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PSICOLOGIA
UM OLHAR DO MUNDO REAL
VOLUME 1
1ª Edição
2020
Copyright© 2020 por Editora Científica Digital
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN: 978-65-87196-14-5
DOI: 10.37885/978-65-87196-14-5
CDD 150
Conselho Editorial
Prof. Me. Ernane Rosa Martins - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Prof. Dr. Rossano Sartori Dal Molin - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Prof. Me. Reinaldo Eduardo da Silva Sale - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará
CAPÍTULO 2............................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 3............................................................................................................................... 26
CAPÍTULO 4............................................................................................................................... 36
CAPÍTULO 5............................................................................................................................... 46
CAPÍTULO 6............................................................................................................................... 57
CAPÍTULO 7............................................................................................................................... 63
CAPÍTULO 8............................................................................................................................... 68
CAPÍTULO 9............................................................................................................................... 74
CAPÍTULO 10............................................................................................................................. 84
CAPÍTULO 11............................................................................................................................. 93
CAPÍTULO 12............................................................................................................................. 99
Andréa Costa de Andrade; Izabel Ribeiro de Souza; Regina Suely Bezerra Abrahim; Kamylla Gomes
da Silva; Mônica Marques Pereira
CAPÍTULO 14............................................................................................................................116
Luiz Eduardo de Castro Nascimento ; Luiz Carlos Rodrigues de Matos Souza Sobrinho; Anchielle C.
Henrique Silva
Andréia Camargo
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo, mostrar algumas situações
Luís Henrique Alves
envolvendo pessoas, que podem estar reunidas em diversos lugares,
participando de um evento artístico, esportivo, religioso entre outros. Quando
o evento encerra, a multidão se dissipa sem maiores problemas. Porém
alguns incidentes podem necessitar de uma retirada rápida do local. As
pessoas em pânico geralmente tendem a ter comportamentos alterados
adversos, pois estas situações envolvem aspectos psicológicos que não
são controlados pelo ser humano. A possibilidade da ocorrência de um
evento desastroso, está presente e a forma de lidar com essa eventualidade
é um problema a ser resolvido. Um bom controle do público e o que fazer
em caso de pânico são fatores preponderantes para a efetividades da boa
evacuação. A metodologia do estudo foi explicativa e descritiva, bibliográfica
e qualitativa. Pode a pesquisa observar alguns dos comportamentos das
pessoas e compreender as causas que a determinam sua dinâmica será
sempre um passo importante no controle em situações emergenciais.
Também se pretende propor medidas para o controle e orientação das
pessoas para evitar acidentes causados pelo pânico ou, pelo menos,
minimizar suas consequências.
10.37885/200500251
1. INTRODUÇÃO em situações de pânico e de posse destas informa-
ções procurar implementar as melhores medidas
Este trabalho tem por objetivo discutir as con- de controle destes movimentos e ainda as medidas
dições de realização de eventos no estado do Para- preventivas para serem acionadas em caso de uma
ná, levando em consideração as medidas utilizadas emergência.
na aplicação do gerenciamento de tumultos, sendo
2.DEFINIÇÃO DE PÚBLICO
estas de forma efetiva dentro do cenário das estru-
turas utilizadas para a realização destes eventos,
ainda relatar as situações de pânico que podem Público pode ser definido como a presença
ocorrer nos momentos de sinistros decorrentes de de muitas pessoas no mesmo local com objetivos
eventualidades decorrentes do pânico e anormali- semelhantes e com densidades nas quais o espaço
dades ocorridas dentro destes eventos, propondo pessoal, o conforto, a disposição e a liberdade dos
uma nova visão e entendimento destas ocorrências, indivíduos são influenciados pelos que os rodeiam.
tendo como princípio. As multidões não são a mesma coisa que pedestres
Estas multidões ocorrem normalmente sem grandes em uma rua, praça ou centro comercial. Os pedes-
incidentes, numa espécie de auto-organização de tres têm interesses e objetivos individuais, sem re-
movimentos e ocupação no local, porém um simples lação com aos das outras pessoas que os rodeiam,
erro pode desencadear uma reação em cadeia e (SOUZA, 2014).
ocasionar ferimentos e mortes. O trabalho tem por Esse tipo de público é momentâneo, com uma orga-
objetivo justamente verificar métodos e procedimen- nização e unidades fracas. Seus membros entram
tos para evitar estes incidentes, buscando formas e saem, prestando uma atenção temporária para o
de reconhecimento, avaliação e tratamento aos pro- objeto que provocou o interesse dos indivíduos. A
blemas decorrentes de uma multidão. interação entre esses membros não é intensa.
A pesquisa tende a seguir uma linha de pesquisa Um segundo tipo de público é uma multidão con-
explicativa, procurando um viés diferenciado a uma vencional. Um exemplo seriam os espectadores de
ideia ampla explicando e levando ao conhecimento um evento esportivo. O comportamento desse tipo é
dos interlocutores a explicação particular do pes- um público casual, exceto que seu comportamento
quisador (BERTUCCI, 2008). Segundo o autor e de é expresso e estabelecido em formas regularizadas,
acordo com a ideia de levar o conhecimento da rea- todos têm um interesse em comum. As pessoas são
lidade de forma ampla e bem discutida, a pesquisa capazes de grandes esforços, e até pagar, para se
tem, também uma linha descritiva que é de apresen- reunirem em tais situações. Sente-se a empolgação
tar características que falem de uma proximidade no ar quando um grande número de pessoas divide
referente a linha de pesquisa, não são pesquisas um espaço e foco em comum. Um grupo de torcedo-
menores, a intenção é transmitir a relevância das res assistindo a uma partida de futebol exemplifica
análises levantando hipóteses que as comprovem a multidão convencional. Nesta, também, o compor-
(MARCONI; LAKATOS, 2001). tamento de seus membros se apresenta de forma
Quanto à técnica a pesquisa é bibliográfica, ou seja, frouxa e com duração limitada, manifestando-se por
a pesquisa científica tem como preocupação fazer atos habituais ou convencionais, (SOUZA, 2014).
levantamentos que tomem por base estudos cien- A multidão ativa, também chamada de multidão
tíficos já publicados, conhecimentos ou domínio de agressiva, é o terceiro tipo de multidão. O ponto de
estudantes. Como, por exemplo, pode ser citado destaque é a presença de um objetivo que direcio-
os livros, os artigos científicos, sites entre outros, na as ações das pessoas. Esta tensão amplifica e
(MARCONI; LAKATOS, 2001). contagia as sensações dos indivíduos. A tendência
A análise do estudo é qualitativa, que significa falar natural dos indivíduos é lidar com o comportamen-
que a análise ao trabalhar ela preocupa-se em apre- to excitado e procurar algum interesse nele. Nes-
sentar questões analíticas descritivas, ou seja, uma se estado, o indivíduo tende a se guiar mais pelas
análise qualitativa leva o pesquisando a apresentar emoções do que pela razão, leva ao contágio social,
reflexões de maneira a permitir novas inferências a que é a disseminação rápida e irracional de humor,
respeito da pesquisa. Isto significa que o assunto impulso ou forma de conduta que ocorre o contágio
não se encerra e sim permite a partir daquela li- social se apresenta de forma epidêmica, como o
nha buscar outras linhas de pesquisa, (MARCONI; pânico. A característica mais importante do contágio
LAKATOS, 2001). social é que ele atrai e influência indivíduos.
Fonte: www.jaguaruana.wordpress.com
4.PREVENÇÃO
reunião; de movimentação inicial de vítimas de aci-
PARA A EVACUAÇÃO
dentes, de brigas e outros incidentes ocorridos com
DO PÚBLICO
público, ainda devem estar aptos para usar os pro-
cedimentos e os e equipamentos de comunicações,
Na grande maioria das situações a evacuação de
(SOUZA,2011). Ou seja, o controle gerencial dos ris-
emergência, considerar a velocidade do esvazia-
cos consiste da identificação, avaliação e priorização
mento do local pode ser o fato muito relevante e
dos riscos seguidos de uma aplicação coordenada e
crítico, principalmente quando se trata de locais su-
sistêmica de recursos para mitigar, diminuir, evitar,
perlotados. De modo geral, em qualquer situação,
monitorar e controlar a probabilidade e/ou impacto
5.ANÁLISE DA PESQUISA
um pessoal capacitado para lidar com situações de
controle de multidão é requisito primordial para uma
efetiva gestão de multidão. Uma proporção adequa-
É altamente recomendável o treinamento do
da entre a quantidade de seguranças e a de pú-
pessoal e a simulação de incidentes para provar a
blico preserva o ambiente e demonstra força para
segurança de um evento. Simular desde pequenos
aqueles que estejam propensos a cometer desvios.
problemas como acúmulo de pessoas no ingresso
Conhecer a localização das saídas de emergência,
do evento a uma ameaça de bomba fornecem os
equipamento de combate a incêndio, como agir em
elementos vão levar ao aperfeiçoamento do seu
uma emergência médica e como identificar os avisos
plano de emergência. Os treinamentos devem ser
de que pode haver um esmagamento é essencial,
conduzidos por especialistas da área de segurança
(PARAVISI, 2011).
e gestão de tumultos. Simular de forma real alguns
incidentes aumenta a consciência situacional da sua Ambulância e ambulatórios, através da manutenção
equipe, ou seja, a capacidade de reagir frente a de serviços médicos por um organizador de evento
uma emergência conforme o protocolo. Para tanto com multidão tem se consolidado. Legislações pas-
uma sequência de acontecimentos podem surgir saram a exigir um número determinado de postos
com o público em pânico como observarmos no que médicos, ambulâncias e até desfibriladores. Quanto
foi comentado. Catástrofes como esmagamentos, maior o evento maior a quantidade e também a com-
pisoteamentos, sufocações, ferimentos, maus súbi- plexidade do serviço médico oferecido com equipa
tos, quedas das pessoas em movimento e quedas para prestar serviços de ambulatório, (PARAVISI,
de obstáculos podendo causar ferimentos além de 2011).
contribuir para o aumento das barreiras a serem
transpostas pelas pessoas e impedindo as rotas de Prevenção de incêndio dever haver dentro de qual-
fuga. quer análise de risco para um evento o incêndio
sempre aparecerá como uma emergência prioritá-
ria de ser tratada mesmo sendo de probabilidade
5.1 O GERENCIAMENTO APLICADO baixa, suas consequências são devastadoras. Os
organizadores de eventos ao ar livre e em estádios
Passa-se a entender algumas das medidas que tendem a negligenciar a segurança contra incêndio
poderiam ser utilizadas de forma eficazes no con- com a desculpa de que se não edifícios não há o
trole de eventualidade com o público em pânico em que queimar e estruturas de concreto não pegam
eventos. De forma bem gerenciada é aceitável que fogo respectivamente. Porém simples equipamentos
o emprego de medidas preventivas, cautelares, tor- como geradores podem incendiar e provocar um
nam os eventos mais seguros e bem estruturados grande volume de fumaça intoxicando as pessoas
no que diz respeito a evacuação do público em caso próximas e gerando pânico, (PARAVISI, 2011).
de sinistros e principalmente ao que leva o pânico.
Rotas de fuga devem possuir uma quantidade ade-
Segurança no estacionar, começando a ver um gran- quada de saídas de emergências pode parecer algo
de evento desde as suas proximidades, sendo que óbvio, mas a história demonstra que nem sempre
algumas medidas podem ser necessárias como o é respeitado. Manter todas as saídas destrancadas
controle do trânsito e do estacionamento. O acesso e com sinalização, apontando a saída, (PARAVISI,
deve ser controlado e possuir entradas suficientes 2011).
para dar vazão ao público em horário de pico. Siste-
mas de segurança como MAG & BAG (magnéticos Sinalização de emergência deve estar para com-
e bolsas) são demorados e devem possuir estações plementar a orientação do público para tomar uma
suficientes, (PARAVISI, 2011). saída de emergência visível e facilmente alcançada,
(PARAVISI, 2011).
Serviços de praças de alimentação de sanitários, Embora não seja possível garantir a segurança ide-
em um evento com público grande pode ser de pou- al, pode-se perceber que para aumentar os níveis
cas horas ou as vezes de dias. Neste meio tempo de segurança é necessário a existência e a quan-
as pessoas procurarão atender suas necessidades tidade suficiente de mecanismos que garantam a
fisiológicas. Não oferecer ou oferecer pouca quan- estadia, a permanência e a evacuação das pessoas
tidade de serviços sanitários e de alimentação po- de modo seguro, em locais de reunião de grande
dem gerar problemas. Deste uma briga na fila do público para evitar que tragédias possam acontecer,
banheiro até desmaios por falta de alimentação e pensando no que aconteceu no passado e tirando
hidratação,(PARAVISI, 2011). como exemplo para melhorar os procedimentos. Um
grande problema encontrado é o comportamento
Barreiras de contenção, estão para a gestão de pú- das pessoas em situação de emergência. Modificar
blico, assim como os extintores estão para a segu- esta cultura leva tempo, mas seguir no rumo certo
rança contra incêndio. Limitam e conduzem o fluxo já um grande passo.
da multidão, mas mais importante, evitam o esma-
gamento, (PARAVISI, 2011).
REFERÊNCIAS
Monitoramento pode ser feito através do videomoni-
toramento sendo hoje uma realidade nos locais de ABNT (2001) NBR 9077. Saídas de emergên-
grande eventos. Manter a capacidade de monitorar cia em edifícios. Rio de Janeiro, ABNT.
a movimentação do público a parir de um ponto fixo
traz suas vantagens, mas um acompanhamento in ABNT (2015) NBR 9050, Acessibilidade a Edi-
loco não deve ser negligenciado pela existência do ficações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos
sistema, (GONÇALVES, 2005). Urbanos.
Comunicação entre todos os integrantes envolvi-
AGUIAR, Eduardo José Slomp. GESTÃO DE
dos deve acontecer sempre de forma correta e os
erros não devem ocorrer, ser evitadas as falhas na MULTIDÃO: MÉTODOS E PROCEDIMENTOS,
comunicação são um dos maiores problemas em Curitiba, 2016.
desastres. Não conseguir transmitir um alerta ou
repassar informações sobre um incidente podem
BERTUCCI, Janete Lara de Oliveira. Metodo-
agravá-lo ainda mais. Um sistema de rádio garan- logia básica para elaboração de trabalhos de
te uma comunicação eficiente e relativamente para conclusão de cursos (TCC): ênfase na elabo-
operar a segurança do evento. Comunicar e informar ração de TCC de pós- graduação Lato Sensu.
o público deve ser uma constante seja na normali- São Paulo: Atlas, 2008.
dade ou na ocorrência de uma emergência, (GON-
ÇALVES, 2005). GONÇALVES, Andreia Raquel de Sousa, A to-
mada de decisão policial nos grandes eventos
Pode ser feito um sistema de controle integrado (sci) desportivos, Dissertação de Mestrado Inte-
seria o sistema de comando e controle na gestão grado em Ciências Policiais / XXVI Curso de
de público funciona como um cérebro com todas as Formação de Oficiais, ISCPSI - Instituto Supe-
outras ferramentas auxiliando na tomada de decisão
rior de Ciências Policiais e Segurança Interna,
e na sua execução. Para que o sistema de comando
Portugal, 2014.
e controle funcione realmente é preciso que tenha
este poder de decisão, que estejam presentes nele
GONÇALVES, P. H. (2005) Estimação do flu-
as pessoas envolvidas no evento (organizadores,
xo multidirecional de pedestres em ambien-
polícia, bombeiro e serviço médico, brigadistas,
equipe de segurança etc) que possam decidir e que
tes abertos e não restritos, pela análise de
sequências de imagens digitais, Dissertação
RESUMO
Este trabalho objetiva demonstrar a importância do aprendizado da
Ana Carolina Piragino
educação ambiental no período operatório concreto segundo Piaget, para a
Mazzei
FAEF construção existencial da sustentabilidade, conectando-os à Gestalt-terapia
de Fritz Perls. Buscou-se demonstrar que, por meio de implementação
Tricia Maria Feitosa efetiva da educação ambiental nas escolas e a formação do sujeito
Floripes ecológico, é possível desacelerar o desequilíbrio e a degradação do meio
FSP
ambiente. Constatou-se que ao estabelecer relações com a natureza em sua
totalidade, de forma concreta, as crianças compreenderão que são parte de
um sistema e se ajustam à novas dinâmicas, assimilando o conhecimento
que pode levar à modificação da qualidade e estilo de vida delas e de
gerações futuras. O metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de
natureza qualitativa.
Educação Ambiental.
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1. INTRODUÇÃO ou re-equilibrações, chamados de estágios do de-
senvolvimento que só ocorrem através de contato
Um mundo que está em desentendimento com e demanda do meio. A partir dessa solicitação é
as leis cósmicas, do universo e da natureza deixa de que o sistema cognitivo reagirá para construção de
valorizar a sobrevivência e as experiências gerando estruturas mentais novas e superiores.
indivíduos artificiais e uma sociedade também arti- A interação permanente dos sujeitos com o meio
ficial, perdendo a possibilidade de existir, o sentido ambiente é a essência do desenvolvimento humano
da vida, a razão de ser. É indispensável então que especialmente na teoria Piagetiana. A vida humana
haja uma reorganização da sociedade por meios faz parte da natureza e, assim como tudo na natu-
das pessoas ao nosso redor, caso contrário estare- reza, está sempre em movimento e transformação.
mos em grandes apuros. Se é que já não estamos
em perigo e não estamos conseguindo perceber os A escolha do tema deste trabalho se justifica pelo
prejuízos (BOFF, 2014). fato de chamar a atenção da sociedade para o pro-
blema levantado que está relacionado à questão
A expansão da sociedade, para Perls (1977), torna-a ambiental do planeta Terra. É de posse da visão de
incapaz de sobreviver, podendo levá-la ao desapare- Jean Piaget do estágio do desenvolvimento ope-
cimento e a sociedade atual parece estar caminhan- ratório concreto, que serão elencados possíveis
do nesta direção. Diante de tal avanço científico e modos de transformar essas crianças em sujeitos
tecnológico, os seres humanos transformaram- se ecológicos através de vivências providenciadas
em fragmentos, dificultando a sua vivência na tota- pela educação ambiental, assumindo os riscos dos
lidade e com a conexão interpessoal interrompida papéis sociais que desejam desempenhar dentro
pelo progresso principalmente da internet. Esta si- de uma sociedade em que o contínuo crescimento
tuação facilitou o afastamento dos indivíduos com econômico tem como consequência o esgotamento
o mundo real, palpável, sentido, visto, saboreado, de recursos naturais do planeta. O que se visa é tor-
ouvido e percebido. É necessário que se realizem ná-los capazes de estabelecer relações de mudan-
novas buscas pelo encontro, pelo contato. ças com o estado atual das condições ambientais,
É nesse sentido que surge a idéia de valer-se das modos de consumo e alteração de estilo de vida
crianças que estão em processo de aprendizagem, levando ao aumento da capacidade do ecossistema
desenvolvimento cognitivo, assimilando a sua par- se autorregular e ser regulado para a sustentação
ticipação na sociedade. Torna-se necessário ensi- da vida na Terra.
ná-las sobre novas maneiras de ver o mundo e a Este trabalho tem como objetivo geral colocar a im-
pensar balizadas em uma concepção sistêmica em portância da educação ambiental na construção de
cima de três conceitos: as relações, as conexões e sujeitos existencialmente sustentáveis à partir do
o contexto em que estão inseridos. Igualmente, é estágio operatório concreto segundo Jean Piaget,
vital mudar alguns pontos de vista, especialmente que ocorre aproximadamente entre os sete e os
sobre a interdependência do ecossistema e sobre a doze anos de idade e sob a ótica da Gestalt-tera-
compreensão de que “nenhum organismo individual pia. O objetivo geral será desdobrado nos seguintes
pode existir isoladamente” (CAPRA, 2006, p. 52). objetivos específicos:
Existe um conflito bastante claro entre a economia * Conceituar os termos que dão sustentação ao
e a ecologia, pois a natureza é cíclica, ao contrário título da pesquisa;
do sistema industrial que é linear. Não é possível,
estabelecer, por enquanto, uma relação sem arrui- * Analisar como a educação ambiental, enquan-
nar os movimentos da teia da vida, que se reciclam to parte da educação de forma geral, pode se
permanentemente. Ao contrário das indústrias e todo comunicar com a fase do desenvolvimento in-
seu sistema, que geram detritos infinitos poluindo fantil estudada;
o espaço em que vivemos em detrimento de um * Demonstrar a importância da educação am-
consumismo que empobrece (CAPRA, 2006). biental para a manutenção de um desenvol-
É através da teoria da equilibração inserida na teoria vimento sadio e um futuro consciente de que
de sistemas que Piaget (1998) explica a inteligência os seres humanos são parte integrante de um
e o desenvolvimento, que deve ser entendida en- sistema.
quanto sistema aberto. Esse sistema funciona atra- A fim de atingir os objetivos propostos deste traba-
vés da percepção e da ação recebendo dados dos lho, foi realizada pesquisa bibliográfica. Este método
meios social e físico. O sistema fechado funciona na abarca a análise e interpretação de referência espe-
possibilidade de ser capaz de se organizar ou fun- cializada, bem como de manuscritos, documentos,
cionar em ciclos, ao mesmo tempo. Esse processo imagens e afins, e tem caráter explicativo e descri-
está o tempo todo passando por re-estruturações tivo (SEVERINO, 2002).
2.CONSTRUÇÃO TEÓRICA
O pensamento, paulatinamente, fica descentraliza-
do o que o faz lidar de forma mais objetiva com o
ambiente e também compreenda o ponto de vista
da outra pessoa, tornando a comunicação mais real
2.1 O PERÍODO OPERATÓRIO CONCRETO (PIAGET, 1998).
Há um avanço cognitivo importante em relação ao
Crianças por volta dos sete anos atingem o estágio
estágio pré-operatório no que tange aos “conceitos
denominado operatório concreto por Jean Piaget,
espaciais, causalidade, categorização, raciocínio
podendo ser considerado, segundo Souza e We-
indutivo e dedutivo, conservação e números” (PA-
chsler (2014, p. 141) “uma fase de transição entre
PALIA; FELDMAN, 2013, p. 324).
a ação e as estruturas lógicas mais gerais”.
Esta é uma fase que a criança passa grande par-
A partir de agora, elas serão capazes de realizar
te da sua vida na escola e neste ambiente muitas
operações mentais e resolverão problemas reais.
coisas novas se apresentarão, tanto no campo da
Para Papalia e Feldman (2013), isso só é possível
aprendizagem como no campo social (CÓRIA-SA-
pela nova capacidade dessas crianças em consi-
BINI, 2006).
derar vários aspectos de uma situação. Apesar de
conseguirem pensar logicamente, ainda estão limita- A criança passa e entender melhor as questões gru-
das a situações concretas no aqui e agora. A criança pais e tem a tendência a fazer amizades de forma
fará uso dessa nova capacidade em cima de objetos mais receptiva. A escola representa aqui um mo-
que ela possa manipular ou em situações que são mento de grande relevância e, neste ambiente terá a
passíveis de vivência ou da lembrança da vivência. oportunidade de aprender aquilo que os mais velhos
já sabem, aguçando a curiosidade natural desse
A questão operatória é central, levando-se em conta
período e permitindo descobrir novas realidades,
que a operação é uma ação interiorizada reversível.
ambientes e pessoas. Ir à escola, torna-se um marco
A ação existe desde o nascimento e tem como signi-
em sua vida (CÓRIA- SABINI, 2006).
ficado o agir sobre o mundo e, a partir dos dois até
os sete anos de idade, a ação é considerada interio- A idade escolar se apresenta com novas exigências,
rizada, ocorrendo através da representação como já como a interação do sujeito com o seu grupo, seus
dito anteriormente (PIAGET, 1998). O fato de agora professores, novas regras e horários, exigências,
as ações serem interiorizadas reversíveis, quer dizer competições e críticas. Essas mudanças no compor-
que é possível pensar a ação e a anulação da mes- tamento coletivo se apresentam como progressos,
ma ação, de forma interiorizada, voltar exatamente como a participação em jogos com regras (SOUZA;
ao ponto de partida sem perpetrar controvérsias. A WECHSLER, 2014). A criança além disso é consi-
reversibilidade é compreendida como a organiza- derada heterônoma, recebendo regras impostas e
ção lógica dessas representações, organizações acreditando que elas vem de alguém superior, sem
essas que são exatamente as conquistas do estágio autonomia ainda para mudá-las de acordo com suas
operatório concreto, lógicas que permitem chegar à vontades (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992).
verdade sem contradições (MACEDO, 1994).
Há um início de reflexão, ou uma conduta de dis-
Cória-Sabini (2006) explica que as modificações cussão interiorizada, uma deliberação interior que
nesse período são consideráveis em diversos âm- evolui para uma discussão socializada, levando à
bitos, como a linguagem, nas interações com as reflexão interiorizada e as condutas tornam-se me-
pessoas, em seu comportamento e especialmente nos impulsivas (PIAGET, 1998).
na qualidade do pensamento.
Além disso, apresentam-se pressões, o trabalho
Para Piaget (1998, p. 47), esses avanços conse- dá lugar às brincadeiras durante a maior parte do
guidos a partir dos sete anos, noções de tempo, tempo, embora continuem a existir em momentos e
a) Organização da vida em rede ou teia, ou Para Santos (2012) devido à crise ambiental ins-
teia da vida; talada, é imperioso que o comportamento humano
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em nome do poder e do controle almejado de
adotam um posicionamento de maneira genuína,
presente e consciente em relação às sua ações,
estarão mais vivos e inteiros. Um indivíduo saudá-
forma doentia, o homem atravessou gerações inter- vel mantém seu senso de identidade e conserva o
ferindo em um sistema com organização própria de- ambiente em sua forma mais primária, mantendo
sequilibrando-o, causando degradação e destruição equilíbrio da mente e do ambiente a sua volta em
ambiental afetando o desenvolvimento sustentável. sua totalidade.
É claro que qualquer sistema, em algum momento, Mesmo com desvantagem em relação ao que já foi
enfrenta algum tipo de desequilíbrio e instabilida- perdido, há ainda a esperança para colaborar com
de, porém dessas situações podem surgir novas o planeta, deixando-o melhor para quem viverá nele
estruturas. Ocorre que quando esse desequilíbrio em um futuro ainda incerto. Toda atitude consciente
foge de determinando limite de tolerância, gerando nesse sentido é responsável e válida.
estresse, o organismo ou sistema perde a capaci- Assim, torna-se de fundamental importância aplicar
dade de compensá-lo. a educação ambiental no período operatório concre-
A Gestalt-terapia está diretamente ligada ao holis- to, quando as crianças passam a apresentar maior
mo, à ecologia e à espiritualidade, consideradas capacidade de abstração, ainda que apresentem a
condições humanas de existência e a não vivência necessidade de usar métodos concretos para isso
dessas três demandas podem surgir na forma das com a qualidade de um novo aprendizado, tornan-
mais diversas doenças. do-se multiplicador, fiscalizador e atuante na contri-
buição para uma sociedade mais sustentável.
A possibilidade de um desenvolvimento sustentável
está relacionada com a educação ambiental e a sua
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo compreender os desafios da atuação do
Larissa Angelocci
psicólogo no âmbito hospitalar em dois grandes hospitais de Bauru-SP,
UNESP-BAURU/SP
o Hospital Estadual e o Hospital de Base. Desta forma, foram realizadas
Isabella Janini Misson
entrevistas semiestruturadas com quatro psicólogas, duas de cada
UNESP-BAURU/SP
unidade. Os resultados da pesquisa indicaram que há barreiras na
Lara Sorita Contarin inserção profissional no ambiente hospitalar, onde o principal entrave é a
UNESP-BAURU/SP
dificuldade de comunicação com o restante da equipe embasadas na cultura
Bruna Letícia Seles médico-hierárquica das relações de poder. Com efeito, as entrevistadas
Souza consideraram de suma importância a atuação deste profissional no processo
UNESP-BAURU/SP
saúde/doença com vistas a mediar e proporcionar o apoio psicológico
ao paciente e à família. O psicólogo tem uma percepção diferente da de
Bianca Silva Augusto
UNESP-BAURU/SP outros profissionais da saúde sobre seu trabalho, o cuidado e escuta que
oferece, divergente do modelo biomédico predominantemente praticado pela
Lana Padovini
equipe multiprofissional. No ambiente hospitalar, enfrentam-se adversidades
Severino
UNESP-BAURU/SP sociais e institucionais da alta demanda relativas à necessidade de lidar
com processo saúde-doença e também com a relação entre vida e morte.
Josiane Cristina Tal aspecto apontou para a clara presença de relações hierárquicas quanto
Bocchi às atividades profissionais bem como em uma visão do psicólogo como
UNESP-BAURU/SP
um ator da normatização que viria a efetuar uma espécie de “correção”
nos internos. De acordo com os relatos, aponta-se para as necessidades
de mudanças da cultura hospitalar que permitam uma relação mais
horizontalizada e uma equipe efetivamente multidisciplinar, permitindo assim
uma melhor intervenção do psicólogo no cuidado com os pacientes e na
mediação instituição-equipe-paciente-família contribuindo, na medida em
que estejam clarificadas suas funções em tal ambiente, para um tratamento
mais humanizado.
Psicólogo.
