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Herasmo Braga de Oliveira Brito (UESPI)

ANTONIO CANDIDO

ANTONIO CANDIDO: Mudança perceptiva em


relação ao Regionalismo e a fundamentação 47

teórica para o Neorregionalismo


Herasmo Braga de Oliveira Brito 1

Resumo:
Este estudo tem como objetivo analisar a postura de Antonio Candido diante do

[
Regionalismo Literário Brasileiro, que vai mudando ao longo das suas obras, e com base
nesta mudança destacar os elementos basilares que serviram como referência para o
desenvolvimento do Neorregionalismo Brasileiro. A presente análise caracteriza-se,
essencialmente, como bibliográfica. Utilizando-se como base os seguintes autores:
Candido (1992, 2000, 2002, 2006), Braga (2017). Buscou-se, primeiro, apresentar as
diversas visões de Antonio Candido em relação ao Regionalismo. Em seguida,
evidenciamos os elementos conceituais que serviram como base para a configuração do
Neorregionalismo Literário Brasileiro.

Palavras-chave: Regionalismo Literário; Neorregionalismo; Crítica Literária.

ANTONIO CANDIDO
dossiê temático:

]
1
Professor adjunto de Teoria e Crítica Literária da Universidade Estadual do Piauí – UESPI e líder do Grupo de
Pesquisa NENIN – Núcleo de Estudos em Neorregionalismo, Imaginário e Narratividade.

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ISSN 2447-4274 CONTRAMÃO Teresina-PI | Número 3 | dezembro de 2017
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Não há dúvida que Antonio Candido e José Lins do Rêgo, e ainda apresentar os
foi o maior crítico literário brasileiro no século elementos que dão base para a formulação da
XX. Suas obras foram responsáveis por diversas análise configurativa de uma nova tendência
elucidações dentro do cenário literário na literatura brasileira contemporânea, o
nacional, como também contribuiu Neorregionalismo, constitui o ensejo do nosso
efetivamente na formação de diversos teóricos texto.
e críticos literários. Com tantas obras Sendo adepto do modernismo da
abordando tantas temáticas, períodos, Semana de Arte de 22 e do confronto dessa
autores, obras, seria impossível não haver Semana com os regionalistas nordestinos,
algumas questões a serem melhor resolvidas, representado por Gilberto Freyre e José Lins
outras mais aprofundadas e até mesmo do Rego, parece-nos que a tomada de uma
algumas serem questionadas, pois o posição por parte de Candido fez com que ele
pensamento crítico como tão bem ele se direcionasse a pormenorizar a questão
defendia deveria estar constantemente regional em um primeiro momento, como
apresentando novas possibilidades, novos ficou marcado em seu texto clássico Literatura
argumentos, ratificando e retificando ideias, e subdesenvolvimento. Diz ele:
lançando novas conjunturas. Dessa maneira,
portamo-nos diante de algo que, a nosso ver, [...] demora cultural. É o que ocorre
com o Naturalismo no romance, que
não foi confortável nas abordagens de Antonio
chegou um pouco tarde e se
Candido, como a questão do regionalismo prolongou até nossos dias sem
literário. quebra essencial de continuidade,
embora modificando as suas
Analisar, portanto, essa questão modalidades [...]. Por isso, quando na
apresentando um pouco dessa certa Europa o Naturalismo era uma
sobrevivência, entre nós ainda podia
condenação, em um primeiro momento, e ser ingrediente de fórmulas literárias
depois certa redenção por parte de Candido ao legítimas, como as do romance social
dos decênios de 1930 e 1940
trabalhar com autores como Graciliano Ramos
(CANDIDO, 2006, p. 180).

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sobrevalorização do pitoresco sobre a ação


Candido nesse texto irá não só
humana. No dizer de Antonio Candido (2000,
associar a questão do regional a uma
p. 267),
manifestação tardia do naturalismo nas nossas
letras, como também irá colocar que a questão [...] é uma verdadeira alienação do
homem dentro da literatura, uma
regional ainda estava presente em nosso meio 49
reificação da sua substância espiritual
pelo fato de não termos superado a nossa [...] para deleite estético do homem
etapa de subdesenvolvimento social e da cidade. Não é à toa que a
literatura sertaneja [...] deu lugar à
econômico. Por essa razão, o exótico e o pior subliteratura de que há notícia
pitoresco se faziam tão presentes em obras de em nossa história.

