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Suno Research

Principais ERROS do investidor


iniciante e como EVITÁ-LOS

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Guia Completo: Dividendos

Sumário

1 Introdução 4

2 O que são dividendos? 7

3 Datas importantes dos dividendos 10

3.1. Data de declaração ou aprovação 10

3.2. Data ex-dividendos 11

3.3. Data de pagamento 12

4 Crescimento dos dividendos 14

5 Características de empresas boas pagadoras de dividendos 17

5.1. Forte geração de caixa e lucratividade 17

5.2. Previsibilidade e baixa volatilidade 17

5.3. Baixo endividamento 18

5.4. Rentabilidade 18

5.5. Crescimento moderado 19

5.6. Baixo risco 19

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6 Cuidados a serem tomados dentro da estratégia de dividendos 21

7 A importância do reinvestimento de dividendos 23

7.1. Exemplo prático: AmBev 24

7.2. Exemplo prático: Itaú 25

8 Política de dividendos 27

9 Recompras de ações 30

9.1. Geração de valor 30

10 Recomendações: livros 32

10.1. Faça fortuna com ações (Décio Bazin) 32

10.2. The ultimate dividend playbook (Josh Peters) 33

10.3. The little book of big dividends (Charles B. Carlson) 33

10.4. Filosofias de investimento (Aswath Damodaran) 34

10.5. Guia Suno Dividendos (Tiago Reis e Jean Tosetto) 35

11 Recomendações: vídeos (com transcrição) 36

11.1. Como selecionar ações que pagam dividendos? 36

11.2. Como receber dividendos mensais? 37

12 Recomendações: artigos e leituras 39

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1 Introdução

Este guia especial e gratuito, preparado por Tiago Reis e Felipe


Tadewald, direciona-se principalmente aos investidores que bus-
cam investir na estratégia de dividendos e receber renda passi-
va no futuro. Nele, explicamos os fundamentos da estratégia de
dividendos, bem como suas vantagens e seus riscos. Também es-
clarecemos as principais dúvidas e mitos que a acompanham.

A estratégia de dividendos já é adotada há décadas em países de-


senvolvidos, como Estados Unidos e Reino Unido, bem como em
outros países da Europa.

Lá fora, é bem comum encontrar pessoas que tenham uma par-


cela importante de sua aposentadoria oriunda de dividendos. Nos
Estados Unidos, por exemplo, mais da metade da população adul-
ta investe em ações – obviamente, boa parte dela recebe dividendos.

O Brasil, porém, sempre esteve muito atrás nesse quesito. Pode-


mos identificar algumas razões claras:

Historicamente, juros muito elevados;

Frequentes crises políticas e econômicas;

Grande parcela da população ainda dentro da linha da pobreza;

Ausência de propagação de informação adequada.

A estratégia de investir em bolsa – portanto, em ações de dividen-


dos – esteve restrita por muito tempo a uma minoria de investido-
res bem-informados e de famílias de grandes empresários.

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Houve também muita desinformação propagada ao longo das
décadas: mídia, bancos e o próprio estado, por exemplo, sempre
reforçaram a ideia de que a bolsa de valores é um instrumento de
elevadíssimo risco destinado apenas a quem é rico ou tem muito
conhecimento.

Não era incomum ouvir relatos de pessoas cujos gerentes de ban-


co sempre falavam que a bolsa era muito arriscada e que era me-
lhor ficar de fora. Indivíduos que perderam tudo e voltaram para
a miséria – e até casos de suicídio – sempre eram mencionados
diante do assunto bolsa de valores.

Na prática, por muitas décadas, a bolsa foi pintada como um ver-


dadeiro cassino, uma jogatina na qual só se ganha com sorte ou
fazendo parte de um grupo seleto e elitista de pessoas com infor-
mações privilegiadas.

Todos esses mitos e ideias geraram barreiras naturais à entrada de


muita gente interessada na bolsa – gente que aprendeu a ver os
tickers de cada empresa como verdadeiras fichas de cassino.

A bolsa nunca foi vista da forma como realmente deveria: uma for-
ma inteligente de se associar a grandes empresas e negócios e de
usufruir do crescimento dos lucros, da valorização e dos dividendos.

Há alguns anos, estamos nos propondo a mudar esse cenário,


mostrando o outro lado da bolsa, isto é, o lado que por décadas
esteve oculto das pessoas. Ele nada mais é do que a bolsa como
instrumento de construção de patrimônio e geração de renda.

Ademais, os próprios juros altos sempre tornaram a renda fixa


bastante atrativa, o que retirava a motivação dos investidores de
entrar na bolsa. Afinal, recebendo até 40% ao ano na renda fixa,
para que o investidor se arriscaria em ações para receber 10% ou
15% ao ano em dividendos?

Porém, a situação mudou. Hoje, com juros baixos, a renda fixa


deixou de ser um instrumento de geração de riquezas e pas-
sou a servir apenas como uma forma de o investidor estacionar
seus recursos, fazendo uma reserva de emergência ou reserva de
oportunidades.

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Não tem jeito: hoje, o investidor que quer uma rentabilidade terá
de entrar na bolsa e investir seguindo a estratégia de dividendos.
Formatar uma carteira previdenciária e com foco no longo prazo
é uma forma muito eficiente e segura de começar a investir na
bolsa.

Se hoje ainda é raríssimo vermos pessoas vivendo de dividendos,


temos convicção de que, no futuro, muitos que hoje iniciam no
mercado de capitais colherão frutos e poderão ter os dividendos
como uma de suas principais fontes de renda – ou a principal. Não
temos dúvidas.

Investir em empresas que pagam dividendos e em fundos imobi-


liários (que também pagam dividendos) é uma forma bastante in-
teligente de investir na bolsa, adquirindo uma rentabilidade bem
atrativa e recebendo renda passiva, oriunda dos lucros de grandes
e sólidas empresas.

Investir em empresas de dividendos permite ao investidor parti-


cipar dos lucros de companhias gigantes e rentáveis como Itaú,
Bradesco, AmBev e Vale, tornando-se sócio dessas empresas e
beneficiando-se da valorização de suas ações no longo prazo. Isso
garante uma aposentadoria muito mais digna do que aquela ofe-
recida pelo INSS, hoje ainda em situação bastante difícil.

Sabemos, no entanto, que tomar a decisão de iniciar na bolsa e co-


meçar a montar uma carteira, além de exigir esforços para realizar
economias e poupanças mensais, vem sempre acompanhado de
inúmeras dúvidas e receios.

