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SISTEMAS DE INOVAÇÃO

DE NEGRI, F.; CAVALCANTE, L. R. Sistemas de inovação e inf raestrutura de pesquisa:


considerações sobre o caso brasileiro. In: 24ª Radar – tecnologia, produção e comércio
exterior. IPEA - Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e
Inf raestrutura. Brasília, 2013.

Priscila Mirelle Santos Marinho

A área acadêmica e o campo de formulação de políticas públicas têm


considerado de extrema importância a junção de desenvolvimento econômico e
produção científica e tecnológica, pois os modelos de crescimento e
desenvolvimento econômico têm aos poucos incorporado atividades de ciência,
tecnologia e inovação (CT&I) em suas formulações.

Segundo De Negri e Cavalcante (2013) “a infraestrutura de pesquisa


científica e tecnológica existente em um país, em particular nas universidades e
instituições públicas de pesquisa, é um dos principais componentes no que se
refere ao sistema nacional de inovação”. No que diz respeito ao processo de
inovação, pode-se ressaltar dois modelos básicos para interpretação, são eles:

Modelo linear: enfatiza a oferta – ou seja, as atividades de pesquisa que


transbordariam de maneira espontânea para o setor produtivo;

Modelo sistêmico: prevalecem prescrições voltadas para a articulação


entre os diversos agentes envolvidos no processo.

Para Mazzoleni e Nelson (2005) a importância do conhecimento


produzido em universidades e instituições de pesquisa no processo de
desenvolvimento econômico dos países tem se tornado cada vez maior. Dessa
forma, cresce a importância das capacitações científicas e tecnológicas locais
no processo de aproximação dos países em desenvolvimento aos países
centrais.

Segundo Suzigan, Albuquerque e Cario (2011, p. 9), “as universidades e


os institutos de pesquisa produzem conhecimento científico que é absorvido
pelas empresas, e estas acumulam conhecimento tecnológico, fornecendo
questões para a elaboração científica”. Esta, portanto, seria a chave de um
sistema de inovação capaz de impulsionar o desenvolvimento econômico dos
países.

Para Cohen, Nelson e Walsh (2002) “a relevância da infraestrutura de


pesquisa científica e tecnológica para a inovação n ão é uniforme entre os
setores”, pois concluem que: a pesquisa pública é importante, em um amplo
segmento da indústria de transformação, apesar de seus impactos mais
substantivos serem em um número limitado de segmentos, sendo o setor
farmacêutico o mais importante; os canais pessoais de acesso à pesquisa
pública são mais importantes que os formais; e as grandes empresas tendem a
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utilizar mais a pesquisa pública que as pequenas. Tais resultados demonstram


que especificidades do sistema nacional de inovação condicionam as
contribuições potenciais da infraestrutura de pesquisa ao processo de
desenvolvimento.

Além das características do sistema de inovação, os próprios aspectos


da infraestrutura de pesquisa estão associados ao nível de interações
estabelecidas com o setor produtivo e às suas potenciais contribuições para o
desenvolvimento econômico.

No caso brasileiro, existe um padrão relativamente circunscrito de


interação entre universidade e empresas, com apenas pontos localizados de
interação entre a dimensão científica e a dimensão tecnológica. De fato, são
poucos os exemplos bem-sucedidos de interação da infraestrutura de pesquisa
com o setor produtivo no Brasil. Alguns exemplos são: a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa); o complexo de pesquisas ligado ao setor
aeronáutico: o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o Centro Tecnológico
da Aeronáutica (CTA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); a
Fu ndação Oswaldo Cruz (Fiocruz); e o complexo de pesquisa associado ao
setor de petróleo no Rio de Janeiro, do qual fazem parte o Centro de Pesquisas
da Petrobras (Cenpes) e o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
Pesquisa de Engenharia (COPPE). Em todos esses casos, em sua
constituição, essas instituições de pesquisa públicas foram orientadas a uma
comunidade de usuários e desenhadas para resolver problemas relevantes de
determinados setores de atividade, nos termos de Mazzoleni e Nelson (2005).

Pode-se concluir que, uma infraestrutura de pesquisa moderna e


atualizada é fundamental não apenas para a produção de conhecimento n ovo,
mas também para a formação de recursos humanos qualificados e para o
desenvolvimento de inovações tecnológicas no setor produtivo. Contudo, as
especificidades dos sistemas nacionais de inovação e da própria infraestrutura
de pesquisa são fatores determinantes de sua potencial contribuição para o
desenvolvimento econômico.

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