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PREPARATÓRIO

QOA
Curso Adsumus
Geografia Econômica

Países Recentemente
Industrializados
• Os países emergentes são considerados recém - industrializados porque neles
esse processo teve início cerca de um século e meio depois das nações
pioneiras, dentro desse grupo apenas 5 nações concentram mais da metade da
produção industrial.
• três grupos distintos: os latino-americanos, que implantaram o modelo de
industrialização por substituição de importações; os Tigres Asiáticos, que
criaram plataformas de exportações; e os que pertencem ao Fórum de Diálogo
Índia, Brasil e África do Sul – Ibas.
• Analisaremos mais detalhadamente os países com produção industrial mais
relevante de cada um deles, respectivamente: Brasil, México e Argentina;
Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura; Índia e África do Sul.
• Além de se expandir para outros países emergentes latino-americanos,
asiáticos e africanos, tem atingido países de outras regiões do mundo, como o
Leste Europeu e o Oriente Médio.
AMÉRICA LATINA: SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES
• Brasil, Argentina e México só
intensificaram o processo de
industrialização na década de 30,
devido a crise de 29 nos EUA.
• Com níveis de exportação
drasticamente reduzidos, o que lhes
dificultou importar diversos produtos
industrializados. Essa queda no
ingresso de produtos importados
acelerou a industrialização voltada a
substituir muitos bens de consumo,
principalmente vindos da Europa.
• As primeiras fábricas pertenciam à aristocracia latifundiária, aproveitando a
mão de obra qualificada (imigrantes) e com o capital acumulado com as
exportações de produtos agropecuários e passou a investi-los na indústria, no
comércio e no sistema financeiro.
• Na Argentina os estancieros acumularam dinheiro exportando carne e trigo; no
Brasil, destacavam-se, principalmente, os fazendeiros de café, conhecidos
como barões do café; e, no México, os proprietários das haciendas (fazendas)
modelo agroexportador foi empregado para a comercialização de açúcar. E
gradativamente se transformaram em burguesia industrial e financeira.
• Uma parte do lucro dos fazendeiros financiou a instalação de indústrias,
fundadas principalmente por imigrantes europeus. A intensificação da
industrialização contribui para uma urbanização acelerada e desordenada,
derivada da falta de uma efetiva reforma agrária e com uma acentuada
desigualdade social e a consequente limitação do mercado interno.
• O processo de industrialização por parte do Estado, não foi acompanhado de
políticas sociais e econômicas voltadas à distribuição de renda e maior inserção da
população pobre no mercado de consumo. Mas investiu em indústrias de bens
intermediários – mineração e siderurgia, petrolífera e petroquímica, etc. – e em
infraestrutura – transportes, telecomunicações, energia elétrica, etc.
• Na América Latina, os maiores símbolos desse modelo foram as estatais petrolíferas:
Petrobras ( fundada em 1954), Pemex (Petróleos Mexicanos, 1934), PDVSA
(Petróleos de Venezuela S.A., 1975) e a argentina YPF (Yacimientos Petrolíferos
Fiscales, 1922), até 2012 todas continuavam sob o controle total ou parcial do
Estado, eram tanto as maiores empresas nos respectivos países como, com exceção
da YPF, as primeiras colocadas da América Latina na lista Fortune Global 500.
• Após a Segunda Guerra, o modelo mostrou suas limitações: carência de maiores
volumes de capitais que permitissem dar continuidade ao processo, inexistência de
setores industriais importantes, como a indústria de bens de capital, e defasagem
tecnológica. Assim tem início a entrada de capitais estrangeiro com as filiais de
empresas multinacionais promovendo a expansão de muitos setores industriais
nesses países: automobilístico, químico-farmacêutico, eletroeletrônico, de máquinas
e equipamentos e outros, que até então tinham uma produção limitada ou
inexistente.
