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CONSELHO EDITORIAL
Profa. Dra. Solange Martins Oliveira Magalhães (UFG)
Profa. Dra. Rosane Castilho (UEG)
Profa. Dra. Helenides Mendonça (PUC Goiás)
Prof. Dr. Henryk Siewierski (UnB)
Prof. Dr. João Batista Cardoso (UFG Catalão)
Prof. Dr. Luiz Carlos Santana (UNESP)
Profa. Me. Margareth Leber Macedo (UFT)
Profa. Dra. Marilza Vanessa Rosa Suanno (UFG)
Prof. Dr. Nivaldo dos Santos (PUC Goiás)
Profa. Dra. Leila Bijos (UnB)
Prof. Dr. Ricardo Antunes de Sá (UFPR)
Profa. Dra. Telma do Nascimento Durães (UFG)
Profa. Dra. Terezinha Camargo Magalhães (UNEB)
Profa. Dra. Christiane de Holanda Camilo (UNITINS/UFG)
Profa. Dra. Elisangela Aparecida Pereira de Melo (UFT)
PESQUISAS DESENVOLVIDAS
EM UNIVERSIDADES FEDERAIS
E SUAS APLICABILIDADES
PARA A SOCIEDADE
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Prof. Gil Barreto - (62) 98345-2156 / (62) 3946-1080
Larissa Pereira - (62) 98230-1212
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BIOTECNOLOGIA
O PRIMEIRO SORO ANTIAPÍLICO DO MUNDO: UMA PESQUISA QUE
JÁ TEM SALVADO VIDAS...........................................................................21
Francilene Capel Tavares de Carvalho e Lucilene Delazari dos Santos
BIOLOGIA MOLECULAR
O IMPACTO DA RADIAÇÃO IONIZANTE NATURAL NA ESTABILIDADE
DO GENOMA HUMANO.............................................................................51
Luíza Araújo da Costa Xavier e Viviane Souza do Amaral
IMUNORREGULAÇÃO DA PRÉ-ECLÂMPSIA.........................................57
Camila Rodrigues de Melo Barbosa
ECOLOGIA
DIVERSIDADE E ECOLOGIA DE SAMAMBAIAS E LICÓFITAS NO
NORDESTE BRASILEIRO...........................................................................80
Rafael de Paiva Farias
FISIOPATOLOGIA
MECANISMOS GLUTAMATÉRGICOS ASTROCÍTICOS ESTÃO
PREJUDICADOS NO BULBO DE RATOS COM HIPERTENSÃO
RENOVASCULAR.........................................................................................87
Atalia Ferreira de Lima Flôr e Josiane de Campos Cruz
FARMACOLOGIA
A DIFERENÇA ENTRE O VENENO E O REMÉDIO É A DOSE?................94
Matheus Cavalcanti de Barros e Patrícia Maria Guedes Paiva
SAÚDE COLETIVA
FATORES MATERNOS ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL: QI E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.....................................215
Giselle Souza de Paiva e Sophie Helena Eickmann
controle de qualidade e
tecnologia farmacêutica
CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA PARA A QUALIDADE
DAS PLANTAS MEDICINAIS PARA PREPARAÇÃO DE CHÁ.................247
Laura Carolina Lima Romeu e Júlia Beatriz Pereira de Souza
química medicinal
EXTRATOS DE PLANTAS E PRODUTOS NA NEUTRALIZAÇÃO
DE AÇÕES TÓXICAS CAUSADAS POR VENENOS DE SERPENTES:
UTILIZAÇÃO E PERSPECTIVAS..............................................................263
Eduardo Coriolano de Oliveira
METABOLÔMICA DE PLANTAS..............................................................284
Augusto Lopes Souto
Caros Leitores
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biOTECNOLOGIA
O PRIMEIRO SORO ANTIAPÍLICO DO MUNDO:
UMA PESQUISA QUE JÁ TEM SALVADO VIDAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
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Entretanto, após a chegada dessas abelhas africanas ao Brasil, mais pre-
cisamente na cidade de Rio Claro, interior do estado de São Paulo, houve
um incidente gravíssimo, no qual 26 colônias de abelhas africanas escapa-
ram e cruzaram com as abelhas europeias presentes nesta mesma região. Este
processo de cruzamento chamado hibridização promoveu o aparecimento das
abelhas africanizadas. Em 45 dias, estas novas abelhas iniciaram sua disper-
são pelo Brasil, causando inúmeros acidentes. A grande capacidade de enxa-
meação resultou na expansão dessas abelhas pelo território brasileiro e outros
países do continente americano2.
Devido a esse processo de dispersão das abelhas africanizadas, ocorreram
várias dificuldades e acidentes graves a fatais por causa do instinto defensivo
dessa espécie e sua fácil adaptação ao ambiente3. Atualmente, os acidentes cau-
sados por abelhas africanizadas têm ganhado destaque em saúde pública devido
à gravidade e à elevada letalidade no continente americano. Segundo o Sistema
de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde do Brasil, os
acidentes por abelhas representam cerca de 7% do número total de acidentes
causados por animais peçonhentos e a ausência de um soro específico disponí-
vel para a rede pública de saúde torna o problema ainda mais complexo4.
Em 2014, pesquisadores do Centro de Estudos de Venenos e Animais
Peçonhentos (CEVAP) da UNESP, juntamente com as Instituições: Faculda-
de de Medicina da UNESP de Botucatu, Instituto Butantan e Instituto Vital
Brazil, produziram um soro inédito contra múltiplas picadas de abelhas. Por
meio de um protocolo clínico, este novo soro contra picadas de abelhas teve a
capacidade de neutralizar o veneno da abelha circulante no paciente5, salvan-
do a vida dos acometidos por muitas picadas. O soro antiapílico é um produto
inovador, inédito e estratégico para a rede SUS, além de ter sido desenvolvido
com bases e parcerias internacionais.
REFERÊNCIAS
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4. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICA-
ÇÃO – SINAN. Ministério da Saúde do Brasil. 2010. Disponível em: http://
dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/index.php. Acesso em: 26 set. 2019.
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OTIMIZANDO AS RESPOSTAS DAS PLANTAS
AOS ESTRESSES AMBIENTAIS
INTRODUÇÃO
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vinda da pesquisa de base, em grande parte feita no Brasil pelas Universidades
públicas e Institutos de Pesquisas, pode abreviar esse tempo, sendo útil para
os diversos programas de melhoramento vegetal. A urgência é premente, pois,
desenvolver plantas olhando para as necessidades do mercado consumidor é
um dos principais objetivos dos programas de melhoramento genético e cons-
titui busca permanente de seus pesquisadores.
REFERÊNCIAS
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do. Esse tempo reflete os inúmeros ciclos de cruzamentos e etapas de seleção
envolvidos em um programa, e que necessitam de vários ensaios, feitos em
diferentes locais e em vários anos. Assim, materiais modernos e eficientes na
produção, e à disposição dos agricultores, é sonho de todo melhorista.
Além disso, o cultivo nem sempre é feito em condições ideais, ocorren-
do em locais marginais, como em solos salino, ou áreas sujeitas a secas, altas
temperaturas, ou doenças. Nessas situações de estresses, o agricultor geral-
mente perde parte ou a totalidade de sua produção, comprometendo a renda.
Uma forma de assegurar certo rendimento, principalmente aos pequenos pro-
dutores, é fornecer-lhes sementes ou plantas melhoradas, mais adequadas para
a realidade desses cultivos.
Assim, a pesquisa desenvolvida pelo nosso grupo1,2 busca identificar
genes candidatos associados à tolerância aos estresses. Ela parte da premissa
de que uma planta responde ao estímulo do estresse através da expressão de
determinados genes, e uma planta tolerante responde de forma diferente de
uma sensível ou susceptível ao agente estressante. Esses genes poderiam ser
alvos, no futuro, dos programas de melhoramento genético vegetal. Logo, as
pesquisas detrás de nossas plantas são a mola propulsora de nossa agricultura
e movem grande parte da nossa economia.
No entanto, para que isso continue é necessário investir em recursos
humanos, através de nossos programas de pós-graduação, e materiais, dando
condições às nossas pesquisas. O investimento governamental na pesquisa re-
torna trazendo dinamismo ao setor agrícola, e faz com que nossa refeição seja
mais saborosa, colorida e nutritiva. Pense nisso, ao se sentar à mesa, e tenha
um bom apetite!
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RESPOSTAS MOLECULARES QUE REVELAM
A TOLERÂNCIA À SECA EM FEIJÃO-CAUPI
INTRODUÇÃO AO TEMA
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se sentido, o melhoramento genético, visando a uma maior adaptação desta
cultura às condições de déficit hídrico, se faz necessário, sendo essenciais
os estudos relacionados aos seus mecanismos de defesa, para que se possam
desenvolver plantas mais bem adaptadas às condições não ideais para cultivo.
Assim, é importante, para o feijão-caupi e outras leguminosas a realiza-
ção de pesquisas referentes às respostas moleculares da planta sob estas condi-
ções, permitindo identificar genes que se expressam em situações de estresse.
Ao longo do tempo, as plantas desenvolveram diferentes formas para se ajustar
a essas condições estressantes, sendo essencial estudar quais genes são expres-
sos nessas situações, e que são essenciais para a sobrevivência da planta.
Com o desenvolvimento de tecnologias moleculares, que permitiram
o sequenciamento de genes expressos por um organismo, mecanismos de to-
lerância ou sensibilidade de um organismo sob estresse têm sido alvo de es-
tudos¹. Assim, quando a planta está em situação de estresse, diferentes genes
expressam diferentes proteínas. Em uma planta tolerante haverá produção de
proteínas que permitirão a ela sobreviver ao estresse, enquanto uma planta
sensível produzirá proteínas que não serão suficientes para sua sobrevivência.
É primordial conhecermos esses genes, pois ao identificarmos os genes mais
expressos na planta tolerante, porém ausentes ou inativos na planta sensível,
poderemos selecionar aquelas que possuem esses genes sendo expressos,
e que deverão ser, portanto, mais tolerantes à seca.
REFERÊNCIAS
1. KIDO, E.A.; FERREIRA NETO, J.R.C.; BRITTO-KIDO, S.A.;
PANDOLFI, V.; BENKO-ISEPPON, A.M. DeepSuperSAGE in a Friendly
Bioinformatic Approach: Identifying Molecular Targets Responding to Abi-
otic Stress in Plants Advanced. In: Rajarshi Kumar Gaur; Pradeep Sharma.
(Org.). Molecular Approaches in Plant Abiotic Stress. 1.ed. Boca Raton,
Florida: CRC Press, 2013.
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COMO EU FAÇO cIÊNCIA
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APROVEITANDO MARCAS GENÉTICAS DE
CANA-DE-AÇÚCAR EM ESPÉCIES FORRAGEIRAS
DO GÊNERO Pennisetum
INTRODUÇÃO AO TEMA
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As duas culturas, apesar de relevantes para a agricultura, são considera-
das espécies órfãs, em relação a outras gramíneas mais estudadas. O desenvol-
vimento de marcadores SSR, quando feito de novo, é relativamente trabalhoso
e de custos elevados. Uma forma alternativa de se desenvolver SSRs é através
de ESTs (Expressed Sequence Tag) disponíveis em bancos de dados públicos;
no entanto, as duas espécies órfãs não dispõem de biomoléculas suficientes. Por
outro lado, para cana-de-açúcar (Saccharum spp.) há 285.216 ESTs depositadas
no NCBI (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/), o maior banco público de biomolé-
culas. Logo, o desenvolvimento de marcadores EST-SSR (microssatélites a par-
tir de ESTs; microssatélites gênicos) torna-se possível a partir da cana-de-açú-
car, que é taxonomicamente próxima do capim-elefante e do milheto.
Microssatélites localizados em regiões gênicas já foram relatados em
processos como organização da cromatina, estruturação do RNA, ciclo celular,
sistema de reparo, dentre outros³. A literatura relata altas taxas de transferibili-
dade para este tipo de marcador, Jain et al. (2014)4 obtiveram 100% de transfe-
ribilidade de um total de 35 pares de primers EST-SSR testados em 11 espécies
de plantas (Datura metel, Datura innoxia, Withania coagulans, Withania somni-
fera, Capsicum annuum, Eclipta alba, Steviare baudiana, Citrullus colocynthis,
Ocimum sanctum, Catharanthus roseus, e Moringa oleifera).
Da mesma forma, Ul Haq et al. (2016)5 observaram uma expressiva
transferibilidade (64,86%) de marcadores EST-SSR, quando desenvolvidos
a partir de ESTs de Saccharum spp., e testados entre espécies diferentes do
mesmo gênero (S. robustum, S. spontaneum e S. officinarum).
REFERÊNCIAS
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5. UL HAQ, S. et al. Assessment of functional EST-SSR markers
(Sugarcane) in cross-species transferability, genetic diversity among poace-
ae plants, and bulk segregation analysis. Genetics research international,
v. 2016, 2016.
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ESTUDOS DE GENES PARA O
MELHORAMENTO VEGETAL
INTRODUÇÃO AO TEMA
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REFERÊNCIAS
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LECTINAS: FERRAMENTAS PARA
O COMBATE DE MICOSES
INTRODUÇÃO AO TEMA
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dades medicinais nessas plantas, tais como os metabólitos secundários e as
proteínas, dentre estas as lectinas2.
As lectinas se destacam pela sua capacidade de interagir com a superfí-
cie celular dos microrganismos podendo desencadear uma série de respostas
que resultam na inibição do crescimento e até a morte deles. Essas moléculas
podem ser encontradas nos animais e nas plantas e após isoladas podem ter a
sua atividade antimicrobiana avaliada. Diversos estudos encontrados na lite-
ratura já comprovam que as lectinas são potenciais ferramentas para o auxílio
no desenvolvimento de novas drogas antifúngicas, demonstrando até maior
eficácia que os próprios antifúngicos em alguns casos3.
REFERÊNCIAS
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de novas moléculas com potenciais bioativos que possam ser empregadas no
controle não só de micoses, mas hoje vamos nos deter a elas.
Durante meu mestrado, junto à equipe de pesquisa do Departamento de
Proteínas da UFPE, descobrimos e isolamos uma nova lectina capaz de inibir
e matar diversas espécies do gênero Candida se mostrando promissora para o
controle dessas doenças, claro que mais estudos serão necessários para com-
provar sua eficácia e não toxicidade ante o organismo humano, e isso só será
possível graças ao custeamento da minha pesquisa pelos órgãos de fomento.
Fazer ciência é ver que nosso esforço trouxe uma parcela de contribui-
ção para a sociedade. É um trabalho gratificante e ao mesmo tempo frustrante,
gratificante pois sei que nosso papel possui uma grande importância, e frus-
trante pois ainda existem pessoas que acreditam que o desenvolvimento do
país pode andar separado do avanço da ciência, o que para mim é praticamente
impossível. Valendo relembrar que é graças às Ciências e Tecnologias que
são desenvolvidos os alimentos, utensílios, medicamentos e os mais diversos
produtos que a nossa cabeça possa imaginar. Espero continuar fazendo o que
gosto, e que outras pessoas tenham a oportunidade de, assim como eu, conse-
guir chegar até o doutorado.
Que o futuro esteja a nosso favor!
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AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE OVICIDA DE
LECTINAS CONTRA Aedes Aegypti
INTRODUÇÃO AO TEMA
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No entanto, não existiam trabalhos que relacionassem a ação ovicida
(impedir a eclosão dos ovos) das lectinas citadas com A. aegypti. Desta forma,
Alves et al. (2019)4 propuseram investigar se as lectinas isoladas de entrecas-
ca (MuBL) e do cerne (MuHL) de Myracrodruon urundeuva, bem como a lec-
tina de sementes de Moringa oleifera (WSMoL) possuíam atividade ovicida
contra Aedes aegypti e quais os possíveis danos que essas proteínas poderiam
causar aos ovos analisados.
Os autores determinaram que as concentrações proteicas capazes de
impedir em 50% a eclosão dos ovos (denominado de EC50) de A. aegypti
foram de 0,26 mg/mL para a lectina MuBL e de 0,80 mg/mL para MuHL.
A atividade ovicida de WSMoL foi descrita anteriormente com o valor de
0,10 mg/mL. Em análise por microscopia eletrônica de varredura, foi obser-
vado que as lectinas são capazes de destruir as células da camada exocori-
ônica (camada externa nos ovos de A. aegypti). As lectinas também foram
conjugadas a um marcador fluorescente para verificar se elas eram capazes
de penetrar nos ovos. As imagens de microscopia de fluorescência revelaram
que as lectinas penetravam nos ovos atingindo os embriões e estavam pre-
sentes nas regiões da cabeça, proventriculo e trato digestivo.
Em conclusão, as lectinas de M. urundeuva também são agentes ovicidas
contra A. aegypti e a atividade ovicida de WSMoL, MuBL e MuHL está ligada à
destruição das células da camada externa e à penetração dessas proteínas no ovo
e a interação com o trato digestivo do embrião em desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
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COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Robson Raion de Vasconcelos Alves, sou aluno de douto-
rado do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Pernambuco, orientado pela professora Patrícia Maria Guedes Paiva.
Sou bolsista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-
gico (CNPq) e minha pesquisa é sobre a atividade inseticida de lectinas.
O meu trabalho busca determinar a atividade ovicida de lectinas contra
A. aegypti. Esse mosquito constitui um grupo altamente relevante na transmis-
são de diferentes patógenos causadores de doenças à saúde humana, sendo o
vetor de quatro das principais arboviroses que despertam interesse aos órgãos
públicos de saúde.
Um benefício direto que esse estudo proporciona à população é a ob-
tenção de uma proteína purificada de origem vegetal que pode ser utilizada
no controle do A. aegypti, uma vez que o mosquito tem adquirido resistência
aos inseticidas químicos utilizados, sendo necessárias aplicações crescentes
para o seu controle, o que acarreta um aumento de risco de intoxicação para a
população, animais e meio ambiente.
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LECTINA - UMA HEROÍNA NA LUTA CONTRA
A RESISTÊNCIA BACTERIANA
INTRODUÇÃO AO TEMA
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Mas, o que fazia os pesquisadores saberem que todas essas proteínas
pertenciam à classe das lectinas? Esse tipo tem uma peculiaridade que a faz
ser uma heroína ou uma vilã, ela pode se ligar de forma específica a açúcares
e esses estão presentes nas estruturas de todas as células, então uma lectina
pode se ligar a uma célula particular e interagir com ela. Pode ser ruim para
o ser humano, afetando nossas células, ou pode não afetar o ser humano e
afetar outro organismo. Nesse cenário, a lectina possui um superpoder para
combater bactérias.
Um dos grandes problemas dentro da área da saúde é a resistência bac-
teriana. No momento em que os antibióticos não conseguem funcionar, como
impedir a evolução de uma infecção, a pessoa infectada vai a óbito. Por que
isso acontece? Por que o antibiótico não consegue mais matar a bactéria? Pri-
meiro, a evolução, onde esses microrganismos que não foram afetadas pelo
antibiótico específico conseguem se reproduzir e gerar mais bactérias resis-
tentes. Outros motivos são o uso inadequado do antibiótico, quando você não
usa pelo tempo correto que o médico passou, ou quando é utilizado antibiótico
sem necessidade, ou o uso indiscriminado na agropecuária, por exemplo.
E o que a lectina pode fazer por nós? Como ela pode mudar esse episó-
dio e nos salvar? Por causa de seu superpoder, ela pode ligar a membrana da
bactéria e romper a célula, fazendo com que ela morra ou diminua a sua pro-
liferação. Além desse mecanismo, existem outras formas relacionadas às vias
metabólicas, expressões genéticas e vias imunológicas. Todos os mecanismos
são diferentes aos dos antibióticos, aos quais as bactérias estão “acostumadas”
e dessa forma é possível matar as resistentes a um antibiótico. Além de que,
cada lectina extraída de plantas diferentes pode apresentar especificidade di-
ferente para as classes de açúcares, o que faz com que possa existir uma am-
pla gama de possibilidades para combater as bactérias, tendo em vista que os
açúcares de suas membranas podem mudar de acordo com o tipo da bactéria.
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Ser pesquisadora no Brasil é difícil, existe a falta de recurso que abran-
ge toda a ciência, como também muitas vezes ocorre a desvalorização profis-
sional pela sociedade. Entretanto, a pesquisa é algo sensacional, entender o
porquê de determinadas coisas, descobrir algo importante que pode ser usado
pelas próximas gerações, tanto como algo aplicado ou como pesquisa básica,
é revigorante, prazeroso, especial. Assim como existir a chance de poder de-
senvolver ou encontrar algo que possa ajudar as pessoas.
Na minha linha de pesquisa, especificamente, a sociedade pode ser be-
neficiada através de um composto natural que possui atividade antibacteriana
e pode ser um alvo para o combate da resistência. Não apenas na área hospita-
lar, mas nas outras que utilizam de antibióticos para seus fins. De maneira in-
direta, o conhecimento sobre as maneiras inadequadas do uso de antibióticos e
os problemas para a humanidade que são causados pela resistência bacteriana
pode sensibilizar a população e desta forma pode ocorrer uma conscientização
acerca do tema.
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LECTINAS VEGETAIS E SEU POTENCIAL COMO
MARCADORES EM TECIDOS MAMÁRIOS HUMANOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
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estudar esse padrão, podemos prever se a célula poderá se transformar em
um tumor ou não.
Para poder estudar esse desenvolvimento utilizando como referência
esses açúcares, é necessária uma molécula que se ligue e funcione como uma
sonda. Lectinas são proteínas que se ligam a carboidratos, sendo amplamente
encontradas na natureza, incluindo microrganismos, plantas e animais. As lec-
tinas são capazes de detectar diferenças, mesmo que pequenas, em estruturas
de carboidratos presentes na superfície de células e em tecidos3,4,5.
REFERÊNCIAS
2. IYER, A.K.; SINGH, A.; GANTA, S.; AMIJI, M.M. Role of inte-
grated cancer nanomedicine in overcoming drug resistance. Advanced Drug
Delivery Reviews, v. 65, p. 1784-1802, 2013.
3. DIAS, R. O. et al. Insights into animal and plant lectins with antimi-
crobial activities. Molecules, v. 20, p. 519-541, 2015.
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COMO EU FAÇO cIÊNCIA
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VARIAÇÕES INTRAESPECÍFICAS NA
COMPOSIÇÃO E TOXICIDADE DE PEÇONHAS
DE SERPENTES BRASILEIRAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
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nômeno está relacionado a fatores como a idade da serpente, seu habitat, sexo
e distribuição geográfica, de forma que uma serpente filhote pode apresentar
uma peçonha com maior potencial inflamatório do que uma serpente adulta da
mesma espécie, por exemplo. Diante disso, é plausível inferir que também os
sintomas desencadeados por essas peçonhas podem sofrer variação e levar a
quadros de envenenamento distintos, em humanos2,3.
O soro antiofídico é um único tratamento disponível atualmente para o
envenenamento, e seu processo de fabricação consiste em inocular a peçonha
de diferentes espécies de serpente no organismo de um cavalo, que reage de-
senvolvendo anticorpos específicos para as toxinas presentes nas peçonhas.
Tais anticorpos, após retirados do sangue do cavalo, são usados para a fabri-
cação do soro.
Considerando a variação supracitada, tais toxinas podem sofrer mudan-
ças em sua abundância e até mesmo estar ausentes, podendo levar a alterações
qualiquantitativas nos anticorpos produzidos e, dessa forma, comprometer a
eficácia do soro2.,3 Diante disso, é crucial levar em consideração a variação
intraespecífica das peçonhas no momento da fabricação do soro antiofídico,
de forma que os fatores associados a essa variação (idade, sexo, região geo-
gráfica, etc.) sejam respeitados.
REFERÊNCIAS
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COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Diana Pontes da Silva, sou aluna de doutorado do Progra-
ma de Pós-graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, orientada pelo professor Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa. Sou
bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), e minha pesquisa é sobre a análise da variação intraespecífica na
composição e toxicidade da peçonha de machos e fêmeas da serpente Bo-
throps leucurus, uma espécie de jararaca que ocorre no Nordeste.
Pesquisas dessa natureza podem auxiliar na compreensão dos fatores
que governam a variabilidade na composição e toxicidade das peçonhas, di-
recionando de forma mais precisa a seleção de espécimes para a produção
do soro e, dessa forma, aumentando a sua efetividade. O aperfeiçoamento
da soroterapia antiveneno é urgente e necessária, considerando os numerosos
estudos que indicam a sua pouca efetividade ante as peçonhas de diversas es-
pécies de importância médica, e a ampla variabilidade que tem sido observada
em serpentes da mesma espécie.
A falta de incentivo, a escassez de recursos e a insegurança crescente
são obstáculos enfrentados não só por mim e pelo grupo no qual estou inse-
rida, mas por uma boa parte dos pós-graduandos brasileiros. Apesar disso,
a grande mola propulsora e fonte de força é saber que as pesquisas que desen-
volvemos em nosso laboratório podem vir a ser um dos blocos que vão auxi-
liar na construção de soluções para a sociedade, principalmente de sua parcela
mais carente de serviços de saúde.
E por falar em sociedade, que bom que iniciativas como a deste livro
estão passando a existir com mais frequência. A sociedade precisa entrar nas
universidades e conhecer a ciência brasileira que está sendo feita, com todo o
seu valor e potencial; e nós, os pós-graduandos, precisamos ir além dos even-
tos acadêmicos e entregar o conhecimento produzido a quem é devido, de fato
e de direito. Este, a meu ver, é o ponto central para a tão sonhada valorização
dos nossos cientistas.
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BIOLOGIA
MOLECULAR
O IMPACTO DA RADIAÇÃO IONIZANTE NATURAL
NA ESTABILIDADE DO GENOMA HUMANO
INTRODUÇÃO AO TEMA
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)1, a radiação liberada
neste processo aumenta o risco de desenvolver câncer. Logo, a exposição na-
tural ao radônio é um fato de preocupação mundial, ao ponto de muitos países
terem implementado medidas de controle e diminuído a exposição a este gás,
além de disponibilizar para a população informações sobre esta problemática.
Por outro lado, aqui no Brasil ainda não há regulamentos ou leis que delimi-
tam, controlam ou remedeiam a exposição ao radônio.
No interior do Rio Grande do Norte, existe uma pequena cidade cha-
mada Lajes Pintadas, com aproximadamente quatro mil habitantes. A média
dos níveis do radônio no ar é quase três vezes maior do que o limite estabe-
lecido pela OMS1, que é 100 Bq/m3 (Becquerel por metro cúbico). Portanto,
pode-se afirmar que os habitantes deste lugar são expostos ao longo de toda a
sua vida a altos níveis de radiação ionizante vinda de fontes naturais (solo, ar e
água). Foi a partir deste problema local que surgiu o projeto de pesquisa sobre
radiação ionizante em nosso laboratório. O principal objetivo é compreender
como esse tipo de exposição natural à radiação ionizante afeta o DNA dessas
pessoas e que risco isso acarreta no desenvolvimento do câncer.
REFERÊNCIAS
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sil e do mundo, como Índia, Irã e Estados Unidos. As discussões resultantes
desta pesquisa poderão fornecer evidências para uma futura e efetiva comu-
nicação do perigo e dos riscos à saúde provenientes da radiação ionizante
natural. Esta etapa envolve a conscientização e educação da população local
a respeito deste fenômeno.
Este trabalho, portanto, vem contribuindo para elevar o nível de com-
preensão das populações-alvo a respeito de um problema ambiental e como
podemos lidar com suas consequências a curto e longo prazo. Inclusive, há
alguns anos, desde que foi iniciado esse projeto, já foram realizados eventos
na cidade com esta finalidade – palestras, feiras e minicursos de ciências na
praça local para toda a comunidade. Além disso, com a exposição do tema e
das evidências obtidas no estudo às autoridades competentes, pode-se até es-
perar que medidas políticas em saúde pública sejam desenvolvidas, analisadas
e efetivadas com a finalidade de aplicar melhorias para a prevenção, recupera-
ção e a manutenção da qualidade de vida dos habitantes do município.
Como o Brasil é um grande país em desenvolvimento, ainda passamos
por bastante dificuldades. É comum a demora em chegar um reagente químico
ou um equipamento, dos quais muitos são de outros estados ou mesmo impor-
tados de outros países (para quem mora no Nordeste, como é o nosso caso,
a demora é ainda maior em comparação com o Sudeste, por exemplo), e ainda
há escassez de incentivos financeiros para sustentar e ampliar as pesquisas
científicas básicas e aplicadas.
Mesmo que não seja uma profissão reconhecida legalmente no Brasil,
penso que ser cientista ainda assim é uma atividade extremamente importan-
te, tanto no sentido individual como coletivamente. Quando você realmente
mergulha nessa vida de pensar e fazer ciência, você é capaz de aprender sobre
basicamente qualquer assunto a respeito do nosso mundo (e outros mundos
também!). Toda essa bagagem de conhecimentos adquiridos e acumulados
confere um imenso poder de transformação sociocultural para a própria pes-
soa e as outras ao seu redor.
Pessoalmente, penso que os projetos em parcerias e o momento de ana-
lisar os dados são os mais empolgantes, porque a elaboração de projetos co-
laborativos com diversos grupos é fundamental nesta área para ser possível o
desenvolvimento de trabalhos mais robustos que possam responder às pergun-
tas com menos incertezas. Como também, você acaba alimentando relações
profissionais duradouras e mesmo amizades pessoais ao participar de projetos
em grupos. Além disso, depois de muita leitura e estudo, é na etapa de análise
de dados que você inevitavelmente vai encontrar as respostas que procurava,
as quais (quase sempre) podem chegar a surpreendê-lo!
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O DNA E SEUS MISTÉRIOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
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o RNA e a proteínas que seriam produzidos a partir do DNA serão produzidos
em quantidades menores ou até mesmo não serão produzidos.
Esse é um mecanismo normal das nossas células para controlar quanto
e quais RNAs e proteínas serão produzidos pela célula, afinal, não precisamos
que todos os RNAs e proteínas sejam produzidos a todo momento em nossas
células. Por exemplo, em determinadas doenças é importante que nossas célu-
las produzam (dentre outras proteínas) uma proteína chamada interleucina-6
(IL-6). Essa proteína promove a inflamação e a inflamação, por sua vez, é
importante para solucionarmos o problema que nosso corpo está enfrentando.
Contudo, depois que a IL-6 cumpriu o seu papel, é importante que ela
deixe de ser produzida ou seja produzida em quantidades menores. Produção
de IL-6 em grandes quantidades quando não é preciso pode levar a doenças
inflamatórias crônicas. Alguns pesquisadores descobriram que a produção ex-
cessiva de IL-6 está ligada à falta de radical metil em uma parte específica do
DNA. Dessa forma, o estudo da metilação do DNA está levando os cientistas a
descobrirem como algumas doenças acontecem e como a produção de RNA e
proteínas é orquestrada pela célula. A ciência que estuda a metilação do DNA
é chamada de Epigenética (Epi, do grego= “por cima”).
Outra descoberta muito interessante é que a metilação do DNA é rever-
sível, ou seja, pode ser alterada por fatores ambientais. O próprio envelheci-
mento altera esse perfil e é normal. Como fator ambiental podemos entender
toda influência sobre o indivíduo, como: hábitos de fumar, de beber, hábitos
nutricionais, uso de medicamentos, exposição solar, infecções, atividade físi-
ca, exposição a agrotóxicos e até mesmo o estresse já foi associado a altera-
ções no perfil de metilação de DNA de uma célula.
De fato, esse perfil de metilação muda ao longo da nossa vida, mas o
problema está em como esse perfil vai colaborar ou não para a nossa saúde.
Sabe-se que o tabagismo e agrotóxicos, por exemplo, estão associados a
um perfil de metilação que altera como o DNA é lido e consequentemente
leva ao aumento ou diminuição de proteínas importantes. Por outro lado, a
atividade física e a nutrição balanceada estão associadas a alterações nesse
perfil que nos favorecem.
Conclusão: não somos somente determinados pelo nosso genoma (todo
o DNA celular), mas também pelo nosso epigenoma (conjunto dos radicais quí-
micos do DNA), e essa descoberta ampliou a visão de como o material genético
pode responder ao meio ambiente e assim influenciar a predisposição a doenças.
Em adição a essas descobertas, sabe-se que a metilação do DNA é herdável, ou
seja, esse perfil presente nos óvulos e espermatozoides de nossos pais foram
passados para nós. Herdamos esse perfil e vamos modificá-lo ao longo do tem-
po. Essas modificações podem ser boas ou ruins dependendo dos nossos hábitos.
REFERÊNCIAS
- 55 -
2. A descoberta do DNA e o projeto genoma. Revista da Associação
Médica Brasileira, v. 51, n. 1, p. 1, 2005.
- 56 -
IMUNORREGULAÇÃO DA PRÉ-ECLÂMPSIA
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz/Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães - CPqAM Programa de Pós-
-graduação em Biociências e Biotecnologia em Saúde. camila_rdemelo@hotmail.com
- 57 -
desfecho favorável, comparada a pacientes que apresentaram complicações
como pré-eclâmpsia, em que seu nível foi reduzido, mostrando que a sua bai-
xa quantidade tem papel fundamental na fisiopatologia e mediação imunoló-
gica na pré-eclâmpsia.4
Apesar do grande número de estudos, a influência dessa molécula na
gestação não é totalmente elucidada, mas sugere-se seu envolvimento na di-
ferenciação do tecido fetal, implantação do embrião, formação dos vasos da
placenta e principalmente na prevenção do ataque ao embrião pelas células de
defesa maternas. A chamada teoria imunológica propõe que a resposta imune
materna inadequada à presença do feto leva a alterações patológicas precoce-
mente na placenta, embora os sinais só se tornem visíveis no terceiro trimestre
de gestação.5
Diante disso, vários estudos estão sendo realizados em todo o mundo
buscando identificar os aspectos imunológicos envolvidos na gestação, com
o objetivo de obter melhor compreensão dos processos que levam à gestação
bem-sucedida ou ao aparecimento de disfunções como a pré-eclâmpsia.
REFERÊNCIAS
- 58 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Camila Rodrigues de Melo Barbosa, sou aluna de mestra-
do do programa de Pós-graduação em Biociências e Biotecnologia em Saúde
na Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz-PE) e minha pesquisa tem ênfase em
Imunogenética, estudando a Imunorregulação da Pré-eclâmpsia relacionada
a sua gravidade e repercussão para o recém-nascido. Sou enfermeira, traba-
lho na UTI neonatal de um Hospital Universitário e vejo diariamente casos
de recém-nascidos prematuros decorrentes de complicações relacionadas à
pré-eclâmpsia, condição que, se bem diagnosticada e conduzida, evitaria sig-
nificativamente a morbidade e mortalidade, além de desafogar os serviços pú-
blicos de saúde e diminuir custos relacionados à assistência.
É com muito orgulho que faço parte de uma equipe de profissionais
que, apesar das dificuldades, conseguem prestar assistência de excelência em
um serviço de referência no SUS, além de preceptorar alunos de graduação
e residentes, que estão somando forças com qualidade no atendimento aos
pacientes. A partir da vontade em adquirir um olhar diferente acerca de uma
condição que atinge tantas pacientes, resolvi me aprofundar e encarar a pes-
quisa de bancada, que é um desafio, para entender os mecanismos genéticos
e imunológicos que culminam nas manifestações clínicas que presencio na
rotina da assistência direta às pacientes e seus recém-nascidos.
Apesar da evolução perceptível da ciência ao longo dos anos e sua evi-
dente contribuição na sociedade, ainda há uma lacuna importante para que os
mecanismos de muitas doenças sejam desvendados e isso só irá ocorrer de
forma efetiva quando a pesquisa for devidamente incentivada. Infelizmente o
caminho é árduo, sem financiamento adequado e sem a valorização merecida,
tornando a realização de pesquisa ainda um desafio para muitos cientistas bra-
sileiros, apesar da certeza no retorno positivo que ela trará para a sociedade.
A busca de novos mecanismos com o objetivo de diminuir as com-
plicações que acompanham as mulheres com pré-eclâmpsia é fundamental,
e identificá-los e estudá-los contribuem para o desenvolvimento de estratégias
de prevenção, detecção precoce e tratamento efetivo para as pacientes e seus
recém-nascidos, além de contribuir para a manutenção da pesquisa na área imu-
nogenética com enfoque materno-infantil sempre em constante atualização.
