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Concursos Públicos Prof.

Walter Soares
terras e investirem na agropecuária. O projeto Radam foi
Concurso CFP-PM-PA-2020 importante para mapear a região e aumentar os conhecimentos
sobre seus recursos minerais.
Prof. WALTER SOARES O governo brasileiro continua tentando atrair o capital
estrangeiro para a Amazônia, oferecendo sociedade em
empreendimentos industriais e de mineração, como a
exploração da serra dos Carajás e a construção de ferrovias e
portos a fim de escoar esses minérios para o mercado
A AMAZÔNIA: Fatos sociais, políticos e econômicos relevantes internacional. Além de construir várias hidrelétricas na
Com cerca de 4,8 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia, como forma de garantir o suprimento de energia
Amazônia brasileira abrange mais da metade do território elétrica.
nacional. É definida, segundo alguns, pelo domínio da floresta Outra importante tentativa de promover o
Amazônica com o clima equatorial, e, segundo outros, pelo desenvolvimento econômico da região foi a criação da Zona
domínio da bacia amazônica, a mais densa bacia hidrográfica do Franca de Manaus, em 1967. Trata-se de uma área de livre
globo. comércio ao redor da capital do Amazonas, onde os produtos
Trata-se de uma parte da Amazônia sul-americana industrializados importados não pagam impostos alfandegários.
definida como Pan-Amazônia, região que ocupa cerca de 6,5 Criada com a finalidade de industrializar essa cidade e áreas
milhões de quilômetros quadrados e abrange enormes áreas do vizinhas, o resultado foi um relativo crescimento industrial que
Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guianas. utiliza pouca mão-de-obra por empregar tecnologia moderna.
Além disso, as fábricas aí instaladas são apenas linhas de
montagem, empresas que somente montam produtos cujas
peças já vêm prontas do exterior.
Os principais bens aí produzidos — televisores,
aparelhos de som e motos — empregam tecnologia
estrangeira, além de encarecerem o produto para o consumidor
(que em sua maioria está no Centro-Sul), por causa dos custos
do transporte. Ademais, essa zona fez crescer as importações
brasileiras e contribuiu para aumentar a dívida externa.
O processo de ocupação recente da Amazônia
brasileira, em síntese, é predatório: em busca de lucros fáceis,
grandes projetos agropecuários, subsidiados pelo governo
federal, depredam a floresta, exterminam nações indígenas,
destroem a fauna, exploram intensamente a força de trabalho
que utilizam e desencadeiam conflitos violentos com os
pequenos proprietários de terra e posseiros. Essa é a Amazônia
de hoje, bem diferente daquela imagem romântica da "floresta
A natureza ainda domina nessa área, sendo
impenetrável", do ser humano convivendo harmoniosamente
responsável pelos traços mais marcantes da paisagem — a
com o meio natural, da predominância da coleta extrativa.
floresta e os rios, principalmente. Mas o processo de ocupação
e povoamento tem sido intenso nas últimas décadas, com a A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA
conseqüente modificação dos aspectos naturais.
A Amazônia é de todos?
Apesar da intensificação da ocupação humana nos
A internacionalização da Amazônia, é um fato que vem
últimos anos, a Amazônia brasileira ainda é uma região de
sendo discutido a partir dos meados da década de 80, quando
baixas densidades demográficas, as menores do país. E a
alguns políticos de países de primeiro mundo, discutindo sobre
economia regional tem por base atividades primárias: a
o pagamento da dívida externa do Brasil, pensaram no
agropecuária, que constitui o setor econômico mais importante
pagamento com reservas naturais, indústrias, etc.
desde a década de 1970; o extrativismo vegetal, que foi a
Foi mais fortemente discutida no final dos anos 90,
atividade básica dessa região até aquela década; e a
inclusive pelo ex-presidente do EUA George W. Bush, que falou
mineração, atividade que se tornou mais importante nas últimas
sobre a Internacionalização da Amazônia em alguns de seus
décadas do século XX, após a descoberta de grandes reservas
discursos para presidência. Estamos passando por um caso que
minerais.
muitos acham incorreto, como brasileiros, mas outros têm uma
Em resumo, a Amazônia brasileira é uma grande região
opinião contrária, de que a Amazônia seja um patrimônio de
e com baixo povoamento quando comparada as outra, mas em
todo mundo, que todos deveriam comandá-la.
franco processo de ocupação. A ocupação mais intensiva
Na medida em que a Amazônia ia sendo revelada ao
iniciou-se com a construção de Brasília (1957-1960) e a
Brasil através dos inúmeros inventários e levantamentos de
conseqüente abertura de estradas, como a Belém—
seus recursos naturais, minerais e energéticos, a década de 80 e
Brasília, que facilitaram o acesso à região. Nos anos 1970, essa
90 assistia à entrada em operação de inúmeros projetos de
ocupação se acelerou com a abertura de novas rodovias
impacto, no setor de mineração e eletricidade.
(Transamazônica, Perimetral Norte, BR-364, do Mato Grosso a
O projeto Trombetas, pela Companhia Vale do Rio
Rondônia, e outras) e a concessão de incentivos fiscais a
Doce, para exploração da bauxita; da Grande Carajás, para
grandes empresas, mesmo estrangeiras, para lá adquirirem
Concurso: CFP-PMPA- 2020 -1- Atualidades
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exploração do minério de ferro; da Albrás-Alunorte, em Vila do A região correspondia, grosso modo, à porção da
Conde, para produção de alumina e alumínio metálico; de Amazônia Internacional localizada em território brasileiro. Não
Tucuruí, no rio Tocantins, para produção de cerca de 4 milhões era, contudo, uma região natural, mas uma região de
de quilowatts; e o das hidrelétricas de Balbina, no rio Uatumã, e planejamento, pois a sua delimitação decorria de um ato de
de Samuel, no rio Jamari. vontade política do Estado. As regiões naturais são limitadas por
Esse panorama que contribuiu para a expansão fronteiras zonais, ou seja, por faixas de transição entre
demográfica e da fronteira agrícola, pecuária, mineral e ecossistemas contíguos. As regiões de planejamento, ao
industrial, deu origem, também, às tensões sociais, conflitos de contrário, são delimitadas por fronteiras lineares, que definem
terras, disputas de posse e invasões de áreas indígenas. rigorosamente a área de exercício das competências
A situação engendrou também, pelo atraso de uma administrativas.
política nacional de preservação, o quadro atual caracterizado O planejamento regional para a Amazônia ganhou
pela atuação de madeireiras predatórias, poluição fluvial, novo impulso após a transferência da capital federal e a
garimpeiros clandestinos, falsos missionários, contrabando das construção da rodovia Belém—Brasília. Em 1966, no quadro da
riquezas da biodiversidade florestal e pelo narcotráfico, política de integração nacional do regime militar, o SPVEA era
favorecido pelos 1600 km de fronteira de uma linha imaginária, extinto e, no seu lugar, criava-se a Superintendência para o
com insignificante presença civil ou militar – a fronteira aberta à Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O novo órgão de
guerrilha, ao narcotráfico, ao contrabando de armas e planejamento ganhou um poderoso braço financeiro, com o
à biopirataria. estabelecimento do Banco da Amazônia (Basa), destinado a
(...) financiar empreendimentos privados dirigidos para o Grande
...esse fato de que a Amazônia é de todos têm muitas Norte.
opiniões, não sabemos que seria correto distribuir um A lei que criou a Sudam redefiniu a Amazônia
patrimônio florestal internacional situado no Brasil. Ao início, Brasileira, que passava a se denominar Amazônia Legal.
falam de um salvamento da Amazônia e da economia brasileira. Em 1977, com o desmembramento do Mato Grosso do
À outro lado, o caso de a Amazônia ser internacionalizada Sul, foram ampliados os limites da região de planejamento. A
poderá ocorrer uma imensa destruição ambiental, pois muitos Amazônia Legal passou a abranger a totalidade do Estado do
desses países procuram apenas a exploração da Amazônia, Mato Grosso, perfazendo superfície de 5,2 milhões de km2,
como os Portugueses fizeram com a riqueza ambiental brasileira cerca de 61% do território brasileiro.
na época da colonização.
Esse ainda é um fato a muito ser discutido, mas A OCUPAÇÃO PÓS 64
certamente, praticamente todos os brasileiros devem ter uma As políticas territoriais para a Amazônia, sob o regime
opinião negativa à esse caso. militar, concebiam a região como espaço de fronteira, num
Texto completo em: triplo sentido.
https://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/a-internacionalizacao-da-amazonia Na condição de fronteira política, o Grande Norte
abrangia largas faixas pouco povoadas adjacentes aos limites do
AMAZÔNIA NO CONTEXTO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL PÓS-50 Brasil com sete países vizinhos.
O planejamento regional para integração da Amazônia Essas faixas configuravam "fronteiras mortas", ou seja,
foi deflagrado em 1953, com a criação da Superintendência do áreas de soberania formal mas não efetiva do Estado brasileiro.
Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA). O órgão O empreendimento da "conquista da Amazônia" tinha a
federal tinha o objetivo de coordenar os planos governamentais finalidade de construir as bases para o exercício do poder
para a região. A lei que criou o SPVEA definiu a Amazônia nacional nas faixas de fronteiras.
Brasileira, que abrangia os estados do Pará e Amazonas, os Na condição de fronteira demográfica, o Grande Norte
então territórios do Acre, Amapá, Guaporé (atual Rondônia) e deveria ser povoado por excedentes populacionais gerados no
Rio Branco (atual Roraima), além de parte dos estados do Nordeste e no Centro-Sul. As rodovias de integração — a
Maranhão (a oeste do meridiano de 44° W), de Goiás (ao norte Belém—Brasília, a Transamazônica, a Brasília—Acre e a
do paralelo de 13° S, área que corresponde ao atual Estado de Cuiabá—Santarém — destinavam-se a orientar os fluxos
Tocantins) e Mato Grosso (ao norte do paralelo de 16° S). migratórios para a "terra sem homens".
, AMAZONIA LEGAL Na condição de fronteira do capital, o Grande Norte
deveria atrair volumosos investimentos transnacionais e
nacionais voltados para a agropecuária, a mineração e a
indústria. Sob a coordenação da Sudam, a Amazônia Legal
transformou-se em vasto cenário de investimentos incentivados
por recursos públicos.
Os projetos privados viabilizavam-se por meio de
mecanismos de renúncia tributária e concessão de empréstimos
subsidiados. Os projetos minerais e industriais concentraram-se
em Belém e seus arredores e na Zona Franca de Manaus (ZFM).
Os projetos florestais e agropecuários, mais numerosos,
concentraram-se no Mato Grosso e sobre o eixo da Belém—
Brasília, abrangendo o atual Estado do Tocantins, o sul do Pará e
o oeste do Maranhão. Os incentivos totalizavam, em geral,

Concurso: CFP-PMPA- 2020 -2- Atualidades


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metade dos recursos necessários para os projetos Em potência instalada, Tucuruí é a segunda maior
agropecuários. O desmatamento e a formação de pastagens usina hidroelétrica 100% brasileira, ficando apenas atrás da
extensivas eram classificados como benfeitorias, assegurando o usina de Belo Monte. Seu vertedouro, com capacidade para
direito aos incentivos. 110.000 m³/s, é o segundo maior do mundo. A construção foi
Em meados da década de 1970, a Sudam passou a iniciada em 24 de novembro de 1974. A primeira fase foi
aprovar somente megaprojetos, em glebas gigantes de, no inaugurada nos anos 1980 e a segunda em meados de 2010
mínimo, 25 mil hectares. Sob a política de incentivos, totalizando os 8.370 MW.
multiplicaram-se os latifúndios com áreas superiores a A UHE Tucuruí é a principal usina integrante do
300 mil hectares. A propaganda oficial alardeava a Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo
iminente transformação da Amazônia em pólo exportador de responsável pelo abastecimento de grande parte das redes: da
produtos agroindustriais, com Belém assumindo a condição de Celpa (no Pará), da Cemar (no Maranhão) e da Celtins (no
maior porto exportador de carne do mundo. Tocantins). Em períodos de cheia no rio Tocantins, a Usina de
Até 1985, mais de 900 projetos foram aprovados pela Tucuruí também complementa a demanda do restante do país
Sudam. A legislação vigente nesse período determinava que a através do SIN. Um sistema de eclusas e um canal de 5,5 km
devolução dos recursos públicos recebidos por projetos possibilita a navegação fluvial entre a montante e jusante da
cancelados não envolveria juros ou correção monetária. Desse usina.
modo, em ambiente econômico inflacionário, abandonar A barragem de Tucuruí, de terra, tem 11 km de
projetos incentivados tornou-se negócio altamente lucrativo. comprimento e 78 m de altura. O desnível da água varia com a
As políticas que orientaram a "conquista" geraram um estação entre 58 e 72 m. O reservatório tem 200 km de
conflito entre dois tipos de ocupação do espaço geográfico. O comprimento e 2.850 km² de área quando cheio. Quando o
povoamento tradicional, gerado pelo extrativismo, consistia nível é mínimo (62 m), a área alagada diminui em cerca de 560
numa ocupação linear e ribeirinha, assentada na circulação km². A usina está ligada à rede nacional pela linha de
fluvial e na rede natural de rios e igarapés. O novo povoamento transmissão entre Presidente Dutra (Maranhão) e a Usina
consistia numa ocupação areolar, polarizada pelos núcleos Hidrelétrica de Sobradinho, via Boa Esperança (Piauí).
urbanos em formação e pelos projetos florestais, agropecuários
e minerais. O LAGO DE TUCURUI E A COMPENSAÇÃO FINANCEIRA AOS
Esse conflito expressou-se, de um lado, como tensão MUNICÍPIOS
social envolvendo índios, posseiros e grileiros, Desde a década A Compensação Financeira pela Utilização de
de 1970, as disputas pela terra configuraram um "arco de Recursos Hídricos (CFURH,) corresponde aos royalties hídricos
violência" nas franjas orientais e meridionais da Amazônia. pagos aos prefeitos que administram populações residentes em
De outro lado, o conflito expressou-se pela áreas de lagos de hidrelétricas. No Pará, oito prefeituras das
modificação antrópica das paisagens e pela degradação cercanias da usina de Tucuruí recebem royalties proporcionados
progressiva dos ecossistemas naturais. Um "arco da pelo caudaloso Rio Tocantins: Novo Repartimento, Goianésia do
devastação", que apresenta notáveis sobreposições com o "arco Pará, Jacundá, Nova Ipixuna, Breu Branco, Tucuruí, Itupiranga e
de violência", assinala os vetores da ocupação recente do Marabá. As cotas-partes são distintas porque variam conforme
Grande Norte. Nos estados do Tocantins, Pará e Maranhão, a a extensão alagada.
devastação antrópica atinge formações de cerrados, da Floresta No caso da hidrelétrica de Tucuruí,
Amazônica e da Mata dos Cocais. No Mato Grosso e em diferentemente do que muitos pensam, quem recebe mais
Rondônia, manifestase com intensidade nos cerrados, na royalties da Eletronorte não é a Prefeitura de Tucuruí, mas, sim,
Floresta Amazônica e nas largas faixas de transição entre esses a de Novo Repartimento. Embora a casa de máquinas esteja no
domínios, onde se descortinam manchas de florestas com município que dá nome à usina (e, por isso, Tucuruí beneficia-se
babaçu. de milhões em taxas e impostos), a maior área alagada do
reservatório está em Repartimento são 1.441.30 km². Neste
USINA HIDROELÉTRICA DE TUCURUÍ município estão 41% da extensão do lago.

A Usina de Tucuruí está localizada no Rio


Tocantins, no município de Tucuruí, na mesorregião Sudeste do
Pará, (a cerca de 300 km ao sul de Belém), com uma capacidade
A Prefeitura de Tucuruí recebe 17,7% dos royalties
geradora instalada de 8.370 MW.
porque é com esse percentual de suas terras que o município
Concurso: CFP-PMPA- 2020 -3- Atualidades
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contribui para a formação do lago, 621,62 km². Marabá é o Europa. Mas ainda está longe de permitir a navegabilidade da
município que menos empresta terras, contribuindo apenas bacia do Araguaia-Tocantins, que drena 10% do território
com 43,57 km². (Observe acima, o mapa do lago e o quadro brasileiro, em seus 2,4 mil quilômetros de extensão.
abaixo, com a arrecadação dos oito municípios em 2018)

Pelo contrário: as duas eclusas vão tornar proibitiva a


navegação nesse trecho para as pequenas embarcações, que
fazem o transporte no baixo Tocantins. Para poder ter acesso
ECLUSAS DE TUCURUÍ aos elevadores hidráulicos e ao canal de concreto, com 5,5
Para viabilizar a navegação na Hidrovia Araguaia- quilômetros de extensão (percurso que será feito em uma
Tocantins é necessária a construção de sistema de transposição hora), a embarcação precisará contar com defensas para se
do desnível de 72 metros criado pela Hidrelétrica de Tucuruí, proteger das muralhas laterais das câmaras, que têm 140
através da construção de duas eclusas e um canal metros de extensão.
intermediário. Terão que dispor ainda de cabos de amarração para
Obstáculo, até então, decisivo ao desenvolvimento ficarem engatadas aos cabeçotes flutuantes e rádio do tipo VHF,
econômico da região, as barreiras naturais que impediam a necessário para a comunicação com o operador da eclusa. Só
precária navegação pelo Rio Tocantins foram submersas pelo farão a eclusagem as embarcações legalizadas junto à
reservatório criado pelo barramento de Tucuruí. Foi dado o autoridade marítima e cujo condutor seja aquaviário,
primeiro passo para a transformação do Araguaia-Tocantins em devidamente legalizado.
importante hidrovia, com futura capacidade de transporte A esmagadora maioria das embarcações em operação
prevista para 130 milhões de toneladas métricas por ano. As na região não atende a essas exigências e nem possui condições
obras de infra-estrutura iniciais desse sistema de transposição para preenchê-las, por seu custo, proibitivo para esse tipo de
foram executadas, juntamente com a construção da 1ª etapa negócio. As providências são necessárias para proteger tanto as
da usina hidrelétrica. embarcações que atravessarem o sistema de transposição como
O arranjo de transposição contém duas eclusas de as instalações das eclusas.
grande desnível, com 210m de comprimento e 33m de largura O problema é que ninguém pensou na navegação local,
cada uma, tendo 36,50m de desnível máximo operacional de nem no habitante nativo da área sob a influência da barragem,
navegação na de montante e 35m na eclusa de jusante, que é visto apenas como elemento decorativo da paisagem. O
situadas nas extremidades de um canal intermediário com objetivo é atender grandes e poderosos clientes, como os
5,5km de extensão e largura mínima de 140m na base, e é mineradores e os produtores de grãos.
essencialmente formado por um longo dique à direita no
sentido de montante para jusante. Este canal permitirá Hidrelétrica de Tucuruí recebe autorização para operar eclusas
manobras de comboio e tornará a operação de uma eclusa A Agência Nacional de Águas (ANA) concedeu nesta
independente da outra. sexta-feira a outorga para direito de uso da água para a
A eclusa de montante terá uma porta tipo mitra (um operação das eclusas da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Rio
par de folhas) a montante e uma porta guilhotina, com Tocantins (PA), na divisa dos municípios de Tucuruí e Breu
contrapesos, a jusante, com 33m de vão livre e 23,5m de Branco. A autorização foi publicada no “Diário Oficial da União”.
altura, ambas. A eclusa de jusante terá duas portas tipo mitra, BRASÍLIA – A Agência Nacional de Águas
com 33m de vão livre e altura de 7,50m e 42m, (ANA) concedeu nesta sexta-feira a outorga para direito de uso
respectivamente a montante e jusante. da água para a operação das eclusas da usina hidrelétrica de
Tucuruí, no Rio Tocantins (PA), na divisa dos municípios de
ECLUSAS DE TUCURUÍ: caminho de saída Tucuruí e Breu Branco. A autorização foi publicada no “Diário
Por Lucio Flavio Pinto* Brasil 25/4/2011 Oficial da União”.
Quatro meses depois de inaugurado, o sistema de As eclusas, inauguradas em novembro de 2010, foram
transposição da barragem da hidrelétrica de Tucuruí ainda é um construídas para permitir a navegabilidade pelo rio após a
mistério para os paraenses, que esperaram durante quase 30 construção da barragem da hidrelétrica, que criou um desnível
anos pela conclusão da obra. Seu custo é impressionante: R$ 1,6 de 72 metros. As duas eclusas são interligadas por um canal
bilhão. intermediário com 5,5 quilômetros de extensão e 140 metros de
Equivale à maior obra de engenharia hidráulica do largura.
mundo: as duas portas de aço que protegem das grandes cheias As estruturas são as primeiras da hidrovia Araguaia-
do Mar do Norte o porto de Rotterdam, na Holanda, o maior da Tocantins. A obra permite a navegação entre o Centro-Oeste e o

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Norte do país e deverá ser utilizada como rota de escoamento
de grãos e minérios.
De acordo com a ANA, as eclusas de Tucuruí são as
maiores do país, com capacidade para 32 operações por dia.
Valor Online — publicado 19/08/2011 última modificação 15/03/2019

OBRA DO DERROCADA DO PEDRAL DO LOURENÇO DEVE


COMEÇAR EM 2020

Fonte 23/10/2019: https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-


marinha/derrocamento-do-pedral-de-lourenco-deve-comecar-em-2020-preve-dnit

USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE


A Usina de Belo Monte está localizada na famosa Volta
Grande do Rio Xingu, no município de Altamira, na mesorregião
sudoeste do estado Pará. Sua potência instalada é de 11233
MW mas, tem uma produção anual média de 4500 MW, o que
representa aproximadamente 10,0% do consumo nacional. A
usina de Belo Monte é a quarta maior hidrelétrica do mundo,
atrás apenas das chinesas Três Gargantas (20300MW) e Xiluodu
(13800MW) e da brasileira/paraguaia Itaipu (14000 MW), sendo
a maior usina hidrelétrica inteiramente brasileira.