• Nos setores tradicionais entraram grandes empresas alimentícias e têxteis,
juntando-se às nacionais já existentes e, em muitos casos, incorporando-as, o
que estimulou um grande avanço no processo de industrialização do Brasil, do
México e da Argentina, assentando o processo no tripé: capital estatal,
nacional e estrangeiro. A entrada das corporações transnacionais contribuiu
para o surgimento de novas empresas nacionais em diversos setores, muitas
delas complementares às estrangeiras: por exemplo, a entrada das empresas
automobilísticas estimulou o desenvolvimento de muitas indústrias nacionais
de autopeças.
• Esse modelo vigorou também em outros países latino-americanos, como a
Venezuela, a Colômbia, o Chile e o Peru, que, embora tenham menor grau de
industrialização, vêm apresentando rápido crescimento econômico neste
século, maior até do que as duas maiores economias da região.
• A indústria tornou-se um setor muito importante na economia do Brasil, do
México e da Argentina, com significativa participação nos seus PIBs. Os mais
importantes complexos industriais estão concentrados nas grandes regiões
metropolitanas: no triângulo São Paulo - Rio de Janeiro - Belo Horizonte, no
Brasil; no eixo Buenos Aires-Rosário, na Argentina; e no eixo Cidade do México-
Guadalajara e em Monterrey, no México.
• Mas há concentrações industriais também na região de Caracas (Venezuela),
Bogotá (Colômbia) e Santiago (Chile). Esses países, embora menos importantes
do ponto de vista industrial, também são classificados como emergentes.
• Esse modelo incentivou a produção interna de bens de consumo, como
roupas, calçados, eletrodomésticos, carros, entre outros. Mas dependia da
importação de outros bens que não eram produzidos internamente, como
máquinas e equipamentos, e com a necessidade de uma infraestrutura de
transportes, energia e telecomunicações, demandando mais investimentos.
• Como a poupança interna era
limitada, esse modelo de
industrialização foi muito
dependente de capital estrangeiro, e
os recursos externos entravam nesses
países como investimento produtivo,
por meio da instalação de filiais de
transnacionais, ou por empréstimos
contraídos pelos governos e por
empresas privadas nacionais.
CRISES FINANCEIRAS E BAIXO CRESCIMENTO ECONÔMICO
• No pós-Segunda Guerra, o crescimento econômico do Brasil, do México e da
Argentina foi bastante elevado, estendendo-se até o início dos anos 1980, em grande
medida assentado em empréstimos estrangeiros, que a partir dos anos 1970
passaram a ser mais disponíveis no mercado financeiro mundial
• Houve um aumento do crédito nos bancos dos países desenvolvidos que passaram a
reciclar os petrodólares, ou seja, a emprestar vultosos recursos depositados pelos
países exportadores de petróleo, que ganharam muito dinheiro com a elevação dos
preços do barril a partir de 1973.
• Entre 1974 e 1981, os países da Opep acumularam 360 bilhões de dólares com
exportações, e metade desses recursos foi depositada em bancos dos países
desenvolvidos, essa grande oferta de dinheiro no mercado financeiro fez as taxas de
juros internacionais caírem após 1973, atingindo o ponto mais baixo entre 1975-
1977.
• Nesse período os países em desenvolvimento, sobretudo os latino-americanos,
endividaram-se pesadamente para ajudar no processo de industrialização e
instalação de infraestrutura. Por exemplo, segundo o Banco Central do Brasil, nosso
país tinha uma dívida externa total de 8,2 bilhões de dólares em 1971, que saltou
para 25,1 bilhões em 1975.
• A crise do petróleo de 1973 provocou o aumento das taxas de juros, houve
uma segunda elevação bem mais forte, com a crise petrolífera de 1979. No
final da década de 1970, o governo norte-americano manteve alta as taxas de
juros para conter a inflação, atrair investimentos e financiar seu déficit
orçamentário e comercial, convertendo-se no principal receptor de dinheiro no
mundo.
• Com isso nos países em desenvolvimento houve uma elevação de suas dívidas
e uma explosão do endividamento dos países latino-americanos, em 1982
quando o México decretou a moratória de sua dívida externa. Nesse momento
os três países adotaram a política do “exportar é o que importa”, visando à
obtenção de moeda forte (dólares) para o pagamento dos juros da dívida. No
entanto, baixou os preços dos produtos primários, na época majoritários em
suas exportações, reduzindo a entrada de receitas em moeda estrangeira.