10.37885/200500313
1. INTRODUÇÃO doença, que passou a ser compreendida como um
processo complexo e transdisciplinar numa acepção
A inserção do profissional da saúde mental no biopsicossocial; a ênfase aos cuidados primários
que tange à Psicologia no contexto da instituição por influência da Declaração de Alma-Ata em 1978,
hospitalar foi se impondo na medida em que se es- que evocou a determinação social da doença; e as
tabeleceu um novo paradigma para a assistência transformações que culminaram no movimento da
à saúde, fruto da ampliação do modelo de saúde luta antimanicomial e na reforma psiquiátrica, pois
pública através da criação do SUS (Sistema Único possibilitaram uma reestruturação dos serviços de
de Saúde) e da mobilização conjunta de profissio- saúde incorporando a participação dos profissio-
nais e comunidade diante da limitação do modelo nais de saúde mental como membros das equipes
biomédico. Esta incorporação permitiu ampliar a vi- multiprofissionais. Esse crescente movimento de
são do objeto, de um corpo tratado estritamente do inserção profissional de psicólogos nos mais diver-
ponto de vista organicista para um sujeito inserido sos estabelecimentos de saúde inaugurou um novo
em um determinado cenário sociocultural e com uma campo teórico-prático: a Psicologia da Saúde.
história individual. A ampliação dessa visão implica Segundo Castro e Bornholdt (2004), a Psicologia
necessariamente a articulação de novos recursos da Saúde é um campo de especialização da Psico-
para a atenção em saúde, dentre eles a participa- logia consolidado internacionalmente e que aplica
ção do psicólogo e de outros profissionais de saúde seus princípios, técnicas e conhecimentos científicos
mental nas práticas assistenciais junto à equipe de para avaliar, diagnosticar, tratar, modificar e preve-
saúde e os desafios consequentes desta inserção. nir os problemas físicos, mentais ou qualquer outro
A partir do século XVIII, ocorreram avanços no cam- relevante para os processos de saúde e doença.
po da medicina e mudanças no espaço hospitalar Trata-se de um trabalho que pode ser realizado em
que culminaram na evolução do saber médico e no variados contextos, como hospitais, centros de saú-
estabelecimento da lógica disciplinar, de forma que a de comunitários, organizações não governamentais
medicina se estabeleceu como uma ciência centrada e nas próprias casas dos indivíduos, sendo uma
no mecanicismo, no biologicismo, na especialização ação multiplicadora que capacita a população com
e na atividade curativa, heranças que ainda per- sua prevenção primária. A Psicologia da Saúde, com
meiam a atividade médica do presente (FOUCAULT, base no modelo biopsicossocial, utiliza os conhe-
1979). Após a Segunda Guerra, com a complexifi- cimentos das ciências biomédicas, da Psicologia
cação da sociedade e o surgimento de novas ques- Clínica e da Psicologia Social-comunitária (REMOR,
tões às quais o modelo médico isoladamente não 1999). Desse modo, a mesma colabora para a cons-
era capaz de resolver, a medicina recebeu críticas tituição de uma visão integral do sujeito enquanto
relativas ao caráter puramente resolutivo e meca- um ser biopsicossocioespiritual (FONGARO; SE-
nicista da sua visão de doença, de modo a permitir BASTIANI, 1996).
uma abertura desta para a incorporação de outros Distintivamente, a Psicologia Hospitalar é uma espe-
discursos e saberes. Dessa forma, o espaço hos- cialidade brasileira reconhecida pelo Conselho Fe-
pitalar ganhou complexidade com sua transforma- deral de Psicologia por meio da Resolução CFP nº
ção em um campo de atuação também para outros 13/07 (CFP, 2007), e inexistente em outros países,
profissionais, entre eles o psicólogo (MAIA, 2006). ainda que lá também o psicólogo atue em hospitais.
Contudo, para Oliveira e Collet (2000), atualmente O psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar
o médico continua detentor de um poder nuclear na tem sua função centrada nos âmbitos secundário e
produção e reprodução dos serviços hospitalares, terciário de atenção à saúde, atuando em instituições
pois é ele quem institui o processo de diagnóstico de saúde e realizando atividades como: atendimento
e a terapêutica. psicoterapêutico, grupos psicoterapêuticos, grupos
A incorporação de novos saberes à Medicina não se de psicoprofilaxia, atendimentos em ambulatório e
deu pelo simples reconhecimento da importância de unidade de terapia intensiva, pronto atendimento,
considerar as dimensões socioeconômicas e psíqui- enfermarias em geral, psicomotricidade no contexto
cas do processo de adoecimento (BIRMAN, 1980). hospitalar, avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico,
Na verdade, ela se deu por exigências de uma nova consultoria e interconsultoria (CASTRO; BORNHOL-
realidade social e da insuficiência do saber médico DT, 2004). Vários autores (ALMEIDA; MALAGRIS,
em lidar com elas, mantendo ao mesmo tempo sua 2015; CASTRO; BORNHOLDT, 2004; MAIA, 2006;
posição hegemônica no campo da saúde. Conforme YAMAMOTO; TRINDADE; OLIVEIRA, 2002) incluem
Spink (2003), no Brasil, a inserção dos psicólogos no a Psicologia hospitalar na área ampla da Psicologia
campo da saúde se deve a três importantes trans- da Saúde, de modo que aquela represente o exer-
formações que ocorreram entre os anos 70 e 90: cício da Psicologia no contexto hospitalar.
a ressignificação da causalidade na explicação da Atuando de acordo com uma especialidade refe-
4.RESULTADOS
das profissionais entrevistadas. Como recomendado
por elas, foram enviados e-mails direcionados para o
núcleo de ensino e pesquisa da Organização Social
A partir das entrevistas realizadas com as psi-
de Saúde que regula os dois hospitais, a FAMESP
cólogas P1 e P2 atuantes no Hospital Estadual de
(Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hos-
Bauru percebeu-se que a dinâmica de trabalho no
pitalar), cujo conteúdo, além de explicitar o interesse
hospital confirma o que é apresentado no site oficial
e objetivo didático da visita, incluiu também o roteiro
5. DISCUSSÃO
6.CONCLUSÃO
À luz da literatura desenvolvida por Yamamoto,
tivessem acesso às informações inerentes a essa
possível área de atuação.
RESUMO
O objetivo que se enuncia nesta pesquisa é cartografar quais discursos,
Danielle Jardim
enquanto produção de saberes-verdades-prazeres estão se produzindo
Barreto
UNIPAR/PR nos cursos de Psicologia acerca da práxis sobre a temática das diferenças
relacionadas a variações de sexualidades e gêneros, problematizando a
Wiliam Siqueira produção de saberes - poderes e prazeres na formação em Psicologia.
Peres Como especificidade da pesquisa, buscamos via narrativas dar visibilidade
UNESP/SP
aos processos de produção de gêneros e sexualidades na formação
em Psicologia. Acreditamos que ao mapearmos estes processos, se
enunciarão as inovações produzidas através de estágios, pesquisa e
extensões previstas em Projetos Pedagógicos dos Cursos de Formação.
Entendendo as inovações como agenciamentos discursivos de campos
de novas articulações de produção de subjetividades e valorização das
singularidades, ou seja, novas armas para evitar as patologizações e
despotencializações de outras formas de expressão de vida. A apresentação
da cartografia agenciada neste artigo se deu pelo meio, buscando não
uma história linear da formação em Psicologia, mas sim a visibilidade
das Psicologias no cenário da Era Farmacopornográfica e a produção
de outros modos de experimentações subjetivas em práticas sexuais e
corporeidades. A justificativa que se desenha nesta problematização é
devida ao necessário agenciamento de novos contratos éticos - estéticos
e políticos para a produção de uma outra Psicologia, que necessariamente
precisa queerizar-se, com intenções de desconstrução das estratégias de
patologizações feitas pelas psicologias, das experimentações dos corpos
nas práticas sexuais, afetivas e éticas de si.
cologias.
10.37885/200500283
1. INTRODUÇÃO mulheres, primitivo e civilização estão,
todas, ideologicamente em questão. A
Problematizamos neste trabalho que os sabe- situação real das mulheres é definida
res produzidos na formação d@ psicólog@ estão no por sua integração/exploração em um
campo das ciências humanas em suas diversifica- sistema mundial de produção/reprodução
ções e localizações de saberes, que podemos resu- e comunicação que se pode chamar de
midamente definir como a ciência que tem o próprio “informática da dominação” (HARAWAY,
existir dos homens e das mulheres no mundo como 1995, p. 279).
foco de produção e intervenção do conhecimento.
Estes saberes sobre/para os homens e as mulheres Este trabalho se debruça na problematização da
só podem configurar-se enquanto ciência quando contemporaneidade e a produção de modos de sub-
estes são “criados” nas práticas discursivas da mo- jetivação que em sua materialidade “bagunçam” as
dernidade enquanto objeto do/para conhecimento. lógicas inteligíveis de agenciamentos identitários au-
torizados pelas normas instituídas, enunciando as-
A produção de saberes não está desconectada da
sim corpos ditos abjetos, os quais preferiram chamar
história, a formação em Psicologia enquanto campo
de corpos falantes, e como bem defende Preciado,
de saberes dito autônomo advém da racionalização
engendrada na modernidade através do projeto de
afastamento da filosofia e aproximação das ciên- Nos termos do contrato contrassexual,
cias médicas positivistas, segundo Donna Haraway os corpos se reconhecem a si mesmos
(1995): “Poder e autoridade fabricam a realidade”, e não como homens ou mulheres, mas
destacamos ainda, com algumas designações bas- como corpos falantes, e reconhecem
tante claras: outros corpos falantes. Se reconhecem
na possibilidade de acessar todas as
A unidade de análise era a pessoa, práticas significantes, assim como todas
transformada pelo conceito científico da as posições de enunciação, em tantos
personalidade, que englobava a fisiologia, sujeitos, que a história tem determinado
a medicina, a psicologia, a antropologia e como masculinos, femininos ou perversos
a sociologia dentro do serviço de gestão. (PRECIADO, 2002, p. 13).
Além disso, ‘a pessoa’ e a ‘personalidade’
manteriam uma forte significação anti Esses outros corpos são invisíveis no ensino das
materialista e, ao mesmo tempo, a ideologia Psicologias e nos levam a problematização do pró-
associada permitiria a redução científica por prio saber autônomo das Psicologias, que em sua
meio de métodos objetivos, como os testes história buscou arduamente um lugar ao sol da elite
científica moderna. Este mesmo saber na contempo-
de inteligência, a investigação motivacional
raneidade tende a inanição, pois ao problematizar-
e a psicobiologia sexual. O matrimônio
mos a fonte de energia primeira - o psicodiagnóstico
entre o idealismo filosófico e a ciência
tendemos a nos esbarrar nos atuais embates éticos
natural produziria crianças modernas de
e políticos pelo direito pleno a singularidade:
bom comportamento nas fábricas e em
casa (HARAWAY, 1995, p. 93).
O que vai caracterizar um processo de
singularização (que durante certa época,
Esta articulação da ciência natural com facções filo-
eu chamei de “experiência de um grupo
sóficas permitiu à construção e uso de saberes so-
sujeito”) é que ele seja automodelador.
bre os homens e as mulheres fortemente vinculados
Isto é, que ele capte os elementos da
as dicotomias saúde/doença, indivíduo/sociedade,
a identificação psicodiagnóstica e cura das ditas situação, que construa seus próprios
anormalidades nos modos de viver contemporâne- tipos de referencias práticas e teóricas,
os. Esta formação psi pautada na naturalização e sem ficar nessa posição constante
na dicotomia dos modos de viver produziu ao longo de dependência em relação ao poder
da história práticas e saberes estigmatizantes, ma- global, em nível econômico, em nível
chistas, desconectados do contexto histórico e da do saber, em nível técnico, em nível das
realidade social, pois: segregações, dos tipos de prestígio que
são difundidos. A partir do momento em
As dicotomias entre mente e corpo, animal que os grupos adquirem essa liberdade
e humano, organismo e máquina, público de viver seus processos, eles passam
e privado, natureza e cultura, homens e a ter uma capacidade de ler sua própria
2.
a natureza humana, tem sido teorizada e
OS ESTUDOS QUEER E A DES-
construída sobre a base da escassez e da
CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS PSI
competição. Além disso, nossa natureza
MACHISTAS
tem sido teorizada e desenvolvida através
da construção das ciências dentro do
Ser ativo ou passivo se associa
capitalismo e do patriarcado e em função
historicamente a uma relação de poder
destes, o qual faz parte da manutenção
binária: dominador-dominado, amo-escravo,
da escassez sob o modelo específico
ganhador-perdedor, forte-débil, poderoso-
da apropriação da abundância para fins
submisso, proprietário-propriedade, sujeito-
RESUMO
O transtorno do espectro autista na criança a partir do diagnóstico, traz
Walkíria Costa
algumas alterações na dinâmica familiar, tendo em vista as peculiaridades
Ramos
CEUMA do transtorno. Dessa forma, o presente estudo a partir de uma revisão
de literatura exploratória, teve como objetivo principal, analisar como se
Ana Flávia Lima apresenta a qualidade de vida e o perfil emocional das famílias de crianças
Teles Da Hora com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Tendo por objetivos específicos,
CEUMA
o delineamento dos impactos que o diagnóstico do TEA ocasiona na
família, a compreensão das alterações na psicodinâmica familiar após o
diagnóstico, e o grau de comprometimento da qualidade de vida e estado
emocional dessas famílias em decorrência do transtorno da criança. Para
a realização dessa revisão de literatura, foram levantadas publicações
nas bases de dados Scielo e Pepsic, entre os anos de 2003 a 2019. As
pesquisas revelaram um comprometimento significativo na qualidade de
vida principalmente das mães, após o contato com o diagnóstico do filho,
pois o transtorno na criança influencia fortemente nas relações familiares,
causando mudanças irreparáveis devido ao cuidado integral e permanente
demandado pela criança. Sintomas como estresse e sobrecarga são
vivenciados cotidianamente em virtude da falta de suporte dos demais
componentes da família e das políticas públicas nos locais onde vivem.
Desse modo, conclui-se que o TEA é um transtorno que interfere na
qualidade de vida de todo conjunto familiar, por isso, torna- se necessário
o acompanhamento e acolhimento dessas famílias, por meio das redes
de apoio oriundas das políticas públicas, objetivando os cuidados com a
saúde mental.
10.37885/200500324
1. INTRODUÇÃO sintomas se caracterizam por apresentar déficits
persistentes nas áreas da comunicação, interação
Essa pesquisa se propõe a discutir a qualidade social, reciprocidade socioemocional. Os sintomas
de vida e o perfil emocional das famílias de crianças interferem também na área da linguagem, além de
com transtorno do espectro autista. Pois entende-se apresentarem comportamentos que emitem padrões
que o transtorno na vida de uma criança de certa for- repetitivos, e manifestações de um repertório redu-
ma, possibilita a ocorrência de impactos na dinâmica zido e/ou limitado de interesses e atividades.
familiar, tendo em vista que a criança autista deman- Segundo esse mesmo manual, o TEA é considerado
da por cuidados específicos ao longo de toda a vida. um transtorno do neurodesenvolvimento por se apre-
Deste modo, o presente estudo dá visibilidade ao sentar de forma precoce na infância, prejudicando
conjunto/dinâmica familiar e as possíveis dificulda- e limitando o desenvolvimento e funcionamento da
des enfrentadas em todos os contextos. Principal- criança. A manifestação do transtorno e gravidade
mente no tocante a pais/cuidadores de autistas, que dos sintomas no autista, irá variar dependendo das
diretamente participam e acompanham efetivamente condições do nível de desenvolvimento, idade crono-
a rotina da criança com o transtorno. lógica, nível intelectual, capacidade linguística, assim
como a história de vida, tratamento, e se existe algum
Os estudos a respeito do TEA, além de investigar apoio atual, daí se origina o uso do termo espectro.
o transtorno em si, expandem também para a bus-
ca do significado de cada papel familiar. Compre- Os déficits referentes à reciprocidade socioemocio-
ende- se que a família é vista como um lugar de nal podem se apresentar de forma muito evidente
acolhimento para uma criança que precisa de uma em crianças pequenas com o transtorno resultando
atenção especial, todavia, nesse espaço de aco- em não apresentar mínima ou nenhuma capacidade
lhimento existe o enfretamento de dificuldades no em iniciar interações sociais, compartilhar emoções,
manejo dos cuidados desse indivíduo. além da imitação do comportamento dos outros se
apresentar de forma ausente ou reduzida. Contudo,
Então, entende-se que a família é um pilar importan- se tratando dos déficits de comunicação não verbal
te que contribui para o desenvolvimento do autista, em autistas, fica evidente o uso mínimo de gestos,
mas, também encara um percurso longo e exaustivo contato visual, expressões faciais e orientação cor-
na prestação de cuidados desses indivíduos, por poral (WHITBOURNE; HALGIN, 2015; APA, 2014).
isso, o foco dessa pesquisa é a relação da família
com a criança autista, compreendendo que o contato A atenção compartilhada é um outro aspecto preju-
e convívio de ambos, de modo geral, pode acarretar dicado pelo TEA na criança. Nesse caso, há ausên-
uma série de questões psicológicas nos familiares, cia do gesto de apontar, seguir o gesto, ou olhar o
visto que os autistas são indivíduos que dispõem de indicador de outras pessoas. Há falhas também nos
funcionamentos comportamentais e cognitivos espe- movimentos de trazer e/ou compartilhar objetos. Es-
cíficos, podendo não ser compreendidos totalmente. tes, são aspectos importantes e comuns em crianças
Por esse motivo, investigar a qualidade de vida do sem o transtorno. Os autistas, possuem um repertó-
sistema familiar se faz tão importante. rio menor, aprendem poucos gestos funcionais, e ge-
ralmente fracassam na tentativa de se comunicarem
Para a elaboração desse artigo, realizou-se uma revi- espontaneamente pelo uso dos gestos (APA, 2014).
são de literatura de caráter exploratório, pelas quais,
foram pesquisados e analisados artigos de revistas Ademais, de acordo com Silva e Chaves (2014) os
científicas indexadas em bases de dados, objetivan- autistas não entendem metáforas, e nem reconhe-
do a promoção e discussão dos dados encontrados, cem os tipos de brincadeiras que tem por natureza,
e os possíveis delineamentos a respeito da temática o “faz de conta”. Autistas também não estabelecem
no intuito de aprofundar o conhecimento acerca dos laços sociais, e, dependendo da gravidade, podem
impactos do autismo no sistema intrafamiliar. apresentar dificuldades severas em aprender regras
sociais e expressar falta de interesse total em man-
ter contato. A criança com o transtorno está limitada
2.CARACTERÍSTICAS
DIAGNÓSTICO
DO TEA E em seu mundo, e isso as impedem de conhecer e
reconhecer o outro, e como consequência, o autista
adquire um padrão restrito que implica em uma re-
Conforme o Manual Estatístico dos Transtornos petição infinita de comportamentos. Assim, parecem
Mentais em sua quinta versão – DSM-5 (APA, 2014), faltar a essas crianças as condições mínimas para
e Gomes et al. (2015), o TEA é assinalado como reagir às ações e expressões dos outros através de
uma síndrome neuropsiquiátrica que manifesta di- emoções e ações coerentes organizadas, levando
ficuldades, limitações e incapacidades em exercer a uma falha quase completa nas trocas afetivas e
algumas funções desde a infância. Os primeiros cognitivas no mundo.
3.METODOLOGIA
um cuidado prolongado e atento por parte
de todos os parentes que convivem com a
criança com TEA. Logo, são relatados com
Essa pesquisa, trata-se de uma revisão de lite-
frequência níveis de estresse aumentado,
ratura exploratória, e de acordo com Mattos (2015),
o que pode impactar na qualidade de a revisão de literatura compreende-se por um pro-
vida de todos os membros da família. A cesso de busca, análise e descrição de publicações
condição especial da criança requer que os científicas, visando responder a uma pergunta es-
pais encarem a perda do filho idealizado pecífica. Com base nisso, a pergunta norteadora
e desenvolvam estratégias de ajustes à dessa pesquisa foi: De que forma o diagnóstico do
nova realidade. O convívio dos pais com as Transtorno do Espectro Autista na criança afeta a
manifestações específicas do TEA em seus qualidade de vida e o estado emocional dos pais e/
filhos pode culminar, muitas vezes, com o ou cuidadores?
próprio afastamento familiar em relação à
A respeito de pesquisas do tipo exploratória, con-
vida social. forme Gil (2008, p. 27) explica que esse modelo,
“tem como principal finalidade, modificar conceitos
Considerando essa premissa, os mesmos autores e ideias [...] e são desenvolvidas com o objetivo
destacam que os motivos para os cuidados e pe- de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo,
ríodos extensos de dedicação e atenção dos pais/ acerca de determinado fato”.
cuidadores com os autistas, acontece porque o au-
tismo, apresenta alterações graves e precoces nas No levantamento dos dados, foram consultadas
áreas da cognição, comunicação e socialização, duas bases de dados para a análise sistemática do
configurando- se em geral, persistentes e recorren- referido tema - Scielo (Scientific Eletronic Libraly
tes ao longo de toda a vida. Online) e Pepsic (Periódicos Eletrônicos de Psico-
logia) a partir dos seguintes descritores: “autismo,
Schmidt e Bosa (2004) e Andrade e Teodoro (2012), família e qualidade de vida”.
também abordam esse assunto e ressaltam que, por
causa das características clínicas do transtorno, as Critérios de inclusão usados para seleção dos ma-
condições físicas e mentais do indivíduo são bas- teriais: artigos que trouxessem em seu título ou re-
tante afetadas, desta forma, o nível da demanda e sumo o objeto de estudo dessa pesquisa, período
dependência da criança aumenta, exigindo mais de de publicação a partir de 2003-2019, publicação na
seus cuidadores. Por isso, essa situação tem gran- íntegra e de acesso livre.
des chances de tornar-se um potente estressor para
Critérios de exclusão: não condizentes com o tema
familiares. Ressaltam que as dificuldades ocasiona-
da pesquisa; não disponíveis na íntegra; famílias
das pelo transtorno na criança afetam consideravel-
de crianças com outros transtornos neurológicos
mente a dinâmica familiar. Os autores compreendem
ou psiquiátrico não relacionados ao autismo; artigos
que o nível de severidade da desorganização dentro
publicados em inglês; psicanalíticos; duplicados e
de um sistema familiar, depende também da forma
artigos anteriores ao ano 2003.
de enfrentamento da doença por parte da família,
bem como a disponibilidade de recursos comunitá- Então, de acordo com os critérios de inclusão, reali-
rios, sociais e governamentais, que podem ajudar zou-se a leitura do título e resumo, e foram excluídos
ou interferir nesse processo. aqueles que não atendiam aos mesmos.
Dessa forma observa-se, a partir da literatura ex- A análise de seleção dos artigos levantados, ocorreu
pressada pelos autores mencionados, que a criança a partir das seguintes etapas: (1) – O material biblio-
portadora do TEA possui limites em emitir compor- gráfico foi analisado na íntegra, e selecionados os
tamentos, isso porque, o transtorno implica no com- artigos de revisão que atendiam aos objetivos. (2)
4.RESULTADOS E DISCUSSÃO
artigos como resultado total. Por tanto, a partir dos
filtros selecionados, “Coleção” – Brasil; “Idioma” –
Para compor especificamente os resultados e português; “Artigos” e “Artigos de revisão”, os mate-
discussões deste trabalho, foram selecionados ar- riais achados, reduziram para um total de 5, sendo
tigos por meio das bases de dados Scielo e Pepsic que, 4 desses, abordavam assuntos a respeito da
que correspondiam à temática, preservavam e res- comunicação, linguagem, e aspectos educacionais
pondiam aos objetivos específicos desta pesquisa. de autistas, assuntos que não concordam com cri-
térios de inclusão já estabelecidos, assim, apenas
Então, inicialmente, através da base de dados Scie- 1 artigo foi selecionado por conter em seu título e
lo, a partir do descritor “autismo”, foram encontrados resumo, conteúdos que estão de acordo com a pro-
630 estudos. Contudo, mediante os filtros selecio- posta dessa pesquisa (tabela 1).
nados, “Coleção” – Brasil; “Temática” - psicologia
multidisciplinar, psiquiatria, pediatria, psicologia clí- Na base de dados Pepsic, a partir do descritor “au-
nica e psicologia; “Idioma” – português; “Artigos” e tismo” foram localizados 271 artigos, no cruzamen-
“Artigos de revisão”, referentes aos anos “2003 a to com o descritor “família”, os resultados caíram
2019”, os achados caíram para 92. A análise desse para 19 estudos no total. Desses, um total de 15
material se fez a partir dos critérios de inclusão e artigos, abordavam a temática do autismo em uma
exclusão estabelecidos no método, então, dentre perspectiva diferente dos objetivos traçados nesse
esses achados, 61 artigos não faziam relação com trabalho. Além disso, foi encontrado dentre esses, 1
o tema deste trabalho, pois a temática autismo, es- estudo que fazia relação ao autismo na perspectiva
tava vinculada a aspectos escolares, educacionais, psicanalítica, e outro artigo com conteúdo na língua
dentre outros, restando 31 artigos. estrangeira. Então, resumidamente, apenas 2 estu-
dos (tabela 1) foram utilizados por se encaixarem
Assim, dentre esses, 9, tiveram seus objetivos de nos critérios de inclusão, devido aos seus títulos
Tabela 1 – Seleção das publicações conforme sua relevância para os objetivos da temática com nome
no autor, título do artigo, ano e objetivo do artigo.
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
do TEA.
Diante disso, há um conjunto de questões que são
afetadas nos cuidadores, inclusive a saúde física e O presente estudo, buscou explicar o autismo,
emocional, influenciando diretamente na qualidade suas características, e todo o conjunto de sintomas
de vida de modo geral destes familiares. Com isso, que envolve o sujeito, tal qual, os prejuízos nas áre-
Chaim et al. (2018, p.29) complementam que: as de comunicação, socialização e cognição, aspec-
A realidade de ausência de suporte social e/ou de tos inerentes ao transtorno. Buscou evidenciar tam-
discriminações, a incapacidade para o trabalho e bém, os impactos, alterações e comprometimentos
os impactos do diagnóstico também são vivencia- que o diagnóstico do TEA, gera dentro do sistema
dos intensamente por parte dos cuidadores/pais de familiar, e os aspectos que afetam as relações.
crianças com TEA. Essas variáveis foram apontadas Os resultados dos impactos que o diagnóstico do
pelos estudos analisados como diretamente corre- TEA ocasiona no contexto familiar, destacaram prin-
lacionadas com estresse e tensões dos cuidadores. cipalmente, sentimento de tristeza, dúvidas, deses-
Em função disso, outro estudo foi analisado na in- pero e desesperança quanto aos aspectos futuros
tenção de compreender os fatores que influenciam o da criança, através dos relatos dos pais.
RESUMO
O presente artigo busca analisar a Síndrome de Burnout (estresse causado
Jéssica Etapechusk
pelo trabalho) apresentando uma revisão sobre aspectos em profissionais
IESA/ UNYLEYA
da educação em especial professores. O objetivo deste artigo é aclarar os
Zaira Bárbara da
sintomas e conceituar “Síndrome de Burnout”, assim como compreender os
Silva
USF/UNIAN - SP fatores predisponentes e consequentes; possíveis tratamentos, prevenções
e intervenções. Trata-se de um Revisão sistemática de literatura bibliográfica
de artigos e livros pertinentes a temática. Após dados coletados realizou-se
a análise simples dos dados e os resultados obtidos compuseram o tema
acima citado.
10.37885/200500280
1. INTRODUÇÃO balho ocasiona estudiosos apontam que a síndrome
é um estado de esgotamento físico e mental ligada
Assistimos hoje a transformações importantes à vida profissional.
no mundo do trabalho. Novas formas de organiza- O impacto psíquico que a organização do trabalho
ção aparecem, e a natureza está constantemente exerce sobre o trabalhador pode gerar prazer ou
se modificando. Observamos o desaparecimento sofrimento. O sofrimento é atribuído ao choque en-
de empregos permanentes e, simultaneamente, tre a história individual do trabalhador, portadora de
aparecem novas tecnologias e formas inovadoras projetos, esperanças e de desejos, e a organização
de organização do trabalho. Ao mesmo tempo em do trabalho que os ignora, ou lhes impõe um ritmo
que milhares de pessoas sofrem pela falta de uma de trabalho intenso e/ou repetitivo, porta de entrada
vaga, outras sofrem pelo fato de terem que trabalhar para a doença mental, entre elas a Síndrome de
excessivamente. Tais mudanças nos processos de Burnout (CAMARGO & BUENO, 2014).
trabalho, tanto em nível de produção quanto de or-
ganização, têm ocasionado maiores exigências na Frente a essas questões Dejours (2012) aponta que
qualidade do serviço prestado e consequentemente, tanto na natureza do trabalho do professor como
necessidade de desenvolvimento de novas habili- no contexto em que exerce suas funções, existem
dades por parte do trabalhador de diversos setores diversos estressores que, se persistentes, podem
(DEJOURS, 2012). levar a síndrome de Burnout. Alguns autores concei-
tuam o burnout como a etapa final das progressivas
Nesse sentido, Benevides-Pereira (2010) corrobora tentativas mal sucedidas do indivíduo em lidar com
apontando que tem sido considerado de suma im- o estresse decorrente de condições de trabalho.
portância nos últimos anos o impacto do trabalho
na saúde física e mental dos profissionais, tendo A partir desses referenciais traçamos como objetivo
em vista que de um modo geral, dedicam oito horas do presente estudo: apresentar uma revisão sobre
diárias (ou mais) por um período médio de trinta e alguns aspectos da Síndrome de Burnout em pro-
cinco anos ao trabalho. Frente a essas questões fissionais da educação em especial professores, a
autores apontam que no atual modelo de trabalho fim de aclarar os sintomas e conceituar “Síndrome
acima citados a educação tem sido uma das áreas de Burnout”, assim como compreender os fatores
muitos afetadas, tendo em vista que, são impostas predisponentes e consequentes; possíveis tratamen-
muitas atribuições ao professor, fora de seu interes- tos, prevenções e intervenções. Visando Alerta-los
se e por vezes de sua carga horária. sobre a importância de estarem atentos as sintomas
e da busca de tratamento.
