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RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA DO BRASIL

MINISTÉRIO DE FORMAÇÃO

APOSTILA 2
' MÓDULO BÁSICO

CARISMAS
COMISSÃO N A C I O N A L D E FORMAÇÃO D A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA

ATUALIZADA

RCCBRASIL
Kcmwacão Carismática CaUlica
C o p y r i g h t © Escritório A d m i n i s t r a t i v o da R C C B R A S I L - 2 0 1 3

A r t e e capa | / *I GÍjf

Priscila L. G. F. C a r v a l h o

Diagramação

Priscila L. G. R C a r v a l h o e Renata Fabian

Revisão desta edição:

Comissão N a c i o n a l d e Formação da Renovação Carismática Católica

RCCBRASIL
Renovação Carismática Católica

CIP. Brasil. Catalogação na Fonte


BIBLIOTECA NACIONAL - FUNDAÇÃO MIGUEL DE CERVANTES

ISBN: 978-85-62740-65-7 CDU:2

ISBN:CDU:2
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IMPRESSO N O BRASIL

P r i n t e d in Brazil
SUMÁRIO

Capítulo 1. CARISMAS
1. I N T R O D U Ç Ã O 11

a. D o n s infusos 11
b. D o n s e í l i s o s 12

2. C O N C E I T O 12
3. N A T U R E Z A E F I N A L I D A D E D O S C A R I S M A S 12

4. Q U A N D O U T I L I Z A R OS C A R I S M A S 13 =

5. O S D O N S E F U S O S E A C A R I D A D E 14

6. O S C A R I S M A S D E V E M S E R P E D I D O S C O M F É E E X E R C I D O S N A H U M I L D A D E 14

a. H u m i l d a d e 15
b. H a r m o n i a 15
c. O r d e m 15
7. P A L A V R A D A I G R E J A 15

8. C O N C L U S Ã O 16
9. P R O P O S T A D E D I N Â M I C A 16

Capítulo 2. D O M D E L Í N G U A S
1. I N T R O D U Ç Ã O 17

2. C O N C E I T O 17 -
3. F I N A L I D A D E S D O D O M D E L Í N G U A S 18

4. T I P O S D E O R A Ç Ã O E M L Í N G U A S 18

a. Glossolalia 19
b. Xenoglossia 19 - , ,
5. A I M P O R T Â N C I A D O D O M D E L Í N G U A S 19

6. C O M O R E C E B E R O D O M D E L Í N G U A S 20

7. C O N C L U S Ã O 20

8. P R O P O S T A D E D I N Â M I C A 20

Capítulo 3. D O M D A PROFECIA E D O M D E I N T E R P R E T A Ç Ã O D A S
LÍNGUAS
1. I N T R O D U Ç Ã O 21

2. D O M D A P R O F E C I A ; 21
2.1. Conceito 21
2.2. O e x e r c í c i o do d o m da profecia 22
2 . 2 . 1 . A acolhida da profecia 22
2.2.2. O c i c l o c a r i s m á t i c o 23
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^.

2.3. T i p o s de profecias 24

3. O D O M D E I N T E R P R E T A Ç Ã O D A S L Í N G U A S 25

3 . 1 . O e x e r c í c i o de i n t e r p r e t a ç ã o das l í n g u a s 25

4. P R O F E C I A E O B E D I Ê N C I A 26
5. C O N C L U S Ã O 26
6. P R O P O S T A D E D I N Â M I C A 26

Capítulo 4. DISCERNIMENTO DOS E S P Í R I T O S


1. I N T R O D U Ç Ã O 27

2. C O N C E I T O 27
3. T I P O S D E D I S C E R N I M E N T O 27
a. R e f l e x i v o 27

b. D o u t r i n a l 27

c. C a r i s m á t i c o 28

4. U T I L I D A D E D O D I S C E R N I M E N T O C A R I S M Á T I C O 28
5. D O M D O D I S C E R N I M E N T O N A V I D A D E JESUS 28

6. D I N Â M I C A D A M A N I F E S T A Ç Ã O D O D I S C E R N I M E N T O C A R I S M Á T I C O 28

7. C O N C L U S Ã O 29
8. P R O P O S T A D A D I N Â M I C A 29

Capítulo 5. P A L A V R A DE C I Ê N C I A
1. I N T R O D U Ç Ã O 31

2. C O N C E I T O 31
3. O E X E R C Í C I O D O D O M D A C I Ê N C I A 32
4. U T I L I D A D E D O D O M D A C I Ê N C I A 32
5. F U N D A M E N T O S B Í B L I C O S D O D O M D A C I Ê N C I A 32

6. A I M P O R T Â N C I A D O T E S T E M U N H O 33

7. C O M O R E Z A R P O R P R O B L E M A S D E S C O N H E C I D O S 33

8. A U X I L I A R E S D O D O M D A C I Ê N C I A 33

9. C O N C L U S Ã O 33
10. P R O P O S T A D E D I N Â M I C A 33

Capítulo 6. P A L A V R A D E SABEDORIA
1. I N T R O D U Ç Ã O 35

2. C O N C E I T O 35
3. A U T I L I D A D E D O D O M D A S A B E D O R I A 35
4. A P A L A V R A D E S A B E D O R I A N A E S C R I T U R A 35
5. O E X E R C Í C I O D O D O M D A S A B E D O R I A 36

6. C O N C L U S Ã O 36
7. P R O P O S T A D E D I N Â M I C A 36

Capítulo 7. C A R I S M A D A F É
1. I N T R O D U Ç Ã O 37
2. C O N C E I T O 37

a. F é teologal 37
b. F é v i r t u d e 37

c. O d o m c a r i s m á t i c o da fé 38
3. O D O M D A F É N A P A L A V R A D E D E U S 38

4. C O N C L U S Ã O 38
5. P R O P O S T A D E D I N Â M I C A 39

6
\
R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

Capítulo 8. D O M D E C U R A E D O M DE M I L A G R E S
1. D O M D E C U R A 41

1.1. i n t r o d u ç ã o 41

1.2. A s enfermidades e a cura 41


1.3. C o n c e i t o de s a ú d e x d o e n ç a 41
1.4. O e x e r c í c i o do d o m de cura 42

1.5. Deus quer o h o m e m s a u d á v e l 42

1.6. D o m de cura e sofrimento humano 42

1.7. E n f e m i i d a d e s no A n t i g o Testamento 43

1.8. O N o v o Testamento; Jesus e os enfermos 43


1.9. A Igreja e o poder de curar d o e n ç a s 43

2. D O M D E M I L A G R E S 44

2.1. Introdução 44

2.2. C o n c e i t o 44

2.3. D i f e r e n ç a entre o D o m de Cura e o D o m de M i l a g r e s 44


2.4. E quando as curas n ã o acontecem? 45
2.5. A o r a ç ã o de cura 45

2.6. A o r a ç ã o de cura interior no g r u p o de o r a ç ã o 46


2.7. A o r a ç ã o de cura física no grupo de o r a ç ã o 46
2.8. M o t i v o s que i m p e d e m o u d i f i c u l t a m a cura 47

3. C O N C L U S Ã O 48
4. P R O P O S T A D E D I N Â M I C A 48

BIBLIOGRAFIA 49
]
.^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

APRESENTAÇÃO

N a apostila número I d o Módulo Básico v i m o s s o b r e a I d e n t i d a d e da Renovação


Carismática Católica. -

Esta apostila q u e r r e f l e t i r e a p r o f u n d a r o e s t u d o dos C a r i s m a s , pois nossos G r u -


pos de O r a ç ã o d e v e m ser cheios d o Espírito Santo e m a n i f e s t a r os C a r i s m a s , sinais
claros de q u e Jesus r e s s u s c i t o u e está v i v o e n t r e nós!

O s p o n t o s f o r t e s d o e n c o n t r o s o b r e os C a r i s m a s d e v e m ser a oração, o exercí-


c i o d o s carismas e a p a r t i l h a .

O o b j e t i v o p r i n c i p a l é revitalizar a experiência d e vida carismática e c o n v e n c e r


os líderes da necessidade d e c o n h e c e r e usar b e m os carismas nos G r u p o s d e O r a ç ã o ,
n o a c o m p a n h a m e n t o das necessidades d o s irmãos e n o dia-a-dia da caminhada da
Renovação Carismática Católica. " A r e s p e i t o dos d o n s espirituais, irmãos, não q u e r o
q u e vivais na ignorância" ( I C o r 12, I ) .

H á necessidade de u m c o n t i n u o r e a b a s t e c i m e n t o : " O t r a b a l h o apostólico de


o r a r , d e levar c u r a , de levar libertação, consolação às pessoas, e arrancá-las d o pecado,
d o s vícios, das garras d o maligno, vai f a z e n d o c o m q u e (...) c o m e c e m o s a ficar secos,
p o r q u e v a m o s n o s gastando. O próprio c o n t a t o c o m o m u n d o vai nos t o r n a n d o ári-
d o s . Por isso é q u e a graça da efusão d o Espírito Santo não é u m a bênção q u e a c o n -
t e c e de u m a vez p o r t o d a s . A g r a n d e graça é que p o d e m o s e d e v e m o s c o n t i n u a m e n t e
ser batizados na efusão d o Espírito S a n t o " ' .

A e s p i r i t u a l i d a d e deste e n c o n t r o é dada p e l o t e x t o : " E s t e n d e i a vossa mão para


q u e se realizem curas, milagres e prodígios p e l o n o m e de Jesus, v o s s o s a n t o s e r v o ! Mal
acabavam d e rezar, t r e m e u o lugar o n d e estavam r e u n i d o s . E t o d o s ficaram cheios d o
Espírito Santo e a n u n c i a r a m c o m i n t r e p i d e z a palavra d e D e u s " ( A t 4 , 3 0 - 3 1 ) .

A p r o p o s t a para os G r u p o s de O r a ç ã o e para a vida de seus p a r t i c i p a n t e s é


r e t o r n a r a experiência inicial d o d e r r a m a m e n t o d o Espírito Santo e seus carismas.

' ABIB,Jonas -Aspirai aos Dons Espirituais - Ed. Loyola - 4° Edição, 1998,
pg. 16-17.

9
,^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

CAPITULO 1 ' : '

CARISMAS
A respeito dos dons espirituais,irmãos,não quero que vivais na ignorância. Há diversidade de dons, , . . j ^ q-iv^n síf-r- '
mos um só Espírito. A cada um é dada a manifestação do Espírrto para proveito comum. A um é dada pelo ~' "
Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé,
pelo mesmo Espirito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom dos milagres;
a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade das línguas; a outro, por fim, a .-j g
interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como
lhe apraz (ICor 12,1.4.7-11).

1. INTRODUÇÃO

O s carismas e r a m c o m u n s n o início da Igreja. Igreja, além de s e r e m f u n d a m e n t a d o s b i b l i c a m e n t e .


Basta l e r os A t o s d o s apóstolos e as cartas de São Esses d o n s de adoração c o n t e m p l a t i v a da fé cristã
Paulo. D e p o i s p o r alguns séculos eles se m a n t i v e r a m e as dádivas de serviço a n i m a m a vida de santida-
r e s t r i t o s aos g r a n d e s santos. A s s i m , pensava-se q u e de. " T o d o s os carismas t r a z e m nova d o c i l i d a d e a o
os carismas e r a m para alguns h o m e n s e m u l h e r e s Espírito, a fé esperançosa na salvadora intervenção
r e c o n h e c i d a m e n t e santos, místicos e p e n i t e n t e s . de D e u s nas questões humanas, a c e n t u a d o z e l o p e l o
Evangelho e o r e s p e i t o pela a u t o r i d a d e da l g r e j a " ^
O s carismas, p o r t a n t o , não são novidades t r a -
zidas pela Renovação Carismática Católica, a não N e s s e s e n t i d o , é necessário a f i r m a r a atualida-
ser n o a s p e c t o d o seu exercício n o s t e m p o s a t u - de d o s carismas e promovê-los c o m o realidades n e -
ais. O s G r u p o s de O r a ç ã o t o r n a r a m possível a sua cessárias à evangelização e a o c r e s c i m e n t o pessoal
manifestação e m m a i o r intensidade, p e r c e b e n d o sua de cada cristão. " A vida batizada n o Espírito é mar-
qualidade de " D o m " para t o d o s os q u e c r e r e m , c o n - cada p o r u m a experiência de união dinâmica c o m
sequência n o r m a l d o Batismo n o Espírito Santo. "Se D e u s e também p o r u m a experiência de carismas
vós, pois, s e n d o maus, sabeis d a r boas coisas a vossos d o a d o s p e l o Espírito Santo"''.
filhos, q u a n t o mais vosso Pai celestial dará o Espírito
São P e d r o aviva a esperança: "Pois a p r o m e s -
Santo aos q u e l h o p e d i r e m " (Lc 11,13).
sa é para vós, para os vossos filhos e para t o d o s
Foi o d o c u m e n t o c o n c i l i a r Lúmen G e n t i u m - os q u e o u v i r e m de longe o apelo d o S e n h o r nosso
L G q u e traçou as p r i m e i r a s d i r e t r i z e s s o b r e caris- D e u s " ( A t 2,39). A p r o m e s s a é, p o r t a n t o , para t o -
mas para os t e m p o s atuais: i dos os t e m p o s . O exercício d o s carismas é t a n t o
mais necessário p o r causa das dificuldades d o t e m p o
"... O Espírito habita na Igreja e n o s corações
p r e s e n t e , m a r c a d o pela indiferença religiosa e p e l o
d o s fiéis (...) dirigi-a m e d i a n t e os d i v e r s o s d o n s h i e -
a b a n d o n o d o s valores espirituais e m o r a i s d o c r i s -
rárquicos e carismáticos. (...) N ã o é apenas através
t i a n i s m o ; esse t e m p o c o b r a não só u m t e s t e m u n h o
d o s s a c r a m e n t o s e d o s ministérios q u e o Espírito
autêntico d o s cristãos c o n v i c t o s , c o m o também d e -
Santo santifica e c o n d u z o p o v o de D e u s (...), mas,
monstrações d o p o d e r d o Espírito.
r e p a r t i n d o seus d o n s a cada u m c o m o lhe apraz
(ICor 12, I I ) , d i s t r i b u i e n t r e os fieis de q u a l q u e r C o n v é m fazer a diferença e n t r e d o n s efusos,
classe m e s m o graças especiais (...) estes carismas, que é matéria d e s t e e s t u d o , d o s d o n s infusos, q u e
q u e r e m i n e n t e s , q u e r mais simples e mais a m p l a - também são carismas d o espírito, mas q u e se d i s t i n -
m e n t e d i f u n d i d o s , d e v e m ser r e c e b i d o s c o m g r a t i - g u e m daqueles: -
dão e consolação pois q u e são p e r f e i t a m e n t e a c o -
a. Dons i n f u s o s - T e m o r de D e u s , f o r t a l e z a , pie-
m o d a d o s e úteis as necessidades da Igreja. U m a vida
mais plena n o Espírito Santo, a unção carismática d o
^ABIB,Jonas-Aspirai aos Dons Espirituais - Ed. Loyola - 4° Edição, 1998,
Espírito, c o n t e m p l a a igreja c o m t o d a u m a a m p l i t u d e pg. 16-17.

de D o n s " ^ . ' CONFERÊNCIA CATÓLICA DOS EUA, Declaração pastoral sobre a


R C C , p. 7.
O s carismas estão a m p a r a d o s na d o u t r i n a da " MCDONNELL, Kilian, MONTAGUE, George,Avivar a chama, p. 32.

11
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas '' ^,

dade, c o n s e l h o , ciência, e n t e n d i m e n t o e s a b e d o r i a reforça sua importância e dignidade. O padre Luis


(cf. Is I I, 1-3). N u m t o t a l de sete, esses d o n s são F e r n a n d o R. Santana a p r o f u n d a o assunto e alerta:
c o n c e d i d o s para a pessoa ( i n f u n d i d o s ) , a p r i m o r a m e
" A maciça presença de chárisma n o s e s c r i t o s
reforçam as v i r t u d e s , c o n s t i t u i n d o - s e e m benefícios
de Paulo já é suficiente para m o s t r a r o q u a n t o o t e r -
para o c r e s c i m e n t o pessoal;
m o , e m seu significado e conteúdo, e r a c a r o para a
b. £>om efusos- Línguas, profecia, interpretação t e o l o g i a d o apóstolo. D e s d e o início de seu a p o s t o -
de línguas, palavra de ciência, palavra de sabedoria, lado, Paulo t e m e m alta e s t i m a a presença e ação d o s
d i s c e r n i m e n t o d o s espíritos, c u r a , fé e milagres (cf. d o n s e carismas d o Espírito na ida da Igreja e d o s
I C o r 12, 8-10). N u m t o t a l de n o v e , esses d o n s são fiéis batizados, até m e s m o e x o r t a n d o a c o m u n i d a d e
para o serviço e o b e m c o m u m e são c o n c e d i d o s a q u e tivesse o c u i d a d o de não e x t i n g u i r o Espírito,
c o m o manifestações atuais, de a c o r d o c o m a v o n t a - de não d e s p r e z a r as profecias, mas de v e r i f i c a r t u d o
de de D e u s . c o m u m d i s c e r n i m e n t o sábio e sóbrio (cf. I T s 5,19-
2 2 ) . D i s s o i n f e r i m o s q u e , para Paulo, os carismas e
A q u i serão estudados os carismas - d o n s e f u -
os ministérios são os i n s t r u m e n t a i s privilegiados na
sos, q u e são realidades manifestas nos G r u p o s de
edificação d o c o r p o de C r i s t o e na realização d o
O r a ç ã o de Renovação Carismática Católica, c o n s t i -
desígnio de D e u s na história; ambas as realidades
t u i n d o - s e n u m d o s aspectos de sua i d e n t i d a d e ^
p o s s u e m igual importância e dignidade, u m a vez q u e
É i m p o r t a n t e ressaltar q u e " o C o n c i l i o Vaticano e m a n a m d o Espírito e estão o r d e n a d a s , cada u m a
II a p r e s e n t a os ministérios e os carismas c o m o d o n s n a q u i l o q u e lhe é especifico, a u m m e s m o fim. A i n d a
d o Espírito Santo e m o r d e m à edificação d o C o r - p o d e m o s d e d u z i r q u e e x i s t e u m a interdependência
p o de C r i s t o e Sua missão de salvação n o m u n d o . n o q u e diz r e s p e i t o à relação 'carismas-ministérios',
A Igreja, c o m e f e i t o , é dirigida e guiada p e l o Espírito o q u e faz c o m q u e a dimensão carismática da Igreja
que d i s t r i b u i diversos d o n s hierárquicos e carismá- na t e o l o g i a paulina seja u m t e m a de p r i m e i r a gran-
t i c o s a t o d o s os batizados, chamando-os a ser, cada deza"^.
qual a seu m o d o , ativos e corresponsáveis", c o n f o r -
m e C h r i s t i f i d e l i s Laici, n. 2 1 . Pelo seu p r i m e i r o caráter, d o m não implica san-
t i d a d e . N a v e r d a d e , q u a l q u e r pessoa p o d e receber
os presentes de D e u s (cf. A t 10,34). P o r é m , não se
2. CONCEITO p o d e e s q u e c e r q u e q u e m não t e m vida e s p i r i t u a l e
r e t a intenção de agradar a D e u s , c e r t a m e n t e usará
mal os carismas, pois não cultiva a necessária união
O s carismas são d o n s , graças, presentes, dados
c o m C r i s t o (cf. Jo 15,4-5), para q u e r e r o q u e D e u s
p e l o Espírito Santo, " m a s u m e m e s m o Espírito d i s -
quer, p o d e n d o ser c o n t r a t e s t e m u n h o o u até m o t i v o
t r i b u i t o d o s esses d o n s , r e p a r t i n d o a cada u m c o m o
de escândalo.
lhe a p r a z " ( I C o r 12,1 I ) . — :