A obra de derrocamento do Pedral do Lourenço,


licitada em 2016 no valor de 520 milhões , e que permitirá a
navegabilidade do Rio Tocantins, está prevista para iniciar no
final de 2020. A informação foi dada pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), durante 11º
Seminário Internacional de Transporte e Desenvolvimento
Hidroviário Interior, realizado nesta terça-feira (22), em
Brasília. O valor do contrato para a realização da obra é de R$
656 milhões, a ser executado pelo consórcio DTA O’ Martins.
Atualmente o empreendimento está entrando na fase do
projeto executivo de engenharia e da finalização dos estudos
ambientais. A obtenção do licenciamento prévio concedido pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais O reservatório da usina tem uma área de 478 km². Seu
Renováveis (Ibama) deve sair no primeiro semestre do próximo custo foi estimado pelo Consórcio Norte Energia em 26 bilhões
ano. de reais. O contrato de concessão foi assinado em agosto de
2010 e as obras iniciaram em fevereiro de 2011. O início de
operação da primeira turbina ocorreu em abril de 2016 e
somente em novembro de 2019, foi acionada a última turbina
da usina, dando início à plena operação do empreendimento
que pode atender até 60 milhões de consumidores de 17
estados, ao final das obras, Belo Monte havia exigido cerca de
R$ 40 bilhões de reais em investimentos públicos e privados.
Desde seu início, o projeto de Belo Monte encontrou
forte oposição de ambientalistas brasileiros e internacionais, de
algumas comunidades indígenas locais e de membros da Igreja
Católica. Essa oposição levou a sucessivas reduções do escopo
do projeto, que originalmente previa outras barragens rio acima
e uma área alagada total muito maior. Em 2008, o CNPE decidiu
que Belo Monte seria a única usina hidrelétrica do Rio Xingu.

Concurso: CFP-PMPA- 2020 -5- Atualidades


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A FAMOSA VOLTA GRANDE DO RIO XINGU E AS TERRAS  Patrimônios históricos tais como Pinturas Rupestres e
INDIGENAS ossos de dinossauros ficarão perdidos para sempre
embaixo das águas.
 Trechos onde antes os índios navegavam agora
poderão ficar inacessíveis por causa das represas.
 Centenas de Quilômetros da Floresta Amazônica vão
ter que ser cortados para que o lago da Hidrelétrica de
Belo Monte possa ser enchido.
 Haverá muito Impacto Ambiental no curto prazo.

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
A construção de grandes hidrelétricas na Amazônia tem
sido apresentada como indispensável para garantir o
crescimento do país. No entanto, exemplos recentes de
instalação dessas usinas na maior floresta tropical do mundo
estão mostrando que, na realidade, elas não passam de uma
falsa solução – e estão longe de ser limpas ou sustentáveis.
Vantagens da Usina Hidrelétrica de Belo Monte Inundação de áreas imensas com sérios impactos
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai trazer as seguintes ambientais, atropelamento de direitos humanos, impactos
vantagens: profundos na biodiversidade e nas comunidades tradicionais,
 Produção de mais de 11.000 MW de Energia Elétrica é migrações e crescimento urbano desordenado, denúncias de
essencial do ponto de vista de Engenharia Elétrica para superfaturamento, etc. São alguns exemplos que têm
evitar futuros apagões e garantir o crescimento da caracterizado a construção de hidrelétricas na região. Além de
Economia. todos esses problemas, as usinas instaladas em áreas de floresta
 A energia gerada é suficiente para abastecer as casas tropical emitem quantidades consideráveis de gases de efeito
de 26 milhões de pessoas, uma população equivalente estufa – dióxido de carbono e metano – como resultado da
a área Metropolitana de São Paulo. degradação da vegetação alagada e do solo. Com todos esses
 A Energia Hidrelétrica é abundante, barata e limpa, impactos na balança, é impossível classificar as hidrelétricas
uma excelente opção se comparada as Usinas como energia limpa, a geração é considerada limpa, mas a obra
Nucleares (que são caras e perigosas) ou então as como um todo é geradora de impactos sociais e ambientais.
Usinas a Carvão, Petróleo e Gás (que são poluentes).
Governo inaugura Belo Monte e dá a largada para a construção
 Os índios da região vão ter uma fonte de energia mais de novas hidrelétricas
barata e mais ecológica. O governo federal pretende dar sinal verde para a
 Novas Linhas de Transmissão vão tornar o Sistema construção de novas usinas hidrelétricas. A informação é do
Energético Brasileiro mais eficiente segundo Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ao discursar
profissionais de Engenharia Elétrica. na solenidade de inauguração da Usina Hidrelétrica de Belo
 O lago da Hidrelétrica de Belo Monte pode servir para Monte, ocorrida hoje, 27, em Vitória do Xingu/PA. O presidente
criação de Fazendas de Peixes. Jair Bolsonaro esteve presente à inauguração, que foi marcada
 A usina de Belo Monte vai gerar muitos empregos na pelo acionamento da última unidade geradora, a 18ª Unidade
região, entre eles Engenheiros Elétricos e Técnicos de Geradora da Casa de Força Principal da Usina, que assegura
todo tipo. 11.233,1 megawatts (MW) de capacidade instalada, a maior
 O impacto ambiental das árvores cortadas para o lago hidrelétrica 100% brasileira.
será compensado a longo prazo pela geração de “Os investimentos realizados para a implantação de
energia mais limpa que emite menos carbono. Belo Monte movimentaram a economia local e nacional.
 Haverá muita Compensação Ambiental no longo prazo. Continuaremos a trabalhar juntos com os demais ministérios,
estados, municípios e órgãos envolvidos para construir novas
Desvantagens da Usina Hidrelétrica de Belo Monte
usinas hidrelétricas, que, a exemplo desta, trazem segurança
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai trazer as seguintes
para o sistema elétrico, energia limpa, barata e de qualidade
desvantagens:
para garantir o desenvolvimento regional e nacional”, anunciou
 A criação do enorme lago da usina de Belo Monte vai
o Ministro.
inundar várias cachoeiras e trechos onde os peixes se
Bento Albuquerque, que considera a conclusão da
reproduzem, obrigando estes animais a procurar
hidrelétrica um marco histórico para o País, falou sobre os
outros lugares afastados.
desafios e superações enfrentados ao longo da construção:
 O lago também influenciará pássaros e animais tais “deste gigantesco empreendimento de engenharia, que possui
como macacos que vivem nas árvores da região. 11.000 (onze mil) MW de geração de energia limpa e renovável,
 A diminuição da oferta de peixes e grandes animais que se somam à nossa matriz de energia elétrica, considerada a
terrestres vai reduzir a oferta de carne na dieta dos mais limpa e diversificada”.
índios, como alternativa terão de ir caçar mais longe. Ele destacou que, para transmitir a energia de Belo
 O lago poderá inundar algumas aldeias indígenas, Monte para os centros consumidores, foram construídas as
algumas das quais existem a centenas de anos. maiores linhas de transmissão do País, em que uma delas é a
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segunda mais longa do mundo, conectando o Pará ao Rio de rio Xingu, foi concebido à fio d’água, uma tecnologia moderna e
Janeiro e a Minas Gerais. Em sua fala, também salientou que a preservacionista que atende aos mais rígidos princípios de
produção de energia de Belo Monte representa 7% da sustentabilidade, respeitando o meio ambiente e as
capacidade total da produção brasileira. “Com todas as comunidades do entorno.
unidades geradoras da usina funcionando simultaneamente, ela Junto com o reservatório Intermediário, a área alagada
é capaz de suprir 10% da demanda do mercado nacional”, do empreendimento totaliza 478 quilômetros quadrados –
afirmou, entusiasmado, o Ministro. considerada pequena se comparada à área alagada por outros
empreendimentos hidrelétricos e à capacidade instalada da
Benefícios sociais e redução de impactos ambientais usina. Ambos os reservatórios estão situados entre os
Bento Albuquerque enalteceu os diversos benefícios municípios de Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu. A área de
advindos da construção de Belo Monte, como a geração de mais abrangência da usina ainda contempla outros dois municípios:
de 30 mil empregos diretos e da realização de mais de 5 mil Anapu e Senador José Porfírio.
ações socioambientais nos municípios da região, com aplicação Fonte: Ministerio das Minas e Energia em 27/11/2019
de mais de R$ 6 bilhões. “Durante toda a obra e, de agora em
diante, por toda a operação, os programas socioambientais A NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA NA AMAZÔNIA
continuarão sendo executados, fiscalizados e acompanhados A Fronteira agrícola amazônica é uma área de
pelos órgãos ambientais, sempre buscando reduzir impactos ocupação e extensão de atividades ligadas à agropecuária na
sobre o meio-ambiente e maximizar os resultados para a Amazônia legal brasileira. A fronteira abrange áreas do norte,
sociedade”, ressaltou. nordeste e centro-oeste brasileiro. No meio acadêmico pode ser
O Ministro concluiu sua fala externando sua alegria e conhecida como Arco do Desmatamento ou Desflorestamento,
satisfação com a inauguração de Belo Monte. “Vejo que somos em função da intensa atividade predatória existente na
testemunhas de mais um capítulo de prosperidade, que contou fronteira.
com a visão estratégica, a concepção de uma política energética Embora sua característica fortemente econômica, a
de estado, criada há mais de 40 anos, com o uso da cultura da fronteira influenciou os mais diversos fatores sociais,
nossa academia, da nossa engenharia, da nossa indústria e da demográficos, políticos e até mesmo culturais.
capacidade de empreendimentos nacionais”, declarou. “Destaco A ocupação da fronteira agrícola amazônica começou
e enalteço – concluiu -, especialmente, os esforços, a historicamente com a abertura da rodovia Belém-Brasília. Esta
competência e a bravura de todos que trabalharam direta e foi a primeira via rodoviária de ocupação da região. Ao lado da
indiretamente para a realização dessa obra magnífica, por todo rodovia pequenos agricultores foram paulatinamente se
e qualquer aspecto que seja considerado”. assentando e ocupando porções de terra. Aos poucos os
primeiros núcleos urbanos foram surgindo, dando os contornos
Belo Monte – História (Fonte: Norte Energia) da atual ocupação.
Instalada no rio Xingu, Belo Monte aumentou Os marcos históricos maiores da ocupação da fronteira
significativamente a eficiência, bem como conferiu maior agrícola amazônica se deram com a instalação das demais
proteção social e ambiental por meio de medidas como a rodovias na década de 1970: a Transamazônica, Cuiabá-
redução da área alagada, passando de 1.225 para 478 km². Santarém e Cuiabá-Porto Velho. Neste período iniciou-se um
Esta gigante do setor elétrico brasileiro é composta por intenso processo de migração de sulistas e nordestinos para a
duas Casas de Força, onde estão instaladas 24 Unidades região amazônica. Em pouco tempo as áreas adjacentes destas
Geradoras (UGs). Na Casa de Força Principal são 18 Unidades de rodovias estavam densamente povoadas.
611,11 MW, sendo que cada uma delas é capaz de gerar energia A fronteira inicialmente centrava-se numa economia de
para alimentar uma cidade com 1,5 milhão de habitantes. Na pequena lavoura e de extração e venda de madeira não
Casa de Força Complementar estão outras seis Unidades processada. A extração e venda da "madeira em tora" foi a
menores, com 38,85 MW cada. principal atividade econômica da região por mais de duas
Belo Monte é classificada como uma “usina a fio décadas, até quase a exaustão dos recursos vegetais na região.
d’água”*, e conta com dois reservatórios interligados por um Verdadeiras cadeias industriais e cidades surgiram da atividade
Canal de Derivação com 20 quilômetros de extensão. Este novo madeireira. Atualmente toda a cadeia da madeira está
arranjo garantiu que nenhuma terra indígena fosse alagada pelo estagnada, reservando-se a uns poucos locais de extração e
empreendimento. O Reservatório Principal possui 359 km2, beneficiamento.
sendo que 228 km2 já eram a própria calha do rio Xingu. Já o Na década de 1990 migra para a fronteira as atividades
Reservatório Intermediário abrange 119 km². ligadas ao plantio em larga escala (agrobusiness) de soja e
O complexo hidrelétrico conta com outras duas milho. A ocupação da fronteira pela soja e pelo milho deu novos
importantes estruturas no rio Xingu, ao lado da Casa de Força contornos a região, que passou a receber grandes investimentos
Complementar: o Sistema de Transposição de Peixes (STP) e o em logística e relativa oferta de capitais.
Sistema de Transposição de Embarcações (STE). Localizado na Paralelamente a extração madeireira e ao plantio de
margem esquerda do rio Xingu, o STP possui 1,2 mil metros e soja e milho, a atividade pecuária cresce de forma vertiginosa
permite a migração dos peixes através do barramento. Já o STE, na região Amazônica, acompanhando pari passu a expansão da
na margem direita, está em uso desde 2013 e garante a fronteira agrícola. A região chega a ser conhecida por ter "mais
navegabilidade entre a Volta Grande do Xingu e o trecho à cabeças de gado que pessoas".
montante da barragem. A fronteira agrícola amazônica influenciou não
Com o intuito de reduzir o impacto ambiental, o somente em fatores demográficos ou econômicos, mas também
reservatório Principal do empreendimento, formado na calha do deixou uma forte e distintiva marca em questões culturais. O
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exemplo disto é a singular diferença que há entre os costumes ecossistema da floresta equatorial na Amazônia Legal. O
de vestimenta, música, dialeto, culinária e visão de espaço e crescimento do desmatamento no estado de Mato Grosso nesta
tempo entre as principais capitais da região, Manaus e Belém, e última década está direta ou indiretamente relacionado com
a região da fronteira agrícola amazônica. esta expansão, embora, esteja relacionado principalmente, à
Em fatores musicais por exemplo, há uma clara expansão da pecuária e à grilagem das terras públicas na
preferência por ritmos como o forró e o sertanejo em fronteira amazônica.
detrimento do brega e do carimbó, ritmos tradicionais do vale
amazônico. A PECUÁRIA AMAZÔNICA E PARAENSE
A diferença mais marcante em relação á cultura da Até a década de 1970, a criação de gado bovino na
fronteira diz respeito ao seu modo de falar (ou dialeto). Devido Amazônia – leiteiro e de corte – para consumo regional
a intensa migração de goianos, mineiros, maranhenses, desenvolveu-se em poucas áreas de pastagens naturais,
paulistas, paranaenses e gaúchos, o dialeto local tornou-se uma formadas pelos cerrados e campos. Porém, a partir desse
mescla dos dialetos falados por cada um destes imigrantes. período, começaram a se instalar na região poderosas
No meio acadêmico é conhecido por dialeto da serra empresas agropecuárias, que substituíram grandes trechos de
amazônica (em alusão à localização da fronteira agrícola, nas floresta por pastos cultivados.
partes mais altas da Amazônia) ou do arco do desflorestamento. A pecuária dessas novas áreas é extensiva e destinada
Este dialeto é muito próximo dos dialetos nordestino, caipira e ao corte. O gado é criado solto nos pastos. A atividade
sertanejo, e muito diferente daquele falado no restante da apresentou grande crescimento, passando de pouco mais de
Amazônia. 1,7 milhão de cabeças de gado em 1970 para
aproximadamente 24 milhões em 2000.
O AVANÇO DA SOJA

