularmente úteis para a classificação dos diversos
estudos sobre teletrabalho: modelos e parâmetros.
Modelos
flexível/ hotelling/ hot desking, (4) Móvel, independente do local, (5) Equipes multi-
localizadas e/ou distribuídas, (6) Concentrativo e (7) Internacional/ off-shore.
I) Teletrabalho a ·domicílio
É a imagem mais popularizada pela mídia, onde o trabalho é feito no domicílio, sem o
deslocamento diário até o escritório. Costuma ser também o foco de boa parte da pesquisa
acadêmica e da discussão legal.
2) Telecentro
2.2) Centro com várias empresas usuárias: centro empresarial provendo espaço e
recursos através de um contrato de uso para empregados de diferentes companhias,
tipicamente localizado perto de grandes rotas de tráfego e conexão, pode ser usado
de modo planejado ou eventual
2.3) Centro público 011 semi-público local: centro com administração e apoiO
locais, muitas vezes com objetivos múltiplos - sociais, econômicos e de
treinamento. Provê acesso à tecnologia e um espaço de trabalho para indivíduos e
firmas locais, pode ainda procurar mercado de trabalho para as habilidades dos
teletrabalhadores locais.
3) Escritório flexível! hotellingl hot desking: estes três termos incluem uma abordagem
diferente da alocação de espaço e recursos do empregador; mesas, espaço e recursos para
reuniões são alocados para os grupos e indivíduos conforme um critério de necessidade e
não de propriedade; em empresas multi-localizadas, os empregados podem trabalhar em
qualquer escritório que seja conveniente à sua necessidade.
Este modelo utiliza tecnologias móveis e fixas combinadas para manter operacionalidade e
contato independentemente da localização, garantindo mobilidade ao teletrabalhador.
Neste modelo, o uso de tecnologias permite que equipes trabalhem juntas efetivamente,
estando seus membros distribuídos em diversas localidades, que podem ser escritórios,
domicílios ou nômades.
6) Concentrativo
Este modelo enfatiza o uso de tecnologias para concentrar produtos e serviços em um local
que convencionalmente estão próximos do cliente. Por exemplo, a empresa pode reduzir
número de filiais em favor de centrais telefônicas de atendimento e serviços online,
particularmente em serviços financ~iros e bancários.
7) Internacional/ off-shore
Este modelo é o que utiliza um mercado global de trabalho com mais intensidade. Com o
uso de tecnologias para mudar, distribuir ou concentrar trabalho internacionalmente, pode
ter conseqüências importantes na. divisão internacional de trabalho. Exemplo: centros
telefônicos multinacionais que dão suporte a softwares (internacional, concentrativo) e o
estabelecimento de "fábricas" de software na Índia (off-shore ).
Estes são os aspectos mais citados do teletrabalhci. A divisão mais comum nos artigos
acadêmicos e na mídia é em três tipos, baseado no local -a domicílio, no telecentro e/ou
móvel - o primeiro parâmetro citado nas categorias do próximo item.
Parâmetros
O local pode ser único ou uma combinação de alternativas. EITO destaca 5 tipos:
• Domicílio
• Telecentro local
• Escritório descentralizado
• Móvel
2) Relação de emprego
• Empregado
• Tercei rizado
• Autônomo
• Consultor
Este parâmetro também influi na organização do trabalho, na gestão das eqmpes e nas
possibilidades de redução de custos, e inclui aspectos mais operacionais da tecnologia.
EITO destaca 3 tipos:
5) Grau de formalidade
É interessante notar que muitas empresas têm sistemas de teletrabalho informais e ocultos,
que nem sempre são detectados pelas pesquisas. EITO destaca 4 tipos:
• Informal - acordo mútuo entre o empregado e seu superior imediato, sem endosso
da empresa
• Oculto- consentido pelo gerente local, com recomendação para "ficar quieto"
• Apoio informal
• Não apoiado
A aceitação tem uma relação muito forte com o grau de fortnalidade, mas são dois fatores
que merecem ser estudados como distintos e na sua relação. EITO destaca 5 tipos:
8) Grau de autonomia
O grau de autonomia pode ser uma das fontes de satisfação e/ou eficiência do sistema de
teletrabalho. EITO destaca 5 tipos:
Do ponto de vista acadêmico, esta série de eventos tem sido a mais rica, discutindo desde
aspectos mais teóricos, como a natureza moderna ou pós-moderna do teletrabalho,
passando pela discussão se o teletrabalho é um campo, uma mania ou uma moda, até
aspectos sociais, organizacionais, individuais e operacionais. Estes eventos deram origem a
dois livros c Jackson e van der Wielen (1997) e Jackson (1999) - e outro está sendo
preparado por Jackson e Rapp.
A terceira edição, em Turku, Finlândia, foi organizada pelo Turku Centre for Compute r
Science. Os anais foram publicados por Suomi, Jackson, Hollmén e Aspnãs (1998). A
quarta edição foi organizada pela International Telework Foundation (ITF) juntamente com
a International Flexwork Forum (IFF), em Tóquio, e os anais foram organizados por
Spinks (1999). Rapp e Jackson (2000) publicaram os anais da quinta edição, em Estocolmo.
WORKING
Com um perfil intermediário entre estes dois eventos, temos as edições do Festival
Européen du télétravail e/ des télé-activités, organizado por Systemia (1996, 1997, 1998),
apoiadas pela Comissão Européia e que consegue reunir bons trabalhos acadêmicos,
embora em menor quantidade· que o lnternational Workshop on Telework. Realizado
sempre em Serre-Chevalier,.nos Alpes Franceses foi bilíngüe ~inglês e francês.
4.4. ÜUTROS
Outro evento americano, o Telecommuting'96, só teve uma edição, registrando seus anais
em WatSOIJ e Bostrom (1996). O Jnternationa/ Telework Association & Council (ITAC)
tem crescido bastante, mantendo uma revi~ta mensal oficial ("Telecommute") e um site
(www.telecommute.org). O programa e os palestrantes de suas conferências anuais refletem
o bom relacionamento com grandes empresas de tecnologia.
McCloskey e Igbaria (1998) fazem uma interessante revisão da literatura empírica sobre
teletrabalho. Segundo os autores deste recente artigo, apesar do interesse neste tipo de
configuração de trabalho, o pouco estudo empírico foi feito na área tem grandes limitações
e tem grandes contradições:
1. Estudos-piloto: Segundo os autores, apesar dos estudos-piloto serem úteis para urna
análise exploratória, não podem ser utilizados para o desenvolvimento de um modelo pois:
(I) estudos-piloto são tipicamente limitados a urna empresa, com potencial de
generalização muito pequeno; e (2) os estudos-piloto focam em variáveis facihnente
mensuráveis, corno absenteísrno, e não em construtos complexos. Apesar de serem
importantes, possibilitando aos pesquisadores os estudos dos efeitos em profundidade e em
um período de tempo, não são suficientes.
3. Valores e percepçõeS: Os autores atentam para o fato de que muitos dos maiores estudos
em teletrabalho examinam apenas os aspectos percebidos do teletrabalho. Apesar de prover
importantes ·contribuições sobre os valores e atitudes dos teletrabalhadores, os autores
consideram limitada a utilidade dos mesmos, com o argumento de que "apenas porque os
empregados que nunca teletrabalharam acreditam que o teletrabalho resulta em menor
desenvolvimento da carreira não quer dizer necessariamente que a carreira será retardada".
A sugestão é que as pesquisas futuras estudem mais os impactos das percepções nos
resultados, e não em si mesmas.
Os autores consideram que "o corpo da pesqmsa existente é enfraquecido por três
limitações básicas: a falta de uma definição formal de teletrabalho, fraqueza metodológica e
a falta de controle em variáveis externas potenciahnente significativos. Estas limitações
resultaram em resultados contraditórios e na impossibilidade de formar um corpo
cumulativo de pesquisa em teletrabalho". O primeiro aspecto, a falta de conceitos comuns,
é recorrente, agravado pelo fato de que o teletrabalho é explorado sob uma variedade de
nomes, como "flexplace", "homework", "flexwork", "telework", "telecornmuting" e outros.
Os autores mostram que os estudos consideraram de modo diferenciado os aspectos de
tecnologia, localização, relação empregatícia e estrutura, produzindo um conhecimento
bastante fragmentado. O segundo aspecto, a fraqueza metodológica, se refere
principahnente ao tamanho da amostra muito pequeno, que pode ser útil para os estudos
exploratórios, mas cujos resultados não podem ser generalizados. O terceiro aspecto, a falta
de controle de fatores externos, é bastante relacionado com os aspectos anteriores. Muitas
vezes, os teletrabalhadores são tratados como urh grupo homogêneo, sem considerar as
diferenças de relações empregatícias, tipo de trabalho e nível de participação do
teletrabalho.
Um ponto importante não abordado pelo artigo é a existência dos estudos governamentais.
Nos Estados Unidos, os departamentos de administração (Estado do Arizona), transporte,
telecomunicações (cidade de Los Angeles), qualidade ambiental (Estado de Utah), serviços
gerais (Governo Federal e Estado da Califomia) e/ou energia (Estados do Oregon e de
Washington) tem feito ou encomendado pesquisas e implementado ou fomentado
programas de teletrabalho. Citar referências. Já a Comissão Européia, além das
conferências citadas, fomentou uma série de outras publicações, corno: "The employment
and economic impacts of advanced communications. and social trends in use of
communications services, PACE '95 "; "Telework: penetration, potential and practice in
Europe "; "Legal, organizalional and managemenl issues "; "Telework and smal/ business
networking ", "Transnational Col/aboration from Telework Centres" e "Telework,
telecommuting and decentralization ". Um resumo destas seis pesquisas pode ser
Cabe aqui acrescentar que , como a autora. coloca, nem sempre existe uma falta de
feedback, mas é importante ressaltar que esta tendência existe. Além disso, a falta de
feedback pode acontecer também no escritório tradicional, ainda que seja menos provável.
Podemos dizer que uma grande parte (se não a maioria) dos processos envolvem automação
e informatização, tendo conseqüências diferenciadas conforme a inserção na organização.
O estudo ECATT- Electronic Commerce and Telework Trends in Europe é um dos mais
amplos na área de teletrabalho na Europa, feito em 1999 e 2000. Coordenado pelo instituto
alemão Empirica, contou com o financiamento da Comissão Européia e com parceiros
internacionais no Japão e nos Estados Unidos. Na Europa, foram conduzidos na área de
teletrabalho duas pesquisas: uma com a população(General Population Survey, ou GPS) e
outra com as empresas (Decision Maker Survey, ou DMS). As amostras foram nos diversos
paises foram: Dinamarca, 502 e 361; Finlâdia, 502 e 308, França, I 008 e 50 I; Alemanha,
1000 e 501; Irlanda, 547 e 374; Itália, 1010 e 506; Holanda, 526 e 300; Espanha, JOIO e
500; Suécia, 500 e 306; Grã Bretanha, 1095 e 501- um total de 7700 no GPS e 4158 no
DMS.
É importante ressaltar que este estu~o é uma continuação de um esforço de pesquisa que
começou com 1984, cujos resultados forma publicados em Huws, Korte e Robinson (1990);
e que continuou com outra pesquisa em 1994, o TELDET - Telework Developments and
Trendç, cujos resultados foram publicados em Korte e Wynne (1996). Um dos resultados
importantes foi a comparação dos elementos percebidos como inibidores do teletrabalho em
três pesquisas européias, realizadas. em 1984, 1994 e 1999, sintetizados no quadro a seguir.
5 Equipamento de TI ineficiente Falta de pressão para mudar as Falta de pressão para mudar as
práticas atuais práticas atuais
É interessante notar as semelhanças com o quadro desenhado por EITO, que analisa a
evolução do mercado de teletrabalho na tabela a seguir.
O tema teletrabalho tem sido abordado indiretamente na grande mídia por alguns autores no
contexto da flexibilização do trabalho e/ou do avanço das tecnologias de informação.
Pastore (1998) e Beting (1997), articulistas conservadores conhecidos, defendem o
teletrabalho como parte das novas alternativas de trabalho. A maioria dos artigos é como
Assis ( 1997) e Moraes ( 1997), dentro da observação já colocada por Lamond et a/. ( 1997):
"a maioria da literatura em teletrabalho envolve prescrições baseadas principalmente na
experiência de indivíduos e não utiliza teoria ou pesquisas recentes."
O trabalho de Mello (1997) foi o primeiro a ser publicado em forma de livro, tendo sido
lançado no evento "Home Office 97", organizado pelo autor. Com uma ênfase no
teletrabalho a domicílio, o livro traz também a tradução de diversas perguntas mais
freqüentes feitas ao norte-americano Gil Gordon, urna das referências mundiais em
Duas dissertações de mestrado, Oliveira (1996) e Troppe (1998) também são bastante
interessantes. Oliveira privilegiou o teletrabalho a domicílio, propondo a ergonomia como
ferramenta para estudos relativos à melhoria das condições de trabalho dos
teletrabalhadores. Troppe enfatiza as aproximações entre os conceitos de organização
virtual e teletrabalho, baseando-se principalmente em autores europeus. Apesar de não
trazer contribuições do ponto de vista teórico ou empírico, o grande mérito de seu trabalho
é ter sido o primeiro autor brasileiro a publicar em formato de livro por uma grande editora,
o que pode contribuir para a divulgação do conceito e seu debate. Cabe notar, porém, que o
conceito de teletrabalho colocado no glossário: "o fato de se trabalhar fora das instalações
da organização e de com ela se comunicar por meio de computador pessoal equipado com
modem e software de comunicação". Embora seja mais claro para o leigo que outras
definições citadas neste artigo, toma-se restrita.
Muitos trabalhos também abordam o teletrabalho, mas sem utilizar o nome "teletrabalho".
Neste sentido, vale citar como exemplo os trabalhos abordaram a questão das equipes de
trabalho que utilizam a Internet, apresentados no ENANPAD: Damiani; Adorno e Ângulo
(y), Candotti eHoppen (y), e Albino e Reinhard (x).
EITO defende mudanças rápidas nas leis para encorajar o trabalho flexível e para o suporte
a novos padrões de trabalho; esclarecimento dos impostos, leis e políticas existentes que
afetem os teletrabalhadores, simplificação da subordinação por trabalhadores e
empregadores em contratos internacionais de emprego e de trabalho. Se, por um lado, a
legislação em muitos países cria duas classes de trabalhadores, urna formal com todas as
garantias e direitos previstos na lei, e outra informal e precária; por outro lado é necessário
resolver este cenário sem que haja um "nivelamento por baixo", precarizando todos os
empregos sob o discurso da modernização e adequação do sistema.
EITO defende que haja o reconhecimento de que o teletrabalho e outras aplicações para as
tecnologias de informação e comunicação (como video-conferência) podem substituir
viagens em horas de pico e por rotas de tráfego pesado e significar economia no uso de
transportes. Deste modo, cria-se espaço para políticas que incluam a substituição de
transportes por telecomunicações entre os programas fiscais com objetivos sejam a
proteção ambiental e a redução do tráfego.
3. Liberalização da telecomunicação
EITO defende medidas nos níveis nacional e local para assegurar baixos custos, acesso a
redes de comunicação de alto desempenho em quaisquer regiões, especialmente em locais
remotos ou rurais; implementação rápida de serviços públicos on-line para cidadãos e
empresas. Este tipo de medida é importante, mas não é suficiente para garantir a integração
dos estratos mais pobres na sociedade de informação.
No Brasil, o desafio do analfabetismo funcional ainda precisa ser superado, para que o
acesso à informação através de Tis possa ser realmente aproveitado. Este é um bom
exemplo para ilustrar que a importação de uma "agenda" do exterior sem reflexão não pode
ser feita, sob o risco de criar uma oportunidade de negócios para a iniciativa privada sem
necessariamente conseguir os objetivos esperados.