"A palavra 'carisma'(chárisma) é o r i u n d a da


língua grega e significa ' d o m g r a t u i t o ' . Ela e n c o n t r a 3. NATUREZA E FINALIDADE
seu significado f u n d a m e n t a l na raiz 'char' q u e indica DOS CARISMAS.
t u d o a q u i l o q u e p r o d u z bem-estar; assim é q u e t e -
m o s cháris, q u e r e n d o significar 'graça', ' d o m ' ; 'favor',
" C o n s i d e r a d o s pela t e o l o g i a cristã de a n t a n h o
' b o n d a d e ' ; charízomai, n o s e n t i d o de fazer u m d o m
c o m o u m a realidade típica e específica d o s p r i m e i -
g r a t u i t o , mostrar-se g e n e r o s o . O s u f i x o ' m a ' e x p r i m e
ros t e m p o s da Igreja, os carismas atravessam séculos
na língua grega o r e s u l t a d o da ação indicada p e l o
sem s e r e m c o n s i d e r a d o s e m sua v e r d a d e i r a utilida-
v e r b o , o seu e f e i t o , o q u e p o d e d e n o t a r também o
de eclesial, p e r m a n e c e n d o assim e m u m a espécie
caráter o b j e t i v o da concessão e da experiência da
de e s t a d o de dormência - não p o r q u e o Espírito
graça. P o r t a n t o , o significado geral e f u n d a m e n t a l de
estivesse d o r m i n d o , mas p o r q u e nós, na v e r d a d e , es-
'chárisma' p o d e r i a s e r : d o m c o n c e d i d o p o r p u r a b e -
távamos dispersos para c o m Ele e para c o m suas
nevolência, q u e é, ao m e s m o t e m p o , o o b j e t i v o e o
manifestações carismáticas.
r e s u l t a d o da graça divina, d o p r e s e n t e q u e D e u s faz
aos h o m e n s " ' .
^Cf.RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Identidade da Renovação
Em s e n t i d o r e s t r i t o , os carismas são manifesta- Carismática Católica, p. 27-28.
ções extraordinárias d o Espírito Santo para p r o v e i t o ' SANTANA, Luis Fernando R., Recebereis a força do Espirito Santo, p. 77.
c o m u m ^ . Eles e x e r c e m papel f u n d a m e n t a l na evange- 'Cf.A.VAN DEN BORN, Dicionário enciclopédico da Bíblia, p. 245.

lização, o u seja, na expansão d o c r i s t i a n i s m o , o q u e •^SANTANA , Luis Fernando R., Batizados no Espirito, p 42-44,

12
R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

A Igreja nos ensina agora q u e " p a r a t o d o s os s e m p r e o p o r t u n o , s o b r e t u d o q u a n d o as situações


t e m p o s o Espírito Santo unifica a Igreja na c o m u - o e x i g e m . Sendo a graça d o Espírito u m a realidade
nhão e n o ministério, d o t a n d o - a c o m vários d o n s p e r e n e na vida humana, os carismas p o r sua v e z , t o r -
hierárquicos e carismáticos" ( D e c r e t o A d G e n t e s , n. nam-se também p r o f u s a m e n t e i n s e r i d o s na vida d a -
4, c i t a n d o a L u m e m G e n t i u m n. 12). E vai nos d i z e r queles q u e f o r a m batizados.
ainda q u e " o s carismas nunca e s t i v e r a m ausentes da
N o e n t a n t o , é p r e c i s o d i z e r q u e os carismas
Igreja" ( D o c u m e n t o de Puebla, n. 2 0 7 ) .
são realidades atuais e não adquiridas p o r posse. É
O Espírito não espera q u e nós o e n t e n d a m o s o Espírito q u e o p e r a t u d o e m t o d o s ( c f I C o r 12,
p r i m e i r o , para depois agir; os Apóstolos t i v e r a m p r i - 6-7), a seu q u e r e r A s s i m , " A u m , o Espírito dá u m a
m e i r o u m a experiência d o d o m d o Espírito e m Pen- palavra de s a b e d o r i a ; a o u t r o , u m a palavra d e ciência,
tecostes, e só depois veio a Igreja a t e r u m a d o u t r i n a , s e g u n d o o m e s m o Espírito; a o u t r o , a fé n o m e s m o
u m a t e o l o g i a d o Espírito Santo, que, aliás, precisou es- Espírito; a o u t r o o d o m das curas, nesse único Espí-
p e r a r até o Concílio N i c e n o - C o n s t a n t i n o p o l i t a n o , e m r i t o ; a o u t r o , o o p e r a r milagres; a o u t r o , a p r o f e c i a ;
3 8 1 , para t e r sua natureza divina enunciada devida- a o u t r o , o d i s c e r n i m e n t o d o s espíritos; a o u t r o , o
m e n t e n o c r e d o . C o m o os carismas não cessaram de falar diversas línguas , a o u t r o ainda o i n t e r p r e t a r
vez - pois são manifestações d o Espírito, q u e é e t e r n o essas línguas" ( I C o r 12, 8-10). N ã o seria j u s t o , a t r i -
- e careciam de definições, de conceituações, ficaram b u i r a u m a pessoa o u g r u p o de pessoas específico
sujeitos à u m a relativa " l i v r e interpretação". Alguns - a contenção exclusiva de q u a l q u e r manifestação ca-
c o m o São João Crisóstomo - os identificavam apenas rismática'"; n e m m e s m o se p o d e d i z e r q u e alguém
c o m o fenómenos extraordinários e m i r a c u l o s o s , e " t e m " este o u aquele d o m , pois cada manifestação é
" d e t e r m i n a v a m " sua ação s o m e n t e para os albores única", m e s m o q u e se processe c o m m u i t a frequên-
da Igreja; o u t r o s (montanistas,Valdenses, Donatistas, cia através de d e t e r m i n a d a s pessoas.Talvez ao d o m
A m a u r i c i a n o s , Joaquinistas, os a l u m b r a d o s d o século de línguas possa se a t r i b u i r u m caráter mais p e r e n e
XV...) equivocados q u a n t o a sua finalidade, envereda- e s o b c o n t r o l e , p o r se t r a t a r de u m d o m de oração,
r a m p o r caminhos heréticos e assumindo posturas, mais para a edificação pessoal ( c f I C o r 1 4 , 4 ) .
p o r vezes, cismáticas. E assim passamos séculos, o u na
C o n t u d o , não se p o d e cair n o equívoco de r e -
quase absoluta ignorância, o u sujeitos ao " m a u u s o "
d u z i r os d o n s d o Espírito Santo a algumas ocasiões
que deles - d o s carismas - m u i t o s f i z e r a m .
especiais. Eles f o r a m dados e m profusão n o s t e m p o s
(...) O Vaticano II abriu p o r t a s e janelas à brisa atuais. Pode ser cultivada u m a c o n s t a n t e e x p e c t a t i v a
benfazeja d o Espírito Santo... Porque, não era apenas e m relação à sua manifestação, c o m o para o d e r r a -
dos carismas q u e se ressentia a falta: o próprio Es- m a m e n t o d o Espírito'^.
pírito Santo se e n c o n t r a v a u m p o u c o " c o n t r i s t a d o "
' A ação evangelizadora c o n s t i t u i u m m o m e n t o
( c f Ef 4,30) e m nosso m e i o , u m p o u c o ( o u demasia-
p r e c i s o de vivência d o s d o n s efusos. A missão da
d a m e n t e ) e n v o l t o e m esquemas mentais, e m t e o r i z a -
Renovação carismática Católica é evangelizar a par-
ções especulativas, analisando de m o d o c o m p e t e n t e
t i r d o b a t i s m o n o Espírito Santo, f o r m a n d o o p o v o
doutrinária e t e o l o g i c a m e n t e , mas sem o c o r r e s p o n -
de D e u s e m santidade e serviço. Para evangelizar o
d e n t e - e necessário - c o m p e t e n t e experiencial... aos
p o v o de D e u s c o m unção e p o d e r são necessários
p o u q u i n h o s - c o m a (hoje) Beata Elena G u e r r a , c o m
os carismas. Q u a n d o u t i l i z a m o s de f o r m a l i v r e , c o n s -
Leão X I I I , Pio X I I , João XXIII... - o Espírito Santo f o i
c i e n t e , na h o r a necessária, levam as pessoas a t e r e m
o c u p a n d o espaço q u e s e m p r e f o r a de d i r e i t o , e p o d e
u m a experiência da presença real de D e u s , q u e m a -
p r o v o c a r o início de u m N o v o Pentecostes, tal qual
nifesta o seu i n f i n i t o a m o n „
p e d i d o pelo papa ao c o n v o c a r o C o n c i l i o Vaticano II,
* " A 'força d o Espírito Santo' ( A t 1,8) d e r r a m a d a
que abriu o p r i m e i r o D o c u m e n t o - a Constituição
nos corações d o s cristãos, manifestação d o a m o r e
Dogmática Lúmen G e n t i u m , s o b r e a Igreja - reconhe-
d o p o d e r de D e u s , p r o v o c a u m a significativa d i f e -
cendo-se "congregada n o Espírito S a n t o " ( L G n. I ) " ' .
rença e n t r e a ação evangelizadora de u m a pessoa
que se d e i x a c o n d u z i r p o r ela e u m a q u e age s e m
4. QUANDO UTILIZAR OS CA-
RISMAS ' REIS, Reinaldo Bezerra dos. Carismas e Ministérios na Renovação Caris-
mática Católica.

'°Cf. SAGRADA C O N G R E G A Ç Ã O PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instru-


ções sobre orações para alcançar de Deus a cura, p. 14.
É difícil precisar e m q u e m o m e n t o s u t i l i z a r e m
'Cf.lbid.,p.lO.
os carismas d o Espírito. O seu exercício é quase
Cf. SOUSA, Ronaldo José de, O impacto da Renovação Carismática, p.23.

13
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^,

ela. A q u e l e q u e evangeliza c o m os d o n s carismáti- Jesus dá a regra para v e r i f i c a r o v a l o r d o t r a -


cos m u l t i p l i c a as possibilidades humanas. A i n v e s t i - balho: "Pelos f r u t o s os c o n h e c e r e i s " ( M t 7, 16). São
d u r a carismática e m c o m u n i d a d e s da Igreja, e m t o d o Paulo também fala: " O f r u t o d o Espírito é caridade,
m u n d o , t e m g e r a d o e s u s t e n t a d o g r a n d e número d e alegria, paz, paciência, afabilidade, b o n d a d e , fidelidade,
evangelistas dedicados e eficientes, c o m n o v o vigor, b r a n d u r a , temperança. C o n t r a estas coisas não há
c o m n o v a capacitação, n o v a alegria, n o v o júbilo, n o v a L e i " ( G l 5, 22-23). Dessa f o r m a , o b o m uso d o s ca-
exaltação e l o u v o r ; levando e m si o p o d e r t r a n s f o r - rismas é g a r a n t i d o p e l o a m o r ' ^ q u e é o d o m p o r e x -
m a d o r d o Espírito (cf. I C o r 2,1 -5) q u e t o c a crianças celência e que a t r i b u i s e n t i d o aos o u t r o s d o n s " . O s
e i d o s o s d e t o d o t i p o d e raça e c u l t u r a " ' ^ carismas, p o r t a n t o , são f u n d a m e n t a d o s na caridade.

O u s o d o s carismas não é só u m d i r e i t o , é u m "Sejam extraordinários, sejam simples e h u -


d e v e r d e t o d o s os fiéis. " D a aceitação destes caris- mildes, o s carismas são graça d o Espírito Santo que,
mas, m e s m o d o s mais simples, nasce e m favor d e d i r e t a o u i n d i r e t a m e n t e , t ê m u m a utilidade eclesial,
cada u m d o s fiéis (...) o d e v e r d e exercê-los para o o r d e n a d o s q u e são à edificação da Igreja, a o b e m
b e m d o s h o m e n s e a edificação da Igreja d e n t r o da dos h o m e n s e às necessidades d o m u n d o . O s caris-
Igreja e d o m u n d o " ' ' ' . mas d e v e m ser a c o l h i d o s c o m r e c o n h e c i m e n t o p o r

Pode-se c o n s t a t a r na prática apostólica q u e , aquele q u e os r e c e b e , mas também p o r t o d o s os

q u a n d o a evangelização é a c o m p a n h a d a d o s caris- m e m b r o s da Igreja. São u m a maravilhosa riqueza d e

mas, colhem-se f r u t o s abundantes: o s carismas f a - graça para a vitalidade apostólica e para a santidade

z e m diferença e são eficazes na evangelização, q u a n - de t o d o o C o r p o d e C r i s t o , desde q u e se t r a t e d e

d o e x e r c i d o s na caridade. d o n s q u e p r o v e n h a m v e r d a d e i r a m e n t e d o Espírito
Santo e q u e sejam e x e r c i d o s d e m a n e i r a p l e n a m e n t e
c o n f o r m e os impulsos autênticos deste m e s m o Es-
5. OS DONS EFUSOS E A CARI- pírito, i s t o é, segundo a caridade, v e r d a d e i r a m e d i d a
DADE _ , „ dos c a r i s m a s " ( C a t e c i s m o n. 799-800).

Jesus d e u o m a n d a m e n t o d o a m o r : " A m a i - v o s 6. OS CARISMAS D E V E M S E R


uns aos o u t r o s , c o m o eu v o s a m o " (Jo 15, 12.17). São PEDIDOS C O M FÉ E E X E R C I D O S
Paulo apresenta o t r a b a l h o apostólico realizado n o NA HUMILDADE
a m o n N ã o u m a m o r qualquer, mas o a m o r "ágape",
a m o r doação a C r i s t o e aos irmãos.
É e x a t a m e n t e p o r causa d o a m o r q u e o s d o n s
" A i n d a q u e e u falasse as línguas d o s h o m e n s e
efusos d e v e m s e r almejados."Empenhai-vos e m p r o -
dos anjos, se não t i v e r caridade, s o u c o m o o b r o n z e
c u r a r a c a r i d a d e " , encoraja São Paulo (cf. I C o r 14,
que soa, o u c o m o o címbalo q u e r e t i n e . M e s m o q u e
l a ) ; e acrescenta:"aspirai i g u a l m e n t e os d o n s e s p i r i -
eu tivesse o d o m da profecia, e conhecesse t o d o s o s
tuais, mas s o b r e t u d o a o da p r o f e c i a " ( I C o r 14, I b ) . A
mistérios e t o d a a ciência; m e s m o q u e tivesse t o d a
motivação deve s e r o uso e m b e n e f i c i o d o s o u t r o s ,
a fé, a p o n t o d e t r a n s p o r t a r m o n t a n h a s , se não t i v e r
para ajudar ao p o v o d e D e u s a alcançar a santidade.
caridade, não s o u n a d a . A i n d a q u e distribuísse t o d o s
os meus bens e m s u s t e n t o d o s p o b r e s , e ainda q u e Por isso, o s carismas d e v e m ser p e d i d o s c o m

entregasse o m e u c o r p o para s e r q u e i m a d o , se não fé e sem t e m o r E m b o r a eles sejam distribuídos c o n -

t i v e r caridade, d e nada valeria! A nossa ciência é par- f o r m e apraz ao Espírito, nada i m p e d e q u e o c r e n t e

cial, a nossa p r o f e c i a é i m p e r f e i t a . Q u a n d o chegar o aspire e peça os d o n s , para q u e seu t e s t e m u n h o seja

q u e é p e r f e i t o , o i m p e r f e i t o desaparecerá. P o r o r a p e r m e a d o d e sinais (cf. I C o r 2,4-5)."Só aqueles que

subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Po- r e c o n h e c e m o v a l o r d o s d o n s na vida cristã, e n o

rém, a m a i o r delas é a c a r i d a d e " ( I C o r 13,1 -3.9s. 13). serviço aos irmãos, são i m p u l s i o n a d o s a pedi-los ao
Pai, c o m o Jesus m e s m o nos ensinou:'Pedi, e dar-se-
O s capítulos 12 a 14 da C a r t a aos Coríntios,
vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois
q u e t r a t a m d o s carismas e suas manifestações, são
verdadeiras referências para se v i v e r a vida nova,
guiada p e l o Espírito Santo, e x e r c e n d o o s seus d o n s
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, A espiritualidade da R C C ,
de m a n e i r a autêntica e f r u t u o s a . Eles contêm regras p.43.
básicas e orientações seguras. O u t r a s recomenda- ' ^ C O N C I U O ECUMÉNICO VATICANO II, Apostolican Actuositatem,

ções p o d e m s e r e n c o n t r a d a s e m Ef 4, 15.30; R m 12, n.3.

6-8; 13,8-10; ITes 5, 14-15.19-21. '^Cf., a propósito, SOUSA, Ronaldo José de. Pregador ungido, p. 41.

" C f . RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA. Carismas, p. 39.

14
^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

t o d o aquele q u e pede, r e c e b e ; aquele q u e p r o c u r a , CO c. Ordem


acha; e ao que b a t e r se lhe abrirá' (Lc 1 1 , 9 - 1 0 ) " ' ^

Para o exercício prático dos carismas, não se k o r d e m n o exercício d o s carismas é u m a e x -


deve esquecer três coisas f u n d a m e n t a i s : tensão da h a r m o n i a , mas supõe a u t o r i d a d e e o b e -
diência. O cristão p o d e ser i n s t r u m e n t o da m a n i -

a. Humildade festação autêntica d o Espírito Santo, mas não deve


e s q u e c e r que até o espírito d o s p r o f e t a s deve estar-
Ihes submisso (cf. I C o r 14 ,32).
É p r e c i s o vigiar para não cair na tentação de
achar que os d o n s são méritos alcançados, r e c o m - São Paulo esclarece nos seguintes termos:
pensas de D e u s p o r esforços d e s m e d i d o s . A h u m i l - " Q u a n t o aos p r o f e t a s , falem dois o u três e os o u t r o s
dade faz p e r c e b e r q u e o cristão é u m a d m i n i s t r a d o r j u l g u e m . Se f o r f e i t a alguma revelação a algum dos as-
d o s bens d o S e n h o r (cf. Lc 16, 1-3) e q u e n e n h u m sistentes, cale-se o p r i m e i r o . T o d o s , u m após o o u t r o ,
"carismático" se basta a si m e s m o . p o d e i s p r o f e t i z a r , para t o d o s a p r e n d e r e m e s e r e m
todos exortados" ( I C o r 14, 29-31). O mecanismo
D e u s c o n s t i t u i u a Igreja c o m o u m c o r p o (cf.
que g a r a n t e a o r d e m na manifestação d o s carismas é,
ICor 12, 12-29), de tal m a n e i r a que u m carisma só
p o r t a n t o , a confirmação, de m a n e i r a q u e os carismas
se plenifica n o c o n j u n t o da c o m u n i d a d e . " E x e r c e r
individuais sejam a b o n a d o s c o m u n i t a r i a m e n t e . D e s -
os carismas na h u m i l d a d e é exercê-los sem e x i b i -
sa f o r m a , os d o n s são o r d e n a d o s para a obediência,
c i o n i s m o , sem buscar prestígio, h o n r a , p o d e r (...) É
saindo d o p l a n o m e r a m e n t e individual, c o m p o n d o a
também exercê-los sem autossuficiência (cf. M t 18,
realidade c o n j u n t a d o p o v o d e D e u s .
3-4), sem i n d i v i d u a l i s m o , sabendo q u e necessitamos
da ajuda dos irmãos para c o n f i r m a r o u d i s c e r n i r a P o r t a n t o , os carismas d e v e m ser e x e r c i d o s na
v o n t a d e de D e u s para o seu povo..."'^ obediência a C r i s t o e às a u t o r i d a d e s constituídas.
" M a s faça-se t u d o c o m dignidade e o r d e m " (ICor
b. Harmonia 14,40).

