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A ABRANGÊNCIA DAS CLAÚSULAS PÉTREAS EXPLICITAS NA CRFB ALÉM

DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E O PODER CONSTITUINTE


DERIVADO REFORMADOR

Haroldo Alves de Lima


Doutorando em Direito Constitucional pela Universidade Veiga de Almeida.

RESUMO: O presente texto busca demonstrar que não existe limitação material das
elencadas cláusulas pétreas à apenas os direitos e garantias individuais, mas que
são contemplados também os direitos coletivos, sociais, políticos e os direitos de
nacionalidade, estando o poder constituinte derivado reformador submetido as
restrições preceituadas no art. 60, §§1º e 4º da Constituição da República Federativa
do Brasil (CRFB).

1. Introdução

Este trabalho tem por objetivo, buscar, de forma sucinta, demonstrar que não

existe limitação material das elencadas cláusulas pétreas à apenas os direitos e

garantias individuais, mas que são contemplados também os direitos coletivos,

sociais, políticos e os direitos de nacionalidade, estando o poder constituinte

derivado reformador submetido as restrições de modificação dos direitos e garantias

individuais preceituadas no art. 60, § 4º da Constituição da República Federativa do


Brasil (CRFB) bem como tais restrições devem ser extensivas, de forma intrínseca,

aos demais direitos acima elencados.

O que queremos considerar com esta exposição é o fato de que os direitos

fundamentais não explícitos no art. 5º da CRFB, mas que de forma implícita são

protegidos pelo caráter pétreo que possuem, e que tais direitos recheiam o texto

constitucional e alcançam a impossibilidade de serem atingidos pelo poder

reformador derivado, haja vista serem direitos que garantem as pessoas, inclusive

de forma coletiva, a proteção de princípios conquistados ao longo da existência da

humanidade e que não podem ser afastados sem também trazerem consequências

aos direitos e garantias individuais por estarem intimamente ligados e dependentes

entre si.

1. CRITÉRIO MATERIAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Conforme GUILHERME PENA DE MORAES1, fazendo o mesmo referência a

Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “o critério material é atrelado ao objeto de tutela

dos direitos fundamentais, desmembrados em direitos individuais, coletivos, sociais,

políticos e à nacionalidade, a vista dos arts. 5º a 14 da CRFB”.

Temos que ao realizar uma interpretação literal do § 4 do art. 60 da CRFB,

estaríamos restringindo a um compartimento estanque os direitos metaindividuais a

apenas um rol taxativo, menosprezando toda uma gama de direitos relacionados a

dignidade da pessoa humana, principio cerne de proteção previsto na nossa

1
MORAES, Guilherme Pena. Curso de Direito Constitucional. Ed. Grupo Editorial Nacional.
São Paulo. 2019. Apud. p. 185
constituição, os quais guardam o mesmo valor de importância e imprescindibilidade

dos outros, como bem destacado por Paulo Bonavides.2.

Para tanto, trazemos os conceitos básicos dos direitos fundamentais que

entendemos serem revestidos pelo manto da cláusula pétrea, citando Guilherme

Peña de Moraes (2008, p. 499 e ss.) que os define da seguinte maneira: “Os direitos

fundamentais são conceituados como direitos subjetivos, assentes no direito

objetivo, positivados no texto constitucional, ou não, com aplicação nas relações das

pessoas com o Estado ou na sociedade”3: De uma forma desmembrada temos que

são os:

 Direitos individuais são os direitos inerentes a esfera jurídica do próprio

individuo, tendo proteção ao seus direitos mais explícitos, como a vida, a

liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade, dentre outros, direitos

indispensáveis a pessoa humana.

 Direitos Coletivos elevam os direitos fundamentais dos homens a um nível de

proteção dentro da classe, categoria ou um grupo, sendo exercidos de forma

coletiva, independentemente da determinação de seus membros.