No rebanho da Região, destaca-se também a criação


de búfalos. Introduzida nos campos inundados da ilha de
A expansão do cultivo da soja no Brasil em direção à Marajó no início do século, recentemente passou a ocupar
Amazônia tem gerado discussões e polêmicas quer entre os outras áreas do estado do Pará. O rebanho de búfalos da
pesquisadores, quer entre os militantes de ONGs e quer entre Região Norte representa mais de 60% do total nacional. Os
os políticos. Muitas vezes este debate vem desprovido de uma rebanhos suíno e eqüino são pequenos na Região.
compreensão profunda e consistente do significado da Nas últimas décadas a pecuária da Amazônia teve um
expansão da produção de soja no Brasil e no cone sul da grande incremento, atraídos principalmente pelo baixo custo
América. O comportamento do mercado mundial é fundamental da terra a região viu a produção pecuária explodir, atualmente
para que se compreenda, simultaneamente, o crescimento das o Estado do Pará, é possuidor do 5º maior rebanho bovino do
demandas internas e externas desta commodity em um País, com mais de 20 milhões de cabeças(2014) e em
mercado mundializado. A sua análise demonstra que há um crescimento acelerado, o que representa aproximadamente 10
crescimento maior das exportações de soja do Brasil em relação % do rebanho nacional, curiosamente São Felix do Xingu com
ao crescimento do consumo no mercado interno. Este processo mais de 2 milhões de cabeças abriga o maior rebanho
está relacionado à relativa estagnação da produção norte- municipal do Brasil, o que equivale a 1% do total nacional, a
americana e o crescimento do consumo pela China e pela União criação de gado na Amazônia apresenta uma pecuária de corte
Européia. Outro ponto importante estudado é a construção de baseada em pastagens cultivadas e até considerada de boa
uma nova geografia da soja no território brasileiro. A expansão produtividade, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste do
da soja em direção ao ecossistema do cerrado na região Centro estado. Mantido o crescimento relativo atual, em alguns anos,
Oeste e Nordeste do país, gerou uma nova logística de o Pará deverá ser detentor do maior rebanho bovino do País.
transportes e a implantação de unidades de empresas Um rebanho bovino de mais de 20 milhões de cabeças
multinacionais de comercialização e industrialização de grãos, contrastando com uma população humana de 7 milhões de
que alterou profundamente o desenho geográfico da agricultura habitantes predestinam o Estado do Pará a
brasileira. Novas rotas, novas estratégias de transportes ser o maior exportador de carne bovídea, do País.
compõe a infraestrutura que articula sistemas modais O estado do Pará se destaca com a exportação de
articulados de hidrovias, ferrovias, rodovias e portos. Aborda-se gado vivo respondendo por 98% das vendas do país, esse dado,
também, a relação entre a expansão da soja e sua presença no
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só reforça o baixo nível de verticalização da cadeia produtiva denominadas de enclaves tecnológicos, como o Projeto Grande
do nosso estado. Carajás.
EXPLORAÇÃO DAS RIQUEZAS MINERAIS O PROGRAMA GRANDE CARAJÁS
O PGC assinalou uma inflexão na economia e na
organização do espaço geográfico no leste do Pará e no oeste
do Maranhão (fig. 3). As grandes obras de infra-estrutura
construídas em poucos anos — a E. F. Carajás (através de 890
quilômetros), o Porto de Itaqui (capaz de receber graneleiros
de até 280 mil toneladas, em São Luís) e a hidrelétrica de
Tucuruí (no Rio Tocantins) — atraíram significativos fluxos
migratórios e geraram o surgimento de diversos núcleos
urbanos.
No coração do PGC estão as instalações de extração
dos minérios, o terminal ferroviário de carga e os núcleos
urbanos da Serra dos Carajás. A Vila de Carajás, no topo
da serra, foi projetada para abrigar os funcionários da CVRD.
Paraupebas, no sopé da serra, foi projetada para servir de
residência à mão-de-obra temporária: os trabalhadores braçais
A importância da mineração tende a crescer cada vez que construíram os dois núcleos e as estradas de acesso.
mais na Amazônia. Estudos recentes, com o levantamento dos A estrutura urbana dupla tinha a função de isolar o
recursos minerais da região, demonstraram haver abundância topo da serra, retendo na parte de baixo os fluxos migratórios.
de ferro, ouro e manganês, além de boas possibilidades de se Nesse quadro, a Vila de Carajás consolidou-se como verdadeira
encontrar cobre, níquel, bauxita e até petróleo e gás natural. cidadela, guardada por um posto da Polícia Federal e uma
Nesse aspecto, destaca-se na região a serra dos portaria da CVRD.
Carajás, província mineral localizada ao sul de Belém que No sopé, ao lado do núcleo de Paraupebas, planejado
encerra grandes jazidas de vários tipos de minério, para 5 mil habitantes, os fluxos migratórios impulsionaram o
principalmente ferro. Ao sul de Carajás está Serra Pelada, onde crescimento espontâneo do povoado de Rio Verde, que já
se viveu a febre do ouro nos anos 1980, ainda existe ouro por abriga mais de 20 mil habitantes.
lá.
No Amapá, desenvolve-se uma atividade mineradora já
tradicional na região: a extração do manganês da serra do
Navio, exportado pelo porto de Santana, em Macapá.
Praticamente todo o manganês, foi exportado para os Estados
Unidos, e a empresa exploradora, a Icomi (Indústria e Comércio
de Minérios S.A.), divide 49% de suas ações com a poderosa
empresa norte- americana Bethlehem Steel. Em Rondônia
explora-se a cassiterita (minério de estanho), extraída em áreas
próximas à cidade de Porto Velho. No projeto Jari explora-se o
Caulim. (Observe o mapa esquemático na página anterior)

CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA A CONSOLIDAÇÃO DA


MINERAÇÃO NA AMAZÔNIA
No contexto da década de 70/80,
desencadeou-se um processo de transformações das bases O Projeto Ferro Carajás é a ponta de lança do PGC.
produtivas do capitalismo industrial. Estas transformações Gerenciado pela CVRD, ele produz cerca de 35 milhões de
estão relacionadas aos reflexos da crise do petróleo de 1973, toneladas anuais de minério, exportadas principalmente para o
pois ocasionaram a priorização de setores de alta tecnologia Japão. Ao longo da ferrovia, foram aprovados diversos projetos
nos países desenvolvidos como, a robótica, a informática, a de instalação de indústrias siderúrgicas primárias, de ferro-gusa
microeletrônica, a biotecnologia em detrimento de bases e ferro-ligas. Assim, embrionariamente, aparecem núcleos
produtivas para os países periféricos. A transferência dessas industriais nas áreas de Marabá (PA), nas proximidades das
bases produtivas para os países periféricos relaciona-se ao reservas de matérias-primas, e da Baixada Maranhense, nas
barateamento dos custos de mão-de-obra barata e incentivos proximidades do Porto de Itaqui.
fiscais como na Amazônia. Esses projetos beneficiam-se dos vastos excedentes
O governo federal, sentindo os reflexos da crise do regionais de mão-de-obra, inicialmente atraídos pelas grandes
petróleo, assume um papel mais empresarial no que se refere á obras de infra-estrutura e que hoje demandam empregos.
organização e à ocupação do espaço amazônico; implantando Contudo, na falta de adequado planejamento dos impactos
grandes projetos minero-metalúrgicos. Portanto, o Estado ambientais, tendem a gerar inúmeros focos de poluição doar e
brasileiro passa a direcionar os investimentos na Amazônia dos rios. Além disso, em virtude da opção pelo uso de carvão
associados ao capital estrangeiro, através da criação de áreas vegetal para queima nos fornos siderúrgicos, a implantação dos

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núcleos industriais previstos deve acarretar aceleração do configuraram espaços isolados, servidos por redes viárias e
desflorestamento. núcleos urbanos especializados.
O Projeto dos Pólos de Alumínio é outra face do PGC. A Serra do Navio localiza-se na área central do Amapá.
Os centros de transformação industrial da bauxita em alumina As suas grandes jazidas de manganês foram descobertas na
e alumínio localizam-se em Barcarena, nas proximidades de década de 1950, sob controle da Indústria e Comércio de
Belém, e em São Luís, na área do PGC . A usina de Tucuruí Minérios S. A. (Icomi), um consórcio entre a transnacional norte-
fornece as quantidades de energia elétrica necessárias para americana Bethlehem Steel e uma empresa nacional do Grupo
essa transformação. Azevedo Antunes. Para viabilizar as exportações do minério, o
As fontes de abastecimento de bauxita, descobertas consórcio construiu a E. F. Amapá e o Porto de Santana, nos
em 1966 pela transnacional canadense Alcan, localizam-se fora arredores de Macapá (fig. 4). As suas atividades estruturaram-se
da área do PGC, na Serra de Oriximiná, no baixo vale do Rio em torno dos núcleos planejados de Serra do Navio, junto às
Trombetas (reveja a figura 4). Em 1975 foi criada a Mineração jazidas, e de Vila Amazonas, junto ao porto. O enclave da Icomi
Rio do Norte (MRN), um consórcio entre a CVRD, a Alcan, a tornou-se o núcleo dinâmico da economia do Amapá.
anglo-holandesa Billiton-Shell Metais e a Companhia Brasileira
de Alumínio, do grupo nacional Votorantim.
A MRN produz cerca de 6 milhões de toneladas anuais
do minério. Seu pólo de exploração abrange a jazida, um porto
fluvial no Rio Trombetas e a usina de beneficiamento situada
junto ao porto. Os minérios seguem, através do Rio Amazonas,
para as usinas de Barcarena. Na área de extração e
beneficiamento inicial do minério, a empresa previu a princípio
construir uma bacia artificial para despejo dos rejeitos.
Contudo, essa opção foi considerada custosa e abandonada. O
lançamento dos rejeitos numa lagoa natural, o Lago da Batata,
provocou assoreamento de mais de um quinto de sua extensão
por material altamente poluente.

O PROJETO JARI E MANGANÊS NA SERRA DO NAVIO Em quatro décadas, o consórcio extraiu e exportou a
O Projeto Jari, implantado pelo milionário norte- quase totalidade do minério de alto teor metálico que aflorava
americano Daniel Ludwig em 1967, ocupa área de 1,6 milhão na superfície e mais da metade do total da reserva. Os altos
de hectares. O seu objetivo inicial consistia em integrar custos de exploração do minério restante e a queda dos preços
verticalmente atividades florestais, agrícolas, minerais e no mercado internacional levaram a transnacional a abandonar
industriais. No início da década de 1980, em dificuldades o consórcio. Atualmente, a Icomi direciona seus investimentos
financeiras, foi vendido para um consórcio de mais de duas para a extração, beneficiamento e exportação do minério de
dezenas de grupos empresariais nacionais. cromo da Mina do Vila Nova, em Mazagão, nas proximidades do
O enclave — com aeroporto, porto fluvial no Rio Jari, Porto de Santana.
junto à boca norte do Rio Amazonas, e rede viária própria —
estrutura-se em torno dos núcleos urbanos de Almeirim (PA) e AS COMPANY TOWNS
Laranjal do Jari (AP). A Companhia Florestal Monte Santo A singularidade dos grande projetos como enclaves
desenvolveu atividades de silvicultura e produção industrial de manifesta-se, de modo agudo, no tipo particular de núcleos
celulose. A Caulim Amazônia extrai o caulim, utilizado para o urbanos que geraram: as company towns. Esses núcleos
branqueamento da celulose e exportado. A São Raimundo planejados — Vila de Carajás e Paraupebas, Oriximiná, Laranjal
Agroindustrial cultiva arroz em terras de várzea e cria búfalos do Jari, Serra do Navio e Vila Amazonas — contrastam com a
nos campos inundados. urbanização regional, marcada pelo inchaço das periferias, a
favelização e a precariedade dos serviços públicos e das infra-
estruturas de saneamento básico. Mas os enclaves funcionam
como imas, atraindo excedentes populacionais e, muitas vezes,
gerando depósitos de mão-de-obra de reserva em povoados
contíguos, que crescem desordenadamente no limiar das áreas
protegidas. Assim surgiram Rio Verde, junto a Paraupebas, e o
povoado miserável do Beiradão do Jari.
CASSITERITA
Também na década de 1950 teve início, em Rondônia,
a exploração de cassiterita, da qual se extrai o estanho,
utilizado principalmente na fabricação de latas de conserva. A
Os grandes projetos da Amazônia Oriental princípio, esse minério era extraído por meio do garimpo, e só
organizaram-se econômica e geograficamente como enclaves. a partir dos anos 1970 a exploração passou a ser feita e modo
Do ponto de vista econômico, são empreendimentos de industrial. Atualmente, a produção brasileira de cassiterita
extração de recursos naturais que servem como matérias- concentra-se nos estados de Rondônia, Amazonas e Pará.
primas consumidas no exterior. Do ponto de vista geográfico, Fonte: Adaptado de IBGE, Atlas nacional do Brasil, 2010.

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Segundo o IBGE, quase um quinto da população
A LEI KANDIR E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA PARAENSE paraense é extremamente pobre. São exatos 1.432.188
A Lei Kandir, lei complementar brasileira nº 87 que habitantes no Estado, que residem em domicílios com
entrou em vigor em 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o rendimento menor ou igual a R$ 70,00 reais por mês. Desse
imposto dos estados e do Distrito Federal, nas operações total, cerca de 500 mil pessoas têm rendimento nominal
relativas à circulação de mercadorias e serviços (ICMS). A lei mensal domiciliar igual à zero.
Kandir isenta do tributo ICMS os produtos e serviços destinados A Lei Kandir causou perdas importantes na
à exportação. A lei pega emprestada o nome de seu autor, o arrecadação de impostos estaduais, apesar de que o governo
ex-deputado federal Antônio Kandir. A Lei no artigo 3º diz: “O federal ficou comprometido em compensar tais perdas, as
imposto não incide sobre: operações e prestações que regras para esta compensação não ficaram tão claras e há um
destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários impasse entre o governo e os estados sobre este assunto. O
e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços. que ocorre é que o governo apenas estabelece valores parciais
O texto original da CF-88 estabelecia imunidade do para compensação e os lança no orçamento público da União.
ICMS apenas nas exportações de produtos industrializados. Os Estados são obrigados a indenizar as empresas do ICMS
Assim, a exportação de uma série de produtos semielaborados cobrado sobre insumos usados para as exportações. Parte
e de todos os produtos primários era tributada pelo ICMS, o destes recursos é repassada pela União, contudo, o repasse às
que, segundo expressiva parcela dos estudiosos da questão empresas é lento, pois os créditos que elas possuem muitas
fiscal, diminuiria a competitividade dos produtos nacionais. vezes são referentes a um ICMS pago sobre um insumo
Essa visão ganhou maior dimensão com a implementação do comprado em outro Estado. Estudo do TCE revela que Pará já
Plano Real, uma vez que a balança comercial brasileira passou a perdeu 21,5 bilhões. As autoridades paraenses
ser deficitária. O superávit comercial de US$10,4 bilhões, em resolveram se unir em torno daquele que é considerado o
1994, transformou-se em déficits de U$3,4 bilhões e US$5,6 maior gargalo financeiro sofrido pelo Estado: as perdas
bilhões em 1995 e 1996, respectivamente. Diante dessas causadas pela base de cálculo tributário da Lei Kandir e o seu
circunstâncias, o Deputado Antonio Kandir apresentou o PLP nº respectivo impacto nas contas estaduais relativos aos repasses
95/1996, que foi aprovado pelo Congresso Nacional, durante a não recebidos daquele que é o quarto maior estado exportador
sua gestão como Ministro do Planejamento do Governo de todo o país.
Fernando Henrique Cardoso, e transformou-se desde então na A pesquisa considera os valores recebidos pelo Pará
chamada “Lei Kandir”, substituindo o Decreto-Lei nº 406, de 31 neste período, em forma de ressarcimento e auxílio financeiro
de dezembro de 1968, diploma legal que estabelecia, até do Governo Federal, para concluir que a Lei Kandir produziu um
então, as principais regras de cobrança do ICMS. ônus de 21,5 bilhões de reais para o Estado em termos de
Assim a lei Kandir gerou perdas importante causadas arrecadação de ICMS sobre o setor exportador. “Esses recursos
pela base de cálculo tributário para uma unidade federativa do poderiam estar sendo utilizados, com certeza, em benefício do
Brasil do tamanho que é o Estado do Pará e que, é grande maior desenvolvimento do Pará, em segurança pública, saúde,
exportador de produtos primários. educação, construções de moradias, e no bem estar da sua
população” disse o presidente do TCE.
Um dos objetivos principais na criação da Lei Kandir
foi fomentar a economia do Brasil, deixando o valor do minério
mais competitivo no mercado internacional. O governo
exonerava o ICMS, mas compensava essa exoneração.
Nos primeiros anos de Lei Kandir, e exoneração e a
compensação formavam um casal perfeito, o estímulo na
economia estava funcionando, mas, com o passar dos anos
essa relação foi se desgastando. A compensação foi sendo
atrasada e consequentemente e Lei Kandir deixou de ser
cumprida.
Pelo o que se percebe ex-deputado Antônio Kandir,
autor da Lei, não levou em consideração a opinião dos Estados
Os dados do IBGE nos mostram que o Pará é o exportadores e maiores afetados com a Lei.
segundo maior estado do país com uma extensão de O Pará exporta por ano 17,4 milhões de toneladas de
1.248.042,515 km², dividido em 144 municípios (com a criação bauxita sendo o terceiro maior produtor do mundo, e esse é
de Mojuí dos Campos), está situado no centro da região norte e apenas um dos minérios extraídos do Estado. O Estado do Pará
tem como limites o Suriname e o Amapá a norte, o oceano é um dos maiores exportadores de minério do Brasil, e o ICMS
Atlântico a nordeste, o Maranhão a leste, é uma de suas maiores fontes de receita, o que afeta
Tocantins a sudeste, Mato Grosso a diretamente o desenvolvimento do Estado. Essa exoneração
sul, o Amazonas a oeste e Roraima e a Guiana a noroeste. O fiscal ao longo desses anos de existência da Lei Kandir além de
Estado é o mais populoso da região norte, contando com uma afetar diretamente o Estado do Pará, afeta também o equilíbrio
população de 7.321.493 habitantes. Sua capital, Belém, reúne do Pacto Federativo, que tem como objetivo manter o
em sua região metropolitana cerca de 2,1 milhões habitantes, equilíbrio socioeconômico e financeiro entre os estados da
sendo a maior população metropolitana da região Norte. Federação, diminuindo assim as desigualdades entre eles.