autores em estados periféricos de um país de Subliteratura é então vista dessa


dimensão continental. maneira devido ao seu caráter meramente
Em obra anterior a esse texto, que
descritivo e de pouca profundidade estética. O
até mesmo o projetou e constitui leitura
terceiro momento caracteriza-se pela “[...]
imprescindível não só para os homens das tomada de consciência do
letras, mas para quem busca compreender o subdesenvolvimento”. A problematização
Brasil, lançada nos anos 50 do século XX, que é
social brasileira passa a compor as narrativas
Formação da literatura brasileira (2000), dos romancistas dos anos 30 e 40 do século XX
Candido dividiu o Regionalismo em três (CANDIDO, 2006, p. 193).
momentos: O primeiro acontece durante o
Sendo assim, não convergimos com o
Romantismo e caracteriza-se pela valorização
pensamento de Antonio Candido em Textos de
dos aspectos locais. Nesse período, destacam- intervenção, quando se posiciona acerca do
se Bernardo Guimarães, José de Alencar, regionalismo e seu fim: tanto na crítica
Visconde de Taunay e Franklin Távora. O
brasileira quanto na latino-americana, a
Regionalismo ficou também conhecido como palavra de ordem é “morte ao Regionalismo”,
Sertanismo, cuja ideia refere-se a um país que quanto ao presente, e menosprezo pelo que
existe além do litoral.
foi, quanto ao passado. Essa atitude é
O segundo momento acontece na
criticamente interessante se tomarmos como
virada do século XIX para o XX. Os produtores um “basta!” à tirania do pitoresco, que vem a
desse tipo de regionalismo foram Coelho Neto,
ser afinal de contas uma literatura de
Afonso Arinos, Simões Lopes Neto, dentre
exportação e exotismo fácil. Mas é forçoso
outros. Nesse instante, a paisagem e o convir que, justamente porque a literatura
homem, antes exaltados como virtuosos, desempenha funções na vida da sociedade,
passam a ser elementos exóticos de um país
não depende apenas da opinião da crítica que
não civilizado. Assim, ocorre a o Regionalismo exista ou deixe de existir. Ele

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existiu, existe e existirá enquanto houver Ramos. Diz ele nas primeiras páginas, ao se
condições como a do subdesenvolvimento, referir à obra Caetés:
que forçam o escritor a focalizar como tema as
A atmosfera geral do livro se liga
culturas rústicas mais ou menos à margem da
também à lição pós-naturalista,
cultura urbana. O que acontece é que ele vai voltada para o registro dos aspectos
modificando e adaptando, superando as mais banais e intencionalmente anti- 50
heróicos do quotidiano e com certo
formas mais grosseiras até dar a impressão de pudor de engatilhar os dramas
que se dissolveu na generalidade dos temas convulsos de que tanto gostavam os
fogosos naturalistas da primeira
universais, como é normal em toda obra bem- geração (CANDIDO, 1992, p. 14).
feita (CANDIDO, 2002, p. 86-87).
Verificamos nessa passagem a
Essa marca que ficou no regionalismo
presença ainda da centralidade discursiva da
de algo pitoresco e exótico fez-se bastante
questão naturalista associada aos autores
evidente nas primeiras obras do regionalismo
regionalistas, mas, ao longo das linhas, parece
romântico, que ao longo do tempo foi
ser deixada de lado e outros elementos
perdendo essas características. Os romances
valorosos começam a fazer parte das análises
da década de 30 são alguns exemplos da perda
em relação não só a outras obras aferidas
desse caráter. Todavia, ocorre a manutenção
posteriormente – até mesmo Caetés volta a
equivocada dessas ideias. Assim, diante da
ser lembrada, no entanto com outro olhar
presença desses estigmas, acaba por fazer com
apreciativo. Podemos destacar essa mudança
que diversos autores tidos por nós como
quando ele começa a analisar São Bernardo.
neorregionalistas rejeitem tal ideia.
Diz ele em suas passagens iniciais:
Interessante observarmos que se, em
um momento, Antonio Candido parece um
Não se trata, evidentemente, do
pensador a reforçar o estigma um tanto
resultado mecânico de certas
reducionista das obras regionalistas, relações econômicas. Uma profissão,
ou ocupação qualquer, é um todo
associando suas ideias às questões
complexo, integrado por certos
econômicas, como se percebe em Literatura e impulsos e concepções que
subdesenvolvimento (2000), e, no caso ultrapassam o objetivo econômico.
[...] Em Paulo Honório, o sentimento
específico, boa parte da prosa regionalista ser de propriedade, mais do que simples
relacionada à região nordeste, ao longo dos instinto de posse, é uma disposição
total do espírito, uma atitude geral
seus escritos essa visão parece se confrontar.
diante das coisas (CANDIDO, 1992, p.
Podemos ilustrar essa questão com a obra 28).

