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Título Original:
Feminina e Poderosa - Conquiste o que (e quem) você quiser
com o poder da sua feminilidade

Copyright© 2020 por Jaqueline Barbosa e Emerson Viegas


Todos os direitos reservados.

Vedada a produção, distribuição, comercialização,


ou cessão sem autorização prévia dos autores.

Texto:
Jaqueline Barbosa

Revisão:
Lara Souto Santana
Emerson Viegas

Projeto Gráfico e Diagramação:


Rafael Gatuzzo

Capa:
Emerson Viegas

2020

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Para minha mãe Lucia,
o portal feminino da minha
chegada aqui na Terra.

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“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar
e a voltar sempre inteira.”

- Cecília Meireles -

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Índice

• Prefácio _______________________________7
• Capítulo 1______________________________10
A primeira noite depois do fim
• Capítulo 2______________________________36
O que é ser mulher nos tempos modernos
• Capítulo 3______________________________47
As diferenças nos cérebros masculinos e femininos
• Capítulo 4______________________________52
A essência da energia masculina e feminina
• Capítulo 5______________________________68
A importância de se reconectar com seu feminino
• Capítulo 6______________________________97
Ciclo menstrual: o que ele tem a ver com feminilidade
• Capítulo 7_____________________________117
Como a relação com seus pais está ligada
a sua feminilidade
• Capítulo 8_____________________________125
Criando relacionamentos felizes
• Capítulo 9_____________________________133
Polaridade Sexual: o segredo da chama acesa
• Capítulo 10____________________________144
Como encontrar (e ser) alguém interessante
• Capítulo 11____________________________155
Como transformar rolo em namoro
• Capítulo 12____________________________168
Vulnerabilidade: o ingrediente secreto
• Capítulo 13____________________________174
Como se manter mais atraente
• Capítulo 14____________________________183
Como fazer as relações durarem
• Capítulo 15____________________________200
O fenômeno das mulheres que se tornaram mães
de seus parceiros

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• Capítulo 16_____________________________222
Como superar um término
• Capítulo 17_____________________________230
O empoderamento da mulher precisa passar
pela sexualidade
• Capítulo 18_____________________________253
Lixo emocional: como ele afeta sua feminilidade
e seus relacionamentos
• Capítulo 19_____________________________265
Hipnoterapia guiada para resgate
da sua feminilidade
• Capítulo 20_____________________________268
Palavras Finais
• Para aprender mais ______________________272
• Bibliografia_____________________________273

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Prefácio

Este não é um livro comum. Ele é um portal para uma


nova percepção de você, dos seus relacionamentos
e do mundo. Este livro foi escrito de forma que somente
as mulheres que estejam preparadas cheguem a ele
e consigam finalizar a leitura e fazer a terapia guiada
que o acompanha. (É muito importante que você faça
a leitura, entenda os conceitos explicados aqui
e, só então depois disso, faça a terapia a qual você vai
ter acesso no final deste livro.)

Aliás, esse é mais um motivo pelo qual este livro


é especial. É um livro feito para te transformar, porque
ele vem não somente com a teoria, mas com uma
ferramenta terapêutica feita a partir das mais modernas
técnicas de hipnoterapia existentes hoje em dia para
te ajudar a, de fato, experienciar as transformaçõesas
quais você vai ser apresentada durante a leitura.

O objetivo deste livro é te ajudar a se reconectar com


a força da sua feminilidade que talvez ande adormecida
devido às experiências da sua vida e à sociedade
patriarcal na qual vivemos. Talvez você ainda não
entenda de verdade do que se trata esse resgate do
feminino. Talvez você ache que seja alguma coisa
mística; talvez tudo o que você tenha pesquisado hoje
em dia sobre este tema tenha a ver com roda
de mulheres, ou com “plantar a lua”. Mas eu possote
garantir que esse resgate não tem nada de místico
e que ele vai muito além disso. As transformações que
você vai experienciar na sua vida prática serão muito
maiores do que você possa imaginar hoje.

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Este também é um livro feito para te ajudar a resgatara
sua autoestima, que é uma consequência natural
quando você se reconecta com a sua fonte do feminino.
Simplesmente não existe uma mulher que seja conectada
verdadeiramente com a sua essência feminina e que
tenha baixa autoestima. São duas coisas completamente
contraditórias e antagônicas.

Eu quero dizer que você não chegou aqui por acaso.


O inesperado exige uma grande preparação. Muitas
sementes foram plantadas na sua vida para que você
pudesse estar preparada para entrar no portal que será
aberto com este livro. Tenho certeza de que entender
a importância do que é o resgate do feminino na sua
essência vai ser um divisor de águas na sua vida como
foi na minha.

Quero, de saída, deixar bem claro que esse livro


foi feito para pessoas que já atingiram o nível
de compreensão para respeitar diferenças de gênero
e preferências sexuais, e que consideram que homens
e mulheres devem ter direitos iguais no sentido social,
econômico e político. A ideia aqui é ir além, baseado
nesse respeito mútuo e igualdade de direitos, mas
celebrando e reconhecendo as diferenças existentes
nas polaridades masculinas e femininas, e criando
assim relacionamentos mais felizes e com mais conexão.

Todos temos energia masculina e feminina dentro de


nós, e precisamos usá-las com equilíbrio em diferentes
momentos da vida. Hoje em dia, comoo planeta inteiro
está numa energia predominantemente masculina,
inclusive nós mulheres, o trabalho que eu tenho feito

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com mulheres é ajudá-las a se reconectar com
o feminino, energia que está mais em falta atualmente.

Este é um livro feito para ser lido com calma


e provavelmente relido algumas vezes. Talvez seja
a primeira vez que você entre em contato com alguns
conteúdos que serão abordados aqui, e pode ser que
leve algum tempo para que você realmente consiga
internalizá-los. Então passe pelos capítulos com calma,
dando tempo para que você possa absorver esses
novos conhecimentos.

Eu ofereço este livro a você como se fosse minha irmã


ou uma amiga querida. Mesmo que não nos conheçamos
pessoalmente, eu quero te dar a oportunidade de sentir
o seu coração por meio da abertura do meu coração.
Meu desejo é que você se conheça mais, se acolha
mais, e consiga se conectar mais com a sua essência
feminina. Seguimos juntas.

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Capítulo 1
A primeira noite depois do fim

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“E chegou o dia em que o risco de continuar espremida
dentro do botão era mais doloroso que o de desabrochar.”
Anaïs Nin

Duas horas da manhã. Acordo sobressaltada na cama.


Coração acelerado. Olho para o quarto onde estou
e desejo que aquilo tivesse sido somente um sonho
ruim.

Mas era a vida real.

Essa era a primeira noite depois da minha separação


com o meu parceiro de 9 anos, o Emerson. Nove anos
de relacionamento estável, seguro, pacífico. Agora
eu me via ali, sozinha, dormindo num quarto na casa
da minha irmã, sem ele, sem a nossa cachorrinha
Manchinha, sem casa, sem minhas coisas.

Combinamos que eu sairia de casa e que ele ficaria.


Eu senti que ficar no lugar onde vivemos juntos por
tantos anos dificultaria mais o meu processo de luto.
E agora eu estava ali, sem minhas bases, somente
com um vazio gigante no peito, um nó na garganta,
um coração partido e uma tristeza que parecia
irremediável. Achei que fosse morrer de dor.

Eu preferia passar por qualquer tipo de dor física, àquela


dor emocional. Aquela, definitivamente, estava sendo
a pior noite da minha vida.

Virei para o lado e vi a cama grande, sem ele. A sua


falta me cortava a carne. Era como se cada célula
do meu corpo chorasse.

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Um misto de desespero e ansiedade tomou conta
de mim. O que seria da minha vida a partir dali? Como
superar tudo o que vivemos? Tantos planos, tantos
sonhos, tanta história...Uma separação aos 30 anos,
quando todas as minhas amigas estavam se casando
e tendo filhos? Será que algum dia eu seria feliz
novamente? Eu, intuitivamente, sabia que, naquele
momento da minha vida, precisava seguir em frente,
tomar caminhos diferentes, mas eu não entendia porquê.

Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo


comigo. Minha razão me falava para parar com aquela
brincadeira, voltar correndo para os braços dele, para
minha casa, para minha vida, mas uma força gigantesca
dentro de mim me dizia que eu não tinha opção; que
eu tinha uma missão, um chamado, e que eu precisava
seguir em frente.

Talvez uma das maiores maldições do ser humano


é que, quanto mais amamos intensamente, mais
estamos sujeitos a sofrer intensamente. Por isso falam
que amar é para os corajosos. Quando nos fechamos
para a dor, nos fechamos também para o amor. Se nos
abrirmos para um relacionamento de amor intenso,
automaticamente estamos sujeitos a uma intensa dor
quando ele terminar. Nós amamos o prazer e odiamos
a dor, mas um parece não existir sem o outro. Faz parte
do contrato da vida.

Nunca uma noite passou tão devagar.

Olhei o relógio: 3h22. O tempo passa numa velocidade


diferente quando sentimos dor. Eu tinha vontade

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de sair correndo, de voltar para casa, de pedir colo.
Mas sabia que não era possível. Nenhum colo naquele
momento poderia resolver minha dor. Era eu comigo.

Terminar qualquer relação é difícil, mas terminar quando


você ainda ama a outra pessoa absurdamente, é uma
tortura. Terminamos, não por falta de amor, mas porque
o verdadeiro amor, às vezes, se mede na renúncia
e em o quanto estamos dispostos a abrir mão da pessoa
em nome da felicidade dela.

Terminamos, dentre outras coisas, por um impasse


muito comum nos dias de hoje: eu queria filhos, ele
não. Eu não quis filhos durante muitos anos, mas quando
parei de tomar a pílula anticoncepcional e entrei nesse
processo do resgate da minha feminilidade, veio junto
uma vontade grande de ser mãe. Não agora, mas
eu passei a sentir uma certeza de que essa seria uma
experiência que faria parte da minha existência aqui
nesta vida nos próximos anos. Achamos que seria
injusto que qualquer um de nós abríssemos mão dessa
escolha, porque era algo grande demais. Eu não queria
forçá-lo a ter filhos. Ele não queria me forçar a não
os ter. Nos amávamos demais para exigir isso
um do outro. Então nos liberamos para que cada um
pudesse buscar o seu caminho de acordo com
o chamado do seu coração.

3h45. Meu coração parecia que iria sair pela boca.


Levantei, fui até a cozinha, tomei um copo d’água, sentei
e chorei. Vi um floral em cima da mesa que minha irmã
havia comprado para tentar me acalmar. No rótulo
estava escrito: “superar perdas: tomar 3 gotas diluídas
em água.” Coloquei 30 gotas num copo em uma tentativa

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vã e desesperada de que aquelas gotas me ajudassem
a superar a perda do amor da minha vida.

Não adiantou.

Voltei para o quarto. Sentia uma mistura de dor,


de raiva, de medo, de ansiedade, de solidão. Chorei
abraçada no travesseiro como as cenas de filme. Talvez
o choro mais doído da minha vida. Não segurei.
Já tinha aprendido que quanto mais resistimos
às emoções, mais elas crescem dentro da gente,
ao passo que se nos permitirmos senti-las e deixá-las
fluir, elas simplesmente passam e não fixam ali
a sua morada.

Eu também já tinha aprendido que tristeza foi feita para


ritualizar. A tristeza abre algumas portas profundas
dentro da gente quando não fugimos dela. Eu pensei:
“Venha tristeza, eu não vou fugir de você. Pode
me engolir.” Senti uma onda dilacerante de dor invadir
meu peito, como se estivesse abrindo um corte profundo
no meu coração. Solucei num choro profundo pelo que
eu acredito ter durado pelo menos uma hora. A exaustão
do choro me fez fechar os olhos e me entregar num
estado de relaxamento.

De repente, alguma porta se abriu dentro de mim.

Sem querer, entrei num estado de meditação profunda.


Era como se eu tivesse atravessado um túnel para
o meu interior e como o se o mundo externo não existisse
mais. Era como se eu tivesse ultrapassado meu lado
racional, como se a dor tivesse aberto a porta do meu
subconsciente.

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Com os olhos físicos fechados, mas com minha visão
interna completamente alerta, me vi caminhando
em um lugar que parecia ser uma floresta, cercada
de grandes árvores e cortada por um imenso rio.
Eu parecia estar conectada com todos aqueles seres:
os insetos, as árvores, a terra, a água, o vento. Apesar
de não saber para onde estava indo, caminhava e sentia
um profundo conforto, uma sensação de segurança,
de que tudo ficaria bem, de que tudo estava bem,
de que eu precisava somente seguir o fluxo da vida
e que tudo daria certo se eu confiasse e entregasse.

De repente, eu vejo uma mulher vindo na minha direção.

Ela tinha cabelos longos, cacheados, um vestido


comprido, um sorriso largo. Ela foi se aproximando
e eu percebi com surpresa que aquela mulher era eu.
Minha versão mais velha e mais sábia. Ela chegou
perto de mim e me deu um abraço. Senti uma paz como
há tempos não sentia. Senti a confiança de que tudo
estava bem. Senti o conforto, a sabedoria e a leveza
que ela me passava. Ela não falou nenhuma palavra,
mas era como estivéssemos nos comunicando por
telepatia.

Aquela era a personificação do que eu enxergo como


uma energia feminina poderosa. Ela era forte
e, ao mesmo tempo, suave. Tinha uma leveza no sorriso
de quem sabe que a vida não deve ser levada tão
à sério, e uma profundidade no olhar que atravessa
a sua alma e consegue acessar seus lugares mais
profundos. Sua presença abria meu coração.
Era impossível estar perto dela e não ser impactada.

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Perto dela, eu sentia que tudo ficaria bem. Ela
me passava uma tranquilidade que me fazia confiar
na vida, e uma força que me lembrava o quão forte
eu era. Ela tinha a fluidez de um rio; a firmeza de uma
montanha; a leveza de uma brisa no fim de tarde;
e a vivacidade de uma labareda. Ela trazia todos
os elementos da natureza dentro dela.

Ela me abraçou por um tempo que eu não sei mais


dizer quanto foi. A eternidade morava naquele abraço.
Ali, eu me sentia acolhida, segura, protegida, forte,
intuitiva, sábia. Ela me passou a mensagem de que
eu sobreviveria. Que aquele processo que eu estava
vivendo era uma preparação para algo maior.
Que a semente precisa passar por um processo
de dor quando vai sair da sua casca. Que algum dia
eu entenderia porque aquilo estava acontecendo, mas
agora eu precisava somente confiar. Que eu era mais
forte do que eu imaginava. Que eu era capaz. Que ela
tinha orgulho de mim.

Ela se despediu com mais um forte abraço e eu senti


uma paz de quem descansa no colo de alguém que
ama e confia muito. Sem abrir os olhos, ainda mergulhada
no êxtase daquela experiência intensa dentro de mim,
eu percebi que meu coração já não batia tão acelerado.
Minha respiração estava mais serena, alternada ainda
por alguns soluços que restaram do choro. Mas meu
coração estava em paz.

Eu sabia que superar aquele término seria uma das


coisas mais difíceis que eu precisaria fazer na vida.
Sabia que ainda teria muitos dias sofridos pela frente,
que eu teria que passar por muitos desafios. Mas agora,

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pela primeira vez desde que eu tinha saído de casa,
eu conseguia enxergar uma luz no fim do túnel.
Eu entendi que tudo iria terminar bem se eu nunca
me perdesse daquela fonte sábia que morava dentro
de mim e que estava sempre pronta para me acolher
diante de qualquer desafio da vida.

Mergulhada na serenidade daquela experiência


e exausta pelo cansaço de tanto chorar, finalmente
peguei no sono.

Como este livro nasceu.

Chegar até a decisão de que aquele relacionamento


precisava terminar foi um longo processo. Na verdade,
essa mudança na minha vida veio junto com uma
vivência de autoconhecimento, de cura das minhas
feridas internas através da hipnoterapia (ferramenta
à qual você vai ter acesso com este livro), e do resgate
do meu feminino.

Nos últimos anos, eu estava sentindo o peso de me


desconectar da minha essência verdadeira. Eu vinha
me sentindo cansada, sem energia, desmotivada,
sobrecarregada. Eu sentia como se eu tivesse
me desconectado do fluxo natural da vida, como
um rio que teve sua água represada. Tudo pesava
demais e parecia ter perdido o sentido.

Eu tinha me perdido de mim.

Eu não sei como você chegou a este livro. Talvez você


já acompanhe meu trabalho no CSV (antigo Casal Sem
Vergonha, o primeiro e maior blog brasileiro focado

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em relacionamentos e sexualidade) ou talvez você
nunca tenha ouvido falar no meu trabalho. De qualquer
forma, acho bom começar me apresentando.
Eu me chamo Jaqueline Barbosa, hoje tenho 30 anos,
sou nômade digital e hoje vivo na praia ou em qualquer
lugar do mundo que eu quiser, já que posso levar meu
trabalho comigo no computador.

Essa liberdade não surgiu do nada. Há aproximadamente


dez anos, eu e o Emerson, meu atual sócio
e ex-companheiro, nos aventuramos no mercado
de conteúdo para internet e criamos alguns dos
maiores projetos de conteúdo online da época -
o Casal Sem Vergonha (sucesso absoluto de audiência
e que ajudou uma geração a se descobrir sexualmente
e a ter relacionamentos mais felizes. Até hoje, mulheres
me param na rua me agradecendo por tê-las ensinado
a chegar ao orgasmo, a sair de um relacionamento
abusivo ou a melhorar sua autoestima); o Hypeness,
um site com notícias inspiradoras sobre criatividade
e inovação - que também foi sucesso absoluto
de audiência e ajudou a transformar a vida de muitas
pessoas (e que há alguns anos foi vendido para uma
multinacional francesa); e o Nômades Digitais, o primeiro
veículo brasileiro a falar sobre a possibilidade
de trabalhar remotamente, de qualquer lugar do mundo,
ganhando bem e tendo liberdade, e também o primeiro
canal a lançar um curso online completo ensinando
pessoas a serem nômades digitais que teve mais
de 2.000 alunos inscritos.

Como você pode imaginar, foi uma jornada de muito


trabalho e muitas conquistas, que nos trouxe muitas
coisas boas e da qual eu me orgulho muito, mas que teve

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um efeito colateral: fez com que eu me desconectasse
muito da minha energia feminina.

Hoje eu entendo que não foi o fato de eu precisar


trabalhar muito que me desconectou da minha
energia feminina. Foi o fato de eu não me conhecer,
e de eu me permitir me afastar da minha essência que
fez com que eu chegasse num estado de exaustão
interna. Não quero dizer aqui que toda mulher que
trabalha e tem sucesso se desconecta automaticamente
da sua energia feminina. Mas arrisco dizer que toda
mulher que trabalha muito e alcança sucesso, sem
entender sobre energia feminina e suas polaridades
e impactos na nossa vida, corre um grande risco
de se desconectar da sua verdadeira essência.

Nessa época, eu não tinha ideia do que era energia


feminina. Aliás, eu enxergava tudo o que fosse
relacionado ao feminino como fraqueza, inferioridade.
Eu queria ser como os homens, poder conquistar tudo
o que eles conquistam, poder ser mais como eles.

Eu não sabia que essa forma de pensar era


um condicionamento social. Vivemos numa sociedade
patriarcal, que quer produtividade, foco, resultados.
Que enxerga as pessoas como peças substituíveis.
Que não quer saber se você está sangrando e não está
no melhor dia para fazer aquela apresentação de uma
nova ideia para potenciais investidores ou para correr
5km e depois ir para o treino de crossfit. Sente dor?
Incômodo? Tristeza? Exaustão? Tome um remédio para
solucionar esses sintomas e volte para linha de produção,
antes que alguém tome seu lugar. Chegou aos 30 sem
uma carreira de sucesso? Você é uma vergonha para

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a sociedade e está desmerecendo a luta das mulheres
que vieram antes de você e que lutaram para que você
pudesse trabalhar e fazer tudo o que você quiser.

Só não nos avisaram que fazer TUDO nos deixaria


completamente exaustas, frustradas e nos faria
desenvolver todas aquelas características que dizemos
detestar nos homens.

Ao querer fazer tudo, eu achava que estava conquistando


uma igualdade com os homens. Mas eu não entendia
uma coisa: os homens têm o direito de fazer tudo
e inclusive de continuar na essência natural deles que
é, predominantemente, a masculina. Nós, mulheres,
conquistamos o direito de fazer tudo mas, para isso,
tivemos que nos desconectar demais da nossa energia
natural que é, predominantemente, feminina (vou
explicar em detalhes sobre isso nos próximos capítulos,
pois sei que os termos “masculino e feminino”
podem gerar muitos mal-entendidos). Então não existe
igualdade aí.

Eu entrei para a estatística. Me tornei uma mulher


bem-sucedida, independente, bem-resolvida, mas
totalmente masculina. Tive impactos profundos na minha
vida, na minha saúde e nas minhas relações pessoais
por causa disso.

Apesar de eu estar muito desconectada da minha


essência feminina nos últimos anos, minha intuição
ainda continuava existindo. Ela soprava baixinho,
mas estava lá. A natureza da mulher selvagem nunca
se apaga. Ela adormece. Mas fica sempre esperando,
na espreita, uma oportunidade de voltar, uma

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oportunidade de se manifestar novamente. Ela espera
a hora certa, o exato momento em que as condições
estarão propícias para ela se libertar do cativeiro
em que ela se encontra.

Um dia, essa voz interna me soprou uma informação:


pare de tomar pílula anticoncepcional. De repente,
os conteúdos sobre esse tema começaram a chegar
para mim. Comecei a pesquisar sobre isso, ler relatos
de mulheres, entender mais o que é de fato a pílula
anticoncepcional e os efeitos dela no nosso corpo,
e comecei a dar atenção para esse chamado interno
que eu ouvia.

Eu tomei contraceptivos hormonais por mais de 10 anos


e adorava porque a pílula me deixava completamente
estável, sem variações. Eu ouvia as mulheres falando
sobre oscilação de humor, sobre TPM, sobre estar
conectada com as estações da lua e eu achava tudo
aquilo uma grande besteira. Eu não tinha essas
variações. Eu não tinha tempo para isso. Eu era sempre
a mesma. Linear. Estável. Racional. Masculina.

Eu não percebia, mas todos esses anos de contracepção


hormonal haviam contribuído muito para eu me
desconectar da minha essência feminina. Como eu não
ovulava mais, eu perdi minha característica cíclica
natural da essência de qualquer mulher. Por um lado,
isso é bom: ficamos mais práticas, mais focadas, mais
racionais. Só que por outro lado, desconectadas
da nossa força interna, da nossa sabedoria, da nossa
intuição, da nossa natureza mais selvagem - no melhor
sentido da palavra.

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Resolvi escutar aquela voz interna que me dizia para
procurar outras alternativas de contracepção que não
fossem hormonais e decidi parar com a pílula. Eu nem
imaginava que aquela decisão causaria um furacão
na minha vida.

No primeiro mês após a interrupção da pílula


anticoncepcional, eu comecei a sentir sintomas físicos,
como queda de cabelo, mudança no tamanho dos seios
(que sempre eram estáveis, e hoje tem um tamanho
diferente em cada semana do mês, de acordo com
o momento do meu ciclo), mudança na pele, volta
de uma lubrificação natural que eu já nem lembrava
que existia, aumento da libido, dentre outras coisas.

Mas essas mudanças externas não eram nada


comparadas com as mudanças internas que estavam
prestes a acontecer.

Eu comecei a sentir uma força gigantesca brotando


de dentro de mim, como um rio que se enche depois
de uma grande chuva e transborda, expandindo suas
margens e levando tudo o que está ao seu redor junto.
Era como se eu tivesse represado toda aquela água
durante anos e anos e, assim que eu a libertei, ela veio
com toda força, com toda intensidade, sem me dar
chances de querer voltar atrás. Era como se eu tivesse
acordado de um sono profundo. (Uma coisa importante
que eu preciso dizer: para mim, esse resgate da energia
feminina foi potencializado pela interrupção da pílula
anticoncepcional, mas não necessariamente precisa
ser assim. Isso significa que eu não estou recomendando
que você pare de tomar pílula anticoncepcional,
porque somente um médico pode te orientar quanto

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a isso - falaremos mais sobre isso nos próximos capítulos -
mas estou compartilhando com você como foi
a minha jornada.)

A energia feminina é como a energia das águas - forte,


selvagem, fluida, intensa, e ao mesmo tempo suave,
porque ela contorna, não bate de frente. Ela limpa,
purifica, renova. Ela pode ser calma, suave, delicada,
mas também pode ser extremamente intensa, profunda,
revolta e agressiva, quando deve ser.

Eu, há muitos anos tinha perdido o contato com essa


energia feminina e me assustei quando ela se manifestou
porque ela veio com toda a intensidade. Como Clarissa
Pinkola Estés exemplifica muito bem em seu livro
“Mulheres que Correm com Lobos”, a mulher que
se reconecta com a sua energia feminina selvagem
é como uma loba que estava presa em cativeiro durante
anos; quando ela encontra uma chance de escapar,
ela vai correr em disparada sem olhar para trás.
“É então que saltamos floresta adentro, em meio
ao deserto ou à neve, e corremos muito, com nossos
olhos varrendo o solo, nossos ouvidos em fina sintonia,
procurando em cima e embaixo, em busca de uma
pista, um resquício, um sinal de que ela ainda está viva,
de que não perdemos a nossa oportunidade. E, quando
farejamos seu rastro, é natural que corramos muito
para alcançá-la, que nos livremos da mesa de trabalho,
dos relacionamentos, que esvaziemos nossa mente,
viremos uma nova página, insistamos numa ruptura,
desobedeçamos às regras, paremos o mundo, porque
não vamos mais prosseguir sem ela.”

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A partir do momento em que uma mulher se reconecta
com a energia feminina, nada será morno. Tudo será
intenso. Talvez relacionamentos terminem; talvez ela
troque de trabalho, mude de cidade; se liberte de tudo
que de alguma forma estava contribuindo para que ela
se mantivesse em cativeiro. Ela não pode ser parada.
E ela faz isso porque sabe que, sem essa força
do feminino, sua vida perde todo o sentido. Seus
relacionamentos adoecem; ela fica desmotivada
no trabalho; ela perde a capacidade de ser uma
visionária, intuitiva, curadora, apaziguadora, sábia,
cuidadora e protetora do seu clã. Uma mulher que
recupera a conexão com sua energia feminina não vai
se permitir voltar para o cativeiro. Ela prefere a morte,
porque ela sabe que viver desconectada dessa força
é como se sua alma estivesse, de fato, morta. Ela
é apenas um corpo vagando, sem brilho, seca, árida,
sem visão, sem intuição.

Toda essa energia tomou conta de mim de uma forma


que meu lado racional não pôde controlar. Meu lado
racional se tornou uma parte quase insignificante diante
do tamanho da energia intuitiva que eu estava sentindo
brotar dentro de mim. Eu vivia um conflito dentro
de mim - meu lado racional me pedindo para ser
responsável e voltar para a vida perfeita e estável que
eu tinha construído, e minha intuição me empurrando
para um caminho que eu não tinha ideia de onde iria
dar. Eu me assustei, mas eu não tinha opção senão
seguir minha intuição, se não ir para os caminhos que
ela estava me mostrando, mesmo sem entender, mesmo
sem concordar, mesmo com medo, mesmo sem saber
para onde essa energia estava me levando, porque era
uma energia muito forte que eu não conseguia conter.

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Resistir a essa energia seria como tentar segurar
um animal selvagem que se libertou de um cativeiro.

Eu não tinha a menor chance.

E como explicar isso para as pessoas? Como explicar


isso para mim mesma? Como explicar que eu estava
sentindo uma força descomunal surgindo dentro
de mim, me fazendo ser levada para caminhos para
os quais eu não fazia ideia de onde me levariam, mas
que eu sabia que eu precisava seguir? Como explicar
que eu teria de deixar relacionamentos para trás,
amizades, trocar de rumo no trabalho, sendo que
de fora, todo mundo achava que eu tinha uma vida
perfeita? Como explicar que se eu não seguisse aquele
chamado, eu morreria, entraria em depressão, não
conseguiria mais levantar da cama, talvez precisaria
começar a me medicar para conseguir viver já que
eu teria me desconectado totalmente da minha essência,
da minha força?

Foi uma das épocas mais difíceis da minha vida.


Foi um momento em que eu tive que confiar plenamente
na minha intuição, mesmo sem entender o que estava
acontecendo. E hoje, algum tempo depois, eu consigo
entender muito melhor o que aconteceu. Para onde
essa força estava me levando. Este livro que você está
lendo, por exemplo, nasceu desse processo.Como
o meu mergulho no resgate da minha natureza feminina
foi (e continua sendo) um processo muito intenso,
selvagem, e confuso, eu acabei mergulhando nessa
jornada e me apaixonei por ela. Daí surgiu a motivação
de ser uma referência para mulheres que estão neste
mesmo processo. Ainda não sei muitas coisas e ainda

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não consegui entender tudo completamente, mas hoje
não tenho mais a menor dúvida de que eu não teria
outra opção senão seguir aquela missão, aquele
chamado.

Hoje eu entendo que eu tinha me desconectado


da minha energia feminina e que estava vivendo
predominantemente numa energia masculina. Isso foi
muito bom em vários aspectos: minha vida decolou
profissionalmente, consegui atingir minha independência
financeira antes dos 30 anos, mas eu me desconectei
da minha essência. Eu não entendia os efeitos
devastadores que isso geraria em mim. .

Uma das maiores mudanças dessa transição da minha


vida foi o término do meu relacionamento de 9 anos
com o Emerson, meu parceiro e sócio em vários projetos
de trabalho e vida, inclusive o CSV - antigo Casal Sem
Vergonha, que foi a história que abriu este livro.
Mas não foi a única. Eu vivi na pele a sensação
de me perder e, para me reencontrar, mergulhei
profundamente nesse chamado do feminino. Li muitos
livros sobre o tema, fiz muitas pesquisas, participei
de cursos, conversei com pessoas, me conectei com
outras mulheres, passei por muitas sessões
de hipnoterapia, fiz muitas sessões para outras pessoas,
fiquei em contato muito próximo com a natureza e assim
consegui fazer um mergulho profundo dentro de mim
e ouvir as vozes da minha intuição. Esse chamado
me abriu muitas portas. Muitas delas foram difíceis,
mas todas valeram a pena.

Hoje, algum tempo depois desde o início desse processo


de volta para casa, escrevo os primeiros capítulos deste

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livro sentada na beira de um rio, numa cidade
de montanhas na Serra Catarinense, cercada
de araucárias. Curiosamente, um cenário muito parecido
com o daquela viagem interna que eu havia feito naquela
noite após o término quando um portal se abriu para
mim.

Ao meu redor, somente o barulho da natureza.

Relembro minha trajetória. Tudo o que passei para


chegar até aqui nessa jornada de resgate da minha
força feminina. Quantas construções. Quantas
desconstruções . Quantas camadas precisaram ser
removidas.

Hoje posso dizer: eu sobrevivi.

E tenho muito orgulho da mulher que me tornei.

Sei que a caminhada continua; esse processo


de empoderamento através da feminilidade é uma
jornada de vida. Sempre temos coisas novas para
aprender, mas hoje, com tudo o que vivi, sinto que
estou pronta para ajudar mulheres que querem dar
início a essa jornada também - e por isso este livro
nasceu.

Talvez hoje você ainda não entenda ao que eu estou


me referindo quando falo de resgate do feminino.
Mas se você chegou a este livro é porque, dentro
de você, sua força feminina está viva. Ela está tentando
te mostrar o caminho. Ela não vai desistir. De alguma
forma ela conseguiu te fazer chegar até aqui, até
o conhecimento que você vai ter neste livro. Então

27
eu preciso te dizer que você, hoje, não tem como saber
as transformações que vão surgir na sua vida agora
que abriu esse portal. Eu só posso garantir que você
jamais será a mesma.

Talvez essas palavras acelerem seu coração, deem


um frio na sua barriga. Talvez seus pelos estejam
arrepiados. É a sua mulher selvagem se manifestando.
Sua essência feminina te tocando. Ela ficou presa
durante muitos anos e agora mal pode conter
a empolgação ao saber que ela está próxima de poder
sair do cativeiro.

Ciente disso, você tem duas opções: fechar este livro


agora, e voltar para a sua vida normal como se nada
tivesse acontecido. Essa é uma opção, mas preciso
te avisar que a mulher selvagem dentro de você não
vai desistir. Ela vai continuar voltando, voltando.
Te mandando vários sinais. Esse assunto vai ser cada
vez mais recorrente na sua vida. Você vai estar numa
roda de conversas e, de repente, alguém vai começar
a falar sobre esse assunto. Você vai estar numa livraria
e um livro sobre feminino vai aparecer bem na sua
frente, se destacando dos outros. Você vai descobrir
uma música nova que vai tocar sua alma, e você vai
sentir a força e a beleza dela querendo se manifestar,
e você vai chorar sem saber o porquê.

A segunda opção é ouvir esse chamado agora, porque


você sabe que não pode mais escapar dele. O portal
foi aberto. É preciso coragem. Mas você não estará
sozinha. Você estará acompanhada de uma força interna
sábia, intuitiva, forte, suave, bela, sedutora, cuidadora,
leal, que vive dentro de você.

28
Ela vai te mostrar o caminho.

Eu também posso garantir que se você tem sofrido


na área dos relacionamentos, se seus relacionamentos
não duram, se você sente que sempre acaba virando
mais amiga do que amante dos seus parceiros, se você
nunca conseguem achar um homem legal e quando
acha eles não querem nada mais do que algumas noites
de sexo, eu posso te garantir que suas relações não
estão indo para frente porque você está desconectada
da sua energia feminina.

Eu já estive no seu lugar e já acompanhei centenas


de mulheres que relataram não aguentar mais serem
rejeitadas ou se decepcionaram, relacionamento após
relacionamento. Mulheres que estavam desistindo
de se relacionar, apesar de, no fundo, desejar
profundamente encontrar o parceiro com quem
pudessem compartilhar uma vida feliz. Eu ajudei essas
mulheres a parar de olhar para o externo, parar de focar
no que os homens estavam fazendo, e olhar para qual
tipo de energia elas estavam emanando. Essa situação
lhe soa familiar? Então você está no lugar certo.

Eu quero que você se prepare para se sentir


desconfortável. O que eu vou te ensinar neste livro
provavelmente é diferente de tudo o que você aprendeu
sobre autoestima, amor, relacionamentos. Mas eu posso
te garantir que se você se abrir para o novo,
o empoderamento através da feminilidade vai mudar
a sua vida. Junto com esse livro, eu criei também uma
hipnoterapia poderosa focada em te ajudar no resgate
do seu feminino, direto na raiz: na sua mente

29
subconsciente. Essa soma de teoria e prática podem
causar uma revolução muito positiva na sua vida,
se você se permitir. (Aqui no livro, vamos usar bastante
o termo “subconsciente”. Algumas linhas terapêuticas
ou filosóficas podem usar outros termos, como
“inconsciente”, por exemplo. Isso é apenas uma
questão de nomenclatura, e não significa que
um está mais certo do que o outro, são apenas linhas
de estudo diferentes.)

Este livro é um guia para uma nova mulher moderna.


Uma mulher que entendeu que não existe nada
de fraqueza em ser feminina - pelo contrário, ela
entendeu que existe muito poder na feminilidade.
Essa mulher é intuitiva, sábia, criativa, sensual, leve,
vibrante, poderosa. Ela tem uma percepção aguçada
do mundo e das pessoas, tem grande poder de
resistência e força, tem um espírito jovem - independente
da idade - e é dotada de extrema coragem.
Ela é extremamente conectada com a sua sexualidade
e com seus ciclos de criatividade, trabalho e descanso.
Ela sabe quando é hora de se mover, e quando é hora
de descansar. Ela sabe trazer para o peito e acolher,
mas sabe rosnar quando é preciso.

Ela é conectada com as marés que sobem e descem


no seu tempo certo e como os rios que correm de forma
selvagem e chegam longe sem bater de frente, mas
sim contornando todo os obstáculos. Ela entende que
a vida é fluxo e segue os chamados da vida sem resistir.
Ela se entrega e confia na infinita fonte da transformação.
Sua razão trabalha a favor do seu coração. Ela vive
as quatro estações do ano num único mês. Ela sabe
ouvir, sabe aconselhar. Sua presença é fonte

30
de inspiração para as pessoas. Ela tem brilho nos olhos.
Ela não tem medo de mergulhar profundo: ela tem medo
de uma vida rasa. Sua religião é o amor. Não importa
quantas vezes ela teve seu coração partido, ela continua
se abrindo, se expandindo, ao invés de se fechar.

Seu coração tem muitas rachaduras, é exatamente por


elas que a luz entra.

Esse novo tipo de mulher sabe que pode ser tudo


o que ela quiser - mas ela escolhe não precisar ser
tudo sozinha. Ela sabe dar espaço para que outras
pessoas também possam ser. Ela não é aquele tipo
de mulher à moda antiga que era totalmente submissa,
sem voz, presa às tarefas do lar, infantilizada e tratada
como propriedade. Ela também não é aquela mulher
que quer fazer tudo sozinha, que tem raiva dos homens
e quer ocupar o lugar deles sendo competitiva
e agressiva. Essa mulher não tem que provar nada para
ninguém. Ela simplesmente vive alinhada e em conexão
profunda com sua essência. Ela tem coragem de ser
autêntica e oferecer seus dons para o mundo. Ela ocupa
o seu corpo com segurança e orgulho. Ela não se deixa
ser diminuída por ninguém - ela sabe que não é superior
e nem inferior a ninguém. Ela sabe falar e agir
em defesa própria, sabe a hora de chegar e a hora
de se retirar.

Esse tipo de mulher exerce um magnetismo profundo


no masculino saudável. Quando uma mulher com essa
energia entra num ambiente, automaticamente
os homens de masculinidade saudável se sentem
atraídos por ela. Esse magnetismo tem menos a ver
com a sua aparência externa e muito mais a ver com

31
a energia que ela emana de dentro para fora. Se você
perguntar para um homem porque ele se sentiu atraído
por ela, ele provavelmente vai dizer algo como “não
sei, ela tem uma coisa diferente…”. Se o essencial
é invisível aos olhos, essa mulher carrega o essencial
dentro dela como um tesouro que ela só oferece para
aqueles que valem a pena. (um adendo: aqui no livro
vou usar bastante os termos “homem” e “mulher”, mas
faço isso para simplificar a escrita. Quando falo “homem”,
m e re fi ro à q u e l a s p e s s o a s c o m e n e rg i a
predominantemente masculina; e quando falo
“mulher”, me refiro àquelas pessoas com energia
predominantemente feminina.”)

Essa energia feminina selvagem presente em todas


as mulheres é a que traz a coragem para que possamos
ouvir nosso coração, intuição e percepção. Uma mulher
que deixa essa energia aflorar sabe gritar quando
precisa e também domina o silêncio. Ela reconhece
seu limite e suas sombras. Essa mulher caminha nos
vales escuros de si com os olhos abertos para a verdade
e não se intimida com suas feridas.

A vida dessa mulher selvagem nem sempre vai ser


acompanhada de ervas, chás, saias rodadas e aromas
agradáveis. Essa mulher traz consigo a luz e a sombra.
Ela sabe ser leve, intuitiva, brincalhona, mas também
indomável, rebelde e incorrigível quando precisa ser.
Ela encara, cura e carrega consigo as cicatrizes
da vida e, assim, segue orgulhosa da mulher que é.

Essa natureza feminina da mulher selvagem vive dentro


de cada uma de nós. Ela é a voz que vive dentro
de todas nós e sabe seguir seu caminho quando tudo

32
à sua volta estremece, quando tudo oscila, quando
o chão parece ter sumido dos seus pés, porque ela
sabe a sua verdade e se mantém fiel a ela. Ela é a voz
que nos guia para longe do perigo, que nos mostra
o caminho e que nos ajuda a curar as nossas feridas.
Ela sabe o momento de deixar nascer e de deixar
morrer, nos guiando pelos ciclos naturais da vida.
Ela é a natureza instintiva, o maior conhecimento
da natureza sábia que habita em cada uma de nós.

Infelizmente, a maioria das mulheres na sociedade


de hoje não estão conectadas a essa natureza feminina
instintiva, e isso faz com que se sintam muitas vezes
deprimidas, apáticas, e sem inspiração; facilmente
controladas e manipuladas pela sociedade, e não
raramente se veem presas em relacionamentos
infelizes, trabalhos que escravizam sua alma ou presas
às funções do lar.

O objetivo deste livro não é te ensinar a desenvolver


a sua feminilidade, porque ela já existe dentro de você.
O objetivo deste livro é te ajudar a retirar as camadas
que foram colocadas por cima dela para que ela possa
voltar a florescer.

Deixo com você um texto que simboliza a entrada nessa


jornada:

“Coragem.

A semente não pode saber o que lhe vai acontecer,


a semente jamais conheceu a flor. E a semente
não pode nem mesmo acreditar que traga

33
em si a potencialidade para transformar-se em uma
bela flor.

Longa é a jornada, e sempre será mais seguro não


entrar nessa jornada, porque o percurso é desconhecido,
e nada é garantido. Nada pode ser garantido.

Mil e uma são as incertezas, os imprevistos –


e a semente sente-se em segurança, escondida
no interior de um caroço resistente.

Ainda assim ela arrisca, esforça-se; desfaz-se


da carapaça dura que é sua segurança, e começa
a mover-se.

A luta começa no mesmo momento: a batalha com


o solo, com as pedras, com a rocha. A semente era
muito resistente, mas a plantinha será muito, muito
delicada e os perigos serão muitos.

Não havia perigo para a semente, a semente poderia


ter sobrevivido por milênios, mas para a plantinha
os perigos são muitos.

O brotinho lança-se porém ao desconhecido, em


direção ao sol, em direção a fonte de luz, sem saber
para onde, sem saber porquê.

Enorme é a cruz a ser carregada, mas a semente está


tomada por um sonho e segue em frente.

Semelhante é o caminho do homem. É árduo. Muita


coragem será necessária.”

- Cartas de Osho -

34
Para que uma semente atinja sua maior expressão, ela
precisa ser completamente desfeita. A casca racha seu
interior, sai e tudo muda. Para alguém que não entende
o processo de crescimento, isso pode parecer uma
completa destruição, mas é somente o início do processo
de desabrochar. Seja corajosa o bastante para
transformar-se na árvore majestosa e única que você
foi feita para ser.

35
Capítulo 2
O que é ser mulher nos tempos modernos

36
“Mulheres que querem ser iguais
aos homens carecem de ambição.”

- Marilyn Monroe -

37
Até pouco tempo atrás, os papéis dos homens
e mulheres eram bem definidos na sociedade, com
pouco espaço para escolhas fora do padrão imposto.
Homens deveriam ganhar dinheiro e mulheres deveriam
cuidar da casa e dos filhos. Os homens detinham
o poder sob as mulheres através da força física
e do monopólio do dinheiro. Os estereótipos que mais
definiam essa divisão era o homem machão e a mulher
submissa.

Essa sociedade patriarcal limitou muito a natureza


feminina e a colocou num cativeiro quando determinou
que o papel exclusivo da mulher era ficar na cozinha,
produzir o maior número possível de bebês e satisfazer
sexualmente o seu marido. Mas, principalmente a partir
dos anos 60 do século XX, muitas coisas foram mudando
nesses aspectos.

Homens e mulheres passaram a equilibrar mais suas


energias. Os homens foram aprendendo a sair somente
do racional e também seguir suas emoções.
Eles aprenderam a beleza de seguir mais com o fluxo,
ao invés de manter sempre a postura rígida e radical
de antes.

Enquanto isso, as mulheres foram fazendo o oposto,


e começaram a aumentar a sua energia masculina.
Elas correram atrás e ganharam independência política
e financeira. Elas puderam focar nas suas carreiras,
estudar o que quisessem, conquistaram muitos direitos
e recuperaram a sua voz que esteve perdida durante
muitos anos.