São essas dúvidas e receios, sobretudo concentrados na estratégia


de dividendos, a que buscamos responder neste guia, ajudando
os investidores a se sentir confortáveis no início de suas jornadas
de investidores. Afinal, não há nada melhor do que a compreen-
são e o entendimento para nos sentirmos seguros do que esta-
mos fazendo.

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2 O que são dividendos?

Os dividendos são parcelas dos resultados líquidos apurados por


empresas (sociedade anônima – S/A). Essas parcelas se destinam aos
seus sócios, que, no caso de companhias listadas, são os acionistas,
isto é, detentores de suas ações listadas em bolsa.

Quando uma empresa encerra seu ano fiscal, divulgando suas de-
monstrações financeiras, ela invariavelmente transfere parcelas
dos lucros – caso os tenha obtido – a seus sócios e acionistas, por
meio de dividendos ou de juros sobre capital próprio.

Um ponto interessante a se destacar é que as companhias são


obrigadas por lei a distribuir dividendos ao final de cada exercício.
O percentual mínimo que a empresa adota como prática deve ser
divulgado aos acionistas por meio de seu estatuto.

De acordo com o Art. 202 da Lei n. 6.404/76 (Lei das Sociedades


Anônimas), que regula esse tema, o estatuto social determinará a
porção mínima dos lucros que devem ser distribuídos.

Muitas empresas adotam um percentual mínimo de 25%, mas


existem outras com percentuais menores ou maiores, e não há
um limite mínimo exato estabelecido por lei. Dessa forma, con-
siderando a legislação brasileira e a prática das empresas brasi-
leiras, não é muito difícil encontrar companhias que pagam divi-
dendos atrativos aqui no Brasil. Ao contrário de outros mercados,
como o americano, por exemplo, em que as empresas podem não
distribuir um centavo sequer em dividendos, se assim decidirem.

A Berkshire Hathaway, por exemplo, empresa do megainvesti-


dor Warren Buffett, é um exemplo de companhia que não paga
dividendos. Buffett sempre defendeu que prefere reinvestir os re-
cursos obtidos pela empresa em novas participações em vez de
destiná-los aos acionistas, já que Buffett acredita ser capaz de re-
munerar de forma mais eficiente esse capital.

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É interessante observar, no entanto, que as empresas em que a
Berkshire Hathaway investe costumam pagar dividendos. Nesse
caso, apesar de não os pagar aos seus sócios, a empresa do me-
gainvestidor recebe muitos dividendos.

Em termos de periodicidade e recorrência de pagamentos, algu-


mas empresas adotam uma prática de pagamentos trimestrais,
ao passo que outras pagam semestralmente ou anualmente. In-
clusive, algumas companhias pagam dividendos mensalmente,
como é o caso dos bancos, investimento ideal para aqueles que
buscam um fluxo de rendimentos constantes.

O fluxo de rendimentos pagos aos investidores proporcionado


pelos dividendos – quando provenientes de uma carteira diversi-
ficada, com algumas empresas diferentes e com periodicidades
distintas de pagamento – pode proporcionar ao investidor uma
grande recorrência de fluxo de caixa. Isso é perfeito para aqueles
que veem nos dividendos uma forma de complemento de renda
ou mesmo de aposentadoria.

De forma geral, um dos principais motivos que levam alguns in-


vestidores a entrar no mercado de capitais e adquirir ações é jus-
tamente a renda de dividendos.

Afinal, por meio do pagamento de dividendos o investidor obtém


uma rentabilidade sobre seu capital investido e participa de uma
parcela dos ganhos de uma empresa – sem depender de outros
fatores, como a valorização e a venda dos papéis.

Outra grande vantagem dos dividendos no Brasil, a qual atrai a


atenção de investidores, é o fato de eles serem isentos de Imposto
de Renda, visto que as empresas já o pagaram em suas operações.
Por isso, tributar os dividendos seria uma espécie de bitributação.

Um dos maiores investidores do mercado de ações brasileiro, Luiz


Barsi Filho, por exemplo, sempre se aproveitou das grandes vanta-
gens oferecidas pelos dividendos. Barsi sempre viu nas ações uma
forma inteligente de gerar renda passiva por meio dos proventos
das empresas – esse é seu foco principal ao investir em ações.

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Por meio das participações nos lucros – via dividendos – que re-
cebeu ao longo de décadas, bem como do reinvestimento desses
recursos, Barsi fez uma grande fortuna no mercado de ações e se
tornou um dos maiores investidores pessoa física do Brasil, com
um patrimônio avaliado em mais de R$ 1 bilhão.

Também é interessante observar o fato de que, conforme as em-


presas crescem e obtêm lucros maiores, os dividendos também
crescem, afinal eles são parcelas dos lucros das companhias. Barsi
com certeza se beneficiou – e muito – do crescimento de suas em-
presas ao longo do tempo.

Inúmeras companhias pagam dividendos hoje que podem pare-


cer pequenos para muitos investidores, o que pode afastar o inte-
resse de quem estava pensando em adquirir ações, principalmen-
te quando olhamos o dividend yield (a relação dos dividendos
pagos sobre o preço da ação).

Porém, como afirmamos, conforme os resultados das empresas


crescem, os dividendos também crescem. Isso eleva o yield on
cost (dividendo sobre o preço de aquisição) do investidor natural-
mente.

Os dividendos são ferramentas poderosas para construção de pa-


trimônio e renda passiva no longo prazo. Isso ocorre quando eles
têm origem em operações de empresas saudáveis, com um fluxo
de caixa robusto, que apresentam crescimento e elevadas métri-
cas de rentabilidade. E, principalmente, quando são reinvestidos
na compra de mais ações.

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3 Datas importantes dos
dividendos

Para aqueles que buscam investir concentrando o recebimento


de dividendos, é imprescindível conhecer e entender algumas da-
tas importantes. Afinal, os investidores saberão se terão ou não
direito a algum provento pago pela empresa nessas datas.

Explicaremos cada uma delas a seguir.

3.1. Data de declaração ou aprovação


A data de declaração ou aprovação é aquela em que o conselho de
administração da empresa anuncia a quantia a ser paga em divi-
dendos por ação, a data ex-dividendos e a data do pagamento dos
proventos.

Normalmente, as empresas realizam reuniões com seus conselhos


de administração para decidir quanto e quando pagarão de proven-
tos referentes aos resultados obtidos em um trimestre ou exercício.
Muitas vezes, os conselheiros levam em conta o estatuto da empre-
sa, bem como sua situação financeira, antes de fazer a aprovação ou
de decidir o valor.

