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NÚMERO 51 — NOTA DE CONJUNTURA 19 — 2 ° TRIMESTRE DE 2021

MERCADO DE TRABALHO Maria Andreia Parente Lameiras


Técnica de Planejamento e Pesquisa

Indicadores mensais do mercado de


da Diretoria de Estudos e Políticas
Macroeconômicas (Dimac) do Ipea

trabalho maria-andreia.lameira@ipea.gov.br

Sumário Marcos Dantas Hecksher


Técnico de Planejamento e Pesquisa da
Diretoria de Estudos e Políticas Sociais
Esta nota tem como objetivo identificar os aspectos mais relevantes da conjuntura (Disoc) do Ipea
do mercado de trabalho brasileiro, por meio de uma análise descritiva dos resulta-
dos mais recentes dos principais indicadores de emprego no país: estimativas pró- marcos.hecksher@ipea.gov.br
prias de dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
Divulgado em 31 de maio de 2021.
(PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da base de seguro-de-
semprego (SD), ambos do Ministério da Economia. As estimativas mensais apre-
sentadas nesta nota indicam, entre outras coisas, que a população ocupada (PO)
no país somava 85,6 milhões de pessoas em março, o que representa uma queda
de 4,8% na comparação com março de 2020 (89,9 milhões), quando o início da
pandemia já havia levado a uma queda de 2,6% em relação a março de 2019. Na
margem, o resultado de março de 2021 mostra um leve recuo da ocupação (0,3%)
ante fevereiro. Em relação aos empregos formais registrados pelo Caged, no acu-
mulado do ano e em doze meses, os saldos de empregos gerados são de 957.889 e
de 1.935.616, respectivamente.

1 PNAD Contínua mensal – referência: Março de 2021

De acordo com as estimativas mensais, não oficiais, baseadas na PNAD Contínua


do IBGE, feitas a partir da metodologia desenvolvida por Hecksher (2020) e dis-
poníveis na planilha anexa, em março de 2021, observam-se os seguintes pontos.

• A taxa de desocupação atingiu 15,1% em março de 2021, com alta de 2,3


pontos percentuais (p.p.) em comparação com o mesmo período do ano
passado (mês da eclosão da crise causada pela pandemia). Na margem, os da-
dos dessazonalizados sinalizam uma taxa de desemprego em março (14,8%)
superior à observada em fevereiro (14,3%).

• Em março de 2021, o país possuía 15,2 milhões de desocupados, o que


corresponde a um aumento de 15,1% ante o observado no mesmo mês de
2020 (13,2 milhões). Após a dessazonalização, nota-se um incremento de
1,9% do contingente de desocupados na comparação com fevereiro.

• A população ocupada (PO) no país somava 85,6 milhões de pessoas em


março, o que representa uma queda de 4,8% na comparação com março de
2020 (89,9 milhões), quando o início da pandemia já havia levado a uma
queda de 2,6% em relação a março de 2019. Na margem, o resultado de
março de 2021 mostra um leve recuo da ocupação (0,3%) ante fevereiro. Na
abertura por vínculo, nota-se uma tímida melhora no contingente dos tra-

1
balhadores no setor público e estabilidade tanto no grupo dos conta própria
quanto dos empregados formais no setor privado. No caso dos empregados
sem carteira, houve uma leve retração na margem.

• Em relação à força de trabalho, os dados mais recentes mostram continui-


dade nos incrementos deste contingente, que contempla a PO e a população
que está à procura de emprego. Após apresentar quedas interanuais da ordem
de 11% em julho de 2020, em março, a força de trabalho brasileira, com-
posta por 100,8 milhões de pessoas, era apenas 2,3% menor que a observada
no mesmo período do ano passado (103,1 milhões), quando a pandemia já
havia levado a uma queda inicial de 2,2% em relação a março de 2019.

• A taxa de participação, porém, mantém estabilidade nos últimos quatro


meses, após uma queda de 7,7 p.p. de fevereiro a julho de 2020, seguida da
recuperação de 2,9 p.p. entre julho e novembro. Em março, a taxa de parti-

Carta de Conjuntura
cipação no mercado de trabalho foi de 56,8%, situando-se 2,7 p.p. abaixo da
registrada em março de 2020 e 4,9 p.p. abaixo daquela de março de 2019.

