Você está na página 1de 1

Como as Ûlûiyû recebem e usam seu pássaro

“Tiramos água da frente, tiramos água de trás”.


Ìfá foi criado para as 201 pessoas que vieram do îrun para o àiyé;
Quando elas aqui chegaram,
Disseram para preparar uma cabaça para cada uma delas.
Foi em Îtá que elas chegaram pela primeira vez,
E lá nomearam uma Iyálòdè.
Aquela que quisesse receber um pássaro,
Levava sua cabaça junto dela, e dizia que queria receber o pássaro.
Quando o pássaro é colocado na cabaça, ela é coberta e entregue.
Essa cabaça que elas recebem, elas cuidam dela em casa.
Não é qualquer pessoa que pode saber onde a cabaça é guardada,
A menos que essa pessoa também possua sua cabaça.
Talvez esteja no teto; ou próximo à parede,
Ou talvez num buraco cavado no chão;
Só elas sabem onde a cabaça é guardada.
Quando querem enviar o pássaro numa missão,
Elas abrem a cabaça e o pássaro voa para cumprir a missão.
Talvez em Lagos, talvez em Ìbàdàn, talvez em Ìlòrìn,
Talvez em Sapèlû, ou talvez até em Londres, ou talvez no país do rei.
A qualquer canto do mundo elas o enviam.
Se elas dizem que é para matar alguém, ele o mata;
Se elas dizem que é para trazer os intestinos de alguém,
Ele fica à espreita para rasgar o ventre;
Se a pessoa estiver grávida, ele retira a gravidez;
O pássaro executa o trabalho que lhe encarregaram.
Quando termina, volta para a cabaça;
E elas tornam a cobri-la e guardá-la; elas não lutam sozinhas.
No momento em que retorna,
O pássaro diz, “O que me mandaste fazer, eu fiz”.
Se alguém possuiu remédio contra as Àjý,
O pássaro tenta pegá-lo e não consegue;
Mas se a pessoa não possui o remédio, será pega.
Então a Ûlûiyû vai para seu ûgbû,
E diz que enviou o mensageiro em missão;
Ela vai à assembleia, por que não pode trabalhar sozinha.
O sangue da pessoa atacada, ela o leva para suas companheiras,
Para que elas toquem o sangue em suas bocas.
Depois elas se separam, e na próxima noite mandam o pássaro novamente;
Elas não deixam a vítima dormir.
Esse pássaro pode pegar um porrete, ou um chicote, ou uma faca;
Pode transformar-se em alma, ou até num Òrìñà;
Tudo isso ele faz para por medo naquele ao qual foi enviado.
Tal é a história das Ûlûiyû; é assim que elas são!

Você também pode gostar