Caso a empresa passe por dificuldades financeiras ou enfrente uma


menor lucratividade ou geração de caixa, é possível que os conse-
lheiros realizem o menor pagamento possível, baseando-se no esta-
tuto. Estar de olho na data de declaração e aprovação, bem como na
assembleia que deliberou os dividendos, pode ser bastante impor-
tante para os investidores.

De qualquer forma, uma vez que seus conselheiros decidem os va-


lores a serem pagos e que os dividendos são anunciados, a empresa
se compromete a arcar com a remuneração a seus acionistas na
data estipulada.

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É importante lembrar que, com alguma frequência, as empresas
aprovam e declaram dividendos a serem pagos apenas alguns me-
ses depois, às vezes até no ano seguinte. Em algumas ocasiões, pa-
gam de forma parcelada, o que pode gerar algum desconforto no
investidor. Mas eles serão pagos – sem dúvidas.

3.2. Data ex-dividendos


A data ex-dividendos é aquela em que as ações não negociam mais
com o direito ao recebimento de dividendos. Sendo assim, o inves-
tidor que comprar nessa data não fará jus ao recebimento dos pro-
ventos após as ações estarem “ex”.

Geralmente, essas datas são informadas logo quando a empresa faz


a deliberação e o anúncio do pagamento dos proventos. Aqueles
que investem visando ao recebimento de dividendos devem estar
sempre atentos a essas datas. Afinal, se quiserem adquirir um novo
ativo para receber seus proventos ou se quiserem comprar mais
ações de uma empresa que recentemente anunciou dividendos,
sempre deverão comprar antes da data “ex” para ter direito a esses
proventos. Caso contrário, terão de aguardar um novo anúncio.

Também é importante ressaltar que, na data “ex-dividendos”, o va-


lor dos dividendos é descontado do preço da ação.

Para ilustrar melhor, vamos exemplificar e imaginar que a empresa


“A S/A” tem suas ações avaliadas em R$ 10 em bolsa. Ela divulgou
um dividendo anual, referente a seu último exercício fiscal, no valor
de R$ 0,50 por ação.

Sendo assim, na data ex-dividendos, as ações da companhia terão


seus preços descontados em R$ 0,50, o que fará com que elas ini-
ciem o dia cotadas a R$ 9,50.

Essa questão do desconto de dividendos também acaba afastan-


do especuladores, cuja intenção era comprar um papel um dia an-
tes da data “ex”, ter direito a seus dividendos e logo vendê-lo no
dia seguinte, obtendo um ganho expressivo facilmente, sem ter o
espírito e a postura de sócio.

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Dessa forma, apesar de esse desconto desagradar muitos investi-
dores e parecer negativo em um primeiro momento, ele também
deve ser visto por outro ângulo, já que evita que especuladores ob-
tenham ganhos fáceis e criem volatilidade além do normal no pa-
pel – apenas por causa dos dividendos.

Além disso, como o papel se tornou mais barato, abre-se a oportu-


nidade de o investidor adquirir mais ações após a data “ex” – pagan-
do menos. Isso é positivo para o investidor de longo prazo, que visa
a acumular cada vez mais ações.

Em tempo, vale lembrar que, apesar dessa “desvalorização forçada”


no curto prazo (por conta da data ex-dividendos), as cotações da
empresa geralmente voltam a evoluir, anulando totalmente o ajus-
te negativo dos ex-dividendos.

Um exemplo interessante é o da Unipar (UNIP6), que em 2017 di-


vulgou dividendos de mais de R$ 4 por ação, fruto de uma grande
reserva de lucros que o acionista controlador resolveu repartir com
seus sócios.

Após o anúncio desses proventos, as ações se valorizaram expressi-


vamente por conta do ânimo de investidores e de pessoas queren-
do participar. Elas chegaram a superar os R$ 13 de forma imediata
– antes, vinham sendo negociadas a menos de R$ 10.

Após a data “ex”, as ações sofreram um reajuste e passaram a ser


cotadas na faixa dos R$ 9. Poucas semanas depois, os papéis já se
encontravam próximos de R$ 15, anulando totalmente o reajuste
dos ex-dividendos e elevando ainda mais o retorno do acionista.

Hoje, as ações da Unipar são negociadas a mais de R$ 35, o que ge-


rou uma excelente rentabilidade para quem permaneceu sócio da
empresa.

3.3. Data de pagamento


A data de pagamento, como o próprio nome já deixa claro, é o
dia em que os dividendos são depositados na conta do investidor,
quando o pagamento desses recursos de fato ocorre.

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Essa data também é divulgada na declaração e anúncio dos pro-
ventos, junto da data “ex”.

Como apontamos anteriormente, somente os acionistas que adqui-


riram ações antes da data ex-dividendos são beneficiados: eles têm
os recursos depositados na conta nessa data exata. Para vermos
um exemplo prático sobre as datas a que nos referimos, vejamos
os números e os dias dos pagamentos realizados pela Grendene
(GRND3) nos últimos anos.

Tipo de
Data da aprovação Data ex-dividendo Data do pagamento Tipo de provento Valor R$ / ação
ação

ON 28/07/2016 03/08/2016 17/08/2016 Dividendo 0,050440235


ON 20/10/2016 28/10/2016 16/11/2016 Dividendo 0,084345408

ON 16/02/2017 13/04/2017 26/04/2017 JCP Bruto 0,144102222


ON 16/02/2017 13/04/2017 26/04/2017 Dividendo 0,020610894

ON 27/04/2017 03/05/2017 17/05/2017 JCP Bruto 0,033254359

ON 27/04/2017 03/05/2017 17/05/2017 Dividendo 0,076571554


ON 27/07/2017 04/08/2017 16/08/2017 Dividendo 0,061613891
ON 26/10/2017 07/11/2017 22/11/2017 Dividendo 0,081451995
ON 22/02/2018 04/05/2018 16/05/2018 JCP Bruto 0,144098608
ON 22/02/2018 04/05/2018 16/05/2018 Dividendo 0,021758890
ON 26/04/2018 08/05/2018 23/05/2018 Dividendo 0,100570903
ON 26/07/2018 07/08/2018 22/08/2018 Dividendo 0,037418208
ON 25/10/2018 06/11/2018 21/11/2018 Dividendo 0,052457439
ON 14/02/2019 24/04/2019 08/05/2019 Dividendo 0,014891133
ON 14/02/2019 24/04/2019 08/05/2019 JCP Bruto 0,144098608
ON 25/04/2019 10/05/2019 22/05/2019 Dividendo 0,040753032
ON 01/08/2019 09/08/2019 21/08/2019 Divivendo 0,017048561
ON 24/10/2019 05/11/2019 19/11/2019 Dividendo 0,104000708

Tomando como base a última distribuição de dividendos divulgada


– no valor de R$ 0,10 por ação, aprovada em 24/10/2019 –, podemos
observar que o pagamento foi realizado em 19/11/2019 e que a data
ex-dividendo foi 05/11/2019.