• Os governos mantinham uma política de contenção de importações de produtos
industrializados, provocando o sucateamento dos parques produtivos, com a
dificuldade de comprar máquinas e equipamentos necessários à sua modernização.
• A combinação de altas taxas de juros (maior endividamento) com baixos preços de
produtos de exportação (menores receitas) resultou em uma grave crise econômica
nos países em desenvolvimento em geral, mas em particular os latino-americanos,
os mais endividados. Assim os anos 1980 ficaram conhecidos como a “década
perdida”: suas economias sofreram com baixo crescimento e elevada inflação.
• Esse modelo econômico provocou forte concentração de renda, se assentava
em baixos salários pagos aos trabalhadores, restringindo o mercado interno e
o processo de industrialização. O modelo que visava substituir importações
acabou limitando-o e os bens de consumo produzidos eram voltados apenas
para pequena parcela da população.
• A década de 1990 foi marcada pela estabilização das economias dos países
latino-americanos. Alcançando a redução da inflação após a implantação de
medidas neoliberais, que mudaram a modalidade de endividamento externo e
melhoraram o desempenho da economia, entretanto, as crises continuaram
ocorrendo, agora no contexto da globalização financeira.
• Com os avanços tecnológicos na informática e nas telecomunicações,
ampliaram-se as possibilidades de investimentos no mercado mundial,
destacando-se as ações, os títulos da dívida pública e as moedas estrangeiras.
• Atualmente a compra e a venda de títulos da dívida pública tem sido a
principal atividade especulativa, com a emissão desses títulos pelos governos é
uma forma de os países tomarem dinheiro emprestado. Ao comprá-los, os
investidores emprestam dinheiro ao Estado, que terá de pagar juros pelo
empréstimo.
• O problema do capital especulativo é que ele é volátil, transferindo-se
rapidamente de um setor, ou mesmo de um país, para outro, gerando poucos
empregos e fragilizando as economias dos países, sendo a origem das crises
financeiras de diversos países emergentes ao longo da década de 1990.
A CRISE MEXICANA DE 1994-1995
• Primeiro país a sucumbir à crise da dívida na década de 1980 e foi novamente
o primeiro a sucumbir à globalização financeira da década seguinte. A crise de
1994-1995 deveu-se à saída de capitais especulativos, reduzindo rapidamente
as reservas de dólares do país, o que provocou instabilidade em suas contas
externas e desvalorização da moeda nacional (o peso).
• Um dos problemas mais graves da economia mexicana era o desequilíbrio
crescente em sua balança comercial: em 1990, o déficit no comércio exterior
foi de US$3 bilhões; em 1992, tinha atingido US$20 bilhões. Para fechar seu
balanço de pagamentos, o governo mexicano passou a recorrer a capitais
especulativos por meio do aumento da taxa de juros de seus títulos públicos.
Em 1992, entraram US$16 bilhões; em 1993, US$18 bilhões, e a partir daí
começou a haver evasão de capitais.
• O início das operações dos guerrilheiros do Exército Zapatista de Libertação
Nacional (EZLN), em janeiro de 1994 (instabilidade política) e os desequilíbrios
econômicos criou um ambiente insegurança e afugentou os investidores de
curto prazo.
• Estes passaram a vender seus bônus do Tesouro e a retirar o dinheiro do
México, levando o país a uma grave crise econômica que o obrigou a recorrer
ao FMI para fechar seu balanço de pagamentos. Houve acentuada queda do
crescimento econômico e aumento da inflação, do desemprego e da dívida
externa.
• O país só começou a se recuperar dessa crise a partir de 1996, crises
semelhantes ocorreram no Brasil em 1999 e na Argentina 2001/2002.
