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Lucas Lima de Oliveira - 10816579 (Noturno)

Uma análise acerca dos processos de anulação e exclusão da memória histórica

Em A Revolução do Vencedor temos como principal objetivo dos autores analisar


discursos de movimentos políticos que proclamavam-se como revolucionários, visando
analisar a partir de tais discursos as formas de periodização e destruição da memória histórica
do “perdedor”.
O texto divide-se em quatro partes: (1) modos de periodização na constituição da
memória (60-61) Nesta parte nos é apresentado um relato do Gen. Waldomiro de lima, deste
relato os autores nos apresentam duas interpretações acerca do mesmo, a primeira considera o
fragmento como a descrição de uma situação política em São Paulo, bem como a posição e
papel do autor na mesma, já a segunda interpretação temos o discurso de um personagem
comprometido com o poder, neste contexto o discurso de alguém relacionado com o poder
não se trata apenas de uma memória histórica, mas também de um fazer histórico sobre o
assunto da revolução, objeto de análise, fazer histórico este que por ser ativo refaz a memória
histórica. Em contraponto o discurso como uma descrição da situação política torna-se sujeito
da história onde a revolução, objeto de análise, torna-se uma fase transição construindo o
futuro e exorcizando o passado, em um movimento de constituição de memória.
(2) A visão do vencedor e a exclusão histórica (61-63) Os autores nos apresentam a
noção de que o evento narrado é composto por classes com propostas divergentes acerca do
tema revolução, algo oposto a constituição de memória descrita anteriormente,que narra
objeto de análise a partir de uma única visão, anulando outras visões e propostas, em uma
tentativa de “refazer a história política do Brasil” tendo como referencial o prisma e visão do
“vencedor”, favorecendo a definição do fato narrado como sendo uma revolução, anulando as
visões e realidades das propostas vencidas, apagando suas visões da história e excluindo
agentes históricos, limitando percepções do processo político narrado.
(3) Recuperação do processo anulado (63-69) Os autores nos apresentam a tese de
que o processo político anulado é recuperado uma vez que assumimos a existência de outras
propostas de revolução que foram desconsideradas, procurando os atores históricos
desconsiderados pelo lado vencedor, permitindo a retomada do movimento político em toda
sua extensão,através da busca por um critério de periodização, capaz de considerar o conjunto
de propostas incluindo as que negam a ordem estabelecida pelo lado vencedor. Feito isso os
autores nos apresentam as memórias perdidas pela visão do primeiro relatório apresentado,
visando a recuperação das mesmas e reperiodizandos-as
(4) Como propostas são anuladas (69-70) Na parte final os autores demonstram o
modo como a visão da “revolução de 1930” foi adotada, anulando as visões contrárias, para
tanto é destacado o modo como a periodização adotada da função ao presente, delimitando
um porvir a ser construído e outro a ser anulado sob a ideia da suposta revolução.
De modo geral o autor usa a ditadura militar como exemplo de como a descrição
histórica a partir do prisma do vencedor, acaba por anular visões contrárias corrompendo
assim a visão histórica do período.
Vesentini, Carlos Alberto; de Decca, Edgar Salvadori. “A revolução do vencedor”.
Contraponto, ano 1, no 1, nov. 1976, p. 60-71.

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