- 59 -
O USO DA IMUNOINFORMÁTICA NO ESTUDO
E DESENVOLVIMENTO DE VACINAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 60 -
Desta forma, com o uso da bioinformática é possível ter conhecimento
de todo o genoma de um microrganismo virulento, chamado rasteramento in
silico, buscando os antígenos protetores mais prováveis antes de realizar ex-
perimentos confirmatórios como alvo para vacinas ou diagnóstico. Essa abor-
dagem foi usada pela primeira vez para identificar antígenos como possíveis
vacinas candidatas contra o meningococo do sorogrupo B, vacina que já é
circulada e disponibilizada à população em geral.
Além de ter as vantagens de apresentar baixo custo e curto período de
tempo para execução, com essa abordagem é possível identificar proteínas
de membrana externa ou associadas à superfície, peptídeos sinalizadores,
lipoproteínas ou domínios de ligação a células hospedeiras, onde a maioria
dos algoritmos usa o alinhamento de sequências para identificar antígenos2,3.
E, desta forma, o pesquisador, ao iniciar o trabalho dentro do laboratório,
já terá em mãos resultados prévios de estudos feitos no computador, garan-
tindo mais sucesso na obtenção de bons resultados em seus experimentos.
A Imunoinformática, que é um ramo dentro da Bioinformática, vem
se tornando um campo cada vez mais utilizado, por envolver estudos de
interações de microrganismos com o nosso corpo. Essa área pode ser utili-
zada para estudar novos e inovadores meios de diagnósticos de doenças que
dificilmente são diagnosticadas com as ferramentas que temos hoje, e até
mesmo voltada para desenvolver vacinas, pois os softwares trazem resulta-
dos muito precisos e de bons indicadores de que aquele alvo pode ser usado
para a vacina.
Esta forma de estudo vem sendo amplamente usada para desenvolver
vacinas de vírus importantes como o Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV), vírus da herpes, vírus Ebola e vírus da Dengue. E por que o uso dessa
ferramenta é vantajoso nesses estudos? Porque buscar essa estratégia de imu-
nonformática como um estudo prévio à preparação de vacinas facilita para o
pesquisador que passa a ter resultados virtuais confiáveis e que, ao começar os
experimentos laboratoriais seguindo o que foi observado nos softwares, pode
ter mais sucesso no desenvolvimento da vacina e então levar à sociedade uma
vacina eficaz em um curto espaço de tempo.4,5
REFERÊNCIAS
- 61 -
4. NIELSEN, M. et al. NetMHCpan, a method for quantitative pre-
dictions of peptide binding to any HLA-A and-B locus protein of known se-
quence. PloS One, v. 2, n. 8, p. 796, 2007.
- 62 -
doenças das quais não se sabe sua origem. Fazer pesquisa traz benefícios à
sociedade e ao país, pois traz qualidade de vida, chances de cura para as mais
variadas enfermidades e perspectiva de dias melhores.
- 63 -
ASSOCIAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO PELO
HPV E OS MECANISMOS DE MODULAÇÃO
DA RESPOSTA IMUNE
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 64 -
Sabe-se que a resposta imunológica do hospedeiro é o elemento-cha-
ve para evitar que as lesões cervicais progridam para o câncer de colo do
útero por provocar a eliminação eficiente do vírus HPV. Entretanto, existem
vários mecanismos de escape da resposta imune criada pelos vírus que ga-
rantem sua replicação e sobrevivência. Diante disto, vemos a necessidade
e a importância de estudar os mecanismos celulares envolvidos na resposta
imune ante a infecção pelo HPV, a fim de entender como o vírus consegue
driblar o sistema de vigilância imunológico e levar à progressão de lesões
cervicais, formando tumores3.
REFERÊNCIAS
- 65 -
a sociedade, tentam descobrir algo novo que possa ser usado em prol de toda
uma comunidade.
Para mim, fazer ciência no Brasil me traz um misto de sentimentos, já
que em nosso país temos diversos Centros de Pesquisas, que trabalham com
os mais diversos temas e nas mais diversas áreas e desta forma conseguimos
alcançar novas descobertas que possam beneficiar a sociedade como um todo.
Para mim, fazer ciência é ter a satisfação de chegar aos ambulatórios e saber
que de alguma forma, direta ou indiretamente, através das minhas produções
científicas, estou contribuindo com a melhora da qualidade de vida de milha-
res de mulheres. Além da satisfação de poder contribuir no diagnóstico preco-
ce e poder proporcionar outras formas de diagnóstico mais específicos que não
são disponibilizados pelo SUS.
Entretanto, ao mesmo tempo que vemos diversas pesquisas que auxi-
liam a população brasileira, temos que retratar o outro lado da moeda, que
são todas as dificuldades e frustações que é fazer pesquisa neste país, onde,
por exemplo, para que se façam estudos para a descoberta de uma vacina, são
necessários anos de dedicação de toda uma equipe e principalmente é preciso
que tenha um alto investimento, e normalmente esse investimento é feito pe-
los órgãos de fomento que auxiliam para que as pesquisas sejam realizadas.
Nos últimos anos, temos convivido diariamente com a falta de investi-
mento e de infraestrutura, o que impede que possamos progredir e desenvol-
ver nossas pesquisas com qualidade. Além disso, vivemos com a falta de va-
lorização dos alunos de pós-graduação que são responsáveis por mais de 80%
das pesquisas realizadas no país. Por esses e outros motivos temos dificuldade
de conseguir continuar progredindo com a pesquisa no Brasil.
- 66 -
VÍRUS Zika: DA EPIDEMIA À SOLUÇÃO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 67 -
REFERÊNCIAS
- 68 -
Muitos questionamentos ainda são feitos, muitas dúvidas ainda não fo-
ram esclarecidas. Ainda não sabemos com certeza o porquê das infecções pelo
vírus zika terem diminuído, ou o motivo pelo qual outras mães infectadas ti-
veram filhos sem qualquer tipo de síndrome neurológica. Portanto, a pesquisa
quanto à biologia da interação do vírus com o corpo humano deu seus primei-
ros passos nos últimos cinco anos, após os surtos que atingiram a América
do Sul. Seria uma resistência pelo sistema imunológico entre as populações?
Ou simplesmente houve um controle biológico contra os mosquitos-vetores?
E se outro surto acometer as regiões susceptíveis, quais as soluções? Essas
perguntas podem obter respostas se as pesquisas continuarem a existir, sen-
do financiadas por entidades privadas ou por meio de investimentos públicos
para comprar materiais, aprofundar nas tecnologias e ofertar bolsas de auxílio
aos estudantes de pós-graduação.
- 69 -
CARACTERIZAÇÃO DO GERMOPLASMA DE
Vigna spp.: UMA ABORDAGEM CITOGENÔMICA
COMPARATIVA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 70 -
o nosso grupo de pesquisa estuda os cromossomos de diferentes feijões do
gênero Vigna. Nós identificamos regiões específicas nos cromossomos de
feijões, de forma que quando essas regiões estão presentes na espécie avalia-
da podem ser detectadas pela emissão de fluorescência em diferentes cores.
Dessa forma, podemos comparar diferentes espécies, detectar alte-
rações e assim realizar a caracterização citogenética das espécies, ou seja,
a caracterização do germoplasma de diferentes feijões por meio de análises
cromossômicas, servindo como referência para estudos futuros. Tais informa-
ções podem ser utilizadas como base para estudos de organização do genoma,
evolução e programas de melhoramento genético dessas espécies, que são de
grande importância socioeconômica, especialmente para a região Nordeste.
REFERÊNCIAS
- 71 -
Recentemente, estamos implementando a técnica de código de barras
por Oligo-FISH (Hibridização In Situ Fluoresecente por oligonucleotídeos).
Semelhantemente à identificação realizada em um supermercado, que detecta
cada item pelo seu código de barras, essa metodologia permite a identificação
individual de cada um dos 11 pares cromossômicos do feijão-caupi, os quais
são extremamente similares. Além disso, essa técnica pode ser aplicada aos
demais feijões e outras espécies proximamente relacionadas, de forma rápida
e eficiente, facilitando a obtenção de informações, caracterização e compara-
ção entre diferentes espécies.
Realizar pesquisa é algo extremamente gratificante para nós, pois obte-
mos informações inéditas que, aliadas às demais informações já disponíveis
sobre as espécies avaliadas, permitem o entendimento do todo. Nesse sentido,
a nossa pesquisa representa uma das peças de um quebra-cabeça, sem a qual
não é possível identificar a imagem completa. Além do mais, é muito gratifi-
cante poder contribuir para a formação de pessoas, nos níveis de graduação,
mestrado e doutorado. Por outro lado, a burocracia envolvida na compra de
materiais e equipamentos e a verba escassa disponibilizada para a realização
de pesquisa no Brasil dificultam e atrasam a obtenção de resultados. Apenas
com muita dedicação e criatividade é possível avançar.
- 72 -
ANÁLISE DE TRANSCRIPTÔMICA DO
PINHÃO-MANSO EXPOSTO AO ESTRESSE DE
SALINIDADE DO SOLO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 73 -
A análise transcriptômica representa a manifestação global do conjunto
de genes de um genoma, em resposta a um estímulo, possibilitando a com-
paração de plantas diferentes (uma sensível e outra tolerante à salinidade).
Assim, é possível identificar e interpretar as respostas gênicas que conferem
ou não características desejáveis.
Assim, analisar a expressão gênica de genes CoREGs em plantas de pi-
nhão-manso, em condições de estresse salino, é importante para os programas
de melhoramento da espécie, pois podem contribuir para o desenvolvimento
de materiais tolerantes ao estresse em questão.
REFERÊNCIAS
- 74 -
Nesta pesquisa, análises de bioinformática identificaram grupos de ge-
nes CoREGs, que estariam envolvidos na resposta ao estresse salino. Estes
grupos (famílias AUX/IAA, Jumonji e PHD) atuam, principalmente, desati-
vando a expressão de outros genes na planta de pinhão-manso, e que não
seriam necessários naquele momento, na resposta ao sal. O grupo AUX/IAA
merece ainda destaque pela influência direta na distribuição de proteínas Au-
xinas, as quais atuam no desenvolvimento e arquitetura das raízes. Cresci-
mento de raízes é um fenômeno importante na adaptação da planta ao estresse
salino, visando a uma melhor captação de água no solo.
Assim, os benefícios que trabalhos como este podem levar ao seu pú-
blico-alvo resultam em uma cultura melhorada, capaz de resistir melhor a in-
tempéries do ambiente, principalmente no Nordeste, região reconhecidamente
castigada pela seca e vulnerável à salinização dos solos.
A exploração do pinhão-manso como produtor de óleo vegetal para pro-
dução de biocombustíveis, através de plantas mais tolerantes, significa melhor
produção, menor perda, e maior lucro, traduzindo em melhoria econômica,
em desenvolvimento regional e nacional.
- 75 -
EXPRESSÃO DE GENES OSMOPROTETORES
EM PINHÃO-MANSO SOB ESTRESSE SALINO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 76 -
tetores e regula a homeostase de nutrientes ao nível celular, funcionando como
mecanismo de defesa contra estresses salino e seca. Estes osmoprotetores,
provavelmente universais, regulam o ajustamento osmótico celular, minimi-
zando danos causados por espécies reativas de oxigênio (ROS), prevenindo
prejuízos às membranas e proteínas4. Os osmoprotetores preservam o apare-
lho celular dos prejuízos da desidratação, e ao mesmo tempo não interferem
nos processos metabólicos normais.
REFERÊNCIAS
- 77 -
cial para produção de biocombustível, sendo relativamente tolerante à seca,
porém, sensível à salinidade. Visto que há mecanismos que atuam ajustando
as atividades metabólicas da planta sob estresse, para se conhecer e enten-
der esses mecanismos de defesa é preciso aprofundar-se no tema. E isso só é
possível através da pesquisa baseada em experimentos e em análises labora-
toriais realizadas, principalmente, por discentes. A capacidade de realizar es-
tudos assim contribui para o conhecimento intelectual de nós, pesquisadores,
proporcionando experiências únicas. Fazer pesquisa vai além das descobertas
científicas, é também compartilhar vivências, discuti-las e aprender com os
erros, para se aprimorar cada dia mais.
O maior desafio é conseguir responder à pergunta proposta na pesquisa,
verificando se as hipóteses esperadas serão confirmadas. Com isso se iniciam
os desafios secundários, comuns a todos os pesquisadores, a quantidade limi-
tada e/ou às vezes insuficiente de material. Outro entrave são o armazenamen-
to, manipulação e discussão de grandes quantidades de dados, bem como a
administração do tempo, para cumprir o cronograma sugerido.
O Brasil é um país rico em recursos naturais renováveis e poder
utilizá-los de forma consciente é importante para a preservação do meio am-
biente, por isso o uso de biocombustíveis é considerado vantajoso, por possuir
menor índice de poluição com a sua queima e processamento; e se podem ser
cultivados são, portanto, renováveis. Então, entender o papel dos mecanismos
moleculares e fisiológicos do pinhão-manso fornece dados promissores para
posteriores pesquisas aplicadas ao melhoramento genético dessa planta.
- 78 -
ECOLOGIA
DIVERSIDADE E ECOLOGIA DE SAMAMBAIAS
E LICÓFITAS NO NORDESTE BRASILEIRO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 80 -
Azolla Lam., fixadora de nitrogênio e inserida em plantações de arroz, princi-
palmente na Ásia2.
Ecologicamente, as samambaias e licófitas participam efetivamente na
manutenção da umidade florestal, favorecendo os processos de desenvolvi-
mento e estabelecimento de outros grupos vegetais e animais, necessários ao
equilíbrio ecológico do ambiente. Algumas espécies possuem a habilidade
de remover compostos tóxicos, evidenciando uma importante função das sa-
mambaias no processo de conservação e restauração ambiental. Além disso,
algumas samambaias possibilitam a indicação de tipos de solo e ambientes
perturbados, mensurando o nível de conservação destes e, portanto, sendo im-
portantes em estudos de monitoramento ambiental2.
REFERÊNCIAS
- 81 -
acerca das interações de samambaias e herbívoros, as quais têm mostrado
que esse grupo de plantas possuem um número expressivo de interações, es-
pecialmente com insetos, mesmo sem flores e frutos, estruturas presentes nas
dominantes angiospermas e que coevoluíram com os insetos. As samambaias,
por exemplo, podem hospedar insetos galhadores, que em sua maioria são es-
pecializados às plantas hospedeiras, e podem também serem consumidas por
lagartas e formigas cortadeiras. Adicionalmente, as pesquisas têm demonstra-
do que samambaias expressam múltiplos traços de defesas contra herbívoros.
Algumas espécies possuem defesas físicas (exemplo tricomas) e baixa qua-
lidade nutricional (nitrogênio e fósforo). As samambaias possuem um forte
“arsenal” de defesas químicas. (4) Estudos de atividade antibacteriana e anti-
fúngica utilizando a “arsenal” químico das samambaias, que têm demonstrado
ser efetivo contra diferentes tipos de bactérias e fungos. Em síntese, as minhas
pesquisas possibilitam uma melhor compreensão ao mundo natural e como
esse deverá ser conservado para usos diversos da sociedade, a exemplo da
busca de substâncias químicas para diversas finalidades.
Atualmente, meu sentimento é de contrastes com o fazer pesquisa no
Brasil, se por um lado cada vez mais me consolido como um recurso humano
que produz informações importantes na área de pesquisa apresentada acima,
por outro lado, tenho uma incerteza sobre minha fixação como Pesquisador/
Professor em Universidades públicas ou Institutos de Pesquisa. Mais difícil
ainda é saber que essa incerteza faz parte de uma geração de recém-doutores
nas mais diversas áreas da ciência no Brasil. Portanto, há o risco iminente de
a atual geração não ser aproveitada em sua maioria, representando a ruptura
para várias pesquisas.
- 82 -
ANATOMIA VEGETAL COMO FERRAMENTA PARA
COMPREENDER QUESTÕES ECOLÓGICAS
INTRODUÇÃO
- 83 -
A anatomia vegetal também tem sido utilizada para estudos com es-
pécies de manguezais, que constituem um ecossistema costeiro de transição
caracterizado, dentre outros aspectos, pela vegetação heterogênea e elevada
salinidade. Esses ecossistemas são responsáveis pela subsistência de muitas
comunidades ribeirinhas e vêm sendo amplamente afetados pela ação antrópi-
ca, que tem alterado, consideravelmente, a sua dinâmica.
Estudos anatômicos têm contribuído para a compreensão de adaptações
das plantas à salinidade, bem como para entender as respostas delas antropiza-
ção, sobretudo, quanto à introdução dos metais pesados. Algumas das respos-
tas morfoanatômicas das plantas a tais condições incluem ajustes em tecidos
como a epiderme, o mesofilo e ao sistema vascular, além de síntese e armaze-
namento de compostos fenólicos e outros componentes químicos usados para
a defesa das espécies vegetais, bem como o armazenamento dos metais em
compartimentos celulares como vacúolo, por exemplo3.
REFERÊNCIAS
- 84 -
truturas morfoanatômicas de diferentes espécies de plantas superiores ocor-
rentes em ecossistemas como manguezais, Mata Atlântica e Caatinga com
abordagens evolutivas, taxonômicas e, sobretudo, ecológicas.
No momento, diante da escassez de recursos que tem afetado negativa-
mente a pesquisa brasileira, o LAVeg vem estabelecendo parcerias com outras
instituições, como o Laboratório de Imunopatogia Keizo Asami (LIKA), Uni-
versidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE), para manutenção do desenvolvimento dos projetos atuais e conti-
nuidades e, consequentemente, das linhas de pesquisas na área.
Mesmo diante dos obstáculos impostos à ciência na atualidade, o Labo-
ratório de Anatomia Vegetal da UFPE tem contribuído de forma considerável
com a ciência e a sociedade brasileira tanto no cenário regional quanto no
nacional. No que diz respeito à Caatinga, o LAVeg tem revelado importan-
tes dados acerca da dinâmica de espécies vegetais de famílias altamente re-
presentativas para o ecossistema como Cactaceae, Fabaceae e Bromeliaceae
ante o cenário das mudanças climáticas atuais e suas previsões futuras. Nesse
contexto, as pesquisas desenvolvidas no LAVeg têm ajudado a entender como
essas plantas conseguem sobreviver a condições de déficit hídrico e elevadas
incidências de raios UV utilizando características morfoanatômicas.
Outros resultados incluem a compreensão do comportamento de espé-
cies aquáticas, através das respostas das plantas à ação antrópica em ambientes
de manguezal as quais são fundamentais para auxiliar nas projeções futuras
quanto à determinação de espécies bioindicadoras de condições ambientais,
bem como o seu biomonitoramento, que podem contribuir com a conservação
desse ecossistema.
O LAVeg atua ainda em projetos didáticos como a elaboração de la-
minário e modelos para disciplinas de graduação e exposições didáticas para
escolas, universidades e outras instituições de ensino com viés extensionista,
que visam, acima de tudo, traduzir para a sociedade de forma clara e simples
a importância e função desta tradicional área da botânica.
E é dessa forma que o LAVeg segue na luta a favor da ciência brasileira,
mesmo com escassez de recursos, adaptação de protocolos e buscando parce-
rias, este laboratório resiste para manter suas linhas de pesquisa em evidência
ante as adversidades que põem em risco a academia no Brasil!
- 85 -
FISIOPATOLOGIA
MECANISMOS GLUTAMATÉRGICOS ASTROCÍTICOS
ESTÃO PREJUDICADOS NO BULBO DE RATOS COM
HIPERTENSÃO RENOVASCULAR
- 87 -
ao certo como. Estes astrócitos são considerados o tipo mais comum de células
da glia, mais populosas do cérebro inteiro. Existem 50 vezes mais células da
glia no cérebro do que neurônios e elas têm importantes funções no desenvol-
vimento, na estrutura, no metabolismo, na sinalização e na proteção do cérebro.
Pesquisas com ratos feitas pelo grupo de Nephtali Marina (2016)1 mos-
traram diversos indícios de que as células da glia do bulbo, especialmente os
astrócitos, estão associadas com o desenvolvimento de doenças cardiovascula-
res como a hipertensão e a insuficiência cardíaca crônica. Mas como a glia, em
especial os astrócitos, podem levar à superativação do hipotálamo e bulbo para
gerar a hipertensão? Essa é a questão a que a nossa pesquisa procura responder.
De maneira inédita, nós vimos que as células da glia contribuem para
a redução/normalização da pressão arterial dos ratos2. Então nós suspeitamos
que ‘se os astrócitos contribuem para reduzir/normalizar a pressão arterial,
talvez na hipertensão eles não estejam funcionando corretamente’.
Pensamos: - De que forma os astrócitos podem reduzir a ativação dessas
áreas, para reduzir a pressão arterial? Talvez reduzindo a concentração de gluta-
mato. Veja só, se normalmente os astrócitos reduzem o glutamato nessas áreas,
é possível que o glutamato aumentado na hipertensão seja devido ao mau fun-
cionamento dos astrócitos. Opa! Parece que finalmente conduzimos você a nos-
sa hipótese. Além disso, vimos que há uma molécula aumentada na hipertensão
chamada Angiotensina II, que impede a redução de glutamato pelos astrócitos2.
Por isso, também estamos vendo se a inibição da Angiotensina II restaura esta
disfunção e reduz a superativação do bulbo em ratos hipertensos.
REFERÊNCIAS
- 88 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
- 89 -
CARACTERIZAÇÃO FISIOPATOLÓGICA DE
PEÇONHAS DO GÊNERO Bothrops
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 90 -
ticas presentes na peçonha. Tal dano pode evoluir para necrose, cuja extensão
pode variar dependendo de fatores como a demora para administrar a sorote-
rapia antiveneno e o manejo inadequado da lesão formada no local da picada,
empregando intervenções populares, como o uso de torniquetes5. Em média,
cerca de 1.000 pacientes sofrem sequelas relacionadas às complicações locais
destacadas, anualmente, devido aos fatores supracitados1.
Além disso, algumas toxinas presentes na peçonha podem provocar
distúrbios na circulação sanguínea, provocando hemorragia local e sistê-
mica, e desordens na hemostasia. Esse mecanismo tem grande impacto nos
distúrbios sistêmicos, desencadeados por meio da ação sinérgica de diver-
sas toxinas, que causam perda da integridade e morte celular, obstrução na
circulação e vasodilatação, que podem levar à hipotensão e comprometer o
fornecimento de sangue para vários órgãos. Isso afeta órgãos vitais como os
rins, gerando insuficiência renal aguda pela hipoperfusão e dano ao tecido
renal; e como o coração, uma vez que o baixo suprimento de sangue pode
promover falência cardíaca3,5.
A peçonha é composta de uma mistura bioquímica complexa com pre-
dominância proteica, apresentando toxinas que agem em diversos alvos fisio-
lógicos. Considerando a variabilidade que tem sido descrita na composição
proteica e atividades funcionais de peçonhas ofídicas, é pertinente afirmar que
pode haver diferenças nas manifestações sintomatológicas, gerando, assim,
quadros clínicos de complexidades distintas2. Por isso, é de extrema importân-
cia a caracterização das peçonhas ofídicas quanto às suas ações fisiopatológi-
cas, uma vez que essa compreensão pode dar subsídio ao manejo clínico para
promover um tratamento complementar à soroterapia disponível, reduzindo o
acontecimento de sequelas.
REFERÊNCIAS
1. SILVA, J. F. Efeito inibitório do decocto das folhas de Jatropha
gossypiifolia L. contra a toxicidade local e sistêmica da peçonha da ser-
pente Bothrops erythromelas. 2018. 278f. Tese (Doutorado em Bioquími-
ca) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, 2018.
- 91 -
5. NORÕES, T. B. S. Efeitos renais promovidos pelo veneno da ser-
pente Bothrops atrox e liberação sistêmica de óxido nítrico. 2009. 85 f.
Dissertação (Mestrado em Farmacologia) - Faculdade de Medicina, Universi-
dade Federal do Ceará, Fortaleza, 2009.
- 92 -
FARMACOLOGIA
A DIFERENÇA ENTRE O VENENO E
O REMÉDIO É A DOSE?
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 94 -
tuição há uma gama de outras substâncias além daquela responsável pela
atividade de interesse.
A exemplo, alguns estudos relataram a correlação entre a utilização do
chá de boldo e casos de alergias, diminuição do efeito de medicamentos, efei-
tos tóxicos para o fígado e potenciais abortivos e teratogênicos (capacidade de
causar malformações no feto) ³.
Desta forma, é essencial conhecer os efeitos adversos que as plantas
medicinais podem causar, a fim de estabelecer os parâmetros de utilização
segura desses produtos, como a dosagem correta e o tempo de utilização
adequado. Por isso, agências regulatórias como a Agência Nacional de Vi-
gilância Sanitária (Anvisa), requerem estudos toxicológicos para o registro
de novos produtos.
No entanto, para algumas plantas comumente utilizadas pela popu-
lação, esses dados são bem escassos. Esse é o caso da Moringa oleifera,
conhecida somente como moringa, planta bastante conhecida e utilizada em
países como o Brasil devido ao seu grande potencial nutricional e medicinal.
Devido aos múltiplos usos que apresenta, a moringa também é conhecida
como planta milagrosa em muitos lugares. A farinha e o chá das folhas já
são consumidos em todo o país, bem como utilizados para alimentação de
animais não humanos.
Em suma, a avaliação da toxicidade de produtos é essencial, pois visa
garantir a segurança da utilização deles pela população como uma estratégia
de promoção de saúde e bem-estar para todos. Além disso, tem como objetivo
orientar as pessoas sobre a forma correta de fazer uso desses materiais, desfa-
zendo a crença de que produtos naturais podem ser tomados à vontade. Afinal,
a diferença entre o remédio e o veneno pode ser a dose, certo?
REFERÊNCIAS
- 95 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Caro leitor, meu nome é Matheus Cavalcanti de Barros, sou aluno de
mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (PPGCB)
da Universidade Federal de Pernambuco, orientado pela Professora Patrícia
Maria Guedes Paiva. Sou bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes) e minha pesquisa tem como objetivo ava-
liar o potencial toxicológico das folhas de Moringa oleifera, conforme foi
mais bem esclarecido na seção anterior.
Como cientista e aluno, quando projeto um trabalho, sempre penso nas
melhores perguntas a fim de contribuir cada vez mais com o desenvolvimento
científico e tecnológico do Brasil. A formulação de novos medicamentos à
base de plantas não só tem como objetivo aumentar as possibilidades de trata-
mentos para doenças, mas também contribui para a economia do país, gerando
empregos e renda para muitas pessoas.
O nosso país é rico por natureza (literalmente). Temos água, biodiver-
sidade animal e vegetal, clima propício e muitos outros fatores. No entanto,
é necessário que foquemos no que de fato interessa. Diante do potencial que
temos, sinto a cada dia que nós podemos muito mais. Nenhuma riqueza pas-
sageira poderá valer mais que os novos conhecimentos gerados e os possíveis
caminhos de inovação tecnológica que se abrirão. Inovação esta que possui
um grande valor agregado para a economia e capaz de transformar o Brasil
naquilo que realmente é: um grande arsenal de novas substâncias que apresen-
tam diversos potenciais, especialmente para a saúde.
E como iremos descobrir as armas desse arsenal sem a ciência?
- 96 -
“CAUSA DA MORTE: FALÊNCIA DE MÚLTIPLOS
ÓRGÃOS” - PROCURANDO ALTERNATIVAS PARA
REVERTER ESTE QUADRO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 97 -
O choque hemorrágico acontece quando uma pessoa tem uma perda
muito grande de sangue devido a um trauma, por exemplo, um acidente au-
tomobilístico ou ferimento com armas. O volume de sangue dentro dos vasos
(ou volemia) influencia diretamente os valores da pressão arterial. Uma vez
que esse volume de sangue é reduzido por causa de uma hemorragia, a pres-
são sanguínea também será reduzida, diminuindo a quantidade de sangue que
chega aos órgãos. E isso causa um dano aos órgãos.
Já o choque séptico é uma consequência de uma infecção por microrga-
nismos (principalmente bactérias) que podem se espalhar pelo corpo (conhe-
cido popularmente como “infecção generalizada” ou “infecção hospitalar”).
Uma vez que a infecção se espalha, o corpo perde a capacidade de combater
o microrganismo causador da doença e começa a entrar em colapso. Uma si-
tuação bastante comum, de acordo com Mayr (2014)1, é quando um paciente
tem uma pneumonia (uma infecção bacteriana nos pulmões em que o paciente
apresenta febre, cansaço, falta de ar, entre outros sintomas) e as bactérias que
estavam apenas nos pulmões saem de lá, caem na corrente sanguínea e se es-
palham por outros órgãos. Quando isso acontece, os órgãos começam a parar
de trabalhar corretamente, o coração perde a capacidade de bombear o sangue
adequadamente, levando o paciente ao choque.
Por mais que os profissionais de saúde tentem tratar os pacientes com
choque da melhor maneira possível, ainda hoje não existem tratamentos es-
pecíficos para estas condições. Infelizmente, grande parte dos pacientes que
apresentam choque morre devido à disfunção de múltiplos órgãos que é con-
sequência da baixa pressão. Portanto, dentro dessa perspectiva, inúmeros pes-
quisadores procuram maneiras diferentes de tratamento e manejo do choque.
REFERÊNCIAS
- 98 -
diferentes modelos experimentais de choque e tentar achar possíveis alvos
terapêuticos para tratar essas condições. Em outras palavras: nós induzimos o
choque em animais de laboratório e tentamos tratá-los, focando em diferentes
estruturas do organismo e vendo como os animais respondem.
Existem, atualmente, dois modelos experimentais que utilizamos no
nosso laboratório: o choque séptico em camundongos, induzido por um mo-
delo de pneumonia através da administração de uma bactéria diretamente na
traqueia do animal; e o choque hemorrágico, induzido em ratos através da re-
tirada seguida da reintrodução do sangue no animal. Dessa forma tentamos ao
máximo imitar o que acontece com os seres humanos que desenvolvem cho-
que séptico ou choque hemorrágico, e assim investigamos alternativas para
tentar encontrar possíveis tratamentos para o dano de órgãos que ocorre como
consequência destes processos.
Infelizmente, estes modelos experimentais são bastante complexos e
difíceis de fazer. É necessário muito treinamento para realizar este tipo de
experimento. Além disso, trabalhar com animais de experimentação é uma
coisa cara e complicada, pois existem muitas variáveis que podem atrapalhar
o andamento da pesquisa. Outro ponto que dificulta a execução desse tipo de
projeto são os preços dos reagentes utilizados e a escassez de recursos.
Entretanto, mesmo com todas as dificuldades, trabalhar neste campo é
uma coisa bastante recompensadora. Afinal, nós estamos procurando alterna-
tivas de tratamento para condições de saúde que ainda hoje levam milhões de
pessoas ao óbito. Fazer ciência é algo difícil, mas o bem alcançado é maior.
- 99 -
PRODUTOS NATURAIS NO TRATAMENTO
DE DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Centro de Biotecnologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, BR (Programa de Pós-gra-
duação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos). engenheiro.sales@gmail.com.
b Centro de Biotecnologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, BR (Programa de Pós-gra-
duação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos). sandra@cbiotec.ufpb.br.
- 100 -
de Crohn, fibrose cística, pneumonia, sepse e tuberculose), danificando te-
cidos saudáveis do organismo humano. A desregulação da inflamação pode
ocorrer quando células patogênicas e células saudáveis são danificadas, ini-
ciando respostas inflamatórias adicionais.2, 3
Atualmente, os medicamentos mais utilizados para o tratamento de do-
enças inflamatórias são anti-inflamatórios não esteróides (AINE) e esteroi-
dais, embora, em muitos casos, ambos induzam efeitos colaterais graves e
sejam inadequados para o uso prolongado. A partir dessas premissas, os pro-
dutos naturais tornam-se importantes fontes de princípios ativos para o desen-
volvimento de novos medicamentos. Nesse contexto, os produtos naturais são
moléculas produzidas por plantas, fungos, bactérias e outros organismos; ou
moléculas artificialmente modificadas a partir dessas precursoras. 4
REFERÊNCIAS
- 101 -
É gratificante poder contribuir ativamente com o avanço da ciência.
Não se trata apenas de obter um título de bacharel, mestre ou doutor, mas fa-
zer parte de contexto maior que se chama ciência, ou seja, fazer ciência com
as próprias mãos. Minha pesquisa investiga o efeito anti-inflamatório de uma
molécula produzida por fungos. Essa pesquisa pode fornecer um novo fárma-
co com atividade anti-inflamatória, servir de base para pesquisas posteriores,
contribuir para o entendimento de processos fisiológicos de doenças inflama-
tórias, entre outros.
Apesar da sua importância, a ciência no Brasil enfrenta muitos proble-
mas, como o sucateamento de instituições de pesquisa, falta de fomento para
projetos de pesquisa e escassez de bolsas de estudo (iniciação científica, mes-
trado, doutorado e pós-doutorado). Por isso, é importante estimular políticas
públicas que preservem e permitam o avanço da ciência no Brasil.
- 102 -
LIMFA – LABORATÓRIO DE IMUNOFARMACOLOGIA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA/PB E
SUA CONTRIBUIÇÃO NO CONTEXTO CIENTÍFICO
DO BRASIL
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 103 -
danos à saúde. Portanto, nesse contexto descreveremos alguns dos trabalhos
mais relevantes realizados no LIMFA.
A planta Cissampelos sympodialis (Menispermacaea), vegetal símbolo
do estado da Paraíba (Lei Estadual n. 9.801 de 14 e junho de 2012) é conhe-
cida, popularmente, por milona, orelha de onça e abutera, sendo utilizada na
medicina popular para minimizar as crises de asma, bronquite e rinite. Nossos
trabalhos demonstraram que o extrato etanólico das folhas da planta diminuiu
o processo inflamatório nas vias aéreas superior (via o modelo experimental
de rinite)1, inferior (via modelo experimental de asma)2, bem como na alergia
alimentar3, respaldando cientificamente a planta no sentido de que ela apre-
senta propriedades anti-inflamatória e imuno moduladora.
Em 2015 obtivemos o registro da seguinte patente: (Br 1 o 2013 009409-
9 a2.) “Processo para produção de extrato etanólico de milona com concentra-
ção padronizada de marcadores, extrato obtido, composições farmacêuticas e
uso de composições obtidas” (INPI- Instituto Nacional da Propriedade Indus-
trial). Em adição, testamos dois alcaloides (componentes isolados da planta)
denominados de warifteina e milonina e obtivemos resultados semelhantes
demonstrando que a planta contém substâncias que melhoram as condições
clínicas nessas patologias.1,2,3,4
Mais recentemente, estudando um alcaloide sintético denominado
MHTP, com rendimento de síntese de 93,45%, no modelo experimental de
síndrome de asma e rinite alérgicas combinadas (CARAS), verificamos que
esse alcaloide sintético apresenta propriedades anti-inflamatória e imunomo-
duladora possibilitando, portanto, realizar testes clínicos de fase I, pois, além
de não apresentar toxicidade também não apresenta a problemática de sua
produção em larga escala5. Em 2016 depositamos (INPI - Instituto Nacional
da Propriedade Industrial) a seguinte patente: (Br1020160182255) “Alcaloide
sintético denominado MHTP no tratamento da inflamação”.
Ante o exposto estamos convictos de que a partir de estudos não clíni-
cos com plantas medicinais e seus compostos podemos encontrar moléculas
que poderão ser acrescentadas ao arsenal de drogas para tratar alergias, bem
como processos inflamatórios e melhorar a condição de vida humana.
REFERÊNCIAS
- 104 -
SOUZA, H.S.; BANDEIRA-MELO, C.; BOZZA, P.T.; PIUVEZAM MR. Ef-
fectiveness of Cissampelos sympodialis and its isolated alkaloid warifteine
in airway hyperreactivity and lung remodeling in a mouse model of asthma.
International Immunopharmacology, v 13, p. 148–155, 2012.
- 105 -
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIDIARREICA E DOS
EFEITOS NA MOTILIDADE GASTRINTESTINAL DO
ESTRAGOL EM CAMUNDONGOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
REFERÊNCIAS
- 106 -
2. ANDRADE, J.A.B.; FAGUNDES NETO, U. Persistent diarrhea: still
an important challenge for the pediatrician. Journal of Pediatrics, v. 8, n. 3,
p. 199-205, 2011.