Ficção e confissão, um estudo publicado por


Candido em 1992 sobre as obras de Graciliano

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Salientamos nesse trecho como a terras de massapé, com a planturosidade das


questão do viés econômico que justificou em regiões fartas” e que “se tornou o escritor por
outro texto a condição regionalista como um excelência da terra estorricada” (CANDIDO,
sintoma do subdesenvolvimento agora é 1992, p. 49). Destacamos, portanto, esse novo
referido para suplantar, parcialmente, ao olhar sobre o tema do regionalismo, antes
51
evidenciar aspectos complexos da composição considerado quase como uma literatura
e feitura do romance de Graciliano Ramos. menor, de datação histórica de outrora e,
Outros elementos corroboram para que portanto, manifestadora de uma estética fora
Candido anuncie que a obra é “um romance de época, para uma produção em que os
forte com estrutura psicológica e literária” problemas dos sujeitos são marcados pelos
(CANDIDO, 1992, p. 29) e promova a seguinte fatores sociais decorrentes das condições
menção: históricas e geográficas, que o tornam cada vez
mais de posse não de uma consciência amena
Não há em São Bernardo uma única de atraso, mas de problematização crítica das
descrição, no sentido romântico e
condições a ele imposto, como podemos
naturalista, em que o escritor procura
fazer efeito, encaixando no texto, comprovar com este outro pensamento de
periodicamente, visões ou Candido quando menciona: “o drama de Vidas
arrolamentos da natureza e das
coisas. No entanto, surgem a cada Secas é justamente esse entrosamento da dor
passo a terra vermelha, em lama ou humana na tortura da paisagem” (CANDIDO,
poeira; o verde das plantas; o relevo;
as estações; as obras do trabalho 1992, p. 47). Podemos balizar o caráter de
humano: e tudo forma universalidade que as obras começam a ter
enquadramento constante,
para Candido em oposição à ideia que pairava
discretamente referido, com um
senso de oportunidade que, tirando o sobre suas observações, visão justificada por
caráter de tema, dá significado,
um regionalismo romântico que tinha um teor
incorporando o ambiente ao ritmo
psicológico da narrativa. Esse livro mais localista. Antonio Candido percebe que os
breve e severo deixa no leitor dramas universais humanos se fazem
impressões admiráveis (CANDIDO,
1992, p. 32). presentes nas obras regionalistas e que suas
inquietações sobre os problemas sociais
Esse trecho sustenta bem o que
marcam a formação do sujeito, dando-lhes,
estamos apresentando em relação à mudança
mesmo em um mundo sem instrução formal,
significativa de Antonio Candido. Não podemos
um sentimento que vai além das fronteiras
associar tão somente a um escritor, no caso
geográficas.
Graciliano Ramos, pois ele irá apresentar ideias
Antonio Candido, na obra ilustrativa
significativas sobre José Lins do Rego também,
da mudança de percepção acerca dos autores
que, para ele, “produziu as obras-primas das
regionalistas de 1930 em que o tema central é

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Graciliano Ramos, no entanto, faz alusão a José Essa criação permite até animais ganharem
Lins do Rêgo, em outros momentos a autores uma projeção humana digna de
regionalistas diluídos ao longo dos seus universalidade, como, no caso de Vidas Secas,
diversos textos, tais como Raquel de Queiroz, de Graciliano, a cachorra Baleia, em
Jorge Amado e a outro que veio na geração semelhança ao tocante à humanização de
52
seguinte, Guimarães Rosa, à ideia de que esses sentidos, na ideia de humanização dos animais,
autores perceberam que “[...] a literatura não ao atribuir-lhes laços emotivos da relação
dá segurança, porque a obra de arte realiza entre pessoas, como a Moby Dick de Herman
apenas uma parcela mínima do que se Melville.
imaginou” (CANDIDO, 1992, p. 52), pois eles Ainda sobre as aproximações de
projetaram uma construção em que o ético Antonio Candido entre Graciliano Ramos e José
com o estético se associavam e, em prol de um Lins do Rêgo que podemos associar aos
engajamento ao mesmo tempo social, também grandes autores regionalistas nós temos a
abordava os dilemas internos universais dos seguinte constatação:
indivíduos, como, por exemplo, o silêncio de
Para Graciliano a experiência é
Fabiano tão bem explorado por Lourival
condição da escrita; e em José Lins do
Holanda em Sob Signo do Silêncio e a condição Rêgo admira a capacidade de
descrever com a pura imaginação.
de Conceição em O Romance de 30, de Luís
“Eu seria incapaz de semelhante
Bueno. proeza: só me abalanço a expor a
Interessante observarmos como coisa observada e sentida”. “Nada me
interessava fora dos acontecimentos”
Candido deixa-se envolver pela escrita desses (CANDIDO, 1992, p. 58).
autores e toma Graciliano Ramos para
Assim, o escritor retira do seu
mencionar que “Um artista nada mais faz do
ambiente de vivência a carga de experiência
que tomar os lugares-comuns e renová-los
para compor as suas narrativas. É através,
pela criação” (CANDIDO, 1992, p. 54), e que os
portanto, dessa vivência experimentada que se
autores regionalistas fazem é exatamente esse
ganha certa roboração em sua escritura, já que
ato criativo profundo e não meramente
se parte do conhecido, do sentido, do
descritivo em que uma dada realidade de
verossímil: “O escritor vê o mundo através dos
condição de subsistência e de atraso
seus problemas pessoais; sente necessidade de
econômico e social não seja o único aspecto a
lhe dar contorno e projeta nos personagens a
se fazer presente nos enredos. A criação
sua substância, deformada pela arte”
desses autores perscruta os sentimentos que
(CANDIDO, 1992, p. 64). Essa ideia é
movem os sujeitos em um ambiente tão
devidamente constatada quando, ao
áspero e desprovido de recursos materiais;
meio em que a exploração parece ser a tônica.

