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Material Teórico
História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone
História da pessoa com surdez ao
longo dos tempos
• O Surdo na Antiguidade
• Idade Média
• Idade Moderna
• Idade Contemporânea
Atente-se para a evolução dos fatos, que revelam diferentes concepções presentes nessa trajetória.
Dessa forma, você poderá compreender melhor o momento atual em que vivemos e, ainda mais,
você irá valorizá-lo, pois perceberá que muitas de nossas conquistas atuais estão centradas na
superação de muitos homens e mulheres determinados a intervir em uma sociedade excludente,
para torná-la mais humana e inclusiva.
Nesta unidade, a atividade de aprofundamento a ser realizada será um fórum de discussão.
Participe da discussão, colocando seu ponto de vista de maneira clara e objetiva, favorecendo a
interação e contribuindo para a aprendizagem coletiva.
Na atividade de sistematização do conhecimento, tire proveito da autocorreção. Ela será
importante para apreensão dos conteúdos da disciplina.
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Contextualização
Atualmente a LIBRAS é reconhecida como a segunda língua oficial de nosso país através
da Lei 10.436/02. Os surdos possuem direito a uma educação bilíngue que atenda a suas
especificidades. Porém nem sempre foi assim. Durante séculos de nossa história, os surdos não
tinham direitos como:
• utilizar a língua de sinais;
• frequentar os mesmos locais que os ouvintes;
• casar-se;
• testamento, entre outros.
A história da pessoa com surdez tem sido marcada por grandes lutas e conquistas. Convido
você a assistir um emocionante vídeo que retrata um pouco dessa história e das dificuldades
enfrentadas por muitos surdos.
LINK: http://www.youtube.com/watch?v=XVp6Qh6ZXlo
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História da pessoa com surdez ao longo dos tempos:
um percurso de lutas e conquistas
A partir da oficialização da Lei de LIBRAS 10.436, em 2002, muitos direitos das pessoas
com surdez foram conquistados e consolidados. Hoje os surdos possuem uma língua que é
reconhecida, em todo o território nacional, como a segunda língua oficial de nosso país. O uso
e a difusão da LIBRAS são garantidos legalmente.
Porém não foi sempre assim. Por longos períodos, os surdos foram proibidos de usar a Língua
de Sinais e, em algumas épocas, eram até mesmo mortos; não tinham direito à vida. Para que
você compreenda um pouco dessas lutas e conquistas da comunidade surda, nesta unidade
faremos um breve panorama histórico desse percurso ao longo dos tempos.
O Surdo na Antiguidade
De acordo com Márcia Honora (2009), para os gregos e os
romanos, em linhas gerais, os surdos não eram considerados
humanos, não tinham direito à vida. A surdez era considerada
uma maldição dos deuses e, por isso, muitos surdos eram
lançados em precipícios e outros eram lançados nos rios. Nessa
época, os surdos que não eram mortos viviam miseravelmente
como escravos ou eram abandonados.
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Para o filósofo Aristóteles, nesse período, o sentido mais importante para o desenvolvimento
do pensamento era a audição; assim, os nascidos surdos não poderiam jamais desenvolver o
pensamento, estavam reduzidos ao mesmo patamar que os animais.
De acordo com Éden Veloso e Valdeci Maia (2009), na China, os surdos eram lançados ao
mar ou sacrificados a “Teutates”, por ocasião da festa do Agárico. Nesse período, os surdos
eram vistos como miseráveis, doentes, amaldiçoados e incapazes de desenvolver o pensamento.
Idade Média
Neste período, muitos relatos sobre a pessoa com
surdez foram perdidos, pois muitos surdos ainda estavam
sendo banidos da sociedade. A concepção de que os
surdos eram incapazes e limitados prevalecia.
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Conforme Márcia Honora e Mary Frizanco (2009), na Idade Média, os surdos eram
privados do casamento para não gerarem outros “imperfeitos”. Também não tinham direito à
escolarização, não era permitido que frequentassem os mesmos locais que os ouvintes e, ainda,
não tinham direito ao testamento, pois não possuíam uma língua inteligível. No entanto, nessa
época, os nobres, para não dividirem suas heranças com outras famílias, casavam-se entre si, o
que gerava grande número de surdos entre eles.