O exercício d o s carismas, s o b r e t u d o nas r e u n i -


7. PALAVRA DA I G R E J A
ões de oração, deve o b e d e c e r a u m r i t m o harmóni-
co, jamais e x a l t a d o o u d e m a s i a d a m e n t e e s t r o n d o s o
(cf. I C o r 1 4 , 2 6 - 2 7 ) . A força de u m carisma não c o n - É o p o r t u n o destacar algumas declarações d o
siste na t o n a l i d a d e q u e lhe é i m p o s t a o u n o t i p o de Magistério da Igreja e m relação aos carismas e seu
expressão q u e o a c o m p a n h a , mas na u t i l i d a d e o b j e t i - uso:
va q u e t e m para a c o m u n i d a d e . a. " O Espírito Santo, ao c o n f i a r à Igreja-comu-
A s s i m , e m b o r a m a r c a d o s pela e s p o n t a n e i d a - nhão os d i v e r s o s ministérios, enriquece-a c o m o u -
de e e x p r e s s i v i d a d e , os carismas se i n s e r e m na v i d a t r o s d o n s e i m p u l s o s especiais, c h a m a d o s carismas.
cristã sem causar escândalos."Portanto, D e u s não é P o d e m assumir as mais variadas f o r m a s , t a n t o c o m o
D e u s de confusão, mas de p a z " ( I C o r 1 4 , 3 3 ) . expressão da l i b e r d a d e a b s o l u t a d o Espírito q u e os
d i s t r i b u i , c o m o e m r e s p o s t a às múltiplas exigências
O uso d o s carismas será t a n t o mais saudável e
da história da Igreja.A descrição e a classificação q u e
útil, q u a n t o as pessoas q u e a eles se a b r i r e m f o r e m
os t e x t o s d o N o v o T e s t a m e n t o fazem desses d o n s
equilibradas e m o c i o n a l m e n t e e o r a n t e s o s u f i c i e n t e
são sinal da sua g r a n d e variedade..."^'.
para saber d i s t i n g u i r a ação d o Espírito de eventuais
devaneios da pessoa h u m a n a ' ^ b. "Os carismas, sejam extraordinários ou
simples e h u m i l d e s , são graças d o Espírito Santo q u e
E necessário t e r r e s p e i t o pelos d o n s de D e u s ;
t ê m , d i r e t a o u i n d i r e t a m e n t e , u m a u t i l i d a d e eclesial,
"não p o d e m o s exercê-los i r r e s p o n s a v e l m e n t e e i n -
o r d e n a d o s c o m o são à edificação da Igreja, ao b e m
d i f e r e n t e m e n t e , c o m d e s p r e z o , de f o r m a i n c o n s e -
dos h o m e n s e às necessidades d o m u n d o . Também
q u e n t e , o l h a n d o os nossos próprios interesses, o u
d a n d o aos carismas u m r e l e v o tão singular e único
c o m o se fossem bens t o t a i s e a b s o l u t o s s o b r e os
quais não há nada mais e x c e l e n t e e p r i m e i r o " ^ " . " RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Carismas, p. 41.

'=lbid.,p.44

" Cf. SOUSA, Ronaldo José de. Pregador ungido, p. 21 -22.

RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Carismas, p. 43.

^'JOÃO PAULO II, Christifidelis Laici, n. 24.

15
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas .

e m nossos dias não falta o f l o r e s c e r de diversos ca- 9. PROPOSTA D E DINÂMICA


rismas e n t r e os fiéis leigos, h o m e n s e m u l h e r e s . São
dados ao indivíduo, mas também p o d e m ser p a r t i l h a -
dos p o r o u t r o s , e de tal m o d o p e r s e v e r a m n o t e m p o • O r a ç ã o c o m a A s s e m b l e i a p e d i n d o o Batis-

c o m o u m a herança p r e c i o s a e viva, q u e g e r a m u m a m o n o Espírito Santo c o m seus F r u t o s e seus D o n s ,

afinidade e s p i r i t u a l e n t r e as pessoas"^^. para q u e esta graça seja m o v i m e n t a d a e liberada nos


corações.
c. "Para (os leigos) e x e r c e r e m este a p o s t o l a d o ,
o Espírito Santo, q u e o p e r a a santificação d o p o v o • G r u p o s de três o u q u a t r o pessoas. U m a se

de D e u s p o r m e i o d o ministério e d o s s a c r a m e n - ajoelha e/ou se senta e as demais r e z a m p e d i n d o o

t o s , c o n c e d e também aos fiéis d o n s p a r t i c u l a r e s (cf. B a t i s m o n o Espírito Santo.Vão se r e v e z a n d o até q u e

I C o r 12, 7 ) , ' d i s t r i b u i n d o - o s pois cada u m c o n f o r m e t o d a s t e n h a m r e c e b i d o oração.

Lhe apraz' (cf. I C o r 12, 7-1 I ) , a fim de q u e 'cada u m • Q u a n d o há servos suficientes, p o d e m rezar
p o n h a ao serviço d o s o u t r o s a graça q u e r e c e b e u ' , d e dois e m dois pelos p a r t i c i p a n t e s .
e t o d o s a t u e m ' c o m o bons a d m i n i s t r a d o r e s da m u l -
• Conclui-se c o m u m g r a n d e l o u v o r .
t i f o r m e graça de D e u s ' ( I Pd 4, 10), para edificação,
n o a m o r d o c o r p o t o d o . (cf. Ef 4, I6).(...) Nenhum
carisma está dispensado de sua referência e d e p e n -
dência d o s Pastores da Igreja. O Concílio escreve
c o m palavras claras q u e o juízo acerca da sua (dos
carismas) a u t e n t i c i d a d e e r e t o u s o p e r t e n c e a q u e -
les q u e p r e s i d e m na Igreja e aos quais c o m p e t e de
m o d o especial não e x t i n g u i r o Espírito, mas julgar
t u d o e conservar o que é b o m (cf. I T s 5,12; 19-21),
de m o d o que t o d o s os carismas c o n c o r r a m , na sua
diversidade e c o m p l e m e n t a r i d a d e , para o b e m c o -
mum"".

A s palavras da Igreja t i r a m o m e d o e as dúvidas


q u a n t o à necessidade e u t i l i d a d e dos carismas, b e m
c o m o o d i r e i t o q u e os fiéis leigos t ê m de usá-los
para o b e m c o m u m .

O C a t e c i s m o da Igreja Católica n. 7 9 8 segue a


m e s m a firme orientação:

" O Espírito S a n t o é ' o Princípio d e t o d a ação


v i t a l e v e r d a d e i r a m e n t e s a l u t a r e m cada u m a das
d i v e r s a s p a r t e s d o C o r p o ' . Ele o p e r a de múltiplas
m a n e i r a s a edificação d o C o r p o i n t e i r o na c a r i d a -
d e : pela palavra d e D e u s , (...) pelas v i r t u d e s , q u e
f a z e m agir s e g u n d o o b e m , e e n f i m , pelas múltiplas
graças especiais (chamadas d e ' c a r i s m a ' ) , através
das quais ' t o r n a os fiéis a p t o s e p r o n t o s a t o m a -
r e m s o b r e si os vários t r a b a l h o s e ofícios q u e c o n -
t r i b u e m p a r a a r e n o v a ç ã o e m a i o r i n c r e m e n t o da
Igreja'." ,

8. CONCLUSÃO

É i m p o r t a n t e t o m a r consciência de que t o d o o
b e m , t o d o o d o m , t o d o o serviço p r e s t a d o ao r e i n o
»lbid,n.24.
de D e u s e m n o m e de Jesus, a c o n t e c e sob a ação d o
Espírito Santo. Sem Ele nada é eficaz para o r e i n o de n. 12. ^Mbid,n.24.Cf.CONCÍUO ECUMÉNICO VATICANO 11, Lúmen Gentium,

D e u s . " N u n c a será possível haver evangelização sem


" PAULO VI, Evangelli Nuntiandi, n. 75.
a ação d o Espírito Santo"^''.

16
^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

CAPÍTULO 2 —^

DOM DE LÍNGUAS
A outro, o variedade das línguas (ICor 12, iOd)

1. INTRODUÇÃO

T r a t a r e m o s nesta A p o s t i l a d o s c h a m a d o s ca- r i t o o r e c o m " g e m i d o s inefáveis". A l g u n s p r e c i s a m


rismas paulinos, p r i n c i p a l m e n t e os n o v e n o m e a d o s r e n u n c i a r a autossuficiência e submeter-se à ação
p o r São Paulo na I C o r 12, 8-10, q u e são os mais d o Espírito Santo. Mas vale a pena! O g o z o inefá-
e x e r c i d o s nos G r u p o s de O r a ç ã o e demais ativida- vel q u e o m e s m o Espírito t r a z c o m sua presença,
des da R C C . Para fins didáticos, p o d e m o s dividi-los a paz p r o f u n d a q u e só D e u s p o d e dar, a c e r t e z a de
e m três g r u p o s , a saber: C a r i s m a s de Inspiração, C a - q u e Ele o r a da m e l h o r f o r m a , são benefícios cer-
rismas de Revelação e C a r i s m a s de O b r a s ( P o d e r ) . t o s e imprescindíveis para o c r e s c i m e n t o e s p i r i t u a l .

Dons Carismáticos de Inspiração: Profecia, Lín- O g r a n d e d e s e j o de S. Paulo é m a n i f e s t a d o as-


guas e Interpretação das línguas. s i m : " D e m i n h a p a r t e , desejaria q u e t o d o s falásseis
e m línguas..." ( I C o r 14, 5 ) . Esta oração contém u m
Dons Carismáticos de Revelação: Discer-
c a m i n h o de e n r i q u e c i m e n t o e s p i r i t u a l , u m título da
nimento dos espíritos. Palavra de Ciência e
graça. N a m e d i d a e m q u e cresce a oração, modifica-
Palavra de Sabedoria.
se a vida pela ação a m o r o s a e m i s t e r i o s a de D e u s .
Dons Carismáticos de Obras (Poder): Fé,
No Pentecostes aconteceu a p r i m e i r a ma-
C u r a e Milagres.
nifestação d o d o m de línguas de q u e se t e m c o -
Iniciaremos nosso estudo sobre o g r u p o dos
n h e c i m e n t o . São Lucas a n u n c i o u c o m m u i t o e n t u -
D o n s Carismáticos de Inspiração, c o m p o s t o pelo
siasmo: " F i c a r a m t o d o s c h e i o s d o Espírito Santo e
D o m d e Línguas, Profecia e Interpretação de Línguas.
começaram a falar e m o u t r a s línguas, c o n f o r m e o
Serão vistas e estudadas as três modalida- Espírito Santo lhes c o n c e d i a q u e f a l a s s e m " ( A t 2,
des d o carisma da v a r i e d a d e de línguas q u e são: o 4 ) . D e p o i s d o Pentecostes, o d o m de línguas difun-
orar, o falar e o c a n t a r e m línguas. A l é m disso, se- diu-se também e n t r e t o d o s os cristãos: " O s fiéis
rão a b o r d a d o s os principais aspectos de sua m a - da circuncisão, q u e t i n h a m v i n d o c o m Pedro, p r o -
nifestação e o f u n d a m e n t o bíblico e doutrinário. f u n d a m e n t e se a d m i r a r a m v e n d o q u e o d o m d o
Espírito Santo e r a d e r r a m a d o também s o b r e os
A l g u m a s pessoas p e n s a m e d i z e m q u e o d o m
pagãos; pois eles os o u v i a m falar e m o u t r a s línguas
de línguas é o m e n o r e o mais insignificante de t o -
e g l o r i f i c a r a D e u s " ( A t 10, 45-46). "E q u a n d o Pau-
dos. P o r é m , São Paulo escreve: " A q u e l e q u e fala e m
lo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu s o -
línguas não fala aos h o m e n s , senão a D e u s : ninguém
b r e eles, e falavam e m línguas e s t r a n h a s " ( A t 19, 6 ) .
o e n t e n d e , pois fala coisas m i s t e r i o s a s , s o b a ação
d o Espírito" ( I C o r 14, 2 ) . O r a , o Espírito o r a n d o
n o h o m e m será p o u c a coisa? " O u t r o s s i m , o Espí-
í 2. C O N C E I T O
r i t o v e m e m auxílio à nossa fraqueza; p o r q u e não
sabemos o q u e d e v e m o s pedir, n e m o r a r c o m c o n -
vém, mas o Espírito m e s m o i n t e r c e d e p o r nós c o m o d o m de línguas é u m a oração feita p o r m e i o
g e m i d o s inefáveis. E aquele q u e p e r s c r u t a os c o - de sons e m i t i d o s , m o t i v a d o s p o r inspiração e q u e
rações sabe o q u e deseja o Espírito, o qual i n t e r - o Espírito Santo lhes dá o s e n t i d o . N ã o se t r a t a de
cede pelos santos, s e g u n d o D e u s " ( R m 8, 26-27). língua, n o s e n t i d o q u e se a p r e s e n t a à linguística, p o r -
que não há c o n c e i t o s h u m a n o s , m e s m o d e s c o n h e c i -
Talvez o mais difícil para algumas pessoas seja
dos. C o n s i s t e e m d i z e r palavras sem conhecer-lhes
o a b a n d o n o e a e n t r e g a da v o z , para q u e o Espí-
o significado. P r o f e r i r palavras q u e não são, p r o p r i a -

17
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas >^.

m e n t e , manifestação de u m p e n s a m e n t o f o r m u l a d o similar nada, de não c o m p r e e n d e r m o s o q u e fala-


pela m e n t e . U s a r a língua, a v o z , para e x p r e s s a r ao m o s , c a n t a m o s o u o r a m o s , s e n t i m o s q u e algo nos
S e n h o r os s e n t i m e n t o s q u e v e m d o Espírito Santo. t o c a p r o f u n d a m e n t e (...), s e n t i m o s q u e o mais p r o -
f u n d o d o nosso ser c o m u n g a de m a n e i r a especial
" Q u a n t o ao f o r m a l deste carisma e ao seu sig-
c o m A q u e l e que nos c r i o u e ao qual p e r t e n c e m o s " ^ * .
nificado p r o f u n d o , o d o m de línguas:
o d o m de línguas a p r o f u n d a a oração e a
• É, e m p r i m e i r o lugar, u m carisma para g l o r i -
união c o m D e u s . Trata-se de u m a oração indivi-
ficar a D e u s (cf. A t 2,4.1 I; 10,46);
dual, m e s m o se feita e m assembleia. " A q u e l e que
• É u m c a r i s m a e m v i r t u d e d o qual o c r e n t e
fala e m línguas edifica-se a si m e s m o " ( I C o r 14,
fala c o m Deus ao impulso d o Espírito (cf. I C o r 14,2.28);
4 ) . U m a o u o u t r a vez, p o r é m , p o d e assumir a f o r -
• É u m c a r i s m a de oração e de l o u v o r (cf. m a de mensagem à c o m u n i d a d e ; neste caso neces-
I C o r 14, 14-15); sita de interpretação, c o m o se verá mais adiante,
n o capítulo q u a t r o . " S e g u n d o afirmação de ICor
• É u m c a r i s m a de benção e de ação d e g r a -
14, 4, o d o m de línguas é u m carisma que o Espí-
ças (cf. I C o r 1 4 , 1 6 - 1 7 ) " " .
r i t o Santo dá para a edificação pessoal; n o e n t a n t o ,
Para se t e r u m a ideia mais clara acerca d o d o m
esta não e x c l u i a finalidade c o m u m q u e t e m t o d o s
de o r a r e m línguas, veja-se c o m o ele aparece e m a l -
os carismas, a saber: a edificação mútua, a c o n s t r u -
gumas passagens da Sagrada E s c r i t u r a : A t 2, 1-13; 10,
ção d o c o r p o de C r i s t o (cf. I C o r 12, 7.27-30)^^
44-48; I C o r 12, 10; 14,4.13.18.39. Ressalte-se,ainda
q u e e m Mc 16, 17 ele está r e l a c i o n a d o c o m o u m d o s O d o m de línguas é u m d o m , p r i n c i p a l m e n t e

milagres q u e a c o m p a n h a m os q u e c r e r e m , c o m o u m a para a santificação pessoal. Para o r a r e m línguas,

g r a n d e p r o m e s s a d e Jesus. É u m " m i l a g r e " p o r q u e é muitas vezes d e v e m ser r o m p i d a s as b a r r e i r a s d o

extraordinário,fora d o c o m u m da linguagem humana. m e d o , da dúvida, da i n c r e d u l i d a d e , d o r e s p e i t o h u -


m a n o , d o apego à a u t o i m a g e m , à boa fama, e n t r e
A Igreja indica que a oração em línguas
outras. Embora não se c o m p r e e n d a o significado,
é, verdadeiramente, ação do Espírito; é um
verifica-se uma nova dimensão da oração. Pou-
dom que provém do Senhor, tem por meta o
cas frases bastam para que aquele q u e recebe o
bem da Igreja e acha-se a serviço da caridade:
d o m se sinta e n v o l v i d o p e l o ministério e possuí-
"... São, além disso, as graças especiais, chamadas d o p o r u m p r o f u n d o s e n t i m e n t o de alegria e paz.
também 'carismas', s e g u n d o a palavra grega, e m p r e - D e s t a f o r m a , a presença de D e u s se t o r n a a c o n -
gada p o r S. Paulo e q u e significa favor, d o m g r a t u i t o , chegante, indiscutível, quase palpável. O dom de
b e n e f i c i o . Seja qual f o r seu caráter, às vezes e x t r a o r - línguas favorece a manifestação dos demais dons.
dinário, c o m o o d o m d o s milagres o u de línguas, os
A o o r a r e m línguas, a pessoa não fica estática,
carismas se o r d e n a m à graça santificante e têm c o m o
n e m e n t r a e m t r a n s e , mas c o n t i n u a n o p l e n o domí-
m e t a o b e m c o m u m da Igreja.Acham-se a serviço da
nio de suas faculdades, sabendo o que está fazen-
c a r i d a d e , que edifica a Igreja" ( C a t e c i s m o n. 2 0 0 3 ) .
do, p o d e n d o p e r f e i t a m e n t e c o n t r o l a r o t o m da voz,
para estar e m h a r m o n i a c o m as demais. A pessoa é
3. FINALIDADE DO DOM DE livre, p o d e n d o começar e t e r m i n a r q u a n d o q u i s e r

LÍNGUAS Esta oração não s u p r i m e a oração f o r m a l , antes


a c o m p l e t a e e n r i q u e c e . Ela exige a a t i t u d e de ren-
der-se ao Espírito Santo; é c o m o uma p o r t a baixa
o d o m d e línguas é u m a oração q u e se faz a
pela qual só passa q u e m se c u r v a u m p o u c o . É a esta
D e u s , é u m a f o r m a d e glorificá-lo. Q u e m o r a e m
oração m i s t e r i o s a , i n a r t i c u l a d a , q u e a pessoa se une,
línguas não o r a aos h o m e n s , mas a D e u s (cf. ICor
d e i x a n d o ao próprio D e u s o c u i d a d o de glorificar-
14, 2 ) ; aquele q u e se abre a o d o m de línguas t e m o
se p o r u m a m o r que supera t o d o o c o n h e c i m e n t o .
Espírito Santo o r a n d o nele, p o r ele e c o m ele (cf.
Rm 8 , 2 6 - 2 7 ) . O Espírito Santo sabe d o q u e o o r a n t e
t e m necessidade, faz ao Pai o p e d i d o c e r t o na h o r a
c e r t a , d o j e i t o que D e u s q u e r Por isso pode-se d i -
z e r c o m f u n d a m e n t o q u e o r a r e m línguas é " o r a r
n o Espírito", pois é e m p r e s t a r a m e n t e e a v o z para
q u e o Espírito Santo o r e . " A s s i m , ainda q u e nós não
"ALDAY, Salvador Carrilo.A Renovação no Espírito Santo. p. 90.
e n t e n d a m o s os g e m i d o s inefáveis (...), D e u s sabe o
^ RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA. Carismas. p77.
q u e deseja o Espírito. A p e s a r da inteligência não as- "ALDAY, Salvador Carrilo.A Renovação no Espírito Santo, p. 90.