• O México foi o mais atingido por essa nova crise financeira(2008/2009), devido
à sua forte dependência econômica em relação aos Estados Unidos. Desde a
sua entrada no Nafta1994, cresceu a participação do mercado norte-
americano nas exportações mexicanas, atingindo cerca de 80%. Com a crise, os
déficit comerciais do México, que já vinham se acumulando, aumentaram
significativamente.
• O Brasil foi um dos países da América Latina menos atingidos pela crise de
2008/2009, em grande parte em razão dos saldos comerciais favoráveis e do
grande acúmulo de reservas internacionais ao longo dos anos 2000, não houve
fuga maciça de capitais do Brasil. O Banco Central, em vez de subir a taxa de
juros para tentar conter a evasão de capitais estrangeiros, baixou-a, seguindo a
tendência internacional, para estimular a recuperação da economia.
TIGRES ASIÁTICOS: PLATAFORMA DE EXPORTAÇÕES
• Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura até a Segunda Guerra Mundial eram países
agrícolas, cuja população, em sua maioria, vivia no campo e desenvolvia uma
agricultura arcaica, com predomínio do cultivo de arroz. Todos tinham
população pouco numerosa, em sua maioria analfabeta, território reduzido,
sem nenhuma reserva importante de recursos minerais ou combustíveis
fósseis, portanto, um futuro econômico que não lhes parecia muito promissor.
• Durante a Segunda Guerra, todos esses territórios estiveram sob ocupação
japonesa. Após a guerra, sobretudo a partir dos anos 1970, eles passaram por
um acelerado processo de industrialização, favorecido pela lógica da Guerra
Fria: fizeram parte de um arco de alianças liderado pelos Estados Unidos para
fazer frente ao avanço sino-soviético e receberam apoio financeiro desse país.
• Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns dos maiores índices de
crescimento econômico do mundo e, desde essa época, suas economias estão
entre as que mais têm incorporado novas tecnologias ao processo produtivo.
Além disso, vêm diminuindo as desigualdades sociais e melhorando seus
indicadores socioeconômicos. Desde os anos 1980, ficaram conhecidos como
Tigres Asiáticos (junto de Hong Kong), devido a forte busca de novos mercados
no exterior levando o crescimento das suas economias, em média, 7,4% ao
ano.
INDUSTRIALIZAÇÃO E CRESCIMENTO ACELERADO
• Foram implantados regimes políticos centralizadores após a Segunda
Guerra (Coreia e Taiwan - ditaduras militares), e o Estado teve papel
fundamental no planejamento estratégico para estimular a
industrialização e as exportações.
• Medidas para estimular a industrialização:
concedeu incentivos às exportações; manteve uma política de desvalorização
cambial; tomou medidas protecionistas contra os concorrentes estrangeiros;
investiu pesadamente em educação e concedeu bolsas de estudos no exterior;
impôs restrições ao funcionamento dos sindicatos;fez grandes investimentos
em infraestrutura de transporte, energia, etc.; restringiu o consumo para
elevar o nível de poupança interna via medidas fiscais (elevação de impostos) e
controle das importações.
• O alto nível de poupança interna desses países, aliado à ajuda financeira
recebida do Tesouro dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, mais
empréstimos contraídos em bancos no exterior possibilitaram a arrancada da
industrialização.
• No início da industrialização, a mão de obra muito barata e relativamente
qualificada e produtiva, associado às medidas governamentais, tornava os
produtos dos Tigres muito baratos garantindo alta competitividade no
mercado mundial e elevados saldos comerciais, os quais eram reinvestidos a
fim de alcançar maior capacitação tecnológica.
• Com o processo de industrialização, as sociedades dos Tigres Asiáticos
perceberam a importância de investir em educação, principalmente no nível
básico, como condição fundamental para a formação de trabalhadores e
pesquisadores qualificados, a geração de novas tecnologias e o aumento da
produtividade.
• Os Tigres Asiáticos tinham um vizinho com um modelo bem-sucedido em que
se espelhar: seguiram de maneira quase integral os passos do Japão. Além
disso, se beneficiaram de uma conjuntura mundial liberal, principalmente nos
Estados Unidos, dispondo, assim, de amplos mercados para colocar seus
produtos, o que os ajudou a se converterem em plataformas de exportação.
