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CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE

ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL


SOBER NORDESTE
Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido
08 a 10 de novembro de 2018

ANÁLISE DA QUALIDADE DE MÉIS PROVENIENTE DO SEMIÁRIDO


PIAUIENSE

Acácio Figueiredo Neto¹, Alciene Pacheco da Silva², Juliana do Nascimento Bendini³,


Tamires Amaro Rodrigues⁴, David Yuri de Melo Nunes Morais⁵
¹Docente Adjunto - Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF);
²Mestranda em Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido (PPGDiDeS – UNIVASF);
³Docente do Curso de Licenciatura em Educação do Campo Ciências da Natureza
(UFPI/ CSHNB);
⁴Graduanda de Bacharelado em Nutrição (UFPI/ CSHNB);
⁵Mestrando em Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido (PPGDiDeS – UNIVASF);
¹acacio.figueiredo@univasf.edu.br; ²alcienepacheco@ufpi.edu.br

Grupo de Trabalho: GT2. DESENVOLVIMENTO RURAL E REGIONAL

Resumo
A composição do mel apresenta-se como solução concentrada de açúcares, com
predominância de glicose e frutose e sua qualidade depende de vários fatores, tais como:
origem botânica do néctar coletado, espécie da abelha, condições ambientais e manejo pré e
pós-colheita. Este trabalho teve por objetivo analisar a qualidade do mel produzido numa
região do semiárido piauiense. Foram realizadas análises físico- químicas para diversos
parâmetros. Todas as análises mostraram-se de acordo coma legislação vigente. Portanto
conclui-se que os produtores de mel preocupam-se com a produção e levam em conta o
controle da qualidade e as boas práticas de fabricação durante a extração e o beneficiamento
do mel, além do armazenamento devido que contribui para a qualidade do produto.

Palavras-chave: Apicultura. Mel. Análise. Qualidade.

Abstract
The composition of honey presents as a concentrated solution of sugars, with a predominance
of glucose and fructose, and its quality depends on several factors, such as: botanical origin
of the collected nectar, species of the bee, environmental conditions and pre and post harvest
management. The objective of this work was to analyze the quality of the honey produced in a
semi - arid region of Piauí. Physicochemical analyzes were performed for several parameters.
All analyzes were in accordance with current legislation. It is therefore concluded that honey
producers are concerned with production and take into account quality control and good
manufacturing practices during the extraction and processing of honey, in addition to storage
due to the fact that it contributes to product quality

Key words: Beekeeping. Honey. Analyze. Quality

Juazeiro – BA, 08 a 10 de novembro de 2018.


SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL
SOBER NORDESTE
Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido
08 a 10 de novembro de 2018

1 INTRODUÇÃO
O mel é definido como uma substância viscosa, aromática e açucarada elaborada pelas
abelhas melíferas a partir do néctar de flores e/ou nectários extraflorais, exsudatos sacarínicos
secretados por insetos sugadores de seiva (CAMARGO, 2006).
A região Nordeste tem apresentado crescimento na produção de mel nas últimas
décadas, tendo como destaque o crescimento da região semiárida do Piauí nos últimos anos
em relação ao desenvolvimento da apicultura e a produção de mel, a despeito de a produção
de outros produtos da colmeia, bem como de seus subprodutos ser inexpressiva no Estado.
Como a qualidade do mel depende de vários fatores, tais como: origem botânica do
néctar coletado, espécie da abelha, condições ambientais e manejo pré e pós-colheita, no
Brasil têm sido realizadas pesquisas com o intuito de caracterizar o mel produzido em
diferentes regiões, indicando vários parâmetros físico-químicos, tais como umidade, pH,
acidez, cinzas, açúcares redutores, conteúdo de açúcares, hidroximetilfurfural (HMF), entre
outros (BARROS et. al., 2010; MORAES et. al., 2014).
Neste sentido, torna-se relevante conhecer as características físico-químicas do mel
produzido na região. Assim, o presente trabalho teve por objetivo analisar a qualidade do mel
produzido numa região do semiárido piauiense.

2 METODOLOGIA

Este estudo tem uma abordagem descritiva, realizado com amostras de mel. As
análises físico- químicas foram realizadas conforme a metodologias da AOAC (1998), para
umidade, acidez, hidriximetilfurfural e º Brix. Para açúcares redutores, sacarose, sólidos
insolúveis minerais e atividade diastática de acordo com os parâmetros descritos pela CAC
(1990), e a cor foi determinada em espectrofotômetro a 420nm, em solução a 10%, sendo
aplicada à escala de Pfund (Brasil, 1981).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados das análises estão descritos na Tab.1.

Tabela 1. Valores de parâmetros físico-químicos da amostra de mel analisada.