18
^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

4. TIPOS DE ORAÇÃO E M LÍN- moça o r a r e m l a t i m , e m b o r a não conhecesse esta


GUAS língua. Ele também r e g i s t r a o f a t o de u m a s e n h o r a
n o r t e - a m e r i c a n a q u e ao o r a r e m línguas, nela fez a
seguinte oração: ( O Maria, q u e ascendeste ao mais
Há v a r i e d a d e d e manifestações d o d o m de lín-
a l t o d o s céus, ajuda-nos a c o n h e c e r o t e u F i l h o ) " " .
guas. Duas delas são:
Quando à tonalidade, a oração em lín-
guas normalmente se apresenta como:
a. Glossolalia
a. Louvor - oração sequenciada, de pa-

" U m fenómeno q u e se d e u s o b r e t u d o na c o - lavreado frequente, onde a pessoa fica "mer-

m u n i d a d e cristã de C o r i n t o ( I C o r 12, 10; 14,2-19), gulhada" como criança diante de Deus;

mas também nas de Cesaréia e Éfeso ( A t 1 0 , 4 6 ; 19, b. júb/Vo - oração t r a n s b o r d a n t e , j u b i l o s a e e x -


6 ) ; não é a m e s m a coisa q u e o 'falar o u t r a s línguas' t r e m a m e n t e alegre, quase interminável e sem pausas;
(o milagre de Pentecostes), mas consistia nisso q u e
c. Súplica - oração compassada e em tona-
a pessoa(...) p r o f e r i a sons ininteligíveis e palavras
lidade penitencial, que leva frutos de contrição;
sem n e x o , q u e se t o r n a v a m compreensíveis a p e -
nas para q u e m possuía o carisma de interpretação Si d. Canto (cf. I C o r 14, 15) - é também u m a es-

( I C o r 14, 10) (...) Também o milagre de Pentecos- pécie de l o u v o r , s e n d o q u e e m t o n a l i d a d e musical.

tes p o d e ser i n t e r p r e t a d o c o m o u m a manifestação


de g. c o m o indica, p. ex., a impressão q u e causou
5. A IMPORTÂNCIA DO DOM
nos presentes ( A t 2, 13) e a citação d e Jl 3, 1-5.
DE LÍNGUAS
O próprio S. P e d r o i d e n t i f i c a os fenómenos c o m
os de Cesaréia ( A t 10, 4 7 ; I I, 15; 15, 8 0 ) . (...) S. L u -
cas vê n o milagre o símbolo da universalidade d o O d o m de línguas tem,portanto,importânciafun-
Evangelho (cf. A t 2, 5) q u e se adapta à n a t u r e z a d a m e n t a l n o e n r i q u e c i m e n t o e s p i r i t u a l . Ele c o n t r i b u i
de cada u m (cf. A t 2, 8 ) . Talvez t e n h a c o n s i d e r a d o para a renovação da vida da pessoa, na m e d i d a e m q u e
c o m o i n v e r s o da confusão de línguas e m Babel"^^. se c o n s t i t u i e m ação m i s t e r i o s a e a m o r o s a de D e u s . É
possível indicar alguns benefícios d o d o m de línguas:
N o dia de Pentecostes h o u v e a manifestação
de dois fenómenos d o D o m de Línguas. O p r i m e i r o , a. Favorece a i n t i m i d a d e c o m D e u s , sem n e -

s e m e l h a n t e a o q u e o c o r r e nos g r u p o s de oração e cessidade de pensar, f o r m u l a r preces, mas, num

n o s e v e n t o s da R C C , h o j e : " F i c a r a m t o d o s cheios d o abandono confiante, mergulhar nas profundezas

Espírito Santo e começaram a falar e m o u t r a s lín- d o Espírito. " O u t r a s vezes, a o c o m e ç a r m o s a o r a r ,

guas, c o n f o r m e o Espírito Santo lhes c o n c e d i a q u e também não sabemos c o m o d e v e m o s p e d i r o u d i -

f a l a s s e m " ( A t 2, 4 ) . S. P e d r o c o m p a r o u este o f e - z e r a D e u s (...). O Espírito Santo, através d o d o m

nómeno c o m o de Cesaréia (cf. A t I O, 4 7 ; I I , 15; de línguas, v e m e m n o s s o auxílio c o r r i g i n d o t o d a

15, 8 ) . E n q u a n t o q u e o segundo é u m f a t o único na essa imperfeição, q u e e x i s t e e m nós p e l o pecado..."^".

Bíblia, não era o 'falar', e sim o ' o u v i r ' : "Achavam-se b. A b r e a pessoa para os demais carismas, p o r -
e m Jerusalém j u d e u s p i e d o s o s de t o d a s as nações q u e mantém o espírito e m a l e r t a para o q u e D e u s
q u e há d e b a i x o d o céu. O u v i n d o aquele ruído, reu- q u e r falar o u f a z e r G e r a l m e n t e a palavra de p r o f e c i a
niu-se m u i t a g e n t e e maravilhava-se de q u e cada u m o u a interpretação de línguas v ê m d u r a n t e o u após
os o u v i a falar na sua própria língua. P r o f u n d a m e n - a oração o u cântico e m línguas. D a m e s m a f o r m a a
t e i m p r e s s i o n a d o s , manifestavam a sua admiração: palavra d e ciência, o d o m de c u r a e assim p o r d i a n t e .
'Não são, p o r v e n t u r a , galileus t o d o s estes q u e f a -
c. A j u d a a o r a r p o r d e t e r m i n a d a s coisas das
lam? C o m o então t o d o s nós os o u v i m o s falar, cada
quais a pessoa foge de c o l o c a r na presença de D e u s ,
u m e m nossa própria língua m a t e r n a ? " ( A t 2, 5-8).
p r o b l e m a s i n t e r i o r e s nos quais p r e f e r e não tocar;

d. É também u m d o m d e unidade e n t r e os
b. Xenoglossia
cristãos: "Achavam-se então em Jerusalém ju-

É u m a oração e m línguas d e s c o n h e c i d a de q u e m
o r a , mas que e x i s t e o u já e x i s t i u e ainda é d o domí-
^"AVAN DEN BORN.A Renovação no Espírito Santo, p. 90.
nio humano, c o m o o latim, p o r exemplo. R o b e r t De-
" O dom das línguas, p. IS.
G r a n d i s diz q u e " d u r a n t e u m a reunião de oração e m
" RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓUCA, Carismas, p. 75-76.
N o v a O r l e a n s , cidade n o r t e - a m e r i c a n a , o u v i u u m a

19
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^,

deus piedosos de t o d a s as nações q u e há d e - t e e m relação a D e u s . " N i n g u é m falando sob a


baixo d o céu. O u v i n d o aquele ruído, reuniu-se ação divina, p o d e d i z e r : 'Jesus é o Senhor', se-
muita gente e maravilhava-se de q u e cada um não s o b a ação d o Espírito S a n t o " (ICor 12, 3).
os o u v i a falar e m sua própria língua" ( A t 2, 5-6).

A c i m a d e t u d o , o d o m de línguasauxilia n o p r o c e s - 8. PROPOSTA DE DINÂMICA


so de santificação pessoal, pois s u b m e t e o espírito ao
Espírito,proporcionando u m a oração c e r t e i r a e eficaz.
A s s i m c o m o t o d a criança a p r e n d e a falar s o l t a n -
d o u m s o m o u u m a única sílaba, necessária n o início,
6. COMO R E C E B E R O DOM DE também m u i t o s p r e c i s a m desta decisão e esforço
LÍNGUAS inicial. Pode-se começar r e p e t i n d o " a l e l u i a " para ir se
a b a n d o n a n d o ao Espírito e d e p o i s unir-se à oração da
assembleia q u e está o r a n d o o u c a n t a n d o e m Línguas.
o d o m de línguas é para t o d o s os q u e c r e r e m
(cf. M c 16,17). Pelo m o d o c o m o se manifesta,ele p o d e O u t r a f o r m a q u e p o d e ajudar é esta: n o m o -
apresentar-se s e m s e n t i d o às m e n t e s mais racionais. m e n t o d o c a n t o d e l o u v o r convida-se para q u e cada
Mas na m e d i d a e m q u e se aceita o d o m e abre-se o pessoa escolha u m a vogal - t o d a s as vogais d e v e m
coração e a m e n t e , as dificuldades vão d e s a p a r e c e n - ser cantadas - e c o n t i n u e l o u v a n d o o S e n h o r n a q u e -
d o e o d o m se t o r n a u m m o d o a mais de c o m o r e z a r le m e s m o r i t m o , c a n t a r o l a n d o esta vogal. Ex: U n s vão
escolher o " a a a",outros o"é é é " e t c , f o r m a u m lindo
Também é necessário que o receptor co-
c o r a l e as pessoas vão se s o l t a n d o n o louvor, então, o
l a b o r e c o m o D o a d o r - o Espírito Santo. A o Espí-
que está d i r i g i n d o a oração, a c e r t o m o m e n t o , inicia
r i t o cabe a moção e a inspiração das palavras e n -
o c a n t o e m línguas. O mais é c o m o Espírito Santo.
q u a n t o q u e à pessoa, o desejo, a aceitação e a
decisão d e o r a r : a b r i r a boca, m o v e r a língua, m o - • Levar a assembleia a um grande cla-
vimentar os lábios, p r o d u z i r sons. D i a n t e deste mor ao Espírito Santo pedindo seu batismo e
d o m , c o m o d o s o u t r o s , a pessoa deve fazer u m seus dons, especialmente o Dom de Línguas.
a t o de fé, c e d e r à ação d o Espírito Santo, pois, s o b
• C o n d u z i r a assembleia a u m g r a n d e m o m e n t o
Sua ação a língua proferirá palavras ininteligíveis.
d e l o u v o r até q u e não haja mais palavras na m e n t e para
" N o d o m de línguas, você solta os sons, e o l o u v a r o S e n h o r - p o d e seguir o l o u v o r c o m as vogais;
Espírito Santo dá o conteúdo. Esta é a sua p a r t e . Por e m seguida levá-los a u m a p r o f u n d a oração e m línguas.
isso, a m e l h o r m a n e i r a de o r a r e m línguas é soltar-
• C h a m a r as pessoas q u e ainda não p o s s u e m o
se n o m e i o d o s o u t r o s . Se há u m g r u p o o r a n d o e m
D o m de Línguas e pediràassembleia para lhes imporás
línguas, faça o m e s m o . N ã o é assim q u e o passari-
mãos p e d i n d o ao S e n h o r q u e lhes c o n c e d a esse D o m
n h o a p r e n d e a voar? N ã o é assim q u e a p r e n d e m o s
ou,se possível.cada dois s e r v o s r e z a m p o r u m a pessoa.
a nadar? H á m u i t o t e m p o , peço a D e u s q u e c o n c e -
da às pessoas a efusão d o Espírito Santo. D e q u e
forma? C o n v i d o a pessoa a o r a r c o m i g o , da m e s -
m a m a n e i r a q u e e s t o u o r a n d o . C o m e ç o a orar, e a
pessoa m e a c o m p a n h a . N ã o se p o d e i m i t a r C a d a
u m deve se soltar, a f i m de d e i x a r q u e o Espíri-
t o Santo o r e e m si. É algo m u i t o fácil e simples"^'.

7. CONCLUSÃO

O dom de línguas foi um dom abun-


dante n o início da Igreja. É normal um católi-
c o exercê-lo. Ele t r a z m u i t o s f r u t o s para a vida
de oração e de santificação pessoal, favore- , ,
cendo a intimidade e a comunhão com Deus. .

A oração em línguas pode se manifes-


tar de várias f o r m a s ; o mais i m p o r t a n t e não é ."sC?
o q u e se diz e sim o q u e há n o coração d o Oran- 5'ABIB,Jonas,Aspirai aos dons espirituais, p. 58
R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

CAPITULO 3

DOM DE PROFECIA E DOM DE INTERPRE


TACÃO DAS LÍNGUAS
A um é dada pelo Espírito ... a outro, a profecia... a outro, a interpretação das
línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada
um como lhe apraz (ICor 12,1 Ob.e).

1. INTRODUÇÃO

E s t u d a r e m o s mais dois D o n s de inspiração: O fética g e r a l m e n t e suscita f o r t e m e n t e u m m o v i m e n -


d o m de Profecia e Interpretação das Línguas. t o de conversão, de a g r a d e c i m e n t o ao S e n h o r p o r
suas intervenções de a m o r , u m s e n t i m e n t o de paz.
O carisma de Profecia é u m d o s m e i o s q u e o
O c a s i o n a l m e n t e o p r o f e t a r e c e b e u m a luz p a r t i c u l a r
S e n h o r t e m para comunicar-se c o m o seu p o v o , e n -
p r e d i z e n d o o f u t u r o (cf. I C o r 14,3-4.14-lSy"\
corajando, e x o r t a n d o , instruindo, dando novo r u m o
ao t r a b a l h o apostólico, i n d i c a n d o a direção c e r t a e Por vezes, c o n f i r m a - s e na p r o f e c i a o q u e já se
levando à conversão, e n f i m , m a n i f e s t a n d o sua santa está f a z e n d o , e n c o r a j a n d o a c o n t i n u a r " N u m a n o i t e ,
v o n t a d e e m t u d o (cf. I C o r 14, 3). o S e n h o r disse a Paulo, e m visão:'não t e m a s ! ' Fala e
não t e cales. P o r q u e eu e s t o u c o n t i g o . Ninguém se
D e u s s e m p r e q u e r falar, mas n e m s e m p r e o seu
aproximará d e t i para t e fazer m a l , pois t e n h o u m
p o v o está p r o n t o para escutá-lo. Q u a n d o o faz e, e m
n u m e r o s o p o v o nesta c i d a d e " ( A t 18,9-10). Ela p o d e
seguida. Lhe o b e d e c e , faz a coisa c e r t a , na h o r a c e r t a ,
também p r e v e r u m a missão para a Igreja d e n t r o de
d o j e i t o c e r t o . Q u a n d o faz p o r sua própria c o n t a ,
algum t e m p o : " E n q u a n t o celebravam o c u l t o d o Se-
p o r sua v o n t a d e , algumas vezes a c e r t a , mas na m a i o -
nhor, d e p o i s de t e r e m j e j u a d o , disse-lhes o Espírito
ria delas e r r a , s o f r e o u fracassa. É necessário o u v i r o
Santo:'Separai-me Barnabé e Saulo para a o b r a a q u e
S e n h o r s e m p r e (cf. D t 6 , 4 ) .
os t e n h o d e s t i n a d o ' " ( A t 1 3 , 2 ) .
Q u e maravilha p o d e r o u v i r a D e u s e p o r ele
São Paulo aconselha a aspirar aos d o n s " m a s
ser o r i e n t a d o . Q u e p o v o há, c o m e f e i t o , que t e n h a
s o b r e t u d o ao d o m da p r o f e c i a " (cf. I C o r 14, I ) ; e
seu D e u s tão próximo de si cada vez q u e o invoca
explica a importância deste d o m : " A q u e l e , porém,
c o m s i n c e r i d a d e (cf. D t 4, 7).
q u e p r o f e t i z a fala aos h o m e n s , para edificá-los, e x o r -
tá-los e consolá-los" ( I C o r 14, 3). O d o m d e p r o f e -
2. DOM D E P R O F E C I A cia " e d i f i c a a assembleia" ( c f I C o r 1 4 , 4 ) ; p o r isso o
apóstolo manifesta seu desejo: " O r a , desejo que t o -
dos faleis e m línguas, p o r é m m u i t o mais desejo q u e
2. L Conceito
profetizeis" ( I C o r 14, 5). Este d o m " i n s t r u i também
os o u t r o s ( o u v i n t e s ) " ( c f I C o r 14, 19), e é u m sinal
" A p r o f e c i a é u m c a r i s m a e m v i r t u d e d o qual o
" p a r a os fiéis" ( c f I C o r 14, 2 2 ) , q u a n t o para os i n f i -
i n s p i r a d o , e m n o m e de D e u s , é m o v i d o p e l o Espírito,
éis, s e n d o para estes, m o t i v o de adoração e p r o c l a -
fala à assembleia para exortá-la, estimulá-la o u c o r r i -
mação da presença de D e u s e m m e i o à c o m u n i d a d e
gi-la. É u m c a r i s m a que c o n t r i b u i m u i t o para e d i f i c a r
(cf I C o r 14,24-25). m.;
a Igreja. N ã o c o m u n i c a revelações sensacionais, mas
é u m a palavra inspirada q u e manifesta a v o n t a d e de
D e u s e m circunstâncias d o m o m e n t o e manifesta
os s e n t i m e n t o s o c u l t o s d o coração. A palavra p r o -
"ALDAY, Salvador Carrillo.A Renovação no Espírito Santo, p. 87.

21
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas .

É desejo a r d e n t e d o apóstolo q u e na c o m u n i - presença de D e u s . É u m m e i o eficaz d e o p o v o ser


dade se manifeste este d o m d o Espírito: " N ã o des- conduzido p o r Deus. Neste sentido, o profeta trans-
prezeis as p r o f e c i a s " ( I T e s 5, 2 0 ) . " A q u e l e q u e t e m m i t e o p e n s a m e n t o de D e u s . E essa transmissão v e m
o d o m da p r o f e c i a , exerça-o c o n f o r m e a f é " ( R m 12, de D e u s e não da m e n t e daquele q u e fala.
6), pois, s e g u n d o a m e d i d a d o d o m de C r i s t o , alguns
O p r o f e t a fala sob inspiração divina, s e n d o ins-
f o r a m constituídos p r o f e t a s para o aperfeiçoamento
t r u m e n t o a t i v o desta inspiração e comunicação; o
dos cristãos (cf. Ef 4 , 7 - 1 2 ) .
que i m p o r t a é a mensagem, e não t a n t o o t r a n s m i s -
A p r o f e c i a p o d e t r a z e r u m a sugestão s o b r e s o r da mensagem. É p r e c i s o t e r c u i d a d o para não
algo q u e deve ser m u d a d o ; p o d e t r a z e r u m a c o n f i r - se d e i x a r levar pela fraqueza humana, não a c e i t a n d o
mação d o a m o r de D e u s , d o seu p o d e r , u m s e n t i d o u m a p r o f e c i a divina p o r q u e esta veio p o r este o u
p r o f u n d o de sua presença.A p r o f e c i a é u m d o m que aquele m e m b r o da c o m u n i d a d e .
t o d o s p o d e m t e r : " T o d o s , u m após o o u t r o , p o d e i s
O Espírito Santo é livre para que haja p r o f e c i a
profetizar, para t o d o s a p r e n d e r e m e s e r e m t o d o s
o n d e , c o m o e q u a n d o Ele q u i s e r ; nas reuniões de
e x o r t a d o s " ( I C o r 14,31).
oração, n o r m a l m e n t e , há c e r t a sequência e m relação
Em N ú m e r o s I I, 29 lê-se: " P r o u v e r a a Deus à p r o f e c i a , c o m o segue: oração, l o u v o r (cânticos o u
que t o d o o p o v o profetizasse, e que o S e n h o r lhes preces), oração e cântico e m línguas seguido de b o m
desse o seu Espírito". O r a , o p r o f e t a Joel p r e d i s s e - t e m p o de silêncio para o u v i r o S e n h o r A s s i m se cria
ra q u e o S e n h o r iria d e r r a m a r o seu Espírito s o b r e o clima favorável para a manifestação d o c a r i s m a de
t o d o o ser vivo.Tal p r o f e c i a , n o N o v o T e s t a m e n t o , é p r o f e c i a , q u e deve ser desejado p o r t o d o s (cf. I C o r
l e m b r a d a p e l o apóstolo Pedro, l o g o n o dia de Pen- 14, l ) . A p ó s a c o l h e r a p r o f e c i a , a c o m u n i d a d e louva
tecostes, c o m o " c u m p r i m e n t o d o que foi d i t o pelo e e x u l t a de alegria pela palavra q u e o S e n h o r d e u . É
p r o f e t a J o e l " (cf. A t 2, 16-21). A s s i m , a p r o f e c i a é u m a i m p o r t a n t e que haja confirmação da profecia.
consequência d o d e r r a m a m e n t o d o Espírito Santo
A p r o f e c i a p o d e ser dada e m vernáculo (língua
na Igreja, pois q u e m t e m o Espírito d o S e n h o r e se
falada n o local) o u e m línguas estranhas, s e n d o que
deixa c o n d u z i r p o r Ele, torna-se u m i n s t r u m e n t o
essa necessita de interpretação, c o m o se verá a
a p t o para p r o f e t i z a r na assembleia.

2.2.1 . A a c o l h i d a d a profecia
2.2.0 exercício do d o m de profecia
Ninguém p r o f e t i z a sem o c o n s e n t i m e n t o da

O d o m de p r o f e c i a é a faculdade de a c o l h e r n o v o n t a d e , mas acolhe as palavras de D e u s e m sua

íntimo ( p e n s a m e n t o ) e t r a n s m i t i r e m palavras i n t e - m e n t e e, se não as p r o n u n c i a r p o r m e d o , i n s e g u r a n -

ligíveis, as revelações de D e u s . Está n o c a m p o das ça o u r e s p e i t o h u m a n o , d e i x a de p r o f e t i z a r Deus,

revelações p a r t i c u l a r e s e, c o m o t a l , não p o d e c o n - não v i o l e n t a , não força a m e n t e h u m a n a c o n t r a a sua

t r a d i z e r o q u e f o i revelado através da Bíblia e da vontade e consentimento.

Tradição e q u e é e x p l i c a d o p e l o Magistério da Igreja E o S e n h o r q u e m escolhe, chama e capacita o


(revelação pública). p r o f e t a (cf. Ef 4, I I ) . É Ele q u e suscita o desejo de

A manifestação da p r o f e c i a deve ser c o m " d i g - profetizar, vai d e r r u b a n d o as b a r r e i r a s que i m p e d e m

nidade e o r d e m " (cf. I C o r 14, 4 0 ) , e c o m o critério a e n t r e g a plena d o ser da pessoa ao seu Espírito San-

de j u l g a m e n t o s o b r e a m e s m a (cf. 1 4 , 2 9 ) , pois " D e u s t o , e m b o r a r e s p e i t e o seu livre arbítrio, sua l i b e r d a d e .

não é D e u s de confusão, mas de p a z " ( I C o r 14, 33). A p r o f e c i a é g e r a l m e n t e p r e c e d i d a pela unção, que


é u m 'senso da presença d o Senhor', u m m o v i m e n t o
A s s i m sendo, o exercício da p r o f e c i a a c o n t e c e
n o íntimo d o espírito, é u m i m p u l s o para anunciar
q u a n d o o p r o f e t a fala sob a influência s o b r e n a t u r a l
a mensagem de D e u s ; c o m frequência, a unção é a
d o Espírito," a b r i n d o o seu ser para isso, t r a n s f o r -
chave q u e p e r m i t e saber que o S e n h o r q u e r falar^''.
mando-se e m " p o r t a - v o z " de D e u s , para a v e r b a l i z a -
ção de Suas palavras. A s s i m sendo, são c o m b i n a d a s a ação d o Espíri-
t o e a adesão da pessoa. O Espírito unge o p r o f e t a e
A p r o f e c i a não se r e f e r e necessariamente ao
inspira-lhe as palavras a s e r e m ditas. A pessoa deve
f u t u r o , m u i t o e m b o r a isso t e n h a sido o caso e m a l -
entregar-se a D e u s , a c o l h e r as palavras n o íntimo e
gumas ocasiões, c o m o evidencia a Bíblia. Pela p r o f e -
pronunciá-las d e s t e m i d a m e n t e . O p r o f e t a não preci-
cia. D e u s utiliza-se de alguém para d i z e r aos h o m e n s
o que Ele pensa s o b r e a situação p r e s e n t e , o u qual é
" Cf. RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Grupo de Oração, p 54.
sua intenção para o f u t u r o . N u m a reunião de oração,
C f ABIB, Jonas,Aspirai aos dons espirituais, p. 56.
a p r o f e c i a t e m o e f e i t o de a p r o f u n d a r o senso da

22
•^j R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

sa m u d a r a v o z o u i m p r i m i r u m a t o n a l i d a d e discur- na v e r d a d e é o m o m e n t o da escuta de D e u s , da u n -
siva, mas apenas p r o n u n c i a r o q u e lhe é revelado na ção (que g e r a l m e n t e p r e c e d e a p r o f e c i a ) ;
sua própria m a n e i r a de f a l a r N e s t e s e n t i d o . D e u s se
4. Profecia;
utiliza da c u l t u r a e d o vocabulário da pessoa.
5. A c o l h i m e n t o , m o m e n t o da r e s p o s t a q u e d a -
O essencial para a c o l h e r a p r o f e c i a e p r o c l a m a
m o s a D e u s após a qual a c o m u n i d a d e l o u v a e e x u l t a
-la é c r e r que D e u s q u e r falar naquele m o m e n t o e
de alegria pela palavra q u e o S e n h o r lhe d i r i g i u .
dispor-se a ser o seu i n s t r u m e n t o . A pessoa recebe
É o l h a r m o s para estes m o m e n t o s d o ciclo ca-
na m e n t e u m a palavra o u frase e, à m e d i d a q u e as
rismático e p e r c e b e r m o s q u e cada m o m e n t o nos
p r o n u n c i a , o u t r a s seguirão.Também p o d e a c o n t e c e r
p r e p a r a para o u v i r m o s a v o z de D e u s e q u e d e n t r e
de ser dada, p r i m e i r o e m p e n s a m e n t o o u p o r m e i o
t o d o s os m o m e n t o s , a escuta o u o silêncio, se faz
de i m a g e m .
necessário, pois é o m o m e n t o e m que D e u s nos fala.
Q u a l q u e r q u e seja a f o r m a de r e c e b e r a p r o - N a m e d i d a e m q u e a c o m u n i d a d e se h a b i t u a c o m o
fecia, a pessoa deve d a r u m passo na fé para p r o - c i c l o carismático, torna-se mais a b e r t a a o S e n h o r e
nunciá-la, sem se d e i x a r i m p r e g n a r p o r dúvidas e ao c u m p r i m e n t o de Sua v o n t a d e .
inseguranças. Por vezes, a pessoa se a c o s t u m a a f i c a r
Em c o n t i n u i d a d e , falando ainda s o b r e o c i c l o
e s p e r a n d o pelos q u e mais c o s t u m e i r a m e n t e p r o f e -
carismático, p o d e m o s r e f l e t i r n o q u e o papa B e n -
t i z a m . O s q u e agem assim, d i f i c i l m e n t e serão usados
t o X V I nos ensina na exortação apostólica V e r b u m
c o m o d o m d e profecia. Para o u v i r o Senhor, é n e -
D o m i n i n. 14 " C o n s e q u e n t e m e n t e , r e c o m e n d o u q u e
cessário u m a t o de e n t r e g a a o Espírito e não apenas
«se ajudassem os fiéis a b e m d i s t i n g u i r a Palavra
d e passividade.
de D e u s das revelações privadas», c u j o «papel não
O p r o f e t a deve m a n t e r u m a e x p e c t a t i v a de es- é (...) ' c o m p l e t a r ' a Revelação d e f i n i t i v a de C r i s t o ,
c u t a . A escuta é a capacidade dada p e l o Espírito San- mas ajudar a vivê-la mais p l e n a m e n t e , n u m a d e t e r m i -
t o para o u v i r a v o z de D e u s n o coração e discernir, nada época histórica». O v a l o r das revelações p r i v a -
d e n t r e t o d a s as vozes q u e chegam, qual é de D e u s das é essencialmente d i v e r s o d o da única revelação
( c f j o 12,27-29). pública: esta exige a nossa fé; d e f a t o nela, p o r m e i o
A oração d o discípulo de Jesus é mais d o q u e de palavras humanas e da mediação da c o m u n i d a d e
falar n o vazio, l e r n o vácuo, s o f r e r na solidão, c o n - viva da Igreja, fala-nos o próprio D e u s . O critério da
t e m p l a r u m túnel sem fim. A oração d o discípulo de v e r d a d e de u m a revelação privada é a sua o r i e n t a -
Jesus Ressuscitado é m u i t o mais d o q u e t a t e a r na es- ção para o próprio C r i s t o . Q u a n d o aquela nos afasta
curidão. Ela não é t a m p o u c o u m salto n o a b i s m o . O d'Ele, c e r t a m e n t e não v e m d o Espírito Santo, q u e nos
discípulo de Jesus f o i levado à posição de amigo d o guia n o âmbito d o Evangelho e não f o r a dele. A r e -
M e s t r e ( c f Jo 15, 14). Sendo a m i g o d e u m a das Pes- velação privada é u m a ajuda para a fé, e manifesta-se
soas da Santíssima T r i n d a d e , goza, a u t o m a t i c a m e n t e , c o m o credível p r e c i s a m e n t e p o r q u e o r i e n t a para a
da amizade das o u t r a s . Por isso sua oração é, antes única revelação pública. Por isso, a aprovação eclesi-
de t u d o , aproximar-se de D e u s ( c f H b 1 1 , 6), é u m ástica de u m a revelação privada indica e s s e n c i a l m e n -
inclinar de o u v i d o na direção d o s lábios da T r i n d a d e t e q u e a respectiva mensagem não contém nada q u e
Santíssima ( c f Is 5 0 , 4b-5) para s a b o r e a r seu c a n t o c o n t r a d i g a a fé e os b o n s c o s t u m e s ; é lícito torná-la
de a m o n pública, e os fiéis são a u t o r i z a d o s a prestar-lhe d e
f o r m a p r u d e n t e a sua adesão. U m a revelação p r i v a d a
2.2.2. O ciclo c a r i s m á t i c o
p o d e i n t r o d u z i r novas acentuações, fazer s u r g i r n o -
Nas reuniões d e oração, cria-se assim o q u e é vas f o r m a s de piedade o u a p r o f u n d a r antigas. Pode
d e n o m i n a d o " c i c l o carismático", c o m p o s t o de l o u - revestir-se de u m c e r t o carácter profético ( c f I T s
vor, oração e p r o f e c i a . A assembleia se d i r i g e a D e u s 5, 19-21) e ser u m a válida ajuda para c o m p r e e n d e r e
pela oração, q u e é o dialogo c o m o S e n h o r Ele r e s - v i v e r m e l h o r o Evangelho na h o r a atual; p o r isso não
p o n d e pela p r o f e c i a , usando as m e n t e s e v o n t a d e s se deve desprezá-la."^^
daqueles que se r e n d e m a Ele para edificar a c o m u -
O c o r r e , p o r vezes, q u e vários m e m b r o s da
nidade.
c o m u n i d a d e t e n h a m a m e s m a p r o f e c i a n u m só m o -
N o ciclo carismático, e n c o n t r a m - s e assim estes
elementos:

1. O r a ç ã o , l o u v o r (cântico o u p r e c e s ) ; :
Exortação Apostólica Verbum Domini n. 14.
2. O r a ç ã o e m línguas;

3. Seguido de u m b o m t e m p o de silêncio, q u e

23
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^

m e n t o ; q u a n d o a p r i m e i r a p r o f e c i a é anunciada, os c. Profecias influenciadas por devoções pessoais -


o u t r o s , t e n d o - a também r e c e b i d o , p o d e m c o n f i r m a q u a n d o u m a pessoa t e m ligação m u i t o e s t r e i t a c o m
-la, d i z e n d o e m b o m t o m : " e u c o n f i r m o " . Isto dá cer- algum t i p o de devoção ( C o r a ç ã o de Jesus, N o s s a
t e z a da p r o f e c i a q u a n t o à sua a u t e n t i c i d a d e . Deve-se Senhora, algum santo e t c ) , poderá se s e n t i r i m p u l -
falar o q u e se r e c e b e tão l o g o se r e c e b e . A p ó s o sionada a mesclar a p r o f e c i a c o m esses s e n t i m e n t o s
anúncio de u m a o u mais profecias, é o p o r t u n o que o pessoais; às vezes, a mensagem é t r a n s m i t i d a e s t r i t a -
d i r i g e n t e da reunião c o n d u z a a assembleia a l o u v a r o m e n t e c o m e l e m e n t o s de tais devoções, o q u e c o n s -
S e n h o r q u e ali está se c o m u n i c a n d o c o m ela. t i t u i n u m a não profecia.

É i m p o r t a n t e que um servo fique encarregado É necessário r e c o r r e r ao indispensável d o m


de a n o t a r as profecias, pois, recordá-las ajuda a v i - d o d i s c e r n i m e n t o , p e l o qual D e u s dá u m a c o n v i c -
vência das mesmas. ção i n t e r i o r da a u t e n t i c i d a d e o u não da p r o f e c i a . O
d i s c e r n i m e n t o , p o r t a n t o , torna-se também u m exer-
2.3.Tlpos de profecia cício e s p i r i t u a l . N o e n t a n t o , ao ser p r o c l a m a d a u m a
profecia, seria o p o r t u n o :

A l é m da p r o f e c i a v e r d a d e i r a , p o d e a c o n t e c e r a. O b s e r v a r se ela não c o n t r a d i z a Bíblia o u a


de ser p r o c l a m a d a n u m a reunião de oração o u f o r a d o u t r i n a da Igreja;
dela, o u t r o s t i p o s de mensagens assim conhecidas:
b. P e r c e b e r as impressões q u e ela causa da as-
a. Nõo profecia - q u a n d o as palavras v ê m da sembleia (paz, alegria, contrição, m e d o , angústia, a n -
m e n t e h u m a n a ; são s e n t i m e n t o s , às vezes bastante siedade e t c ) ;
p i e d o s o s , mas q u e não vêm de D e u s e sim da pes-
c. Esperar q u e ela seja c o n f i r m a d a p o r o u t r a s
soa q u e , m o v i d a p o r seus anseios o u m e s m o por
pessoas.
p r o b l e m a s e m o c i o n a i s , t e n t a c o m u n i c a r os próprios
s e n t i m e n t o s c o m o se f o s s e m mensagens d o Espírito; É b o m q u e se diga que o D e m ó n i o não tem
p o d e r e a u t o r i d a d e para i n t e r f e r i r n u m a oração hu-
b. Falsa profecia - é u m a mensagem i n f l u e n c i a -
m i l d e e a b e r t a ao Espírito. Quanto mais louvor, me-
da p e l o D e m ó n i o ; p o d e o c o r r e r N o r m a l m e n t e , ela
nos espaço para Satanás. Ele necessita de um tipo de
c o n t r a d i z a E s c r i t u r a o u a Tradição e o e n s i n a m e n t o
" b r e c h a " para influenciar as pessoas, que pode ser
da Igreja.A falsa p r o f e c i a é d e t e c t a d a pelos seus f r u -
causada p o r presunção, desespero, altivez ou algum
t o s : ela causa u m mal estar e s p i r i t u a l j u n t o à c o m u n i -
p e c a d o grave que esteja de alguma forma, influen-
dade; vê-se logo q u e não p r o c e d e d o Espírito Santo
c i a n d o f o r t e m e n t e o momento da oração.
pelos e f e i t o s negativos que p r o d u z .
Q u a n t o aos destinatários, uma profecia pode ser:
Pode a c o n t e c e r também q u e inspirações a u -
tênticas se m e s c l e m à s u b j e t i v i d a d e d o indivíduo a. Pessoal - dirigida d i r e t a m e n t e a uma pessoa,

que, e s p o n t a n e a m e n t e , vai i n t r o d u z i n d o o u t r o s e l e - na oração pessoal o u através de alguém que ora por

m e n t o s e m i s t u r a n d o - o s c o m o q u e D e u s está r e l e - ela; mais r a r a m e n t e , mas também p o d e acontecer

v a n d o . Seria o caso de: -' ^ n u m a oração comunitária;

a. Profecias longas - a pessoa recebe a i n s p i r a - b. Comunitária - dirigida a todas as pessoas

ção e, depois q u e fala o q u e sentiu de D e u s , per- reunidas e m oração.

manece c o m e n t a n d o o u a c r e s c e n t a n d o coisas q u e , Pode-se p e d i r u m a p r o f e c i a para alguém p a r t i -


nas mais das vezes, ela m e s m a t e m v o n t a d e de d i z e r c u l a r m e n t e o u para u m a necessidade da c o m u n i d a -
à c o m u n i d a d e o u a algumas pessoas q u e ali estão d e c o m o u m t o d o . N a p r o f e c i a p o d e m ser revelados
presentes. A p r o f e c i a se t o r n a longa e u m pouco planos a se realizar e que estão s e n d o a m a d u r e c i d o s
confusa, d i f i c u l t a n d o o e n t e n d i m e n t o dos o u v i n t e s d e n t r o de cada u m i n d i v i d u a l m e n t e o u na c o m u n i -
q u a n t o a o que r e a l m e n t e é mensagem de D e u s . A p e - dade.
sar disso, o f a t o de u m a p r o f e c i a ser u m p o u c o mais
Q u a n t o à f o r m a , u m a p r o f e c i a p o d e ser:
alongada, não q u e r d i z e r q u e estejam s e n d o f e i t o s
acréscimos p e l o p r o f e t a ; a. Direta - p r o n u n c i a d a e m língua compreensí-
vel (vernáculo), na p r i m e i r a pessoa d o singular, c o m o
b. Profecias repetitivas - a pessoa p r o n u n c i a as
se fosse o próprio D e u s falando;
palavras inspiradas e, na ânsia de c o n t i n u a r ensinan-
b. Indireta - e m línguas, p o r m e i o de visualiza-
do, fica r e p e t i n d o as mesmas palavras o u c o m p e -
ção, recordação de t r e c h o s bíblicos o u fatos o c o r -
quenas variações; %ota^-
r i d o s , e n t r e o u t r o s ; nesses casos, o p r o f e t a n o r m a l -

24
. .'^j R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

m e n t e c o m u n i c a o q u e D e u s está falando, c o m o se 3.1. O exercício de interpretação das


estive e x p o n d o . Também é possível q u e p r o f e t i z e línguas ;s
e n q u a n t o p r o f e r e u m a pregação o u ensino.