• Por fim, os dados da PNAD Contínua indicam que, embora se verifique


uma pequena queda na margem, o número de desalentados mantém uma
trajetória de alta na comparação interanual. Em março, havia 6,0 milhões de
desalentados no país, o que significa um alta de 22,7% em relação ao mesmo
período de 2020 (4,9 milhões).
GRÁFICO 1 GRÁFICO 2

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Taxa de desocupação População Ocupada
(Em %) (Em 1.000 pessoas)

16 96.000
94.000
14
92.000
12 90.000
88.000
10
86.000
8 84.000
82.000
6 80.000
4 78.000
set/19

jun/20
set/20
set/16

jun/17
set/17

dez/20
mar/21
mar/16
jun/16

dez/16
mar/17

dez/17
mar/18
jun/18
set/18
dez/18
mar/19
jun/19

dez/19
mar/20
mar/12
set/12
mar/13
set/13
mar/14
set/14
mar/15
set/15
mar/16
set/16
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set/17
mar/18
set/18
mar/19
set/19
mar/20
set/20
mar/21

Original Dessazonalizada Original Dessazonalizada

Fonte e elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea e Ipea/Disoc. Fonte e elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea e Ipea/Disoc.

GRÁFICO 3
População Ocupada dessazonalizada por vínculo em- GRÁFICO 4
pregatício Força de trabalho - Valor absoluto
(Em 1.000 pessoas) (Em 1.000 pessoas) e variação anual (Em %)
35.000 27.000 108.000 4,0
34.000 25.000 106.000 2,0
33.000 23.000 104.000
32.000 21.000 0,0
102.000 -2,0
31.000 19.000
100.000
30.000 17.000 -4,0
98.000
29.000 15.000 -6,0
28.000 13.000 96.000
94.000 -8,0
27.000 11.000
92.000 -10,0
26.000 9.000
25.000 7.000 90.000 -12,0
88.000 -14,0
jul/19

nov/19

jul/20

nov/20
mar/19
mai/19

set/19

set/20
jan/20
mar/20
mai/20

jan/21
mar/21

set/19

jun/20
set/20

mar/21
jun/17
set/17

mar/18
jun/18
set/18
dez/18
mar/19
jun/19

dez/19
mar/20

dez/20
mar/16
jun/16
set/16
dez/16
mar/17

dez/17

Setor privado - com carteira Setor privado - sem carteira


Setor pública Conta própria Variação anual Valor absoluto

Fonte e elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea e Ipea/Disoc. Fonte e elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea e Ipea/Disoc.

2
GRÁFICO 5 GRÁFICO 6
Taxa de participação População desalentada dessazonalizada
6.500
62,2 62,1 62,0
61,8 61,7 61,8 61,6
6.000

59,6
5.500

56,7 56,8 56,9 5.000


56,2
55,8
55,0 55,0
54,0 4.500

4.000
mar-19

mai-19

jan-20

mar-20

mai-20

jan-21

mar-21
jul-19

jul-20
set-19

nov-19

set-20

nov-20

jul/19

nov/19

jul/20

nov/20
mar/19
mai/19

set/19

jan/20
mar/20
mai/20

set/20

jan/21
mar/21
Fonte e elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea e Ipea/Disoc. Fonte e elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea e Ipea/Disoc.

2 Caged – referência: abril de 2021

Carta de Conjuntura
Mantendo o cenário dos últimos meses, os dados do Caged, do Ministério da
Economia, mostram um cenário bem mais favorável para o emprego formal que o
descrito pela PNAD Contínua.

• Em abril, foram criados 120.935 postos de trabalho com carteira. No


acumulado do ano e em doze meses, os saldos de empregos gerados são de
957.889 e de 1.935.616, respectivamente.

• O estoque de trabalhadores formais ajustado pelo Caged chegou a 40,3


milhões em março, expandindo-se 5,0% em relação ao do mesmo período

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de 2020.

• Nos últimos doze meses, o comércio é o setor com a maior criação de


empregos (484,9 mil), seguido pela indústria de transformação (469,3 mil),
pelos serviços administrativos (317,5 mil) e pela construção (273,2 mil).

• Já os segmentos de educação e alojamento e alimentação foram os que mais


fecharam postos de trabalho nos últimos doze meses – 89,1 mil e 85,9 mil,
respectivamente.

GRÁFICO 7 GRÁFICO 8
Caged - Saldos mensais Caged - Estoques de trabalhadores formais
(Em 1.000 unidades) (Em 1.000 unidades)

42.000
392,4 398,6 398,2
319,4
225,6 243,3 261,4
177,4
41.000
117,8 137,4 120,9

40.000
-30,0
-109,6
39.000
-276,4
-373,6
38.000

37.000

-963,7 36.000
out/13

out/14

out/15

out/16

out/17

out/18

out/19

out/20
abr/13

abr/14

abr/15

abr/16

abr/17

abr/18

abr/19

abr/20

abr/21
jan-20
fev-20
mar-20

mai-20
jun-20

ago-20
abr-20

out-20

dez-20
jan-21
fev-21
mar-21
jul-20

abr-21
set-20

nov-20

Caged Novo Caged

Fonte: Caged/ME. Fonte: Caged/ME.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

