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Unidade 3:
Avaliação e formas
de registros
Objetivos
• Conhecer diferentes formas de registros em avaliação;
Pedagogia da escuta
Como temos discutido, é importante questionar o que compreendemos so-
bre avaliar. Se partimos da ideia de avaliação enquanto acompanhamento, a gran-
de questão é: como acompanhamos o que os bebês e as crianças sabem e fazem?
É possível acompanhar escutando, registrando, observando como os bebês e as
crianças com quem convivemos cotidianamente constroem suas aprendizagens,
como se organizam, o que dizem, como aprendem e se relacionam com o mundo.
Isso significa praticar uma pedagogia da escuta (RINALDI, 2012). Uma pe-
dagogia que, a partir da escuta das crianças - não apenas do que elas dizem, mas,
também, dos gestos, dos não ditos, dos silêncios, dos choros e balbucios - reflete so-
bre as suas estratégias e se responsabiliza nos processos de ensino e de aprendizagem.
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Dica de vídeo
Assista ao vídeo Na educação infantil é preciso escutar, produzido pelo Instituto
Alana, que traz uma fala de Severino Antônio sobre a escuta na Educação Infantil.
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Vamos refletir com mais detalhes sobre cada uma dessas ações a seguir.
Escutar
É muito importante refletir sobre o que significa escutar os estudantes com
os quais convivemos cotidianamente, nos questionando: será que nós os ouvimos
sem os escutar? Em quais momentos isso costuma ocorrer? Para olhar e escutar
efetivamente, é necessário exercer uma paciente abertura, uma predisposição e
atenção consciente. Portanto, a observação implica examinar e contemplar com
atenção, para compreender algo melhor ou adquirir uma nova percepção de algo.
E, assim, uma docência que se propõe a observar também se reinventa a partir
do que vive nos encontros com as crianças. Ao encontro de nosso entendimento,
Paulo Freire (1996) argumenta que escutar vai além da possibilidade auditiva de
cada um, pois significa a disponibilidade ao outro.
Dica de leitura
Para complementar seus estudos, leia o artigo Redimensionando a formação de
professores e o fazer docente a partir da pedagogia da escuta (2018), de Niqueli
Streck Machado e Maria Carmen Silveira Barbosa.
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Observar
A finalidade da observação é compreender para poder intervir de modo
adequado, para potencializar os conhecimentos das crianças e acompanhar como
cada estudante atribui sentido às suas experiências de aprendizagens. Nessa pers-
pectiva, a intervenção educativa entendida como escuta e diálogo permanente
com as crianças demanda uma grande flexibilidade docente, que só é possível com
uma observação atenta das crianças. Para observar, é preciso organizar espaços e
tempos, durante as propostas. Ou seja, se compreendemos que ser professor não
se trata de “aplicar” conhecimentos, é necessário planejar tempo para essa obser-
vação. Observar, aqui, significa olhar com calma, olhar mais vezes, permitir que os
estudantes possam ficar entre eles, e o professor os acompanhar, não como alguém
neutro, distante, mas como um adulto que está presente.
Registrar
Existem diversos modos de registro, por exemplo, podemos registrar com
imagens, com escritas, com produções. Registrar, nessa premissa, faz parte do tra-
balho docente, como o planejamento e a avaliação. O registro é um elemento fun-
damental para a escrita da avaliação das aprendizagens dos estudantes. Luciana
Ostetto, estudiosa da educação, sinaliza que o registro diário, compreendido como
espaço privilegiado da escuta de si e de reflexão do professor, “dá apoio e oferece
base para o professor seguir sua jornada junto com as crianças. O registro é um
instrumento do trabalho docente, articulando-se ao planejamento e à avaliação”
(OSTETTO, 2008, p. 13).
• gravação de voz;
• escrita diversas e que contam histórias de crianças e adultos que vivem jun-
tos no cotidiano da escola;
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• objetos bi e tridimensionais;
• vídeos;
• nos Anos Iniciais, uma boa estratégia é a de utilizar, além dos elementos
citados acima, os cadernos das crianças, pois estes revelam suas produções
de registros durante os percursos desde o começo do ano.
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Interpretar/refletir
Após os registros, o professor, atuando como um pesquisador que busca
compreender como seus estudantes estão aprendendo, revisita o material registra-
do. Isso significa organizar as anotações, selecionar as fotografias, recortar vídeos,
refletir sobre os dados obtidos junto ao grupo de crianças. Esse material, inclusive,
pode ser organizado para ser compartilhado com colegas professores, no intuito
de disparar discussões sobre as práticas escolhidas, sendo um elemento de forma-
ção docente.
Escrever/narrar
Neste momento, queremos instigar você a refletir sobre a importância de
escrever, construindo uma narrativa após analisar os registros realizados com e
pelas crianças. Aqui, sublinhamos que os registros realizados ganham vida e for-
ma depois de interpretados e transformados em uma narrativa que conte sobre as
aprendizagens vividas. Por isso mesmo, os registros podem ser feitos tanto pelos
professores como pelos estudantes. Um exemplo disso é perguntar às crianças so-
bre fatos vividos e registrar as suas falas, trazendo esse diálogo para a avaliação
entregue às famílias.
Nessa perspectiva, Lóris Malaguzzi (1999) ressalta que tão importante quan-
to observar, registrar e investigar sobre os processos de conhecimentos das crian-
ças é, posteriormente, saber narrá-los. Isso significa que o modo de contar sobre
as aprendizagens dos estudantes é um elemento fundamental em nossa formação
enquanto professores. A escrita é um exercício cotidiano, e merece destaque na
formação docente. Para isso, é preciso investir nessa prática, escrevendo diaria-
mente sobre nossas propostas, sobre como percebemos as aprendizagens dos estu-
dantes, visando desenvolver uma escrita que contribua com a reflexão sobre como
os estudantes aprendem e, ao mesmo tempo, ajuda a pensar nosso próprio fazer
pedagógico.
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• Não há uma receita para escrever: cada professor possui modos diferentes
de escrever, de narrar as histórias dos estudantes;
• É preciso ter cuidado com as palavras. Como Jorge Larrosa Bondía (2002)
lembra, as palavras que escolhemos produzem sentido e produzem realida-
des, ou seja, as palavras utilizadas para falar sobre as crianças podem trazer
marcas boas e ruins e, nesse sentido, é fundamental pensar, sobretudo, não
apenas no que escrevemos mas em como escrevemos;
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Para pensar
Observe a imagem abaixo. Então, reflita: o modo de avaliar que é representado
comunica os percursos de aprendizagens vividos pelos estudantes?
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Exercício
Após estudar os conteúdos da Unidade 3, exercite seus conhecimentos aces-
sando o Ambiente Virtual.
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Referências
MELLO, Suely Amaral; BARBOSA, Carmem Silveira; FARIA, Ana Lúcia Goulart
de (orgs.). Documentação pedagógica: teoria e prática. São Carlos: Pedro e João
Editores, 2017.
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