• Esses países foram conhecidos como exportadores de produtos de baixa
qualidade e de tecnologia banal, mas hoje estão vendendo produtos
sofisticados de alto valor agregado, e mais recentemente, o aumento da renda
per capita, e a elevação salarial, resultante do crescimento da produtividade da
economia, ocasionaram uma expansão quantitativa e qualitativa dos mercados
internos, sobretudo na Coréia do Sul.
TIGRES ASIÁTICOS: PLATAFORMA DE EXPORTAÇÕES
• Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura até a Segunda Guerra Mundial eram países
agrícolas, cuja população, em sua maioria, vivia no campo e desenvolvia uma
agricultura arcaica, com predomínio do cultivo de arroz. Todos tinham
população pouco numerosa, em sua maioria analfabeta, território reduzido,
sem nenhuma reserva importante de recursos minerais ou combustíveis
fósseis, portanto, um futuro econômico que não lhes parecia muito promissor.
• Durante a Segunda Guerra, todos esses territórios estiveram sob ocupação
japonesa. Após a guerra, sobretudo a partir dos anos 1970, eles passaram por
um acelerado processo de industrialização, favorecido pela lógica da Guerra
Fria: fizeram parte de um arco de alianças liderado pelos Estados Unidos para
fazer frente ao avanço sino-soviético e receberam apoio financeiro desse país.
• Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns dos maiores índices de
crescimento econômico do mundo e, desde essa época, suas economias estão
entre as que mais têm incorporado novas tecnologias ao processo produtivo.
Além disso, vêm diminuindo as desigualdades sociais e melhorando seus
indicadores socioeconômicos. Desde os anos 1980, ficaram conhecidos como
Tigres Asiáticos (junto de Hong Kong), devido a forte busca de novos mercados
no exterior levando o crescimento das suas economias, em média, 7,4% ao
ano.
INDUSTRIALIZAÇÃO E CRESCIMENTO ACELERADO
• Foram implantados regimes políticos centralizadores após a Segunda Guerra
(Coreia e Taiwan - ditaduras militares), e o Estado teve papel fundamental no
planejamento estratégico para estimular a industrialização e as exportações.
• Medidas para estimular a industrialização:
concedeu incentivos às exportações; manteve uma política de desvalorização
cambial; tomou medidas protecionistas contra os concorrentes estrangeiros;
investiu pesadamente em educação e concedeu bolsas de estudos no exterior;
impôs restrições ao funcionamento dos sindicatos;fez grandes investimentos
em infraestrutura de transporte, energia, etc.; restringiu o consumo para
elevar o nível de poupança interna via medidas fiscais (elevação de impostos) e
controle das importações.
• O alto nível de poupança interna desses países, aliado à ajuda financeira
recebida do Tesouro dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, mais
empréstimos contraídos em bancos no exterior possibilitaram a arrancada da
industrialização.
• No início da industrialização, a mão de obra muito barata e relativamente
qualificada e produtiva, associado às medidas governamentais, tornava os
produtos dos Tigres muito baratos garantindo alta competitividade no
mercado mundial e elevados saldos comerciais, os quais eram reinvestidos a
fim de alcançar maior capacitação tecnológica.
• Com o processo de industrialização, as sociedades dos Tigres Asiáticos
perceberam a importância de investir em educação, principalmente no nível
básico, como condição fundamental para a formação de trabalhadores e
pesquisadores qualificados, a geração de novas tecnologias e o aumento da
produtividade.
• Os Tigres Asiáticos tinham um vizinho com um modelo bem-sucedido em que
se espelhar: seguiram de maneira quase integral os passos do Japão. Além
disso, se beneficiaram de uma conjuntura mundial liberal, principalmente nos
Estados Unidos, dispondo, assim, de amplos mercados para colocar seus
produtos, o que os ajudou a se converterem em plataformas de exportação.