Segue os m e s m o s princípios q u e n o r t e i a m o
d o m de p r o f e c i a . D e f o r m a pessoal o u comunitária,
3 . 0 DOM DE I N T E R P R E T A -
a interpretação o c o r r e após a emissão da u m a m e n -
ÇÃO DAS LÍNGUAS
sagem e m línguas.

A mensagem e m línguas p o d e t e r duração d i f e -


O c o r r e muitas vezes n u m a assembleia carismá-
r e n t e , p o d e n d o ser longa o u breve; c o n t u d o , a i n t e r -
t i c a r e u n i d a , a oração o u o c a n t o e m línguas, n u m a
pretação deve ser concisa, d e n o t a n d o c o m clareza a
h a r m o n i o s a alegria pela presença de D e u s naquele
mensagem d o S e n h o r Q u e m recebe o d o m da i n t e r -
lugar D u r a n t e a oração o u c a n t o e m línguas o u n o
pretação p e r c e b e q u e as palavras lhe v ê m à m e n t e
silêncio q u e se segue, u m a v o z destaca-se das d e -
de f o r m a a b u n d a n t e , e deve d i z e r o q u e o S e n h o r
mais. O u t r a s vozes se calam p o r q u e s e n t e m q u e o
lhe inspira.
Espírito está agindo, d a n d o u m a p r o f e c i a e m línguas.
Faz-se silêncio para a escuta da interpretação. A s s i m c o m o há u m a unção para p r o f e t i z a r , u m a
mensagem e m línguas também é p r e c e d i d a p o r u m a
A interpretação p o d e v i r pela m e s m a pessoa
unção. O intérprete recebe u m i m p u l s o i n t e r i o r para
o u p o r o u t r a , de f o r m a d i r e t a , c o m o u m a palavra de
a interpretação.Aliás,a unção d o Espírito c a r a c t e r i z a
p r o f e c i a . Pode o c o r r e r também a interpretação i n d i -
o exercício d o s d o n s . Q u a n t o mais a pessoa se h a b i -
reta, p o r m e i o de visualização, recordação de versí-
t u a c o m ela, mais f a c i l m e n t e i d e n t i f i c a o m o d o c o m o
culos bíblicos o u f a t o s , e n t r e o u t r a s f o r m a s .
o S e n h o r lhe " d i t a " as palavras.
D a m e s m a m a n e i r a q u e a profecia, o d o m de
P o r q u e D e u s utiliza o d o m de línguas para c o -
interpretação das línguas p o d e o c o r r e r d u r a n t e o
m u n i c a r sua mensagem q u a n d o p o d e fazê-lo " d i r e -
" c i c l o carismático": l o u v o r - silêncio - p r o f e c i a e m
t a m e n t e " através da profecia? D o m J o ã o Evangelista
línguas e interpretação - l o u v o r a D e u s .
Martins Terra procura responder:
O carisma de interpretação das línguas é a
"Falar e m línguas n u m a assembleia c u l t u r a l cria
faculdade de p e r c e b e r o s e n t i d o da oração o u da
u m a a t m o s f e r a de audição i n t e r i o r e u m a e x p e c t a -
p r o f e c i a e m línguas. N ã o se c o n f u n d e c o m tradução
ção a t e n t a da palavra d o S e n h o r Esse d o m a l e r t a
( o u versão). N e s t a , o t r a d u t o r e n t e n d e cada palavra.
os q u e p r o f e t i z a m n o g r u p o , a f i m de e s t a r e m mais
É p o r isso q u e ele, u t i l i z a n d o palavras de u m d o s
p r e p a r a d o s para r e c e b e r u m a inspiração s o b r e o
i d i o m a s c o n h e c i d o s , reescreve o t e x t o e m o u t r a lín-
que o S e n h o r q u e r c o m u n i c a r ao g r u p o , e c o l o c a
gua q u a l q u e r A tradução é a substituição de palavras,
também o g r u p o i n t e i r o a l e r t a para e s c u t a r o q u e se
t e r m o s o u períodos de u m a língua pelos de o u t r a .
vai d i z e r Essa interpretação não é u m a tradução, mas
O d o m de interpretação das línguas é u m i m - u m c a r i s m a d i f e r e n t e q u e não a c o n t e c e na oração
pulso, através de u m a unção e s p i r i t u a l , p o r m e i o d o particular, mas só q u a n d o o Espírito suscita alguém
qual a pessoa capta o s e n t i d o da mensagem e c o m u - a falar e m línguas na assembleia, e n q u a n t o t o d o s os
nica-a para torná-la compreensível aos m e m b r o s da o u t r o s g u a r d a m silêncio, p r e p a r a n d o assim o clima
c o m u n i d a d e . É, p o r t a n t o , u m a p r o f e c i a m o t i v a d a e para a intervenção d o carisma profético q u e i n t e r -
a n t e c e d i d a p e l o d o m de línguas: preta e x o r t a n d o , consolando e corrigindo"^^

" A q u e l e q u e fala e m línguas não fala aos h o - Por vezes, a c o n t e c e q u e várias pessoas r e c e -
mens, senão a D e u s : ninguém o e n t e n d e , pois fala b e m a m e s m a interpretação da mensagem ouvida.
coisas m i s t e r i o s a s , s o b a ação d o Espírito. O r a , d e - N e s t e caso, o senso de q u e a interpretação o u v i d a
sejo q u e t o d o s faleis e m línguas, porém m u i t o mais é c o r r e t a , é r a t i f i c a d o . C o m o na profecia, deve-se d i -
desejo q u e p r o f e t i z e i s . M a i o r é q u e m p r o f e t i z a d o z e r e m v o z alta: " e u c o n f i r m o ! " . A p ó s r e c e b e r u m a
q u e q u e m fala e m línguas, a não ser q u e este as i n - o u mais mensagens e m línguas c o m interpretação,
t e r p r e t e , para q u e a assembleia receba edificação. o p r o c e d i m e n t o d o d i r i g e n t e da reunião deve ser
Q u e m fala e m línguas, peça na oração o d o m de as - c o m o após a p r o f e c i a - de d e i x a r algum t e m p o
i n t e r p r e t a r " ( I C o r 14,2.5.13). para o l o u v o r e r e s p o s t a ao Senhor, de a c o r d o c o m
o conteúdo da mensagem. E q u a n d o o S e n h o r fala,
Tanto " o falar" c o m o " o o r a r " e " o cantar" em
q u e r p o r m e i o da interpretação das línguas, q u e r p o r
línguas só se t o r n a m mensagem profética q u a n d o
h o u v e r interpretação.
^'Os carismas em São Paulo, p. 19.

25
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^

profecias, sua palavra t r a z s e m p r e f r u t o s p o d e r o s o s e é assim q u e a Igreja, q u e s o m o s nós, se mantém


sobre todos. em ação"".

A diferença e n t r e a Profecia e a Profecia em


Línguas: a Profecia é dada na própria língua (vernácu- 5. CONCLUSÃO
lo) e é e n t e n d i d a p o r q u e m a o u v e , ao passo q u e a
Profecia e m Línguas necessita de interpretação.
O o b j e t i v o da p r o f e c i a é edificar, e x o r t a r , c o n -
U m a vez i n t e r p r e t a d a , a manifestação das lín-
solar ( c f I C o r 14, 3). Seu conteúdo deve estar de
guas t e m t o d a s as utilidades da p r o f e c i a , a saber: e d i -
a c o r d o c o m a Bíblia e o e n s i n o da Igreja, levar à g l o -
ficar, e x o r t a r , c o n s o l a r (cf. I C o r 14, 3).
rificação de D e u s , ressaltar o c r e s c i m e n t o de C r i s t o
F r e q u e n t e m e n t e p o d e m o c o r r e r profecias c o m n o a m o r f r a t e r n o , na edificação da Igreja e na busca
s u b s t r a t o bíblico, c o m p o s t a de frases bíblicas, j u s t a - da santidade.
m e n t e p o r q u e naquele m o m e n t o . D e u s q u e r r e l e m -
O p r o f e t a é o p o r t a - v o z de D e u s - D e u s é o
b r a r à c o m u n i d a d e o r a n t e , esta o u aquela mensagem
c e n t r o - m o s t r a n d o o C r i s t o vivo e ressuscitado
o u v e r d a d e da fé c o n t i d a na Escritura. N e s t e c o n t e x -
agindo, p o r seu Espírito. São Paulo c o n v i d a à c o n f i a n -
t o , a p r o f e c i a , é " u m a ação de D e u s m e d i a n t e a qual
ça q u a n d o d i z : " T o d o s podeis p r o f e t i z a r " ( I C o r 14,
alguém p r o c l a m a u m a mensagem de D e u s , a qual
3 1 ) . A Igreja precisa de p r o f e t a s q u e e n c o r a j e m , a n i -
focaliza u m a v e r d a d e já c o n h e c i d a , mas q u e precisa
m e m , i n s t r u a m e e x o r t e m o seu p o v o ( c f C o l 3, 16).
naquele m o m e n t o , ser l e m b r a d a " " . A s passagens bí-
blicas v ê m ao p e n s a m e n t o n a t u r a l m e n t e .

N o e n t a n t o , é p r e c i s o q u e se diga q u e a m e r a
6. PROPOSTA DE DINÂMICA
recordação de versículos bíblicos sem u m a c o n o -
tação atual não é p r o f e c i a . Q u a n d o alguém apenas • Levar a assembleia a u m g r a n d e c l a m o r ao
e m i t e supostas mensagens tais c o m o ; " M e u s f i l h o s , Espírito Santo p e d i n d o seu b a t i s m o e seus d o n s , es-
eu s o u o c a m i n h o , a v e r d a d e e a v i d a " , não se t r a t a p e c i a l m e n t e o D o m de Profecia. Preparar o a m b i e n -
de u m a p r o f e c i a n o s e n t i d o e s c r i t o ; na m a i o r i a d o s t e na confiança de q u e o S e n h o r q u e r falar aqui e
casos, é u m p e n s a m e n t o da própria pessoa, p o r q u e agora. Explicar c o m o as pessoas d e v e m entregar-se
r e c o r d o u aquela palavra naquele m o m e n t o , m o t i v a - a o Senhor, d e i x a r a m e n t e livre para r e c e b e r a m e n -
da o u não p e l o c l i m a da oração. Pelo d o m d o discer- sagem e m Profecia.
n i m e n t o é possível saber se as palavras bíblicas têm
• C o n d u z i r a assembleia a u m g r a n d e m o m e n -
u m a conotação atual.
t o de l o u v o r até q u e não haja mais palavras e m ver-
Por f i m , é i m p o r t a n t e l e m b r a r q u e " U m caris- náculo para l o u v a r o S e n h o r e já iniciar a oração e m
m a - s o b r e t u d o de o r d e m profética - não é infalível línguas.
e o seu início p o d e ser m a r c a d o p e l o fracasso, p e l o
• A p ó s u m p r o f u n d o m o m e n t o de oração e m
e r r o , pela falta d e confirmação, sem q u e ele t e n h a
línguas silenciar c o m p l e t a m e n t e para o u v i r o S e n h o r
de ser i m e d i a t a m e n t e q u e s t i o n a d o . T u d o isso é u m a
fase de ensaios às cegas, legítima e necessária para • U m s e r v o a n o t a as profecias.
assentar esse carisma. Mas ela não deve, o b v i a m e n t e , • Fazer u m g r a n d e l o u v o r e ação de graças
prolongar-se, excessivamente..."^^. pela Palavra que o S e n h o r dirigiu a seu p o v o .

• A n a l i s a r as Profecias e salientar o t i p o de
4. P R O F E C I A E OBEDIÊNCIA Profecia q u e o S e n h o r d e u : e m vernáculo; e m línguas;
p o r visualização; c o n f i r m o u c o m a Palavra e t c ? H o u -
ve confirmação? Alguém mais s e n t i u algo diferente?
A s profecias são dadas c o m o orientações para
• A Profecia f o i de consolação? Exortação?
s e r e m o b e d e c i d a s . Q u a n d o não se p r e s t a atenção
Orientação?
e não se vive o q u e o S e n h o r fala. Ele p o d e calar-
se. É i m p o r t a n t e levar b e m a sério as profecias: são • C o n c l u i r salientando a Palavra d e Profecia
palavras de D e u s , palavras de vida, q u e levam a c o - dada p e l o S e n h o r c o n c l a m a n d o a que t o d o s v i v a m
m u n i d a d e e as pessoas a t e r e m vida e m abundância intensamente o que o Senhor falou.
( c f J o 10, 10).

" O g r u p o deve levar a sério a palavra d e p r o - " RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA. Grupo de oração, p. 48.

fecia, p o r q u e , p o r ela, o S e n h o r nos fala. Ela pode " MADRE, Philippe.Aspirai aos carismas, p. 48.

^'ABIB,Jonas,Asplrai os dons espirituais, p. 87.


m u d a r o r u m o das coisas, o r u m o da própria Igreja,

26
R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

CAPÍTULO 4 ^ o;

DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS


í ív A outro, o discernimento dos espíritos (I Cor 12, I Oc).

\. INTRODUÇÃO t u i t i v a e i n s t a n t a n e a m e n t e , quais espíritos estão p r e -


sentes e o p e r a n t e s e m u m a palavra, ação, situação
o u pessoa (santo, demoníaco, h u m a n o , o u a m i s t u r a
f. C o m e ç a m o s c o m o D o m de D i s c e r n i m e n t o
destes)"^'.
d o s Espíritos o e s t u d o d o s d o n s de revelação q u e ,
Este d o m p e r m i t e i d e n t i f i c a r qual espírito está
c o m o v i m o s , são D i s c e r n i m e n t o d o s Espíritos, Pala-
i m p u l s i o n a n d o o u está i n f l u e n c i a n d o u m a : ação, s i t u -
v r a de Ciência e Palavra de Sabedoria.
ação, desejo, decisão, palavra, p r o p o s t a , o f e r e c i m e n t o .
Revelar significa t i r a r o véu, d e i x a r v i r a claro,
" O d i s c e r n i m e n t o é o d o m que nos abre os
m o s t r a r o real, fazer c o n h e c e r o q u e era i g n o r a d o
o l h o s p a r a o m u n d o invisível, o n d e a g e m t a n t o o s
o u secreto, manifestar a verdade. D i s c e r n i r deriva
espíritos b o n s c o m o os m a u s . O discernimento
^v, d o latim discernere - significa separar, distinguir; dele
é luz s o b r e n a t u r a l que nos m o s t r a a o r i g e m e a
provém o substantivo discretio, o qual designa a capa-
causa última d e c e r t o s f e n ó m e n o s m i s t e r i o s o s ,
cidade de discernir, a faculdade de d i s t i n g u i r O subs-
h u m a n a m e n t e inexplicáveis. P o r t a n t o , não se t r a -
t a n t i v o grego: d i s c e r n i r (diacrisis) significa p e r c e b e r
t a , e m h i p ó t e s e a l g u m a , d e u m juízo t e m e r á r i o
claramente, conhecer distintamente entre o bem e o
q u e f a z e m o s s o b r e as p e s s o a s . A s p r ó p r i a s p a l a -
mal, p e r c e b e r claro p o r q u a l q u e r dos sentidos"*".
vras ' d i s c e r n i m e n t o dos espíritos' d e i x a m c l a r o
O d o m de d i s c e r n i m e n t o d o s espíritos é u m a
q u e t r a t a m o s d o s e s p í r i t o s e não d o s h o m e n s e
graça q u e provém da presença e ação d o Espírito
da sua c o n d u t a ' " " ^
Santo, c o m o u m carisma q u e n o s p e r m i t e examinar,
discernir, p e r c e b e r e identificar, e m nós m e s m o s , n o s
a m b i e n t e s , nas o u t r a s pessoas, nos m o m e n t o s d o 3. TIPOS DE DISCERNIMENTO
g r u p o de oração, nos o b j e t o s , o q u e é de D e u s , o
q u e é da n a t u r e z a h u m a n a o u o q u e é d o maligno.
a. R e f l e x i v o ( b o m senso)
Jesus usou m u i t o o carisma de d i s c e r n i m e n t o
d o s espíritos e m sua vida diária.Também os h o m e n s É o d i s c e r n i m e n t o c o n s e g u i d o pela inteligência,
e as m u l h e r e s , pais e mães, servos c o m g r a n d e r e s - p e l o raciocínio lógico, pela experiência de vida, pela
ponsabilidade, precisam desse carisma para saber experiência q u e se t e m s o b r e alguma coisa, pelo es-
d i s t i n g u i r qual espírito está agindo e m cada situação: t u d o , pela formação, pela observação.
o Espírito de D e u s , o espírito h u m a n o o u espírito
d o mal, o diabo.
b. D o u t r i n a l
O carisma de d i s c e r n i m e n t o d o s espíritos é
u m d o s d o n s mais necessários a q u e m c o o r d e n a u m É o discernimento adquirido pelo conhecimen-
g r u p o de oração, p r e s i d e u m a reunião de oração, o r a t o da Sagrada Escritura, da Sagrada Tradição e da
p o r alguém, é pai o u mãe de família, e x e r c e alguma D o u t r i n a da Igreja; algo q u e se a p r e n d e , se d e s e n -
função na c o m u n i d a d e p a r o q u i a l o u na R C C . É b o m v o l v e . N o Evangelho, Jesus indica: "Pelos seus f r u t o s ,
e s t u d a r c o m c a r i n h o este carisma. os c o n h e c e r e i s " ( M t 7, 16-20). C o n t u d o , s u r g e m n o

2. C O N C E I T O - ,^.<^..r-

" C f . MADRE, Philippe, Discernimento dos Espíritos. Ed. Santuário.