38
Sim, ainda existem conquistas que precisam ser
atingidas, mas os avanços conquistados pelas mulheres
ao longo das últimas décadas foram impressionantes.
Nunca houve um tempo na história em que as mulheres
tiveram mais direitos, mais possibilidades e mais
oportunidades do que hoje. Hoje temos oportunidades
que as nossas avós e bisavós jamais poderiam imaginar.

Na nossa geração, homens e mulheres também


se tornaram menos dependentes uns dos outros.
As mulheres se tornaram capazes de se sustentarem
e trocarem pneus de carros; e os homens se tornaram
capazes de cuidar de casa e criar um filho sozinho,
se assim desejarem.

Esse maior equilíbrio trouxe muitos benefícios para


todos. A luta das mulheres ao longo dos anos, sem
dúvida, trouxe o tipo de prosperidade e liberdade
de escolha que muitas mulheres, inclusive eu, estão
desfrutando. Amo minha vida e, graças a essas mulheres
que lutaram por essa igualdade nos setores social,
político e econômico, posso viver minha vida da maneira
que achar melhor.

Só que essa luta pelos direitos de igualdade das


mulheres trouxe consigo alguns efeitos colaterais.
No âmbito pessoal, um dos maiores efeitos colaterais
desses novos tempos é que as mulheres acabaram
se vendo forçadas a entrar demais na energia masculina
para alcançar seu espaço e se desconectaram da sua
essência feminina. Isso resultou numa legião
de mulheres bem-sucedidas, independentes, donas
de si, mas extremamente cansadas, sobrecarregadas,
e com dificuldades para sustentarem relacionamentos

39
pessoais por acharem que precisam dar conta
de tudo sozinhas.

Em termos de relacionamentos, começamos a ver uma


grande quantidade de relacionamentos baseados
no 50% - 50% (formado por duas pessoas de energias
no espectro “neutro”) que, como você vai entender
mais para frente neste livro, traz equilíbrio na relação,
mas baixa conexão sexual entre os parceiros. Por isso
vemos muitos casos de casais que conseguiram
se estabelecer financeiramente e socialmente, mas
que não sabem mais o que fazer para acender a chama
no relacionamento.

Esse foi o caso de uma cliente que atendi na clinica


de hipnoterapia há algum tempo atrás. Ela havia
se separado recentemente de um relacionamento
de 7 anos. O grande sonho do casal era comprar uma
casa na montanha com vista para o mar, onde pudessem
criar seus filhos com tranquilidade, e abrir ali uma clínica
para atendimentos terapêuticos. Ambos trabalharam
muito para isso. Eles tiveram um filho, compraram
o terreno, construíram a casa e, um mês depois
de pegar a chave e finalizar a mudança, eles decidiram
se separar. Segundo ela, a relação deles vinha esfriando
gradativamente com o tempo, até chegar num nível
onde eles praticamente não faziam mais sexo.
Eles se tornaram ótimos amigos e parceiros de trabalho,
mas a falta de conexão sexual destruiu o relacionamento.

Vemos também muitos relacionamentos com a chamada


“polaridade invertida”, no qual a mulher assume uma
energia masculina dominante na maior parte do tempo,
e o homem acaba indo para uma polaridade feminina

40
para gerar equilíbrio na relação. Por algum tempo, esse
esquema pode funcionar bem. Mas o mais comum
é que, com o passar dos anos, a mulher vá ficando
com energia a masculina cada vez mais forte
e se desconectando da energia feminina; ao passo
que o homem vai entrando cada vez mais na energia
feminina e se desconectando do seu masculino.

O resultado dessa dinâmica é que a mulher vai perdendo


admiração e respeito pelo homem; e o homem vai
perdendo atração e desejo pela mulher, culminando
no fim do relacionamento ou num relacionamento cheio
de brigas e com pouca admiração mútua. Nessa busca
de equilíbrio, o que vemos são homens e mulheres
perdidos em seus papéis. E o amor anda perdendo
essa batalha.

No meu consultório de hipnoterapia e no trabalho


no CSV, o que eu mais vejo são reclamações
de mulheres dizendo que os homens de hoje estão
todos sem atitude e parecem buscar uma mãe em vez
de uma parceira. E homens reclamando que as mulheres
se tornaram “duras” demais, com a sensação de que
eles não tem uma parceira em casa, e sim uma “chefe.”

Será que realmente é esse tipo de dinâmica que


queremos viver?

Nós mulheres saímos de um extremo, em que


a feminilidade era vista como sinônimo de submissão,
e fomos para outro extremo no qual praticamente
extinguimos a nossa feminilidade para nos
encaixarmos no modelo de sociedade atual focada
em resultado e competitividade. Esquecemo-nos

41
de que, sim, podemos e devemos lutar por direitos
iguais, mas não somos iguais aos homens. Somos
seres diferentes, e isso precisa ser respeitado.

Muitas mulheres no mundo ocidental, em geral,


aprenderam que os traços femininos são inferiores aos
traços masculinos (ativo é sempre melhor que passivo,
assertivo é sempre melhor que submisso, enquanto
a verdade é que se trata de uma combinação energética
complementar, não existe um bom ou mau inerente
neles). Isso nos leva a alguns questionamentos: se não
podemos nos sentir confortáveis em​​ nossa própria pele
feminina e secretamente desejamos que fôssemos
um homem, como um homem pode se sentir confortável
em estar conosco? Se os homens conseguem exercer
o seu direito de continuar na sua natureza masculina,
por que nós mulheres temos que negar a nossa natureza
feminina? Será que isso é realmente igualdade,
ou continuamos em desvantagem - talvez uma
desvantagem ainda maior? Nos falaram que poderíamos
ter e fazer tudo, mas depois de quase meio século
lutando por isso, será que conseguimos? Como podemos
ser tudo o que quisermos, se estamos operando imitando
os homens e longe da nossa essência feminina?

Se você é mulher e vive nos tempos atuais, existe uma


grande chance de você se identificar com a palavra
“cansada”. Como o papel masculino não é natural para
nós, não estamos vivendo em um lugar de autenticidade.
Como resultado, acumulamos estresse que tem
um efeito devastador na nossa saúde física e mental.
Nossos corpos protestam, se tornam tensos e rígidos,
porque nos desconectamos da nossa natureza. Quando
a mulher passa muito tempo desconectada da sua

42
essência verdadeira, ela começa a se sentir cansada,
desestimulada, árida, sempre culpada, com dificuldade
de decidir o rumo da sua vida, desconectada de seus
próprios ciclos, entediada, sem brilho nos olhos, sem
força vital. Ela fica sempre a beira de um burnout.

Talvez você sinta que começa todos os dias com o seu


despertador tocando, já atrasada, sentindo que você
está perdendo a corrida novamente, apenas para
se apressar para um dia que esgota sua energia, com
pessoas que não respeitam seus limites. Você termina
o dia tentando escapar de suas emoções, sentindo-se
insatisfeita, como se nunca conseguisse fazer
o suficiente. Você é boa em fazer as coisas que outras
pessoas pediram para você fazer, mas quando se trata
de suas próprias coisas, sempre deixa para depois
e acaba não fazendo aquilo que realmente importa.

Talvez você se sinta desconectada do seu corpo


e sempre que se olha no espelho se cobre por não ter
resistido àquela pizza e agora estar com aquela
barriguinha te lembrando de que você não é boa
o suficiente nem para manter seu corpo em forma.
Seu ciclo menstrual talvez seja para você um incômodo
que a impede de ser mais produtiva e mais prática.
Talvez você sinta que está sempre numa luta constante;
que precisa provar o seu valor para uma sociedade
que só te desmerece.

Ouvimos o tempo todo que, só de sermos mulheres,


já estamos em desvantagem. Que precisamos viver
constantemente em modo “luta”. Que precisamos
“revidar”. Isso coloca uma grande pressão na gente.
Parece que viver “correndo” virou o novo normal. Temos

43
que ser supermulheres. Estamos exaustas e correndo
sem nos perguntar se realmente é essa jornada que
queremos trilhar. Queremos abraçar o mundo inteiro
e acabamos caindo num modelo que seria o equivalente
a um “homem de saia”.

Provavelmente você tem a sensação de que por mais


que faça, nunca é o bastante. Parece que você nunca
consegue ter tempo para as coisas que te fazem feliz.
Você se sente o tempo todo culpada por alguma coisa.
Talvez você se pergunte se existe algo errado.
Mas eu preciso te dizer que não. Existe uma coisa
errada com o sistema. O sistema em que vivemos está
fora de equilíbrio, e como você está dentro dele, você
também fica desequilibrada.

Se pensarmos na sociedade ocidental em que vivemos


hoje, as características predominantes são violência
ao invés de amor; competitividade ao invés
de colaboração; pressão por resultado ao invés
de tempo para viver a vida. Ou seja, mesmo com tanta
luta e tantos avanços nos direitos das mulheres,
continuamos vivendo numa sociedade com polaridade
totalmente masculina. Uma sociedade que diz que
se a mulher quer ser bem-sucedida, ela precisa fazer
isso da forma masculina.

A energia masculina em excesso nos cobra, nos faz


sentir culpadas por não conseguirmos ser as melhores
em tudo o que fazemos. Como resultado, temos essa
sociedade que incentiva pessoas a trabalharem
12 horas por dia, e que não conseguem se desconectar
da pressão e das metas quando chegam em casa.
E então vemos as pessoas buscando alternativas

44
como yoga, meditação, etc, não para relaxarem
e se conhecerem melhor, mas sim para terem mais
foco e conseguirem ser mais produtivas.

Esse é um dos motivos que podem causar a epidemia


de pessoas com problemas de saúde mental. Esses
efeitos colaterais atingem tanto homens quanto mulheres;
mas para as mulheres, o peso parece ser maior, porque
estamos atuando o tempo inteiro longe da nossa
essência, e muitas vezes fazemos jornadas duplas
ou triplas de trabalho. As mulheres conquistaram seus
direitos, porém abrem mão da energia feminina, já que
muitas “características femininas” não são aceitas
na sociedade de hoje, por serem vistas como inferiores.

Essa situação de desequilíbrio não pode durar para


sempre. Nossos corações, nossas mentes, nossos
corpos já não aguentam mais viver com tanta pressão.
Nem o planeta consegue mais funcionar neste modo
em que só queremos extrair, utilizar recursos, crescer
cada vez mais. O resgate do feminino é essencial para
a nossa saúde mental, para nossos relacionamentos
e para o planeta.

Só para ficar claro: não há dúvida de que você é capaz


de fazer, alcançar e ter o que quiser. Não há dúvida
de que você pode fazer tudo e qualquer coisa que
um homem pode fazer. ⁣Não há dúvida de que você
pode “ter tudo”. ⁣Mas quando falo com mulheres que têm
tudo, que conseguem ser supermulheres,⁣ ⁣ é alarmante
ouvir que elas relatam nunca sentir que fizeram
o bastante ou que sejam boas o bastante, elas não
conseguem realmente apreciar, agradecer e honrar
quem são e o que criaram. Por trás da vontade de nos

45
tornarmos supermulheres, que podem fazer tudo
e fazem tudo melhor do que todos, existe na verdade
um sentimento de medo e inadequação disfarçado. ⁣ ⁣

Por isso, este livro é um convite para um movimento


d e u m n o v o e m p o d e r a m e n t o f e m i n i n o.
Um empoderamento no qual podemos estar centradas
na nossa essência feminina verdadeira, que não
é submissa e nem fragilizada, como a de muitas das
nossas antepassadas, nem estressada e controladora,
como a de muitas mulheres dos dias de hoje. Quando
aprendemos a repousar na nossa essência verdadeira,
podemos conquistar tudo o que quisermos, sem cairmos
num processo de exaustão. Uma mulher pode conquistar
absolutamente tudo o que ela quiser, se estiver centrada
na sua energia natural.

Para entender melhor os efeitos de nos desconectarmos


da nossa energia feminina, precisamos primeiro entender
direito o que é isso. Parece surreal que tenhamos nos
desconectado tanto da nossa feminilidade, que nem
sabemos mais identificá-la. Mas sempre é tempo
de retornar para ela, afinal, a energia feminina, por
mais que seja reprimida, sempre permanece viva,
esperando uma oportunidade de ressurgir.

Essa pode ser a sua.

Mas antes de entrarmos em detalhes sobre as diferenças


da energia masculina e feminina, precisamos entender
que homens e mulheres são seres diferentes, e que
não há nenhum problema nisso. Por isso, no próximo
capítulo, vou falar um pouco sobre as diferenças entre
homens e mulheres de acordo com a ciência.

46
Capítulo 3
As diferenças nos cérebros masculinos
e femininos

47
Vivemos um período em que se tornou muito delicado
falar sobre diferença entre homens e mulheres sem
que algo nessa fala não seja visto como “machismo”.
Eu entendo que nós mulheres viemos de um período
em que fomos muito prejudicadas por sermos mulheres
e isso nos fez manter a guarda alta para qualquer tipo
de comportamento que pudesse ser machista. E isso
está correto. Mas precisamos entender que dizer que
homens e mulheres são diferentes, biologicamente
falando, não tem a ver com machismo ou estereótipos
de gênero, e sim com uma condição natural de nós
seres humanos.

Apesar de vivermos num mundo moderno e urbano,


nós ainda possuímos corpos que foram feitos para viver
na natureza, e cada cérebro masculino e feminino ainda
carrega dentro dele características específicas usadas
para o sucesso genético de nossa espécie. Entender
que temos instintos biológicos que vieram muito antes
das construções sociais que conhecemos hoje, nos
ajuda a entender que somos diferentes uns dos outros
e, sabendo desse fato, escolher se queremos agir
de acordo ou contra nossa natureza.

Hoje, a ciência mostra que mais de 99% do código


genético dos homens e mulheres é o mesmo, mas esse
1% de diferença influencia em muitas coisas no nosso
corpo - alterando a forma como sentimos prazer, dor,
como percebemos o mundo, como pensamos, sentimos
e como nossas emoções se manifestam.

Segundo a médica neuropsiquiatra e pesquisadora


de Harvard e da Universidade da California (UCSF),
Dra. Louann Brizendine, autora dos Bestsellers

48
“O cérebro feminino” e “O cérebro masculino”, “nas
últimas décadas, cientistas documentaram uma grande
variedade de diferenças estruturais, químicas, genéticas,
hormonais e funcionais entre os cérebros de homens
e mulheres. Aprendemos que homens e mulheres lidam
com estresse e conflitos de diversas formas no cérebro
para lidar com estresse e conflitos. Eles usam diferentes
áreas do cérebro para resolver problemas, processar
linguagem, experimentar e arquivar emoções fortes.
Mulheres podem se lembrar dos mínimos detalhes
do seu primeiro encontro, detalhes das brigas, enquanto
seus maridos mal se lembram de que essas coisas
aconteceram. A estrutura e a química do cérebro
de homens e mulheres explicam isso.”

Ainda nas palavras da Dra. Louann Brizendine,


“se analisarmos num microscópio, ou em uma
ressonância magnética, as diferenças entre os cérebros
de mulheres e homens provam ser complexas. Na parte
do cérebro relacionada à linguagem e escuta, por
exemplo, mulheres têm 11% mais neurônios do que
homens. A principal parte do cérebro responsável por
emoções e formação de memória - o hipocampo -
também é maior no cérebro feminino, assim como
o circuito de linguagem e a parte responsável por
observar emoções nas outras pessoas. Isso significa
que mulheres são, em geral, melhores em expressar
emoções e se lembrar detalhes de eventos emocionais.
Os homens, por outro lado, têm um espaço no cérebro
devotado ao desejo sexual 2.5 vezes maior do que
o das mulheres, assim como centros maiores dedicados
a capacidade de ação e agressão. Pensamentos sexuais
podem passar pelo cérebro de um homem muitas
vezes por dia, ao passo que uma mulher tende a ter

49
esse tipo de pensamento uma vez por dia, ou quem
sabe 3 ou 4 vezes nos seus dias mais “quentes”.

Os homens usam circuitos cerebrais diferentes para


processar informações espaciais e resolver problemas
emocionais. Seus circuitos cerebrais e seu sistema
nervoso estão conectados aos seus músculos de forma
diferente. O cérebro feminino e o masculino escutam,
enxergam, intuem e captam o que os outros estão
sentindo de formas especiais. Isso faz com que homens
e mulheres possam alcançar as mesmas coisas, e fazer
as mesmas tarefas, mas usando circuitos cerebrais
diferentes.

A Dra. Louann Brizendine conta em seu livro “O cérebro


feminino”, que tinha uma paciente com uma filha de três
anos e meio. Ela decidiu dar para ela vários tipos
de brinquedos “unisex”, inclusive um caminhão
de bombeiro. Um dia, ela entrou no quarto da sua filha
e a viu enrolando o caminhão num cobertor, colocando
ele para dormir, e “ninando” ele enquanto dizia: “Tudo
bem, caminhãozinho, tudo vai ficar bem”. Nas palavras
da autora: “Isso não é uma construção social. Essa
menininha não estava “ninando” o seu caminhãozinho
porque o ambiente moldou seu cérebro “unisex”.
Não existe um cérebro “unisex”. Ela nasceu com
um cérebro feminino, que veio completo com seus
impulsos. Meninas nascem com cérebros de meninas
e meninos nascem com cérebros de meninos.
Os cérebros são diferentes desde o momento em que
nascemos, e cada cérebro vai ditar impulsos, valores,
e sua realidade.”

50
É claro que a biologia representa nossas tendências
comportamentais, mas ela não nos obriga a viver uma
realidade fixa. Nós também somos influenciados pelo
ambiente em que vivemos e pela nossa cultura.
A ciência também tem feito novas descobertas a cada
ano mostrando as habilidades de plasticidade
e mudança do nosso cérebro; nosso cérebro é uma
“máquina” com uma capacidade de aprendizado
e adaptação absurdas. Mas entender que biologicamente
homens e mulheres são diferentes, nos ajuda a aceitar
as diferenças e criar relacionamentos mais harmoniosos.
Se entendermos que temos cérebros que guiam nossos
impulsos, podemos escolher como agir, ou não agir,
em vez de somente seguirmos nossos impulsos mas,
ainda assim, respeitando nossa natureza.

51
Capítulo 4
A essência da energia masculina
e feminina

52
No passado, os papéis de gênero em nossa sociedade
ocidental eram extremos e um tanto quando caricaturais.
O homem “masculino” de verdade tinha de ser um tirano
ou um ogro, e uma mulher “feminina” deveria estar feliz
em ser uma serva submissa. A essência feminina era
vista como fraca e, portanto, inferior, e a essência
masculina como forte, dominadora e, portanto, superior.
Essa não é a verdadeira essência dos princípios
masculinos e femininos.

Mais tarde, muitas das nossas ideias sobre o significado


desses conceitos foram contaminadas pelas empresas
de propaganda. De repente, masculinidade passou
a significar cerveja, carros, futebol e relógios caros.
E feminilidade significava ter uma barriga chapada,
assar bolos e correr alegremente em um vestido curto,
porque você acabou de comprar uma nova marca
de absorventes internos. É claro que mais uma vez,
muitas dessas coisas estão relacionadas aos princípios
energéticos da feminilidade e masculinidade, mas são
caricaturas que se assemelham a uma verdade mais
geral das quais nos esquecemos e nos desconectamos
ao longo do tempo.

Falar de energia masculina e feminina não tem nada


a ver com esses estereótipos, e também não tem nada
de místico nem esotérico. É um fenômeno natural
que existe em tudo o que é vivo. Carl Gustav Jung,
psiquiatra e psicoterapeuta suíço, foi um dos primeiros
pesquisadores a observar que a natureza humana
é composta de dois princípios psicológicos: o masculino
e o feminino.

53
O masculino e o feminino são dois opostos no mesmo
espectro. São energias complementares. Assim como
as trevas e a luz, Ying e Yang, sol e lua - elas representam
duas energias opostas que, em contato uma com
a outra, criam atração e polaridade. Todos nós temos
energia feminina e masculina.

As energias masculina e feminina são energias


universais. Você as encontrará não somente nos seres
humanos, mas também em lugares, cidades, animais
e objetos.

Pense na cidade de São Paulo. A energia principal ali


é produtividade, foco, realização. Todos em São Paulo
parece estar caminhando para alguma missão. Em São
Paulo, mesmo se você não estiver com pressa, você
se pega caminhando rapidamente como se estivesse
querendo alcançar algo e já estivesse atrasado, como
se tivesse algo muito importante para fazer. Você fica
focado na sua missão e não interage muito com
estranhos. São Paulo é uma cidade com energia
predominantemente masculina. Nessa cidade, tudo
se direciona para cima: grandes prédios, edifícios,
arranha-céus, elevadores. A energia masculina aponta
para cima. Por isso homens, ou pessoas que estejam
mais na energia masculina, vão ser mais racionais, vão
estar mais focados na sua mente do que em suas
emoções.

Agora pense na cidade de Caraíva, na Bahia, com suas


ruas de areia, suas casinhas coloridas e os coqueiros
balançando com a brisa calma. Ali, homens e mulheres
relaxam nas águas do rio e do mar. Eles deitam
na rede e se entregam ao calor da areia. A água

54
do mar é quentinha e acolhedora. Lá, dá uma vontade
natural de sorrir para estranhos, de falar bom dia,
de observar a natureza, de aplaudir o pôr do sol,
aproveitar a vida. Ali você deixa de ficar focado no futuro
e vive o presente. Você se permite se soltar, relaxar.
Ali você se lembra do que realmente é importante
na vida: estar perto na natureza, viver sem pressa,
passar tempo com quem ama, comer bem, respirar
bem, dormir bem. Caraíva é uma cidade com energia
predominantemente feminina.

Reforço novamente que neste livro eu vou falar bastante


sobre homens e mulheres, mas mais importantes
do que isso é a “energia sexual” de uma pessoa.
Em geral, os homens têm uma “energia sexual
predominantemente masculina”, as mulheres têm uma
“energia sexual predominantemente feminina”. Mas não
sempre. A “energia sexual” de uma pessoa é mais uma
qualidade psicológica interior ou essência de caráter.
Isso vale tanto para pessoas heterossexuais como
homossexuais. Para os propósitos deste livro, usarei
os termos mais genéricos: em vez de dizer sempre
“aqueles com uma energia sexual masculina”, vou usar
o termo menos preciso: “homens”. E em vez de dizer
sempre “aqueles com uma energia sexual feminina”,
vou usar a palavra “mulheres”. Essa linguagem é usada
puramente para simplificar a escrita deste livro.

Quando falamos em energia masculina e feminina,


é possível observar que a maioria dos homens tem
como essência, uma predominância da energia
masculina, e que a maioria das mulheres tem como
essência, uma predominância de energia feminina.
Apesar disso, todos nós temos habilidade de transitar

55
entre energia masculina e feminina durante o dia
e diferentes momentos da nossa vida; aliás, todos nós
devemos aprender como ativar essas duas energias
dentro de nós, porque elas são úteis para diferentes
situações.

Um exemplo: Quando você está dançando uma música


de que gosta, você é polarizada ao seu lado feminino.
Quando você está ouvindo atentamente à música,
isso é sua energia masculina. Quando você está fazendo
uma reunião e fluindo livremente com ideias criativas,
está usando energia feminina. Quando você olha para
essas ideias, faz um plano concreto para realizá-las,
você está no seu masculino.

Para realizar um objetivo e cumprir uma meta, precisamos


ativar a energia masculina dentro de nós, porque
a energia masculina é aquela mais racional, que traz
foco, direcionamento, objetividade. Tanto homens quanto
mulheres precisam ativar essa energia em momentos
nos quais precisam ser produtivos e realizar objetivos,
porque se eles estiverem com uma energia
predominantemente feminina, eles vão se perder com
prazos, vão ter dificuldade de focar somente num
objetivo, vão deixar as emoções atrapalhar o processo
envolvido para realizar aquela meta. Veja bem, eu não
estou falando aqui que mulheres têm naturalmente
dificuldade em realizar objetivos; estou dizendo que
a energia que precisa ser ativada nesses casos
é a energia masculina, tanto para homens quanto para
mulheres.

Quando estamos, por exemplo, fazendo um bebê dormir,


tanto o homem quanto a mulher precisam ativar

56
a energia feminina, aquela que acolhe, dá colo, nutre,
cuida, encanta, suaviza, acalma, traz leveza e brilho.
Se a energia masculina for usada neste momento,
as chances do bebê dormir serão raras - a energia
masculina vai agitar o bebê e querer que ele durma
logo, o que vai gerar o efeito oposto. Mais uma vez,
não estou dizendo que os homens não têm habilidade
em fazer bebês dormirem. Estou dizendo que quando
estamos com essa missão, tanto homens quanto
mulheres precisam ativar dentro de si a energia feminina.

Podemos alternar de energia sempre que for preciso,


mas conseguimos “relaxar e descansar” melhor quando
estamos na nossa energia essencial predominante.
Ou seja, mulheres, em sua maioria, possuem
predominância de energia feminina, portanto, relaxam
melhor quando estão na polaridade feminina. Homens,
em sua maioria, têm mais predominância de energia
masculina, por isso, relaxam mais na energia masculina.
Isso quer dizer que podemos brincar e alternar a nossa
presença nas duas energias mas, no fim do dia,
ou depois que um objetivo foi cumprido, é preciso que
voltemos para a nossa energia de base para
recarregarmos nossa bateria.

Aliás, esse é um bom exemplo: quando estamos


em uma energia oposta a nossa predominante, ou seja,
quando uma mulher está usando a energia masculina,
ela está gastando bateria. Quando ela retorna para
a energia feminina, ela carrega a bateria. O homem,
quando está na energia feminina, gasta bateria. Quando
volta para a energia masculina, recarrega a bateria.
O que acontece se ficamos tempo demais numa
polaridade que não é a nossa, sem voltar para a nossa

57
essência para recarregar a nossa bateria?
Sentimo-nos exaustos, cansados, estressados, sem
energia. É como se passássemos a funcionar o tempo
todo no “vermelho”.

Entramos em desequilíbrio ou quando operamos tempo


demais numa essência que não é a nossa “natural”
(por exemplo: uma mulher que fica a maior parte
do tempo operando na energia masculina); ou quando
vamos para o extremo da energia masculina ou feminina,
entrando no âmbito tóxico dessas energias (por exemplo:
um homem que fica no extremo da energia masculina,
e que não consegue incorporar parte da energia
feminina, entrando num âmbito tóxico). Aqui em baixo,
listei algumas características do feminino saudável em
oposição ao feminino ferido; e do masculino saudável,
em oposição ao masculino ferido:

FEMININO SAUDÁVEL:
• É receptivo;
• Tem limites fortes;
• É gracioso em sua força;
• É amoroso, empático, compassivo
e solidário;
• Sabe como pedir o que precisa e se abre
para receber;
• É vulnerável;
• É autêntico;
• Não tem medo de abrir seu coração
e faz isso sem vergonha;

58
• Flui na vida com leveza, sem querer controlar
ou se agarrar a algo que precisa fluir;
• Sabe ser aberto e confiante;
• É naturalmente intuitivo e ouve mais seu coração
do que sua mente;
• Manifesta e cria com liberdade;
• É confiante em seu corpo e em sua feminilidade;
• Exala energia de beleza e sensualidade e atrai
naturalmente por ser quem é;

FEMININO TÓXICO
• É inseguro e procura validação externa para tudo;
• É extremamente crítico com seus entes queridos
que sentem que nunca fazem nada certo, porque
tem sempre algo a criticar;
• É carente em seus relacionamentos;
• Nunca consegue controlar suas emoções
e transita de crise emocional em crise emocional;
• Tende a ser manipulador;
• Tem medo da perda e se sente desesperado
por amor;
• Se sente uma vítima;
• Se sacrifica e prioriza os outros às suas custas,
ou o oposto:
• Só quer receber e não quer assumir
responsabilidades;
• Não se permite ser autêntico e vive sempre
seguindo padrões externos;

59
MASCULINO SAUDÁVEL
• Está profundamente presente e ouve sem
se distrair;
• Cria um ambiente seguro para aqueles que ama;
• É uma força orientadora, solidária e encorajadora;
• Tem disciplina e sabe quando se concentrar;
• Mantém sua palavra acima de tudo;
• Tem integridade como um dos valores principais;
• Oferece seus dons ao mundo;
• Sabe se manter firme diante das tempestades;
• É racional e analítico;
• É autoconfiante;
• Tem coragem para correr riscos;

MASCULINO TÓXICO
• É competitivo e sempre quer vencer;
• Tende a evitar a conexão e pode ser frio e distante;
• Leva tudo para o pessoal;
• Precisa estar sempre certo;
• Foge do amor, se retira, cria separação;
• Tende a ser agressivo;
• Critica excessivamente;
• Não sabe ouvir os outros;
• Fica preso na sua mente e não consegue acessar
suas emoções;
• Pode ter vícios no trabalho, drogas, sexo, etc.

60
A energia masculina saudável tem como característica
principal o foco na direção da vida. Veja bem, aqui
estou falando de energia masculina, não estou falando
que somente homens têm a habilidade de ter foco
e direção na vida; como homens e mulheres têm tanto
energia masculina quanto feminina, quando a mulher
quer decidir qual direção tomar na vida, ela precisa
ativar dentro dela a sua energia masculina, pois ela
é responsável por essa função. Por isso é importante
também que a mulher saiba entrar e atuar na energia
masculina, para que ela tenha uma clara visão de onde
quer chegar e para onde quer levar sua vida.
Uma mulher sem energia masculina fica perdida, sem
rumo, com dificuldades profissionais, problemas para
alcançar objetivos, sem saber para onde levar o barco.
Ela se perde demais nos aspectos dos relacionamentos
e entra num buraco emocional. Ela tende a se deixar
levar por qualquer emoção, qualquer pessoa que surja,
qualquer promessa.

Outra forma de visualizar a diferença dessas energias


é pensar que a energia feminina é o oceano e a energia
masculina é um navio no oceano. O masculino navega
de um ponto até o outro, com um objetivo final traçado.
Ele sabe onde quer chegar. A força do feminino é quem
oferece espaço para que ele navegue e ela poderia
fazer ele afundar o navio a qualquer momento.
Mas com habilidade, sabendo lidar com a energia
feminina, o homem pode aproveitar e fazer uma fantástica
viagem, usando o poder da energia do mar para alcançar
a sua meta. O oceano é movimento, é energia, mas
não vai para nenhum lugar específico. A imensidão
da energia feminina junto com a direção e foco

61
da energia masculina tornam realidades possíveis
de uma forma fantástica. É geralmente aí que nascem
as maiores duplas evolutivas.

Para um homem estar relaxado na sua essência,


ele precisa estar predominantemente na energia
masculina. Mas os homens também precisam aprender
a transitar pela energia feminina. Os homens que não
conseguem nunca entrar na energia feminina se tornam
muito rígidos, fechados, autocentrados. Eles podem
ficar obcecados demais com uma meta. Vemos isso
claramente na política, nas guerras, quando a energia
masculina domina, sem dar espaço para a energia
feminina suavizar a tensão. Num relacionamento,
um homem ou uma mulher que estejam com polaridade
masculina muito acentuada, vão focar demais nos
objetivos de vida do futuro, e não vão conseguir
se conectar com o presente; vão ter dificuldade
de valorizar seu parceiro(a), de curtir momentos
de lazer em família, de apreciar um bom jantar com
calma ou de passar um dia deitado na praia
simplesmente contemplando a vida.

A essência da energia feminina inclui a habilidade


de dar amor, de nutrir, de trazer brilho para a vida, algo
que cria um magnetismo em todo mundo que está por
perto. Todos querem ficar perto e se contagiar com
a energia feminina. Quanto mais a mulher tem essas
características, mais atraente ela será para outros
homens. Os homens se atraem por mulheres com esse
brilho. E isso não tem necessariamente a ver com
aparência. Esse brilho vem de dentro. Vem de quando
a mulher está feliz. É o brilho do amor próprio
transbordando.

62
A energia feminina também não é sempre doce e meiga
como muitas pessoas podem achar. Ela tem uma
energia vital selvagem, livre, intuitiva, imprevisível
e protetora. Gosto do exemplo do livro “Mulheres Que
Correm com Lobos”, no qual a autora Clarissa Pinkola
Estés, compara a mulher conectada na sua essência
feminina como uma loba: selvagem, forte, robusta, dona
de uma sensibilidade aguçada, espírito bem humorado,
uma grande capacidade de devoção, de resistência
e força, uma devota cuidadora do seu clã e daqueles
que ama. Uma loba selvagem não tem nada de submissa
nem frágil. Assim é a energia feminina. Nas palavras
da autora: “o termo selvagem, nesse contexto não
é usado em seu atual sentido pejorativo de algo fora
de controle, mas em seu sentido original de viver uma
vida natural, uma vida em que a criatura tenha uma
integridade inata e limites saudáveis. Essas palavras,
mulher e selvagem, fazem as mulheres se lembrarem
de quem são e do que representam. Elas criam uma
imagem para descrever a força que sustenta toda
as fêmeas. Elas encarnam uma força sem a qual
as mulheres não conseguem viver.”

Tanto nas mulheres quanto nos homens, a energia


masculina sempre vai priorizar trabalho diante
da intimidade, ao passo que a energia feminina vai
priorizar intimidade em vez de trabalho. Qual energia
você quer alimentar mais é sua escolha, não existe
nada de errado nisso. Inclusive, é muito normal que
em momentos diferentes da vida priorizemos a energia
masculina ou feminina.

Energia masculina em excesso leva para abuso


de outras pessoas e do mundo; energia feminina

63
em excesso leva para a autodestruição. Entre o extremo
masculino e o extremo feminino, existe um amplo
espectro de possibilidades de ser. Quando um homem
restabelece sua força masculina, ele se transforma um
mestre de visão e de direção na vida. Quando a mulher
restabelece sua força feminina, ela se transforma
em uma deusa de amor e sabedoria, que irradia amor
em sua vida e na vida de todos que passam por
seu caminho.

Energia feminina é poder. A essência feminina é o fluxo.


É plenitude. É esplendor e é a própria força da vida.
É uma natureza selvagem instintiva que todas
as mulheres possuem. É o conhecimento inexplicável.
Como o oceano, é vasto, preenche espaços vazios,
purifica a escuridão, é o lar de uma diversidade de vida.
Como as ondas, está em constante dança consigo
e sobe e desce o tempo todo. O estado feminino quer
dançar em êxtase e quer se permitir ser levado pela
energia masculina.

Energia masculina também é poder. A essência


masculina é presença. É a direção. O masculino não
está sendo, está fazendo. É como uma montanha alta,
forte e inabalável. Você pode se render a essa energia,
pode gritar, espernear, chorar e saber que ela
permanecerá inabalável. O masculino está sempre
em missão. A principal busca do masculino é a liberdade.
É esse alívio final depois de uma batalha (seja uma
batalha real ou em algum esporte), depois do sexo
ou depois de alcançar um grande objetivo.
O masculino prospera quando vive no limite, está sendo
constantemente desafiado.

64
Uma mulher feliz é uma mulher relaxada em seu corpo
e na sua essência: poderosa, forte, imprevisível,
profunda, potencialmente selvagem e destrutiva quando
precisa ser, ou calma e serena quando precisa ser,
mas sempre cheia de vida, é movida pela grande força
de seu coração e da sua intuição. Um homem que não
entende isso, vai ficar sempre querendo levar a mulher
para entender, racionalizar as suas emoções. Nós não
funcionamos dessa forma. Nossa essência é sentimento.
Quando um homem pede para uma mulher parar
de ser emocional, ele limita e poda a essência feminina.
É como represar um oceano numa piscina.

Muitos homens transformam suas parceiras


em “piscinas” por quererem represar a força delas, por
não saberem como lidar com sua natureza selvagem,
como se pudessem consertá-las de sua essência
natural. Assim, a mulher morre por dentro. Um homem
com masculino equilibrado vai entender isso, vai
se beneficiar de toda essa experiência de navegar
nesse mar profundo e fluir com a vida, e vai conseguir
se manter forte e estável quando as tempestades
chegarem.

Energia feminina atrai energia masculina, e vice-versa.


Podemos transitar o quanto quisermos entre
as energias masculina e feminina, mas, para que
exista atração sexual e paixão entre um casal nos
momentos de intimidade, um dos parceiros precisa
estar coma energia masculina mais ativada, e o outro
com a energia feminina mais ativada. Isso gera uma
polaridade, que vamos chamar de “polaridade sexual”.
Quanto mais masculina for a energia, mais ela vai
se sentir atraída pelo feminino e vice-versa. Ou seja,

65
as duas energias opostas se atraem e as duas energias
similares se repelem. Quanto mais feminina você for
como mulher, mais masculino será o homem que atrairá
e vice-versa. Se seus motores funcionarem com energia
masculina, você estará atraindo homens femininos.
Mesmo em casais homoafetivos, para que haja paixão
e atração entre eles, é importante que essa divisão
aconteça.

Você poderia me perguntar: então funciona da mesma


forma se eu, uma mulher, quiser ficar mais na energia
masculina e meu parceiro na feminina? Sim, funciona.
Vai gerar polaridade sexual da mesma forma.
No entanto, se vocês forem como a maioria das pessoas
(mulher com energia predominantemente feminina
e homem com energia predominantemente masculina),
se ficarem a maior parte do tempo na polaridade oposta
da sua natural, a “bateria” de vocês vai acabando
com o tempo. Ou seja, esse tipo de polaridade não
se sustentará por muito tempo, sem que a mulher acabe
ficando exausta e tendendo a manifestar características
tóxicas da energia masculina desequilibrada (controle
excessivo, mau humor, rispidez, irritabilidade, dominância
excessiva, falta de empatia, ansiedade, egocentrismo,
etc), e sem que o homem acabe ficando enfraquecido
e tendendo a manifestar características tóxicas
da energia feminina desequilibrada (submissão
excessiva, fraqueza, dificuldade de foco, a sensação
de viver sempre nas nuvens como “pipa sem linha”,
sensibilidade excessiva, depressão, etc.).

Vou falar mais sobre a polaridade sexual nos próximos


capítulos, mas antes, quero me aprofundar mais

66
na temática do feminino e da importância de nos
reconectarmos com ele.

67
Capítulo 5
A importância de se reconectar
com seu feminino

68
“Eu sou uma pessoa excitável que só entende vida
liricamente, musicalmente, e em quem sentimentos
são muito mais fortes que a razão. Eu estou tão
sedenta para o maravilhoso que só o maravilhoso
tem poder sobre mim. Qualquer coisa que eu não
possa transformar em algo maravilhoso, eu deixo
ir. Realidade não me impressiona. Eu só acredito
em intoxicação, em êxtase, e quando vida ordinária
me algemar, eu escapo, de uma maneira ou de outra.
Nenhum muro mais.”

- Anais Nin -

69
Caroline foi uma cliente que me procurou porque
estava com dificuldade nos relacionamentos. Ela tem
o perfil da mulher que gosta de estar no comando,
de ser a “alfa” no seu relacionamento e a chefe
no trabalho. Ela gosta de competir com os homens
e sempre alcançar mais coisas, prosperar, avançar.
Ela é uma mulher que se sente empoderada ao crescer,
realizar seus sonhos, e ser cada vez mais bem-sucedida.

Caroline é uma mulher de 35 anos, muito bem-sucedida


para os padrões da sociedade: ela ganha muito dinheiro
e leva uma vida fabulosa. Mas, como todo mundo,
Caroline tem algumas rachaduras e ela se tornou muito
boa em escondê-las.

Ela relatou enfrentar problemas para se relacionar


e me confessou que nos últimos anos percebeu-se
silenciosamente desesperada e sem esperanças
de conhecer um homem com quem ela finalmente iria
poder se estabelecer.

Ela achava que tinha uma autoestima muito fortalecida,


que era uma mulher de alto valor, mas no fundo ela
estava passando a vida correndo e tentando provar
que era boa o suficiente, na esperança que os outros
notassem como ela era uma mulher acima da média.
Na verdade, toda essa aparente força que ela
demonstrava de forma muito masculina, era uma
armadura para esconder a sua fragilidade interna
e a sua falta de confiança de poder ser quem ela
é de verdade - uma mulher com energia feminina.

Caroline passou a vida pensando que todos os homens


eram misóginos, machistas e que ela precisaria estar

70
sempre em modo de luta para conseguir garantir seus
direitos.

Apesar de parecer lutar por direitos de igualdade


de gênero, Caroline tinha problemas para estabelecer
vínculos verdadeiros com outras mulheres. Ela sempre
mantinha a guarda alta, não confiava nelas, achava
que todas seriam potenciais rivais. Claro que ela não
deixava isso transparecer, mas no fundo sabia que não
conseguia realmente criar vínculos verdadeiros
com outras mulheres. Ela se sentia em competição
com as mulheres, assim como se sentia em competição
com os homens.

Caroline me contou que frequentemente pensava


no fato de que o relógio estava correndo, que o tempo
estava voando, e que talvez ela devesse congelar seus
óvulos, mas ela adiava a decisão porque no fundo ela
tinha esperança de que algum dia encontraria
um homem decente que se tornaria seu parceiro e com
quem ela pudesse ter uma família.

Embora não admitisse isso para suas amigas, ela


contou que as coisas estavam difíceis para ela, e que
em algumas noites ela realmente se sentia sozinha
e desesperada. Ela adoraria ter um companheiro
para compartilhar suas ideias, seus sonhos e sua
cama, mas isso parecia ser de certa forma inatingível
e às vezes ela se perguntava o que havia de errado
com ela e com os homens - afinal, todos os homens
que apareciam na sua vida eram fracos, indecisos, com
medo de se comprometer, narcisistas...E os rapazes
com quem ela realmente gostaria de ficar, sumiam
depois de alguns encontros ou de algumas transas.

71
Sem falar naqueles que diziam que não estavam prontos
para se relacionar e, pouco tempo depois, trocavam
o status do Facebook para: “em um relacionamento
sério.” Ou seja, eles não estavam prontos para
se relacionar com ela.

Talvez a história de Caroline soe familiar a sua...



Nos últimos tempos, fala-se muito sobre a importância
do resgate do feminino, sobre empoderamento feminino.
Mas eu percebo que muitas mulheres ficam perdidas
nessa busca, um pouco sem norte, sem saber como
se reconectar com essa força por associar feminilidade
com fraqueza. Eu, inclusive, já fiquei muito confusa
no processo e me perdi muitas vezes nessa jornada
de volta para o meu feminino, porque eu enxergava
o feminino como fragilidade e submissão. Eu tinha
lutado muito para me tornar uma mulher forte,
independente; eu queria honrar todas as mulheres que
lutaram antes de mim para que eu pudesse estar hoje
nessa posição, então me recusava a querer voltar para
a energia “feminina”. Claramente eu não entendi nada
sobre energia feminina, e não tinha ideia de que
me desconectar dela me traria tantos problemas.

Foi muito difícil conquistarmos a nossa tão sonhada


independência. Conseguimos espaço, conseguimos
o direito de nos fazer ouvir. Conseguimos direit ao voto,
conseguimos uma presidente mulher. Conseguimos
mudar muitas leis que passaram a nos favorecer.
Sim, ainda há coisas para conseguirmos, mas
os avanços foram tremendos. Conseguimos ter uma
carreira de sucesso, escolher quando transar
e se queremos ou não nos casar e ter filhos. Ou ter

72
filhos sem casar. Ou mesmo, ter filhos sem precisar
de um pai (só me dê esses espermatozoides aqui
e deixa que eu me viro com o resto!).

Porém, não sei se você percebeu, quanto mais


independentes ficamos, mais solitárias nos tornamos.
Afinal, se gritamos aos quatro ventos que podemos
fazer tudo sozinhas e que não precisamos de ninguém,
por que as pessoas iriam querer se aproximar de nós?
Conseguimos morar sozinhas, pagar todas as contas,
trocar pneus e abrir potes de palmito. Se ficamos
doentes, vamos para o hospital sozinhas, passamos
na farmácia ou pedimos um Rappi que entrega remédio
em casa. Não precisamos que ninguém cuide da gente.
Se queremos uma sopa, pedimos delivery e em poucos
minutos temos uma canja de galinha quente diante
de nossa porta. Quando nosso coração fica partido,
ninguém se preocupa muito, afinal, somos fortes,
conseguimos dar conta e seguir, não precisamos
de ninguém. Podemos nos levantar sozinhas! A fila
anda! Que venha o próximo. O lema é pegar sem
se apegar.