 Direitos Sociais são os direitos relativos as relações sociais, econômicas,

culturais, necessários a realização da vida em todos os seus sentidos e

potencialidades. O Estado Social de Direito deve garantir as liberdades

2
“A interpretação comprimida e restritiva do sobredito § 4º só é factível, pois, mediante
conceitos jurídicos de aplicação rigorosa que estampam a face de um constitucionalismo
desde muito abalado e controvertido em suas fronteiras materiais, bem como nas antigas
bases de sustentação da legitimidade, seria, por consequência, um constitucionalismo
inconformado com o advento de novos direitos que penetram na consciência jurídica de
nosso tempo e nos impõe outorga-lhes o mesmo grau de reconhecimento, em termos de
aplicabilidade, já conferido aos que formam o tecido das construções subjetivas onde se
teve sempre por metas estruturar a normatividade constitucional dos direitos e garantias
individuais.” (BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 14. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004, p. 597).
3
MORAES, Guilherme Peña de. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2008
positivas aos indivíduos. Esses direitos são referentes à educação, saúde,

trabalho, previdência social, lazer, segurança, proteção à maternidade e à

infância e assistência aos desamparados. Sua finalidade é a melhoria das

condições de vida dos menos favorecidos, concretizando assim, a igualdade

social

 Direitos Políticos permitem ao homem que esse participe, como cidadão, da

vida política de sua sociedade, da organização governamental e

administrativa do Estado em que vive, possibilitando assim a existência da

democracia e a sua plenitude.

 Direitos à Nacionalidade traz em seu cerne a possibilidade do homem de

titularizar o vinculo jurídico-político com determinado Estado, podendo assim

ser considerado como integrante da população e ser titular de todos os

direitos e deveres instituídos no regime jurídico existente.

2. EXTENSÃO DAS CLAÚSULAS PÉTREAS A TODOS OS DIREITOS


FUNDAMENTAIS ALÉM DOS INDIVIDUAIS.

Ingo Wolfgang Sarlet 4 (2003, p. 363-364) trata sobre a consideração dos

direitos sociais e demais direitos fundamentais perquirindo uma análise mais

4
Já no tocante à previsão constitucional de que os direitos fundamentais são limites
materiais à reforma constitucional, muito embora o texto do artigo 60, parágrafo 4º, IV
mencione os direitos individuais e coletivos, igualmente (e no nosso sentir com razão)
acabou prevalecendo — ao menos por ora e a despeito de diversas posições em sentido
contrário, em especial no plano doutrinário — uma exegese extensiva, no sentido de que
todos os direitos fundamentais são cláusulas pétreas, isso mediante uma leitura teleológica
e sistemática e que busca evitar um casuísmo inevitável pautado pelo entendimento de que
apenas determinados direitos possam limitar o poder de reforma, tendo em conta a sua
natureza e conteúdo material. Mesmo o STF por ora, pelo menos após a promulgação da
CF, não afastou a condição de cláusula pétrea em relação a algum direito fundamental, seja
civil e político, seja social, sem deixar de corretamente reconhecer que tal qualidade não
afirma o caráter absoluta, ou seja, imune a limites e restrições, dos direitos fundamentais,
mas, sim, lhes outorga uma proteção reforçada que blinda o seu núcleo essencial.
complexa da compreensão da proteção aos direitos fundamentais assegurada como

cláusulas pétreas estendendo-as para além dos direitos e garantias individuais:5

“Dentre os diversos aspectos a serem destacados, assume


relevo, por exemplo, a própria terminologia empregada pelo
Constituinte no art 60, § 4o , inc. IV, suscitando dúvidas até
mesmo no que diz com a abrangência da proteção outorgada.
Assim, indaga-se, por exemplo, se além dos direitos e
garantias individuais (art. 5o da CF) também os demais direitos
fundamentais (coletivos, políticos e sociais) podem ser
considerados ‘cláusula pétrea’. Para além disso, controverte-se
a respeito do alcance da proteção, já que discutível se esta
apenas objetiva inviabilizar uma erosão dos direitos
fundamentais, ou se os torna imunes contra qualquer tipo de
restrição, resultando numa virtual intangibilidade. Também não
há como desconsiderar a necessidade de traçar uma distinção
entre os direitos fundamentais enunciados em normas de
eficácia plena e limitada, assim como a diversidade das
funções precípuas exercidas pelos direitos fundamentais
(direitos de defesa ou direitos a prestações)”