Contudo, o professor é excluído das decisões ins-
titucionais, das reestruturações curriculares, do re-
pensar da escola, sendo interpretado como executor
de propostas e ideias elaboradas por outros. Dessa
2. METODOLOGIA
forma, concebe-se propensão ao trabalho egocên- Trata-se de um Revisão sistemática de literatura
trico, que não possibilita ao professor contrapor cuja pesquisa foi realizada durante o período de
e alterar os aspectos estruturais de seu trabalho Junho 2018 à Maio de 2019. Para realizar o levanta-
(BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Consequentemente mento bibliográfico deste estudo, buscaram-se arti-
essa sobrecarga do profissional da educação lhe gos, revistas científicas e sites como o Scielo, BVS,
propicia inúmeros conflitos, pois para incumbir-se assim como teses e publicações e jornais e revistas
do trabalho reduz o tempo disponível para subjetivi- acadêmicas acerca da Síndrome de Burnout em pro-
dade, onde abstém-se de suas atividades pessoais, fissionais da educação com publicações de 2010
como: estudos individuais ou em grupo, participação a 2018. Além disso, livros foram consultados para
em cursos ou demais recursos que contribuem para conhecimentos gerais e contribuições a respeito do
sua qualificação, além das peculiaridades de lazer assunto. Após dados coletados e realizado a análise
que conforme cita Junior, Bueno e Bottcher (2010, p. simples dos dados os resultados obtidos foram com-
2): “A atividade de lazer é de suma importância para parados a fim de selecionar material pertinente ao
o aumento da qualidade de vida do ser humano”. assunto, considerando alguns aspectos relevantes
A fadiga profissional ou Burnout possui um quadro da síndrome em profissionais da educação, como
clínico categórico composto por características de por exemplo: os principais desencadeantes e fatores
esgotamento emocional, despersonalização e di- de risco, as estratégias de intervenção que apontam
minuição da realização profissional (TUCUNDUVA resultados positivos, condições de trabalho, entre
et al., 2013). Para Freudenberger (1970 apud Pires outros, chegando à conclusão final do estudo.
et al. 2012), o nome burnout teve origem no verbo
inglês “to burn out” queimar-se por completo, con-
sumir-se. Através do cansaço e frustração que o tra-
Autores apontam o estresse como um dos fatores Com forte incidência de elementos que conduzem
Carlotto (2011), ressalta ainda que evidencia-se a A síndrome de burnout ou o estresse ocupacional
existência de diversificação de responsabilidades podem ter consequências graves se atingirem ní-
com maior distanciamento entre a execução, reali- veis elevados, como por exemplo levar a pessoa
zada pelos professores, e o planejamento das políti- ao suicídio.
cas que norteiam seu trabalho, elaborado por outras Para que isso não ocorra é essencial que a pes-
pessoas. O que torna os professores mais técnicos soa faça algo para aliviar a tensão. Caso contrário,
do que profissionais, o que se soma a baixos sa- irá se sentir cada vez mais cansada, com crises
lários e as precárias condições de trabalho. Assim, de depressão, ansiedade e sem energia. Carlotto
a organização do trabalho do professor possui ca- (2011) corrobora afirmando que quanto mais fraca
racterísticas que o expõem a fatores estressantes a pessoa se torna, mais vulnerável às doenças ela
que, se persistentes, podem levá-lo a desenvolver a ficará. Em qualquer uma das situações a pessoa
síndrome de burnout, que é o resultado do estresse deve sempre buscar tratamento tão logo perceba
crônico, típico do cotidiano do trabalho, principal- os primeiros sintomas. No entanto, devido à sua
mente quando neste existem excessiva pressão, natureza diversa as formas de tratamento também
conflitos, poucas recompensas emocionais e pouco são muitas, devendo nesse caso ser avaliado por
reconhecimento (CANDIDO & SOUZA, 2016). parte de um profissional habilitado a melhor conduta
Carlotto (2011) acrescenta que independentemente a ser abordada.
do nível de ensino ou que tipo de escola que atue,
7.POSSÍVEIS INTERVENÇÕES
o ofício do professor tem se configurado como uma
profissão alvo de inúmeros estressores psicosso-
ciais presentes no seu contexto de trabalho. E a
atividade que em tempos passados era entendida O limite de cada pessoa deve ser considerado
como uma profissão vocacional de grande satis- nas formas de intervenção individual. Autores res-
fação pessoal e profissional, tem dado lugar ao saltam que, mesmo que as intervenções sejam tem-
profissional de ensino excessivamente atrelado a porárias, devem ser feitas junto ao trabalhador, pois
questões tecnicoburocráticas (CARLOTTO, 2011). é de benefício para o mesmo. Contudo, pode haver
um reforço na concepção equivocada de que é um
De acordo com Farber (1991, apud Carlotto, 2011) problema singular e assim potencializar possível
a categoria dos professores tem sofrido muitas crí- sentimento de fracasso, isolamento e baixa estima.
ticas na perspectiva pública, raramente sendo reco-
nhecida por seu sucesso, sendo assim a categoria De acordo com Carlotto (2011) as intervenções de-
que severamente tem sido avaliada e cobrada pela vem focar a organização do trabalho, o ambiente
população em geral nas últimas décadas. Entre as social e seu contexto, atingindo forma mais ampla,
inúmeras demandas enfrentadas pelos professores, o burnout não é um fato individual, mas psicossocial.
destaca-se a sobrecarga mental e a emocional. O enfrentamento da síndrome não depende de uma
única dimensão a ser vencida, e sim de mudanças
multifatoriais (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).
8.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dos estudos analisados chegou-se
DEJOURS, C. A loucura do trabalho. Cortez-
-Oboré, São Paulo, 1992.
à conclusão que os professores estão inclusos em
uma categoria de risco para o desenvolvimento da FERRARI, J.S.; Síndrome de Burnout. Disponí-
síndrome de Burnout, tendo em vista a dinâmica vel em:<https://brasilescola.uol.com.br/psico-
de trabalho estabelecida em que o subjetivo fica logia/sindrome-burnout.htm>. Acesso em 25
comprometido e com pouca autonomia advindo dos DE Abril de 2019.
fatores globais de atuação necessários da classe.
JUNIOR. Marco Aurélio BorgesTeixeira.; BUENO.
Esse estudo mostrou que a Síndrome de Burnout
Luis Francisco.; BOTTCHER. Lara Belmudes. A
está presente na atuação do professor que por ve-
IMPORTÂNCIA DO LAZER PARA A QUALIDADE
zes não há reconhece como uma psicopatologia
passível de cuidados adequados. Quando o traba-
DE VIDA DO TRABALHADOR. 2010. Disponível
lho começa a atingir a saúde física e mental, é uma em:<http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoan-
indicação de que a sobrecarga burocrática precisa terior/Sumario/2012/downloads/2012/.pdf> Aces-
ser diminuída e que o professor precisa ressignificar so em 08 Novembro de 2018.
todo o contexto que está sendo vivenciado. Por isso,
é preciso estar atento e cuidar de si, lembrando que, LEITE, Nadia Maria Beserra;, Burnout: síndro-
às vezes, “mais”, pode significar “menos”. me afeta mais de 15% dos docentes. Dispo-
nível em<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
conteudoImpresso.html?conteudo=38> Aces-
REFERÊNCIAS so em 18 de Janeiro de 2019.
BENEVIDES-PEREIRA. A.M.T. Burnout: quando MENEGHINI, F.; PAZ, A. A.; LAUTERT, L. Fato-
o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. res ocupacionais associados aos componen-
4ª edição. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. tes da síndrome de burnout em trabalhadores
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CANDIDO. Jéssica,; SOUZA. Lindinalva Ro- V. 20, N.2, P. 225/33, abril-junho. 2011. Dispo-
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em 25 de Abril de 2019. VANNUCHI., Marli Terezinha Oliveira. ESTRA-
TÉGIAS E INTERVENÇÕES NO ENFRENTA-
CARLOTTO.M.S.; PALAZZO. L.S. Síndrome
MENTO DA SÍNDROME DE BURNOUT. Rev.
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epidemiológico com professores. 2012. Dis- enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2011 jan/mar;
ponível em:<https://www.scielosp.org/pdf/ 19(1):140-5. Disponível em < http://www.fa-
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08 Novembro de 2018. 07 de Maio de 2019.
CARLOTTO, Mary Sandra. Síndrome de Bur- PIRES. Daniel Alvarez. et al. A SÍNDROME DE
nout em professores: prevalência e fatores as- BURNOUT NO ESPORTE BRASILEIRO. 2012.
sociados. Psic .: Teor. e Pesq. Brasília, v. 27, n. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/re-
4, p. 403-410, dez.2011. Disponível em <http:// fuem/v23n1/a14v22n1.pdf> Acesso em: 08 de
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- Novembro de 2018.
d=S0102- 37722011000400003&lng=en&nrm=i-
RESUMO
Em uma busca por articulações entre a Psicologia do Esporte e práticas
Adilson Farias
culturais – representadas aqui pelo brilhantismo do cinema –, o presente
trabalho, intitulado Análise do Filme “Menina de Ouro” à Luz da Psicologia do
Daniele Pinheiro
Esporte, realiza uma leitura psicológica de uma personagem cinematográfica
(Maggie), do filme intitulado “Menina de Ouro” (2004). A escolha do filme
Jéssica Lira supracitado se deu em razão da presente obra cinematográfica apresentar
aspectos que proporcionam uma análise mais apurada a respeito dos
mecanismos psíquicos e comportamentais, logo, há um enquadre entre a
relação do sujeito e a situação posta, isto é, relação entre a personagem
Maggie e a prática esportiva. A metodologia adotada é de base bibliográfica.
Foram utilizados como interlocutores privilegiados os conceitos de
Motivação Intrínseca, Motivação Extrínseca e Amotivação, bem como a
Visão Interacional dos autores Weinberg e Gould (2008). Assim sendo, é
interessante apontar que um dos motivos que levam a atleta Maggie a iniciar
no mundo dos esportes está fortemente ligado a fatores pessoais, como
a necessidade de melhorar a vida financeira da família ou até mesmo a
necessidade de autoafirmação da atleta em relação a uma mãe que nunca
a valorizou como uma vencedora. Assim, é interessante pontuar que tais
fatores servem de base a fim de que a atleta não se renda ou desista, muito
embora houvesse um quadro desalentador deveras imposto a ela. Desse
modo, são aspectos como os que objetivamente foram expostos aqui, que
demonstram que há uma profícua relação entre a obra cinematográfica e os
conceitos psicológicos outrora adotados para que haja uma base analítica
consumada. No mais, apostamos que é explícito que tais conceitos basilares
da Psicologia do Esporte, apontados aqui, podem ser encontrados no filme
“Menina de Ouro”, sobretudo na personagem central, aqui tomada como
caso clínico a ser investigado e analisado.
10.37885/200500253
1. INTRODUÇÃO o diretor da obra cinematográfica. Filme é de origem
norte americana e teve seu lançamento em 2004.
A prática do boxe nasce na Grécia antiga por Diante do exposto, podemos apresentar pontos im-
volta do século VIII a.c, mas renasce na Inglaterra portantes e algumas reflexões acerca do filme no
aos séculos XVIII e XIX. O boxe era praticado com contexto da Psicologia do Esporte.
as mãos descobertas, sendo assim considerado um
esporte brutal, e por isso passou por mudanças em O primeiro ponto a ser destacado é a atitude an-
1867, onde incluiu-se rounds de três minutos e uso tiética da oponente de Maggie ao empurra-la no
obrigatório das luvas. A palavra boxe deriva do in- ringue, onde podemos inferir que a sua adversária,
glês, to box, que significa bater ou pugilismo - bater naquele momento da sua prática esportiva, não tem
com os punhos (TRAINING, 2018). consciência de si e não consegue controlar suas
atitudes e sentimentos, sendo assim impulsiva. A
E nesse eixo temática, boxe, que o filme Menina falta de consciência da sua oponente ocasiona não
de Ouro retrata a história de Maggie, uma menina somente a falta de consciência dos sentimentos de
que sai de casa em busca de ser campeã nesta si, mas também a ausência da consciência que se
modalidade esportiva. Frankie, um treinador que, tem do outro, de tal modo que não consegue refletir
até então, não treinava mulheres, passou a treinar aos danos que podem acarretar na prática esportiva
Maggie. E Scrap, melhor amigo de Frankie e zelador e na vida da sua adversária - Maggie. Podemos
da academia. No filme é possível ver várias perso- também presumir que no momento da luta, naquela
nagens, no entanto, o filme se passa, de um modo euforia do campeonato, a adversária de Maggie não
geral, por essas três intérpretes. consegue reconhecer-se como um ser responsável
Maggie, uma moça sonhadora, sai de casa com o pelas suas ações e também não consegue mensurar
sonho de ser lutadora de boxe, numa época em que quais as consequências dessa ação antiética para
mulheres não eram bem vistas nesta prática espor- si tanto quando à sua adversária.
tiva e, por isso, sofriam preconceito da sociedade Fazendo um resgate do filme, podemos eviden-
por quererem praticar esse esporte dominado por ciar uma característica que sobrevém nessa obra
homens. Maggie passa a treinar boxe na academia cinematográfica: a motivação. A motivação, segun-
de Frankie, onde não é bem recebida por ele, mas do Pintrich e Schunk (2002), está relacionado aos
é querida por Scrap. Com sua insistência e com a estímulos internos ou externo, de tal modo que as
ajuda de Scrap, a garçonete passa a ser treinada pessoas ao fazerem ou realizarem algo são influen-
por Frankie, logo consegue bons resultados. ciadas por esses estímulos. Assim sendo, a motiva-
Passam-se algum tempo e Maggie começa a lutar ção ajuda a pessoa completar tarefas e a mantê-las
em campeonatos importantes, e em uma das lutas, na ação desejada.
considerada a mais importante da sua vida, ainda Em vista disso, a teoria da motivação esportiva
quando estava no ringue e no momento em que um está apoiada na teoria da autodeterminação, cujo o
dos rounds tinha acabado, a lutadora a qual Mag- comportamento pode ser motivado intrinsecamente,
gie estava competindo a empurra e ela cai com a motivado extrinsecamente ou amotivado (RYAN &
cabeça em um banco, banco este que fica disponí- DECI, 2000).
vel no final de cada round e serve de suporte para
o descanso do atleta. Ao ser levada ao hospital, A motivação intrínseca refere-se a prática de de-
Maggie recebe a notícia que ficou tetraplégica, e o terminada atividade à satisfação pessoal, onde se
seu sonho de continuar sendo lutadora de boxe se há um interesse espontâneo pela prática sem que
encerra. haja recompensas externas (RYAN & DECI. 2000).
No hospital e diante dos cuidados dos profissionais A motivação extrínseca refere-se a realização de
e de Frankie, Maggie, com sua saúde frágil, pede determinada atividade com o propósito de obter-se
para Frankie acabar com sua dor naquele leito de algum resultado ou alguma recompensa externa ou
hospital, e ele atende seu pedido, desligando o apa- então evitar-se punições (RYAN & DECI, 2000).
relho respiratório e aplicando-a uma injeção letal. A amotivação é resultado da falta de valorização de
Depois desse episódio, Frankie nunca mais voltou uma determinada atividade, não se sentido capaz e
à sua academia e Scrap passou a gerenciar a aca- competente de realiza-la e por isso a falta de inten-
demia sozinho. ção de pratica-la (RYAN & DECI, 2000).
O filme tem uma duração de 2h13m e conta com a Deste modo, a motivação de Maggie estava rela-
participação da atriz Hilary Swank, Maggie, e dos cionada com o sonho de ser uma grande lutadora
atores Morgan Freeman, Scrap, e Clint Eastwood, de boxe e também ser a responsável em manter
Frankie, que além de ser um dos atores é também financeiramente sua mãe e seus irmãos, sendo as-
REFERÊNCIAS
APPEL-SILVA, Marli; WENDT, Guilherme W.;
ARGIMON, Irani I. A teoria da autodetermi-
nação e as influências socioculturais sobre a
identidade. Psicologia em revista, v.16, n.2, p.
351-369, 2010. Disponível em: <http://pepsic.
bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1677-11682010000200008.> Acesso: 17
de maio. 2018.
RESUMO
O presente estudo tem como objectivo explorar a opinião do jovem integrante
Domingos Bombo
de gangue de rua a respeito das consequências da delinquência e analisar
Damião
as consequências da delinquência. Utilizou-se neste estudo a abordagem
qualitativa, e como instrumento de recolha de dados a pesquisa bibliográfica
e a entrevista. Participou do estudo, um adolescente do sexo masculino
com 18 anos de idade, membro de um dos gangues de rua do bairro Rocha
Pinto em Luanda. A pesquisa constatou que, é preciso haver um trabalho
conjunto e multidisciplinar para que se resolva este problema. Concluiu-
se que os indivíduos envolvidos à prática da delinquência juvenil como
consequências estão propensos a mortes, prisões, desistência às aulas,
rompimento com o pacto social e as leis da cultura.
10.37885/200500271
1.INTRODUÇÃO
À prática da delinquência aparece em todas as
2.METODOLOGIA
sociedades e civilizações, integra o mundo actual,
Trata-se de um estudo de carácter exploratório, com
tanto nas grandes cidades, quanto nos lugares mais
abordagem qualitativa. Os dados obtidos foram co-
isolados. Nas palavras de Durkheim (2000, p.472),
lectados por meio do uso da técnica da pesquisa
“não há sociedade conhecida em que, sob formas
bibliográfica e da entrevista.
diferentes, não se observe à delinquência juvenil,
mais ou menos desenvolvida. Não há povo cuja mo-
ral não seja quotidianamente violada”. 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO PARTICIPANTE
Dito isto, e de acordo com Durkheim, à prática da DO ESTUDO
delinquência apresenta-se como conjunto de ac- As informações acerca das consequências da de-
ções que embora reprováveis, são necessárias linquência foram obtidas por meio de uma entre-
para a manutenção e mudanças na sociedade. É vista concedida por um jovem conhecido membro
evidente que, no mundo, nenhuma sociedade está de gangue juvenil que actua no bairro Rocha Pinto.
isenta da prática da delinquência. Para Schneider Tratou-se de uma entrevista aprofundada, pois é
(2011, p.235), a delinquência “tem uma força es- uma técnica que se aplica bastante nos estudos de
tigmatizante por representar uma carga negativa e carácter qualitativo.
depreciativa às crianças e adolescentes em conflito
com a lei. O autor ressalta que, os actores sociais O entrevistado pertence a um grupo que actuam no
têm importante papel para o enfrentamento de tal bairro Rocha Pinto, e o mesmo também tem presen-
problemática que repercute na segurança pública lo- ça em outros grupos que actuam no bairro Grafanil e
cal”. A grande preocupação, é que esta prática veri- Simione em Luanda. Trata-se de um jovem com 18
fica-se com maior incidência em zonas ou territórios anos de idade proveniente de família pobre. Quanto
cuja realidade de vida é bastante precária devido ao nível académico, concluiu apenas a 7.ª classe do
a factores como guerras, patologias psicológicas, I ciclo do Ensino Secundário Geral. No momento em
frustrações, crescimento populacional desordenado, que decorreu a entrevista, o mesmo não estudava,
desorganização social, pobreza, desemprego, falta acabava de ser solto do Estabelecimento Prisional
de oportunidade, incapacidade no controlo social e de Calomboloca, onde esteve preso cerca de um
policial, entre outros. ano e alguns meses. A entrevista decorreu entre
29 e 30 de Setembro de 2019 e não foi permitido
Tendo em conta esta realidade, espera-se o contri- gravar qualquer áudio mas sim anotar as respostas
buto de todos a partir de abordagens académicas, em bloco de nota.
políticas e psicossociais para o combate à delinqu-
ência. Espera-se também, uma maior compreensão
3.CONDUTA DELINQUENTE
dos factores ou causas associados à delinquência
bem como uma maior campanha e interesse em
divulgar conhecimentos sobre as consequências De modo inicial, convém referir que o termo
dessa prática para a juventude e a sociedade. Delinquência está associado às transgressões à lei
O presente estudo enquadra-se numa realidade praticadas por adolescentes, manifesta-se normal-
preocupante enfrentada pelo mundo, em particular mente entre os 10 anos de idade, e dependendo
pelos angolanos – que é a delinquência. Pretende- de cada região e cultura pode estender-se até aos
-se, com este artigo, contribuir para discussão sobre 16-18 anos de idade que, por sua vez, estes são ro-
as consequências da delinquência numa abordagem tulados como delinquentes ou marginais. De acordo
psicossocial. O objectivo deste estudo é explorar a com Ferreira (1997), o conceito de «delinquência
opinião do jovem integrante de gangue de rua a res- juvenil»,
peito das consequências da delinquência e analisar
as consequências da delinquência. Surge como uma construção social e
institucional em torno da qual se reúnem
Baseando-se numa pesquisa de carácter qualitati- definições e ideias sobre situações e
vo, usamos a pesquisa bibliográfica e a entrevista
comportamentos que contrariam com o
como técnica padrão. Portanto, neste estudo, cen-
conceito ideal que temos da infância e
tramos a nossa atenção na seguinte questão: Qual
da juventude. A um determinado nível, a
é a opinião do jovem integrante de gangue de rua a
respeito das consequências da delinquência? delinquência juvenil é definida a partir das
leis, das práticas e das crenças relativas ao
comportamento das crianças e dos jovens
RESUMO
Esta pesquisa teve o objetivo analisar o Desenvolvimento Neuropsicomotor
Danielle Vieira dos
e o Desempenho Funcional nas Atividades de Vida Diária de crianças
Santos
UFPA no início da vida escolar. Trata-se de um estudo longitudinal, de caráter
descritivo-exploratório, de natureza observacional e abordagem quantitativa
Kátia Cristiana dos dados. Participaram 11 crianças matriculadas no Maternal I de uma
Fernandes do Unidade de Educação Infantil do município de Belém-Pa. Os instrumentos
Patrocínio utilizados foram: Questionário de Caracterização da Criança, Denver
UFPA
Developmental Screening Test - Denver II, Inventário de Avaliação Pediátrica
Elson Ferreira Costa de Incapacidade (PEDI), e o Diário de Campo. Os resultados do Denver
UFPA II apontaram que a maioria das crianças apresentou desenvolvimento
questionável (54,5%) no Tempo 1, com aumento deste resultado no Tempo
Dalízia Amaral Cruz
UFPA 2 (63,6%). Foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre o
desempenho das crianças no PEDI, nos tempos 1 e 2, nas áreas Habilidade
Edilson Coelho
Funcional de Autocuidado (p=0,008), na Habilidade de Função Social (p=
Sampaio
UNAMA 0,008), e na Assistência do Cuidador, nas áreas de autocuidado (p=0,007) e
função social (p=0,01). Além disso, os resultados indicaram que, no Tempo
1, a maioria das crianças apresentou desenvolvimento normal, no Denver
II, e desempenho funcional acima da média, nas Habilidades Funcionais de
autocuidado e função social, e na Assistência do Cuidador em autocuidado
e em função social. Já no tempo 2, observou-se que a maioria das crianças
que estava acima da média do escore das Habilidades Funcionais e na
Assistência do Cuidador, não possuía desenvolvimento normal. Os
achados apontam a importância da estimulação do desenvolvimento infantil
no contexto escolar, de modo a favorecer os aspectos educacionais e
desenvolvimentais da criança.
10.37885/200500288
1. INTRODUÇÃO atividades, hora do lanche, hora da higiene, hora
da brincadeira, hora do sono e hora das atividades
O Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) extraclasse (BILÓRIA; METZNER, 2013).
é um processo quanti-qualitativo, caracterizado pela A partir disso, pode-se perceber que além das ativi-
aquisição e aprimoramento de habilidades e funções dades pedagógicas, o cotidiano da educação infan-
dos domínios da motricidade, cognição e sociabili- til é composto por diversas AVD. Ressalta-se que
dade, no decorrer do tempo. Este fenômeno está esses momentos, para algumas crianças, são úni-
associado à maturação do Sistema Nervoso Cen- cos e exigem dos cuidadores dedicação e atenção,
tral e resulta da interação entre fatores intrínsecos pois devem tanto cuidar, quanto permitir que elas
(biológicos) e extrínsecos (ambientais) do sujeito participem ativamente das situações de cuidado,
(ARAÚJO; ISRAEL, 2017). exercendo postura de escuta e diálogo com seus
O cotidiano das pessoas é composto por diversas movimentos e interesses, o que contribui para que
atividades, dentre elas, as Atividades de Vida Diária elas se sintam seguras e aprendam a cuidar de si e
(AVD), que são necessárias a todos os seres huma- do grupo do qual participam, estimulando o desen-
nos e relacionadas aos cuidados do indivíduo com o volvimento da autonomia (BRASIL, 2015; BILÓRIA;
próprio corpo, como higiene pessoal, alimentação, METZNER, 2013). Portanto, supõe-se que a partir
mobilidade funcional, entre outras, o que possibilita do ingresso da criança na UEI, o desenvolvimento
a sobrevivência e proporciona bem-estar (AOTA, e o desempenho funcional nas AVD melhoram pro-
2015). As AVD também fazem parte do cotidiano gressivamente, ou seja, quanto melhor o DNPM,
infantil em qualquer ambiente e são de fundamental melhor será o DF da criança. Assim, este estudo
importância para seu desenvolvimento, principal- teve como objetivo analisar o desenvolvimento neu-
mente, no que se refere à autonomia e independên- ropsicomotor e o desempenho funcional nas AVD de
cia (VASCONCELOS; CAVALCANTE, 2013; MON- crianças no início da vida escolar.
TEIRO et al., 2010), pois à medida que a criança
conquista maior independência em suas atividades
cotidianas, ela torna-se capaz de participar de for-
ma mais ativa em diversos contextos, tornando-se
2.MÉTODO
menos dependente do cuidador (MONTEIRO; VAS-
CONCELOS; SILVA; CAVALCANTE, 2012). 2.1 DELINEAMENTO
O Desempenho Funcional (DF) nas AVD, relaciona- Trata-se de um estudo com delineamento longitu-
-se com o DNPM infantil, pois, ambos são marca- dinal, descritivo-exploratório, de natureza observa-
dos por etapas progressivas em relação ao nível de cional e com abordagem quantitativa dos dados.
complexidade. Além disso, seguem uma sequência
ordenada e são influenciados tanto por fatores intrín-
2.2 PARTICIPANTES
secos da criança, como pelos fatores do ambiente
físico e social (MANCINI; MEGALE; BRANDÃO; A pesquisa foi realizada com 11 crianças matricula-
MELO; SAMPAIO, 2004). Conforme a criança atinge das no Maternal de uma UEI, localizada no municí-
os marcos do desenvolvimento, ela também adquire pio de Belém-Pa, 1 responsável por cada criança e
capacidade para interagir de forma mais consistente 4 professoras. Os participantes foram selecionados
com as pessoas, os objetos e os símbolos que estão por amostragem não probabilística do tipo intencio-
à sua volta (VASCONCELOS; CAVALCANTE, 2013; nal ou julgamento. Dessa forma, a escolha dos su-
LANZILLOTTA; ROCHA, 2011). jeitos considerou as características particulares do
Dentre os ambientes que a criança participa na grupo em estudo ou, ainda, o conhecimento que o
infância, destacam-se as Unidades de Educação pesquisador tinha do que estava investigando. Por-
Infantil (UEI), caracterizadas como espaços institu- tanto, os participantes foram escolhidos, por estarem
cionais não domésticos, que funcionam em regime iniciando primeiro ano de vida escolar.
integral ou parcial, com o objetivo de promover o de- Dessa forma, os critérios de inclusão adotados fo-
senvolvimento integral da criança, concomitante com ram; crianças de ambos os sexos, que estavam
a família e a comunidade (BRASIL, 2014). Deste ingressando na vida escolar em 2017 e autoriza-
modo, o período em que a criança passa pela edu- das pelos pais, ou responsáveis, a participarem da
cação infantil é fundamental para a autonomia, pois, pesquisa. Não participaram da pesquisa crianças
nesse ambiente, são estimuladas, gradualmente, as que apresentavam distúrbios que afetam a expres-
habilidades psicomotoras, por meio das atividades são da fala, alterações sensoriais, auditivas e/ou
pedagógicas e de rotina (BRASIL, 2015; SCOPEL; visuais, sequelas ou comprometimento do Sistema
SOUZA; LEMOS, 2011). São exemplos dessas ati- Nervoso Central ou qualquer outro tipo de patologia,
vidades a hora da chamada, hora da roda, hora das
3.PROCEDIMENTOS
DADOS
DE COLETA DE Este estudo fez parte do projeto “Desenvolvimento
Neuropsicomotor de Crianças das Unidades de Edu-
cação Infantil de Belém-Pará”, submetida e aprova-
A coleta de dados ocorreu no período de fevereiro da pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de
a junho de 2017 e foi dividida em duas etapas. A Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará,
primeira (Tempo 1) aconteceu no mês de feverei- pelo parecer 1.846.658/2016.
ro, primeiro mês da criança no ambiente escolar,
4.RESULTADOS
no qual pretendeu-se avaliar as características de-
senvolvimentais e de desempenho da criança sem
a influência do contexto escolar. A segunda coleta Participaram desta pesquisa 11 crianças, de
(Tempo 2) aconteceu no mês de junho, com o obje- ambos os sexos, com idade entre 1 ano e 8 meses
tivo de investigar se houveram mudanças no DNPM a 2 anos e 7 meses, com média de 2,1 (DP= 3,6), 1
e no desempenho funcional nas AVD das crianças, cuidador de cada criança e 4 professoras. Quanto
nesse intervalo de tempo. Os participantes foram ao perfil das crianças e suas famílias, observa-se,
convidados a colaborar com a pesquisa, por meio na Tabela 1, a predominância de crianças do sexo
da assinatura do TCLE, no qual autorizaram a sua masculino (54,5%), nascidas a termo (90,9%), de
participação e a das crianças no estudo. parto normal (54,5%) e com peso normal (81,8%).
O QCC foi aplicado aos pais ou responsáveis pelas Quanto ao número de irmãos e ordem de nascimen-
crianças no horário de entrada e/ou saída das crian- to, 36,4% eram filhos únicos (36,4%) e primogênitos
ças da UEI, nas dependências da unidade, conforme (36,4%). Além disso, a maioria das crianças tinha
a disponibilidade dos responsáveis. A avaliação das como cuidador principal um dos pais (45,5%).
crianças pelo Denver II foi realizada no refeitório da Quanto às características socioeconômicas, a maio-
UEI, sendo este o espaço disponibilizado pela ins- ria das famílias tinha renda mensal de 1 a 2 salários
tituição para a coleta. O PEDI foram preenchidos, mínimos (81,8%), recebiam bolsa família (72,7%).
por meio de entrevista estruturada com os pais ou Houve predominância da escolaridade de ensino
responsáveis pela criança, no horário de entrada médio completo para mães (36,4%) e fundamental
e/ou saída da UEI, combinando com o método de completo para pais (45,5%), além de profissão au-
observação direta, ou seja, acompanhou-se diaria- tônoma ou subemprego para mães (54,5%) e pais
mente a rotina das crianças participantes, dentro (63,7%). Além disso, os domicílios possuíam água
da UEI. Para fins dessa pesquisa, o instrumento encanada (100%), sanitário encanado (100%) e co-
foi usado parcialmente, não sendo utilizada a parte leta de lixo (100%).
de Mobilidade, em Habilidade Funcional, nem de
Modificações no ambiente, em Assistência do cui-
dador, visto que não contemplavam os objetivos da
pesquisa.
Quanto aos resultados do Denver II, no Tempo 1, referente à avaliação realizada no primeiro mês de vida
escolar, nota-se que a maioria das crianças (54,5%) apresentou resultado questionável, com maior prevalên-
cia desse resultado na linguagem (54,5%), conforma Tabela 2. Já no Tempo 2, referente ao quinto mês de
vida escolar houve um aumento no percentual de crianças com escore questionável (63,6%) e nos domínios
pessoal-social (18,2%), motor fino (9,1%) e motor amplo (27,3%). Em contrapartida, o domínio da linguagem
foi o único em que houve aumento no percentual de crianças, com escore normal (54,5%).
Quanto ao desempenho funcional das crianças, a Tabela 3 mostra que houve aumento nas médias das
pontuações do PEDI, em relação ao tempo. Além disso, o teste de Wilcoxon indicou que as pontuações do
escores das áreas de Habilidade Funcional de Autocuidado (p=0,008), de Habilidade Funcional de Função
Social (p=0,008) apresentaram diferença, estatisticamente, significativa, ou seja, as crianças tiveram melhor
desempenho ao longo do tempo. Do mesmo modo, observou-se diferença, estatisticamente, significativa nas
áreas de Autocuidado (p=0,007) e Função Social (p=0,01), no que diz respeito à Assistência do Cuidador.