3. BARKA, AOUADHI, C.; TLILI, M.; ALIMI, H.; BEN MILED, H.;
BEN RHOUMA, K.; SAKLY, M.; KSOURI, R.; SCHNEIDER, Y.J.; MAAR-
OUFI, A.; TEBOURBI, O. Evaluation of the anti-diarrheal activity of the hydro-
methanolic root extract of Rhus tripartita (Ucria) (Anacardiacae). Elsevier, v. 83,
p. 827–834, 2016.
- 107 -
O Brasil é um país com notáveis carências sociais, por isso, o investi-
mento de recursos públicos na pesquisa científica e tecnológica é de extrema
importância para que o país avance. Há falhas e limitações no cenário da pes-
quisa nacional, mas é preciso seguir firme e mostrar que a pesquisa é a base da
inovação, essencial ao desenvolvimento econômico, à melhoria da qualidade
de vida da população e à geração de riqueza. Fazemos ciência de qualidade
sim e é preciso a união de todos para que haja o reconhecimento disso e que
seja produzida uma ciência de qualidade, de relevância e de grande impacto
para a sociedade.
- 108 -
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIDIARREICA E DOS
EFEITOS NA MOTILIDADE GASTRINTESTINAL DA
A-ASARONA EM CAMUNDONGOS
INTRODUÇÃO
- 109 -
Nessa perspectiva se faz necessária a busca por novas alternativas tera-
pêuticas que proporcionem uma maior facilidade de acesso, além de garantir
eficácia, baixa toxicidade e efeitos colaterais reduzidos. Desta forma os pro-
dutos naturais, em especial as plantas medicinais, constituem bons pontos de
partida para a descoberta de novos medicamentos
REFERÊNCIAS
- 110 -
ser promissor, na construção de um novo medicamento eficaz. Embora sempre
haja alguns empecilhos pelo caminho que dificultam a pesquisa, como a não
valorização da pesquisa no Brasil, e consequentemente a falta de investimento
necessário nessa área.
Muitos projetos visam a um papel muito importante na sociedade atu-
al, como a busca de novos medicamentos para a cura de doenças como as
neoplasias. Pesquisas como esta devem ter uma atenção maior, já que o cân-
cer é um problema mundial, que vem atingindo grande parte da população.
A descoberta de um medicamento promissor para essa doença é extremamente
significativa para toda a população.
Recentemente testamos uma substância com atividade antidiarreica
promissora, de potência consideravelmente superior aos medicamentos já
existentes em farmácias para tal distúrbio. O próximo passo será investigar os
mecanismos de ação pelo qual a substância age. Ela poderá ser utilizada para
a fabricação de um possível medicamento a partir de testes complementares.
- 111 -
ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DE PRODUTOS
NATURAIS NO TRATO GASTRINTESTINAL
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 112 -
surgem os produtos naturais, em especial as plantas medicinais, como fontes
potenciais de novas moléculas biologicamente ativas, eficazes, seguras, que
poderão ser utilizadas no tratamento das afecções do trato gastrintestinal.
REFERÊNCIAS
1. ALVES JÚNIOR, E.B. Avaliação da atividade gastroprotetora do
estragol em modelos animais. Dissertação (Mestrado) - Universidade Fede-
ral da Paraíba, 2019.
- 113 -
A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS EM
PSICOFARMACOLOGIA PARA A SOCIEDADE
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 114 -
gica. Uma outra desvantagem apresentada pela administração de fármacos
para o tratamento da ansiedade é o tempo necessário para que o efeito da
substância seja alcançado, levando a uma baixa adesão ao tratamento por
parte dos usuários.
Para minimizar os efeitos indesejáveis provenientes dos agentes tera-
pêuticos disponíveis no mercado, busca-se o desenvolvimento de novos com-
postos com potencial terapêutico, podendo ser utilizados de forma mais se-
gura, com baixo custo de produção e sem comprometer os recursos naturais.
Os óleos essenciais são substâncias obtidas a partir de plantas aromá-
ticas, que exalam de suas folhas (ou outras partes) odores. Estes produtos
são bastante utilizados pela medicina popular, pois apresentam uma grande
aplicabilidade. Também são utilizados na indústria farmacêutica com as mais
variadas finalidades, devido ao seu grande potencial terapêutico, dentre estes,
atividade ansiolítica2,3.
Pesquisas recentes sugerem que os óleos essenciais agem modulando a
transmissão central. A percepção de odores tem sido relacionada com padrões
comportamentais, sugerindo, desta forma, uma correlação neuroanatômica
entre o cheiro e demonstrações de emoções. Diversos efeitos fisiológicos, be-
néficos, têm sido descritos, em estudos com seres humanos (clínicos), após a
inalação de óleos essenciais, dentre esses, uma redução dos efeitos psicológi-
cos como o estresse e estados de agitação e ansiedade.
O citronelal, juntamente com outros compostos (citral, geranial, linalol
e citronelol), são os monoterpenos mais importantes e empregados atualmente
na indústria farmacêutica, por apresentarem em estudos anteriores forte ação
depressora sobre o sistema nervoso central, apresentando propriedades seda-
tivas e hipnóticas4. Recentemente, em trabalhos realizados pelo grupo de pes-
quisa, o (+)-Borneol, demonstrou possuir efeitos analgésicos, antidepressivos
e anti-inflamatórios, sendo descrito como um modulador positivo da ativação
dos receptores GABAA.
REFERÊNCIAS
- 115 -
4. GUIMARÃES, A. G.; QUINTANS, J. S. S.; QUINTANS-JÚNIOR,
L. J. Monoterpenes with analgesic activity--a systematic review. Phytothera-
py Research, v. 27, p. 1-15, 2013.
- 116 -
A IMPORTÂNCIA DA BUSCA DE NOVAS
SUBSTÂNCIAS COM ATIVIDADE ANTIDEPRESSIVA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 117 -
Uma das razões de ser tão debatida a importância do diagnóstico e tra-
tamento da depressão nos últimos anos é o seu crescente número, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 350 milhões de pesso-
as vivem com depressão e até 2020 ela se tornará o segundo maior transtorno
comportamental no mundo, o que torna importantes a pesquisa e o desenvol-
vimento de novos tratamentos5.
REFERÊNCIAS
- 118 -
aproximadamente quatro anos, acumulando experiência nessa área. Meu
mestrado é sobre a investigação da atividade antidepressiva de um isômero
do anetol, e estamos pesquisando se essa substância poderá ser utilizada
como antidepressiva.
Os atuais tratamentos medicamentosos existentes causam inúmeros
efeitos colaterais muito incômodos para os pacientes, além de demorarem para
sentir a melhora e inclusive em alguns casos serem resistentes ao tratamento.
Assim, procuramos alternativas com menos efeitos e também mais eficientes.
Além de descobrir uma provável nova medicação, com o método que utiliza-
mos vamos entender melhor como os antidepressivos atuam no organismo e
auxiliar em novas pesquisas voltadas para esta patologia.
Fazer pesquisa no Brasil é bastante árduo, aqui aprendemos da maneira
mais difícil principalmente por falta: de investimento, de incentivo, de valo-
rização e por recursos limitados, a fazer o melhor de forma mais criativa pos-
sível e que possa garantir que a pesquisa seja fidedigna. Porém, mesmo com
esses obstáculos, é gratificante pesquisar, o conhecimento adquirido por meio
das leituras e práticas de laboratório é único e muito valioso (só quem passa
por essa experiência sabe o que é), além de estudar sobre algo que poderá aju-
dar pessoas que enfrentam essa doença tão séria e estigmatizada.
- 119 -
SUBSTÂNCIAS NATURAIS PODEM PROTEGER
DE CONVULSÕES?
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 120 -
30% dos pacientes ou, ainda, apresentar diversos efeitos indesejados2. Contu-
do, a segunda boa notícia é que, nesse exato momento, milhares de cientistas
em todo o mundo estão realizando pesquisas buscando novas formas de trata-
mento mais seguros e eficientes, que tenham um menor impacto no cotidiano
e melhorem a qualidade de vida dos pacientes.
Nessa busca por novas opções de tratamento, várias moléculas estão
sendo estudadas, incluindo inúmeras provenientes de plantas populares. Essas
plantas são constituídas por substâncias que podem ser benéficas ou maléficas
para outros organismos e, portanto, devem ser isoladas e testadas individual-
mente em animais de laboratório3 com o objetivo de identificar sua capacidade
de ação como possível medicamento.
Dessa forma, se uma substância natural apresenta um bom resultado
em modelos animais, ela passa a ser sintetizada através de reações químicas,
permitindo sua produção em grande quantidade para ser usada em estudos
clínicos, com seres humanos, e, posteriormente, com a aprovação por agên-
cias de controle de qualidade, o novo medicamento pode ser disponibilizado
para comercialização e tratamento das doenças para as quais foram realiza-
dos os estudos.
O Brasil se mostra privilegiado por ter uma grande biodiversidade e
um enorme potencial florístico, o que favorece a pesquisa de possíveis novos
medicamentos. Assim, o Laboratório de Psicofarmacologia da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), em colaboração com outros laboratórios, testa
diversas substâncias naturais há anos e já encontrou resultados promissores
para o tratamento e/ou prevenção de convulsões e doenças relacionadas. Nos-
so propósito, então, é continuar investigando para responder como e se essas
substâncias naturais são capazes de proteger de convulsões.
REFERÊNCIAS
- 121 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
- 122 -
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO
COM Lactobacillus Acidophilus (LA–05) NOS
PARÂMETROS CARDIOVASCULARES DE ANIMAIS
NORMOTENSOS E HIPERTENSOS
- 123 -
arterial, controlar outros fatores de risco e reduzir o número ou as doses de
medicamentos anti-hipertensivo¹.
As bactérias do gênero Lactobacillus e Bifidobacterium são as mais
utilizadas como probióticos, porque têm sido isoladas de todas as porções do
trato gastrintestinal de um humano saudável, além de possuírem efeitos bené-
ficos na microbiota intestinal humana, promovendo uma melhora na resistên-
cia contra patógenos, evidenciando que o uso de microrganismos benéficos
favorece os mecanismos de defesa naturais do hospedeiro²,³.
Assim sendo, nós tivemos o interesse de buscar entender melhor como
um tratamento com probiótico pode auxiliar no controle da hipertensão, ten-
tando entender de que maneira essa melhora está sendo promovida.
REFERÊNCIAS
- 124 -
e sensíveis às necessidades da sociedade, percebendo até onde chega um tra-
balho realizado em uma bancada.
Diferentemente do que muitos pensam, não estamos voltados em prol
da salvação mundial a partir de uma cápsula milagrosa, nossos esforços são
mais voltados para o entendimento e esclarecimentos de algumas doenças
que afligem a população. No caso da minha pesquisa, a hipertensão é uma
questão de saúde pública com estimativa de presença em 25% da população
brasileira, o que quer dizer que, somente no Brasil, quatro de cada 10 pes-
soas possuem hipertensão. Então, entender como a hipertensão funciona e
buscar meios de melhorar seu controle são muito importantes e essenciais
para manutenção da saúde.
Mesmo com a quantidade de medicamentos hipertensivos existentes no
mercado, a hipertensão contínua apresentando resistências para o seu trata-
mento. Por sua vez, isso instiga a pesquisa de novas formas para se controlar
a pressão alta. Como já dito, as diretrizes para controle da hipertensão preco-
nizam como primeira escolha um tratamento não medicamentoso e mudanças
no estilo de vida. Com o auxílio de outras pesquisas, realizadas por cientistas,
percebemos que microrganismos podem ser inseridos na alimentação e pro-
mover benefícios à saúde. Foi quando surgiu a ideia do nosso projeto: como
um probiótico pode melhorar o controle da hipertensão?
Teremos muito a caminhar ainda na tentativa de entender por completo
como os processos do organismo funcionam, mas tenho certeza de que todos
os passos valerão a pena. No fim das contas, toda pesquisa realizada dentro e
fora das universidades possui o mesmo foco: melhorar a qualidade de vida das
pessoas. Na atual situação, lutamos contra muitas correntes que tentam barrar
nosso trabalho, mas a ciência sempre foi a luz que guiou a sociedade para o
futuro e agora não será diferente.
- 125 -
POTENCIAL TERAPÊUTICO DE PEPTÍDEOS SEM
PONTES DISSULFETO PRESENTES NA PEÇONHA
DE ESCORPIÕES
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 126 -
O escorpião Tityus stigmurus corresponde à espécie predominante no
Nordeste brasileiro, sendo o principal responsável pelos acidentes por escor-
piões na região. A avaliação da diversidade molecular da glândula de peçonha
deste escorpião tem sido demonstrada por uma abordagem por transcriptômi-
ca, revelando abundante presença de PSPDs e, portanto, representa um rico
arsenal de componentes bioativos ainda pouco explorados, com elevado po-
tencial farmacoterapêutico3.
Stigmurina e TsAP-2 são PSPDs presentes na glândula da peçonha do
escorpião T. stigmurus, com atividade anticâncer, antifúngica e antibacteriana
comprovada in vitro, dotadas também de ação antibiótica no modelo de sepse
em animais experimentais. Stigmurina também tem revelado efeito antipara-
sitário sobre o Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas, em
estudos in vitro4,5.
Considerado o rápido surgimento de patógenos multirresistentes, a ur-
gente necessidade da produção de novos fármacos e a ampla diversidade mo-
lecular pouco explorada da peçonha de escorpiões, estudos científicos que
revelem o potencial antimicrobiano de componentes biologicamente ativos
presentes na peçonha desses animais são relevantes para a sociedade, uma
vez que constituem uma etapa fundamental para o desenvolvimento de novos
medicamentos anti-infecciosos.
REFERÊNCIAS
- 127 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Sou Alessandra Daniele, doutoranda do Programa de Pós-graduação
em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos (PPgDITM)
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sob a orientação do
professor Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa, e bolsista pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A minha pesquisa
consiste em avaliar o efeito promissor de biomoléculas presentes na peço-
nha do escorpião Tityus stigmurus para o desenvolvimento de novos fármacos
com ação antiviral, antiparasitária, antibacteriana e antifúngica.
Estudos publicados em periódicos internacionais pelo nosso grupo de
pesquisa (Tecbiofar) têm demonstrado o potencial farmacoterapêutico da Stig-
murina e TsAP-2, ambos componentes presentes na peçonha deste escorpião,
mostrando ação antimicrobiana contra um amplo espectro de microrganismos
in vitro e in vivo, revelando um elevado potencial para serem utilizados como
modelo na obtenção de novos agentes anti-infecciosos.
A partir de peptídeos presentes na peçonha do escorpião T. stigmurus,
moléculas modificadas com maior potencial antimicrobiano e baixa toxici-
dade também têm sido também desenvolvidas no Tecbiofar, resultando no
depósito de pedido de patente pela UFRN, demonstrando também ação contra
o agente causador da doença de Chagas, em estudos in vitro.
É um privilégio fazer parte da pesquisa no Brasil com o objetivo de
obter novos agentes terapêuticos que possam ser utilizados pela sociedade a
partir de componentes presentes na natureza. Apesar da escassez de recursos
financeiros para a ampla caracterização da atividade biológica destas molé-
culas, nosso laboratório tem obtido bons resultados que demonstram para a
comunidade científica a importância e o potencial biotecnológico de peptídeos
presentes na peçonha do escorpião Tityus stigmurus.
Considerando a diversidade de moléculas presente na peçonha do es-
corpião T. stigmurus, sua ação multifuncional e a urgente necessidade no de-
senvolvimento de novos agentes antimicrobianos, esta pesquisa proporciona
um maior conhecimento dos constituintes da peçonha deste escorpião, além
de revelar um amplo conjunto de moléculas com elevado potencial para a
obtenção de novos fármacos.
- 128 -
USO DE PLANTAS MEDICINAIS PARA O
TRATAMENTO DE ENVENENAMENTOS CAUSADOS
POR SERPENTES
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 129 -
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)
mostram que no Brasil, no ano de 2018, ocorreram mais de 28 mil acidentes
por serpentes peçonhentas, sendo as regiões Norte e Nordeste, respectivamen-
te, com o primeiro e o segundo maiores números de casos do país, totali-
zando mais de 16 mil casos nessas regiões nesse ano. Também foi mostrado
pelo Sinan que, em 2018, ocorreram cerca de 106 mortes no país geradas por
envenenamentos ocasionados por serpentes, tendo nos últimos 18 anos sido
registrados mais de 1.992 casos de óbitos ocasionados por acidentes ofídicos.
O único tratamento existente para o envenenamento por serpentes é
o soro antibotrópico por via intravenosa, ou, em sua falta, associações dos
soros antibotrópico-crotálico ou antibotrópico-laquético. Todavia, o soro an-
tibotrópico apresenta algumas limitações, dentre elas: não é eficaz para inibir
os efeitos locais, o atraso na administração pode atrapalhar a eficácia do trata-
mento, visto que as alterações patológicas têm início rápido, risco de reações
imunológicas, além do difícil acesso a algumas regiões5.
REFERÊNCIAS
- 130 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Somos Júlia Gabriela Ramos Passos e Jacinthia Beatriz Xavier dos San-
tos, alunas de Doutorado do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento
e Inovação Tecnológica em Medicamentos e pelo Programa de Pós-graduação
em Ciências Farmacêuticas, respectivamente, pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, orientadas pelo professor Matheus de Freitas Fernandes
Pedrosa. Somos bolsistas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes) e nossa pesquisa tem como objetivo desenvolver
uma nova formulação tópica contendo extratos de plantas que possuam poten-
cial para combater os efeitos locais gerados pelo envenenamento induzidos
por serpentes botrópicas.
Fazer pesquisa é um trabalho árduo, uma vez que podemos nos deparar
com frustrações causadas pela falta de recursos para dar continuidade a traba-
lhos que já estão apresentando bons resultados. Trabalhar com pesquisa tam-
bém requer muito sacrifício, como noites de sono perdidas em prol de estudos,
além de datas como feriados e finais de semana dedicadas a experimentos
importantes. Porém, nós, pesquisadores, sabemos o quanto é gratificante obter
um bom resultado, que possa gerar um novo produto que ajude a melhorar a
qualidade de vida de muitas pessoas, ou até salvá-las, além de contribuir com
o aumento da produção científica em nosso país.
Nossa pesquisa busca trazer benefícios para a sociedade através do de-
senvolvimento de um produto à base de extratos de plantas que possa agir
inibindo os efeitos locais gerados pelo envenenamento por serpentes. Assim,
a vítima, muitas vezes trabalhadores rurais, poderá ter acesso a um tratamento
mais rápido, de fácil acesso e administração, além do baixo custo, sendo esta
inovação uma nova possível opção para retardar ou inibir os efeitos locais
causados pelo envenenamento por serpentes botrópicas, melhorando o prog-
nóstico do paciente até sua chegada ao hospital.
Já foram realizados, em nosso grupo de pesquisa, estudos acerca do
poder antiofídico de plantas do gênero Jatropha, conhecidas popularmente
como “pinhão”, e foi observado que o extrato aquoso das folhas da J. gossy-
piifolia (“pinhão-roxo”) e de J.mollissima (“pinhão-bravo”) inibiu de forma
eficiente os efeitos locais provocados por espécies botrópicas. Também já foi
desenvolvido um gel por via tópica contendo o extrato aquoso das folhas de
J. gossypiifolia que foi capaz de inibir de forma eficaz modelos de inflamação
induzidos em modelos in vivo.
- 131 -
BUSCA POR SUBSTÂNCIA COM ATIVIDADE
CONTRA Klebsiella Pneumoniae
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 132 -
rem desenvolvidos novos tratamentos. Os especialistas utilizaram como base
para construção deste documento critérios como mortalidade, prevalência da
resistência e transmissibilidade. A lista foi dividida em três níveis de neces-
sidade de desenvolvimento de antibióticos: crítico, alto e médio. Dentro do
grupo crítico, está a espécie K. pneumoniae 4.
O aumento do número de indivíduos com infecções causadas por K.
pneumoniae, somado ao fato de que estas bactérias conseguem ser resistentes
aos vários medicamentos que temos disponíveis no mercado, faz com que
sejam necessários investir esforços para reverter ou minimizar este quadro,
pois, caso contrário, estima-se que a partir de 2050 as “superbactérias” pode-
rão matar aproximadamente 10 milhões de pessoas por ano, superando, assim,
o número de óbitos pelo câncer, de acordo com a OMS.
REFERÊNCIAS
- 133 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Laísa Vilar Cordeiro, sou aluna de doutorado do Progra-
ma de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (PgPNSB)
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e bolsista pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). De antemão, deixo
aqui meus agradecimentos à Capes, à UFPB e ao PgPNSB pelo apoio à reali-
zação da minha pesquisa de doutorado, bem como por garantirem a execução
de outras pesquisas aqui no Brasil.
Meu doutorado se concentra no campo da farmacologia, com ênfase em
microbiologia. O objetivo da minha pesquisa é encontrar uma substância que
tenha atividade contra bactérias da espécie Klebsiella pneumoniae, sejam elas
sensíveis ou resistentes aos medicamentos convencionais que já existem no mer-
cado. Foram testadas mais de cem moléculas para, enfim, ser encontrada uma
substância que conseguisse atuar contra estas bactérias. Com esta molécula, que
é uma amida sintética, sigo investigando seu potencial de uso na prática clínica e
também por qual mecanismo ela atua para conseguir matar os microrganismos.
Este projeto pode impactar diretamente a sociedade, uma vez que esta
molécula pode vir a se tornar um medicamento, após serem feitos exaustivos
testes para que se chegue a um produto final disponível em farmácias e hospi-
tais. Como explicado na introdução ao tema, embora tenhamos muitas opções
de medicamentos antibacterianos comercializados atualmente, os microrga-
nismos estão adquirindo cada vez mais resistência a estes tratamentos.
Assim, é muito importante que consigamos ter alternativas de novos
medicamentos, para tratar infecções que já não respondem mais aos medica-
mentos convencionais. Para que um novo medicamento seja produzido, são
necessários muitos anos de pesquisa de base (para encontrar uma molécula
com boa atividade) e mais vários anos para testar a eficácia e segurança daque-
le produto, pois o objetivo principal é sempre garantir a saúde dos usuários.
As Universidades Federais são locais onde existem pesquisas de quali-
dade, embora os pesquisadores contem, muitas vezes, com recursos bastante
limitados. Todas as pesquisas visam beneficiar a população, direta ou indireta-
mente. Investir nas pesquisas realizadas nas Universidades Federais é garantir
que esse investimento retorne para a população na forma de produto, serviço
ou conhecimento. Garante também a formação de profissionais altamente qua-
lificados e é de fundamental importância para o desenvolvimento de um país.
- 134 -
BUSCA POR SUBSTÂNCIAS COM ATIVIDADE
ANTI-Microsporum
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 135 -
REFERÊNCIAS
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SUBSTÂNCIAS COM ATIVIDADE CONTRA FUNGOS
DO GÊNERO Aspergillus
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 137 -
sistência, de forma que o indivíduo faz uso do medicamento, e este não faz
mais efeito no fungo. Dessa forma, os sintomas não desaparecem e o indiví-
duo não obtém a cura da doença.
Quando acontecem casos de resistência ao Voriconazol, ou os pacientes
não podem usar esse medicamento por algum outro motivo, o medicamento de
escolha é a Anfotericina B. No entanto, esse medicamento possui uso limitado,
devido a sua toxicidade. Outros medicamentos podem ser utilizados, entretanto,
são menos eficientes que o Voriconazol e a Anfotericina B, entre eles, pode-se
falar do itraconazol, posaconazol, isavuconazol, caspofungina e micafungina.
Diante desses desafios no tratamento da doença, e sabendo que existem
formas graves da Aspergilose, com altas taxas de mortalidade dos indivíduos
que contraem a doença, torna-se importante e necessário desenvolver novos
medicamentos que possam tratar a Aspergilose nos casos em que os medica-
mentos que se tem hoje não são eficazes, e devolver a saúde a essas pessoas.
Para isso são necessários anos e anos de pesquisa, na busca de novas subs-
tâncias, realização de testes que comprovem a eficácia, e investimento para a
produção do medicamento.
REFERÊNCIAS
1. JIANG, Z.; WANG, Y.; JIANG, Y.; XU, Y.; MENG, B. Vertebral
osteomyelitis and epidural abscess due to Aspergillus nidulans resulting in
spinal cord compression: Case report and literature review, Journal of Inter-
national Medical Research, v. 41, n. 2, p. 502–510, 2013.
- 138 -
substâncias ativas que possam se tornar futuros medicamentos para o tratamento
da Aspergilose.
Desde a minha graduação, mais ou menos no quarto período, percebi a
minha paixão pela ciência, e decidi que queria me tornar professora e pesquisa-
dora. Sinto-me privilegiada por ter escolhido essa área de trabalho para a minha
vida profissional, porque assim consigo entender um pouco mais sobre esse tipo
de doença para buscar novas alternativas terapêuticas para o tratamento e cura,
e dessa forma poder contribuir para o tratamento de muitas pessoas.
Uma grande felicidade na pesquisa hoje para mim é ver resultados po-
sitivos. Ver que depois de muito estudo, preparo do experimento, execução da
técnica, consigo ver que uma substância mostra eficácia em causar a morte do
fungo, e pode vir a se tornar um medicamento futuramente. Ao mesmo tempo,
me sinto desanimada em saber que aquele resultado antifúngico daquela subs-
tância poderá nunca nem sair da Universidade, devido à dificuldade no avanço
da pesquisa, por vários motivos, seja falta de investimento em equipamentos
mais modernos para dar uma qualidade melhor aos resultados, seja pela falta
de interesse da própria indústria farmacêutica brasileira em fazer parcerias
com as Universidades para desenvolver novas substâncias. Mas continuo es-
perançosa de que essa realidade possa mudar.
O maior objetivo em desenvolver pesquisa é beneficiar a sociedade,
trazendo resultados bons de produtos que possam se tornar medicamentos se-
guros e eficazes, e que possam ser comercializados a um baixo custo, para
que todos possam ter acesso. Além disso, a pesquisa na farmacologia propicia
mais conhecimento sobre a doença estudada, o que favorece o estudo para o
desenvolvimento de medicamentos por outros pesquisadores também.
Na minha pesquisa, foi testada uma molécula contra Aspergillus fla-
vus e Aspergillus niger, duas espécies do gênero Aspergillus que causam a
Aspergilose, e foi observado que essa molécula possui atividade antifúngica,
inibindo a propagação e causando a morte destes fungos. Além disso, a espé-
cie de A. niger utilizada foi resistente aos dois principais medicamentos utili-
zados no tratamento da Aspergilose, que são o Voriconazol e a Anfotericina B,
e a substância teste foi eficaz contra essa espécie, mostrando assim que esta
substância pode ser utilizada para o tratamento da Aspergilose causada por
espécies resistentes, beneficiando muitas pessoas que contraiam essa doença.
- 139 -
ESTUDO DE COMPOSTOS SINTÉTICOS COM
ATIVIDADE ANTI-Cryptococcus
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cuité (PB). Centro de Educação e Saúde. Progra-
ma de Pós-graduação em Ciências Naturais e Biotecnologia. annapaula.1993@gmail.com
b Universidade Federal de Campina Grande. Programa de Pós-graduação em Ciências Naturais e Biotec-
nologia – Campus Cuité (PB). Centro de Educação e Saúde. igaralima.ufcg@gmail.com
- 140 -
da terapia antifúngica, nem sempre obtêm um quadro clínico de melhora,
tendo em vista que a terapêutica medicamentosa não foi capaz de eliminar
completamente a levedura5.
REFERÊNCIAS
- 141 -
constituem as primeiras etapas da fase pré-clínica para o desenvolvimento
de medicamentos. Para isto, é necessário que haja investimentos, infraestru-
tura e incentivo financeiro.
Hoje me sinto encorajada a cada desafio que a pesquisa tem me propor-
cionado e dessa forma continuar contribuindo cientificamente para a pesquisa
in vitro de moléculas contra a criptococose. Atualmente, nossos estudos já
renderam duas patentes depositadas no Instituto de Nacional da Propriedade
Industrial (INPI) e estamos em fase de escrita de material para publicação
(artigos e patentes), sendo de relevância científica a pesquisa nessa linha, uma
vez que se trata de moléculas em potencial para o desenvolvimento de medi-
camentos que possuam ação anti-Cryptococcus.
- 142 -
Atividade antifúngica de NOVAS drogas
naturais: um estudo realizado em alimentos
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 143 -
REFERÊNCIAS
- 144 -
Estas técnicas de conservação, utilizando drogas naturais, são bastante
favoráveis à população, visto que, impedindo a proliferação de microrganis-
mos nos alimentos, resulta em diminuição no número de intoxicações cau-
sadas por alimentos contaminados. O aumento de investimentos nesta área,
junto da divulgação de resultados promissores da atividade destes produtos
naturais, é bastante importante, tanto para o despertar de novas pesquisas ante
a outros compostos extraídos de plantas medicinais, visto que as utilizações de
técnicas sustentáveis são bem-vistas para o futuro da nossa população.
- 145 -
DESCOBRINDO O POTENCIAL ANTIFÚNGICO
DE PRODUTOS NATURAIS SOBRE FUNGOS
DERMATÓFITOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Centro de Educação e Saúde (CES), Campus
Cuité – PB. josenildooliver@rocketmail.com
b Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Centro de Educação e Saúde (CES), Campus
Cuité – PB. fillipefop@yahoo.com.br
- 146 -
imunológicas frágeis como as que fazem transplante de órgão, tratamento para
câncer e pacientes com AIDS.
Apesar de existirem medicamentos disponíveis para o tratamento, mui-
tas vezes podem ocasionar problemas para os pacientes, o que faz com que
muitos abandonem o tratamento antes do tempo previsto para cura. Outra li-
mitação é a quantidade reduzida de medicamentos com ação antifúngica que
existem atualmente. Assim como outros seres vivos os fungos conseguem se
adaptar ao meio em que vivem e desenvolvem defesas próprias que impedem
que o medicamento exerça sua ação e não consiga servir para tratar a doença2.
Por isso, precisamos buscar outras formas de tratar essas doenças.
Novas pesquisas estão sendo realizadas com o objetivo de descobrir e
desenvolver novas alternativas de tratamento para essas doenças. Uma vez
que a natureza é rica em diversidade de plantas medicinais, é possível encon-
trar nelas inúmeras moléculas com atividade contra fungos. Algumas plantas
são muito perfumadas e exalam um aroma muitas vezes bem agradável. Pois
bem, este aroma é devido ao óleo essencial presente nas plantas. Estes óleos
podem ser utilizados na fabricação de perfumes e produtos cosméticos, mas
também eles possuem um grande potencial antimicrobiano. Isto se deve ao
fato de estes óleos possuírem moléculas importantes como terpenos, dentre
várias outras substâncias3.
O que fazemos no laboratório é verificar se drogas ou moléculas oriun-
das das plantas têm a capacidade de eliminar o fungo ou impedir sua prolife-
ração e se quando combinado com um medicamento que já existe no mercado
ele consegue melhorar sua atividade. Isto pode ser extremamente útil porque
pode reduzir o desenvolvimento de resistência dos fungos, o que reflete em
menos recaídas ou retorno da doença na população.
Essas pesquisas trazem resultados e informações importantes que podem
ser usados para melhorar a saúde da população e servirão para o futuro desen-
volvimento de medicamentos antifúngicos ainda mais eficazes. Uma forma de
beneficiar o paciente é reduzir os efeitos adversos, o que resultará em um tra-
tamento mais agradável que terá menos chances de ser abandonado. A ciência
avança criando perspectivas, cabendo às pesquisas científicas comprovarem.
REFERÊNCIAS
- 147 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Josenildo Cândido de Oliveira, sou bacharel em Farmácia
pela Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde
- Campus Cuité-PB, orientando do professor Dr. Fillipe de Oliveira Pereira.
Fui aluno de iniciação científica em um projeto institucional e minha pesquisa
visava verificar o potencial antifúngico de produtos naturais como terpenos na
modulação da sensibilidade de fungos dermatófitos como Trichophyton spp.
ao fármaco antifúngico griseofulvina.
Desenvolver uma pesquisa é algo gratificante. A troca de informações
e o engajamento com a equipe envolvida enriquecem a vivência do aluno na
universidade e complementam sua formação acadêmica à medida que faze-
mos ciência.
Os conhecimentos obtidos correm o mundo vinculado a artigos cientí-
ficos, livros e outros meios beneficiando também outras pesquisas em outras
instituições. Isto faz parte da maioria das pesquisas envolvendo ciências bási-
cas. E assim contribuímos embasando futuras pesquisas que visem à aplicação
desses compostos com capacidade antifúngica no desenvolvimento de medi-
camentos que busquem tratar infecções por fungos dermatófitos.
Em nossa pesquisa um dos terpenos demonstrou promissora atividade
quando associado ao fármaco griseofulvina que é tradicionalmente utilizado
na clínica. Apesar de serem necessários mais estudos e aprofundamentos, os
resultados obtidos sugerem um possível uso no tratamento de infecções fúngi-
cas superficiais especialmente nas dermatofitoses.
- 148 -
Escherichia Coli: BUSCA POR SUBSTÂNCIAS
PROMISSORAS A FÁRMACOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 149 -
Escherichia coli e, dessa maneira, se faz necessária a busca por novas molé-
culas com atividade farmacológica ante a esse tipo de bactéria4,5.
REFERÊNCIAS
- 150 -
Escherichia coli, de origem hospitalar. Além disso, ainda fazemos testes para
elucidar o mecanismo de ação dessas moléculas e comparamos com fármacos
que já são prescritos e utilizados por pacientes ambulatoriais e hospitalizados.
A incessante busca por essas substâncias não se limita somente a en-
contrar moléculas com boa atividade farmacológica. Há também uma pre-
ocupação quanto à sua toxicidade, pois de nada adianta apresentarem uma
excelente atividade farmacológica e serem potencialmente tóxicas. Portanto,
dessa maneira se caminha na busca por substâncias promissoras que, futura-
mente, podem se tornar medicamentos e representar uma nova alternativa de
tratamento para essas infecções bacterianas, ajudando, assim, a sociedade na
luta contra essas infecções que, de maneira geral, representam grande risco
para a saúde e elevado custo para os cofres públicos.
Sinto-me extremamente realizada e honrada por, através do meu pro-
jeto de pesquisa, fazer ciência para a sociedade, tendo em vista que busco
uma nova alternativa de tratamento para infecções bacterianas que, por muitas
vezes, o tratamento com os antibióticos já existentes no mercado não é mais
eficaz. Porém, vale ressaltar que fazer pesquisa de qualidade e com responsa-
bilidade ética e moral requer muito estudo, dedicação e investimento.
- 151 -
PESQUISA POR NOVAS SUBSTÂNCIAS COM
AÇÃO ANTIFÚNGICA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 152 -
Outro grande problema relacionado ao tratamento antifúngico reside no
fato de muitos deles apresentarem potenciais e importantes reações adversas,
como desordens gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal) e mani-
festações toxicológicas nos rins e fígado. Tais fatos podem colaborar para que
indivíduos abandonem o tratamento e, consequentemente, também contribuir
com o surgimento de microrganismos resistentes.4
Todos esses problemas citados acima, atrelados ao limitado arsenal te-
rapêutico disponível no mercado, estimulam pesquisadores a estudar mais so-
bre o assunto, buscando por novas substâncias que demonstrem ação antifún-
gica, sendo, preferencialmente, mais seguras, efetivas e de baixo custo. Essa
busca por novas substâncias pode ser feita tanto a partir de produtos de origem
natural, como é o caso das plantas, como também por produtos sintéticos.5
REFERÊNCIAS
- 153 -
pesquisa científica, investigando, através de testes em laboratório, novas
substâncias antifúngicas.
Além de melhorar o vínculo aluno-professor, visto que ele se faz neces-
sário para a sua realização, a pesquisa aumenta o interesse do aluno em des-
cobrir novas oportunidades e aproveitar as oportunidades que lhe aparecem.
Como vantagem, podemos apresentar os resultados satisfatórios que foram
obtidos, bem como o aprendizado que foi desenvolvido por volta da pesqui-
sa, entretanto, a carência de verbas/financiamento muitas vezes prejudica a
continuidade e avanço de alguns projetos. Na formação acadêmica, durante a
pesquisa realizada, bons frutos foram colhidos, como trabalhos publicados em
eventos científicos, artigos e patente.