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acrescentar suas observações em relação a tocante ao aprofundamento de questões


Graciliano Ramos, Candido refere: sociais e humanas dentro de obras
estruturalmente bem construídas e com
A sua obra não nos toca somente
significativos avanços literários ao trabalhar de
como arte, mas também (quem sabe
para alguns, sobretudo) como uma maneira crítica e engajada sem cair no
testemunho de uma grande discurso panfletário de pouca agudeza 53
consciência, mortificada pela
iniquidade e estimulada a manifestar- literária.
se pela força dos conflitos entre a O Neorregionalismo2 se configura
conduta e os imperativos íntimos. E a
seca lucidez do estilo, o travo acre do como obras produzidas a partir dos anos 60 do
temperamento, a coragem da século XX em que tínhamos as seguintes
exposição deram alcance duradouro
características presentes:
a uma das visões mais honestas que a
nossa literatura produziu do homem
e da vida (CANDIDO, 1992, p. 70).
1. a presença de autonomia das

Diante dessa citação ela conclui a personagens femininas dentro

mudança perceptiva de Antonio Candido em dos enredos, independente de

relação ao regionalismo de 30 que, nos qual fosse o gênero do autor;

estudos mais antigos, era tido por ele como 2. o Espaço deixa de ser um

algo menor, mas sendo grande teórico e elemento de composição

analista da literatura brasileira não se estático ou de mera

contrapôs a reconhecer seus equívocos e situacionalidade geográfica das

ideias um tanto equivocadas em relação ao personagens; ele passa a ser

regionalismo, como também os seus estudos participativo nos enredos não de

serviram de base para analisar a nova maneira determinante, mas

tendência da literatura brasileira influenciadora e chega até, em

contemporânea: o Neorregionalismo. alguns momentos, a se

Salientamos que em nenhum texto configurar como personagem

crítico de Antonio Candido ocorreu qualquer dentro das obras de tão

menção, ou mesmo que só com o uso do marcante é a sua presença. Além

termo, à questão do neorregionalismo. disso, ele é subdividido em

Frisamos que a motivação do nosso texto foi outros aspectos como espaço-

ilustrar algumas posições de Candido sobre o


2 Todas essas questões estão melhor trabalhadas dentro
regionalismo, que com o tempo foi se
de uma obra nossa: Neorregionalismo Brasileiro:
alterando. Saiu-se de uma visão de naturalismo análise de uma nova tendência na Literatura Brasileira.
tardio para uma reconhecida valorativa no Herasmo Braga de Oliveira Brito. - Teresina – EDUFPI,
2017