Ou seja, na prática, o investidor que tinha ações da Grendene em


carteira até o dia 04/11/2019 teve direito aos proventos – e os rece-
beu no último dia 19/11/2019.

Já quem comprou ações da Grendene em 06/11/2019 ou depois não


teve direito aos proventos e teve de esperar a data seguinte de pro-
ventos divulgada pela empresa.

O investidor normalmente pode ter acesso a esses dados de datas


importantes e se informar a respeito dos proventos das empresas
nos próprios sites de “Relações com Investidores” das companhias.
Eles costumam divulgar uma tabela ou planilha com todas as da-
tas e os valores de dividendos.

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4 Crescimento dos dividendos

Como já ressaltamos, uma das grandes vantagens de investir em


ações e com foco no recebimento de dividendos – em detrimento
de investir em renda fixa – é o fato de que os dividendos tendem a
crescer no longo prazo.

Com uma grande frequência, vemos investidores questionando


se investir em uma empresa que paga 5% ou 6% ao ano em divi-
dendos é melhor que investir em renda fixa. Afinal, a renda fixa
“paga” cerca de 4% a 5% sem riscos.

Essa visão, em nossa opinião, é bastante equivocada, já que não


leva em conta o principal: o fato de os dividendos crescerem no
longo prazo.

É o contrário da renda fixa, cujos rendimentos são atrelados à taxa


de juros: caso essas taxas permaneçam estáveis, os rendimentos
nunca crescerão. Como os dividendos representam parcelas dos
lucros das empresas, conforme as companhias melhoram seus re-
sultados, seus dividendos também evoluem, o que proporciona
uma remuneração cada vez maior aos seus acionistas.

Assim, por mais que a relação de dividend yield hoje pareça baixa
– e que os dividendos pareçam pouco atrativos –, conforme a em-
presa demonstra crescimento, seus proventos se tornam maiores.

Por exemplo, imagine uma empresa que hoje paga R$ 0,50 ao ano
em dividendos e que custa em bolsa cerca de R$ 10. Caso essa em-
presa venha a crescer seus lucros em uma média de 10% ao ano
durante cinco anos, seus dividendos se elevarão para cerca de R$
0,80.

O investidor que pagou R$ 10 e recebia R$ 0,50, o que represen-


tava 5% ao ano sobre o valor das ações, agora receberá R$ 0,80, o
que representa 8% sobre o valor de aquisição. Ou seja, seu yield on
cost passou de 5% para 8% ao ano.

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Conforme a empresa cresce, essa métrica tende a se elevar cada
vez mais. Pode chegar um momento – após algumas décadas, tal-
vez – em que os dividendos recebidos representarão mais de 100%
do valor investido. Isso demonstra a importância de investir em
empresas que crescem, bem como a grande vantagens dos divi-
dendos.

Um exemplo interessante é o das Lojas Renner (LREN3), compa-


nhia varejista brasileira com um histórico de resultados bastante
sólido.

A empresa, em geral, sempre teve um dividend yield baixo – em


torno de 1% a 2% –, porém seus dividendos cresceram em um rit-
mo muito expressivo ao longo do tempo, como podemos verificar
no seguinte gráfico.

Para termos uma ideia, em 2006, as Lojas Renner pagaram cerca


de R$ 0,13 em dividendos aos seus acionistas. Isso representava
um yield de aproximadamente 3% (ano), já que as ações encerra-
ram o ano próximas de R$ 4.

Já em 2019, a empresa pagou R$ 1,30 aos seus acionistas, o que


representa um valor aproximadamente 900% maior.

Dessa forma, aquele investidor que observava um yield de 3% ao


ano nas ações das Lojas Renner no passado e o considerava muito
baixo, hoje – considerando os dividendos pagos atualmente e o
preço pago pelas ações lá atrás – recebe um retorno de cerca de
34% ao ano apenas em dividendos. Trata-se de um yield on cost
muito elevado.

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Além disso, as cotações da empresa se elevaram drasticamente.
Partindo da faixa de R$ 3,80 em que se encontravam ao final de
2006, hoje as ações estão cotadas a mais de R$ 57.

Considerando a valorização – bastante expressiva – das ações e


refletindo o ótimo crescimento de lucros e de dividendos da em-
presa, bem como o reinvestimento de proventos, o retorno obtido
em ações da Lojas Renner desde 2006 foi extremamente elevado.
Isso demonstra a alta rentabilidade que uma empresa que paga
dividendos crescentes pode entregar.

Assim, o investidor não deve se atentar apenas ao dividend yield


atual ou aos dividendos atuais que a empresa paga, mas sim
buscar empresas rentáveis e que tenham condições de expan-
dir dividendos no longo prazo. Dessa forma, ele se beneficia do
crescimento desses proventos no futuro. Essas costumam ser as
companhias que mais entregam retornos aos investidores – e os
premiam com um crescimento relevante de patrimônio e de ren-
da passiva.

16
5
Características de empresas
boas pagadoras de dividendos

Geralmente, companhias que pagam bons dividendos com con-


sistência e recorrência são empresas saudáveis. Elas têm algumas
características únicas de qualidade, que as colocam naturalmente
como um investimento mais seguro e rentável. Entre as principais
características de empresas pagadoras de dividendos, podemos
citar as seguintes.

5.1. Forte geração de caixa e lucratividade


Empresas que costumam pagar dividendos consistentes e recor-
rentes normalmente geram muito caixa e são bastante lucrativas.
Ao gerar muito caixa, é natural que elas realizem distribuições pol-
pudas de dividendos.

Obviamente, algumas empresas que pagam dividendos interes-


santes preferem utilizar parte relevante desse caixa para investir
em seu business, reduzindo o payout. Ainda assim, o investidor
deve saber que, caso a empresa passe a investir menos, é provável
que as distribuições aumentem.

O investidor deve sempre desconfiar e evitar empresas que não


têm uma geração de caixa robusta e consistente, tampouco uma
estabilidade de lucros. Afinal, é bem provável que os dividendos
de empresas assim não tenham perenidade.

5.2. Previsibilidade e baixa volatilidade


A maior parte das empresas pagadoras de bons dividendos tem
uma baixa volatilidade em seus papéis, apresentando um perfil
mais defensivo que a média do mercado.