Pesquisas nas universidades trazem grandes benefícios não só aos alu-
nos que estão se graduando, mas principalmente para a sociedade que recebe
material humano qualificado e se beneficia das pesquisas que são desenvolvi-
das em suas instalações. Estudar a possibilidade de ter novos fármacos com
grandes vantagens sobre os fármacos já existentes é um grande avanço para
a população em geral que sofre os problemas da infecção fúngica e muitas
vezes do próprio tratamento disponível. Como demonstrado, a pesquisa se
faz necessária e para tanto deve ter o devido olhar das autoridades para que os
financiamentos nunca faltem e que possamos caminhar como todo país desen-
volvido que investe em ciência, tecnologia e educação.
- 154 -
USO DE PRODUTOS NATURAIS NO COMBATE
AO CÂNCER DE MAMA
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Unidade Acadêmica de Enfer-
magem. samara.jessyka@hotmail.com.
b Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Unidade Acadêmica de Saúde.
brunabdantas@gmail.com.
- 155 -
sição da população aos fatores de risco mencionados e a oferta de métodos
de diagnóstico e tratamento acessíveis à população. Através dessas formas,
diversos países têm alcançado redução dos casos de câncer de mama, assim
como a sua mortalidade, o que leva a crer que estas intervenções sejam funda-
mentais também no Brasil5.
REFERÊNCIAS
- 156 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
- 157 -
MOLÉCULAS SINTÉTICAS COM ATIVIDADE
ANTIFÚNGICA ANTE A ESPÉCIES DO GÊNERO
Candida CAUSADORAS DE ONICOMICOSES
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 158 -
observadas em infecções fúngicas envolvendo unhas. Esses micro-organis-
mos podem viver sem causar doenças em diversas partes do corpo humano,
mas podem tornar-se potencialmente nocivos, em pessoas idosas, usuários de
alguns tipos de medicamentos, indivíduos transplantados e portadores da sín-
drome da imunodeficiência adquirida3.
Ao longo dos anos as infecções de unhas são tratadas com medica-
mentos de uso tópico (esmaltes e pomadas) e aqueles que podem ser ingeri-
dos (cápsulas e comprimidos). Entretanto, com o passar do tempo, os fungos
desenvolveram mecanismos de resistência, ou seja, os micro-organismos
conseguem escapar da ação dos medicamentos, não sendo afetados e/ou
mortos. Em virtude desse grande problema de saúde pública é extremamente
necessário estudar a atividade biológica de novas moléculas sintéticas, que
apresentem potencial antifúngico e que, talvez, possam tornarem-se medi-
camentos para serem utilizados pela população contra doenças fúngicas em
unhas de modo rápido, econômico e que não causem desconforto na saúde
durante o uso.
REFERÊNCIAS
- 159 -
infecciosas ocasionadas por fungos, orientado pela Professora Doutora Edel-
trudes de Oliveira Lima.
Sou bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-
vel Superior (Capes), uma fundação do Ministério da Educação (MEC), que
desempenha papel fundamental na expansão e consolidação dos estudos de
pós-graduação em nosso país. Minha linha de pesquisa está centrada na área
de microbiologia, com propósito de testar moléculas sintéticas para serem uti-
lizadas como possíveis medicamentos contra fungos. Recentemente foi reali-
zada uma pesquisa em nosso laboratório com diversas moléculas sintetizadas
em laboratório e foi observado que algumas delas possuem atividades promis-
soras, contra esses fungos que desencadeiam essa doença.
Há um longo e árduo caminho na busca incessante por novas substâncias,
pois apenas a atividade farmacológica, ou seja, a capacidade da molécula em
matar os micro-organismos que causam a doença, não é o fator primordial de
sucesso nos estudos de pesquisa científica. Essas moléculas devem ser sintetiza-
das de modo rápido, fácil, com baixos custos e que sejam mais eficazes, seguras
e menos tóxicas para que possam, no futuro, serem utilizadas por todas as pes-
soas, abrangendo principalmente os cidadãos mais necessitados de um acesso
aos serviços de saúde público e de qualidade em nosso país. É por vocês e para
vocês, que nós, pesquisadores, lutamos incansavelmente todos os dias.
Logo, pensar na melhoria e na qualidade de vida da população é um fa-
tor primordial em nossas pesquisas diárias, testando diferentes moléculas para
serem futuros medicamentos, representando uma nova forma de tratamento
para as infecções fúngicas das unhas, contemplando assim toda a sociedade,
minimizando riscos para a saúde, gastos financeiros individuais, bem como
aos sistemas de saúde.
Sinto-me honrado em fazer ciência em nosso país e desenvolver um
grandioso projeto de pesquisa, apesar de todas as dificuldades impostas no
caminho, como a falta de incentivos financeiros para aquisição de equipamen-
tos, substâncias, reagentes e a cobrança monstruosa em sermos os melhores
em produção e pesquisa científica. Eu, como pesquisador, busco desenvolver
uma pesquisa em laboratório com qualidade, seriedade, profissionalismo, res-
ponsabilidade social e ética, trazendo mais conhecimentos sobre a doença,
como pode ser tratada, curada mais facilmente e contribuindo com o presente
e futuro das pesquisas científicas.
- 160 -
PRODUTOS VEGETAIS COMO FONTE PARA
CONSUMO DE ANTIOXIDANTES
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 161 -
lamento de substâncias do metabolismo secundário das plantas capazes de
retardar a ação de enzimas-chaves em doenças e/ou ativarem outras molé-
culas que atuem de forma a debelá-las3. Esses compostos presentes na nossa
alimentação e de uso medicinal, se forem ingeridos/utilizados em quantidades
adequadas, podem desempenhar papel preventivo contra diversas doenças, in-
fectantes e debilitantes 4.
REFERÊNCIAS
- 162 -
do título de mestre no Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e
Molecular da UFPB. Isolei e testei o potencial antioxidante da principal
proteína de inhames com uso comercial na região nordeste do Brasil, ob-
tendo bons resultados, que foram publicados em revistas científicas. Esses
estudos contribuíram para pesquisas subsequentes de alunos de doutorado,
que empregaram metodologias de inovação para uso das propriedades desta
hortaliça de uso popular.
As atividades de pesquisa recente que desenvolvo no doutorado são
sobre o potencial antioxidante dos flavonoides (compostos de metabolismo
secundário vegetal) de plantas nativas das regiões norte e nordeste do Brasil.
Estou obtendo bons resultados em relação ao seu teor de redução de radicais
livres e na verificação de seu baixo teor de toxicidade em hemácias humanas.
Esses testes iniciais nos permitirão elaborar um método para empregar inova-
ções tecnológicas sobre essa matriz biológica, com o intuito de fazer melhor
aproveitamento do potencial das substâncias e traçar planos de realizar a en-
trada de novos produtos naturais no mercado.
As pesquisas com produtos naturais promovem o conhecimento cientí-
fico da flora brasileira, enriquecendo o patrimônio natural, e confirmando ou
desmistificando conhecimentos populares sobre uso destas plantas, além de
viabilizar a inclusão de novos produtos para consumo no mercado.
A relevância científica de novas substâncias para aplicação comercial e
biotecnológica é o desejo de todos os pesquisadores. O Brasil possui uma cul-
tura rica em saberes populares, despertando nosso interesse na investigação
por trás destes efeitos biológicos. A grande variedade de alimentos (frutas e
legumes), raízes e plantas usadas cotidianamente na mesa dos brasileiros, que
buscam uma melhor qualidade de vida, tem sido alvo da atenção destes con-
sumidores. Portanto, a procura por antioxidantes naturais é promissora, pois,
além de seu uso na alimentação, também podem ser desenvolvidos complexos
vitamínicos, cápsulas naturais, incorporados em outras fontes para uso, como
pomadas, cremes e géis.
- 163 -
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA E
ANTIMICROBIANA DE PRODUTOS NATURAIS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 164 -
importância, o potencial que o país possui para a descoberta de novos fármacos
derivados de produtos naturais ainda é pouco explorado, diferentemente do que
ocorre em países como Alemanha, Canadá e Estados Unidos, que possuem um
alto investimento financeiro em pesquisas na área das plantas medicinais5.
REFERÊNCIAS
- 165 -
Na minha pesquisa de mestrado, acompanhado pela Profa. Edeltrudes,
fui capaz de testar diversos produtos naturais, na forma de extratos brutos e
isolados, sendo a ênfase da minha dissertação o trabalho realizado com um
fitoconstituinte da classe dos monoterpenos, os isômeros do Citronelal, um
aldeído extraído de plantas e comumente utilizado no mercado como forma
de cosméticos, chás e até repelentes. Nesta pesquisa obtive como resultados
uma atividade promissora destes produtos naturais sobre fungos do gênero
Cryptococcus., responsáveis por infecções de caráter grave no sistema nervo-
so central, levando ao quadro de meningite. Além disto, em outras pesquisas,
estes fitoconstituintes apresentaram atividade contra uma diversa gama de mi-
crorganismos, demonstrando sua capacidade de melhoramento das terapêuti-
cas atuais e de estudos de melhoramento molecular.
Agora no doutorado, orientado pelo Prof. Reinaldo, estou testando a
atividade destes compostos diretamente no sistema nervoso central, por meio
da sua ação nociceptiva, ou seja, verificando se este fitoconstituinte é capaz
de inibir a dor e até impedir quadros inflamatórios. Bem como avaliando a
atividade dos isômeros (diferentes formas que são apresentadas na natureza)
desta substância, assim sendo capaz de dar um direcionamento molecular do
resultado, possibilitando assim uma abertura de caminho mais minuciosa para
a formulação de um novo fármaco capaz de agir diretamente na dor sem cau-
sar efeitos indesejados.
Atualmente no Brasil, a pesquisa de produtos naturais e seus efeitos é
bem ampla e uma das melhores do mundo, demonstrando ótimos resultados,
especialmente o programa do qual faço parte (PgPNSB/UFPB), correspon-
dendo a um dos cursos de maior conceito nas regiões norte, nordeste e centro-
-oeste, em sua área. Porém, estas atividades às vezes encontram dificuldades,
principalmente no âmbito financeiro, ao depararmos com a falta de algum
equipamento ou não possibilitar uma análise mais aprofundada dos resultados
devido à pesquisa se encerrar no meio por algum motivo. As dificuldades são
vivenciadas por todos, e mesmo com todas as pedras no caminho consegui-
mos continuar caminhando para alcançar e manter reconhecimento mundial
de nossas pesquisas. Temos de manter o pensamento de que a inovação e a
busca de conhecimento não podem parar nem serem impedidas ou atrasadas.
Portanto devemos sempre reavivar a chama do conhecimento e a man-
ter ativa em nossas mentes, o Brasil precisa de inovação e pesquisa para con-
tinuar a se desenvolver e manter estatura de país de respeito ante as grandes
potências do mundo, nesta era em que conhecimento e inovação fazem parte
de 90% do nosso cotidiano. E principalmente reconhecer o trabalho realizado
por milhares de pesquisadores que atuam em busca desse bem comum.
- 166 -
O EFEITO DO ALFA-TERPINEOL SOBRE O
ENVELHECIMENTO CARDIOVASCULAR: O PAPEL
DA SENESCÊNCIA E SUAS VIAS DE SINALIZAÇÃO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 167 -
a nível molecular, celular e tecidual, o qual envolve uma variedade de meca-
nismos como redução no tamanho dos telômeros, o estresse oxidativo, uma
inflamação persistente e desregulação em processos de produção de energia.
Embora muitas teorias tenham sido propostas, nenhuma, até agora, parece ser
totalmente satisfatória.
Além disso, o processo de senescência celular, o qual pode ser chamado
de envelhecimento da célula, parece ser um papel central nesse processo. Esse
tipo de célula continua viva, porém com suas funções metabólicas compro-
metidas, contribuindo para a perda funcional dos seres longevos. Em 2016,
o cientista Jan Van Deursen e colaboradores na Mayo Clinic (Minnesota) mos-
traram que matando as células senescentes conseguiam retardar vários aspec-
tos do envelhecimento em ratos, como a melhora no sistema cardiovascular,
atraindo a atenção da comunidade científica para o tema 4.
Portanto, a descoberta de fármacos que atuam nos caminhos molecula-
res do envelhecimento pode proporcionar um aumento na longevidade, bem
como a redução na incidência de doenças relacionadas com a idade. Desse
modo, associar uma dieta saudável, com atividade física e ferramentas farma-
cológicas são a tríade necessária para alcançar esse objetivo.
REFERÊNCIAS
- 168 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Sou Arthur José Pontes Oliveira de Almeida, aluno de doutorado do
Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica de
Medicamentos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), orientado pelo
professor Dr. Isac Almeida de Medeiros. Sou bolsista pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e minha pesquisa
é sobre “O efeito do alfa-terpineol sobre o envelhecimento cardiovascular:
o papel da senescência e suas vias de sinalização”.
Em 2012, ingressei no curso de farmácia da UFPB. Logo nos primei-
ros meses de curso, fui selecionado para o Programa de Jovens Talentos para
Pesquisa, no qual durante um ano trabalhei no isolamento de potenciais an-
timicrobianos. Após o término da vigência, tive a oportunidade de conhe-
cer o Laboratório de Farmacologia Cardiovascular, dirigido pelo professor
Dr. Isac Almeida de Medeiros. Logo, passei a me dedicar às atividades do la-
boratório, aprendendo técnicas de pesquisa em equipamentos modernos como
a microscopia de fluorescência e a citometria de fluxo (equipamento usado
para contagem de células).
Além disso, a constante busca pelo conhecimento (envolvendo o siste-
ma cardiovascular), a interação com alunos visitantes estrangeiros e as apre-
sentações dos trabalhos científicos, contribuíram para o aprendizado referente
à temática. Descobri que a pesquisa seria o norte a ser seguido. Um exemplo
de um estudo desenvolvido foi o artigo de revisão sobre envelhecimento car-
diovascular, publicado numa revista de renome internacional (Oxidative Me-
dicine and Cellular Longevity), cujo título foi: “Aging: molecular pathways
and implications on the cardiovascular system” [2]. Foi a primeira projeção,
ainda durante a graduação, daquilo que seria foco do meu doutorado.
Todavia, após três anos de atuação, e com o final do curso, ingressei
no mercado de trabalho atuando como farmacêutico. Dois anos se passaram
e o sonho de ser pesquisador se tornava cada vez mais distante. No entanto,
outra vez convidado pelo professor Dr. Isac Almeida de Medeiros, regressei
à UFPB como aluno de doutorado. A minha volta está atrelada a um único
objetivo. Descobrir novas moléculas capazes de reduzir os efeitos deletérios
do envelhecimento e promover o avanço da idade de forma saudável. Propor-
cionar à população ferramentas farmacológicas capazes de desfrutar de uma
velhice digna e saudável. Somente com investimento em ciência e tecnologia
poderemos alcançar esses objetivos.
- 169 -
USO DE PLANTAS DO NORDESTE BRASILEIRO
NO TRATAMENTO DE DESORDENS INFLAMATÓRIAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 170 -
Foram encontradas moléculas importantíssimas com potencial ação
anti-inflamatória, como a rutina, ácido clorogênico e ácido caféico. Além dis-
so, foram realizados testes em camundongos, em que se induziu um processo
inflamatório nesses animais e estes foram tratados com os chás dessas plantas,
funcionando como um remédio. Como resultados, tivemos que essas plantas
apresentaram uma atividade anti-inflamatória muito importante, diminuindo
os efeitos clássicos da inflamação1,2.
Tais resultados demonstram a capacidade dessas plantas em resolver
desordens inflamatórias, comprovando cientificamente o que a população re-
lata. Além disso, através de estudos mais aprofundados, essas plantas podem
vir a tornarem-se medicamentos no futuro, seja pelo isolamento de algumas
moléculas presentes nestes “chás”, ou o próprio “chá” ser utilizado como me-
dicamento fitoterápico.
REFERÊNCIAS
- 171 -
Nossa pesquisa com produtos naturais originados de plantas iniciou-se
na graduação, como alunas de iniciação científica (2011-2013), quando acom-
panhávamos alunas de doutorado na época (Mariana Bitencourt e Maíra Lima).
Em meados de 2013 e início de 2014, ingressamos no mestrado, dando conti-
nuidade ao que tínhamos iniciado nos anos anteriores, especificamente, com as
plantas I. asarifolia (Allanny) e H. speciosa (Manoela). No curso de mestrado
pudemos aprofundar um pouco mais na identificação dos componentes quími-
cos dessas plantas, como também aprendemos e empregamos diferentes mode-
los de experimentos com animais, cada um utilizado, para que nos respondesse
por quais vias de bloqueio da inflamação os decoctos dessas plantas poderiam
estar atuando. Além disso, pudemos dar respaldo científico à população, que
relata sobre essas plantas possuírem atividade anti-inflamatória, confirmando o
uso popular.
Estudos com plantas são importantíssimos olhando do ponto de vista de
tratamentos alternativos aos medicamentos convencionais (os que são vendi-
dos comercialmente). E por que buscar alternativas à terapia convencional? Por
exemplo, se pensarmos em uma pessoa que tem uma doença crônica (doença
que não tem cura), que vai precisar tomar um medicamento para o resto da sua
vida, esse paciente, ao longo do tempo, pode desenvolver algum tipo de intole-
rância ou um efeito indesejável ao medicamento. Ou se pensarmos em pessoas
que têm alergias a determinados medicamentos. Estas pessoas, precisarão de
alternativas terapêuticas, por isso a importância de pesquisas nessa área. Sempre
haverá pessoas necessitando de alternativas terapêuticas e nós, como pesquisa-
dores, devemos realizá-las, pensando sempre no bem-estar e/ou cura delas.
Realizar pesquisa no Brasil tem suas dificuldades (alto custo com com-
pras de reagentes e equipamentos, por exemplo), como qualquer profissão as
tem, mas nada disso nos impediu de prosseguir, porque, além de ser o que
gostamos de fazer (tendo em vista que realizamos pesquisa até hoje), temos
a visão de que nos traz não só benefícios intelectuais, mas leva inúmeros be-
nefícios para a sociedade. Geração de novos e qualificados professores para
diferentes instituições de ensino, descoberta de diferentes medicamentos para
o tratamento de doenças, bem como o entendimento de como as doenças po-
dem ocorrer, são poucos os exemplos diante da imensidão que a ciência pode
oferecer. Imaginem se pudéssemos exemplificar para cada área de atuação!
Além de ser lindo, vale a pena fazer pesquisa e ciência no país!
- 172 -
ENVENENAMENTO POR SERPENTES PEÇONHENTAS,
UM PROBLEMA PARA A SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 173 -
Deste modo, um tratamento complementar à soroterapia torna-se im-
portante, pois pode apresentar novas alternativas para melhorar o tratamento
em pacientes que sofreram este tipo de acidente. Alguns estudos têm demons-
trado que as plantas possuem compostos capazes de tratar os efeitos do en-
venenamento3. Estes compostos são bastante encontrados na natureza e apre-
sentam muitos efeitos benéficos, como, conseguem diminuir o inchaço e o
sangramento provocado pelo veneno.
Neste contexto, o estudo destes compostos torna-se de grande impor-
tância para o desenvolvimento de novas terapias farmacêuticas que possam
tratar os efeitos provocados pelo veneno, principalmente aqueles relacionados
ao local da picada.
REFERÊNCIAS
- 174 -
lhores do mundo. Neste universo é possível formar, além de bons profissionais,
cidadãos capazes de transformar positivamente a sociedade. Ainda, é nas uni-
versidades que a pesquisa científica é desenvolvida quase em sua totalidade.
Podemos notar que durante os últimos anos ocorreu uma melhoria na
qualidade de vida dos seres humanos, como, a expectativa de vida da popu-
lação aumentou e a tecnologia nos trouxe uma nova forma de ver o mundo.
Todas estas, e muitas outras, conquistas só se tornaram realidade através da
ciência. Portanto, as universidades têm um papel fundamental no desenvolvi-
mento de alternativas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Contudo, o nosso país tem enfrentado grandes desafios neste aspecto,
e o principal deles é a falta de recursos. Muitas pesquisas desenvolvidas aqui
correm o risco de serem interrompidas por falta de investimento, e os cientis-
tas precisam procurar meios próprios para que isto não aconteça. Outro fator
limitante é o baixo acesso da população ao conhecimento baseado no método
científico desenvolvido dentro das universidades.
Portanto, acredito que a pesquisa científica no Brasil precisa, com ur-
gência, além de recursos, fazer parte do dia a dia da população; necessita de
condições para gerar o conhecimento e utilizá-lo em benefício da sociedade.
Investir em conhecimento é a chave para um futuro melhor.
- 175 -
EFEITOS FARMACOLÓGICOS E TÓXICOLÓGICOS
DOS FLAVONOIDES NARINGENINA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 176 -
REFERÊNCIAS
2. LIU, X.; WANG, W.; HU, H.; TANG, N.; ZHANG, C., LIANG, W.
et al. Smad 3 specific inhibitor, naringenin, decreases the expression of ex-
tracellular matrix induced by TGF-beta 1 in cultured rat hepatic stellate cells.
Pharmaceutical Research, v. 23, p. 82-89, 2006.
- 177 -
Nossa pesquisa com os flavonoides naringenina e seus derivados glo-
cosilados naringina trará como contribuição a avaliação das propriedades
físico-químicas, farmacológicas, farmacocinéticas e toxicológicas teóricas,
assim como a bioatividade relacionada a importantes alvos de drogas, utili-
zando softwares para triagem in silico.
Sendo assim, esperamos que os flavonoides naringenina apresentem
uma boa atividade antimicrobiana contra linhagens de importância clínica e
que possuam baixa toxicidade tanto nos estudos in vitro como in vivo. Assim,
iremos desenvolver um produto que amplie as alternativas terapêuticas ou
complemente as já existentes e que possa ser utilizado com eficácia e seguran-
ça pela população.
- 178 -
AVANÇOS DE NOVAS ALTERNATIVAS
MEDICAMENTOSAS PARA O MANEJO DA DOR
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 179 -
suem quatro vezes mais chances de terem depressão ou ansiedade que os in-
divíduos sem a doença 5.
Embora o nosso conhecimento sobre os mecanismos da dor tenha au-
mentado, drogas com atividade analgésica ainda possuem limitações em ter-
mos de aprimoramento. Assim, é necessário investir no desenvolvimento de
novos fármacos para o controle da dor, com maior especificidade e melhor
biodisponibilidade, gerando analgésicos mais eficazes e seguros.
REFERÊNCIAS
- 180 -
farmácia e compramos um analgésico, não é mesmo? Afinal de contas, nin-
guém merece ficar sentindo dor.
Pois bem, atualmente existe um considerável número de medicamentos
que servem para este fim: aliviar a dor. Porém, nem todos funcionam da mes-
ma forma para cada um, alguns acabam causando menos efeitos benéficos,
outros promovem alergias, e a maioria deles possui os tão indesejados efeitos
adversos. Pensando nisso, a proposta da minha pesquisa é encontrar novas
moléculas que possam oferecer efeitos analgésicos mais intensos e que neces-
sitem de uma menor dose para tal. Não seria ótimo trocar aquele comprimido
enorme de paracetamol 750mg por outro bem pequenininho? E além disso,
o principal: um que leve toda a sua dor embora.
Atualmente estamos investigando a atividade de novos compostos hí-
bridos. Isso significa que juntamos duas moléculas que já têm retrospecto po-
sitivo no tratamento da dor em apenas uma. Perceba que não é uma associação
de medicamentos, mas sim uma “ligação” entre suas estruturas moleculares.
Isso pode gerar um novo fármaco capaz de exercer o efeito de ambas as mo-
léculas. Agora pense naquela situação na qual você teria que tomar dois medi-
camentos diferentes para aliviar sintomas indesejados... Pensou? Pois é, com
essa nova alternativa, você não mais precisaria.
Nossa perspectiva a curto prazo é aprofundar essa pesquisa e gerar em-
basamento científico capaz de comprovar tal atividade. A longo prazo pre-
tendemos levar esta inovação para a sociedade, que é a principal razão para
estarmos fazendo isso. Nossa meta é simples e objetiva: gerar conhecimento
e o levar para a população, contribuindo com a melhoria na qualidade de vida
do brasileiro.
- 181 -
PRODUTOS VEGETAIS COMO FONTE PARA
TRATAMENTO DA ANSIEDADE
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 182 -
O tratamento farmacológico para estas desordens provoca altos custos,
gerando um importante problema de saúde pública. As drogas capazes de re-
duzir a ansiedade possuem muitos efeitos colaterais, como: sedação, amnésia,
dependência, síndrome de abstinência e relaxamento muscular, e mesmo com
a grande quantidade de medicamentos ansiolíticos disponíveis para comercia-
lização, tem-se despertado o interesse da busca por novas drogas ansiolíticas
por parte dos pesquisadores5.
REFERÊNCIAS
- 183 -
Central, tive a oportunidade de avaliar o efeito central do álcool cinâmico,
onde obtive como resultados atividades antinociceptiva e ansiolítica em mo-
delos não clínicos (estudo com animais), os resultados servirão para publica-
ções em revistas científicas e contribuirão para pesquisas subsequentes.
Atualmente existe um considerável número de medicamentos para o
tratamento da ansiedade. No entanto a maioria deles possui os tão indeseja-
dos efeitos adversos. Pensando nisso, propõe-se encontrar candidatos a novos
medicamentos que possam oferecer efeito ansiolítico mais intenso com menos
efeitos adversos. O uso de produtos naturais e seus metabólitos no controle da
ansiedade tem despertado especial interesse pela ciência na atualidade, com
destaque para as plantas medicinais.
Nosso objetivo é aprofundar esse estudo, a fim de comprovar tal ativi-
dade na perspectiva de levar esta inovação para a sociedade, contribuindo com
a qualidade de vida da população. Contudo, importante ressaltar algumas di-
ficuldades encontradas para execução de nossos estudos. A falta de incentivo
para a pesquisa é tida como um empecilho para a continuidade e obtenção de
resultados promissores em um menor espaço de tempo.
- 184 -
A BUSCA POR NOVOS AGENTES ANTIBACTERIANOS
A PARTIR DE FONTES VEGETAIS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 185 -
constituintes biologicamente ativos podem ser tóxicos para o organismo, de-
vendo, portanto, ser avaliado o potencial citotóxico e genotóxico através de
experimentos capazes de fornecer, com razoável margem de segurança, indi-
cações sobre os riscos envolvidos na sua utilização 5.
REFERÊNCIAS
1. WALSH, C. Antibiotics: Actions, Origins, Resistence. ASM Press:
Washington, 2003.
- 186 -
mento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Universidade Federal da Para-
íba (UFPB), sendo esse apoio de fundamental importância para realização
dos projetos de pesquisa.
Obtive o título de mestre pelo Programa de Pós-graduação em Produtos
Naturais e Sintéticos Bioativos da UFPB, na área de concentração Farmaco-
logia, no qual, também orientado pela professora Dra. Hilzeth de Luna Freire
Pessôa e com apoio da Capes, CNPq e UFPB, pesquisei sobre “Investigação
dos efeitos antibacteriano, antioxidante, citotóxico e genotóxico do óleo es-
sencial do caule de Croton tricolor Klotzsch ex Baill”, tendo resultados divul-
gados e publicados.
O Brasil é um país de dimensões continentais, apresentando vários bio-
mas, entre eles a Caatinga, que é exclusivamente brasileiro, refletindo numa
enorme biodiversidade e, com isso, uma grande variedade de espécies animais
e vegetais como fontes de pesquisa na busca por novos fármacos ativos contra
várias doenças.
Como pesquisador, trabalhei durante o mestrado com o óleo essencial
extraído de uma planta nativa da Caatinga do nordeste brasileiro, Croton tri-
color, na qual foi verificada atividade antibacteriana contra algumas espécies
de importância clínica. No doutorado, a pesquisa pretende avaliar a atividade
antibacteriana de produtos isolados, obtidos através de síntese, quanto à pre-
sença de ação contra espécies de importância clínica.
Todas as pesquisas científicas a partir de produtos naturais ou sintéticos
são importantes na formação do conhecimento, pois cada pesquisa é poten-
cialmente promissora no que diz respeito a uma descoberta valorosa, e mes-
mo que o resultado da pesquisa não produza resultados interessantes, agrega
conhecimento e pode dar um direcionamento para futuros pesquisadores ou
indicar a necessidade de aprofundamento nos estudos. Quando se inicia uma
pesquisa, muitas vezes, tem-se um mundo obscuro pela frente e, à medida que
a pesquisa avança, esse mundo desconhecido vai tomando forma, podendo se
revelar um verdadeiro achado que pode trazer benefícios para a sociedade,
como uma nova opção de tratamento para uma doença.
A pesquisa é um grande instrumento na construção do conhecimento
que vai integrar as bases de dados, sendo muito importante na formação aca-
dêmica do profissional, professor ou futuro pesquisador.
- 187 -
MICRORGANISMOS DO BEM:
A BUSCA POR NOVOS PROBIÓTICOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
REFERÊNCIAS
1. OUWEHAND, A.C.; SALMINEN, S.; ISOLAURI, E. Probiotics:
an overview of beneficial effects. Antonie van Leeuwenhoek, v. 82, n. 1-4,
p. 279–289, 2002.
- 188 -
2. CROSS M.L. Microbes versus microbes: immune signals generated by
probiotic lactobacilli and their role in protection against microbial pathogens.
FEMS Immunology and Medical Microbiology, v. 34, n. 4, p. 245-253. 2002.
- 189 -
Uncaria Tomentosa MELHORA SENSIBILIDADE À
INSULINA E INFLAMAÇÃO HEPÁTICA EM MODELOS
DE CAMUNDONGOS OBESOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Doutora pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP). ay_biomed@
yahoo.com.br
- 190 -
Em conjunto, esses dados fornecem evidências experimentais, pela pri-
meira vez, de que o tratamento com “unha de gato” deve ser avaliado como
potencial terapêutica no combate à obesidade, à desregulação da glicemia e às
doenças do fígado gorduroso não alcóolico.
REFERÊNCIAS
1. CALIXTO, J.B. Twenty-five years of research on medicinal plants
in Latin America. A personal view. Journal Ethnopharmacoly, v.100,
p.131-134, 2005.
Meu nome é Layanne Cabral da Cunha Araújo, sou doutora pelo Ins-
tituto de Ciência Biomédicas da Universidade de São Paulo, meu trabalho
foi orientado pela professora Carla Roberta de Oliveira Carvalho. Fui bol-
sista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e minha pesquisa teve como objetivo descobrir um novo efeito de um
medicamento fitoterápico já comercializado no mercado.
A pesquisa me encanta, sinto-me realizada com a pesquisa pelo fato
de descobrir algo novo, em que posso ajudar a população no tratamento de
doenças, e dessa forma contribuir com a sociedade. Porém somos pouco
reconhecidos no nosso país. Fazemos pesquisa no Brasil não pelo reconhe-
cimento, seja ele financeiro ou profissional, visto que a nossa profissão de
- 191 -
cientista não é regularizada no país. Não somos bem remunerados, mas fa-
zemos pelo gostar.
A ciência é vida, é através dela que encontramos cura para diversas
doenças, precisamos lutar pela nossa ciência e progredir. No nosso estudo,
por exemplo, analisamos um medicamento que é um produto natural, que já
é regularizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já é
comercializado, ele tem efeito anti-inflamatório. Provamos com a nossa pes-
quisa que ele pode ter um novo efeito, ser um alvo terapêutico para doenças
relacionadas à obesidade como diabetes, resistência à insulina e esteatose-he-
pática. Esses testes foram feitos em animais e agora serão feitos em humanos.
Dessa forma, estamos descobrindo um novo efeito de um mesmo medicamen-
to e contribuindo com a sociedade para o tratamento de doenças.
- 192 -
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ANTIBACTERIANO
E TÓXICOS DO EXSUDATO DE Anacardium
Occidentale L. (GOMA DO CAJUEIRO)
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 193 -
As plantas medicinais têm contribuído fortemente para o desenvolvi-
mento de novas estratégias terapêuticas por meio de seus metabólitos secun-
dários. Estes são conhecidos por atuar de forma direta ou indireta no orga-
nismo, podendo inibir ou ativar importantes alvos moleculares e celulares,
constituindo uma ajuda nos cuidados primários de saúde e um complemento
terapêutico, compatível com a medicina convencional. Para isso, deve haver
garantia de segurança em relação a efeitos tóxicos e conhecimentos sobre efei-
tos secundários, interações, contraindicações, mutagenicidade, dentre outros4.
Anacardium occidentale L (cajueiro) é uma planta de grande valor me-
dicinal, originária do Brasil, encontrada principalmente em climas tropicais e
subtropicais, e do seu gênero é a única espécie cultivada comercialmente. No
nordeste brasileiro, os extratos das folhas, das cascas, das raízes, assim como
a castanha e a goma do cajueiro são amplamente utilizados na medicina tradi-
cional para o tratamento de várias doenças 4.
A goma do cajueiro tem sido reportada, como um potente anti-inflama-
tório, bem como apresenta atividade cicatrizante, antibacteriana, antifúngica,
antileishmaniose e antiulcerogênica5. Assim, uma vez que não há um trata-
mento padrão e definitivo para a mucosite oral destaca-se a importância em
avaliar os efeitos antibacteriano e tóxico da goma do cajueiro, um heteropo-
lissacarídeo extraído do exsudato de Anacardium occidentale L., o que pode
acarretar a ampliação de alternativas terapêuticas.
REFERÊNCIAS
1. ZHANG, L., YANG, X., SUN, Z., LI, J., ZHU, H., LI, J., PANG,
Y. Dendritic cell vaccine and cytokine-induced killer cell therapy for the
treatment of advanced non-small cell lung cancer. Oncology Letters, v. 11,
p. 2605-2610, 2016.
- 194 -
ty of cashew GUM, a complex heteropolysaccharide extracted from exudate
of Anacardium occidentale L. in rodents. Journal of Ethnopharmacology,
v. 41, p. 378-87, 2015b.
- 195 -
AVALIAÇÃO DO PERFIL ANTIBACTERIANO E
EFEITOS TOXICOLÓGICOS DOS DERIVADOS DE
2-CIANOACETAMIDA, ACRILATOS E
CARBOTIOAMIDAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 196 -
complexas e contendo grupos funcionais específicos podem ser formadas atra-
vés da condensação de duas ou mais moléculas simples, empregando como
catalisador uma base fraca. Entre outras vantagens deste tipo de reação, estão
a simplicidade e a fácil execução 2. É importante o conhecimento prévio de
inúmeras viabilidades sintéticas, unido à contínua busca para o desenvolvi-
mento de estruturas biologicamente mais ativas e terapeuticamente úteis com
potencial antimicrobiano.
Atualmente os compostos derivados da cianoacetamida são utilizados
como fungicidas sistêmico e tópico, apresentando eficácia contra os fungos da
ordem dos Peronosporales que causam prejuízos a diversos tipos de plantas 3.
Os acrilatos exibem considerável efeito anticancerígeno inibindo o
crescimento ou a reprodução das células malignas, incluindo carcinoma
pancreático, de mama, cervical, de laringe, de colón, de melanomas e fibro-
blastos humanos 4.
Poucos dados são encontrados na literatura quanto à atividade antimi-
crobiana das carbotioamidas. Em 2016 foi relatado efeito antifúngico conside-
rável para a amida gálica e amida vanílica e efeito antibacteriano para a amida
4-metoxicinâmica5.
REFERÊNCIAS
1. WERMUTH, C. G. Strategies in the seach for new lead compouds
or original working hypothesis. C. 6, 125-143p. In: WERMUTH, C. G., Ed
The practice of medicinal chemistry, 2. ed. London: Academic Press. 2008.
p. 67-91.
- 197 -
– Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos,
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.
- 198 -
MODULAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE CÉLULAS
TUMORAIS À QUIMIOTERAPIA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 199 -
Ao longo dos anos foi sugerido que as alterações genéticas eram res-
ponsáveis pela resistência das células tumorais a diferentes fármacos, como
alterações em genes envolvidos no reparo do DNA, na captação, nos proces-
sos de morte e nos pontos de checagem do ciclo celular5. Nos últimos anos,
tornou-se evidente que mecanismos epigenéticos aberrantes também desem-
penham um papel crucial na tolerância à terapia. Como exemplos, regiões que
apresentam hipermetilação do DNA podem levar ao silenciamento de genes
supressores tumores e consequentemente comprometer as vias de morte1.