ETTO defende a adoção ràpida dos mecanismos de acordos europeus e internacionais para
preocupações como segurança, identificações digitais, pagamentos eletrônicos e a natureza
e a validade dos contratos feitos "on-line". A padronização, a hegemonia
tecnológica/econômica e a reciprocidade se destacam como algumas das principais
questões implícitas neste tema.
É interessante lembrar o relato de Nilles (1994) sobre o início de suas pesquisas sobre
teletrabalho:
É interessante notar que, apesar do quadro mostrar apenas vantagens, e não citar nenhuma
desvantagem, barreira ou desafio, o trecho termina observando a falta de uma perspectiva
histórica do fenômeno. O discurso internacional tem enfatizado o quanto o "teletrabalho é
real". Mesmo sendo um documento de síntese, podemos interpretar de pelo menos dois
modos: por um lado, é uma atitude prudente, mas por outro lado, pode refletir pouco
conhecimento, familiaridade e/ou interesse no tema. É claro que as duas alternativas não
são excludentes. A segunda inserção é feita na página 26:
Neste trecho, podemos identificar que aspecto legal é apontado no Brasil como um
constrangedor de iniciativas flexíveis, com todas as implicações positivas e negativas. É
necessário que o teletrabalho seja melhor amparado legalmente, para que não se
multipliquem soluções " alternativas". A menção aos segmentos especiais é positiva, mas é
importante ressaltar que o teletrabalho é uma das alternativas a este segmento, e não pode
ser considerada "uma solução para todos os males".
A terceira inserção, na página 34, refere-se aos telecentros, e será reproduzida mais adiante.
Tendo urna postura claramente favorável ao teletrabalho, EITO (1998) resume em duas
tabelas os potenciais pontos positivos do teletrabalho, apontando beneficios possíveis para os
indivíduos, para a sociedade, para o meio-ambiente e para o desenvolvimento locaL É
interessante notar a interdependência entre as diversas características do teletrabalho e as
conseqüências micro e macro-sociais.
Mais trabalhos a Mais tempo e recursos Estilo de vida menos Mais tempo e energia
domicílio ou dentro para o trabalho ocupado e com menos para cultivar amizades e
da comunidade local produtivo stress fainilia, especialmente o
e menos viagens ao relacionamento com os
trabalho filhos
Nem tudo é tão perfeito como na tabela. O teletrabalho mal preparado e/ou conduzido pode
levar a conflitos entre a esfera privada e a esfera pública, a estagnar a rede de
Acesso a
-
Pessoas desempregadas Menor desgaste da Regiões de maior
oportunidades mais ou sub-empregadas em infra-estrutura existente crescimento podem
amplas de trabalho e regiões menos e menor demanda para encontrar recursos
· maior mobilidade do prósperas têm acesso a um desenvolvimento especiais necessários
trabalho oportunidades de ainda maior em regiões com maior facilidade
trabalho em regiões em desenvolvidas
que suas habilidades Menor escalada de
estejam em falta sem aumento de salários em
haver necessidade de se regiões com carência de
deslocar ou realocar habilidades
Equipes multi- Redução nas viagens de Menor exigência das O dinheiro que seria
situadas, trabalho negócios (rodoviárias, rotas de tráfego mais gasto em viagens de
distribuído, trabalho ferroviárias ou intenso e sua infra- longa distância pode ser
concentrado aeroviárias) para estrutura empregado na
reuniões, deixando economia local
maior tempo útil para o
trabalho e para a
família! comunidade
É interessante notar que os potenciais pontos negativos são abordados por EITO apenas
indiretamente, como fatores constrangedores ao desenvolvimento do teletnibalho e como
barreiras ao teletrabalho, sempre acompanhadas de um contraponto - os fatores catalisadores
e as "soluções" para as barreiras, conforme pode ser constatado na tabela na página seguinte.
Cabe notar também que a evolução do mercado e a evolução teórica em teletrabalho são
interdependentes, sendo um hom exemplo a já citada dificuldade da adoção de definições
uniformes sobre os conceitos deste campo.
A literatura de negócios sempre foi povoada por livros "práticos", que ensinam "passo-a-
passo" urri determinado assunto. Apesar da qualidade desigual deste segmento, alguns
destes são feitos por àutores sérios que optam por um formato popular, mantendo um bom
nível de qualidade, como Gray, Hodson e Gordon (1993) e Niiies (1994, 1991, 2000),
Outros livros, adaptados de trabalhos acadêmicos ou relatórios, misturam sessões teóricas,
principalmente na definição e no histórico do teletrabalho, com sessões prescritivas, como
Kugelmass (1996), Murphy (1996) e Padiiia (1998). E existem livros exclusivamente
prescritivos, alguns apoiados por associações ou institutos, como Bertin e Denbigh ( 1996 ),
Meiio (2000), Moorcroft e Bennett (1998), Ormsted e Smith (1994) e Piskurich (1998), que
costumam ter uma qualidade média melhor que os outros livros lançados com esta ênfase,
como Bawa e Dubash (1998), Bredin (1996), Eyler (1994), Girard (1995), Langhoff(l996
e 1995), Leonhard (1995), Mahfood (1994), Shannon e Shannon (1995), Schepp e Schepp
(1995), Shaw (1996) e Vican (1998). Existem ainda guias feitos por empresas, como
Pacific Bell ( 1998).
Em geral, inicia-se com uma visão geral sobre teletrabalho, que pode incluir ou não
algumas pesquisas que dimensionam o número de teletrabalhadores, mostrando que o
teletrabalho é uma realidade. Do mesmo modo, alguns pontos que podem oferecer
dificuldades também são recorrentes:
- ·-
Incertezas sobre a estrutura legal e tributária; em alguns casos Ações em nível nacional
impostos ou leis que discriminam contra o teletrabalho ou que lidam para o esclarecimento do
inadequadamente com o ambiente de teletrabalho status dos
teletrabalhadores e
atualização da legislação
relevante que se reflita na
prática corrente
O sistema de análise de tarefas feita por Nilles (1994) vale destaque. A partir da
decomposição das tarefas da função e sua importância relativa, o autor constrói um modelo
Somente
Meio-período Tempo integral
Natureza das tarefas escritório Telecentro
em casa em casa
tradicional
Depende da
· Alto nível de contato
Melhor solução localização dos Ruim Não
direto com outras pessoas
outros
Tarefas fragmentadas,
muitas "ações Bom a Bom a Razoável a
. . . Razoável a bom
emergenctats que extgem Excelente Excelente ruim
coordenação
Tarefas fragmentadas,
Bom a Bom a Bom a
mas muitas vezes exigindo Ruim
Razoável Excelente Excelente
alta concentração
Exige concentração
prolongada, de média a Ruim Ruim a bom Excelente Excelente
longa duração
Bom se os
acessos
Exige acesso fisico a Excelente
Excelente puderem ser Ruim
recursos especiais (possivelmente)
agrupados em
um período
Envolve informações
Bom a
sigilosas que requerem Excelente Bom a ruim Ruim
Excelente
segurança pessoal
Envolve informações
sigilosas que podem ser
Excelente a Excelente a
protegidas imediatamente Excelente Excelente
bom bom
(por exemplo, por
codificação)
Tober (1988), citado em Kugelmass (1996), coloca uma lista de formas de horário flexível:
Banco de horas: permite que os empregados façam crédito de horas que podem
depois usar para .compensar folgas.
O teletrabalho pode ser, por um lado, uma ferramenta dos empregadores para
mover o trabalho para áreas geográficas onde as condições trabalhistas, salários
e os direitos de negociação coletiva são menores.
Até 1996, segundo Bertin e Denbigh ( 1996) a única Central sindical a colocar linhas gerais
para o problema da representação de teletrabalhadotes, incluindo autônomos, foi a MSF
(Walsh, 1993). A Central levantou 13 pontos:
6. Cada teletrabalhador deve ter o mesmo nível de remuneração e beneficios dos não-
teletrabalhadores da organização.
9. O acordo financeiro deve cobrir os cUstos extras do teletrabalho como luz, telefone, etc,
e também cobrir o valor apropriatlo de referente ao aluguel do local que o empregador
usufiui no domicílio do empregado.
10. Os empregadores devem ser responsáveis pela saúde e segurança dos teletrabalhadores,
e ter especialistas de saúde e segurança para dar conselhos, visitar regularmente e
monitorar sua segurança e saúde.
12. Os têletrabalhadores devem ter os mesmos direitos dos outros trabalhadores para se
sindicalizar, e devem ter acesso a seus representantes, incluindo o direito de se eleger.
Os sindicatos devem refletir sobre os serviços oferecidos aos teletrabalhadores,
incluindo acesso a fóruns eletrônicos e outros.
13. Um empregado que for transferidos da base convencional para o domicílio deve passar
um período de teste e deve ter o direito de retomar ao modelo antigo. Todos os
teletrabalhadores devem ter uma revisão anual dos acordos se quiserem.
Segundo esta Central, o teletrabalho pode ser uma oportunidade para que o teletrabalho a
domicílio seja uma fonte de liberdade. Mas podemos perceber claramente através das linhas
gerais que existe mesmo entre as centrais mais receptivas um grande receio de que o
teletrabalho tenda a ser uma forma de precarização das condições de trabalho,
Telecentros
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Te\ecentros
1. APRESENTAÇÃO
Os supervisores têm mais segurança quanto ao trabalho dos funcionários, caso não estejam
acostumados a gerenciar a distãncia. Além disso, questões de segurança também são mais
fáceis de serem trabalhadas. Neste sentido, a relação entre empregador/empregado não é
muito diferente da relação entre empresas: os clientes, assim como os empregadores,
sentem-se mais seguros com instalações "profissionais".
O trânsito seria reduzido bastante, pois os telecentros estariam localizados próximos aos
domicílios dos trabalhadores, diminuindo consideravelmente o tempo de locomoção.
3. CONCEITOS
1. Centro Satélite (satellite centers): são que instalações feitas por grandes organizações
para uso exclusivo de seus teletrabalhadores. A principal função é diminuir o trajeto no
para o trabalho, pois é localizado próximo ao domicílio dos seus funcionários.
Algumas empresas utilizam conceitos semelhantes, com instalações próprias próximas
de seus clientes.
4. Centros rurais de trabalho remoto (Rural remate work centers). O objetivo deste tipo
de centro é o desenvolvimento local, e não redução de trânsito e poluição, e agrega
diversos serviços necessários para este fim, como treinamento e instalações para
educação à distância. São tipicamente pequenas, embora haja exceções. É um conceito
próximo ao conceito de telecottage.
• Telecottage: centro pequeno, tipicamente localizado em uma área rural que provê
espaços de trabalho com telecomunicações avançadas de conexões de dados para uso da
população local. Treinamento para emprego, e estrutura para tele,serviços e outros
serviços são oferecidos freqüentemente. O conceito é similar ao centro rural americano.
Originados na Escandinávia em 1985
3.4. COMENTÁRIOS
Vários outros termos também podem ser encontrados na literatura e na mídia em geral:
escritórios instantâneos, escritórios de just-in-time, escritórios de conveniência, instalação
de trabalho remoto, instalações compartilhadas e outras combinações entre estes termos.
Novamente, é evidente que é esta diversidade de conceitos traz dificuldades para a
pesquisa, pois tomam os resultados nem sempre comparáveis.
Um dos principais trabalhos na área de Telecentros, foi feito por Bagley, Mannering e
Mokhtarian, em 1994. O relatório preparado para o Federal Highway Administration e para
o California Departmenl of Transportalion Office of Traffic lmprovement faz uma ampla
.Em retrospecto, os entrevistados disseram que preferiam ter investido menos tempo no
desenvolvimento da instalação e mais tempo nas tarefas críticas de rnarketing,
A falta de treinamento mais profundo não parece ter sido um problema para nenhum
telecentro, mas pode ser um fator a merecer maior atenção conforme o teletrabalho se
tome mais comum.
O zoneamento poderá trazer restrições para sua proximidade das residências. Se, por
outro lado, o objetivo é conseguir economias de escala rapidamente, deverá ter
instalações suficientes para atender urna clientela no raio de I O millias (22 kms), onde
as vias de acesso terão grande importância. A disponibilidade de restaurantes e serviços
públicos e lojas a urna distância que pode ser percorrida a pé do telecentro é importante
para o sucesso empresarial e ambiental do telecentro.
6. A gestão do telecentro deve ser feita por um responsável em período integral, que tem
como responsabilidades: manter os serviços e equipamentos do telecentro, monitorar a
operação, representar o telecentro perante a mídia e o público,apresentar o telecentro
aos potenciais clientes e administrar a área financeira. Além disso, o gestor poderá
prover serviços de segurança e_ ter um importante papel na sociabilidade do centro,
provendo contatos entre os teletrabalhadores. É recomendado que o gestor seja
amigável e prestativo, não necessariamente alguém para prestar suporte técnico para os
equipamentos.
8. Apesar de não ter sido reconhecido pelos entrevistados como urna preocupação, a
segurança dos dados é um aspecto importante do telecentro, mesmo se controlado por
um único empregador. Alguns telecentros pedem a aprovação dos atuais clientes para
aceitar novos clientes, e evitar constrangimentos entre concorrentes. Procedimentos
fisicos e digitais de segurança devem ser adotados.
10. Dois terços dos teletrabalhadores destes telecentros eram do sexo masculino. As
profissões eram variadas, sendo a maioria qualificada, como engenheiros,
programadores e administradores. O estudo sugere que profissões menos qualificadas
também são possíveis de serem exercidas nos telecentros.
11. O patamar de utilização das estações de trabalho é uma variável interessante para
monitoramento em um telecentro. Nos casos estudados, variavam de 13 a 90%, com
uma média de 34%. Este indice t!ão pode ser considerado individualmente, mas oferece
indícios para o estudo da viabilidade econômica e eficácia de transporte.
12. A redução do tráfego foi um dos objetivos de diversos telecentros, mas o impacto do
telecentro no trãnsito não foi mensurado em nenhum caso. O estudo tabulou dados
sobre a distância e o tempo de percursos dos teletrabalhadores antes e durante o .período
de uso do telecentro, concluindo que os dados suportam a hipótese de reduções
significativas no percurso e no tempo do individuo.
I. Em poucas palavras, os empregadores não querem pagar o custo do aluguel (ainda que
subsidiado) em um local exterior à sede da empresa em troca de beneficios que
consideram dificeis de quantificar, como o aumento na produtividade. A relação
custo/beneficio pode ser melhorada se o local de trabalho do teletrabalhador na sede for
totalmente eliminado com o uso em tempo integral do telecentro, ou em tempo parcial
4. Como o histórico dos telecentros é muito curto, pois são experiências recentes e o
modelo de negócios ainda não_ está provado, as empresas evitam utilizar os seus
serviços em partes vitais da empresa.
Os custos diretos, por outro lado, são pagos pelos empregadores. Se não for feita
nenhuma reforrnulação, os custos de espaço aumentam com a duplicldade de local de
trabalho. Os empregadores precisam arcar com os custos da reformulação e do
treinamento dos supervisores que vão coordenar os teletrabalhadores.
Outras pesquisas recentes sobre Telecentros são: Aichholzer ( 1996), Bertin et a/. (1996),
Büssing (1997), Sato (1998), Spinks (1998), Bõhm (1998), European Commission (1998)
e Shibata (1999).
5. TELECENTROS NO BRASIL
É bastante clara a ênfase nos telecentros públicos ou semi-públicos, como parte de wna
política pública de integração e desenvolvimento sócio-econômico. Assim, este .tipo de
iniciativa deve contar com a coordenação das diversas esferas de governo e instituições
públicas e privadas envolvidas, para que tenha sucesso, assim como qualquer política
pública.
O início das atividades dos .centros de negócios foi na década de 70 anos nos Estados
Unidos e Europa, o mas há registros de atividades similares já nos anos 60, porém, sem esta
denominação. No -Brasil, eles surgiram no fmal dos anos 80, principalmente em São Paulo.
Em meados de 95, com a grande demanda de pequenas empresas surgindo após as
reestruturações das frentes corporações, as chamadas "reeengenharias", instalaram-se nos
principais centros urbanos.