• Esses países foram conhecidos como exportadores de produtos de baixa
qualidade e de tecnologia banal, mas hoje estão vendendo produtos
sofisticados de alto valor agregado, e mais recentemente, o aumento da renda
per capita, e a elevação salarial, resultante do crescimento da produtividade da
economia, ocasionaram uma expansão quantitativa e qualitativa dos mercados
internos, sobretudo na Coreia do Sul.
• a elevação dos custos da mão de obra e a
valorização de suas moedas têm levado
esses países, investirem em novos setores
industriais, mais avançados
tecnologicamente, transferindo indústrias
tradicionais e intensivas para outros países
da região(mão de obra barata).
• Seguindo o modelo dos países
desenvolvidos industrializados, os Tigres
têm construído filiais na Tailândia, na
Malásia e na Indonésia, também
cresceram aceleradamente, de 1980 a
2010, com isso esses três países são
conhecidos como os Novos Tigres. Além
dos investimentos feitos na China,
sobretudo por empresários de origem
chinesa com empresas sediadas em Taiwan
e Cingapura.
• A Coreia do Sul é o país mais industrializado dos Tigres Asiáticos, com sua economia
controlada por redes de grandes empresas, denominadas chaebols. Fabricam uma
enorme diversidade de produtos, desde aço e navios até artigos eletrônicos e
automóveis, além de também atuarem no setor financeiro e no comércio.
• Os chaebols sul-coreanos cada vez mais colocam seus produtos mundo afora,
figuram na lista das maiores empresas do mundo e já são responsáveis por algumas
inovações tecnológicas. Entre eles se destacam: a Samsung Electronics (a maior
empresa do país e 20ª do mundo, de acordo com a The Global 500, 2012), a SK
Holdings, a Hyundai Motor, a LG Electronics e a Hyundai Heavy Industries (todas na
lista da revista Fortune).
• As industriais concentram-se no litoral próximo aos portos, como Busan (maior do
país e um dos maiores do mundo), favorecendo a chegada de matérias-primas
agrícolas, minerais e fósseis, com forte presença na pauta de importações (segundo
o Banco Mundial, 44% em 2010), e a saída de produtos industrializados, majoritários
na pauta de exportações (89% em 2010).
• Taiwan tem seis empresas na lista da Fortune Global 500 2012; a maior delas é
a Hon Hai Precision Industry (a 43ª do mundo). Essa empresa é detentora da
marca Foxconn, que produz motherboards (placas-mãe), notebooks, tablets e
smartphones para diversas marcas ocidentais, entre as quais a norte-
americana Apple.
• Estão sediadas no país mais duas empresas do setor microeletrônico que
estão entre as quinhentas maiores: Quanta Computer e Compal Electronics. A
especialização das empresas taiwanesas lhes permite agilidade e flexibilidade
para se adaptarem às inovações tecnológicas, assegurando-lhes maior
competitividade.
• A recente desaceleração da indústria automotiva, obrigou os fabricantes
taiwaneses a se deslocarem para novos mercados, como o aeroespacial, que
demanda soluções de altíssima tecnologia e preços mais elevados. Isso trouxe
um ganho para a região, em termos de aprimoramento tecnológico e
faturamento por quilo de produto exportado.
• Cingapura transformou-se num dos maiores entrepostos comerciais do mundo e
importante centro financeiro asiático. Em 2012, o país apresentava o melhor índice
de desempenho em logística do mundo, e em 2010 possuía o segundo porto mais
movimentado do planeta. Além disso, tem procurado investir em indústrias de alto
valor agregado, como a naval e a eletrônica. Está sediada no país a Flextronics
International, segunda fabricante mundial de componentes eletrônicos.
• Passou de indústria de montagem de baixa qualificação para produtos e processos
industriais avançados, inclusive P&D e fabricação de lâminas em microeletrônica e de
uma economia controlada pelo comércio marítimo e refino de petróleo a uma
estrutura industrial amplamente diversificada que inclui máquinas, produtos
eletrônicos, equipamentos de transporte, serviços relacionados à produção e
finanças internacionais.