Partindo desses conceitos, torna-se importante a investigação de fárma-
cos que possam regular, reduzir ou alterar a dinâmica transcricional temporal
das células tumorais, e consequentemente melhorar a eficiência de resposta
das células tumorais aos quimioterápicos atuais.
REFERÊNCIAS
1. ASSENOV, T.; BROCK, D.; GERHAUSER, C. Intratumor heteroge-
neity in epigenetic patterns. Seminars in Cancer Biology, v 51, p. 12-21, 2018.
- 200 -
A pesquisa começa com uma expectativa muito grande, desde o pro-
cesso de fazer algo que possa beneficiar pessoas em larga escala e ao próprio
ganho pessoal e imensurável de fazer uma pesquisa com alto impacto. O Eu-
reka da pesquisa é quase que sempre o ponto máximo, o prazer da descoberta
é algo que realmente lhe traz uma sensação muito plena e sublime. Entretanto,
acredito que minha maior meta é vê-la sendo aplicada, e que toda a população
possa beneficiar-se dela.
Por ter um carinho muito especial pela assistência em saúde no SUS,
meu ideal seria ver que resultados da minha pesquisa possam sem aplicados
para ajudar a dar uma melhor expectativa e qualidade de vida a esses pa-
cientes, independentemente de qual estrato social ele pertença. Acredito que a
pesquisa de qualidade em instituições públicas é uma das formas de garantir
acesso de toda a população a terapias inovadoras.
A principal frustração com relação à pesquisa infelizmente é a fal-
ta de investimentos em insumos e equipamentos. Temos uma mão de obra
bastante qualificada e preparada, e excelentes universidades formadoras de
recursos humanos, entretanto sempre esbarramos na falta de recursos para
desenvolver um projeto com otimização de tempo e que responda a todos os
nossos questionamentos.
A ideia inicial da nossa pesquisa é comprovar incialmente nossa hipó-
tese sobre os fenótipos de tolerância à quimioterapia. Como benefício para a
sociedade, nossa pesquisa não envolve a descoberta de um novo medicamento
no mercado, mas sim medicamentos que já são utilizados na clínica e que
podem contribuir para aumento da sensibilidade das células tumorais aos qui-
mioterápicos atuais.
- 201 -
INVESTIGAÇÃO DO EFEITO ANTI-INFLAMATÓRIO
DE UM ALCALOIDE SINTÉTICO EM MODELO
EXPERIMENTAL DE EDEMA DE PATA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 202 -
REFERÊNCIAS
- 203 -
Atualmente, a situação da pesquisa científica no Brasil vem passando por
vários obstáculos, que pode interferir na geração do conhecimento científico,
tais como, a falta de investimentos, altos preços cobrados pelos materiais e a
falta de uma política interna de apoio à pesquisa. Apesar disso, a pesquisa cientí-
fica tem sido essencial para meu crescimento acadêmico, tem contribuído para o
desenvolvimento técnico-científico, aprimorando meu senso crítico na pesquisa,
e disseminando um vasto conhecimento de técnicas e metodologias.
O processo inflamatório é desencadeado devido à presença de um agen-
te nocivo no tecido, se este for debelado, a homeostasia é restabelecida, po-
rém, se o estímulo permanecer, o processo irá persistir e evoluir desenvolven-
do várias enfermidades como doenças pulmonares, cardíacas, câncer, entre
outras. Para que isto não ocorra, é necessário limitar o processo inflamatório
pela eliminação do infiltrado celular e a produção de mediadores inflamatórios
sem que desencadeie uma resposta autoimune.
Desse modo, nossa atual pesquisa objetiva investigar o efeito anti-in-
flamatório do alcaloide sintético inédito tetrahidroisoquinolinico 2-(7-metoxi-
-1,2,3,4-tetrahidroisoquinolin-1-il) fenol (MTF) em modelo experimental de
edema de pata induzido por agentes flogísticos, com intuito de compreender-
mos os possíveis mecanismos e efeitos da molécula teste, que posteriormente
possa ser incluída na pesquisa clínica e no arsenal farmacoterapêutico com
ação antiedematogênica e anti-inflamatória.
- 204 -
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO COM UM ALCALOIDE
SINTÉTICO INÉDITO EM MODELO DE LESÃO
PULMONAR AGUDA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 205 -
tas, onde suas atividades terapêuticas são amplamente investigadas há muitos
anos, porém sua obtenção e purificação de fontes naturais exige um alto extra-
tivismo vegetal, colocando as preparações sintéticas como uma proposta atra-
ente e promissora para o desenvolvimento de novos medicamentos e produção
em larga escala.
Portanto, nossa pesquisa está direcionada a investigar a ação terapêu-
tica de um novo alcaloide, sintetizado na Universidade Federal da Paraíba,
sobre os processos inflamatórios da LPA, a fim de avaliar se o tratamento com
essa molécula pode beneficiar de forma eficaz os principais sinais do agrava-
mento da doença.
REFERÊNCIAS
- 206 -
investigando moléculas de origem natural ou sintética que possuam atividades
terapêuticas sobre doenças inflamatórias que acometem o sistema respiratório,
atualmente com ênfase em rinite alérgica, asma e Lesão Pulmonar Aguda (LPA).
Desenvolver pesquisa sendo ainda aluno de graduação é um desafio,
visto a densa carga horária do curso, as responsabilidades exigidas para o alu-
no pesquisador e a inexperiência diante dos caminhos da investigação. Toda-
via, é gratificante ser pesquisador em uma universidade pública e de qualida-
de, com um histórico sólido e renomado no campo da pesquisa, onde, mesmo
com as dificuldades no que tange a recursos e equipamentos, há uma contri-
buição importante para a sociedade e para a formação intelectual do aluno.
As doenças inflamatórias se manifestam nos mais diversos órgãos do
corpo, todavia, quando presentes em órgãos vitais como os pulmões, a preo-
cupação para o manejo desta é ainda mais importante, pois o próprio corpo, na
tentativa de defender-se de um agente agressor, acaba danificando a si próprio
e causando inúmeras complicações. Na LPA, o processo inflamatório é tão
intenso e agressivo que as células que compõem a estrutura pulmonar são
danificadas, deixando os sacos alveolares cheios de fluidos, impedindo assim
que o ar circule e consequentemente que o indivíduo possa respirar com fa-
cilidade. Essa complicação leva a uma piora progressiva, que se não tratada
corretamente, pode rapidamente levar o indivíduo a óbito.
Nossa pesquisa objetiva avaliar o tratamento com o alcaloide
sintético inédito 2-(7-methoxy-1,2,3,4-tetrahydroisoquinolin-1-yl) phenol
(C16H17NO2), codificado MTF, diante de um modelo experimental de LPA rea-
lizado em camundongos. Essa molécula é derivada de outro alcaloide sintético,
o MHTP, que demonstrou atividades farmacológicas importantes sobre os
estudos experimentais em doenças inflamatórias, o que nos faz acreditar que
essa molécula pode vir a agregar de forma efetiva o arsenal terapêutico para
o tratamento de doenças inflamatórias.
A busca de novas moléculas que possuam um potencial terapêutico e
específico para a LPA é muito importante, e a viabilidade deste trabalho é
essencial para a compreensão dos mecanismos imunológicos que caracteri-
zam a doença em estudo, bem como ao reproduzir em laboratório o conhe-
cimento dos padrões celulares e moleculares que se tornam imprescindíveis
para uma abordagem terapêutica mais eficiente, visando à redução de efeitos
colaterais e inespecíficos ocasionados pelos protocolos de tratamentos ad-
ministrados atualmente.
- 207 -
INVESTIGAÇÃO DO MECANISMO DE AÇÃO
DE UM ALCALOIDE SINTÉTICO SOBRE DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS ALÉRGICAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 208 -
quinase ativada por mitógeno que atua na expressão de várias proteínas infla-
matórias relevantes na asma3.
Devido à grande dificuldade terapêutica no manejo dos pacientes com
CARAS, a demanda pela investigação de novas substâncias promissoras
e seletivas às moléculas-alvo envolvidas na fisiopatologia da doença vem
crescendo. Nesse contexto, as preparações sintéticas apresentam uma al-
ternativa bastante atraente do ponto de vista econômico e o alcaloide sin-
tético MHTP [2-methoxy-4-(7-methoxy-1,2,3,4-tetrahydroisoquinolin-1-yl)
phenol] surge como uma alternativa promissora para o tratamento de doen-
ças inflamatórias.
Esse alcaloide apresenta estrutura semelhante aos alcaloides tetrahi-
droisoquinolínicos criptostilina I, criptostilina II, alcaloides naturais isola-
dos a partir da planta Cryptostylis fulva. Estudos relatam que ele possui
baixa toxicidade aguda in vivo e não apresenta atividade genotóxica no en-
saio de micronúcleo em sangue periférico4. O MHTP apresenta atividade
anti-inflamatória em modelo experimental de lesão pulmonar aguda (LPA)
e em cultura de macrófagos peritoneais, diminuindo a produção e liberação
de citocinas pró-inflamatórias e de óxido nítrico. Além disso, em modelo
experimental de inflamação pulmonar alérgica, o MHTP foi capaz de dimi-
nuir de forma significativa a produção das citocinas IL-13, IL-4 e IL-17 e
de reduzir a quantidade de eosinófilos na cavidade pulmonar e no lavado do
fluido broncoalveolar (BALF)5.
REFERÊNCIAS
- 209 -
5. PAIVA-FERREIRA, L.K.D.; PAIVA-FERREIRA, L.A.M.; ALVES,
A.F. et al. MHTP, 2-Methoxy-4-(7-methoxy-1,2,3,4-tetrahydroisoquino-
lin-1-yl) phenol, a Synthetic Alkaloid, Induces IFN-γ Production in Murine
Model of Ovalbumin-Induced Pulmonary Allergic Inflammation. Inflamma-
tion, v. 41, n. 6, p. 2116–2128, 22 dez. 2018.
- 210 -
PRODUTOS NATURAIS COMO FONTE PARA
O TRATAMENTO DE DOENÇA DE ORIGEM
INFLAMATÓRIA: a LPA/SDRA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 211 -
incluindo ventilação mecânica e administração de corticosteroides. Pode-se
dizer então que a LPA/SDRA é uma necessidade médica não atendida e que
novas terapias devem ser desenvolvidas para melhorar os resultados clínicos e
diminuir a taxa de mortalidade3.
Nesse sentido, a utilização de diversas partes de plantas medicinais pela
população tem sido um importante recurso terapêutico nos tratamentos de di-
versas doenças inflamatórias. Dessa forma, estudos científicos têm sido realiza-
dos no mundo inteiro, com a finalidade de investigar a atividade farmacológica
dos produtos naturais de plantas (compostos isolados e/ou extratos) no sen-
tido de respaldar cientificamente as suas utilizações, bem como desenvolver
fitoterápicos e/ou fitofármacos para o tratamento de várias doenças de origem
inflamatória. Assim, a partir desses estudos, uma substância pode ser promisso-
ra para obter um tratamento específico para a LPA/SDRA.
REFERÊNCIAS
- 212 -
tivação se baseia em desvendar os mecanismos envolvidos na atividade anti-
-inflamatória de drogas derivadas de produtos naturais. Considero o trabalho
motivador no sentido de que é indiscutível a necessidade cada vez maior de
pesquisar as possíveis propriedades farmacológicas das plantas, em busca de
alternativas terapêuticas que apresentem eficácia, efeitos adversos menores e
baixo custo. Assim, enxergo nesse tipo de trabalho uma forma de retribuir à
sociedade o fato de ter tido minha formação e estar realizando minha pesquisa
em uma universidade pública, mesmo apesar de o avanço científico ser mais
lento do que gostaria por falta de recursos e equipamentos.
A confirmação do conhecimento popular acerca das propriedades me-
dicinais de compostos naturais, o incentivo à pesquisa e a comercialização
de espécies vegetais brasileiras criam novos empregos, renda, integração
regional, ou seja, gera economias importantes para o desenvolvimento do
país. A partir disso, os produtos naturais mostram cada vez mais oportu-
nidades para encontrar moléculas com potencial para a criação de novos
medicamentos para tratamento de diversas doenças como aquelas que de-
sencadeiam a inflamação.
- 213 -
saúde coletiva
FATORES MATERNOS ASSOCIADOS AO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL: QI E INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 215 -
fornecendo-lhe afeto, desta forma favorecendo o aprendizado, a resolução
de problemas e a autorregulação2.
Dentre os fatores que podem influenciar o desenvolvimento das crian-
ças estão aqueles relacionados a condições maternas, especialmente o impacto
que habilidades cognitivas (ou coeficiente de inteligência – QI) e a inteli-
gência emocional. Segundo Bronfenbrenner e Ceci (1994)3, a relação entre
as características maternas e as da criança estão no microssistema onde esta
passa a maior parte de seu tempo, sendo denominados processos proximais e
merecendo atenção os aspectos que podem ser beneficiados com recursos e
suportes adicionais por parte da sociedade.
Crianças cujas mães têm QI mais baixo apresentaram pior desempe-
nho cognitivo, avaliados em diferentes momentos de vida e com diferentes
escalas de avaliação4. Estes estudos investigam o QI, em sua maioria, como
um indicador da transmissão genética entre mãe e filho. Outra característica
materna que pode influenciar o desenvolvimento da criança é a inteligência
emocional. Segundo uma revisão da literatura5, adultos com maiores pontu-
ações da inteligência emocional apresentaram menos depressão, ansiedade
e relacionamentos conflituosos. Por outro lado, estas pessoas apresentaram
maior satisfação, felicidade no casamento e estilo de apego seguro com seus
filhos5. Estas últimas características podem favorecer a estimulação que as
mães exercem sobre seus filhos, tendo impacto positivo sobre o desenvolvi-
mento da criança.
REFERÊNCIAS
- 216 -
5. BRACKETT, M.A.; RIVERS, S.E.; SALOVEY, P. Emotional Intel-
ligence: implications for personal, social, academic and workplace success.
Social and Personality Psychology Compass, v.5, n.1, p. 88-103, 2011.
- 217 -
dades sociais e econômicas e minimizar a transmissão intergeracional da
pobreza. Isto porque os custos do investimento neste período da infância são
menores em comparação àqueles destinados à reversão de problemas poste-
riores e promovem mobilidade social, criam oportunidades e fomentam uma
economia e uma sociedade saudável.
Além disso, nossos resultados poderão auxiliar na implementação de
programas de educação em saúde para as mães com foco na estimulação psi-
cossocial. Estas intervenções devem servir de estímulo e aprendizagem para
os pais sobre a importância de apoiar o desenvolvimento de seus filhos, sendo
consistentes, responsivos e que suas interações e estimulações sejam plenas de
afeto, para minimizar os riscos ambientais a que estas crianças são expostas e
promover seu pleno potencial de desenvolvimento, sendo cidadãos produtivos.
- 218 -
PATÓGENOS ZOONÓTICOS EM ECTOPARASITOS
DE ANIMAIS DOMÉSTICOS NO ESTADO DE
PERNAMBUCO – BRASIL
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 219 -
pestis, bioagentes causadores da Febre Maculosa Brasileira (FBM), Síndrome
Baggio-Yoshinari (Doença de Lyme) e Peste, respectivamente. Essas doenças
podem cursar com formas leves e atípicas até formas graves, levando a óbito.
Vale ressaltar que o Brasil é um país que oferece condições ideais à manuten-
ção dos ciclos destas doenças, como: condições ecológicas e geográficas espe-
cíficas, fauna diversificada de hospedeiros vertebrados e ectofauna (carrapatos
e pulgas) com cerca de 130 espécies descritas4,5, embora algumas sejam mais
competentes na transmissão de patógenos do que outras.
REFERÊNCIAS
- 220 -
Fazer pesquisa é um desafio em qualquer lugar do mundo, exige do
pesquisador, mas não se pode deixar de fazer pesquisa. Embora alguns fato-
res sejam limitantes e comprometam a capacidade de incrementar a pesquisa,
sempre existirá o bônus em gerar conhecimento, descobrir algo inédito, forta-
lecer ou refutar ideias e poder contribuir de alguma forma com o aumento da
produção científica.
Os benefícios desta pesquisa para a sociedade remetem à aquisição de
novos conhecimentos sobre aspectos epidemiológicos da Febre maculosa brasi-
leira, Síndrome Baggio-Yoshinari e Peste, doenças que têm seus agentes etioló-
gicos transmitidos por carrapatos e pulgas. Ao saber quais espécies de pulgas e
carrapatos parasitam os animais domésticos, é possível fornecer uma base para
outras pesquisas, relacionadas ao controle destes ectoparasitos, assim como sa-
ber quais agentes causadores de doenças estão em contato com estes.
Até o momento, dentre as espécies de ectoparasitos identificadas na
pesquisa, a pulga Ctenocephalides felis e os carrapatos Amblyomma ovale e
Amblyomma sculptum estão implicados diretamente com o ciclo de espécies
de riquétsias no Brasil; e análises moleculares apontaram para bactérias dos
gêneros Rickettsia e Borrelia. Portanto, os dados obtidos nesta pesquisa são
fundamentais para entender melhor o risco de exposição dos animais domés-
ticos e humanos a esses ectoparasitos e, consequentemente, aos patógenos por
eles transmitidos.
- 221 -
FAUNA FLEBOTOMÍNICA NO MUNICÍPIO DE
GARANHUNS, PERNAMBUCO, BRASIL
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 222 -
Atualmente os flebotomíneos são representados por mais de 1.000 es-
pécies, com mais de 530 espécies registradas nas Américas, sendo mais da
metade registrada no Brasil. Aproximadamente 56 espécies de flebotomíneos
foram comprovadas ou suspeitas de transmitir Leishmaniano Novo Mundo,
sendo o Brasil um dos maiores focos, com várias espécies envolvidas nos ci-
clos de transmissão da Leishmaniose Tegumentar (LT) e da Leishmaniose Vis-
ceral (LV), dentre as quais Lutzomyia umbratilis, Lutzomyia flaviscutellata,
Lutzomyia whitmani, Lutzomyia intermedia, Lutzomyia wellcomei, Lutzomyia
complexa e Lutzomyialongipalpis, além de algumas espécies com possível
envolvimento na transmissão de Leishmania spp. como Lutzomyiamigonei,
Lutzomyiacruzi, Lutzomyiaevandroi. Contudo, compreender a ecologia desse
inseto vetor é importante para entender o ciclo epidemiológico e refinar as
estratégias de controle.
Diante do exposto, estudos destinados ao conhecimento da fauna flebo-
tominica em diferentes áreas do Brasil são de grande valia.
REFERÊNCIAS
- 223 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu Nome é Carlos Roberto Cruz Ubirajara Filho, sou aluno de mes-
trado do Programa de Pós-graduação em Biociência Animal da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, orientado pelo Professor Dr. Rafael Antonio
do Nascimento Ramos. Sou bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes) e minha pesquisa é sobre a detecção da
presença e distribuição espacial da fauna do mosquito palha, transmissor do
agente causador das leishmanioses, no município de Garanhuns-PE.
A pesquisa, em minha visão, é a mola de propulsão do desenvolvimen-
to de qualquer nação, e ser um pesquisador é trazer à luz os conhecimentos
gerados por ela, visando contribuir de forma efetiva para a compreensão e
melhoria do mundo. Ser pesquisador no Brasil é viver um misto de sensações,
é descobrir agentes causadores de doenças, drogas eficazes para elas, cura
de doenças, é descobrir algo inédito que contribua para a construção de um
mundo melhor e mais harmonioso, entretanto é ser meio que um malabarista,
é tentar equilibrar três bolas com apenas duas mãos, é fazer muito com pouco,
é buscar desenvolvimento sendo subdesenvolvido.
A execução desta pesquisa irá contribuir para um melhor entendimento
do ciclo epidemiológico das leishmanioses no município de Garanhuns–PE,
uma vez que são zoonoses que dependem de um vetor, mosquito palha, para
promover a disseminação e circulação do agente causador da enfermidade.
A presença de tal vetor já foi confirmada por esta pesquisa, sendo necessária
a continuidade para determinação da variedade de espécies de flebotomíneos
que estão presentes no município em questão.
Os dados gerados serão convertidos em informações valiosas para os
serviços de saúde, pois, sabendo quais e onde estão esses vetores, facilita o seu
controle e consequentemente o controle das leishmanioses, além de fornecer
um alicerce para novas pesquisas, uma vez que o conhecimento é infinito, que
sempre existirão novas demandas para serem estudadas e analisadas diante de
um mundo tão dinâmico.
- 224 -
ANÁLISE DA SOROPOSITIVIDADE E FATORES
ASSOCIADOS À LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 225 -
Os resultados dos exames sorológicos, dados clínicos e informações
sobre as condições de vida do animal são inseridos nas Fichas de Notifica-
ção e Investigação do Cão Suspeito, que ficam armazenadas nas secretarias
municipais de saúde. Ao se analisar essas fichas, consegue-se, através de fer-
ramentas estatísticas, traçar o percentual de cães positivos na região por mês
e ano, verificando-se a prevalência e/ou incidência regional da parasitose, os
sinais clínicos mais encontrados nos cães sintomáticos, as regiões do municí-
pio (área urbana ou rural) e os bairros onde encontram-se com mais frequência
os cães parasitados.
Também se consegue analisar a frequência da soropositividade (nú-
mero de cães positivos para anticorpos) por sexo, faixa de idade, condições
de vida (errantes ou domiciliados), cor, pelagem e raça. Esses dados podem
mostrar quais são os fatores associados às infecções caninas e em quais áreas
geográficas se necessitam maiores intervenções ou intensificação das medidas
de combate à parasitose pelos agentes de endemias. Além disso consegue-se
verificar a efetividade das ações podendo embasar a reavaliação delas para
que surtam efeito na diminuição do número de casos.
Nesse sentido, se conhecer a soropositividade da LVC em diferentes
localidades e avaliar quais seriam os fatores que contribuem para a infecção
dos cães é importante para se traçarem estratégias de controle da parasitose.
REFERÊNCIAS
- 226 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Vanessa Santos de Arruda Barbosa, sou professora da Uni-
versidade Federal de Campina Grande e orientadora do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq. Ser orientadora de inicia-
ção científica é desafiante e gratificante. Investe-se bastante tempo e esforço
no aprendizado do aluno que irá desenvolver todas as etapas da metodologia
científica e uma visão investigativa e crítica de sua área, levando-o ao amadu-
recimento acadêmico que lhe possibilitará evoluir em sua jornada profissional.
Fazer pesquisa em uma universidade é uma excelente oportunidade de
aprendizado, crescimento pessoal e transformação social, pois é uma forma de
utilizar o conhecimento científico no enfrentamento das problemáticas sociais
e de saúde. Minha pesquisa investiga a presença de leishmaniose visceral ca-
nina em municípios da Paraíba e Rio Grande do Norte e os fatores epidemio-
lógicos associados à infecção dos cães.
Em parceria com as secretarias municipais, os dados dos inquéritos so-
rológicos caninos são analisados com ferramentas estatísticas e os resultados
dessas análises são disponibilizados aos gestores municipais, para embasar o
planejamento de ações de combate a essa parasitose. Essa análise é importan-
te devido aos profissionais de endemias, muitas vezes, não possuírem ferra-
mentas e/ou treinamento estatístico para analisar os dados e, por vezes, esses
são vistos de forma isolada, podendo trazer uma visão distante da realidade.
Ao ajudar na análise e interpretação dos dados epidemiológicos do município
a pesquisa não permanece isolada na Universidade, mas se aproxima da socie-
dade trazendo-lhe benefícios.
Pesquisas em saúde coletiva objetivam buscar soluções para proble-
mas de saúde coletiva com apoio científico, já que os resultados dos estudos
podem trazer subsídios para a implantação de políticas públicas eficientes de
vigilância à LVC nos municípios investigados. Nesse sentido, esta pesquisa se
legitima por vincular a produção de conhecimento às estratégias de campo no
combate a essa grave zoonose.
- 227 -
ANÁLISE DOS ACIDENTES POR ANIMAIS E DO
ATENDIMENTO PROFILÁTICO ANTIRRÁBICO
HUMANO
INTRODUÇÃO AO TEMA
A raiva humana é uma doença causada por um vírus que afeta o sistema
nervoso central. Pode levar à morte em quase 100% dos casos, quando não
há tratamento profilático adequado, ou seja, medidas preventivas para que o
indivíduo não desenvolva a doença. Está entre as principais doenças transmi-
tidas por animais, se mantendo como um sério problema de saúde pública em
todo o mundo1.
A principal forma de se contrair o vírus é pelo contato com a saliva de
um animal infectado, sendo a mordedura a forma mais comum de transmissão
para humanos2. Os cães e gatos são os principais transmissores do vírus, pois
eles convivem frequentemente com o homem, tanto na cidade como na zona
rural. Além destes, animais silvestres, como morcegos, macacos, raposas, roe-
dores silvestres, gambás e outros, também podem transmitir o vírus3.
No mundo, cerca de 59 mil pessoas morrem todos os anos pela raiva.
No Brasil, cada região apresenta suas particularidades a respeito da raiva, sen-
do mais comum nas regiões Norte e Nordeste do país. A Paraíba é considerada
área endêmica para raiva animal, ou seja, é constante a presença do vírus nesse
estado, com registros em animais de criação, domésticos e silvestres4.
Quando alguém sofre um acidente com animais, ou seja, é mordido
ou passa por alguma situação que o coloque em risco de contrair o vírus da
raiva, é aconselhável que procure a unidade de saúde mais próxima, para
que seja feita a avaliação do acidente e saber qual será o tratamento preven-
tivo mais indicado. O profissional, então, avalia o tipo de agressão (acidente
- 228 -
leve ou grave), a espécie animal envolvida, o tipo de lesão (profundidade e
extensão) e em quais locais do corpo ocorreram, se o animal tinha suspeita
de raiva no momento da agressão, se é passível de ser observado por 10 dias,
sua procedência e hábitos de vida (em caso de animais domésticos)5.
A partir de todos esses dados o profissional de saúde prescreve o trata-
mento profilático pós-exposição (após o acidente), que deve ser adotado para
cada caso. Esse tratamento deve seguir o protocolo do Ministério da Saúde
(MS)5 e pode ter várias condutas, como: dispensa do tratamento, a observação
do animal por 10 dias (apenas para animais domésticos), vacinação antirrábica
e o número de doses e se necessita usar também soro antirrábico5.
Todas as informações sobre os acidentes e o tratamento prescrito para
cada caso ficam registradas nas fichas de notificação antirrábicas em um sis-
tema chamado Sinan (Sistema de Informação de Agravo e Notificação). Con-
sultando-se essas fichas, pode-se conhecer as características dos agravos, tipos
mais frequentes, quais animais são mais envolvidos, o perfil dos acidentados e
as áreas geográficas em que mais ocorrem. Essas informações são importantes
para que se possa direcionar as medidas de promoção em saúde.
Nesse contexto também é possível analisar se as condutas profiláticas
foram adequadas em cada caso, ou seja, se seguiram o protocolo do MS5, se
está havendo prescrições desnecessárias (doses excessivas de vacina) ou se as
doses prescritas são suficientes para o tipo de caso e se os pacientes recebe-
ram todas as doses ou abandonaram o tratamento. Consegue-se avaliar se os
animais envolvidos foram acompanhados clinicamente e se os profissionais
de saúde preencheram todos os dados na ficha de notificação. Esses resultados
dão suporte para se conhecer a qualidade do serviço ofertado pelas equipes de
saúde, o treinamento delas e as caraterísticas dos acidentes e das pessoas en-
volvidas, impactando diretamente no planejamento de estratégias de combate
à raiva humana e animal nos municípios estudados.
REFERÊNCIAS
- 229 -
sitividade para raiva em morcegos, no período de 2004 a 2014, em Campinas,
São Paulo. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 26, n. 3, p. 621-628, 2017.
- 230 -
IMPLANTAÇÃO DA FARMÁCIA CLÍNICA NA
FARMÁCIA ESCOLA MANOEL CASADO DE ALMEIDA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 231 -
Com o aumento da expectativa de vida há uma maior incidência de
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como a diabetes mellitus e a hi-
pertensão arterial sistêmica, tornando interessante a atuação do farmacêutico
clínico como um agente que assume o compromisso e institui uma correspon-
sabilidade no tratamento de uso contínuo com aquele indivíduo acometido,
buscando sensibilizá-lo quanto à necessidade da aceitação do tratamento, da
utilização correta e otimizar os resultados para lhe assegurar bem-estar. Desta
forma, o farmacêutico clínico atua para diminuir transtornos e dar maiores
orientações à população, via ofertas de serviços clínicos, além de reduzir a
superlotação, longas filas e demora para o atendimento às necessidades em
saúde, seja no setor público, seja no privado3.
REFERÊNCIAS
- 232 -
campus Cuité-PB, tendo em vista o perfil epidemiológico da população acadê-
mica e do município como um todo, considerando as necessidades em saúde
apresentadas pela comunidade.
Em relação aos resultados encontrados no estudo realizado no muni-
cípio de Cuité/PB, foi possível verificar que as mulheres são a maioria; há
prevalência dos idosos; predominância da profissão de agricultores e a doença
crônica não transmissível (DCNT) mais notificada no município foi a hiper-
tensão, com 67,5% das mulheres acometidas. Assim, constatou-se que existe
uma correlação entre a maior expectativa de vida e o aparecimento de DCNT.
Em se tratando da população acadêmica, o gênero predominante entre
os alunos foi o feminino (64,3%), e o masculino entre os servidores (55,3%).
A faixa etária de 20 a 29 anos foi mais prevalente entre os alunos; entre os
servidores, foi de 30 a 39 anos. No que se refere ao perfil do estado da saúde,
os servidores apresentaram um percentual maior de DCNT em comparação
com os estudantes, 18,4% e 12,7%, respectivamente, sendo a asma entre os
estudantes e a diabetes mellitus entre os servidores (5,3%).
A partir desses dados, definiu-se ofertar na Farmácia Escola os servi-
ços: educação e rastreamento em saúde, revisão da farmacoterapia, acompa-
nhamento farmacoterapêutico e os procedimentos de organização de medica-
mentos, aferição de pressão arterial, teste de glicemia capilar e determinação
de medidas antropométricas, apresentados à comunidade acadêmica por meio
de uma campanha de educação e rastreamento em saúde.
Com a notificação desses dados, o monitoramento dos pacientes, o de-
senvolvimento de um vínculo por meio da comunicação mais próxima à co-
munidade, podemos mostrar a importância do profissional farmacêutico e da
pesquisa, bem como da extensão nas Universidades Federais.
- 233 -
ANÁLISE DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS
E OFERTA DO CUIDADO FARMACÊUTICO À
POPULAÇÃO CUITEENSE
INTRODUÇÃO AO TEMA
O uso das plantas medicinais é uma prática muito antiga que permeia o
cotidiano da humanidade até os dias atuais, promovendo a cura ou diminuindo
sinais e sintomas de várias doenças na sociedade. É uma das formas de remé-
dios mais disponíveis à população, isso devido à grande quantidade de plantas
existentes no mundo, inclusive no Brasil, onde se concentra uma das maio-
res reservas de biodiversidade vegetal1. Além deste, outros fatores motivam a
utilização de plantas em tratamentos, como a impossibilidade de acesso aos
medicamentos convencionais, principalmente por parte das populações mais
carentes e com baixa renda familiar, associando-se à forte crença tradicional
transmitida entre gerações familiares2.
Sobre o saber popular, algumas informações insuficientes e equivoca-
das a respeito de determinados tratamentos naturais são propagadas, inclusive
nas classes menos privilegiadas, levando ao autoconsumo incorreto de plantas
medicinais/fitoterápicos comprometendo e, em algumas situações, agravando
o estado de saúde delas. Nesse cenário, o profissional farmacêutico surge com
os serviços direcionados à saúde do paciente para aplicação dos seus conhe-
cimentos específicos, a fim de resolver os diversos problemas decorrentes de
terapias irracionais e irresponsáveis e, sobretudo, instruir sobre o uso correto,
adequado e racional 3.
Nesta perspectiva, surge o serviço de educação em saúde como alter-
nativa para melhorar a capacidade de compreensão da população acerca de
assuntos relacionados à saúde e de solução para esta problemática, acen-
tuando, sobretudo, a qualidade de vida na região. Além disso, por meio da
- 234 -
educação em saúde é oportunizado aos profissionais e estudantes da saúde
a ampliação dos seus conhecimentos adquiridos na formação acadêmica e
também é considerado como um fator fundamental para o paciente adquirir
um compromisso com sua própria saúde, levando a uma conscientização do
processo saúde-doença, cujo objetivo é a mudança nos hábitos de saúde por
meio do autocuidado 4.
REFERÊNCIAS
Meu nome é Maria Jaíne Lima Dantas, sou aluna do curso bacharelado
em Farmácia da Universidade Federal de Campina Grande, do Centro de Edu-
cação e Saúde (CES), campus de Cuité/PB e participei como voluntária do pro-
jeto de iniciação científica orientado pela professora Doutora Camila de Albu-
querque Montenegro, sobre a oferta da educação em saúde através do cuidado
farmacêutico no uso de plantas medicinais pelos usuários da Unidade Básica de
Saúde (UBS) Ezequias Venâncio dos Santos, no município de Cuité-PB.
Diante do que foi desenvolvido na pesquisa percebeu-se que 82,5%
dos 189 participantes do estudo costumam fazer uso de plantas medici-
nais, havendo uma prevalência de 89,1% para o gênero feminino. Relacio-
- 235 -
nado à faixa etária, a predominância foi de indivíduos com 18 a 29 anos,
e 48,7% apresentaram grau de escolaridade considerado baixo, 55,8% fazem
uso de algum medicamento como forma de tratamento para alguma doença
ou afecção e 57,1% afirmaram utilizar frequentemente (diariamente/sema-
nalmente) as plantas.
As informações passadas de geração a geração através do saber popular
apresentaram os maiores percentuais e dentre as plantas mais citadas desta-
cam-se: boldo (Peumus boldus Molina), erva-cidreira (Lippia alba (Mill.) N.
E. Br.), capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf), camomila (Matrica-
ria recutita L.), erva-doce (Pimpinella anisum L.), flor de sabugueira (sabu-
gueiro Sambucus nigra L.), eucalipto (Eucalyptus globulus Labill) e alecrim
(Rosmarinus officinalis L.)
É de grande importância a realização de pesquisas como estas, para se
ter percepção das principais carências da sociedade relacionadas ao conheci-
mento, e ao longo da pesquisa, podemos perceber as necessidades da popu-
lação acerca do uso das plantas, como, como se faz um chá, sua indicação,
entre outras variáveis. Diante disso, para se ter um melhor desenvolvimento
do estudo, foi elaborado o Guia de Plantas Medicinais com informações uti-
lizando linguagem acessível e ilustrações para o melhor entendimento dos
pacientes, para que tivessem acesso às informações sobre o uso correto das
espécies vegetais em sua própria casa.
Por falta de recursos financeiros, foram confeccionadas duas unidades
do guia, um sorteado entre os pacientes que estiveram presentes no nosso
“Chá de conversas” sobre o uso racional de plantas medicinais e o outro se
encontra disponível na UBS em que se realizou a pesquisa.
Mesmo com algumas dificuldades, conseguimos beneficiar a população
com os conhecimentos obtidos por meio de dados científicos disponíveis na
literatura, para que a fitoterapia seja mais difundida, segura e efetiva na vida
de todos os usuários. Podemos, ainda, destacar a importância do papel do
farmacêutico como um agente que promove, protege, recupera e mantém a
saúde da população, racionalizando tratamentos, por exemplo, via serviço de
educação em saúde, dentro de uma equipe multiprofissional.
- 236 -
DOENÇA DE CHAGAS: UM MAL ANTIGO,
PORÉM AINDA SEM SOLUÇÃO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 237 -
Vale destacar que a doença de Chagas afeta principalmente os paí-
ses que possuem índices de pobreza mais elevados, de forma que os países
latino-americanos concentram a maior parte dos infectados em todo o mundo.