Em maio de 96, com sede em Porto Alegre, foi fundada a ANCN - Associação Nacional
dos Centros de Negócios, com suas diretorias nos demais centros de negócio que a
formaram.
Um dos termos mais utilizados para telecentros são escritórios virtuais centros de negócios.
O mesmo assim, em 1998, um levantamento da ANCN apontou que apenas 9% dos
gerentes de São Paulo têm informações sobre escritórios virtuais. A interpretação dos
conceitos de escritório virtual e centro de negócios é muito diversa. O termo "virtual" é
ainda muito ligado ao universo da informática e/ou a "coisas que não existem". A queda do
valor das empresas listadas na bolsa eletrônica Nasdaq, em 2000, e a falência de numerosas
empresas da chamada "nova economia", e que tinham como uma das palavras-chave o
"virtual" também não ajudam muito na fixação do conceito, embora pertençam a esferas
diferentes.
Há pouco no tempo atrás, algumas pessoas achavam que um site na Internet era um
"escritório virtual". Além disso, existe a confusão adicional entre os termos "escritório
virtual" e "organização virtual", já discutido nesta dissertação; e o fato de que "centro de
negócios" é parte do nome de uma quantidade significativa de edifícios de escritórios. Para
completar, não é um conceito intuitivo: para um leigo, centro de negócios pode ser uma
associação patronal ou uma Cãmara de Comércio. Podemos identificar quatro tipos
principais de telecentros e conceitos correlatos no Brasil:
2. Centros de negócios internacionais: Estes centros são utilizados por clientes de maior
poder econômico. Redes internacionais, como Ret,;us e HQ, estão expandindo
rapidamente suas atividades.
3. Escritórios Virtuais com lojas. Estes estabelecimentos são utilizados por escritórios
de urna determinada região e pequenos empreendedores. A franquia PostNet é o
principal exemplo, que combina a serviços de apoio a negócios e comunicação em uma
loja que oferece diversos produtos e serviços; como papelaria. A rigor, este tipo de
instalação não é um centro de teletrabalho, mas consideramos importante incorporá-los
para a análise da realidade brasileira.
4. Serviços de suporte. Estas instalações podem não ser classificadas como te!ecentros,
mas oferecem serviços que podem ser úteis nas necessidades do teletrabalhadores. Por
exemplo, a área reservada em hotéis para o trabalho de executivos, com máquina
copiadora, acesso á Internet, fato, fax é um bom exemplo (por coincidência, é chamado
de "business center").
I. Centro de negócios. São estruturas que oferecem; no mínimo: quatro salas executivas,
wna sala de reunião, para utilização em tempo parcial ou integral, e todos os tipos de
semços como domicilio empresarial, secretaria, office boy, telefonia, fax,
equipamentos, e outros.
2. Escritórios virtuais: estruturas que oferecem duas salas executivas, uma sala de
reunião para utilização apenas em tempo parcial e todos os tipos de serviços, como
domicílio empresarial, secretaria, office boy, telefonia, fax, equipamentos e outros.
6. ESTUDO EXPLORATÓRIO
6.1. AMOSTRA
A pesquisa foi feita na região metropolitana de São Paulo, com dois grupos distintos, que
foram entrevistados com dois roteiros distintos. O quadro abaixo mostra o perfil dos
entrevistados.
Sexo
. ------------------ .. ----- --- .... ----- ......... ---
Profissão
. --------- ....
Estado Civil
--------------- - --- ..... --·- ------ .. .[Idade
---~-
[
------- .--~--- ---------------
Master-franquiado de EV M Administrador Solteiro [32
----------------------------------------- .......... ------------··········-·-------- . .
······-----------------~-----------------------------
ESCRITÓRIOS VIRTUAIS
1. Dados Pessoais
Nome:
Idade:
Estado Civil:
Filhos? Idades?
Profissão:
2. Dados da Empresa
Nome:
Número de funcionários:
3. Histórico
6. Quais são os principais produtos e serviços utilizados atualmente? Na sua visão, quais
são os produtos e serviços fUturos?
7. Como você acha que os conceitos de escritório virtual e de centro de negócios são
vistos pelo mercado?
Conhecimento
Credibilidade
Principais mídias
Peridiocidade
13. Como você avalia o impacto das novas tecnologias de informação e comunicação na
sua vida pessoal e na sociedade?
Nome:
Idade:
Estado Civil:
Filhos? Idades?
Profissão:
Vida Profissional
1. Histórico·f'rofissional
Formação
Atividade(s) atual(is)
Vínculo trabalhista
Escritório Vutua/
Sugestões p/ o EV.
Teletrabalho
6. Relações ProfiSsionais
Como você avalia o impacto das novas tecnologias de informação e comunicação na sua
vida pessoal e na sociedade?
7. RESULTADOS
2. Marketing. Os CNs de maior porte utilizam a mídia local e os EVs focam a vizinhança,
mas nenhum deles tem condições de fazer uma promoção muito intensa. Os serviços
oferecidos por EVs para o público em geral, como cópias, entregas, postagem
internacional e papelaria ajudam a alcançar um· público potencial dos serviços de EV,
mas esta estratégia não pode ser utilizada por CNs, pois seus clientes não usaiian1 um
local que aparenta. ser uma loja.
3. Local, qualidade e gestão. Em alguns casos, a demanda projetada era maior que a real,
e as instalações foram diminuídas. Em outros casos, as instalações foram crescendo aos
poucos. A maior parte dos serviços é tercerizada, e a segurança fisica e digital não
mostrou ser uma das principais preocupações dos gerentes nem dos clientes.
7.2. TELETRABALHADORES
• Privacidade, e
• Diminuição de custos.
Algumas empresas utilizaram o telecentro como suporte para a instalação de uma filial no
Brasil, e mudaram assim que a instalação definitiva ficava pronta. Algumas destas
organizações continuam a utilizar o telecentro para eventuais serviços tercerizados e
locação de salas para reunião.
2. Foco no negócio. Uma das vantagens identificadas, embora nem sempre citada
explicitamente pelos teletrabalhadores, é o tempo economizado por não precisar mais
de administrar a manutenção dos equipamentos, material de escritório, eventuais
ausências de funcionários, etc. Na verdade, esta vantagem é mais perceptível para
aqueles que diminuíram suas estruturas e/ou já tiveram um escritório tradicionaL Para
aqueles que migraram da base domiciliar para o uso do telecentro, este item não é
necessariamente perceptível.
como custo fixo podem ser mais baixos. Muitas vezes, porém, a divisão dos custos de
um escritório tradicional entre empresas e/ou profissionais liberais e tem um custo mais
baixo que o do telecentro. Este tipo de iniciativa é muito comum, e pode ser encontrada
entre médicos, por exemplo. O telecentro pode ser muito útil como base inicial e
provisória para empresas que estejam em processo de preparação das instalações
defmitivas, permitindo o início imediato de atividades.
Nickell sugere que o Estado construa os centros de teletrabalho e depois os privatize. Esta
proposta parece pouco viável no Brasil, dada a baixa capacidade investimento dos governos
federal, estadual e municipal. Mas é possível imaginar parcerias com a iniciativa privada
e/ou incentivos fiscais para a construção de instalações de apoio ao teletrabalho, com
acesso à Internet e outros recursos.
Muitas variáveis influem na adoção de telecentros nos próximos anos. Um dos fatores
importantes é a necessidade de suporte administrativo e tecnológico que pode ser oferecido
pelos telecentros pode ter um custo/beneficio melhor que a locação ou compra individual.
Este fator interfere em duas variáveis: a adoção do telecentro pelos teletrabalhadores e a
estrutura de investimentos e receitas do telecentro.
Reflexões
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Reflexões
Medição por Tis. Alguns pontos foram discutidos no contexto, e não iremos abordar nesta
parte. Cabe notar, no entanto a necessidade de absorver o conhecimento produzido por
outras áreas, como a comunicação mediada por computadores (CMC).
2. QUESTÕES ESPAÇO-TEMPORAIS
Jean-François Chanlat coordenou wna série marcante sobre as dimensões esquecidas nas
organizações, "da linguagem ao espaço, passando pelo universo simbólico, o tempo, a vida
psíquica, a alteridade, a psicopatologia". A questão espaço-temporal foi abordada em cinco
artigos: Hassard (1991), Fischer (1993), Chanlat (1996) , Gasparini (1996), Kamdem
( 1996). Destes, destacaremos o trabalho de Hassard.
Hassard (1991) analisa o conceito do tempo, e constrói wn quadro referencial que opõe
dois tipos ideais: o paradigma linear quantitativo e o paradigma cíclico qualitativo. Na
cultura industrial, o paradigma dominante é o primeiro, que
O autor chama a atenção para o estudo de Mwnford ( 1934 ), para quem o relógio é o
símbolo do início da era industrial, representando as possibilidades de sincronização e alto
nível de especialização funcional, e não a máquina a vapor. Este ponto é interessante, pois
transfere o foco de análise dos impactos da tecnologia para os impactos da organização do
trabalho. Neste sentido, vale refletir sobre outro ponto abordado pelo autor:
Antes da revolução industrial, como já foi mencionado, o trabalho a domicilio era feito por
trabalhadores que detinham os méios de produção e trabalhavam com seus próprios
métodos, incluindo o uso do tempo. O teletrabalho pode levar o trabalhador e o trabalho
para muitos lugares, inclusive de yolta ao domicílio.
Hassard chama a atenção, porém, de que a sociologia industrial tende a ignorar que muitos
sistemas não funcionam no ritmo das máquinas, no paradigma linear-quantitativo; e cita
como exemplos a venda, o marketing, o desenvolvimento de produtos, as profissões
liberais e os serviços de emergência. Segundo o autor, "para alcançar uma visão mais
global, devemos recorrer a paràdigmas inte-rpretativos baseados no. humanismo radical, ao
invés de paradigmas funcionalistas e baseados num estruturalismo radical."
.
Tabela XXIII: Dois Paradigmas do Tempo de Trabalho (Hassard)
Paradigma linear- quantitativo Paradigma cíclico-qualitativo
- Realismo - Nominalista
- Determinismo - Voluntarismo
- Linearidade - Circularidade
- Homogeneidade - Heterogeneidade
- Nomológico - Ideográfico
- Quantidade - Qualidade
O caráter rítmico da vida social já foi estudado por diversos autores, desde o fmal do século
XIX. Hassard observa que,
Esta observação é muito importante para o teletrabalho. Não é por acaso que todos os livros
prescritivos do tema recomendam que os teletrabalhadores reforcem seus contatos sociais
presenciais, com colegas de trabalho, clientes, fornecedores e outros profissionais. Outra
recomendação recorrente é de criar suas próprias regras e rotinas de modo a cumpri-las,
complementar à recomendação aos gerentes de colocar em regime de teletrabalho apenas
aqueles que sejam "disciplinados e organizados".
2.1. PORTER
3. QUESTÕES ORGANIZACIONAIS
propósito comum". Baseado neste conceito, o autor traça três funções executivas
essenciais: prover o sistema de comunicação, promover a garantia de esforços essenciais e
formular e definir propósito.
Com as novas formas de organização e de trabalho, novos desafios são colocados para a
gestão do conhecimento. Como o conhecimento tácito pode ser afetado com a alternância e
com o caráter temporário das relações entre as empresas e os indivíduos, as empresas entre
si e os indivíduos entre si? Como a diminuição do contato direto (não-mediado por
tecnologia de infonnação) pode afetar a transformação do conhecimento tácito em explícito
e vice-versa? A primeira impressão é que o teletrabalho e as Tis podem ser muito eficientes
na combinação, mas quais são seus efeitos na socialização, extemalização e intemalização?
É interessante notar que Toffler (I 980) também previa uma diferenciação entre os dois
tipos: Tal como os trabalhadores de escritório de 'baixa abstração', que em sua maioria
executam tarefas - entrada de dados, datilografia, recuperação, totalização de colunas de
números, preparação de faturas, etc - que exigem poucas transações diretas face-a-face, se
acaso precisarem de alguma. Eles talvez fossem os de transferência mais fácil para a
'cabana eletrônica'. Muitos dos trabalhadores de 'ultra-alta-abstração' pesquisadores, por
Luiz Oj ima Sakuda 107
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Reflexões
4. QUESTÕES PSICOSSOCIAIS
Diversas questões psicossociais são levantadas pelo teletrabalho. Muitas foram bastante
discutidas pela literatura de trabalho a domicílio, como o conflito entre os diferentes papéis
sociais que normalmente são expressos em locais diferentes, como o que pai e profissional,
por exemplo, e que são obrigados a conviver no mesmo espaço. Outras foram discutidas
pela literatura de impactos do uso intensivo de TI pelos indivíduos. A questão do
isolamento e da socialização é um dos temas relevantes comuns que poderia se beneficiar
das duas tradições.
Celso Lafer ( 1995), no pósfacio do livro A Condição Humana, da Hannah Arendt, reflete
sobre o tema, abordado pela autora no seu livro anterior, As Origens do Totalitarismo:
Conforme vimos no panorama, existe uma tradição que identifica na sociedade emergente o
aumento do controle social através das Tis. Uma questão que pode ser .colocada é se o
teletrabalho pode ou não provocar o desenraizamento, ou transforma as relações sociais,
retirando importância do fator territorial, sem provocar isolamento. Lafer considera que as
questões do isolamento e do desenraizamento são tratadas nos dois livros.
No livro A Condição Humana (Arendt, 1993), a autora designa com a expressão "vida
ativa" três atividades humanas fundamentais: labor, trabalho e ação.
Dependendo de como for conduzido, o teletrabalho pode distanciar o homem da vida ativa
ampla, de modo a concentrá-lo apenas no Labor.
Os três modos de vida restantes tém em comum o fato de se ocupar com o belo,
isto é, das coisas que não eram necessárias nem meramente úteis: a vida voltada
aos prazeres do corpo, na qual o belo é consumido tal como é dado; a vida
dedicada aos assuntos da pólis, na qual excelência produz belos feitos; e a vida
do filósofo, dedicada à investigação e a contemplação das coisas eternas, cuja
beleza perene não pode ser causada pela interferência produtiva do homem nem
alterada através do consumo humano.
[... )Nem o labor, nem o trabalho eram tidos como suficientemente dignos como
bios, um modo de vida autônomo e autenticamente humano; urna vez que
serviam e produziam o que era necessário e útil, não podiam ser livres e
independentes das necessidades e privações humanas.
Para complementar a questão, vale colocar a reflexão de Schaff (1995) quando aborda a
questão do sentido do trabalho:
Uma das caracteristicas possíveis da nova sociedade em formação é que o número de horas
de não-trabalho aumente e até ultrapasse o número de horas de trabalho. É difícil acreditar
em um cenário onde os homens sejam totalmente "libertos" do trabalho pelas máquinas,
mas é razoável imaginar que a diminuição da jornada de trabalho continue até esta
ultrapassagem. Neste caso, a discussão sobre o significado do trabalho na vida dos
individuas e na sociedade aumenta de importância. Neste sentido, colocamos um esboço
para um estudo sobre significado do trabalho no anexo YY.
Estas duas abordagens têm conseqüências diferentes. O paradigma positivista tende a ser
adotado em pesquisas quantitativas, e o fenomenológico em pesquisa qualitativa. Neste
momento, acreditamos que a ênfase deve ser na integração do conhecimento de outros
campos com o teletrabalho. Novos estudos exploratórios são necessários para o
levantamento de pressupostos e hipóteses. E, fmalmente, pesquisas qualitativas e
quantitativas precisam ser feitas para analisar os pressupostos colocados no inicio deste
Luiz Ojima Sakuda 111
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Reflexões
ABREU, Alice Rangel de Paiva, SORJ, Bila (1993) "Trabalho a domicilio nas sociedades
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1.3. OUTROS
Telecommuting 96
Com a finalidade de melhor esclarecer as dúvidas sobre teletrabalho, Mello (2000) traduziu algumas
das perguntas mais freqüentes respondidas por Gil Gordon. As questões estão divididas em 7 áreas:
C. Gerentes e o Gerenciamento
D. Colegas e Clientes
F. Tecnologia
• Há uma série de soluções em termos de "hardware" e "software" para manter a segurança dos
materiais e informações da empresa que estão sendo trabalhados à distância. Elas não são
totalmente seguras, pois nada é seguro. Contudo, são barreiras razoáveis e prudentes aos
acessos não permitidos.