Os surdos também não possuíam acesso à religião, pois, por não terem uma língua inteligível
(segundo a sociedade da época), suas almas eram consideradas mortais. A partir da análise desse
contexto, a Igreja iniciou uma tentativa de educar e doutrinar os surdos, conforme o relato a seguir:
Conforme podemos observar através desse relato, uma das primeiras tentativas de educação
dos surdos foi mediada por monges, porém, muitas vezes, a base dessa educação estava centrada
em interesses econômicos e religiosos. Vale ressaltar, ainda, que, embora os monges utilizassem
uma linguagem gestual, seu foco de trabalho era voltado para oralização dos surdos.
Idade Moderna
Neste período, os estudos sobre a pessoa com surdez tornaram-
se mais disponíveis. Muitos estudiosos renomados começaram
a investigar a surdez e traziam diferentes concepções sobre os
surdos. Alguns começaram a apontar a importância da Língua de
Sinais para o desenvolvimento das pessoas com surdez, porém
a maior parte desses estudos ainda trazia a língua oral auditiva
como sendo a única capaz de libertar os surdos de seu isolamento
e possibilitar-lhes uma forma de comunicação. Muitos filósofos,
professores, médicos e pesquisadores da época recomendavam
a imposição da língua oral para a educação e comunicação dos
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surdos, em detrimento da Língua de Sinais.
De acordo com Moura (2000), a primeira alusão à possibilidade de o surdo aprender por
meio da Língua de Sinais ou da língua oral é encontrada em Bartolo della Marca d’Ancona,
escritor e advogado do século XIV.
Neste período, uma importante declaração foi realizada por Girolamo
Cardano (1501-1576), médico e filosofo que reconheceu que a surdez
não era um impedimento para a razão e a instrução. Afirma que “... a
surdez e mudez não é o impedimento para desenvolver a aprendizagem e
que o meio melhor dos surdos aprenderem é através da escrita... e que era
um crime não instruir um surdo”, conforme cita Éden Veloso (2009). Girolamo Cardano (1501-1576)
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O interesse nos estudos direcionados aos surdos,
por parte de Girolamo Cardano, teve início porque seu
primeiro filho nasceu surdo.
Moura (2000) relata que o verdadeiro início da
educação do surdo surgiu com o monge beneditino
Pedro Ponce de León (1520-1584), que se dedicou
a educar e ensinar os sacramentos sagrados a surdos de
famílias nobres. Ele ensinava-os a falar, ler, escrever e
rezar. Alguns aprenderam filosofia natural e astrologia e,
através de suas faculdades intelectuais, demonstravam
que eram capazes de aprender, o que, anteriormente,
Pedro Ponce de León ensinando um aluno
foi negado por Aristóteles. commons.wikimedia.org
León utilizava uma metodologia pautada na escrita, datilologia (alfabeto manual) e oralização.
Inicialmente ensinou dois irmãos surdos de uma importante família aristocrata. Na época, havia
uma grande preocupação em oralizar os surdos, em especial os primogênitos, pois, legalmente,
se estes não aprendessem a falar não teriam direito à herança da família.
Conforme Honora (2009), o padre Juan Pablo Bonet (1579-1623) publicou, em 1620,
em Madrid, o tratado de ensino de surdos chamado: “Redação das Letras e Artes de Ensinar
os Mudos a Falar”. Esse tratado previa a escrita sistematizada do alfabeto como facilitador da
oralização. Bonet acreditava que seria mais fácil para os surdos aprenderem a falar e ler se cada
letra do alfabeto fosse substituída por uma forma visual.
Reducción de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos (Bonet, 1620)
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Porém há relatos de que já havia sido publicada uma representação do alfabeto manual pelo
monge Melchor de Yebra (1526-1586) aproximadamente trinta anos antes da publicação de
Bonet em 1620. É difícil determinar uma época e um nome preciso para a criação do alfabeto
manual, uma vez que, como vimos anteriormente, os monges em clausura na Idade Média já
utilizam uma forma de linguagem gestual que representava as letras do alfabeto para que não
ficassem totalmente incomunicáveis.
Não obstante uma das formas mais antigas do alfabeto manual de que se tem notícia era
bimanual e utilizava as duas mãos para representá-lo. É utilizado, atualmente pelos surdos
no Reino Unido, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e algumas zonas do Canadá. Veja
ilustração a seguir:
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Alfabeto bimanual
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De acordo com Moura (2000), outro importante personagem inglês na história dos surdos foi
John Wallis (1616-1703), seguidor do método de Bonet. Ele trabalhava com um pequeno grupo
de surdos na tentativa de ensiná-los a falar, porém declarou que essa fala se deteriorava, pois o
surdo necessitava constantemente de um retorno externo para monitorá-lo. Após abandonar o
ensino da fala para os surdos, passou a utilizar a Língua de Sinais para ensiná-los e considerou
a língua visual gestual fundamental para o ensino da pessoa com surdez. É muito curioso que,
embora Wallis tenha desistido de ensinar os surdos a falar, ele é considerado o fundador do
oralismo na Inglaterra.