Por fim, ao comparar as pontuações do PEDI em elação aos escores do Denver II, verificou-se que as médias
das pontuações das crianças com desenvolvimento normal foram mais altas do que das crianças com escore
questionável no Tempo 2. O teste de Mann-Whitney apontou que a categoria Habilidade Funcional de Função
Social, em ambos os tempos, apresentou diferença, estatisticamente, significativa (p=0,05). Além disso, a
categoria Habilidade Funcional de Autocuidado (p=0,08), no Tempo 1, apresentou associação, marginalmente,
significativa, conforme Tabela 4.
5. DISCUSSÃO
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
e diferenças, estatisticamente, significativas, o que
colabora com o resultado do aumento do percentual
de escore normal da linguagem no Tempo 2. Estes
dados vão de encontro ao que é presumido pelas Este estudo mostrou que a maioria das crian-
BNCC (2017), as quais afirmam que as instituições ças do Maternal I, ao ingressarem na UEI, apre-
de educação infantil, devem permitir a estimulação sentava DNPM questionável e ao longo do tempo
da linguagem, a comunicação e a expressão dos de vida escolar, dentro do período da pesquisa,
interesses, dando atenção ao estímulo dessas ha- não houve aumento nos escores do Denver II. O
bilidades durante as atividades de rotinas, visando domínio da Linguagem foi o único que apresentou
à aquisição progressiva da autonomia (BRASIL, melhora nos resultados. Tais achados denotam a
2017). Além do engajamento em atividades, que importância da estimulação do desenvolvimento
promovam o diálogo, contação de histórias, músi- infantil, dentro do contexto escolar, priorizando não
cas e danças, rodas de conversa, etc., devem ser somente os aspectos pedagógicos e práticos do
realizadas em um ambiente que ofereça relações processo de ensino-aprendizagem, como também
saudáveis e seguras para favorecer a expressão aspectos relacionais, com oportunidades de intera-
de necessidades e escuta (BILÓRIA; METZNER, ções lúdicas, importantes para o desenvolvimento
2013; PAVÃO; SILVA; ROCHA, 2011; LIMA; BHE- integral das crianças. Sobretudo, é nesse período
RING, 2006). que as crianças passam por rápidas mudanças de-
senvolvimentais, aquisições e transformações. Por-
Portanto, sugere-se que o déficit ou o avanço dos tanto, é um momento oportuno para prevenir déficits
componentes do desenvolvimento neuropsicomo- e estimular o desenvolvimento infantil, de modo que
tor podem influenciar nas limitações ou ganhos do este se encontre dentro do que é esperado para a
desempenho funcional, refletindo nas atividades de sua idade.
autocuidado, como alimentação e banho e nas tare-
fas de função social, como nas atividades escolares Pôde-se observar, ainda, que a participação da
RESUMO
O termo educador social, geralmente, é utilizado para se referir aos
Dalízia Amaral Cruz
profissionais que atuam no cuidado direto e educação de crianças e
UFPA
adolescentes em situação de acolhimento institucional. Diversas pesquisas
Celina Maria Colino
e normativos específicos da área do acolhimento institucional reconhecem a
Magalhães
UFPA categoria de educador social como fundamental na equipe interprofissional
dos serviços de acolhimento, com características peculiares e complexas,
inerentes à função. O presente capítulo trás um recorte da pesquisa de
mestrado, desenvolvida pela primeira autora, e tem por objetivo refletir
sobre a relação entre crianças e educadores no serviço de acolhimento, a
partir da perspectiva de crianças em acolhimento institucional. Participaram
do estudo seis crianças de um serviço de acolhimento infantil da região
metropolitana de Belém. Para a coleta dos dados foram utilizados: Roteiros
de Entrevista Semiestruturada, Contos Infantis, Diário de Campo e Registros
Fotográficos. Os Registros Fotográficos e os dados do Diário de Campo
foram utilizados, de forma a complementar a discussão dos relatos verbais.
As entrevistas foram transcritas na íntegra para análise de conteúdo. Das
categorias temáticas que emergiram da análise de conteúdo, para este
capítulo, será discutida a categoria “Figuras de Referência”. De acordo com
os resultados, de maneira geral, as educadoras foram apontadas como
figuras de suporte emocional para as crianças e, especialmente, no que diz
respeito a sentimentos de raiva e tristeza. O estudo possibilitou acessar,
a partir da perspectiva das crianças, formas de relações interpessoais
estabelecidas no serviço de acolhimento com as educadoras, que servem
de norteadores na construção de um atendimento de qualidade.
10.37885/200500264
1. INTRODUÇÃO acolhimento institucional (Bersch et al., 2018). Di-
versas pesquisas e normativos específicos da área
A partir da Lei 8.069/1990, que dispõe sobre o do acolhimento institucional reconhecem a categoria
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Bra- de educador social como fundamental na equipe
sil, 1990), os serviços de acolhimento institucional interprofissional dos serviços de acolhimento, com
são compreendidos como medida de proteção pro- características peculiares e complexas, inerentes
visória e excepcional para crianças e adolescentes à função. Contudo, vale destacar que o papel do
em situação de risco social e pessoal. No âmbito educador não abrange, somente, às atribuições
do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), de um determinado grupo profissional. Contempla,
integram a Proteção Social Especial, enquadrados também, todos os envolvidos na relação com as
como serviços de Alta Complexidade. crianças/adolescentes no serviço de acolhimento
(psicólogo, pedagogo, assistente social, coordena-
Contudo, embora a passagem da criança/adoles- dor, vigilantes) (Elage, Góes, Fiks, & Gentile, 2011).
cente pelo serviço de acolhimento deva ser provi-
sória, este deve oferecer a garantia de bem-estar, No entanto, alguns aspectos de funcionamento e
a possibilidade de construção de novos vínculos e gestão nos serviços de acolhimento podem dificultar
desenvolvimento de projetos de vida, independen- a atuação dos educadores sociais, enquanto agen-
te do tempo que a criança/adolescente passe no tes promotores de desenvolvimento, tais como: o
serviço. Considera-se, assim, que os serviços de atendimento padronizado, a quantidade de criança
acolhimento devem ser configurados como contex- por educador social, ausência de atividades plane-
tos de desenvolvimento de crianças e adolescen- jadas, rotatividade de educador social, cursos de ca-
tes. As famílias também deverão ser atendidas e pacitação regulares, entre outros (Gabatz, Schwartz,
acompanhadas pelos profissionais que compõem Milbrath, Borges, Bório, & Saldanha, 2019; Caval-
a equipe do serviço (educadores, psicólogo, assis- cante, Magalhães, & Pontes, 2007). Ressalta-se que
tente social, pedagogo), bem como por toda a Rede os serviços de acolhimento se caracterizam também
Socioassistencial. como contextos coletivos de cuidado, nos quais es-
tão enraizados mecanismos de controle social, em
De acordo com a Norma Operacional Básica de que a criança recebe cuidados físicos relativamente
Recursos Humanos - NOB/RH do SUAS (Ferrei- adequados, porém, no aspecto emocional, o contato
ra, 2011), aprovada em 2006, a equipe do serviço entre os educadores sociais e as crianças tende a
de acolhimento, na modalidade Abrigo Institucio- envolver pouco afeto (Cavalcante, Magalhães, &
nal, deve ser composta por coordenador, cuidador, Pontes, 2007).
auxiliar de cuidador, assistente social e psicólogo.
Já as Orientações Técnicas para os Serviços de Para Bronfenbrenner (1996), o ambiente institucio-
Acolhimento de Crianças e Adolescentes (Brasil, nal pode favorecer o desenvolvimento da criança,
2009), tratam de uma equipe profissional mínima, desde que ofereça, entre outros, um ambiente fí-
a ser composta por coordenador, assistente social, sico e social, com disponibilidade de cuidadores,
psicólogo, educador/cuidador e auxiliar de educador/ com os quais ela possa interagir em uma variedade
cuidador. No que diz respeito ao educador social, de atividades, além de uma figura de referência a
observa-se uma pequena mudança na nomenclatura quem possa criar um forte vínculo. Nessa perspecti-
utilizada pela NOB/RH (2011) - cuidador - e pelas va, de acordo com as Orientações Técnicas (Brasil,
Orientações Técnicas (Brasil, 2009) - educador/cui- 2009), a qualidade da interação estabelecida entre
dador. o educador social e as crianças/adolescentes são
referenciais importantes para o desenvolvimen-
Segundo Bersch, Yunes, Garcia e Piske (2018), es- to humano. Nesse sentido, algumas pesquisas já
tes profissionais são chamados também de monito- vêm sendo desenvolvidas, com o intuito de verificar
res ou agentes. Convergimos com as Orientações como se estabelecem as relações entre acolhidos
Técnicas (Brasil, 2009) e adotamos o termo educa- e educadores sociais, a partir do ponto de vista de
dor/cuidador ou educador social, por considerar o crianças e adolescentes em situação de acolhimen-
termo mais amplo, pois abrange não só práticas de to institucional, como forma de apontar pistas de
cuidado mais instrumentais (dar banho, alimentar, como (re) organizar os serviços, a partir de uma
colocar para dormir), como também práticas flexíveis rotina de cuidado e educação, pautada no vínculo
para que um processo educativo relacional colabo- afetivo (Garzella& Serrano, 2011; Marzol, Bonafé,
rativo se realize no serviço de acolhimento (Bersch & Yunes, 2012; Furtado, Magalhães, Silva, Cruz &,
et al., 2018). Santos, 2019).
O termo educador social, portanto, diz respeito aos Destaca-se, nesses estudos, a valorização da voz e
profissionais que atuam no cuidado direto e edu- da opinião daqueles para quem se destina o cuidado
cação de crianças e adolescentes em situação de institucional, as crianças e adolescentes, conforme
2.MÉTODO
2.1 DELINEAMENTO 2.4 INSTRUMENTOS E MATERIAIS
Trata-se de uma pesquisa transversal, com caráter Trabalhou-se com seis Contos, classificados como
descritivo-exploratório e abordagem qualitativa dos Literatura Infantil, a saber: Quando me Sinto Zan-
dados. gado (Trace Moroney, Editora Porto), Os Três Por-
quinhos (Versão da Claranto Editora),O Patinho
Feio (Coleção Clássicos Adoráveis - Editora Brasi-
2.2 PARTICIPANTES leitura),Onde Vivem os Monstros (Maurice Sendak,
Seis crianças, de ambos os sexos (cinco meninas traduzida por Heloísa Jahn/Editora Cosac Naify),
e um menino), com idade de seis anos, que esta- Choco Encontra uma Mamãe (Keiko Kasza) e Todo
vam acolhidas em uma instituição governamental Mundo Fica Feliz (Jane Bingham, traduzida por
infantil, na modalidade abrigo institucional. À época Cláudia Sanches/Editora Girassol), escolhidos a par-
da pesquisa, todas estavam frequentando a esco- tir dos seguintes critérios: 1) leitura adequada, con-
la e recebiam visita, especificamente, das mães e siderando o conteúdo da narrativa e a faixa etária
avós; entre os motivos de acolhimento: abandono, das crianças participantes; 2) enredo, cuja história
violência física, negligência e situação de risco, com possibilitasse a discussão de experiências vividas
lesão corporal. Os critérios de inclusão para a parti- pelas crianças no tocante à vivência do acolhimento.
cipação foram: 1) estar acolhida com tempo mínimo Para o presente capítulo foram consideradas, espe-
de um mês, 2) estar na faixa etária de seis e sete cialmente, as experiências com as educadoras; 3)
anos, 3) ausência de qualquer tipo de transtorno e gênero conto, em virtude da curta duração temporal.
4) aceitar participar da pesquisa.
Figura 2. Capas ilustrativas dos livros utilizados nas
atividades.
2.3 CONTEXTO
O serviço de acolhimento localizava-se na região
metropolitana de Belém, Estado do Pará e atendia
crianças na faixa etária de zero a seis anos. Acolhia,
em média, 50 crianças por mês e contava, durante o
período da coleta, com 102 educadores, entre plan-
tonistas e diaristas. As crianças eram distribuídas em
sete dormitórios, conforme critérios etários.
O local para a coleta de dados foi a sala do se-
tor pedagógico do serviço. Para a realização das
atividades com os/as contos/histórias, as cadeiras
foram dispostas na forma de círculo, para facilitar o
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
Assim, no primeiro encontro, solicitou-se às crian-
ças que escolhessem um nome de personagem
que as identificariam na pesquisa. Cada encontro
foi organizado em três momentos: 1) as crianças Nessa pesquisa, as educadoras foram refe-
eram conduzidas pela educadora até a sala em que ridas como figuras de suporte emocional às crian-
iria ocorrer a atividade, era dado um tempo para ças. Ao serem perguntadas com quem conversavam
que elas se organizassem e para o ajustamento da quando estavam zangadas, algumas educadoras
filmadora; 2) em seguida (a partir do segundo en- foram citadas, pelas crianças, como referência para
contro), as crianças eram solicitadas a falar sobre a situação.
a história do dia anterior; 3) depois a pesquisadora
apresentava o conto a ser trabalhado e começava Barbie: Ê tia (falando com a pesquisadora)
a contar a história e fazer a entrevista. Ressalta-se (...) sabia quando alguém faz alguma coisa
que foi necessário o sétimo encontro, para que as para mim, eu conto para a titia (se referindo
crianças pudessem comentar a história trabalhada a alguma educadora da instituição) (...)
no sexto dia, bem como para fazer uma avaliação Converso com a titia (...) Tia Raquel. (...).
das atividades. Pesquisadora: E você, Bela? Bela: Com a
Para a análise dos dados, as entrevistas foram tia Anastácia. (...) Cinderela: Eu converso
transcritas na íntegra para a análise de conteúdo, com a tia Ana.
5.
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São
CONSIDERAÇÕES FINAIS Paulo: Edições.
O trabalho dos serviços de acolhimento insti- Bersch, A. A. S., Yunes, M. A. M., Garcia, N.
tucional no atendimento de crianças e adolescentes M., & Piske, E. L. (2018). Educador social pro-
deve estar pautado em concepções que compre- motor de boas práticas e resiliência em insti-
endam a criança e o adolescente como sujeitos de tuições de acolhimento. In L. I. C., Cavalcante,
direito, capazes de opinar sobre suas condições de C. M. C. Magalhães, L. da S. Corrêa, E. F.
vida no serviço de acolhimento. O ECA (Brasil, 1990) Costa, &, D. A. Cruz (Org.). Acolhimento Insti-
e as Orientações Técnicas (Brasil, 2009) represen-
tucional de Crianças e Adolescentes: Teorias e
tam uma ruptura com as concepções tradicionais e
Evidências Empíricas para Boas Práticas (pp.
propõem a participação da criança e do adolescen-
te, bem como a de sua família, nas questões que 99-112). Porto: Juruá.
versam sobre suas vidas.
Brasil, Conselho Nacional dos Direitos da
Nesse sentido, essa pesquisa considerou em seu Criança e do Adolescente e Conselho Nacio-
corpo de dados a fala/perspectiva das crianças, con- nal de Assistência Social (2009). Orientações
tribuindo para as discussões levantadas pela legis- técnicas para os serviços de acolhimento para
lação e normativos específicos, e outras pesquisas crianças e adolescentes. Brasília: Conanda.
realizadas sobre o tema. Dessa forma, destaca-se a
RESUMO
Este trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica e teve como objetivo
Jhonatania Jandira
analisar o processo de Reintegração Social de presos, sob o olhar da
Uchoa Moutinho
CEUMA Humanização, no intuito de contribuir com a construção de novos rumos
para a execução penal considerando, principalmente, a dignidade da pessoa
Poliana de Oliveira privada de liberdade e as possibilidades de humanização de um espaço
Carvalho Puckar historicamente degradante e impossibilitado de recuperar qualquer ser
CEUMA
humano.Humanização e reintegração social são temas de grande relevância
na atualidade, cada um em seu contexto próprio. Humanizar é a palavra
de ordem dos hospitais, clínicas e postos de saúde da atualidade. Mas
qual a necessidade de tornar humano o atendimento nestes lugares onde
o objetivo principal é o bem-estar das pessoas? Será que as pessoas que
atuam nestes locais esqueceram como tratar os humanos, ainda mais nas
situações onde estes seres precisam sentir-se mais protegidos e úteis? E
aos que estão presos? Não são humanos? Compreender a amplitude e
aplicação desses conceitos nos leva a crer que, de alguma forma, ambos
complementam-se dando margem a novas possibilidades no que diz
respeito a “devolver” à sociedade a pessoa egressa do sistema prisional.
Os resultados desta pesquisa apontam que há possibilidades construir um
ambiente prisional favorável ao processo de reintegração social, inclusive
através de atitudes elementares de uma equipe multidisciplinar humana e
humanizadora.
Preso; Apenado
10.37885/200500270
AGRADECIMENTOS ocorrerá se valorizarmos o ser humano em sua dig-
nidade plena, independente da posição que ocupe
no momento, seja ela a de marginalização.
Em primeiro lugar, a Deus, dono da vida, fonte de toda
inspiração, por nos conceder a oportunidade de passar
Destacamos que a finalidade da Lei de execução
por este mundo tão belo e ter nos agraciado com esta vo- penal é a reintegração social dos apenados, pre-
cação tão sublime de ajudar o ser humano a encontrar-se venção e controle da criminalidade. Porém, a falta
em si mesmo. A Ele, nossa maior gratidão! de estrutura do sistema prisional traz fragilidade à
aplicabilidade da Lei mencionada o que reflete em
A nossas famílias, gratidão imensurável e difícil de ex-
descrédito à possibilidade de reabilitação da pessoa
pressar, por todo carinho, incentivo, pelas incontáveis
que comete delito.
renúncias, paciência e compreensão diante de algumas
visitas em horários inapropriados (risos). Diante disto, faz-se oportuna a intensificação de
A nossa orientadora, Profª Dra Monica, pela compreen- ações humanizadoras transdisciplinares (tais como,
são e dedicação, por apostar em nosso potencial, ainda resgate do nome cível, promoção de diálogo, emis-
que nosso tempo reduzido e outras questões tenham são de documentos pessoais, acesso à saúde,
nos limitado a dedicação em esmero para esta produção. educação, profissionalização e espiritualidade e
integração de saberes da equipe e etc.) no intuito
A Faculdade Laboro, por todo conhecimento proporcio-
nado a nós. de minimizar o impacto do cárcere no indivíduo e
evocar valores humanitários, buscando promover
Enfim, uma reflexão acerca do processo de reintegração
A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para social do preso sob o olhar da humanização.
que este trabalho fosse possível. Assim, buscamos inter-relacionar conceitos no in-
Muito Obrigada! tuito de analisar de que forma os princípios da hu-
manização podem contribuir com a construção de
novos caminhos para o Sistema Prisional, no que
diz respeito ao processo de reintegração social.
1.INTRODUÇÃO
O tema abordado foi pensado a partir da atu-
2.METODOLOGIA
Este trabalho é resultante de uma pesquisa bi-
al realidade de ascensão da criminalidade no país, bliográfica, no qual foram observados conceitos rela-
incluindo os índices de reincidência criminal, tor- cionados à humanização e processo de reintegração
nando-se um problema de saúde pública, visto afe- social, através de uma abordagem multidisciplinar,
tar a ordem e segurança da população. É notória que envolve Psicologia, Direito Penal e Saúde.
a imposição de ordem e disciplina aos apenados
Foram considerados os estudos de publicações na-
sob a condição de desrespeito, potencializando os
cionais e periódicos indexados, impressos e virtu-
mesmos sentimentos que o trouxeram ao cenário
ais, específicos das áreas (livros e artigos), sendo
prisional. A ordem e a disciplina fazem-se necessá-
pesquisados ainda, dados em base de dados ele-
rias, porém, devem estar pautadas no dispositivo
trônica tais como Google Acadêmico e Scielo, no
da Lei de Execução Penal que vislumbra uma visão
intuito de responder o seguinte questionamento: O
humanitária de individuo, como alguém que comete
que a literatura descreve sobre as contribuições da
delito, mas pode redimir-se.
Humanização no processo de reintegração social
Revidar com mesma postura, utilizada pelos ape- do preso?
nados, de hostilidade e indiferença, traduz o quanto
As publicações consideradas permeiam entre os
é mais fácil e agradável cuidar de quem estar com
anos de 1984 a 2012, e a coleta de dados deu-
dor do que daquele que causa a dor.
-se entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016. Foram
Quando falamos em humanização nos reportamos, coletados dados concernentes à inter-relação dos
na maioria das vezes, a uma esfera de hospitais conceitos de Humanização e Reintegração Social,
e clínicas, o que acaba por restringir a amplitude destacando possibilidades para o Sistema Prisional.
do termo. Vivemos em um mundo fascinado pelas
Humanização: uma contribuição Sini Qua Non para
descobertas e investimentos em muitas coisas ao
reinserção social do apenado:
mesmo tempo, entre elas: crescimento tecnológi-
co, indústria farmacêutica, vida em outro planeta,
a eficácia das células tronco, etc., transformando o “Humanizar a assistência significa
homem num ser efêmero. O ajuste dessa situação agregar, à eficiência técnica e científica,
3.
Sobre isso, no artigo Os Estigmas: a deterioração
REINTEGRAÇÃO SOCIAL – QUEM
da identidade social, Melo (2005), pontua:
PODE CONTRIBUIR?
A sociedade limita e delimita a capacidade
O Brasil possui uma das mais avançadas Lei de
Execuções Penais do mundo, em termos humanitá- de ação de um sujeito estigmatizado,
rios. Entretanto, as falhas na aplicabilidade resultam marca-o como desacreditado e determina
em grande crescimento nos índices de reincidência, os efeitos maléficos que pode representar.
fato que nos leva a pensar que as prisões no Bra- Quanto mais visível for a marca, menos
sil estão distantes de serem recuperadoras, pelo possibilidade tem o sujeito de reverter,
contrario, as mesmas têm-se tornado verdadeiras nas suas inter-relações, a imagem formada
escolas do crime. (Silva & Cavalcante, 2010). anteriormente pelo padrão social (p. 3).
RESUMO
A Judicialização na saúde tem como finalidade solucionar os conflitos que
Andréa Costa de
envolvem os direitos em saúde. A proteção à saúde é direito fundamental,
Andrade
UFAM logo, gestores e juristas necessitam conduzir suas decisões com equilíbrio
e fundamento. Na tentativa de evitar processos judiciais morosos e
Izabel Ribeiro de fracassados criou-se a Judicialização na Saúde e, por meio dos Núcleos
Souza de Apoio Técnico ao Judiciário (NAT-JUS), vinculados aos tribunais, visam
UFAM
subsidiar os magistrados em suas decisões na área de saúde, fornecendo
notas técnicas sobre medicamentos, tratamentos ou procedimentos. No
Regina Suely Bezerra
Brasil, já existem notas técnicas sobre medicamentos elaboradas pelos
Abrahim
FHAJ NAT-JUS e prontas para serem disponibilizadas ao Judiciário do país através
do site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A ideia do CNJ é criar um
Kamylla Gomes da grande banco de dados à disposição dos magistrados, a partir dos laudos
Silva produzidos pelos Núcleos de Avaliação de Tecnologia em Saúde (NATS),
FHAJ os quais com análises baseadas em evidências científicas buscam a melhor
solução para os problemas em saúde. Em Manaus-AM, o NATS do Hospital
Mônica Marques
Universitário Getúlio Vargas vinculado à Universidade Federal do Amazonas
Pereira
FHAJ possui expertise na área das evidências em saúde e o Tribunal de Justiça
do Estado do Amazonas, assessorar decisões judiciais na saúde.
10.37885/200500273
1. INTRODUÇÃO ção, logística e outros, acabam não chegando aos
usuários. A judicialização expõe as fragilidades do
O tema da judicialização da saúde no Brasil sistema de saúde.
está presente em todos os lugares, principalmente, O reconhecimento formal da saúde como um direito
presente na vida de quem tem doenças raras, crô- é importante e recorrer à justiça é um direito, mas
nicas e/ou graves. O grande problema é que faltam não garante que o indivíduo terá acesso à saúde,
medicamentos aprovados pelo Sistema Único de pois muitas vezes, apenas aqueles que têm acesso
Saúde- SUS, o paciente necessita o acesso às no- à informação e à justiça é que conseguem efetiva-
vas tecnologias e, por nem sempre encontrar acesso mente ter acesso à saúde, aumentando a disparida-
a elas, recorre à justiça. Logo, tornou-se um assunto de do acesso a tratamento médico, além de ocupar
amplamente discutido e, atualmente, relevante para o sistema judiciário com questões que poderiam ser
governo, estado, indústria farmacêutica, usuários, resolvidas no âmbito da administração da saúde.
médicos e sociedade em geral, uma vez que a dis-
tribuição de verbas em saúde atinge a todos nós. A judicialização da saúde tornou-se um problema di-
ário, grave e crescente que desafia autoridades nos
A Constituição Federal regra que a saúde é um “di- três níveis do Poder Executivo, contribuindo para o
reito de todos e dever do Estado, garantido mediante acúmulo de milhares de processos nos tribunais,
políticas sociais e econômicas que visem à redução desorganizando as contas públicas e favorecendo
do risco de doença e de outros agravos e ao aces- os que possuem meios e recursos para recorrer à
so universal e igualitário às ações e serviços para Justiça e, muitas vezes não ajudando, os que real-
sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, mente necessitam.
1988). Nosso Sistema Único de Saúde atua nesses
três pilares básicos, ou seja, promover, proteger e A ausência de critérios pode conduzir a um desequi-
recuperar a saúde. líbrio do orçamento, prejudicando políticas públicas
já avençadas. Tal fato, provavelmente, é reflexo de
Infelizmente na prática, nem tudo funciona como um sistema de saúde deficitário que não consegue
deveria ser. Diversos fatores levam a ineficácia do concretizar a contento a proteção desse Direito Fun-
sistema e um deles é a falta de um financiamento damental. Contudo, a expansão da judicialização
estável para o SUS. Por ser um direito, quando um tem sido preocupante. São comuns as demandas
cidadão sente que seu direito está sendo negado ao Ministério Público (MP) ou Defensorias Públicas.
pelo Sistema, pode recorrer à justiça para conseguir Casos como solicitação de medicamentos e procedi-
tratamento, medicamentos, consultas, procedimen- mentos, como as cirurgias, são os mais solicitados.
tos etc. A busca de decisões judiciais para garantir Para viabilizar estas demandas o Conselho Nacional
o acesso ao tratamento se chama judicialização da de Justiça legislou e incentivou a criação dos Nú-
saúde. cleos de Apoio Técnico ao Judiciário (NAT-JUS), os
A maioria dos casos de judicialização em saúde no quais têm como finalidade assessorar o judiciário em
Brasil relaciona-se a dispensação de medicamentos, situações técnicas que envolvem o SUS.
apesar da existência da Política Nacional de Assis- A obtenção do medicamento ou tratamento, por
tência Farmacêutica, que envolve a pesquisa e a exemplo, negado pelo SUS, seja por falta de pre-
produção de medicamentos, bem como a sua sele- visão na RENAME (Relação Nacional de Medica-
ção, programação, aquisição, distribuição, dispensa- mentos), seja por questões orçamentárias, pode por
ção, garantia da qualidade dos produtos e serviços, meio de notas técnicas auxiliarem a decisão judicial.
acompanhamento e avaliação de sua utilização, na
perspectiva da obtenção de resultados concretos O mundo jurídico brasileiro vem acompanhando um
e da melhoria da qualidade de vida da população. movimento massivo atinente à busca da efetivação
de prerrogativas presentes na Constituição de cada
2.DESENVOLVIMENTO
Estado de Direito: a judicialização. Esse termo atina
à procura do Judiciário pela população para que
o Poder Executivo seja compelido, por intermédio
de uma demanda judicial, a implementar políticas
públicas deficitárias. No caso, importa-nos primei-
2.1 A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE NO
ramente a judicialização da saúde, cuja dimensão
BRASIL desenfreada vem alarmando gestores e juristas.
A judicialização envolve não apenas os medicamen- É fato que o sistema de saúde no país não tem sido
tos ainda não incorporados pelo SUS, mas também capaz de efetivar a contento o Direito à Saúde a
os já disponíveis no Sistema que, por diversos mo- todas as pessoas, conforme previsão constitucio-
tivos como: custo, registro, problemas de dispensa- nal. Nessa esteira, muitas vezes o Judiciário acaba
Para falar-se em direitos sociais é preciso estabele- Importante citar que, a inserção de princípios e
cer o conceito de Saúde. Em uma primeira aproxi- diretrizes, notadamente pela amplitude, surge do
mação, muitos pensam que direito à saúde é apenas Movimento de Reforma Sanitária e dos debates e
o benefício de receber remédio do governo ou de proposições da VIII Conferência Nacional de Saúde.
ser atendido em hospital público. Saúde é muito Destaca-se, assim, a pró-atividade dos profissionais
mais que isso. de saúde que participaram ativamente dos debates
da Assembleia Constituinte, algo fundamental em
O conceito engloba tanto a qualidade de vida em uma democracia (DALLARI, 2009 ).
sociedade quanto à noção de ausência de doenças.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) comenta Importante normatização constitucional foi à exigên-
no preâmbulo da sua Constituição sobre a amplitu- cia de realização de políticas sociais e econômicas
de deste conceito: “Saúde é o estado de completo para redução dos riscos de doenças e agravos (art.
bem-estar físico, mental e social e não apenas a 196, CF).
ausência de doença” (OMS, 2018). Os direitos sociais pertencem aos denominados
Percebe-se que a saúde está diretamente associada direitos de segunda geração/dimensão, ligados di-
ao estado físico, mental e social, não são apenas retamente à igualdade material. Não apresentam a
questões individuais, mas também questões sociais. mesma eficácia que os demais direitos fundamentais
Por conseguinte, o conceito envolve o tratamento de de primeira geração, pois são direitos prestacionais,
doenças, o fornecimento de medicamentos, medidas exigindo prestações concretas do Estado. Ilustra o
de prevenção, entre outras políticas públicas. jurista José Afonso da Silva que os direitos sociais,
3.CONCLUSÃO
e efetividade são avaliados?
Além disso, para os gestores em saúde estaduais
Como aspecto positivo da judicialização per- e municipais, muitas vezes o investimento em uma
siste a garantia do direito à saúde, uma vez que se ação significa não investir em outra. O que deixará
observa que a maioria das solicitações judiciais é de ser atendido para o atendimento de uma deci-
referente a procedimentos que deveriam ser atendi- são judicial? Acaba refletindo sobre deixar de lado o
dos pelo SUS, contudo não são oferecidos de forma âmbito coletivo preconizado pelo SUS, priorizando
adequada. Outro aspecto positivo é a proposta de o individual.
prazos para o oferecimento das tecnologias, como
é o caso do prazo para o início do tratamento de REFERÊNCIAS
pacientes com problemas oncológicos. Isso deveria
assegurar que o tratamento fosse iniciado em tempo
BRASIL. Constituição Federal, 1988.
hábil para o tratamento ser efetivo.