• Se você selecionar as pessoas certas para serem teletrabalhadores e (se necessário) fornecer a
elas um arquivo de pastas com chave para sua casa, orientá-las sobre suas responsabilidades em
manter as informações confidenciais e protegidas, você montou um razoável esquema de
segurança.
• Existem algumas tarefas (todavia, menos do que a ma10na dos gerentes imagina) que,
provavelmente, não devem ser executadas á distância, não importando quantas medidas
preventivas sejam adotadas. Mesmo que você possua um esquema de segurança funcionando, a
cúpula da empresa pode simplesmente não se sentir segura em ter o trabalho realizado longe
do escritório central. Se este for o caso, então é geralmente melhor executar as tarefas dentro da
própria empresa.
chamá-lo, pois o conceito latente é o mesmo: descentralizar o escritório e utilizar formas diferentes
para levar o trabalho aos funcionários. Não fàz muita diferença como você o chama - desde que o
pratique adequadamente.
Não necessariamente. Há muitas formas para que os membros da equipe trabalhem juntos sem estarem
juntos. Além disso, a maioria das equipes tem algum trabalho que seja de colaboração pela sua própria
natureza mas, pelo menos, grande parte dele é feito individualmente. A solução para utilizar o
teletrabalho num ambiente de equipe, é organizar o trabalho de forma tal, que boa parte da atividade
individual seja reservada para os dias de teletrabalho, enquanto que a colaboração ocorre quando todos
estão no escritório. Isto pode significar, por exemplo, que a equipe decida ter todos os seus membros
no escritório na 3" feira ou 6' feira para assegurar que haja tempo suficiente para que trabalhem juntos.
Mesmo quando os membros da equipe estejam praticando o teletrabalho, ainda assim é possível
colaborar à distância, através de telefonemas individuais, conferências telefõnicas, e-mail, "groupware"
e fax - cinco ferramentas que podem ser utilizadas.
Por último, tenha em mente que o trabalho em equipe é muito bom até um certo ponto - quando o
trabalho precisa ser feito em equipe, há o risco de que as tarefas levarão mais tempo e o que deve ser
responsabilidade de uma pessoa pode prejudicar o desempenho dos outros membros da equipe.
Quando alguns dos membros da equipe estão praticando o teletrabalho, podem ajudar a equipe a
focalizar suas tarefas c decidir quais realmente são adequadas à discussão e ao trabalho da equipe - e
quais devem realmente ser feitas individualmente em casa.
(5) Nos Estados Unidos não está em desuso a lei federal sobre teletrabalho e o "carpooling" 1?
Por que ainda se discute esta questão como motivo para as empresas implantarem o
tcletrabalho?
Em 23 de dezembro de 1995, o Presidente Clinton assinou uma lei que mudou dramaticamente os
termos das emendas de 1990 à Lei do Ar Limpo, ("Ciean Air Act"),que eram responsáveis por obrigar
a empresa a realizar progran1as de redução do "Commuting" de carro. Contrário ao que muitas pessoas
acreditam, jamais houve qualquer item na lei que exigisse o teletrabalho - foi apenas uma forma
recomendada de satisfazer as metas para reduzir as idas e vindas ao trabalho.
A nova lei reduz o número de idas e vindas do "commuter" de carro em áreas extremamente poluídas
de forma voluntária e não obrigatória. Assim sendo, grande parte da pressão no nível federal foi
eliminada, mas as normas regionais ou estaduais bem podem estar em vigor. Sem dúvida, o
teletrabalho ainda é uma ótima forma de retirar os carros da rua e poluição dos pulmões - mas os
motivos mais convincentes para as empresas têm pouco a ver com as leis, e, tudo a ver com economizar
dinheiro, melhorar a eficácia dos funcionários, reduzir as necessidades de espaço na empresa, ampliar o
horário de atendimento ao cliente e recrutar e reter funcionários talentosos.
(6) Deve-se exigir dos funcionários que comprem seu próprio equipamento?
1
Grupo de pessoas que viajam juntas principalmente para o trabalho ou escola, normalmente utilizando o carro
de um membro diferente em cada dia. No Brasil, este programa é conhecido como Transporte solidário
Luiz Ojima Sakuda 132
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Anexos
Geralmente, as empresas que suprem os teletrabalhador com equipamento e outros itens são vistos
como fornecedoras dos recursos para desempenho do seu trabalho, como sempre acontece na empresa.
Em alguns casos, solicitou-se - ou até exigiu-se - aos funcionários que comprassem seu próprio
computador pessoal, como uma condição de participar no teletrabalho. Isto pode causar dificuldades
concretas para alguns funcionários. Se o orçamento da empresa para a aquisição dos equipamentos é
limitado, tem-se as seguintes alternativas:
• Os funcionários que já possuem seu próprio computador pessoal em casa e estão dispostos a
utilizá-lo;
• A aquisição para os funcionários, (com desconto na folha de pagamento como forma de redução
de custos). Tenha em mente que, em alguns casos, é melhor levar o computador pessoal que
está na mesa do funcionário da empresa para casa dele, pois é aí onde poderia ser melhor
utilizado, para beneficio mútuo.
(7) Parece que o teletrabalho é limitado às grandes empresas- isto é verdade?
Realmente, é o oposto. Ainda que se divulgue que o teletrabalho se encontra nas empresas classificadas
na "Fortune 500", a maioria da atividade do teletrabalho ocorre nas pequenas empresas. Boa parte do
emprego nos Estados Unidos e em muitos outros países está nas pequenas empresas e não está
necessariamente concentrado nas organizações de grande porte. As pequenas empresas podem adotar
inovações mais rapidamente, estão freqüentemente sob pressão para reduzir custos ou reter pessoal-
chave e não têm que lutar com volumosos manuais de políticas e infindáveis reuniões de comitês, antes
de fazer mudanças para introduzir o teletrabalho.
(8) Nos Estados Unidos o teletrabalho ainda está sendo utilizado principalmente para reduzir o
congestionamento do tráfego?
De modo algum. De fato, isto tornou-se um beneficio secundário - embora ainda seja muito
importante. Não há dúvida de que o teletrabalho reduz a quantidade de carros na rua e diminui a
poluição do ar, mas não é o motivo principal pelo qual os funcionários o utilizam2 • Gil Gordon sustenta
que empresas modernas, ao compreender os verdadeiros beneficios organizacionais do teletrabalho, o
utilizarão porque faz sentido para elas - e neste caso, ajudará a retirar os carros das ruas e estradas
congestionadas.
(9) Qual é o número certo de dias por semana para utilizar o teletrabalho?
Não há um número 'certo' de dias. Normalmente, parece funcionar melhor quando varia numa faixa de
um a três dias por semana, em média. Em alguns casos, poderiam ser mais dias, mas existem problemas
potenciais quando se faz em quatro ou cinco dias por semana, pois toma-se difícil continuar a se sentir
como funcionário da empresa, participar de reuniões nas quais se precisa comparecer, e complicar a
logistica de levar e trazer trabalho do escritório para casa.
2
Em São Paulo, em 1997, foi iniciada a Operação Rodízio 97 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que
tem como objetivo reduzir o número de carros nas ruas para melhorar a qualidade do ar considerada uma das
cidades mais poluídas e congestionadas do mundo. Atualmente a Prefeitura da Cidade de São Paulo, adota o
rodízio, que funciona alternadamente com o rodízio implantado pelo Governo do Estado, e, que busca alcançar
os mesmos objetivos.
Luiz Ojima Sakuda 133
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Anexos
(10) Contudo, o que acontece se o trabalho varia muito de semana para semana ?
Neste caso, pode-se pensar melhor sobre o número de dias do teletrabalho por mês e não por semana.
Numa certa semana, pode-se executar o teletrabalho em um dia, ou mesmo nenhum dia e na outra,
trabalhar quatro dias. O segredo é trabalhar onde se trabalha melhor, .em qualquer dia, dependendo de
sua carga de trabalho e de suas preferências. Uma média mensal de oito ou doze dias significa dois ou
três dias por semana, mas, pensar em termos do mês inteiro dá ás pessoas muito mais flexibilidade.
(11) Não há grandes riscos de responsabilidade para a empresa?
Não necessariamente. Por exemplo, há um temor freqüente pelo aumento de responsabilidade do
funcionário, mas, com a devida combinação de treinamento, prevenção e inspeção, estes riscos são
enormemente minimizados e podem ser facilmente gerenciados. Da mesma forma, as preocupações
com roubo do equipamento de casa são exageradas e com algumas precauções, este risco também pode
ser minllnizado.
(12) Os teletrabalhadores não chegam a um 'beco sem saída' em suas carreiras?
Ao mesmo tempo em que as pessoas acreditrup que isto é verdade, não há evidências que comprovem
esta preocupação delas ficarem "por fora", porque não estão no ambiente de trabalho. Uma vez que
os teletrabalhadores ainda continuam indo ao escritório normalmente, eles não desaparecem. Além
disso, o treinamento tanto para teletrabalhadores quanto para os gerentes, deve incluir sugestões sobre
gerenciamento de carreira à distância. Neste sentido a maioria dos gerentes dos Teletrabalhadores é
freqüentemente mais passível de promoção, isto porque a experiência de trabalhar á distância, ajuda a
demonstrar sua capacidade de ter mais responsabilidade.
Ao mesmo tempo em que existem fontes com 'fatos comprobatórios', acredito que muitos deles estão
realmente sujeitos á interpretação duvidosa. Além disso, a qualidade das pesquisas ou outros métodos
de avaliação são algumas vezes, questionáveis.
Mais importante, quando a direção da Empresa não aceita tais fatos, não faz nenhuma diferença mesmo
que eles sejam obtidos. O fato de que o trabalho em regime de tempo parcial - que seguramente não é
novo, radical ou não comprovado - não é um recurso mais aceito de que o teletrabalho provavelmente
este não 'terá nenhuma chance'. Mesmo que se apresentassem fatos favoráveis, eles encontrariam
outras maneiras de se opor ao teletrabalho.
O problema latente é, provavelmente, alguma coisa que tem a ver com o medo da perda de controle e
desconfiança dos funcionários por parte dos gerentes.
• Procure obter a aprovação para que uma ou duas pessoas utilizem o teletrabalho somente uma
vez por semana durante um mês. Caso não se possa comprovar esta experiência piloto, então
nem todos os fatos do mundo fariam a menor diferença.
(15) E quanto aos grandes ganhos com a produtividade dos Teletrabalhadores- isto é verdade?
Sim e não. Antes de mais nada, deve-se lembrar que o conceito de produtividade é um termo da era
industrial que compara o "output" com o "input"; quando o "outputn aumenta por unidade de "input",
isto é um aumento de produtividade. Contudo, tal conceito é lamentavelmente inadequado quando
aplicado á maioria das atividades realizadas nos escritórios; não há o mesmo tipo de relacionamento de
"input"-"output" para pessoal administrativo.
Isto significa que, se as pessoas são realmente coerentes, não têm idéia do que realmente significa
produtividade administrativa, na maioria dos_ casos. Entretanto, ainda se continua a empregar este
termo. Freqüentemente, a palavra produtividade tem sido empregada como um dos recursos para
avaliar o teletrabalho e, por isso se vê com certa freqüência referências aos ganhos de produtividade
obtidos pelos teletrabalhadores numa variação de 15 a 25%.
Enquanto que se acredita firmemente que os programas de teletrabalho bem gerenciados em virtude de
vários motivos que realmente conduzem a maior "output" do trabalho - sabe-se que é importante
evitar não utilizá-la como medida de avaliação. Por outro lado, é preferível çrnpregar o termo 'eficácia'
- que já inclui em seu significado todos os aspectos inerentes a atividade do pessoal de escritório pois,
além de verificar a quantidade do trabalho executado, leva em conta também, qualidade, habilidade em
administrar vários projetos e prioridades, assim como ter as informações em tempo bábil.
Essas quatro medidas são usadas para medir a eficácia de um Programa de Teletrabalho. Realmente um
teletrabalho bem gerenciado deve ficar, na pior das hipóteses, no ponto de equilíbrio, ou seja, os
teletrabalhadores devem executar a mesma quantidade de trabalho, pelo menos, tão bem quanto
realizavam na empresa. Em quase todos os casos verificados, entretanto, seus resultados são
significativamente melhores.
O fator crucial 'produtividade', é um termo conveniente e bastante usado mas, na realidade, não
descreve o que a maioria do pessoal do escritório faz, não importa onde estejam trabalhando. Verifica-
se em vários casos, que os teletrabalhadores estão trabalhando mais e executando um trabalho mellior,
estão cumprindo seus prazos de forma melhor e são mais capazes de decidir sobre múltiplas prioridades
e prazos finais. Chame isto de produtividade, eficácia ou qualquer outra coisa, o que importa são os
resultados.
(I) "Sou um gerente que está considerando a possibilidade de oferecer teletrabalho ao meu
departamento e conheço suficientemente bem meu pessoal para saber quem terá sucesso como
um teletrabalhador. Posso somente selecionar as pessoas que desejo e dizer às demais que elas
simplesmente não se qualificam"?
Ao mesmo tempo que este parece ser um enfoque mais $imples, algumas vezes, pode provocar mais
problemas do que soluções. Os gerentes, freqüentemente, sabem quais seriam os melhores
teletrabalhadores com base nos seus históricos na empresa. Contudo, se você, pelo menos, não tornar
ciente a todo o departamento esta opção - lembrando-lhes que somente sua disposição para praticar o
Teletrabalho não é suficiente para motivá-los - você se arrisca a ter muitos maus momentos.
Os funcionários desejam ter opções ou, pelo menos, em geral conhecer quais alternativas são viáveis
mesmo que não se possa obter o que deseja. Além disso, existem muitos outros fatores no que diz
respeito a ser um bom teletrabalhador, além dos hábitos de trabalho e talentos a partir de uma visão do
gerente. Preferência pessoal, adequação da casa como um local de trabalho e as situações de cuidado
com os dependentes são apenas algumas questões que os teletrabalhadores potenciais precisam levar
em conta.
(2) Durante quanto tempo as pessoas praticam o teletrabalho? É um acordo 'para sempre'?
Há notadamente poucos dados disponíveis sobre esta pergunta. Parece que o tempo médio de um
esquema no regime de teletrabalho é entre seis a dezoito meses; após este tempo, alguma coisa
geralmente acontece para levar a pessoa de volta ao escritório. Entretanto, existem muitos
teletrabalhadores que já estão neste programa- há anos e provavelmente , espera-se que continuem no
esquema. Outros praticarão o teletrabalho esporadicamente - trabalhando em casa durante alguns dias
por semana em um determinado período de tempo, voltando ao escritório para tempo integral, e depois,
voltando ao teletrabalho. A solução é lembrar que o melhor teletrabalho é o teletrabalho flexível - no
qual se permite e se estimula que as pessoas trabalhem melhor em seu estilo pessoal, a realizar suas
tarefas e as preferéncias do gerente.
Geralmente, gerentes e supervisores têm sido capazes de trabalhar em casa de vez em quando, na
medida que se faz necessário - por exemplo, para terminar um orçamento, para escrever wn grande
relatório ou trabalhar em algum outro tipo de tarefa que se beneficia do silêncio e de poucas
interrupções. Este tipo de teletrabalho específico dos gerentes é provável que continue e eles serão
capazes de utilizar em casa a mesma tecnologia que os membros do seu quadro de funcionários
utilizarão. Contudo, as tarefas da maioria dos gerentes são muito imprevisíveis para permitir o
teletrabalho regular de diversos dias por semana que seus funcionários poderão praticar.
Provavelmente, isso irá mudar mas, por enquanto, o teletrabalho para gerentes é, em grande parte, uma
exceção.