D i s c e r n i m e n t o d o s Espíritos é o " D o m d o Es- ^' DEGRANDIS, Robert, Carismas, dons do amor de Deus, p.47.
pírito Santo através d o qual u m a pessoa p e r c e b e , i n - « FALVO, S., O despertar dos carismas, p. 171.
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas >^

m u n d o os falsos p r o f e t a s q u e vêm disfarçados de sábado" ( M t 12, l 2 ; M c 3, 1-16).


ovelhas (e m e s m o disfarçados de p a s t o r e s ) , mas p o r
c. N a p r i m e i r a predição d e sua paixão, r e p r e -
d e n t r o são l o b o s a r r e b a t a d o r e s (cf. M t 7, 15).
e n d e u Pedro d i z e n d o q u e os s e n t i m e n t o s dele não
e r a m de D e u s , mas dos h o m e n s (cf. Mc 8 , 3 1 -33).
c . C a r i s m á t i c o (cf. I C o r 12, 10)
d. N a discussão s o b r e a ressurreição (com
os Saduceus, q u e negavam), Jesus o r i e n t o u : "Errais,
É a capacidade q u e o Espírito Santo dá para d i s -
não c o m p r e e n d e n d o as Escrituras n e m o p o d e r de
tinguir, i n t e r i o r m e n t e , p o r u m m o v i m e n t o d o Espíri-
D e u s " ( M t 2 2 , 2 9 ; Mc 1 2 , 2 4 ) .
t o n o íntimo, q u e espécie de espírito está m o v e n d o
u m a pessoa o u u m a c o m u n i d a d e . e. N o caso d o cego de nascença, Jesus não
a t r i b u i u a cegueira n e m aos pais, n e m ao próprio
Os discernimentos: carismáticos, doutrinal
h o m e m cego, c o m o p e r g u n t a v a m os discípulos, mas
e r e f l e x i v o , c o m p l e t a m - s e u m ao o u t r o . O melhor
d i s c e r n i u c o m o ocasião de manifestação da Glória
é c a m i n h a r e m j u n t o s . Em algumas vezes, o discer-
de D e u s (cf.Jo 9, Iss).
n i m e n t o r e f l e x i v o , baseado s o m e n t e na razão, foge
c o m p l e t a m e n t e da v o n t a d e de D e u s . f. D i a n t e da a t i t u d e de T i a g o e João, p e d i n d o
f o g o d o céu para c o n s u m i r os s a m a r i t a n o s q u e lhes
negavam pousada,Jesus o r i e n t o u : " N ã o sabeis de que
4. UTILIDADE DO DISCERNI- espírito sois a n i m a d o s . O Filho d o H o m e m não veio
MENTO CARISMÁTICO para p e r d e r as vidas d o s h o m e n s , mas para salvá-las"
(Lc 9 , 5 1 - 5 6 ) .

a. A u m e n t a a m a r g e m d e a c e r t o e m t u d o o Alguns t r e c h o s da Sagrada Escritura revelam as


que se faz; consequências da falta de discernimento. Por e x e m p l o :

b. P e r m i t e a d e s c o b e r t a da v o n t a d e de Deus a. G n 3, 17 - Eva não p a r o u para d i s c e r n i r se a


revelada p o r m e i o de o u t r o s carismas; p r o p o s t a q u e a s e r p e n t e lhe fazia e r a coisa de D e u s
o u não;
c. É u m d o m p r e c i o s o para q u e m e x e r c e t o d a s
as funções, p r i n c i p a l m e n t e a de coordenação, p r e g a - b. 2Sm I I , 1-17 - Davi c r i o u , p o r falta de dis-
ção e animação; c e r n i m e n t o , situações desastrosas para ele e para os
outros.
d. P r o t e g e o s o u t r o s d o n s . A s s i m , p o r ele é
possível s a b e r q u a n d o e c o m o o r a r e m línguas,
profetizar, o r a r p o r cura, e n t r e o u t r a s coisas: " O 6. DINÂMICA DA MANIFESTA-
dom do discernimento, podemos considerá-lo ÇÃO DO DISCERNIMENTO CARIS-
c o m o p r o t e t o r d o s d e m a i s d o n s . D e f a t o , ele aí MÁTICO
está p r o n t o p a r a p r o t e g e r a a u t e n t i c i d a d e d o s
d o n s d o Espírito, das possíveis a d u l t e r a ç õ e s i n -
ventadas pelo demõnio"''\ • "=•• -i ~ C o m o fazer para t e r d i s c e r n i m e n t o ?

N ã o e x i s t e receita, pois o d i s c e r n i m e n t o dos


espíritos é u m d o m . Porém, u m a coisa é i m p o r t a n t e :
5. DOM DO DISCERNIMENTO
c o n h e c e r D e u s e Sua Palavra.
NA VIDA DE JESUS
" U m a m a n e i r a corretíssima d e s a b e r m o s se
algo v e m da v o n t a d e d e D e u s , d o i n i m i g o o u d e
Jesus u s o u o d o m d o d i s c e r n i m e n t o para e n - nós p r ó p r i o s é a Palavra d e D e u s . M u i t a s vezes,
c o n t r a r orientação c o r r e t a e m c e r t a s ocasiões. Este e m d i s c e r n i m e n t o d o s espíritos não t e m o s t e m p o
d o m parece estar p r e s e n t e na vida de Jesus de f o r - n e m de r a c i o c i n a r Daí esta palavra p r e c i s a e s t a r
ma m u i t o o r i g i n a l ; alguns e x e m p l o s p o d e m s e r v i r de tão e n r a i z a d a e m nós q u e faça p a r t e já d o n o s s o
inspiração: p r ó p r i o s e r D e s t a f o r m a , e a l i m e n t a d o s pela o r a -
a. Q u a n d o atribuíram a Ele u m espírito i m u n - ção, nossa v o n t a d e e inteligência estarão s e m p r e
do. Ele d i s c e r n i u : "Se Satanás se levanta c o n t r a si a b e r t a s à ação d o Espírito Santo, q u e n o s r e v e l a -
m e s m o , está d i v i d i d o e não poderá c o n t i n u a r , mas rá, p e l o c a r i s m a d e d i s c e r n i m e n t o d o s espíritos, o
desaparecerá" ( M c 3 , 2 2 - 2 7 ; M t 1 2 , 2 8 ) .

b. N a questão da c u r a n o dia de sábado. Ele


c o n c l u i u : " É p e r m i t i d o , pois, fazer o b e m n o dia de « Ibid.p. 173.
R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

q u e v e m de D e u s , o q u e v e m de nós, o q u e v e m
d o maligno'"'"'.

Pedir c o m fé o Espírito Santo, p e d i r o d o m d o


d i s c e r n i m e n t o , acolhê-lo, i r analisando suas manifes-
tações: é, pois, u m a p r e n d i z a d o . Sua manifestação se
parece c o m a intuição.Assemelha-se também c o m " a
v o z da consciência".

D i s c e r n i r s e g u n d o D e u s gera b o n s frutos.Jesus
dá u m a regra infalível:"Toda á r v o r e b o a dá bons f r u -
k t o s ; t o d a á r v o r e má dá maus f r u t o s . Pelos seus f r u t o s
t-

os c o n h e c e r e i s " ( M t 7, 16-20). O s q u e são guiados


p e l o Espírito Santo, terão f r u t o s espirituais; os q u e
são guiados pela c a r n e , da c a r n e colherão corrupção
(cf. C a l 5, 16-6,9).

7. CONCLUSÃO

Jesus d i s c e r n i u c o m p o d e r e e n s i n o u a vigiar
(cf. M t 4, l-IO; 7, 15).Todos d e v e m p e d i r a D e u s e
buscar c o m e m p e n h o o d o m de d i s c e r n i m e n t o d o s
P espíritos. Ele é necessário, i m p o r t a n t e , pode-se dizer,
indispensável na c o m u n i d a d e q u e reza, n o g r u p o de
oração, na família. Ele p e r m i t e d i s t i n g u i r fenómenos,
manifestações de t o d o t i p o .

É necessário p e r s e v e r a r nas orações, n o g r u p o


de oração, na vida sacramental, n o e s t u d o da Bíblia,
na d o c i l i d a d e a o Espírito Santo, na devoção mariana
e na D o u t r i n a da Igreja para c r e s c e r n o c o n h e c i m e n -
t o de D e u s e estar cada vez mais a b e r t o ao carisma
de d i s c e r n i m e n t o d o s espíritos.

Q u ã o necessário se t o r n a o d o m d o d i s c e r n i -
m e n t o nas várias situações de vida pessoal e c o m u -
nitária! Esse d o m é m u i t o i m p o r t a n t e na orientação
p a s t o r a l , na percepção da ação de D e u s e sua v o n t a -
de, a j u d a n d o e n f i m , a " e x a m i n a r se os espíritos são
d e D e u s " ( I J o 4 , I).

8. PROPOSTA DE DINÂMICA

• P r o m o v e r u m f o r t e m o m e n t o de oração
c o m t o d a a assembleia p e d i n d o ao S e n h o r o d e r -
r a m a m e n t o d o Espírito Santo e a manifestação d o
d o m de D i s c e r n i m e n t o d o s Espíritos, para q u e ele
aconteça nas especificidades, realidades e necessida-
des da vida de cada u m .

« RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Carismas, p. 123-124.

29
^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

i
CAPÍTULO 5 y->y-:y.:: , . . , y - ^ ' . , - f .

PALAVRA DE CIÊNCIA
^, A outro, uma palavra de ciência (I Cor 12,8b).

f..... :

1. INTRODUÇÃO

O d o m da ciência, o u t r o d o s d o n s de revelação, se i l u m i n a c o m a ação d o Espírito Santo, para c o n h e -


é u m a g r a n d e f e r r a m e n t a de t r a b a l h o na edificação c e r e v e r a raiz de u m p r o b l e m a o u o q u e D e u s está
d o r e i n o de D e u s , pois leva as pessoas à conversão e f a z e n d o o u vai fazer e n t r e suas c r i a t u r a s " ' ' \
à glorificação de D e u s . A palavra de ciência é p e r c e -
N e s t e m e s m o s e n t i d o , s o b r e o d o m da ciên-
bida c o m o u m a c e r t e z a i n t e r i o r q u e chega à m e n t e .
cia, escrevem Emiliano Tardif e José H. P r a d o f l o r e s :
G e r a l m e n t e , após u m a oração e m línguas, a " É u m d o s d o n s carismáticos, m u i t o belo, p o r m e i o
m e n t e está a b e r t a e livre para r e c e b e r a c o m u n i c a - d o qual D e u s revela e c o m u n i c a o que já h o u v e o u
ção d o S e n h o r Por vezes, v e m à m e n t e u m a palavra o q u e está a c o n t e c e n d o na história da salvação das
s o m e n t e , o u u m q u a d r o , u m a cena. O S e n h o r m o s t r a , pessoas. Por esta revelação, pode-se chegar à raiz
assim, o q u e está c u r a n d o , realizando, t r a n s f o r m a n d o . de u m p r o b l e m a o u à causa de u m c a t i v e i r o ( d e p e n -
dência de u m t r a u m a ) o u ao c o n h e c i m e n t o de u m a
cura'"'^
2. C O N C E I T O
Pelo d o m da ciência. D e u s revela as curas q u e
está realizando n o m e i o da c o m u n i d a d e ; então, co-
o carisma da palavra ^e ciência é u m a revela- munica-se a t o d a a assembleia o que o S e n h o r está
ção s o b r e n a t u r a l de algo q u e D e u s c o n h e c e . Ele c o - realizando.
m u n i c a f a t o s , a c o n t e c i m e n t o s , p r o b l e m a s , feridas o u
A palavra de ciência distingue-se da ciência h u -
q u a l q u e r o u t r a matéria q u e não é d o c o n h e c i m e n t o
mana e d o d o m infuso da ciência.Assim:
de q u e m o r a , mas que é necessário saber naquele
m o m e n t o de oração pessoal, comunitária o u q u a n d o a. Ciência: d e s e n v o l v i m e n t o das aptidões n a t u -
se reza p o r alguém, i m p o n d o as mãos. N ã o depende rais da pessoa através d o e s t u d o , pesquisa, c o n h e c i -
de informação, de bagagem c u l t u r a l , não é f i l o s o f i a m e n t o . É a formação a d q u i r i d a . É também associada
o u t e o l o g i a : é d o m g r a t u i t o d o Espírito Santo. a t o d a t e c n o l o g i a q u e o h o m e m c o n h e c e e utiliza
para o d e s e n v o l v i m e n t o h u m a n o .
O d o m da ciência é o diagnóstico de D e u s . É
o c a r i s m a p e l o qual o Espírito Santo revela u m a s i - b. D o m infuso da ciência: é u m d o m c r i s m a i q u e
tuação, u m f a t o o u u m a lembrança d o l o r o s a relativa ajuda a julgar de m a n e i r a c o r r e t a as coisas criadas,
a a c o n t e c i m e n t o s passados o u presentes. Este d o m e m suas relações c o m D e u s e m o s t r a o v a l o r e a
faz c o m que a m e n t e p e n e t r e nas verdades divinas importância q u e têm as c r i a t u r a s aos o l h o s de D e u s
sem q u e e m p r e g u e o esforço d o raciocínio (cf. 2Re (cf.ls I l , 2 ; H a b 2, 14).
6,8-10). Através d o d o m da ciência o Espírito Santo c. Palavra de ciência: revelação p a r t i c u l a r e m o -
faz c o m q u e a pessoa e n t e n d a as coisas c o m o D e u s mentânea s o b r e u m f a t o singular e d e t e r m i n a d o ; é
e n t e n d e . Faz c o m q u e se p e n e t r e na raiz d o a c o n t e - u m a revelação i n t e r i o r compreensível para q u e m a
c i m e n t o , fato, s e n t i m e n t o , situação, e s t a d o de espíri- r e c e b e (cf. I C o r 1 2 , 8 b ) .
t o . É u m f r a g m e n t o da onisciência de D e u s .

Pode-se, ainda, d i z e r q u e a palavra de ciência " é « RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓUCA, Grupo de oração, p. 42.

u m c o n h e c i m e n t o s o b r e n a t u r a l q u e se recebe, d e v i - ^'Jesus está vivo, p. 41.

d o a graça, p o r m e i o da qual a inteligência d o h o m e m

31
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^,

3. O EXERCÍCIO DO DOM DA ciência, associando-a a algum f a t o d e sua vida.


CIÊNCIA A p ó s a emissão e compreensão da palavra de . -
ciência, reza-se de a c o r d o c o m o o b j e t o revelado.

A palavra de ciência não é necessariamente c. Na reunião de oração


u m a palavra piedosa (amor, paz, paciência e t c ) , mas
diz r e s p e i t o ao q u e D e u s q u e r r e v e l a r Pode ser u m a
N u m a assembleia de oração, u m a o u mais pes-
palavra simples e c o r r i q u e i r a . Por e x e m p l o : t e s o u r a ,
soas p o d e m r e c e b e r palavras de ciência, g e r a l m e n t e
anel, c a r t a , c a r r o , cabeça e t c .
relacionadas a u m a ação de D e u s naquele m o m e n t o .
A palavra v e m à m e n t e , s e m q u e a pessoa se t e - Em alguns c a s o s , q u a n d o se anunciam curas p o r m e i o
nha p r e p a r a d o o u pensado. O d o m da ciência p o d e d o d o m da ciência, a pessoa p o d e p e r c e b e r que a ela
v i r a c o m p a n h a d o d o d o m da sabedoria. O p r i m e i r o se r e f e r e a palavra, p o r m e i o de u m a sensação física
revela a situação ( o diagnóstico), o s e g u n d o revela o u s e n t i m e n t o , e n t r e o u t r a s coisas. O Espírito Santo <
c o m o agir ( o t r a t a m e n t o ) . t e m d i f e r e n t e s maneiras de se revelar às pessoas.
O d o m da ciência também p o d e se manifestar
p o r m e i o de u m e n t e n d i m e n t o , u m s e n t i m e n t o , u m a
4. UTILIDADE DO DOM DA C I -
imagem i n t e r i o r (chamada n o a m b i e n t e da R e n o -
vação Carismática Católica de "visualização"), u m a
ÊNCIA
percepção acerca de d e t e r m i n a d a s realidades. N e s s e
caso, não seria u m a " p a l a v r a " n o s e n t i d o e s t r i t o , mas A finalidade p r i m e i r a deste d o m é levar a c u r a
o u t r o m o d o de compreensão e s p i r i t u a l q u e é t a m - das lembranças d o l o r o s a s , q u e ainda i n c o m o d a m as
bém d o m da ciência. pessoas, fazem s o f r e r e t i r a m a felicidade. O Espírito
Santo p e n e t r a t u d o , m e s m o as p r o f u n d e z a s de D e u s
P o d e m ser r e f e r i d o s , a título de e x e m p l o , dois
(cf. I C o r 2, 10; R m 8, 2 7 ) . O r a , p e n e t r a também as
episódios bíblicos:
p r o f u n d e z a s d o h o m e m , revelando-lhe, p o r m e i o d o
a. Lc 7, 36-47 - A q u i , Jesus t e v e u m e n t e n d i -
d o m da ciência,o q u e deve ser o u está s e n d o c u r a d o .
m e n t o e s p i r i t u a l acerca da situação daquela m u l h e r ;
O d o m da ciência é também, e m p a r t e , u m d o m
b. M c 5, 25-34 - N e s s e episódio, Jesus t e v e
associado ao d o m de c u r a r doenças (cf. I C o r 1 2 , 9 ) ,
u m a percepção da força q u e dele saíra.
e deve ser usado c o m sabedoria e d i s c e r n i m e n t o .
Q u a n t o à ocasião, o d o m da ciência p o d e se " O carisma da palavra de ciência está s e m p r e a ser-
manifestar p r i n c i p a l m e n t e : viço de o u t r o d o m : de cura, palavra de sabedoria, de
profecia"'"''.
o. Ha oração pessoal

O "diagnóstico" será r e f e r e n t e a própria pes-


soa o u a c o n t e c i m e n t o q u e lhe diz r e s p e i t o , f a z e n d o 5. FUNDAMENTOS BÍBLICOS
c o m q u e ela p e n e t r e na raiz d o fato, d o s e n t i m e n t o , DO DOM DA CIÊNCIA
da situação o u e s t a d o de espírito r e l a c i o n a d o c o m o
passado o u o p r e s e n t e dela m e s m a .
• João 1,47-51: a palavra de Jesus a N a t a n a e l ;
N e s s e s e n t i d o , o d o m da ciência ajuda n o p r o -
• João 4, 16-19: revelação da vida da Samaritana; *s
cesso de santificação pessoal. D e u s deseja q u e o h o -
m e m c o m p r e e n d a c o m o e p o r q u e Ele está agindo de • J o ã o I I , 11-15: c o n h e c i m e n t o da m o r t e de

d e t e r m i n a d a m a n e i r a . D e u s ensina ao h o m e m s o b r e Lázaro;
as suas verdades, para q u e o h o m e m possa t e r a l i - • Mateus 16, 16: definição de fé d o apóstolo
b e r d a d e de o p t a r p e l o b e m . Pedro, p o r inspiração d o Pai;

b. Na imposição de mãos • A t o s 5, I -1 I: P e d r o d e n u n c i a o r o u b o de

É c o m u m haver manifestação da palavra de c i - Ananias e Safira;


ência q u a n d o se está o r a n d o p o r alguém, p o r m e i o • A t o s 10,9-16: visão de P e d r o e a palavra q u e
da imposição de mãos. Por e x e m p l o : q u a n d o alguém lhe é c o m u n i c a d a ;
s o f r e de algum mal cuja causa é desconhecida, p o -
de-se p e d i r ao S e n h o r u m a palavra de ciência. Reza-
se e m línguas p o r alguns instantes, e aguarda-se a
comunicação d o S e n h o r e m silêncio. A pessoa p o r
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Carismas, p. 142.
q u e m se o r a poderá d a r o significado da palavra de

32
R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

• Lucas 1 , 3 9 - 4 5 : 0 Espírito Santo revela a Isa- A pessoa expressa a ressonância da palavra e m sua
bel a gravidez divina de Maria; vida. Por vezes, a palavra de ciência c o r r e s p o n d e a
u m f a t o a c o n t e c i d o há m u i t o t e m p o ; o u t r a s vezes,
• Mateus 1, 1 8 - 2 5 : 0 a n j o revela, e m s o n h o s , a
refere-se a casos a c o n t e c i d o s r e c e n t e m e n t e . A p ó s a
José, a gravidez divina de M a r i a .
palavra de ciência, reza-se pela cura, de a c o r d o c o m
o q u e f o i revelado. O p r o c e s s o vai se r e p e t i n d o , e n -
6. A IMPORTÂNCIA DO T E S T E - q u a n t o c h e g u e m palavras de ciência. Por fim faz-se
MUNHO u m l o u v o r ao S e n h o r e conclui-se c o m alguma o r a -
ção espontânea o u m e s m o bíblica.