Retomando o art. 196 da Constituição Federal que ___. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
afirma que “a saúde é direito de todos e dever do Dispõe sobre as condições para a promoção,
Estado”, é preciso ter uma interpretação de que essa proteção e recuperação da saúde, a organi-
saúde deve ser realmente oferecida a todos, cum- zação e o funcionamento dos serviços corres-
prindo os preceitos previstos pelo SUS, de equidade, pondentes e dá outras providências.
igualdade e universalidade. Aspectos que, por ve-
zes, são deixados de lado quando há judicialização. DALLARI, Sueli Gandolfi. A construção do
direito à saúde no Brasil. Revista de Direito
Além disso, atender a todos não significa, necessa-
Sanitário, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 9-35, nov.
riamente, atender com tecnologia de ponta. Seria
excelente se pudesse ser assim, mas com um mo- 2008-fev. 2009.
delo de saúde que trabalha sempre com recursos
MARTINS, Patrícia do Couto Villela Abbud. A
limitados, isso em geral não é possível. Cabe ao
Estado assegurar que algum tratamento já padroni-
proibição do retrocesso social como fenôme-
zado e, portanto, com estudos que incluam a segu- no jurídico. In: GARCIA, Emerson (Coord.). A
rança, eficácia, efetividade e custo-efetividade, seja efetividade dos direitos sociais. Rio de Janeiro:
oferecida amplamente a toda população. Lumen Juris, 2004.
Como aspectos negativos, acreditamos que se MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de direito sa-
têm a priorização de atendimentos. Muitas vezes, nitário com enfoque na vigilância em saúde.
RESUMO
A adolescência é um período do ciclo de vida onde é comum surgirem
Emilia Suitberta de
questionamentos sobre si e seu futuro, visto que é um período de
Oliveira Trigueiro
IFCE mudanças psicológicas, fisiológicas, sociais e cognitivas. Neste contexto,
o objetivo deste trabalho foi analisar a autoimagem de estudantes dos
Leão Sampaio 1ºs anos de cursos técnicos integrados ao ensino médio de um Instituto
Federal de Educação a respeito do seu presente e do seu futuro. Para
Maria Lucileide Costa
Duarte isto, foi realizada uma pesquisa descritiva, com 151 alunos, utilizando um
IFCE instrumento o qual lhes solicitava que imaginassem e representassem,
através de desenhos ou palavras, seu PRESENTE e seu FUTURO dez
Edson Ribeiro Luna anos depois. Percebeu-se nas produções sobre o Presente temáticas como
URCA a família, os amigos, a escola, sendo predominante a escola, que era o
contexto onde eles estavam inseridos no momento da pesquisa, bem como
sentimentos positivos e negativos. Em relação ao Futuro essas temáticas
também estiveram presentes, no entanto, a profissão e/ou o dinheiro foram
percebidos pela maioria como sendo o mais relevante. Conclui-se que é
importante a discussão a respeito de projetos de vida envolvendo vida
pessoal e profissional, já que a escola depois da família é o agente mais
importante de socialização e orientação.
10.37885/200500303
1. INTRODUÇÃO ecologia e meio ambiente, violência doméstica, me-
todologias e técnicas de estudo, preparação para o
A adolescência constitui uma fase do ciclo vi- trabalho, entre outros.
tal que envolve uma transição no desenvolvimento, Neste contexto o presente trabalho teve como obje-
onde ocorrem mudanças físicas, cognitivas, emo- tivo analisar a autoimagem dos estudantes dos 1ºs
cionais e sociais e assume formas variadas em di- anos dos cursos técnicos em agropecuária e técnico
ferentes contextos sociais, culturais e econômicos. em informática para a internet integrados ao ensino
Segundo Aberastury e Knobel (1981) a adolescência médio, do Instituto Federal de Educação, Ciência e
mais do que uma etapa estabilizada, é processo e Tecnologia do Ceará campus do Crato, a respeito
desenvolvimento, visto que o sujeito passa por de- do seu presente e do seu futuro.
sequilíbrios e instabilidades extremas, configurando
2.ADOLESCÊNCIA
o que os autores denominam de “síndrome normal
da adolescência”, que é perturbada e perturbadora
para o mundo adulto mas absolutamente necessária
para estabelecer a identidade adolescente. Adolescência é um termo que vem do verbo
latino adolescere que significa “crescer para ficar
Estes mesmos autores entendem que o adolescente adulto”. Inicia-se com o desencadeamento da pu-
realiza nesta fase três lutos fundamentais: 1 - o luto berdade e termina com a aceitação de responsabi-
pelo corpo infantil perdido; 2 - o luto pelo papel e a lidades adultas. G. Stanley Hall foi um dos primei-
identidade infantis, que o obriga a uma renúncia da ros psicólogos a descrever a adolescência, vendo-a
dependência e a uma aceitação de responsabilida- como um período de “tempestade e estresse”. Já
des que muitas vezes desconhece; 3 - o luto pelos Sigmund Freud e Ana Freud tratavam como um pe-
pais da infância, os quais persistentemente tentam ríodo durante o qual os conflitos das fases oral, anal
reter na sua personalidade, procurando o refúgio e fálica do desenvolvimento são revisitados (NEW-
e a proteção que eles significam. Esses lutos são COMBE,1999).
verdadeiras perdas de personalidade e surgem da
interação do indivíduo com seu meio, são, portanto, Newcombe (1999) também chama a atenção sobre
construções históricas e culturais. a importância das transformações cognitivas que
ocorrem nesta fase e que detêm papel vital na mo-
Devido a estes lutos é normal que o adolescente em dificação das crianças em adultos, pois ajudam aos
certo momento da vida chegue frente ao espelho e adolescentes a enfrentarem exigências educacio-
não se reconheça na imagem que ali se encontra. A nais e vocacionais mais complexas.
imagem infantil entra em choque com o novo corpo
causando-lhe sensação de estranheza e às vezes A autora comenta que Jean Piaget observou no iní-
de desconforto. Também são normais os questiona- cio da adolescência o nível maduro do pensamento
mentos sobre si e seu futuro, levando-os a ter uma que ele o caracterizou de operações formais. Para
percepção positiva ou negativa de si no presente ele, este nível inicia aos 12 anos e continua através
e dúvidas e/ou sentimentos negativos ou positivos da fase adulta. O indivíduo começa a utilizar uma
sobre seu futuro. abrangente variedade de operações cognitivas e es-
tratégias para resolver problemas, é bastante versátil
Vale apontar que na maior parte do mundo a entrada e flexível no pensamento e raciocínio e pode ver a
na vida adulta leva mais tempo e é menos definida realidade a partir de uma variedade de perspectivas
do que no passado. A puberdade começa mais cedo ou pontos de vista. A autora acrescenta, ainda, que
do que antes e o casamento com suas responsa- o desenvolvimento cognitivo na adolescência exerce
bilidades associadas ocorre mais tarde. O início da um papel relevante no desenvolvimento da personali-
vida profissional também se estendeu, requerendo dade e na formação de um senso claro de identidade.
períodos mais longos de educação ou treinamento
profissional para que o indivíduo possa assumir as No entendimento de Ávila (2005) o tema adoles-
responsabilidades da vida adulta (Papalia; Feldman, cência abordado nas teorias psicológicas, mostra
2013). Com isso, a instituição escolar passa a ter de um lado, uma visão naturalista e universalizan-
uma importância fundamental no desenvolvimen- te, que reforçam o comportamento patológico do
to dos indivíduos, não somente na transmissão de adolescente, e por outro, uma concepção histórica
conhecimentos, mas também na discussão de as- e social mostrando que este período só pode ser
suntos relevantes para o jovem. compreendido a partir de sua inserção na totalidade
em que foi produzido.
Isto posto, Trigueiro (2019) destaca que esse papel
escolar pode ocorrer por meio de ações interdisci- A autora, refere também, que Ariés (1986) ao tratar
plinares que trabalhem temas como protagonismo da adolescência descreve que a mesma não apare-
juvenil, autoestima e grupos, gênero e diversidade, ce antes do final do século XVIII e não se difunde an-
3.A AUTOIMAGEM
surgimento da industrialização que complexificou as
sociedades modernas, criou-se um espaço interme-
diário entre a infância e a idade adulta, entre a ma-
turidade bio-fisiológica e a maturidade psicossocial, Dentro da nossa identidade está a autoima-
sendo resultado dos padrões de modernidade da gem. Todos nós criamos uma autoimagem que pode
sociedade. Assim, por motivo de justificar uma nova ou não basear-se na realidade. “Para as pessoas
fase que não existia antes da sociedade industrial, normais, é um retrato idealizado da pessoa cria-
lançou-se mão das transformações biológicas e etá- do com base numa avaliação flexível e realista das
rias para justificar a saída desse jovem do mercado suas habilidades: para as pessoas neuróticas a
de trabalho, reforçando, dessa forma, a importância auto-imagem baseia-se numa auto-avaliação infle-
de um amadurecimento psicológico e social. xível e fantasiosa” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2004, p.
151). Assim, o self é construído a partir de nossos
Dessa maneira, a adolescência transformou-se em potenciais, nossas habilidades, fraquezas, metas e
uma fase de latência social derivada da sociedade relações com outras pessoas.
capitalista, tendo como gênese as questões de in-
gresso no mundo do trabalho e a extensão do perío- Myers (1998) abordando essa temática, destaca que
do escolar pela exigência de melhor preparo técnico. segundo Erik Erikson os diferentes estágios da vida
Caracteriza também a adolescência a preparação têm um problema psicossocial, uma crise que preci-
para a constituição de uma nova família, mesmo sa de solução. Na fase infantil as crianças enfrentam
tendo como influência as mudanças na constituição os momentos de confiança, depois a autonomia e
familiar e sua substituição por associações ou gru- logo em seguida, a iniciativa. Na fase escolar de-
pos de pertencimento equivalentes. senvolvem a competência. Já na adolescência, a
meta é sintetizar o passado, o presente e as pos-
Já Bock (2007) registra que foi desde os estudos de sibilidades futuras num sentimento mais nítido do
Stanley Hall, em 1904, que a adolescência passou eu. Neste caso, os adolescentes questionam: Quem
a ocupar um lugar enquanto objeto de estudo, prin- sou eu como um indivíduo? O que quero fazer da
cipalmente da psicologia, caracterizada como um minha vida? Por quais valores devo viver? Em que
período de tormenta e conturbações vinculadas à acredito? Isso foi chamado por Erikson de “busca
emergência da sexualidade. de identidade” adolescente, onde há um empenho
para definir o próprio sentimento do eu com mais
Nessa linha de pensamento, salienta-se que o con-
profundidade. Para a maioria das pessoas a ques-
texto ambiental onde o adolescente está inserido mol-
tão da identidade, Quem eu sou?, continua além da
da suas atitudes, capacidades e comportamentos.
adolescência e reaparece em momentos decisivos
Associa-se, popularmente, a adolescência a termos
ao longo da vida adulta.
como “rebelião”, “conflito”, “dificuldade”. Há autores
que compreendem as perturbações do adolescente Nas palavras de Newcombe (1999, p. 441),
como indicações externas de adaptações internas,
sendo imprescindíveis ao alcance da sexualidade mesmo que o desenvolvimento da
adulta. Outros já as interpretam como um propulsor identidade possa ser um processo que
do desenvolvimento (WISNIEWSKI et al., 2016) dura toda a vida, a busca por um senso
Acerca desse assunto é relevante citar que foi Erik- de identidade é especialmente relevante
son quem institucionalizou a adolescência, caracte- durante a adolescência (...) durante a
rizando-a como um período especial no processo do adolescência o jovem se confronta com
desenvolvimento, um modo de vida entre a infância uma gama de mudanças psicológicas,
e a vida adulta. fisiológicas, sociais e cognitivas novas e
variadas.
Para o autor, a principal tarefa da adolescência é
confrontar a crise de identidade versus confusão
de identidade, de modo a tornar-se um adulto sin- A autora acrescenta, também, que os sujeitos que
gular com uma concepção coerente do self e com alcançam um forte senso de identidade após um
um papel valorizado na sociedade. Esta identidade período de busca ativa tendem a ser mais autôno-
é constituída de metas, valores e crenças com as mos, criativos e complexos em seu raciocínio do
quais a pessoa estar solidamente comprometida, e que outros adolescentes. Apresentam também uma
4.PROJETO DE VIDA
de autoidentidade estão equipados para enfrentar
a idade adulta com certeza e confiança. Aqueles
que não conseguem atingir a identidade coesa, pas-
sando por uma crise de identidade, apresentarão Como já mencionado, na adolescência o jovem
uma confusão de papéis. Podem parecer não sa- sente a necessidade de fazer escolhas, pensar em
ber quem ou o que são, qual é o seu lugar e o que um projeto de vida, traçar metas. O adolescente,
querem se tornar; podem afastar-se da sequência transpassado de descobertas, emoções, ambivalên-
normal da vida (educação, trabalho, relacionamento) cias e conflitos, depara-se com alguns questiona-
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2004). mentos, tais como: Quem sou eu? Para onde vou?
Qual rumo devo dar a minha vida?
Tecendo a respeito desse assunto, Torrette (2009)
aponta que a noção de identidade argumentada por De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2001), a
Erikson se sustenta em três eixos: consciência de ocupação do indivíduo antes do capitalismo, era
uma continuidade temporal (da criança que eu fui ao determinada pelos laços sanguíneos. Quem era
adulto que serei); coesão que se opõe à fragmen- servo teria na sua descendência sempre servos, já
tação e reunião em uma só unidade dos elementos quem tinha a posição de senhor seria sempre se-
através dos quais “eu me reconheço”, diferencian- nhor. Com o capitalismo, nada mais é determinado
do-se “daqueles que não se parecem comigo”. No “naturalmente”. A ideologia disseminada é a de que
entendimento da autora, a identidade pessoal (a o indivíduo é responsável pelo seu destino. Com
representação que o indivíduo tem de si mesmo) isso a escolha do indivíduo por uma ocupação ou
assume também um aspecto social, ou seja, ter uma profissão passa a ser baseada nas condições so-
identidade é estar comprometido do ponto de vis- ciais em que vive e em função de suas habilidades,
ta social, tanto com suas ideias, crenças, valores, aptidões, interesses e dons.
quanto ao seu estilo de vida. Na leitura de Lara, Araújo, Lindner, Santos (2005)
Segundo Gouveia, Singelis e Coelho (2002) o con- a escolha de uma profissão tem uma relação direta
ceito de autoimagem, embora expresse a percepção com a felicidade do indivíduo, já que essa pessoa
que a pessoa tem de si, envolve elementos que passará parte de seu dia dedicando-se ao traba-
necessitam ser diferenciados. Para alguns autores lho. Enfatizam também que essa difícil escolha não
até três tipos principais de autoimagem podem ser cabe somente ao adolescente, tendo em vista que
identificados: uma dimensão individualista do eu, as decisões profissionais são constantes durante
reunindo conceitos como independente, autônomo toda a vida, mesmo que se considere o processo
e separado; uma outra denominada coletivista, que de escolha profissional mais delicado no período da
acentua as relações entre o indivíduo e a coletivida- adolescência, já que esta dar-se-á em uma situação
de e uma terceira dimensão, que recebe o nome de de conflito, que pode envolver ansiedade, angústia,
relacional, cujo foco de atenção são os indivíduos medo e tantos outros sentimentos.
entre si. Sabe-se que a escolha profissional é um tema
No entanto, os autores inicialmente citados, acredi- marcado por várias influências, como aptidões,
tam ser mais parcimoniosa e teoricamente consis- interesses, características de personalidade, ati-
tente, a clássica definição que prediz dois tipos de tudes, valores, oportunidades educacionais e etc.
autoimagem que são a independente e a interdepen- Além dessas, há as dificuldades que o mercado de
dente, que recebem as denominações de autônomo trabalho apresenta, pressão familiar, expectativas
e interdependente ou eu/privado/individual e eu/pú- de futuro, pressões sociais diversas, importância
blico/social. Enquanto na autoimagem independen- social e remuneração, bem como o sonho de ser
te, o self é delimitado, único e estável separado do bem sucedido na vida.
contexto social e nele as pessoas que o adotam têm Bartalotti e Menezes-Filho (2007) citam como fatores
como referencial suas próprias habilidades, seus que também fazem parte do processo de decisão
atributos internos e suas características, a autoima- individual por uma profissão a ser trilhada, os se-
6.RESULTADOS E DISCUSSÕES
(MANDELLI; SOARES; LISBOA, 2011).
5.MÉTODO
A pesquisa realizada foi de natureza descritiva
As produções dos alunos foram categorizadas
considerando as expressões gráficas dos desenhos
e os temas das elaborações escritas. Sobre o pre-
quanto aos objetivos, segundo Lakatos e Marconi sente foram organizadas quatro categorias.
(2001), pois visou estudar, observar e analisar as
características de um grupo. A mesma desenvol- A primeira está relacionada ao tema estudo; a se-
veu-se no Instituto Federal de Educação Ciência e gunda, ao tema família e/ou sentimentos pessoais
Tecnologia do Ceará campus do Crato. A instituição, positivos; a terceira categoria contém produções que
com 58 anos de existência, até dezembro de 2012 relacionam estudo, família e amigos e no quarto
tinha 953 alunos matriculados distribuídos nos cur- grupo estão as produções que contêm dúvidas e/
sos Técnico em agropecuária integrado ao ensino ou sentimentos negativos.
médio, Técnico em informática integrado ao ensino A seguir seguem algumas falas que ilustram essas
médio, Técnico em agropecuária subsequente, Ba- categorias. Ressalta-se que como estes exemplos
charel em Zootecnia e Bacharel em Sistemas da foram retirados das escritas dos jovens, foram rea-
Informação (CEARÁ, 2010-2013). lizadas leves correções ortográficas, todavia o de-
A população do estudo foi composta por estudantes senvolvimento e o significado das respostas foram
dos 1°s Anos dos Cursos Técnicos em Agropecuária preservados. Tais ajustes auxiliam a não perder o
e Técnico em Informática Integrados ao Ensino Mé- foco do trabalho, que se encontra no significado e
dio, ingressantes no ano de 2013, totalizando 151 na dinâmica das respostas e não no domínio da
alunos divididos em seis turmas. Estes discentes linguagem escrita dos participantes.
possuíam em média 14 e 15 anos. No tocante às produções enquadradas na primeira
O estudo realizou-se na primeira semana de ativida- categoria, relacionadas ao tema estudo, é possível
des letivas do ano de 2013. O espaço utilizado foi a citar como exemplo as seguintes falas: “Eu estou na
sala de aula com a participação de todos os discen- sala de aula com os colegas estudando, para ser um
tes presentes sob a coordenação da psicóloga e da engenheiro” (SIC ); “Estou no primeiro ano do cur-
assistente social da instituição. Naquele momento, so técnico em agropecuária no IFEC campus Crato
foi entregue aos estudantes uma folha de papel di- uma escola diferente das que eu havia estudado
vidida em duas partes. Na primeira, estava escrito antes, e estou ainda em uma fase de adaptação e
MEU PRESENTE e na segunda MEU FUTURO. de conhecimentos tanto do espaço em si, o colégio,
quanto a conhecer novos amigos” (SIC¹). Nesta ca-
Foi solicitado aos adolescentes que imaginassem tegoria encontram-se as produções de 89 alunos e
Produção 2
com a farda da instituição, com uma mochila e pensando em um livro. Já no seu futuro, classificado na catego-
ria profissão e dinheiro, há menção a uma profissão, engenharia civil, mas o dinheiro predomina no desenho
com a conta bancária aumentando e o lazer é representado nas vestimentas. Este desenho representaria
uma ideia de futuro onde mais importante do que a profissão é o retorno financeiro que ela pode oferecer.
Na produção 2 também está ilustrado no presente o estudo e o futuro também tem uma relação com a pro-
fissão e o dinheiro. Esta profissão, que seria no poder executivo, lhe proporcionaria a possibilidade de ser
“solteiro e pegador”, sem necessidade de constituir uma família.
Produção 4
A produção 3 alia sentimentos positivos em seu presente e futuro, sendo estes incongruentes. No presente
ele priorizaria o descanso, bem como no futuro, no entanto há um desejo de retorno financeiro, que pode ser
observado no barco, no coqueiro e na cadeira de praia.
A produção 4 é um exemplo de presente que engloba família, amigos e estudo, sendo esta tendência mantida
no futuro, sendo que pelo desenho pode-se inferir que a família a ser formada seria o ponto de maior destaque.
Produção 6
Acerca da produção 5 também é possível perceber um presente que engloba a família e os estudos, no entanto
este presente tem também sentimentos negativos relacionados à distância que o aluno está da sua família
de origem, representados nas lágrimas e no seu diálogo com a mãe. No futuro deste aluno ele visualiza um
retorno profissional e sentimentos positivos que são compartilhados com sua genitora.
Alguns alunos representaram em suas produções dúvidas e sentimentos negativos tanto em seu presente
quanto em seu futuro. A produção 6 é um exemplo de um presente com caminhos a serem escolhidos e um
7.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se perceber nessas produções várias
nados a pais e educadores. Revista Semestral
da Associação Brasileira de Psicologia Escolar
e Educacional (ABRAPEE) • Volume 11 Núme-
temáticas comuns na adolescência como, por exem- ro 1 Janeiro/Junho • 63-76 Disponível em:ht-
plo, a família, os amigos, a escola, bem como senti- tp://www.scielo.br/pdf/pee/v11n1/v11n1a07.pdf.
mentos positivos e negativos, sendo predominante Acesso em : 13 ABR. 2013
a escola, que era o contexto onde eles estavam
inseridos no momento da pesquisa. Em relação ao BRASIL. (1996) Resolução 196 de 10 de ou-
futuro essas temáticas também estão presentes, no tubro, Ministério da Saúde, Conselho Nacio-
entanto, a profissão e/ou o dinheiro são percebidos nal de Saúde, Regulamenta a pesquisa en-
RESUMO
O presente artigo de forma geral, apresenta e discute a maneira como a
José Antônio
mídia e os mecanismos de divulgação de seus serviços e produtos acabam
Delecrode
por influenciar incessantemente na busca e construção de uma imagem
adequada e saudável de corpo de acordo com seus interesses de consumo,
e como a educação se apresenta como um caminho mais saudável e
adequado para um processo consciente sobre o desenvolvimento e
manutenção do auto-poder sobre o corpo.
10.37885/200500300
“O controle da sociedade sobre os indivíduos não se que se encontrará os meios mais viáveis para o
faz apenas através da consciência ou da ideologia, desenvolvimento de um corpo saudável, e não só
mas também no corpo e com o corpo”. esteticamente, mas psicologicamente, ao descobrir-
-se como indivíduo que possui características físicas
(Michel Foucault)
e de personalidade que devem não só levar-se me
conta, mas respeitar-se para que desta forma possa
se descobrir como um ser humano único, e conhe-
1.INTRODUÇÃO
cedor de seus limites.
3.OMÍDIA
de não se obter o lucro desejado, os executivos
PODER MERCADOLÓGICO DA de Hollywood, estão cada vez mais investindo em
um mercado “já ganho”, ou seja em estórias que já
possuem um público, por isso podemos entender
Entendendo o termo mídia que designa, de forma o interesse e sucesso de filmes de super-heróis,
genérica, todos os meios de comunicação, ou seja, e filmes baseados em livros de sucessos como as
os veículos que são utilizados para a divulgação franquias “Senhor dos Anéis”, “Harry Potter”, “A len-
de conteúdos de publicidade e de propaganda, na
qual a mídia e suas tecnologias cada vez mais ino-
vadoras, têm levado a uma capacidade cada vez
maior de iniciativa para que se alcance um estilo de
vida predominantemente ativo e associado intencio-
4.AMÍDIA
ASSOCIAÇÃO ENTRE CORPO,
E SOCIEDADE DE CONSUMO
onde quem apresenta tem mais poder sobre a credi-
bilidade dos fatos, mais do que a verdade dos fatos
em sí. Então pode-se avaliar que este processo se
A mídia na contemporaneidade está diretamente dá na mesma proporção em relação á questão cor-
relacionada aos veículos de comunicação e está poral, apresentada pelos meios de comunicação de
presente em vários espaços, entre eles “televisão, massa. Onde os valores que nos são repassados
rádio, internet,...e encontra também nos corredores possuem muito mais força que os valores que são
de bate papo, nas cartas manuscritas, nos meios trabalhados no contexto educacional, portanto, ne-
impressos e até na utilização de um acessório como cessitando de um educação efetiva e intensa para
a lousa dentrod e um ambiente escolar” (APOSTÓ- uma desmitificação de pseudovalores corporais.
LICO, 2006, P.45-46).
Segundo Apostólico(23006, p.12), a mídia possui
Os meios de comunicação se mostram em sua “ingredientes que fazem parte do processo de hip-
grande maioria tendenciosos, não divulgando as nose e sedação produzidas pelas imagens.” A au-
notícias com imparcialidade, e geralmente se co- tora pontua que a imagem e gestos são muito mais
locam a serviço da classe dominante e do capital. apreendidos pela memória que as narrativas em sí
Desta maneira, ao mesmo tempo em que divul- e inclui a moda como agente doutrinador da mas-
gam uma notícia sobre o corpo visando a saúde e sa e entende que atualmente “a construção de um
o bem estar, acabam por publicar outros anúncios modelo de corpo onde homens e mulheres tenham
que acabam gerando doenças, sejam elas físicas formas muito semelhantes.” E que os corpos que se
ou psíquicas. É Claro que mudanças ao longo dos apresentam nas telenovelas são referências para
anos foram surgindo, como por exemplo, os comer- a construção do corpo ideal.
ciais de cigarros, famosos na década de 80, com a
Bucci;Kehl(2004) enfatizam que os publicitários
presença de modelos aparentementes saudáveis e
perceberam que é possível fazer o inconsciente do
belos, praticando esportes radicais ao som de boa
consumidor trabalhar em favor do lucro. Menciona
música, e que na atualidade houve uma mudança
que o inconsciente não é ético nem antiético. Que
até certo ponto impactante nos comercias e com
o inconsciente é amoral e funciona de acordo com
um aviso no maço de cigarro, relatando os perigos
a lógica da realização imediata dos desejos que na
para o consumo.
verdade não é tão individual como imaginamos. Diz
É fato que o poder da mídia, principalmente a televi- que o desejo é social, que desejamos o que os outros
siva, é formadora de uma opinião e desejo. “Eu quero desejam, ou que nos convidam a desejar. E que uma
ter um carro ou a casa igual ao do ator da novela!”, e imagem publicitária considerada ideal é aquela que
que para conseguir isso, mergulha de forma desen- apela aos desejos inconscientes, ao mesmo tem-
freada no trabalho, na qual vai além de seus limites, po em que se oferece como objeto de satisfação.
físico e mental, se desgastando e se prejudicando, E é esta imagem que determina quais são os obje-
e em muitos casos de forma irremediável, e sem tos imaginários de satisfação e do desejo, fazendo
retorno, levando a uma insatisfação, decepção, e desta forma o inconsciente trabalhar, sendo que o
em muitos casos prejuízos, pessoais e materiais. inconsciente nunca encontrará a satisfação total e
plena prometida no produto que lhe é oferecido.
Em um contexto onde as pessoas estão sofrendo E em relação á publicidade do corpo idealizado, o
psiquicamente por não se encontrarem nos padrões processo é o mesmo, onde o ser humano procura
de beleza que a mídia nos impõem, sejam elas por adquirir tudo o que as propagandas colocam como
falta de condições financeiras para a manutenção, objetos de satisfação pessoal, os corpos se transfor-
ou por possuírem estruturas corpóreas diferente da mam em busca da satisfação que na grande maioria
desejada, se sentindo de certa forma marginalizada, das vezes deve gerar angustia, pois as propagandas
excluída, ridicularizada. estão servindo aos interesses do sistema capitalista
Chauí(2006) em seu livro Simulacro e Poder: Uma daquele momento. E que a insatisfação em relação
análise da mídia, faz um estudo sobre como a mí- ao corpo continua e continuará permanentemente,
dia representa a classe dominante e como é fácil na medida em que a mídia continuará idealizando um
reproduzir este sistema, pois as idéias que predo- corpo saudável em seus comerciais, novelas, filmes,
minam na sociedade são as da classe dominante. e que continuará mudando de acordo com a época
Já o pensamento de esquerda é difícil, pois além, a que esteja se relacionando e claro a um desejo e
de desmitificar o senso comum, necessita trabalhar interesse por trás desta exposição. Sendo que uma
com a análise crítica das notícias e dos fatos. Ela pessoa mesmo estando dentro de todos os padrões
diz ainda que o jornalismo tornou-se protagonista da ao qual ela considere como padrão de beleza, isto
não significará que ela estará totalmente satisfeita,
5.ALIBERTADOR
EDUCAÇÃO COMO PROCESSO
DE ESCOLHAS
computador ou videogame.