“No que tange à inclusão dos direitos sociais no elenco das cláusulas pétreas,

destaque-se a ADI n. 1946/DF47, na qual o STF interpretou o art. 14 da EC n. 20/98

em conformidade à Constituição com o fito de excluir a licença à gestante do teto de

benefícios previdenciários por ele instituído. Asseverou o Supremo, com precisão,

que a inclusão da licença à gestante no teto implicaria discriminação da mulher no

mercado de trabalho (em violação ao art. 7º, XXX, CF/1988), visto que o empregador

dificilmente contraria mulheres para funções cuja remuneração superasse o teto,

pois no período de gozo da licença teria que pagar a diferença entre os valores da

remuneração integral e do teto. Ainda que tenha aludido ao princípio da não-

discriminação entre homens e mulheres no mercado de trabalho, parece claro que o

STF afastou interpretação de dispositivo de emenda constitucional que atingia o

núcleo essencial do direito à licença à gestante, o qual, desde há muito, é

5
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 3 ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2003.
considerado um benefício previdenciário, e, por conseguinte, um direito social. Tão

importante quanto o que se acabou de expor foi a circunstância de o STF não haver

embasado a invalidação da referida exegese na simples supressão de direito inserto

no art. 7º, mas na imprescindibilidade da manutenção da licença-maternidade para a

preservação da vedação à discriminação de trabalhadores em virtude do sexo, a

qual, evidentemente, se consubstancia em condição necessária ao tratamento de

homens e mulheres com igual consideração e respeito. Resta nítido, portanto, que o

STF não atribuiu a condição de cláusula pétrea pela sua formal positivação no título

II da Constituição (alusivo aos direitos e garantias fundamentais), mas pelo seu

conteúdo, ou mais precisamente, pelas repercussões deletérias da sua revogação

para a proteção de direito materialmente fundamental. Do exposto, afigura-se lícito

concluir que, embora o STF não tenha afirmado, explicitamente, que os direitos

sociais são cláusulas pétreas, o acórdão em exame sugere que o órgão de cúpula

do Judiciário brasileiro, para dizer o mínimo, simpatiza com a respectiva tese.”6

Corroborando em sentido igual Leivas 7 , nos traz que o próprio texto

constitucional reforça a tese de que os direitos sociais são direitos fundamentais,

posto que a Constituição Federal de 1988, “inclui o Capítulo II – Dos Direitos

Sociais – no Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais.” E acrescenta

que,

“de qualquer modo, o § 1º do art. 5º não se restringe aos


direitos que a Constituição intitula de ‘Dos Direitos e
Deveres Individuais e Coletivos’, listados no art. 5º, mas
aos ‘direitos e garantias fundamentais’, o que remete ao
6
BRANDÃO, Rodrigo. São os direitos sociais cláusulas pétreas? em que medida?
REMPF: 2010. Disponivel em: http://www.prrj.mpf.mp.br/custoslegis/revista_2010/2010
7
LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo. Teoria dos direitos fundamentais sociais. Porto
Alegre: Sergio Fabris, 2006.
Título II, no qual estão incluídos os direitos sociais
(Capítulo II), os direitos referentes à nacionalidade
(Capítulo III), os direitos políticos (Capítulo IV) e os
direitos relacionados aos partidos políticos (Capítulo V).”

Segundo observa Ingo Wolfgang Sarlet:

“A dignidade humana não contém apenas uma declaração


de conteúdo ético e moral (que ela, em última análise, não
deixa de ter), mas que constitui norma jurídico-positiva com
status constitucional e, como tal, dotada de eficácia,
transformando-se de tal sorte, para além da dimensão ética
já apontada, em valor jurídico fundamental da comunidade.
Importa considerar, neste contexto, que, na qualidade de
princípio fundamental, a dignidade da pessoa humana
constitui valor-guia não apenas dos direitos fundamentais,
mas de toda a ordem constitucional, razão pela qual se
justifica plenamente sua caracterização como princípio
constitucional de maior hierarquia axiológico-valorativa”.8

