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Universidade Católica de Pelotas

Curso de Direito
Disciplina: PSICOLOGIA JURIDICA
Profa. Sinara Franke de Oliveira

Psicologia Jurídica
Primeira avaliação

Sandra Bergmann Schneider


Pelotas, setembro 2008.
PSICOLOGIA JURÍDICA

Primeira Avaliação
Semestre 2 – Direito T-125

Questões:
1. Elabore um texto, com suas palavras, colocando a importância do operador
jurídico ter conhecimento na área da subjetividade.
Segundo a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, a verdade, seja ela
política, moral, religiosa ou científica, varia conforme a época, o lugar ou o
indivíduo. Em se tratando de direito essa relatividade não é menor, já que o
objeto desta ciência é a dissolução dos conflitos entre os membros da sociedade
através de um processo, no decorrer do qual cada parte oferecerá o seu ponto de
vista.
Na ocorrência de um fato jurídico, surgirão diversas versões para o fato
conforme a subjetividade de cada um, a testemunha aborda o fato sob sua ótica,
o acusado tem seu ponto de vista, a vítima também o terá, caberá ao operador
jurídico interpretar estes fatos levando em consideração a subjetividade dos
fatos, ou seja, a maneira singular que cada um percebe os fatos, segundo as suas
experiências de vida e convivência na sociedade. O papel do direito é fazer com
que cada um tenha direito e relatar a sua versão para que, ao final, baseado em
argumentos, provas, testemunho e leis, se possa chegar a um consenso e, com
isso, se fazer justiça.
No entanto, não será apenas a versão de cada um que definirá a sentença,
terão grande influencia todos os profissionais do Direito, desde o arquivista do
cartório, o Ministério Público, o advogado e o juiz. Ao advogado caberá agir
com objetividade para que seu cliente obtenha o seu direito. Quanto ao juiz, o
seu trabalho é em certo sentido o mais importante de todos, já que a ele cabe
proferir a decisão final do processo. Para tanto ele tem de filtrar a subjetividade
de cada um desses profissionais, e a dele própria, com relação à entrega da
prestação jurisdicional.
Direito é interpretação, é subjetividade, é percepção, logo há certa
parcela de variação a depender de quem o aplique. E para melhor se aproveitar
dessa subjetividade, cabe aos operadores do direito aplicar a equidade, que é a
justiça do caso particular e suas peculiaridades, de modo que o bom senso
prevaleça na sentença. Sendo o direito feito pelo homem e para o homem, e não
o oposto, esse princípio deve conduzir o aplicador do direito na resolução dos
conflitos, aliando a sensibilidade àqueles valores intrínsecos à vida e à qualidade
de vida humana. Com isso a prestação jurisdicional deve se tornar mais sensível
e humanizada, e a paz social será mais amplamente difundida.

2. Fale, a partir da descoberta do inconsciente de Freud, como se constitui o


Sujeito Psíquico.

