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CONTESTAÇÃO - EMBARGOS DE TERCEIRO - ALIENAÇÃO DE BEM PENHORADO

- NOVO CPC

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____________ DA COMARCA DE


__________________ - ___

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COOPERATIVA DE ECONOMIA ____________, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ sob nº ____________, com sede à Rua ____________, ____, ___º andar, Bairro
____________, CEP ____________, ____________, ___, por seu procurador firmatário, nos
termos do instrumento incluso (Doc. 01), o qual recebe intimações no endereço contido no
rodapé desta petição, vem, respeitosamente à presença de V. Exª, apresentar
CONTESTAÇÃO AOS EMBARGOS DE TERCEIRO, nos termos do art. 679 do CPC/2015,
opostos por
____________ Ltda., qualificada nos autos, de acordo com as razões de fato e de direito que
a seguir passa a expor:
A Embargante opõe-se, por meio da presente ação, à penhora de veículo efetivada nos autos
da ação de execução nº ____________, movida pela Embargada contra ____________ e
outro.
Alega, como fundamento de seu pedido, “[...] que por ocasião da tradição, o veículo contava
apenas com registro de alienação fiduciária, com o que, desde logo, configurada a boa-fé da
Embargante” (fls. ___).
Ocorre que tal assertiva não corresponde à verdade.
O Executado ____________ foi citado (30/12/20__, fls. ___) e não fez indicação de bens à
penhora (fls. ___).
A Exequente promoveu pesquisa de bens e somente localizou, para fins de penhora, o
automóvel placa ____________ (fls. ___).
A penhora sobre o referido automóvel foi deferida em 20/01/20__ (fls. ___).
Foi expedido ofício ao DETRAN com respeito à referida constrição em 04/02/20__ (fls. 67),
tendo o órgão informado que procedeu ao registro em 13/02/20__ (fls. ___).
Tomando-se a data constante no instrumento de liberação de fls. ___, verifica-se que foi
passado somente em abril/20__.
Outrossim, os documentos juntados com a inicial dos presentes embargos referem que a data
do pedido, ou seja, a data em que se deu o início do negócio envolvendo a Embargante e o
Executado ____________, foi 21/03/20__ (fls. ___).
Presume-se, ainda, que o acerto tenha sido concluído somente após a obtenção da liberação
da alienação fiduciária, o que ocorreu em abril de 2003, conforme antes referido.
Percebe-se, portanto, que a alienação deu-se em momento posterior à penhora e a
comunicação ao DETRAN.
Tendo sido alienado bem penhorado, essa alienação não produz efeitos com relação à
Exequente, ora Embargada.
E, mesmo que assim não fosse, deu-se a venda em momento posterior à citação do
Executado, não tendo este ficado com bens suficientes para garantia do débito exequendo.
Incide, desse modo, a norma insculpida no art. 792, II, do CPC/2015, pela qual “A alienação
ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: [...] II – quando, ao tempo da
alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência”.
Convém, para melhor esclarecimento, transcrever lição doutrinária acerca do assunto:
“Distinção entre fraude à execução (inciso II) e alienação de bens penhorados – Presentes os
requisitos objetivos da litispendência e da insolvência, a alienação ou oneração de bens
penhoráveis é ineficaz perante a execução [...], sendo despiciendo qualquer exame sobre as
condições subjetivas de culpa ou má-fé. Não se exige, tampouco, prévia constrição judicial
do bem por penhora, arresto, sequestro ou qualquer medida semelhante, e nem, portanto,
qualquer registro. Convém evitar a confusão – frequente na doutrina e na jurisprudência –
entre (a) a fraude à execução prevista [...], cuja configuração supõe litispendência e
insolvência, e (b) a alienação de bem penhorado (ou arrestado, ou sequestrado), que é
ineficaz perante a execução independentemente de ser o devedor insolvente ou não. Da
distinção entre as duas resultam importantes consequências: se o devedor for solvente, a
alienação de seus bens é válida e eficaz a não ser que (a) se trate de bem já penhorado ou, por
qualquer outra forma, submetido a constrição judicial, e (b) que o terceiro adquirente tenha
ciência – pelo registro ou por outro meio – da existência daquela constrição; mas, se o
devedor for insolvente, a alienação será ineficaz em face da execução, independentemente de
constrição judicial do bem ou da cientificação formal da litispendência e da insolvência ao
terceiro adquirente. Emerge daí a providência elementar e indispensável, quando da
celebração de negócios com bens de maior valor, de atender ao “dever social [...] de se
verificar a situação patrimonial daquele que irá transferir ou gravar um bem, procedendo,
mais ainda, em relação ao atual e anteriores proprietários, a um crivo generalizado junto ao
foro cível, através da coleta de negativas forenses.”
(ZAVASCKI, T. A. Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo : RT, v. 8, 2000. p.
286-287)
No caso em tela, configuram-se ambas as hipóteses: a) alienação de bem de devedor
insolvente em época na qual já pendia ação de execução; b) alienação de bem penhorado.
Finalmente, não se sustenta sequer a alegação de boa-fé por parte da Embargante.
Consoante acima demonstrado, já existia, à época do negócio, publicidade da penhora junto
ao registro do DETRAN.
Em se tratando a Embargante de revendedora de automóveis, presume-se que, conhecedora
do ramo no qual atua e dos riscos envolvidos, não efetue negociação sem antes se acercar das
devidas cautelas quanto à idoneidade do negócio.
Não se pode, assim, admitir-se a possibilidade de que uma revendedora de automóveis receba
um veículo em pagamento, na troca por um novo, sem antes verificar a situação legal do bem
e do vendedor. E, caso o tenha feito, trata-se de risco do negócio que resolveu, por conta
própria, suportar.
Isto posto, requer a total improcedência dos embargos, sendo a Embargante condenada ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios. Protesta em provar o alegado
por todos os meios em direito admitidos.

Nestes termos,

Pede deferimento.

[Local] [data]

__________________________________
[Nome Advogado] - [OAB] [UF].

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