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O não cumprimento da Lei Kandir, já causou ao planejamento regional transformaram a Amazônia em um
Estado do Pará uma perda superior a 32 bilhões de reais, valor grande investimento de capital.
esse que poderia estar sendo investido em educação, saúde, e  Os grandes projetos e a construção de
no implemento de políticas públicas para a aceleração do rodovias atraíram para a Amazônia grandes fluxos migratórios
desenvolvimento do estado, dentre outros. provenientes do Centro-Sul e do Nordeste.
QUESTÃO AGRARIA E MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMAZÔNIA
Compreender a formação social da Amazônia e em
especial seus “movimentos” (movimentos sociais), é um
exercício crítico de compreensão histórica da região. Para tal, é
preciso ter clareza das diferentes intenções e dos diferentes
atores que ocupam a região. Neste caso a questão da terra, seja
posse ou propriedade é fundamental.
Assim temos de um lado, principalmente os
empresários, para quem a terra é fonte de lucro, de outro,
principalmente as populações tradicionais, para quem a terra é
fonte de vida, de sobrevivência. A partir desse entendimento
vamos entender os diferentes conflitos que permeiam essa
questão. Um embate entre aqueles que ávidos pelo lucro
causam impactos ambientais e aqueles que além de lutar pela
posse de suas terras, buscam também a proteção da Amazônia
e de seus ecossistemas, assim a luta dos movimentos sociais são Essa “conquista” da Amazônia desencadeou uma
vinculados a realidade ambiental da região. Nesse caso série de conflitos sociais envolvendo posseiros, grileiros,
devemos ter clareza que a formação econômica da Amazônia, empresários, jagunços, empreiteiros, peões e indígenas. O
passando pelo caráter colonial, explorador e predatório até resultado foi um grande número de mortos.
mesmos da ocupação recente com Grande Projetos • Posseiros são agricultores que cultivam pequenos
Agropecuários e Minerais, vai desencadear uma série de lotes, geralmente há muitos anos, mas não possuem o título de
conflitos, envolvendo suas populações urbanas, rurais, propriedade da terra. Eles têm a posse da terra, mas não os
tradicionais, indígenas, entre outros. Uma verdadeira trama documentos legais registrados em cartórios, que garantem a
envolvendo diversos atores sociais e, mais recentemente sua propriedade. São vítimas de fazendeiros e empresas.
observamos, estratégias de organização utilizadas por esses • Grileiros são agentes de grandes proprietários de
movimentos visando o enfrentamento a grandes projetos terras que se apropriam ilegalmente de extensas porções de
econômicos e infraestruturais em curso na região. terras, mediante a falsificação de títulos de propriedade. Com a
ajuda de capangas e jagunços, expulsam posseiros e índios das
No que diz respeito a Questão Agrária, nas últimas
terras. As terras “griladas” passam ao controle dos novos
décadas, o espaço amazônico, vem apresentando graves
“proprietários”.
problemas decorrentes de vários fatores, tais como:
• Empresários são pessoas ou empresas que
 O processo de integração da Amazônia frente
adquirem enormes extensões de terra na Amazônia, algumas
ao Centro-Sul brasileiro, a partir da década de 60, originando
vezes com títulos de propriedade duvidosos.
uma série de problemas conflituosos na região;
• Jagunços são homens armados, contratados por
 Os incentivos fiscais viabilizados pelo governo grileiros, empresários ou empreiteiros para patrulhar suas
federal que permitiram a concentração de terras nas mãos de terras e expulsar posseiros ou indígenas.
minorias privilegiadas (grandes empresas, fazendeiros, • Empreiteiros são pessoas que contratam os
latifundiários, etc.), atraídos por incentivos e créditos; trabalhadores para as grandes fazendas. São também
 A política oficial da Amazônia que criou, por chamados de “gatos” ou intermediários.
meio de estímulos ao fluxo migratório de “sem terras” para a • Peões são trabalhadores rurais, recrutados pelos
Amazônia já que, provocaram um processo de grilagem de “gatos”. Ganham baixos salários e, muitas vezes, trabalham
terra de maneira a garantir sua exploração, em virtude da sem carteira assinada, não se beneficiando dos direitos
descoberta de grandes jazidas minerais; trabalhistas. Eles se iludem com promessas de um
 A intensificação da grilagem de terras e as enriquecimento que nunca acontece e ficam sempre devendo
grandes extensões de terras cobiçadas por pessoas que ao patrão, não podendo deixar o emprego.
utilizam mecanismos fraudulentos, como a grilagem As estradas, como o eixo de Belém-Brasília e a
(falsificação de títulos de terras), para garantir a apropriação Transamazônica, atraíram posseiros e grileiros para a Amazônia
das mesmas; intensificando os conflitos em virtude da Oriental (“Bico de Papagaio”, o sudeste do Pará, o norte do
exploração e expropriação da população ali existente. Tocantins e oeste do Maranhão). Essas áreas se transformaram
 Projetos incentivados pela Sudam, voltados no principal foco de violência rural do Brasil, chamando a
para a exploração da madeira e agropecuária; atenção de organizações de direitos humanos. Os municípios
 Projeto Grande Carajás, destinado à extração dessa região ficaram conhecidos como centros de grilagem de
e exportação de minérios; terras.
 Usinas hidrelétricas que exploram o potencial As populações tradicionais constituem o setor mais
hídrico dos rios. As políticas responsáveis por esse frágil e mais prejudicado com essa ocupação da Amazônia. Os
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índios, por exemplo, são expulsos de suas terras pelos jagunços a formação da cordilheira dos Andes há 65 Ma, esse golfo
contratados por empresários, pelas hidrelétricas, pela fechado a oeste, se abre para leste pela captura de drenagem
derrubada da mata etc. A vida dos povos da floresta está ligada vinda do Atlântico, tendo o grande rio assim se formado (ver
à terra e, sem ela, os grupos se desorganizam. Com a teoria das placas tectônicas).
introdução da economia moderna, o meio ambiente sofre Sua origem explica o fato de o rio Amazonas
terríveis consequências, como a devastação da floresta por apresentar inclinação muito pequena. Em todo seu trajeto
empresas madeireiras, mineradoras, agrícolas e pecuaristas. inclina-se menos de cem metros; num trecho de 3 mil
Queimadas, desmatamentos, morte de índios, quilômetros em território brasileiro, a inclinação é de apenas
violência contra seringueiros e posseiros são fatos que 15 metros.
passaram a ser discutidos em todas as partes do planeta. A Durante muito tempo, considerou-se a
destruição da Amazônia e os seus conflitos sociais passaram a desembocadura do Amazonas na região de Belém. Hoje, o rio
ser condenados e o governo brasileiro passou a ter mais que banha a capital paraense (rio Pará) não é considerado
preocupação com a maior floresta equatorial do mundo. como foz do Amazonas, fazendo parte da Bacia Hidrográfica do
Tocantins. A foz do Amazonas está no lado ocidental da ilha de
A AMAZÔNIA COMO MANANCIAL DE ÁGUA Marajó. Isso faz com que a cidade de Macapá seja considerada
A bacia do rio Amazonas envolve todo o conjunto de a única capital banhada pelo rio. O volume d'água despejado
recursos hídricos que convergem para o rio Amazonas. Essa pelo rio é tão descomunal que a água do mar é doce por vários
bacia hidrográfica faz parte da região hidrográfica do quilômetros além da desembocadura. O rio Amazonas
Amazonas, uma das doze regiões hidrográficas do território descarrega no Oceano Atlântico 20% de toda a água doce que
brasileiro.[1] chega nos oceanos.
A bacia amazônica abrange uma área de 7 milhões de A bacia amazônica é formada pelo rio Amazonas e
quilômetros quadrados, compreendendo terras de vários seus afluentes. Estes estão situados nos dois hemisférios (no
países da América do Sul (Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, hemisfério norte e no hemisfério sul) e, devido a esse fato, o
Guiana, Suriname, Bolívia e Brasil). É a maior bacia de regime rio Amazonas tem dois períodos de chuvas, pois a época das
misto (pluvial e nival) do mundo. Sendo regime pluvial, que chuvas é diferente no hemisfério norte e no hemisfério sul.
deriva das águas das chuvas e nival que deriva do derretimento Rio Solimões
das geleiras dos Andes. O Rio Amazonas tem mais de 7 Mil O Rio Amazonas nasce na cordilheira dos Andes, no
afluentes, e possui 25 mil quilômetros de vias navegáveis. Peru. Possui 6.868 km, sendo que 3.165 km estão em território
De sua área total, cerca de 3,89 milhões de km² brasileiro. Sua vazão média é da ordem de 109.000 m³/s e
encontram-se no Brasil,ou seja, 45% do país, abrangendo os 290.000 m³/s na estação de chuvas. É um rio típico de planície,
estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, ele e muitos de seus afluentes são navegáveis, o que é muito
Pará e Amapá. importante para a população da Amazônia, que se serve do rio
A Bacia Amazônica representa 1/5 da água derramada como meio de locomoção.
no oceano por todos os rios do planeta. O rio é divido em três partes:
Formação  ainda nos países andinos, é chamado de rio Marañon
 ao entrar no Brasil, é chamado de rio Solimões
 ao receber as águas do rio Negro passa a ser chamado
de rio Amazonas
Seus divisores de águas são:[2]
 Escudo das Guianas, ao norte.
 Andes, a oeste.
 Escudo Brasileiro, ao sul.
A imagem de satélite mostra o complexo da Região
Hidrográfica do Amazonas, a maior bacia hidrográfica do
mundo.
A largura média do rio Amazonas é de
aproximadamente 5 quilômetros. Em alguns lugares, de uma
margem é impossível ver a margem oposta, por causa da
curvatura da superfície terrestre. No ponto onde o rio mais se
contrai – o chamado "Estreito de Óbidos" – a largura diminui
Mapa mostrando o trajeto do rio Amazonas, seus para 1,5 quilômetro e a profundidade chega a 100 metros.
principais afluentes e a área aproximada de sua bacia As terras amazônicas, como se disse, formam uma
hidrográfica. planície no sentido atual da palavra, ou seja, um território
A teoria mais aceita pelos geólogos é de que o rio formado pela sedimentação. Ao norte e ao sul essa planície é
Amazonas formou-se a partir de um grande golfo, que limitada pelos escudos das Guianas e Brasileiro,
originalmente se abria ao Oceano Pacífico. Com a separação do respectivamente. Uma divisão elementar das terras da bacia
super continente Pangeia há 130 Ma (particularmente, a amazônica permite classificá-las em:
quebra do Gondwana, o continente formado antes do Pangeia  igapó: terras muito próximas aos rios onde está
pela junção da África, América do Sul, Antártica, Arábia e sempre alagado apresentando árvores não muito altas
Austrália) o deslocamento da placa americana para oeste gera e rica em espécies vegetais;

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 várzeas: terras próximas ao rio, que são inundadas esquema para que o uso seja feito de forma equilibrada. Se
pelas enchentes anuais, ou mesmo diariamente; fizer errado, pode causar um desequilíbrio", disse.
 terras firmes: nunca são alagadas pelas enchentes. Mesmo com a água em abundância, Matos tem pouca
esperança de ver essa água abastecendo regiões secas, como o
AMAZÔNIA ABRIGA O MAIOR AQUIFERO DO MUNDO semiárido brasileiro. "O problema todo é que essa água não
Imagine uma quantidade de água subterrânea capaz tem como ser transportada para Nordeste ou São Paulo. Para
de abastecer todo o planeta por 250 anos. Essa reserva existe, isso seriam necessárias obras faraônicas. Não dá para pensar
está localizada na parte brasileira da Amazônia e é hoje em transportar isso em distâncias tão grandes", afirmou.
praticamente subutilizada.
Até dois anos atrás, o aquífero era conhecido como ECOLOGIA: IMPACTOS AMBIENTAIS, RESERVAS E PARQUES
Alter do Chão. Em 2013, novos estudos feitos por ECOLÓGICOS
pesquisadores da UFPA (Universidade Federal do Pará) As políticas territoriais amazônicas implementadas
apontaram para uma área maior e deram uma nova definição. depois da criação da Sudam nortearam-se pela meta
"A gente avançou bastante e passamos a chamar de geopolítica de "conquista" do Grande Norte. O planejamento
SAGA, o Sistema Aquífero Grande Amazônia. Fizemos um regional elaborado nesse contexto fundamentou-se num
estudo e vimos que aquilo que era o Alter do Chão é muito conceito distorcido de desenvolvimento, que estimula a
maior do que sempre se considerou, e criamos um novo nome acumulação de capital por grandes empresas e o uso
para que não ficasse essa confusão", explicou o professor do predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos
Instituto de Geociência da UFPA Francisco Matos. corredores de devastação ambiental e as vastas manchas de
Segundo a pesquisa, o aquífero possui reservas desflorestamento, assim como a poluição de rios e igarapés
hídricas estimadas preliminarmente em 162.520 km³ --sendo a pelos subprodutos do garimpo, são resultados das opções de
maior que se tem conhecimento no planeta. "Isso planejamento adotadas nesse período.
considerando a reserva até uma profundidade de 500 metros. As políticas amazônicas dissociaram a noção de
O aquífero Guarani, que era o maior, tem 39 mil km³ e já era desenvolvimento de seu conteúdo social. A abertura de
considerado o maior do mundo", explicou Matos. rodovias de integração e a implantação de grandes projetos
O aquífero está posicionado nas bacias do Marajó geraram intensos fluxos migratórios para a Amazônia, além de
(PA), Amazonas, Solimões (AM) e Acre --todas na região êxodo rural, esvaziamento demográfico de várzeas e igarapés e
amazônica--, chegando até a bacias subandinas. Para se ter urbanização desordenada. A exclusão social materializa-se no
ideia, a reserva de água equivale a mais de 150 quatrilhões de inchaço das periferias urbanas, nos povoados miseráveis
litros. "Daria para abastecer o planeta por pelo menos 250 nascidos junto a empreendimentos minerais e florestais e no
anos", estimou Matos. surgimento de populações itinerantes, que funcionam como
reservas de mão-de-obra.
O novo ciclo de obras viárias na Amazônia, projetadas
para reforçar o vetor que conecta Belém e São Luís ao Brasil
central e estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho,
ameaça reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e
ambientais do ciclo anterior. A alternativa consiste em redefinir
o sentido do planejamento regional, priorizando o
desenvolvimento social e a valorização dos ecossistemas
naturais. A geração de empregos e a exploração sustentável
dos recursos naturais são as metas a serem perseguidas por um
O aquífero exemplifica a má distribuição do volume planejamento regional renovado.
hídrico nacional com relação à concentração populacional. Na Um zoneamento Econômico e Ecológico
Amazônia, vive apenas 5% da população do país, mas é a região O planejamento regional da Sudam, subordinado à
que concentra mais da metade de toda água doce existente no sua finalidade geopolítica, baseou-se em estudos de pequena
Brasil. escala, inadequados para a definição das realidades sociais e
Por conta disso, a água é subutilizada. Hoje, o aquífero vocações ecológicas de áreas de médias e pequenas
serve apenas para fornecer água para cidades do vale dimensões. Mas um planejamento regional voltado para o
amazônico, com cidades como Manaus e Santarém. "O que desenvolvimento sustentável não pode abrir mão do
poderíamos fazer era aproveitar para termos outro ciclo, além reconhecimento dessas áreas e suas peculiaridades.
do natural, para produção de alimentos, que ocorreria por Atualmente, as imagens de satélite e as técnicas de
meio da irrigação. Isso poderia ampliar a produção de vários cartografia computadorizada fornecem os meios para a
tipos de cultivo na Amazônia", afirmou Matos. elaboração de estudos em média e grande escala, de modo a
Para o professor, o uso da água do aquífero deve produzir um zoneamento econômico e ecológico do imenso
adotar critérios específicos para evitar problemas ambientais. espaço amazônico. Ao mesmo tempo, a transformação da
"Esse patrimônio tem de ser visto no ciclo hidrológico Sudam em Agência de Desenvolvimento da Amazônia, decidida
completo. As águas do sistema subterrâneo são as que em 2001, reduz o poder dos governadores sobre as verbas
alimentam o rio, que são abastecidos pelas chuvas. Está tudo federais e abre um novo quadro institucional para o
interligado. É preciso planejamento para poder entender esse planejamento regional.