Muitas vezes, toda essa energia masculina que


assumimos nos traz um vazio. Afinal, somos mulheres,
sempre seremos. Temos a força feminina que vive dentro
da gente. Essa energia feminina quer intimidade, quer
conexão, quer nutrir e ser nutrida. E queremos sim um
chamego, um colo, um dengo. Queremos cuidar
e sermos cuidadas. Queremos uma massagem nos
pés depois de um dia cheio ou de um ombro para
chorar num dia de TPM. Queremos um recado de “eu
te amo” escrito no espelho. Queremos um abraço forte
que nos diz que tudo vai ficar bem. Então entrar

73
no extremo da energia masculina, como a nossa geração
tem feito, custa caro. Conseguimos independência, mas
perdemos os laços afetivos. Nos tornamos tão
independentes, que não precisamos mais de ninguém
e assim afastamos as pessoas. Conquistamos o mundo,
mas nos perdemos de nós.

Não há como não sofrer neste caminho, porque somos


mulheres, temos a energia feminina dentro da gente,
quer gostemos disso ou não. Negá-la é negar quem
somos. Achar que ela significa fraqueza é não entender
nada sobre energia feminina. Ela é tão forte quanto
a masculina, só que de um jeito diferente.

Observo que as mulheres estão evoluindo mais rápido


que os homens por causa de todo o contexto histórico
e tudo o que tivemos de conquistar e, como o masculino
não alcança esse mesmo ritmo, as mulheres decidiram
ser seus próprios homens quando não encontram
um, porém muitas delas não ficam felizes dessa forma.
Existe outra maneira de fazer isso sem precisar deixar
sua energia feminina de lado.

Se você, como a maioria das mulheres contemporâneas


(inclusive como eu já fui um dia), é o perfil de mulher
que faz acontecer, que domina o espaço e tem o controle
de tudo, provavelmente seu lado masculino está mais
dominante em você. Embora essas características
sejam essenciais na vida, para alavancar a carreira,
por exemplo, ter um perfil masculino dominante vai ser
um problema para a sua vida amorosa. Eu explico:
os opostos se atraem. Ying e Yang se complementam.
Um homem forte, bem-sucedido, com o masculino
equilibrado, não vai se interessar por uma mulher dura,

74
sem emoção, que domina tudo, porque elas são como
um clone dos homens e isso, subconscientemente
falando, não é atraente. A maioria das mulheres não
sabe como e quando desligar a direção masculina
e ativar o fluxo feminino quando saem do trabalho, que
é algo necessário para atração e harmonia nos
relacionamentos afetivos.

Dizer isso é um tanto polêmico nos dias de hoje, mas


eu sei que se você chegou até aqui, você tem habilidade
de entender o que estou falando. Não estou dizendo
que a mulher não pode ser forte, dominar seu espaço
e nem ser independente; só estou dizendo que se ela
alimentar somente esse lado, sem alimentar também
o feminino, ela vai ser uma mulher forte e independente,
mas carente. Ou vai precisar encontrar um homem que
não esteja com o seu masculino fortalecido, ou seja,
um homem mais feminino, pois só assim o encaixe
funciona - ela, no papel, masculino, e ele no papel
feminino. Só que essa equação tende a dar problema
ao longo dos anos, pois a mulher pode começar
a se irritar com a fragilidade deste homem. Ela, então,
vai querer buscar um homem com masculinidade
equilibrada, mas não vai conseguir, porque esse homem
não vai se sentir atraído por ela para ficar numa relação,
e ela vai se irritar porque não vai conseguir dominá-lo.
Ou seja, sobram pouquíssimas possibilidades para
uma mulher que não tenha o seu lado feminino
desenvolvido se relacionar.

Não estou sugerindo que voltemos ao passado


e deixemos que os homens tenham sua completa
autoridade e poder, nem tampouco que as mulheres
renunciem ao acesso às possibilidades e oportunidades

75
que têm hoje. Estou sugerindo um novo paradigma
para os relacionamentos modernos, no qual masculino
saudável e feminino saudável se juntam em uma
parceria. Em que usamos e alavancamos nossos dons
e poderes naturais para criar um futuro melhor. Juntos.
O futuro não é só feminino. O futuro pertence a homens
e mulheres poderosos, conscientes e autoconscientes,
que criam abundância de recursos e possibilidades.

Isso não significa que as mulheres não possam fazer


o mesmo que os homens. Claro que podemos. E nós
sabemos que podemos. Provamos isso para nós
mesmos, homens e o mundo. Mas podemos escolher
uma maneira mais fácil de viver a vida. Podemos liderar
de uma maneira feminina - sem dizer aos homens
o que fazer e colocando tudo em nossas mãos. Podemos
liderar com nossa profunda intuição, sabedoria
e inteligência emocional. Podemos liderar equipes,
empresas e países. Por sermos mulheres.

Hoje ouvimos muito que as mulheres estão sem “poder”,


que precisam se “empoderar”. A verdade é que sempre
tivemos um poder feminino que tem peso igual ao poder
masculino. Apenas não aprendemos a usá-lo
adequadamente e colher seus benefícios. Quando
tivemos acesso a todas as possibilidades e oportunidades
da sociedade atual, começamos a competir com
homens. O problema é que não podemos realmente
competir com eles porque não temos o corpo, a força
física e somos construídas de maneira diferente
no sentido biológico, emocional e energético. Somos
diferentes. Podemos conquistar sim as mesmas coisas
que os homens, mas sem precisarmos agir como eles.

76
Essa é a chave para ser uma mulher feminina com
poderes.

Obviamente, não estou aqui negligenciando


os problemas com os quais as mulheres tiveram
de lidar ao longo dos anos por serem privadas
de terem controle total de seus corpos e decisões. Não
estou negando o trauma, vergonha e séculos
de condicionamento que as mulheres tinham e ainda
têm que lidar. O que quero é virar a mesa e ajudar
as mulheres a verem o que vejo: que sempre tivemos
poder. Talvez de maneiras obscuras e ocultas. Talvez
de maneiras sutis. Apenas nunca fomos ensinadas
a usá-lo e realmente colher os benefícios. Eu vejo isso
como uma tremenda oportunidade e uma mentalidade
muito mais saudável do que falar e culpar o patriarcado
e todas as outras forças que mantêm as mulheres
“desempoderadas”.

O nosso lado feminino recebe a energia criativa universal


e o nosso lado masculino expressa isso no mundo pela
ação. Como hoje vivemos uma época muito
masculinizada, muitas mulheres estão deixando a força
masculina dominar e estão se perdendo de si, navegando
pela vida como um barco sem bússola.

Eu vivi os efeitos de assumir majoritariamente uma


energia masculina. Eu sou uma mulher que, naturalmente,
tem bastante energia masculina. Desde pequena,
sempre fui mais racional, mais focada, mais direta. Mas
eu também tenho muita energia feminina e numa fase
da minha vida, deixei de manifestá-la. Fiquei adulta,
comecei a focar muito em atividades profissionais;
conquistei e realizei tudo aquilo que determinei como

77
meta para minha vida. Só que acabei entrando demais
na polaridade masculina e, ao voltar para casa, não
conseguia mais virar a chave e entrar na energia
feminina.

A verdade é que assumi o papel de homem da casa.


Hoje (depois de muita terapia e de um profundo processo
de autoconhecimento) eu reconheço que eu roubei
esse papel. Passei a querer controlar tudo, fazer tudo
do meu jeito, e depois reclamava que estava exausta.
Fui ficando estressada, doente, sem energia,
me sentindo seca, , sem vida, sem motivação,
sobrecarregada. Mesmo em um dia com poucas
atividades, sem precisar trabalhar, eu me sentia
extremamente cansada. Estar sobrecarregada
mentalmente era meu estado constante. Como
eu estava na polaridade tóxica da energia masculina,
qualquer atividade com polaridade energética
mais feminina me deixava irritada. Nem eu estava
me aguentando mais. Algumas pessoas me disseram
que eu estava com uma energia muito masculina, mas
eu não fazia ideia do que isso significava.

Isso me colocou num estado de constante cobrança,


competição e exaustão, porque eu não estava em
equilíbrio internamente. Eu estava negando uma força
muito importante dentro de mim que é o feminino,
e estava explorando em excesso, e de forma não
saudável, a força masculina.

Afinal, quais são os sinais de que estamos


desconectadas da nossa força feminina? Quando uma
mulher se desconecta do seu feminino ela vai demonstrar
sintomas de longo prazo como: se sentir cansada,

78
fatigada, frágil, depressiva, confusa, sem ânimo, sem
inspiração, sem brilho no olho, sem criatividade.
Ela pode sentir que perdeu o controle da sua vida,
se sentir um pouco “louca”, sempre em dúvida, sempre
hesitante, fora de ritmo. Sentir dificuldade de encontrar
um parceiro ou o relacionamento que quer e merece.
Tem um constante medo de ficar sozinha. Ela pode
inclusive manifestar características excessivas de uma
masculinidade tóxica, como auto centrismo em excesso;
raiva; irritabilidade; ansiedade, pensar somente
no futuro e não conseguir viver o presente; agressividade;
rispidez, dentre outros. Essa mulher tende a mergulhar
com excesso de intensidade nos trabalhos domésticos,
ou na intelectualidade ou na profissão porque esses
são os lugares mais seguros e confortáveis para uma
mulher que se perdeu de si mesma.

Existe um grande movimento de mulheres que passaram


a existir numa energia de raiva, de rancor. Parece que
muitas de nós estão exigindo vingança, exigindo poder
de volta, exigindo justiça por todo o mal que nos foi
feito no passado. Começamos a resistir e culpar nossos
pais, irmãos, ex-amantes, maridos, líderes, reis
do passado, bárbaros, todos os outros que por acaso
são homens e violentos por todos os erros cometidos
às mulheres. Sim, passamos por muitas coisas até
chegarmos aqui, honramos as mulheres que lutaram
por seus direitos, mas o nosso papel agora é parar
de encontrar culpados e decidir que, a partir de hoje,
somos gratas pela vida e vamos fazer o melhor dela,
com leveza. Precisamos fazer essa mudança porque
o excesso de energia masculina em nós e no planeta,
acaba com a nossa vitalidade.

79
Uma mulher irritada e amarga é uma força poderosa.
O problema é que ela está na escala oposta de uma
mulher feliz e realizada, uma força poderosa e criativa
também. De fato, as mulheres amargas e raivosas são
fonte de destruição e negatividade, enquanto
as mulheres felizes e realizadas são a fonte da criação,
da vida e da abundância. Nos relacionamentos, uma
mulher raivosa e amargurada é capaz de afundá-los,
ao passo que uma mulher conectada na sua essência
é capaz de fazer um relacionamento frutificar
e se fortalecer a cada dia.

Qual desses dois tipos de mulher você


escolhe ser?

Uma mulher é um ser muito poderoso. Ela corre e flui


como um rio por todos os caminhos possíveis: se não
há porta aqui, há sempre outra ali. Nós apenas temos
de encontrá-la e abri-la. A mulher é fluida, flexível,
dinâmica e robusta. Quando ela está conectada ao seu
instinto, ela também pode sentir e ver coisas que lhe
dão uma perspectiva e conhecimento profundo da vida.

A essência do feminino está no contraste entre uma


força poderosa e selvagem, mas que ao mesmo tempo
consegue ser suave, leve, com uma alma jovem e com
muita inteligência emocional. Uma mulher presente
no seu feminino está tão segura dentro de si que
é difícil não se atrair por esse poder. Uma mulher
no feminino opera na energia do amor e da liberdade,
e não na energia do medo e da carência. Ou seja,
se você tem se percebido carente, com baixa
autoestima e insegura na sua vida e nos seus

80
relacionamentos é um sinal de que você está
desconectada do seu feminino.

O nosso feminino é o nosso eu intuitivo. É a parte mais


profunda e mais sábia que existe dentro de nós.
É o aspecto receptivo, a porta pela qual a inteligência
mais avançada do universo pode fluir. O nosso lado
feminino se comunica conosco por nossa intuição, que
são aqueles sentimentos, aquelas imagens que
chegam na nossa mente, aqueles avisos sutis. Se não
prestarmos atenção nos sinais, o feminino tenta nos
despertar através dos sonhos, das emoções e do nosso
corpo físico.

Não é à toa que somos chamadas de “bruxas”, porque,


de certa forma, somos. Esse termo surgiu na Idade
Média para se referir às mulheres insubordinadas
e livres. Que conheciam as ervas, os mistérios
da natureza, seu ciclo menstrual, seu poder. Tinham
sabedor ia que vinha de seus ancestrais,
tinham naturalmente e instintivamente o poder de cura.
Tinham visões, sonhos, intuições, chamados. Foram
perseguidas e mortas na idade média no maior
feminicídio já visto por representarem uma ameaça
ao patriarcado, porque elas sabiam de coisas que
os homens não entendiam.

A caça às bruxas foi provavelmente o início


do afastamento das mulheres de sua própria essência
feminina selvagem. Por mais que nossas ancestrais
tenham sido queimadas na fogueira, a essência
feminina continuou mais viva do que nunca. Somos

81
todas netas dessas “bruxas”. Sabemos falar sem
palavras, olhar sem olhos físicos e sentir além dos
cinco sentidos. Nós sabemos. Nós nascemos com isso.

Para os homens, o feminino representa a “vida”


em toda a sua paixão e risco: eles são irresistivelmente
atraídos por ela, se rejuvenescem por ela, se excitam
por ela, mas sabem que ela é um oceano e sabem que
existe um risco grande deles se afogarem nesses
mares e se perderem deles mesmos. Somente
um homem com masculino fortalecido tem as habilidades
necessárias para lidar com uma mulher com feminino
fortalecido sem temê-la.

Clarissa Pinkola Estés descreve muito bem a sensação


de voltar para a energia feminina. Ela fala que uma vez
que a mulher se reconecta com o seu feminino “ela vai
lutar com todas as forças para não se perder mais
dessa essência, porque com ela sua vida criativa
floresce, seus relacionamentos ganham significado
e profundidade, seus ciclos de sexualidade, criatividade,
trabalho e lazer se reestabelecem. Ela pode chegar
no fim do dia cansada, mas é um cansaço bom, de ter
se envolvido com atividades alinhadas a sua essência,
e não de ter sido mantida em cativeiro num trabalho,
relacionamento ou vida muito apertada para ela. Essa
mulher sabe instintivamente quando as coisas devem
morrer e quando elas devem viver. Ela sabe a hora
de se afastar e a hora de ficar.”

Quando a mulher se conecta com a força do seu feminino


ela tem uma guia constante para todos os momentos
da vida. Uma sabedoria que a guia nos momentos

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de dúvida, que a fortalece nas dificuldades e que
a inspira a viver uma vida que vale a pena.

O modelo atual, moldado por uma cultura extremamente


masculina, desvalorizou e restringiu nossa
natureza feminina. Durante séculos, fomos forçadas
coletivamente a esconder, esquecer e suprimir nossos
“autênticos caminhos “. E, no entanto, esses dons são
desesperadamente necessários para nos curar,
nosso planeta e humanidade. Então, como você abraça
o seu lado feminino?

Comece com a tomada de consciência de seu lado


feminino e as formas de entrar em contato com ele.
Você sabe que está no seu feminino quando está
presente no momento, desfruta da espontaneidade,
está em contato com todos os seus sentidos e intuição.
Você está relaxada e à vontade para expressar seus
talentos e criatividade únicos. Separei aqui uma lista
com itens que vão te ajudar a se conectar ao seu
feminino:

1 - Confie na sua intuição

O primeiro passo para isso é começar a treinar mais


a sua intuição. Quando você confia na lógica, está
no seu masculino. Quando se conecta à sua intuição,
você está no seu feminino. Por exemplo, quando você
sai no primeiro encontro, pergunte–se como você
se sente sobre esse homem na sua frente? Esteja
presente a esse sentimento - sua intuição é como
um GPS interno que nunca permite que você siga
na direção errada. Algumas vezes você vai errar, e vai

83
confundir paranoia com intuição. Mas tudo bem. Quanto
mais você praticar, melhor vai ficar.

Seu coração é seu guia interior. Quando você sai


da sua mente, você consegue ouvir os direcionamentos
que estão sendo mostrados pelo seu coração. A mente
está sempre em um estado de confusão, porque seu
papel é fazer perguntas e procurar respostas. A mente
é extremamente masculina, ela usa palavras para
se expressar, mas palavras nunca são capazes
de descrever as verdades de forma correta. Então
quanto mais você se questiona internamente, mais
confusa você se torna porque novas questões surgem
a todo momento. O seu coração é aquele que contém
as respostas que você precisa. Quando você aprende
a ouvir seu coração e sua intuição, você descobrirá
que sempre vai ter respostas sobre o caminho ideal
a seguir.

Quando você se conecta com seu coração, você


descobre a essência da sua feminilidade. A feminilidade
tem tudo a ver com o coração, ela é a expressão
do seu coração. Quando você está numa situação
na qual sente que sua mente e seu coração estão
em conflito, você precisa silenciar e ouvir seu coração,
porque o coração sussurra, a mente grita. Assim você
aprende que você pode soltar o controle e confiar que,
enquanto estiver seguindo seu coração, você sempre
estará no lugar certo.

Para a sua intuição crescer, você precisa alimentá-la.


Alimente essa mulher selvagem que mora dentro
de você. Essa mulher cresce através da atenção
que você dá a ela, ao ser ouvida. Quando ela diz,

84
“Vá por este caminho” e você segue sua direção, isso
lhe dá força para falar mais vezes quando precisar
de sua ajuda. Quando você a cala, não a escuta, ela
se enfraquece, e volta para as profundezas do seu
ser, esperando uma nova chance de ser ouvida.

2 - Cure sua relação com a sua mãe

Vamos falar mais para frente neste livro sobre


a importância de curar a relação com seus pais.
E agora, falando sobre feminilidade, venho frisar
a importância de curar a nossa relação com
nossas mães. Nossa mãe é a primeira figura que
representa o feminino em nossas vidas. Ela nos
ensina essencialmente como o feminino se parece,
age e se sente. Se você rejeita seu aspecto feminino,
é provável que tenha tentado se tornar o oposto de sua
mãe: sua associação com o feminino se tornou uma
carga negativa através da incorporação do feminino
por sua mãe.

Por exemplo, atendi uma cliente no consultório que


tinha muita dificuldade em incorporar seu lado feminino.
Descobrimos que a raiz disso era que, ao crescer, ela
viu sua mãe como fraca, facilmente influenciável
e pouco confiável, então lutou a maior parte da sua
vida, de forma subconsciente, para não se tornar como
ela. Ela interpretou que ser feminina era ser fraca porque
viu sua mãe se vendendo por nada e desrespeitando
a si própria. Depois de uma sessão intensa
de hipnoterapia, ela foi capaz de perdoá-la e dissociá-la
do verdadeiro sentido de feminilidade. Então se você
tem uma relação conflituosa com sua mãe, vai ser difícil

85
assumir sua feminilidade. A terapia proposta neste livro
vai te ajudar nesse processo.

3 - Treine não ser tão controladora

A vida não vai ser do jeito que você quer. Aceite isso
e tire um peso dos ombros. Aliás, falando
em relacionamentos, isso é uma das coisas que mais
vai afastar um homem que tem boa autoestima: perceber
que está sendo controlado. Se ele disse que chegaria
em casa às 19h, e já são 19h15 e nada dele chegar,
controle sua vontade de mandar mensagem dizendo:
“Você disse que chegaria às 19h, já são 19h15...dá pra
você me avisar quando vai se atrasar, mesmo se for
por 15 minutos? Eu não gosto de ficar esperando.”
Um homem frágil, com autoestima baixa, vai responder
“sim, senhora.” Um homem forte com masculinidade
e autoestima em dia, já vai começar a pensar
se realmente vale a pena estar numa relação com uma
mulher controladora desse jeito. Então, se policie para
não querer tudo do seu jeito.

4 - Entre em contato com suas emoções

As emoções são um guia valioso para a energia feminina.


Fomos levadas a acreditar que sentimentos são ruins.
As mulheres emocionais são frequentemente rotuladas
como loucas e criticadas por criar drama. É doloroso
para as mulheres conter suas emoções, porque
as emoções são naturalmente selvagens. As mulheres
são selvagens. O feminino autêntico é selvagem e, por
natureza, ela precisa se expressar de maneira saudável
e natural. A mágica acontece quando as mulheres
podem sentir e se conectar com suas próprias emoções,

86
porque lhes permite sentir outras pessoas com empatia
e compaixão. Isso cria profunda conexão, integridade,
ação positiva e cura.

Uma dica é começar um diário no qual você


constantemente escreve suas emoções, como você
tem se sentido. Frequentemente, ficamos tão focadas
no lado prático da vida, em fazer acontecer, que olhamos
pouco para nossas emoções. Começar a escrever
o que você sente vai te ajudar a se conectar mais
profundamente com seu lado feminino.

5 - Não roube o papel dele

Um outro passo, agora falando de relacionamentos, é:


deixe os homens fazerem o trabalho deles! Sim, você
quer estar no controle das coisas para que elas sejam
feitas e aconteçam do seu jeito. Isso é uma das coisas
que te faz ser bem-sucedida no seu trabalho. Mas
quando se trata de relacionamentos, a abordagem
exatamente oposta funciona melhor. Se você está
perseguindo um homem constantemente iniciando,
planejando, enviando mensagens, chamando sempre,
escolhendo todos os programas, você está
predominantemente na energia masculina. Você precisa
dar espaço para ele manifestar o masculino dele.
Deixe que ele te procure também, que ele escolha
alguns programas. Deixe que ele te ajude a pegar aquela
mala pesada de cima do armário (sim, eu sei que você
consegue, que você é uma mulher independente
e forte, mas se quiser fazer tudo, você não deixa espaço
para ele se manifestar). Homens precisam se sentir
necessários. Claro, você pode fazer as coisas por
si - afinal, já fez isso durante toda a sua vida adulta!

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Esse não é o ponto. Ao permitir que um homem cuide
de você de maneiras aparentemente pequenas, você
satisfaz a maior necessidade dele para a qual ele está
biologicamente programado, que é cuidar da sua
parceira. Todos saem ganhando.

6 - Coloque sua criatividade para fora

Isso pode ser de várias maneiras: dançar para despertar


sua sensualidade (de dança do ventre e pole dance
a dançar sozinha nua em frente ao espelho). Pintar,
escrever um romance, cozinhar, contar histórias e ter
aulas onde você cria coisas com as mãos são formas
de se conectar com o seu lado feminino.

7 - Não leve a vida tão a sério

Não espere suas próximas férias para você ser


espontânea, relaxada, e divertida. Faça isso no meio
de sua vida agitada. Na verdade, é o momento em que
você está sobrecarregada e estressada que mais
precisa se reconectar com esse lado divertido e leve
de si mesma. Arranje tempo para fazer coisas que
te fazem rir e te trazem alegria. Brinque com seu animal
de estimação. Descubra um novo hobbie. Ria mais
de si. Faça qualquer coisa que te ajude a relaxar
e pratique parar de levar você e os outros tão a sério.

8 - Cure a imagem negativa que você tem


dos homens

A menos que você traga uma resolução positiva a sua


percepção do masculino, você não se sentirá segura
em ser feminina na presença de um homem. Quando

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você inconscientemente desconfia do masculino, sua
psique vai projetar essa desconfiança por meio
da autoproteção e do medo da vulnerabilidade. Você
vai querer se aproximar de um homem porque o desejo
de amor e parceria está ligado à sua natureza, mas
assim que o homem se aproximar emocionalmente,
você subconscientemente vai encontrar uma forma
de se retirar, sabotar o amor que está surgindo
ou se concentrar nas falhas dele para dar uma desculpa
válida para deixar o relacionamento.

Sim, existem homens “sem caráter” por aí. Sim,


provavelmente assim como todas as mulheres, você
já se decepcionou e teve seu coração partido por outros
homens, já se sentiu usada, ferida, diminuída. O que
você precisa entender é que esses homens são vítimas
de vítimas. Eles provavelmente cresceram sem uma
referência masculina que os ensinou o que realmente
é ser um homem. Assim como você talvez tenha
se perdido na busca do que é ser uma mulher, muitos
homens também se perderam nessa busca por sua
masculinidade. Então enxergar homens como seus
“inimigos” só vai fazer com que você continue atraindo
esses homens de masculinidade ferida para sua vida.

É hora de abrir seu coração, liberar esse rancor,


agradecer por todos os homens que passaram por sua
vida por terem te ajudado a amadurecer, e se permitir
atrair aqueles homens que estejam prontos e que
valham a pena de verdade. Eu posso garantir que eles
estão por aí. Mas os homens com uma masculinidade
saudável só vão se sentir atraídos por mulheres com
feminilidade saudável. Por isso, se trabalhar internamente
vai te fazer atrair os homens certos e afastar aqueles

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que ainda estão no processo de aprendizado sobre
o que é ser um homem de verdade.

9 - Reconecte-se com seu poder de cura

Todas as mulheres têm uma natureza de cura dentro


de si. Sua natureza intuitiva profunda sabe das coisas.
Esse conhecimento lhe dá poder e discernimento.
Uma mulher com seu feminino fortalecido é uma
regeneradora de corações. Ela pode curar a si própria
e aos outros sem esforço. Só estar perto dela é curativo
e rejuvenescedor. Ela tem habilidades naturais que
vão além do que a mente pode compreender. Ela lambe
suas próprias feridas e segue em frente. Ela cuida
de sua tribo e sabe cuidar dos doentes e esquecidos.
Ela é compassiva e destemida. Comece a se abrir
para esse poder que você tem naturalmente dentro
de si e observe o seu poder de cura aflorar de forma
intuitiva.

10 - Reconecte-se com o seu poder de escuta

Uma mulher com o feminino desenvolvido escuta


profundamente com todo o corpo, mente e alma. Ela
desenvolveu um relacionamento poderoso consigo
e sempre sintoniza sua voz interna. Se ela não consegue
se ouvir, sabe que precisa diminuir o volume do barulho
externo. Ela sabe a diferença entre sua própria voz
e barulho.

Ela ouve os outros, a natureza, a sabedoria universal.


Ela está ciente dos sinais, constantemente crescendo
e em expansão. Ela escuta profundamente e não sente
a necessidade de ser sempre a pessoa que fala, a líder,

90
a controladora. Ela não precisa estar certa o tempo
todo. Ela procura ajuda e conselhos de quem respeita
e confia, mas sempre toma suas próprias decisões.
Ela sabe que é sua melhor autoridade. Ela aprecia
o silêncio que pode ouvir.

11 - Passe mais tempo na natureza

Cerque-se de natureza sempre que possível. Conecte-se


com todos os tipos de água: rios, cachoeiras, mar.
Cultive plantas em casa. Tenha contato próximo com
animais. Conectar-se com a natureza externa nos ajuda
a nos conectarmos com a nossa natureza interna.

12 - Mova-se

Energia feminina é energia em movimento. O oceano,


os furacões e os padrões climáticos são metáforas
perfeitas para a energia feminina, pois estão
constantemente em movimento, sempre mudando.

Se você fica muito tempo presa em uma mesa


de escritório ou tem se sentido fisicamente estagnada,
precisa movimentar o corpo. Você pode fazer isso dando
um passeio no parque, se esticando em uma aula
de ioga ou dançando de calcinha com a sua música
favorita no quarto. A energia feminina sempre será
ativada pelo movimento.

13 - Tenha mais orgasmos

Enquanto os homens gastam energia masculina


ao ejacular com muita frequência, as mulheres realmente
se beneficiam quanto mais atingem o orgasmo. Mais

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orgasmos significam mais criatividade, mais conexão
emocional, intuição mais refinada - os benefícios são
infinitos. Falaremos mais sobre isso nos próximos
capítulos.

14 - Aprenda a receber

Mulheres que estão desconectadas do seu feminino


têm muita dificuldade em receber, porque estão
acostumadas com o papel de doar, de cuidar, de oferecer
o tempo todo. Treinar aceitar ajuda, afeto, cuidados,
etc, vai te reconectar com seu feminino.

Quando uma pessoa lhe oferece ajuda ou faz qualquer


tipo de coisa para demonstrar que se importa com
você, aceite de coração aberto. Se ela se oferecer para
arrumar alguma coisa na sua casa, aceite com alegria,
em vez de dizer: “Deixa que eu consigo fazer isso!”.
Sim, todo mundo sabe que você consegue, você não
precisa provar isso para ninguém. Mas se ela está
oferecendo uma gentileza, aceite. Quando você não
consegue aceitar uma gentileza de alguém, você perdeu
uma oportunidade de criar uma conexão entre vocês.

Querer sempre dar mais do que recebe é uma forma


de controle. Você quer ser sempre quem está fazendo
mais, para que ele sinta que precisa de você. Então
treine se abrir mais para receber e seja grata pelos
presentes que ele te oferece. Não somente o seu
parceiro.

Vou contar um exemplo que acontece comigo: eu criei


na minha cabeça uma afirmação de que sempre
que eu tiver malas para carregar, alguém surgirá

92
disposto a me ajudar. Como eu criei essa afirmação
como realidade na minha mente, ela se materializou
na minha vida. Eu sou uma pessoa que viaja muito,
e desde que passei a me abrir para a ajuda masculina,
sempre que eu estou carregando uma mala, aparece
alguém se oferecendo para me ajudar - seja um amigo,
um familiar, um parceiro, um desconhecido. Às vezes
eles surgem do além. Sim, eu consigo carregar minhas
malas. Mas é muito bom quando alguém me ajuda.
Eu simplesmente aceito a ajuda, sorrio, agradeço,
e continuo repetindo para mim que sempre que eu tiver
muitas malas para carregar, vou ter ajuda. É uma
metáfora para a vida que me lembra que eu não preciso
carregar tudo sozinha. Esse é um exemplo bobo, mas
que pode se estender para muitas outras coisas. Quando
abrimos o nosso feminino para receber, a energia
masculina chega querendo oferecer. É uma linda troca.

15 - Reconecte-se com seu ciclo menstrual

A natureza da mulher é cíclica, e a melhor forma


de nos conectarmos com essa essência é pela reconexão
com nosso ciclo menstrual. Na sociedade patriarcal
em que vivemos, a menstruação é vista como
um incômodo a ser disfarçado, e o nosso ciclo menstrual
é visto como um atraso para um sistema que quer
que sejamos como máquinas numa linha de produção.
Por isso, o despertar feminino precisa vir acompanhado
de um despertar sobre a importância da reconexão
com o ciclo menstrual. Vamos falar mais sobre isso
no próximo capítulo.

93
16 - Aprenda a curtir a sua solitude

Existe uma grande diferença entre solitude e solidão.


Solitude é quando estamos sozinhas e gostamos
da nossa companhia. Solidão é quando estamos
sozinhas e sentimos um vazio, um buraco no peito.

Cultivar a solitude é algo que precisa ser praticado.


Precisamos aprender a usar nosso tempo sozinha
de forma criativa, isso não exige grandes mudanças.
Uma das características principais do feminino
é justamente aprender a apreciar a beleza das coisas
simples. Para te inspirar, eu fiz aqui uma lista de coisas
simples que eu adoro fazer em momentos de solitude
e que me reconectam com o meu feminino:

• Abraçar cachorros, gatos, animais fofinhos;


• Tomar banho com as luzes apagadas e somente
uma vela acesa;
• Colocar óleos essenciais no difusor e sentir
o cheirinho das ervas pela casa (meus favoritos:
lavanda, menta, laranja doce, camomila);
• Procurar receitas malucas na internet e testar;
• Passar óleos no corpo;
• Andar na chuva;
• Tomar banho de mangueira em dia de sol;
• Tomar banho de cachoeira;
• Tomar banho de mar (sou do signo de peixes,
amo tudo o que envolve água!);
• Tomar um chazinho de camomila e deixar com
um livro na cama para pegar no sono;

94
• Andar descalça;
• Fazer as unhas dos pés e das mãos;
• Usar máscaras de argila no rosto;
• Deitar na grama e ficar olhando o céu estrelado;
• Ficar horas olhando para uma fogueira;
• Sentir o cheiro de pão assando;
• Sentir o cheiro de café sendo passado;
• Ver o pôr-do-sol;
• Agradecer antes de comer e imaginar aquela
comida nutrindo todas as células do meu corpo;
• Criar uma mesa de café da manhã bem bonita,
com frutas, granola, pastinhas, pão caseiro, etc.
• Ir a minha padaria preferida e pedir café com leite
de amêndoas e bolo com recheio de morango;
• Comer fruta do pé;
• Estudar sobre autoconhecimento (ler livros, ver
vídeos no youtube, ouvir podcasts, etc.);
• Correr na praia;
• Surfar (de preferência na hora do pôr-do-sol
ou do nascer do sol);
• Fazer compras em brechós e garimpar peças
únicas vintage;
• Sentir o cheiro de terra molhada;
• Cozinhar para amigos;
• Abraçar galinhas (já abraçou uma e viu como elas
são fofas?);
• Pegar um pintinho com uma mão, colocar a outra
mão por cima fechando ele num casulinho, e ver

95
ele fechar os olhos e dormir (eles pensam que
estão embaixo da asa da mãe);
• Fazer piquenique na natureza...

Essa é minha lista de pequenos prazeres que eu procuro


cultivar no meu dia a dia e que me ajudam a estar
em contato com meu feminino e a apreciar a minha
companhia. Sugiro que você faça uma lista também!

Esses são apenas alguns passos que vão te ajudar


a, conscientemente, adentrar mais a energia feminina.
Lembre-se que ela já mora dentro de você, você
só precisa parar de repreendê-la e dar espaço para
que ela se manifeste.

96
Capítulo 6
Ciclo Menstrual - o que ele tem a ver
com feminilidade

97
Falar sobre ciclo menstrual não é uma coisa mística
nem “namastê”. É uma coisa óbvia sobre a qual
deveríamos falar com mais naturalidade. Apesar
de habitarmos nossos corpos desde que nascemos,
muitas vezes eles podem se parecer como uma terra
estrangeira para nós. Podemos nos sentir desconectadas,
sujeitas às transformações hormonais, nunca sabendo
quando estaremos cheias de energia ou quando
estaremos deitadas na cama em posição fetal,
melancólicas, com uma barra de chocolate na mão
e com uma bolsa de água quente na barriga.

A natureza feminina é fluxo e nossos níveis de energia,


nosso humor e nossa condição física se alteram
constantemente também, o que pode ser frustrante
caso não nos aprofundemos nesse processo
de autoconhecimento.

Provavelmente ninguém tenha te “iniciado” no processo


de se tornar mulher. Talvez quando você ficou menstruada
pela primeira vez, sua mãe só tenha te dado absorventes
e te levado ao médico para começar a tomar pílula
anticoncepcional. Nos ensinaram a como lidar com
aquele sangue, esconder e ignorar isso...e se certificar
de que ninguém perceba o que está acontecendo.

Menstruação é um assunto que importa e não poderia


ficar fora deste livro. Em média, da idade de 12 até 50
anos, a não ser que você esteja grávida ou usando
algum contraceptivo hormonal, em todos os dias
da sua vida você estará em algum momento do seu
ciclo menstrual. E ainda assim, ninguém fala sobre isso.
Esse assunto é simplesmente ignorado. Espera-se que
as mulheres se comportem da mesma forma durante

98
todos os dias do mês, só que a nossa natureza flutua
e precisamos entender isso e respeitar as fases que
estamos vivendo.

Em uma sociedade patriarcal, aprendemos que ser


mulher é ser “menos”. Aprendemos que as mulheres
têm muitas coisas das quais se envergonhar - pelos
no corpo, formas imperfeitas, a idade chegando.
“Se você não é perfeita esconda. Se você está sentindo
algum desconforto e instabilidade, vá ao médico para
silenciar seus sintomas.” Aprendemos que menstruação
é uma coisa que atrapalha a vida da mulher, uma
inconveniência e que, se puder evitá-la, melhor.

Como eu te contei no começo deste livro, um dos


momentos mais fortes que me levaram ao chamado
para o despertar da minha feminilidade foi quando
eu interrompi a pílula anticoncepcional, depois de 10
anos consecutivos.

Minha jornada com a pílula foi parecida com a de muitas


mulheres. Eu menstruei pela primeira vez aos 14 anos,
e até os 16 meu ciclo era bem instável - algo natural
para essa faixa de idade e para os primeiros meses
do início da menstruação. Fui orientada a procurar
um médico e assim eu fui ao ginecologista. Ele ouviu
meu relato e sem muitas perguntas me receitou
uma pílula anticoncepcional para “organizar meu ciclo”
(só depois eu fui entender que na verdade a pílula
não “organiza” o seu ciclo; e sim o elimina). Então
eu tomei pílula por longos 10 anos, até eu começar
a me conscientizar sobre os efeitos negativos dos
hormônios artificiais no meu corpo .

99
Quando decidi interromper a pílula anticoncepcional,
eu jamais poderia imaginar a avalanche de mudanças
que essa decisão traria na minha vida. Intuitivamente,
eu sentia que era um grande passo, mas eu não
imaginava quão grande seria.

Como eu praticamente não tinha experienciado o que


era ter um ciclo menstrual (já que eu fiquei somente
2 anos sem tomar pílula desde o início da minha
menstruação), foi tudo novo para mim. Os primeiros
efeitos físicos da interrupção da pílula anticoncepcional
foram uma agressiva queda de cabelo que durou uns
6 meses. Depois as formas do meu corpo mudaram.
Com a pílula, eu sempre tinha os seios bem grandes,
durante todo o mês. Quando eu parei, eu vi com tristeza
eles diminuírem muito - mas só depois fui entender que
eles também crescem e diminuem conforme o momento
do ciclo em que eu estou - a partir do décimo quinto
dia eles começam a crescer, e quando eu estou perto
de menstruar eles ficam como se eu tivesse colocado
silicone - grandes, durinhos, firmes. Eu me surpreendo
todo mês com o poder de transformação do nosso
corpo e como é bom habitar um corpo de mulher!

Mas, além das mudanças físicas, as mudanças mais


importantes foram emocionais e psicológicas - mas
naquela época eu estava tão dentro do furacão, que
nem percebi que tudo que eu sentia tinha a ver com
o fato de que, praticamente pela primeira vez na vida,
eu sentia como era ser mulher de verdade; estava
aprendendo como era habitar um corpo que tem
natureza cíclica.

100
Eu ficava confusa com o fato de que às vezes eu me
sentia extremamente energizada, poderosa, sexy,
inspirada, e dias depois eu parecia estar num buraco
emocional, melancólica, com vontade de chorar por
qualquer motivo. Nessa época, eu simplesmente parei
a pílula, mas não comecei a estudar o meu ciclo (hoje
em dia existem vários aplicativos que podem ser úteis
nesse processo de te ajudar a observar mais o seu
ciclo, vale a pena usar!), então eu não estava consciente
de que essas mudanças tinham a ver com o meu ciclo
menstrual.

Eu sentia como se eu não me reconhecesse mais,


como se eu tivesse perdido controle sobre meu corpo
e minha personalidade. Eu achava que talvez eu tivesse
caindo numa depressão. Foi um processo até eu
entender os sinais do meu corpo e enxergar que aquela
era uma porta que se abria para meu autoconhecimento
e para meu despertar como mulher.

É uma jornada e tanto! Hoje, alguns anos depois dessa


decisão, eu consigo enxergar com clareza a diferença
que ter parado com a pílula anticoncepcional causou
na minha vida. E posso dizer que não foi um processo
fácil - muitos dias, ainda não é. Quando eu estou
me sentindo emocional demais, emotiva, sensível,
algumas vezes me dá vontade de simplesmente voltar
para a pílula, para que eu volte a ser estável durante
todos os dias. Mas eu sei que assim estaria negando
minha natureza. Eu nasci mulher, nasci cíclica, nasci
conectada com os ciclos da lua e intuo que isso
é um processo muito sagrado que eu não posso
simplesmente fingir que não existe.

101
Ressalto mais uma vez: cada mulher é dona do seu
corpo e deve escolher qual método contraceptivo mais
lhe satisfaz, e que você deve consultar seu médico
para te ajudar nesse processo. Algumas mulheres
realmente precisam tomar pílulas anticoncepcionais
por necessidades específicas de saúde. Se esse for
seu caso, tudo bem, você ainda pode resgatar a sua
feminilidade mesmo assim. Mas o que percebo é que
muitas mulheres usam contraceptivos hormonais sem
saber direito os efeitos disso no corpo. Acredito que
toda mulher deveria entender que os contraceptivos
hormonais são remédios e não uma fórmula mágica,
e que existem outras alternativas que toda mulher deve
conhecer - até porque, sua menstruação não é doença.

Algumas décadas depois da chegada da pílula, nos


encontramos num cenário de total desconexão com
nosso corpo, dentre outras coisas porque não
conhecemos como ele funciona sem esses remédios.
Anticoncepcionais são prescritos para quase todos
os distúrbios ginecológicos: se a mulher menstrua
demais, se menstrua de menos, se tem cólicas, sem
está com ciclo irregular, se tem TPM, etc.

Pela minha experiência e pela experiência de muitas


mulheres com quem conversei nessa jornada, são raros
os(as) médicos(as) que realmente orientam as mulheres
a se conhecerem melhor antes de simplesmente
optarem por um remédio. Por isso sim, é importante
ter mos acompanhamento ginecológico, mas
é importante nos conhecermos e sabermos como nosso
corpo funciona, para que possamos fazer escolhas
conscientes. Afinal, somos donas dos nossos corpos.

102
Não vou entrar em detalhes sobre métodos contraceptivos
neste livro. Mas quando você conhece o seu ciclo,
você entende que o óvulo sobrevive por em média 24h
depois de liberado, e que os espermatozóides
sobrevivem em média 5 dias no nosso sistema reprodutor,
o que faz com que tenhamos potencial de engravidar
em média durante 7 dias em cada mês. Se você pensar,
não é muito! Existem outras formas não hormonais
de prevenir gravidez. O método contraceptivo que você
vai escolher vai depender se você é solteira ou está
numa relação estável; em qual fase da vida você está;
e com qual deles se sente mais confiável. Se você
realmente não quer correr o risco de engravidar, o ideal
é sempre associar mais de um método para aumentar
a taxa de sucesso.

Os médicos que eu consultava sempre me diziam que


os anticoncepcionais hormonais “regulam” o ciclo
menstrual e os hormônios. Mas na verdade, o que eles
fazem é desativar o seu ciclo menstrual e seus hormônios.
Os hormônios sintéticos presentes na pílula, adesivo,
injeção, anel vaginal, etc. funcionam desativando
a ovulação, e junto com ela, a produção de estrogênio
e progesterona.

Os hormônios sintéticos presentes nesses contraceptivos


não tem o mesmo efeito que nossos hormônios naturais,
por isso eles geram vários efeitos e envolvem riscos
que muitas vezes não são explicados para as mulheres.
Quando você usa esse tipo de contraceptivo, seu ciclo
é desativado - você não ovula e o sangramento
que você tem quando pausa a pílula, por exemplo,
não é uma menstruação verdadeira, mas sim
um sangramento por privação hormonal, que acontecem

103
pela falta de estímulo dos hormônios sintéticos no nosso
organismo.

Quando paramos de tomar hormônios, vamos entrar


em contato com a nossa verdadeira natureza e perceber
que cada mês nosso corpo passa por uma série
de mudanças, como: alteração nos níveis hormonais,
nos níveis de vitaminas e minerais; temperatura vaginal
e das secreções; estrutura do útero e do colo do útero,
retenção de líquido, tamanho e textura dos seios;
resistência à dor, etc. Essas mudanças são biológicas,
e não estão somente “na sua cabeça” como muitas
de nós fomos ensinadas a acreditar. É por isso que
é tão importante honrarmos essas mudanças e adaptar
as nossas vidas a elas o máximo possível.