Conforme Goddard, a dignidade da pessoa humana não pode ser dissociada

dos direitos que convalidam a possibilidade de sua existência, e com isso, temos

que os direitos sociais, os direitos políticos, os direitos e garantiam individuais, os

direitos à nacionalidade e por fim os direitos coletivos são necessários a vida da

pessoa e a sobrevivência da própria sociedade em que ela faz parte e se deixarmos

de considerar que tais direitos merecem toda a proteção constitucional ao mesmo

nível da proteção dada aos direitos e as garantias individuais, estaríamos

considerando que, em suma, esses não são importantes e se assim forem

considerados estaríamos decretando a morte da democracia e do estado de bem

estar social em que vivemos.9

8
A eficácia dos Direitos Fundamentais, 2005, p. 221-222
9
Goddard, Jorge Addame. Naturaleza, Persona y Derechos Humanos In: Cuadernos
Constitucionales México-Centroamérica n° 21, 1996, p. 150-154: Do ponto de vista jurídico,
a dignidade da pessoa fundamenta a grande diferença de tratamento entre as pessoas e as
coisas. As coisas (qualquer ser corpóreo, incluindo seres vivos), como não têm domínio de
si, podem ser objeto do domínio de outros e podem ser, em conseqüência, objeto dos atos
jurídicos: podem ser comprados e vendidos, arrendados, cedidos, doados, etc; ao contrário,
as pessoas não podem ser objeto de domínio nem podem ser objeto de um ato jurídico. Por
3. LIMITES DO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR EM PROPOR
EMENDAS QUE MODIFIQUEM TEXTO CONSTITUCIONAL ATINENTES
AS CLÁUSULAS PÉTREAS

A limitação, nas palavras de Guilherme Peña de Moraes “denota que o

poder constituinte derivado reformador é submetido às restrições preceituadas no

art. 60 §§ 1º e 4º, da CRFB, divididas em limitações temporais, circunstanciais e

materiais.10

Segundo o mesmo autor temos que11 :

 As limitações temporais impedem a reforma constitucional durante

certo intervalo de tempo;

 As limitações circunstanciais impossibilitam a reforma constitucional

durante determinadas circunstancias excepcionais; e

 As limitações matérias, também denominadas de cláusulas pétreas

inibem reforma constitucional sobre determinados matérias, razão pela

qual a emenda e revisão não podem recair sobre o “cerne imodificável

da Constituição”, compreendendo proibições explicitas e implícitas

Uma interpretação literal, estreita e restritiva protegendo-se somente os

direitos individuais, acolhendo somente os direitos liberais, desprezando-se a

própria jornada evolutiva dos direitos fundamentais , estaria por colocar óbice na

afirmação que os objetivos do Estado somente serão alcançados com respeito

isso se diz que a pessoa é inalienável [...] É uma dignidade que todos possuem pelo simples
fato de terem a natureza humana, independentemente de qual seja o grau de
desenvolvimento ou de perfeição de cada pessoa em particular. A têm os homens a mesma
que as mulheres, as crianças a mesma que os adultos, o estrangeiro igual à dos nacionais
[...] em suma, a tem qualquer ser humano, porque seja qual for o seu desenvolvimento ou
grau de perfeição, é um ser corpóreo de natureza racional ou, como se tem preferido dizer,
é um espírito encarnado" [tradução livre].
10
Curso de Direito Constitucional. p.55
11
Curso de Direito Constitucional. p.55
ao vasto plexo de direitos fundamentais, todos imprescindíveis à plena realização

da pessoa humana e consecução do ideário humano.12

Nessa esteira, Manoel Gonçalves Ferreira Filho 13 , brilhantemente ilustra

posição que firmamos compartilhar, que as cláusulas pétreas não são reduzidas

somente ao rol dos direitos individuais, mas de forma extensivo a todo o rol de

direitos coletivos e sociais, políticos e os de nacionalidade, não sendo assim

permitido ao poder constituinte reformador tentar por meio de Emenda

Constitucional, alterar ou restringir de forma não razoável os direitos fundamentais,

não podendo assim deliberações que contrarie tais princípios imutáveis, posição

essa firmada também pelo Excelsiu Supremo Tribunal Federal (STF).

Luís Pinto Ferreira nos explica que, in verbis:

“A reforma é qualquer alteração do texto constitucional, é o


caso genérico, de que são subtipos a emenda e a revisão. A
emenda é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o
legislador constituinte não considerou tão grande como outros
mais valiosos, se bem que submetida a obstáculos e
formalidades mais difíceis que os exigidos para as alterações
das leis ordinárias. Já a revisão seria uma alteração anexável,
exigindo formalidades e processos mais lentos e dificultados
que a emenda, a fim de garantir uma suprema estabilidade do
texto constitucional”.14