Nesse contexto, o Brasil é considerado um dos países com mais pessoas afe-
tadas ou sob risco de adquirirem a doença2.
REFERÊNCIAS
- 238 -
sores, equiparáveis ou superiores aos observados pelos medicamentos usados
para o tratamento. Dentre as pesquisas observadas, vale salientar que mais de
um terço (36,8%) é de plantas oriundas da flora brasileira, demonstrando a
necessidade de preservação ambiental e de investimento para que estas pes-
quisas possam vir a ser concluídas e aumentarem as opções de tratamento para
doença de Chagas, inclusive buscando uma proposta de cura.
Vale ainda salientar que, por ser uma doença associada a países com
baixo desenvolvimento econômico, esta não é uma pesquisa vislumbrada por
grandes empresas farmacêuticas, que visam também ao lucro, mas é uma pes-
quisa essencialmente desenvolvida e apoiada por governos que busquem a
saúde e melhoria da qualidade de vida da sua população.
Diante disso, torna-se evidente a importância de pesquisar a respeito da
doença de Chagas, a fim de conhecer o seu perfil epidemiológico, bem como
investigar novas opções de tratamento para esta parasitose que ainda afeta
diversas pessoas no Brasil e no mundo.
- 239 -
ARMAZENAMENTO E DESCARTE
DE MEDICAMENTOS EM DOMICÍLIOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 240 -
tóxicas2. A temperatura é considerada o mais importante dos fatores ambientais,
pois acelera a degradação dos medicamentos. A umidade pode promover rea-
ções químicas e a luz pode desencadear a instabilidade. Assim, locais quentes
como a cozinha e úmidos como o banheiro não são adequados para guardar
medicamentos. Eles podem causar alterações em sua composição, diminuindo o
efeito ou causando efeitos tóxicos, mesmo estando dentro do prazo de validade.
Portanto, os medicamentos devem ser guardados em local arejado e seguro, sem
exposição à luz, calor ou umidade, em sua embalagem original, identificados
pelo nome e com data de validade, o que nem sempre ocorre.
Outro problema relacionado à guarda de medicamentos em domicílio é
sobre o que fazer quando o medicamento está vencido. Geralmente, as pessoas
utilizam o vaso sanitário ou o lixo comum, o que pode causar impactos ambien-
tais extremamente relevantes, afetando diversos ecossistemas. Quando lançados
na rede de esgoto ou lixo doméstico, os medicamentos constituem um grande
problema, o que acarreta um maior risco de intoxicação humana e também a
contaminação do solo, dos rios, afetando a qualidade da água e provocando
efeitos, cada vez maiores, de poluição ambiental. Assim, os medicamentos ven-
cidos em casa podem ser entregues em farmácias comunitárias, onde será feito
o descarte apropriado sem expor o meio ambiente e a população a esses riscos3.
O armazenamento e o descarte de medicamentos devem ser realizados de
forma responsável, pois como são produtos químicos passam por reações que
podem causar intoxicações, alterar o efeito ou mesmo perder suas propriedades.
REFERÊNCIAS
- 241 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Sou Andrezza Duarte Farias, aluna de doutorado do Programa de
Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (PPgSCol/UFRN) e professora do curso de Farmácia do Centro de Edu-
cação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande (CES/UFCG).
A pesquisa apresentada teve início a partir de um Projeto de Extensão em que
os estudantes, ao visitarem residências junto com os Agentes Comunitários de
Saúde (ACS) no município de Cuité, PB, observaram que existiam problemas
no armazenamento de medicamentos. Então, elaboramos um Projeto de Pes-
quisa com o objetivo de investigar a maneira como ocorria.
Foram visitadas 256 residências no município de Cuité (PB), destas,
75,8% apresentaram farmácia caseira, com uma média de 3,3 medicamentos/
residência. Um dos principais lugares de armazenamento de medicamentos
foi dentro do armário da cozinha (26,36%) e 76,2% foram considerados ao
alcance das crianças. O descarte era realizado 53,62% no lixo comum sem
nenhum cuidado.
Após identificar esses resultados, realizamos uma Campanha sobre o
Uso Racional de Medicamentos em que visitamos as residências, identifica-
mos medicamentos vencidos, recolhendo-os e realizando a devida orientação.
Com esse trabalho, podemos exemplificar como a pesquisa pode beneficiar a
população: identificamos um problema sobre o uso de medicamentos e reali-
zamos ações de forma a minimizá-lo.
Realizar pesquisa é um desafio, pois precisa de um bom planejamen-
to, que envolve organização e estrutura de recursos financeiros e humanos.
A principal dificuldade é a limitação dos recursos financeiros, pois nem todo es-
tudante pode vivenciar a experiência da pesquisa na universidade, assim como
tem-se restrição para sua execução, precisando economizar na abrangência das
ações. Uma das alegrias de se fazer pesquisa é conseguir resultados que podem
contribuir, neste caso, tanto para uma melhoria do uso de medicamentos pela
população em geral quanto na formação dos alunos que no futuro poderão ter
um olhar diferenciado para as necessidades e realidade das pessoas.
- 242 -
EPIDEMIOLOGIA DE INFECÇÕES RELACIONADAS
À ASSISTÊNCIA À SAÚDE
INTRODUÇÃO AO TEMA
REFERÊNCIAS
- 243 -
Brasil. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 33, n. 3,
p. 429-435, 2012, lil-658502.
- 244 -
tinal e translocação microbiana. Os resultados puderam contribuir para pre-
encher uma lacuna ante a uma doença negligenciada e suas cormorbidades.
As pesquisas com microbiologia e epidemiologia de IRAS requerem
muita dedicação, investimento e parceria para alcançar os objetivos. Os re-
sultados têm possibilitado contribuir para o desenvolvimento de estratégia
epidemiológica da dinâmica das IRAS nos serviços de saúde. Os dados cientí-
ficos advindos dessa linha de pesquisa têm corroborado para que a legislação
brasileira possa promover uma ação direta sobre o ato do cuidar e desenvolver
a cultura de segurança do paciente. Além de contribuir para conhecer o perfil
microbiológico de cada instituição que promove assistência à saúde.
A pesquisa com microbiologia é instigante, mas o pesquisador de-
verá desenvolver sua habilidade de investigador com um mundo não vi-
sível aos olhos. Devido a isso, nossas pesquisas poderão contribuir para o
entendimento de diversas ações entre humanos e micro-organismos e suas
relações ecológicas.
- 245 -
CONTROLE
DE QUALIDADE
e
tecnologia
farmacêutica
CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA PARA
A QUALIDADE DAS PLANTAS MEDICINAIS PARA
PREPARAÇÃO DE CHÁ
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 247 -
O material vegetal seco (droga vegetal) está sujeito a uma série de pro-
blemas que vão desde equívocos entre espécies, fraudes a degradações e con-
taminações diversas. Essas alterações se constituem em perda da qualidade e
refletem tanto na eficácia quanto na segurança do produto.
Para a avaliação da qualidade, realiza-se uma série de experimentos
com o objetivo de verificar se o material em análise se encontra em confor-
midade com parâmetros previamente estabelecidos de forma a garantir que a
droga vegetal mantenha suas propriedades medicinais originais, e assim cum-
pram o seu papel terapêutico.
- 248 -
para a saúde da população, pois garantem aos usuários um produto com boas
condições físicas e biológicas, além de fornecer informações que contribuem
para o uso correto, seguro e eficaz.
Assim, as pesquisas científicas pretendem resgatar o conhecimento tra-
dicional de forma a comprovar sua eficácia, ao passo que obtêm informações
técnicas úteis para a orientação, tanto aos profissionais de saúde quanto aos
usuários, como forma de obtenção dos melhores resultados com o uso seguro
e eficaz das plantas medicinais, traduzindo-se no seu uso racional.
As flores de sabugueiro (Sambucus spp) são utilizadas para a prepa-
ração de chá popularmente empregado no tratamento primário de sintomas
de gripes e resfriados, sendo alvo de diversas pesquisas relacionadas às suas
propriedades terapêuticas.
A nossa pesquisa teve como objetivo avaliar a qualidade de cinco amos-
tras de flores de sabugueiro vendidas no mercado local. Os dados revelaram
falhas no processamento/armazenamento das flores, mostrando importantes
desvios de qualidade nos produtos comercializados. Em todas as amostras
foi confirmada a presença dos ativos medicinais (fenóis totais e flavonoides).
Contudo, observou-se presença de material estranho acima dos limites aceitá-
veis em quatro amostras. Apenas uma amostra foi aprovada em todos os testes
físico-químicos, duas amostras ultrapassaram o limite permitido para conta-
minação por fungos e todas as amostras estavam contaminadas por patógenos
(Escherichia coli ou Salmonella sp).
Isso implica diretamente a qualidade do produto final. O elevado teor de
material estranho e umidade favorece a contaminação microbiana das amos-
tras, além do risco de adulteração por outras espécies de plantas. Como cons-
tatado, todas as amostras estavam contaminadas por bactérias patogênicas,
tornando-as impróprias para o consumo humano. Diante de tais resultados,
percebem-se negligências por parte dos produtores deste ramo, que podem ser
revertidas com fiscalizações mais eficientes por parte dos órgãos competentes
e até mesmo pela implantação de medidas de conscientização a respeito dos
riscos aos quais expõem seus consumidores com ausência de procedimentos
corretos desde o cultivo à rotulagem dos produtos.
- 249 -
MELHORIA DA QUALIDADE DE FÁRMACOS
HIPOGLICEMIANTES COM PROBLEMAS DE
SOLUBILIDADE AQUOSA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 250 -
quisa atualmente realizadas no Brasil e no mundo. Nessas linhas de pesquisa,
os pesquisadores são capazes de resolver esse problema através de modifica-
ções nas propriedades químicas desses fármacos e assim aumentar a solubili-
dade em água3.
São várias as formas de modificar as propriedades químicas para alcan-
çar esse aumento de solubilidade dos fármacos, e cada pesquisador pode ter
sua linha de pesquisa com uma dessas formas (que estão englobadas dentro do
que é conhecido como tecnologia farmacêutica).
REFERÊNCIAS
1. KALEPU, S.; NEKKANI, V. Insoluble drug delivery strategies: re-
view of recent advances and business prospects. Acta Pharmaceutica Sinica
B, v. 5, n. 5, p. 442-453, 2015.
- 251 -
alunos de pós-graduação, que utilizam desses fármacos em suas pesquisas
para o desenvolvimento de novos medicamentos.
Comecei nessa linha de pesquisa, de fármacos com baixa solubilidade
em água, pela importância que ela representa. Fácil perceber a importância
dessas pesquisas não é mesmo? Sem esse tipo de pesquisa alguns fármacos
não poderiam ser utilizados pois não seriam absorvidos. Estratégias utilizadas
para aumentar a solubilidade desses fármacos são extremamente interessantes,
principalmente por diminuir os custos com o desenvolvimento e comerciali-
zação de novos fármacos, os quais são obtidos através de altos investimentos
por parte das indústrias farmacêuticas. Você deve conhecer algum desses fár-
macos que tiveram sua solubilidade aumentada, para que os medicamentos
pudessem ser utilizados com sucesso com melhoria de sua qualidade, são al-
guns deles: a atorvastatina (para diminuir o colesterol) e o ibuprofeno (para
tratar inflamação) 1.
Como mencionado, existem várias formas de aumentar a solubilidade
de um fármaco. Uma forma de alcançar esse objetivo é associar esse fármaco,
com baixa solubilidade na água, com outra substância química que possui
alta solubilidade na água. Minha pesquisa atual no doutorado é focada nesse
tipo de associação; mais especificamente com fármacos com potencial hipo-
glicemiante (que diminuem a glicose no sangue de pessoas com diabetes); em
que um objetivo a ser alcançado fundamenta-se no desenvolvimento de novos
medicamentos melhorando sua qualidade e tornando-os mais eficazes e com
menos efeitos colaterais, do que os medicamentos atualmente comercializa-
dos, para o tratamento da diabetes.
- 252 -
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE
LIBERAÇÃO CONTENDO SUBSTÂNCIAS COM
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 253 -
maco em locais que não representam o alvo terapêutico, diminuindo possí-
veis efeitos colaterais, e proteção dos compostos sensíveis à temperatura4.
Alguns dos benefícios envolvem um aumento da eficiência terapêutica, por
meio da redução da dose e da frequência de administração, quando compa-
rado a fármacos tradicionais5.
REFERÊNCIAS
1. OMS. Organização Mundial da Saúde. “Antimicrobial resistance:
global report on surveillance”. WHO Press, Geneva, 2014.
- 254 -
a área de tecnologia farmacêutica, em que faço uso de técnicas para melho-
rar a eficiência de medicamentos.
A minha pesquisa se iniciou no Programa de Pós-graduação em Ciên-
cias Farmacêuticas pela UFPE, com apoio na UFPB. Durante os dois anos de
mestrado, tive a oportunidade de desenvolver um sistema de liberação con-
trolado, contendo duas substâncias que possuem atividade antimicrobiana.
Realizei vários experimentos e pude constatar a potencial atividade do meu
produto. As várias vantagens já foram citadas, especialmente em relação às
substâncias antimicrobianas, levando em consideração a conhecida “resis-
tência microbiana”. Ela existe e vem dificultando o tratamento para várias
doenças. Então é aí que eu entro, por meio de técnicas que diminuem o risco
de essa resistência acontecer. Além disso, o sistema de liberação permite que
o produto seja liberado aos poucos, diminuindo o número de doses a serem
tomadas pelo paciente, além das outras vantagens já mencionadas.
Como o produto que desenvolvi no mestrado foi muito interessan-
te, eu o trouxe para o meu doutorado, mas agora com novas ideias. Além
de fazer todos os testes para provar a eficácia e segurança do produto, vou
adicioná-lo a uma forma farmacêutica (forma de apresentação do medica-
mento). Ao ser adicionado a uma forma farmacêutica, vou poder fazer outros
testes e direcioná-lo para o tratamento de algumas doenças, umas delas é a
estomatite protética, uma infecção causada pelo uso de prótese dentária total,
conhecida popularmente como dentadura. A maioria das pessoas que usam
esta prótese passam por esta situação desagradável.
Já existem alguns tratamentos para esta doença, mas é algo realmente
difícil de ser controlado. A infecção acontece por meio de microrganismos
que já estão na nossa boca e a reinfecção por meio da prótese dentária é muito
comum. Os pacientes são acometidos pela dor, que interfere na mastigação e
deglutição dos alimentos. Além do incômodo, acaba afetando também a vida
social de algumas destas pessoas, que algumas vezes param de usar a prótese
para evitar a remissão da infecção ou porque acaba piorando a dor. Meu in-
tuito é conseguir terminar todos os testes necessários e que um dia as pessoas
possam fazer uso do fruto do meu mestrado/doutorado. São muitos passos
ainda pela frente, mas temos que ter um objetivo em mente e tentar cumprir
metas para alcançá-lo.
Entrei na área de pesquisa desde a graduação, já tive a oportunidade
de vivenciar diferentes campos em que a ciência viva se faz presente. Venho
colocando em prática o conhecimento que adquiri e as técnicas que aprendi
durante o meu contato com a universidade e com os professores. Ainda venho
aprendendo muito neste ambiente. A vontade de contribuir com a sociedade
está enraizada no trabalho dos pesquisadores.
- 255 -
DESENVOLVIMENTO DE NANOEMULSÕES
CONTENDO EXTRATO HIDROETANÓLICO DAS
FOLHAS DE Kalanchoe Laciniata (L.) DC .
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 256 -
cosmética, além de atender às expectativas dos consumidores de diferentes
faixas etárias e agregar valor à cadeia produtiva da planta em estudo.
REFERÊNCIAS
1. CHELLAPA, P.; ARIFFIN, F. D.; EID, A. M.; ALMAHGOUBIL,
A. A.; MOHAMED, A. T.; ISSA, Y. S. ELMARZUGIL, N. A. Nanoemulsion
for cosmetic application. European Journal of Biomedical and Pharma-
ceutical Sciences, v. 3, n. 7, p. 08-11, 2016.
- 257 -
antioxidantes pode trazer tanto benefícios estéticos como benefícios sociais,
uma vez que conflui com o conceito de beleza imposto e contribui para a in-
serção das pessoas na sociedade.
O mercado de produtos para cuidados com a pele é um dos que mais
crescem e recebem investimentos financeiros, sempre com lançamentos de
novos produtos. Atualmente o uso de matérias-primas de fontes vegetais é
uma demanda dentro do mercado de cosméticos que conflui com a valorização
da biodiversidade brasileira, em especial neste estudo, espécies da Caatinga,
bioma exclusivamente brasileiro.
Recentemente, avaliamos o extrato da Kalanchoe laciniata (L.) DC.
quanto à atividade antioxidante e obtivemos resultados promissores, e por isso
as etapas seguintes desta pesquisa serão o desenvolvimento de uma nanoemul-
são cosmética e a sua avaliação clínica quanto às melhorias no relevo cutâneo.
Em adição, a exploração racional da planta associa grandes benefícios socio-
econômicos e regionais com destaque para o ineditismo desta pesquisa, pois
não há relatos na literatura científica quanto à aplicação de extratos vegetais
da espécie Kalanchoe laciniata (L.) DC. em nanoemulsões cosméticas com
atividade antioxidante.
- 258 -
NANOTECNOLOGIA FARMACÊUTICA APLICADA
AO DESENVOLVIMENTO DE SOROS E VACINAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Programa de Pós-graduação em Ciências Far-
macêuticas. fiammaglaucia@gmail.com
b Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Programa de Pós-graduação em Desenvolvi-
mento e Inovação Tecnológica em Medicamentos. karllasamara@yahoo.com.br
- 259 -
para acidentes por animais peçonhentos. Com isso, nossas pesquisas envol-
vem o desenvolvimento e a produção de um sistema nanoparticulado biocom-
patível e biodegradável para liberar de forma controlada pequenas doses das
peçonhas de serpentes e escorpiões, que serão utilizadas como formulações
para realização das imunizações.
A produção de soros antiofídicos e antiescorpiônicos que estão dis-
poníveis para a população ocorre através da hiperimunização de animais de
grande porte, geralmente são utilizados cavalos, as formulações aplicadas
são compostas por um adjuvante associado à peçonha de uma ou mais es-
pécies de serpentes ou escorpiões, produzindo soros monovalentes ou poli-
valentes3. E para que serve os adjuvantes? São substâncias que aumentam a
imunogenicidade dos antígenos. O hidróxido de alumínio é o único adjuvan-
te aprovado para o uso em humanos, mas que provoca uma série de efeitos
inflamatórios desconfortáveis.
O intuito das imunizações com as formulações nanotecnológicas é
produzir novos soros antivenenos mais potentes para neutralizar o envene-
namento ocasionado por serpentes e escorpiões, possibilitando uma dose
menor de antígeno imunizante, seguido de uma melhor resposta de títulos de
anticorpos, bem como diminuir os efeitos adversos ocasionados pelo imuno-
adjuvante tradicional.
REFERÊNCIAS
1. SQUAIELLA-BAPTISTÃO, C. C; SANT’ANNA, O. A; MARCELI-
NO, J. R; TAMBOURGI, D. V. The history of antivenoms development: Be-
yond Calmette and Vital Brazil. Toxicon, v. 150, p. 86–95, 2018.
- 260 -
mica, atualmente desenvolvendo o estágio pós-doutoral pelo Programa de
Pós-graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos,
e mestre em Ciências Farmacêuticas pelo Programa de Pós-graduação em Ci-
ências Farmacêuticas, atualmente doutoranda do Programa de Pós-graduação
em Ciências Farmacêuticas, respectivamente, ambas sob a supervisão do Pro-
fessor Dr. Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa, bolsistas pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Junto ao grupo desenvolvemos uma linha de pesquisa relacionada à ob-
tenção de nanossistemas para liberação de peptídeos/proteínas da peçonha de
serpentes e escorpiões a serem aplicados como adjuvantes em vacinas propor-
cionando a obtenção de produtos biotecnológicos inovadores, especialmente na
obtenção de soros no tratamento com imunobiológicos envolvendo antivenenos.
O desenvolvimento dessa linha de pesquisa foi um trabalho bastante
desafiador, que exigiu muita dedicação, mas com o qual obtivemos resulta-
dos bastante promissores, que, com a realização de mais ensaios laboratoriais,
venha a gerar a obtenção de produtos inovadores que tragam benefícios à
população, auxiliando no tratamento dos casos de envenenamento causados
por serpentes e escorpiões.
- 261 -
química
medicinal
EXTRATOS DE PLANTAS E PRODUTOS NA
NEUTRALIZAÇÃO DE AÇÕES TÓXICAS CAUSADAS
POR VENENOS DE SERPENTES: UTILIZAÇÃO E
PERSPECTIVAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 263 -
sistêmicos, a soroterapia é pouco eficaz na neutralização dos efeitos locais,
que são responsáveis pelas sequelas observadas nos acidentados. Além disso,
o alto custo de produção e a termolabilidade dos soros (os soros precisam ser
estocados em geladeira, pois perdem sua função em temperaturas muito ele-
vadas) geram dificuldades na distribuição e na estocagem destes, dificultando
ainda mais o tratamento de vítimas em regiões distantes da rede hospitalar.
Ainda assim, alguns pacientes que recebem a soroterapia podem desenvolver
reações alérgicas ao soro, como febre e urticária, sendo estes últimos fatores
facilmente revertidos com medicamentos específicos2.
Tendo em vista os problemas descritos, é importante buscar novos tra-
tamentos que possam complementar e/ou serem alternativas à atual terapia
visando ao cuidado dos efeitos do veneno nas vítimas, principalmente contra
os sintomas locais.
Sabemos que as plantas são usadas para o tratamento de diversas do-
enças, em todo o mundo e nas mais variadas formas (chás, sucos, emplastros,
xarope, pomadas, entre outras)3. Por isso, nosso trabalho de pesquisa avalia
a ação antiofídica de diferentes extratos vegetais. Trabalhamos com as es-
pécies Baccharis arctostaphyloides, Erythroxylum ovalifolium, Erythroxylum
subsecile, Manilkara subsericea, Myrsine parvifolia, Myrsine rubra, Piper
divaricatum e Vernonia crotonoides (fornecidos pelo Laboratório de Tecnolo-
gia de Produtos Naturais da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal
Fluminense, sob coordenação do Prof. Dr. Leandro Machado Rocha) e Stryph-
nodendron adstringens (fornecidos pelo Departamento de Farmácia e Farma-
cologia do Centro de Ciências e Saúde da Universidade Estadual de Maringá,
Paraná, sob coordenação do Prof. Dr. João Carlos Palazzo de Mello).
REFERÊNCIAS
- 264 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Eduardo Coriolano de Oliveira, estou no estágio de
pós-doutoramento, vinculado ao programa de pós-graduação em Ciências e
Biotecnologia da Universidade Federal Fluminense, que fica em Niterói, no
estado do Rio de Janeiro. Sou bolsista da Fundação Carlos Chagas Filho de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), em convênio com
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
órgão que paga minha bolsa, e minha pesquisa é sobre a busca de tratamentos
alternativos aos acidentes provocados por picadas de serpentes.
Apesar dos problemas de infraestrutura, poucos recursos para a com-
pra de material e/ou equipamentos fundamentais para o desenvolvimento da
pesquisa, a demora no processo de importação desses produtos, entre outros
fatores, é extremamente gratificante saber que posso contribuir com a socieda-
de quando descubro que uma planta (seu extrato) pode auxiliar no tratamento
ao ofidismo, e que isso pode vir a salvar a vida de alguém. Além disso, na
pesquisa, estamos sempre lendo as novidades para o tratamento de diferentes
doenças, buscando novos métodos para nossos experimentos e isso traz uma
enorme contribuição para minha formação.
Buscar uma forma de tratamento alternativo para o acidente ofídico
é extremamente importante, principalmente se levarmos em consideração
que normalmente pessoas pobres são afetadas. A alternativa à soroterapia
se faz necessária, principalmente, para essa população que não possui aces-
so facilitado ao atendimento médico-hospitalar. Descobrir que um chá, por
exemplo, tem ação antiveneno de serpente é bastante interessante e pode
ajudar a salvar vidas.
- 265 -
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA E
ANTITUMORAL DE OLIGÔMEROS DE QUITOSANA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 266 -
REFERÊNCIAS
2. ZHANG, J.; XIA, W.; LIU, P.; CHENG, Q.; TAHIROU, T.; GU,
W.; LI, B. Chitosan modification and pharmaceutical/biomedical applications.
Mar Drugs, v. 8, n. 7, p. 1962-1987, 2010.
- 267 -
No meu mestrado, estudo como materiais que antes seriam despreza-
dos na natureza podem ser transformados em moléculas com potencial de se
tornarem um produto biotecnológico. Seja como um medicamento que auxi-
lie no tratamento de infecções, ou a utilização em outras indústrias, como a
indústria agrícola no revestimento de frutas impedindo a contaminação por
microrganismos sem causar danos a nossa saúde. Investigo também a ação dos
QOS ante a parasitas causadores de doenças negligenciadas como a Doença
de Chagas e leishmaniose e células de linhagens cancerígenas. Assim, meu
projeto auxilia a sociedade trazendo maior esclarecimento sobre a utilização
de oligômeros de quitosana como agente antimicrobiano, e indiretamente,
a importância da reciclagem de resíduos da carcinicultura para a produção de
moléculas bioativas.
- 268 -
VERSATILIDADE BIOLÓGICA E APLICAÇÕES
BIOTECNOLÓGICAS DE EXTRATOS VEGETAIS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 269 -
tórios, cicatrizantes, antimicrobianos, anticancerígenos, antivirais, inseticidas,
larvicidas, piscicidas, dentre outras.
Uma das aplicações biotecnológicas dos extratos vegetais que vem ga-
nhando espaço na ciência é sua utilização no manejo de arboviroses (doenças
causadas por artrópodes), como dengue, febre amarela, chikungunya e zika.
A dengue é considerada a principal e mais distribuída doença viral transmiti-
da por mosquitos do gênero Aedes2 e a febre zika, em especial, tem ganhado
maior ênfase por sua associação com má formação congênita e microcefa-
lia3,4. Todas essas arboviroses ainda são susceptíveis à ampla disseminação do
vírus que as acometem, pois ainda não há vacina para prevenir a infecção e
nem drogas específicas para combater os vírus nas pessoas infectadas, sendo
o controle do vetor (mosquitos dos gêneros Aedes, Culex, Haemagogus dentre
outros) a solução mais comumente disponível5.
Diante do exposto, faz-se necessário intensificar estudos voltados à in-
vestigação da caracterização antinutricional e bioquímica de extratos vege-
tais na tentativa de ampliar a compreensão e sua aplicabilidade no controle e
erradicação de enfermidades, melhoria da qualidade de vida da população e,
com isso, promover o progresso na/da indústria farmacêutica e erradicar fito
e hematopatógenos.
REFERÊNCIAS
- 270 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Giulian Sá, sou aluno de doutorado do Programa de
Pós-graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Nor-
te, orientado pela professora doutora Adriana Ferreira Uchôa. Sou bolsista pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e minha
pesquisa envolve a busca por novos fármacos à base de extratos vegetais para
o combate a arboviroses e tratamento de infecções microbianas, como também
para a viabilização de novos produtos com potencial antioxidante no mercado.
Com muito orgulho, sou nordestino do alto sertão paraibano e desde a
graduação que sou motivado a (re)conhecer as potencialidades da Caatinga e
nelas intervir, na perspectiva de mostrar ao mundo que ela não é um bioma/
ecossistema pobre em biodiversidade ou que seus recursos vegetais são escas-
sos. Desse modo, e motivado pelo sangue nordestino que pulsa em mim, me
sinto na obrigação de defender meu bioma/ecossistema e divulgar tudo que ele
pode trazer como contributo para a ciência nacional e internacional; e assim
tenho feito. Contudo, sei que o atual cenário que vivemos nos limita a pro-
gredir com essa visão e colher todos os frutos que ensejamos. Porém, sejamos
como o Nordeste: persistente e resistente!
Infelizmente, o mundo inteiro enfrenta o desafio da cocirculação de ar-
boviroses de grande importância para a saúde pública, cujos vetores dos agen-
tes etiológicos a cada dia tornam-se mais resistentes a inseticidas sintéticos,
levando as atuais políticas de controle ao insucesso. Todas essas arboviroses
apresentam alto risco de disseminação, morbidade e mortalidade humana em
muitos países, inclusive no nosso, pela ausência de vacinas para prevenir as
infecções, e drogas específicas e sem resistência nos vetores para combater os
vírus. A opção que nos resta é o controle desse vetor e, nesse cenário, nosso
grupo de pesquisa vem obtendo satisfatórios resultados ao identificar extratos
à base de vegetais da Caatinga, ecologicamente amigáveis e sem toxicidade
humana e ambiental, como potentes larvicidas naturais. Adicionalmente, esses
extratos vêm mostrando potencial uso no controle de infecções microbianas e
como promissores agentes antioxidantes.
Ao saber que o controle efetivo desses vetores não é alcançado com
o emprego único das campanhas de intervenção propostas pelo Ministério
da Saúde brasileiro, mas sim pelo seu manejo integrado, convidamos a po-
pulação a se sensibilizar de seu papel no crescimento e manutenção do país,
corroborando, assim, com a eficácia dos achados por esta e outras pesquisas
incríveis, realizadas por ávidos pesquisadores brasileiros.
- 271 -
ESTUDO DE BIOMOLÉCULAS DE FUNGOS COM
AÇÃO ANTIBIOFILME DE BACTÉRIAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 272 -
outros4. Todas essas biomoléculas citadas apresentam inúmeras atividades
farmacológicas e podem atuar como futuros medicamentos inovadores5.
Nosso projeto visa alcançar um novo repertório biomolecular fúngico
em conjunto com suas possíveis aplicações na biologia através de algumas
atividades laboratorial, como atividades anticoagulantes, hemaglutinantes,
hemolíticas e antioxidantes.
REFERÊNCIAS
- 273 -
Trabalhar com pesquisa no Brasil é, no mínimo, desafiador. A falta de
alguns recursos – tanto de maquinário como de reagentes – limita a nossa
pesquisa, mas ao mesmo tempo nos permite trabalhar com excelência com
o que já temos. Aplicar o método científico e ir a fundo no que pode ser fei-
to exigem dedicação e responsabilidade. Muitas vezes os experimentos não
acontecem como esperávamos e é necessário manter a calma, rever o que foi
feito, e estudar ainda mais para obter êxito ou rever nossas hipóteses. Com
isso aprendi bastante a lidar com frustrações e ter uma postura metodológica
na minha pesquisa.
Apesar dos percalços, nada se compara com a alegria de um experimen-
to que deu certo e poder utilizar o meu trabalho como uma forma de solucionar
problemas enfrentados no âmbito da saúde pública. Dar uma aplicabilidade e
retorno para a sociedade é a matriz das pesquisas desenvolvidas no Brasil e no
mundo, por isso é tão importante veicular informações sobre o que é feito em
nossas universidades e como isso pode beneficiar a todos.
No meu estudo, por exemplo, além de buscar a purificação e descrição
de uma proteína de fungo completamente nova para a literatura científica,
procuro mostrar como essa proteína é capaz de impedir a formação do biofil-
me bacteriano, um mecanismo responsável por 80% das infecções bacteria-
nas. Além disso, podemos elucidar o mecanismo de ação antibiofilme dessa
proteína, bem como testar outras de suas ações biotecnológicas e contribuir
para o acervo de estratégias farmacológicas - desenvolvendo assim um novo
medicamento ou potencializando os já existentes.
- 274 -
ANÁLOGOS DO ÁCIDO CINÂMICO COMO FONTE
DE FÁRMACOS LEISHMANICIDAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 275 -
REFERÊNCIAS
- 276 -
Departamento de Biologia Celular e Molecular do Centro de Biotecnologia da
Universidade Federal da Paraíba.
O Brasil possui a maior biodiversidade do planeta. Temos um imensu-
rável patrimônio genético com valor econômico-estratégico incalculável em
várias atividades, mas é no meio do desenvolvimento de novos medicamentos
onde está sua maior potencialidade. Porém, a falta de incentivo governamen-
tal às pesquisas é um desafio para o desenvolvimento de estudos e descobertas
de novos fármacos a partir de produtos naturais.
- 277 -
ISOLAMENTO E ATIVIDADE FARMACOLÓGICA
DE SUBSTÂNCIAS OBTIDAS DE PLANTAS DO
SEMIÁRIDO PARAIBANO
INTRODUÇÃO AO TEMA
REFERÊNCIAS
- 278 -
2. NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M. Products as Sources of New
Drugs from 1981 to 2014. Journal of Natural Products, v.79, n. 3, p. 629-
661, 2016.
- 279 -
utilizam com frequência ou não conhecem as plantas que podem ser usadas
como medicinais. Deste modo, usando gincanas, oficinas, rodas de conversa e
dinâmicas, construiu-se um diálogo com os alunos sobre as plantas que eles e
suas famílias utilizavam, orientando-os sobre o uso adequado.
Convivendo com a comunidade escolar outras necessidades foram vi-
sualizadas, como a falta de ambientes verdes na escola e nas casas dos alunos,
o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e a pouca ingestão de
micronutrientes. Desta forma, ações foram realizadas, como a construção de
uma horta com plantas medicinais e alimentícias, feita com materiais reciclá-
veis levados pelos alunos (garrafas pets, pneus e outros), e para adubar a horta,
os restos de alimentos da merenda foram usados na construção de uma com-
posteira doméstica. Outros profissionais foram convidados a acompanhar o
projeto, nutricionistas conversaram sobre alimentação saudável e composição
dos alimentos e uma agroecóloga orientou a manutenção da horta.
Junto com os alunos debatemos sobre ensino na universidade pública,
as pesquisas no Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Bioati-
vos da UFPB e sua história. Além disso, discutiu-se acerca da profissão do
farmacêutico e ainda as oportunidades e auxílios a que eles teriam direito nas
Instituições de Ensino Superior públicas, assim esperamos que eles aspirem a
este caminho.
Após dialogar com a comunidade escolar sobre plantas medicinais, eu
e meus colegas de doutorado, em 2018, atuamos em Unidades Básicas de
Saúde, onde estamos desenvolvendo ações até hoje. Neste ambiente foram
realizadas rodas de conversas com a população e foi visto quais plantas me-
dicinais eles utilizavam e as suas principais queixas de saúde. Desta forma,
ações como oficinas, rodas de conversa e sala de espera foram realizadas com
a finalidade de discutir sobre modos de preparo, quais plantas são tóxicas, uso
de plantas medicinais por gestantes, crianças e pacientes de doenças crônicas,
e alguns uso inadequados, principalmente quanto ao uso de plantas que não
podem ser ingeridas, apenas usadas na pele.
Neste caminho percorrido na pós-graduação compreendi que fazer pes-
quisa é algo que o ajuda tanto em uma formação técnica, como lhe traz a sensi-
bilidade de buscar melhorar a sociedade. Descobri muitas substâncias a partir
da planta que estudo, mas principalmente aprendi muito com todas as pessoas
envolvidas neste processo, com os colegas de doutorado que me acompanham
durante os experimentos, independentemente do dia da semana ou hora, para
assim em equipe gerarmos descobertas incríveis, com os professores sempre
lutando para conseguir financiamento para evitar que a pesquisa pare, com
todos os funcionários que ajudam, seja no socorro com algum equipamento
ou na palavra de incentivo, e principalmente, com todos os alunos, pacientes e
profissionais de saúde, onde tive a oportunidade de escutar e levar um pouco
do que aprendi na pós-graduação, porque essa é a prova de que pesquisa alia-
da à comunidade se torna a melhor parceria que uma sociedade pode ter para
promover o bem-estar aos seus cidadãos.
- 280 -
PESQUISA FITOQUÍMICA E FARMACOLÓGICA
DE Pilosocereus sp. (Cactaceae)
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 281 -
como facheiro, utilizado para a cura de inflamações da próstata e urinária
(BRITO-FILHO et al., 2017) e no auxílio à nutrição das pessoas.
No que se refere à pesquisa na área da Fitoquímica com espécies do
gênero Pilosocereus se pode destacar a presença em suas espécies de compos-
tos químicos das classes dos derivados da clorofila, esteroides, flavonoides,
alcamidas, ácidos e aldeídos fenólicos, ácido graxos e lignoides3,5.