Freud, em seu trabalho, pesquisando a razão do surgimento de alguns


sintomas físicos em pacientes, sem uma razão específica, passou a utilizar
métodos de investigação da origem dos sintomas, e acabou descobrindo a
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existência de fatos e acontecimentos na vida de um indivíduo que ficavam no
esquecimento, fatos bons ou ruins, mas que estes mesmos influenciavam
sobremaneira a vida do sujeito. Esta investigação ao qual passou a chamar de
Psicanálise, foi o marco para a descoberta do inconsciente e a influência deste
na vida humana.
Em seus estudos sobre a personalidade, Freud nomeou o Aparelho
Psíquico e criou modelos para explicar a organização e o funcionamento da
mente. Para isso ele propôs algumas hipóteses entre as quais as mais conhecidas
são: a hipótese econômica que concerne essencialmente á quantidade e
movimento da energia na atividade psíquica; a hipótese topográfica que tenta
localizar a atividade mental em alguma parte do aparelho, que ele divide em:
consciente, pré-consciente e inconsciente; e a hipótese estrutural na qual ele
divide a mente em três instâncias funcionais: Id, ego e superego, atribuindo a
cada uma delas uma função específica.
Desta forma o Sujeito Psíquico segundo a primeira teoria de Freud
constitui-se de três sistemas: Inconsciente – sendo o conjunto dos conteúdos não
presentes no campo atual da consciência, de natureza praticamente insondável,
misteriosa, de conteúdos reprimidos e atemporal; Pré-consciente – são os
conteúdos acessíveis à consciência, vindo à tona no momento em que são
requeridos; Consciente – este recebe ao mesmo tempo as informações do mundo
exterior e as do interior, destaca-se aí o fenômeno da percepção, raciocínio e
atenção.
A descoberta da sexualidade infantil nos estudos de Freud, foram um
marco no tempo, suas pesquisas determinaram a influência na constituição do
sujeito psíquico, onde neste processo o indivíduo tem a função sexual ligada à
sobrevivência, o prazer é encontrado no próprio corpo nos primeiros tempos de
vida. Freud definiu as fases de desenvolvimento sexual em: fase oral – a boca
como zona de erotização; fase anal- o ânus torna-se a zona de erotização; fase
fálica- o órgão sexual é descoberto, durante a fase da latência há uma
diminuição no desenvolvimento sexual e volta finalmente na puberdade com a
fase genital- o objeto de erotização é o outro. Há um período(3 a 5anos de idade)
onde destaca-se o Complexo de Édipo em torno do qual ocorre a estruturação da
personalidade do indivíduo, o objeto de desejo é o Pai ou a Mãe, conforme o
sexo da criança, ela passa a imitar seu concorrente.
Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz na segunda
teoria, 3 sistemas de personalidade; Id – instinto, libido, energia dos instintos e
dos desejos em busca do prazer, possui as características do inconsciente da
primeira teoria; Ego - é a parte organizada desse sistema que entra em contato
direto com a realidade externa e através de suas funções tem capacidade de atuar
sobre esta numa tentativa de adaptação. Por isso, estão sob o domínio do ego as
percepções sensoriais, os controles e habilidades para atuar sobre o ambiente, a
capacidade de lembrar, comparar e pensar. Este assume um papel mediador entre
o Id e o superego; Superego -é formado a partir das identificações com os
genitores, dos quais ele assimila as ordens e proibições. Assume então o papel de
juiz e vigilante, formando uma espécie de auto-consciência moral os mandatos
do superego incluem muitos elementos inconscientes que derivam do passado do
indivíduo e que podem entrar em conflito com seus valores atuais.
Os conceitos desenvolvidos por Freud, não existem numa estrutura vazia,
dependem das experiências dos indivíduos na família, na sociedade e na sua vida
como um todo, estes serão os fatores que formarão a personalidade de cada um.
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3. Fale sobre as diferenças entre o “sujeito psíquico”, o do inconsciente e o
“sujeito do Direito”, soberano na sua racionalidade, e quais as
conseqüências dessas diferenças na prática do operador do Direito.
Freud, em seus estudos, demonstrou que o conteúdo da mente não se
reduz ao consciente, mas que pelo contrário a maior parte da vida psíquica se
desenrola em nível inconsciente. Ali se encontram principalmente idéias
(representações de impulsos) reprimidas, às quais é negado o acesso à
consciência mas que têm grande influência na vida consciente. Estas idéias
reprimidas aparecem de forma disfarçada nos sonhos e nos sintomas neuróticos
principalmente e é através do seu conhecimento que podemos chegar até o
conflito neurótico durante um processo terapêutico geralmente.
O desencanto com a organização religiosa do universo propiciou uma
visão diferenciada dos vínculos de dependência pessoal e das hierarquias
instituídas que distanciou das prescrições sagrados fundamentos da moral e do
direito. O homem que vivia atado á leis religiosas, na evolução dos tempos passa
a ser um ser racional e através de um suposto contrato social, cria normas para
viver em sociedade. Surge o sujeito do Direito que em sua soberania da
racionalidade delimita as ações da sociedade, cria normas, controles e sanções
para o convívio social.
No entanto o ser humano não é apenas consciência segundo Freud, e o
sujeito psíquico influencia intensamente no comportamento humano, ou seja a
racionalidade dita uma via de conduta, mas constantemente encontra-se atitudes
decorrentes da formação da personalidade do indivíduo, que via de regra
extrapolam as normas definidas na sociedade.
As tentativas da biotecnologia de explicar e reduzir a especificidade
humana a um produto biológico (a vida), alterando, com isso a representação do
sujeito e a especificidade dos seus direitos e garantias fundamentais. As
biotecnologias podem ensinar os homens a se perceberem como feixes nervosos
que reagem a estímulos mecânicos ou neuroquímicos, a genética pode
determinar a origem cromossômica de cada reação humana, mas o que nenhuma
dessas técnicas pode criar é um sujeito eticamente responsável pelo que faz, fala
ou sofre. É preciso mais que cadeias genéticas para tornar os seres humanos
responsáveis por seus atos.
O operador do Direito precisa ter ciência destes fatos, para poder avaliar
e contextualizar de maneira ampla, ficando o mais próximo possível da realidade
quando analisar e trabalhar com diversos casos e ocorrências em sua vida
profissional.

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