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A "conquista" da Amazônia deixou como herança um em diversas áreas amazônicas e aponta um caminho para a
mosaico complexo no qual vastas áreas de paisagens naturais reforma agrária na região.
quase intactas intercalam-se com zonas de garimpo com O incentivo ao extrativismo tem sentido social e
enclaves onde se situam os grandes projetos e com corredores ambiental, mas também pode proporcionar vantagens
de devastação. Um zoneamento econômico e ecológico econômicas. Os produtos naturais da floresta encontram novas
destina-se a elucidar a organização desse mosaico, criando e sofisticadas aplicações nas indústrias farmacêutica e de
bases para a seleção de políticas específicas para cada área. alimentos. Além disso, as universidades e institutos científicos
Um passo inicial consistiria em distinguir e cartografar, da Amazônia pesquisam técnicas adequadas para o cultivo de
nas escalas adequadas, os espaços de preservação (reservas espécies como a seringueira e a castanheira. Esses projetos
indígenas e unidades de proteção ambiental) e os espaços experimentais sugerem caminhos para a elaboração de
disponíveis para a valorização econômica. Um segundo passo modelos agrícolas a serem implantados em áreas degradadas
consistiria no planejamento das modalidades de uso do solo, dos corredores de ocupação.
das instalações de infra-estrutura viária e energética e do Há diversos exemplos de atividades agropecuárias
desenvolvimento urbano dos espaços disponíveis. sustentáveis no ecossistema amazônico. A produção da
Esse estudo revelaria com nitidez um vasto conjunto pimenta-do-reino, na Zona Bragantina do Pará, revitalizou-se
de áreas críticas produzidas pelas políticas territoriais aplicadas nas últimas décadas, após a substituição do sistema de
nas últimas décadas. Em alguns casos — como nos largos monocultura pelo cultivo intercalado com fruteiras, cereais e
corredores de ocupação de Rondônia, na Amazônia Ocidental, mandioca. A juta, introduzida nas áreas de Parintins, no
da Belém—Brasília e E. F. Carajás, na Amazônia Oriental —, a Amazonas, e Santarém, no Pará, adaptou-se aos solos das
justaposição de áreas críticas revela a necessidade de políticas várzeas alagadas do vale amazônico. O guaraná, o urucu, a
corretivas ousadas, tanto no plano social quanto no ambiental. malva e diversas frutas nativas, que eram produtos
exclusivamente de coleta, passaram a ser cultivados com
Produzindo na floresta sucesso.
Os projetos agropecuários e florestais incentivados A criação de búfalos no arquipélago de Marajó
pela Sudam priorizaram atividades predatórias, do ponto de contrasta com a pecuária bovina extensiva implantada de
vista ambiental, e pouco eficientes, do ponto de vista forma predatória no
econômico. Essas atividades — a pecuária extensiva e a sul do Pará. A pecuária bubalina que produz carne, leite e
extração madeireira — funcionaram como alavancas de um queijo — adaptou-se aos campos alagados marajoaras e, mais
violento processo de concentração fundiária, que constitui tarde, expandiu-se para as pastagens naturais das várzeas de
a principal raiz da pobreza regional. As prioridades de um inundação do Rio Amazonas, no Pará.
planejamento voltado para o desenvolvimento sustentável são Os horizontes do desenvolvimento sustentável não se
muito diferentes. limitam à coleta florestal e a algumas atividades agropecuárias.
A coleta florestal, ao lado da pesca, é a mais antiga O início da exploração das grandes jazidas de gás natural e
base da economia regional, fornecendo trabalho e renda para a petróleo, no interflúvio (divisor de águas) dos rios Juruá e
população. Na Amazônia Ocidental, nos estados do Amazonas, Purus, evidenciou que o aproveitamento em grande escala de
do Acre e de Rondônia, a extração da borracha nativa recursos do subsolo não precisa repetir os modelos do passado
continuou a ser um dos fundamentos da subsistência das recente.
populações ribeirinhas. Outros produtos da floresta, coletados No coração da Floresta Amazônica, na Província
tradicionalmente, são a castanha-do-pará, a malva, o urucu, o Petrolífera de Urucu, a 650 km a sudoeste de Manaus a
guaraná, o cacau e várias frutas silvestres como o açaí, o Petrobrás construiu a Base de Operações Geólogo Pedro de
cupuaçu, a pupunha e o bacuri. A economia extrativa Moura e desenvolve atividades de exploração e produção de
assegurou a conservação dos ecossistemas e da sua petróleo e gás natural. Nos locais de implantação das infra-
biodiversidade em áreas povoadas há muitas gerações. estruturas operacionais, a estatal não ergueu uma cidade nova,
A "conquista" recente da Amazônia e o preferindo criar instalações provisórias em Carauari e uma base
desflorestamento dos corredores de ocupação removeram, em permanente em Tefé. Assim, conseguiu-se impedir a
diversas áreas, os fundamentos naturais da economia extrativa. reprodução dos processos de devastação e urbanização
O chamado Polígono dos Castanhais, nas proximidades de descontrolada que caracterizam a área de influência de Carajás.
Marabá, foi parcialmente devastado pelos projetos madeireiros A opção pelo transporte fluvial do óleo e do gás em pequenas
e agropecuários que se instalaram na área de influência de balsas especiais, através dos rios Tefé e Solimões, até a
Carajás. A produção da castanha-do-pará entrou em declínio e refinaria de Manaus, evitou a construção de longos dutos
a castanheira foi colocada no rol das espécies sob ameaça de transversais aos afluentes da margem direita do Solimões. Os
extinção. Vastas áreas de florestas com seringueiras foram poços, em clareiras isoladas no meio da floresta, revelam que é
devastadas em Rondônia e no Acre. No baixo vale e na foz dos possível dissociar o desenvolvimento econômico da destruição
rios Amazonas e Tocantins, a derrubada das palmeiras para a ambiental.
retirada do palmito ameaça a coleta do açaí.
Na década de 1980, sob a liderança de Chico Mendes, RESERVAS E PARQUES ECOLÓGICOS (Áreas Protegidas)
os seringueiros do Acre resistiram ao avanço das empresas Áreas Protegidas são instrumentos eficazes para
madeireiras e das fazendas sobre os seringais nativos e resguardar a integridade dos ecossistemas, a biodiversidade e
conseguiram que um decreto criasse reservas extrativistas os serviços ambientais associados, tais como a conservação do
comunitárias. O modelo acreano inspira propostas semelhantes solo e proteção das bacias hidrográficas, a polinização, a
reciclagem de nutrientes e o equilíbrio climático, entre outros. A
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criação e a implementação das Áreas Protegidas também ● ampliar as fontes de financiamento e assegurar
contribuem para assegurar o direito de permanência e a cultura mecanismos para a transferência efetiva dos recursos (a
de populações tradicionais e povos indígenas previamente exemplo do Fundo Nacional de Compensação Ambiental) não
existentes. apenas aos órgãos gestores, mas também de forma a fortalecer
Em dezembro de 2010, as Áreas Protegidas na iniciativas sustentáveis e cadeias produtivas que utilizem
Amazônia Legal somavam 2.197.485 quilômetros quadrados saberes tradicionais das comunidades envolvidas;
(km2), ou 43,9% da região, ou ainda 25,8% do território ● garantir a proteção legal, evitando medidas de
brasileiro. Desse total, as Unidades de Conservação (federais e desafetação indevidas e que não correspondam ao propósito
estaduais) correspondiam a 22,2% do território amazônico maior de conservação e respeito à diversidade socioambiental,
enquanto as Terras Indígenas homologadas, declaradas e no caso das Unidades de Conservação;
identificadas abrangiam 21,7% da mesma região. ● aprimorar a gestão pública, alocando mais gestores
As Unidades de Conservação podem ser classificadas qualificados para atuação direta em campo, elaborando os
quanto à gestão (federal, estadual ou municipal) e quanto ao instrumentos de gestão pertinentes e realizando sua
grau de intervenção permitido (Proteção Integral ou Uso implementação de forma participativa;
Sustentável). Até 2010, só as Unidades de Conservação federais ● ampliar e fortalecer os conselhos gestores nas
na Amazônia Legal somavam 610.510 km2, enquanto as Unidades de Conservação e garantir a participação da
estaduais ocupavam 563.748 km2. Com relação às Unidades de população nas Terras Indígenas;
Conservação de Uso Sustentável – onde são permitidas ● assumir o desafio de consolidar verdadeiros planos
atividades econômicas sob regime de manejo e comunidades de gestão territorial para as áreas protegidas, os quais também
residentes – até dezembro de 2010 correspondiam a 62,2% das devem incluir uma agenda ambiental nas Terras Indígenas e,
áreas ocupadas por UCs (federais mais estaduais), enquanto as finalmente;
de Proteção Integral totalizavam 37,8%. ● concluir o processo de reconhecimento das Terras
A criação das Unidades de Conservação ocorreu de Indígenas.
forma mais intensa entre 2003 e 2006, quando foram
estabelecidos 487.118 km2 dessas áreas. No caso das Terras
Indígenas, houve dois períodos com maior número de
homologações: 1990/1994, com 85 novas unidades somando
316.186 km2, e 1995/1998, também com 85 novas unidades,
que totalizavam 314.061 km2. Apesar dos avanços notáveis na
criação de Áreas Protegidas, ainda há muitos desafios para
garantir sua consolidação e a proteção socioambiental efetiva.
No caso das Unidades de Conservação, a metade (50%) não
possui plano de manejo aprovado e grande parte (45%) não
conta com conselho gestor. Além disso, o número de
funcionários alocados nessas Unidades é muito reduzido, com a
média de apenas 1 pessoa para cada 1.871,7 km2.
As Áreas Protegidas não estão imunes aos impactos
humanos. Em uma década – entre 1998 e 2009 – o
desmatamento nessas áreas alcançou 12.204 km2, o que
corresponde a 47,4% do desmatamento acumulado até 2009 As Unidades de Proteção Integral são aquelas
dentro de Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Nas destinadas à preservação da biodiversidade, sendo permitida
Unidades de Conservação de Uso Sustentável (excluídas as somente a pesquisa científica e, em alguns casos, o turismo e
APAs), o porcentual de território desmatado chegava a 3,7% atividades de educação ambiental, desde que haja prévia
(em igual período), enquanto nas Unidades de Conservação de autorização do órgão responsável. Não envolve consumo,
Proteção Integral, essa proporção era menor (2,1%). Já as Terras coleta, extração de produtos madeireiros ou minerais e não é
Indígenas apresentavam 1,5% do total de suas áreas permitida a permanência de populações – tradicionais ou não –
desmatado. em seu interior, com exceção dos Monumentos Naturais e
Além disso, uma vasta rede de estradas ilegais avança Refúgios da Vida Silvestre. Na definição do SNUC, proteção
sobre as Áreas Protegidas, especialmente sobre as Unidades de integral é a “manutenção dos ecossistemas livres de alterações
Conservação de Uso Sustentável, onde há 17,7 km de estradas a causadas por interferência humana, admitido apenas o uso
cada 1.000 km2 sob proteção. Boa parte dessas vias está indireto dos seus atributos naturais”. As categorias deste grupo
associada à exploração madeireira ilegal, principalmente no são: Estação Ecológica (Esec), Reserva Biológica (Rebio), Parque
Pará e Mato Grosso. Nacional/Estadual (Parna/PES), Monumento Natural (Monat) e
Para o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Refúgio de Vida Silvestre (RVS).
Amazônia (Imazon) e o Instituto Socioambiental (ISA), a As UCs de Uso Sustentável são aquelas destinadas
consolidação das Áreas Protegidas deveria ocorrer por meio das tanto à conservação da biodiversidade como à extração racional
seguintes ações prioritárias: dos recursos naturais. Nessas Unidades são permitidos o
● coibir usos e ocupações irregulares, bem como o turismo, a educação ambiental e a extração de produtos
desmatamento e a degradação associados; florestais madeireiros e não madeireiros, com base no manejo
sustentável e de acordo com o plano de manejo da unidade. As
populações denominadas tradicionais podem permanecer em
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seu interior, desde que realizem atividades sob regime de Isso porque o objetivo desta publicação é avaliar a situação das
manejo, “de maneira a garantir a perenidade dos recursos Áreas Protegidas da Amazônia Legal, especificamente quanto
ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a aos avanços na sua criação e manutenção, a situação da gestão
biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma e a pressão de atividades predatórias em seu interior ou seu
socialmente justa e economicamente viável” (SNUC, 2002). As entorno.
categorias deste grupo são: Área de Proteção Ambiental (APA), Cabe ressaltar, no entanto, que a diversidade
Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Floresta sociocultural da Amazônia é parte de seu rico patrimônio, assim
Nacional/Estadual (Flona/Flota), Reserva Extrativista (Resex), como a diversidade biológica. O conhecimento tradicional
Reserva da Fauna (RF), Reserva de Desenvolvimento Sustentável acumulado pelas populações locais – de ribeirinhos,
(RDS), Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). seringueiros, piabeiros, coletores de castanha e demais
extrativistas – pode servir de base para o estabelecimento de
RESERVAS INDÍGENAS regras eficazes de manejo e proteção dos recursos naturais.
As Terras Indígenas são territórios da União onde os O Brasil tem uma extensão territorial de 851.196.500
indígenas têm direito à posse permanente e ao usufruto hectares, ou seja, 8.511.965 km2. As terras indígenas (TIs)
exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas somam 703 áreas, ocupando uma extensão total de
existentes, de acordo com a Constituição Federal de 1988. O 115.822.212 hectares ( 1.158.222 km2). Assim, 13.6% das terras
poder público, por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai), do país são reservados aos povos indígenas.
é obrigado a promover o seu reconhecimento, o que é feito em A maior parte das TIs concentra-se na Amazônia Legal:
diversas etapas. As TIs consideradas no âmbito desta publicação são 422 áreas, 111.401.207 hectares, representando 22,25% do
incluem aquelas em identificação, com restrição de uso a não território amazônico e 98.42% da extensão de todas as TIs do
índios, identificadas, declaradas, reservadas e homologadas até país. O restante, 1.58%, espalha-se pelas regiões Nordeste,
dezembro de 2010. Na Amazônia brasileira há 414 TIs, somando Sudeste, Sul e estado do Mato Grosso do Sul.
1.086.950 km2, com o objetivo de proteger não apenas a Essa situação de flagrante contraste pode ser explicada
imensa diversidade sociocultural da região, como a riqueza do pelo fato de a colonização do Brasil ter sido iniciada pelo litoral,
conhecimento e dos usos tradicionais que os povos indígenas o que levou a embates diretos contra as populações indígenas
fazem dos ecossistemas e da biodiversidade. Atualmente, que aí viviam, causando enorme despovoamento e desocupação
habitam a região 173 diferentes povos indígenas e existem das terras, que hoje estão em mãos da propriedade privada. Aos
indícios de aproximadamente 46 outros grupos não contatados. índios restaram terras diminutas, conquistadas a duras penas.
Por exemplo, em São Paulo, a terra Guarani Aldeia Jaraguá tem
apenas dois hectares de extensão, o que impossibilita que vivam
da terra.

A população indígena amazônica soma cerca de 450 Há vozes dissonantes em relação ao tamanho das TIs
mil índios, que falam mais de 150 idiomas diferentes (Rodriguez, na Amazônia, alegando que haveria "muita terra para poucos
2006; Ricardo & Ricardo, 2006). índios". Esses críticos se esquecem de que os índios têm que
O Incra registra 104 Territórios Quilombolas tirar todo seu sustento da terra. Muitas vezes, as TIs têm
reconhecidos até agosto de 2010. Eles somam cerca de 9.700 grandes partes não agricultáveis, e sofrem ou sofreram diversos
km2 (0,2% da Amazônia) e abrangem 183 comunidades, onde tipos de impactos.
reside uma população estimada em 11.500 famílias (Incra,
2010). Existem, no entanto, muitas comunidades quilombolas O ESPAÇO PARAENSE: algumas considerações
ainda não reconhecidas como tal e sem áreas com limites ☺ O Pará é o segundo maior estado brasileiro em superfície,
definidos, especialmente na porção oriental da Amazônia. com 1.247.9555 Km quadrados.
Apesar de também terem “uma identidade, uma história ☺ Possui 562 Km de costa Atlântica e 40% das águas interiores
partilhada, uma memória e um território” (Esterci, 2005), outras do Brasil.
populações tradicionais não foram aqui destacadas, senão ☺ A população é de 7.969.655 habitantes, 68,5% em área
enquanto comunidades inseridas em UCs de Uso Sustentável. urbana. Uma densidade de 6,07 habitantes por km².

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☺ Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 77,847 bilhões, em 2010
(20% gerados pelo setor Primário, 41% pela indústria, 38,% pelo
setor de serviços).
☺ Renda per capita de R$ 10.259 (2010)
☺ 21 mil empresas, a maioria no setor terciário.
☺ 8 mil quilômetros de estradas, centenas de portos, 11 dos
quais estratégicos, com capacidade para navios de grande
porte.
☺ 163 hospitais públicos, privados e filantrópicos, com 8.700
leitos e 66 Unidades de Terapia Intensiva.
☺ 7.227 escolas públicas e privadas, de primeiro e segundo
graus e quatro universidades, além de diversas faculdades
isoladas.

O DESENVOLVIMENTO DO OESTE PARAENSE


Sabemos que Santarém e a região oeste do Pará
possuem enormes problemas, assim como o restante de nosso
estado, porém não podemos negar que nas últimas décadas,
essa região viveu um importante processo de crescimento em
diversos aspectos. Além do crescimento e importância do
município de Santarém que se destaca como uma capital
regional, temos ainda a exploração de bauxita no município de
Oriximiná, o crescimento de Altamira com a recente obra da
Usina Hidroelétrica de Belo Monte, e Itaituba que se destaca
com o Porto de Miritituba e a extração de ouro os garimpos do
Rio Tapajós.
(...) A região oeste do Pará, constituída pelas
mesorregiões do Baixo Amazonas e Sudoeste paraense, foi a
área menos antropizada até o final do século XX, quando a
O Pará é o segundo maior estado brasileiro com uma perspectiva de asfaltamento da rodovia Cuiabá-Santarém e
área de 1.253.164,5 km², o que representa 14,65% de todo o Transamazônica, nos anos recentes, já tem dado mostra de
território brasileiro e 45,27% da Região Norte. Apenas o Estado reprodução do processo verificado na banda leste do Estado,
do Amazonas é maior, com 1.577.820,2 km² o equivalente a sem bem que ainda bem distante do quadro oriental. Apesar da
18,45% do território brasileiro. formação econômica e social ter origem ainda no período
Todo o litoral paraense, com 562 km de extensão, é colonial e a economia da região ter sido alavancada
banhado pelo Oceano Atlântico. principalmente pela exploração dos recursos florestais: drogas
A Capital do Estado, Belém, fundada em 12 de janeiro do sertão (século XVII), cacau (século XVIII), borracha, juta,
de 1616, é uma das cidades mais desenvolvidas da Região Norte madeira, pau rosa e pimenta do reino (século XX), essa região,
do país, possuindo uma área de 1.065 Km², dos quais cerca de em função da conexão com Belém e o Sul do Brasil se dar
2/3 constitui-se de ilhas (mais de 30 ilhas). somente por via fluvial e aérea, permaneceu, até a década de
O Estado do Pará está situado na porção oriental da 1980, de certa forma protegida de exploração mais intensiva de
Região Norte do Brasil, e é cortado pela linha do equador em seus recursos florestais, como ocorreu na Bragantina e no
seu extremo norte. Faz limites, ao Norte com o Estado do sudeste do Pará.(...)
Amapá, a Guiana e o Suriname; ao Sul com o Estado do Mato (...) Porém, em finais da década de 1970, com a
Grosso; ao Oeste com o Estado do Amazonas; ao Sudoeste com descoberta do ouro no vale do Tapajós, a abertura das rodovias
os Estados do Amazonas e Mato Grosso; ao Sudeste com o Transamazônica e Cuiabá Santarém esse quadro de relativa
Estado do Tocantins; ao Noroeste com o Estado de Roraima e proteção natural começou a mudar no oeste paraense,
Guiana; ao Nordeste com o Oceano Atlântico e ao Leste com o principalmente na parte mais ocidental, polarizada por Itaituba
Estado do Maranhão. e Altamira, onde a taxa de crescimento médio anual da
população, entre 1970 e 2007, cresceu praticamente no
REGIONALIZAÇÃO E DIVISÃO POLÍTICA ADMINISTRATIVA mesmo ritmo alucinante do sudeste paraense, 7% ao ano,
O Estado do Pará está dividido em 144 municípios ritmo muito superior à média do Pará (3,3 %) e do Brasil (1,9%)
distribuídos em seis mesorregiões e vinte e duas microrregiões no mesmo período.
homogêneas. Esta divisão foi definida segundo critérios do IBGE (PAPERS DO NAEA Nº 226. HISTÓRIA REGIONAL E PARTICIPAÇÃO
SOCIAL NAS MESORREGIÕES PARAENSES F. Silva e L. de J. M. da Silva,2008)
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A formação das mesorregiões leva em conta SANTARÉM (capital regional)
principalmente as semelhanças econômicas, sociais e – Fundada em 22/06/1661, hoje com 352 anos;
políticas, enquanto que as microrregiões consideram a estrutura – Localizada entre as duas principais metrópoles da Amazônia
produtiva de cada comunidade econômica. (Belém e Manaus);