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Como essas empresas geralmente distribuem bons dividendos e
estão inseridas em negócios rentáveis, além de geralmente dispo-
rem de uma maior previsibilidade de geração de caixa e de resulta-
dos, suas ações também apresentam uma menor volatilidade. Isso
confere um conforto maior àqueles que temem as grandes oscila-
ções do mercado de ações.

5.3. Baixo endividamento


Empresas que pagam dividendos bons e consistentes também
costumam apresentar um endividamento baixo. Níveis elevados
de endividamento podem comprometer seriamente o fluxo de
caixa livre, por conta de despesas financeiras extensas e de um
grande fluxo de amortizações. Em razão disso, companhias muito
endividadas dificilmente pagam bons dividendos de forma recor-
rente, pois sequer sobra caixa a elas.

Sendo assim, por meio do investimento visando a dividendos, o


investidor também evita empresas muito endividadas e de riscos
expressivos, o que reduz o risco do investimento.

5.4. Rentabilidade
Outra vantagem das empresas que remuneram de forma consis-
tente seus acionistas são suas métricas de rentabilidade elevadas,
geralmente com retorno sobre patrimônio líquido (ROE) atrativo
e margens superiores à média.

Empresas com ROE baixo geralmente precisam reter muito de


seus resultados para investir em seus business, o que não permite
que elas distribuam dividendos muito interessantes. Já as empre-
sas com um ROE elevado precisam investir poucos recursos em
seus negócios, o que as permite ter grandes sobras de caixa para
distribuir aos sócios.

Podemos citar como exemplo a BB Seguridade, que tem um ROE


superior a 40%, distribui fatias elevadas de seus lucros aos acionis-
tas e ainda expande seus resultados de forma robusta.

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5.5. Crescimento moderado
Mesmo entregando bons dividendos, empresas que têm um
payout mais elevado e remuneram fortemente seus acionistas
também conseguem apresentar algum crescimento no longo
prazo, embora não acelerado.

Muitas dessas companhias estão inseridas em segmentos


subpenetrados – que crescem de forma natural muito acima
do PIB, por exemplo –, o que as beneficia naturalmente. Mesmo
sem precisar investir muito, elas acabam impactadas por esse
movimento.

Além disso, podemos citar os casos de companhias como a Wiz,


empresa que atua no ramo de seguros. Ela é responsável pela
exploração comercial dos produtos de seguros da Caixa e cres-
ce de forma expressiva, mesmo pagando quase a totalidade de
seus lucros.

Esse tipo de empresa está em um segmento em expansão (bas-


tante subpenetrado) e seus investimentos são pouco custosos,
afinal a companhia precisa investir apenas em novos compu-
tadores, softwares e servidores, o que é muito mais barato do
que construir uma nova fábrica ou comprar muitos maquiná-
rios. Dessa forma, torna-se mais fácil apresentar um bom cresci-
mento ao longo do tempo, mesmo destinando a totalidade dos
lucros aos acionistas.

Algumas outras empresas no próprio segmento de seguros, res-


seguros ou companhias de outros setores – como transmissão
de energia elétrica – também apresentam essas características
de crescer em um ritmo interessante sem abrir mão de dividen-
dos. Isso ocorre muito por conta de uma forte geração de caixa
e de pouca ou menor necessidade de CapEx.

5.6. Baixo risco


O investidor que procura investir no mercado de ações corren-
do um baixo risco sempre deve considerar empresas que pagam
bons dividendos.

19
Por geralmente serem empresas saudáveis, com baixo endivida-
mento, métricas elevadas de rentabilidade e forte geração de cai-
xa, elas conferem um risco muito menor ao investidor.

Empresas que estão investindo a totalidade ou a quase totalidade


de seus recursos em aquisições – ou expandindo seus negócios
–, além de pagarem pouco ou nenhum dividendo, também são
possivelmente muito endividadas. Caso seus investimentos não
tenham êxito, essa situação pode levar a companhia a uma condi-
ção muito adversa, colocando em grande risco o capital do inves-
tidor.

Como as boas pagadoras de dividendos geralmente são empre-


sas maduras e que têm as qualidades que citamos anteriormente,
seus papéis também oscilam menos. E como não correm os riscos
elevados de uma empresa em franca expansão, oferecem um ris-
co baixo.

É importante lembrar, porém, que nem toda empresa que paga


dividendos é saudável. Portanto, é prudente que o investidor sem-
pre avalie cada caso isoladamente, bem como suas métricas de
rentabilidade, sua geração de caixa, seu endividamento e sua lu-
cratividade.

Houve casos de empresas bastante endividadas que entregavam


prejuízos recorrentes, mas que pagavam bons dividendos durante
algum tempo, como a Oi e a PDG. Entretanto, esse período se en-
cerrou rapidamente – e a empresa teve de cortar seus proventos.

Mas de maneira geral, ao investir em empresas maduras, saudá-


veis e pouco endividadas, corre-se um risco bem menor em rela-
ção à média do mercado.

20
6
Cuidados a serem tomados
dentro da estratégia de
dividendos

Muitos investidores que buscam renda selecionam as ações em


que vão investir apenas pelo critério de dividend yield, dando pre-
ferência àquelas que mais pagam dividendos.

Porém, é comum que as empresas que pagam dividendos muito


elevados, por motivos legítimos, ofereçam riscos elevados.

Por isso, é necessário ser bastante criterioso na seleção de suas


ações de dividendos, bem como adicionar outros critérios em sua
análise. Assim, evita-se cair na armadilha de comprar um ativo
muito arriscado.

Muitas empresas que pagam dividend yields expressivos negociam


oferecendo renda generosa porque não terão condições de supor-
tar esses dividendos no futuro. Então, analisar outros indicadores
financeiros é fundamental para tornar a análise mais robusta.

Os dividendos são pagos com caixa. Geralmente, a geração de cai-


xa é proveniente de lucros operacionais por parte da empresa.

Portanto, o investidor deve fazer a seguinte reflexão: a empresa


dispõe de geração de caixa suficiente para manter os dividendos
atuais com consistência em exercícios futuros?

Não é rara a existência de empresas que assumem dívidas para


financiar o pagamento de dividendos.

Entre 2013 e 2015, a empresa listada Eternit (ETER3) apresentou


um crescimento expressivo de seu endividamento (de zero para
R$150 milhões de dívida liquida) enquanto pagava generosos divi-
dendos aos seus acionistas.

21
Em 2015, as ações da companhia eram negociadas com um dividend
yield de aproximadamente 15%. Esse indicador qualificava a Eternit
como uma das empresas da bolsa que mais distribuíam dividendos.
No entanto, os lucros da companhia apresentavam quedas desde
2012 – e o endividamento crescia de maneira alarmante.