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lembrança, espaço-conflito, determinados contextos. Lembremos que logo


espaço-memória, pois ele passa a no início, quando ele apresenta a ideia de que
atuar/existir dentro dos a “análise estética precede considerações de
indivíduos e, diante da sua outra ordem” (CANDIDO, 2000, p. 3), nessa
aceitação ou não por parte das pequena frase o que podemos notar é que
54
personagens, ele acaba devemos primeiramente valorar a literatura
contribuindo para tornar o pela sua qualidade estética e ficcional. Sendo
sujeito alheio não só ao espaço assim, obras teses acabam por comprometer
quanto também a sua própria desde o início este, digamos, princípio de
identidade, sentindo-se sempre análise formulado por Antonio Candido, e
deslocado diante da vida e por também, as teorias da atualidade que
onde habita; destacam muito mais a figura representativa
3. a memória presente nas obras do autor do que a sua construção literária.
funciona como elemento não só Outro ponto relevante destacado em
mantenedor das tradições Literatura e sociedade (2000), que acaba sendo
regionalistas nas obras, mas a tônica maior do livro, consiste na proposta
também serve como instrumento significativa dos diálogos entre os aspectos
de resistência à cultura interno e externo da obra sob a égide de uma
globalizante que homogeneiza a interpretação dialética. Nesse ponto é que os
cultura (BRAGA, 2017). estudos sobre o neorregionalismo literário
começam a seguir um norte, visto que não se
Todos esses elementos são pode desconsiderar os textos, contextos e
configuradores dessa nova tendência dentro tradições presentes nos romances.
da literatura brasileira. Para se chegar até essa Destacamos, por exemplo, a própria disposição
análise e interpretação dessa nova corrente do espaço que se no regionalismo era
estética literária é que os textos de Antonio predominantemente rural, hoje os autores
Candido contribuíram. Podemos destacar a sua neorregionalistas desenvolvem suas tramas no
obra teórica clássica, Literatura e sociedade ambiente urbano por ele ser hoje a
(2000), onde Candido propõe uma discussão territorialidade hegemônica no cenário de
estabelecendo os parâmetros analíticos que habitação da população brasileira.
não devem se confundir ao se abordar Soma-se a essa nova disposição
questões envolvendo os estudos literários com populacional no país também a questão da
os contextos sociais não só de suas produções, autonomia da mulher dentro do cenário social
como também das problematizações brasileiro como um fator notório. E uma das
provocadas pelos enredos diante de razões para essa questão também se

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apresentar nas tramas neorregionalistas tornando-o um sujeito deslocado, desprovido


advém dessa nova condição feminina na de pertencimento e, consequentemente, as
atualidade, e qualquer autor que produzisse coisas não fazem ou fazem muito pouco
algo diferente nesse sentido estaria sentido a ele.
comprometendo a própria verossimilhança Citando outra obra, podemos
55
externa das obras diante das novas condições mencionar a personagem Maria, do romance
sócio-histórico-culturais de hoje e Outros Cantos, de Maria Valéria Rezende.
impossibilitando os diálogos entre os Apesar de a personagem retornar a um lugar
contextos. na qual esteve durante a tentativa de
Em razão dessas observações alfabetização de uma comunidade rural,
advindas depois dos fundamentos propostos através de um programa de governo
por Candido (2000, p. 5), é relevante destacar denominado Mobral (Movimento Brasileiro de
este outro momento em que ele aponta para o Alfabetização), a narradora-personagem Maria
ponto considerável nos estudos e análises das vai durante a trajetória de volta para “Olho
obras: d’Água” com o intuito de ministrar uma
espécie de palestra em um sindicato dos
[...] quando estamos no terreno da
trabalhadores rurais. Ela vai reconstruindo
crítica literária somos levados a
analisar a intimidade das obras, e o todo um espaço que habitou nela e lhe trouxe
que interessa é averiguar que fatores significativas emoções, ao contrário de
atuam na organização interna, de
maneira a constituir uma estrutura Adonias, que viveu na fazenda Galileia toda a
peculiar. sua infância e parte da adolescência e renega
esse espaço sem se identificar com outro,
Diante disso, voltemos à questão do
como Recife ou Londres, cidades em que ele
espaço. Em relação a ele, a mudança do
neorregionalismo para o regionalismo deu-se morou e teve toda a sua formação
educacional. Maria de Outros Cantos teve uma
pela nova percepção espacial além do físico.
vivência menor temporalmente, mas a marcou
Agora o espaço se instaura dentro de uma
perspectiva subjetiva nos indivíduos. Essa é no seu interior, identificando-se com o espaço

uma estruturação peculiar das obras e tornando o seu retorno não como algo
penoso, apesar de todas as inúmeras
neorregionalistas. O espaço habita no interior
dos sujeitos e acaba promovendo a sua própria dificuldades que vivenciou durante aqueles

construção identitária. Podemos citar como meses, no entanto a rememoração traz para
ela um sentimento de afeto pelo lugar e pelas
exemplo a obra Galileia, de Ronaldo Correia de
pessoas.
Brito, em que o personagem Adonias rejeita o
espaço que habita no seu interior e isso acaba Dessa maneira, o destaque intrínseco
da questão do espaço serve como ponto