Ainda conforme Moura (2000), um século mais tarde, Thomas Braidwood (1715-1806)
leu o trabalho de Wallis e seguiu sua linha de trabalho, defendendo e divulgando a oralização dos
surdos. Infelizmente Braidwood considerou apenas a fase oralista das pesquisas de Wallis, não
atentando para o fato de que o próprio Wallis, no final de sua vida, desistiu de ensinar os surdos
a falarem, rendendo-se à Língua de Sinais e declarando sua importância no desenvolvimento
da pessoa com surdez.
Braidwood fundou uma escola para surdos em Edimburgo, onde trabalhava com surdos
e outras crianças com problema de fala. Suas técnicas incluíam o uso do alfabeto manual,
pronúncia e leitura orofacial. Essa escola tornou-se referência na correção dos distúrbios da fala
na Europa. Muitas outras escolas foram fundadas com base nas técnicas de Braidwood. Todas
elas eram organizadas e dirigidas por membros de sua família, que mantinham suas técnicas em
segredo, não dividiam seus métodos, pois não queriam dividir o monopólio financeiro adquirido
através de suas técnicas.
Moura (2000) conta-nos que Charles Green foi a primeira criança americana a frequentar a
escola e obter sucesso no desenvolvimento orofacial. Seu pai, Francis Green, ficou tão motivado
com o sucesso do filho que decidiu lutar pela abertura de novas escolas para surdos baseadas
nas técnicas de Braidwood. Obviamente não obteve apoio deste, que não desejava divulgar seu
método nem dividir seus lucros.
Apesar do sucesso obtido no desenvolvimento da fala, quando Charles Green voltou para
os Estados Unidos, sua fala regrediu muito e Green passou a defender a Língua de Sinais e a
criticar as técnicas de Braidwood.
No final da Idade Moderna, um grande nome apareceu: Charles Michel L’Epée (1712 –
1789). Muitos atribuem a ele a criação da Língua de Sinais, porém, como vimos anteriormente,
muitos de seus antecessores já acreditavam e divulgavam a Língua de Sinais como sendo uma
forma real de desenvolvimento para os surdos.
Trocando Ideias
É importante ressaltar que não podemos atribuir uma data ou um nome específico para a criação da
Língua de Sinais, pois ela existe deste que existem surdos, ou seja, desde o início da humanidade.
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Porém, conforme aponta Moura (2000), um dos grandes diferenciais de L’Epée foi ter a
humildade de aprender a Língua de Sinais com os surdos e de considerar o que eles já traziam,
além de reconhecer os sinais como uma língua que podia, efetivamente, expressar conceitos
concretos e abstratos.
Éden Veloso e Valdeci Maia (2009) contam que L’Epée manteve contato com surdos carentes
que perambulavam pela cidade de Paris (nesse período não era permitido o extermínio dos
surdos como na Antiguidade, porém muitos surdos de origem humilde eram abandonados
por suas famílias), procurando aprender sua forma de comunicação e sistematizar seus estudos
sobre a Língua de Sinais.
Seu método combinava os sinais utilizados por seus alunos com a gramática da língua
francesa e foram denominados “Sinais Metódicos”, e utilizados até1830. Moura, em seu livro
O Surdo: caminhos para uma nova identidade, aponta:
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Idade Contemporânea
Você se recorda do Instituto de Surdos-Mudos de Paris fundado por L’Epée? Esse Instituto foi
um marco na história dos surdos e no reconhecimento da Língua de Sinais. Mas, após a morte
de seu fundador L’Epée, o que aconteceu? A Língua de Sinais foi adotada também por outros
professores, médicos e estudiosos? O que você acha? Veremos, agora, o que aconteceu com o
renomado Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris.
Importante
Não se esqueça de que a concepção de surdez da época era diferente da atual e o termo Surdo-Mu-
do, atualmente, não deve ser utilizado, conforme vimos na unidade anterior.
