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1. O autor da Carta se apresenta como sendo “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” (1,1) e
como “testemunha dos sofrimentos de Cristo” (5,1). Os primeiros escritores cristãos
confirmam essa autoria de Pedro. Atualmente, porém, essa atribuição dificilmente pode
ser aceita. Em primeiro lugar, o autor da Carta serve-se da língua grega com maestria e
elegância. Em segundo lugar, a Carta parece refletir um ambiente tardio, quando o
apóstolo Pedro já teria sido martirizado em Roma.
2. É possível que o verdadeiro autor seja Silvano, nome latino de Silas, companheiro de
Paulo em suas missões. Cf. 5,12. Ou então, Silvano foi o secretário de Pedro, por meio
de quem este teria escrito esta Carta.
3. Sendo a autoria de Pedro, deve-se datar este escrito entre os anos 64-67, antes da
morte do apóstolo. Não sendo de Pedro, poderá ter sido escrita entre 70 e 110. Quanto
ao local, pensa-se que a Carta foi escrita em Roma. Cf. a referência à Babilônia, em
5,13, que pode ser uma maneira de se referir à Capital do Império Romano.
5. Esses destinatários são referidos como os “eleitos que são forasteiros da dispersão, no
Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1,1). São citadas aqui, cinco regiões do
oeste e do norte da Ásia Menor, atual Turquia. Sociologicamente, pode-se pensar que
esses destinatários eram pessoas de condição social humilde, uma vez que é feita
referência somente a servos. Por sua fé, eles estão sendo perseguidos. Quanto à
composição da comunidade, o mais provável é que ela seja formada de pessoas
convertidas do paganismo (cf. 1,14-18; 29-10; 4,3-4).
11. Na continuidade, o autor faz uma reflexão sobre o sacerdócio dos fieis em Cristo.
Ele retoma as palavras do Êxodo (Ex 19,5-6), o que nos permite dizer que, para ele, a
comunidade cristã é herdeira das promessas do antigo Israel.
12. Mas como viver essa vocação à santidade no mundo? Ele exorta seus destinatários a
se comportar como peregrinos e forasteiros:
a) dando um bom testemunho entre os gentios: 2,11-12;
b) sujeitando-se às autoridades: 2,13-17;
c) respeitando os senhores: 2,18;
d) suportando com paciência o sofrimentos, ainda que sejam injustos: 2,19-20.
13. Nesse ponto, o autor interrompe suas exortações e insere um hino em sua Carta. É
um hino cristológico no qual exalta a atitude do Cristo diante do sofrimento: 2,21-25.
14. Depois, ele volta às exortações. Primeiramente, quanto à vida matrimonial: seja no
comportamento que se espera das mulheres (3,1-6), seja no que espera dos maridos
(3,7). Seguem outras exortações sobre o modo de viver a fraternidade em comunidade,
que terminam com uma citação do livro dos Salmos: 3,8-12. Depois disso, ele volta ao
tema da atitude que a comunidade deve tomar diante do sofrimento: 3,13-17. Pelas
tantas vezes em que o autor volta a esse tema, é possível dizer que a comunidade, de
fato, estava experimentando a perseguição.
15. Em 3,18-22, temos um trecho que fala da descida do Cristo aos infernos e uma
alegoria do episódio da arca de Noé posto em comparação com o batismo. O que segue,
também pode ser visto como uma exortação batismal, que significa uma ruptura com o
pecado: 4,1-6.
16. Seguem mais exortações sobre a conduta dos cristãos em comunidade (4,7-11) e
sobre a atitude diante do sofrimento (4,12-19). Depois, a Carta já se encaminha para seu
final. Há uma exortação aos presbíteros (5,1-4) e aos jovens (5,5-11). A Carta termina
com as saudações finais (5,12-14).