Uma pesquisa publicada como “Women’s Knowledge


of Ovulation, the Menstrual Cycle, and Its Associated
Reproductive Changes”, mostrou que menos de 1/3 das
mulheres conhecem os hormônios do ciclo menstrual.
Que 47% das mulheres não sabem o que é ovulação
e não sabem dizer em qual momento do mês estão
ovulando. 62% das mulheres não sabem dizer qual
o tempo de vida do óvulo e dos espermatozóides dentro
do corpo da mulher e nem quantos dias do ciclo
a mulher pode de fato engravidar.

Por isso, vou dar uma explicação básica do que acontece


no seu corpo durante o mês. Vale lembrar que o ciclo
menstrual é muito mais do que somente a menstruação.
Na verdade, a menstruação é somente a primeira fase
do ciclo menstrual. Um ciclo menstrual começa com
o primeiro dia da menstruação e acaba no primeiro dia
da próxima, durando entre 24 e 38 dias, o que pode

104
variar de mulher para mulher, ou até mesmo de mês
para mês.

E o que é um ciclo? Um ciclo é uma unidade básica


de vida: nascimento, crescimento, transformação,
declínio e morte, seguida novamente pelo nascimento.
É uma jornada circular que se repete. É um processo
de expansão e contração, que pode ser observado
em todas as formas vivas no planeta, nas estações
e nas fases da lua.

Nosso ciclo menstrual conecta nossos corpos


diretamente com a natureza. Nossos ciclos nos chamam
para não vivermos vidas estáticas. Ao invés disso,
ele demanda que vivemos de forma dinâmica,
constantemente explorando os diferentes presentes
do poder feminino que cada fase do nosso ciclo nos
oferece. Uma parte importante de aprender a arte
de ser mulher é aprender a honrar todas as fases
do nosso ciclo. O nosso ciclo menstrual nos leva todo
mês a uma jornada entre a luz e a sombra, elementos
que fazem parte de nós.

O melhor exemplo que gosto de usar para exemplificar


as mudanças do nosso ciclo menstrual é fazendo uma
comparação com as estações da natureza. O nosso
ciclo se divide basicamente em 4 semanas e 4 diferentes
fases, assim como o ano se divide em 4 estações.

INVERNO

Nesse exemplo, o inverno seria a semana na qual


estamos menstruadas. O seu ciclo começa no primeiro
dia da menstruação, então essa primeira semana

105
do ciclo seria correspondente ao inverno. Nesses dias,
geralmente nos sentimos mais introspectivas,
sem vontade de fazer muitas coisas. Geralmente
não é um tempo de alta energia, e isso faz sentido,
porque nessa semana existem muitas coisas
acontecendo no nosso corpo no sentido fisiológico -
o útero está sofrendo uma descamação das paredes
internas que se formaram no último mês; os hormônios
estão nos seus níveis mais baixos do mês inteiro, então
é de se esperar que nessa semana estejamos num
ritmo mais lento. Assim como no inverno gostamos
de ficar num aconchego, perto do fogo, com uma caneca
de chocolate quente, é assim que geralmente nos
sentimos durante a semana da menstruação.

Esses dias podem ser extremamente difíceis. Algumas


mulheres sentem bastante cólicas e dores no corpo;
outras podem considerar esse um período traumático,
por estarem tentando engravidar sem sucesso
ou já terem passado por algum tipo de aborto. Esse
período do mês pode ser uma fase mais delicada para
muitas mulheres. Principalmente se você precisa
produzir da mesma forma no trabalho; se está cheia
de compromissos familiares para fazer.

Apesar desse período de inverno ser bem difícil para


muitas mulheres, existe também uma natureza muito
sábia e intuitiva durante esse período. É o momento
em que estamos mais conectadas com a nossa voz
interior. É um excelente período para sentarmos
e revermos como foi o último ciclo; e refletirmos
sobre o que queremos fazer igual ou diferente
no próximo. Escrever num caderno como você se sente
e suas reflexões pessoais podem ser ótimos hábitos.

106
Fazer rituais de autocuidado, ficar com você,
se reconectar, se realinhar. É o momento do mês
para olhar para dentro.

PRIMAVERA

Essa é a segunda semana do seu ciclo menstrual.


É uma estação de transição entre a semana
da menstruação e a semana da ovulação. Assim como
a primavera, quando as flores desabrocham, os dias
ficam mais claros e mais longos, começamos a sentir
a nossa energia desabrochar. É como se saíssemos
de uma semana na caverna e começássemos a entrar
novamente em contato com o mundo.

Nessa semana, sentimos literalmente nosso corpo mais


leve. Nos sentimos mais livres. Os níveis de estrogênio
aumentam, o que nos faz sentir mais energéticas. Nosso
foco aumenta, começamos a nos sentir mais abertas
para nos conectar com novas pessoas. A semana
da primavera geralmente é uma semana adorável para
a maioria das mulheres. Mas essa semana também
pode trazer uma sensação de ansiedade, por
percebermos quanto precisa ser feito, ou não saber
bem o que fazer com aquela quantidade de energia
que está surgindo.

Durante essa semana, o corpo está se preparando


para a próxima fase, que é o pico de energia do nosso
ciclo. O verão.

107
VERÃO

A terceira semana do ciclo menstrual é um outro marco


de liberação do ciclo, na menstruação, liberamos
sangue, nessa semana, liberamos o óvulo que está
pronto para ser fecundado (aqui é importante lembrar
que nem todas as mulheres ovulam em todos os meses).

Essa seria a fase na qual mais nos sentimos como uma


“supermulher”. Para a maioria das mulheres, essa
é uma semana deliciosa. Nos sentimos mais bonitas,
mais sexy, mais poderosas, mais atraentes, com
a feminilidade mais pulsante. Nossa natureza selvagem
atinge um alto nível. Nosso corpo tem uma alta
na produção dos hormônios; os níveis de estrogênio
alcançam um pico nesta semana; recebemos também
uma leva hormonal de testosterona, o que significa que
nos sentimos mais fortes e com mais desejo sexual.
Você pode se pegar sentindo atração por homens que
cruzam o seu caminho, principalmente por aqueles
com nível de masculinidade mais forte. Não significa
que você precisa fazer nada com eles, mas essa atração
tende a acontecer por elementos puramente hormonais.

Nosso corpo nessa semana está programado para


procriar. Nós ficamos mais lubrificadas de forma natural.
Sentimos o muco cervical mudar (que é uma secreção
natural produzida pelo colo do útero). Aliás, é muito
interessante - e divertido - observar como a lubrificação
funciona nesses dias. Como estamos programadas
biologicamente para escolher o melhor parceiro para
procriarmos, durante essa fase em que estamos férteis,
tudo o que o seu parceiro fizer (ou alguém com quem
você está saindo), e que indica que ele é um bom

108
candidato para fecundar seu óvulo, pode te deixar mais
lubrificada. Às vezes isso acontece em momentos
inesperados! De repente, ele passa perto de você
e te dá um beijo no pescoço, e você sente uma “latejação”
que libera um pouco de lubrificação. Ou ele chega com
uma escada para trocar a lâmpada que queimou,
e você sente mais uma dose de lubrificação molhando
sua calcinha. Ou você o vê brincando de uma forma
adorável com a filha de vocês, e mais uma a lubrificação
dá o ar da graça. Ou o celular toca com uma mensagem
dele fofa durante o dia e a lubrificação vem.

Ou seja, sempre que seu subconsciente identificar que


aquele é um bom parceiro para procriação, você pode
sentir essas doses de lubrificação. Ao passo que quando
você estiver emocionalmente desconectada do seu
parceiro, e quando seu subconsciente detectar que
aquele não é um bom parceiro para procriação, você
tende a sentir menos esse fenômeno.

Para algumas mulheres, essa dose alta de energia


dessa semana também pode ser muito intensa,
e deixá-las confusas sobre para onde direcionar todo
esse poder. Algumas mulheres podem sentir também
a chamada “dor de ovulação”, que é uma cólica que
geralmente acontece em um dos lados inferiores
do abdômen (observar esse sinal também ajuda
a reconhecer melhor o seu ciclo e é mais um indicativo
de que você está próximo a ovular).

Se durante o período da primavera você forçou demais,


e foi além dos seus limites, essa fase da ovulação pode
ser uma fase na qual você se sente um pouco exausta
também. Por isso é tão importante que cada mulher

109
se observe e conheça seu ciclo, pois os sintomas podem
variar muito entre as mulheres.

OUTONO

Nessa fase, as folhas estão caindo das árvores


e sentimos que o inverno está se aproximando. É uma
semana de transição entre o verão e o inverno. Essa
semana, a quarta do seu ciclo, traz um chamado
para deixar para trás o que precisa ser deixado, e para
começar novamente um processo de introspecção.

Toda aquela autoconfiança da primavera e verão


começam a baixar. Talvez você acorde numa manhã
durante esse período e sinta que toda aquela vontade
de sair e socializar já não esteja mais tão forte como
na semana passada. Quando você olha para o seu
parceiro, talvez você não sinta mais aquela intensidade
de atração que estava sentindo na semana anterior.
Nesse momento, os níveis de estrogênio estão caindo
e os níveis de progesterona estão aumentando.
Estrogênio nos faz sentir mais energéticas;
a progesterona nos deixa mais introspectivas, mais
caseiras, traz uma energia de cuidar e nutrir.
A progesterona fica no nosso corpo até que ele tenha
certeza de que uma fecundação não aconteceu durante
o seu verão.

De todas as semanas, essa pode ser uma das mais


difíceis para as mulheres, que é o período da famosa
TPM. Você veio de uma fase em que sentia como uma
supermulher, e de repente começa a sentir toda essa
energia baixando, esse chamado para diminuir o ritmo.
Talvez nessa semana você se sinta mais impaciente,

110
menos capaz de realizar algumas atividades, e isso
pode ser muito confuso, se você não tiver consciência
do seu ciclo. Quando sentimos essas mudanças
e já sabemos o porquê, é muito mais fácil lidarmos com
elas. Quando não sabemos, começamos a procurar
culpados externos por estarmos no sentindo assim.
Será que é meu casamento? Meu trabalho? Meu corte
de cabelo? Não, são somente seus hormônios descendo
do pico em que eles estavam.

Mas essa pode ser uma semana muito interessante


também. Saímos daquela energia mais expansiva
e entramos numa energia igualmente selvagem, só que
mais “densa”. Se primavera e verão são o expirar, outono
e inverno são o inspirar. Ambos são essenciais. Somos
tomadas por uma energia de não perder tempo com
o que não seja essencial. Se na semana passada
éramos mulheres que diziam sempre “SIM”, nessa
semana temos um chamado mais forte para dizermos
mais “não” e determinarmos nossos limites.
É um momento em que você tende a ter mais facilidade
para recusar aqueles convites que você antes aceitava
por educação. Ou quando você vai conseguir dizer “não”
para aquele pedido do seu chefe para fazer reuniões
extras. É um momento de criar mais tempo para você,
começar a delimitar o seu território para a semana
em que você vai sangrar.

Essa é uma semana na qual começamos a sentir como


uma tempestade interna se formando, e algumas
mulheres podem sentir como se o corpo começasse
a se “encher de água”. Nessa semana, eu tenho muita
vontade de desaguar, de chorar sem motivos, como
se simplesmente eu tivesse cheia de “água” e precisasse

111
colocar isso para fora. Água simboliza emoção, então
quando eu choro eu sinto muitas emoções sendo
liberadas também.

É uma fase em que queremos ser cuidadas, depois


de termos vindo do verão quando cuidamos de todo
mundo. Queremos uma comida quentinha, um cobertor
em volta do corpo, uma massagem nos pés e chocolate.
Podemos ter sonhos mais fortes e nossa intuição
começa a aflorar.

Essa é uma explicação básica sobre nosso ciclo


menstrual. Se você nunca prestou atenção no seu ciclo,
esse conhecimento sobre como ele pode ser comparado
com as estações do ano pode ter sido revelador para
você. Quando comecei a me conhecer mais e entender
a influência que meu ciclo menstrual tinha na minha
vida, muita coisa mudou. Eu senti que o despertar
da minha feminilidade deu um salto.

Quando pensamos em como somos cíclicas, é possível


entender porque tantas mulheres estão exaustas
e cansadas nos dias de hoje. É mais um exemplo
de como o modelo social que vivemos hoje e essa
busca por sermos “iguais” aos homens é injusta para
as mulheres. Os homens não passam por esse tipo
de variação hormonal que nos afeta de forma tão íntima.
E talvez por isso os contraceptivos hormonais
se tornaram tão populares, pois eles simplesmente
“eliminam” a nossa natureza cíclica.

A sociedade patriarcal não enxerga que, assim como


o ano tem estações, nós também temos. Ela não enxerga
que sim, podemos estar menos produtivas ativamente

112
na semana do mês que seria o nosso “inverno”, mas
podemos usar essa fase para nos conectar com
a sabedoria do universo de forma muito intuitiva,
e externalizar toda essa criatividade na nossa estação
do “verão”, que é quando estamos com níveis de energia
mais alto. Então não quer dizer que somos inferiores
aos homens porque passamos por ciclos - somos
apenas diferentes.

Uma mulher que conhece o seu ciclo, e que entende


que ela não vai ser igual em todas as semanas do mês,
vai honrar a sua natureza e procurar buscar um tipo
de trabalho e estilo de vida que possa estar alinhado
com esses ciclos. Por exemplo, se você tem seu próprio
trabalho, se consegue trabalhar de casa ou ter horários
mais flexíveis, você pode usar essa semana de inverno
para atividades mais introspectivas e intelectuais, como
estudos, anotações, reflexões, etc, e pode deixar
as atividades mais expansivas para outras semanas
do mês.

Isso também afeta o seu relacionamento. Nas fases


de outono e inverno, você provavelmente vai se sentir
menos sexual e precisa compartilhar isso com seu
parceiro, para que ele não sinta que é algo pessoal.
Se você se conhece, você não vai se sentir obrigada
a fazer sexo com a mesma frequência que tem vontade
de fazer no verão, somente para não decepcionar seu
parceiro. Você não vai achar que tem uma coisa errada
no seu relacionamento. Você vai aceitar que vai estar
menos receptiva sexualmente nessa fase, mas vai
compensar isso tudo nas suas fases de verão
e primavera.

113
No outono e inverno, você provavelmente vai querer
estar conectada com seu parceiro intimamente, mas
talvez não com a mesma energia sexual. Essas estações
mais introspectivas são ótimos períodos para conexões
íntimas que envolvam rituais como troca de massagens,
banho de banheira, ficar horas curtindo uma conchinha,
deitar na natureza e ficarem observando as estrelas
juntos. Ou seja, não é porque você vai estar menos
ativa sexualmente nessa fase que você e seu parceiro
vão precisar perder conexão. Pelo contrário.

Se você não respeita isso, seu corpo pode se manifestar


com avisos. Na clínica de hipnoterapia, eu atendi uma
moça que vinha tendo crises constantes de candidíase,
a chamada candidíase recorrente. Depois de tentar
vários tratamentos com médicos, sem resultado, ela
chegou a mim como uma última alternativa. Conversando
sobre o ciclo menstrual dela, e sobre seu relacionamento,
ela me contou que seu parceiro sempre cobrava que
eles fizessem sexo todos os dias. Como ela gostava
muito dele e não queria que a conexão deles diminuísse,
ela muitas vezes fazia sexo sem vontade.

Depois de um tempo, ela começou a apresentar essas


crises fortíssimas e recorrentes de candidíase, que
faziam com que ela precisasse ficar até uns 15 dias
sem sexo para se recuperar. Quão sábio é o nosso
corpo? Se aprendêssemos a ouvi-lo mais em vez
de irmos correndo em busca de um remédio para cada
sintoma, a nossa vida seria muito melhor. Depois da
nossa sessão, essa moça começou a mapear o seu
ciclo e conversou com seu parceiro sobre isso.
Ele respeitou esse processo dela, eles passaram
a explorar mais sexualmente as fases de verão

114
e primavera, e passaram a se conectar de formas menos
sexuais durante o outono e inverno. Nunca mais ela
teve crises de candidíase.

Vale lembrar, é claro, que o corpo vai se manifestar


de formas diferentes para cada mulher. Nem toda mulher
que tem candidíase recorrente vai ser por esse motivo.
Avalie a sua vida e procure entender o que seu corpo
está querendo dizer.

Ao ler tudo isso, você talvez esteja pensando: então


não é muito mais simples entrar com um contraceptivo
hormonal para parar de ser cíclica? Bom, enquanto
eu tomava pílula, eu não tinha essas variações -
eu era estável todo mês. Mas também eu era menos
intuitiva, menos conectada, tinha menos libido
e lubrificação (tem até uma brincadeira que diz que
a pílula é um ótimo contraceptivo, porque não
te dá vontade de fazer sexo). Eu tinha menos picos
de criatividade. Eu era mais racional, e menos emocional.
Eu me sentia menos feminina, mais masculina, mais
prática, mais estável. Isso na verdade, é o que o sistema
espera de todas nós - que sejamos máquinas estáveis
funcionando da mesma forma todos os dias.

Vivemos numa cultura que adora o nosso lado expansivo,


sexual e criativo, mas repele o nosso lado intuitivo,
emocional, e introspectivo. Querer nos colocar numa
posição de estabilidade é matar nossa natureza.
É como querer colocar uma loba num zoológico - sim,
ela vai ficar mais calma, com menos energia, menos
agressiva, mais vai perder também todas as suas outras
qualidades positivas que vem junto de um animal
selvagem.

115
Para aprendermos a viver no feminino, precisamos
aprender a acolher todos esses lados. Assim vamos
descobrir que somos muito mais sábias do que
acreditamos e que temos um potencial muito maior
do que imaginamos. Aprendemos em quais fases
devemos focar em criar novos projetos; em quais fases
precisamos focar mais na nossa intuição; em quais
fases nosso corpo quer fazer sexo e em qual fase ele
quer se resguardar. Ou seja, se estamos numa fase
mais introspectiva, de TPM, e temos um encontro, não
devemos fazer sexo somente porque isso é o esperado.
Se precisamos trabalhar na criação de um projeto,
vamos deixar a fase mais criativa para o momento
do mês em que estamos na fase ovulatória. Se estamos
menstruadas, não precisamos sair para praticar corrida
ou crossfit - podemos fazer uma atividade mais tranquila
como yoga (sem posturas muito fortes ou invertidas)
ou alongamento. Vamos, então, nos conhecendo
e explorando nosso potencial como mulheres cíclicas
que somos. Dessa forma, honramos a nossa natureza.

Assim como é importante honrar a nossa natureza para


nos conectarmos ao nosso feminino, é importante
honrar nossas histórias e nossos antepassados que
nos permitiram chegar até aqui. No próximo capítulo
vou falar sobre um tema que é essencial para o resgate
da nossa feminilidade: curarmos a relação com nossos
pais.

116
Capítulo 7
Como a relação com seus pais está ligada
a sua feminilidade.

117
“Perdoar é libertar um prisioneiro e descobrir que
o prisioneiro era você.”

- Lewis Smedes -

118
É uma missão praticamente impossível resgatar o seu
feminino e recuperar sua autoestima se você não curar
a sua relação com a sua mãe. E uma missão praticamente
impossível ter relacionamentos felizes se você não
curar a relação com seu pai. Quando estamos com
um parceiro que nos trata, de alguma forma, como
nossos pais nos trataram, então nosso corpo
e as nossas emoções sentem: “Ah, sim, sensação
de casa!”.

Sua mãe representa sua memória mais profunda


do que é uma energia feminina. Se você tem um conflito
interno por causa de uma relação mal resolvida com
a sua mãe, então você vai ter dificuldade em relaxar
completamente na sua energia feminina. E somente
quando você consegue relaxar na sua energia
feminina, você consegue se abrir completamente
e receber o presente que é a energia masculina vinda
de um parceiro.

Quando as coisas não estão indo bem para nós,


em qualquer área de nossas vidas, precisamos encontrar
a causa raiz, para que possamos entender nossos
sentimentos e reações e começar a mudá-los.

A causa raiz dos problemas com o seu ‘Eu’, vem,


em grande parte, das suas experiências na primeira
infância. Isso vai ser determinado pelo tipo de pais que
você teve e da sua relação com eles. Essa relação,
afetou e continua afetando, diretamente o quanto você
acredita em si mesmo e o que você ainda espera,
e pensa que merece, na vida. Essas podem se tornar
as consequências tóxicas e venenosas do que seus

119
pais passaram para você, principalmente se você teve
uma criação com pais tóxicos.

E o que são pais tóxicos?

São os pais que se colocam em primeiro lugar e não


oferecem aos filhos o carinho, a bondade, a empatia,
o apoio e o incentivo de que precisam para se sentir
bem consigo mesmos. Se seus pais tiveram uma
educação tóxica, e não fizeram nada para limpar o lixo
emocional que essa criação deixou neles, eles
provavelmente passaram esse veneno para você. Esses
tipos de pais usam - confundem - e abusam dos filhos,
mesmo sem querer.

Se você teve pais tóxicos, é urgente que você faça uma


limpeza emocional, que olhe para a sua criança ferida.
Você precisa se recuperar de um pai ou uma mãe tóxica
- estejam eles vivos ou mortos - para que você possa
recuperar sua vida. Você precisa se liberar de se sentir
como uma prisioneira emocional do passado.

Para te ajudar a trazer um outro olhar para a sua relação


com seus pais preciso te lembrar de uma coisa: não
sei como é a sua relação com seus pais, mas o fato
é que eles te deram a vida, e só por isso, merecem sua
gratidão e respeito eternos.

É inegável que, independente de quanto nossos pais


se esforçaram para fazer o melhor, eles sempre vão
deixar uma influência enorme na nossa personalidade
e no nosso amor próprio.

120
Como expliquei, quando somos crianças, somos como
esponjas. Não temos ainda o fator crítico formado, por
isso absorvemos literalmente tudo a que somos expostos.
Por isso os nossos pais têm tanta influência na gente,
porque estiveram perto nos influenciando diretamente
na fase mais importante das nossas vidas.

Se você teve a sorte de ter pais que te apoiaram,


te incentivaram e te ajudaram a fortalecer a sua
autoestima, vai ser muito mais fácil para você cultivar
o seu amor próprio. Se você teve pais que te diminuíram,
que foram abusivos, ou ausentes, fortalecer o seu amor
próprio se torna uma tarefa um pouco mais desafiadora,
mas totalmente possível de ser feita se você se abrir
para isso (a hipnoterapia que vem neste livro pode
te ajudar no processo).

Por que é tão importante curarmos a relação com


nossos pais? Porque é impossível sermos felizes e nos
amarmos de verdade, se temos uma relação problemática
com eles.

Como você sabe, a nossa vida começa com nossos


pais. Às vezes nos esquecemos disso, mas eu preciso
que você se atente ao fato de que nenhuma combinação
entre outra pessoa teria resultado em você. Por isso,
precisamos sempre honrar e entender os nossos pais.
Nenhum presente que tenhamos recebido pode ser
mais importante do que a nossa vida. É por isso que
os nossos pais ocupam um lugar de destaque -
e se você quiser se sentir pleno como pessoa, é preciso
entender que aqueles que te deram a vida tem um lugar
sagrado na sua existência.

121
Mas você pode estar pensando: “mas meu pai
me abandonou” ou “mas minha mãe foi abusiva”. Sim,
eu entendo, Mas eu quero te lembrar que os nossos
pais também são humanos, também erram como
homem e mulher. Mas como pais eles foram perfeitos
porque te deram a vida.

É aí que moram muitos conflitos: temos uma tendência


a olharmos nossos pais como se eles fossem
super-heróis. Mas eles são só humanos que tentaram
fazer o melhor com aquilo que eles tinham, que sabiam
fazer. Nós esquecemos que nossos pais também são
filhos, e que eles também foram crianças e passaram
por um monte de perrengues ao longo da vida. Quando
negamos nossos pais, é como se fechássemos
a conexão com a nossa fonte da vida.

Se não conseguimos sentir amor e gratidão pelas


pessoas que geraram as nossas vidas, como vamos
nos amar? Como vamos amar verdadeiramente outra
pessoa? Vai ficar sempre um buraco existencial que
ninguém vai conseguir completar.

Uma vez eu estava atendendo uma cliente no consultório


para uma sessão de hipnoterapia que falava de como
a relação dos pais dela era ruim, e que eles tinham
tido um histórico de traições, e ela sempre repetia
a frase: “ele fez isso com a gente”, dizendo que nunca
conseguiria perdoar o pai. Por isso, ela olhava sempre
o pai dela com raiva e ressentimento. Ela tomou
o partido da mãe e cortou sua relação com seu pai.

Bom, isso gera um problema não só para a pessoa,


como para todo o sistema familiar. Precisamos entender

122
que, como em tudo na vida, existe uma hierarquia nas
famílias. Os pais sempre vão ser maiores do que
os filhos, então as dificuldades entre eles precisam ser
deixadas com eles, os filhos precisam só ocupar seu
lugar de filhos. Os filhos nunca devem ficar na posição
de julgar os pais como certos ou errados, porque nessa
hierarquia e na visão sistêmica familiar, os filhos sempre
são pequenos e os pais grandes. Quando os filhos
querem interferir no relacionamento dos pais, eles
ocupam o lugar de grandes e causam muitos problemas.

Nossos pais nos deram a vida, por isso precisamos


agradecer por isso e fazer o melhor que pudermos com
esse presente. Na vida, encontramos tudo de que
precisamos, porque a ela é um sistema completo,
abundante, que pode fornecer tudo. Então precisamos
liberar nossos pais do peso de serem perfeitos e assumir
a responsabilidade por nossa vida.

Para todos nós, a figura dos nossos pais é parte


da nossa psique. Nós os internalizamos. Eles sempre
vão estar dentro da gente, de uma forma ou de outra,
nos dizendo o que fazer. Durante a infância, nós
internalizamos nossos pais. Eles nos recompensaram
e nos puniram e assim internalizamos esse processo.
Depois que crescemos, temos uma tendência a nos
punir e a nos recompensar seguindo o mesmo padrão.
Qualquer decisão quanto ao que fazemos com nossa
vida e relacionamentos geralmente são decididas por
essa voz interna dos nossos pais que passamos
a carregar dentro da gente. Se a gente se sente bem
conosco, ou se nos sentimos mal, geralmente é a voz
interna dos nossos pais que está dizendo isso.

123
Nós ficamos o tempo todo tentando ou obedecer,
ou resistir a presença interna dos nossos pais, e assim
ficamos confusos nas nossas escolhas. Nossos “pais
internos” nos dizem uma coisa, mas a nossa versão
adulta nos diz que quer algo diferente. Ficamos em
conflito. Quando éramos crianças, sempre ouvíamos
nossos pais e quando crescemos, continuamos fazendo
isso - obedecendo e algumas vezes nos rebelando com
essa voz interna.

Uma prática simples que podemos fazer no nosso dia


a dia, sempre que ouvimos essa voz interna dos nossos
pais é acolhê-la e dizer: “Eu sei que você está tentando
me proteger, cuidar de mim. Mas agora eu sou uma
adulta, e eu peço que você me olhe com bons olhos
e aceite o fato de que eu agora escolho agir diferente
e correr riscos. Então eu agradeço sua preocupação,
mas dessa vez eu escolho não te obedecer. Eu escolho
aprender com seus acertos e erros.” Fale isso
mentalmente para si, e você vai sentir os efeitos.

Agora que você já entendeu isso, vamos para aquela


parte do livro que provavelmente você estava ansiosa
para chegar: vamos aprofundar na temática sobre como
ter relacionamentos felizes e qual papel sua feminilidade
tem nisso.

124
Capítulo 8
Criando relacionamentos felizes

125
Relacionamentos são desafios constantes. Eles nos
convidam o tempo todo a criar, expressar e experienciar
os aspectos mais profundos do nosso ser. As relações
são as formas mais eficientes de fazer isso.

Antes de entrarmos efetivamente na parte sobre


relacionamentos, eu quero te dizer que ninguém
é obrigado a viver relações amorosas. Ter ou não
um relacionamento não te define e nem é garantia
de felicidade. Temos uma falsa visão de que as pessoas
acasaladas são bem-sucedidas e felizes. Mas basta
uma conversa mais de perto com essas pessoas, basta
dar uma olhada nos bastidores para entender que estar
em casal não necessariamente significa estar feliz.
Então, nosso objetivo final não é encontrar um par
e ser feliz para sempre.

Tudo bem se você não quiser se relacionar, se você


quiser ter vários amores na sua vida e não somente
um amor para sempre. O resgate da sua feminilidade,
apesar de influenciar diretamente nos relacionamentos,
tem muito mais a ver com uma volta para a sua verdadeira
essência como mulher, do que com o fato de que você
precise encontrar um par para chamar de seu.

Então faça um trabalho interno para que ter


um relacionamento não seja a meta principal da sua
vida. Isso é muito difícil, é um grande processo
de desconstrução, porque crescemos ouvindo os ideais
românticos nos contos de fadas e livros. Apesar de nos
venderem isso, as relações dessas histórias só duram
para sempre porque o filme acaba, o livro chega
ao fim. Na vida real é diferente! As pessoas mudam,
nossa vida vai mudando em ciclos...e tudo bem.

126
Um impor tante passo no seu processo
de autoconhecimento e de desper tar da sua
feminilidade, é começar a quebrar a ideia do amor
romântico, porque o amor romântico é muito baseado
na dependência do outro. Na ideia de que o outro vai
te fazer feliz para sempre. Eu sei que isso é difícil.
É como quando descobrimos que Papai Noel não
existia, foi uma decepção, mas faz parte do crescer.

Preciso esclarecer uma coisa importante: romance


é muito diferente de amor romântico! Romance é uma
delícia! Romance traz beleza para a vida! É aquela
mensagem fofa ao acordar; é cozinhar uma comida
especial; é enfeitar a mesa, acender velas, colocar um
incenso; é deixar bilhete escondido na carteira; é colher
uma flor no caminho e dar pro outro; é beijo no cangote
enquanto ele lava a louça; é conchinha ao acordar.

O amor romântico é acreditar que isso precisa durar


para sempre. É acreditar que só porque é amor, vai ser
eterno. É acreditar que a pessoa é sua só porque vocês
assinaram um contrato e trocaram alianças e tiveram
um filho, e por isso ela nunca vai embora.

Romance traz leveza para a nossa vida. Amor romântico


faz a gente sofrer. Quando entendemos isso, desistimos
de querer controlar. O controle só nos deixa cansados,
estressados e não funciona. Se funcionasse, valeria
o esforço! Mas funciona por pouco tempo...em algum
momento, sempre vem a vida nos mostrar o que ela é:
cíclica.

Precisamos entender e internalizar que controle não


resolve. Que o apego não resolve. Que acordos, votos,

127
contratos, regras não resolvem. Se resolvessem, bastava
se casar que o relacionamento duraria para sempre.
E vemos todos os dias relacionamentos terminando,
mesmo depois de uma baita festa, de votos sinceros,
de filhos. Em alguns dos casos, isso acontece por falta
de maturidade do casal. Mas em muitos outros,
o relacionamento termina simplesmente porque tudo
na vida termina um dia, porque esse ciclo precisaria
encerrar.

Nas gerações passadas os relacionamentos duravam


mais, porque o casamento era muito mais uma estratégia,
a escolha de encontrar um parceiro que te ajude
na vida, já que os papéis dos homens e das mulheres
eram muito divididos e um precisava do outro para
sobreviver. Por isso a maioria dos casais ficavam juntos
para o resto da vida. Mas isso não quer dizer que eles
estavam felizes. Muitas dessas relações se sustentavam
baseadas em limitações e frustrações.

Hoje, com homens e mulheres tendo mais liberdade


e autonomia para ser o que quiserem, as pessoas não
precisam mais umas das outras como precisavam
antes, então fica mais claro para a gente observar que
controle não vai segurar uma relação. Vocês podem
seguir o roteiro certinho: ele pode te pedir em namoro,
dar aliança, apresentar para família, noivar, casar,
comprar casa, ter filhos e ainda assim, a relação acabar.
Mesmo com as promessas, os contratos, testemunhas.
Mesmo seguindo todas as dicas deste livro; mesmo
conseguindo desenvolver plenamente a sua feminilidade.
Nada é garantido, porque a vida é muito maior do que
os nossos planos.

128
Estou falando então para você desistir da ideia
de passar a vida com alguém? Não. Ciclos existem,
e eles podem durar 1 mês ou 80 anos. Mas eu quero
que você entenda que não é porque um ciclo seu
se encerrou que você fracassou, que a relação não
deu certo. Ela deu muito certo, enquanto durou. Entender
isso no começo traz dor, porque nos faz desmontar
alguns castelos, mas depois traz leveza, porque
enxergamos que cada relacionamento pode acabar
amanhã, e isso nos faz olhar para eles com mais
presença, mais cuidado. Não enxergamos as pessoas
com garantias.

É muito romântico dizer que agora que esse ser especial


entrou na sua vida, você se sente completo. Só que
o propósito da relação não é ter alguém que te complete,
mas sim ter alguém com quem compartilhar sua
plenitude. Talvez chegar nesse nível de compreensão
seja um dos nossos maiores desafios como seres
humanos. Acreditamos que se nos fundirmos ao outro,
que se virarmos um só, estaremos seguros. Mas dessa
forma, acabamos matando as relações - e morrendo
junto com elas.

Um dos segredos das relações bem-sucedidas é: deixe


que cada pessoa da relação se preocupe, em primeiro
lugar, com ela própria - o que ela está fazendo, sendo,
tendo; o que ela está desejando, pedindo, dando; o que
ela está procurando, criando, experienciando.
Isso parece um ensinamento estranho, porque você
sempre ouviu que numa relação o foco tem de ser
no outro, mas eu te digo: o seu foco no outro, sua
obsessão com o outro é o que faz com que as relações
falhem.

129
O fato de que duas pessoas se perdem na relação
é o que causa maior ressentimento entre os casais.
Duas pessoas se juntam, numa parceria, esperando
que juntos serão mais, mas a verdade é que, muitas
vezes, passam a perceber que juntos são menos.
Eles se sentem menos do que eram quando eram
solteiros. Menos capazes, menos empolgados, menos
atraentes, menos alegres...Eles se sentem assim porque
de fato se tornaram menos.

Por isso, sua primeira relação deve ser a relação consigo.


Você primeiro precisa aprender a se honrar e se amar.
Você primeiro precisa enxergar o seu valor antes
de enxergar o valor dos outros.

O primeiro trabalho que devemos fazer para ter bons


relacionamentos é a solitude. Não necessariamente
um isolamento físico. Se conhecer primeiro
é fundamental. A solitude é sabermos estar em silêncio
e relaxados com nós mesmos em meio às relações.
Não viver 24 horas por dia olhando pra fora tentando
organizar as coisas e o outro, para então nos sentirmos
bem. Só assim estaremos prontos para amar.

Amar é para os corajosos. Amar de forma lúcida


é um chamado para maturidade. É a melhor forma
de praticarmos entrega e vulnerabilidade - características
básicas do feminino. Quanto mais amamos, mais
precisamos estar preparados para sentir dor. É a mesma
proporção. O feminino é mestre em se entregar no amor,
viver com intensidade, acolher o coração partido
e seguir em frente, sem medo de amar, sem se fechar.
Se aceitamos isso, paramos de resistir, nos abrimos
para o novo e coisas lindas chegam para gente.

130
Se resistimos, nos tornamos pessoas amarguradas,
frustradas e carentes. Nos fechamos para o amor,
o que é o oposto da feminilidade, já que a essência
do feminino é amor e aber tura, e não medo
e ressentimento.

Meu objetivo é falar de relacionamentos sem incentivar


os velhos moldes da guerra de sexos. Não acredito que
essa guerra esteja nos levando para lugares que valem
a pena. Meu objetivo é inspirar uma forma de enxergar
as relações na qual todos saem ganhando. Um novo
estágio dos relacionamentos no qual tanto a energia
masculina quanto a feminina sejam honradas e tenham
seu valor reconhecido, e relações nas quais
um potencializa a força do outro.

Relacionamentos íntimos entre homens e mulheres


(ou pessoas com energia predominantemente masculina
com pessoas de energia predominantemente feminina)
podem ser uma guerra constante entre criaturas que
parecem ter vindo de diferentes planetas. Somente
quando entendemos que somos diferentes e aceitamos
e honramos essa diferença como algo que nos
complementa, conseguiremos ter relações saudáveis
e felizes.

Poucos de nós fomos ensinados a criar e sustentar


um tipo de relacionamento saudável com níveis
satisfatórios de conexão e energia sexual. Nos venderam
o mitode que uma conexão bonita simplesmente
acontece de forma natural. “Encontre a pessoa certa
e sua vida será uma sequência interminável de dias
que se parecem férias, momentos íntimos, de excelente
conexão sexual, filhos lindos e sucesso mútuo.” Nem

131
sempre é desse jeito. Se ambos não fizerem um trabalho
interno de autoconhecimento, eu diria que raramente
vai funcionar.

Um dos grandes segredos para relacionamentos longos


e cheios de conexão, onde a chama está sempre “acesa”
é a chamada polaridade sexual, um termo que foi muito
explorado pelo autor David Deida. Se você nunca ouviu
falar nisso, prepare-se, pois aí pode estar a resposta
que você sempre buscou para explicar porque muitos
dos seus relacionamentos não foram para frente.

132
Capítulo 9
Polaridade Sexual: o segredo da chama acesa

133
Se você prestar atenção na natureza, você vai ver que
todas as coisas têm o seu oposto, seu complemento,
assim como a lua tem o sol, a luz tem a escuridão,
o calor tem o frio, nós vivemos num universo polarizado.
Entender polaridade não tem nada a ver com misticismo
ou crença. Polaridade é algo natural.

Nós seres humanos temos tanto energia feminina


quanto masculina dentro de nós, e podemos e devemos
transitar entre elas dependendo da situação.
Mas quando falamos de relacionamentos afetivos,
e de como manter a atração sexual viva num casal,
precisamos entender bem o conceito de polaridade
sexual. Inclusive, essa é uma das perguntas que mais
recebemos no CSV: “Como podemos manter a chama
acesa nos nossos relacionamentos depois que o período
inicial da paixão acaba?” A maioria dos relacionamentos
são ótimos no começo. Mas depois de algum tempo,
algo parece acontecer e as coisas mudam.

Existe um segredo para manter a chama


do relacionamento acesa e para isso é preciso entender
o que significa “polaridade sexual”. Polaridade Sexual
acontece quando um indivíduo incorpora majoritariamente
a energia masculina e o outro incorpora majoritariamente
a energia feminina, nos momentos de intimidade.
Isso cria uma polaridade sexual que é uma atração
praticamente irresistível entre duas pessoas. Isso pode
acontecer em relações heterossexuais ou homoafetivas.
A atração humana é baseada na Lei da Polaridade.
Polaridade é magnética. Polaridade significa atrair
o que é complementar a sua energia.

134
Uma forma fácil de entender esse conceito é pensar
em imãs. Cada ímã tem 2 polos. Um polo positivo
e um negativo. Quando você coloca 2 ímãs junto com
os polos opostos, eles se atraem. No entanto, quando
você tenta colocar esses mesmos dois ímãs junto com
os mesmos polos de frente um para o outro, eles
se afastam.

Quando um polo masculino e feminino se encontram,


uma tensão sexual é desencadeada entre as duas
pessoas e elas se atraem. Quando dois polos masculinos
se encontram, eles não podem ser atraídos um pelo
outro. O mesmo vale para 2 polos femininos. Aqui vale
fazer mais um lembrete: quando falo em masculino
ou feminino, não estou dizendo que dois homens
ou duas mulheres não podem ser sexualmente atraídos
um pelo outro. Como mencionei, todo ser humano tem
um lado masculino e um feminino. Então, não estamos
falando de sexo biológico aqui. Estamos falando
de “modos de ser” enérgicos (por falta de uma palavra
melhor) que existem em todos nós.

Outro exemplo é imaginar duas pilhas. Quando você


coloca duas pilhas num controle remoto, por exemplo,
você sempre coloca uma com o + (mais) para cima
e a outra com o - (menos) para cima. Essa é a única
forma que elas vão funcionar e produzir energia.
É assim que acontece também com atração sexual
entre pessoas.

Você sempre se sentirá mais atraída por uma pessoa


que tenha energia oposta a sua. Então se você tem
uma essência feminina natural, você vai se sentir mais
atraída por uma pessoa com energia predominantemente

135
masculina. Se você tem uma essência masculina natural
predominante, você se sentirá mais atraída por uma
pessoa com energia predominantemente feminina. Você
com certeza já viu casais nos quais o homem tinha
energia predominantemente feminina e a mulher energia
predominantemente masculina (talvez o seu próprio
relacionamento seja assim). O homem é mais radiante
e “cheio de vida” do que a mulher. A mulher é mais
focada no seu direcionamento da vida do que o homem.
O relacionamento tem uma importância e peso maior
para o homem, enquanto a mulher prefere passar mais
tempo sozinha e prioriza a carreira do que a relação.
Um relacionamento assim é possível e vai gerar
polaridade sexual. Só precisamos ficar atentos se você,
como mulher, realmente tem uma energia masculina
natural predominante, ou se isso não foi consequência
do estilo de vida atual, que é muito focado ao trabalho,
carreira, sucesso, etc. Pelo que observei em anos
de estudo, a maioria das mulheres têm energia
predominantemente feminina natural, mas acabaram
assumindo uma energia mais masculina pelas condições
sociais atuais. Quando esse é o caso, a mulher tende
a manifestar sintomas como cansaço, exaustão, apatia,
estresse, etc. com o passar do tempo.

Pode acontecer também de você ter uma energia mais


neutra e assim se sentir atraída por uma pessoa com
energia mais neutra. Esse tipo de relacionamento
é possível e pode ser cheio de companheirismo
e intimidade, mas geralmente vai envolver menos
energia sexual.

Segundo David Deida, um dos maiores estudiosos


do tema da polaridade sexual, falando de casais

136
heterossexuais, “somente 10% dos casais pertencem
ao tipo neutro em sua verdadeira essência. Outros 10%
dos casais são feitos por um homem naturalmente mais
feminino e uma mulher naturalmente mais masculina.
Nos outros 80% dos casos, o homem vai ter uma
essência naturalmente mais masculina e a mulher
naturalmente mais feminina.”

Sabendo disso, precisamos entender que existem


2 princípios energéticos dentro de todos nós. A todo
momento, de acordo com nosso comportamento
e posição interna, estaremos carregados com uma
combinação dessas energias. Isso significa que para
cada interação que fazemos, trazemos uma energia
conosco. E essa energia afetará as pessoas com quem
você interage - inclusive, sexualmente.

Imagine que o homem está na sua energia masculina


e a mulher na sua energia feminina. Eles vão se sentir
atraídos um pelo outro. De repente, a mulher entra na
energia masculina, quando fala algo de forma imperativa
como: “Leva o lixo pra fora!”. Essa frase tem uma energia
masculina, por ser mais direta e assertiva, e isso vai
neutralizar a polaridade entre o casal naquele momento,
de modo que, naquele instante, o homem sinta menos
atração pela mulher. Se comunicar de forma direta
é bom, mas em momentos de intimidade, quando
a polaridade determina a atração, se ela falar para ele
o que ele deve fazer, a polaridade se desfaz - a não
ser que o homem queira ficar na energia feminina.

Como ele sente a energia masculina dela, ele pode,


naquele momento, começar a tratá-la “como outro
homem.” Homens se tratam diferente entre si. Homens

137
se desafiam, competem, discutem. Por isso, preste
atenção para a energia que você manifesta, para não
neutralizar a polaridade de atração entre vocês.

Existem momentos em que é válido uma mulher usar


a energia masculina ,mas agora que temos esse
conhecimento das energias, precisamos prestar atenção
nos efeitos que isso gera. Se você tiver uma conversa
com seu parceiro, e ambos estiverem na energia
masculina, não espere que naquele momento, ele esteja
sexualmente ou emocionalmente atraído por você.
O natural é que ele te trate como um ser neutro
ou como outro homem. Isso não é uma decisão racional,
é uma decisão subconsciente que ele não pode controlar.