Quem adquiriu ações da Eternit em 2015 seduzido pelo dividen-


do generoso amargou perdas significativas. De 2015 até 2017, as
ações da Eternit apresentaram quedas de mais de 60%.

Esse caso exemplifica por que devemos realizar uma análise apro-
fundada sobre outros indicadores financeiros ao selecionarmos
ações que pagam dividendos. O mesmo raciocínio também se
aplica a fundos imobiliários.

O fundo imobiliário TRX Edifícios Corporativos (XTED11) passou por


situação semelhante. Em 2015, ele era negociado por um dividend
yield de cerca de 30%, distribuição muito atrativa. Mas seu princi-
pal imóvel era locado para a Petrobras, em Macaé. Como parte do
processo de reestruturação das atividades da estatal, o imóvel foi
devolvido.

Sem locador e em uma região extremamente dependente da


Petrobras, o fundo não conseguiu locar seu principal imóvel.
Nesse caso, mais do que a situação financeira do ativo, uma
análise sobre a região onde o imóvel estava inserido era de
fundamental importância.

Aqueles que investiram nesse fundo imobiliário em 2015 interes-


sados no dividendo enfrentaram perdas severas: desde 2015, o
fundo apresentou desvalorização de mais de 30%.

Portanto, investir em empresas que pagam dividendos genero-


sos pode ser um bom investimento – desde que os demais fun-
damentos da empresa estejam saudáveis. Tome cuidado quando
o dividend yield é elevado, mas as demais métricas apresentam
números desconfortáveis.

É sempre importante fazer uma análise ampla e olhar lucrativida-


de, geração de caixa, margens e o próprio histórico de dividendos
da companhia.

22
7 A importância do reinves-
timento de dividendos

Muitos investidores não se atentam à importância de reaplicar a


renda obtida a partir dos proventos de ações investidas. Quem re-
cebe dividendos e os gasta perde a oportunidade de acelerar o
processo de construção do patrimônio.

Afinal, o patrimônio de um investidor é proporcional ao número


de ações que ele tem.

Se o investidor utilizar os dividendos recebidos para adquirir mais


ações, o número de ações que ele detém aumentará ao longo do
tempo. Porém, se usufruir dos dividendos para consumo, esse nú-
mero não crescerá.

Existem pessoas, como órfãos e viúvas, que precisam dos dividen-


dos para arcar com suas despesas. Não estamos fazendo juízo de
valor. Estamos apenas alertando que aqueles que conseguirem
utilizar os dividendos para adquirir ainda mais ações acelerarão
seu processo de acúmulo de capital.

Para ajudar a entender a importância da reaplicação da renda ob-


tida do investimento em ações, vamos analisar o exemplo real de
uma empresa bem-sucedida.

Ao analisar um caso concreto, você terá uma visão realista a res-


peito da importância de reaplicar dividendos e de poder atingir
seus objetivos financeiros mais rapidamente.

Para nosso exemplo, selecionamos uma das empresas mais re-


presentativas do Brasil.

23
7.1. Exemplo prático: AmBev
A cervejaria AmBev (ABEV3) é uma das empresas mais conheci-
das do investidor individual. Inclusive, é a maior companhia bra-
sileira em valor de mercado. Analisamos o desempenho que teria
obtido o investidor que tivesse adquirido as ações da AmBev em 1º
de janeiro de 1995 até a data de publicação deste material.

Escolhemos essa data pois 1995 é o primeiro ano completo em


que o Plano Real esteve em operação. Antes do Plano Real, as ba-
ses de dados são pouco confiáveis por conta das constantes mu-
danças de moedas.

No gráfico a seguir, comparamos o desempenho que teria obti-


do o acionista que tivesse reaplicado seus dividendos (azul claro)
com o investidor que detinha as mesmas ações inicialmente, mas
que optou por não reaplicar os dividendos (vermelho).

Como podemos observar, ao longo de pouco mais de vinte anos, o


avanço do patrimônio do investidor que reinvestiu os dividendos
foi significativamente maior. Seu patrimônio é quase três vezes
superior ao de quem usufruiu dos dividendos.

Enquanto R$ 100 aplicados em ações da AmBev com todos os di-


videndos reinvestidos desde 1995 teriam se tornado R$ 23,9 mil, o
investidor que optou por consumir todos os dividendos teria R$ 9,7
mil hoje. É uma diferença enorme.

Esse padrão se repete para outras empresas. Para demonstrá-lo,


selecionamos outra companhia.

24
7.2. Exemplo prático: Itaú
Maior banco do Brasil, o Itaú (ITUB4) também apresentou caracte-
rísticas semelhantes em relação ao desempenho de suas ações.

A seguir, vemos o gráfico de desempenho que teria obtido o acio-


nista que tivesse reaplicado seus dividendos (azul) e o comparamos
com o investidor que detinha as mesmas ações inicialmente, mas
que optou por não reaplicar os dividendos (vermelho).

Novamente, ao longo de pouco mais de vinte anos, o avanço do


patrimônio do investidor que reinvestiu os dividendos foi signifi-
cativamente maior. Seu patrimônio também é quase três vezes
superior ao daqueles que usufruíram dos dividendos.

Este fenômeno não se aplica apenas ao Brasil. Na Inglaterra, po-


demos observar uma situação semelhante e chegar às mesmas
conclusões.

25
Retorno real do patrimônio investido em ações
Reino Unido, 1965 - 2011

1,500

Índice de retonro real ( 1965 = 100)


1,400
1,300
1,200
1,100
1,000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0

1965 1974 1984 1994 2004 2011


Dividendos reinvestidos Apenas capital

Desde 1965, o acionista que reinvestiu os dividendos recebidos das


maiores empresas britânicas e adquiriu mais ações hoje detém um
patrimônio cerca de dez vezes maior do que o daquele investidor
que usufruiu dos dividendos.

Portanto, se o investidor puder reaplicar os dividendos para adquirir


mais ações, ele terá um patrimônio crescente ao longo do tempo.

26
8 Política de dividendos

A política de dividendos consiste em uma série de diretrizes para


a tomada de decisão sobre o destino dos lucros que serão distri-
buídos aos acionistas.

Uma empresa deveria investir apenas em projetos que apresen-


tem um retorno sobre capital investido superior ao seu respecti-
vo custo de capital. Obviamente, o custo de capital aumenta para
projetos que apresentam um risco maior.

A gestão deveria optar por uma combinação de endividamento e


investimento dos acionistas que minimize o custo de capital. Se
não existem projetos que possam proporcionar um retorno supe-
rior ao custo de capital, a gestão deveria optar por retornar capital
aos acionistas.