(4) "Se meu gerente pratica o teletrabalho, ele, com maior probabilidade, permitirá que eu
também o pratique?"
Algumas organizações realmente começam suas experiências em teletrabalho com os gerentes, para
lhes dar a sensação de como é, de modo que possam, posteriormente, gerenciar os teletrabalhadores
melhor. Além disso, você pode sugerir ao seu gerente que pelos mesmos motivos que ele passa o dia
em casa trabalhando (para escapar às interrupções e distrações do escritório) você também deseja fazer
o mesmo.
Imagine como o teletrabalho pode ajudar seu gerente e sua organização. Por exemplo, ajudará as
pessoas a executar mais trabalho e melhor, ajudará a reduzir a necessidade de espaço do escritório,
ajudará a atrair e reter pessoal de melhor qualidade, etc. Você deve 'vender' os beneficios e mostrar
como o teletrabalho pode ajudar a solucionar problemas.
Além disso, faça um teste bem modesto - pergunte se você pode trabalhar um dia por semana em casa,
durante um mês. Este é wn comprometimento de somente quatro dias - não é wn grande risco para
ninguém mas, freqüentemente, é o suficiente para você começar a superar a resistência inicial.
(6) Como você decide quais são as melhores tarefas para o teletrabalho?
Depende de uma combinação da natureza das tarefas envolvidas e a tecnologia utilizada. Tarefas que
são baseadas em infonnações com uma quantidade mínima de contato pessoal imprevisível, são
consideradas com boas perspectivas. Além disso, procure por tarefas que sejam fisicamente portáteis -
ou seja, se o teletrabalhador precisa executar a tarefa que pode ser levada para casa numa pasta ou
caixa ou pode ser acessada pela linha do telefone.
(7) Quais são as características de um bom teletrabalhador?
Bons funcionários se tornam bons teletrabalhadores. Qualquer pessoa cujo desempenho é medíocre na
empresa, provavelmente não será diferente trabalhando à distància. Procure pessoas que já tenham
demonstrado habilidade em gerenciar bem seu tempo e suas tarefas, solucionam muitos dos seus
próprios problemas e encontram satisfação em concluir seu trabalho sozinho com o mínimo de
supervisão direta.
(8) Por que não podemos deixar que as próprias pessoas decidam se serão ou não
teletrabalhadores?
É, sem dúvida, importante aos funcionários que querem executar o teletrabalho e, é uma má idéia,
forçá-los a praticá-lo. Porém, desejar ser adequado e capaz para fazer são duas coisas diferentes. O
melhor enfoque é identificar seus critérios mínimos de seleção e, então, estimular os potenciais
teletrabalhadores para que se infonnem mais sobre as vantagens e desvantagens do teletrabalho.
O objetivo deve ser dar a eles os fatos de que precisam para tomar uma decisão fundamentada, ao
invés de se precipitar nesta área pelo fato de serem atraídos pela idéia de evitar o "commuting"
trabalhar com roupas formais ou, desfrutar de algwna flexibilidade do teletrabalho. Estes são motivos
importantes para quem deseja executar o teletrabalho, mas não deve ser a base da decisão.
(9) Um funcionário de\'e estar no emprego a algum tempo antes de iniciar o teletrabalho?
Em geral, faz sentido ter algwn tempo mínimo na organização e no cargo que ocupa. O tempo no
emprego é importante, para que as pessoas possam vivenciar o que acontece, quem faz o que, e, qual é
a cultura da organização, e como conseqüência ser capaz de trabalhar mais independentemente,
quando está longe do escritório da empresa. O funcionário novo no emprego provavelmente precisará
de contato freqüente com o gerente e colegas - e poderia ficar frustrado, estando longe do escritório
muito tempo.
(I) "Prometi a mim mesmo que iria começar o teletrabalho- de qualquer jeito. Quais são as
sugestões para convencer meu gerente a me deixar começar?"
• Você pode executar um trabalho com melhor qualidade, ao praticar o teletrabalho ou mais
provavelmente cumprindo prazos finais rigidos? Enfatize tais beneficios para seu gerente que,
como a maioria, está lutando atualmente para 'fazer com :menos'.
• Faça sua tarefa de casa e mostre alguns exemplos de outros funcionários que estão praticando
com sucesso o teletrabalho em sua organização (sim, eles existem mesmo que não seja
formalizado). Comente sobre eles e o estimule a falar com o gerente dos teletrabalhadores para
obter alguns "insights" sobre os seus resultados. Seu gerente poderia ficar mais receptivo para
aquilo que outro gerente tem para dizer.
• Faça com que seu gerente te permita, praticar o teletrabalho um dia por semana durante um
mês - esta experiência de quatro dias não é um risco ·grande.
(2) Como a empresa lida com o fato de que algumas pessoas podem executar o teletrabalho e
outras não?
Primeiro, esclareça que o teletrabalho não é nada mais do que uma designação diferente de tarefa e não
uma prerrogativa ou beneficio. A solução é evitar a percepção de que os funcionários têm o direito ao
teletrabalho. Além disso, muitas empresas descobriram que oferecer unJa variedade de opções de
trabalho é uma forma efetiva para evitar tais problemas. Aqueles que não podem executar o
teletrabalho poderiam ser capazes de compartilhar tarefas, ou trabalhar em algum outro tipo de
programa alternativo ou esquema funcional.
(3) "Sou um gerente que está interessado na idéia do teletrabalho, mas não me sinto muito à
vontade para tentar gerenciar à distância. 'O que posso fazer?"
Pense sobre os motivos deste seu incômodo. Na maioria dos casos, é porque você está preocupado com
o fato de que ó teletrabalho poderia funcionar para alguns funcionários, mas não para outros ou que
você não se sente seguro sobre como saberá o que as pessoas estão fazendo quando estão trabalhando
longe da empresa. Leve em consideração que o teletrabalho não é para todos e, certamente, não é para
seus funcionários que não estão satisfazendo as expectativas da empresa.
Quanto ao fato de gerenciar à distância, não é realmente diferente de gerenciar no escritório. Bons
gerentes estabelecem metas, monitoram o resultados, dão "feedback" e coordenam todas as demais
tarefas gerenciais básicas aos funcionários, não importando onde trabalham.
Um beneficio complementar dos gerentes dos teletrabalhadores é que, freqüentemente, descobrem que
têm mais tempo para sua própria função, agora que eles estão dispondo de menos tempo na supervisão
direta dos teletrabalhadores. Esta é uma grande vantagem nas modernas organizações que têm
estruturas horizontais e enxutas.
(4) "Meu chefe está me pressionando para que permita que parte de meu pessoal pratique o
teletrabalho, mas eu realmente não gosto da idéià. O que devo fazer?"
Depende do motivo pelo qual seu chefe deseja que você faça isto - e também porque você está
relutante. De um modo geral, os gerentes não devem ser forçados a adotar o teletraballio mais do que
devem ser seus ftmcionários. Contudo, algumas vezes, os gerentes de niveis mais altos estão ansiosos
em experimentar o conceito ou têm motivos para tentá-lo, os quais ainda não foram discutidos.
A melhor solução é lidar do mesmo modo que você lidaria com qualquer outro acerto com seu chefe:
tentar entrar numa discussão sobre porque o teletraballio está sendo sugerido, como o chefe acha que
poderia funcionar e quais são suas próprias preocupações sobre ele. Reconheça que seu chefe poderia
ter alguns bons motivos que poderiam mudar seu ponto de vista e, talvez, você tenha alguns motivos
pelos quais seu chefe deveria voltar atrás. Algmnas vezes, entretanto, o fato é que você irá ter que
experimentar somente porque assim seu chefe deseja. Neste caso, dê o mellior para ter as melliores
chances de sucesso - você ficará surpreso com os bons resultados do programa.
(5) Como o teletraballio afeta o processo de avaliação de desempenho?
Os gerentes realmente não devem ter nada a fazer de muito diferente ao realizarem avaliações dos
teletrabalhadores. A avaliação deveria fazer comparação entre o estimado e o realizado. O que se leva
em conta é o resultado ou o cumprimento do prazo - não o número de horas que a pessoa passou no
escritório.
Algumas vezes, os gerentes de teletrabalhadores poderiam achar que seu pessoal descobriu formas
novas e mais eficientes de executar a tarefa. Se este é o caso, assegure-se de não punir seus
teletrabalhadores por serem criativos - contanto que eles cumpram as metas pré-estabelecidas.
(6) O que devo fazer com um teletrabalhador cujo desempenho está deficiente?
Lide com tal pessoa exatamente da mesma forma como lidaria com qualquer outra cujo desempenho é
deficiente. Tente analisar o que está provocando o problema, discuta-o abertamente com o funcionário
e envolva-o na sua solução. Mais importante - esclareça que o desempenho do teletraballw dependerá
do nível de performance pré-estabelecido.
Enquanto que a maioria as empresas possui políticas e acordos de teletrabalho que proporcionam ao
gerente o direito de trazer a pessoa de volta ao escritório se o desempenho cai, este deve ser seu último
recurso, não o primeiro. Gerencie este problema de desempenho de forma igual ao que faria com o
funcionário de tempo integral na empresa.
Esta é uma versão atualizada do antigo problema de "moonlighting"3 - realmente, alguém já se referiu
a ele como "sunlighting", porque ocorre durante o dia.
Sua resposta a esta questão precisa ser adequadamente ponderada e você poderia desejar consultar seu
departamento de Recursos Humanos para obter auxilio. Primeiro, pergunte-se qual a evidência ou
indicação você tem de que o problema existe; se você não estiver convencido e não possui nenhuma
prova, poderia ser mellior nem mesmo mencioná-lo. Segundo, verifique para ver qual é a política de
3
Moonlighting- "bico"; emprego adicional realizado especialmente à noite.
sua organização sobre os conhecidos 'bicos' ; não é incomum que as pessoas tenham outros empregos
fora da empresa, mas, geralmente, existem restrições sobre qual tipo de trabalho executam ou quem é o
empregador. Por último, lide com o teletrabalhador como lidaria com qualquer outro funcionário que
tem um problema de desempenho; expresse sua preocupação de modo direto e fatual, manifeste sua
insatisfação, e, informe ao funcionário sobre as possíveis conseqüências, e só depois discuta com ele.
Provavelmente os problemas de desempenho serão definitivamente solucionados e ficarão solucionados
se o funcionário fizer parte da solução. Gerentes que impõem uma solução ou então que administram
por ameaça ou por decreto, podem ser atendidos no curto prazo mas, no longo prazo, podem perder o
comprometimento do funcionário.
(1) "Como posso ter certeza de que meu programa de teletrabalho não provocará problemas
para meus colegas ou clientes externos?"
Primeiramente, imagine que tipo de contatos e fluxo de trabalho ocorre entre você e eles - quais
infonnações ou ajuda eles precisam de você, ijuais perguntas eles esperam que você responda e assim
por diante. Então, detennine a melhor forma para continuar dando tal apoio até mesmo à distância; por
exemplo, substituir o contato pessoal por telefone, fax ou e-mail (correio eletrônico). Assegure-se de
que as consultas de seus clientes não cheguem nas mesas de seus colegas que não estão no teletrabalho
ou eles ficarão aborrecidos.
Mais importante, tome a iniciativa de avisar aos colegas e clientes sobre seu programa de teletrabalho e
o que você estará fazendo para continuar dando apoio a eles. Se você puder assegurar-lhes que não os
abandonará simplesmente porque está trabalhando fora da empresa parcialmente, eles não ficarão
chateados com você.
(2) "Alguns de meus colegas parecem ter inveja pelo fato de que estou no Programa de
Teletrabalho- o que posso fazer?"
Depende do motivo pelo qual eles estão com inveja- e quanta inveja eles possam ter. Algumas vezes,
fazem piadas sobre teletrabalhadores quando eles vão a empresa mas, isto normalmente, não é
problema. Contudo, se a piada for de mau gosto e se tomar sarcástica e maldosa, então pode ser um
problema. A coisa se complica quando esta situação leva a uma falta de cooperação e apoio.
Você precisa estabelecer- talvez com a ajuda de seu gerente- qual é a causa dos problemas. O que
acaba acontecendo e que o pessoal na empresa fica com mais trabalho e ocorrem interrupções quando
os teletrabalhadores estão trabalhando fora do escritório. Se este for o caso, compreende-se este clima
desagradável pelo fato do Programa de Teletrabalho não ter sido planejado adequadamente.
(3) "Meus colegas e clientes relutam em me telefonar quando estou em teletrabalho- dizem
que não desejam me telefonar 'em casa'. O que devo fazer?"
Este é um problema comum. Vem da separação tradicional do trabalho e da vida pessoal e estamos
condicionados a respeitar a privacidade das pessoas em casa. Embora o teletrabalho signifique trabalhar
em casa, o que freqüentemente acontece durante o horário de expediente normal, é que algumas
pessoas ainda pensam que telefonemas de negócios feitos para casa são invasões de privacidade.
Converse com seus colegas ou clientes e assegure-lhes o que deseja e, espera que eles telefonem para
você quando necessário, do mesmo jeito que fariam se você .estivesse na empresa. Este é um dos
beneficios de ter uma linha telefônica separada para seu escritório em casa; você pode dizer às pessoas
que elas não estarão ligando para um telefone residencial e, portanto, não estarão incomodando os
outros membros da fumilia ou seja, invadindo a sua privacidade.
(4) "Meus colegas e clientes me telefonam para casa à noite e, algumas vezes, no f"mal de
semana- isto está me aborrecendo. O que posso fazer?"
Este é o problema oposto e, infelizmente, parece estar aumentando. Tomamos tão fácil entrar em
-contato com as pessoas - e todos parecem estar tão ansiosos - que é dificil separar entre o horário de
trabalho e da vida privada
Como você lida com este problema depende de quem está telefonando, a urgência do caso, e, quais são
as opções. Obviamente, se seu chefe telefonar com um assunto importante à noite, você irá,
provavelmente, atendê-lo, ao contrário de que se fosse outra pessoa menos importante. Dois aspectos
que devem ser lembrados, não importa quem telefone para você: sempre que você responder a uma
ligação; seja por telefone ou pager, e atender o que foi solicitado, você estará estimulando aquele que o
chama a reduzir sua privacidade. Se você não expressar insatisfação por aquelas chamadas tarde da
noite, aquele que o chama assumirá que realmente ele não está incomodando você: Segundo, se
escolher deixar que a pessoa saiba que gostaria que ela parasse, por favor, faça isto objetivamente mas
não agressivamente. Você pode assim, tranqüilamente, resolver este caso sem entrar numa discussão,
e, nem criar mais problemas além daqueles que você já tem.
(5) "Meus colegas parecem não compreender o que realmente faço quando estou em teletrabalho.
O que posso fazer para demonstrar a eles que não fico sentando o dia inteiro assistindo
televisão?"
É uma preocupação comum, não importa o quanto você foi eficiente quando trabalhava na empresa.
Na nossa sociedade, estamos acostumados a associar o trabalho com o escritório e relaxamento com
estar em casa - assim sendo, a tendência natural é de al!,'Uma forma pressupor que os teletrabalhadóres
não estão realmente trabalhando quando estão em casa.
Você tem diversas opções. Primeira, assegure-se de que seus colegas estejam cientes daquilo que você
está realizando. Não exagere na importância do seu trabalho ou aja como uma super estrela mas,
também, certifique-se que sua atividade não passe desapercebida. Neste aspecto seu gerente pode ser
capaz de ajudá-lo a ficar 'em cartaz', e sempre visível.
Segunda, assegure-se de utilizar o telefone, e-mail, fax e outros meios de comunicação disponíveis para
ficar em contato com seus colegas, enquanto você está fora. Na ausência de alguma comunicação
contínua, eles poderiam supor que você está simplesmente evitando trabalhar.