Outro exemplo: imagine que vocês dois estão


abraçados, superconectados. De repente, vocês
escutam um barulho estranho na porta. O homem fica
assustado e se esconde, e fala: “Amor, vai lá ver o que
é!” Nesse exato momento, a polaridade se desfaz,
o homem entra na energia feminina, igual a mulher,
e ela passa a sentir menos atração por ele. Não quer
dizer que vocês não se amem mais, mas, naquele
momento, a atração diminui. Se isso acontece com
frequência, o relacionamento começa a esfriar.

Falar sobre negócios e organizar planos envolve uma


energia masculina. Conectar-se com a natureza, ficar
na cama de conchinha, tomar café na cama juntos tem
a ver com energia feminina. Num relacionamento
balanceado, essas duas qualidades se combinam
durante os dias para aprofundar o amor, a atração
e o crescimento pessoal de ambos os parceiros.

138
A relação fica despolarizada, desbalanceada quando
os dois parceiros focam demais em uma das duas
energias, masculina ou feminina. Imagine que seu
parceiro esteja o tempo todo, ano após ano dizendo:
“Eu não sei o que fazer. Vamos assistir um filme.” Depois
de um tempo, você vai perder a sensação de que aquele
parceiro é confiável suficiente para cuidar de você
e do seu clã, e a admiração vai diminuindo porque
a relação ficou sobrecarregada de energia feminina.

Pode ser o contrário também - se a mulher fica presa


demais na energia masculina (algo muito comum nos
dias de hoje), o tempo todo falando de negócios
e do que precisa ser feito, controlando tudo e todos,
dando ordens, fazendo todas as escolhas, então
a energia masculina predomina, a relação se despolariza
e o homem passa a se sentir menos atraído pela mulher
porque ele não sente mais tanto a sua energia feminina.

Se o homem preferir ficar na sua energia feminina,


e a mulher preferir ficar na energia masculina, então
a relação poderia funcionar nessa polaridade oposta.
Mas isso raramente acontece. O que costumamos ver
é ambos sustentarem esse papel durante um tempo,
mas após um período, os dois ficam cansados, exaustos,
sem brilho, por terem se desconectado de sua essência.
É o exemplo que eu dei sobre a bateria do celular.
Quando um homem naturalmente com maior energia
masculina fica muito tempo na polaridade feminina, ele
descarrega sua bateria; e quando uma mulher que tem
naturalmente maior energia feminina fica muito
na polaridade masculina, ela descarrega a sua bateria.
Ambos acabam cansados, sem energia, sem vida.

139
Você pode ser tão feminina ou masculina quanto quiser.
Faz parte dos relacionamentos. Por exemplo, vocês
dois como um casal, podem estar aproveitando
a energia feminina, curtindo um bom banho de banheira
juntos, ou ambos juntos na energia masculina
planejando a programação da próxima viagem. Seria
um relacionamento doentio se a mulher nunca pudesse
decidir planos e o homem nunca pudesse dançar. Seria
um modelo rígido de homem e mulher, não é disso que
estamos falando,não é retroceder para um tempo
no qual mulheres e homens tinham papéis definidos
e rígidos. Estamos falando de novos tempos, no qual
podemos ter uma maior consciência sobre esses temas
e atuarmos da melhor forma possível para construirmos
relacionamentos mais harmoniosos. A ideia é apenas
aprender a reconhecer essas duas energias e observar
os efeitos que elas causam em nós e nas relações.
Precisamos entender que o que vai causar atração
sexual e paixão numa relação é a polaridade
das energias.

Lembre-se que a polaridade sexual vai muito além


da aparência. Você pode ser uma mulher com uma
aparência muito feminina, mas ter uma energia
predominantemente masculina. Nesse caso, homens
masculinos não vão se sentir atraídos por você, não
vão conseguir balancear a energia deles com você,
porque você não tem energia feminina para oferecer.
É por isso que mulheres com energia masculina
geralmente só conseguem atrair homens que querem
sexo, mas que nunca querem avançar a relação para
algo mais sério. Esses homens não conseguem
se conectar com você num nível mais profundo,
energético, por isso só se conectam superficialmente.

140
Então se você se vê em muitos relacionamentos que
não evoluem, encontros que não passam de uma noite,
ou relacionamentos que caem na “friendzone”,
há grandes chances de você se comportar na polaridade
masculina

Se prestar atenção na sua energia parecer um esforço


grande, lembre-se que para tudo é preciso pagar
um preço. Se você quer ter um corpo forte, precisa
se exercitar. Se você quer manter a chama acesa num
relacionamento, precisa aprender a identificar a energia
feminina e masculina e saber estrategicamente em qual
momento lançar mão de cada uma delas.

Outro exemplo de como essa polaridade funciona:
Seu parceiro chega do trabalho e pergunta: “O que
vamos fazer hoje à noite?” Você ainda não sabe. Então
apenas diz a ela (ou a ele). “Eu não sei... O que você
quer? Está com vontade do quê?”. Essa parece uma
boa resposta, empática, que pensa no outro. Você ainda
não tem planos, então quer encontrar algo que os dois
gostem de fazer. Vocês sabem que vão precisar comer
algo, então ele pergunta o que você quer para o jantar.
Então você diz: “Talvez chinês? Ou se tiver com mais
vontade de mexicano, pode ser também. E ainda tem
um pouco daquele risoto de ontem na geladeira.” Vocês
passam meia hora tentando chegar a uma conclusão
sobre o que comer - e a cada minuto que passa,
aumentam as chances dessa noite não terminar
em algo animador debaixo dos lençóis. O problema
é que agora vocês estão polarizados para o lado
feminino. O lado que quer ir com o fluxo. Isso mata
a atração sexual. O melhor nesse caso é que uma
pessoa tome a decisão e entre na energia masculina.

141
Se os dois permanecerem muito tempo no feminino
juntos, acabarão irritados um com o outro e sem atração
sexual.

Mais um exemplo: vamos supor que é seu aniversário


e seu parceiro chega para você e diz: “Feliz aniversário.
Hoje é seu dia! Vamos fazer o que você quiser, ir onde
você quiser. Você escolhe!”. Ele provavelmente falou
isso para te agradar, mas para o seu lado feminino,
não poderia haver nada menos excitante porque,
ao falar isso, ele entrou na polaridade feminina também.
O que você queria na verdade é que ele falasse: “Arrume
suas malas. Não me pergunte detalhes. Nós vamos
passar o fim de semana fora. Eu cuidei de tudo.
Só arrume suas malas e deixe o resto comigo.
Vou te dar o melhor presente de aniversário que você
já teve.”

Um dos maiores presentes para a essência feminina


é poder relaxar, confiar e se entregar. O melhor presente
que ele poderia te dar seria dar espaço para você
simplesmente aproveitar, manifestar seu amor, sem
precisar ficar escolhendo as melhores opções,
analisando, planejando. Você já passa muito tempo
da sua vida fazendo isso. Esse é um exemplo de como
a mulher pode se conectar muito mais com seu parceiro
se ele tomar a iniciativa e “liderar”, tirando o peso dela
de ter de tomar todas as decisões.

Ou seja, se você sente que a chama anda apagada,


mesmo com um relacionamento de base sólida,
a polaridade sexual é provavelmente uma das principais
razões para isso. Da mesma forma, se você estiver
num encontro com um homem incrível, mas sente que

142
não está rolando uma energia sexual, cheque sua
polaridade. Tem grandes chances de você estar
na mesma polaridade que ele, ou ambos estarem
no meio termo, numa polaridade muito neutra.

Quanto mais entendermos sobre as nossas energias


e soubermos transitar entre elas - usando a energia
masculina quando for preciso e a energia feminina
quando necessário - melhores serão nossos
relacionamentos e conseguiremos manter melhor
a chama acesa. Sem falar que entender isso não
só ajuda nossa relação com nossos parceiros, mas
também com amigos, colegas de trabalho, etc. Comece
a observar como você se comporta com relação à sua
polaridade e perceba mudanças incríveis que vão
acontecendo quando você aprende a alternar entre
a energia masculina e feminina de forma consciente.

143
Capítulo 10
Como encontrar (e ser) alguém interessante

144
Muita gente nos escreve no CSV fazendo essa pergunta:
como encontrar alguém interessante de verdade?
Bom, primeiro de tudo, antes de buscar alguém
interessante, você precisa ser uma pessoa interessante.
Antes de buscarmos a pessoa certa, precisamos
ser a pessoa certa.

O que é uma mulher interessante? Vai depender


do ponto de vista de cada um.

Para mim, uma mulher interessante é uma mulher


autêntica. Uma mulher que tem um bom equilíbrio entre
suas energias masculina e feminina. Uma mulher que
consegue repousar no seu feminino, de forma relaxada
e fluida, sem vê-lo como fraqueza, e por isso exerce
um magnetismo impressionante que vem de dentro
para fora. Todo mundo quer ficar perto dela, porque
sua presença traz alegria, leveza, brilho, conexão.
É uma mulher que pensa por si, que não faz somente
escolhas que a sociedade impõe. É uma mulher que
se conhece, que valoriza a vida e que usa seu tempo
para fazer coisas que façam sentido para ela. É uma
mulher curiosa, que está sempre aberta a aprender
coisas novas. É uma mulher que tem vontade de viver,
que gosta de estar viva. É uma mulher profundamente
conectada com sua sexualidade e com seu potencial
orgástico. É uma mulher que sabe que pode ser
independente, mas que se fortalece com a proteção
e o cuidado do masculino.

É uma mulher profundamente conectada com a sua


intuição. É uma mulher que possui uma sábia, uma
mestra interna, que sempre aponta os caminhos.
É uma mulher que não tem medo de ser vulnerável,

145
por saber que na vulnerabilidade é possível criar
conexões verdadeiras. É uma mulher que sabe adentrar
no coração das pessoas, porque a sua vulnerabilidade
abre não somente o seu coração, mas também
o coração de outras pessoas que se sentem à vontade
em serem quem são perto dela. É uma mulher que
se valoriza, que sabe impor limites. É uma mulher
que brinca, dança, move seu corpo, pois sabe o poder
que ele tem. É uma mulher que não precisa provar
nada para ninguém, porque somente a sua presença
não deixa dúvidas de que ela é uma mulher diferente
das outras.

Então pare um pouco e olhe para a sua vida: você


se considera uma mulher interessante? Você considera
que tem uma vida interessante? Na maior parte
do seu tempo você está vivendo ou somente existindo?
Você vive uma vida da qual você se orgulha, ou você
tem uma vida que se baseia em acordar, ir para
um trabalho que você não gosta, e no fim de semana
sair para beber para ver se consegue relaxar um pouco?
Você tem estado presente na sua feminilidade,
ou você tem se sentido muito masculina? Você leva
a vida de forma leve, divertida, fluida, ou a vida para
você está sendo pesada, um fardo? Você tem mais
agradecido ou reclamado?

Ou seja, se você quiser encontrar um parceiro de alto


valor, você primeiro vai precisar se tornar uma mulher
de alto valor. Se você quiser encontrar um homem
interessante, primeiro vai ter que se tornar uma mulher
interessante.

146
O mundo está cheio de homens interessantes, mas
talvez você tenha padrões subconscientes que tem feito
com que você só atraia homens errados. A terapia que
vem junto com esse livro vai te ajudar a mudar esse
padrão. No entanto, paralelamente, é preciso entender
algumas coisas.

Muitas vezes esquecemos que, como muitos animais,


somos movidos por desejos sexuais primitivos e que
os machos lutam por uma chance de engravidar o maior
número possível de fêmeas. As fêmeas ficam curtindo
o show e escolhendo o parceiro ideal dentre as várias
possibilidades. É a fêmea que escolhe. Então, sugiro
que você aprecie o show e escolha. Não se contente
em ficar sempre sendo escolhida. Escolha e escolha
bem.

Comece a prestar atenção no tipo de homem que você


tem atraído. O que tem de comum entre eles? O que
isso diz sobre você? Você tem atraído somente homens
fragilizados que querem que você decida tudo? Como
está seu papel nisso? Você está o tempo todo dizendo
a eles o que fazer? Você está tentando fazer tudo
sozinha e nunca aceita ajuda? Como você está
se sentindo em seu corpo?

Lembre-se, sua energia é o que atrai os homens. Você


está relaxada, leve e fluindo com a vida? É isso que
atrai homens com uma masculinidade saudável. Quanto
mais centrada na sua feminilidade, mais você vai ter
um poder de atração com homens com uma
masculinidade saudável, por causa da polaridade sexual
sobre a qual já falamos. (Aqui reitero que uso as palavras
“homem” e “mulher” para simplificar a escrita, mas tudo

147
o que eu falar serve também para pessoas homossexuais.
Se esse for o seu caso, por favor, ajuste a leitura
de forma que faça sentido para você.)

Quando você pensa em atrair um homem interessante


para sua vida, com masculinidade saudável, você
precisa focar mais na sua energia do que na sua
aparência externa. Não me entenda mal - não estou
dizendo que você não possa se maquiar, cuidar do seu
corpo e nem deixar de fazer as unhas. Faça o que você
quiser. Mas é fato que a aparência física não
é o suficiente para atrair um homem. Pode até atrair,
mas não é o suficiente para querer fazer com que ele
fique. Homens masculinos ficam com mulheres femininas
porque elas exalam uma energia que para eles
é absolutamente irresistível e porque eles se sentem
energizados com a sua presença.

Um homem masculino quer uma mulher feminina porque


ela faz com que ele se sinta bem. Ela faz com que ele
sinta que, ao lado dela, tudo é possível. A energia
masculina saudável tem como objetivo conquistar,
proteger, prover, e liderar. Quando um homem tem
o espaço para ativar sua energia masculina diante
de uma mulher, isso faz com que ele se sinta bem
e relaxado na sua essência. Ele se sente o seu herói.
E ela se sente segura, amada e protegida. O que tem
de errado nisso? A partir dessa dinâmica, uma linda
relação pode surgir.

Uma mulher com energia predominantemente masculina


acaba se tornando uma competidora, e não uma
parceira. Quando a mulher está operando no extremo
da polaridade masculina, ela se torna possessiva,

148
controladora, agressiva, e com medo de vulnerabilidade.
A polaridade sexual se desfaz completamente.

Observo que muitas mulheres não têm a versão feminina


das qualidades que desejam em um homem. A grande
maioria das mulheres com quem falo dia a dia, e que
atendo no consultório de hipnoterapia, não têm a menor
noção do que atrai os homens e o que os homens
desejam. E assim elas estão continuamente frustradas,
porque eles não são atraídos pelas mesmas razões
que as mulheres se atraem pelos homens.

Explico: Conheço muitas dessas mulheres independentes


bem-sucedidas que dizem coisas como “eu tenho meu
mestrado, ganho milhares de reais por ano, sou
independente, por que não acho um homem legal,
masculino, forte, e provedor?”. O que essas mulheres
não percebem é que os homens não são biologicamente
programados para olhar para o que uma mulher pode
oferecer, no sentido de prover. Portanto, a quantidade
de dinheiro que uma mulher ganha por ano não significa
absolutamente nada pelas razões biológicas em que
os homens acham as mulheres atraentes. Principalmente
se tratando de homens com uma masculinidade saudável
bem desenvolvida.

As mulheres são biologicamente programadas para


olhar para um homem vendo o que ele pode oferecer
para o seu clã, da mesma maneira que olham para um
homem biologicamente como uma figura de proteção.
Tudo isso acontece de forma subconsciente, e não
racional. Estima-se que nosso lado racional seja
em média 10%; todo o restante, é a nossa parte
subconsciente e instintiva. Então não podemos achar

149
que vamos encontrar um parceiro nos baseando
em argumentos racionais, porque na prática a coisa
funciona de uma forma diferente. Um homem com sua
masculinidade fortalecida não vai procurar uma mulher
para protegê-lo. Isso significa que você não pode ser
uma mulher independente e rica? Claro que não! Seja
independente. Cuide da sua vida. Mas faça isso por
você e não ache que isso vai fazer com que você
se torne atraente na hora de encontrar um parceiro.

Qualquer homem que sente atração por você por causa


de seu desempenho financeiro não vai estar com sua
masculinidade equilibrada. E você não se sentirá atraída
por ele depois da fase de lua de mel. O homem que
você deseja, se você estiver em sintonia com sua
feminilidade, é o homem que vai ter os padrões daquilo
que te atrai biologicamente.

Outra coisa importante para ter em mente é saber


o que você procura. Qual tipo de pessoa quer ter
na sua vida. Pegue um papel e anote as coisas que
você quer e as que não quer em alguém. Antes
de dormir, toda noite, se imagine caminhando por uma
estrada e encontrando essa pessoa. Sinta a sensação
boa de ter achado alguém que você gosta, que veio
para somar. Evite pensar numa pessoa específica,
porque esse exercício realmente funciona e aquele
velho ditado se aplica aqui: cuidado com o que você
quer, pois realmente pode conseguir! Às vezes, queremos
muito uma pessoa específica, mas ela não é a melhor
para a gente. Então confie na sua intuição e no fluxo
da vida, e acredite que ele vai trazer a pessoa certa
para você, desde que você esteja repousada e relaxada
em sua verdadeira essência. Na hora de mentalizar,

150
imagine como você quer se sentir ao lado do seu futuro
parceiro, ao invés de mentalizar um parceiro específico.
Foque no sentimento, e não na pessoa. Dedique
5 minutos toda noite antes de dormir para fazer esse
exercício de visualização. Assim, você programa sua
mente subconsciente para encontrar aquilo que você
procura.

Depois de entender tudo isso, é hora de ir para a prática.


Uma pessoa interessante não vai cair no seu colo
e nem tocar a sua campainha no sábado a noite
te chamando para um jantar. Você precisa se abrir.
Você precisa estar emocionalmente e energeticamente
disponível para facilitar os movimentos do universo.
É hora de fazer a sua parte!.

Homens interessantes estão por todos os lados.


Eles pegam metrô para ir ao trabalho, esperam na fila
da Starbucks, se exercitam, pedem bebidas
em um happy hour. Então a desculpa do “não existem
homens interessantes disponíveis por aí” não cola
mais. Pelo menos para uma mulher de alto valor e que
assume a sua vida, como você. Existem milhões
de homens solteiros e interessantes por aí, mas vai ser
difícil encontrá-los se você não se abrir para
as oportunidades.

A velha história de ir para a balada tentar achar algum


homem interessante tem poucas chances de dar
certo, porque ali a concorrência é muito grande,
e as chances de você realmente conseguir chamar
atenção de um homem que te interessa é bem mais
difícil porque ele vai estar distraído com a quantidade
de mulheres bonitas ao seu redor. Nesse tipo

151
de ambiente, algumas mulheres se dão bem e a grande
maioria acaba indo para casa se sentindo frustrada.

Outro caminho é partir para redes sociais. Hoje em dia,


com tecnologia, ficou mais fácil encontrar pessoas
online, tanto nas redes sociais quanto nos aplicativos
de relacionamentos, como Tinder ou Bumble. Se gostar
dessa alternativa, use a tecnologia a seu favor. Mas eu
sou do time que acredita que nada mais eficiente
do que um encontro olho no olho. Para isso, você precisa
ser vista!

Como? Por exemplo: Da próxima vez que estiver fazendo


compras, vá até a seção masculina de uma loja
de departamentos bacana, encontre um homem por
quem você se sente atraída e peça conselhos sobre
o tamanho de uma camisa que gostaria de comprar
como presente para um primo que tem medidas
parecidas com as dele.

Ou vá a uma loja de artigos esportivos, pet shop, loja


de construção, loja de aparelhos eletrônicos, mercado
orgânico. Se você facilitar a aproximação dos homens,
vários deles vão estar abertos a se aproximar de você.
Quando você está em um estado mental positivo,
se aproximando de um homem que gostaria de conhecer,
fazendo contato visual, sorrindo e fazendo uma pergunta
ou conselho, você dá a ele a luz verde para se conectar.
O segredo é simplesmente fazer contato visual e sorrir.
Nenhum homem se sente à vontade para se aproximar
de uma mulher com cara fechada e que não faz nenhum
tipo de contato visual. Use o poder da sua energia
de sedução feminina.

152
Vista uma roupa bonita, ponha um perfume cheiroso,
e vá até um bar, lounge ou restaurante que tenha
pessoas interessantes. Sente-se no bar, peça um drink
e relaxe. Não fique tensa por estar ali sozinha e nem
desesperada para caçar um homem. Simplesmente
sorria, relaxe, aproveite a sua companhia. Se visualizar
alguém interessante, faça contato visual e sorria - se
ele for um homem disponível e com o seu masculino
fortalecido, ele vai se aproximar de você. Se não
acontecer, tudo bem. Volte para casa tranquila, conectada
com você e na certeza que você está se movendo para
facilitar o trabalho do universo. O que é seu está
a caminho. Uma mulher com a feminilidade fortalecida
entrega,confia e sabe o seu valor.

Além disso, vá também a lugares que costumam ter


uma quantidade bem maior de homens do que
de mulheres, como: eventos nas áreas de investimento,
finanças, negócios, imóveis; degustações e restaurantes,
como degustação de uísque, vinho, charuto,
churrascarias; lojas de departamento, de tecnologia,
de artigos esportivos, etc.; faça atividades que
geralmente são mais procuradas pelos homens, como:
aulas de artes marciais, crossfit, escalada, etc. E deixe
sua vulnerabilidade aflorar. Deixe-se ser ajudada.
Faça perguntas, peça para homens te ensinarem alguma
coisa. Deixe que eles se sintam bem em te ajudar.
Aprenda a receber. Relaxe nesse papel.

Agora deixo a pergunta: para onde você irá esta semana


para conhecer pessoas novas? Desafio você a anotar
as três principais opções de lugares para onde você
vai e conhecer pelo menos uma pessoa em cada
um desses lugares.

153
Bom, seguindo essas dicas e fazendo a limpeza
emocional que vem junto com este livro, eu tenho
certeza de que você em breve vai encontrar pessoas
interessantes. Quando você chegar nesse estágio,
o desafio será outro: como transformar um rolo em
namoro. Vamos falar sobre isso então.

154
Capítulo 11
Como transformar rolo em namoro

155
Depois que você encontra uma pessoa interessante,
vem um segundo passo, talvez tão ou mais desafiador
do que o primeiro: como transformar este rolo
em namoro?

Muita gente acaba frustrada com rolos que não evoluem.

Para nos aprofundarmos mais neste tema, primeiro


precisamos analisar o momento atual que estamos
vivendo, que é um momento no qual as relações estão
mais líquidas. Assim como consumimos as coisas sem
pensar, e jogamos fora em vez de consertar, tendemos
a agir assim nas relações também. Se você gosta
ou não deste momento, não muda muito. Precisamos
analisar a situação atual e pensar em como vamos agir
diante disso.

Antes as relações funcionavam e eram muito necessárias


porque homens e mulheres tinham papéis diferentes
e complementares e precisavam um do outro para viver.
Hoje, as coisas estão diferentes. As mulheres
conquistaram o direito de construir carreira, de serem
independentes, e não precisam mais de um marido
para ser o provedor. As mulheres também conquistaram
o direito de liberdade sexual, facilitando para que
os homens tenham sexo casual em abundância, sem
precisarem se comprometer para isso. Ou seja,
os motivos que justifiquem encarar os desafios
de um relacionamento existem atualmente em menor
quantidade, por isso as pessoas estão com mais
resistência em assumir uma relação séria, preferindo-as
instantâneas e líquidas.

156
Vivemos um período de grandes transformações
no mundo, e, no que diz respeito ao amor, existe também
um dilema entre o desejo de se unir com o parceiro
e o desejo de liberdade. E há uma explicação para isso.
A essência primordial da energia masculina é o desejo
de liberdade e de realização. A energia masculina quer
ser livre e materializar sua essência na terra. A essência
primordial da energia feminina é a realização íntima
emocional. Ressalto novamente que não estou falando
de homens e mulheres, mas sim de energia feminina
e masculina. Como estamos vivendo um momento
no qual as mulheres tiveram de assumir mais energia
masculina para conquistarem seus objetivos, elas
naturalmente migraram também para uma polaridade
mais masculina. Essa energia masculina prioriza
a realização pessoal e profissional e a liberdade, em
lugar de priorizar a conexão afetiva e a qualidade das
relações íntimas. Esse é um dos motivos pelos quais
a quantidade de pessoas solteiras aumenta a cada dia.

Isso tudo precisa ser considerado quando pensamos


em como transformar um rolo em namoro. Tendo dito
isso, e falando sobre o cenário atual, vamos considerar
que você quer entrar numa relação mais séria.Você
encontrou alguém, estão saindo e esse rolo não evolui
para um namoro. Como esse é um livro escrito para
mulheres, vou focar aqui nos motivos geralmente
praticados pelas mulheres e que atrapalham no processo
de transformar rolo em namoro (isso não significa que
somente as mulheres têm responsabilidade neste
sentido; os homens também precisam fazer seu papel.
Mas isso é assunto para um próximo livro!).

157
Quando falamos em relacionamento entre em um homem
e uma mulher, o que cada um deles precisa é muito
diferente (aqui vale tanto relacionamentos heterossexuais,
quando homoafetivos; para simplificar, eu me refiro
a homem e mulher - mas me refiro a pessoas com
energia predominantemente masculina e feminina,
como expliquei anteriormente).

A essência do feminino é AMOR. A essência do


masculino é LIBERDADE. Se você é mulher, ou tem
energia predominantemente feminina, seu valor principal
é AMOR.

Você deseja um parceiro que encha sua vida com amor.


Alguém que te transmita calma e estabilidade quando
você está passando por momentos de instabilidade.
Alguém que, quando você está de mau humor, sabe
como abrir você e te encher de amor e te fazer rir.
Alguém que tem a capacidade de superar as dificuldades
da vida junto com você. Alguém que te escolha como
sua parceira. Alguém que tenha clareza sobre os seus
objetivos de vida e para onde conduzir o barco. Alguém
que, quando você sente que a vida está vazia, sabe
exatamente como te pegar e te conduzir em uma
aventura que vai te fazer se sentir viva novamente.
Alguém que te abrace e que ali você se sinta protegida
e em casa. Um abraço no qual você possa relaxar
e ser quem é. Esse é um homem valioso para uma
parceira na polaridade feminina.

Para alguém de energia masculina predominante,


as prioridades são outras. Para a energia masculina,
o maior valor é a LIBERDADE. Um homem centrado
na sua masculinidade deseja uma parceira que o ajude

158
a se sentir livre. Alguém que não o faça se sentir preso.
Alguém cujo coração está com ele quando está
perseguindo o seu propósito de vida. Alguém que cresça
e mude com ele. Alguém que inspira seu coração com
a beleza e energia de sua luz. Essa é uma mulher
valiosa para um parceiro masculino. Aqui não estou
falando que o homem quer ser livre, no sentido de não
assumir um compromisso ou uma relação monogâmica.
Estou falando que o homem quer sim estar acompanhado,
mas com uma parceira que não limite sua vida, e sim
que o ajude a ir mais longe e seguir seus sonhos.

Muitos homens, quando forçados a fazer uma escolha


entre um relacionamento e sua liberdade de ser
e manifestar sua essência no mundo, vão escolher
a liberdade. Se a mulher está dominantemente na sua
energia masculina, ela vai fazer a mesma coisa: escolher
liberdade em vez de amor.

Se um homem imagina que se relacionar com você vai


fazer com que ele perca a liberdade de ser quem ele
é, se ele sentir que você vai controlar todos os seus
passos (a começar por colocar ele na parede pedindo
um posicionamento sobre o relacionamento), ele não
vai querer se comprometer. Ele vai preferir deixar
as coisas em aberto.

Por isso, quanto mais um homem perceber você como


uma limitação na vida dele, menos ele estará interessado
em ter um relacionamento com você. Porque os homens
sempre querem liberdade. E quanto mais você o libertar
para realizar sua missão ou objetivo atual na vida, mais
ele te achará indispensável, irresistível...você será
a principal fonte de luz e amor na vida dele.

159
Se você tem saído com homens que não querem
se comprometer, que somem depois de alguns encontros,
ou que têm um perfil narcisista ou submisso, há algo
a ser observado aí. Quase tudo que você aprendeu
sobre conquista e relacionamentos estava errado,
e você pode ver as consequências disso na sua vida.
Entender isso é o primeiro passo para a mudança.
E saber que o problema está na gente, e não nos outros
é um grande alívio – então, sabemos que teremos
somente o trabalho de fazermos mudanças internas,
sem precisar mudar todas as outras pessoas (imagina
que trabalhão seria!).

Minha experiência de mais de 10 anos na área dos


relacionamentos, e também com os meus atendimentos
de hipnoterapia em consultório (cuja maioria também
são focados em mulheres com dificuldades
de relacionamentos e autoestima), o principal motivo
que faz com que elas não consigam transformar rolo
em namoro, é justamente elas estarem atuando
majoritariamente na energia masculina.

Isso gera aquele clássico fenômeno, muito comum nos


dias de hoje: “quem eu quero não me quer; quem
me quer não vou querer.” Porque as mulheres na energia
masculina, desconectadas do seu feminino, acabam
atraindo homens na polaridade feminina. Esses homens
podem parecer interessantes, fofos, queridos, e uns
“bons partidos” no começo. Mas depois do período
da paixão, a mulher se cansa de ficar sendo “o homem
da relação” e começa a ficar frustrada.

Ela pode começar a apresentar um comportamento


que até ganhou o termo em inglês de: “shit testing” -

160
essa mulher vai começar a testar o seu homem, vai
começar a provocá-lo, com esperança que ele reaja.
Ela vai começar a implicar com tudo, vai começar
a criticá-lo, a reclamar de tudo, na esperança de que
ele assuma o seu lado masculino e diga: BASTA.
Mas um homem na polaridade feminina dificilmente vai
ter essa atitude e a tendência é que ele fique cada vez
mais submisso e mais fraco, o que gera mais frustração
nas mulheres, mais shit testing, e o que acaba no fim
da relação ou numa relação completamente
desequilibrada, na qual a mulher manda, decide tudo,
literalmente faz o homem de capacho, e o homem
apenas aceita.

Uma mulher centrada na energia feminina quer


um homem forte que tenha clareza sobre seu
direcionamento na vida, que a faça sentir segura.
Isso não significa que a mulher não pode liderar sua
vida, nem se proteger, nem se sentir segura sozinha.
Mas biologicamente estamos projetadas para nos
atrairmos por esse tipo de homem.

A mulher com energia masculina em excesso vai


c o n s e g u i r s e re l a c i o n a r c o m u m h o m e m
predominantemente na energia feminina; mas ela tende
a se cansar dele com o tempo. Quem ela queria mesmo
era um homem de masculinidade fortalecida, forte,
seguro, autoconfiante. Só que esse homem pode até
se interessar por um ou dois encontros. Muitas vezes
ele faz isso sendo levado pela aparência física da mulher
- que pode ser muito feminina externamente, mas muito
masculina internamente. Então ele aproveita, faz sexo,
curte alguns encontros, mas nunca vai se comprometer
com essa mulher. Ele pode inclusive levar esse

161
relacionamento por meses e meses, sem nunca
se comprometer de fato, porque por fora ele está tendo
outros casos, procurando uma mulher com uma essência
feminina fortalecida, com quem ele possa expressar
sua natureza masculina. Então ele vai levar esse
relacionamento no “banho-maria” enquanto está
confortável. Para ele, é um relacionamento altamente
confortável, porque você dá todos os benefícios
de namorada para ele, sem que ele precise
se comprometer somente com você. Ele tem sua atenção
principal, tem sexo de qualidade sempre que ele quer,
tem sua dedicação de tempo.

O erro da mulher é achar que quanto mais ela der,


quando mais ela oferecer, mais chances do homem
enxergar o seu valor e querer se comprometer com ela.
Mas não funciona assim. Talvez você já tenha
se dedicado de corpo e alma para um homem para
simplesmente vê-lo ir embora. Lembre-se que somos
animais muito mais instintivos do que racionais.
Racionalmente, ele pode te valorizar, pode enxergar
que você é uma mulher muito bacana, mas algo dentro
dele não vai deixá-lo com vontade de se comprometer
com você.

E o pior de tudo: se a mulher se cansar dessa enrolação


e colocar o homem na parede pedindo que ele tome
uma decisão sobre se comprometer num relacionamentos
sério, existem chances gigantes de que ele fuja e diga
que realmente não está pronto para um relacionamento.
Mas agora já sabemos: ele não está pronto para
um relacionamento COM VOCÊ. Sem falar que
o ato de colocar um homem na parede e cobrar
um posicionamento é um comportamento de polaridade

162
masculina, o que vai gerar ainda mais despolarização,
e fazer ele ter menos vontade de se comprometer.

O melhor caminho possível nesse lugar seria ele sentir


que ele não é a sua única e principal opção. Que você
tem poder de escolha e que vai escolher o melhor
parceiro para cuidar de você e do seu clã. E aqui entra
um tópico delicado, que eu preciso que você tenha
a mente aberta para entender. Eu sei que se você
chegou até este livro, já está pronta para entender
o que eu vou falar e vai perceber que não se trata
de joguinhos, mas sim de compreender a natureza
feminina e masculina. É aceitar a nossa natureza e agir
de acordo com ela.

A peça chave para uma mulher solteira que quer


transformar um rolo em namoro é: não tenha somente
uma opção. Não foque sua total atenção em um homem
só. Eu acho que um número muito bom que funciona
é o número 3. Tenha pelo menos 3 opções de homens
interessantes na sua vida. Ou seja, esteja de rolo com
3 homens por vez, até você encontrar um com quem
vale a pena se dedicar totalmente e se entregar. E eu
explico: homens se movem pela competição. Faz parte
da energia masculina. Se ele sabe que tem chances
de te perder, e que você tem outras opções, isso vai
gerar um gatilho enorme nele para ele querer
te conquistar. Isso ativa nele as características
masculinas de conquistas e de proteção.

Veja como as fêmeas se comportam na natureza, por


exemplo, grande parte das aves: o macho faz de tudo
para aparentar ser forte e ser digno de ser o “pai” dos
filhos daquela fêmea. Mas a fêmea não aceita o primeiro

163
que surge. Ela sabe que é ela que escolhe. Então ela
simplesmente relaxa no seu papel de fêmea, analisa
os candidatos, e seleciona o melhor.

Então se você focar somente em um homem, se colocar


todas as fichas nele, ele vai sentir isso. Vai sentir que
ele tem você a seus pés. Que com você está garantido
e que ele pode te manter ali enquanto “espalha seu
sêmen” para outras fêmeas. Se as coisas derem errado
e se ele resolver ir embora, você vai ficar num buraco
emocional, e vai precisar recomeçar a procura por um
parceiro, só que agora de coração partido. Se você
trabalha com 3 opções, e uma delas vai embora, você
segue sua vida, continua com as outras duas opções
e deixa uma vaga aberta para a próxima pessoa.

Ter mais opções para escolher também te impede


de investir emocionalmente em uma pessoa que pode
não ser a melhor para você. Quem nunca se dedicou
por meses a uma relação, para depois perceber que
as máscaras caíram e que aquela pessoa não era bem
o que você pensava? Não é toda pessoa que você vai
conhecer e se envolver que vai ser a certa.

Assim você não terá tempo para colocar toda a sua


energia em uma pessoa só. Isso vai fazer o homem
perceber que se ele te quer, ele vai precisar se esforçar,
porque tem outros homens ali na disputa também. Nada
move mais a energia masculina do que isso. Homens
adoram uma mulher de energia relaxada e que os deixa
correrem atrás. E ao mesmo tempo, essa atitude
te coloca automaticamente numa energia mais feminina.
Você vai ver homens interessantes te procurando,

164
enquanto você relaxa e continua conectada com você,
com seu amor próprio e a sua feminilidade.

E você pode me perguntar, então o segredo é fazer


joguinhos? Aqui não se trata de joguinhos. Não estamos
falando de condicionamentos sociais. Estamos falando
da natureza feminina e masculina. Não reclame comigo,
reclame com quem nos criou dessa forma! Nascemos
assim, essa é a nossa natureza, e quanto antes
entendermos que as coisas funcionam dessa forma,
menos tempo vamos perder, e vamos conseguir estar
mais felizes e relaxadas na nossa própria companhia,
enquanto oferecemos ao masculino o presente da nossa
feminilidade, leveza, e brilho. Uma mulher que está
sempre tensa tentando controlar, fazer com que um
homem se comprometa, está completamente insegura
e está totalmente na polaridade masculina.

Dê a ele a escolha de querer ficar ou não. Se ele sentir


que tem uma escolha, ele provavelmente escolherá
ficar. Se ele sentir que não tem escolha, que está sendo
preso, pressionado, ele vai querer ir embora. A polaridade
feminina se entrega, confia no fluxo da vida porque
conhece seu coração e sabe que só vai atrair as pessoas
certas para a vida dela. A energia feminina confia,
entrega e agradece, ao passo que a energia masculina
quer controlar e alcançar metas o quanto antes. Então,
se você estiver se envolvendo com um homem de maior
polaridade masculina, cobrar uma posição vai fazer
com que ele se afaste emocionalmente e sexualmente
de você.

Então viva, deixe-o viver e agregue valor na vida dele.


A pessoa precisa te olhar e sentir que a vida dela vai

165
ser melhor com você do que se ela estiver sozinha.
Que sim, ele vai abrir mão de alguma liberdade, mas
que vai compensar. Agregar valor na vida de uma pessoa
envolve muitas coisas, não apenas atração física
ou um sexo bom. Envolve parceria, uma troca mútua
na qual as duas pessoas crescem juntas. Envolve
a pessoa enxergar o seu valor e entender que estar
com você é melhor do que estar solteiro ou saindo com
várias pessoas. Quando esse homem enxerga o seu
valor, ele sabe que ou ele se compromete com você,
ou logo outra pessoa vai fazer isso.

Eu gosto de uma explicação do Tony Robbins sobre


os 3 elementos que mais fazem a paixão diminuir para
as mulheres e para os homens. Ele chama esses
elementos de 3Us e 3Cs. Os três “Us” femininos são
quando as mulheres se sentem “unseen” - invisíveis;
“not understood” - não compreendidas; e “unsafe” -
inseguras. Os três “Cs” que fazem os homens
se desencantarem com uma mulher é quando estão
sendo: “criticized”: criticados; “controlled”: controlados;
e sentem que sua mulher está “closing”, ou seja, está
sendo fechada, ao invés de estar aberta, expansiva.

Então, se você quer fazer com que ele se sinta mais


atraído por você, se permita viver sua feminilidade.
Dançar como se não houvesse amanhã e flertar com
ele como se não houvesse ontem. Estar tão presente
no agora que amanhã de manhã parece tão distante.
Não pense demais nos detalhes, não fique chateada
com pequenas coisas, não pegue no pé dele. Vá com
a correnteza, siga o fluxo, confie na sua intuição, nade
e deixe que ele te veja brilhar.

166
Seja aquela mulher que faz ele se sentir bem com ele
mesmo. Seja aquela mulher em sua vida que lhe deu
a melhor sensação de leveza. Seja aquela mulher que
lhe deu o melhor sexo, o melhor boquete, o melhor
beijo. Você quer ser lembrada assim. E claro, faça isso
por um parceiro que valha a pena e não por qualquer
um, apenas por medo de ficar sozinha.

Cuide do coração dele com responsabilidade. Deixe-o


sentir que você é o porto seguro dele. Deixe-o sentir
que você é uma fonte de energia que o carrega. Deixe-o
sentir que com você ele é invencível. Faça-o sentir que
ele pode vir para você para relaxar, para ser acolhido,
aceito, abraçado depois de um longo dia. Que ele sinta
que em seus braços recupera o poder antes de outra
batalha.

Quando um homem sente isso verdadeiramente


em uma mulher, ele não a troca. Ele se entrega.
Ele fica grato por você deixar que ele seja o homem
da relação. Isso faz ele se sentir forte, sexy, atraente.
Você ganha o coração dele. E a sua maior
responsabilidade se torna, então, não cair na armadilha
de abusar do seu poder sobre ele. Perceber o grande
poder sobre o coração de um homem e não usar isso
contra ele é um dos maiores desafios que temos como
mulheres conscientes nos relacionamentos.

167
Capítulo 12
Vulnerabilidade - o ingrediente secreto

168
Para conseguir se conectar com o coração de alguém,
você precisa se permitir ser vulnerável. O feminino
é a parte que simboliza o coração no relacionamento,
então você precisa se abrir primeiro. Um homem nunca
vai abrir o seu coração para uma mulher que primeiro
não demonstrou sua vulnerabilidade para ele (mais
uma vez reforço que uso as palavras “homem” e “mulher”
para simplificar a escrita; ao longo deste livro, você
pode sempre substituir “homem” por “aqueles(as) com
energia predominantemente masculina” e “mulher” por
“aquelas(es) com energia predominantemente
feminina”).

Ser vulnerável pode ser assustador no começo, mas


pode se tornar um grande aprendizado e um lado muito
recompensador de uma relação. Você se torna vulnerável
quando para de tentar controlar tudo, quando para
de querer liderar todas as situações com um homem,
quando para de operar somente no racional, quando
para de querer demonstrar que é forte sempre.

Isso pode ser assustador pois quando você abre mão


do controle, você precisa confiar no processo. Veja bem,
você não precisa ter 100% de confiança numa pessoa
para se permitir ser vulnerável; você precisa confiar
nos seus sentimentos e no fluxo da vida.

Eu sei que você pode ter tido seu coração partido muitas
vezes com pessoas que não valiam a pena, ou que
te decepcionaram de alguma forma, e agora você tem
medo de se entregar e por isso você colocou uma
armadura no seu coração. Você tem tanto medo
de se machucar de novo, que você foge de intimidade,
de conexão, e de profundidade. Mas continuar fugindo

169
só vai fazer com que você se feche mais a cada dia
e no final do processo, você vai estar completamente
tensa, fria, travada, afastada da sua natureza feminina
- e sozinha.

Talvez você tenha decidido que você seria seu próprio


homem, já que não pode confiar em nenhum deles.
E nesse processo, você repete para você que se cansou
dos homens, que você é independente e não precisa
de nenhum “macho” na sua vida. Você repete para você
que pode ter o quanto de sexo casual que quiser sem
se envolver. Você fica dizendo para você que não precisa
dos homens para nada além de sexo. Mas na verdade,
você está alimentando a sua mente subconsciente
de ideias que só vão te deixar com um vazio gigante
e vão te afastar da energia feminina cada vez mais.
Você tem repetido essas mentiras para si porque você
quer se proteger, você tem medo de perder o controle.
Mas essas mentiras só estão te transformando numa
pessoa amarga e te impedindo de ter relacionamentos
felizes.

Como você tem medo de abrir o seu coração, sua mente


subconsciente só te permite se atrair por homens que
não querem compromisso, cheios de lixo emocional,
sem energia masculina, narcisistas ou homens que
só querem sexo. Ou talvez até você tenha desistido
desse mundo de relacionamentos e já tenha
se contentado em ficar sozinha para sempre.

Quando eu falo em se permitir ser vulnerável, não estou


falando para você se jogar de cabeça em qualquer
relacionamento, sem checar a profundidade. Não estou
falando para você ligar para ele no dia seguinte dizendo

170
que está apaixonada e que já o imagina como pai
de seus filhos. Não estou falando para você cair numa
crise de choro na frente dele se ele disser que não quer
mais te ver. Isso não é vulnerabilidade. Vulnerabilidade
é estar conectada com seu sentimento e a sua intuição
e se permitir ser guiada pelo seu coração e viver alinhada
com a sua essência, correndo os riscos que tiver que
correr. Se você realmente estiver conectada com
sua intuição, vai perceber que não precisa ter medo
de se machucar.

A melhor forma de fazer isso é sempre estabelecer


seus limites e determinar o que é aceitável ou não para
você; assim, você protege o seu coração mas continua
podendo ser autêntica. Esses limites não vão permitir
que você aceite nada que seja prejudicial para sua
vida.

Por exemplo, se você está saindo com um homem


e ainda não conseguiu “ler” ele bem, ainda não conseguiu
sentir se pode confiar nele ou não, se a essência dele
é bem intencionada ou não, não faça sexo com ele.
Mesmo se você se sentir fisicamente atraída, controle
esse impulso, porque há chances consideráveis
de vocês transarem, ele conseguir o que quer, e sumir
depois - e você acabar machucada mais uma vez.