As empresas podem retornar capital aos seus acionistas na forma


de dividendos e de recompra de ações.

Em geral, a gestão das companhias opta por manter os dividen-


dos em um patamar que não sofra muita volatilidade.

No Brasil, historicamente, são poucas as empresas que optam


pela recompra de ações. Porém, quando o fazem, elas costumam
adquirir ações a preços bastante atrativos e aplicar bem os recur-
sos dos acionistas.

Existem três escolas de pensamento a respeito da política de divi-


dendos:

I. Dividendos não importam e não afetam o valor aos acionistas.


II. Dividendos são ruins e destroem valor aos acionistas.
III. Dividendos são bons e criam valor aos acionistas.

27
No nosso ponto de vista, o ideal é que as empresas distribuam o
excesso de caixa caso não disponham de projetos que criem valor
aos seus acionistas.

Se a empresa tem oportunidades de investimentos com taxas de


retornos interessantes, ela deve realizar os projetos e reter o caixa
– portanto, não deve distribuir dividendos.

No Brasil, não existe tributação sobre dividendos, porém existe tri-


butação sobre recompra de ações.

Dessa forma, do ponto de vista do acionista, a distribuição de divi-


dendos é preferível em relação à recompra de ações. Além disso,
empresas que distribuem dividendos elevados tendem a atrair in-
vestidores que buscam renda.

Existem fundos de ações dedicados a investir em companhias que


distribuem dividendos. Então, ao optar por distribuir dividendos,
as empresas passam a atrair esses investidores.

Existe um argumento de que, ao aumentar o pagamento de divi-


dendos, a companhia passa uma sinalização positiva ao mercado
a respeito de suas projeções futuras.

Dessa forma, uma política de dividendos pode ser determinada


pelos seguintes fatores.

I. Oportunidades de investimento – quanto maior o número


de oportunidades de investimento, menor a distribuição de di-
videndos.

II. Estabilidade dos lucros – quanto maior a estabilidade dos lu-


cros, maior pode ser a distribuição de dividendos, uma vez que
o risco de a empresa sofrer oscilações de fluxo de caixa diminui.

III. Alternativas de financiamento – quanto mais opções de


financiamento de projetos uma empresa tem, maior pode ser
sua distribuição de dividendos, uma vez que a companhia pode
optar por financiar seus projetos com fontes de financiamento
a taxas baixas de juros.

28
IV. Imposições dos credores – é comum que credores impo-
nham limitações a respeito da situação financeira da empresa.
Quanto mais flexíveis são essas exigências, maior pode ser a dis-
tribuição de dividendos.

V. Características dos acionistas – se a empresa tem uma base


de acionistas que pode precisar de dividendos, é possível que
esses acionistas exijam dividendos maiores.

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29
9 Recompras de ações

Além dos dividendos, as companhias abertas podem se utilizar de


recompras de ações para retornar capital aos seus acionistas.

A recompra de ações ocorre quando uma empresa listada utiliza


seu caixa para adquirir ações de sua própria emissão por meio de
compras na bolsa. Ao fazê-lo, há uma redução do total de ações
disponíveis no mercado.

Dessa forma, os acionistas remanescentes passam a deter uma


participação maior na companhia. O maior impacto das recom-
pras ocorre nas medidas de rentabilidade por ação, como a rela-
ção Preço/Lucro.

É possível inferir que, caso o múltiplo Preço/Lucro se mantenha


constante, um menor número de ações disponíveis deve fazer
com que o preço da ação aumente, uma vez que o mesmo lucro
será dividido por menos ações.

As recompras de ações representam uma maneira pela qual a


empresa remunera seus acionistas, assim como os dividendos.

9.1. Geração de valor


As recompras de ações costumam gerar valor aos acionistas. Em-
presas que adquirem ações de maneira recorrente podem apre-
sentar um significativo crescimento de lucro por ação.

Por sua vez, o crescimento dessa métrica por meio de melhorias


operacionais pode, em muitos casos, trazer desafios maiores do
que a execução de uma recompra de ações.

Porém, para que essas recompras gerem valor, é necessário que


elas sejam realizadas abaixo de seu preço justo.

30
Quando as ações de uma empresa já são negociadas em um pa-
tamar justo, o ideal é que a gestão da empresa opte pela distribui-
ção de dividendos em vez das recompras.

Quando as recompras de ações são realizadas em patamares de


preços elevados, a operação de recompra pode ser considerada
prejudicial ao acionista. Afinal, se as ações convergirem ao preço
justo – inferior ao preço das recompras –, os acionistas remanes-
centes terão perdas com a desvalorização das ações adquiridas.

Obviamente, a recompra impacta o balanço patrimonial da em-


presa. Uma vez que ela é executada, existe uma redução das dis-
ponibilidades financeiras da companhia – na exata proporção do
valor das recompras.

Caso essas ações sejam canceladas, o ativo total da empresa será


reduzido. Como contrapartida, o patrimônio líquido também será
reduzido. Algumas métricas de rentabilidade podem apresentar
resultados melhores como consequência.

O retorno sobre patrimônio líquido geralmente aumenta quan-


do a companhia realiza o processo de recompra. As empresas de-
monstram os valores de ações recompradas em seus resultados
trimestrais, na Demonstração de Fluxo de Caixa.

31
10 Recomendações: livros

Sugerimos cinco livros ao leitor que quiser se aprofundar na estra-


tégia de dividendos.

10.1. Faça fortuna com ações (Décio Bazin)

Este livro é um dos poucos nacionais que abordam o investimento


em ações com uma perspectiva de longo prazo. Décio Bazin era
um operador da bolsa nos anos 1970 e 80.

Sua abordagem de investimento é orientada para ações que pa-


gam dividendos. Bazin sugere que o investidor procure ações se-
guindo três critérios:

I. Evitar empresas envolvidas em escândalos.


II. Evitar empresas que apresentem endividamento elevado.
III. Buscar empresas que paguem um dividend yield igual ou
superior a 6%.

A partir dessa estratégia, o investidor seleciona apenas ações de


empresas sólidas e que pagam bons dividendos.

32
10.2. The ultimate dividend playbook (Josh
Peters)

Esta obra é a mais completa a abordar essa estratégia de inves-


timento. O livro trata de cada detalhe de análise necessário para
escolher empresas capazes de gerar dividendos crescentes e ele-
vados no futuro.

Josh Peters se aprofunda em temas como a importância de inves-


tir em empresas de rentabilidade alta e endividamento moderado
– evitando, assim, companhias que possam se tornar problemáti-
cas. O livro, escrito em inglês, foi feito para o mercado americano.