Desta maneira, as relações corpo e educação são
fortemente intermediadas por uma ação educativa
Vimos que mídia, é toda forma de divulgação de in-
intencional, o rompimento com os sistema tradicional
formação, que acaba se constituindo em um meio in-
e que aprisiona o corpo em ações estereotipadas
termediário de expressão com o objetivo de se trans-
e limitadas, dependendo das formas de atuação
mitir mensagens, e a educação é aplicada através
dentro de sala de aula, da forma que o corpo aqui
de meios próprios na qual favorecem a formação, e
referenciado, possui um sentido mais amplo, pois ele
o desenvolvimento físico, intelectual e moral de uma
reside em tudo, desde a formação e disposição das
pessoa. Sendo que existe um elo entre comunicação
carteiras até no contato e convívio com os outros.
e educação, onde principalmente não só a criança,
Nóbrega (2006) lembra que “o corpo não é mero ins-
mas também os adolescentes, e até mesmos as
trumento de práticas educativas, as produções hu-
pessoas ligadas diretamente ao contexto escolar,
manas são possíveis pelo fato de sermos corpo ”e“
como professores, coordenadores, supervisores
a gestualidade ou os cuidados com o corpo podem
e diretores, se sentem estimulados a utilizarem a
e devem ser tematizados nas diferentes práticas
mídia, como um canal e instrumento de crítica so-
educativas propostas nos currículos e viabilizados
cial, onde a realidade é vista de forma instantânea,
por diferentes disciplinas”. Entender a presença do
e poder contribuir efetivamente na capacidade de
corpo nas diferentes disciplinas, utilizando-o como
dialogar de acordo com a sua realidade, de uma
estruturador de uma aprendizagem mais efetiva, é
forma consciente e crítica. Se formos comparar o
de certa forma, questionar como temos escolhido
corpo em relação a mente, ele têm sido de uma
elaborar nossos conhecimentos. E de um contexto
forma histórica, renegado a um segundo plano den-
histórico, o próprio homem questionou o mundo a
tro do contexto da educação, sendo que podemos
partir do próprio corpo, foi assim na matemática pela
entender que toda educação, é também de forma
construção do sistema de medidas e dos sistemas
incisiva, educação do corpo, já que um processo
de numeração, que hoje é decimal, porque temos
de maturação, desenvolvimento e aprendizagem
10 dedos, foi assim na Biologia, pelo conhecimento
devem ser levados em conta neste processo.
e funcionamento do corpo, sendo que deve ser con-
De acordo com o livro de Michel Foucault “Vigiar e siderado o corpo em sala de aula por sua dimensão
Punir” (1987), mostra uma análise histórica dos ins- social, cabendo ao professor, um olhar delicado e a
trumentos utilizados pelas instituições sociais, a fim valorização da diferença contra o lugar da padroni-
de adestrar os corpos para uma vida em sociedade. zação. Na qual tenha como objetivo a reflexão junto
O referido autor ainda defende que a punição física aos alunos sobre ética, moral, estética e saúde de
nasce de acordo com a modernidade, e é carac- uma forma geral, pois todo objeto de conhecimen-
terizado por um poder não triunfante, “é um pode to relaciona-se com o corpo. E restabelecer estas
modesto, desconfiado e que funciona a modo de conexões, é sobretudo possuir uma prática docen-
uma economia calculada, mas permanente.” Este te comprometida com verdadeira significância na
poder disciplinar, acaba por em vez de apropriar e aprendizagem de conceitos, atitudes e valores, onde
de se retirar, adestrando. Para Foucault, o suces- só assim, cada aluno e indivíduo em um contexto
so do poder disciplinar se deve ao uso de simples geral, a partir da educação e da conscientização,
instrumentos: o olhar hierárquico, a sanção norma- capacidade de criticidade e de fazer escolhas ade-
lizadora. E ainda em relação ao olhar hierárquico, quadas para si mesmo, e não impulsionadas por
Foucault pontua que o exercício da disciplina, supõe um mecanismo na qual possui interesses próprios
um dispositivo que obrigue ao jogo do olhar, um apa- poderá criar uma emancipação libertadora no pro-
relho onde as técnicas que permitem ver, induzam cesso de seu desenvolvimento pessoal.
a efeitos de poder, e onde em troca, os meios de
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
coerção tomem claramente visíveis aqueles sobre
quem se aplicam. Desta forma podemos entender
o poder da disciplina voltada na maior parte na fi-
gura do “Pai”, e que acabam por definir o controle Refletimos como a mídia, acaba por influenciar
do poder no processo educacional da criança e /ou na construção de uma idéia de corpo adequado, a
adolescente. Para Strazzacappa (2001), “o movi- partir dos diferentes meios de comunicação, e o que
mento corporal ainda é moeda de troca na escola, isso pode acarretar na vida de cada pessoa, desde
professores e diretores lançam mão da imobilidade pequenas mudanças em sua rotina diária até as
física como punição -proibição de usufruir da hora mais drásticas. Sendo que uma maneira adequada
do recreio ou aula de educação física -e a liberdade de repensar valores, aceitação, e uma constante luta
RESUMO
Mindfulness define-se por um estado de consciência de atenção plena,
Giuliana Silveira
no qual o indivíduo praticante é capaz de orientar sua atenção para o
Bueno dos Santos
UNESP momento presente, sem distrações e sem julgamentos a respeito do que
o cerca. Os efeitos de sua prática já foram amplamente comprovados em
Edward Goulart estudos no contexto clínico, como por exemplo num estudo que utilizou o
Junior treinamento Mindfulness para a redução de sintomas residuais de depressão
UNESP
(Baer, 2016). No contexto organizacional, a prática Mindfulness representa
uma inovação. Através da orientação do pensamento para o momento
presente, a prática auxilia o trabalhador a se concentrar por mais tempo e
com mais qualidade na tarefa que está realizando, resultando em menor
divagação mental e maior produtividade. Além dos benefícios em termos
de desempenho, que contribuem para que a empresa atinja os resultados
esperados, o Mindfulness também proporciona benefícios para o bem-estar
e diminuição do stress nos trabalhadores. Por se tratar de uma prática
emergente, seus benefícios ainda são relativamente desconhecidos no
contexto organizacional, diferentemente do contexto clínico, o que representa
um obstáculo à inserção do Mindfulness nas empresas. Além disso, a cultura
organizacional das empresas pode influenciar o enquadramento de práticas
como essa no cotidiano, visto que muitas delas priorizam formações que
estabeleçam relação direta, e a curto prazo, em detrimento de formações
que promovam o trabalhador a nível pessoal (Taddei, 2016). Dessa forma,
este trabalho tem por objetivo ampliar a percepção à respeito da prática do
Mindfulness e dos seus benefícios, tanto no tocante a saúde e bem estar
dos trabalhadores, resultando no manejo do stress laboral, quanto sobre o
desempenho e produtividade, contribuindo para que a organização atinja
seus resultados.
do Trabalhador.
10.37885/200500241
1. INTRODUÇÃO setores de trabalho, atingindo, indiscriminadamente,
gestores de todos os níveis e demais trabalhadores.
Atualmente, as organizações de trabalho Muitas vezes a forma como se realiza a cobrança
operam em ritmos cada vez mais acelerados com e a organização do trabalho pela alta produtivida-
jornadas cada vez mais extensas e acabam por de, patrocina dissonâncias, incoerências e, conse-
pressionar seus funcionários para que estes atin- quentemente, favorecendo tensões e adoecimentos
jam metas, muitas vezes desmedidas, e cumpram (ZANELLI E KANAN, 2018). Sebben (2018) corro-
seus objetivos de trabalho O mercado global está bora com a afirmação supracitada indicando que
em constante transformação, gerando inquietações os riscos nos ambientes de trabalho se expressam
individuais e coletivas, que acabam tornando o con- em forma de cobranças exageradas, pressões de
texto laboral cada vez mais complexo e competitivo. chefias e colegas, preocupação com a manutenção
do emprego, a alta competitividade, entre outros.
Para Zanelli (2010), a contínua cobrança por re-
sultados, resolução de problemas e obtenção de Alguns autores (Praun, 2016; Selligman-Silva, 2011;
produtividade faz com que os trabalhadores tenham Bernanrdo (2009), explicam que as situações de
dificuldade em executar ações em prol do próprio trabalho que geram processo de adoecimento físico
bem estar. A preocupação maior dos indivíduos é e mental nos trabalhadores possuem relação com as
atingir metas e ter êxito nos resultados organiza- atuais formas de organização produtiva do trabalho,
cionais, o que pode culminar em um contexto de a implementação de novos mecanismos de gestão e
trabalho com elevado nível de stress (Sacadura & a presença cada vez maior das novas tecnologias.
Uva, 2016), e uma diminuição da qualidade de vida Esses autores sugerem que o trabalho, na atualida-
dos trabalhadores. de, exige um maior envolvimento da subjetividade
dos trabalhadores, fato esse que requer ainda mais
Segundo Silveira et al (2016) o estresse ocupacional, de seus recursos psicológicos e emocionais.
muito presente nos contextos de trabalho na atuali-
dade, pode ser descrito como um estado emocional Algumas atividades laborais são mais propensas ao
desagradável devido à tensão, ansiedade e exaustão desenvolvimento de problemas psicossociais rela-
emocional relacionados à aspectos do trabalho que cionados ao trabalho, impactando na saúde mental
são compreendidos como ameaçadores. Os autores e qualidade de vida de seus trabalhadores. Como
explicam que sua origem está associada a incapaci- exemplo, pode-se citar a profissão de agentes
dade do trabalhador se adaptar a novas demandas penitenciários. Lima, Dimenstein, Figueiró, Leite e
do trabalho e ao desequilíbrio entre as exigências do Dantas (2019) realizaram estudo cujo objetivo ge-
trabalho e as capacidades de atendimento das mes- ral foi mapear a prevalência de transtornos mentais
mas. Coelho, Souza, Cerqueira, Esteves e Barros comuns e uso de álcool e outras drogas entre os
(2018) concebem o estresse ocupacional como uma agentes penitenciários. Participaram do estudo 403
resposta física e emocional, na maioria das vezes, agentes atuantes em 19 unidades prisionais. Entre
prejudicial, que ocorre quando as exigências do tra- outros resultados, o estudo revelou que a preva-
balho não estão compatíveis às capacidades, aos lência de Transtorno Mental Comum (TMC) foi de
recursos ou às necessidades do trabalhador. 23,57% dos participantes, percentual esse dentro da
média encontrada em alguns estudos realizados no
Segundo Souza e Bernardo (2019) a depressão, ten- Brasil (entre 28,7% a 50%).
tativas de suicídios, uso abusivo de álcool e drogas,
estresse, crises de ansiedade, fadiga e esgotamento Outra profissão de elevado risco são os trabalha-
profissional estão se tornando cada vez mais co- dores bancários (Amigo, 2014, Petarli et al. 2015;
muns e há muitas evidências da relação entre essas Coelho et al. 2018). Esses últimos autores, realiza-
expressões do sofrimento humano e as formas de ram estudo para avaliar o estresse ocupacional e os
organização do trabalho existentes na atualidade. níveis da Síndrome de Burnout em trabalhadores
Segundo os autores, “de acordo com a Organização bancários brasileiros. O estudo contou com uma
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico amostra de 217 bancários de agências públicas e
(OECD), as doenças mentais são responsáveis por privadas de 38 cidades em 14 estados brasileiros.
uma redução significativa do potencial de oferta de Resumidamente, o estudo revelou que os níveis de
trabalho, pelo aumento do absenteísmo e pela ex- exposição ao estresse ocupacional e o consequente
clusão social de milhares de pessoas, gerando altos esgotamento na amostra foram elevados.
custos econômicos e sociais” (p.2/8). Os riscos originados do trabalho, tanto os físicos,
Os fatores de riscos relacionados ao trabalho es- biológicos, químicos e especialmente, os psicosso-
tão mais presentes nos contextos de trabalho, es- ciais sugerem a adoção de ações estratégicas de
pecialmente considerando a presença dos riscos gestão organizacional, especialmente, de gestão de
psicossociais, com impacto em todos os níveis e pessoas, que possam proporcionar melhorias nas
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A crescente competitividade no ambiente or-
aceitando como normais pressões no trabalho exa-
cerbadas e desumanas. Em um ambiente corpora-
tivo onde essa lógica prevalece nas atitudes dos
ganizacional tem elevado os níveis de estresse nos gestores, práticas promotoras de saúde e bem-estar
ambiente corporativos, impactando diretamente na serão inócuas.
saúde e bem-estar dos trabalhadores. A cobrança À medida que mais estudos sejam feitos, será possí-
por resultados e alta produtividade contribui ainda vel comprovar cada vez mais as aplicações e resul-
mais para a diminuição da qualidade de vida no tra- tados dos exercícios de atenção plena, contribuindo
balho, afetando diretamente as relações interpesso- para desmistificar o que se pensa sobre o assunto
ais, a vivência equilibrada do trabalhador em outros e popularizar a prática. Importante se difundir e se
âmbitos de vida e na sua saúde física e mental. pesquisar com mais precisão sobre essa prática nos
O Mindfulness aparece como uma ferramenta ca- ambientes organizacionais, principalmente consi-
paz de melhorar a capacidade de concentração derando que esses, pela sua dinâmica e exigência
dos praticantes, fazendo com que esses se con- quase sempre potencializada, estão cada vez mais
centrem melhor na atividade que estejam realizan- impactando na saúde física e mental dos trabalha-
do, trazendo melhorias na memória e diminuição dores. À medida que novas pesquisas na área forem
da divagação mental. Além de ser um investimento sendo realizadas, será possível observar cada vez
na saúde e bem estar do trabalhador, os benefícios mais os benefícios das práticas de Mindfulness no
do Mindfulness acabam se estendendo à organiza- âmbito do trabalho,
ção como um todo, pois, à medida que melhora a Dessa forma, considerando as dificuldades enfren-
produtividade dos indivíduos, isso tem impacto nos tadas atualmente pelos trabalhadores, atuando em
resultados e objetivos das organizações. No entan- ambientes corporativos cada vez mais exigentes
to, as pesquisas realizadas a respeito da aplicação com elevados níveis de estresse e sendo constan-
do Mindfulness em contexto laboral ainda são es- temente cobrados por sua produtividade, a prática
cassas, em relação à outras aplicações, como no do Mindfulness pode atuar como mais um recurso
contexto clínico. Considerando os benefícios para para redução do estresse laboral, e assim, promo-
as pessoas, faz-se necessária a investigação da vendo a saúde do trabalhador e qualidade de vida
prática do Mindfulness no contexto laboral, para que no trabalho e fora dele.
esses benefícios, que já foram melhor evidenciados
em contextos clínicos, também possam se estender
para outros âmbitos de vida das pessoas. REFERÊNCIAS
Considerando a emergência do tema, tanto no con-
Amigo, I.; Asensio, E.; Menéndez, I. Redondo,S.;
texto clínico quanto no contexto organizacional, im-
& Ledesma, A. Working in direct contact with the
portante se faz uma maior divulgação e maiores
estudos a respeito dos benefícios que o Mindful- public as a predictor of burnout in the banking
ness pode proporcionar, tanto no tocante a saúde sector. Psicotherma, 26 (2), 222-226 doi: 10.7334/
e bem-estar dos trabalhadores, quanto sobre o seu psicotherma2013.282, 2014.
desempenho e produtividade, contribuindo para que
a organização como um todo atinja seus resultados Baer, R. A. Mindfulness training as a clinical in-
e objetivos, promovendo saúde. tervention: A conceptual and empirical review
Clinical Psychology: Science and Practice 10
Obviamente que a promoção de saúde e bem-estar 125–142 2003.
nos contextos organizacionais não pode se limitar
a práticas isoladas como a Mindfulness, ou outra Bernardo MH. Trabalho duro, discurso flexível:
qualquer. A integração de políticas e práticas de uma análise das contradições do toyotismo a
gestão, balizadas em uma cultura organizacional partir da vivência de trabalhadores. São Paulo:
que considere a saúde e bem-estar do trabalhador Expressão popular; 2009.
como um valor a ser conquistado e preservado é que
vai proporcionar um ambiente organizacional promo- Brown, K. W., & Ryan, R. M. (2003). The Bene-
tor de saúde e bem-estar das pessoas ali atuantes; fits of Being Present: Mindfulness and Its Role in
a prática do Mindfulness seria um acréscimo, ao Psychological Well-Being. Journal of Personality
conjunto de ações promotoras e preventivas sobre
and Social Psychology, 84(4).
saúde e bem-estar laboral. Essas ações precisam
ser amplas e considerar as condições e a forma de Coelho, J. A. P. M.; Souza, G, H, S,; Cerqueira,
organização do trabalho, não aceitando a lógica tão
Kabat-Zinn, J. (1994). Wherever you go, there you Silveira, L. et al. Estudos sobre os principais es-
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soli, N. S. Estresse ocupacional e fatores as- da Uniplac, 2018.
sociados em trabalhadores bancários. Ciência
RESUMO
O presente artigo busca evidenciar a possível aplicabilidade das técnicas
Luiz Eduardo de
analítico-comportamentais no exercício clínico da terapia familiar sistêmica.
Castro Nascimento
FASB Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo qualitativo que investigou
trabalhos produzidos por autores conhecidos em ambas as abordagens, em
Luiz Carlos livros e base de dados CAPES, Scielo, Pepsic, LILACS. Ao longo do estudo
Rodrigues de Matos verificou-se que técnicas como Reforçamento; Punição; Reforçamento
Souza Sobrinho Diferencial de Respostas Alternativas (DRA), entre outras técnicas vistas
FASB
na abordagem Comportamental, são aplicáveis e eficazes na prática da
Anchielle C. Henrique Terapia familiar. No mais, deve-se levar em consideração o fato de que
Silva somente a utilização de tais técnicas, sem análise sistemática do caso,
FASB se faz insuficiente para a obtenção de evolução terapêutica. Bem como,
a importância da realização de futuros estudos dentro deste contexto, por
ambas as abordagens possuírem maior integração e assim serem passível
no acompanhamento de famílias.
10.37885/200500243
1. INTRODUÇÃO BORGES; CASSAS, 2012), de modo a reunir emba-
samento teórico sobre o tema (TOURINHO, 1999;
A atuação clínica do/a profissional de psico- CATANIA, 1999; MOREIRA, 2013).
logia, independente da abordagem, consiste em
2.MÉTODO
buscar meios de modificar comportamentos e/ou
pensamentos disfuncionais que afetam de forma
negativa tanto o/a paciente/cliente, quanto aque-
Trata-se de uma revisão de literatura, do tipo
les que estão a sua volta. Neste sentido, a terapia
qualitativa-bibliográfica. Os dados para a concepção
familiar sistêmica foi concebida com a proposta de
do estudo foram coletados em livros e artigos cien-
intervenção focada não apenas em um único sujeito,
tíficos, através das bases de dados CAPES, Scielo,
mas ampliada a todos os/as indivíduos que fazem
Pepsic, LILACS e PsyInfo. As principais referências
parte do seu contexto familiar, buscando modificar
utilizadas da terapia familiar sistêmica e da clínica
o sistema familiar disfuncional que causa sofrimen-
analítico-comportamental foram Minuchin e FishMan
to aos seus membros (BORGES; CASSAS, 2012;
(2007) e Borges e Cassas (2012). Autores eventuais
DIAS, 1990).
também foram utilizados, com o intuito de enriquecer
De acordo com a visão sistêmica “o paciente identifi- o estudo. Os dados obtidos foram catalogados, de-
cado” é o porta-voz do sintoma; a causa do problema vidamente fichados e, posteriormente, elaborou-se
são as transações disfuncionais da família; e o pro- o texto final.
cesso de mudança envolverá a transformação destas
transações disfuncionais” (MINUCHIN; FISHMAN,
2.1 A APLICABILIDADE DAS TÉCNICAS
2007, p. 37). Consequentemente, o trabalho do/a
terapeuta familiar objetiva compreender a realidade
ANALÍTICO-COMPORTAMENTAIS NO
familiar, focando em possíveis fatores ambientais que EXERCÍCIO CLÍNICO DA TERAPIA FAMILIAR
contribuam para o sofrimento do sujeito sintomático SISTÊMICA
e dos demais familiares, com o intuito de tornar este
Quando se trata de terapia familiar, o/a analista-
um sistema mais saudável para os membros que o
-comportamental deve, antes de iniciar qualquer tipo
compõem (MOREIRA, 2013; DIAS, 1990).
intervenção, compreender a estrutura e interação
Sobre os mecanismos de atuação dos/as terapeu- do grupo familiar que solicita seu atendimento. Isto
tas sistêmicos no setting terapêutico, estes são va- também se aplica ao exercício da terapia familiar
riados, podendo, inclusive, ser absorvidos de outras sistêmica, que tem como principal objetivo a com-
abordagens da Psicologia. A vertente Behaviorista preensão e atuação nos sistemas disfuncionais
radical, por exemplo, apresenta diversos conheci- que afetam de maneira negativa os membros das
mentos relacionados aos mecanismos de compor- famílias (BORGES; CASSAS, 2012; MINUCHIN;
tamentos individuais e interações sociais/familiares, FISHMAN, 2007).
sendo aplicados na prática através das técnicas
Neste sentido, as técnicas utilizadas nas interven-
analítico-comportamentais, possuindo efetividade
ções terapêuticas devem ser adaptadas ao contexto
também na prática do terapeuta sistêmico (TOURI-
do grupo familiar que solicitou atendimento, a fim
NHO, 1999; BORGES & CASSAS, 2012).
de que se possa obter melhores resultados no que
Quando conceitos como o de comportamento operan- diz respeito aos objetivos propostos em terapia. Por
te (Cf. MOREIRA; MEDEIROS, 2007) são aplicados consequência, sabendo que as técnicas propostas
ao contexto familiar, infere-se que o sujeito é afetado pela vertente analítico-comportamental foram empi-
pelo ambiente social, modificando-o, e passando ser ricamente testadas através da prática experimental,
afetado por ele. Por consequência, as interações fa- tornam-se vastas as possibilidades de estas serem
miliares não são consideradas lineares, mas sim cir- aplicadas, tanto na terapia familiar, quanto em outras
culares, da mesma forma que defende a abordagem abordagens da Psicologia (TOURINHO, 1999).
Sistêmica, já que Costa (2010) cita a circularidade
Falando especificamente sobre a eficácia da uti-
“como a lente para compreensão das influências mú-
lização de técnicas analítico-comportamentais no
tuas entre os membros da família” (p. 96).
exercício da terapia familiar, esta irá depender dos
Neste sentido, o presente artigo tem o objetivo de objetivos iniciais traçados pelo terapeuta, alguns
demonstrar a possível aplicabilidade das técnicas destes listados por Borges e Cassas (2012): “com-
analítico-comportamentais no exercício clínico da prometer família com o trabalho; estabelecer obje-
terapia familiar sistêmica. Trata-se de uma revisão tivos a serem alcançados por todos e por cada um;
bibliográfica do tipo qualitativo que investigou traba- fazer uma análise comportamental das interações
lhos produzido por autores conhecidos em ambas e desenvolver e implementar uma estratégia de in-
as abordagens (e.g., MINUCHIN; FISHMAN, 2007; tervenção” (p. 298).
REFERÊNCIAS
ANDERY, M. A. P. A. Comportamento e cultura
na perspectiva da análise do comportamento.
RESUMO
Este trabalho trata de uma análise sócio-antropológica feita a partir de uma
Jéssica Maís Antunes
pesquisa de campo o entorno de uma escola da rede municipal situada
UNIPAMPA
na cidade de Jaguarão/RS. Esta proposta foi desenvolvida pelo Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), do curso de
Licenciatura de Pedagogia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa),
em seu subprojeto Alfabetização e Educação Inclusiva. Este subprojeto
busca compreender uma forma de estabelecer vínculos entre os diversos
atores do ambiente escolar, fazendo uso de uma pedagogia dinâmica e
interventiva de superação das dificuldades de aprendizagem. Para tanto, as
ferramentas escolhidas para a realização da mesma foram entrevistas com
a equipe diretiva, questionários aplicados com os docentes e observação do
entorno da escola. A partir dos resultados constatamos o entorno escolar não
é o único fator que influência nos processos de aprendizagem, pois a escolha
de um planejamento adequado e uma intervenção adequada possibilita uma
maior humanização do ambiente escolar, permitindo resultados positivos
para toda a comunidade, principalmente para a formação de cidadãos mais
participativos.
10.37885/200500319
1. INTRODUÇÃO cessidades básicas, podem afetar ou não o proces-
so de ensino e aprendizagem no ambiente escolar.
Este artigo é produto de uma investigação de
2.METODOLOGIA
inspiração sócio-antropológica realizada por bolsis-
tas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (PIBID), do curso de Pedagogia da Uni-
versidade Federal do Pampa (Unipampa), em seu Primeiramente, para levantar dados relacio-
subprojeto Alfabetização e Educação Inclusiva. nados ao ambiente que cerca a escola, decidimos
realizar uma pesquisa de campo, onde foi feita uma
O grupo é composto de quinze bolsistas, três su- investigação de inspiração sócio-antropológica, com
pervisores e dois coordenadores, trabalhando em observação e conversas informais realizadas durante
uma escola vinculada à rede municipal da cidade uma caminhada pelas vilas onde residem os alunos.
de Jaguarão, no extremo sul do Rio Grande do sul.
Nesta pesquisa específica, o objetivo é determinar
Na escola os bolsistas foram divididos em onze quais problemas ou dificuldades enfrentam a co-
turmas, desde o pré-escolar até o 5º ano do ensi- munidade escolar. Durante a coleta de dados, pro-
no fundamental. A escola também possui uma sala curamos identificar onde moravam a maior parte
de Atendimento Educacional Especializado (AEE), dos alunos, as condições de saúde e moradia e as
onde trabalham quatro bolsistas com os alunos que interações entre a família e a escola.
para lá são encaminhados por serem considerados
com necessidades especiais. Descobrimos que o fator climático contribuiu para a
propagação de alergias como a rinites, há aumen-
A Escola General Antonio Sampaio foi fundada em to das doenças respiratórias e infectocontagiosas,
24 de maio de 1977,pelo prefeito da época, Clau- pois existem casos de alunos que isso é acentuado.
dionor Bastos Dode, tendo sido reinaugurada em Como verificaremos na figura 2 e 3, nos dias de
24 de março de 2004, após ampla reforma que a sol há poeira, devido à falta de calçamento o que
transformou numa escola modelo para o município, dificulta a chegada dos alunos em dias chuvosos
conforme Projeto Político Pedagógico (2011). Esta (figura 4), pois há as poças de água no caminho e a
escola está localizada na Vila Branca e atende outros formação de barro fino escorregadio, que em alguns
cinco importantes vilas, como demonstra a figura 1: trechos da rua chegam a dez centímetros de altura.
Carvalho, Mayer, Lucas, Boa Esperança e Patacão. Digam de outra forma, com a visão da criança.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O envolvimento de todos, para a minimiza-
na região. Modificando também as expectativas
dos acadêmicos em seus estágios e demais inter-
venções da UNIPAMPA, na educação, valendo-se
ção de problemas, nos levam a acreditar, que sim, de todo tipo de ferramenta, seja em suas áreas de
existe uma realidade difícil na área da educativa na formação, ou ainda, adentrando em outras áreas
cidade de Jaguarão, mas que podemos ir tomando também de igual importância para a formação e de-
consciência das problemáticas, estudá-las caso- senvolvimento sustentável da região.
-a-caso, aprofundar os nossos estudos junto aos
profissionais da escola até chegarmos a conhecer A educação qualificada e de qualidade, e a consci-
o histórico de cada um. ência de cidadania, muda à visão das comunidades,
tanto a nível acadêmico como, da comunidade que
No caso desta escola é evidente o quanto o en- esta sendo beneficiada. Valorizando as vivencias de
torno escolar influência, porém não é o único fator solidariedade e de respeito mútuo. Dignificando, o
que contribui para o baixo índice de aproveitamento nosso povo, elevando nossas vilas, a níveis de bair-
escolar, o planejamento pode se tornar um grande ros, bem organizados devidamente representados.
aliado na busca da qualidade do ensino.
É preciso que a família e a escola façam uma par- REFERÊNCIAS
ceria forte e aberta, o quanto antes, para que em
conjunto possamos transformar a tensa realidade KLEIN, Viviane. Família S/A. Um estudo so-
da relação da comunidade escolar, para que assim bre a parceria família escola. Disponível
os processos de aprendizagem aconteçam de forma em:<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/hand-
plena. le/10183/36536/000818029.pdf?sequence=1>.
Assim que, a comunidade, a escola, o estudantado, Acesso em: 22/11/12.
e a universidade encontram-se em um momento
único, visando de uma vez por todas, o tão desejado LIMA, Sandra Vaz de. Fatores que interferem
e sonhado desenvolvimento cultural da região e da nos processos de aprendizagem. Disponível
cidade, o que por sua vez foi uma realidade remota, em:<http://artigos.netsaber.com.br/resumo_ar-
e que se perdeu, com o passar do tempo. tigo_3440/artigo_sobre_fatores_que_interfe-
rem_na_aprendizagemonível em: . Acesso em:
A escola que se dispôs a desenvolver em seu es-
20/03/2013.
paço o projeto acadêmico, decididamente, marca a
sua presença no futuro da juventude e na mudança LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da
da idiossincrasia da região fronteiriça. Nunca mais,
aprendizagem escolar: estudos e preposições.
a letargia mental, nunca mais a “terra do já foi”.
11 ed. São Paulo: Cortez, 2001. (p.102 a 119).
O fato é que nos dias de hoje a oportunidade de
perceberem que a universidade chegou dentro de PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Pro-
suas próprias casas, faz com que as comunidades blemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes
se desacomodem e retomem o que sempre foi seu, Médicas, 1985.
o direito de uma educação de qualidade, a qualifi-
cação desta educação e o direito à cidadania cons- PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São
ciente. Paulo: Ática,1999.
Em síntese, os projeto e parcerias, reacendem as Projeto Político Pedagógico Escola Municipal
esperanças do resgate dos valores e dignidade dos de Ensino Fundamental General Antônio Sam-
cidadãos, hoje na figura frágil das crianças que vi- paio. (2011)
vem em vilas pobres, enfrentado tantas adversida-
des, para chegarem a escola, pois é neste local, SMITH & STRICK. Dificuldades de Aprendi-
que encontram a oportunidade de serem reconheci- zagem de A a Z . São Paulo: Artes Médicas,
das e valorizadas como sujeito social e importante,
2001.
por meio de realizações de estratégias políticas,
projetos sociais, assistenciais (APAE).
A realidade que circunda a escola, e principalmen-
RESUMO
O autoconceito do indivíduo está relacionado a maneira como esse
Maria Elisa Lacerda
indivíduo se comporta e mentem relações sociais e, temas como emprego,
Faria
desemprego, empregabilidade, qualidade total, relações de trabalho, custo
de vida entre outros, fazem parte do cotidiano das pessoas e estão presentes
Thamyres Ribeiro na mídia. Temas esses, que afetam tanto direta quanto indiretamente não
Pereira só a vida do adulto, mas também do jovem que está prestes a entrar ou já
entrou no mercado de trabalho. Esse trabalho tem como objetivo propor
um programa de orientação vocacional que se possa unir as ferramentas
Sylvio Tutya
do coaching e a avaliação psicológica afim de abranger as questões
da escolha profissional de maneira mais específica e estimulando o
Lidia Carolina autoconhecimento e o autoconceito. A avaliação psicológica na orientação
Balabuch
profissional é importante para a integração de determinantes situacionais
e de características pessoais que definem e sustentam a singularidade do
indivíduo. Portanto, todo o processo de avaliação que pode ser individual ou
em grupo, tem por objetivo o aconselhamento de carreira, sendo dinâmico
ao ponto de não só ajudar o indivíduo a interpretar suas necessidades
momentâneas, mas sim uma interpretação do seu desenvolvimento pessoal
ao longo da vida. O processo de Coaching auxilia e suporta o indivíduo
a despertar o seu potencial máximo rapidamente e produzir resultados
mais satisfatórios em sua vida pessoal e profissional. Pensando no que
foi exposto acima foi possível criar um processo de orientação vocacional
baseado em dez encontros onde se misturam ferramentas dos coaching,
avaliação psicologia e reflexão e diálogo sobre as realidades profissionais. O
presente trabalho nos mostrou de maneira geral, as novas possibilidades, os
novos métodos, além de todo o processo inserido no contexto da Orientação
Profissional. Cabendo a nós tirar o melhor proveito e a partir disso fazer
uma promoção do conhecimento.
gica.