Então só se entregue para um homem se você conseguir


sentir a essência verdadeira dele. Às vezes isso pode
acontecer no primeiro encontro! Há conexões que são
tão fortes, que logo no primeiro olhar a gente já sente
a essência da pessoa; sentimos que podemos confiar.
Mas para ser capaz de fazer isso, você precisa estar
com a sua intuição bem treinada e o seu feminino bem

171
aflorado. A nossa intuição é aquela sábia que mora
dentro da gente e nos mostra caminhos.

Sim, se relacionar é assustador. É preciso coragem.


Você nunca sabe se vai ter algum futuro com aquela
pessoa, nunca sabe se vai se apaixonar e se não vai
dar certo. Mas quando você se permitir ser vulnerável,
a vulnerabilidade diz: “Mesmo eu estando com medo,
porque eu não tenho controle do que pode acontecer
entre essa pessoa e eu, eu me rendo ao processo,
estabelecendo meus limites, confiando nos meus
sentimentos e na minha intuição.”

Às vezes precisamos colocar tudo em risco. Por exemplo,


alguém sempre vai precisar ser o primeiro a dizer
“eu te amo”. Não é fácil. O medo de que seus sentimentos
não sejam correspondidos é real. Mas o mundo é para
os corajosos. É por isso que se fala tanto que
vulnerabilidade é igual a coragem.

Você pode não ganhar em todas as situações, mas


se ficar em casa assistindo à Netflix com todas as suas
emoções reprimidas, você não vai chegar a lugar
nenhum. Seja corajosa. Seja qual for a resposta, você
sempre saberá que amou e viveu em um senso de pura
verdade emocional. Então sim, amar é um risco, e ser
vulnerável também, mas se você não se permitir ser
vulnerável, você nunca vai experienciar amor verdadeiro.

O feminino é a parte que lidera as emoções num


relacionamento. O masculino só vai se abrir se você
abrir seus sentimentos, e quebrar as paredes que você
construiu ao redor do coração. Quando fizer isso,

172
o homem certo para você vai honrar seus sentimentos
e vai se sentir profundamente atraído.

173
Capítulo 13
Como se manter mais atraente

174
Sedução e conquista fazem parte da nossa essência
como animais. Muitas vezes nos lembramos desse fato
no começo de um relacionamento, mas conforme essa
relação vai se estendendo, tendemos a esquecer
a importância disso.

Por isso, listei algumas coisas simples e práticas que


você pode fazer para ficar mais atraente para seu
parceiro. Isso vale caso ele ainda seja apenas um rolo
ou se for um relacionamento de longa data. Lembrando
aqui que os homens também precisam fazer coisas
para serem mais atraentes para as mulheres - isso não
é só uma responsabilidade feminina. Mas como este
livro é direcionado para as mulheres, a lista foi criada
especialmente para a ala feminina:

- Desperte-o para os seus sentidos

Na maioria das vezes, os homens estão vivendo


em suas mentes. Um dos maiores presentes que
o feminino pode dar ao masculino é convidá-lo de volta
ao reino dos sentidos, é fazê-lo sentir ao invés
de racionalizar. O homem masculino está sempre
pensando, planejando, e tem tanto na sua cabeça que
muitas vezes ele não consegue acessar o seus
sentimentos. No entanto, quando ele está na presença
de uma mulher feminina que expressa seus sentimentos,
ele também consegue acessá-los.

Um homem se apaixona por uma mulher que consegue


tirá-lo da sua cabeça e trazê-lo para seu coração. Muitas
vezes o motivo pelo qual um homem se apaixona por
aquela mulher específica, não tem nada a ver com
a aparência física dela. Se você lhe perguntar, ele vai

175
tentar explicar dizendo algo do tipo: “Não sei, tem uma
coisa diferente nela.” Essa “coisa diferente” geralmente
é a habilidade dela de conseguir abrir o coração dele,
pela abertura do coração dela.

Por isso, tirar o homem do racional e ajudá-lo


a se conectar com seus sentidos, é um dos maiores
presentes que você pode dar para ele. Você pode fazer
isso de formas simples, oferecendo uma colher
de comida que você fez e dizendo: “Mmmmm ... você
já provou isso? Olha essa mistura de sabores? ”.
Ou levantando-se, caminhando até ele e dando
um beijo no pescoço dele. Ou fazendo uma massagem
nos pés dele por alguns instantes. Ou aprendendo
a fazer o melhor sexo oral que ele já recebeu na vida.
Tudo o que você pode fazer para trazê-lo de volta aos
sentidos (envolvendo o olfato, o paladar, o toque
ou o som) funcionará. E, no momento em que você
fizer isso, ele subconscientemente será lembrado
de que está ao lado de uma personificação do fluxo
feminino da vida, e vai entrar no momento presente
com você.

O feminino lembra o masculino que a vida está


acontecendo agora, não muito longe no futuro, quando
objetivos e realizações forem alcançados, mas hoje,
neste exato momento.

- Elogie-o

E m b o ra a m a i o r i a d o s h o m e n s n ã o s e j a
predominantemente motivada por elogios, eles ainda
apreciam muito um elogio genuíno. De fato, como muitos
homens não estão acostumados a serem elogiados,

176
quando recebem um, pode ser um choque e duas vezes
mais poderoso, comparado a alguém que recebe elogios
regularmente. Elogie o quanto ele é bom no seu trabalho,
como você se sente segura nos braços dele, como ele
fica sexy andando de skate, como os olhos dele brilham
quando ele fala sobre seu novo projeto, como foi gostosa
a massagem que ele fez em você. Não guarde os elogios
para si. Libere-os e veja a confiança do seu parceiro
crescer, assim como a conexão entre vocês.

- Fale sobre seus sentimentos ao invés de exigir

Uma das reclamações recorrentes que mais fazem


os homens se “desencantarem” pelas mulheres
é quando elas se tornam exigentes e mandonas.
Mas o problema na verdade não está no fato de você
pedir coisas, mas sim na forma que faz isso.

Por exemplo, dizer: “Estou morrendo de fome ... por


que você não faz uma janta pra gente?”, vai te colocar
numa polaridade muito masculina. Dizer “Mmmm ...
estou começando a ficar com fome” é um convite
ao qual ele pode responder com o prazer de estar
satisfazendo uma necessidade sua, já que você vai
estar numa polaridade energética mais feminina. É uma
mudança sutil, mas que gera uma grande diferença.
Isso é um exemplo de como a energia feminina pode
conseguir tudo o que quiser se ela souber contornar
como um rio, sem bater de frente como uma rocha.

- Mostre que confia nele

Se você costuma duvidar e desacreditar dele sem parar


(em sua cabeça ou em voz alta), ele inevitavelmente

177
sentirá isso e com o tempo vai ficar ressentido com
você. O masculino precisa da sensação de que
o feminino confia profundamente nele. Dizer “eu confio
em você” pode significar mais para um homem do que
dizer “eu te amo”.

Por exemplo, quando ele estiver no volante, solte


do controle sobre como ele está dirigindo ou qual rota
ele está tomando. Confie na direção masculina dele
e relaxe no seu fluxo feminino.

Quando vocês estiverem fazendo amor e ele estiver


penetrando em seu corpo, respire a presença dele.
Deixe a presença dele penetrar você até o coração.
Renda-se totalmente ao momento e confie na maneira
que ele quer fazer amor com você naquele momento.
Solte-se completamente e sua conexão sexual
e emocional melhorará.

Quando ele fizer o jantar para você, não critique


as decisões dele sobre o que ele escolheu fazer ou
sobre como ele está cozinhando. Confie que tudo
o que ele está fazendo vem de um lugar de amor e ele
está fazendo o seu melhor. Respire, solte o controle,
aceite, receba.

- Seja leve

Talvez um dos nossos maiores desafios como seres


humanos é enxergarmos a vida com leveza,
principalmente quando as coisas estão difíceis.
Mas isso pode ser trabalhado.

178
A essência feminina é feita de fluxo, como as águas
de um rio que fluem naturalmente, contornando
os obstáculos, e caminhando pela vida sem querer
controlar ou resistir. A essência da mulher é leveza.
É essa inclusive uma das coisas que atrai um homem.
Perdemos isso atualmente porque estamos muito
ocupadas tentando cuidar de tudo e sermos
supermulheres. Um homem que está totalmente presente
percebe que se comprometer com essa mulher é viver
em liberdade, porque ele é livre para viver seu verdadeiro
propósito e ainda vai ter um mulherão do seu lado
o apoiando.

Não leve a vida tão a sério. Nada é tão sério quanto


a gente imagina. Uma hora vamos entender o porquê
das coisas acontecerem em nossas vidas, então confie
e relaxe. Viva e deixe viver.

- Entenda que o cérebro masculino funciona


de forma diferente

Homens são presença. É isso que uma mulher quer


mais do que qualquer coisa. Um homem que está
completamente lá com ela, presente. Ela seguirá
um homem desses até os confins da terra porque sabe
a preciosidade que é achar um desses.

Está tudo bem, mas há um outro lado disso que


as mulheres não gostam. Veja bem, a presença vem
de um certo estado mental de ócio, de um tipo de “nada”.
Mas a maioria das mulheres não entende a atração
de um homem pelo nada. Por quê? Porque as mulheres
pensam que um homem tem o cérebro de uma mulher.
Ela acha que, quando ele está quieto e parece pensativo,

179
o que ele realmente quer é conversar e ser acolhido.
Na maioria das vezes não! Ele quer espaço. Ele não
quer nada de você naquele momento.

Quando ele chega em casa do trabalho e fica sentado


em frente à televisão, esse é o seu nada. Ou quando
vai jogar videogame. Ou quando vai fumar um cigarro
na varanda. As mulheres acham que tem alguma coisa
de errado, e começam a querer conversar, falar das
emoções, contar sobre seu dia. Você quer atenção
dele? Faça algo palpável no presente. Faz uma bela
comida, depois passe para ele uma taça de vinho
e faça massagens no seu pé. Na hora você vai ter
o seu homem presente ali. Homens são simples. Vai
funcionar muito mais do que sempre querer conversar
para discutir a relação.

Permita-se mostrar-se vulnerável

Mostrar-se vulnerável gera conexão. Quando você está


se sentindo triste, emotiva, etc, não se feche
emocionalmente para ele e se distanciar, permita-se
mostrar-se vulnerável e demonstrar o que você está
sentindo. Isso vai gerar uma polaridade e vai fazer com
que ele queira cuidar de você, de apoiar, ao passo que
se você se fechar e se distanciar, ele vai sentir
a polaridade masculina e vai fazer o que ele faria com
um amigo - se afastar e respeitar o espaço dele até
que ele volte ao normal.

Você já deve ter ouvido que homens não gostam


de sentimentos, mas na verdade eles não gostam
de drama. Drama é o que acontece quando uma mulher
está cheia de medo e fica tentando controlar tudo,

180
e começa a agir como uma louca do controle. Isso
realmente afasta qualquer homem. Mas quando você
honra seus sentimentos, consegue se posicionar
dizendo o que você sente, consegue dizer quando algo
está bom ou não para você, consegue se mostrar
vulnerável, então você faz com que o homem tenha
mais respeito e admiração por você.

Cuide-se!

Encontre tempo para se cuidar, porque isso vai fazer bem


para a sua autoestima. E falando de relacionamentos,
é importante também que cada parceiro se esforce
para se manter fisicamente atraente para o outro.
É muito comum vermos casais que, depois de um tempo
juntos, engordam muito, ficam o tempo todo em casa
usando roupas velhas, deixam de cortar o cabelo, etc.
Então se cuide e fique bonita primeiro para você,
e segundo para alimentar a atração do seu parceiro
por você.

Homens são muito visuais. Sim, eu sei que aquelas


calcinhas velhas são as mais confortáveis, mas não
menospreze o poder de uma lingerie bonita. É possível
achar lingeries bonitas e confortáveis. Jogue aquelas
calcinhas velhas fora. Mesmo se você não tiver
um parceiro, perceba que só de colocar um conjunto
bonito de lingerie ao sair para trabalhar, você vai
se sentir mais sexy, mesmo que ninguém veja. Coloque
uma máscara facial. Cuide da sua pele. Cuide do seu
cabelo. Não é para entrar numa ditadura da beleza.
Siga os seus padrões de beleza, mas não deixe
de se cuidar.

181
Faça a sua felicidade ser uma prioridade

Não há nada mais atraente do que uma pessoa que


está cheia de sua própria alegria autêntica e traz isso
para a relação. Se você tem se sentido mal, ultimamente,
isso pode levar a sentimentos de desconexão
e insatisfação em um relacionamento. E, infelizmente,
a única saída é resolver esse problema sozinha.
Só você sabe onde mora sua verdadeira felicidade.
Você pode começar descobrindo um novo hobby, como
aulas de dança ou praticar yoga no parque. Ou talvez
você queira reestruturar partes de sua vida para poder
dormir o tempo que quiser e nunca precisar fazer nada
antes do meio dia. Mais uma vez, sua felicidade
é a sua responsabilidade.

Se você seguir o que você está aprendendo aqui,


e fizer a terapia guiada a qual você vai ter acesso
no fim deste livro, você vai aumentar consideravelmente
as suas chances de encontrar alguém legal e transformar
esse rolo num namoro. Mas os desafios não param por
aí! Depois que você conseguiu engatar num
relacionamento, é hora de aprender como fazê-lo durar.
Esse é o assunto do próximo capítulo.

182
Capítulo 14
Como fazer as relações durarem

183
Vivemos tempos desafiadores na área dos
relacionamentos. Hoje em dia, fala-se muito sobre
autoestima, individualidade e solitude, e muitas vezes
a ideia de nos perdermos quando nos unimos
a um parceiro acaba nos limitando de viver relações
duradouras e com intimidade.

No passado, o normal era você se juntar com uma


pessoa que fosse boa o bastante e fazer esse
relacionamento continuar, mesmo em meio a crises.
Hoje, queremos achar uma pessoa perfeita e sempre
nos perguntamos se estamos realmente com a melhor
pessoa que poderíamos estar, ou se lá fora não existe
alguém que se encaixa melhor no nosso senso
de perfeição.

Um estudo feito pelo Journal of Personality and Social


Psychology, sobre a geração dos millennials, aqueles
nascidos em média entre 1981-1998, descreve essa
geração como “geração-eu” por seu aumento no nível
de auto-foco e introspecção. O estudo mostra que essa
geração é mais focada em si e menos focada no grupo,
sociedade e comunidade. Segundo o autor Jean M.
Twenge, professor da Universidade Estadual de San
Diego: “Os jovens foram constantemente ensinados
a colocar suas próprias necessidades em primeiro lugar
e a se sentirem bem consigo mesmos”. A autoestima
é uma coisa boa. Isso nos permite acreditar em nós
mesmos, sonhar grande, arriscar e escalar novas
alturas. Mas também criou uma sociedade de pessoas
narcisistas que buscam somente prazer e têm
expectativas irreais na vida.

184
Como explica a psicoterapeuta especializada
em relacionamentos Esther Perel, hoje em dia queremos
que nosso parceiro supra todas as necessidades que
antes eram supridas por toda uma tribo ou por uma
comunidade: queremos paixão, segurança, excitação
sexual, firmeza, parceria financeira, estabilidade,
aventura. Queremos um homem que seja masculino,
mas que ao mesmo tempo goste de se abrir sobre suas
emoções. Queremos um homem que tenha um corpo
sarado, mas que não ligue tanto para nossas
imperfeições. Queremos um homem que seja leve,
diver tido, sério, comprometido, aventureiro...
Aumentamos muito as expectativas em nossas parcerias,
sem nem entender direito quem somos e o que estamos
buscando. Muitas das expectativas que criamos são
extremamente difíceis de serem atingidas porque
são contraditórias ou, em alguns casos, incompatíveis.

Como definiu de forma certeira Zygmunt Bauman,


vivemos em tempos de relacionamentos líquidos.
“Líquidos mudam de forma muito rápido, sob a menor
pressão. Na verdade, são incapazes de manter a mesma
forma por muito tempo. No atual estágio “líquido”
da modernidade, os líquidos são impedidos
de se solidificarem. A temperatura elevada - ou seja,
o impulso de transgredir, de substituir, de acelerar
a circulação - não dá ao fluxo uma oportunidade nem
o tempo necessário para condensar e se solidificar
em formas estáveis.” Ou seja, relacionamentos sempre
foram desafiadores, mas hoje estamos vivendo
um outro nível de desafio. Por isso, se você quer fazer
um relacionamento durar, vai exigir esforço, dedicação
e comprometimento constante para que ele seja forte
o suficiente para vencer a liquidez dos tempos modernos.

185
Ter a liberdade de estar com quem quiser e trocar
de relacionamentos sem se aprofundar e correr o risco
de se envolver é a opção mais fácil atualmente, mas
viver um relacionamento com profundidade e intimidade
é uma experiência difícil de comparar. Principalmente
quando estamos falando do resgate da nossa
feminilidade, a vontade de se envolver com intimidade
e fazer parte de um clã de quem podemos pertencer
vai se tornar uma necessidade básica.

A necessidade principal da energia yang, ou energia


masculina, é liberdade. Então quando estamos
majoritariamente na nossa polaridade masculina,
é natural que tenhamos mais vontade de nos sentir
livres em todas as áreas da vida. É um reflexo natural
na predominância da energia masculina que tem
dominado homens e mulheres nos dias de hoje.
Mas quando voltamos para a polaridade feminina,
mais ying, a nossa maior necessidade e chamado
de vida passa a ser receber e dar amor. Não é que não
podemos viver nossa liberdade nem nos realizar
profissionalmente, mas essas coisas serão secundárias
se comparadas ao nosso instinto natural de querer
viver relações com conexões verdadeiras.

Então o processo de resgate da feminilidade vai,


inevitavelmente, trazer essa vontade mais pulsante
de viver um relacionamento com profundidade. Vai dar
mais vontade de encontrar alguém que esteja ao nosso
lado tanto para comemorar a promoção no trabalho
quanto para fazer uma massagem naquele dia de TPM.
Alguém que nos espere no aeroporto depois de uma
longa e cansativa viagem. Alguém com quem podemos
dormir juntos todo dia envolvidos num abraço que passa

186
aquela sensação inexplicável de porto seguro. Alguém
que nos coloca pra cima quando estamos para baixo.
Alguém com quem possamos ter sexo de qualidade
e ter nossas fantasias realizadas. Enfim, alguém com
quem dividir a vida de forma leve, prazerosa e feliz.

Relações verdadeiramente extraordinárias e bem-sucedidas


não chegam às pessoas porque elas têm sorte, porque
elas encontraram alguém com quem combinam
perfeitamente, ou porque tem uma química absolutamente
fantástica. Relacionamentos bem-sucedidos, amorosos,
duradouros e saudáveis acontecem com esforço,
determinação e vontade de ambas as partes.

Quando falamos em relacionamentos duradouros,


precisamos ressaltar o fato de que não é porque
um relacionamento está durando muito que as pessoas
estão felizes dentro dele. Talvez por fora você tenha
a impressão de que a maioria dos casais estão felizes
e vivendo uma vida dos sonhos. Mas com meu trabalho
no CSV e no consultório de hipnoterapia, eu vejo com
clareza que grande parte das pessoas que estão
em relacionamentos longos também passam por muitos
tipos de conflitos.

Analisando o padrão dos relacionamentos atuais,


geralmente podemos identificar 3 tipos de relacionamentos
principais:

Relacionamento 1 < 100

Nesse tipo de relacionamento, um dos parceiros


se comporta como superior ao outro e usa seus poderes
de forma abusiva, ao mesmo tempo que faz de tudo

187
para que o outro se sinta diminuído e incapaz de viver
sem ele. É o típico relacionamento abusivo.

Um relacionamento composto por muito controle


e dependência. Assim, enquanto um exerce forte
influência sobre o outro, este, por sua vez, cria
um vínculo difícil de ser quebrado. O abusado tem
a tendência de satisfazer o opressor a qualquer preço.
Dessa forma, torna-se submisso e dominado,
se sujeitando a agressões emocionais e/ou físicas.
Pode-se afirmar que, em relacionamentos abusivos,
é comum experimentar sensações como inferioridade,
isolamento, tristeza, medo e anulação.

Em relacionamentos assim, pode acontecer de uma


pessoa ser o principal provedor emocional e/ou financeiro
deixando a outra pessoa dependente. Esse tipo
de provedor não é um provedor que está numa energia
masculina saudável - ele age na energia masculina
tóxica, que quer dominar, controlar, diminuir, manipular.

Relacionamento 50% - 50%

Esse tipo de relacionamento tende a ser bem comum


hoje em dia, principalmente porque vivemos em uma
cultura competitiva, que se estende para as relações.

Nesse tipo de relação, ambas as partes vão querer


sentir que tudo deve ser igual. Tudo tem de ser dividido
de forma igual. Ambos devem trabalhar as mesmas
horas e contribuir de forma igual nas finanças. Ambos
devem dedicar a mesma quantidade de horas tanto
para cuidar da casa, dos filhos, quanto para cuidar
das finanças.

188
É um relacionamento que tende a funcionar bem,
inclusive a longo prazo, mas tende a ter pouca energia
sexual, porque tanto o homem quanto a mulher assumem
uma energia neutra, o que não gera polaridade sexual.
Geralmente o casal no tipo de relacionamento 50% -
50% se sentem mais amigos e parceiros de vida
do que amantes. É como se o relacionamento
se tornasse uma parceria de negócios que é conveniente
para ambos.

Embora seja natural buscar justiça e reciprocidade


em nossos relacionamentos, administrar nosso
relacionamento como um contador tem grandes chances
de nos deixar falidos emocionalmente. O problema
de buscar sempre essa meta de igualdade como
as principais medidas de um bom relacionamento,
é que ele transforma o que deveria ser uma parceria
em uma competição de quem marca mais pontos.

Imagine que você esteja vivendo uma relação desse


tipo. Imagine vocês dois trabalhando em período integral
e pagando 50/50 de todas as contas. Vocês chegam
em casa cansados, pedem delivery, porque não tem
refeição pronta já que ninguém teve tempo de cozinhar
e vocês ficam a maior parte do tempo exaustos depois
do trabalho, com pouca energia para ser usada nos
momentos de intimidade.

A casa não fica limpa porque, novamente, nenhum de


vocês tem tempo. Quando você limpar a casa, você
deixará metade para ele/ela. De repente ele está sentado
no computador lendo um novo artigo sobre investimento
para pensar no que seria melhor para vocês fazerem
com o dinheiro que ganharam da última promoção, mas

189
você chama ele para te ajudar a guardar as louças.
Ou você decidiu fazer um curso sobre alimentação
saudável para casa, já que você sente que é importante
que você e seu clã se alimentem bem, mas ele fala
que isso é besteira e que você deveria usar esse tempo
para fazer com ele aquele novo curso sobre marketing
que vai ajudar na carreira de ambos. Como vocês são
iguais, há pouco ou nenhum entusiasmo. É apenas
uma rotina monótona pela qual você precisa passar
todos os dias.

Imagine, então, que vocês decidiram ter um filho.


Segundo a psicoterapeuta familiar, Laura Gutman, nos
2 primeiros anos do bebê, o vínculo com a mãe
é essencial. Até essa idade, o bebê não sabe diferenciar
muito bem onde ele termina e onde a mãe começa.
Então durante esse período, o vínculo com a mãe
é muito mais importante do que o vínculo com o pai.
O natural, nessa fase, seria a mãe cuidar majoritariamente
do bebê e o pai cuidar, majoritariamente, da mãe e das
necessidades da família. Depois de 2 anos, a criança
passa a ter noção da sua própria existência enquanto
ser único, aí sim entra o papel importante do pai, que
é quem vai levar a criança para o mundo externo
e fazer com que ela fique independente do laço
de dependência extrema da mãe.

Só que, imagine, que vocês querem divisão 50%- 50%.


Você quer que ele seja um pai que dedica a mesma
quantidade de tempo para o bebê do que você.
Afinal, as mulheres das gerações passadas lutaram
tanto pela igualdade, não é mesmo? Você quer que ele
troque a mesma quantidade de fraldas, que passe
a mesma quantidade de tempo ninando o bebê

190
e pesquise com você tudo sobre o universo da primeira
infância com o mesmo interesse materno.

Muitas vezes ele está trabalhando no quarto, focando


em prover para a família, mas você fica frustrada porque
deu banho no bebê 3 vezes seguidas depois de o bebê
golfar 3 vezes, e fica chamando o tempo todo o seu
parceiro ou se fecha emocionalmente para ele - o que
o deixa completamente confuso, já que ele está fazendo
o que foi biologicamente programado, que é prover
para o clã. Ou imagine então uma situação na qual
você está amamentando e seu marido fica te chamando
para ajudar ele a cortar a grama ou para lavar o carro.
O quão frustrante isso seria?

Quer dizer que a mulher tem que fazer tudo nesse


quesito de cuidar do bebê e o pai deveria somente
prover? Não. Mas é preciso reconhecer que homem
e mulher podem contribuir de formas diferentes para
o bem da família, sem precisarem realizar as mesmas
funções. Um relacionamento precisa ter o equilíbrio
entre dar e receber, mas isso não precisa ser feito
da mesma forma por ambos os parceiros. Cada
um pode dar e receber de formas diferentes, visando
sempre o crescimento e bem-estar do clã.

É como num time de futebol. Imagine que o atacante


começa a reclamar que só ele ataca, que a vida dele
é mais difícil, e pede que todos da equipe o ajudem
a atacar também. O resultado é um time sem defesa,
sem meio de campo, no qual todos fazem a mesma
função e, justamente por causa disso, a equipe perde
todas as partidas.

191
O 50%-50% é um tipo de relacionamento em que
geralmente ambos os parceiros estão vivendo um meio
termo das energias masculina e feminina. A mulher
geralmente desenvolveu bastante a energia masculina
e o homem desenvolveu bastante a energia feminina.
Ambos ficaram numa polaridade de energia neutra,
o que, como sabemos, torna-os amigos e não amantes.

Algumas pessoas conseguem viver bem dessa forma


mas, para muitos casais, um sentimento de incompletude
surge com a queda da vitalidade sexual. Eventualmente,
um ou ambos os parceiros podem ficar insatisfeitos
dentro do relacionamento e podem querer terminar
a relação ou procurar uma relação fora para suprir essa
falta.

Relacionamento 100% - 100%

Nesse tipo de relacionamento, nenhum dos envolvidos


é uma pessoa carente ou dependente. Os dois
entendem que uma relação saudável não precisa ser
o tempo inteiro 50%-50%, e transitam bem entre
as polaridades, fluindo conforme a necessidade.
É um tipo de relacionamento em que ambos oferecem
o seu melhor, seguindo o que é naturalmente mais
alinhado com a essência de cada um.

Não existe competição - as duas pessoas formam uma


dupla, um time, e se ajudam para que cada um conquiste
as coisas que quer e se torne a pessoa que quer ser.
Um valoriza e reforça as características positivas do
outro, e ajuda o outro a superar as suas dificuldades.
Pensando novamente no time de futebol, nesse modelo,
cada um atua na área em que tem mais facilidade

192
ou que tem mais treino. Cada um faz o seu melhor
e assim o time vai para frente. Juntos.

Esse é um tipo de relacionamento em que a polaridade


sexual é respeitada, por isso além da conexão de ideias,
existe uma forte conexão sexual entre o casal. Nesse
tipo de relacionamento, a mulher sabe se apropriar
da sua energia feminina e tem orgulho dela, porque
sabe da sua força e sabe que a sua energia feminina
é um dos maiores presentes que ela pode oferecer
para seu parceiro. E o homem se apropria de sua
energia masculina saudável com orgulho, porque sabe
de sua força e sabe que, quando complementada com
a energia feminina, essa soma vira uma explosão
na qual qualquer coisa que o casal desejar será possível.
Ninguém segura um casal que vive uma dupla evolutiva.

Esse não é um tipo de relacionamento 50%-50%.


É um relacionamentos 100% - 100%, em que cada
um dos integrantes dá o seu melhor nas áreas em que
se sente mais natural e confortável. Esse acordo entre
o casal pode ser feito de várias formas.

Vou dar um exemplo de uma divisão possível de ser


feita num relacionamento 100% - 100%, lembrando que
essa é somente UMA POSSIBILIDADE e que cada
casal pode criar a sua melhor divisão: Você fica
responsável por cuidar da casa, das refeições e crianças.
Você é a responsável por cuidar de você e da energia
no relacionamento e na casa de vocês. Você sabe que
se sua bateria estiver vazia, todo o resto do clã vai estar
sem energia também. Estar bem com você mesmo
é a sua prioridade. Você pode trabalhar normalmente,

193
cuidar da sua carreira, ser independente, mas a sua
função principal para o clã não é essa.

No outro lado, ele é o principal responsável por prover,


cuidar das finanças e das necessidades básicas
em família. Ele cuida da sobrevivência da família, para
que esse não precise ser o seu foco. Ele cuida
da “mecânica”, dos consertos, dos ajustes. Ele faz
o trabalho pesado fisicamente falando.

Isso não significa que ele não possa fazer o serviço


de casa, cozinhar ou cuidar das crianças. Na verdade,
ele pode estar muito envolvido em todas essas coisas,
só que essa não é a prioridade dele no seu papel. Isso
também não significa que você não pode trabalhar
e nem pensar em gerar receita. Claro que você pode.
Mas “sustentar financeiramente” a casa não é seu papel
principal, porque já tem outra pessoa responsável por
isso. Vocês vão dividir suas áreas de responsabilidade
com base no que opera os motores de vocês.

Nesse tipo de divisão, ele é o protetor e o provedor,


e você é a nutridora e aquela que cuida da energia
da casa, para que todos estejam felizes, leves,
alegres o máximo possível. Isso evita as brigas sobre
quem faz o quê e ambos não ficam sobrecarregados.
Como eu falei, essa é uma das possibilidades. Cada
casal pode fazer as divisões de acordo com o que tem
mais habilidade natural, sempre prestando atenção
em respeitar as polaridades para que vocês
se mantenham amantes e não somente amigos
e parceiros de vida.

194
Fala-se muito nessa característica masculina de ser
o “provedor”, mas aqui eu gostaria de deixar claro que
“prover” não significa necessariamente “trazer dinheiro”
para casa. Dinheiro é apenas uma forma, mas o prover
tem muito mais a ver com uma energia do que com
dinheiro propriamente dito. Vou dar um exemplo de uma
amiga que vive um relacionamento muito saudável
e com muita polaridade sexual, mesmo ela sendo
a pessoa que traz dinheiro para casa. O relacionamento
deles me interessa muito, porque eu pude comprovar
na realidade a teoria de que prover não significa somente
trazer dinheiro.

Seu marido, que vou chamar de Carlos, tem uma energia


masculina muito forte e saudável. Ele é aquela pessoa
que toma iniciativa; resolve problemas; está sempre
atento a todos para ver se alguém precisa de algo;
se ele está num grupo e alguém tem problemas,
geralmente as pessoas vão se voltar para ele para que
ele proponha uma solução. Ele tem uma característica
natural de liderança. Ele é muito íntegro, muito conectado
com a natureza, tem habilidades de sobrevivência em
situações extremas, etc. Mas ele nunca priorizou
dinheiro na sua vida. Ele usou o seu tempo para focar
em outras coisas.

Por outro lado, minha amiga, que vou chamar de Cecília,


é muito feminina. Sempre teve naturalmente essa
essência do cuidar, do nutrir. Todos querem estar
perto dela, porque ela inspira com a sua presença.
Ela é muito sábia, mas ao mesmo tempo muito humilde.
Ela é um exemplo perfeito de força com suavidade.
Ao mesmo tempo, ela sempre foi muito habilidosa com
questões financeiras, e criou um negócio que permite

195
que ela viva sem se preocupar muito com dinheiro.
Então ela é a pessoa que traz 90% do dinheiro para
casa. Carlos faz alguns trabalhos esporádicos e contribui
com uma média de 10% do orçamento. Ele se dedica
a fazer muitas atividades que ele gosta, que geram
outros benefícios para ele, para o clã, e para outras
pessoas, mas muito pouco dinheiro.

Eles nunca estudaram sobre polaridade, mas


espontaneamente encontraram um equilíbrio que faz
com que a relação deles já dure anos. Quando você
está perto deles, você sente que eles são um casal
apaixonado, e não um casal já cansado pela rotina
e pelas cobranças da vida. Cecília traz a maior parte
do dinheiro para casa e, em compensação, Carlos cuida
muito bem dela. Ele cozinha maravilhosamente bem;
sempre espera ela em casa com uma massagem,
um vinho, um vaso novo de flores na casa. Ou seja,
Cecília sai para trabalhar (polaridade masculina)
e Carlos fica em casa ou trabalhando com seus hobbies
(polaridade feminina). Quando ela chega em casa ainda
na polaridade masculina, ele a recebe na polaridade
feminina - com coisas que a trazem para o agora:
cheiros, sabores, texturas. Assim, a polaridade sexual
acontece e eles sentem muita atração um pelo outro.
Geralmente os jantares que ele faz a luz de vela terminam
na cama.

Essa dinâmica entre eles dá certo por um motivo: ela


assume a polaridade masculina nessa questão
do prover financeiramente, mas no resto do tempo, ele
volta para a polaridade masculina de provedor
(no sentido daquele que cuida e protege o clã), e ela
para a feminina, que é natural e predominante nela.

196
Ou seja, somente no que se refere a trazer dinheiro
para casa, ela fica majoritariamente na energia
masculina; no restante do tempo, ela volta para a energia
feminina. Ela consegue ser uma pessoa leve, porque
trabalha mas, ao chegar em casa, não precisa pensar
no que cozinhar, no que comprar no mercado, em levar
o carro pro mecânico ou arrumar a fechadura da porta
que quebrou. Ele cuida de tudo isso.

Se ela precisasse fazer isso tudo, ela estaria exausta.


Então ela provém financeiramente, mas não fica presa
na energia masculina. Ela tem tempo suficiente para
estar em contato com a natureza, cuidar dos bichos
que ela adora, dançar, meditar, cantar, cuidar do seu
corpo, sair com suas amigas, etc.

Ao passo que ele não precisa ficar horas fechado num


escritório para trazer dinheiro para casa, e usa esse
tempo para descobrir novos hobbies (que descobre,
e depois sempre a convida para se juntar a ele)
e desenvolver novas habilidades que são importantes
para o seu masculino, como fazer esportes, trabalhar
com madeira, estudar e praticar técnicas de sobrevivência
na natureza, e decidir para onde a família vai. Ao mesmo
tempo, ele mantém sua capacidade masculina de saber
para onde levar o clã, sua integridade, sua sabedoria.
Ele mantém sua personalidade destemida, presente,
confiável, cheia de humor, e isso é atraente para ela.
Ou seja, a essência masculina vai muito além da
capacidade de sustentar uma mulher financeiramente.

Se, por exemplo, acontecesse uma grande crise mundial


na qual dinheiro deixasse de ter valor e todo mundo
precisasse voltar para a natureza para sobreviver, ele

197
estaria a frente de muitos executivos bilionários que
não sabem nem acender uma fogueira e nem fazer
um abrigo. Ele provavelmente sobreviveria e levaria
seu clã junto com segurança e estabilidade, ao passo
que o executivo bilionário provavelmente morreria
e deixaria seu clã morrer também, já que a única
habilidade que ele tem é ganhar dinheiro.

Usei esse exemplo para mostrar que quando falo


em prover, isso não precisa estar relacionado a dinheiro.
Não significa sempre que o homem precisa trabalhar
e a mulher precisa cuidar de casa. Há muitas
dinâmicas que podem ser exploradas dentro dessa
modalidade de relacionamento. O relacionamento
deles é um relacionamento 100 % - 100% porque cada
um dá o melhor de si para a relação na área em que
têm mais habilidade.

Nesse caso, se ela começasse a cobrar que ele


arrumasse um trabalho formal e se ele começasse
a cobrar que ela cozinhasse e fizesse compras, para
que tudo ficasse dividido 50% - 50%, a polaridade
sexual seria quebrada e eles provavelmente não
estariam mais juntos.

No tipo de relacionamento 100% - 100%, você vai


se sentir amada e apoiada. Você não vai precisar
se preocupar o tempo inteiro em ser a supermulher
que faz tudo. Seu parceiro vai ser um homem feliz,
principalmente por que vai ter uma mulher feliz ao lado.
É uma mulher que não fica muito tempo nervosa
ou de cara fechada, que tem sempre reserva de energia
para os momentos que vocês passam juntos, e que
está com brilho nos olhos, feliz com a vida, leve e com

198
tempo para cuidar de si e da família. E a vida sexual
de vocês está sempre boa, porque a polaridade sexual
está mantida.

Esse terceiro tipo de relacionamento é o relacionamento


que eu te aconselho a buscar/criar, e te ajudar neste
processo é um dos objetivos deste livro. Para que uma
relação assim aconteça, é importante que exista
um esforço e comprometimento de ambas as partes.
Como este livro está sendo escrito para mulheres,
eu vou abordar nas próximas páginas alguns dos
principais erros que eu observo as mulheres cometendo
nos dias de hoje e que as impede de fazer
um relacionamento 100%-100% acontecer.

199
Capítulo 15
O fenômeno das mulheres que se tornaram
mães de seus parceiros

200
As mulheres parecem ter internalizado a ideia de que
quanto mais coisas elas fizerem pelos homens, mais
os homens terão admiração e afeto por elas. Desculpe
te decepcionar, mas não funciona assim. Talvez você
já tenha experienciado isso, ou esteja vivenciando isso
atualmente. Parece que é assim que as coisas devem
funcionar - quanto mais eu faço por ele, mais ele
se apaixona por mim. De fato, é exatamente o oposto.
Quanto mais você age como a mãe dele, mais distância
ele cria entre vocês dois, e isso quebra a polaridade
sexual.

Você pode pensar: “Eu faço tudo por ele! Compro meias
e cuecas para ele, e sempre sei quando ele precisa
de camisas novas e qual tecido preferido dele.
Eu sempre me esforço para que a casa esteja arrumada,
sempre faço suco verde logo cedo para ele. Eu marco
corte de cabelo, caso contrário, ele nunca corta o cabelo.
Eu sempre o lembro de pagar as contas de telefone
e do cartão de crédito porque sei que ele sempre
esquece a data. Eu o ajudo a escolher quais roupas
usar, porque se depender dele, ele vai sempre
de chinelo e camiseta. Eu até corto as unhas dos pés
dele, porque se depender dele, ele fica sempre com
unhas de gavião. Eu faço tudo e ainda assim nossa
relação esfriou!”.

Desculpe, mas você está sendo a mãe do cara, não


a sua parceira. E não tem nada mais brochante do que
isso. Você se torna a mãe dele quando você faz coisas
que ele não pediu; quando você fica dando opinião
ou conselho quando ele não pediu; quando você fica
tentando dizer para ele o que fazer e como ele deve
levar a vida.

201
Você acha que está fazendo algo bom, cuidando
e o fortalecendo, mas não está. Você está matando
a masculinidade dele. Os homens com a masculinidade
forte querem apresentar você para a mãe deles e não
que você cumpra o papel dela.

Esse é um problema clássico das mulheres modernas.


Tentamos ser tudo para todos. Nós cozinhamos
e limpamos, passamos, garantimos que os travesseiros
de todos sejam macios o suficiente e que todos tenham
seus almoços prontos para amanhã. Preocupamo-nos
com o passado e com o futuro. E estamos cuidando
de tudo durante o nosso segundo turno. Porque, é claro,
também temos que ter sucesso na carreira das
9 às 17.

Agir dessa forma não é nossa culpa. Fomos socialmente


condicionadas a acharmos que podemos e devemos
fazer tudo e dar conta de tudo. Hoje, num momento
no qual trabalhamos fora e sustentamos a casa tanto
quanto os homens, querer fazer isso e ainda cuidar
de tudo e de todos acaba nos deixando exaustas,
frustradas e cansadas - o oposto da feminilidade que
queremos construir. Quando isso acontece, deixamos
de cuidar da gente porque estamos muito ocupadas
cuidando de todos os outros. O volume do ruído externo
é tão alto que não conseguimos sintonizar o que está
acontecendo lá dentro. Decepcionamo-nos várias vezes
porque ninguém vê nossos esforços. Fazemos muito
e, no entanto, não temos uma fração disso em troca.

Muitas mulheres sentem que já estão dando demais


no relacionamento sem ver resultado. Isso acontece
porque provavelmente essas mulheres estão dando

202
muito, mas não estão dando o que o seu parceiro
precisa. Às vezes a mulher dá ao parceiro aquilo
que ela quer para si, esquecendo-se que o homem
é um ser diferente com necessidades diferentes.

Estamos constantemente pensando no que fazer


em seguida, no que fazer no meio e no que fazer depois.
Viramos as loucas do controle. Não temos mais
tempo para fazer uma pausa e observar os primeiros
passos de nossos filhos. Não há tempo para brincar.
Não há tempo para estarmos em nossos corpos.
Não há tempo para dançar. Não há tempo para rir.
Não há tempo para beijar sem pressa. Não há tempo
para apenas sentar e contemplar. Não há tempo para
ser e se sentir como uma mulher. É como uma corrida
dos ratos que nunca termina e acaba com a nossa
sensualidade e leveza.

Temos medo de soltar, de perder o controle. “O que ele


vai almoçar? Ele não sabe onde está o cereal
na despensa! Ele não sabe qual roupa colocar
na criança num dia frio como hoje. Ninguém pode fazer
melhor do que eu. Eu preciso conseguir aquela nova
promoção. Preciso ir mais vezes para a academia.
Preciso pintar o cabelo. Minhas unhas do pé estão
horríveis. Preciso começar um mestrado. Preciso jantar
mais com meus pais. Preciso trocar o óleo do carro
e consertar aquela janela quebrada. Preciso parar
de mandar bolacha e Toddynho pro meu filho de lanche
na escola. Preciso pagar o IPVA. Preciso marcar dentista
para meu marido. Preciso dormir mais. Preciso acordar
mais cedo….alguém para o mundo que eu quero
descer?” E assim continuamos controlando nossas
vidas, filhos, homens, tudo e todos ao nosso redor.

203
E obviamente exaustas, porque a energia do controle
é uma energia de polaridade yang, masculina. Ou seja,
nossa bateria fica descarregada constantemente porque
queremos fazer tudo, sem perceber, acabamos roubando
o papel do homem da casa.

Estamos constantemente exaustas. Chateadas.


Amargas. Bravas. Os níveis de cortisol estão altos.
Nosso ciclo menstrual está fora de sintonia. Dores nos
ombros e nas costas. Dificuldade para dormir.
Olá, burnout! Não estou feliz por você estar aqui, mas
estou aliviada por você ter chegado aqui pois somente
nessa condição de exaustão você entende a necessidade
de parar.

Eu já fui a louca do controle. Eu queria gerenciar tudo


minuciosamente. Eu queria que tudo acontecesse como
planejado e que eu me encarregasse de tudo. Incluindo
meus relacionamentos. A vida ficou pesada. Eu estava
exausta. Eu estava fazendo muito por todos os outros
e esperando muito dos outros. Queria que todos
me amassem e me dessem a atenção que merecia,
apenas para me decepcionar com as pessoas
novamente. Não me sentia apoiada, não me sentia
apreciada e não me sentia realizada. Só mais tarde
descobri que esta é uma receita para o fracasso não
apenas em um relacionamento saudável com
um homem masculino, mas também na vida.

Depois de fazer um grande trabalho interior e descobrir


algumas verdades fundamentais sobre a minha energia
feminina, decidi entrar num treino profundo para
abandonar o controle. Decidi deixar o mundo, a vida
e os homens cuidarem de mim. Assim, tudo mudou.

204
Eu entendi que se eu apenas deixasse que os outros,
e especialmente os homens, me ajudassem, eles fazem
isso com o maior prazer - claro, se eles estiverem
na sua energia masculina fortalecida que tem como
um dos principais desejos prover. Foi um processo
longo e até hoje estou nesse trabalho porque se vacilo
um pouco, eu tendo a voltar para a posição
de controladora, porque é isso que o nosso momento
atual de sociedade nos exige. Precisamos ser rebeldes.
No começo, vamos precisar nos policiar o tempo todo,
porque nossa energia feminina foi tão reprimida
ao longo da vida, que ela vai estar adormecida. Vai ser
preciso tempo para que ela aflore.