REFERÊNCIAS
- 282 -
é sobre a descoberta de novas fontes de fármacos a partir de plantas que são
utilizadas pela comunidade em geral, que com o seu conhecimento tradicional
realiza o seu uso para determinado efeito benéfico.
Realizar pesquisa no Brasil é no mínimo desafiador, ainda mais quando
a gente está fora de grandes centros de pesquisas. Isto vira um estímulo natu-
ral, é acordar todo dia com a certeza de que estamos no caminho certo, que a
ciência, pesquisa e a educação podem transformar mentes, podem descobrir
e realizar o que era impensável antes. É gratificante ter a possibilidade de
descobrir uma substância inédita e saber que ela pode ter uma maior atividade
benéfica que outras já existentes e como resultado ela vai ajudar muitas pes-
soas. Diante de um cenário tão desafiador as adversidades vêm para ensinar,
amadurecer, para crescimento profissional e pessoal. No caminho haverá sem-
pre aquelas pessoas que vão lhe dar a mão e ensinar o quanto cada dia vale a
pena em busca de um bem maior.
É com grande entusiasmo que realizo a minha pesquisa, que tem
como principal objetivo contribuir de forma direta para a sociedade, devol-
vendo-lhe todo o seu investimento financeiro para a minha qualificação. Este
investimento está sendo realizado por meio da nossa busca incessante, atra-
vés de pesquisas na área da Química Orgânica, subárea Fitoquímica, em que
se buscam substâncias que poderão levar à descoberta de novas drogas com
atividades terapêuticas, se comprometendo, portanto, em encontrar resultados
que possam contribuir com o crescimento das Ciências Farmacêuticas.
- 283 -
METABOLÔMICA DE PLANTAS
INTRODUÇÃO
- 284 -
de captação de água e sais minerais4. Desta forma, o estudo químico realizado
durante os diferentes estágios de desenvolvimento da planta (desde a germina-
ção até a fase adulta), também conhecido como estudo de ontogenia química,
é de suma importância para a área agronômica e farmacêutica, pois, através
desses estudos, podemos saber, por exemplo, quando determinado composto
químico de interesse se encontrará em maior concentração em determinada
planta. Quando a cana-de-açúcar terá maior concentração de sacarose disponí-
vel para que eu possa extraí-la e produzir mais açúcar ou álcool e desta forma
ter mais lucro? Quando determinado princípio ativo de uma planta medicinal
estará na concentração ideal para que eu possa coletá-la e produzir um fitote-
rápico que realmente seja eficaz? Os estudos de ontogenia química de plantas
fornecem essas respostas!5.
REFERÊNCIAS
- 285 -
cisamente, estudos de ontogenia química de plantas tradicionais utilizadas
na medicina popular ou plantas medicinais de interesse ao Sistema Único de
Saúde (SUS).
Partindo do princípio de que uma planta é um ser vivo, deve-se levar
em conta que seus metabólitos secundários, substâncias a que são atribuídas
suas atividades terapêuticas, estão presentes de forma dinâmica, variando sua
composição de acordo com diversos fatores, como solo, temperatura, umidade
e estágio de desenvolvimento. Uma vez controlados todos esses fatores men-
cionados, o estudo de ontogenia química pode ser realizado com confiança.
Espécies vegetais medicinais podem ser coletadas em momento ina-
dequado, onde a concentração de seus componentes terapêuticos não é o
suficiente para agir no organismo de forma eficaz, levando ao agravamento
do estado de saúde do paciente, assim como à sua desconfiança sobre o uso
de plantas medicinais e fitoterápicos. Nós pretendemos resgatar esta con-
fiança através do estudo químico destas espécies durante todo o seu ciclo de
vida, possibilitando correlacionar a concentração de seus componentes tera-
pêuticos com o estágio de desenvolvimento correspondente, e desta forma,
saber qual é a melhor época de colheita delas, atribuindo maior qualidade,
segurança e eficácia da droga vegetal que será utilizada como matéria-prima
na produção de fitoterápicos, melhorando consequentemente a qualidade de
vida da população.
Fazer ciência e aprender algo novo todos os dias, aliados à motivação
de converter esse conhecimento adquirido em melhoria da qualidade de vida
da população, é algo de valor inestimável e proporcionado quase que exclusi-
vamente pelas universidades públicas, que são extremamente dinâmicas, pois,
além de nos permitir ensinar e pesquisar, é possível gerir projetos, fazer parte
de bancas examinadoras de teses e dissertações, ministrar minicursos e pales-
tras, fazer intercâmbio com outras instituições, incrementar a nossa rede de
contatos, aprender novas técnicas e novos idiomas, enfim, evoluir cada vez
mais, não somente como cientista, mas como pessoa.
Ser pesquisador no Brasil não é fácil, pois nem sempre consegui-
mos trabalhar com os recursos e estruturas de que gostaríamos, além disso,
o caminho para se tornar doutor em uma linha de pesquisa é bastante longo,
entretanto, se você gostar do que faz, for persistente, tiver paciência e gostar
de sair da zona de conforto, essa maratona será tão prazerosa quanto uma
volta no parque.
- 286 -
BUSCA DE PROTÓTIPOS A FÁRMACOS EM
PLANTAS MEDICINAIS DO GÊNERO Maytenus
COM ATIVIDADE GASTROPROTETORA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 287 -
efeitos adversos que possam vir a se tornar protótipos de futuros fármacos,
como também realizar a produção e o desenvolvimento de medicamentos fito-
terápicos com esses vegetais.
REFERÊNCIAS
- 288 -
Sou farmacêutico formado pela Universidade Federal da Paraíba e tive
a oportunidade de presenciar a importância das plantas medicinais desde o
início do curso de farmácia. Fui privilegiado em fazer parte do laboratório de
pesquisa em química de produtos naturais como aluno do Programa Institu-
cional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) em que realizei o isolamento
de substâncias químicas presentes nos vegetais. Sou grato a este programa
de iniciação científica, pois me mostrou a importância de realizar pesquisa e
abrir os olhos para que exista um melhor desenvolvimento da saúde no Brasil,
levando a um aumento no bem-estar social e qualidade de vida das pessoas,
dessa maneira a pesquisa científica está diretamente relacionada ao cresci-
mento desses fatores.
Desde que me tornei aluno de iniciação científica tive o privilégio de
presenciar diversos tipos de pesquisas que com os recursos necessários pode-
rão beneficiar grandemente a sociedade. Seja a descoberta de novos medica-
mentos, como também, a melhoria nas terapias já existentes. Fazer parte deste
mundo acadêmico científico é de grande importância para mim, pois, mesmo
com dificuldade em obter recursos, locais de trabalho em que são necessários
mais investimentos, podemos desenvolver pesquisas que irão mudar a quali-
dade de vida das pessoas. Nós, pesquisadores iremos sempre continuar nossos
projetos em prol de algo maior, sempre buscando as alternativas necessárias
para aperfeiçoar a saúde humana.
- 289 -
ATIVIDADE DE PROTEÇÃO SOLAR
DE EXTRATOS VEGETAIS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 290 -
principalmente, filtros solares, já que estes são compostos por substâncias es-
pecíficas capazes de proteger a pele¹.
Diante disso, a busca por compostos que tenham ação de filtrar a ra-
diação solar e, dessa forma, protegê-la, vem aumentando. Assim, produtos
naturais, ou seja, substâncias de origem vegetal ou animal (ao invés de sinté-
ticos) se tornam uma boa alternativa, já que extratos de plantas, por exemplo,
possuem uma grande variedade de compostos, que podem agir juntos para
proteger a pele, enquanto que substâncias feitas em laboratório têm a limita-
ção de apresentarem uma única estrutura e que muitas vezes não atendem a
toda a complexidade que é proteger a pele contra a radiação ultravioleta de
forma eficiente.
Dessa forma, reconhecendo o potencial da flora brasileira, sendo o Bra-
sil detentor de 22% de todas as espécies vegetais do mundo², bem como o
potencial medicinal das plantas aqui existentes, a ideia da pesquisa nessa área,
voltada para os produtos naturais, é justamente encontrar um extrato vegetal
que seja capaz de proteger a pele contra a radiação solar de forma eficiente e
que seja barato.
REFERÊNCIAS
- 291 -
Recentemente, conseguimos encontrar um extrato vegetal bastante promissor
e a pesquisa avança para o desenvolvimento de um protetor solar com ele. Es-
tamos lutando para conseguir produzir um protetor solar bom que seja acessí-
vel a todos, já que, de maneira prática, a prevenção do câncer de pele também
se faz dessa forma e, se a população tiver acesso a um protetor eficaz e barato,
isso significa uma população menos doente, mais ativa, diminuindo inclusive
os custos do Estado em saúde.
Fazer pesquisa no Brasil vai ser sempre uma tarefa muito gratificante,
mas ao mesmo tempo complicada, pois, embora consigamos trazer resultados
inovadores e promissores para a sociedade, temos sempre que lidar com a
frustração que é a falta de interesse em investir mais em pesquisa, o que mui-
tas vezes nos limita em avançar mais rapidamente com nossos resultados, pois
o tipo de experimento ou equipamento de que precisamos para a análise não
está disponível, então muitas vezes precisamos enviar nossas amostras para
outros lugares ou até países.
Atrelado a isso, existe a frustração que é o fato de a população não saber
para que serve a pesquisa dentro das universidades. Esse tipo de informação
já deveria ser introduzido de forma clara desde o ensino fundamental nas es-
colas, quanto mais valor se dá à pesquisa de um país, mais este país cresce e
se desenvolve. Sempre que existe uma epidemia de alguma doença ou uma
doença nova surge e é necessário vacina ou um medicamento de maneira ur-
gente, são os pesquisadores do nosso país que correm atrás de uma solução de
maneira incansável, então dar valor à pesquisa é dar valor a melhores condi-
ções de vida.
Na minha experiência pessoal, ao frequentar o “mundo da pós-gradu-
ação”, o amadurecimento acadêmico é feito diariamente. A vivência das dis-
ciplinas, bem como o contato diário com os outros pós-graduandos e pesqui-
sadores do Programa, amplia nossos horizontes, uma vez que respirar tanto
conhecimento e trabalhar em um projeto próprio nos faz crescer bastante como
profissional, abre a mente, possibilitando a criação de ideias que nos ajudem
a encontrar meios de contribuir com a sociedade de forma positiva para a sua
evolução, estimulando o desenvolvimento de uma ciência mais humana.
- 292 -
DESENVOLVIMENTO DE NOVOS ANÁLOGOS
DA COMBRETASTATINA D-2 UTILIZANDO COMO
INTERMEDIÁRIO O PRODUTO NATURAL EUGENOL
INTRODUÇÃO AO TEMA
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REFERÊNCIAS
- 294 -
A UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS NATURAIS
COM ATIVIDADE ANTICANCERÍGENA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 295 -
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Esti-
mativa/2019: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2019.
- 296 -
A SÍNTESE ORGÂNICA ALIADA AOS PRODUTOS
NATURAIS NA PRODUÇÃO DE MEDICAMENTOS
COM FINS MEDICINAIS
INTRODUÇÃO
- 297 -
calmante natural, além de atuar contra depressão e o estresse, uma vez que se
determine qual a substância ou conjunto de substâncias responsável(is) e por
esse efeito, pode-se sintetizar essa substância em laboratório, tendo em vista que
nos vegetais esses compostos apresentam baixas quantidades.
Na terapêutica enfrentamos diariamente o combate contra diversas do-
enças, a busca incessante pela cura destes males se torna cada vez mais difícil,
quer seja pelo aparecimento de novas enfermidades, quer seja pelos mecanis-
mos de resistência apresentados pelos organismos já existentes. A exemplo
temos a leishmaniose visceral (LV), que é uma zoonose caracterizada pelo
envolvimento sistêmico, que afeta milhões de pessoas em regiões tropicais e
subtropicais do globo. Há uma incidência estimada de 500.000 casos novos e
50.000 mortes a cada ano no mundo, com números que tendem a crescer ainda
mais2. Só aqui no Brasil o número de casos relatados entre os anos de 2005 e
2009 foi mais de 18.3001.
As bactérias e os fungos são microrganismos que, como a malária3,
vêm cada vez mais apresentando resistência aos medicamentos disponíveis
no mercado, dificultando o tratamento e consequentemente a cura, sem contar
que os medicamentos hoje comercializados debilitam o sistema imunológico
por não serem tão seletivos ao microrganismo que causa a doença. Pensando
nisso cabe a nós, pesquisadores, buscar alternativas medicamentosas que se-
jam mais eficientes e mais seletivas, potencializando o efeito e diminuindo os
efeitos colaterais dos medicamentos.
As dichalconas são uma classe de substâncias que apresentam um gran-
de potencial na terapêutica. Sharma e seus colaboradores relataram em um
estudo publicado em 20183 atividades promissoras dessa classe de compostos
ante o Plasmodium falciparum, agente causador da malária. A malária é uma
doença que vem apresentando grandes dificuldades com relação ao seu trata-
mento, o que se deve à capacidade do parasita de adquirir resistência aos me-
dicamentos atuantes na terapêutica. Pensando nisso, temos como finalidade
realizar estudos aprofundados dessa classe de compostos, com o objetivo de
buscar formas alternativas de tratamento para essas doenças.
REFERÊNCIAS
1. OLIVEIRA, J. M. et al. Mortalidade por leishmaniose visceral: as-
pectos clínicos e laboratoriais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical, v. 43, p. 188-193, 2010.
- 298 -
temisinin in killing chloroquine resistant Plasmodium falciparum. European
Journal of Medicinal Chemistry, v. 155, p. 623-638, 2018.
- 299 -
SÍNTESE E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA DE NOVOS
COMPOSTOS 1,2,3-TRIAZÓLICOS ASSOCIADOS
A CARBOIDRATOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 300 -
cano, conduzido pelo pesquisador Karl Barry Sharpless (2002)2. Diante das
contribuições desses dois grupos de pesquisas, a preparação de compostos
1,2,3-triazólicos tornou-se prática e eficiente, o que tem impulsionado ou-
tros grupos de pesquisa a sintetizarem novas moléculas contendo a unidade
1,2,3-triazólica. Adicionalmente, muitos estudos têm relatado que essas molé-
culas podem atuar como anti-inflamatórios, antivirais, no combate a infecções
bacterianas e, especialmente, como anticancerígenos3.
Uma das principais linhas de pesquisas atuais é o desenvolvimento de
novas moléculas que apresentem ação anticancerígena, pois o câncer é a se-
gunda causa mais comum de morte em todo o mundo e espera-se um aumento
para 19,3 milhões de novos casos por ano até 2025. Além disso, devido à com-
plexidade dessa doença, ainda não foram desenvolvidos medicamentos que
sejam altamente potentes e seletivos, ou seja, que destruam apenas as células
tumorais sem danificar as células sadias.
Diante do potencial dos 1,2,3-triazóis e da praticidade de obter novas e
variadas moléculas contendo essa unidade heterocíclica, nossa pesquisa tem
como objetivo central a obtenção de novos 1,2,3-triazóis associados a carboi-
dratos e avaliar o potencial antiproliferativo dessas moléculas ante a diferen-
tes tipos de células tumorais.
REFERÊNCIAS
- 301 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Cosme Silva Santos, sou aluno de doutorado do Programa
de Pós-graduação em Química da Universidade Federal Rural de Pernambu-
co (UFRPE), orientado pelo professor Juliano Carlo Rufino de Freitas. Sou
bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) e minha pesquisa descreve a síntese e avaliação biológica de novos
compostos 1,2,3-triazólicos associados a carboidratos.
O interesse na associação dos carboidratos é justificável pelo fato de
estas moléculas serem abundantes na natureza e por apresentarem biocompa-
tibilidade com os organismos vivos. Além disso, recentemente, nosso grupo
de pesquisa publicou um importante estudo envolvendo a preparação de mo-
léculas pertencentes à classe dos carboidratos no European Journal of Medi-
cinal Chemistry4, sendo esta uma das mais importantes revistas de química
medicinal do mundo. As moléculas envolvidas nesse estudo apresentaram
importante atividade contra o câncer de pulmão humano, câncer de mama,
leucemia promielocítica aguda humana e câncer de laringe.
Desse modo, esperamos que a preparação de moléculas contendo a uni-
dade 1,2,3-triazólica associada a carboidratos seja uma estratégia promisso-
ra e venha contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos mais
eficientes, com baixa toxicidade e com custos reduzidos para os sistemas de
saúde, e consequentemente beneficie diretamente a sociedade.
Escolhemos trabalhar com os 1,2,3-triazóis e com os carboidratos por
apresentarem um potencial biológico promissor e também por não demandar
de muitos recursos financeiros. Embora eu seja aluno da UFRPE, minha pes-
quisa é desenvolvida na Universidade Federal de Campina Grande, no campus
de Cuité-PB. Apesar das limitações inerentes à qualquer pesquisa, não me
sinto desmotivado, tento me adaptar a essas condições e produzir ciência da
melhor forma possível.
- 302 -
O USO DE PRODUTOS NATURAIS PARA
TRATAMENTO DE FRATURAS ÓSSEAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 303 -
Para a descoberta de novas substâncias e consequentemente novos
medicamentos, vários processos de investigação envolvendo a química são
utilizados. Alguns desses procedimentos, conhecidos como Cromatografia,
são bem complexos e requerem muita dedicação e tempo dos pesquisadores.
Somente com esses processos que há a possibilidade de descobrir moléculas
inéditas, as quais podem ser derivadas de qualquer parte do vegetal: folha,
flor, caule ou raiz.
Logo após ou juntamente com essa investigação química, o extrato da
planta é testado em animais como ratos ou coelhos com fraturas ósseas, por
exemplo, com o objetivo de descobrir se possui atividade cicatrizante. De
acordo com os resultados decorrentes desse teste, o desenvolvimento de um
candidato a novo medicamento continua, pois, até chegar à comercialização
para a população em geral, há uma série de testes e pesquisas a serem feitos.
Isso demanda ainda mais tempo e investimentos2,3.
É de suma importância a pesquisa de substâncias derivadas de plan-
tas nativas do Brasil e o desenvolvimento de um medicamento, sobretudo
em situações que acontecem com muita frequência não só nosso país, mas
também no mundo todo. Além do mais, atualmente, o tratamento de fraturas
ósseas, principalmente as que acontecem em grandes ossos como o do qua-
dril (íleo) e da perna (fêmur ou tíbia) e debilitam o paciente, é demorado e
possui poucas alternativas.
REFERÊNCIAS
- 304 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Icaro Rodrigo Dutra, sou aluno do 10º período do curso
de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e também faço
parte do Laboratório de Estudos Avançados em Fitomedicamentos (LEAF),
orientado pela professora Drª. Cláudia Quintino da Rocha, vinculada ao De-
partamento de Química da UFMA. Desde o início da minha vida na univer-
sidade eu faço pesquisa na área de Química de Produtos Naturais e minha
principal linha de pesquisa é a busca de uma nova terapia medicamentosa para
o tratamento de fraturas ósseas.
A minha experiência fazendo pesquisa científica no Brasil é muito gra-
tificante, pois posso mergulhar no mundo da ciência e ir além do que aprendo
no meu curso. Entretanto, a dificuldade de novos recursos e a falta de um
maior investimento para a pesquisa no país me frustra um pouco, pois às vezes
uma parte da pesquisa tem de ser feita em outros estados ou até mesmo em
outros países por falta de equipamentos mais sofisticados ou produtos.
A busca por novos fármacos derivados de plantas beneficia diretamente
a população em geral, visto que essas espécies estão livres e abundantemente
disponíveis na natureza, tornando esse processo mais barato. Por conseguinte,
aumentar o arsenal de medicamentos para o tratamento das fraturas ósseas é
indispensável, pois é uma condição de saúde que causa vários desequilíbrios.
Recentemente, com testes em modelo in vivo, o extrato das folhas da
“cervejinha do campo” mostrou um potencial muito alto de cicatrização de
fraturas ósseas em ratos, superando até mesmo o fármaco existente nos hos-
pitais e que é utilizado em pacientes com grandes traumas ósseos. Isso nos
anima e nos faz ter esperança no futuro da ciência brasileira. Esses resultados
são promissores e vai nos auxiliar cada vez mais para o desenvolvimento de
um novo medicamento, além de ajudar outras pesquisas conseguintes que be-
neficiarão a sociedade em geral.
- 305 -
SÍNTESE E AVALIAÇÃO ANTIMICROBIANA
DE NOVAS SELENOGLICOLICAMIDAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 306 -
Diante das limitações das terapêuticas existentes, as infecções fúngicas
têm demonstrado a necessidade da busca de novos fármacos e novas estraté-
gias para um tratamento eficaz e com qualidade.
O selênio é um mineral essencial para saúde e bom funcionamento do
corpo, apresenta atividades biológicas muito importantes relacionadas a com-
plexos enzimáticas e metabólicos. As principais fontes deste mineral na dieta
são carnes, fígado, frutos do mar e castanha-do-pará. A deficiência do selênio
no organismo está relacionada com várias doenças, como as cardiovasculares,
diabetes e até mesmo câncer1.
Os compostos organoselênio tem apresentado diversos efeitos proteto-
res, destacando a atividade antitumoral, antibacteriano, antiviral, antifúngica,
anti-histamínicos e antiparasitários2.
Em vista do que foi exposto compostos organoslênio são uma estratégia
interessante na busca de novas moléculas para o tratamento de infecções fún-
gicas. Desse modo, o objetivo deste estudo é sintetizar uma série de compos-
tos organoselênio inéditos, com potencial atividade antifúngica.
REFERÊNCIAS
Meu nome é Maria das Neves Silva Neta, sou aluna do mestrado do
Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos da
Universidade Federal da Paraíba, orientada pelo professor José Maria Barbosa
Filho e coorientada por Helivaldo Diógenes da Silva. Minha pesquisa é sobre
a procura de novas moléculas com potencial atividade antifúngica para trata-
mento de infecções fúngicas oportunistas.
Fazer ciência é uma verdadeira realização pessoal, adquirir conhecimento
e construir novas ideias que ajudam a solucionar problemas na sociedade, sacia
a alma de qualquer pesquisador. Alcançando o objetivo deste estudo, estaremos
contribuindo diretamente na qualidade de vida de inúmeras pessoas.
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Acredito que dois sentimentos definem bem um pesquisador, amor e
criatividade! O ser humano por si só é curioso e a ciência nos permite explorar
e avançar em questionamentos e problemas que surgem ao longo da história.
Amor porque para aquilo que amamos dedicamos nosso tempo, energia, aten-
ção e é exatamente isto que o cientista faz com seu estudo, ama. No entanto,
de forma menos abstrata, as frustrações acontecem, tanto pela falta de equi-
pamentos mais modernos que permitam o avanço, quanto pela falta de uma
substância, de investimentos e de reconhecimento.
É necessária uma maior integração do Ministério da Ciência e Tecno-
logia com o próprio povo, para que entendam o que fazemos de verdade e
assim se conscientizem de que muitas coisas do seu cotidiano são o retorno
das nossas pesquisas.
- 308 -
INOVAÇÕES FARMACÊUTICAS DA Piper Nigrum
ESTUDOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DE NOVOS
DERIVADOS DA PIPERINA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 309 -
A amida/alcaloide natural piperina é o principal constituinte quími-
co de Piper nigrum Piperaceae, ocorrendo em maior proporção nos frutos da
planta. Piper nigrum, popularmente conhecida como pimenta-do-reino, tem
seu uso bastante difundido na medicina popular da Índia, país de onde é ori-
ginária, sendo no Brasil seu principal uso como condimento. O Brasil é um dos
maiores produtores da pimenta-do-reino, oscilando entre a segunda e a terceira
posição no mercado mundial. Das 50 mil toneladas por ano, cerca de 45 mil são
exportadas, principalmente para o mercado europeu e para os Estados Unidos4.
Em vista do que foi exposto, os compostos contendo a piperina são uma
estratégia interessante na busca de novas moléculas para o tratamento de cân-
cer. Desse modo, o objetivo deste estudo é sintetizar uma série de compostos
derivados da piperina inéditos, com potencial atividade anticâncer.
REFERÊNCIAS
- 310 -
soal de Nível Superior (Capes) e minha pesquisa é sobre o desenvolvimento
de novas moléculas derivadas da piperina que venham apresentar proprie-
dades anticâncer.
Fazer pesquisa é aprimorar os conhecimentos adquiridos na sala de
aula e aplicar na prática em prol da sociedade. Para minha pessoa, a pesqui-
sa é um bem maior que possuo e que nada vai tirar de mim, mesmo com as
dificuldades explícitas, como: falta de equipamentos modernos, reagentes,
solventes, dentre outras.
Recentemente, o nosso grupo de pesquisa, LPBS - Laboratório de Pes-
quisa em Bioenergia e Síntese Orgânica da Universidade Federal da Paraíba,
realizou testes preliminares com alguns compostos análogos da piperina, que
apresentaram resultados animadores inferindo que a nova substância apresen-
ta atividade antitumoral potente “in vivo” em modelo de carcinoma ascítico de
Ehrlich, com mecanismo que envolve possivelmente a indução de apoptose e
efeitos antiangiogênicos, reduzindo significativamente a microdensidade vas-
cular peritumoral e ainda com baixa toxicidade.
- 311 -
DOCKING MOLECULAR, SÍNTESE E AVALIAÇÃO
ANTINEOPLÁSICA DE NOVOS CARBOIDRATOS
ENIDIÍNICOS
INTRODUÇÃO
- 312 -
Visando ao potencial dos produtos naturais e em especial da Calichei-
micina, o projeto de pesquisa tem como objetivo desenvolver novas substân-
cias que apresentem estruturas análogas a este produto natural e que venham
ser utilizadas na terapia contra o câncer.
REFERÊNCIAS
- 313 -
SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO
IN SILICO DE DERIVADOS DE CHALCONAS
HETEROCÍCLICAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 314 -
Para tornar este processo de testes mais eficiente, nós decidimos tam-
bém usar ferramentas computacionais para testar se estas moléculas possuem
interação com alvos já conhecidos e desta forma direcionar os testes para as
funções correspondentes aos alvos mais promissores. Assim, evitamos que
uma biblioteca inteira tenha que ser testada em animais ou células, tornando
o processo de obtenção de resultados mais rápido e também menos custoso3.
As ferramentas computacionais têm progredido muito nos últimos tem-
pos, principalmente devido ao vertiginoso crescimento do poder dos proces-
sadores, as interfaces gráficas, muito desenvolvidas nos videogames tridimen-
sionais, são hoje utilizados para visualizar o comportamento do fármaco no
sítio ativo, isto permite desenhar moléculas que mimetizam e até superem os
produtos naturais em suas bioatividades.
A síntese de novos compostos e seus testes posteriores têm grande im-
pacto na sociedade, uma vez que há sempre uma demanda para novos fárma-
cos que podem auxiliar no tratamento de doenças, melhorando a qualidade de
vida dos pacientes.
REFERÊNCIAS
- 315 -
acabam não conseguindo conciliar a vida acadêmica com outros aspectos das
suas vidas. Quando traçamos rotas e colocamos o nosso projeto no papel, tudo
parece muito distante e às vezes até difícil de realizar, mas tendo bases e refe-
rências coerentes, vemos que é sim possível.
Nesses sete meses de mestrado, consegui obter mais moléculas que o
que tínhamos planejado de início e tudo isso se deve ao conhecimento e con-
fiança que o meu orientador depositou em mim. Durante este percurso tam-
bém encontrei dificuldades, muitas vezes coisas que fogem do nosso controle,
mas que devem ser enfrentadas e contornadas com muita criatividade.
Saber que a minha pesquisa pode ser o ponto de partida para o desen-
volvimento de fármacos cada vez mais específicos e potentes é uma das coi-
sas que me fazem continuar seguindo em frente e me superando a cada dia.
O fato de contribuir também para a formação de outros mestres e doutores
fornecendo moléculas para testes também é um ponto bastante positivo da
minha pesquisa.
Uma das primeiras moléculas que eu sintetizei no mestrado foi testa-
da extensivamente para a sua atividade antioxidante e citotoxicidade, sendo
estes testes parte de um projeto de doutorado de um grupo de pesquisadores
da UFPB. Esta mesma molécula também foi testada por outro grupo de cola-
boradores para sua atividade vasodilatadora e teve resultados promissores em
baixas concentrações. Estas colaborações com outros grupos de pesquisa são
essenciais para que o projeto tenha sentido e gere um impacto na sociedade.
- 316 -
SÍNTESE DE COMPOSTOS ISOQUINOLÍNICOS
COM POTENCIAL EFEITO TOCOLÍTICO
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 317 -
naturais, enzimologia, biologia química, biologia estrutural, cristalografia e
métodos computacionais, todos voltados para a descoberta e desenvolvimento
de novos agentes terapêuticos.5
REFERÊNCIAS
- 318 -
para produzir novas moléculas com probabilidade de no futuro, após estudos
em animais e humanos, chegar a ser tornarem novos medicamentos.
Como exemplo de isoquinolínico de importância, já produzido em nos-
so laboratório, podemos citar um que chamamos de MHTP, este composto foi
testado para diversas atividades, sendo estudado em trabalhos de doutorado
e mestrado de alguns de nossos colegas de pós-graduação. Estes estudos de-
monstraram como esta substância atua nos organismos vivos, apresentando
ótimos resultados, como cardiovascular e antiasmático. Os excelentes resul-
tados apresentados neste último estudo foram motivo para um depositado de
patente para essa molécula.
Além das dificuldades técnicas e científicas próprias de qualquer pes-
quisa inovadora, temos também as dificuldades decorrentes das deficiências
de infraestrutura, como necessidade de instalações adequadas, sistema de des-
carte dos resíduos efetuado de forma apropriada, instalações para proteção
contra a toxicidade das matérias-primas utilizadas, falta de uma linha de gás
para reações em atmosfera inerte.
Existem também dificuldades legais e burocráticas decorrentes das di-
versas autorizações e licenças necessárias para a compra, transporte e manu-
seio de diversas matérias-primas utilizadas em nosso trabalho. Um problema
relevante são os elevados custos dos equipamentos, insumos, solventes e
materiais necessários. Dentro deste contexto temos que agradecer os servi-
ços de nossa central analítica que, mesmo em vista das grandes dificuldades
citadas, têm se mostrado de grande ajuda na identificação e análise dos pro-
dutos produzidos.
- 319 -
PRODUÇÃO SINTÉTICA DE COMPOSTOS NATURAIS
DO TIPO NEOLIGNANAS E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA
COMO POTENCIAIS ANTITUMORAIS
ANTIMICROBIANOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 320 -
quantidades se comparadas às obtidas por via natural, o que possibilita tam-
bém a disponibilização destes produtos para ensaios biológicos.
REFERÊNCIAS
- 321 -
DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS SINTÉTICOS
BASEADOS EM PRODUTOS NATURAIS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 322 -
nas pelo trabalho de Johann A. Buchner, que isolou a salicilina e desvendou
sua estrutura química é que foi possível a obtenção sintética do ácido salicílico
e posteriormente do AAS. Diversos medicamentos hoje disponíveis para cui-
dados com a saúde foram derivados de produtos naturais. Ao perceber isto, o
prezado leitor começa a entender que os produtos naturais servem de modelo
para o desenvolvimento de novos medicamentos desde o início do desenvol-
vimento da química orgânica e o surgimento de um novo campo das ciências
da natureza: a Química Medicinal.
Então, por que não explorar mais ainda novas fontes de produtos na-
turais, para só depois desenvolver fármacos sintéticos? A resposta é simples:
nem sempre as plantas fornecem as substâncias em quantidade e pureza ne-
cessárias para todos os testes.
No isolamento da substância iangambina, a cada 10,7 kg de cascas de
caule e folhas de “louro-de-cheiro” (Ocotea duckei, V.), são isolados 448,2 mg
da substância pura, com rendimento inferior a 0,06%3. Este é considerado, em
termos de isolamento, um rendimento excelente, apesar de se mostrar inviável
para produção de medicamentos em escala industrial.
Considerando seu potencial terapêutico para prevenção de trombose,
como anticoagulante, protetor cardiovascular, etc., é necessária a obtenção
da iangambina por uma rota sintética. Só dessa forma poderemos conhecer
toda a extensão de suas propriedades terapêuticas e toxicológicas, avaliando
assim a viabilidade de a molécula se tornar um medicamento. Em todas as
diversas etapas de desenvolvimento de um novo medicamento, desde os es-
tudos farmacológicos iniciais, passando por testes em animais, para só então
se iniciarem os ensaios em voluntários, sempre é necessário o consumo de
uma certa quantidade da substância em estudo. Faz-se então necessária uma
forma de obtenção rápida, de baixo custo e com bons rendimentos.
Todos esses passos envolvem recursos financeiros, humanos e tempo.
Considerando que mais de 95% das pesquisas científicas do Brasil são de-
senvolvidas em universidades públicas, faz-se necessário que a população e
a classe política exijam o devido investimento, planejamento e incentivo à
formação de recursos humanos.
Infelizmente, a ciência no Brasil sempre foi encarada como um gas-
to e raramente como um investimento. O desenvolvimento científico de
um país não é algo a ser realizado a curto prazo. São necessários planeja-
mento, orientação, parâmetros bem definidos e reavaliação constante para
que a sociedade tenha o devido retorno dos recursos investidos, seja na
forma de medicamentos, técnicas e serviços de saúde ou na melhor forma-
ção de profissionais.
A pesquisa científica brasileira, por ser desenvolvida em sua esmaga-
dora maioria nas universidades públicas, tem necessidade da participação da
sociedade, seja na cobrança de transparência dos recursos empregados ou na
preparação de políticas de ingresso de novos pesquisadores. Assim, teremos
uma consistência no desenvolvimento da ciência brasileira, encarada não ape-
nas como um investimento, mas uma questão de soberania nacional.
- 323 -
REFERÊNCIAS
- 324 -
IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS FITOQUÍMICOS
NO DESENVOLVIMENTO DE MEDICAMENTOS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 325 -
testadas biologicamente através da farmacologia. Esses estudos têm se tor-
nado um caminho de alternativas para o desenvolvimento de medicamentos
à base vegetal, ou então por meio de reações sintéticas ou semissintéticas a
partir de moléculas preexistentes com o intuito de maximizar o combate às
diversas doenças que assolam o mundo atualmente.
As pesquisas realizadas em laboratórios de Fitoquímica envolvem
desde a coleta das partes das plantas que serão utilizadas, secagem e tritu-
ração delas, até os procedimentos de extração e técnicas de isolamento das
substâncias ativas. É através destes estudos que se pode comprovar o uso de
diversas espécies vegetais na medicina popular no que se refere às ativida-
des biológicas, sendo hoje relatadas na literatura, por exemplo, no combate
a processos asmáticos, inflamatórios, e eficazes no tratamento de diversos
tipos de câncer.
Portanto, as pesquisas científicas se mostraram desde sempre promis-
soras ante o combate às doenças, tornando os caminhos mais propícios para
a constatação do poder de cura através de extratos e substâncias isoladas das
plantas medicinais. Estas são hoje em dia utilizadas na produção de cosmé-
ticos e perfumes; como fontes alimentícias e principalmente pela indústria
farmacêutica com escala na produção de medicamentos.
REFERÊNCIAS
- 326 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Janderson Barbosa Leite de Albuquerque, aluno de gra-
duação em Farmácia pela Universidade Federal da Paraíba, orientado pela
professora Drª. Maria de Fátima Vanderlei de Souza. Sou aluno do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), bolsista pelo Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e minha
pesquisa é sobre o “Estudo Fitoquímico de Pavonia malacophylla, espécie
esta pertencente à família Malvaceae” com a finalidade de isolar seus consti-
tuintes químicos e disponibilizá-los para testes farmacológicos.
Por experiência própria, a pesquisa é uma área de grande reconhecimen-
to pessoal, visto que podemos obter a partir desses estudos o desenvolvimento
de um futuro medicamento que seja utilizado no tratamento de enfermidades.
É muito gratificante realizar pesquisas na área fitoquímica, ante os estudos dos
constituintes químicos das plantas e como eles podem atuar na terapêutica.
As pesquisas realizadas no Brasil já foram bastante reconhecidas, po-
rém com os descasos encontrados atualmente, sua valorização vem decaindo,
sendo mais difícil seu desenvolvimento nas universidades. Os estudos fito-
químicos são a base para a obtenção de futuros fármacos provenientes das
plantas medicinais, tendo em vista que estes promovem tratamentos e curas
das enfermidades disseminadas mundialmente.