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significativo quando se promovem as discursiva da minha posição social eleita. Ou,


abordagens dialéticas entre os contextos das então, desqualificar com generalizações e
obras com os contextos sociais das suas equívocos as que não se enquadram no perfil
feituras e das leituras, principalmente quando que defendo.
se tenta evidenciar os pontos de convergência O outro seria construir um nicho,
56
entre o regionalismo e neorregionalismo, reduzido a uma determinada forma em que
como também as suas diferenciações que forçadamente enquadro as obras com base
podem ser antagônicas ou mesmo muitas vezes em pequenos fragmentos de
adaptativas/complementares. interpretações supositivas em que os direciono
Em meio a essas questões, para as minhas pretensões, e assim promovo a
ressaltamos uma importante orientação para relevância de uma teoria ou uma linha estética
as análises literárias. Segundo Candido (2000, sem qualquer profundidade nas análises e
p. 13), “achar, pois, que basta aferir a obra segurança nos argumentos. Apenas evidencio
com a realidade exterior para entendê-la é e apresento buscando a todo preço ter
correr o risco de uma perigosa simplificação validade, como, por exemplo, as segregações
causal”. Diante disso, tomamos, ao abordar a literárias advindas de questões geográficas de
questão da configuração do neorregionalismo fronteira em que estabeleço “essa é uma
literário, essa precisa precaução, pois não foi o produção piauiense” e “essa outra
fato de simplesmente ver na realidade maranhense”, “esta cearense”, e assim
aspectos presentes nas obras que nos fizeram sucessivamente.
criar um leve neologismo atribuindo uma Dessa maneira, com esse olhar
conceituação baseada apenas na identificação apurado em não simplificar ou mesmo forçar
dos elementos da época atual diante das as obras a retratarem uma determinada
narrativas. Se simplificássemos as coisas dessa tendência sem com isso ter os elementos que
maneira estaríamos a cometer dois grandes se enquadram diretamente é que investigamos
erros em que muitos trabalhos de análise os elementos configuradores que caracterizam
atualmente têm exercido. os enredos de tendência neorregionalista e,
O primeiro seria assumir um assim, eles se fazem presentes em diversas
partidarismo sociodiscursivo de algum produções literárias nas mais diferentes
segmento social do tempo presente e destacar regiões, com os mais distintos autores. Temos
nos enredos apenas aquilo que nesse perfil as obras de Milton Hatoum,
tendenciosamente me serve como justificativa Ronaldo Correia de Brito, Maria Valéria
para qualificar aquelas produções literárias Rezende, Francisco Dantas, Raimundo Carrero,
que convergem com os meus anseios e Marçal Aquino, entre tantos.
contemplam a minha posição ideológica-

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Com tamanha pluralidade de autores impossibilidade de se ter ou ser ausente paira


dos mais diversos cantos do Brasil, como sobre o homem ser um sujeito histórico,
podem, sem uma ação programática, ter nas portanto, do seu tempo e do seu lugar. Então,
suas tramas tamanhas convergências que os não teria como o escritor se ausentar dos
configuram sob essa tônica do elementos que o cercam, já que ele retira do
57
neorregionalismo? Mais uma vez, mesmo sem meio externo os rudimentos que irão compor
jamais evidenciar essa questão do as suas obras. Dessa forma, não há tanta
neorregionalismo, Candido vai contribuir como possibilidade de o grande autor ser destituído
base teórica para essa percepção da existência das marcas do seu tempo e suas escritas
dessa tendência, como podemos ver quando refletirem isso.
ele desenvolve as ideias de motivações por É nessa confluência entre o social e o
parte dos escritores em que os contextos individual, como nos adverte Candido (2000),
externos contribuam. Destaca Candido (2000, que a obra surge, pois o artista datado no seu
p. 21): lugar histórico-social-cultural retira os
elementos que irão compor o seu registro
[...] os quatros momentos da
literário que não são necessariamente visíveis.
produção, [...]: a) o artista, sob
impulso de uma necessidade interior, É importante perceber que essa questão acaba
orientando-o segundo os padrões da dando ao trabalho literário a proximidade de
sua época, b) escolhe certos temas, c)
usa certas formas e d) síntese uma dada realidade, retirada de outra. Com
resultante age sobre o meio. isso, tomando o conceito aristotélico da