Sinto meu coração quebrar quando testemunho


um relacionamento em que a mulher assume
completamente a polaridade masculina e fica exausta
nesse processo. Vejo isso com frequência nos
atendimentos de hipnoterapia, e nas dezenas de relatos
que recebo todos os dias no CSV. Os papéis naturais
são completamente invertidos e, embora algumas
mulheres estejam realmente mais felizes e confortáveis
em atuar numa energia mais “yang” em seus
relacionamentos, a maioria das mulheres não quer
estar nesse papel. Até mesmo algumas das mulheres
mais “bem-sucedidas” em posições poderosas querem
(ou sonham com) um homem forte ao seu lado, no qual
possam confiar profundamente e se render.

Não foi um processo fácil assumir para mim: “Sim,


eu sou uma mulher forte. Eu sou independente, sempre
corri atrás das minhas coisas, e sei liderar a minha
vida. Mas SIM, eu quero um homem provedor. Eu quero
um homem que cuide de mim. Eu quero um homem

205
que tenha habilidade de liderar os caminhos e direcionar
para onde o nosso clã vai. Eu também sei liderar
e posso fazer isso, mas adoro ter um parceiro que
enxerga longe, vê oportunidades, e me convida para
segui-lo. Eu quero poder expressar minha vulnerabilidade
ao invés de fingir o tempo inteiro que eu sou forte.
Eu quero poder desabar nos braços de um homem que
se mantém forte e estável diante das minhas flutuações.
Eu quero um homem que seja focado em resolver
problemas e que me deixe com o papel de nutrir, inspirar,
e trazer amor e leveza para o clã.”

Se ler essas afirmações te causam incômodo,


eu te entendo, para mim também foi assim. Eu sentia
que desejar isso significaria fraqueza, porque foi isso
que eu aprendi ao longo da vida. Só quando
eu conseguia aceitar e honrar o meu feminino,
eu entendi que não tem nada de errado em querer
essas coisas. Hoje eu entendo que é isso que eu quero
em um parceiro, e eu sei que ofereço muitas coisas
em troca também no relacionamento. Só que coisas
diferentes.

Entendi que preciso de um homem que tenha


energia masculina mais forte do que a minha,
ou eu perco naturalmente a admiração e a atração
por ele. E aí entrou o meu trabalho de me aprofundar
na minha energia feminina, deixando-a aflorar,
para que esse processo se tornasse mais fácil.
Se eu continuasse alimentando a minha energia
masculina controladora, seria praticamente impossível
encontrar um relacionamento com um homem
de energia masculina mais forte do que a minha,
porque isso é um fato: a minha energia masculina

206
é uma gigante quando eu a alimento, assim como minha
energia feminina também. Por isso, entendendo mais
como a vida funciona, sem moralismos, eu pude fazer
uma decisão consciente de escolher alimentar mais
a minha feminilidade. E isso não me torna menos forte
do que os homens.

As mulheres que operam na energia masculina


na maior parte do tempo não são apenas chefes
de suas carreiras e negócios, mas também de seus
homens e não sabem como desligar o controle quando
estão em casa em momentos de intimidade. Como
falei, a culpa não é das mulheres. Vivemos numa
sociedade totalmente masculinizada, que nos obriga
a sermos tudo, a conquistar, a realizar, a fazer, a sempre
crescer... sem que tenhamos tempo para ser. A essência
feminina é “ser”, e quando não temos tempo para
“sermos”, porque estamos sempre “fazendo”, adoecemos
e entramos na polaridade do masculino tóxico. Essas
mulheres se queixam: “não há homens bons no mercado”
- sem perceber que um “homem bom” não vai ser atraído
por uma mulher que quer controlá-lo. Ele não vai
se contentar com isso. Ele amadureceu e se tornou
um homem adulto que não precisa de uma outra mãe.
Ele quer uma parceira feminina igualmente madura.

Sentimo-nos falsamente “realizadas” e orgulhosas


de nós quando continuamos dizendo: - “Eu te disse.”
- “Eu tinha razão.” - “Quando você vai aprender a ouvir
sua esposa?” Isso nos dá uma sensação de falso
orgulho, mas no fundo sabemos que o estamos tratando
como uma criança.

207
Precisamos parar de ser mães de nossos homens.
Quando você diz para ele o tempo todo o que ele deve
fazer, você mostra que você não confia nele. E por que
então você está se relacionando com um homem
no qual você não confia? Saia já dessa posição.
Se você encontrou um homem que “tem potencial”
e acha que você vai conseguir colocá-lo no caminho
do sucesso da sua vida dizendo o que ele tem que
fazer, esse é um grande erro. Se não consegue aceitar
um homem pelo que ele é hoje, então você é a mulher
errada para ele e você precisa liberá-lo. Não tente
melhorar o seu homem. Ele vai acabar bravo e ressentido
com você e a atração dele por você vai diminuir a cada
dia.

Precisamos parar de dizer aos homens o que fazer,


tomar decisões por eles, planejar suas carreiras, suas
interações sociais e seus caminhos futuros. Liberte-o.
Observe-o cair e deixe-o voltar vitorioso. Só então você
terá um homem que respeita, confia profundamente
ao qual pode se render.

Eu já vivi isso. Quando acordei para essa realidade


e com o que estava criando para mim, percebi que
é um caminho absurdamente exaustivo de estresse
crônico, ressentimento e amargura. (Se você ainda não
percebeu, em alguns anos você o fará. Mulheres
diferentes recebem essa “mensagem” de diversas
formas.)

Seu corpo lhe dirá: dores nas costas, dores no ombro.


Intestino preso. Incapacidade de relaxar e se render.
Dificuldade em sentir e receber prazer. Tudo isso chega

208
para aquelas mulheres que não querem soltar
do controle. Que querem abraçar o mundo sozinhas.

Uma lista com alguns itens para te ajudar a identificar


se você está nesse caminho de autodestruição e queda
do seu relacionamento, no qual você se tornou a mãe
dele:

• Você está tentando “arranjar” um emprego


para ele;
• Você é a principal cuidadora das finanças
e da família o tempo todo;
• Você sempre precisa marcar médico, exames,
etc. para ele;
• Você é a principal tomadora de decisões
de planos de longo prazo, incluindo o destino
de seu relacionamento;
• Você sempre organiza as coisas dele: quarto,
malas para viagem, guarda-roupa, etc;
• Você se vê dizendo a ele o que fazer com mais
frequência do que realmente pedir conselhos a ele;
• Você delega funções para ele fazer, mas sempre
acha que ele faz as coisas errado e quer ensinar
o seu jeito de fazer;
• Você acha que ele sempre parece estar
em apuros;
• Você não confia nele para muitas coisas;
• Você percebe que ele esconde coisas de você
ou mente;

209
• Você constantemente o compara a outros homens
(ou fica sonhando com esse outro cara
alfa-masculino);
• Você acha que ele tem potencial, e fica tentando
melhorá-lo para que ele chegue ao nível de homem
que você deseja;
• Você tem pouca vontade de fazer sexo com ele.

O mais complicado disso é que seu parceiro permitirá


que você projete esse tipo de vida para ele e ele seguirá
suas regras simplesmente porque é mais fácil e menos
estressante para ele. Os homens estão programados
para encontrar os caminhos de menos stress. Se ele
conseguir chegar ao ponto B em menos tempo e menos
estresse, é isso que ele escolherá. Por que se esforçar,
se é mais fácil deixar você, a mulher, liderar?

O homem só quer paz.

E se paz significar deixar você ser o chefe, ele fará isso.


Se significar deixar você assumir o controle da casa,
da relação e da vida dele, ele vai fazer isso. Ele vai
parar de discutir, vai fazer o que você manda, só para
que ele possa ter um pouco de paz. Ele vai começar
a se distanciar e vai se fechar cada vez mais no mundo
dele. Ganhar discussões com você não é a prioridade
dele. Ele fez isso o dia todo no trabalho. Com você,
a prioridade dele é tranquilidade, felicidade e leveza.
É por isso que ele permite que você organize o trabalho
para ele, tome suas decisões, faça o que você manda.

Claro, nem todos os homens vão deixar você fazer isso.


Se ele está resistindo ativamente a essa sua mania
de querer controlar a vida dele, é um bom sinal.

210
Se sempre que você tenta falar para ele como
liderar sua vida ou como fazer as coisas, vocês
acabam brigando, é um bom sinal. Significa que ele
é um exemplar um tanto quanto raro nos dias de hoje:
um homem com o seu lado masculino fortalecido.
Ele não vai se render. Você tem um homem do seu lado
que não está disposto a desistir da sua masculinidade
em nome de um relacionamento. Isso é bom. Agora
você só precisa deixá-lo em paz se não quiser perdê-lo.

Não há nada mais devastador para uma mulher feminina


estar com um homem que ela não respeita e trata como
uma criança. Isso vai matar o seu relacionamento.
É triste ver um homem adulto curvar os ombros, abaixar
o queixo e ter aquele rosto de cachorro abandonado.
Ele anda sempre pisando em ovos quando está perto
de você. Ele não pode ser ele mesmo perto de você.
Quanto mais você implica com ele, mais submisso ele
tende a ficar. Ele estará no fundo do poço nesse
momento.

Não existe nada mais devastador para uma mulher


feminina do que um homem com sua energia masculina
enfraquecida. Imagine este exemplo: seu marido está
em casa jogando videogame. Você sabe que
as condições financeiras de vocês não estão boas, ele
está desempregado e as contas estão acumulando.
Você diz para ele: “Como você pode estar tão tranquilo
jogando videogame sabendo que foi mandado embora
do trabalho e que as contas estão vencendo?”. Ele
responde: “Fica tranquila, eu tenho duas entrevistas
de emprego nesta semana.” Mas essa resposta não
te tranquiliza, sua raiva só aumenta; você sente que
há mais coisas erradas, e continua: “Você também falou

211
que ia levar o carro para arrumar semana passada.
O carro continua com o motor esquentando...qualquer
dia desses ele vai dar pane no meio da rua!”. Seu marido
começa a ficar irritado e quer ficar longe de você.
Ele então fala: “Ok. Eu vou sair para correr um pouco.
Quando voltar, eu levo o carro para arrumar.” Você não
entende, mas aquela resposta dele simplesmente
a deixa maluca. Você entra numa crise de choro e raiva:
“Eu não aguento mais isso!”, e se afasta dele, sem
deixar que ele te toque. Ele, sem entender, responde:
“Calma, eu falei que tenho duas entrevistas de emprego
e que vou levar o carro para o conserto assim que
voltar da corrida. Tudo vai ficar bem. O que você quer
de mim?”.

Talvez nem você entenda o porquê de ter ficado tão


brava. Mas o fato é que o problema aqui não é o trabalho
ou o carro. Geralmente quando uma mulher reclama,
existe um motivo mais complexo por trás da reclamação,
que quase nunca é o motivo real.

Quando você reclamou do trabalho, no fundo, o que


você está sentindo falta é da capacidade dele
de direcionar a vida com claridade, integridade, força
e sabedoria. O aspecto financeiro é menor - até porque,
hoje em dia, a maioria das mulheres consegue ganhar
dinheiro sem muita dificuldade. Ele poderia estar sem
um real no bolso, mas se estivesse mantendo suas
características masculinas de presença, integridade,
visão, coragem, humor, etc. você estaria tranquila.

Quando você reclama sobre o carro, o carro não


é o problema em si. Isso é algo superficial. Você ficou
chateada com ele por causa da falta de comprometimento.

212
Porque ele se comprometeu a fazer algo e não fez. Ele
lhe deu sua palavra e não cumpriu. Isso faz com que
você não confie nele. E confiar no seu homem
é um dos elementos principais para que você
se mantenha atraída sexualmente por ele e o veja como
o parceiro certo.

Para quem vê de fora, pode parecer exagero, mas


quando seu parceiro não está presente na sua
masculinidade, isso te força a assumir uma energia
masculina. Você sente que o clã está em perigo, e você
se sente obrigada a assumir a liderança. No fundo, não
é isso que você quer. Você só queria relaxar e poder
confiar no seu parceiro, mas ele está te decepcionando
e te obrigando a entrar numa polaridade que não
é a sua, e que te deixa exausta com o passar do tempo.
Subconscientemente, você sabe que já tem entrado
na energia masculina no trabalho, e que, se tiver que
assumir uma energia masculina em casa também, isso
vai ser muito prejudicial para você. Por isso sente tanto
ressentimento por ele.

A essência da energia feminina é brilho e leveza.


Se você tem que parar de cuidar de você e começa
a precisar cuidar da vida do seu parceiro, direcioná-lo,
etc, então você naturalmente vai se tornar sem brilho,
sempre cansada, exausta, e incapaz de dar para o seu
parceiro a energia feminina que seria o seu maior
presente para ele. Isso faz com que vocês dois
se afastem. Vocês podem se amar, mas tem chances
dele buscar outra pessoa com energia feminina - mesmo
você fazendo tudo por ele. Assim como há chances
de você começar a se atrair por outros homens com
energia mais masculina.

213
Num relacionamento, quanto mais você puder estar
relaxada no seu feminino, mais leve e radiante você
vai estar; quanto mais você tiver que assumir o masculino,
mais pesada você vai parecer. Sim, você pode e tem
total condições de assumir o controle da vida de vocês
como casal/família. Mas quando você aprende a liberar
a sua energia feminina, em muitos momentos você vai
preferir relaxar e deixar fluir do que estar no comando.

A única forma de você estar presente no seu feminino,


é quando você não se sente obrigada a estar
no comando o tempo inteiro. Se o seu parceiro está
desconectado da sua essência masculina, se ele
está sempre indeciso ou em cima do muro, você vai
sentir isso. Não significa que seu parceiro tem que fazer
muito dinheiro. Ele pode escolher ser um monge!
Mas se você sente que ele tem clareza sobre seus
objetivos e está se mantendo fiel a eles, então você
consegue relaxar. Se você sente que seu parceiro está
sem direção, você vai instintivamente querer impor
o seu direcionamento para ele e isso vai fazer com
que você perca a confiança nele e se desconecte
da sua essência feminina.

Se você se identificou com tudo isso que acabou


de ler, se você tem vivido um relacionamento no qual
você não confia mais no seu homem, no qual você
teve de se tornar a mãe dele ou precisou entrar
predominantemente na energia masculina, a boa notícia
é que pode existir uma saída. Mas você não pode salvar
o relacionamento por vocês dois; você não pode forçá-lo
a reassumir sua energia masculina. Porque o que você
tem feito até agora não o ajudou, então você não pode
fazer a mesma coisa e esperar um resultado diferente.

214
Essa é a chave: você não pode recuperar a masculinidade
dele, ou você cometerá o mesmo erro: tentando ser
a mãe dele e consertar tudo. Não vai funcionar.

Como reverter isso?

A mudança precisa ser sua. Sim, há muitas coisas que


os homens poderiam fazer, mas esse livro
é direcionado para você, mulher, então é com você
esse papo. Você vai ter que mudar algumas das suas
atitudes e ver se ele reage. É o que está ao seu alcance.
Separei abaixo alguns itens de que vai precisar se
quiser ajudar ele indiretamente a recuperar a sua
masculinidade.

• Pare de ficar pedindo que ele faça as mesmas


tarefas que você, do seu jeito. Não adianta delegar
uma coisa para ele e ficar controlando para saber
se ele vai fazer do seu jeito. Sim, para você é importante
que as roupas claras sejam lavadas separadas das
roupas escuras. Ou que as fronhas dos travesseiros
estejam sempre num jogo com os lençóis. Ou que
o banheiro esteja sempre com a fragrância de laranja
doce. Ou que sua família se alimente com qualidade,
ao invés de pedir sempre delivery. Mas talvez ele
enxergue as coisas de forma diferente. Você não
é a mãe dele para ensinar como fazer essas coisas.
Ou você o deixa fazer do jeito dele, sem reclamar,
ou você assume essas funções e passa para ele
outras funções que costumavam ser de sua
responsabilidade. Por exemplo, vocês podem
combinar que você lava as roupas (porque você gosta
de fazer isso do seu jeito) e deixa que ele dirija
e cuide do cuidado com o carro como manutenção,

215
etc. Lembre-se que isso não significa que mulheres
só podem fazer uma coisa e homens só podem fazer
outra. Só não seria certo que a mulher faça tudo,
pois ela vai ficar sobrecarregada. Então ao invés
de entrar numa briga eterna pedindo para ele lavar
toalhas separado das roupas comuns, assuma essa
tarefa que para você é mais fácil, e deixe que ele
se encarregue de outras tarefas pelas quais você
tem menos afinidade.

• Pare de perguntar se alguém tem um emprego


para ele e tente usar “seus contatos” para ajudá-lo
naquela promoção. Você pode contribuir muito para
o sucesso de sua carreira ou emprego, mas não
fazendo o trabalho para ele. Deixe-o descobrir sem
você e confie que ele o fará. Mesmo que isso signifique
ele quebrar a cara algumas vezes. O acerto nasce
depois de vários erros. Deixe-o falhar. Esteja
preparado para que ele falhe. Não diga “Eu te disse”,
“Eu sabia que você não pode fazer isso”, “Esqueça.
Eu faço sozinha”.

• Pare de fazer planos de longo prazo, especialmente


sobre casamento e decisões sérias de
relacionamento. Pare de falar sobre casamento
o tempo todo. Pare de cobrar que ele tome uma
decisão. A pior coisa que você pode fazer com
um homem é forçá-lo a se casar. Ele vai se sentir
ressentido com você por toda a sua vida. Liberte-se
deste fardo desnecessário. Se ele ainda não fez uma
proposta e você está esperando há muito tempo,
precisa tomar sua decisão se quer continuar nessa
relação. Saia, se for preciso, mas não o force a tomar
uma decisão importante como essas.

216
• Pare de criticá-lo na frente de outras pessoas.
Nunca, jamais critique-o na frente de outras
pessoas. Ver a sua própria mulher o desmerecendo
na frente de outras pessoas pode ser fatal para
a masculinidade dele. Ser mãe dele na frente dos
outros diminui o respeito das outras pessoas por ele.
Resolva seus conflitos a portas fechadas quando
ninguém estiver ouvindo.

• Pare de controlar o dinheiro dele. Deixe-o gastar


dinheiro com o que ele acha importante. Deixe
o dinheiro dele em paz. Você pode controlar o seu
dinheiro, mas deixe que ele decida como lidar com
as finanças dele. Deixe-o correr riscos. Ele precisa
viver no limite de vez em quando. Ele precisa sentir
sua testosterona correndo. Ele precisa sentir
a adrenalina de estar fora de sua zona de conforto.
É assustador, eu sei. Mas faz parte desse processo.
Não disse que seria fácil. Deixe-ocorrer riscos
e falhar. É assim que se aprende.

• Pratique dizer “não sei” se ele perguntar o que


ele deve fazer. Você não é a coach, não é a mãe
dele, não é a conselheira dele. Liberte-se desses
papéis. Você não precisa se envolver em tudo o tempo
todo, nem precisa ser a pessoa que tem todas
as respostas e soluções sempre. Se você fizer isso,
ele vai ficar destreinado na habilidade de tomar
decisões. Deixe que ele quebre a cabeça pensando
nas melhores soluções para os problemas
Os homens têm essa habilidade natural de serem
resolvedores de problemas. É só você parar de facilitar
para ele que naturalmente essa habilidade tende
a aflorar de novo.

217
• Pare de sufocá-lo. Deixe que ele tenha tempo sem
você. Deixe ele fazer “coisas de homem”. Deixe que
ele fique com seus amigos. É importante que homens
passem tempo com outros homens, assim como
é importante que nós mulheres passemos tempo
com outras mulheres. Na sua casa, deixe ele ter sua
caverna, nem que seja um quarto da casa
ou a garagem. É importante para ele ter um espaço.
Ele recarrega a bateria ficando sozinho, ali, mesmo
que sem fazer nada.

• Pare de compará-lo a outros homens e reclamar


sobre ele ou seu relacionam ento com suas
amigas. Substitua essa conversa por outra coisa.
Falar mal do seu homem para suas amigas
pode se tornar um hábito nocivo para você
e seu relacionamento.

• Deixe que ele cuide de você. Sim, eu sei que


você sabe se cuidar sozinha. Mas ao deixar que ele
também cuide de você e te proteja, você vai criar
um benefício para ambos: vai deixar a sua
feminilidade aflorar e vai deixar a masculinidade
dele aflorar. Quando você estiver na sua semana
de “inverno” e estiver carente e melancólica, deixe
que ele saiba disso - mas não faça ele adivinhar
o que está acontecendo com você. Homens são ruins
em perceber essas sutilezas. Vejo que muitas
mulheres querem que os homens percebam o que
acontece emocionalmente com elas, e quando isso
não acontece, elas se fecham. Isso só piora tudo.
Diga para ele com clareza: “Estou me sentindo carente
e com vontade de chorar. Preciso de um abraço
e de uma massagem.” Pode ter certeza de que ele

218
vai fazer de tudo para te ver feliz, porque isso vai
estimular a habilidade dele proteger e resolver
problemas. Se renda ao abraço dele. Perceba como
é bom se sentir acolhida no abraço de um homem.
Deixe que ele faça uma massagem em você do jeito
que ele quiser. Não queira decidir o tipo da massagem,
o óleo, a posição - deixe que ele ofereça
e simplesmente curta. Deixe–o carregar as malas
pesadas (sim, eu sei que você consegue, mas deixe-o
ocupar essa posição, vai fazer bem para ambos).
Deixe–o abrir os potes de vidro (sim, eu sei que você
consegue, mas peça ajuda dele e observe a polaridade
sexual surgindo entre vocês quando você pede ajuda
dele).

Conforme você aplica essas mudanças, vai sobrar


tempo para você preencher a sua vida com outras
coisas importantes para você. Aproveite para refletir
sobre o que aflora a sua feminilidade. Dança? Produzir
coisas com as suas mãos, como pintura, cerâmica,
comida? Uma visita mensal ao spa? Mais contato com
a natureza? Exercícios físicos? Você escolhe.

AVISO IMPORTANTE: essa transformação é tão


poderosa que pode ser perigosa. Existem dois resultados
aqui: ou seu relacionamento floresce ou ele realmente
ACABA. Seu homem enfrentará o desafio ou ele
se afastará. Esteja pronta para isso. Ele havia
se comprometido com uma outra versão sua antes
e pode não estar pronto para essa mudança
e transformação. Quando você entrar mais profundamente
na polaridade feminina, a única forma de vocês
continuarem juntos é ele entrar na polaridade masculina.
Ele pode não querer isso. Ele pode não estar pronto.

219
Se esse for o caso, o relacionamento estará com excesso
de energia feminina (pois tanto você quanto ele estarão
na polaridade feminina) e a atração sexual de vocês
vai ser extinguida, culminando para o fim da relação.
Por isso, decida por si mesmo o quanto você deseja
viver essa nova fase e respeite qualquer que seja
a decisão dele. Você também não é obrigada a fazer
essas mudanças. Você pode escolher continuar viver
como tem vivido, para não correr o risco de fazer com
que sua relação termine. Tudo bem. A escolha é sua.

Se você decidiu aplicar as mudanças que aprendeu


neste livro e a sua relação chegou ao fim, aceite esse
processo. Às vezes realmente não vamos conseguir
ajudar nossos parceiros nisso. Talvez tenha sido tarde
demais. Ou talvez a questão dele tenha raízes mais
profundas; talvez a queda da masculinidade dele não
tenha acontecido durante a relação de vocês, pode ser
algo que ele já traz desde a infância, desde a relação
dele com os pais dele. Ninguém muda ninguém.
Você não vai poder salvá-lo; você só pode se salvar.
Aceitar isso faz parte da sua jornada de transformação
de lagarta em borboleta. E, quem sabe, o fato de você
decidir ir embora, vai fazer com que ele desperte para
o fato que precisa mudar. Ou não. De qualquer forma,
você precisa pensar em si. O que você aprendeu com
esse relacionamento vai te permitir se relacionar muito
melhor na próxima vez. Ter trabalhado sua feminilidade
vai te permitir finalmente encontrar um homem com
masculinidade fortalecida. Alguém que talvez já venha
pronto, porque quanto mais você trabalha sua
feminilidade, mais poder de atração vai ter com homens
masculinos.

220
Mesmo sabendo disso, o processo de término nunca
é fácil. Se você precisar viver isso, as próximas páginas
deste livro vão te ajudar.

221
Capítulo 16
Como superar um término

222
“Quando tudo que você tiver // For um coração cansado
e só // Quando a voz do vento lhe disser // Toda estrada
tem poeira e pó // Quando tudo que você puder for
chorar // Sem saber como se despedir // De passados
tão bonitos que precisam ficar // Pois o tempo nos
exige em seguir…

Trecho da música “Quem Souber”,


- Flávia Wenceslau. -

223
Uma vida boa e feliz não precisa vir acompanhada
do “e viveram felizes para sempre…”. Às vezes uma
história bonita também chega ao fim; e isso não a faz
menos bonita.

O fim pode chegar por muitos motivos. Talvez você


tenha terminado com a pessoa. Talvez ela tenha
terminado com você. Em nenhum caso, a dor é menor.
Existe uma teoria que diz que sofremos um luto mais
intenso de um mês para cada ano de relacionamento.
Ou seja, se você terminou um relacionamento
de 3 anos, pode esperar no mínimo 3 meses de luto.
Mas é claro que essa teoria não tem nenhum
embasamento e que não existe regra para o período
de recuperação. Cada pessoa é uma e cada um vai ver
o luto de alguma forma.

Não tem como passar por um término de relacionamento


que foi significativo para você sem dor. Só não sofre
no fim quem não amou. E quanto mais amamos,
maior a dor tende a ser. É o preço que pagamos por
vivermos com intensidade. Por isso, viver e amar é para
os corajosos.

Trabalhando na área dos relacionamentos desde 2011,


e atendendo no consultório de hipnoterapia (com foco
principal em autoestima feminina e e relacionamentos
pessoais), eu poderia dizer empiricamente que uma
média de 85% dos relacionamentos terminam por
questões relacionadas à falta de polaridade entre
o casal. Por isso o assunto do despertar da feminilidade
é tão importante para mim. Eu já sofri na pele os efeitos
de me desconectar da minha feminilidade e acompanho
diariamente muitas mulheres com o mesmo problema.

224
Muitas vezes o fim é inevitável. Você vai passar por
algumas fases que podem durar mais ou menos tempo,
que podem vir em diferentes ordens, mas que costumam
acontecer para a maioria das pessoas.

Primeiro, vem o estado de choque total. O desespero.


Parece que aquilo é uma cena de um filme de terror,
de um sonho ruim. A ansiedade bate. O pânico.
Falta ar. Você acha que vai morrer de dor no coração.

Depois vem a negação. Você não acredita que aquilo


está acontecendo. Parece que sua vida chegou ao fim,
que nada mais faz sentido. Deitar na cama sem a pessoa
ao lado parece não fazer o menor sentido. Comer sem
a pessoa ao lado parece não fazer o menor sentido.
A lua parece não ter sentido. As pessoas andando
de mãos dadas na rua parecem uma ofensa pessoal.
Você não consegue se lembrar de que um dia existiu
sem aquela pessoa ao lado.

Depois vem a fase da barganha. Você cansou dessa


brincadeira. Quer acabar com essa dor logo e vai fazer
de tudo o que for preciso para voltar. Você fica disposta
a negociar qualquer coisa. Você talvez se humilhe
e passe por cima dos seus desejos para voltar para
a relação. Você começa a se arrepender do término
e começa a se lembrar somente das coisas boas
do relacionamento e se esquece daquelas que
os fizeram terminar.

Talvez chegue também a fase da raiva. Ela surge


em ondas. Você vai querer descontar nas pessoas.
Vai sentir um amargor dentro de você. Uma vontade
de quebrar os pratos, de socar o travesseiro, de gritar

225
até ficar sem voz. Você vai desacreditar no amor, nas
pessoas e provavelmente vai dizer para si que nunca
mais vai querer se relacionar sério e que a partir
de agora vai ser somente pegação. Quando a raiva
passar, sua percepção da realidade muda também.
Nessa fase é importante perceber que a raiva vem
em ondas e que você precisa deixar ela passar, mas
sem permitir que ela faça morada aí dentro.

Depois você vai ficar revendo mentalmente tudo o que


aconteceu para tentar encontrar motivos para o fim.
Vai repetir todos os detalhes nada importantes para
suas amigas que já não veem a hora daquilo passar
para poderem voltar a se relacionar com você fora
daquela fossa. Vai tentar encontrar razões para o fim,
mas provavelmente nenhuma delas vai ser a verdadeira.

Entre algumas dessas fases, vem a tristeza profunda.


Você vai chorar sozinha na cama até molhar o travesseiro.
Vai chorar de soluçar. Vai sentir uma dor tão grande
no coração que vai achar que vai morrer. E você vai
mesmo. A pessoa que você era vai precisar morrer
algumas vezes para uma nova pessoa nascer.

O mais importante: nessas crises de tristeza, ritualize


sua dor. Vá para um lugar que você pode ficar sozinha,
de preferência na natureza. Fique em silêncio. Respire
a dor. Não segure. Aprenda com ela. Existe uma beleza
na dor, ela nos ensina muitas lições. Sinta-a e converse
com ela. Você verá que depois do abismo, um novo
chão vai se formando. Mas isso só vai acontecer
se você não fugir da dor. Então, nessa fase, não fuja.
Não vá pra balada, não corra pro colo dos amigos,
não encontre distrações. Tenha coragem de encarar

226
a tristeza e o silêncio porque eles serão seus
maiores professores.

Entre essas fases, vai chegar o dia em que você vai


conseguir esboçar um sorriso, geralmente na presença
dos seus amigos. Mas uma hora eles vão embora, você
volta para a casa sozinha, e a dor vem de novo como
uma avalanche e você só vai se perguntar quando
aquilo tudo vai passar. Ou você vê um casal na rua,
sorrindo e parecendo muito felizes, e você só quer
sair correndo e ir chorar em posição fetal. Calma.
Você já passou por uma caminhada importante na
estrada do luto.

Você vai se forçando a voltar para as atividades normais


da sua vida - talvez você nem tenha podido se dar
o luxo de pará-las, mas começa a focar de novo
no trabalho, em cuidar da casa, em fazer um esporte.
Nos bastidores disso tudo, sua mente sempre vai tentar
entender como você perdeu aquilo, como deixou que
a relação acabasse, como aquilo que parecia que iria
durar para sempre chegou ao fim.

Os dias melhores começam a se intercalar com os dias


piores. Vai ter um dia que você, sem querer, vai reparar
na brisa do vento no seu rosto e vai sorrir. Ou vai
se ver conversando com um amigo e esboçando uma
gargalhada. Ou vai conseguir deitar sozinha na cama
e pegar no sono direto, sem acordar várias vezes
a noite com pesadelos ou sem perder mais o sono
às 4 da manhã.

E chega o dia em que você entende que a vida não


para, para você sofrer. Que a vida é muito maior

227
do que você, do que seus planos, e que você tem
pouquíssimo controle sobre o que entra e sai da sua
vida. Talvez você comece a perceber que essa dor que
está sentindo não é nova. É a mesma dor que já sentiu
outras vezes - a dor do abandono, a dor do medo,
da solidão, a dor da rejeição, a dor da culpa. A dor
de sua criança ferida que precisa de acolhimento.
Então, a acolha.

Chega o dia em que aquela música tocando no rádio


não te faz mais chorar de saudade. E o dia em que
você vai estar num lugar de natureza tão bonita, tão
silenciosa, que lágrimas vão surgir no seus olhos, mas
você vai perceber que não são mais lágrimas de tristeza.
São lágrimas de emoção por você estar viva. Por você
ter sobrevivido, por você estar sentindo seu amor próprio
voltando.

E vai chegar o dia em que vai surgir uma pessoa que


vai te chamar atenção. Ela vai chegar te mostrando
novos ângulos da vida. Ela vai te ajudar a lembrar como
é bom se sentir apaixonada. Ela vai te ajudar a lembrar
que fins sempre chegam junto de novos começos.
Quanto mais você estiver no processo de despertar
da sua feminilidade, mais fácil vai ser para você identificar
quais pessoas valem a pena. Quando estamos
desconectados do nosso feminino, erramos muito.
Acabamos nos deixando levar somente pela aparência
externa e perdemos muito tempo. Nos machucar muito.
Mas quando estamos centrados no nosso feminino,
a nossa “sábia interna” nos mostra o caminho. Ela vai
te conduzir para situações, para pessoas… você
só precisa estar atenta ao sinais.

228
Se abra! Se abra para a vida! Inspire o amor e exale
a dor. A força feminina é essa força da natureza que
se deixa cortar mas volta sempre inteira. Jamais caia
no erro de se fechar para o amor por causa do sofrimento
que você passou. É melhor viver com coração partido
do que com o coração fechado. Fique amiga do seu
sofrimento e ele não vai mais parecer um fantasma
e sim um professor. Cada vez você volta mais forte,
só que forte da forma feminina de ser. O forte masculino
tende a se enrijecer diante da dor, tende a se fechar.
O forte feminino se abre porque sabe que a dor faz
parte do processo de sair do casulo. Veja o processo
do trabalho de parto. A mulher sente muita dor, mas
ela se abre. Ela se abre para a vida, se abre para
o novo, sabe que aquela experiência vai transformá-la
para sempre, sabe que daquela experiência novos
frutos virão. Então ela sente a dor em todas as suas
entranhas, mas não se fecha.
Quando você sabe onde é a sua casa, quando você
está centrada na sua feminilidade, e sabe que ela
tem atravessado com você a sua história, você já não
demora mais na frustração, no rancor, na raiva,
a sua energia já não se esvai feito um rio sem rumo.
Você já não se afasta tanto de si própria. Não existe
nada mais bonito do que seguir em frente. E você
conseguiu.

Com esse capítulo, chegamos ao fim da parte dos


relacionamentos deste livro. Agora, quero entrar num
tema que é absolutamente impor tante para
o desenvolvimento da sua feminilidade e da sua
autoestima: o despertar da sua sexualidade.

229
Capítulo 17
O empoderamento da mulher precisa
passar pela sexualidade

230
Se você nos acompanha há tempos no CSV sabe que
consideramos o sexo em elemento muito importante
da vida de qualquer ser humano. E eu acredito
e já comprovei no meu trabalho com muitas mulheres,
que o empoderamento feminino verdadeiro precisa
passar pelo empoderamento sexual.

A grande maioria das mulheres passa a vida sentindo


quase nada de prazer, ou níveis muito pequenos
de prazer se comparados ao potencial orgástico que
nós temos.

Uma mulher que consegue destravar esse potencial


reprimido há tantos anos pela nossa sociedade,
automaticamente se destrava em muitas esferas
da vida, porque o poder criativo da mulher está
completamente relacionado à capacidade de sentir
prazer. Essa potência orgástica está ao alcance
de qualquer mulher, inclusive de você: você só precisa
aprender como acessá-la, e é isso que eu vou te ajudar
a fazer neste capítulo.

Como eu expliquei nos capítulos anteriores,


um ingrediente essencial para a mulher se sentir excitada
e com alta libido, é que exista uma polaridade sexual
entre o casal. Se você estiver na sua polaridade feminina
e ele na polaridade masculina, automaticamente você
vai sentir desejo por ele, e vice-versa (nas relações
homossexuais funciona da mesma forma, para existir
polaridade sexual é preciso que uma das pessoas
esteja majoritariamente na polaridade feminina
e a outra na masculina em momentos de intimidade).
Então se você tem se sentido sem libido, seca, sem
excitação, cheque como anda a questão da polaridade

231
no seu/s relacionamento/s. É importante resolver isso
porque quando uma mulher se sente sem excitação,
seca, sem ânimo no sexo, isso tende a se estender
para toda a sua vida.

Deixe-me, então, perguntar uma coisa: você participa


ativamente da construção do seu prazer ou você fica
deitada ali, passiva, esperando seu parceiro lhe dar
um orgasmo? Essa ideia de que a mulher deve estar
satisfeita com o que quer que seu parceiro escolha
“dar” a ela é o que cria tanta desconexão… Desconexão
entre a mulher e o próprio corpo e prazer, e desconexão
entre a mulher e o seu parceiro. Quando uma mulher
não é dona do seu prazer e não sabe ativar a sua
verdadeira força orgástica, ela fica só esperando que
o outro provoque um orgasmo nela, sem se envolver
ativamente na construção dessa energia poderosa.

Mas o fato é que se ela não estiver no estado mental


ideal para o orgasmo, não existe absolutamente NADA
que o parceiro possa fazer. Quando uma mulher não
está totalmente envolvida com o próprio prazer e está
permitindo que sua mente seja distraída por outras
coisas, ela não se conecta totalmente com o seu corpo.

Essa é uma fonte de frustração pra todo mundo.


Pra ela, que perde o orgasmo, e pro parceiro, que acha
que ela demora demais. Eles culpam um ao outro
ou a mulher compra aquela história de que ela “leva
muito tempo” ou simplesmente não consegue ter
orgasmos. Esse é o caminho que afasta tantas mulheres
da maior fonte de força, criatividade e poder feminino.

232
Quando uma mulher desperta para o seu potencial
de prazer, ela desperta para a vida. Ela passa a ter
mais autoestima; passa a se conectar mais com seu
parceiro ou parceiros. A saúde melhora, a vitalidade
melhora, ela se sente mais autoconfiante, mais bonita,
mais segura, mais capaz. Toda mulher que já despertou
para o verdadeiro potencial da sua sexualidade sabe
que existe uma vida antes dessa descoberta e uma
vida depois dessa descoberta.

Segundo Naomi Wolf, no seu livro “Vagina - uma


biografia”, substâncias químicas liberadas durante
o orgasmo da mulher como oxitocina, dopamina,
endorfinas, serotonina etc., literalmente tornam as cores
mais vivas, os cheiros e sabores mais intensos,
despertam a criatividade e a paixão, aprofundam
o amor e a conexão com o parceiro e abrem os poderes
de manifestação para tudo o que essa mulher quiser
na vida. Uma mulher que é impedida de ter orgasmos
é de fato impedida de atingir seu pleno poder.

Eu também, durante muito tempo me contentei com


uma parcela muito pequena de prazer, muito menos
do que eu tinha potencial de sentir. Eu achava que era
bem-resolvida sexualmente, só que não tinha ideia que
eu só estava explorando uns 10% do potencial real
de sentir prazer que estava dentro de mim e não tinha
ideia de como eu podia expandir esse prazer.

Eu não imaginava que quando eu finalmente


desbloqueasse esse prazer, toda a minha vida iria
mudar, porque, como eu já falei aqui, ser dona do próprio
prazer é um caminho para se amar e tornar dona
de si de verdade.

233
Sempre tive uma relação bem natural de exploração
do meu corpo. Desde menina, eu me tocava e gostava
de explorar as minhas zonas erógenas. Lembro que
mesmo criança eu já conseguia ter os primeiros
orgasmos enquanto eu me tocava, e eu achava isso
tudo muito natural.

Só que eu fui crescendo, e como todo mundo que vive


nessa sociedade patriarcal, fui começando a entrar
em contato com a crença de que o prazer feminino não
era digno de ser explorado. Era aquela coisa: “fecha
as pernas, tira a mão daí, isso é feio.” Então fui crescendo
achando que explorar a minha sexualidade era uma
coisa feia, suja, que devia ser proibida. E isso me trazia
uma sensação de culpa toda vez que eu me tocava,
o que fez com que eu fosse diminuindo a exploração
do meu prazer.

A sociedade nos educa, desde meninas, para que


odiemos nossos corpos. Para que tenhamos vergonha
dele - dos nossos mamilos, da nossa vagina, dos nossos
pêlos, das nossas curvas, enfim, de tudo. Parece que
só por ser mulher, a gente já tem motivo para ter
vergonha. Falar de “vagina” nem pensar, o clitóris, então
é melhor fingir que nem existe. E depois de tanta
repressão, não é de se estranhar que hoje, em pleno
século XXI, ainda exista tanto pudor para tocar nesse
assunto, literalmente.

Bom, foi chegando a época da minha vida em que


eu comecei a me relacionar e entrei numa fase
de bastante bloqueios, porque o sexo que é feito pela
maioria das pessoas é algo totalmente pensado
para o prazer do homem e para mim não foi diferente.

234
Então Sempre fazia sexo pensando no prazer do outro:
em qual ângulo eu pareceria sexy; qual posição seria
boa para ele. Quantas vezes eu ficava numa posição
em que eu não estava sentindo prazer só porque pra
ele estava parecendo bom, ou porque eu queria que
alguma parte do meu corpo ficasse visualmente bonita.

Hoje vejo com clareza que com esse tipo de sexo


eu nunca iria conseguir sentir prazer de verdade.
Eu ficava muito presa na minha mente, na porção
racional, pensando em como dar prazer para o outro.
Só que prazer é o oposto disso. Prazer é instinto,
é entrega, é um mergulho dentro de si e eu não conseguia
ter isso num sexo que é totalmente voltado para
a penetração.

Então eu não conseguia ter orgasmos. E como eu tinha


medo de que a pessoa me visse como frígida, ou como
uma mulher que não é boa de cama, eu fingia orgasmos.
E uma vez que você finge orgasmos, isso vai virando
uma grande bola de neve, porque depois de um tempo,
você não consegue mais voltar atrás e dizer para
a pessoa que fingiu o tempo inteiro.

Por muitos anos fiz esse sexo performático para agradar


o outro, mas eu não sentia quase nada de prazer.

Naquela época eu nem poderia imaginar como


a repressão do meu prazer estava me limitando
em várias áreas da minha vida. Eu não sabia como
a energia sexual está intimamente conectada com
outros tipos de energia, inclusive a vital, não sabia que
ao mesmo tempo em que eu estava limitando meu
prazer sexual, eu estava limitando a minha paixão pela

235
vida, minha feminilidade, minha energia de criação.
Isso fez com que eu me tornasse uma mulher com
pouca força, pouco conectada com meu feminino,
com uma criatividade limitada. Uma mulher submissa,
com baixa autoestima. Uma mulher que vivia para
agradar as outras pessoas.

Havia um potencial enorme de prazer dentro de mim


e eu não sabia disso!

Pensei que tinha a minha vida sexual resolvida - mas


eu comecei a perceber que o sexo desconectado que
eu estava tendo era na verdade um reflexo de ser
sexualmente desconectada de mim.

Esse sexo superficial foi ficando cada vez menos


satisfatório, e eu estava cansada de me sentir vazia.

Até que um dia, depois de ouvir uma palestra sobre


sexualidade, eu comecei a mergulhar mais profundamente
nesse universo da sexualidade feminina. Comecei
a ouvir e ler relatos de mulheres que diziam conseguir
ter quantos orgasmos elas quisessem nas relações
ou mesmo sozinhas. Mulheres que relatavam ter
orgasmos múltiplos. Mulheres que relatavam ejacular,
inclusive muitas vezes durante o sexo, e assim
conseguiam sentir um prazer completamente
transcendental e uma conexão absurda com seus
parceiros. Aquilo era algo completamente diferente
da minha realidade daquele sexo morno, sem conexão,
totalmente racional e feito para agradar o outro.

236
Eu achava que devia ter algo errado comigo.

Foi aí que eu decidi mergulhar profundamente nesse


universo: li todos os livros que consegui; fiz vários
cursos; comecei a pesquisar filosofias como o tantra,
que propõe a elevação do ser através da exaltação
do prazer (e não da repressão do prazer como tantas
filosofias ocidentais), e assim comecei a buscar novas
formas de explorar o meu próprio prazer. Eu também
tive meu primeiro contato com a hipnoterapia, e descobri
que muitas das minhas travas estavam relacionadas
a traumas da infância ainda muito presentes
na minha mente subconsciente. Desse processo
de autoconhecimento, surgiu também o CSV.