• A indústria de alto valor agregado é parte da estratégia do governo para aumentar o
faturamento, como os setores naval, petroquímico, de eletrônicos e semicondutores
utilizados em circuito integrado, em chips de computador. O país também se
transformou em um poderoso sistema financeiro mundial, ao abraçar a globalização
e atrair pesados investimentos internacionais.
Diferenças entre o modelo asiático e o latino-americano
• O modelo asiático é construído sobre poupança interna e mercado externo,
enquanto o modelo latino-americano é construído sobre poupança externa e
mercado interno.
• o modelo asiático, ao apoiar o desenvolvimento em poupança interna e
implantar um Estado eficiente, mantendo as contas públicas controladas,
permitiu, bem antes dos países da América Latina, maior crescimento
econômico com a inflação sob controle.
• propiciou maiores taxas de crescimento econômico, maior elevação e melhor
distribuição da renda per capita, consequentemente, assegurou maior alta do
índice de desenvolvimento humano.
PAÍSES DO FÓRUM IBAS
• Cooperação trilateral firmada em 2003 entre três importantes países
emergentes: Índia, Brasil e África do Sul. objetivo é aprofundar a cooperação
Sul-Sul no âmbito econômico, científico e cultural e aumentar o poder de
negociação com os países desenvolvidos nos organismos internacionais.
• Buscam elevar seu perfil internacional a partir de atributos cuja semelhança,
por si só, justifica a maior aproximação entre os três países: são potências
intermediárias, com forte influência em suas respectivas regiões, democracias
consolidadas e economias em ascensão e que, dadas as evidentes
desigualdades internas, confrontam desafios comuns de desenvolvimento”.
ÍNDIA
• Um dos mais importantes países emergentes, a 2ª população do planeta, o
país cresceu em média 8% ao ano no período 2000-2010. Entretanto, iniciou
seu processo de industrialização muito tarde, somente após a Segunda Guerra,
quando se libertou do domínio do Reino Unido.
• Em 1947, sob a liderança de Mohandas Gandhi (1869-1948), mais conhecido
como Mahatma (‘grande alma’, em sânscrito), obteve sua independência
política. O partido Congresso Nacional Indiano, de maioria hindu, assumiu o
poder, tendo como primeiro-ministro outro importante líder do movimento de
independência, Jawarhalal Nehru (1889-1964).
• O partido permaneceu no poder até 1996, quando o Partido do Povo Indiano
(Bharatiya Janata Party, BJP) venceu as eleições. O país é uma república
parlamentarista, e os indianos gabam-se de ser a maior democracia do mundo.
• A Índia teve uma forte participação do Estado no início de seu processo de
industrialização durante o governo Nehru , embora houvesse também capitais
britânicos, norte-americanos e assistência técnica soviética, como o petroquímico e
o bélico. O Estado investiu principalmente na indústria de bens intermediários, na
indústria bélica e em obras de infraestrutura.
• Suas grandes reservas de minérios, como cromo (2º produtor mundial), ferro (4º) e
manganês (5º), e de combustíveis fósseis, principalmente o carvão mineral (7,5% de
toda a produção do planeta), sua principal fonte de energia e terceiro produtor
mundial. Em 2011, as reservas de petróleo são 19ª do planeta e na produção o 23º
produtor mundial. Sua produção interna equivale 27% do consumo/dia, tornando o
país um grande importador desse combustível fóssil.
• As maiores concentrações industriais do país estão no nordeste do território indiano,
em torno de cidades como Janshedpur e Kolkata (Calcutá), com destaque para
indústrias pesadas, como siderúrgicas, mecânicas, carbo e petroquímicas, em razão
das reservas de carvão, petróleo e minérios. Mas há concentrações industriais em
outras regiões, inclusive de alta tecnologia, como em Bangalore, no sul do país.
• Seu parque fabril diversificado, com praticamente todos os setores industriais,
e também já possui algumas empresas entre as maiores do mundo, com
destaque para a Indian Oil. Foi criada em 1959, no governo de Nehru, com o
objetivo estratégico de sustentar o desenvolvimento industrial do país e
garantir o abastecimento de petróleo e derivados. Representa a intervenção
estatal no processo de industrialização da Índia e até hoje é controlada pelo
governo central(78,9% das ações) .