Interessante percebermos nessas verossimilhança, fica diante dessas


aproximações realistas as produções literárias
alegações motivadoras do escritor é onde os
dentro de algo essencial que é ser crível.
elementos parecem se diluir entre os mais
diferentes deles e, de certa forma, promovem Todavia, isso só será possível se os princípios
verossimilhantes dentro e fora da obra forem
a sua união através de elementos que os
respeitados. Nesse momento é que
convergem. É conhecida a famosa frase de
Aristóteles em que o homem é um animal observamos também que a obra ganha sua

político devido a sua condição de ter de viver autonomia e se constitui uma nova realidade
dentro de uma maior contextual e revela
diante dos seus semelhantes. Assim, dessa
condição ninguém tem como fugir. Da mesma determinadas fissuras ou questões pouco

maneira podemos evidenciar a inerência no visíveis dentro desse espaço realista maior.
Diante disso, o escritor ganha em
homem da capacidade de imitar, como destaca
credibilidade e consistência diante do público e
também Aristóteles em A Poética. Outra
premissa que vai nessa mesma linha de suas produções literárias, quando de
qualidade, perdem o caráter retórico ou belo

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letrista para ganhar um sentido maior de atualizada sem cair em descaracterização pela
significação no meio social. Também, com a massificação cultural imposta ao mundo de
autonomia da obra e com essa presença hoje.
marcante dos diálogos internos e externos das Entre os autores neorregionalistas
produções, muitas coisas passam a independer como Assis Brasil, Francisco Dantas, Raimundo
58
da necessidade de apropriação de um dado Carrero, Maria Valéria Rezende há certo
aspecto, como de gênero, para se reconhecer, compromisso importante para a Literatura que
por exemplo, a autonomia da personagem é o seu compromisso com a qualidade. Esses e
feminina dentro dos enredos dos autores outros autores neorregionais, como já
neorregionalistas, se esses autores são abordamos anteriormente, não produzem um
masculinos ou femininos. O vetor valido para teor panfletário transvertido de obra literária.
construção de livros literários perscrutados na Eles produzem o que Antonio Candido (2000,
realidade, deve ter a necessidade da vivência, p. 45) faz referência:
da experiência compartilhada, e não somente
A grandeza de uma literatura, ou de
se vislumbrar algo ou apenas imaginar.
uma obra, depende da sua relativa
Portanto, essa relação de capacitação ou de intemporalidade e universalidade, e
estas dependem por sua vez da
qualificação ao estabelecer como parâmetro
função total que é capaz de exercer,
se é homem ou mulher escrevendo sobre uma desligando-se dos fatores que a
personagem feminina e sua autonomia, se a prendem a um momento
determinado e a um determinado
obra estiver repleta dos elementos lugar.
anteriormente elencados, não passa de
Essa intemporalidade e
bandeiras ideológicas que apenas
universalidade tanto os escritores dos
empobrecem os debates críticos.
romances regionalistas de 1930 tiveram
À vista dessas questões podemos
quanto os autores contemporâneos
associar que o que liga os escritores
neorregionalistas mantém essas questões
neorregionalistas é essa consciência comum
presentes nas suas obras. Esses aspectos se
que Candido menciona: “os artistas podem
dão porque tanto regionalistas e
permanecer desligados entre si ou vincular-se
neorregionalistas souberam utilizar elementos
seja por meio de uma consciência comum, seja
estéticos para problematizar questões sociais,
pela formação de grupos geralmente
valorando aspectos significativos das suas
determinados pela técnica” (2000, p. 28-29).
regiões sem se perderem em esterelidades
Assim, os escritores neorregionalistas parecem
discursivas de imposição.
se configurar dentro das características
De maneira não programática
comuns e das suas percepções temporais e do
associavam a uma ideia significativa já
seu meio, mantendo a tradição regionalista