Terceira, considere convidar um ou mais colegas para visitar seu "home office". Quando eles virem
que você não está descansando no sofá ou trabalhando na banheira e, perceberem que realmente você
tem um escritório em casa que funciona, provavelmente, começarão a agir de modo diferente. O
importante é que todas as visitas em sua casa precisam ser uma opção sua e, somente, se você se sentir
à vontade com elas.
(1) Quando o escritório está dentro da sua casa, como você evita se tornar um "workaholic"?
Somente porque o escritório está mais próximo de você, não significa que você precisa passar mais
tempo trabalhando. Um aspecto importante para se estabelecer como teletrabalhador eficaz, é encontrar
formas para separar a vida profissional da vida familiar e social. De modo ideal, um local separado da
casa - com uma porta que possa ser fechada - é a melhor maneira para fazê-lo. Se você não pode se dar
a este luxo, então precisa de algum tipo de separação visual, de modo que possa isolar a área de
trabalho do resto de sua casa - talvez, com um biombo que possa atuar como uma porta móvel.
Além disso, ajuda a estabelecer alguns limites de tempo. Muitos teletrabalhadores dizem que não
executarão nenhum trabalho por exemplo após, digamos, às 20:00 hs. Se tiverem algum idéia tarde da
noite ou se lembrarem de que esqueceram de fazer alguma coisa, simplesmente escrevem num pedaço
de papel e deixam para resolver na manhã do dia seguinte - tal como se tivesse tal idéia em casa e,
tivessem que esperar para ir para a empresa na manhã seguinte.
(2) "Meu cônjuge estará em casa quando estou em teletrabalho- é uma boa idéia?"
Depende do que acontece entre você e seu cônjuge. Em alguns relacionamentos, ter mais tempo juntos
é ótimo; em outros, não. Além disso, depende da qualidade da relação e da definição dos limites e
papéis entre as partes quando você está em teletrabalho. Se seu cônjuge espera que você estará
disponível para jogar tênis, fazer compras ou realizar as tarefas domésticas porque você está em casa,
isto poderia ser um problema.
É melhor para o casal avaliar o que provavelmente acontecerá quando ambos passam mais tempo em
casa. Como com tudo que se tem discutido sobre teletrabalho, o tempo investido em planejamento no
início pode evitar muitos problemas mais tarde.
(3) Continuo ouvindo falar de pessoas que engordam muito quando trabalham em casa- isto
é realmente verdade?
Acontece, mas não é necessariamente comum. Uma alternativa para ajudar os fimcionários a se
considerarem aptos para o teletrabalho é estimulá-los a pensar sobre sua própria auto-disciplina e
hábitos e decidir por eles mesmos se as idas freqüentes à geladeira poderiam ser um problema. Esta
questão da auto-disciplina também envolve outras tentações domésticas - que variam desde aquelas
que a maioria das pessoas deseja limitar ou evitar (por exemplo, fumar, beber) àquelas que não
prejudicam, mas ainda podem ser problemas se feitas com excesso (por exemplo, a televisão, o
equipamento de ginástica, os "hobbies"). O maior risco é utilizar qualquer uma dessas coisas como
fugas, quando esta sendo dificil realizar o trabalho. Importante: não foi ainda provado que atacar um
pacote de biscoitos aumentará a motivação de qualquer pessoa.
(4) "Se estou em teletrabalho, meu cônjuge (que trabalha em casa) e eu compartilharmos o
mesmo escritório - é uma boa idéia?"
Depende de diversos fatores tais como: o tamanho do escritório, a divisão do mesmo espaço da mesa
ou do computador pessoal, a periodicidade das ocasiões em que estarão trabalhando juntos em casa ao
mesmo tempo, e, o nível do relacionamento entre ambos. Alguns casais se dão muito bem trabalhando
Luiz Ojima Sakuda 142
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Anexos
num escritório ao mesmo tempo, e outros não podem ficar nem mesmo a uma distância de 4 a 5 metros
um do outro. Todos aqueles costumes chatos (como ficar batendo o lápis na mesa, mascando chiclete
etc.), que são incômodos quando seus colegas de trabalho o fazem, serão igualmente incômodos
quando o seu parceiro o fizer. Resumindo, a proximidade pode gerar problemas incríveis - ou pode ser
uma situação agradável desde que vocês dois pensem nela cuidadosamente desde o início do
programa.
(6) Como o teletrabalho pode ser utilizado para cuidar dos dependentes familiares?
Com muita atenção. O teletrabalho não é definitivamente um substituto para cuidar do dependente em
tempo integral, especialmente em relação ás crianças. Este é um dos grandes mitos do teletrabalho.
Contudo, os teletrabalhadores que trabalham meio período e que têm cônjuge ou outra pessoa
disponível que cuida das crianças enquanto trabalha, pode muito bem conciliar o teletrabalho com a
família. Além disso, o teletrabalho pode ser útil para determinados tipos de cuidado, onde os mais
idosos precisam de atenção e de companhia ocasional, mas que a atenção em tempo integral não seja
necessária.
(7) Parece haver muita discussão sobre os problemas potenciais de se trabalhar em casa -
isolamento, trabalhar muito, comer muito e assim por diante. Pensei que um dos apelos de
trabalhar em casa fosse para que as pessoas realmente desfrutassem disto. Não é realmente
verdade?
Em grande parte é - principalmente nos casos onde o teletrabalhador tomou uma decisão consciente
sobre esta alternativa de trabalho. São muitos os beneficios e melhorias na qualidade de vida- desde o
simples fato de poder trabalhar sem ter que se vestir formalmente para ir ao escritório (por exemplo
colocar maquiagem, barbear-se, colocar meias de seda, etc.) até o fato de ficar mais relaxado por não
ter o "stress" de ter que ir e voltar para o trabalho ("commuting").
Há também o beneficio muito real de ser capaz de ser mais fácil conciliar a vida pessoal com a vida
profissional - ou, pelo menos, até o ponto em que o trabalho permita. Isto pode variar desde poder
dormir um pouco mais, de estar em casa quando as crianças chegam da escola, até colocar a roupa na
máquina de lavar ao invés de deixar a pilha se acumular esperando o fim de semana.
Quando ouvimos os teletrabalhadores de sucesso, temos a sensação de que fariam tudo para proteger
seu privilégio de adotar o teletrabalho. Eles valorizam muito, mas não o encaram como uns 'feriadões'.
Realmente, um dos principais motivos pelos quais os teletrabalhadores desfrutam disto é porque eles
podem, finalmente, executar o trabalho longe do ruído e das distrações do escritório da empresa.
5.6. F. TECNOLOGIA
Luiz Ojima Sakuda 143
Teletrnbalho: Desafios e Perspectivas Anexos
• Contatos feitos na Web (documentos, videos, áudios) pennitem que as equipes das empresas
separadas fisicamente compartilhem informações e trabalhem juntas. Grande parte dos recursos
técnicos nesta área atualmente ainda não está totalmente disponível, mas tende a ser.
(2) "Minha empresa diz que se desejo participar do teletrabalho, tenho que comprar meu
próprio computador pessoal. Que tipo devo comprar: "desktop" ou "laptop"?"
Não hà uma única resposta simples; para isto alguns sugerem alguns pontos que devem ser
considerados:
• Quanto mais você tiver que se deslocar de um lugar para o outro e quanto mais precisar de um
computador não importa onde você esteja, o "laptop" é o equipamento ideal
• Dependendo do tipo de trabalho que você executa e do valor que deseja gastar, sua escolha
entre o "laptop" e o "desktop" será baseada em parte pelas seguintes variáveis: dimensões do
teclado, (tamanho, disposição), tamanho e qualidade do monitor, disponibilidade a unidade de
CD-ROM, modem interno ou externo e peso.
• Um "laptop" com uma "docking station" poderia ser o melhor dos dois mundos - você terá a
portabilidade do "laptop" e o monitor de tela inteira (e outras características) de um "desktop".
Muito embora sua empresa diga que você deve comprar seu próprio computador, não deixe de levar
em consideração a possibilidade de trazer um do escritório. Por exemplo, poderia haver um
computador pessoal no escritório que não está sendo muito utilizado e que poderia ter mais uso em sua
casa. Ou, poderia haver alguns "laptops" que se encontram disponíveis para uso em regime de
empréstimo; se você pratica o teletrabalho apenas alguns dias por semana, poderia pedir um
emprestado ao invés de comprá-lo.
(3) "Uma vez que realmente confio nos faxes, que tal ter uma máquina de fax em casa?"
O custo adicional de ter fax com wn modem é mínimo e é um bom investimento. Esta é uma solução
adequada na maioria dos casos, embora nem sempre fi.mcione para faxes do tipo "Graphics-Intensive".
O custo de um modelo padrão é baixo, mas, ele funciona bem; o preço têm caído consideravelmente, e
se você realmente precisa dele, o seu custo extra não é alto.
ISDN ("lntegrated Services Digital Network") é um tipo de serviço teleronico oferecido pela maioria
das empresas telefônicas locais. Tem muitos beneficios, mas o mais importante é a capacidade de
transmitir em um canal de voz e em dois canais para dados em alta velocidade ("high-speed data"), ou
comunicações de vídeo na fiação de cobre da casa. Isto geralmente significa que não há necessidade de
instalar novas linhas telefônicas para dar aos teletrabalhadores linhas separadas de voz e de dados que
freqüentemente precisam. O custo do serviço ISDN é geralmente menor do que o valor equivalente ao
linhas separadas. Entretanto, o ISDN não está completamente dispmúvel nos Estados Unidos e nem
em outros paises; assim sendo, os teletrabalhadores e seus chefes nem sempre podem acessá-lo quando
dele precisam. Além disso, existem os custos da compra de equipamentos para telefones especiais e
para dispositivos necessários para conectar os computadores pessoais nas linhas ISDN. Na realidade, é
uma tecnologia que deve ser considerada mas, nem sempre está disponível ou tem um custo razoável.
Tem havido muito interesse e discussão sobre a video-conferência mas, nada de muito concreto ainda.
Isto, provavelmente, mudará na medida que hardware e o software para a verdadeira vídeo conferência
de desktop torne-se mais amplamente disponível com custos menores e na medida que a sua qualidade
melhore. Entretanto, existem dois obstáculos potenciais para grande parte da vídeo conferência para o
teletrabalho: primeiro, geralmente exige acesso a um serviço teleronico do tipo ISDN, que ainda não se
encontra disponível em todo lugar. Segundo, parte do interesse na vídeo - conferência é mal
direcionado, no sentido de que os gerentes desejam utilizá-lo para executar o mesmo tipo de 'micro-
gerenciamento' que praticam na empresa. O melhor uso do vídeo no teletrabalho é para aplicativos
onde há um aspecto visual ou gráfico que não pode ser transmitido somente por voz ou texto ou para
interações onde você realmente precisa ver alguém na tela.
Isto depende basicamente do tipo de trabalho executado, o número de dias fora do escritório, se o
fi.mcionário já tem um computador pessoal e diversos outros fatores. Em geral, os custos são menores
do que muito gerentes supõem. Considere que existem custos fixos (por ex. equipamentos, "software",
etc.) e os custos variáveis (por ex. despesas com comunicações).
Os Centros de Atendimento ("Call Centers") - centros de pedidos por catálogo, reservas, serviço ao
cliente, etc. - estão crescendo vertiginosamente e é uma das áreas de maior crescimento no
teletrabalho. A tecnologia necessária para distnbuir chamadas para casas ou outros locais remotos está
amplamente disponivel e, geralmente, depende das caracteristicas de ACD ("automatic call distributor"
- distribuidor automático de chamadas) que encaminha todas as chamadas que entram para os agentes
na empresa ou em qualquer outro lugar. Muitos dos fornecedores de ACD já se interessam em atender
este mercado.
Enviar a chamada que entra em casa não é o problema, nem é fornecer acesso remoto aos arquivos de
clientes ou a outros bancos de dados. Entretanto, o maior desafio pode ser a velocidade de acesso; os
agentes no centro físico de chamadas são utilizados para obter resposta muito rápida quando digitam os
comandos para obter horários de vôos, preços, etc. Se estiverem trabalhando em casa, poderia haver um
tempo de demora que é extrema e suficientemente longo para aborrecer tanto o agente quanto o cliente.
Este é o motivo pelo qual é criticamente importante testar estes tempos de resposta à distância - e
selecionar os meios corretos de telecomunicações, de modo que estas demoras sejam minimizadas.
(8) Como decidimos quais sistemas ou redes nossos teletrabalhadores precisam acessar?
Deve ser baseado naquilo que precisam e utilizam no escritório. Em geral, você desejará facilitar aos
teletrabalhadores fazer a maior parte de sua tarefa á distância como precisam. Se tiverem acesso a três
LANs na e empresa mas, a distancia só podem acessar um, isto poderia ser um grande problema - e
assim limitar gravemente sua eficácia.
Felizmente, as tecnologias de acesso LAN a distância vêm melhorando constantemente e, as empresas
que as fornecem estão traballiando arduamente para continuar esta tendência.
Atualmente, está sendo feito um trabalho extremamente interessante sobre repensar o ambiente e o
planejamento do espaço dos escritórios, mesmo para as pessoas que aí permanecem em tempo
integral. Para os funcionários em geral se reconhece que nem todos precisam de sua própria mesa ou
sala privativa o tempo todo. Conceitos como escritórios 'não territoriais' e, 'endereço livre' ("free
address") ou "hoteling" estão se tomando bem mais comuns. Os beneficios são claros: melhor
utilização do espaço, menores custos e escritórios que são projetados muito mais para trabalho de grupo
do que uma mesa individual para um só funcionário. Mudanças como estas devem ser feitas
cuidadosamente e precisam ser baseadas na análise cuidadosa das tarefas, fluxo de trabalho, tecnologia
e cultura organizacional.
(2) O que está acontecendo com os escritórios satélites ("satellites offices") c centros de
"Tclework"?
A forma predominante de teletrabalho atualmente ainda é o tipo de trabalho em casa (home office),
embora haja um interesse crescente nos escritórios satélites e outros tipos de instalações para o
teletrabalho. Estes centros estão freqüentemente localizados perto do local onde as pessoas moram,
funcionam bem para os teletrabalhadores que não podem ou decidem não trabalhar em casa, e podem
ser uma forma econômica de tomar disponível certos recursos (como impressoras de alta velocidade ou
video-conferência) que não podem ser colocadas na casa do teletrabalhador. Grande parte do uso destes
centros ocorreu na Europa, mas também tem havido algumas iniciativas bem sucedidas nos Estados
Unidos.
Há um termo cada vez mais usado que diz respeito ao traballio á distância, assim é difícil defini-lo com
exatidão. Teletrabalho tipicamente se refere aos funcionários assalariados que normalmente
traballiariam na empresa mas, que agora passam de um a três dias da semana trabalhando em casa ou
em qualquer outro lugar fora do local. Escritório virtual tipicamente se refere aos funcionários que
tradicionalmente passam pouco tempo na empresa e que estão, cada vez mais, sendo equipados com
Luiz Ojima Sakuda 146
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Anexos
tecnologia portátil que os permitem trabalhar em qualquer lugar. Um dos seus melhores exemplos são
os representantes de vendas.
(4) Alguma empresa fornece móveis- projetos de "home-office"- para seus teletrabalhadores em
casa?
São muito poucas as empresas que prestam serviços na elaboração de projetos, isto porque a maioria
dos donos de casa, simplesmente, não desejam que um estranho entre em ·sua casa para dar sugestões,
muito embora isto pudesse ser uma ajuda muito útil. No entanto, cada vez mais as empresas estão
começando a fornecer móveis ou, pelo menos, fazer pagamentos à vista para cobrir parte destes custos.
Esta é uma tendência recente porque até agora, os principais fabricantes de móveis para escritório não
possuíam produtos que fossem projetados especialmente para um "home office" - e que tivessem
características ergonômicas e o estilo dos móveis de escritório.
Lembre-se de que muitos teletrabalhadores podem não desejar que a empresa forneça os seus móveis.
Poderia não haver espaço suficiente na casa ou o móvel poderia não combinar com a decoração da
casa.