• O Grupo Tata merece destaque com as empresas Tata Motors e a Tata Steel,
controlado pelo bilionário Ratan N. Tata. Esse gigantesco conglomerado é
composto de 94 empresas que atuam em mais de oitenta países nos mais
diversos setores industriais: siderúrgico, químico, automobilístico,
aeroespacial, informática, entre outros; assim como também nos serviços e
nas finanças(Tata Motors comprou a Daewoo e a Jaguar Land Rover 2004-
2008).
Um país de profundos contrastes
• Mesmo com uma parque industrial diversificado continua sendo um país
essencialmente rural com 69% da pop. no campo e sua PEA é constituída por 52% na
agricultura e 19% do PIB. A indústria corresponde 14% da PEA e produzia 26% do
PIB, já os serviços com 34% da PEA e 55% do PIB, setor da economia que mais cresce
e se moderniza.
• A Índia tem atraído muitos investimentos externos com um processo de abertura ao
capital estrangeiro combinado com uma política de desregulamentação e de
privatização, pautado pela mão de obra barata qualificada e mercado interno em
crescimento. Mas pequena parcela da população é de fato consumidora, já que a
maior parte dela está abaixo da linha internacional de pobreza.
• Em 2010, segundo o Banco Mundial, 68,7% dos indianos viviam na pobreza, com
menos de 2 dólares por dia, e 32,7% na extrema pobreza, com menos de 1,25 dólar
por dia. Um pouco mais de 300 milhões de pessoas constituem o mercado interno e
com a modernização e o rápido crescimento econômico vem ampliando a classe
média.
• Sua economia cresce desde a década de 1990, e cada vez mais dispõe de indústrias e
serviços de alta tecnologia, como informática (software e hardware), tecnologias da
informação e comunicação (TI) e biotecnologia. Sendo um dos maiores exportadores
mundiais de softwares e de produtos da área de TI e possui algumas das mais
importantes empresas mundiais que atuam nesses setores, concentradas sobretudo
em torno do parque tecnológico de Bangalore.
• Além disso, muitas corporações dos Estados Unidos e do Reino Unido têm
terceirizado seus serviços de atendimento telefônico ao consumidor e de
telemarketing, deixando-os sob responsabilidade de empresas indianas. A mão de
obra barata compensa o custo da ligação telefônica internacional, que tem caído
com o avanço tecnológico.
• Bangalore é um dos mais importantes parques tecnológicos do mundo abriga
diversas universidades e centros de pesquisa, a maioria do governo indiano, entre os
quais se destacam: Universidade de Bangalore, Instituto Indiano de Ciência, Instituto
Internacional de Tecnologia da Informação e Organização Indiana de Pesquisa
Espacial.
• No parque se desenvolveram diversas empresas nacionais (estatais e privadas)
de alta tecnologia – Industan Aeronautics (aeronáutica), Infosys (softwares),
Tata Technologies (softwares), Wipro Technologies (TI) e ao mesmo tempo se
instalaram na região filiais de praticamente todas as maiores corporações
multinacionais desses setores. Reunindo mais de trezentas companhias dos
setores de informática e de TI instaladas em Bangalore, que ficou conhecida
como o “Vale do Silício” da Índia.
• A Índia tornou-se uma importante fonte de mão de obra qualificada de baixo
custo, com um corpo de trabalhadores altamente habilitados e que falam
inglês, capazes de competir com os melhores, especialmente em tecnologia e
ciência, ganhando apenas uma fração do que um trabalhador semelhante
ganha nos EUA e na Europa.
• Cerca de 15 mil a 20 mil indianos deixaram o Vale do Silício e voltaram para sua
terra imbuídos de boa dose de empreendedorismo, usando sua capacidade
empresarial e capital acumulado para criar novas empresas na Índia. Outros
estão começando novas companhias em solo indiano, embora continuem
morando nos Estados Unidos. Outros, ainda, voam tanto que não sabem mais
onde moram.

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