Moura (2000) relata que, em 1790, Abbé Sicard (1742-1822) assumiu a direção do Instituto
Nacional de Surdos-Mudos no lugar de L’Epée. Sicard publicou dois livros: um de gramática
geral e outro com um relato de como ensinou Jean Massieu (surdo).
Jean Massieu tornou-se um renomado professor surdo da época e, após a morte de Sicard,
foi o nome mais indicado para, naturalmente, assumir a direção do Instituto. Porém isso não
aconteceu. Ele foi afastado por Jean-Marc Itard e Baron Joseph Marie de Gérando, que eram
grandes opositores da Língua de Sinais.
Jean-Marc Itard (1775-1838) tornou-se médico residente do Instituto Nacional de Surdos-
Mudos de Paris; buscava entender qual a causa da surdez e constatou que sua origem não era
visível. Assim, realizava experiências com os surdos buscando erradicar a surdez. Muitos de seus
procedimentos eram desumanos e invasivos e, entre eles, podemos citar:
• uso de sanguessugas para perfurar as membranas timpânicas de alunos surdos;
• uso de descargas elétricas nos ouvidos dos surdos;
• perfuração de membrana timpânica (levando um aluno à morte por esse motivo).
Após anos de trabalho e pesquisa, Itard reconheceu que a melhor forma para o ensino dos
surdos era a Língua de Sinais.
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
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Para conhecer mais sobre a Gallaudet University, indico a visita ao site oficial em:
http://www.gallaudet.edu/
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Não podemos deixar de comentar que um dos mais conhecidos defensores do oralismo da
época que foi Alexander Graham Bell (1847-1922), cientista e inventor do telefone. Ele
julgava que a Língua de Sinais era inferior à língua oral e que a surdez era um desvio e, ainda, que
o casamento entre surdos era um perigo para a sociedade, embora sua própria mãe fosse surda.
Éden Veloso (2009) conta que, em 1873, Alexander Graham Bell ministrava aulas de
fisiologia da voz para surdos na Universidade de Boston quando conheceu a surda Mabel
Gardiner Hulbard, com quem se casou em 1877. Mabel era oralizada e não gostava de estar na
presença de outros surdos; para ela os surdos deveriam se passar por ouvintes encaixados no
mundo. Graham Bell criou o telefone em 1876, tentando criar um acessório para surdos.
Honora (2009) também relata um importante acontecimento nesse período: o I Congresso
Internacional de Surdos-Mudos no ano de 1878 em Paris. Nesse evento foi definido que o
melhor método para educar os surdos era a oralização e a utilização de gestos nas séries iniciais.
Porém dois anos mais tarde, em 1880, aconteceu, em Milão, o II Congresso Mundial de Surdos-
Mudos, em que foi promovida uma votação para decidir entre a oralização e a Língua de
Sinais. O questionamento em pauta era saber qual seria o melhor método para a educação
dos surdos. Após a votação, a oralização venceu e a recomendação oficializada foi do oralismo
puro, proibindo-se totalmente o uso de sinais. Honora ainda ressalta que apenas um surdo
esteve presente ao congresso, mas não teve o direito a voto, sendo convidado a se retirar da
sala de votação.
Podemos perceber que esse período foi marcado por lutas e conquistas entre surdos e ouvintes.
Muitos dos estudiosos, professores e médicos da época que defendiam a oralização, após anos
de trabalho, compreenderam que apenas através da Língua de Sinais o surdo poderia sair de
seu isolamento e, realmente, estabelecer um processo comunicativo integral.
Infelizmente, na história das pessoas com surdez não foi dado o protagonismo ou a liberdade
de escolha para os próprios surdos. Podemos perceber que, durante muito tempo, não foi dada
“voz” aos surdos, foi lhes negado o direito de escolha, de decidir sobre sua própria vida.
Vimos um pequeno relato do percurso histórico dos surdos ao longo dos tempos em diferentes
países. Mas ... como foi esse cenário de lutas e conquistas em nosso país? Vejamos, agora, um
pouco da história dos surdos no Brasil.
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
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Para conhecer mais sobre o “Dia Nacional do Surdo”, veja a reportagem realizada pela
NBR Noticias publicada no site a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=gW7rIE3OL1s
Dessa forma nossa Língua de Sinais começou a ser sistematizada, Não se esqueça de que,
conforme vimos anteriormente, a Língua de Sinais sempre existiu; Huet apenas auxiliou a
organização dessa língua através de sua experiência e de importantes documentos trazidos de
Paris. Em 1861, Huet deixou a direção do Instituto por problemas pessoais e foi para o México,
onde fundou uma escola para surdos.