A realização de pesquisas científicas traz um benefício grande para a
sociedade, uma vez que estas contribuem para o desenvolvimento de outras
metodologias e que podem ser usadas como base por diferentes pesquisado-
res. Como exemplo, a espécie-alvo da minha pesquisa apresenta substâncias
que já foram testadas farmacologicamente com ações anti-inflamatórias, an-
tioxidantes e antimicrobianas. Através de estudos mais aprofundados com esta
espécie e posteriores análises das diversas substâncias que já foram ou que
serão isoladas, pode-se um dia alcançar o seu uso como medicamento no tra-
tamento das doenças em humanos, possibilitando a cura destes males.
- 327 -
APLICAÇÃO DOS PRODUTOS NATURAIS PARA
O TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 328 -
estudos realizados com ela. Com isso, torna-se necessária uma pesquisa mais
aprofundada sobre essa espécie vegetal, uma vez que estudos preliminares a
mostram como uma planta rica em compostos de interesse clínico.4
REFERÊNCIAS
Meu nome é José Lima Pereira Filho, sou aluno de Graduação do curso
de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão e membro do Laboratório
de Produtos Naturais, tendo orientação do Professor Dr. Roberto Sigfrido Gal-
legos Olea. Sou aluno voluntário do Programa Institucional de Bolsas de Ini-
ciação Científica (PIBIC) e minha pesquisa é sobre a identificação e isolamen-
to de compostos bioativos para avaliação do seu potencial antimicrobiano.
Atualmente, trabalho com a identificação, isolamento e avaliação da
atividade antimicrobiana de compostos presentes nas raízes da espécie Calo-
tropis procera, conhecida popularmente como “ciúme”. O principal objetivo
deste trabalho está em encontrar compostos que sejam eficazes no combate a
diferentes microrganismos, como bactérias e fungos. Um fator interessante do
meu trabalho de pesquisa está na possibilidade da identificação de compostos
inéditos que podem ser mais eficazes, no combate a doenças infecciosas, do
que qualquer outro já elucidado.
- 329 -
Para a realização da pesquisa que efetuo em laboratório, tornam-se ne-
cessários recursos financeiros para a compra de materiais que serão utilizados
em todos os processos da obtenção dos compostos até a aplicação destes em
atividades biológicas desejadas. Algo que vivencio e que deixa preocupado
qualquer jovem que está iniciando sua carreira como cientista são os escassos
recursos que temos disponíveis. Para que sejam realizadas nossas pesquisas,
são necessárias parcerias com outras Universidades e Instituições de Fomen-
to, uma vez que por si só não conseguiríamos avançar, tanto pela falta de
alguns equipamentos como pela falta de consumíveis em laboratório.
Apesar da deficiência em recursos e dos mais variados desafios enfren-
tados diariamente, continuar trabalhando na linha de pesquisa em que atuo me
traz uma enorme satisfação por saber que realizo pesquisa de qualidade e que
contribuo de forma irrefutável à sociedade. A contribuição se dá através de es-
tudos mais aprofundados que podem colaborar tanto na descoberta de um novo
fitomedicamento com ação antimicrobiana, como em fornecer informações para
outros pesquisadores que poderão contribuir com estudos mais avançados.
Recentemente, em parceria com o Laboratório de Microbiologia do Con-
trole de Qualidade de Alimentos e Água da Universidade Federal do Maranhão
(PCQA-UFMA), foram realizados testes para avaliar a atividade antimicrobiana
das raízes da espécie vegetal Calotropis procera e constatou-se que ela apresen-
ta ótima ação antimicrobiana contra diferentes microrganismos causadores de
doenças em humanos, como Staphylococcus aureus e Escherichia coli.
Somado a isso, em parceria com o Laboratório de Imunologia e Micro-
biologia das Infecções Respiratórias da Universidade Ceuma, foi avaliado o
grau de toxicidade das raízes dessa espécie vegetal e obteve-se como resultado
uma baixa toxicidade dela. Em decorrência dessa baixa toxicidade, é neces-
sária a continuação dos estudos com essa espécie, uma vez que esta apresenta
potencial para ser utilizada como um novo medicamento fitoterápico.
Por certo, há uma enorme importância em buscar-se por medicamentos
de origem natural, uma vez que estes são mais baratos quando comparados
aos fármacos sintéticos. Logo, a contribuição para a economia da população
e do Sistema Único de Saúde (SUS) é inquestionável, pois a implantação de
uma nova planta medicinal com ação antimicrobiana na Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais (Rename) resultaria na redução de gastos do
Governo Federal.
- 330 -
O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS NATURAIS
E O ACESSO AO TRATAMENTO DE DOENÇAS
NEGLIGENCIADAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 331 -
níveis no mercado, isso porque os remédios, em sua maioria, são muito caros.
Considerando isso, os produtos naturais, como aquelas plantas costumeira-
mente usadas no preparo de chás e outros remédios, são a maior promessa de
solução daquele problema visto que podem ser uma fonte barata e acessível a
novos fármacos com grande potencial terapêutico.
Com isso, em 2006 foi instituído no Brasil o Decreto nº 5.813, que
apresentou diretrizes da, até então, nova Política Nacional de Plantas Medici-
nais e Fitoterápicos sequenciada da criação do Programa Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos (PPNPMF), cujo objetivo concentra-se em garantir
à população o acesso a medicamentos de plantas medicinais e seus remédios
derivados, valorizando a biodiversidade brasileira de estimular a produção
industrial na área de medicamentos, proporcionado, assim, desenvolvimento
econômico e até geração de emprego2..
Além disso, um dos princípios norteadores da PPNPMF é “a amplia-
ção das opções terapêuticas e melhoria da atenção à saúde aos usuários do
Sistema Único de Saúde (SUS)”3. O reconhecimento do governo sobre as
vantagens do uso de medicamentos com base na vegetação local confirma a
importância em se buscar cada vez mais soluções curativas e de prevenção
por meio daquelas, sendo uma possibilidade de acesso à saúde disponível à
população já que se trata de uma matéria-prima nativa. O estudo de plantas
medicinais proporciona inúmeras possibilidades, quase que infinitas, quan-
do se trata de novas substâncias com potencial terapêutico, assim como uma
fonte de matéria para o desenvolvimento de novos medicamentos antipara-
sitários por caminhos mais simples e baratos do que ocorre na produção de
medicamentos pelas indústrias farmacêuticas.
REFERÊNCIAS
- 332 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Meu nome é Luna Nascimento Vasconcelos, sou aluna de iniciação
científica no Laboratório de Estudos Avançados em Fitomedicamentos e gra-
duanda do curso de Farmácia pela Universidade Federal do Maranhão, uma
rotina na minha vida há quase três anos.
Fazer pesquisa é quase como cuidar e ver um filho nascer, crescer e
ganhar um lugar no mundo. No início tudo é muito novo, você se pergunta se
dará certo, se as pessoas irão acreditar na sua ideia e todo dia em laboratório é
um momento de aprendizagem e ganho de experiência, até que em um piscar
de olhos você está em eventos apresentando suas descobertas e compartilhan-
do conhecimento com outras pessoas de interesses comuns. Trabalhar na área
do estudo de plantas, acima de tudo, é observar como a natureza nos provê
soluções enquanto o nosso trabalho nada mais é do que tornar isso um conhe-
cimento acessível e aplicável.
A minha realização na pesquisa é saber que, depois de muito estudo,
chegamos a resultados que podem ajudar a curar, por exemplo, uma doença.
O descobrimento de novas moléculas que podem ser usadas parar curar uma
doença não é somente um resultado da universidade, é também a possibilidade
de mais acesso à saúde, de maior promoção de bem-estar, é maior cuidado
com aquelas pessoas que carecem de meios para comprar um medicamento
caro; que agora então poderia ser produzido por técnicas mais baratas a partir
de um planta nativa da região em questão.
Desta forma, posso dizer que, apesar das inúmeras dificuldades e obstá-
culos enfrentados pelo caminho da pesquisa (principalmente a falta de inves-
timento do governo), sinto-me feliz por contribuir para com a ciência aplicada
à saúde, e com isso hoje posso ver o resultado de tanto trabalho por meio de
nossas descobertas no estudo da planta cervejinha do campo e tentar desenvol-
ver um remédio que possa curar a malária, a Chagas e a leishmaniose.
- 333 -
A UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS NATURAIS
NA MEDICINA VETERINÁRIA
INTRODUÇÃO AO TEMA
As plantas possuem uma grande diversidade de moléculas químicas
que são obtidas através do seu metabolismo secundário. Os produtos secundá-
rios são responsáveis pela proteção das plantas contra predadores e doenças.
É provável que a importância ecológica tenha alguma relação com potencial
efeito medicinal para os seres humanos. Sendo assim, as substâncias vegetais
vêm contribuindo com diversas moléculas com alvos farmacológicos.
Na medicina veterinária, por exemplo, se tem uma grande preocupa-
ção com o sistema de produção de bovinos. Ao longo dos anos a pecuária
vem sofrendo prejuízos econômicos com altas infestações de carrapato, que é
conhecido popularmente como o “carrapato-do-boi” (nome científico: Rhipi-
cephalus microplus)¹.
O carrapato-do-boi é o principal parasito dos bovinos nos países tropi-
cais e subtropicais devido a sua ampla distribuição geográfica. No hospedeiro
o parasita pode provocar perdas no peso e na qualidade do couro, diminuição
na produção de leite e diminuição na ingestão de alimento.²
Além disso, esse carrapato é considerado um dos principais transmisso-
res dos parasitas protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina, causadores
da doença tristeza parasitária bovina, que afeta gravemente o desenvolvimen-
to do gado, podendo levá-lo à morte em poucos meses.³
Atualmente o controle de carrapatos é feito através do uso inadequado
de produtos químicos, o que pode afetar o meio ambiente. O uso em grande
quantidade desses produtos aumenta a resistência dos carrapatos aos carrapa-
ticidas sintéticos e a grande preocupação com o meio ambiente tem levado
- 334 -
muitos pesquisadores a buscarem alternativas viáveis e seguras no controle de
carrapatos que prejudicam bovinos de interesse comercial.
A utilização de produtos carrapaticidas naturais a partir de extratos ve-
getais ou óleos essenciais e a identificação de compostos químicos bioativos
presentes caracterizam-se como uma alternativa efetiva, segura e promissora.
A produção de substâncias bioativas pelas plantas ocorre através de diversas
vias metabólicas, ocasionando em muitos compostos dos quais somente são
identificados em determinados grupos de plantas e em concentrações diferentes.
Produtos à base de plantas são de fácil acesso e podem diminuir os
danos ao meio ambiente. É notável que ao longo dos anos tenha crescido o
número de publicações demonstrando o efeito de moléculas de plantas com
atividade carrapaticida, muitos trabalhos têm obtido resultado eficiente, justi-
ficando os investimentos no uso desses princípios ativos na busca por novas
fontes de moléculas para a produção de novas formulações que possam com-
bater o carrapato bovino.
REFERÊNCIAS
- 335 -
vegetais ou compostos isolados bioativos para controle do carrapato Rhipi-
cephalos microplus.
Quando conheci a área de Produtos Naturais comecei a me apaixonar
pela ciência. A área que escolhi para trabalhar é multidisciplinar e isso faz
com que vários profissionais se juntem em busca de uma melhoria na área de
produção de fármacos oriundos de vegetais. Durante o desenvolvimento da
minha pesquisa descobri que uma espécie vegetal tóxica presente na nossa
Mata Atlântica brasileira tem um grande potencial carrapaticida; é algo iné-
dito que foi evidenciado pelo nosso Grupo de pesquisa (LEAF). Apesar de
o nosso laboratório não obter equipamentos modernos conseguimos realizar
pesquisas de ponta que resultam em publicações de artigos, patentes e prêmios
em eventos científicos.
Diante disso a minha pesquisa pode beneficiar as áreas da medicina
veterinária, pecuária e o meio ambiente. Produtos de origem vegetal podem
diminuir a resistência de parasitos, diminuir os malefícios causados pelo car-
rapato no gado e reduzir o impacto do uso de produtos químicos sintéticos no
meio ambiente. Com a descoberta de um novo potencial farmacológico vindo
de um extrato vegetal e de compostos isolados dele, pode ser possível a evi-
dência de um novo medicamento de uso veterinário.
- 336 -
DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PROTÓTIPOS
DEnTRIAZÓIS FTALIMÍDICOS APLICADOS NO
TRATAMENTO DE INFECÇÕES FÚNGICAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 337 -
Diante desta situação, a pesquisa e o desenvolvimento de novos agentes an-
timicrobianos se destacam como uma das frentes mais eficazes no combate
deste problema de saúde, buscando a descoberta de novas substâncias com
diferentes características farmacêuticas que agreguem melhorias em relação
aos tratamentos atuais, tanto nos padrões de segurança, quanto de eficácia2.
É nesse cenário que a obtenção de substâncias via síntese orgânica se
destaca, principalmente quando elas apresentam características biológicas
promissoras. Uma classe de substâncias que está presente nos agentes antimi-
crobianos atuais são os triazóis.
Os triazóis são substâncias heterocíclicas caracterizadas por conter em
sua estrutura química um anel de cinco membros formados por dois átomos
de carbono e três de nitrogênio. Alguns exemplares desta classe são bem co-
nhecidos por sua ação antimicrobiana, sendo amplamente empregados no tra-
tamento de diferentes infecções fúngicas, como o fluconazol e o voriconazol.
Sabe-se que a atividade antifúngica dos triazóis é devido a sua capaci-
dade de impedir que estes microrganismos produzam um componente essen-
cial à sua sobrevivência, o ergosterol, o qual atua colaborando para a integri-
dade das membranas fúngicas de forma semelhante ao que é desempenhado
pelo colesterol nas membranas humanas.
Além deste emprego, diversos estudos também apontam substâncias
desta classe desempenhando outras atividades biológicas, como anticancerí-
gena, anti-inflamatória, antiviral, etc.3 Este fato conduz à elaboração de estu-
dos que possam explorar a ação de novas substâncias, a fim de desenvolver
novos medicamentos que possam ser aplicados no tratamento destas doenças.
Desta forma, o presente trabalho busca a obtenção de novos exemplares tria-
zólicos que desempenhem atividade antifúngica adequada, colaborando para
o desenvolvimento de novos tratamentos contra estes microganismos que se-
jam eficazes e seguros.
REFERÊNCIAS
- 338 -
COMO EU FAÇO cIÊNCIA
Sou Rodrigo Ribeiro, farmacêutico e aluno de mestrado do Programa
de Pós-graduação em Ciências Naturais e Biotecnologia (PPGCNBiotec) da
Universidade Federal de Campina Grande, orientado pelo professor Juliano
Freitas. Diante do que foi previamente exposto, minha pesquisa visa ao desen-
volvimento de novos agentes triazólicos, a fim de colaborar para a descoberta
de novos medicamentos que possam ser empregados no tratamento de infec-
ções fúngicas, inclusive aquelas causadas por microrganismos resistentes.
É gratificante poder contribuir através da minha pesquisa para o de-
senvolvimento da ciência e bem-estar social mesmo diante de dificuldades
características do próprio processo de produção e desenvolvimento de novos
medicamentos, como o elevado tempo e capital requeridos no trajeto.
Desta forma, minha pesquisa visa principalmente suprir a demanda por
novos medicamentos, e aumentar o número de substâncias que possam se tor-
nar fármacos comerciais futuramente, colaborando para o bem-estar social
tanto do ponto de vista médico, quanto científico e financeiro, uma vez que os
avanços farmacêuticos estão entre as tecnologias de maior retorno monetário
da atualidade.
- 339 -
A UTILIZAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS:
DA ANTIGUIDADE MÍSTICA À ATUALIDADE
CIENTÍFICA
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 340 -
confeccionando aromas originais e únicos para seus contratantes. E na Era das
Revoluções, entre os séculos XVII e XVIII, fragrâncias eram necessárias em
grandes quantidades para combater o forte odor de prisões, hospitais, navios,
igrejas, teatros, oficinas, fábricas e onde mais houvesse aglomerações de pes-
soas. Após o século XVIII, diversas descobertas sobre a composição química
dos óleos essenciais provocaram a produção industrial de perfumes que foi
alavancada no começo do século XX pelo surgimento dos designers de moda
e pela multiplicação dos consumidores.1
Atualmente, diversos pesquisadores do Brasil e do mundo desenvol-
vem inúmeros trabalhos investigativos que relacionam a atividade potencial
de óleos essenciais, no combate a insetos, como defensivos agrícolas mais
limpos, no controle de vetores de doenças negligenciadas, como caramujos,
mosquito-da-dengue, vermes, carrapatos, entre outros, e até mesmo no de-
senvolvimento de remédios que combatam o câncer. Além disso, óleos es-
senciais também são utilizados na indústria alimentícia como aromatizan-
tes e como matéria-prima para conservantes; na odontologia, como agente
antibacteriano; e na área de cosméticos, como agentes antioxidantes para
prevenção de envelhecimento.2
Todas estas características dos óleos estão diretamente relacionadas às
suas composições químicas: são seus componentes químicos que possuem as
características citadas acima.
Apesar disso, conhecer toda a composição química (ou pelo menos
grande parte) de um óleo é o primeiro passo para identificar suas possíveis
aplicações: uma das substâncias presentes nele geralmente possui uma de-
terminada característica, mas que não necessariamente ditará todas as suas
propriedades químicas ou biológicas, podendo substâncias em menores quan-
tidades trabalhar em conjunto ou em oposição.2
O Laboratório de Produtos Naturais da Universidade Federal do Ma-
ranhão possui parceria com diversos outros laboratórios do país, e hoje se
subdivide em dois grupos: o Laboratório de Óleos Essenciais (LOE) e o Labo-
ratório de Estudos Avançados em Fitomedicamentos (LEAF). Tem o professor
Dr. José Guilherme Soares Maia como coordenador-geral do grupo de óleos
essenciais e o professor Dr. Odair dos Santos Monteiro como coordenador
local, o principal objetivo é realizar uma investigação química e biológica de
plantas aromáticas do Cerrado maranhense e da Amazônia Oriental.
Atualmente, o grupo de pesquisa possui uma vasta base de dados ain-
da em publicação, base que cataloga informações sobre estas plantas, como:
nome popular, classificação taxonômica, usos na medicina popular, atividades
biológicas e químicas e seus potenciais usos, como em remédios ou em defen-
sivos agrícolas.
- 341 -
REFERÊNCIAS
- 342 -
APLICAÇÃO DE MÉTODOS COMPUTACIONAIS NO
PLANEJAMENTO DE MEDICAMENTOS CONTRA
LEISHMANIOSE
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 343 -
to de um medicamento (desde sua ideia até chegar às prateleiras das farmácias)
dura cerca de 16 anos2, enquanto que utilizando ferramentas computacionais
este tempo pode ser diminuído, como visto com o medicamento Saquinavir
no tratamento do HIV3.
REFERÊNCIAS
- 344 -
ocorre em grande proporção nos países subdesenvolvidos, países estes com
pouco tratamento e baixas condições de saúde para a população. Assim, fazer
pesquisa é fazer algo que o leve a melhorar uma situação como um todo, que
gere um estudo de impacto positivo para a sociedade.
Por outro lado, também é importante destacar as dificuldades em desen-
volver pesquisa, que pode ser pela baixa disponibilidade de recursos, pouca
infraestrutura local, e uma que está acima de todas, e que todo pesquisador
precisa ter consciência, é que a ciência não é algo direto, ou seja, você pode
demorar a alcançar seu objetivo final da pesquisa. Um exemplo claro que vivi
foi criar um fármaco e vi que ele apresentou baixa atividade biológica para
uma bactéria patológica. Desta forma, tive que estudar mais a química do
composto e a biologia da bactéria e criar um fármaco mais potente e mais
específico para a bactéria do meu estudo.
Um verdadeiro pesquisador precisa lidar com todas estas situações,
a fim de estudar cada vez mais para se alcançar seu objetivo, isto porque sua
principal motivação é saber que seu estudo irá beneficiar a sociedade de algu-
ma forma, seja direta ou indiretamente. No desenvolvimento de um fármaco,
o benefício direto é a criação de um novo medicamento, o produto a ser utili-
zado pela população, enquanto este estudo também irá atuar de forma indireta
por trazer mais conhecimento sobre a leishmaniose e contribuir para outras
pesquisas posteriormente.
Um dos estudos mais recentes que desenvolvi foi compreender o que
um fármaco apresentava em sua estrutura para que apresentasse uma alta ati-
vidade antibacteriana (tuberculose). Para este estudo realizei pesquisas com-
putacionais calculando descritores moleculares (características físico-quími-
cas do fármaco), quais as reações químicas que mudam a estrutura química
do fármaco e como ele interage com proteínas desta bactéria. Assim, observei
que quando meu composto apresenta grandes ramificações alifáticas ele me-
lhora a atividade biológica, e assim criei um novo fármaco que apresentasse
essa característica de modo que ele se torne um novo medicamento que irá
curar os pacientes infectados com a tuberculose.
- 345 -
física
experimental
E física GERAL
TERMODINÂMICA QUÂNTICA:
UMA PORTA PARA FUTURAS TECNOLOGIAS
INTRODUÇÃO AO TEMA
- 347 -
para análise de qualquer sistema na escala macroscópica, quer no âmbito teó-
rico, quer no âmbito experimental.
Contudo, com os avanços tecnológicos e a necessidade cada vez maior de
miniaturização de dispositivos mecânicos e eletrônicos para aumentar a capa-
cidade e a eficiência de aparelhos úteis na vida humana, surgiu inevitavelmente
uma preocupação acerca da validade das leis que regem a termodinâmica no
limite em que o sistema é constituído por um pequeno número de átomos in-
teragindo com um reservatório térmico. Em situações como esta, as oscilações
térmicas não são desprezíveis, de modo que os conceitos de calor e trabalho
devem ser tratados como variáveis estocásticas, ou seja, que podem possuir um
valor diferente quando medidos em um conjunto de situações equivalentes.
Em tais circunstâncias, além dos conceitos termodinâmicos, exige-se
também a utilização dos preceitos da mecânica quântica para a análise desses
microssistemas. Neste contexto, uma vez que essas são teorias independentes,
sendo esta última mais fundamental que a primeira, ao relacionarmos as duas
precisamos nos preocupar em saber de que forma fenômenos exclusivamente
quânticos afetam o comportamento termodinâmico de sistemas físicos consti-
tuídos por poucos átomos.
Por sua vez, a teoria quântica, juntamente com a da relatividade geral,
forma o que conhecemos hoje como “física moderna”. Ambas sugiram no início
do século XX como formas de corrigir a mecânica clássica em certas situações
em que esta última não era condizente com resultados experimentais. Assim,
a mecânica quântica veio substituir a mecânica de Newton quando tratamos de
objetos muito pequenos, da ordem do tamanho dos átomos e dos elétrons.
Esta nova física, fundada por vários grandes cientistas como Planck,
Heisenberg, Bohr, Schrödinger, e Einstein, conseguia predizer resultados
experimentais referentes ao mundo microscópico, tais como descobrir a
constituição química das estrelas somente a partir das cores da luz emiti-
da por elas, ou entender por que certos materiais conduzem mais calor ou
eletricidade que outros. Além disso, a mecânica quântica trouxe com ela
inúmeros avanços tecnológicos, como o advento dos semicondutores, sem
os quais não poderíamos ter hoje um aparelho de TV ou um computador em
nossas casas, bem como as imagens de raios-X e de ressonância magnética,
bastante úteis na medicina.
Esquecendo um pouco dos benefícios propiciados pela teoria quântica,
é imprescindível falar de certas “estranhezas” que a teoria possui, que vão de
encontro à nossa visão realista do mundo. Aqui, gostaria de mencionar duas
dessas estranhezas: a “coerência quântica” e o “entrelaçamento quântico”. De
forma geral, a primeira está vinculada ao fato de uma partícula atômica se
comportar como se pudesse estar em dois locais ao mesmo tempo. A segunda
diz respeito ao fato de duas partículas, ditas entrelaçadas quanticamente, po-
derem interferir instantaneamente no comportamento uma da outra quando so-
mente uma delas é perturbada, não importando o quão afastadas elas estejam.
Essas estranhezas também já estão levando ao surgimento de novas tecnolo-
- 348 -
gias magníficas, como a comunicação 100% segura, através da criptografia
quântica, e do que um dia poderá ser o computador quântico, um dispositivo
que se propõe a realizar tarefas bem mais complexas do que os computadores
que temos em nossos lares hoje, mas em um tempo muito mais curto.
Tendo exposto as bases do tema específico desta pesquisa, a termodinâ-
mica e a mecânica quântica, vamos explorar nessas linhas finais um pouco mais
sobre a fusão dessas teorias, a termodinâmica quântica. Como exposto acima, o
tema termodinâmica quântica visa obter conhecimento acerca dos processos de
transferência de energia que ocorrem na microescala. Tal conhecimento objetiva
contribuir para o desenvolvimento de futuras tecnologias, tais como: nanomo-
tores e dispositivos optomecânicos que operam em escala atômica. De forma
geral, a ideia é reconstruir a termodinâmica, dessa vez buscando por elemen-
tos como máquinas térmicas eficientes que funcionem com base em entidades
quânticas, ou investigando possíveis transições de fase da matéria quando com-
posta por um pequeno número de átomos, em que as estranhezas quânticas que
mencionamos se fazem presentes, e não podem ser negligenciadas1.
REFERÊNCIAS
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O SURPREENDENTE MUNDO
DOS NANOMATERIAIS
INTRODUÇÃO AO TEMA
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(N&N). Apesar de estarem diretamente relacionadas, a nanociência diz res-
peito às pesquisas realizadas na escala atômica e molecular, enquanto a nano-
tecnologia ocupa-se das aplicações tecnológicas desenvolvidas nesta escala.
Os avanços recentes no âmbito do estudo dos nanomateriais estão re-
lacionados ao desenvolvimento de microscópios que permitiram observar
melhor estas nanoestruturas. O físico Richard Feynman, em 1959, já havia
previsto algumas aplicações que hoje estão sendo implementadas, ele inclu-
sive apontou que tais aplicações eram inviáveis na época, em decorrência das
limitações dos microscópios, que só começaram a ser contornadas a partir de
1981, com o desenvolvimento do microscópio de tunelamento³.
Atualmente os nanomateriais já integram algumas tecnologias, que aos
poucos estão sendo inseridas no mercado. Mas o fato é que a população, de
modo geral, desconhece as questões básicas relativas a esta área do conheci-
mento e, em razão disso, pode acabar sendo ludibriada pelo engodo pseudo-
científico, que se apoia na ignorância para comercializar produtos cujas pro-
priedades nem sempre são bem conhecidas.
REFERÊNCIAS
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Atualmente ainda trabalho com os nanomateriais, no entanto, tenho
me preocupado em levar estas discussões para a Educação Básica, uma vez
que a temática tem surgido com certa frequência nos livros didáticos deste
nível de ensino, bem como nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), e os professores, de modo geral, não têm demonstrado afinidade
com o tema.
Especificamente, tenho atuado no âmbito da formação de professores
de Física, objetivando formar profissionais que sejam capazes de promover
estas discussões em seus espaços de atuação. Para tanto, desenvolvo o projeto
“Abordando a Nanociência e a Nanotecnologia através da experimentação de
baixo custo”, que é financiado com recursos próprios.
Recentemente tive um outro projeto aprovado, “Maravilhas e incertezas
do nanomundo: abordando a Nanociência e a Nanotecnologia na Educação
Básica”, a ser desenvolvido no âmbito do Programa PIBIC-EM/CNPq, no en-
tanto, ele teve a sua cota de bolsa cancelada, em razão do contingenciamento
de recursos para pesquisa e por isso não pôde ser desenvolvido.
As ideias relativas ao estudo dos nanomateriais precisam ser ampla-
mente difundidas, pois a sociedade ainda é desconhecedora desta área do co-
nhecimento, que já está impactando diretamente as nossas vidas. É necessário,
por meio de um processo de alfabetização científica, tornar estas discussões
mais acessíveis e interessantes ao público não acadêmico, para assim evitar
que falsas informações relativas à N&N sejam difundidas e utilizadas por pes-
soas mal-intencionadas.
Notadamente, as pesquisas relativas a esta área do conhecimento ocor-
rem em uma escala muito diminuta e nem sempre aquilo que supostamente
é nanotecnológico de fato tem nanomaterias. Por esta razão, é preciso desen-
volver junto à população ações que estimulem uma postura crítica e reflexiva.
A pesquisa científica, a ser desenvolvida no espaço escolar e na formação de
professores, é um instrumento que pode e tem sido utilizado para promover
ações dessa natureza de forma satisfatória.
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CIÊNCIA NA PRAÇA: A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
E TECNOLÓGICA NA AMAZÔNIA
INTRODUÇÃO AO TEMA
a Universidade Federal do Pará, Faculdade de Física, Bolsista Programa Educação Tutorial – Física. lcar-
valhomaciel@gmail.com
b Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Professor da Faculdade de Físi-
ca, Tutor Programa Educação – Tutorial. rubsilva@ufpa.br
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do, muitas vezes, matérias de baixo custo ou reutilizado. Exemplos desses expe-
rimentos elaborados nestas oficinas são a lata mágica, o ludião e minissistemas
solares. As exposições experimentais geralmente ocorrem em praças públicas e
são de livre acesso à sociedade, nessas exposições, são apresentados, de forma
lúdica e interativa, diversos experimentos, tanto de baixo custo quanto industria-
lizados. Dentre os quais, podemos citar: o Gerador de Van de Graaff, o Circuito
Humano, a Gaiola de Faraday, a Bobina de Tesla, etc.
O projeto e a sua composição: O projeto foi desenvolvido pelo profes-
sor doutor Rubens Silva, no ano de 2013, apoiado pelos projetos de extensão
da Faculdade de Física da UFPA, campus Belém. Inicialmente, as apresenta-
ções eram feitas em escolas, tanto públicas quanto privadas, principalmente
nas cidades do interior do Pará. Nessas apresentações eram expostos temas
relacionados à Física e suas aplicações. Porém, nessas exposições eram uti-
lizados somente banners ilustrativos para associar aos conteúdos expostos,
sendo essa metodologia pouco atraente para um aluno de nível médio.
Após algumas edições do evento, os palestrantes passaram a utilizar,
além dos banners, experimentos de baixo custo e de fácil produção em suas
apresentações. Por essa ocasião, percebeu-se que os experimentos passaram
a se destacar nas exposições ante os banners, haja vista seu caráter lúdico pe-
rante o público leigo. As apresentações ocorriam nas escolas e eram abertas ao
público geral, inclusive aos alunos de outras instituições de ensino1.
Tempos depois optou-se em tornar as apresentações mais íntimas da
sociedade, logo passaram a ocorrer em praças públicas, objetivando facilitar o
acesso tanto dos alunos quanto das pessoas próximas ao local do evento. Essa
mudança na estrutura do evento surtiu efeitos positivos, ampliando a parcela
da população atendida. Os experimentos utilizados nas exposições aos alu-
nos, em especial, visam suprir a carência experimental das instituições locais,
sejam elas da rede pública de ensino ou privada. São realizadas oficinas de
experimentos, para professores e alunos, ministradas por membros do grupo
de apoio do projeto, voltados à qualificação dos professores na elaboração
de material experimental expositivo para uso em sala de aula, haja vista a
necessidade de uma formação articulada entre teoria e prática por parte dos
professores de ciências, visando desenvolver sua autonomia docente.
É grande a mobilização feita pelos órgãos locais envolvidos na organi-
zação, bem como pela divulgação nas escolas e mesmo nos locais do even-
to. Nas cidades visitadas, o projeto vem, cada vez mais, ganhando apoio das
prefeituras, de professores, secretarias de educação, de escolas públicas e
privadas. O que demonstra a visibilidade atingida pelo Ciência na Praça. Re-
sultados obtidos através das listas repassadas ao público durante as exposi-
ções demonstram a participação de pelo menos 200 participantes por evento.
O número de ouvintes estimados por evento é bem maior, haja vista que so-
mente é tomada uma pequena lista de amostragem em um dos estandes dos
mais de 20 que geralmente compõem as apresentações.
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Também é possível notar a presença massiva da sociedade através dos
registros fotográficos e dos vídeos de divulgação disponíveis na internet.
A cada ação, é notório o quanto é importante desenvolver o projeto, aproxi-
mando sempre um grande público das práticas científicas, fazendo com que
os objetivos sejam alcançados. As oficinas também demonstram alcançar seus
objetivos, visto que, tanto professores quanto alunos inscrevem-se em bom
número como participante. Sendo assim, a metodologia empregada pelo pro-
jeto tem se mostrado eficiente no que se propõe, qual seja: despertar a curiosi-
dade e interesse da sociedade pela ciência2.
REFERÊNCIAS
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gastronomia
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE
SORBET DE COCO VERDE (Cocos Nucifera L.)
INTRODUÇÃO AO TEMA
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triturada em processador tipo mixer no modo “pulsar”. Em seguida foram
adicionados a água, o açúcar, glicose e os aditivos. A mistura foi homogenei-
zada durante oito minutos e em seguida congelada em sorveteira. Os produtos
foram embalados e armazenados a -17ºC ± 2oC em recipientes de dois litros.
Não houve crescimento dos microrganismos pesquisados, sendo, portan-
to, preparações aptas ao consumo humano. O emprego de temperaturas muito
baixas, aliado às boas práticas de fabricação durante a coleta e produção dos
sorbets, contribuiu para a boa qualidade microbiológica dos produtos. O sorbet
elaborado com 35% de polpa de coco verde apresentou melhor viscosidade.
Em relação aos testes sensoriais, as notas atribuídas pelos avaliadores
indicaram a boa aceitação dos produtos tendo em vista que os scores atribuí-
dos ficaram, em sua maioria, entre “gostei”, “gostei muito” e “gostei muitíssi-
mo”. Também foi avaliada a intenção de compra dos sorbets de coco verde e
o resultado mostrou que a maior parte possivelmente compraria e certamente
compraria os sorbets de coco verde.
Assim, o desenvolvimento de sorbets utilizando polpa de coco verde é
uma alternativa para combater o desperdício dessa matéria-prima de boa quali-
dade nutricional, além de agregar valor econômico à cadeia do coco no Brasil.
REFERÊNCIAS
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nomia são direcionadas ao Desenvolvimento Regional do estado da Paraíba
e da nossa região (Nordeste). Há três anos pesquisamos o potencial de uso
da polpa de coco verde tendo sido desenvolvidos produtos diversos (bebidas
fermentadas, sorvete, sorbet), produtos estes seguros para consumo humano
e passíveis de serem produzidos e comercializados. Nesses três anos, o que
produzimos com a polpa do coco verde se transformou em uma cartilha e as
tecnologias produzidas foram difundidas em Cozinhas Comunitárias da Cida-
de de João Pessoa como estratégia de fornecer um destino sustentável a essa
matéria-prima que é descartada, bem como, gerador de renda para pessoas em
situação de vulnerabilidade.
Os benefícios das pesquisas com a polpa do coco verde estão relaciona-
dos tanto em relação ao cumprimento dos objetivos para o Desenvolvimento
Sustentável como com a inclusão produtiva de pessoas em situação de vulne-
rabilidade social (está sendo criado pela prefeitura o grupo de mulheres “Do-
nas do coco” de economia solidária). Também estão em andamento ensaios de
determinação de vida-de-prateleira para transferência, direcionando produtos
de coco para os produtores no sertão e no litoral do estado, fortalecendo a
cadeia do coco no estado.
Com a condução do projeto de aproveitamento da polpa de coco verde
a UFPB e a Prefeitura de João Pessoa ganharam uma premiação de reconhe-
cimento pelo combate ao desperdício de alimentos concedida pelo Ministério
do Meio Ambiente em 2018, o prêmio Elo Cidadão, concedido pela UFPB em
2018, e está como finalista do prêmio Bratzoa de Sustentabilidade em 2019.
A limitação de recursos tem dificultado sobremaneira a continuação das
pesquisas tanto no que diz respeito às análises necessárias para fechar a carac-
terização de novos produtos, bem como as pesquisas para dar destino à casca
(parte fibrosa do mesocarpo).
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ISBN 978-65-00-06195-6