Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DISCIPLINA: Literatura
Data: 25 / 05 / 2021
QUESTÃO 1
O que me maravilhava em Gonzaga de Sá era o abuso que fazia da faculdade de locomoção. Encontrava-o
em toda parte, e nas horas mais adiantadas. Uma vez, ia eu de trem, vi-o pelas tristes ruas que marginam o
início da Central; outra vez, era um domingo, encontrei-o na Praia das Flechas, em Niterói. Nas ruas da
cidade, já não me causava surpresa vê-lo. Eram em todas, pela manhã e pela tarde. Segui-o uma vez.
Gonzaga de Sá andava metros, parava em frente a um sobrado, olhava, olhava e continuava. Subia morros,
descia ladeiras, devagar sempre, e fumando voluptuosamente, com as mãos atrás das costas, agarrando a
bengala. Imaginava ao vê-lo, nesses trejeitos, que, pelo correr do dia lembrava-se do pé para a mão, como
estará aquela casa, assim, assim, que eu conheci em 1876? E tocava pelas ruas em fora para de novo
contemplar um velho telhado, uma sacada e rever nelas fisionomias que já mais não são objeto...
A caracterização da personagem, no texto, é feita de tal forma a sugerir uma certa relação com o espaço.
Para Gonzaga de Sá,
A) a cidade permanece sempre a mesma, seja qual for a vivência que se tenha dela.
B) a única forma de vivenciar o espaço urbano era percorrer a cidade a pé.
C) as transformações do espaço funcionam como registro da passagem do tempo.
D) o verdadeiro cidadão é aquele que conhece profundamente o lugar onde vive.
E) nenhum indivíduo consegue conhecer plenamente a cidade.
QUESTÃO 2
Texto I
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o
Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do
texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços
biográficos são sempre partilhados por outros homens.
SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. (Fragmento).
Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a
relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social
expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à
pergunta expressa no poema é dada por meio da
QUESTÃO 3
FABIANA, arrepelando-se de raiva – Hum! Eis aí está para que se casou meu filho, e trouxe a mulher para
minha casa. É isto constantemente. Não sabe o senhor meu filho que quem casa quer casa… Já não posso,
não posso, não posso! (Batendo o pé). Um dia arrebento e então veremos!
As rubricas em itálico, como as trazidas no trecho de Martins Pena, em uma atuação teatral, constituem:
QUESTÃO 4
Em suas produções, nem o olho nem o ouvido são capazes de encontrar um ponto fixo no qual se
concentrarem. O espectador das peças de Foreman é bombardeado por uma multiplicidade de eventos
visuais e auditivos. No nível visual, há contínuas mudanças da forma geométrica do palco, mesmo dentro de
um ato. A iluminação também muda continuamente; suas transformações podem ocorrer com lentidão ou
rapidez e podem afetar o palco e a plateia: os espectadores podem de súbito se ver banhados de luz quando
os canhões são voltados para eles sem aviso. Quanto ao som, tudo é gravado: buzinas de carros, sirenes,
apitos, trechos de jazz, bem como o próprio diálogo. O roteiro é fragmentado, composto de frases curtas,
aforísticas, desconectadas.
DURAND, R. In: CONNOR, S. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1992 (adaptado).
A descrição, que referencia o Teatro Ontológico- -Histérico do dramaturgo estadunidense Richard Foreman,
representa uma forma de fazer teatro marcada pela
QUESTÃO 5
O escritor João do Rio (1881-1921) foi um cronista carioca que escreveu muito sobre sua cidade natal. O
trecho a seguir foi retirado de uma de suas crônicas.
[...] Nós pensamos sempre na rua. Desde os mais tenros anos ela resume para o homem todos os ideais, os
mais confusos, os mais antagônicos, os mais estranhos, desde a noção de liberdade e de difamação — ideias
gerais — até à aspiração de dinheiro, de alegria e de amor, ideias particulares. Instintivamente, quando a
criança começa a engatinhar, só tem um desejo: ir para a rua! Ainda não fala e já a assustam: se você for
para a rua encontra o bicho! Se você sair apanha palmadas! Qual! Não há nada! É pilhar um portão aberto
que o petiz não se lembra mais de bichos nem de pancadas.