Ensaios Resultados Parâmetros Referência
Açúcares redutores 75,39 Mín. 65g/100g CAC/vol.III, supl.2, 1990, 7.1
Umidade 18 Máx. 20g /100g A.O.A.C. 16ͭ ͪ, Edition, Rev.4ͭ ͪ ,
1998-969. 38B
Sacarose aparente 1,44 Máx. 6g /100g CAC/vol.III, supl.2, 1990, 7.2
Sólidos ins. em água 0,03 Máx. 0,1g /100g CAC/vol.III, supl.2, 1990, 7.4
Minerais (cinzas) 0,24 Máx. 0,6g /100g CAC/vol.III, supl.2, 1990, 7.5
Acidez 22,47 Máx. 50Meq/Kg A.O.A.C. 16ͭ ͪ, Edition, Rev.4ͭ ͪ ,
1998-969. 19
Atividade diastática 24,88 Mín. 8 esc. Gôthe CAC/vol.III, supl.2, 1990, 7.7
Hidriximeilfurfural (hmf) 11,37 Máx. 60mg/kg A.O.A.C. 16ͭ ͪ, Edition, Rev.4ͭ ͪ ,
1998-969. 23
Cor absorbância âmbar claro (0,240) - Brasil. Ministério da agricultura, 1981

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A quantidade de açúcares redutores foi de 75,39, a CAC (1990) estabelece um mínimo


de 65%, portanto a amostra encontra-se dentro do limite estabelecido. O valor observado para
açúcares está próximo ao obtido por Arruda et al., (2004) que, ao analisar amostras de mel de
regiões semiáridas obtiveram, para esse parâmetro, média de 77,94%.
O valor observado para umidade de 18% está dentro do limite dos parâmetros legais
(AOAC, 1998). Vale ressaltar, a umidade é uma das características mais importantes para se
avaliar a qualidade do mel, podendo influenciar na viscosidade, peso específico, maturidade,
cristalização, sabor e conservação do produto, visto que microrganismos osmofílicos podem
provocar a fermentação quando a umidade for muito elevada (WELKE et al., 2008).
A sacarose aparente é uma característica de grande importância no mel por estar
associada à sua qualidade. Quando seu valor encontrado estiver acima de 6%, pode indicar um
mel “verde” ou adulterado (BRASIL, 2000). O resultado de sacarose aparente obtido foi
1,44% não excedendo o máximo permitido.
O teor de sólidos insolúveis em água em méis é considerado no controle de qualidade
como um índice de pureza (SANTOS; MARTINS; SILVA, 2010). A amostra foi aprovada, no
que diz respeito a análise de sólidos insolúveis em água, apresentando 0, 03g valor inferior ao
preconizado pela legislação 0,1g/100g (BRASIL, 2000).
Segundo Viuda-Martos et al. (2010), o valor de cinzas pode variar, dependendo do tipo
de solo, condições atmosféricas, entre outros fatores. O teor de cinzas na amostra analisada foi
de 0,24g, portanto de acordo com o parâmetro da CAC (1990) máximo de 0,6g /100g. Moraes
et al. (2014), observaram um valor médio de 0,19g para a análise de cinzas nas amostras de
mel coletadas nos municípios de Terra Roxa e Santa Helena, no Paraná.
O mel apresenta acidez natural, mas de acordo com os parâmetros da AOAC (1998),
não deve ultrapassar o máximo de 50Meq/Kg. O valor de acidez obtido foi de 22,47Meq/Kg.
Segundo Almeida et al. (2016), a análise de pH não é obrigatória para avaliar a qualidade do
mel, pois o pH do mel pode ser influenciado pelo pH do néctar, além das diferenças na
composição do solo ou a associação de espécies vegetais para a composição final do mel.
Constatou-se para a atividade diastásica da amostra o valor de 24,88 sendo o mínimo
de 8 na escala de Gôthe. Sodré et al. (2007), encontraram valores mínimos de 5,30 abaixo do
permitido pela norma vigente. Os mesmos autores destacam que este é um dos parâmetros que
merece uma atenção especial por parte dos pesquisadores para verificar a possibilidade de
adequar as normas às condições climáticas de regiões quentes e secas, que podem apresentar
menor quantidade de enzimas do que os de regiões quentes e úmidas.
A quantidade de hidroximetilfurfural (HMF) da amostra analisada foi de 11,37mg/kg
de acordo com o valor permitido pela legislação, sendo o máximo permitido 60 mg/100g
(Brasil, 2000). Este resultado se mostra diferente ao encontrado por Barros et. al (2010) que
encontrou o valor médio de 30,37 mg/100g.
A cor é considerada um indicador de qualidade do mel, quanto mais escuro o mel,
mais rico em minerais. No entanto, do ponto de vista econômico este tipo é mais
desvalorizado, sendo os méis claros mais aceitos no mercado mundial (GOMES,
2010).Conforme a legislação brasileira a cor do mel deve variar de branco-água até
âmbar-escuro com absorbância até 0,999 abs num comprimento de onda de 635nm. A amostra
analisada apresenta 0,240 abs na absorbância padrão e foi considerada âmbar-claro, de acordo
com a escala Pfund.

Juazeiro – BA, 08 a 10 de novembro de 2018.


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4 CONCLUSÃO

A amostra de mel adquirida junto à Central de Cooperativas do Semiárido Brasileiro -


Casa Apis, atendeu a todos os requisitos estabelecidos pela legislação brasileira para méis.
Isso mostra que os produtores se preocupam com a produção e levam em conta o controle da
qualidade e as boas práticas de fabricação durante a extração e o beneficiamento do mel, além
do armazenamento correto que contribui para a qualidade do produto.

REFERÊNCIAS

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