10.3. The little book of big dividends (Charles B.


Carlson)

Esta obra faz parte de “The little book”, uma série americana que
busca, por meio de livros curtos, tornar fácil e rápida a compreen-
são de várias estratégias de investimento.

33
O livro é muito competente em tornar acessível a compreensão
da estratégia que busca ações de dividendos. Nele, Charles B.
Carlson explora a importância de analisar a perenidade do inves-
timento.

O autor também reforça a importância do payout. Para Carlson,


trata-se do indicador mais relevante ao se analisar a capacidade
da empresa de honrar dividendos futuros. Escrito em inglês, este
talvez seja o livro mais completo.

10.4. Filosofias de investimento (Aswath


Damodaran)

Este livro não é inteiramente dedicado à estratégia de dividendos,


porém reserva um capítulo a ela.

No capítulo em questão, Aswath Damodaran, uma das maiores


autoridades em valuation e precificação de ativos, aborda os pon-
tos fracos dessa estratégia e como evitá-los.

Para o autor, muitos investidores caem em uma armadilha: ao


buscar ações com dividend yields elevados, alguns são atraídos
para ações que não conseguirão manter um patamar elevado de
dividendos no futuro.

No livro, Damodaran ensina a se esquivar desse tipo de situação.


Ele recomenda evitar empresas com payouts elevados, assim
como em The little book of big dividends.

34
Existem outros materiais disponíveis àqueles que buscam se apro-
fundar no estudo dessa estratégia de investimento. Além disso,
preparamos um minicurso 100% gratuito com o objetivo de trazer
conhecimento sobre essa estratégia: confira neste link.

10.5. Guia Suno Dividendos (Tiago Reis e Jean


Tosetto)

A estratégia baseada em dividendos tem sido usada por investido-


res ao redor do mundo para garantir uma aposentadoria segura e
confortável.

De empresários e profissionais liberais a funcionários públicos e da


iniciativa privada, milhares de pessoas nos países de economia li-
vre recorrem aos dividendos – e ao princípio dos juros compostos
– para construir fortunas por meio das bolsas de valores. Este livro
ensina como fazer isso.

Nele, Tiago Reis e Jean Tosetto explicam os principais conceitos


por trás dos investimentos em dividendos, bem como as técnicas
usadas por grandes nomes no mercado. Além disso, trabalham co-
nhecimentos práticos que podem beneficiar os investidores.

Os autores derrubam mitos e explicam como evitar riscos. Por fim,


elucidam a filosofia por trás da carteira previdenciária descrita por
Luiz Barsi em Faça fortuna com ações.

35
11 Recomendações: vídeos
(com transcrição)

Confira alguns vídeos produzidos pela Suno sobre o assunto.

11.1. Como selecionar ações que pagam


dividendos?
Link: https://youtu.be/7A6T3N4PcYQ

Transcrição do vídeo:

No vídeo de hoje, ensinaremos como selecionar ações que pagam


dividendos para a sua carteira.

A primeira característica que um investidor deve buscar é investir


em setores perenes, ou seja, setores que existem há décadas e
que devem continuar a existir nos próximos anos também. Entre
os exemplos de setores perenes, podemos citar o setor elétrico e
o setor bancário.

Outro fator importante é buscar empresas que pagam dividen-


dos elevados. A principal métrica para avaliar o dividendo de
uma empresa é analisar seu dividend yield, ou seja, a relação en-
tre os dividendos pagos nos últimos 12 meses e o preço da ação
no momento.

O autor Décio Bazin, em seu livro Faça fortuna com ações, sugere
que o investidor procure dividend yields superiores a 6%. O inves-
tidor deve considerar, também, a capacidade de a empresa conti-
nuar pagando aqueles dividendos.

Para isso, o investidor deve considerar o payout da empresa, ou


seja, a relação entre o que é distribuído e o lucro da companhia.

36
Por fim, o investidor deve analisar a saúde financeira da empresa,
ou seja, analisar seu endividamento. As duas principais métricas para
analisar a saúde financeira de uma empresa são:

A relação entre a dívida líquida e o patrimônio líquido da com-


panhia.

A relação entre o endividamento líquido e a geração de caixa do


empreendimento.

Portanto, o investidor que busca investir em ações de dividendos


deveria considerar setores perenes e procurar empresas que pa-
gam altos dividendos e têm um payout sustentável e um endivi-
damento moderado.

11.2. Como receber dividendos mensais?


Link: https://youtu.be/7TfVXNQ1b8Y

Transcrição do vídeo:

Olá, eu sou Tiago Reis, fundador da Suno Research. No vídeo de


hoje, explicaremos como montar uma carteira que pague divi-
dendos mensais.

Boa parte dos investidores possui essa inquietação: como conci-


liar uma carteira de ações que não paga dividendos mensais com
as despesas que, em geral, têm um caráter mensal? Existem três
maneiras que nós sugerimos para que o investidor crie uma car-
teira que pague fluxos mensais de dividendos.

A primeira maneira é construir uma carteira diversificada, cujas ações


paguem dividendos em momentos diferentes ao longo do ano. Nossa
segunda recomendação é investir em fundos imobiliários.

Esse tipo de investimento é muito interessante para quem busca


renda. Pois, além de ser obrigada, por lei, a pagar 95% dos seus lu-
cros como dividendos, a maior parte dos fundos imobiliários paga
seus dividendos mensalmente.

37
A terceira maneira é fazer o provisionamento dos dividendos
para a base mensal. Ou seja, somar os dividendos anuais e tentar
dividir por 12 para chegar, assim, em seu dividendo mensal.

Aliando essas três recomendações, será muito mais fácil para o


investidor conseguir um fluxo mensal de renda.

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38
12 Recomendações:
artigos e leituras

Viver de dividendos não é ilusão


https: //www.sunoresearch.com.br/ar tigos/viver-de-
dividendo/

Tristeza com a bolsa em queda, felicidade com a bolsa


em alta: faz sentido?
https://www.sunoresearch.com.br/artigos/o-que-fazer-
felicidade-com-bolsa-em-alta-tristeza-com-bolsa-em-
queda-faz-sentido/

Considerações ao buscar empresas de dividendos


h t t p s : // w w w . s u n o r e s e a r c h . c o m . b r /a r t i g o s /s e i s -
consideracoes-ao-se-buscar-acoes-de-dividendos/

Onde reaplicar os dividendos recebidos?


https://www.sunoresearch.com.br/artigos/aonde-reaplicar-
os-dividendos-recebidos/

Por que investir em ações?


https://www.sunoresearch.com.br/artigos/porque-investir-
em-acoes/

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