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– 3ª Cidade mais populosa do Pará com população estimada de
306 480 habitantes (IBGE 2020);
– 8ª Cidade mais populosa da região Norte, à frente de Palmas,
capital do estado de Tocantins;
– Em 2017, atingiu PIB de R$ 4,8 bilhões;
– Em 2016 apresentou o 6º aeroporto mais movimentado da
Região Norte do Brasil, à frente de duas capitais (Boa Vista e
Rio Branco), com movimentação de passageiros próxima de
meio milhão por ano;
Foram investidos cerca de R$ 158 milhões em 2019. A obra foi executada por
– É cidade polo da região oeste do Pará.
650 trabalhadores - entre servidores do Dnit, militares do Exército e
funcionários de empresas contratadas. (gov.com. Publicado em 11/02/2020)
TURISMO NO OESTE PARAENSE:
Manifestação cultural: Çairé: A festa do Çairé, ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DOS PRINCIPAIS
realizada sempre no mês de Setembro, é uma mistura de MUNICÍPIOS DO PARÁ: BELÉM, ANANINDEUA, CASTANHAL,
elementos religiosos e profanos. Começa com o ritual mais TUCURUÍ, MARABÁ, ALTAMIRA, SANTARÉM E BREVES.
antigo, a festa religiosa, onde a população da vila se divide entre
homens e mulheres e entram na floresta para escolher uma BELÉM
árvore que sirva de mastro, cada grupo enfeita o seu com flores 1-História
e frutas e os levantam na praça do sairé. A procissão é feita com FOI durante o período conhecido como “União
ladainha, após tem torneios esportivos, shows musicais, Ibérica” (1580-1640), no qual ocorrera a unificação das
“varrição da festa”, seguida da derrubada dos mastros e da monarquias ibéricas sob a direção da Coroa espanhola, que os
“Cecuiara” (almoço de confraternização com pratos típicos de luso-brasileiros fundaram a cidade de Santa Maria de Belém do
culinária santarena.) Grão-Pará, em 12 de janeiro de 1616. Após a expulsão dos
Atrativos Naturais: O encontro das águas na orla da franceses de São Luís, o comandante português Alexandre de
cidade de Santarém é possível divisar o espetáculo das águas Moura determinara que fosse realizada uma expedição militar
ocre-argilosas do rio Amazonas e as verdes azuladas do rio para ocupar as terras do rio Amazonas, chefiada por Francisco
Tapajós que correm paralelamente por alguns quilômetros sem Caldeira Castelo Branco.
se misturarem, por conta da densidade, temperatura e Iniciada em 25 de dezembro de 1615, penetrando no
velocidade de cada uma. rio Pará (braço do rio Amazonas), Castelo Branco e seus
Alter do Chão: Um dos distritos companheiros adentraram a baia de Guajará e desembarcaram
administrativos do município de Santarém, está localizado na em uma ponta de terra da margem direita da baía, construíram
margem direita do Rio Tapajós e dista do centro da cidade cerca um forte de madeira chamado de Presépio, portanto, fundado
de 37 quilômetros. É o principal ponto turístico da em 12 de janeiro de 1616 a cidade de Santa Maria de Belém do
cidade, abrigando Alter do Chão considerada a mais bonita praia Grão-Pará.
de água doce do mundo segundo o jornal inglês The Guardian, Já no final do século XIX e início do XX o período de
ficando conhecida popularmente como "Caribe Brasileiro". apogeu da borracha produziu em Belém, um processo de
transformação, adotando as feições urbanas de suas pretensas
Pavimentação da BR-163 (Santarém-Cuiabá):
congêneres às margens do Tamisa e Sena.
– Atualmente o fluxo de veículos é ininterrupto;
A capital paraense passou a ser, na época do Boom
– O completo asfaltamento está em fase final inclusive com
gomífero, o porto por onde saía a maior parte da produção
partes da obra, sendo executada pelo Batalhão de Infantaria do
amazônica da borracha para ser exportada para o exterior
Exército;
tanto que, em 1906, o Pará exportou 5.259.000 libras do
– Integrará definitivamente a região oeste do Pará à região
produto dos quais 15.000.000 de libras exportadas por toda a
Centro-Sul do Brasil através do modal rodoviário;
região. Essas condições fizeram de Belém o maior centro
– Consolidará Santarém como um dos mais importantes Polos
cosmopolita da região: os personagens que circulavam na
de Integração Logística do Brasil.
cidade, revestidas de fachadas Art Noveau trajavam-se
- A conclusão da BR-163 contribui para o escoamento da safra
segundo o melhor figurino do Deandy e bely-anti e, durante o
de grãos, principalmente do estado do Mato Grosso, até os
período da guerra, cumprimentavam-se quando se cruzavam
portos do Pará, com destaque para Miritituba e o porto de
tocando as abas das cartolas, e saldando-se com um leve,
Santarém, no Rio Tapajós, de onde são transportados para os
porém, enfático, Vive La France!
principais centros consumidores em todo o mundo.
Belém, portanto, tornou-se sobre certos aspectos
– Com o asfaltamento da BR 163, aliado a conexão
uma capital agitada, bem mais europeia que brasileira,
Fluvial/Marítima já existente, além da malha aeroportuária que
dominando o francesismo especialmente no aspecto
contempla o Oeste do Pará a partir de Santarém, consolidamos
intelectual, reflexo da dependência europeia na Amazônia
definitivamente a Região como importante elo de integração
durante o período gomífero. De um lado, a dependência
dos diversos modais de transporte.
financeira e comercial da Inglaterra e, uma relação cultural
- O asfaltamento da BR-163 só ajuda a consolidar o agronegócio
intensa pela França.
no oeste do Pará, pois a região apresenta elevada produção de
soja, milho mandioca além do crescimento dos rebanhos de 2-Demografia:
gado bovino e bubalino. População em 2010: Censo IBGE: 1.393.399
População estimada em 2020: 1.446.042 hab
Homens 701.185 e Mulheres: 798.456
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População entre 60-69 anos de idade - 2020: 114.591 1-História:
Taxa de fecundidade: 1,43 – 2019* dados preliminares. Ananindeua vem do tupi e ganhou esse nome por
conta da grande quantidade de árvore chamada Anani, que
3-Economia: produz a resina de cerol utilizada para lacrar as fendas das
PIB – 2017: R$ 30.238.484 embarcações. De grande porte, a planta tem propriedades
Receita Pública – 2019: R$ 3.610.973.499 medicinais, serve para calafetar embarcações, ensebar cordas e
Saldo da Balança Comercial 2019: R$ - 78.527.429 é utilizada até mesmo na fabricação de tochas.
Salário médio mensal - 2018: 3,7 salários: Já o sufixo deua tem diversas significações de origem
A economia de Belém é bastante diversificada. Suas popular: uma diz que vem de abundância e outra que quer
atividades se baseiam nas atividades de comércio, prestação de dizer “dar”, por exemplo “Deu Ananin”. A terceira versão, mais
serviços, turismo e atividade industrial – com destaque para aceita entre os moradores, conta que ao invés de ser utilizado
indústrias alimentícias, navais, metalúrgicas, químicas, entre um ‘D’ na grafia da palavra era para ter sido utilizado um ‘T’,
outras. ficando ‘teua’ ao invés de ‘deua’.
A cidade de Belém é bastante dinâmica e integrada As terras onde está situado o município de
ao país. Ananindeua são provenientes do antigo território da
A cidade conta com os portos próximos da Europa e circunscrição belenense, ficando mesmo bastante vizinhas da
dos Estados Unidos, que movimentam muitas mercadorias capital do estado. A localização de Ananindeua é das mais
importadas e exportadas, rodovias e hidrovias que acessam a convenientes e importantes, pois, além da vantajosa
capital, além do aeroporto internacional de Val-de-cães que proximidade de Belém, a atração de argumentos populacionais,
tem a maior movimentação de passageiros da Região Norte. bem como as acessíveis possibilidade de trabalho e a
Outra fonte rentável da economia belenense é o ocorrência de vias fáceis de transportes são fatores relevantes
turismo, que anualmente atrai muitos turistas do país. Destaca- para a posição que ocupa.
se na cidade as diversas possibilidades de cultura e lazer, O primeiro registro de ocupação de Ananindeua data
relacionado ao turismo religioso – com destaque para procissão de 1790, através de um engenho de cana de açúcar de
do círio de Nazaré-, cultural, gastronômico e o turismo fluvial – propriedade do Conde Antônio Koma de Melo, às margens do
já que a cidade tem várias ilhas em seu entorno. rio Guamá (atual Colônia Agrícola do Abacatal).
Antes da pandemia o emprego formal na capital Na década de 1850, ribeirinhos estabeleceram-se nas
paraense apresentava saldos positivos, em 2019 com 1.002 margens do rio Maguari-Açu, fugindo do confronto da
pessoas admitidas no mercado de trabalho, de acordo com Cabanagem (próximo ao Distrito Industrial de Ananindeua).
estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística Na mesma década chegam os primeiros
e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese Pará), que mantém proprietários de terra, que começaram a se estabelecer em
uma parceria com a Prefeitura de Belém para realizar serviços diversos pontos do município, tais como: Maguary, área do
de pesquisa ao município. Distrito Industrial, Mocajutuba, Tropiqueira, São Sebastião
O supervisor técnico do Dieese, economista Roberto (Quinta da Carmita).
Sena, avalia que mesmo diante da situação em que o País se A partir de 1890, tem-se o povoamento das ilhas de
encontra, com baixa empregabilidade, Belém fecha o ano com Sassunema (1894), Ilha do Roldão (atual ilha de Santa Rosa)
crescimento de empregos. “No segundo semestre foi muito (1895), Ilha do Mutum (1896).
forte essa ocupação, principalmente no setor de serviço e no Em 1883, antes da inauguração do primeiro trecho
do comércio, que geraram muitos empregos. Isso fez com que da Estrada de Ferro de Bragança (EFB), iniciou-se a instalação
Belém apresentasse crescimento e voltasse para o ranking de uma espécie de oficina do trens, que depois houve a
do top dos dez municípios que mais geraram empregos no necessidade de se construir uma vila de casas para os operários
estado”, disse. da manutenção (localizada na área próxima a sede da
Os dados do Dieese apontam a movimentação do Prefeitura) a Vila operária deu origem ao povoado de
emprego formal por setores econômicos de atividades de Ananindeua.
janeiro a novembro de 2019. Ainda na análise de Sena, o que A sua evolução remonta quando surgiu alí uma
contribuiu para este saldo positivo foi mais dinheiro injetado na parada da extinta Estrada de Ferro de Bragança com o citado
economia e mais investimento. “No segundo semestre tivemos nome e teve continuidade, depois de constituída em freguesia
um grau de recurso muito forte com a liberação do FGTS e mais tarde em distrito de Belém.
(Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), do 13º salário, PIS Elevado à categoria de município com a
(Programa de Integração Social), festividade do Círio de Nazaré, denominação de Ananindeua, pelo decreto-lei estadual nº
e isso foi elevando o grau de renda na economia fortemente. 4505, de 30-12-1943, cuja a instalação ocorreu em 3 de janeiro
4- Social: de 1944. desmembrado de Belém, e João Coelho (ex-Santa
IDHM 2010: 0,746 Isabel).
Educação: Taxa de escolarização de 6 a 14 anos: 96,1% 2-Demografia:
Mercado de Trabalho; População ocupada [2018]: 29,5% População em 2010: 471.980
Saúde: Mortalidade Infantil [2017]: 13,55 óbitos por mil População em 2020: 510.834 hab.
nascidos vivos. Homens: 253.904 e mulheres: 281.643
Segurança: 40,60 homicídios por cem mil habitantes: dados População entre 60-69 anos de idade:34.856 -2020
preliminares, DATASUS. Taxa de fecundidade: 1,50 -2019
ANANINDEUA 3-Economia:
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PIB – 2017:R$ 6.979.135. Decreto nº. 1.276, criou o Grupo Escolar da Vila, a sua
Receita Pública – 2019: R$ 776.153.339 inauguração deu-se a 12-10-1904.
Saldo da Balança Comercial 2019: R$ 101.904.399 Já na década de 30 , pouco depois de um ano que
Salário médio mensal - 2018: 1, 9 salário mínimos; Getúlio Vargas assumia o Poder ainda como Chefe do Governo
O Distrito: O Distrito Industrial de Ananindeua/PA, Provisório, em novembro de 1930, Castanhal ganhava a sua
sendo este criado no ano de 1979 a partir do II Plano de autonomia municipal, através do Dec. lei nº. 600, de 28-01-
Desenvolvimento Amazônico (II PDA) e teve por objetivo 1932, assinado pelo Major Interventor JOAQUIM DE
proporcionar o crescimento econômico do município pela MAGALHAES CARDOSO B ARATA e pelo 1º Ten. ISMAELlNO DE
introdução de um setor dinâmico. Passado trinta anos de sua CASTRO. Esse mesmo Decreto revogava o de nº. 565, de 30-12-
criação esse empreendimento encontrou-se muito longe 1931, pelo qual havia sido criado o Município de Santa Izabel e
daquilo que podia representar em termos de elemento criava o de Castanhal. Pois na época a Vila de Castanhal já
impulsionador da economia local. Observamos, contudo, que o reunia maiores condições quanto ao desenvolvimento
município ao longo de trinta anos cresceu economicamente econômico. Esse ato de MAGALHÃES BARATA fez com que o
não em função do empreendimento em foco e sim a custa da povo castanhalense saísse às ruas ainda pequenas e agrestes,
diversificação da sua base produtiva, a qual não teve relação para festejar com muita alegria e justiça.
com o respectivo Distrito Industrial. Hoje Castanhal está entre as cinco principais cidades
No ano de 2005 existiam 89 empresas no Distrito, do Estado e embora esteja localizada na Mesorregião
sendo que destas, 40 empresas estavam trabalhando Metropolitana de Belém, figura como uma espécie de
ativamente, enquanto que 39 estavam inativas, sem metrópole da região Nordeste do Pará.
benfeitoria ou em comercialização e 10 em construção, (SEDIC - A cidade modelo tem privilegiada posição geográfica
2005). Muitas empresas já entraram e saíram do Distrito, ao no mapa do Pará, sendo cortada pela rodovia federal BR-316 –
longo dos anos de sua existência. Por falta de infraestrutura a principal via de ligação entre a capital paraense e as regiões
básica, que deveria ser construída pelo poder público, essas Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, item indispensável para
empresas faliram ou mudaram-se para outros o escoamento da produção. Além disso, está há um pouco mais
empreendimentos fora do Estado. de 60 quilômetros de distância do porto, aeroporto e da Alça
4- Social: Viária, na região metropolitana de Belém.
IDHM 2010: 0,718 2- Demografia:
Educação: taxa de escolarização de 6 a 14 anos – 2020: 96,7% População em 2010: 173.149
Mercado de Trabalho; População ocupada [2018]:13,1% População em 2020: 192.571
Saúde: Mortalidade Infantil [2017]:13,98 Homens: 98.670 e mulheres: 104.581
Segurança: 43,91 homicídios por cem mil habitantes. População entre 60-69 anos de idade – 2020: 11.073
CASTANHAL Taxa de fecundidade: 1,77 - 2019

1-HISTÓRIA 3-Economia:
O desenvolvimento do Núcleo de Castanhal começou PIB – 2017: R$ 3.757.159
mesmo a partir do momento em que o Governo decidiu dar Receita Pública – 2018: R$ 420.618.002, sem dados de 2019.
início ao Projeto de construção da ferrovia que ligaria Belém e Saldo da Balança Comercial 2019: R$ 121.393.316
Bragança, cuja obra conforme a região passou a ser chamada Cabeças de boi: 35.360 - 2018
de Estrada de Ferro de Bragança. Salário médio mensal - 2018: 1,9 salários mínimos.
Em 1885, os trilhos chegaram à localidade de ITAQUI Castanhal é um município bastante desenvolvido
às proximidades de APEÚ, com o coronel ANTONIO DE SOUZA economicamente, com destaque para o crescimento nas áreas
LEAL, a quem o Governo confiara o comando de tão importante do comércio e indústria. De acordo com o IBGE, Castanhal
obra, a epidemia da febre amarela que se propagava por toda a possui 2.800 estabelecimentos comerciais e um número total
região, esta última, principalmente, fez com que o Governo de pessoal ocupado de 33.546, dentre os quais 30.414 são
suspendesse por tempo indeterminado a referida obra. assalariados.
A chegada dos trilhos, que muitos já não . Entre 2010 e 2016, o PIB municipal dobrou,
acreditavam mais, deu um impulso espetacular para esse superando a marca de R$ 3,6 bilhões de reais. O setor de
acontecimento, o Núcleo de Castanhal, por força da Lei nº. 646, serviços é responsável por cerca de metade da economia do
de 06-06-1899, passou a categoria de Vila. Sua instalação município (56%), onde o comércio é a principal atividade
solene só deu-se a 15-08-1901, justamente na data econômica desenvolvida, incluindo o abastecimento de cidades
comemorativa a Adesão do Pará à Independência. adjacentes. Existe também a participação da administração
A incorporação do então território de Castanhal, ao pública (21%), do setor industrial (17%) e da agropecuária (5%).
município de Belém, através da lei nº. 957, de 01-11-1905. A Por conta de suas propensões técnico-econômicas, Castanhal
conclusão da Estrada de Ferro de Bragança, que aconteceu a tem acordos de cooperação mútua com cidades-irmãs, dentre
01-12-1900, constituiu-se num dos fatos mais importantes do elas Kochi (Japão), Cotia (Brasil), Fresno (Estados Unidos),
Governo do Dr. AUGUSTO MONTENEGRO, ainda na 1ª. Kitami (Japão), Surabaia (Indonésia) e Kuching (Malásia).
República. Com solo, clima e temperatura favoráveis ao
A Estação Ferroviária, cujo lançamento da pedra desenvolvimento, em Castanhal encontram-se sistemas de
fundamental ocorreu em 02 de maio de 1904, sendo cultivos agropecuários formados por lavouras, pastagens,
inaugurada em 15 de agosto de 1909. Depois, através do florestas e sistemas agroflorestais. As principais culturas
produzidas em 2016 foram cacau, dendê (12.000 ton), coco-da-
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baía, banana, laranja, limão, mamão, maracujá, pimenta-do- População em 2020: 115.144 hab.
reino, urucum (FAPESPA, 2017), além de outras culturas como: Homens: 56.786 e mulheres: 58.358
abacate, açaí, acerola, caju, cupuaçu, goiaba, graviola, População entre 60-69 anos de idade – 2020: 5.625
pupunha, tangerina, bergamota, mexerica, criação de bovinos, Taxa de fecundidade: 1,63 -2019
aves, equinos, caprinos e suínos. O setor conta com maquinário
3-Economia:
e equipamentos como tratores, semeadeiras, plantadeiras e
PIB – 2017: R$ 6.460.221
adubadeira
Receita Pública – 2018: R$ 348.802.933, sem dados de 2019.
4-Social: Saldo da Balança Comercial 2019: R$ - 84.084
IDHM 2010: 0,673 Salário médio mensal - 2018: 2, 6 salários mínimos.
Educação: Taxa de escolarização de 6 a 14 anos: 95,4% O Setor Terciário é majoritário no Município,
Mercado de Trabalho; População ocupada [2018]:17,9% compreendendo as atividades comerciais de venda no varejo e
Saúde: Mortalidade Infantil [2017]: 10,64. atacado e de prestação de serviço. O Comércio apresenta um
Segurança: 56,77 homicídios por cem mil habitantes comércio bem diversificado e distribuído, com
estabelecimentos de gêneros alimentícios, postos de
TUCURUÍ combustíveis, oficinas mecânica, agências bancárias, farmácias,
1- História perfumarias, casa lotérica, grandes e pequenos magazines,
Tucuruí é um município brasileiro do estado do Pará. butiques, sapatarias, revendedores de veículos, lanchonetes,
Localiza-se na microrregião de Tucuruí e na Mesorregião do livrarias e papelarias, distribuidoras de bebidas, salões de
Sudeste Paraense. O município é famoso por abrigar a maior beleza, lojas de autopeças, eletrodomésticos, etc. Os Serviços
usina hidrelétrica totalmente brasileira e a quarta do mundo: a De um universo de 100% de estabelecimentos comerciais,
Usina Hidrelétrica Tucuruí, construída e operada desde 22 de 39,9% são estabelecimentos de serviços, isto representa o
novembro de 1984 pela Eletronorte. universo de 871 prestadores de serviços segundo o
O nome Tucuruí é de origem Tupi. Língua essa das Departamento de Tributos da Prefeitura de Tucuruí (2012).
várias tribos indígenas que habitavam a região. Para alguns O Setor Secundário: Em conseqüência da UHE, o
autores o vocábulo viria de Tucura – gafanhoto e Y – rio; assim, setor industrial cresceu aceleradamente no município, onde
Tucura + y seria rios do gafanhotos. Fundamentado em Luiz pode-se destacar as seguintes indústrias: Indústria de
Caldas Tuibiriça no “Dicionário de Topônimos Brasileiros de Transformação: A energia gerada pela Usina Hidroelétrica de
Origem Tupi” o verbete Tucurí viria de Tycu – roy – líquido frio, Tucuruí beneficia parte da região Norte e algumas cidades do
gelado”. Nordeste. É importante ressaltar que a maior parte desta
A história de Tucuruí antes da formação do energia é destinada para grandes projetos minério-
município é marcada pela história, dos grupos indígenas que metalúrgicos, tais como: Albrás/Alunorte e o Grande Projeto
viveram e lutaram nas margens dos rios que atravessam a Carajás, etc. Existe, além da UHE, acima descrita, a DOW
região. As constantes migrações indígenas tornam essa história CORNING Metais, instalada no vizinho município de Breu
difícil de ser relatada. Somando os relatos dos missionários, Branco, gera cerca de muitos empregos diretos, que beneficiam
bandeirantes e militares que viajaram pelo Tocantins nos diretamente o município de Tucuruí, graças à facilidade de
séculos XVII e XVIII, são citadas 13 etnias indígenas, algumas acesso entre as cidades. Indústria Primitiva Manufatureira ou
das quais se extinguiram desde aquela época. Quando da Artesanal: Compreendem trabalhos de artesanatos como os
formação do município (antes da barragem), três etnias artigos de cerâmicas, artigos indígenas, cestas, balaios, jarras,
estavam presentes na região. Assurini, Parakanã (que falam esteiras, móveis e outros. Atualmente a produção artesanal de
uma língua ligada ao Macro Tupi) e Gaviões (que falam uma Tucuruí esta em vias de valorização e reconhecimento com a
língua ligada ao Macro Jê). Nos primeiros séculos de criação da Associação dos Artistas Plásticos e Artesãos de
colonização, muitas expedições e exploradores desceram o rio Tucuruí.
Tocantins na tentativa de explorá-lo/conhece-lo. Algumas das Setor Primário: A economia do município
mais conhecidas: Expedições francesas exploram o Tocantins, em épocas passadas era baseada unicamente na castanha-do-
em 1610 chegam até a cachoeira do Itaboca; Frei Cristóvão de pará, pesca e madeira. Hoje está voltada para a exportação de
Lisboa, da ordem dos Capuchinhos, desce o rio Tocantins em madeiras, indústria de leite, agricultura, pesca, pecuária,
1625 (...). extração de argila, areia, couro, etc. O Extrativismo Vegetal
A realidade de Tucuruí depende de dois momentos Compreende trabalhos de extração de madeiras de lei, que são
históricos. O primeiro foi a implantação da Estrada de Ferro do exportadas para diversos pontos do mundo, como Europa,
Tocantins que visava superar as corredeiras e cachoeiras do rio América do Norte, Ásia e África, as espécies mais
e a segunda foi a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. comercializadas: angelim vermelho, angelim pedra, jaguará
Desses projetos decorreram inúmeros condicionamentos que vermelho, maçaranduba, estopeiro, cumarú, jatobá, curupixá,
influenciaram até os hábitos dos moradores de Tucuruí. cedrarana, muiracatiara, bacuri, copaíba, andiroba, faveira,
Elevado à categoria de município com a amarelão, ipê, roxinho, tatajuba, entre outras. O Extrativismo
denominação de Tucuruí, pela lei estadual nº 62, de 31-12- Animal: Com a formação do lago artificial da UHE, a atividade
1947 (período de comemorações de aniversário da cidade) pesqueira obteve 100% de crescimento. São retiradas do lago
desmembrado de Baião. de 120 a 150 toneladas de peixe por mês, principalmente o
tucunaré, a pescadas, o mapará, o jacundá, entre outros.
2-Demografia:
População em 2010: 97.128 4- Social:

Concurso: CFP-PMPA- 2020 - 22 - Atualidades


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IDHM-2010: 0,666 da pesca, seguidos da lavoura e pecuária, este último, com
Educação: Taxa de escolarização de 6 a 14 anos: 94.9% destaque para a qualidade do rebanho, sendo um dos mais
Mercado de Trabalho; População ocupada [2018]: 11,14% expressivos rebanhos bovinos do Estado, resultado advindo do
SAÚDE: Mortalidade Infantil [2017]: 14,61 uso de tecnologia de ponta na seleção e fertilização.
Segurança: 33,43 homicídios por cem mil habitantes. O setor de comércio e serviços também tem sua
parcela de contribuição. Marabá conta com aproximadamente
MARABÁ
5 mil estabelecimentos divididos entre comércio formado por
1-História: micros, pequenas, médias e grandes empresas e serviços
O povoamento da bacia do Itacaiúnas tem na Hospitalares, Financeiros, Educacionais, de Construção Civil e
formação do município um papel importante, porque apesar de Serviços Públicos.
dessa região ter sido explorada pelos portugueses ainda no A economia da cidade também conta com a
século XVI, permaneceu sem ocupação definitiva durante produção de manganês e com a Agroindústria. Em Marabá, a
quase 300 anos. Somente a partir de 1892 é que, de fato, o Agroindústria trabalha com processamento de polpas, farinha
espaço foi ocupado por colonizadores. de mandioca, beneficiamento de arroz, leite e palmito.
A denominação Marabá tem origem indígena e 4-Social:
significa filho do prisioneiro ou estrangeiro, ou ainda o filho da IDHM-2010: 0,668
índia com o branco. Educação: Taxa de escolarização de 6 a 14 anos: 94,7%
Criado em 27 de fevereiro de 1913 por Mercado de Trabalho; População ocupada [2018]: 18,1%
reivindicação da comunidade marabaense, o município só foi Saúde: Mortalidade Infantil [2017]:18,68.
instalado formalmente em 05 de abril do mesmo ano, data que Segurança: 50,47homicídios por cem mil habitantes.
passou a ser comemorada como seu aniversário e só recebeu o
título de cidade em 27 de outubro de 1923, através da lei 2207. ALTAMIRA
Em 1929, a cidade já se encontra iluminada
por uma usina à lenha e em 17 de novembro de 1935 o 1-História
primeiro avião pousa no aeroporto recém inaugurado na Teve origem na missões dos Jesuítas, na primeira
cidade. Nesse período, a cidade era composta por 450 casas e metade do séc. XVIII, quando ainda integrava o gigantesco
1500 habitantes fixos. município de Souzel. Através da excursão do Jesuíta Roque de
Com a abertura da PA-70, em 1969, Marabá é ligada Hunderfund deu-se o primeiro registro histórico de colonização
à rodovia Belém-Brasília. E em 1980 a cidade é assolada pela praticada nesse território, onde foi fundada às margens do
maior enchente da sua história. Já restaurada, em 1988 dá Igarapé dos Panelas, uma missão catequética destinada aos
início aos preparativos para a instalação de indústrias índios que habitavam toda a região.
siderúrgicas, para produção de ferro-gusa, negócio que veio Com auxílio da mão-de-obra indígena, os freis
trazer grandes benefícios e expansão para o município. italianos Capuchinhos conseguiram abrir um pequeno atalho o
baixo ao médio Xingu. O projeto foi acelerado com a
2-Demografia: adequação do trabalho escravo africano na selva amazônica.
População em 2010: 233.669 Em 1880, época em que houve imigração proveniente de várias
População em 2020: 266.932 hab. partes do mundo, começou o povoamento da região entre os
Homens: 144.139 e Mulheres: 139.403 igarapés Ambé e Panelas, que posteriormente fomentaria a
População entre 60-69 anos de idade – 2020: 12.505 criação do Município de Altamira, em 6 de Novembro de 1911,
Taxa de fecundidade: 1,86 – 2019; atualmente comemorado o aniversário da cidade.
3-Economia: Ao longo dos anos, a intensificação do
PIB – 2017: R$ 8.596.000 comércio e o progresso econômico traçou o perfil de uma
Receita Pública – 2019: R$ 1.070.751.895. cidade ativa, que passou a ter agências bancárias, hospitais,
Saldo da Balança Comercial 2019: R$ 1.555.661.808. aeroporto, correios, além de crescimento demográfico e
Cabeças de boi: 1.033.749 2018. comercial. Altamira vivenciou a vinda de dois Presidentes da
Salário médio mensal - 2018: 2,7 salários mínimos. República. O primeiro foi Emílio Garrastazu Médice, que em
O município de Marabá vivenciou vários ciclos 1970 deu início a construção da Rodovia Transamazônica. O
econômicos. Até o início da década de 80 a economia era grande ponto de referência geográfica da cidade, é a rodovia
baseada no extrativismo vegetal, porém, a crise da borracha Transamazônica (BR-230), que corta o seu território pelos dois
levou o município a um novo ciclo, desta vez, o ciclo da extremos e liga-o ao resto do Brasil. Aberta em 1970, no
Castanha-do-Pará, que liderou por anos a economia municipal. governo do Presidente Médice, a rodovia proporcionou um
Com o despontamento da Serra Pelada e por situar-se na maior grande fluxo migratório para a região.
província mineral do mundo, Marabá também viveu o ciclo dos A cidade é o maior município brasileiro é e tem
garimpos, que teve como destaque maior, a extração do ouro. 159.533,328 km². É cidade pólo e dá suporte aos municípios de
Hoje, Marabá é o centro econômico e Uruará, Brasil Novo, Medicilândia, Vitória do Xingu e Senador
administrativo de uma vasta região da “fronteira agrícola José Porfírio em setores diversos como saúde, educação,
amazônica”. Além, de contar com mais de 200 indústrias, agricultura e comércio. O território altamirense é dividido em
sendo a siderurgia (ferro-gusa) a mais importante. Em segundo dois distritos: Princesa do Xingu, distante de Altamira 25Km, e
lugar está a indústria madeireira e a fabricação de telhas e Castelo de Sonhos, a 1100Km de Altamira, na divisa com Mato
tijolos. Outras vertentes trabalhadas são os produtos extrativos Grosso.