(5) Se os teletrabalhadores são os únicos que estão fora do escritório, 1 a 2 dias por semana,
onde surgem as economias de espaço na empresa?
Se estão fora durante I a 2 dias por semana, e, mantém seu próprio espaço na empresa, não hà
economia de espaço. Contudo, quando ficarem mais dias em casa durante semanas e/ou estiverem
utilizando algum tipo de instalação em grupo, aí, então, começarão as economias.
Se o teletrabalho é implantado devidamente, os teletrabalhadores realmente não precisam do mesmo
tipo de espaço no escritório, quando trabalhavam em tempo integral. Devem executar seu trabalho mais
intenso quando estão em casa, e usar seu tempo na empresa para fazer reuniões, visitar colegas e
clientes, etc. Assim sendo, quando vêm à empresa eles precisam de um local temporário para trabalhar
naquele dia, e não um local permanente.
(7) O que a empresa deve oferecer aos teletrabalhadores quando estão no escritório?
Retiramos o espaço de trabalho individual dos funcionários, mas desejamos assegurar que eles se
sintam bem vindos e parte da equipe, quando, ocasionalmente, vêm trabalhar na empresa.
Esta é uma pergunta cada vez mais cornu111 - mas, é ll111 desafio em virtude de uma possível
contradição. Quando uma empresa retira o espaço individual dos funcionários, nem sempre é fácil fazer
com que eles se sintam bem vindos e parte da equipe. A primeira coisa que você pode fazer é analisar
todas as opções para fazer com que seus teletrabalhadores se sintam bem vindos; parte disto é baseado
no cenário físico mas, você também deve considerar fatores mais comuns (mas, ainda importantes)
como assegurar que recebam sua correspondência, sejam convidados para as reuniões e funções sociais
(8) Não acredito que os teletrabalhadores que vêm à empresa, por exemplo, um a três dias
por semana, continuarão satisfeitos utilizando algum tipo de espaço divididos com outros ou
esquema de "hoteling". Não se sentirão como cidadãos de segunda classe se não possuírem seu
próprio escritório?
A experiência demonstrou que os teletrabalhadores que possuem uma área equipada adequadamente
projetada e recursos em casa geralmente não sentem falta de seu próprio espaço personalizado no
escritório da empresa. Assumindo que eles estarão em teletrabalho de dois a quatro dias por semana,
seu "home office" tende a se tomar seu principal local de seu trabalho- e é onde estão suas pastas, as
fotos da família, suas coisas etc.
Além disso, se o teletrabalho foi corretamente programado, seu tempo no escritório da empresa será
gasto principalmente nas tarefas interativas ou de grupo (por exemplo, reuniões, revisões, visitas a
clientes) que, freqüentemente, ocorrem em algum outro lugar que não seja sua própria área de trabalho.
A maioria dos teletrabalhadores simplesmente não passa dias inteiros no escritório da empresa
executando tarefas que possam ser feitas tão bem ou melhor em casa.
Esta dissertação, como todas as outras, tem uma longa história. No segundo semestre de 1996, fiz um
seminário especial sob orientação da Prof. Edith Seligmann Silva, e wn dos produtos foi esboço para
um estudo sobre significado do trabalho. O interesse sobre o tema persistiu, mas foi mudando de foco:
primeiro, passei a estudar as fronteiras de ·trabalho I ·não-trabalho, principalmente no domicílio. Então,
passei á me aprofundar no trabalho a domicilio, o que me levou a conhecer a literatura crescente em
teletrabalho. E, entre os aspectos do teletrabalho, acabei por me interessar mais pelos aspectos
organizacionais e estratégicos, o que me aproximou do meu orientador atual, o Prof. Flávio
Vasconcelos.
Acredito que o tema continue sendo extremamente importante para ser explorado neste contexto de
mudanças descritas na dissertação. Assim, o objetivo deste anexo é auxiliar aqueles que venham a
estudar este tema.
"Porque estudar o significado do trabalho?" - este é o titulo do primeiro capítulo de MOW (1987), um
importante estudo internacional, promovido pelo Meaning of Working Research Team. Para tentar
responder esta pergunta, revisam cinco aspectos: a significação histórica e filosófica do trabalho, a
significação individual do trabalho, significados do trabalho como variável causal em. mudanças sociais
e organizacionais e tendências sociais que afetam o significado do trabalho.
Soares (1992) sugere que "a atuação do profissional de recursos huiTianos seja diferenciada em relação
aos grupos que compõem uma organização, uma vez que estes avaliam diferentemente aspectos da vida
de trabalho."
A origem da palavra "trabalho" vem do latim tripa/ium, um antigo instrumento de tortura da idade
média, já tendo portando em sua origem uma conotação dolorosa. Vejamos o que Caldas Aulete (I958)
colocou no verbete de "trabalho":
Pode-se notar que, apesar de conter algumas expressões em desuso, o verbete do dicionário de quase
quarenta anos acima citado é válido. Estas expressões são interessantes porém para entender aspectos
valorativos do termo. Por exemplo, chama a atenção a expressão "Casa de trabalho", como oficina ou
escritório. Notamos também que "trabalho braçal" hoje é utilizado no mesmo sentido do "mecânico",
sem ser necessariamente intensivo em força fisica, principalmente entre os indivíduos que trabalham
com microinformática, em relação a tarefas como digitação determinadas cartas e planilhas. Outra
expressão interessante é o "sem trabalho", que nos remete a alguns verbetes de "vida":
"( ... ) 11 Modo de vida, emprego, ocupação, profissão emprego de meios para ganhar a
subsistência (... ) 11 Ganhar a vida, adquirir pelo trabalho os meios de subsistência. (... ) 11
Levar vida de porco, de vadio, passar sem trabalhar. //À boa vida (loc. adv.), ociosamente,
sem trabalhar."
Neste sentido, se a expressão fosse mudada para "ganhar para a vida" talvez fosse mais precisa.
Retomando textos clássicos sobre o tema, é interessante notar as aproximações entre o trabalho de
Friedmann (I 983) e Lévy-Leboyer (I994), publicadas originalmente em I 964 e I 984, ou seja, com
vinte anos de diferença. Do capítulo "Os Jazeres e a insatisfação do trabalho" do primeiro trabalho vale
a pena ressaltar algumas passagens:
"A principal forma assumida pela evasão fora do trabalho é um "impulso desesperado para o
lazer" (a desperate drivefor leisure). Enquanto o engenheiro, o dirigente industrial, o homem
de profissões liberais estão em muitos casos, inteiramente absorvidos _por seu trabalho, o
operário não está. Dai reserva suas melhores forças, sua energia, para o que fará depois do
trabalho, para seufreizeit, como dizem os alemães, seu "tempo de liberdade"( ... ) Tudo aquilo
de que se viram privados no trabalho - iniciativa, responsabilidade, realização -, os
trabalhadores buscam reconquistar no lazer. (... )" ·O autor cita Bell: "A América viu
multiplicar-se o "amador" numa escala até então desconhecida. E se nisso há, em si, um bem,
ele foi obtido a um preço muito elevado: o da satisfação no trabalho."( ... )
E ressalta que:
"( ... ) nas sociedades competitivas, como os Estados Unidos e outras nações do capitalismo
desenvolvido onde o meio técnico é denso, onde os consumidores estão sujeitos à ação
onipresente e dinâmica da publicidade, Rem sempre a fragmentação de tarefas incita os que
estão submetidos a ela procurar em seus Jazeres atividades mais complexas para compensar
desse modo sua frustração. Pelo contrário, algumas vezes, tende a desorganizar sua vida fora
do trabalho, a estimular tendências agressivas por meio das quais a personalidade procura se
afirmar de maneira brutal, através do uso de excitantes de toda espécie, dos jogos de azar e de
apostas, do álcool, de hábitos ou de impulsos de consumo conspicio, de divertimentos brutais
(.. )"
Levy-Leboyer:
"O trabalho está atualmente sendo rediscutido enquanto valor fundamental, enquanto
obrigação e enquanto fonte de satisfàção pessoal. Ter uma atividade remuneradam regular e
definida não corresponde mais a um desejo unânime.( ... ) ao mesmo tempo a desconsagracão
e desligamento com relação ao !fabalho. Desconsegração porque o significado do trabalho
está enfraquecido e seu valor freqüentemente se limita ás vantagens materiais que ele traz e à
necessidade de ganhar a vida. Desligamento porque a vida profissional representa uma
porção de importância cada vez menor no todo da vida eremera."
A autora também coloca a volta do trabalho manual no lazer. Ambos os trabalho recolocam a questão
do homem uno, ou seja, o indivíduo não pode dissociar sua vivência no trabalho de sua vída pessoal.
Este ponto é também importante em Carpentier-Roy (1992), que enfatiza que o trabalhador não
mobiliza apenas seus conhecimentos no trabalho mas também sua afetividade.
Acrescentar a dimensão ética e filosófica contribuiria muito para ampliar os horizontes da relação
homem trabalho. Migliaccio Filho (1994) cita o "Seminário Permanente Empresa e Humanismo", que
reúne a reconhecida Instituto de Estudos Superiores da Empresa (lESE) da Universidade de Navarra
(Espanha) e empresas como IBM, Pirelli, Coca-Cola, Nestlé e Xerox:
"Hoje já sabemos que os problemas mais importantes da empresa não são os tecnológicos, e
sim os antropológicos e sociológicos. O atual dirigente empresarial não é só um experl em
estratégia; tem que ser, sobretudo, um humanista capaz de çoni)ecer com profundidade e rigor
os homens e as suas circWlstâncias sociais.',
É interessante ressaltar que diversos autores, como em Simon ( 1994) notam as demandas contraditórias
do mercado de uma maior especialização e ao mesmo tempo de uma formação generalista. Além da
interdisciplinaridade e a transversalidade, colocadas como essenciais para o entendimento de uma
realidade cada vez mais complexa; do ensino de linguas, para conhecer uma outra cultura; coloca-se a
necessidade de abordar a realidade não apenas com o instrumental da disciplinas técnicas, mas também
com subsídios das artes e da filosofia. Neste sentido, vale a pena citar a seguinte passagem sobre
Nietsche (1844-1900) e Sócrates, em Nietzsche (1996):
"Perdendo a sabedoria instintiva da arte trágica, restou a Sócrates apenas um aspecto da vida
do espírito, o aspecto lógico-racional, faltou-lhe a visão mística, possuído que foi pelo
instinto irrefreado de tudo transformar em pensamento abstrato, lógico, racional. ( ... ) Para
Nietzsche, porém, esse tipo de conhecimento não tarda a encontrar seus limites 'esta sublime
ilusão metafisica de um pensamento puramente racional associa-se ao conhecimento como
instinto e o conduz incessantemente a seus limites onde este se transforma em arte n•
Este alerta de Nietsche deve estar sempre em mente no estudo de um tema tão subjetivo e humano
como o significado do trabalho, pois o trabalho acadêmico é intrinsicamente racionalizante. Na seção
seguinte se discute as transformações do mundo do trabalho, e nas próximas duas seções, serão
expostas duas linhas de pesquisa muito impoFtantes preocupadas com a percepção e o significado do
trabalho: a da Motivação e a da Saúde Mental no Trabalho. A seguir, será apresentada a área especifica
de significado do trabalho e uma pesquisa feita para subsidiar a continuação deste trabalho e algumas
reflexões e conclusões.
• "Retornar às fontes"
• Pesquisas e entrevistas com estudiosos das principais religiões e correntes.
O Mundo do Trabalho já passou por diversaS transformações, conforme o meio de produção vigente.
Neste sentido, Antunes (1995), analisando o capitalismo recente, aborda a substituição do modelo
fordista pelo toyotista e aponta as principais conseqüências deste processo: implantação do
'sindicalismo de envolvimento' (manipulado e cooptado), desespecialização e polivalência dos
operários (multifuncionalidade), intensificação da exploração do trabalho e "flexibilização" da
organização do trabalho, que acompanha a flexibilização da produção. Segundo o autor, nas mudanças
atuais do mundo do trabalho,
"Se é possível dizer que a primeira tendência - intelectualização do trabalho manual - é, em
tese, mais coerente e compatível com o enorme avanço tecnológico, a segunda - a
desqualificação - mostra-se também plenamente sintonizada com o modo de produção
capitalista, em sua lógica destrutiva e com sua taxa de uso decrescente de bens e serviços".
Outros aspectos do mundo do trabalho, como as políticas sociais, também devem ser abordadas. Castel
(1993) retoma as formas de assistência social qesde do Antigo Regime, apontando a antiga distinção no
tratamento dos considerados "aptos" e dos considerados "inaptos" para o trabalho:
"Estes últimos são os inválidos de todo o tipo, os velhos e os doentes sem recursos, as
crianças abandonadas e miseráveis, por vezes, as viúvas pobres, se elas forem responsáveis
por uma grande prole .. Estas categorias suscitam assistência. ( ... ) Totalmente diferente é o
tratamento dado ao indigente apto para o trabalho ( ... ) Sua carência advém freqüentemente do
fato de não trabalhar ou de se prestar a ocupações tão precárias e mal remuneradas que não
lhe assegurem a subsistência. Ele é, pois, impelido a procurar um trabalho, ou seja é incitado
à mobilidade profissional e, freqüentemente, à mobilidade geográfica ( .... ) Mas esta
mobilidade lhe é duplamente interditada: pela organização do trabalho dominado por um
sistema corporativo rígido excluindo o trabalho "livre" e a venda no mercado de uma força
produtiva que é no entanto sua única propriedade; pelas legislações penais que tentam fixar
esta força de trabalho e que, pelo viés da repressão da vagabundagem. fazem da errância
indigente um delito."
Cabe aqui notar que apesar das sanções penais não serem tão fortes, a legislação atual da maioria dos
países inibe ou impede a imigração e desencoraja a migração interna.
"Sob uma forma pouco eufemística, atravessando todas as sociedades do Antigo Regime, Ser
um sujeito implica sempre a obrigação de ocupar um estado e de ter uma rede de coações que
é, ao mesmo tempo, o único sistema possível de reconhecimento, de troca e de assistência.
Relativamente a estas exigências, o vagabundo está fora de campo."
A seguir, coloca a questão da desfiliação em dois eixos: a ordem da produção (do emprego estável ao
desemprego permanente) e a sócio-familiar (rede sólida de relacionamentos ao isolamento total). O
autor coloca três zonas: a da integração, onde "se dispõem de um trabalho permanente e que se pode
mobilizar suportes relacionais sólidos"; a de vulnerabilidade, "que associa precariedade no trabalho e
fragilidade relaciona!''; e a de desfiliação, "que conjuga ausência de trabalho e isolamento social".
Aponta a tendência ao ressurgimento da vulnerabilidade, enfatizando que·
Esta questão do fim dos empregos estáveis é apontada também por Rifkin (1995) e Bridges (1995),
cabendo ressaltar que o primeiro aponta o "terceiro setor" tendo um papel fundan1ental na alocação
deste contingente deslocado e/ou não absorvido pelo mercado "convencional".
Próximos Passos:
• Fazer um breve histórico sobre o mundo do trabalho relacionando com as políticas públicas, as
teorias e as práticas administrativas, recontextualizando os textos acima.
• Trabalhar sobre Gorz (1987) e os textos de outros autores que contribuiram em torno da polêmica
iniciada a partir deste.
