O documento analisa como movimentos políticos que se proclamavam revolucionários anulavam a memória histórica dos perdedores. Ele discute (1) como a periodização constrói a memória de forma parcial, (2) como a visão dos vencedores exclui outras perspectivas, e (3) como é possível recuperar processos políticos mais amplos considerando diferentes propostas, incluindo as dos derrotados.
O documento analisa como movimentos políticos que se proclamavam revolucionários anulavam a memória histórica dos perdedores. Ele discute (1) como a periodização constrói a memória de forma parcial, (2) como a visão dos vencedores exclui outras perspectivas, e (3) como é possível recuperar processos políticos mais amplos considerando diferentes propostas, incluindo as dos derrotados.
O documento analisa como movimentos políticos que se proclamavam revolucionários anulavam a memória histórica dos perdedores. Ele discute (1) como a periodização constrói a memória de forma parcial, (2) como a visão dos vencedores exclui outras perspectivas, e (3) como é possível recuperar processos políticos mais amplos considerando diferentes propostas, incluindo as dos derrotados.
Uma análise acerca dos processos de anulação e exclusão da memória histórica
Em A Revolução do Vencedor temos como principal objetivo dos autores analisar
discursos de movimentos políticos que proclamavam-se como revolucionários, visando analisar a partir de tais discursos as formas de periodização e destruição da memória histórica do “perdedor”. O texto divide-se em quatro partes: (1) modos de periodização na constituição da memória (60-61) Nesta parte nos é apresentado um relato do Gen. Waldomiro de lima, deste relato os autores nos apresentam duas interpretações acerca do mesmo, a primeira considera o fragmento como a descrição de uma situação política em São Paulo, bem como a posição e papel do autor na mesma, já a segunda interpretação temos o discurso de um personagem comprometido com o poder, neste contexto o discurso de alguém relacionado com o poder não se trata apenas de uma memória histórica, mas também de um fazer histórico sobre o assunto da revolução, objeto de análise, fazer histórico este que por ser ativo refaz a memória histórica. Em contraponto o discurso como uma descrição da situação política torna-se sujeito da história onde a revolução, objeto de análise, torna-se uma fase transição construindo o futuro e exorcizando o passado, em um movimento de constituição de memória. (2) A visão do vencedor e a exclusão histórica (61-63) Os autores nos apresentam a noção de que o evento narrado é composto por classes com propostas divergentes acerca do tema revolução, algo oposto a constituição de memória descrita anteriormente,que narra objeto de análise a partir de uma única visão, anulando outras visões e propostas, em uma tentativa de “refazer a história política do Brasil” tendo como referencial o prisma e visão do “vencedor”, favorecendo a definição do fato narrado como sendo uma revolução, anulando as visões e realidades das propostas vencidas, apagando suas visões da história e excluindo agentes históricos, limitando percepções do processo político narrado. (3) Recuperação do processo anulado (63-69) Os autores nos apresentam a tese de que o processo político anulado é recuperado uma vez que assumimos a existência de outras propostas de revolução que foram desconsideradas, procurando os atores históricos desconsiderados pelo lado vencedor, permitindo a retomada do movimento político em toda sua extensão,através da busca por um critério de periodização, capaz de considerar o conjunto de propostas incluindo as que negam a ordem estabelecida pelo lado vencedor. Feito isso os autores nos apresentam as memórias perdidas pela visão do primeiro relatório apresentado, visando a recuperação das mesmas e reperiodizandos-as (4) Como propostas são anuladas (69-70) Na parte final os autores demonstram o modo como a visão da “revolução de 1930” foi adotada, anulando as visões contrárias, para tanto é destacado o modo como a periodização adotada da função ao presente, delimitando um porvir a ser construído e outro a ser anulado sob a ideia da suposta revolução. De modo geral o autor usa a ditadura militar como exemplo de como a descrição histórica a partir do prisma do vencedor, acaba por anular visões contrárias corrompendo assim a visão histórica do período. Vesentini, Carlos Alberto; de Decca, Edgar Salvadori. “A revolução do vencedor”. Contraponto, ano 1, no 1, nov. 1976, p. 60-71.