Concurso: CFP-PMPA- 2020 - 23 - Atualidades


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2-Demografia: Legal nos últimos sete anos. A situação se mantém igual, com o
População em 2010: 99.075 município ostentando as maiores áreas de derrubada de
População em 2020: 115.969 florestas tropicais no país. Os dados fazem parte de estudo
Homens: 57.781 e mulheres: 58.188 do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área
População entre 60-69 anos de idade – 2020: 6.484 desmatada detectada entre os anos de 2013 e 2018 na cidade
Taxa de fecundidade: 2,21 -2019 paraense foi de 1,9 mil quilômetros quadrados, ou seja, 5,43%
de todo o desmatamento que ocorreu na Amazônia no
3-Economia:
período. Como comparação, a área desmatada em Altamira é
PIB – 2017: R$ 2.500.591
superior ao tamanho da cidade de São Paulo. Atualmente
Receita Pública – 2019: R$ 353.400.291.
altamira passo por grande transformações com as obras da
Saldo da Balança Comercial 2019: R$ 731.441
Usina Hidroelétrica de Belo Monte, tivemos aspectos positivos
Salário médio mensal - 2018: 2, 4 salários mínimos.
e negativos advindos desse grande empreendimento.
Agricultura: Esta região definida pelo Governo do
Estado do Pará, denominada Região de Integração Xingu, SANTARÉM
apresenta um alto potencial para o desenvolvimento da 1- História
produção agrícola e pecuária, tanto pela presença de A localização de Santarém em um rico território, no
importantes manchas de terras roxas quanto por sua trajetória encontro do rio Tapajós com o rio Amazonas, em área de solo
histórica de absorção de mão-de-obra agrícola. fértil, de floresta consolidada, com abundante biodiversidade e
Tradicionalmente a região de Altamira se caracteriza pela beleza cênica, boa conexão com outras aglomerações, explica
produção de culturas nacionais destinadas ao mercado os registros arqueológicos, que datam ocupações anteriores a 7
internacional como ocorreu na década de 70 com a pimenta do mil anos, por civilizações portadoras de dinâmicas urbanas,
reino e na década de 80 com o cacau. No cenário intra-regional cultura própria, organização social e formação de redes. Apesar
as culturas temporárias como arroz, milho, feijão e mandioca de oficialmente a cidade possuir 359 anos, (22 de junho de
assumiram importância na revitalização dos fluxos de 1661) desde sua fundação como vila portuguesa, Santarém
comercialização intra-regional, possibilitando uma melhora no pertence a um grupo de assentamentos humanos com
abastecimento, mesmo que precária, das áreas urbanas locais e profundas raízes pré-cabralinas, desde o século X. Em 1754/56
regionais. Entre 1985 e 1996 a área ocupada por pastagem os jesuítas foram expulsos do local e a região foi elevada à Vila
subiu quase 300% em 10 anos. Esse dado faz da pecuária a de Santarém.
principal atividade econômica desenvolvida na região, sendo Em 1753/58, é criado o distrito de Alter do
responsável por mais de 50% do uso produtivo das terras, Chão. Elevado à categoria de cidade e sede do município com a
considerando-se inclusive o uso associado à lavoura. denominação de Santarém pela lei provincial de 24-10-1848.
O maior destaque das lavouras são as de ciclo O mito de que a região era despovoada e
perene, como cacau, café, banana e pimenta. Em boa medida, dispunha de recursos infinitos (Loureiro, 2002) justificou o
as lavouras permanentes permitem alguma proteção ao solo direcionamento de migrantes para a região (nordestinos
no período das chuvas intensas. A região é a grande produtora refugiados da grande seca de 1915; assentados rurais da região
de cacau e café do Estado do Pará, sendo que os municípios da Sul na década de 1970; trabalhadores para as obras dos
Região são responsáveis por cerca de 70% e 75%, projetos federais.
respectivamente, da produção estadual. Santarém reafirmou sua importância regional
Atividade Pecuária: A região da a partir do acúmulo de novas funções e destacou-se como polo
Transamazônica figurou como a região detentora do segundo regional segundo a lógica urbano-industrial. A consolidação da
maior rebanho bovino do Estado do Pará até meados de 80. A cidade no período colonial e o seu fortalecimento no decorrer
pecuária é a atividade de maior geração de excedentes na do século XX, sob a hegemonia capitalista.
Região. Seu crescimento ocorreu fundamentalmente na A cidade se distinguiu do amálgama
medida em que as culturas temporárias e perenes esgotavam circundante, como a manifestação da fase urbano-industrial
seus ciclos produtivos e eram abandonadas nos lotes. Na capitalista, à medida que conjuntos habitacionais e instalações
Transamazônica, esta expansão da pecuária esteve relacionada portuárias, aeroportuárias e rodoviárias foram implantados a
à expansão fundiária, pela intensificação da concentração de partir dos anos de 1970.
terras e conseqüente intensificação do desmatamento. Santarém foi o resultado do amálgama de
O Extrativismo Vegetal: A região de Altamira é assentamentos gerados por matrizes indígena, portuguesa e
marcada pela ocupação econômica centrada no extrativismo quilombola. Seus bairros mais afastados tiveram origem a
vegetal, onde a coleta de castanha do Pará e extração do látex partir de comunidades vernáculas. O novo arranjo regional
da seringueira (hevæ brasiliense) determinou durante diversas repete esse mesmo processo, por meio da combinação entre
décadas sua dinâmica econômica. infraestrutura logística, mudança do uso da terra e da
4- Social: ressignificação das pequenas cidades de Belterra e de Mojuí
IDHM-2010: 0,665 dos Campos (emancipado recentemente) e das vilas existentes
Educação: Taxa de escolarização de 6 a 14 anos: 93,1% como “bairros distantes” da cidade.
Mercado de Trabalho; População ocupada [2018]: 17,7% Gomes, T. V., & Cardoso, A. C. D. (2019). Santarém: o
Saúde: Mortalidade Infantil [2017]: 14,07 ponto de partida para o (ou de retorno) urbano utopia. urbe.
Segurança: 103,84 homicídios por cem mil habitantes. Revista Brasileira de Gestão Urbana
Altamira, no Pará, é o município brasileiro que
2-Demografia:
registrou as maiores áreas de desmatamento da Amazônia
Concurso: CFP-PMPA- 2020 - 24 - Atualidades
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População em 2010: 294.580 maior parte dos recursos financeiros da Região. Foi um período
População em 2020: 306.480 pessoas de crescimento acelerado da população na zona urbana, das
Homens: 150.590 e mulheres: 155.890 atividades agropecuárias, comerciais, industriais e de serviços.
População entre 60- 69 anos de idade -2020: 17.369
Taxa de fecundidade: 2,41 2019 4- Social:
IDHM-2010: 0,691
3-Economia: Educação: Taxa de escolarização de 6 a 14 anos: 97,3%
PIB – 2017: R$ 4.835.188 Mercado de Trabalho; População ocupada [2018]: 15,7%
Receita Pública – 2019: R$ 697.296.568. Saúde: Mortalidade Infantil [2017]: 18,15
Saldo da Balança Comercial 2019: R$ 120.697.313. Segurança: 20,03 homicídios por cem mil habitantes
Salário médio mensal - 2018: 2,2 salários
O primeiro “ciclo” econômico de Santarém foi o das BREVES
“drogas do sertão”. 1-História
(...) A partir de 1734, a lavoura cacaueira passou a Pertencente à Mesorregião do Marajó. Localiza-se
ser o principal produto de exportação, iniciando o segundo no sudoeste na Ilha de Marajó. Os primeiros habitantes da
ciclo econômico, o “Ciclo” do Cacau. Data desta época o região foram os índios da tribo dos Bocas. Neste local, que
desenvolvimento da plantação do arroz, que também fora anteriormente pertencia aos índios da tribo dos Nheengaíbas,
encontrado em estado nativo e transformado em cultura, o Em 19 de novembro de 1738, o capitão geral do
cultivo do café, do milho, do feijão, da mandioca, algodão e Pará, João de Abreu Castelo Branco, concedeu aos irmãos
tabaco. portugueses Manuel Fernandes Breves e Ângelo Fernandes
O terceiro “ciclo” econômico, o Ciclo da Breves uma sesmaria, localizada às proximidades do rio
Borracha, impulsionado pela descoberta da vulcanização, em Parauaú. Com a instalação de um engenho, o lugar passou a ser
1839, pelo químico Nelson Goodyear, transformando o produto chamado de “Engenho dos Breves”.
em um bem de grande valor industrial para o setor Em 30 de dezembro de 1850, a lei provisória nº. 172,
automobilístico. A supremacia deste produto se estendeu até a deu-lhe o predicamento de freguesia com a invocação de Nossa
primeira década do século XX, quando aconteceu o declínio das Srª. Santana de Breves, sendo no ano seguinte, elevado a
exportações devido à entrada da borracha asiática nos categoria de Vila, através da resolução nº. 200, de 25 de
mercados Americano e Europeu. (...) outubro de 1851, datando daí também a criação do município
Para os mercados interno e regional de fabricação de Breves.
de sacarias para embalagens de produtos diversos, Após a instalação da família dos Breves, outros
inaugurando o quarto ciclo econômico, o Ciclo da Juta. As parentes deslocaram-se para a região, contribuindo assim, para
receitas do município foram incrementadas com a instalação seu desenvolvimento. Chegando à Proclamação da República,
de fábricas, pequenas indústrias e estabelecimentos com certo desenvolvimento, passando a fazer parte dos
comerciais. O livro “Santarém: Uma Síntese Histórica” registra: municípios de Melgaço e Portel, sucessivamente.
“A exportação de juta cresceu a partir de 1942,150.000kg No dia 02 de novembro de 1882, através da
anuais, em 1944, para o equivalente a 820.000kg, a maior lei provisória, a Vila de Sant´Anna dos Breves, foi elevada a
quantidade exportada de Santarém”. categoria de Cidade. A lei Estadual 10 de novembro de 1909,
Nos anos 40 o aumento das exportações de madeira concedeu definitivamente foro de cidade à sede do município.
foi significativo, tanto que num espaço de dez anos
correspondeu a 50% das exportações do Município. Destacam- 2-Demografia:
se nesta década a extração de sementes oleaginosas – o População em 2010: 92.860
cumarú e castanha-do-pará. Nas décadas de 50 e 60 a extração População em 2020: 99.080
de pau-rosa possibilitou a instalação de três usinas Homens: 53.395 e mulheres: 50.102
beneficiadoras em Santarém. (...) População entre 60-69 anos de idade – 2020: 4.542
Na década de 70 tivemos o quinto ciclo Taxa de fecundidade: 3,05
econômico, o Ciclo da Pimenta do Reino, desenvolvida pelos 3-Economia:
colonos japoneses. O Estado do Pará chegou a ser o maior PIB – 2017:R$ 743.286
produtor nacional neste período, marcado também pelo sexto PIB per capita – 2017: R$ 7. 440,60
ciclo econômico, o Ciclo dos Investimentos patrocinados pelo Receita Pública – 2018: R$ 218.251.347, sem dados de 2019.
Governo Federal que viabilizaram a construção de estradas (BR- Saldo da Balança Comercial 2019: R$ 607.447
163/Santarém Cuiabá e BR-230/Transamazônica), etc., bem Salário médio mensal - 2018: 2,4 salários.
como implantou os projetos de assentamentos humanos, que A economia é Baseada no extrativismo, destacando-
promoveram o crescimento das atividades econômicas e o se açaí, palmito, carvão e madeira (esta última em franca
incremento da infra-estrutura urbana, das comunicações e do decadência pelas novas políticas ambientais adotadas pelo
transporte. (...) estado). Na agricultura, destaca-se arroz, milho, mandioca,
O extrativismo mineral correspondeu laranja, banana e limão. Na pecuária, destaca-se gado, búfalo e
ao sétimo ciclo econômico, o Ciclo do Ouro, que ocorreu nos suínos.
anos 80 e trouxe mudanças sócio-econômicas bastante
significativas. Desenvolvida no Vale do Tapajós as atividades 4- Social:
auríferas demandavam, de forma acentuada, bens de consumo IDHM-2010: 0,503
e serviços do mercado santareno, que passou a canalizar a Educação: Taxa de escolarização de 6 a 14 anos: 90,2%
Concurso: CFP-PMPA- 2020 - 25 - Atualidades
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Mercado de Trabalho: População ocupada [2018]: 7,7% primeiro trecho, Estreito (MA) a Itaituba (PA)). Em sua
Saúde: Mortalidade Infantil [2017]:15,79 extensão, havia menos de 10% dos colonos imaginados. Pelo
Segurança: 28,24 homicídios por cem mil habitantes menos 4 mil operários trabalharam na construção da estrada.
Para construir os 4 223 km da Transamazônica, o governo
TRANSPORTES DO ESTADO DO PARÁ: RODOVIÁRIO, gastou 1,5 bilhão de dólares na época Mais da metade da
AEROVIÁRIO, FLUVIAIS estrada, 2,2 mil km, não é asfaltada. A partir de Marabá, no
Desde a época colonial até meados do século XX Pará, quando começa o trecho de floresta, surgem os
predominou em nosso estado o uso do transporte fluvial, a problemas. No Amazonas, dos 1,5 mil km de estrada, só 14 km
exceção ficava por conta da Estrada de ferro Belém-Bragança são asfaltados.
que ligava nossa capital ao nordeste do estado, nessa época as BR-163 (no Pará: Cuiabá—Santarém): Possui
correntes principais de população movimentaram-se no 3579 km em sua extensão total; seu trecho principal liga as
sentido Leste-Oeste, seguindo a calha do rio amazonas e cidades de Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, a Santarém,
estabelecendo uma ocupação linear articulada. Nas últimas no Pará[1], existindo ainda um trecho complementar localizado
décadas do século XX, principalmente após os anos 60 As entre as cidades de Oriximiná e Óbidos, É uma rodovia que
rodovias de integração nacional, a Belém—Brasília, a integra o Sul ao Centro-Oeste e Norte do Brasil. Tem
Transamazônica e a Cuiabá—Santarém, conectaram nosso fundamental importância para o escoamento da produção da
estado ao Nordeste e ao Centro-sul, com isso os fluxos parte paraense da Região Norte e norte da Região Centro-
passaram a predominar no transporte rodoviário, a partir desse Oeste.
momento grande parte dos fluxos migratórios passaram a se A rodovia Cuiabá–Santarém foi planejada como um
verificar no sentido Sul-Norte. É importante salientar que nos dos projetos do Plano de Integração Nacional e começou a ser
anos 1960 a Estrada de ferro Belém Bragança foi desativada. aberta em 1973. A principal justificativa para a construção da
BR-163  :
seria a integração dos projetos de colonização da
Rodoviário – As Rodovias de integração nacional Transamazônica à região Centro-Oeste, ligação de grande
importância em virtude da não-navegabilidade do Alto Tapajós
(acima de Itaituba) e por possibilitar aos colonos dos
municípios de Placas, Rurópolis e Itaituba acesso a Santarém e
a outras regiões do país. Além disso, essa rodovia, que corta
terras ricas em minérios, possibilitaria o acesso às áreas de
mineração e de garimpo próximas a Itaituba e reduziria os
custos de transporte de cargas nos estados do Pará, de Mato
Grosso e de Rondônia, além de permitir a exploração
madeireira de regiões ricas em madeira de lei. A Cuiabá–
Santarém poderia favorecer também as companhias
responsáveis pelos assentamentos privados no centro-norte do
Mato Grosso e os garimpos, além de fornecer acesso aos
recursos florestais desse estado.
- Rodovias Estaduais:
O Pará possui, aproximadamente, 11.754km de
rodovias, sendo 57% estaduais (6.718 km) e 43% federais
(5.036 km). No Estado do Pará temos aproximadamente 82
rodovias sobre responsabilidade do governo Estadual, veremos
BR-010 (Belém—Brasília): A partir da criação do
as mais importantes:
Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA)
PA-391: (Eng. Augusto Meira Filho): Mosqueiro:
implantaram-se várias industriais de automóveis no país (Ford,
Durante a década de 1960 começaram os primeiros trabalhos
Volkswagen, General Motors, Fiat, etc.), influenciando o
de abertura, com retirada de vegetação e aterramento. Em
governo na criação de novas rodovias, como a rodovia
Janeiro de 1976 durante o aniversário de Belém, foi inaugurada
Bernardo Sayão, mais conhecida como Belém-Brasília (BR-010)
a Ponte Sebastião Rabelo de Oliveira com a presença na época
inaugurada em 1960, o primeiro elo rodoviário da região
do então Presidente Ernesto Geisel, do Governador do
amazônica com o centro-sul com 1.959 quilômetros de
Pará, Aloysio da Costa Chaves e do então Prefeito de Belém,
extensão. A rodovia homenageia o engenheiro Bernardo Sayão
Ajax Carvalho d'Oliveira. Tem 34 km de extensão.
que morreu atingido pela queda de uma árvore em 15 de
PA-483 (Alça Viária do Pará): é um complexo de
janeiro de 1959 durante a construção da rodovia. (Adrielson
pontes e estradas que totalizam mais de 74 km de rodovias e
Furtado Almeida - Turismo UFPA)
4,5 km de pontes, construídas para integrar a Região
BR-316: A Rodovia Capitão Pedro Teixeira, mais
Metropolitana de Belém ao interior do estado. Foi inaugurada
conhecida como BR-316, se inicia em Belém e termina em
em setembro de 2002 pelo então governador do Pará, Almir
Maceió, num total de 2.030 km de extensão. Foi iniciada no
Gabriel. A Alça Viária tem início na rodovia BR-316 na altura do
final da década de 1960 e concluída na década de 1970, que a
município de Marituba e termina no município
partir de então, no trecho da entre Ananindeua e Marituba foi
de Barcarena permitindo acesso às rodovias PA-475/PA-
instalado o segundo polo industrial de Ananindeua.
150 rumo ao sudeste do Pará.
BR-230 (Transamazônica): a Transamazônica foi
inaugurada por Médici em agosto de 1974 ( em 1972 o
Concurso: CFP-PMPA- 2020 - 26 - Atualidades
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PA-370 (Santarém – Uruará): O governador Helder mercadorias e transporte de pessoas. De frente para Europa, a
Barbalho assina, nesta terça-feira (10), a Ordem de Serviço (OS) meio caminho dos EUA e Caribe, nenhum dos portos brasileiros
para a construção e pavimentação da rodovia PA-370, próximo tem uma localização tão privilegiada quanto os portos da
ao Rio Tutuí, em Santarém. A via tem km 122 de extensão, Companhia Docas do Pará.
indo de Santarém até a Transuruará, com mas possui apenas 70
1-Porto de Belém:
quilômetros de pavimento asfáltico entre a sede municipal de
O homem de negócios, natural da Pensilvânia -
Santarém e a Hidrelétrica de Curuá-Una, que foi construída na
Estados Unidos, Percival Farquhar (1864-1953), depois de
década de 70. A estrada é uma rota importante para quem
participar da organização da LIGHT AND POWER em São Paulo
precisa se deslocar para a usina e localidades próximas. A
e no Rio de Janeiro, recebeu autorização para executar diversas
hidrelétrica contribui para o abastecimento de energia elétrica
obras no cais da cidade de Belém, através do Decreto de
no oeste do Pará, principalmente para os municípios de
20.12.1906, conseguiu a concessão para explorar os serviços
Santarém, Mojuí dos Campos e Aveiro. A PA-370 foi
portuários, através da empresa PORT of PARÁ Co.
repavimentada em 2008 em uma extensão de
A empresa organizada pelo Engenheiro Percival por
aproximadamente 70 km, dando acesso a Mojuí dos Campos na
meio de ações vendidas nas bolsas de valores da França,
altura da comunidade de Santa Rosa, vila de Boa Esperança e
Bélgica, Canadá e Estados Unidos da América do Norte,
diversas comunidades. A rodovia continua além da usina
exercendo os direitos de sua concessão, a "Porto of Pará",
hidrelétrica, chegando até o município de Uruará, na rodovia
como primeiro passo, encampou todos os trapiches do litoral
Transamazônica - esse trecho de cerca de 140 km é
da cidade, providenciando a demolição dos mesmos e
denominado de Transuruará e está em leito natural, sendo
construindo em seus lugares o moderno cais de Belém.
utilizado por trilheiros, madeireiros, produtores rurais e
O primeiro trecho do Porto de Belém foi
colonos. (SECOM-PA 10/11/2020)
inaugurando em 02.10.1909, com 120 metros de cais e o
AEROVIÁRIO primeiro armazém de 20 por 100metros, sendo quatro anos
O Estado conta com 7 AEROPORTOS LOCAIS: Opera depois concluídos em 1913 com 15 armazéns e 1.860m de cais
com aviação de pequeno porte, de forma regular. Em geral sua acostável.
área de influência compreende os municípios onde se situa e O Decreto de 27.04.40, criou a SNAPP –
localidades vizinhas; Cametá, Santana do Araguaia, Uruará, Administração Autônoma dos Serviços de Navegação da
Dom Eliseu, Tomé Açu, Xinguara, Ourilândia do Norte; 5 Amazônia e de Administração do Porto do Pará e o Decreto Lei
AEROPORTOS COMPLEMENTARES: Não apresentam demanda n.º 2.436, de 22.07.40, passou para a União as instalações
por transporte aéreo regular. Dá apoio as localidades de difícil portuárias de Belém.
acesso, a projetos de desenvolvimento ou ainda a rotas aéreas; 2-Porto de Vila do Conde:
Anajás, Chaves, Viseu, Baião e Portel; 6 AEROPORTOS Inaugurado pela Companhia Docas do Pará – CDP,
TURÍSTICOS: É localizado em município cuja atividade em 24 de outubro de 1985, o Porto está localizado na cidade de
econômica principal, existente ou prevista, é o turismo, e seu Barcarena, às margens da Baía do Marajó. Nesse município está
tráfego aéreo predominante é o vôo “Charter”, em períodos implantado um distrito industrial adjacente ao porto, onde
sazonais, podendo também operar aviação geral. Soure, entre outros se encontra o Complexo Alumínico constituído
Alenquer, Salinopólis, Terra Santa, Ponta de Pedras e Santa pelas unidades da Alunorte – Alumina do Norte do Brasil S.A.,
Cruz do Arari – Heliporto; 16 AEROPORTOS REGIONAIS: Atende Albrás – Alumínio Brasileiro S.A, Alubar – Alumínios de
às regiões de interesse estadual e adequado para utilização de Barcarena S.A, bem como, os terminais privados caulinífero,
aeronaves de aviação regional (tabela a seguir) constituído pela Imerys Rio Capim Caulim S.A. e de granéis
Fora dessa lista podemos também citar o Aeroporto sólidos, constituído pela ADM Portos de Pará e Bunge os quais
Internacional de Belém, o Aeroporto Internacional Santarém, pertencem ao Porto Organizado de Vila do Conde.Ele responde
além de aeroportos em Monte Dourado, São Felix do Xingu; por 70% das cargas transportadas do Pará para o exterior.
Tucuruí, Capanema; Dom Eliseu, Curralinho, Jacundá, Bragança, Outras instalações: Terminal Miramar,
Jacundá; Jacareacanga, Porto de Trombetas, Prainha. Terminal de Outeiro, Porto de Santarém, Porto de Óbidos,
Totalizando aproximadamente 49 unidades aeroviárias. Porto de Itaituba, Porto de Altamira e Porto de Marabá;
Almeirim São Félix do Xingu Hidrovias:
Monte Alegre Conceição do Araguaia Nos últimos anos tem se observado uma retomada
Redenção Oriximiná do uso do transporte hidroviário em nosso estado e em nossa
região como um todo. Desde o período da integração nacional
Bragança Tucuruí esta modalidade de transporte estava em segundo plano, a
Novo Progresso Itaituba preferência era o uso de rodovias.
Rurópolis Paragominas  HIDROVIA ARAGUAIA/TOCANTINS
Breves Jacareacanga Os rios Tocantins e Araguaia atravessam as regiões
Centro-Oeste e Norte, comprovadamente dotadas de imensas
Óbidos Porto de Moz riquezas minerais, banhando, em extensões superiores a 2.000
km, terras com natural vocação para a agropecuária. Se
FLUVIAL
transformados em hidrovias de grande porte, poderão ser fator
O Estado mantém 108 pontos de infraestrutura
determinante da exploração em larga escala desses recursos
portuária, que servem para importação e exportação de
pela possibilidade de direcionar a produção regional, desde
Concurso: CFP-PMPA- 2020 - 27 - Atualidades
Concursos Públicos Prof. Walter Soares
Barra do Garças, no Brasil Central, até um porto flúvio- O corredor para Miritituba, ainda com todas as
marítimo no estuário do Amazonas - Vila do Conde, dificuldades de quase mil quilômetros sem asfalto, começou
privilegiadamente localizado em relação aos mercados norte- em 2014, com o terminal da BUNGE e hoje tem um terminal de
americano, europeu e do Oriente Médio. Mas, para que a petróleo, que é da ATEM, empresa de Manaus, além de cinco
produção dessa região apresente condições de competitividade operações portuárias específicas. No porto público da CDP, que
com outras áreas mais próximas do litoral ou dos grandes é uma instalação pública portuária de pequeno porte, a
centros é fundamental a existência de uma via de transportes instalação da Transportes Bertolini, o terminal da Cianport, que
de baixo custo operacional como a hidrovia pode oferecer. é um terminal pequeno mas que atende commodities fazendo
Estudos realizados indicam que a economia embarque ao largo para o exterior de barcaça de Mirituba até
alcançada pelo transporte hidroviário com a transposição da Santarém, e de Santarém faz transbordo ao largo.
barragem de Tucuruí, pelas embarcações, sem quebra do modo Existe o Terminal da UniTapajós, que fez uma
de transporte, viabiliza plenamente a conclusão das obras já parceria com o Grupo Amaggi, que está operando em
iniciadas das eclusas. A partir da análise das condições de Miritituba e que leva para Barcarena para o terminal deles em
navegabilidade dos dois rios, verifica-se que essa hidrovia é Itupanema no Porto de Vila do Conde. Há o terminal da
constituída de longos trechos naturalmente navegáveis para Hidrovias do Brasil, que é um terminal “chapa branca”, ou seja,
embarcações adequadamente dimensionadas, embora com ele não trabalha para nenhuma bandeira específica ou pra uma
restrições de profundidade em passagens localizadas, porém, grande trade, mas trabalha para diversas trades, é o verdadeiro
perfeitamente suscetíveis de correção, através de operador portuário, ele tem uma estação de transbordo em
melhoramentos diretos a serem implantados Miritituba e o terminal privado para embarque de longo curso
progressivamente, em função da demanda de tráfego. Com a para o exterior em Itupanema, projeto da Brick Logística que
construção da barragem de Tucuruí criou-se um desnível de 72 atendem mais as médias trades que não tem volume ainda que
metros, que secciona a hidrovia, impondo a construção de uma justifique uma operação própria em terminais portuários. Cada
obra de navegação de grande porte capaz de vencer o desnível investimento desse em uma estação de transbordo em
de 72 metros criado. Miritituba, e um terminal privado em Barcarena e mais a
Dessa forma será necessária a criação de um sistema operação de comboios de barcaças é um investimento da
de transposição localizado na margem esquerda do rio ordem de 1 bilhão a 2 bilhões.
Tocantins e constituído por duas eclusas e um canal Há o terminal de grãos da Cargill que também faz a
intermediário, adequadamente alinhados, cujo objetivo operação de barcaças indo até Santarém, então hoje o destino
precípuo é dar continuidade à navegação no trecho da hidrovia desses terminais e estações de transbordos em Miritituba, são
interrompido com a construção da barragem. Extensão total da uma pequena parte, cerca de 25% ou 30% para Santarém e
hidrovia: 3.770 km (previsão), segundo a ANTAQ. 70% ou 75% para Vila do Conde. O total de carga fechado no
ano de 2019, ou seja, no quinto ano ultrapassou 10 milhões de
 HIDROVIA TAPAJÓS / TELES PIRES toneladas.
Abrange os estados do Amazonas (AM), Rondônia Cresceu de zero para dez toneladas em apenas 5
(RO), Pará (PA) e Mato Grosso (MT), em seus limites se anos. Agora para a safra 2020, com a consolidação da
encontram inseridos os territórios de 96 municípios, sendo o pavimentação da BR-163, a estimativa é que se chegue próximo
rio Teles Pires o divisor natural entre estes MT e PA por cerca de 15 milhões de toneladas. Isso se o coronavírus der um
de 330 km. A hidrovia possui três trechos de navegação tempo na China, grande compradora de grãos brasileiros.
praticamente isolados entre si.
O primeiro trecho, considerado como baixo Tapajós, Turbine sua preparação no Minicurso
corresponde ao trecho entre Santarém (PA) e Itaituba (PA). de Atualidades do Prof. Walter Soares
Este trecho é francamente navegável, sem maiores
dificuldades, o ano todo, com profundidades mínimas de 2,5
metros e declividade média de 4 cm/km, e apresenta grande
número de ilhas fluviais.
No segundo segmento, entre as corredeiras
de São Luís do Tapajós e de Chacorão, com cerca de 420 km de
extensão, o rio apresenta declividade média de 15 cm/km e
contém muitos afloramentos rochosos, saltos e alguns bancos
de areia, que são intransponíveis por embarcações. A
profundidade mínima neste trecho chega a 1,5 metros.
O terceiro trecho, entre as corredeiras do Chacorão
e a confluência dos rios Juruena e Teles Pires, com cerca de 80
km de extensão, possui características semelhantes ao segundo
trecho, com declividade média de 15 cm/km e apresenta
diversos pedrais, ilhas fluviais e bancos de areia que restringem
a navegação. Principais cargas: madeira; soja e farelo de soja;
grãos; gêneros alimentícios e inflamáveis.

 Porto de Miritituba – Itaituba: Curso completo: Teoria & Exercícios


Inf. (91) 98195-7510
Concurso: CFP-PMPA- 2020 - 28 - Atualidades

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