6.3. MOTIVAÇÃO
"No geral, a grande maioria dos pressupostos básicos que apóiam as teorias voltadas à
explicação da motivação do ser humano foi simplesmente concebida a partir de um conjunto
de dados estatísticos e que por isso mesmo são abstratos, podendo retratar muito bem o perfil
de uma amostra da população estudada, No entanto, esses dados não explicam a maneira
realmente particular pela qual cada um dos componentes ·do grupo estudados vive a sua
existência de ser humano motivado. Sob o ponto de vista da compreensão intelectual, essas
informação podem ser bastante conhecidas e sua lógica, na grande maioria dos casos, se
mostra racionalmente irrefutável. É justamente com esse tipo de abordagem que se cometem
aqueles grandes enganos que se transformrun no gerador dos principais mal-entendidos a
respeito daquilo que se tem estudado sobre motivação"
"As implicações de algumas afirmativas feitas por Freud, Malow e McGregor têm sido
ignoradas ou mal compreendidas. Estes pesquisadores querem dizer que:
Kohn (1995) mostra que os planos de incentivos não funcionrun a médio prazo, e conseguem apenas
uma "submissão temporária". Ele lembra que Deming já dizia que salário não é um motivador, e
Herzberg argumentava que uma remuneração baixa pode irritar e desmotivar, afetando o desempenho;
mas um aumento de salário não resultará necessarirunente em um aumento de desempenho. Bergrunini
(1990 e 1994) e Morgan e Smircich (1995) enfatizam a ligação entre motivação e liderança, mostrando
que o liderar é essencialmente "administrar o sentido".
"O enfoque mais natural para se compreender a motivação humana deve ser aquele que
individualiza as pessoas através de sua história particular de vida, isto é, aquilo que se
denomina de "realidade motivacional do ser". Essa realidade não tem réplica, uma vez que as
pessoas não possuem histórias de vidas iguais.( ... )
Muito embora as necessidade sejam próprias do ser humano, e portanto idênticas a todos eles,
a forma pela qual os diferentes indivíduos se organizam para atendê-las é particular de cada
um. Essa maneira pessoal de lutar pelos objetivos ou metas motivacionais pasa daqui para
diante a ser denominada de E, ti/o de Comportamento Motivacional. "A maneira segundo a
qual as pessoas preferem lidar com as diferentes situações, sem planejamento, sem esforço
para manter o controle sobre o que estiver ocorrendo e a repetição do mesmo procedimento
em outras situações poderia ilustrar o que é estilo: um padrão de comportamento que se
apresenta habitualmente como um tema centraL"
A partir dai, a autora coloca uma tipologia que pennite identificar traços comportamentais e condições
propícias e restritivas ao ato motivacional. Importante nesta abordagem é que mostra como mesmos
estímulos podem motivar diferentemente a5 pessoas, adquirir significados distintos conforme o
individuo.
Sievers (1990) resume em cinco pontos as ressalvas que faz em relação às teorias motivacionais:
"A motivação como tópico deixou de ser um conceito cintifico para ajudar a entender o
homem e sua constituição individual e transformou-se em um instrumento pragmático para
influenciar o comportamento humano."
"Apesar de sua preocupação com a verdade universal, as linhas adotadas pelos teóricos da
motivação~ assentam-se em preconceitos apolíticos,. não históricos e associais.,.,
"A motivação só passou a ser um tópico - tanto para as teorias organizacionais quanto para a
organização do trabalho em si - quando o sentido do próprio trabalho desapareceu ou então
foi perdido; a perda do sentido està diretamente ligada à crescente divisão e fragmentação do
trabalho, princípios que vêm sendo observados na estruturação da forma de trabalhar na
maioria de nossas organizações ocidentais. Como conseqüência, as teorias motivacionais tem
se transformado em sucedãneos na busca do sentido do trabalho."
Podemos perceber também que uma importante corrente das pesquisas nesta área tem se distanciado
das "fórmulas" e "receitas de bolo" pàra aprofundar aspectos subjetivos da dinâmica organizacional e
individual, no que se aproxima de tendências da outra àrea, a da Saúde Mental do Trabalho.
Próximos passos:
Luiz Oj ima Sakuda 155
Teletraballio: Desafios e Perspectivas Anexos
• Pesquisar outras publicações que tenham pesquisas de campo desta área de pesquisa que possam
dar subsídios para a pesquisa proposta neste trabalho, em especial para a entrevista.
• Idem para a área de teoria das organizações, não abordada neste trabalho.
Seligmann-Silva (1994) traça um histórico do estudo do campo que ficou conhecido como "Saúde
Mental do Trabalho". "O objetivo central de análise, neste campo multidisciplinar, é a interrelação
entre o trabalho e os processos Saúde/ Doença cuja dinâmica se inscreve mais marcadamente nos
fenômenos mentais, mesmo quando sua natureza seja eminentemente social." A autora distingue as
disciplinas em dois grupos:
1) As disciplinas que tem como objeto de estudo a saúde humana, que podem ser divididos em dois
subgrupos:
a) As que estudam principalmente "os processos mentais e/ou na dinâmica Saúde/ Doença do
submetido a diferentes condições de trabalho: Medicina do trabalho, Psicologia do trabalho,
Psicopatologia do trabalho, Toxicologia e Ergonomia." Cabe neste grupo uma especial menção á
Psicanálise.
2) As disciplinas que relacionadas direta ou indiretamente com o trabalho humano, mas sem um
enfoque na saúde: Filosofia, Sociologia, Antropologia, Política, Economia e outras.
Ladeira (96) analisa duas das principais correntes neste campo, a do stress e da psicopatologia do
trabalho, seus pontos de convergência e divergência. Segundo o autor,
"A abordagem do stress ocupacional, de tradição anglo-saxônica, descreve o fenômeno como
um processo de perturbação ocasionado pela mobilização excessiva da energia adaptativa
diante das solicitações do meio. Já a perspectiva da psicopatologia do trabalho, bem mais
recente, tomou-se mais conhecida principalmente a partir dos trabalhos de Dejours ( 1988 e
1990} que, ao contrário da corrente anterior, retira da psicanálise e da menção ao
insconsciente as sua referências fundamentais."
Seligmann-Silva propõe o conceito de desgaste como opção integradora das duas correntes.
Podemos perceber claramente a diferença entre os dois enfoque através os textos de cada um. Tobbs
(1993) analisa o "karoushi", palavra japonesa para designiar a "morte por excesso de trabalho".
Vários artigos mostram também o trabalho como fuga dt; outros problemas pessoais, como Bartolomé
(1993). Outros estudos como causa de tensões familiares, como no caso de um operário que trabalhava
em turnos alternados, relatado em Seligmann-Silva (1994), onde podemos notar a questão do
reconhecimento como chave na análise do caso:
Luiz Ojirna Sakuda !56
Teletrabalho: Desafios e Per.;pectivas Anexos
"O trabalhador ressentia-se intensamente pelo fato de que sua esposa não demonstrava
reconhecer seus esforços ao sacrificar-se pela família num trabalho penoso, extremamente
cansativo, no qual as jornadas noturnas eram especialmente sofridas. Esperava que a
companheira entendesse seu mau humor e o cansaço. (... )A esposa, por outro lado, percebia-
se carregando sozinha os cuidados com a casa e os oito filhos, ao mesmo tempo em que se
sentia insegura em relação ao afeto do marido e magoada pelas palavras agressivas com que,
por vezes, a tratava Por conseguinte, também não se sentia reconhecida por parte do marido,
quanto aos esforços que ela desenvolvia por parte do marido, quanto aos esforços que ela
desenvolvia na esfera da casa e da família."
Próximos passos:
Notemos que o conceito de motivação utilizado em Dejours (1994) é diferente do utilizado por
Bergamini (1990). Dejours retoma o conceito ~sicanalítico de desejo e contrapões desejo a motivação:
"Se se retoma agora a questão do Desejo e da Motivação, vê-se que se pode motivar o
"comportamento" produtivo de um operário semiqualificado pelo salário ou prêmios, por
exemplo. Mas esse preço
Já Bergamini motivação a condicionamento, e o que Dejours chamou de "motivação" esta autora usaria
o termo "condicionamento":
"Embora seja possível reconhecer que as pessoas podem agir seja movidas por agentes
externos a elas, seja impulsionadas dor suas próprias forças interiores, não se pode cometer o
grave erro de confundir esses dois tios distintos de comportamentos. (... ) As primeiras
atitudes devem ser classificadas como condicionamentos e as segundas como ações ou atos
realmente motivacionais."
O uso de palavras diferentes para um mesmo conceito e/ou vice-versa é muito comum nas ctencias
humanas, pois as teorias são formadas em campos diferentes, sendo desconhecidas muitas vezes umas
das outras; ou quando se contatam, os termos já são amplamente consagrados em cada um dos campos,
o que dificulta uma maior homogenização dos termos.
Próximos Passos:
Como pudemos ver, o significado a Bastos e outros (1995) bem descreve a atual situação da pesquisa
no tema:
Luiz Ojima Sakuda !57
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Anexos
2) Normas Sociais sobre o trabalho. "O qu_e é esperado do trabalho (direitos) e o que se espera de
quem trabalha (deveres). A intenção é utilizar o significado das normas no aspecto evolutivo mais
que a descritivo; normas refletem o que deveria ser, e não o que é".
3) Resultados valorizados do trabalho. "Quais são os principais resultados e/ou oportunidades são
buscados e sua relativa importância.", baseado na proposta de Kaplan e Tausky: status e prestigio,
função econômica, função ocupacional, permitir contatos interpessoais, utilidade social e função
intrínseca (o trabalho como algo intrinsicamente interessante e satisfatório). Segundo Quintanilla &
Wilpert e Soares, citados em Bastos (1995b), este seria o componente motivacional.
4) Importância das metas do trabalho. "Qual é a relativa importância dos vários objetivos e aspectos
do trabalho para o individuo." O questionário inclui os ítens: muitas oportunidades para aprender
coisas novas; boas relações interpessoais; boas oportunidades de crescimento e promoção; horário
de trabalho conveniente; muita variedade; trabalho interessante (o trabalho que realmente v. gosta);
segurança do emprego; uma boa relação entre os requisitos do trabalho e suas experiências e
conhecimentos; um bom salário; boas condições fisicas (como luz, temperatura, limpeza, silêncio);
muita autonomia (v. decide como fazer seu trabalho)."
5) Identificação com as regras de trabalho. (work role identification) A quais conjuntos de valores e
regras que o individuo se identifica (ex. tarefa, empresa, organização; produto ou serviço,
ocupacional ou profissional).
MOW (1987) lembra Inglehart: "no começo do final dos anos 60, uma polarização marcante pode ser
notada em todas as populações estudadas que asemelha-se a uma mudança dos valores materiais da
sociedade industrial (materialismo: aspectos econômicos e segurança predominantes) para valores pós-
materialistas (ênfase na qualidade de vida); o primeiro implica em austeridade e autoritarismo, o último
hedonismo e libertarismo. A idade parece ter um importante papel importante na conexão destas
mudanças: gerações mais jovens tendem a ter valores mais pós-materialistas que os mais velhos."
Loscocco e Kalleberg (I 988) mostraram que a conforme os trabalhadores mais velhos eram mais
comprometidos com o trabalho que os mais jovens, com a ressalva que no caso das mulheres japonesas,
onde este fator não gera diferenças. Os autores levantam duas hipóteses: que o trabalho está perdendo
sua centralidade ou que o processo de desenvolvimento profissional aumenta o desenvolvimento.
A metodolo&>ia do MOW foi utilizada por diversos autores, entre os quais Soares (1992) Lundberg e
Peterson ( 1994) e Bastos ( 1995 ), que utilizaram as três categorias principais das cinco dimensões:
centralidade do trabalho, normas sociais sobre o trabalho e objetivos valorizados do trabalho. Lundberg
e Peterson fizeram uma pesquisa na administração pública local dos EUA e do Japão, em três
diferentes níveis hierárquicos, mudando o corte de grupos ocupacionais para organizações. Os
resultados mostraram a importãncia de outras variáveis contextuais como organização, região e nível
hierárquico, além da cultura nacional.
Bastos (1995a) compara os resultados de um estudo entre trabalhadores da Bahia com os resultados da
dissertação de Soares, referente a uma pesquisa feita entre trabalhadores de Brasília e com os resultados
de MOW (I 987), e observa que "o padrão encontrado na Bahia aproxima-se daquele observado nas
sociedades ocientais, diferenciando-se do Japão, onde o peso do trabalho é mais elevado, superando
inclusive a esfera família". Em outra publicação sobre estudantes e profissionais de administração
(Bastos, 1995b), observou-se "poucas diferenças estatisticamente significativas, o que fortalece a
interpretação de que o significado do trabalho neste grupo ocupacional não tem sofrido alterações
fortes, predominando uma ética clássica."
Urt ( 1992) analisa o "significado psicossocial do trabalho para os jovens, tomando por referencial a
perspectiva sócio-histórica do desenvolvimento do psiquismo humano." Sua abordagem de cunho mais
qualitativo foi bastante distinta do modelo do MOW. "Para compreender as dificuldades, as
inquietações e contradições dos jovens que se manifestaram em suas representações acerca do trabalho,
tive que recolocá-los em seu contexto cotidiano, a fim de captar o que vivem e pensam sobre família,
lazer, amízade, sexualiade, política, religião e, principalmente, sobre a escola." Analisando os
resultados, "conclui-se que não existe um única categoria de jovens; há, sim, jovens com condições
objetivas de vida diferentes, refletindo essas diferenças em seu psiquismo. ( ... ) Não se pode dizer que
os jovens entrevistados possuem uma concepção homogênea de trabalho; ao contrário, as diferenças,
em número muito mais significativo e relevante que as semelhanças, parecem indicar que as condições
objetivas da vida - no cotidiano, na fumílía e na escola - manifestam diferenças no significado que os
jovens atribuem ao trabalho, e que se refletem de maneira diferente no seu desenvolvimento enquanto
totalidade concreta." Podemos perceber que novos elementos fornecidos pela pesquisa qualitativa.
Toledo (I 979) também trabalhou com jovens, com o objetivo de "dar subsídios e informações objetivas
Próximos passos:
A pesquisa em significado do trabalho com instnunentos qualitativos ainda está embutida em pesquisas
cujo objeto principal é outro, sendo portanto apenas parcialmente e secundariamente abordado. Um
grupo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) está trabalhando no sentido de desenvolver uma
metodologia específica, baseado em mapas cognitivos, mas ainda não chegou a publicar seus
resultados.
Valeria também aprofundar o estudo sobre o tema entre os individues afetados pelo "fim dos
empregos" e confrontar a análise feita por Bridges e a realidade brasileira. Caberia ainda relacionar o
problema com as políticas públicas.
Conversas informais apontam para a hipótese que os trabalhadores ligados a uma organização que
tenha uma função social valorizam mais seu trabalho que os ligados a instituições privadas lucrativas
de mesma função. Caberia uma pesquisa para aceitar ou rejeitar esta hipótese, principalmente em uma
conjuntura que aponta para o crescimento do "terceiro setor" (Rifkin, 1994). Pesquisas empíricas que
estudassem aspectos éticos dos individues em relação ao trabalho também seriam muito valiosos para o
tema.
6.8. BIBLIOGRAFIA
As notas de rodapé indicando o nome original e a data das publicações traduzidas foram incluídas para
dar uma noção mais exata do desenvolvimento da bibliografia.
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? São Paulo, ed. Cortez, 1995.
AULETE, Caldas. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Delta, 1958.
ARCHER, Earnest R. O Mito da Motivação. In BERGAMINI, Cecilia W. e CODA, Roberto. (orgs.)
Psicodinâmica da Vida OrganizacionaL"
BASTOS, Antonio Virgilio Bittencourt; PINHO, Ana Paulo Moreno; COSTA, Clériston Alves.
Significado do trabalho: um estudo entre trabalhadores em organizações formais. Revista de
Administração de Empresas v.35, n.6 p. 20.29. 1995a.
_ _.; BRAGA, Sílvia Choucate; TORRES, Lilian Costa; GOMES, Renata; ALMEIDA, Keneth
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BARTOLOMÉ, Fernando. The work alibi: when it's harder to go home. Harvard Business Review,
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BRIDGES, William. Um mundo sem empregos. Makron Books, São Paulo, 1995 5
CARPENTIER-ROY, M.C. L'affectif: dimension occuhée des rapports de travail. RIA C n 17- !992.
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4
- Tradução de The Mith ofMotivation, 1978.
5
- Tradução de JobShift, 1994.
6
- Tradução de Travaille: usure mentale. 1980.
Luiz Ojima Sakuda 161
Teletrabalho: Desafios e Perspectivas Anexos
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