3
GRÁFICO 9
CAGED: Saldo de empregos formais (mai./20 – abr./21) - Por setor
(Em 1.000 unidades)

Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas 484,89

Indústrias de Transformação 469,31

Atividades Administrativas e Serviços Complementares 317,50

Construção 273,16

Saúde Humana e Serviços Sociais 206,04

Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura 123,70

Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas 107,29

Informação e Comunicação 72,20

Transporte, armazenagem e correio 24,15

Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados 14,43

Indústrias Extrativas 12,39

Atividades Imobiliárias 11,58

Outras Atividades de Serviços 6,30

Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos e Descontaminação 5,32

Eletricidade e Gás 1,43

Serviços domésticos 0,30

Administração Pública, Defesa e Seguridade Social -5,56

Carta de Conjuntura
Artes, Cultura, Esporte e Recreação -12,93

Alojamento e alimentação -85,90

Educação -89,07

Fonte: Caged/ME.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

3 Seguro-desemprego – referência: maio de 2021

• De 1º a 27 de maio de 2021, foram processados 379,6 mil pedidos de


seguro-desemprego. No acumulado do ano, o requerimento total é de apro-
ximadamente 2,5 milhões, ou seja, 24% a menos que o registrado no mesmo

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período do ano passado (3,3 milhões). Se, em 2021, este total correspondeu
a 6,2% do estoque de trabalhadores celetistas, em 2020 esta proporção era
de 8,5%.

• Na desagregação por tempo de trabalho, os dados mostram que, ao longo


de 2021, 87,5% dos pedidos de seguro-desemprego foram feitos por empre-
gados com mais de um ano de contrato.

• De janeiro a maio, 54,4% dos requerimentos eram relativos a contratos


com remuneração de até 1,5 salário mínimo (SM). Apenas 2,3% dos pedidos
tinham salário contratual acima de 5,0 SM.
GRÁFICO 11
GRÁFICO 10 Seguro Desemprego - Requerimentos acumulados e
Seguro-desemprego - Requerimentos no mês proporção do estoque médio de trabalhadores formais
(Em 1.000 unidades) (janeiro a maio)

1200

1000 8,5

7,6
800 7,5

600 6,2
3.297,4

400 2.846,2
2.933,9

2.497,4
200

0
janeiro fevereiro março abril maio 2018 2019 2020 2021*
2018 2019 2020 2021* valor absoluto (1.000 unidades) Proporção do estoque (%)

Fonte: BGSD/ME. Fonte: BGSD/ME e Caged/ME.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
* Até dia 27/05/21. * Até dia 27/05/21.

4
GRÁFICO 12 GRÁFICO 13
Seguro-desemprego - Requerimentos acumulados em Seguro-desemprego - Requerimentos acumulados em
2021 - por tempo de trabalho 2021 - por remuneração

Até 3 meses 0,6


Até 1,5 SM 54,4

De 3 a 6 meses 1,9
de 1,51 SM a 3,0 SM 37,6

De 6 a 12 meses 10,4

De 3,01 a 5,0 SM 5,7

De 12 a 24 meses 29,6

De 5,01 a 10 SM 1,8
De 24 a 36 meses 28,0

De 36 a 60 meses 29,5 Mais de 10 SM 0,5

Fonte: BGSD/ME. Fonte: BGSD/ME.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

Carta de Conjuntura
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Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac):

José Ronaldo de Castro Souza Júnior (Diretor)


Marco Antônio Freitas de Hollanda Cavalcanti (Diretor Adjunto)

Corpo Editorial da Carta de Conjuntura:

José Ronaldo de Castro Souza Júnior (Editor)


Marco Antônio Freitas de Hollanda Cavalcanti (Editor)
Estêvão Kopschitz Xavier Bastos
Fábio Servo
Francisco Eduardo de Luna e Almeida Santos
Leonardo Mello de Carvalho
Marcelo Nonnenberg
Maria Andréia Parente Lameiras
Mônica Mora Y Araujo de Couto e Silva Pessoa
Paulo Mansur Levy

Carta de Conjuntura
Sandro Sacchet de Carvalho

Equipe de Assistentes:

Ana Cecília Kreter


Andreza Aparecida Palma
Augusto Lopes dos Santos Borges
Bruna Naiara de Castro
Caio Rodrigues Gomes Leite
Felipe dos Santos Martins
Felipe Moraes Cornelio

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Felipe Simplicio Ferreira
Leonardo Simão Lago Alvite
Marcelo Lima de Moraes
Mateus de Azevedo Araujo
Pedro Mendes Garcia
Rafael Pastre
Tarsylla da Silva de Godoy Oliveira

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exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou do
Ministério da Economia.
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