Após a saída de Huet, muitos diretores com diferentes concepções passaram pelo Instituto,
conforme Moura (2000) e Honora (2009). Podemos citar alguns, como:
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Realizava testes de inteligência nos alunos e relacionava os resultados
com a aptidão para a oralização. Após esses testes, os alunos eram
separados de acordo com a seguinte classificação: surdos-mudos
completos, surdos incompletos, semissurdos propriamente ditos e
Dr. Armando Paiva de
1930 semissurdos. Seu objetivo era que as salas de aulas fossem o mais
Lacerda
homogênea possível para facilitar o trabalho de oralização realizado
pelo professor. Nomeou esse método de Pedagogia Emendativa do
Surdo-Mudo. Ele considerava que o trabalho dos professores com
crianças surdas era difícil e ingrato.
Profª Ana Rímoli de Implantou o Curso Normal de Formação de Professores para Surdos.
1951
Faria Dória A metodologia utilizada era o Oralismo.
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Para conhecer melhor o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES – e o trabalho realizado atu-
almente, acesse esta bela reportagem disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=8L0zKJAdRTs
Como você pode perceber, a história das pessoas com surdez foi e ainda continua sendo
marcada por lutas e conquistas. Esta visita à história dos surdos ajuda-nos a entender o momento
atual em que vivemos. Também podemos perceber que muitos mitos associados ao surdo,
que estudamos na unidade anterior, estão alicerçados em sua própria história e também em
concepções equivocadas que, ao longo do tempo, foram construídas.
Durante muitos anos, a educação de surdos foi essencialmente pautada em uma Concepção
Oralista, com foco no treino orofacial e desenvolvimento da fala, proibindo-se o uso de sinais.
O objetivo primordial era a busca da “normalidade” e, infelizmente, muitos professores,
pesquisadores e cientistas acreditaram que apenas a fala poderia conferir o acesso dos surdos à
sociedade. Durante séculos a Língua de Sinais foi considerada inferior à Língua Oral.
Conforme Honora (2009), a concepção oralista em nosso país perdeu força em meados de
1970, com os estudos de Ivete Vasconcelos, educadora surda da Universidade de Gallaudet,
que trouxe para o Brasil a Concepção da Comunicação Total. Nessa abordagem, os sinais,
mímicas, gestos e expressões faciais são permitidos, porém concomitantemente ao uso da
Língua Portuguesa; o objetivo principal ainda era fazer com que o surdo desenvolvesse a fala.
Apenas a partir de 1980, em nosso país, começou a ser pensada uma Concepção Bilíngue de
educação para surdos. Nessa abordagem, a Língua de Sinais passou a ser considerada a língua
materna dos surdos congênitos e seu aprendizado, realizado de forma natural. Saiu de cena o
discurso clínico e o surdo passou a ser visto como diferente. A LIBRAS foi reconhecida como a
segunda língua oficial de nosso país por decreto federal.
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Ser surdo não é apenas uma condição audiológica, mas sim condição de pertencimento a uma
cultura diferenciada; é conceber o mundo através de uma língua visual, que hoje é garantida como
meio legal de comunicação e expressão, denotando ao surdo o pertencimento a uma minoria
linguística que deve ser respeitada e considerada. Para finalizarmos esta unidade, gostaria de
compartilhar com você o seguinte pensamento da professora e neurologista Maria Amim:
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Material Complementar
• Assista à entrevista da Vanessa Vidal, Miss Ceará, surda. Com seu exemplo, ela demonstra
que uma história de superação é construída por cada um de nós, independentemente dos
obstáculos que a vida apresente.
Programa Derrubando Barreiras na rádio Eldorado com Mara Gabrilli:
http://www.youtube.com/watch?v=QBXR6DtvIfI
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Referências
AMIM, Maria. O que significa ser surdo? Conhecendo um pouco do que significa ser surdo
através da discussão do filme “Seu nome é Jonas”. In: Revista virtual de cultura surda e
diversidade. Ed. 5. Ano, 2009. Disponível em: http://www.editora-azul-arara . araral.com.br/
revista/relato.php. Acesso em 06/12/2011
VELOSO, E; MAIA, V. Aprenda LIBRAS com eficiência e rapidez. Curitiba: Ed. MãoSinais,
2012. 6ª edição.
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Anotações
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