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ANTONIO CANDIDO

vislumbrada por um dos primeiros da sua inserção no universo de


valores culturais e do seu caráter de
regionalistas de relevância, Franklin Távora,
expressão, coroada pela
destacada por Antonio Candido (2000, p. 271) comunicação. Mas, quase sempre,
tanto os artistas quanto o público
em Formação da literatura brasileira: “[...] para
estabelecem certos desígnios
ele literatura não era apenas obra de fantasia, conscientes, que passam a formar
uma das camadas de significado da 59
nem dispensava objetivos extra-literários: ‘[...]
obra. O artista quer atingir
o romance tem influência civilizadora [...] determinado fim; o auditor ou leitor
moraliza, educa, forma o sentimento pelas deseja que ele lhe mostre
determinado aspecto da realidade.
lições e pelas advertências [...]”. Se muitas
questões formuladas por Távora, como a
Desse modo, uma visão realista e
segregação da literatura nacional entre norte e
problematizadora é o que aproxima os autores
sul, não foram aceitas nem pelos escritores
regionalistas do seu público. Além disso, esse
regionalistas de 30, menos ainda pelos
sentimento é acrescido por uma busca
neorregionalistas, mas essa de compromisso
identitária nacional que, através do
social do escritor fora assumida pelas duas
conhecimento de quem somos, pudessem nos
tendências literárias modernistas.
oferecer a base para uma união em prol do
Observarmos dessa maneira que os
desenvolvimento social e superarmos
autores regionalistas que apesar de fazerem
determinadas mazelas históricas, como a
parte da primeira metade do século XX e
exploração do homem diante da miséria
estarem ainda em um ambiente marcado pelas
alheia. Esse compromisso social vinculado a
influências vanguardistas do início do século,
uma produção estética literária de qualidade
os romancistas regionalistas não se
são elementos constituidores da prosa regional
interessavam muito em desenvolver uma
e que será dada continuidade pelos autores
produção literária meramente artística, i.e,
neorregionalistas na segunda metade do
produções esteticistas dentro de uma torre de
século XX aos dias atuais.
marfim, desvinculadas da realidade social e
Diante dessa maneira de ver, a
histórica do país. Eles assumiam para si uma
literatura é encarada como “um sistema vivo
postura de engajamento estético e social
de obras, agindo umas sobre as outras e sobre
dentro das obras, desenvolvendo certa função
os leitores, e só vive na medida em que estes a
social que, para Antonio Candido (2000, p. 46),
vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-
em Literatura e Sociedade, significa:
a” (CANDIDO, 2000, p. 74). É que os autores
neorregionalistas, em diálogos com os autores
[...] a função social independe da
regionalistas, mantêm essa postura
vontade ou da consciência dos
autores e consumidores de literatura. problematizadora com qualidade estética e
Decorre da própria natureza da obra,

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ANTONIO CANDIDO

acrescentando nos pontos de convergência a crítica e valorativa dos aspectos locais que são
defesa da tradição regional com aspectos de universais.
universalidade e resistência cultural, Assim, procuramos destacar nesse
constituindo e singularizando uma identidade nosso pequeno texto o quanto Antonio
cultural e espacial para que o indivíduo sinta- Candido contribuiu para os estudos
60
se pertencente a um lugar e com isso dar regionalistas e até mesmo neorregionalistas –
sentido às coisas próximas. A literatura enquanto formação da base teórica para
regionalista e a neorregionalista agora análise, quando mudou a sua postura em
contribuem para essa manutenção significativa algum momento condenativa e depois
de toda uma tradição valorativa que promove apresentando em suas análises os pontos
a ressonância dessas concepções diante da diferenciadores do regionalismo modernista e
formação de uma consciência não amena, mas da sua imensa contribuição para a nossa
tradição literária.

[referências]
CANDIDO, Antonio. Ficção e confissão: ensaios sobre Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Editora 34,
1992.

______. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 6. ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia
Ltda, 2000.

______. Literatura e sociedade. 8. ed., São Paulo: T. A. Queiroz; Publifolha, 2000.

______. Literatura e subdesenvolvimento. In: CANDIDO, Antonio. A educação pela noite e outros
ensaios. 5. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

______. Textos de intervenção. Introdução, apresentação e notas de Vinícius Dantas. São Paulo: Duas
Cidades; Ed. 34, 2002.

BRAGA, Herasmo Braga de Oliveira Brito. Neorregionalismo brasileiro: análise de uma nova tendência
na literatura brasileira. Teresina: EDUFPI, 2017.

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ANTONIO CANDIDO

ANTONIO CANDIDO: cambio


perceptivo en relación al 61

Regionalismo y la fundamentación

]
teórica para el Neorregionalismo
Resumen:
Este estudio tiene como objetivo analizar la postura de Antonio Candido ante el
Regionalismo Literario Brasileño, que va cambiando a lo largo de sus obras, y con
base en este cambio destacar los elementos basilares que sirvieron como referencia
para el desarrollo del Neorregionalismo Brasileño. El presente análisis se caracteriza
esencialmente como bibliográfica. Se utiliza como base los siguientes autores:
Candido (1999, 2000, 2002, 2006), Brito (2017). Se buscó, primero, presentar las
diversas visiones de Antonio Candido en relación al Regionalismo. A continuación,
evidenciamos los elementos conceptuales que sirvieron como base para la
configuración del Neorregionalismo Literario Brasileño.

Palabras Clave: Regionalismo Literario; Neorregionalismo; Crítica Literaria.

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