Foi um longo processo de mergulho interior


e de reconexão comigo, até que eu finalmente consegui
entender o meu potencial orgástico e de prazer.
Eu finalmente compreendi que prazer é poder. E que
o processo de empoderamento de uma mulher precisa
passar pelo prazer sexual.

Quando eu consegui me conectar com o meu potencial


de prazer que estava reprimido, toda a minha vida
destravou: a minha autoestima se renovou. Eu comecei
a ter orgasmos intensos e isso refletiu na minha vida
inteira como mulher. Eu comecei a me sentir uma mulher
confiante, poderosa, criativa, feminina.

O caminho mental do prazer feminino

Você certamente aprendeu na escola alguma coisa


sobre neurônios, sinapses e mais todas as estruturas
que compõem o sistema nervoso. E embora a ideia

237
não seja dar uma aula de biologia, eu quero te explicar
de forma bem simples sobre como o sistema nervoso
funciona pra famoso orgasmo.

Todas as reações relacionadas à excitação da mulher


acontecem por conta do funcionamento do Sistema
Nervoso Autônomo, ele controla as ações do corpo que
estão além do consciente.

Quando a mulher está excitada, o corpo vai dando


alguns sinais como, respiração ofegante, batimentos
cardíacos acelerados e o preenchimento com sangue
das estruturas que ficam na nossa vulva e que são
responsáveis pela lubrificação do nosso canal vaginal
e pela ereção do nosso clitóris.

Só que, pra esse sistema assumir essas funções


de excitação, é preciso que haja estímulo. E esse
estímulo tem todo um jeito certo pra ser conduzido.
Segundo Naomi Wolf, no seu livro “Vagina - uma
biografia”, “pesquisas mostram que a mulher precisa
se sentir segura, desejada e amada para que o sistema
nervoso autônomo seja acionado. Isso porque, conforme
a mulher vai chegando perto do orgasmo, os centros
cerebrais vão sendo desligados.” Quem constatou isso
foi um médico e neurocientista holandês, o Dr. Janniko
Georgiadis. Isso significa que a mulher se torna,
bioquimicamente, uma mulher selvagem. Desinibida,
imune à dor, com estado alterado de consciência
e com a capacidade de julgamento suspensa.

Como o nosso corpo tem toda uma inteligência que


tem como objetivo garantir a nossa sobrevivência, não
é em qualquer condição que a mulher consegue chegar

238
ao orgasmo. Ela precisa estar com um parceiro que
faça ela se sentir protegida e fora de perigo
e em um ambiente confortável. Na natureza, nossas
antepassadas precisavam se sentir seguras para terem
orgasmos, pois como elas momentaneamente
se desconectam da realidade quando gozam, esses
segundo seriam suficientes para que elas fossem
atacadas ou mortas. Por isso o nosso corpo só permite
que tenhamos orgasmos quando estamos nos sentindo,
subconscientemente, seguras.

Vem daí a importância de preparar todo um clima


pra transar: luz baixa, música ambiente, temperatura
confor tável, carícias, beijos, abraços… Não
coincidentemente, é esse também o clima que
a educadora alternativa na área de obstetrícia, Ina May
Gaskin, recomenda que se crie no momento do parto.
Essa é uma forma de tranquilizar o nosso cérebro
de que o ambiente é seguro o suficiente para que
o Sistema Nervoso Autônomo ative as funções da vulva
- sejam elas pra preparar para penetração ou para
o parto natural.

Também é importante que a mulher esteja segura


quanto ao/s método/s contraceptivo/s que está usando,
porque muitas mulheres travam no sexo por medo
de engravidar.

Uma vez que a mulher se sinta confortável, amada,


segura e respeitada, o Sistema Nervoso Autônomo
entra em ação. A rede neural que está por trás do nosso
clitóris, da nossa vulva e da nossa vagina manda para
o cérebro mensagens poderosas que ajudam a lubrificar
a nossa vagina.

239
Não estou dizendo que você só pode fazer sexo com
o amor da sua vida ou com alguém com quem você
queira se casar. Mas é importante que em toda relação
sexual que você fizer, mesmo se for sexo casual, que
você se sinta respeitada, que queira estar naquela
situação, que se sinta segura e acolhida. Se não for
assim, melhor não transar.

Agora que você já entendeu um pouco o caminho


do prazer, vamos falar sobre a pergunta de muitas
mulheres: como eu faço para chegar ao orgasmo?

Como explorar seu potencial orgástico sozinha

Muitas mulheres nunca tiveram um orgasmo na vida.


E muitas outras vão passar a vida inteira sem sentir
esse potencial de prazer que existe em nosso corpo.

Alguns motivos que impedem muitas mulheres


de chegarem ao orgasmo:

- Um deles é a sociedade patriarcal que não incentiva


que a mulher sinta prazer e que vende uma ideia
de um sexo feito muito mais focado no prazer do homem;
As crenças religiosas, que nos fazem sentir culpada
por querer sentir prazer e que nos dizem que é errado
se tocar, e que a mulher é a culpada pelo pecado
original. Por mais que você não seja religiosa, só o fato
de ter nascido numa sociedade religiosa, você já sofreu
esse tipo de influência na sua mente subconsciente.

- A falta de conhecimento do próprio corpo. Nós não


fomos incentivadas a nos tocar, a conhecer o nosso
corpo, diferente dos meninos que sempre foram

240
incentivados a se tocarem desde pequenos. Por isso,
muitas mulheres acabam chegando à idade adulta sem
conhecer o seu corpo e sem nunca terem se tocado.

- A presença de lixo emocional na mente subconsciente


que pode gerar várias travas na vida sexual de uma
pessoa. (se esse é o seu caso, a terapia guiada que
vem com este livro vai te ajudar a desbloquear isso).

- Falta de conexão com o parceiro, gerada por uma


falta de polaridade sexual.

Quanto aos orgasmos: uma boa metáfora para o que


seria o orgasmo é um carrinho de montanha russa.
Para você sentir aquele frio na barriga, antes o carrinho
precisa subir. Ou seja, antes de chegar ao orgasmo,
seu corpo precisa acumular uma grande quantidade
de carga energética e isso acontece com estímulos
e também com a sua imaginação. Essa energia vai
se acumulando, acumulando, até uma hora em que
o corpo não consegue mais suportar e precisa dar uma
descarga para aliviar a tensão. É aí que acontece
o orgasmo.

Como na montanha russa, o orgasmo nem sempre


vem somente com prazer - ele vem misturado com um
pouco de “aflição” também. O corpo precisa receber
uma carga de energia que beira a ser desconfortável
tamanha a sua força, para que o alívio venha em forma
de descarga. Explico isso porque muitas mulheres
interrompem o prazer por medo, ou por acharem que
a sensação está muito intensa, como quando a mulher
está prestes a ejacular e para por medo de fazer xixi,
interrompendo o processo. Ou seja, para chegar

241

ao orgasmo você precisa largar mão do controle


e se permitir ultrapassar a linha que sua mente racional
interpreta como confortável.

Outro segredo do orgasmo é se descobrir. Isso precisa


acontecer em primeiro lugar sozinha. Então, se olhe,
se conheça, pegue um espelhinho e conheça a sua
genital. Você vai ver que você tem um canal vaginal,
onde o pênis entra e de onde os bebês saem; vai ver que
você tem grandes lábios, que protegem os pequenos
lábios; dentro deles estão os pequenos lábios
(que às vezes podem ficar um pouco expostos também),
e ali, a cereja do bolo, seu clitóris, o botãozinho mágico
de prazer.

Ele é o único órgão no corpo do ser humano que é feito


exclusivamente para sentir prazer. A parte externa que
a gente vê é só a pontinha dele, e pode ser comparada
à glande, ou a cabeça, do pênis,mas o clitóris é bem
maior do que isso, só que ele fica do nosso lado
de dentro.

Inclusive, os chamados “orgasmos vaginais”, acontecem


porque estimulamos o clitóris pelo lado de dentro,
no Ponto G, que fica mais ou menos de 10 a 15 centímetros
da entrada do canal vaginal, na parte superior do canal.
Então, na verdade, mesmo o orgasmo vaginal
é um orgasmo clitoriano.

Antes de você querer sentir orgasmos com outra pessoa,


é essencial que você consiga ter um orgasmo sozinha.
Para isso, recomendo que você crie um ritual para você:
tome um banho bem bom, passe um creme cheiroso

242
no corpo, acenda umas velas, e comece a estimular
o seu clitoris.

Primeiro, comece estimulando seu clitóris pelo lado


de fora, por cima dos grandes lábios, porque se você
for diretamente nele sem ele estar aquecido, você vai
sentir incômodo. Ele precisa receber estímulo de sangue
para ficar pronto, e isso só acontece depois de ser
estimulado. É como o pênis que precisa de estímulo
para ficar ereto. Vá se tocando e sentindo onde você
sente mais prazer. Se você tiver dificuldade, recomendo
que você compre um vibrador “bullet” (procure
no Google), que o processo vai ficar bem mais fácil.

Enquanto estiver se estimulando, use sua imaginação


para pensar em cenas que te deem prazer. Você pode
fantasiar com o que quiser, é um direito seu, e neste
momento não existe certo ou errado para fantasias.
Se permita. Continue treinando e você vai ter sucesso.

Depois de conseguir chegar ao orgasmo sozinha,


é hora de conseguir fazer isso com seu parceiro.

Como explorar seu potencial orgástico com


um parceiro

Se já conseguiu chegar na fase de ter um orgasmo


sozinha, o próximo estágio é conseguir fazer isso com
o seu parceiro.

Como eu expliquei, para termos prazer com outra


pessoa, é preciso que a nossa mente subconsciente
entenda que estamos seguras e confortáveis naquela
situação. Isso acontece porque na hora do orgasmo,

243
nós nos desconectamos da parte racional por alguns
segundos, e isso para nossas antepassadas que viviam
na natureza poderia significar a morte. Por isso, a sua
mente, querendo te proteger, só vai te permitir sentir
orgasmo se você estiver querendo de verdade estar
naquela situação.

Reforço essa informação porque hoje em dia, com


a nossa escolha de podermos fazer sexo com quem
quisermos, muitas vezes banalizamos essa escolha
e acabamos fazendo sexo com pessoas com quem
a gente não tem conexão. Eu não estou falando que
você não pode fazer sexo casual; mas você precisa
minimamente estar conectada com a pessoa; ter
admiração ou pelo menos atração por ela; muitas vezes
a mulher acaba transando só porque acha que é isso
que se espera dela no encontro, ou só porque já está
lá na casa da pessoa; ou porque acha que se não
transar vai ser vista como “careta”, enfim, muitos motivos.

Não falo que não podemos fazer sexo casual.


No entanto, em todos os casos, acredito que precisamos
escolher com quem dormimos com muita sabedoria.
Como mulheres, quando nos deixamos penetrar
por outra pessoa, abrimos nosso espaço da vagina
e útero (e possivelmente boca e outras partes do corpo)
até a consciência de nosso amante escolhido. Nós
os levamos para dentro de nós fisicamente e os levamos
para dentro de nós energeticamente. Nós absorvemos
a consciência dele em todo o nosso ser.

Muitas vezes, quando isso acontece, nos abrimos


a todo tipo de emoções e sentimentos que nos impactam
em um nível profundo, tanto de maneiras positivas

244
quanto negativas. Quando optamos por nos abrir para
outro ser sexualmente, existem três tipos de sexo que
podemos experimentar (e sim, definitivamente existem
mais de três tipos de sexo, mas por hoje vamos focar
nos seguintes):

1 - Sexo OK
Você escolhe uma pessoa legal para fazer sexo,
se diverte e se sente bem depois. Sem amarras, sem
peso, sem se sentir mal no outro dia, mas nada que
vai te inspirar ou mudar sua vida. Se uma amiga
te perguntar como foi o sexo com ele, você vai responder:
“Foi bem bom!”.

Talvez você também esteja num relacionamento


há bastante tempo e o sexo entre vocês esteja totalmente
morno. Vocês fazem sexo quase por obrigação; muitas
vezes você preferiria estar assistindo Netflix ou lendo
um livro do que fazendo sexo.

2 - Sexo marmita
Esse tipo de sexo geralmente é “divertido” e excitante
no momento, no entanto, falta essência e geralmente
é motivado por puro tesão e uma conexão exclusivamente
sexual. Esse tipo de sexo é o tipo de sexo que costuma
acontecer quando estamos sob a influência
de substâncias (principalmente álcool e drogas), e pode
acontecer com estranhos que acabamos de conhecer.

No sexo marmita, há grandes chances de você escolher


um amante com uma energia confusa e pouco clara
ou escolher alguém baseado apenas em uma conexão
no seu centro sexual. Você pode achar que, depois

245
desse tipo de sexo, você se sente um pouco de ressaca,
como se sua energia caísse.

Isso acontece porque, como expliquei acima, você está


levando a consciência dele para o seu corpo (ou seja,
TODAS as outras pessoas com quem ele dormiu antes,
sua saúde mental, suas más escolhas alimentares, seu
consumo de álcool e drogas, etc.) Muitas vezes
a “ressaca sexual” não é instantânea. Dias depois, você
pode estar cozinhando e sentir uma onda de mal-estar,
que muitas vezes não consegue identificar exatamente
o que é. Este é um sinal claro de que você está esgotada
energeticamente.

Se uma amiga te perguntar como foi o sexo, você


vai provavelmente responder: “Foi muito bom.
Mas eu me senti estranha depois...quase como
uma ressaca. Me senti vazia e usada. Acho que eu não
vou ver ele de novo.”

3 - Sexo com conexão de alma


Esse é um outro nível de sexo; é um sexo que poderia
ser classificado como “fazer amor” (pode ser um sexo
selvagem, mas é um sexo cuja conexão vai além
do físico). A experiência costuma ser um momento
mágico, de profunda conexão, que deixa nossos
corações totalmente abertos e cria uma sensação que
permanece em todo o nosso ser por horas, dias,
semanas...

A conexão existente com o nosso amante pode


se aprofundar drasticamente após esse estilo de sexo,
e costuma ser um momento profundamente vulnerável
e comovente. Depois desse tipo de sexo, é comum

246
você se sentir aberta, feminina, expansiva. Também
pode haver um sentimento de grande vulnerabilidade
que surge em torno da profundidade da intimidade
e do amor que experimentamos. Se uma amiga
te perguntar como foi esse sexo, você vai responder
algo como: “Não tenho palavras para explicar”.

Aqui, reforço a importância da polaridade sexual para


que a mulher tenha prazer e chegue a orgasmos.
Quando estamos nos sentindo realmente atraídas por
nosso parceiro sexual, fica mais fácil chegar ao orgasmo.
Isso acontece porque biologicamente nosso corpo
identifica que aquele é um bom parceiro para ser o pai
dos nossos filhos. Então, por exemplo, quando uma
mulher centrada na sua feminilidade encontra
um parceiro centrado na sua masculinidade, uma
atração muito forte acontece e todo o corpo já fica
preparado para o ato sexual. Quem nunca sentiu
a calcinha molhar só do seu parceiro te dar um beijo
no pescoço? Ou como eu já expliquei no livro, outras
atitudes no seu parceiro podem te deixar lubrificadas
durante o dia, atitudes essas que demonstram que ele
é um bom candidato para ser o líder do seu clã e pai
dos seus filhos. Você pode se sentir lubrificada ao ver
ele trocando uma lâmpada. Ou ele conversando com
seu sócio sobre trabalho. Ou ele chegando
do supermercado com compras. (Talvez isso não faça
muito sentido racionalmente, mas lembre-se que somos
bichos. Nosso lado animal é muito mais forte do que
qualquer construção social politicamente correta). Então
estar na polaridade feminina e ter um parceiro
na polaridade masculina, vai ser o ideal para você
conseguir atingir os seus potenciais orgásticos, porque

247
seu corpo naturalmente vai querer se abrir para aquela
pessoa.

Chegando ao orgasmo

Um dos principais motivos que dificulta as mulheres


a chegarem ao orgasmos com seus parceiros é por
fazerem aquele típico sexo performático focado
no prazer do homem. Um dos culpados disso
é a indústria pornô, que faz filmes voltados para o prazer
masculino na maioria das vezes. Então a mulher aprende
que o sexo precisa ser focado apenas na penetração,
com muito pouco tempo de aquecimento...e como
eu te expliquei, o orgasmo é uma descarga de energia
que acontece quando a energia acumulada foi muito
grande e o corpo precisa descarregar. Se você não
acumula energia antes e vai logo para a penetração,
fica muito mais difícil chegar ao orgasmo.

Outro motivo importante é a mulher se preocupar demais


em parecer atraente para o parceiro, se a barriga dela
está aparecendo muito naquela posição; se está
gemendo do jeito certo; se ele está achando ela sexy...
isso atrapalha totalmente o processo de chegar
ao orgasmo, porque o orgasmo é instintivo, subconsciente,
que não pode acontecer no racional.

Se você tem dificuldades de chegar ao orgasmo com


seu parceiro, eu proponho que façam um exercício
durante alguns dias: sexo sem penetração. Isso mesmo.
Vale tudo no sexo, menos penetração. E aí entra
a criatividade de vocês. Quando vocês sabem que não
tem essa possibilidade da penetração, vocês
automaticamente vão se forçar a explorar outras

248
possibilidades, e as chances de chegar ao orgasmo
são maiores, porque tira essa pressão de ir logo para
a penetração.

Nessa brincadeira, entra também o sexo oral. Peça


para o seu parceiro fazer sexo oral em você, e você vai
explicando para ele onde sente mais prazer...vai
sinalizando quando está bom, quando você não está
sentindo nada, onde sente mais prazer e diga para ele
ficar lá um bom tempo. Às vezes a mulher pode precisar
até de 30 minutos de estímulo no sexo oral para
conseguir chegar ao orgasmo. Alinhe isso com seu
parceiro. É o seu momento, depois você recompensa.

Outro tipo de exploração que nesse momento


é a penetração com os dedos. Existe um ponto no canal
vaginal que é o ponto G, ponto onde conseguimos
estimular o clitoris pelo lado de dentro. Lembra que
eu falei que ele é um órgão bem grande e que a parte
externa visível é só a pontinha dele? Então. Quando
vocês estiverem bem aquecidos, e você estiver
desesperada para pedir para ele te penetrar, não faça
isso, lembre-se das regras do jogo - não vale penetração.
Neste momento, peça para ele colocar um ou dois
dedos dentro de você. Não precisa ir fundo, ele não
está fazendo um exame ginecológico para chegar
ao colo de seu útero.

Peça para ele colocar o dedo dentro somente


até a segunda dobra do dedo indicador, e fazer
um movimento de “vem aqui”, com o dedo para cima.
Ali, ele deve sentir uma parte mais gordinha, com uma
textura diferente, é o ponto G. Você vai sentir quando
ele tocar, e quando você sentir, avise-o que ele achou.

249
Peça para ele te estimular ali. Esse é o ponto mais fácil
não só para chegar ao orgasmo, como para ter o famoso
squirting, que é a ejaculação feminina.

Sim nós, mulheres, também podemos ejacular.


A ejaculação da mulher tem uma função de resfriar
o nosso sistema fisiológico quando ele aquece demais.
Ou seja, quando o corpo fica sobrecarregado, muita
excitação, ele pode recorrer a função da ejaculação
feminina. A ejaculação libera uma enzima chamada
DPE5 que causa um relaxamento instantâneo no corpo.

A ejaculação pode ser prazerosa mas também não


é sinônimo de orgasmo, ou seja, você pode ejacular
sem ter um orgasmo ao mesmo tempo. Pode ser somente
o corpo resfriando o seu sistema. A ejaculação feminina

250
vem das glândulas parauretrais, que ficam entre
a vagina e a uretra.

É importante dizer que a ejaculação não precisa


ser uma meta sua. Você pode explorar isso, mas
se não tiver, não significa que sentiu menos prazer.
E não se iluda com aquelas cenas dos filmes pornôs
com mulheres jogando esguichos de água - na maioria
dessas cenas, as mulheres colocam cápsulas de água
na vagina que estouram quando elas são apertadas.

Nessa brincadeira e com diálogo aberto com seu


parceiro, as chances de você chegar ao orgasmo com
ele são enormes!

Certo, mas e o orgasmo com a penetração? Bom, esse


é o próximo estágio. Depois que vocês exploraram
o seu corpo juntos, vocês já vão saber em quais áreas
você sente mais prazer. Então você pode ir testando
diferentes posições, procurando as que estimulam
mais o seu ponto G. Teste e vá falando para ele quando
você sentir uma coisa diferente e pede para ele
continuar ali.

Depois disso, é a parte onde muitas mulheres travam:


se entregar para o processo! Desistir do controle faz
parte do seu processo do despertar da feminilidade.
Quanto mais você fica pensando que quer chegar
ao orgasmo, mais difícil vai ser. Então simplesmente
se concentre na sensação, feche os olhos, esqueça
um pouco da pessoa que está ali. O orgasmo
é um processo um pouco “egoísta” mesmo. Você precisa
focar no seu interior e não no externo. O orgasmo
acontece primeiro na nossa mente.

251
Talvez não seja na primeira vez que você vai conseguir
chegar ao orgasmo com ele. Mas continuem tentando
e uma hora vai acontecer. Um dia, quando você estiver
bem relaxada, entregue, já conhecendo o seu corpo,
a recompensa vai chegar.

Até lá, aproveite o sexo mesmo se você ainda não


conseguiu chegar ao orgasmo. Va no seu ritmo,
constante, sem desistir, mas sem ansiedade.

PS: Se quiser mais dicas sobre sexualidade, recomendo


a leitura do nosso primeiro livro, o MBC - Mulheres
Boas de Cama. Clique aqui para ler.

252
Capítulo 18
Lixo Emocional - como ele afeta a sua feminilidade
e os seus relacionamentos

253
Muitas coisas precisaram acontecer na minha vida para
eu chegar a esse lugar do resgate do feminino.
Uma das mais importantes foi a descoberta do que
é lixo emocional e de como ele influencia as nossas
vidas.

Nós podemos achar que somos seres racionais, mas


estima-se que a nossa parte racional simbolize,
em média 10% do que somos. Todo o restante seria
a nossa parte instintiva e emocional, que podemos
chamar de parte subconsciente.

Ou seja, somos, por natureza, seres muito mais


emocionais do que racionais. As emoções governam
a nossa vida e a razão descobre uma forma de justificá-las.
Por exemplo, se eu te perguntar: o que fez com que
você se apaixonasse pelo seu parceiro (atual
ou ex)? Você pode responder coisas como: “ele
é carinhoso, bonito e educado.” Então quer dizer que
você se apaixona por qualquer homem que seja
carinhoso, bonito e educado? Claro que não. O que fez
você se apaixonar especificamente por esse homem
foi o seu conteúdo emocional presente na sua mente
subconsciente. Talvez ele seja parecido com o seu pai.
Ou talvez ele seja o personagem perfeito que
se enquadre na definição de príncipe encantado
que você aprendeu na infância. Ou talvez ele preencha
alguma coisa que falta na sua personalidade. A sua
parte racional apenas encontra uma explicação para
isso, e é ela que te faz justificar essa escolha com
os argumentos de que ele é “carinhoso, bonito
e educado”, mas esses não são os motivos reais.

254
Muitas pessoas conseguem ser bem-sucedidas
em todas as áreas da vida, mas parecem ter um bloqueio
na área dos relacionamentos. Ou nunca conseguem
fazer as relações durarem, ou têm o famoso dedo podre,
ou acabam nunca encontrando ninguém interessante.

Vou te contar uma história de uma cliente, que vou


chamar de Marina. Marina me procurou porque estava
com dificuldades nos seus relacionamentos amorosos.
Conversando com ela, pudemos perceber que,
em todos eles, ela sempre era “o homem” da relação.
Algumas vezes desde o começo, outras vezes esse
fenômeno ia acontecendo com o passar dos anos
no relacionamento. Conversei com Marina sobre
a questão do resgate da feminilidade dela e ela tinha
muita rejeição a essa ideia. Sempre que eu falava sobre
isso, ela não conseguia esconder sua frustração. Para
ela, feminilidade era fraqueza. Ela queria ser forte,
queria mostrar que não precisava de ninguém, que
conseguia dar conta de tudo. Ela não conseguia entender
como essa postura estava arruinando a vida amorosa
dela - e a deixando exausta, sem brilho nos olhos
e sem motivação para viver.

Fizemos uma sessão de hipnoterapia para ajudá-la


no resgate do seu feminino, e ali encontramos os motivos
pelos quais era tão difícil para ela a ideia de se reconectar
ao seu feminino. Quando Marina tinha 3 anos, seu pai
saiu de casa e a deixou sozinha com a sua mãe.
Sua mãe era uma mulher de personalidade muito forte,
e também era o “homem” da casa. As brigas se tornaram
tantas, que o pai dela não aguentou mais e decidiu
ir embora. Quando isso aconteceu, a mãe de Marina
teve mais certeza de que ela precisava ser forte

255
e independente, para que ela nunca mais sofresse por
amor e se decepcionasse.

Marina cresceu ouvindo da sua mãe que ela precisava


ser forte, independente, e jamais confiar em homem
nenhum. Vendo as dificuldades da sua mãe, Marina
cresceu com essa ideia implantada na mente
subconsciente de que ela tinha que ser como um
homem, para não depender deles. Quando ela começou
a se relacionar com homens, ela sempre estava
na energia masculina, o que gerava os problemas que
você já entendeu ao longo da leitura deste livro.

Casos como o da Marina são mais comuns do que


gostaríamos de pensar - pessoas que tem tudo para
serem felizes nas suas vidas e nos seus relacionamentos,
mas que possuem um lixo emocional subconsciente
tão grande que simplesmente se tornam reféns dele.

O fato é que estamos biologicamente programados


para gostar daquilo que é familiar pra gente. Marina
estava refém de uma programação mental, criada
e reforçada ao longo de toda a sua vida, que buscava
algo com o qual ela estava acostumada. Por isso ela
continuava recriando o mesmo cenário com homens
iguais, esperando um final diferente. Na sua cabeça,
ela achava que conseguiria mudar esses homens, que
se ela colocasse energia suficiente na relação ela iria
finalmente conseguir ser feliz. Mas nunca iria dar certo.

Marina passou por uma sessão de hipnoterapia comigo,


na qual usamos algumas das ferramentas a que você
vai ter acesso na terapia deste livro, e sua vida mudou.
Como ela não tinha mais a programação subconsciente

256
que a mantinha refém, para ela se tornou muito mais
fácil fazer o seu processo de resgate do feminino.
Ela fez uma sessão de retorno comigo, dois meses
depois, e parecia outra pessoa. Sua energia estava
diferente: mais leve, com mais brilho nos olhos; ela
parecia até mais jovem. Ela me contou que estava
se relacionando com um novo parceiro que era
naturalmente masculino, e ali finalmente ela estava
conseguindo se sentir bem e relaxada no seu papel
feminino.

Eu não fiz a transformação na vida da Marina.


A transformação da Marina se deu pela sua atitude
de assumir a sua vida e pelo poder do seu subconsciente.
Eu só fui uma guia no processo dela, como vou ser
para você durante a terapia que você vai fazer após
terminar a leitura do livro.

Quando falamos em resgate da sua feminilidade,


os seus padrões subconscientes tem uma grande
parcela de influência nessa área. Por exemplo, na sua
primeira infância, as referências de mulheres que você
conheceu e com quem conviveu vão determinar a sua
forma de enxergar o feminino. Se você, por exemplo,
teve uma mãe que tinha energia feminina em excesso
e nada de energia masculina, fazendo com que ela
ficasse desequilibrada e manifestasse comportamentos
de fraqueza e submissão, você pode seguir pelo mesmo
caminho. Ou o contrário: você pode passar a enxergar
o feminino como algo ruim, fraco, de menos valor,
e se tornar o oposto disso, uma pessoa com excesso
de energia masculina porque você não quer ser igual
a sua mãe. Você se torna refém desse lixo emocional
que fica registrado na sua mente subconsciente.

257
Lixo emocional é como uma âncora que nos impede
de seguir adiante. É como se vivêssemos a vida
carregando um grande peso nas nossas costas. Todos
os conflitos emocionais que não conseguimos resolver
dentro da gente viram lixo emocional e, com o passar
do tempo, vão nos trazer prejuízos: emoções mal
resolvidas, traumas, conflitos, etc. Sem falar que, sem
tirar aquele lixo, não sobra espaço para o novo. Não
sobra espaço para colocarmos coisas positivas nas
nossas vidas, pois já estamos cheios de lixo - e nada
de bom quer ficar num ambiente cheio de sujeira.
É preciso tirar o velho para que o novo possa entrar.

A forma mais eficaz que eu conheço para limpeza


de lixo emocional é a hipnoterapia. Eu me apaixonei
por essa ferramenta ao presenciar os milagres que ela
fez na minha vida. Graças a ela eu consegui me livrar
de muitos padrões subconscientes tóxicos que
me impediam de viver uma vida que eu queria viver.

Com ajuda dela, o meu processo de resgate do feminino


se tornou muito mais intenso, porque eu consegui
ir à raiz de vários comportamentos que me mantinham
presa na ideia de que o feminino era algo ruim.
Eu cresci numa casa cujos pais tinham a polaridade
invertida, e muitos conflitos aconteceram por causa
disso. Sem querer, eu percebi que estava repetindo
os mesmos padrões dos meus pais e a hipnoterapia
me ajudou a mudar essa programação e trocar por
outras mais positivas. Eu fiquei tão fascinada com
a simplicidade e eficácia dessa ferramenta, que
me tornei hipnoterapeuta e passei a ajudar outras
pessoas da mesma forma que eu fui ajudada.

258
PS: Se quiser se aprofundar sobre esse tema, recomendo
a leitura do nosso segundo livro, que se chama “Lixo
Emocional”. Clique aqui para ler.

O que é a hipnoterapia

Quando eu falo para as pessoas que trabalho com


hipnose, a maioria delas associam isso aos programas
de televisão onde o hipnotista usava um pêndulo para
hipnotizar as pessoas fazendo-as comerem uma cebola
achando que era uma maçã ou fazendo-as esquecerem
seu nome.

Por causa de programas como esses, elas acreditam


que o hipnólogo tem um domínio sobre a mente, e por
isso acabam sentindo um pouco de medo, além
de possuírem muitas dúvidas.

A terapia que vem neste livro tem como base a hipnose.


Então para que você elimine as suas dúvidas e se sinta
segura para fazer o seu processo terapêutico, eu vou
explicar de forma simples o que é hipnose e como ela
funciona na nossa mente:

Hipnose é um estado natural da mente em que uma


pessoa se mantém altamente focado e concentrado.
Ou seja, se você já ficou concentrada em algo,
já foi hipnotizada. E se você acha que a hipnose
é algo de outro mundo, você está enganada, ela
ocorre diariamente, o tempo todo. Ou seja, você
já foi hipnotizada muitas vezes, quer ver só? Deixa
eu te fazer algumas perguntas:

259
Você já ficou tão concentrada em um filme, série
ou livro que nem viu o tempo passar? Já dirigiu para
algum lugar e quando chegou, não se lembrou do que
aconteceu no caminho ou de como chegou lá porque
sua mente estava em outro lugar? Você entrou numa
conversa muito boa com alguém e quando percebeu
várias horas se passaram?

Então você já foi hipnotizada muitas vezes. A diferença


da hipnoterapia para a hipnose, é que a hipnose
geralmente tem função de entretenimento, enquanto
a hipnoterapia usa a hipnose com função terapêutica.

Para algumas pessoas, somente a terapia guiada que


vem com o livro vai ser suficiente para fazer uma limpeza
emocional muito eficaz. Inclusive, é possível repetir
essa terapia outras vezes, respeitando apenas uma
semana de intervalo para dar um tempo para sua mente
subconsciente se reorganizar.

Mas para outras pessoas, pode não ser o suficiente.


Quando temos feridas profundas, é preciso aprofundar
também no método terapêutico para chegarmos mais
longe.

Se você sente que esse é o seu caso, deixo aqui duas


sugestões:

A primeira delas é você par ticipar o método


de hipnoterapia online RSA (Reprogramação
Subconsciente Avançada) que eu e o Emerson
Viegas, meu parceiro e sócio no @csv.oficial
e no @vocemelhoroficial criamos para ajudar, de forma
bem acessível, pessoas com feridas mais profundas.

260
É um programa online com várias hipnoterapias que
vão te ajudar no seu processo de autoconhecimento
e limpeza de lixo emocional. Para saber mais sobre
a RSA, clique aqui.

A segunda alternativa é você fazer uma sessão


de hipnoterapia presencial, personalizada. Devo reforçar
que nem todo hipnoterapeuta tem a formação
e o conhecimento necessários para te ajudar, é preciso
ser alguém altamente qualificado para que seu processo
seja feito da forma mais rápida e mais eficiente possível.
Como em todas as áreas, existem excelentes
profissionais e outros nem tanto. Por isso, não quero
que você simplesmente procure um hipnoterapeuta
no Google, sem referências, pois sabemos que
o resultado pode não ser o esperado e você vai
se frustrar. Não temos como indicar o trabalho de outras
pessoas. Eu e o Emerson Viegas fazemos atendimentos
presenciais em Florianópolis e, eventualmente,
em outras cidades do Brasil. Nós trabalhamos usando
os métodos mais avançados de hipnoterapia existentes
atualmente, e estamos sempre nos reciclando, fazendo
novas formações no Brasil e no exterior, e trazendo
o que de mais inovador existe no campo da hipnoterapia
atualmente. O processo é realizado em consultório
de forma individual, respeitando a privacidade
e individualidade de cada cliente, de forma ética
e segura. Durante o processo, você fica completamente
consciente do que está acontecendo e se lembrará
de tudo no final da sessão. Nada pode ser feito contra
a sua vontade, por isso o processo terapêutico é sempre
uma parceria entre o hipnoterapeuta e o cliente.

261
Além de ser uma ferramenta excelente para trabalhar
sua autoestima e o resgate da sua feminilidade,
a hipnoterapia é utilizada como ferramenta de auxílio
no tratamento de vários distúrbios e problemas,
acumulando milhares de casos de sucesso por todo
o mundo sendo, inclusive, reconhecida pelo Conselho
Federal de Medicina e de Psicologia do Brasil.
Ela é extremamente eficaz para casos como:

• Depressão;
• Ansiedade;
• Insônia;
• Obesidade;
• TPM muito intensa;
• Baixa autoestima;
• Dificuldade de superar relacionamentos antigos;
• Problemas sexuais (ex: impotência sexual,
dificuldade para chegar ao orgasmo, ejaculação
precoce, etc.);
• Dificuldade de atingir prosperidade financeira;
• Vícios (alcoolismo, tabagismo, vício em jogos,
vício em pornografia, etc.);
• Alergias;
• Estagnação profissional;
• Fobias;
• Dificuldade de sair de relacionamentos abusivos;
• TOC;
• Síndrome do pânico;
• Fibromialgia;

262
• Síndrome de burnout;
• Estresse pós-traumático e traumas em geral;
• Transtornos alimentares (ex: bulimia, anorexia,
vigorexia, etc.);
• Sudorese excessiva;
• Enxaqueca;
• Gagueira;
• Prisão de ventre;
• Síndrome do Intestino Irritável;
• Problemas de infertilidade;
• Asma;
• Hábito de roer unhas;
• Falta de foco/procrastinação;
• Dificuldade de aprendizado;
• Agressividade excessiva;
• Dificuldade para superar luto;
• Timidez excessiva;
• Dificuldade de relacionamento com pessoas;
• Medo de falar em público;
• Medo de dirigir;
• Medo de andar de avião...
• ...e diversos outros problemas que tenham
raiz emocional.

Se você se interessa em fazer uma sessão presencial


conosco, clique aqui. Você será direcionada para uma
ficha com informações sobre a terapia. Preencha seus

263
dados aqui neste link que retornaremos o seu contato
via WhatsApp.

Agora, chegou um momento muito especial deste livro,


que é a hipnoterapia guiada para o despertar da sua
feminilidade. No próximo capítulo, vou explicar
em detalhes como ela vai funcionar.

264
Capítulo 19
Hipnoterapia Guiada para o Despertar
da sua Feminilidade

265
Eu espero que os conteúdos que você aprendeu neste
livro tenham te tocado assim como eles me tocaram,
quando eu entrei em contato com esses conceitos
pela primeira vez. Entender o que é feminilidade
e masculinidade, polaridade sexual, dentre outros,
é essencial para que você comece a sua jornada
de transformação. No entanto, somente entender
a teoria, raramente é suficiente, porque todas nós temos
marcas profundas na nossa mente subconsciente que
nos impedem de mudar, mesmo com força de vontade.

Por isso, eu criei essa hipnoterapia guiada para te ajudar


no resgate da sua feminilidade. Com ajuda dela, você
vai conseguir acessar a sua mente subconsciente
de forma segura e sem sair de casa, para que você
consiga se livrar do seu lixo emocional e consiga eliminar
os bloqueios que estão impedindo sua energia feminina
fluir.

A hipnoterapia guiada que vem com este livro se parece


com uma meditação guiada, mas ela tem outras técnicas
de hipnoterapia avançada que tornam os resultados
dela mais eficazes. Você pode fazê-la sempre que sentir
necessidade - sugiro apenas que respeite o intervalo
de pelo menos uma semana entre uma sessão e outra
para dar tempo para sua mente subconsciente
se organizar.

Para que a hipnoterapia flua da melhor forma possível,


é importante que você não seja interrompida durante
o processo. Então separe um momento em que você
possa ficar sozinha. Sente-se em uma poltrona
confortável (pode fazer deitada também, mas nessa
posição há risco de você dormir, e não é o que queremos;

266
se você dormir, a terapia deixa de fazer efeito pois sua
mente subconsciente se fecha para sugestões externas
durante o sono), coloque fones de ouvido, e simplesmente
siga as instruções do áudio.

Se emoções surgirem durante a terapia, deixe que elas


se manifestem. Você não precisa ter medo das emoções,
apenas se permita senti-las e liberá-las. É um sinal
de que a limpeza emocional está sendo feita.

Durante o processo, você estará totalmente consciente


e alerta, mesmo estando com os olhos fechados.
Estaremos trabalhando na parte da sua mente
subconsciente, mas sua mente racional estará
lá participando, observando, e provavelmente
questionando - tudo bem, isso é o papel dela.

O segredo do sucesso desta terapia está mais em


relaxar e se entregar, do que em querer controlar
o processo (está aí uma boa prática para o seu lado
feminino). Aceite tudo o que a sua mente subconsciente
trouxer - não existe certo ou errado. Se entregue
e confie que o processo está sendo feito.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A TERAPIA GUIADA


PARA O DESPERTAR DA SUA FEMINILIDADE

267
Capítulo 20
Palavras Finais

268
Essa é uma carta da minha sábia interior para a sua
sábia interior. Respire fundo e permita que essas
palavras alcancem seu coração.

Minha irmã de jornada,

Eu quero dizer que “eu te sinto”.

Eu sinto a sua força interna querendo encontrar


um espaço para se manifestar, sinto a sua alegria,
a sua leveza, seu espírito brincalhão, que tem estado
reprimido pelo peso da vida.

Eu sinto a sua frustração por querer ser tudo, e mesmo


assim nunca se sentir boa o bastante, sinto a sua culpa,
o seu medo de deixar a sua natureza selvagem
se manifestar.

Eu sinto também a sábia que mora dentro de você.


A intuitiva. Aquela que enxerga os melhores caminhos.
Aquela que se move seguindo o coração, mesmo que
talvez você esteja um pouco desconectada dela.

Eu quero dizer que eu tenho orgulho de você. Da sua


coragem, da sua força, da sua conexão. Eu tenho
orgulho de você ter chegado até aqui.

Que vida linda, a sua! Muitos desafios, muito crescimento,


muitos prazeres, muita gente especial, momentos
mágicos, sincronicidades.

Hoje, você nem faz ideia dos caminhos e presentes


que a vida ainda vai te oferecer. Sua vida vai ser como
um lindo filme emocionante.

269
A sua grande lição é a leveza. É aprender a confiar no
fluxo. É aprender a seguir o seu coração e ter certeza
de que, enquanto estiver seguindo os chamados dele,
você estará segura. É entender que tudo é possível,
desde que você esteja conectada na sua essência.

Na vida, não existem tantos grandes problemas como


parece: apenas desafios que vieram para te fortalecer
e ensinar. Tudo é aprendizado na Escola da Vida
e, no caminho, você vai se divertindo. Não perca
o espetáculo.

Nunca achei que a vida é monótona. A vida é muito


rica de possibilidades. Cada momento é importante
porque só dura um instante. Tudo conta. A vida
já começou.

Não tenha medo de ser feliz. Viva. Experiencie. Não


se cobre tanto. Não existe destino final. Não existe certo
ou errado. Não existe um lugar ao qual você precisa
chegar.

Não se culpe tanto, você sempre faz o seu melhor com


as condições que você tem.

Fique mais perto da natureza. Você faz parte dela. Tome


mais banhos de rio, de mar, de cachoeira. Converse
com os pássaros. Se conecte com as árvores. A natureza
tem muito a nos ensinar se observarmos com humildade.

Traga mais silêncio para a sua vida. Crie menos


compromissos e libere mais tempo na agenda para
amar, se divertir, gargalhar, tomar sol, beber água,
abraçar amigos... Descanse mais, durma mais, coma

270
melhor. Compartilhe momentos com pessoas que
você ama.

Você não precisa provar nada para ninguém.


Você tem feito demais. A vida é extremamente
simples. Não a complique.

Perdoe-se tanto você quanto os outros. Lembre-se que


ninguém te deve nada.

Felicidade é chegar ao final da vida e morrer com


a sensação de gratidão. Saber que você usou bem
o seu tempo, que viveu os encontros, que ajudou, que
cuidou do planeta, que deixou saudades.

Não deixe que te enganem, aprisionem. ou adestrem


a sua essência. Você é livre. Faça de você a sua melhor
morada.

Você tem uma bússola interna muito forte. Não


se esqueça dela. Você está sempre bem acompanhada.
A vida é um fluxo. Flua. Não resista e se surpreenda
com os presentes que lhe chegarão.

No mais, aproveite cada dia.

A vida é um sopro.

Seja feliz.

271
Para se aprofundar mais

O tema do despertar da feminilidade é um universo


a ser descoberto; a extensão deste tema é tão grande,
que não caberia somente num livro. O que você aprendeu
aqui foi uma introdução a esse novo caminho.

Se você sente que gostaria de se aprofundar mais


no resgate do seu feminino, eu estou montando alguns
grupos de mentoria com mulheres que querem ingressar
nessa jornada.

Serão grupos de poucas mulheres, com as quais


faremos encontros por LIVE algumas vezes por mês
para nos aprofundarmos neste tema e também para
que eu possa fazer estudo de caso pessoal das
participantes, de modo a ajudá-las com seus desafios
pessoais nessa jornada.

Se tiver interesse em fazer parte desse projeto, clique


aqui e deixe seu nome na lista de espera que em breve
retornarei seu contato.

272
Bibliografia

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços


humanos. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:
Zahar, 2004.

BRIZENDINE, Louann. The female brain. Danvers: Harmony Books,


2006.

_________. The male brain. Danvers: Harmony Books, 2010.

DEIDA, David. The Way of The Superior Man. Austin: Plexus, 1997.

ESTÉS, Carissa Pinkola. Mulheres que Correm com Lobos.


Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

GRAY, John. Muito além de Marte e Vênus. Rio de Janeiro: Editora


Bicicleta Amarela, 2018.

GUTMAN, Laura. A maternidade e o encontro com a própria sombra.


Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2009.

JUNG, Carl Gustav. Aspects of the masculine. London: Princeton


University Press, 1989.

PEREL, Esther. Mating in captivity - reconciling the erotic and the


domestic. Harper Collins: 2006.

POPE, Alexandra; WURLITZER, Sjanie Hugo. Wild Power: discover


the magic of your menstrual cycle and awaken the feminine path to
power. London: Hay House, 2017.

WOLF, Naomi. Vagina: uma nova biografia. São Paulo: Geração


Editorial, 2013.

WONDERLY, Morgan. Simply feminine: surprising insights from men.


California: Crescendo Publishing, LLC, 2017.

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