A garantia de determinados conteúdos da Constituição por meio da previsão

das cláusulas pétreas assume, desde logo, uma dúplice função, já que protege os

conteúdos que compõem a identidade e a estrutura essenciais da Constituição, mas

12
PUCCINELLI JUNIOR, André. Curso de Direito Constitucional. 5ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2015. p. 262
13
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do Processo Legislativo. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 1995, p. 286
14
PINTO FERREIRA, Luís. Da Constituição, 1956, p.100-101.
também os princípios neles constituídos, não podendo estes ser esvaziados por uma

reforma constitucional.15

José Joaquim Gomes Canotilho16 assevera que, in verbis:

“às vezes as constituições não contém quaisquer preceitos


limitativos do poder de revisão, mas entende-se que há limites
não articulados ou tácitos, vinculativos do poder de revisão.
Esses limites podem ainda desdobrar-se em limites textuais
implícitos, deduzidos do próprio texto constitucional, e limites
tácitos imanentes numa ordem de valores pré-positiva,
vinculativa da ordem constitucional concreta”. 18

Notadamente, concluímos que todos os direitos fundamentais, incluindo os

aqui neste trabalho elencados, mesmo que não se encontrem expressamente

colocados como clausulas pétreas, encontram-se protegidos por tal carapaça.

Entendimento esse firme do STF e de grande parte da doutrina, não estando assim

os mesmos, ao alcance do poder constituinte reformador de provocar deliberações

para a sua extinção ou modificação.

CONCLUSÃO

Após tentar, de forma sucinta, trazer a baila o debate sobre serem ou não os

direitos fundamentais, nesses embarcados, além dos direitos e garantias individuais,

também os direitos coletivos, sociais, políticos e os inerentes à nacionalidade,

podemos com toda certeza posiciona-los como cláusula pétreas, concluindo tal

assertiva juntamente com a posição adotada pelo nosso STF e pela grande maioria

da doutrina dominante.

15
MIRANDA, JORGE. Manual de Direito Constitucional, vol II, 1988, p. 155.
16
José Joaquim Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, [19 _
_], p. 1135.
Dessa forma, temos que o poder constituinte reformador, deve trabalhar

dentro de seus limites impostos pelo próprio texto constitucional e pelos valores do

principio da dignidade humana, enraizado na nossa constituição, que buscar trazer

proteção a todas as pessoas, não só de forma individualizada mas de forma também

coletiva e de toda a carga de direitos que derivam uns dos outros e que sem isso

não seria possível manter uma sociedade democrática como a que buscamos com

tanto afinco, não podendo assim apenas tratar como cláusulas pétreas o rol taxativo

de direitos individuais, mas de forma intrínseca todos os direitos que personalizam a

alma da nossa sociedade.

REFERENCIAS:

MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. Ed. Grupo


Editorial Nacional. São Paulo. 2019. Apud. p. 23

________.Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.

SARLET , Ingo Wolfgang . Os direitos fundamentais aos 30 anos da Constituição


— do entusiasmo à frustração?.Conjur. 2018. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2018-out-12/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-
aos-30-anos-constituicao-federal#author

________.A eficácia dos direitos fundamentais. 3 ed. Porto Alegre: Livraria do


Advogado, 2003.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 14. ed. São Paulo:


Malheiros, 2004, p. 597

BRANDÃO, Rodrigo. São os direitos sociais cláusulas pétreas? em que


medida? REMPF: 2010. Disponivel em:
http://www.prrj.mpf.mp.br/custoslegis/revista_2010/2010.

LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo. Teoria dos direitos fundamentais sociais. Porto
Alegre: Sergio Fabris, 2006.

GODDARD, Jorge Addame. Naturaleza, Persona y Derechos Humanos.


Cuadernos Constitucionales México-Centroamérica n° 21, 1.ed., Instituto de
Investigaciones Juridicas, Universidad Nacional Autónoma de México, 1996
PUCCINELLI JUNIOR, André. Curso de Direito Constitucional. 5ª ed. São Paulo.
Saraiva: 2015.

MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Coimbra: Coimbra, vol II,


1988.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do Processo Legislativo. 3ª ed. São Paulo:


Saraiva, 1995.

PINTO FERREIRA, Luís. Da constituição, 2. ed. Rio de Janeiro: José Konfino, 1956

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. 5. ed. Coimbra:


Almedina, 19[_ _].

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