10.37885/200500260
2.1 CONCEITUANDO ORIENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
2.OBJETIVO
Esse trabalho tem como objetivo propor um
e da demanda sociocultural. O vocacional tem rela-
ção com o sentido que se encontra na vida, o que se
pretende ser. O ocupacional refere-se ao fazer que
programa de orientação vocacional que se possa permite acionar tal sentido de vida. ‘’O vocacional
unir as ferramentas do coaching e a avaliação psi- sem o ocupacional é fantasia, sonhos, esperança. O
cológica afim de abranger as questões da escolha ocupacional sem vocacional é automatização, fazer
profissional de maneira mais específica e estimulan- sem sentido, alienação ‘’ (GELVAIN DE VEINSTEN,
do o autoconhecimento e o autoconceito. 1994). Pode-se pensar a vocação com um sentido
que cada pessoa dá a sua vida, como resultado da
RESUMO
O presente artigo tem o propósito de discorrer sobre o processo da
Luana Moletta de
adolescência, através de um recorte de realidade construído pela atividade
Carvalho
URI de “Cartas não-eviadas”, ao qual compõe o enfoque metodológico da
narrativa, que pretende com a experiência de recontar as significativas
Thalia Vielmo apreendidas nos contornos dessa etapa da vida, perceber como se
Bianchini apresenta a busca pelo ser e estar no mundo e possíveis transformações.
URI
10.37885/200500316
1. INTRODUÇÃO externa com o que o outro coloca em palavras, assim,
não se pretende se agarrar ao que o texto infere ou
A escrita tem no seu artifício possibilidades de que seja possibilitado dizer sobre ele, pois o que se
dar vazão a emoções antes restritas, e que ocupam lê está exposto além do que se entende, além do
assim, memórias e sentimentos que muitas vezes próprio gosto ou interesse. A intenção se debruça
confirmam a necessidade de “soltura ao mundo”. em relação de como o que está formalizado trans-
Através desse processo artístico, jovens de um Ins- forma também a própria relação com as palavras, no
tituto Federal do interior do Rio Grande do Sul, por aprendizado do que se fazia desconhecido. Nessa
meio de atividade realizada em sala de aula, pro- proporção, “o texto só diz o que você lê. E o que você
duziram cartas no intuito de não serem enviadas, lê não é mesmo o que você entende, não o que você
mas que direcionassem às suas emoções e con- gosta, não o que combina com você.” (LARROSA,
cepções, assim como a compreensão significativa 2003, p. 2, tradução nossa)¹ . Histórias permitem que
da realidade no processo temporal que não busca a sejam recontadas novamente, aqui está a arte para
apreensão, por entendê-lo como contínuo e que está que seja conservada e tecida a narração, pois nela se
à deriva de seguir linhas estáveis. A adolescência intensifica não apenas as sutilezas e observações de
transborda para além de apenas vivenciar o fenô- acontecimentos, mas também a existência de modo
meno em certa estatura de vida, ela culmina assim, transmissível, lugar em que o narrador se permite
em rastros emocionais para toda a vida finita, com estar. Para o autor Benjamin (1994), a narrativa pro-
seus sonhos, emoções e memórias. porciona que seja significado sua própria experiência
a partir do encontro com aquilo ao qual é contado
Na perspectiva de que pequenas partes das escritas e que inscreve níveis de sensibilidade na memória
compunham como efeito do que está no entremeio daquele que está para apreciar.
do “ser adolescente”, percebê-las como pequenos
recortes do mundo desses jovens leva-nos ao con- Ainda para os autores Brockmeier e Harré (2003)
fronto de questionamentos a partir de constatações as palavras narradas são proferidas e articuladas
nelas contidas. Pois, a construção da história escrita a partir de várias narrativas que são determinadas
como descrições biográficas direciona à questão pelo contexto por outros tipos de vozes que não
da identidade por percebê-la a partir de um interior apenas a do indivíduo do discurso, onde funcionam
dimensionado por ordem psíquica e cultural. (JOS- como de construção da realidade que assim com-
SO, 2007). Há na adolescência uma relação com põem conjuntos de regras que ditam o que é aceito
a morte do corpo da infância. O enlaçamento dos ou não em uma determinada cultura.
significantes parentais, assim como a alienação a Partindo do contorno narrativo, nosso foco princi-
si desconstrói-se como a um suplício para que seja pal nesse trabalho transpassa o contexto escolar e
reinventado, ou melhor, que o fim do corpo infantil as formas de construção de identidades que nela
seja simbolizado para que haja a inscrição de um se constroem, bem como as relações dos alunos
traço singular. (WEINMANN, 2012). e suas identificações com certos tipos de grupos
As linhas escritas por esses três jovens nos lançam à assim como o desordenamento, seja emocional,
necessidade de pensar a adolescência não como um familiar, social sentido em certos aspectos dessa
fenômeno temporário contabilizado até então para o fase relativa, levando em consideração a história
seu fim e início da fase adulta, mas a importância da de vida dos sujeitos. É resultado de uma atividade
compreensão desse processo que postula por buscas do evento Setembro Amarelo feita em um Instituto
de significantes e a sua reinvenção a um corpo que Federal do interior do Rio Grande do Sul, ao qual é
sofre modificações incontestáveis a eles. A adoles- uma instituição interna de ensino médio e técnico.
cência como precipitação em que o sujeito e o mundo A atividade foi executada por uma professora em
externo são lançados ao acontecimento do Real paira sala de aula dentre os anos do ensino médio, ao
à sustentação desse novo corpo e os trajetos para o qual solicitou aos alunos que escrevessem cartas
lugar que o outro ocupa que transcrevem ao jovem sobre como se sentem em relação a si, a escola,
um novo modo de existência. Assim, no envolvimento a família, e/ou o seu olhar sobre o mundo. Após
fraternal e de descobertas a grupos identificatórios, escreverem as cartas, as mesmas foram coloca-
promovem também a entrada no social, que permite das em uma caixa lacrada e entregue a nós, esta-
a multiplicidade e o desenvolvimento de processos giárias da Universidade correspondente à região,
criativos na transformação em sua vida cotidiana. vinculadas à instituição de forma a executar grupos
quinzenalmente com os alunos, ao qual conta com
2.METODOLOGIA
O presente trabalho tem como amparo meto- ¹ “El texto sólo dice lo que tú lees. Y lo que tú lees no es ni lo que
comprendes, ni lo que te gusta, ni lo que concuerda contigo.”
dológico a narrativa, em que percebendo a relação
A imagem do corpo da criança é transformada pela Dentre as escritas dos jovens que permitiram dar
puberdade. Há uma relação com o outro engajada forma ao trabalho, merece a atenção a prevalência
sobre dois pólos. Ao mesmo tempo em que busca sobre alguns trechos do desejo de se confrontar a
pontos de referências além das figuras parentais, um sentimento de morte, sendo pensado em vias
“mas numa extensão de fratria oposta ao mundo de fato como dar vazão a emoção. Esclarecemos
dito dos adultos” (RASSIAL, 2005, p. 131), exem- também que após a leitura dos trechos que con-
plo nas maneiras de se vestir e conhecimento por cluímos como necessários a uma intervenção aos
estilos. Nessa dualidade, tenta também encontrar a supostos autores, ao qual foi fornecido a atenção e
origem de si mesmo, nesse inconstante lado de fora medidas estabelecidas para que pudessem se sentir
de jogos sociais. Ainda para Rassial (2005, p. 131): acolhidos com o sentimento manifesto de mal-estar
intenso as significativas da vida.
Se existe uma experiência comum nos
adolescentes – e alguns surtos delirantes As tentativas ou comportamentos suicidas apode-
apenas a acentuam -, é a da ‘inquietante ram-se como a busca por um gozo, sendo que é na
adolescência a proveniência de muitas experiências
estranheza’, na relação com este corpo
possíveis, podendo pensar a relação por vezes exa-
submetido a intempestivas modificações e
cerbada com as drogas, ou a bebida. A inconstância
às intempéries do mundo, com este corpo
sobre seus sentimentos e a necessidade de habitar
que não está mais no lugar que lhe foi dado
um lugar e sentir-se assim reconhecido se esboça
no imaginário da criança e que, então, nas linhas que seguem de um dos adolescentes:
revela-se ‘mal-fodido’ ao olhar do sujeito “Quero pedir perdão por tudo e deixar claro que eu
sobre si mesmo. me importo demais enquanto ninguém é capaz de
me ajudar. ‘Eu grito por socorro, mas ninguém me
Em meio as transformações psicológicas, na adoles- escuta’”. (NÃO NOMEADO, SETEMBRO DE 2019).
cência nasce um novo referencial como um convite Nesse outro que perde o estatuto adquirido na infân-
a um novo nascimento, mas quem escolhe o nome cia simbolicamente ou imaginário, ancora-se assim,
dessa vez não são os pais. A família deve ocupar um as margens para a precipitação do real, na busca de
espaço de facilitadora do crescimento emocional, um lugar, que o leva à sensação de desorientação.
favorecendo a expressão da agressividade, raiva, (RASSIAL, 2005).
hostilidade de modo menos prejudicial, assim como
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
reforçar subjetivas sobre a ternura e afeto. (LEPRE,
2005; WAGNER ET AL, 1999).
A fuga pode ser compreendida como o desejo de Desejos sobre uma real intenção de passa-
habitar um outro lugar que seja distinto aquele locali- gens ao ato suicidas foram descritas nas cartas que
RESUMO
A Síndrome de Burnout foi considerada doença resultante de estresse
Karina Pregnolato
crônico e relacionado ao meio ambiente laboral. Como consequência, foi
Reis
UNISANTA classificada pela CID-11 como “problemas relacionados ao emprego e
ao desemprego”, não sendo tratada no capítulo de “transtornos mentais,
Márcia Villar Franco comportamentais e de neurodesenvolvimento”. Assim, necessária se torna
UNISANTA a análise do tema sob o prisma da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Marcelito Lopes e à luz das pesquisas científicas realizadas historicamente. Objetiva a
Fialho investigação alcançar o conceito para a referida síndrome, de modo que
UNISANTA se possam discutir as extensões de seu enquadramento como doença do
trabalho, à luz da Psicologia e do Direito à Saúde. Para tanto, pautou-se
a pesquisa no uso dos métodos de abordagem sistêmico e hermenêutico,
no método de coleta bibliográfico e documental, bem como no método
procedimental de análise qualitativa com emprego de análise do discurso.
Como resultados, encontrou-se a descrição da Síndrome de Burnout no ano
de 1953, a partir do estudo do caso conhecido como Miss Jones; e que tal
síndrome implica em danos causados à saúde, decorrentes das condições
laborais inadequadas, pelas excessivas pressões físicas e psicológicas
suportadas pelo trabalhador contemporâneo; sendo o surgimento da
patologia como fenômeno psicossocial, em razão de sofrimentos e
desgastes advindos do ambiente de trabalho. Finalmente, importa dizer
que o estudo da Síndrome de Burnout se traduz em relevante temática
que permite a intersecção entre a Psicologia e o Direito à Saúde, de modo
a se conseguir uma complementaridade, sem o esgotamento do assunto.
e Direito à Saúde.
10.37885/200500321
1. INTRODUÇÃO Entretanto, um dos primeiros e principais estudos
científicos sobre Burnout também são creditados
O presente estudo se destina à abordagem de ao psicólogo Herbert J. Freudenberger. Em seu ar-
tema de discussão atual, observado por um olhar tigo denominado Staff Burn-Out, datado de 1974,
sobre o mundo real hodierno, advindo das relações definiu o termo como sendo um “incêndio interno”,
humanas no ambiente de trabalho. decorrente de um excessivo desgaste emocional e
de recursos que afetam de forma direta e negativa-
Notadamente, no que concerne à saúde e à quali- mente a relação do indivíduo com o trabalho.
dade de vida do trabalhador, com destaque ao diag-
nóstico e ao manejo do estresse ocupacional, campo A terminologia da palavra Burnout, significa em tra-
que interessa de forma concomitante à Psicologia e dução direta livre “burn = queimar, out = fora/apa-
ao Direito à Saúde. gado”. Vieira (2010, p. 01) assim registra:
2.ORIGEM
DROME
E CONCEITUAÇÃO DA SÍN- esgotamento ou esgotamento de energia;
(ii) Despersonalização (DE) - quando ocorre
o aumento da distância mental do emprego,
Desde o ano de 1953, o termo Burnout passou a ou sentimentos de negativismo ou cinismo
ser utilizado devido a uma publicação de Schwartz e relacionados ao trabalho de alguém;
Will, a partir de um estudo de caso que ficou conhe- (iii) reduzida Realização Profissional (rRP)
cido como Miss Jones. Em seu trabalho, os autores - resultante da baixa redução da eficácia
descreveram os problemas suportados por uma en- profissional.
fermeira psiquiátrica desiludida com seu trabalho.
Na década de 60, surgiu outra publicação, desta vez Por sua vez, Carvalho (2019, p. 15) disserta a res-
intitulada como A burn Out Case, de Graham Gre- peito da Síndrome de Burnout:
ene. Nesta, houve o relato do caso de um arquiteto
que abandou sua profissão, devido a sentimentos A Síndrome de Burnout ou síndrome do
de desilusão para com a mesma. esgotamento profissional constitui um dos
danos laborais de caráter psicossocial mais
Franco et. al. (2019, p. 05) citam uma interessante Há, iniludivelmente, áreas de atuação profissional
pesquisa feita pela International Stress Management que são mais atingidas se comparadas a outras.
Association - ISMA-BR no ano de 2016 e que contou Percebe-se que áreas de extremada importância
com a participação de mil profissionais de diversas para a sociedade, como a área da segurança pública
áreas das cidades de Porto Alegre (RS) e São Paulo e da saúde são responsáveis por colocarem seus
(SP), constatou que 72% (setenta e dois por cento) profissionais em primeiro e terceiro lugares, respec-
dos pesquisados disseram estar frequentemente tivamente, no ranking das áreas mais acometidas
estressados e 32% (trinta e dois por cento) destes pela síndrome.
apresentavam sintomas da Síndrome de Burnout. Outro ponto a se destacar é a reluzente e expres-
Nota-se que, mediante o emprego de regra de três siva acentuação da síndrome em mulheres. Isto
simples, os trinta e dois por cento de indivíduos porque, segundo se observa, as mulheres acabam
portadores de sintomas da síndrome representam desempenhando dupla ou tripla jornada, além de
mais de 40% (quarenta e quatro por cento), isto precisarem provar sua competência para o merca-
é, 44,44% do universo de indivíduos pesquisados. do de trabalho, quando comparadas a homens que
Em números, significa dizer que pelo menos 444 exerçam a mesma atividade.
(quatrocentos e quarenta e quatro) dentre mil se en- Todos os fatores que importem em exposição do
contravam não apenas estressados, como também trabalhador a níveis elevados de estresse, em suma,
tinham sintomas da síndrome. podem conduzi-lo ao desenvolvimento da Síndrome
Ainda em Franco et. al. (2019, p. 05), pode-se extrair de Burnout.
que dos trabalhadores diagnosticados com Burnout,
4.INTERSECÇÕES
92% (noventa e dois por cento) se sentiam incapa- ENTRE PSICOLO-
citados; 90% (noventa por cento) praticavam o pre- GIA E DIREITO À SAÚDE
senteísmo; 49% (quarenta e nove por cento) deles
apresentavam depressão; 97% (noventa e sete) re- Para se estabelecerem as intersecções entre a Psi-
lataram ter exaustão, sem condições físicas e emo- cologia e o Direito à Saúde, traga-se à baila a reca-
cionais para fazer qualquer coisa; e 91% (noventa e pitulação de que a Síndrome de Burnout se inicia
um por cento) sofriam com desesperança, solidão, por um estresse crônico; portanto, uma condição de
raiva e impaciência. adoecimento psicológico do trabalhador, que pode
Os percentuais, obviamente, são elevadíssimos. chegar a níveis físicos e socioeconômicos.
Mas, Franco op. cit., relata que: Não raras vezes, diga-se, o ambiente do trabalho
adoece o indivíduo. Seja por fatores inerentes à
Quando considerada a área profissional, própria profissão exercida, seja pelas relações in-
a pesquisa apura que os profissionais terpessoais e/ou chefias psicopatas.
RESUMO
O presente artigo objetiva apresentar um estudo sobre a Síndrome de
Simone Campos
Burnout e sua relação com o trabalho docente e como essa síndrome pode
Prefeito
FAMEMA influenciar de forma negativa o dia-a-dia dos professores e sua vivência no
ambiente escolar, além de propor formas de enfrentamento e tratamento;
Dalva Alves Vicente para isso será utilizada uma revisão de artigos bibliográficos em português
UNIPIAGET em sites credenciados cientificamente.
Ruth Vieira Nunes
PUCCAMP
Tratamento.
10.37885/200500307
1.INTRODUÇÃO
O termo Burnout tem sua origem do verbo
2.OE SEUS
QUE É A SÍNDROME DE BURNOUT
SINTOMAS:
inglês ``to burn out´´ o qual significa queimar ou Em 1974, Freudenberger, um médico americano, re-
consumir-se por completo. Refere-se à condição feriu-se à síndrome de Burnout, também conhecida
que afeta frequentemente os trabalhadores em de- como síndrome do esgotamento profissional, como
trimento de sua profissão e que nutrem um contato um distúrbio psíquico. Ela está registrada no Grupo
direto e sucessivo com outros seres humanos. É V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional
um estado de exaustão física e mental que está de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde).
associada à vida profissional do indivíduo e que traz
São características da síndrome de burnout o des-
cansaço e frustração no ambiente no qual está inse-
gaste do estado emocional, psicológico, tensão e
rido. (FREUDENBERGER, 1970 apud TOMAZELA,
estresse crônicos, que a doença provoca pelas con-
2007).
dições físicas, especialmente numa profissão que
Tomazela (2007) explica que a Síndrome de Burnout requer do trabalhador um envolvimento interpessoal
é uma doença do trabalho com maior incidência em direto ou intenso. Podem ser citadas as seguintes
pessoas ligadas à área de humanas, associada à características: dores de cabeça, tensão muscular,
área da educação e saúde, o que lhes exige que distúrbios do sono, irritabilidade, sentimentos negati-
trabalhem sua relação afetiva no trabalho. vos que começam a afetar o relacionamento familiar
e a vida em geral com propensão a largar o emprego
Não devemos ter uma visão unilateral da Síndrome (CASTRO e ZANELLI, 2007).
de Burnout, pois ela afeta o indivíduo em sua totali-
dade, trazendo perdas significativas à sua qualidade Os altos índices de Burnout muitas vezes se de-
de vida e exercício profissional: vem às seguintes ocorrências: aumento da carga
de trabalho; baixos salários; pressão de tempo, ca-
Trata-se de uma experiência subjetiva de racterizada pelo fato de o tempo não ser suficiente
caráter negativo composta de cognições, para cumprir as exigências de trabalho; aumento da
emoções, atitudes e comportamentos complexidade do trabalho, caracterizada pelo fato
negativos frente ao trabalho e ao seu papel de um mesmo profissional desempenhar múltiplas
profissional e às pessoas que necessitam
funções simultaneamente; papel conflitante, carac-
terizado pela obrigação profissional de executar
se relacionar no trabalho (GIL-MONTE,
funções contrárias e conflituosas; e por último, a
2011 apud DALCIN E CARLOTTO, 2018).
ambiguidade de papéis, decorrente de informações
inadequadas e ambíguas ao comprimento da função
A expressão Burnout em geral é usada para expres- profissional (CASTRO e ZANELLI, 2007; TRINCA,
sar uma exaustão emocional gradual, um cinismo 2007; GRANGEIRO, et.al., 2008).
e a ausência de comprometimento experimentado
em função das altas demandas de trabalho em pro- No contexto do trabalho docente, Silva e Carlotto
fissionais que lidam diretamente com pessoas que (2003) destacam os seguintes fatores agravantes
de certa forma dependem dos mesmos (CASTRO de estresse:
e ZANELLI, 2007).
As constantes mudanças ocorridas
O trabalho é uma atividade que faz parte da vida di-
no sistema público de educação não
ária de todos os indivíduos, é através desta atividade
que as pessoas realizam parte de seus sonhos na raras vezes geram nesses profissionais
vida, é através do trabalho que elas satisfazem suas sentimentos de mal-estar e impotência.
necessidades básicas, como comer, beber, vestir-se O trabalho geralmente é realizado sob
etc.. Portanto é primordial que esses trabalhadores alguns fatores potencialmente estressores
das diversas áreas assim como os profissionais te- como: baixos salários, escassos recursos
nham maior compreensão desse transtorno e as- materiais e didáticos, classes superlotadas,
sim estejam mais atentos para seus sintomas e se tensão na relação com alunos, excesso de
previnam de forma a manterem sua saúde mental carga horária, inexpressiva participação
e física. nas políticas e no planejamento institucional
Neste artigo pretendemos verificar quais agravantes e falta de segurança no contexto escolar.
a profissão de professor apresenta relacionada ao
aparecimento da Síndrome de Burnout, bem como Diante de tamanhas exigências e lutas que o pro-
o modo mais utilizado no seu enfrentamento. fessor é obrigado a enfrentar para manter-se no
exercício de sua função, não é de se admirar que
a docência tenha se tornado uma das profissões
3.
abalada por vários fatores, entre eles,
RELAÇÃO ENTRE SÍNDROME DE o descaso das autoridades do Estado:
BURNOUT E A VIVÊNCIA DO PRO- sujeira, grafitagem, alusão a siglas de
FESSOR NA ESCOLA
grupos marginais ou rivais, cerceamento
do direito do cidadão-professor de ir e vir,
Segundo Carlotto (2002) um dos possíveis fatores
violência física e psicológica, rendição
que podem levar os professores a serem mais vulne-
diante do quadro de marginalidade intra e
ráveis ao Burnout são as novas exigências que hoje
a sociedade faz ao professor. Se antigamente “edu- extramuros escolares, desrespeito à função
cação vinha de berço”, hoje a família tem delegado docente etc. [...]
suas obrigações à escola; se antes o professor era
o detentor do conhecimento, hoje há inúmeras fon- Diante do exposto, podemos perceber que o alto ín-
tes e a rapidez das mudanças e profusão de novas dice de incidência de burnout em professores se dá
informações, o que torna a atualização do profes- não apenas devido ao ambiente de trabalho, mas traz
sor algo difícil de ser mantido. Ainda, a sociedade consigo todo o peso de políticas públicas e organiza-
com seus valores mutáveis exige que o professor cionais pouco eficazes, que acabam trazendo preju-
se adéque a eles e distinga o que deve mudar e o ízo não só à saúde do professor e ao seu exercício
que deve ser renovado na transmissão de valores profissional, mas também à transmissão de conhe-
aos alunos, o que torna a rotina do professor extre- cimento e profissionalização das futuras gerações.
mamente desgastante: Como consequências organizacionais do exercício
da docência por professores afetados pelo burnout,
O professor, neste processo, se depara segundo Carlotto (2002) temos:
4.TRATAMENTO
Mazon, Carlotto e Câmara (2008) afirmam que,
o) uso de substâncias, procurando se desviar
do problema pelo uso de substâncias psicoati-
vas que interfiram na capacidade de avaliação
com base em estudos de diversos autores que le- das situações.
varam a uma categorização e melhor detalhamento
sobre a doença, podem-se distinguir as seguintes Ao analisarmos o exposto podemos ver que nem
estratégias utilizadas pelos docentes como forma todas as estratégias utilizadas pelos docentes são
de enfrentamento: benéficas e assertivas e que, dependendo do nível
de estresse por eles enfrentado, sua busca por fugir
a) coping ativo, onde se estabelecem passos dos estressores pode trazer-lhes problemas ainda
sucessivos para remover, atenuar ou melhorar maiores devido ao uso de substâncias psicoativas.
os efeitos do estressor;
Ferenhof e Ferenhof (2002) baseados na obra de
b) planejamento, onde o docente pensa sobre Nascimento (2001), afirmam que, tanto o psiquia-
as alternativas para lidar com um estressor tra quanto o psicólogo, ao invés de simplesmente
criando estratégias de ação; afastarem os professores de suas funções, devem
levar o docente a uma prática de reflexão continuada
c) supressão de atividades concomitantes, bus-
sobre o seu trabalho; na busca de possíveis solu-
cando redução de atividades que distraiam o
ções para problemas reais do seu cotidiano escolar;
sujeito do foco estressor;
no desenvolvimento psicossocial do professor e na
d) coping moderado, busca de uma oportuni- aquisição de níveis mais elaborados de autoconhe-
dade apropriada para a ação, objetivando o cimento; no seu desenvolvimento potencial criativo
controle da impulsividade; e expressivo; no aprofundamento das relações, e
no fortalecimento dos vínculos afetivos e sociais do
e) busca de suporte social por razões instru- grupo de trabalho.
mentais, procura por conselho, auxílio ou in-
formação relativo ao estressor; Carlotto, et. al. (2015) atenta para o fato de que o
modo como o professor encara as demandas de
f) busca de suporte social por razões emocio- seu dia a dia, o autoconhecimento e sua capacidade
nais, ou seja, a busca por apoio moral, compai- de gerir seus próprios recursos e emoções, tendem
xão ou entendimento, geralmente na família, a funcionar como fator preventivo à Síndrome de
amigos ou profissionais de sua confiança; Burnout:
g) foco na expressão de emoções, procurando
focalizar a experiência de estresse, ventilando [...] professores com alto sentimento de
sentimentos negativos; eficácia persistem e mantêm-se motivados
e entusiasmados nas tarefas empreendidas,
h) desligamento comportamental, que é o
criam um contexto de aula favorável e,
abandono das tentativas para atingir metas nas
consequentemente, conseguem melhores
quais o estressor interfira;
resultados [...]
i) desligamento mental, busca de atividades Pode-se entender que os docentes que
alternativas para afastar o problema da mente; acreditam na sua capacidade de lidar
j) reinterpretação positiva, que consiste em rein- com as inúmeras demandas profissionais
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou compreender e clarificar
e Educacional, São Paulo. V. 22, n. 1, Janeiro/
Abril de 2018, 141-150 pp.
RESUMO
O presente estudo constitui sobre a temática do Transtorno do Pânico e os
Andréia Camargo
traumas na infância de acordo com as vivências traumáticas da criança desde
o nascimento e no decorrer do seu desenvolvimento através do convívio
e ambiente familiar. Winnicott salienta a importância da previsibilidade do
ambiente na experiência de continuidade. Uma mãe de humor instável,
por exemplo, fará com que o bebê nunca saiba o que esperar dela, o que
provoca grande desconforto psíquico na criança. Para o autor, o trauma
se constitui quando o ambiente falha, o que pode remeter às chamadas
angústias impensáveis, onde teremos então um fator predominante onde
poderá contribuir para o surgimento do Transtorno do Pânico.
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1.INTRODUÇÃO
O presente projeto de pesquisa tem o objeti-
2.REVISÃO DE LITERATURA
vo de desenvolver a seguinte a seguinte questão:
“Como os traumas da infância podem influenciar no 2.1 ANSIEDADE
desenvolvimento do Transtorno do Pânico?”.
Segundo palavra “ansiedade” deriva do termo grego
A Síndrome do Pânico é uma maneira defensiva Anshein, e tem por significado “estrangular, sufocar,
que o indivíduo encontrou de se relacionar com a oprimir”. Os primeiros registros sobre ansiedade es-
vida e com a morte. Por mais absurdo que pareça, tão na Grécia clássica, esta que estava associada
o Pânico é uma mensagem para um mundo externo a sintomas corporais, embora Hipócrates tivesse
de que algo, no mundo interno, não conseguiu ser descrito alguns casos de fobia, tanto na Antiguidade
traduzido. O Pânico de comunicar o indizível. Quem quanto na Idade Média a ansiedade raramente era
experimenta crises, na verdade, inconscientemente, tida como uma doença. (GRAEFF, et al. 1999)
se vale das mesmas para entrar em contato com
Ainda de acordo com Graeff et al (1999,135 e 136):
aquela angústia primitiva e solta. Vale salientar que
“[...] século XX, com Heidegger e Sartre [...] as fobias
a Síndrome do Pânico é um reflexo de um passado
passam a ser encaradas como problemas médicos
mal vivido pela criança, e as consequências se refle-
[...] o conceito de neurastenia, formulado pelo psi-
te no futuro no indivíduo já adulto, TRINTINAGLIA,
quiatra norte-americano Beard, englobava o que se
SUZYMARA (2001).
entende hoje como estados da ansiedade patológica”.
O Transtorno do Pânico ocorre independente da
A partir do momento que as fobias passam a ser
classe social, cor e crença, e isto significa que já
consideradas pela medicina como um problema
havia uma pré-disposição interna, pois que já es-
de cunho patológico, há um novo olhar, científico,
tava sendo formada durante o percurso de vida do
sobre a ansiedade. Teve grande proeminência na
individuo, esperando apenas o momento certo de
Psiquiatria com Sigmund Freud, na primeira metade
desencadear. Porém, quem vivencia esses confli-
do século XX.
tos, a meu ver, são muito sensíveis e especiais.
E, tendem a vivenciá-los em determinada fase de Deste modo, Graeff et al afirmam que “os processos
suas vidas, na tentativa inconsciente de resgatar e recentes das neurociências, o advento da Etologia, a
manifestar a sua verdadeira essência. evolução da teoria da aprendizagem e o sucesso re-
lativo da Psicofarmacoterapia vêm orientando o curso
Vale ressaltar que influência do ambiente em que a
da Psiquiatria em direção à Biologia” (1999, p.136).
criança está inserida e das famílias, que nem sem-
pre são positivas, e a má estrutura das famílias con- Segundo FORGIARINI (2010 et al Shinohara 2001)
tribuem para que haja transtornos da personalida- cita que a ansiedade que antes era um mecanismo
de do indivíduo e são fatores geradores de medos, adaptativo diante de perigos verdadeiros torna-se
inseguranças, traumas físicos e psicológicos e de inadequado se usado para alarmes falsos e se usado
doenças, que afastam o sujeito da interação ade- em grande frequência. Os sintomas de ansiedade,
quada no convívio familiar e social. estes que refletem no funcionamento do medo no
cérebro - na tentativa de lidar com situações difíceis
Nota-se também que a relação vincular familiar em
- geram em excesso e inapropriadamente ameaças
um ambiente não facilitador é uma das causas de
em resposta a situações geralmente inofensivas.
conflitos infantis, causados por esses fatores cita-
dos, que propiciam na maioria dos casos traumas. Ainda para FORGIARINI (2010) a ansiedade e o
pânico estão intimamente relacionados (BARLOW,
Sabemos também que a falta de proteção, de cari-
2002, apud, BARLOW e DURAND, 2008), de forma
nho, atenção e acolhimento, acontecem em todos
que a ansiedade venha a aumentar a probabilidade
os setores: família, escola e sociedade e são os
do pânico.
que mais contribuem para a desestruturação psicos-
social do indivíduo e ainda gerando uma possível Para Barlow e Durand (2008), teoricamente exis-
patologia como o Transtorno do Pânico. te diferença entre medo e ansiedade. Sendo que
esta última é caracterizada por um estado de humor
A questão que norteia este artigo é de que forma os
orientado para o futuro, ou seja, prever e controlar
traumas vivenciados na infância podem influenciar
os eventos que estão por vir. Já o medo é uma re-
no desenvolvimento do Transtorno do Pânico.
ação emocional imediata para o perigo atual, com
tendência de ações escapatórias.
De acordo com os critérios do Manual Diagnostico
e Estatístico dos Transtornos Mentais (D.S.M. IV)
Para o mesmo autor da mesma maneira é a família De acordo com Winnicott (1989) se o ambiente faci-
que tem mais probabilidade de proporcionar o que litador não for satisfatório, rompe-se a linha da vida,
corresponde a isso com relação à vida mais sofisti- e as tendências herdadas, muito poderosas, não
cada da criança e do adolescente. podem levar a criança à plenitude pessoal.
Ainda para o autor o funcionamento familiar pode Para Winnicott (1989) são os padrões familiares
ser encarado como preventivo do trauma, desde da criança, mais que qualquer outra coisa, que a
que se permita que o significado da palavra “trauma” abastecem daquelas recordações do passado, de tal
mude com o crescimento da criança, da primeira modo que, ao descobrir o mundo a criança sempre
infância para a maternidade plena, com o crescimen- realiza uma viagem de volta e essa viagem faz sen-
to que vai da dependência para a independência. tido para ela. Caso seja a família da própria criança,
Com base nisto, a família pode ser estudada não então a viagem de volta não submete ninguém a
somente como uma atitude estruturada dos pais, pressões, por ser da essência da família que ela
parentes próximos e irmãos e irmãos, mas também permaneça orientada para si mesma e para as pes-
como algo, que é em parte produzido pelas neces- soas dentro dela.
sidades urgentes das próprias crianças, necessida- Winnicott (1990) cita que na maturidade, o ambiente
des de surgidas da dependência e do fato de que o é algo para o qual o individuo contribui e pelo qual
processo individual de amadurecimento só se torna o homem ou mulher individual se sentem respon-
sáveis.
4.MATERIAL E MÉTODOS
palavras, é pertinente à dependência. O trauma é
um fracasso relativo à dependência.
Segundo Winnicott (1994) um estudo do trauma,
portanto envolve o investigador em um estudo da
história natural do meio ambiente relativa do in- 4.1 PESQUISA QUALITATIVA.
dividuo em desenvolvimento. O meio ambiente é
adaptativo e, depois, desadaptativo; a mudança da O presente trabalho parte da concepção de que para
adaptação para a desadaptação está intimamente se estudar um fenômeno deve-se compreendê-lo
relacionada ao amadurecimento de cada individuo, e interpretá-lo a partir dos seus significados e do
dos complexos de mecanismos mentais que acabam contexto em que esta inserida.
por tornar possível uma mudança da dependência A pesquisa qualitativa propicia a utilização de mé-
no sentido da independência. todos que auxiliem a uma visão mais abrangente
dos problemas, pois supõe o contato direto com o
5.ANÁLISE
Neste trabalho será utilizado como material de estu-
do o livro Transtorno do Pânico – Prisioneiros do So-
frimento Subjetivo de Suzymara Trintinaglia (2009).
O psicanalista britânico Winnicott enfatizou a
importância da participação da mãe suficientemente
boa, ou seja, a mãe real e de um ambiente facilitador
para um saudável desenvolvimento da criança. Em
um de seus registros especiais sobre sua idéia, Win-
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
na vida adulta de forma psicopatológica. O pânico
é uma delas. Seria então uma defesa extrema para
impedir a queda do indivíduo nessa terrível condição
outrora vivida. Esse adulto não tem muita tolerância A primeira vez em que se falou em Transtorno
para a falta de proteção e garantias; está sempre do Pânico foi em 1860, durante a Guerra Civil Ame-
contando com um objeto idealizado e protetor diante ricana, onde ficou conhecida como Coração Irritável
de um mundo que se frustra diariamente e o coloca TRINTINAGLIA (2009).
frequentemente em situações vividas como perigo- Desta época em diante, foi algo cada vez mais
sas. O pânico acontece quando esse individuo olha pesquisado e discutido, como Freud em 1898, no
para aquele lugar que, segundo ele, deveria estar qual após uma leitura psicanalítica, classificou em o
adequadamente oferecendo garantias e se dá conta acesso e o excesso inesperado e incompreensível
de que está vazio. de intensa angústia de Neurose de Angústia. E por
Ainda para TRINTINAGLIA (2009) Winnicott cita fim, após vários estudos, inclusive envolvendo não
RESUMO
A possibilidade de discutir condições de uma maior eficiência de uma gestão
Luís Henrique Alves
com pessoas para a instituição Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do
Paraná levando em considerações as medidas utilizadas na aplicação do
gerenciamento de pessoas sendo estas de forma efetiva dentro do cenário
da instituição, propondo uma nova visão e entendimento decorrente desse
estudo. O estudo justamente, verifica a melhor funcionalidade do sistema
de gerenciamento de pessoas, buscando formas de reconhecimento,
avaliação e tratamento aos problemas decorrentes de uma gestão. Com
esses estudos à necessidade de entender o a dimensão da pessoa em
situações de trabalho no Corpo de Bombeiros. Seres humanos com
potenciais e limitações a serem lapidadas e de posse destas informações
virem a vislumbrar as melhores medidas gerenciais e ainda as melhorias
no sentido produtivo, sadio e prazeroso para o ambiente de trabalho seja
ele administrativo ou operacional dentro do Corpo de Bombeiros da Polícia
Militar do Paraná.
10.37885/200500247
1. GESTÃO HUMANA COMO GESTÃO de que garante aos profissionais de uma organiza-
ESTRATÉGICA ção e que também os capacitam para executarem
determinadas atividades que possam surgir durante
Podemos entender uma idéia compartilhada da clas- a formulação dos planos estratégicos, servindo de
sificação das competências como profissionais ou suporte para a elaboração e o desenvolvimento de
ainda humanas que seria (aquelas relacionadas a projetos em relação à gestão e servindo de subsi-
indivíduos ou a equipes de trabalho) e as organiza- dio aos recursos humanos dentro das organizações
cionais (aquelas inerentes à organização como um (PIRES, 2005).
todo ou a uma unidade produtiva), ressaltando-se
que as competências profissionais, aliadas a outros 1.2 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO
recursos e processos, dão origem e sustentação às DE PESSOAS
competências organizacionais, vindo de encontro
de a uma proposta de alinhar esforços para que É necessário, pois, analisar o desenvolvimento de
competências humanas possam gerar e sustentar competências profissionais ou humanas, salientou
competências organizacionais necessárias à con- ser um processo de aprendizagem que tem como
quista de objetivos estratégicos, (PIRES, 2005). objetivo preencher o vazio entre os conhecimentos,
as habilidades e as atitudes dentro de uma organiza-
É importante ressaltar que em razão da natureza do
ção. Tendo sido estabelecidos em função do cargo
papel ocupacional que as pessoas desempenham,
ou da posição ocupada pelo indivíduo na organiza-
por exemplo, as competências humanas podem ser
ção, essas competências acometem, sob o ponto
classificadas como técnicas e gerências, essas com-
de vista da qualificação profissional, não apenas
petências podem ainda serem classificadas como:
aos saberes cognitivos e técnicos, mas também aos
É as competências podem ser classificadas como saberes postos em ação, ou ainda, podendo ser à
emergentes (aquelas cujo grau de importância tende capacidade de o indivíduo ter para resolver os pro-
a crescer no futuro), declinantes (aquelas cujo grau blemas, de lidarem ainda com situações imprevistas
de importância tende a diminuir no futuro), estáveis e de como compartilharem e também de transferirem
(as que permanecem relevantes ao longo do tempo) conhecimentos (PIRES, 2005).
e transitórias (aquelas que se fazem importantes
apenas em momentos críticos, de crises e transi-
ções).: (PIRES, 2005), p. 21). 2. VALORIZAÇÃO DE PESSOAS NA
ORGANIZAÇÃO CORPO DE BOM-
BEIROS
É necessário compreender o significado de orga-
nização, buscamos referência ao conceito mais
Podemos compreender que visando uma perspec-
clássico, para então desta forma, definir organiza-
tiva de melhoraria, uma série de projetos e inves-
ção como um conjunto de pessoas que realizam
timentos realizados para a melhor gestão de uma
tarefas, seja em grupo, seja individualmente, porém
instituição profissional bombeiro militar para estar
de forma coordenada e controlada, atuando num
bem mais preparada, esta deve estar sempre, valori-
determinado contexto ou ambiente, com intuito de
zada e motivada para servir a comunidade. Ao pon-
atingir um objetivo antes já determinado através da
tuarmos uma das ações, seria uma contra partida do
qual executada e da forma eficaz, utilizando dos
governo para equipar e valorizar a corporação, tais
meios e recursos disponíveis, sobre a liderança ou
medidas podem estar voltadas para programas de
não de alguém com as funções de planear, organi-
reestruturação da Segurança Pública e consolidam
zar, liderar e controlar estas atividades predispostas.
investimentos em estrutura física, aumento de efe-
(ROBBINS, 2002).
tivo, aquisição de novos equipamentos e veículos,
benefícios salariais e um conjunto de ações de es-
1.1 MODELOS DE GESTÃO COM PESSOAS tímulo ao trabalho bombeiro. Comissões especiais
para elaborar propostas de revisão das regras de
Podemos compreender que o aumento do interes- ingresso, lotação, transferência e até promoções
se pela gestão de competência decorre, sobretu- são benefício que influenciam diretamente os bom-
do, de um reconhecimento do fator humano como beiros. O aumento do efetivo para diminuir o déficit
o elemento primordial para o sucesso das organi- de policiais por habitantes nas regiões atendidas
zações. Ter a identificação desses elementos em pelos bombeiros, através de concurso para compor
seus objetivos estratégicos consiste, portanto, num os quadros do Corpo de Bombeiros. Iniciativas que
requisito fundamental para a implantação de um mo- trazem respeito e reconhecimento da importância
delo de gestão. Estas atividades de mapeamento destes profissionais, destaca-se a importância das
de competências, sendo aqui uma identificação do ações da gestão para a corporação, trazendo pre-
conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes sente o fator motivacional. Com essas reflexões,
3.
profissional que integra a segurança pública do es-
tado. Também responsável pela prevenção contra
O FLUXO DE COMUNICAÇÃO NA
incêndio, preservação do patrimônio, pelo combate
GESTÃO DE PESSOAS DO CORPO
a incêndios, por resgatar as vítimas de afogamentos
DE BOMBEIROS
e ao atendimento a traumas decorrentes de aciden-
tes. Pela conscientização da população em relação É necessário, pois, analisar a interação entre os
às medidas de segurança adotadas na prevenção distintos cargos dentro da instituição Corpo de Bom-
de incêndios. O bombeiro militar deve ter um ótimo beiros. Os diversos tipos de posto e graduações
condicionamento físico, equilíbrio emocional para colocam os diversos militares colegas, administra-
resolver os mais diversos tipos de situação e desejo dores e subordinados, a comunicação deficiente,
de servir a população salvando vidas. Além disso, as atitudes negativistas e a instabilidade emocional
este profissional deve ter raciocínio rápido; resistên- são os principais propulsores de um clima organiza-
cia física; disciplina; coragem; liderança; boa saúde; cional estressado, angustiado para o cumprimento
capacidade de trabalhar em equipe, de trabalhar sob das metas organizacionais, impedindo de cumprir
pressão, de decidir e de cumprir ordens. suas finalidades, quais sejam produtos ou serviços
com maior qualidade, além de deixar a destinação
Há estados onde o Corpo de Bombeiros está asso- social prejudicada (JUNIOR, 2009).
ciado à Polícia Militar, neste caso, o recrutamento é
feito através de concurso público tanto para oficiais Acerca do clima organizacional, que, uma atmosfe-
como para cargos inferiores na hierarquia militar. ra soturna, eivada de desrespeito, promessas não
(PACIEVITCH, 2018) cumpridas, ausência de transparência, o mandão
e as injustiças dentre outras, orientam as pessoas
para a desmotivação e redução do desempenho
2.2 COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS DENTRO organizacional (JUNIOR, 2009).
DA ORGANIZAÇÃO CORPO DE BOMBEIROS Uma boa comunicação seguindo o fluxo de cadeia
de comando permite que ela oriente os seus pares,
Na organização bombeiro militar, as atividades de facilitando a tomada de decisões e promovendo uma
desenvolvimento de competências também podem integração interdepartamental. Vale muito prestar
auxiliar o planejamento das carreiras, podendo ser atenção em algumas dificuldades da comunicação
definido como um conjunto de conhecimentos, habi- que podem advir como o fato de muitas vezes os
lidades e atitudes segundo uma escala de complexi- membros de um setor específico de ficarem isolados
dade. O objetivo é ampliar o conhecimento e o aces- em suas próprias áreas de atividade e sem tempo ou
so a de tais desempenhos para se chegar a uma estímulo para a execução de suas tarefas, devendo
ampliação dos conhecimentos e também aspectos ser seguidas pela coordenação a fim de a gestão
comportamentais que melhorem o desempenho deixar de correr o risco de se tornar menos confiável
individual em cada nível e, conseqüentemente, a ganhando assim a credibilidade e confiança daque-
qualidade da entrega organizacional. (PIRES, 2005). les que estão sob sua gerência (JUNIOR, 2009).
Os estudos desse autor (PIRES, 2005),vêm o en-
contro de nossos anseios, no sentido de mostrar que
a competência individual apresentadas pelo servidor 3.1 A DISTRIBUIÇÃO E COMPETÊNCIA
bombeiro militar e as requeridas para o alcance das
metas organizacionais. O plano de desenvolvimento A Competência esta relacionada com a compreen-
de competências procura antes de tudo ampliar a são do sistema ou negócio, em que se esta inserida,
capacidade individual para assumir atribuições e com seus objetivos específicos que vão desde as
responsabilidades cada vez mais em níveis cres- competências sociais, competências necessárias
centes de complexidade. Apontar seus pontos fortes para interagir com pessoas, como, por exemplo,
e as deficiências individuais são fundamentais para comunicação, negociação, mobilização para mu-
o seu desenvolvimento profissional. O estimulo ao danças, sensibilidade cultural, trabalho em grupos,
aprendizado contínuo e o auto desenvolvimento. conhecimento do serviço, agregando a isso o valor
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo discutir os mecanismos neurais
Leonardo da Cunha
envolvidos no uso de anfetaminas, ampliando a discussão para o potencial
Guimarães
UNICNEC de abuso envolvido com tal substância, bem como medidas de políticas
públicas viáveis ao manejo de usuários da mesma. Trata-se de uma revisão
Gabriela Nunes narrativa da literatura, conduzida nas bases de dados PubMed e SciELO.
UNIP Os estudos encontrados na presente revisão mostram que o sistema
Vitória Emanuelle da dopaminérgico é um dos principais mecanismos neurais envolvidos no
Silva Viana uso de anfetaminas. Por conta do envolvimento dopaminérgico, o uso de
UNICNEC anfetamina causa sensação de prazer, euforia e, consequentemente, um
efeito reforçador que leva o sujeito a buscar repetir a experiência. Uma
Angela Kunzler vez continuado o uso, o sujeito apresenta crescente comprometimento
Moreira
da tomada de decisão, manutenção e conclusão de objetivos e prejuízos
UNICNEC
no controle inibitório. Por conta destes achados, pode-se concluir que as
anfetaminas são drogas com um potencial de abuso bastante elevado,
cuja intensidade requer medidas de políticas públicas visando prevenção
do uso e promoção de práticas assertivas de manejo clínico dos sujeitos
usuários de anfetamina.
blicas.
10.37885/200500320
1. INTRODUÇÃO po e interesse afetivo em atividades que envolvam
o consumo da substância. Mesmo que o indivíduo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) defi- tenha noção das consequências dos problemas físi-
ne como droga qualquer substância capaz de alterar cos, psicológicos e sociais que a substância resulta
processos biológicos de organismos vivos (Organi- em sua vida, o uso continua constante. (American
zação Mundial da Saúde [OMS], 1993). Dentro da Psychiatric Association, 2013; Dalgalarrondo, 2000).
vasta quantidade de substâncias que se enquadram A baixa autoestima é uma questão relevante da sín-
nesta abrangente definição, existem aquelas cuja drome de dependência de substâncias psicoativas.
alteração se dá no Sistema Nervoso Central (SNC), Associa-se com diminuição dos interesses, declínio
as quais chamamos drogas psicoativas. Grande par- dos cuidados consigo mesmo, desaparecimento de
te das chamadas drogas psicoativas causam efeito vínculos sociais. Essa diminuição da autoestima re-
reforçador, levando o sujeito a buscar continuamente laciona-se também com perda do autorrespeito, sen-
a repetição de sua experiência com a droga, sendo, timentos de vazio e de solidão e depressão. Assim
portanto, chamadas drogas de abuso (Saijadi, Ha- como o envolvimento com a substância acaba por
rouni & Sani, 2015). tornar-se compulsório, o processo de recuperação
No que se refere às drogas causadoras de trans- implica envolver- se afetivamente em outras ativida-
tornos relacionados ao uso de substâncias, são des e desenvolver relações afetivas com pessoas
classificados 10 principais tipos de drogas: cafeí- significativas, reconquistando, assim, a autoestima
na; Cannabis; álcool; alucinógenos (com categorias (Alverson, Alverson & Drahe, 2000; Dalgalarrondo,
distintas para fenciclidina [ou arilciclo-hexilaminas 2000).
de ação similar] e outros alucinógenos); inalantes; As anfetaminas são drogas de abuso bastante pre-
sedativos; opioides; hipnóticos e ansiolíticos; esti- sente no cotidiano (Bhatt et al., 2016). Além do seu
mulantes (substâncias tipo anfetamina, cocaína e uso isolado, muitas pessoas consomem anfetaminas
outros estimulantes); tabaco; e outras substâncias através de medicamentos derivados de anfetamina,
(ou substâncias desconhecidas). Esses 10 tipos não classe de fármaco conhecida como anfetamínicos
são totalmente distintos, pois de certa forma todas (Heal et al., 2013). A seguir, são apresentados os
as drogas que são consumidas de forma exagerada mecanismos neurais envolvidos na intoxicação por
possuem semelhanças com base na ativação direta anfetaminas e anfetamínicos. Juntamente, se discute
do sistema de recompensa do cérebro (Quevedo & o potencial de abuso de tais drogas, problematizando
Izquierdo, 2020; Kandel et al., 2014). medidas de prevenção e promoção de saúde pública
Em tese, as substâncias psicoativas produzem uma com relação ao uso nocivo de tais substâncias.
sensação de prazer ou excitação, cuja correspon-
2.MECANISMOS
dência cerebral está ligada às denominadas áreas NEURAIS DAS ANFE-
de recompensa do cérebro. (Quevedo & Izquierdo, TAMINAS
2020; Sadock & Sadock, 2007). Com isso, pode-se
aprofundar o entendimento sobre a intoxicação, que
Falar em mecanismos neurais envolvidos no uso de
é definida como uma síndrome reversível específica
determinada substância refere-se às regiões ence-
(modificações comportamentais ou mentais, como
fálicas que apresentam maior atividade durante o
danos ao nível de consciência e outras variações
período de intoxicação da substância de interesse.
cognitivas, agressividade e/ou humor instável) cau-
Igualmente, considera-se o tipo de atividade que tal
sada por substância psicoativa recentemente con-
substância desencadeia durante tal período, pois o
sumida (Dalgalarrondo, 2000).
conjunto de alterações fisiológicas e comportamen-
Neste sentido, pode-se abordar sobre o abuso de tais associado à determinada substância é resultado
substâncias psicoativas, que ocorre quando há uso de tais alterações em suas circuitarias alvo (Zane-
recorrente ou contínuo de uma substância psico- latto & Laranjeira, 2018; Kandel et al., 2014).
ativa, e esse uso leva a prejuízos ou sofrimento,
Atualmente, ferramentas de neuroimagem, Tomo-
e também sobre o conceito de uso nocivo de uma
grafia por Emissão de Pósitrons (PET, da sigla em
substância psicoativa, que é mais restrito que o de
inglês para Positron Emission Tomography) ou Res-
abuso. Refere-se ao uso que causa danos à saúde
sonância Magnética de Imagem Funcional (FMRI, da
física (esofagite ou hepatite alcoólica, bronquite por
sigla em inglês para Functional Magnetic Resonance
tabagismo) ou mental (depressão associada ao con-
Imaging) permitem mapear a atividade neuronal de
sumo exagerado de álcool) (Dalgalarrondo, 2000;
forma relativamente precisa (Bigler, 2016; Biotteau
OMS, 1993).
et al., 2016). Somando-se à estas técnicas não in-
Há, na dependência, uma forte ligação do sujeito vasivas, estudos com intervenções farmacológicas e
com a substância, onde ele pode dedicar muito tem- cirúrgicas em modelo animal são bastante prósperos
4.
náuseas, vômitos, cefaleia, vertigem, taquicardia, TRATAMENTO E MANEJO CLÍNICO
excitação, boca seca, constipação, alteração da li- DO USO ABUSIVO DE ANFETAMI-
bido, diarreia, calafrios e palidez, sendo assim pode NAS
ser obtido prejuízos em vários aspectos como na
vida social, afetiva, no trabalho e etc. (Rodrigues As intervenções sobre o uso abusivo de anfetami-
et al., 2010). nas visam dois principais objetivos: (1) o tratamento
Quando a anfetamina é tomada continuamente, o e manejo clínico da dependência química e (2) a
usuário começa a perceber que com o tempo a dro- conscientização acerca das implicações do uso de
ga faz menos efeito; assim, para obter o que deseja, anfetaminas e seus derivados em suas formas tera-
precisa ir tomando, a cada dia, doses maiores. Há pêuticas. O tratamento do uso abusivo e da depen-
casos que de 1 – 2 comprimidos, a pessoa passou dência química de afentamina tem como principal
a tomar até 40 – 60 comprimidos diariamente. Este objetivo ajudar o indivíduo a interromper o consumo
é o fenômeno da tolerância, ou seja, o organismo da substância, bem como devolver a autonomia do
acaba por se acostumar ou ficar tolerante à droga, indivíduo e reparar os danos afetivos e psicosso-
ciais associados ao consumo abusivo da mesma.
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S1516-44462000000600003
RESUMO
o presente ensaio tem como objetivo investigar e discutir as possibilidades
Arina Marques
interventivas da psicanálise no contexto hospitalar. Entende-se o hospital
Lebrego
UNAMA como como um lugar atravessado por adoecimento, padecimento e morte,
o profissional munido do aporte teórico psicanalítico insere um componente
Dorivaldo Pantoja subversivo à homogeneização das subjetividades presentes na instituição.
Borges Junior Sendo assim, levantou-se provocações referentes ao teor subversivo que
UNAMA
a escuta psicanalítica atribui a esse contexto: a escuta de uma fala livre e
de um sujeito desejante que se encontra padecido organicamente.
10.37885/200600505
1. INTRODUÇÃO De início, chama atenção a constatação de que a
cena hospitalar se organiza a partir de critérios obje-
Freud (1919|1918|1996), no texto intitula- tivos, de forma contrária às proposições de trabalho
do Linhas de progressos na terapia psicanalítica, psicanalítico junto a subjetividade do paciente. O
apresentado no V Congresso Psicanalítico Interna- sujeito, vive sua vida e então, de repente, ou às
cional, realizado em Budapeste em Setembro de vezes lentamente, se vê diante de uma realidade
1918, pouco antes do final da 2ª Guerra Mundial, perigosa chamada doença.
mostrou-se aberto à possibilidade da psicanálise se A doença é um real do corpo no qual o sujeito esbar-
estender para além dos consultórios privados, para ra e, quando isso acontece, toda a sua subjetividade
alcançar uma parcela maior da sociedade. Inclusi- é sacudida, visto que se trata de um momento de
ve aqueles que, pelas dificuldades econômicas e crise orgânica e, sobretudo, subjetiva. É então que
sociais desfavoráveis, não tivessem condições de entra em cena o psicanalista, que se oferece para
bancar o tratamento – porém, com a ressalva de que escutar esse sujeito adoecido falar de si, da doença,
o analista sustentasse essa aposta e mantivesse os da vida ou da morte, do que pensa, do que sente,
princípios psicanalíticos em sua prática. do que teme, do que deseja e do que quiser falar
Inúmeras transformações econômicas, políticas e (SIMONETTI, 2015).
sociais se deram do ano em que Freud escreveu o Frente a esse contexto desafiador que o ambiente
texto acima citado. Até a contemporaneidade, de for- hospitalar apresenta, o presente trabalho tem como
ma rápida e dinâmica, a clínica psicanalítica ganhou objetivo investigar e discutir as possibilidades in-
novos espaços de atuação como clínicas, postos de terventivas da psicanálise no contexto hospitalar.
saúde e hospitais públicos e privados. Com isso, o Para isso, em termos metodológicos, trata-se aqui
que podemos observar é que a prática psicanalíti- de uma pesquisa de natureza eminentemente teó-
ca em contextos distintos do tradicional consultório rica e que se constitui como um trabalho ensaístico
particular vem sendo debatida e difundida nos últi- e provocativo.
mos anos. A presença do psicanalista nos hospitais
públicos representa a concretização da aposta de Na pesquisa teórica, podemos apontar a implicação
Freud no texto citado, sobre a possibilidade de uma dos pesquisadores frente ao objetivo de estudo elei-
psicanalise extramuros, fora do âmbito clássico da to, estando estes, portanto, implicados como sujeitos
sua práxis: a clínica privada. nas construções e análises realizadas. Este ensaio é
fruto de inquietações e atravessamentos provindas
O hospital, campo original da invenção da psicana- das experiências realizadas no campo da Psicologia
lise, tanto para Freud quanto para Lacan, cada vez Hospitalar e da Saúde.
mais conta com esta possibilidade de atendimento,
2.CONDIÇÕES
a ponto de nos deparar com uma população que, À ESCUTA PSICANA-
ao buscar um alívio inscrito no corpo, tem acesso LÍTICA NO HOSPITAL
a uma oferta de escuta analítica (ELIAS e COSTA
ROSA, 2015). Também, para Lacan (1967/2003),
A partir da consulta à literatura especializada elabo-
a função de um psicanalista não devia ser limita-
ramos duas categorias, a seguir apresentadas em
da à intimidade do exercício clínico. Para o autor,
formato de sessões. Condições necessárias para
a prática da psicanalise no âmbito das instituições
que uma prática clínica seja considerada como psi-
públicas de assistência, possibilita o encontro com
canalítica. Nesta categoria destacamos que a escu-
outros discursos que sustentam diferentes práticas
ta do psicanalista deve ser balizada por conceitos
nesse campo institucional.
como inconsciente, sintoma, resistência e transfe-
Ainda em Lacan (1967/2003), é no âmbito da ex- rência (MORETTO, 2002).
tensão que é possível conhecer os efeitos da práxis
Segundo Simonetti (2015), a psicanalise leva em
psicanalítica, mantendo o rigor ético e resguardando
conta na sua abordagem ao processo do adoeci-
as diferenças em relação ao seu enquadramento
mento, as noções de subjetividade, de inconsciente,
tradicional. Segundo Simonetti (2015), a clínica psi-
de realidade psíquica, de um ser humano dividido e
canalítica no hospital é uma clínica pela palavra,
estruturado pela linguagem, da angustia como com-
entre vários, em pé e olhando para o paciente. A
panheira inseparável do homem, do adoecimento
simples presença do psicanalista no hospital colo-
como o encontro com o real, do desamparo como
ca em destaque a singularidade do sujeito. Sen-
condição existencial, da posição do analista esca-
do assim, questiona-se: como sustentar a escuta
pando ao lugar do sabe-tudo, em especial, de que
da subjetividade na cena hospitalar, já que a cena
não existe o jeito certo nem de adoecer nem de en-
hospitalar remete o sujeito, sob uma perspectiva
frentar a doença: cada um atravessa o adoecimento
médica, à sua doença.
ao seu modo.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das inquietações e indagações fruto
MORETTO, M. L. O que pode um analista no
hospital? SP: Casa do Psicólogo. 2002.
das experiências obtidas na atuação no campo
da psicologia Hospitalar e da Saúde, sobretudo a MOURA, M. D. Psicanalise e Hospital – um
indagação a respeito da escuta psicanalítica nas lugar para o sujeito a parti de diferentes pra-
instituições de saúde, nesse caso, mais especial o ticas discursivas. In: ELIAS, et al. Horizontes
Hospital, que apresenta suas características espe- da Psicologia Hospitalar: Saberes e fazeres.
cíficas, sobretudo a valorização da doença em seu SP: Editora Atheneu, 2015.
aspecto orgânico.
SIMONETTI, A. Psicologia Hospitalar e Psica-
Neste estudo destacamos a importância de discutir-
mos as possibilidades interventivas da psicanálise nálise. SP: Casa do Psicólogo, 2015.
no contexto hospitalar, adequado a ética e técni-
SOUZA, M. L.R. de. Vertentes da Psicanalise:
ca psicanalítica a este novo e promissor contexto,
constituindo a partir da teoria freudiana linhas de
o hospital, a violência, a clínica e a escrita. SP:
progresso na técnica psicanalítica. O que vem como Person, 2017. (Coleção Clínica Psicanalítica).
transgressor e subversivo à valorização da conduta
hospitalar tradicional, já que a psicanálise, nesse
ZENONI, A. Psicanalise e instituição: a segun-
contexto, objetiva fazer com que esse sujeito emerja da clinica de Lacan. Revista Abrecampos. Re-
e fale a partir do seu desejo. vista de Saúde Mental do Instituto Raul Soa-
res, Belo Horizonte, ano I, n. 0, p. 12-93.2000.
A literatura especializada aponta para a viabilidade
de se fazer psicanálise no hospital porque neste
espaço há gente em sofrimento psíquico, que fala e,
mais ainda, que deseja e precisa falar. Assim sendo,
trabalhar psicanaliticamente com pacientes hospi-
talizados é uma aposta na dimensão subjetiva do
sujeito, pois onde há um outro que sofre demandan-
do ser escutado, há possibilidades para a realização
de um trabalho analítico.
REFERÊNCIAS
ELIAS, V.A.; COSTA-ROSA, A, A Psicanálise
e sua práxis no hospital público no campo
das decisões e do sujeito: uma experiência
com transexuais. In: ELIAS, et al. Horizontes
da Psicologia Hospitalar: Saberes e fazeres.
SP: Editora Atheneu, 2015.