Em q u a l q u e r hipótese de manifestação d o d o m C a s o não se receba n e n h u m a palavra de ciência


da ciência, é i m p o r t a n t e o t e s t e m u n h o das pessoas o u se a pessoa q u e r e c e b e a oração não associá-la a
q u e r e c e b e r a m alguma graça. O que é t e s t e m u n h a - n e n h u m f a t o de sua vida, m e s m o assim deve-se rezar
d o p r o v a a veracidade da palavra de ciência. Pelos e e n t r e g a r o caso à misericórdia d o S e n h o r Ele q u e
d e p o i m e n t o s se c o n h e c e se h o u v e a ação de D e u s t u d o conhece haverá de manifestar, n o m o m e n t o
o u não, anunciada pela palavra de ciência (cf. M t 7, o p o r t u n o , o seu a m o r para c o m aquela pessoa.
16-20).

A s s i m , pelos t e s t e m u n h o s se c o n f i r m a m não 8. A U X I L I A R E S DO DOM DA C I -


s o m e n t e as curas, mas a própria palavra da ciência. ÊNCIA
O i m p o r t a n t e , após os t e s t e m u n h o s , não é b a t e r pal-
mas, mas d e i x a r a assembleia l o u v a r e agradecer ao
Senhor c o m espontaneidade. a. Saheáona - d o m d o Espírito Santo que r e -
vela c o m o agir d i a n t e d a q u i l o que o d o m da ciência
esclareceu.
7. COMO R E Z A R POR P R O B L E -
b. Discernimento - este carisma ajuda a d e s -
MAS DESCONHECIDOS c o b r i r o s e n t i d o das revelações dadas p e l o Espírito
Santo através d o d o m da ciência.
E m u i t o c o m u m e n c o n t r a r pessoas c o m p r o - c. Prudência - a prudência ajudará a d e s c o b r i r
blemas cujas causas não se c o n h e c e m : sejam p r o b l e - o m o m e n t o e a f o r m a c e r t a de p r o c l a m a r o u não as
mas de o r d e m física, e m o c i o n a l o u m e s m o e s p i r i t u a l . palavras de ciência.
A pessoa p o d e estar v i v e n d o e m e s t a d o d o e n t i o
d. S/g/7o - q u e m o r a p o r o u t r a pessoa deve
(depressão, doença física, pânico etc.) e não sabe
m a n t e r sigilo e m relação ao q u e o S e n h o r revelou
e x p l i c a r o porquê de tal e s t a d o ; às vezes não há n e -
o u c u r o u (casos p a r t i c u l a r e s o u situações secretas),
n h u m m o t i v o a p a r e n t e . C o m o fazer neste caso?
r e s p e i t o à privacidade das pessoas.
a. T e n t a r o diálogo c o m a pessoa, p r o c u r a n d o
r e u n i r t o d o s os e l e m e n t o s possíveis: início da e n -
f e r m i d a d e (há q u a n t o t e m p o ) , possíveis causas; l e - 9. CONCLUSÃO
var e m c o n t a a interdependência d o s c a m p o s físico,
emocional e espiritual.
O d o m da ciência não d e p e n d e d o c o n h e c i -
b. V e r e m q u e nível a e n f e r m i d a d e se situa: m e n t o , de bagagem c u l t u r a l , não é filosofia o u t e o l o -
se n o c a m p o somático (se é algo s i m p l e s m e n t e de gia: é d o m g r a t u i t o d o Espírito Santo.
o r i g e m biológica); se n o c a m p o e m o c i o n a l (das l e m -
Palavra de ciência: diagnóstico de D e u s . Faz
branças d o s fatos t r a u m a t i z a n t e s , c o n s c i e n t e s ou
c o m que a m e n t e p e n e t r e n u m a v e r d a d e ( o u na raiz
i n c o n s c i e n t e s ) ; se n o c a m p o e s p i r i t u a l (se é caso
de u m p r o b l e m a ) sem esforço h u m a n o . Manifesta-
de confissão s a c r a m e n t a l , possíveis contaminações
se através de: u m a palavra o u frase, i m a g e m (visua-
e t c ) . M u i t o s casos de doenças físicas têm sua o r i -
lização), sensação o u s e n t i d o . A t i t u d e s cristãs: sigilo,
g e m nos p r o b l e m a s e m o c i o n a i s ; e m o u t r o s casos, os
prudência, sabedoria, d i s c e r n i m e n t o .
p r o b l e m a s de o r d e m e s p i r i t u a l - m o r a l r e p e r c u t e m
n o psicológico.

c. Pedir ao S e n h o r q u e venha e m auxílio c o m


o d o m da ciência. N e s t e caso, ora-se e m línguas p o r
alguns m i n u t o s ; após o silêncio, aguarda-se a palavra
de ciência, comunica-se à pessoa a m e s m a palavra.

33
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas

10. PROPOSTA D E DINÂMICA

• P r e p a r a r a assembleia para q u e não t e n h a


m e d o , se acalme, c o n f i e n o Espírito Santo, e x p l i c a n d o
c o m o d e i x a r a m e n t e l i v r e , c o m o observar-se para
p e r c e b e r c o m o está seu c o r p o , o q u e está s e n t i n d o
antes da oração, e assim p o d e r d i s t i n g u i r depois, as
sensações q u e p o d e m ser manifestações p e l o d o m
da ciência.

• O r a ç ã o c o m a A s s e m b l e i a p e d i n d o o Batis-
m o n o Espírito Santo c o m o D o m da Ciência.

• Formam-se duplas c o m as pessoas mais d e s -


conhecidas possíveis. D e mãos dadas p e d e m juntas
c o m t o d a a assembleia, mais u m a vez o D o m da C i -
ência.

• Explicar q u e a pessoa q u e r e c e b e a oração


fica de mãos abertas para r e c e b e r a graça, entrega-se
ao Senhor, m e r g u l h a n o a m o r d o S e n h o r N ã o reza,
r e c e b e a oração.

• Em seguida, u m a se ajoelha e/ou se senta e


a o u t r a reza p o r ela. C o n d u z i r a assembleia para u m
m o m e n t o de e n t r e g a e oração e m línguas. T e m p o
de silêncio e escuta para p e r c e b e r a manifestação
d o d o m . A q u e r e z o u p a r t i l h a o que s e n t i u . Rezam
de a c o r d o c o m a revelação. M e s m o q u e não t e n h o
p e r c e b i d o nada, r e z a m juntas e n t r e g a n d o t u d o ao
Senhor

• Revezam-se e repete-se o m e s m o p r o c e d i -
mento.

• É i m p o r t a n t e que haja t e m p o para a p a r t i -


lha, o t e s t e m u n h o . Q u e m está c o n d u z i n d o deve o b -
s e r v a r e esclarecer o t i p o de manifestação: f o i u m a
palavra? U m a visualização, q u e talvez necessite de
interpretação? Foi u m a sensação de m e d o , a p e r t o
n o coração, calor, dor..?

• É i m p o r t a n t e esclarecer as dúvidas.

• Conclui-se c o m u m g r a n d e l o u v o r

34
^ ^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

CAPÍTULO 6 . . í

PALAVRA DE SABEDORIA
"A um é áaáa pelo Espírito uma palavra de sabedoria" (1 Cor 12,8a).

1. INTRODUÇÃO

A Palavra de Sabedoria é também u m d o m de pírito Santo para o c r i s m a n d o , para santificação de


revelação. sua vida pessoal. Este d o m faz a p r e n d e r as realidades
espirituais e suas consequências na vida prática; des-
N u m m u n d o tão difícil c o m o este t o d o s p r e c i -
p e r t a o s a b o r das coisas de D e u s (cf.Tg 1,5).
sam u r g e n t e m e n t e d o carisma da palavra de sabedo-
r i a . A s a b e d o r i a q u e v e m d o Espírito Santo i l u m i n a o d. A palavra de sabedoria: d o m carismático d o
c a m i n h o , dá a direção c e r t a , leva a decisão c o n f o r m e Espírito Santo, d o m g r a t u i t o de D e u s , para o r i e n t a r
a v o n t a d e de D e u s e c o n d u z à santidade. C o m o é situações c o n c r e t a s ; não d e p e n d e de méritos pesso-
i m p o r t a n t e este carisma! ais, n e m é f r u t o de dedução racional o u científica: é
p u r o d o m da graça divina (cf. I C o r 12,8a).

2. C O N C E I T O
3. UTILIDADE DO DOM DA SA-
BEDORIA
A palavra de s a b e d o r i a é u m a "ação de D e u s ,
m o v e n d o u m a pessoa a ensinar o u e x p l i c a r verdades
religiosas, a fim de que a presença e o a m o r de D e u s O d o m da s a b e d o r i a manifesta a v o n t a d e de
sejam e x p e r i m e n t a d o s , e para que ela seja m o v i d a a D e u s e m situações c o n c r e t a s . É o s o c o r r o de D e u s
p r o c u r a r Deus'"*^. Exemplos de palavra de s a b e d o - para m o m e n t o s de crise (o e s t u d o de algum t e m a d i -
ria: M t 7,28-29; Lc 2 , 4 7 ; 4 , 2 2 ; 12,22ss; 2 4 , 3 2 . fícil, debates, discussões, situações de confusão e t c ) .

Pelo d o m da sabedoria, a pessoa sente q u e o A palavra de s a b e d o r i a é, p o r t a n t o , a p r o p r i a d a


S e n h o r a está g u i a n d o para fazer alguma coisa o u para t e s t e m u n h a r a presença de D e u s e m m o m e n -
d i z e r algo e m d e t e r m i n a d o m o m e n t o . P o r t a n t o , p a - t o s difíceis (cf. M t 2 2 , 15-22). O d o m da s a b e d o r i a
lavra de s a b e d o r i a é u m a palavra, frase, a t i t u d e o u t e m i n t i m a ligação c o m o d o m da ciência. O d o m da
ação a fim de que as pessoas p e r c e b a m a v e r d a d e ciência revela u m a situação, u m p r o b l e m a (dá o diag-
q u e antes não c o n h e c i a m . Inspira o h o m e m c o m o nóstico); o d o m da s a b e d o r i a revela c o m o agir ( i n -
agir, falar o u se c o m p o r t a r e m situações c o n c r e t a s dica o remédio, o t r a t a m e n t o ) . A s a b e d o r i a também
da vida, levando-o a d e c i d i r a c e r t a d a m e n t e , de a c o r - ilumina a profecia, para que seja e n t e n d i d a e vivida.
d o c o m a v o n t a d e de D e u s (cf. I C o r 1 2 , 8 ) .

É o p o r t u n o fazer a seguinte distinção: 4. A PALAVRA DE SABEDORIA


a. Sabedoria /lumono: a d q u i r i d a p e l o esforço d o NA E S C R I T U R A
c o n h e c i m e n t o h u m a n o e pelas ciências. Ela d e p e n d e
de esforços, capacidades e tendências pessoais, além
Várias passagens da Sagrada E s c r i t u r a revelam
de o u t r o s f a t o r e s e x t e r n o s .
a utilização d o d o m da s a b e d o r i a c o m o r e c u r s o para
b. Sabedoria d/obó//co: " M a s , se t e n d e s n o c o r a - m o s t r a r a v o n t a d e de D e u s o u i n t e r v i r e m situações
ção u m ciúme a m a r g o e g o s t o pelas c o n t e n d a s , não c o n c r e t a s . Pode-se, ao exemplificar, a p o n t a r o uso da
vos g l o r i e i s , n e m mintais c o n t r a a v e r d a d e . Esta não palavra de s a b e d o r i a :
é a s a b e d o r i a q u e v e m d o alto, mas é u m a s a b e d o r i a
t e r r e n a , humana, diabólica" ( T g 3, 14-15).
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Grupo de oração, p.4l.
c. Sabedoria divina: d o m c r i s m a i , d o m d o Es-

35
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ,

a. Emsituaçõesembaraçosas:IRs3,16-28; Lc 12,11-12; esse d o m ; d e v e m , o u t r o s s i m , rezar, p e d i n d o - o , dese-


j a n d o - o a r d e n t e m e n t e , c o m o e x o r t a São Tiago e m
b. C o m o f o n t e de e n t e n d i m e n t o e s p i r i t u a l : Lc
sua c a r t a : "Se alguém de vós necessita de sabedoria,
12, 13-21 ;Lc 1 2 , 2 2 - 3 4 ;
peça-a a D e u s - q u e a t o d o s dá l i b e r a l m e n t e , c o m
c. C o m o a t i t u d e : A t 9 , 2 3 - 2 5 .
simplicidade e sem recriminação - e lhe será dada.
S e m p r e q u e Jesus e os apóstolos davam aos Mas peça-a c o m fé, sem n e n h u m a vacilação" (Tg I,
seus o u v i n t e s noções práticas de c o m o v i v e r segun- 5-6; cf. Eclo 6, 37; 4 3 , 3 7 ) .
d o D e u s , segundo o ideal cristão, t r a n s m i t i a m pala-
Salomão pediu-a assim: " D e u s de nossos pais,
vras de sabedoria. A l g u n s t e x t o s i m p o r t a n t e s : M t 10,
e S e n h o r de misericórdia, q u e t o d a s as coisas crias-
5-7; I 1, 25-30; Mc I O, I - 3 1 ; Lc 6, 20-49; 12, 22ss; Jo
tes pela vossa palavra, e q u e , p o r vossa sabedoria,
I O, 13.34; 15, 12-27; C l 3, I -3; Ef 4, I ss; G l 5, 16ss; I Pd
f o r m a s t e s o h o m e m para ser o s e n h o r de t o d a s as
I, 13-16; Fl 2, 1-16.
vossas c r i a t u r a s , g o v e r n a r o m u n d o na santidade e
A palavra de s a b e d o r i a f o i usada pelos apósto- na justiça, e p r o f e r i r seu j u l g a m e n t o na retidão de
los e m várias ocasiões, nos m o m e n t o s de pregação, sua alma, dai-me a s a b e d o r i a q u e p a r t i l h a d o vosso
c o m o também antes de t o m a r e m decisões práticas t r o n o , e não m e rejeiteis c o m o i n d i g n o de ser u m
para a Igreja ( c f . A t 2, I4ss; 3, I2ss e 4, 8ss). Para a de vossos f i l h o s . Sou, c o m e f e i t o , vosso s e r v o e f i l h o
eleição d o s sete diáconos, os apóstolos p e d i r i a m à de vossa serva, u m h o m e m f r a c o , cuja existência é
A s s e m b l e i a que escolhessem h o m e n s de boa r e p u - breve, incapaz de c o m p r e e n d e r vosso j u l g a m e n t o e
tação, cheios d o Espírito Santo e de s a b e d o r i a (cf. vossas leis; p o r q u e q u a l q u e r h o m e m , m e s m o p e r f e i -
A t 6,Iss). O s q u e d i s c u t i a m c o m E s t e v ã o , " N ã o p o - t o , e n t r e os h o m e n s , não será nada, se lhe faltar a
d i a m , p o r é m , r e s i s t i r à s a b e d o r i a e ao Espírito que s a b e d o r i a q u e v e m de vós. Mas a o vosso lado está a
o i n s p i r a v a " ( A t 6, 10). São Paulo agiu m o v i d o p o r s a b e d o r i a q u e c o n h e c e vossas o b r a s ; ela estava s e m -
este d o m , q u a n d o d e i x o u cego a Élimas o mago, que p r e q u a n d o fizestes o m u n d o , ela sabe o que vos
p r o c u r a v a desviar da fé o procônsul Sérgio Paulo (cf. é agradável, e o que se c o n f o r m a às vossas o r d e n s .
A t 13,4-12). Fazei-a, pois, descer de vosso santo céu, e enviai-a d o
t r o n o de vossa glória, para q u e , j u n t o de m i m , t o m e
p a r t e e m meus t r a b a l h o s , e para q u e eu saiba o que
5.0 EXERCÍCIO DO DOM DA vos a g r a d a " (Sab 9,1-6.9-10).
SABEDORIA
A a b e r t u r a para o d o m da s a b e d o r i a o b e d e - 6. CONCLUSÃO
ce aos m e s m o s princípios q u e para os o u t r o s d o n s .
Para r e c e b e r e manifestar o d o m da s a b e d o r i a ajuda:
A s a b e d o r i a é u m p r e c i o s o d o m d o Espírito
vida de oração, e s t u d o , reflexão, h u m i l d a d e e s i m p l i -
Santo q u e está ao alcance de t o d o s ; basta pedi-la
cidade.
c o m fé, para vivê-la e levá-la aos irmãos " O mundo
O d o m da s a b e d o r i a p o d e estar v i n c u l a d o a necessita de h o m e n s q u e , i l u m i n a d o s pela sabedoria
c e r t o s m o m e n t o s decisivos na vida pessoal e c o m u - de D e u s , saibam agir e falar i n t e l i g e n t e m e n t e , o b e d e -
nitária, q u a n d o o cristão é c h a m a d o a t o m a r d e c i - c e n d o assim a lei de D e u s escrita n o seu coração, a
sões i m p o r t a n t e s e precisa d o auxílio d i v i n o , de u m a única lei capaz de elevar sua dignidade de h o m e m e
orientação de D e u s s o b r e esse d e t e r m i n a d o m o - assim e n r i q u e c e r o m u n d o " " " .
m e n t o o u p r o b l e m a . É o d o m d i v i n o que leva a agir
c o r r e t a m e n t e d i a n t e de u m a situação difícil.
7. PROPOSTA DE DINÂMICA
Por este d o m , a c o m u n i d a d e sente mais p r o -
f u n d a m e n t e a presença d o Espírito Santo. O s par-
t i c i p a n t e s de u m a reunião, ao o u v i r e m palavras de • A s a b e d o r i a é u m p r e c i o s o d o m d o Espírito
sabedoria, p e r c e b e m o próprio D e u s a lhes f a l a r Por Santo q u e está a o alcance de t o d o s ; basta pedi-lo
este carisma. D e u s se s e r v e de alguém para t r a n s m i - c o m fé, para vivê-lo e levá-lo aos irmãos.
t i r u m c o n h e c i m e n t o mais p r o f u n d o da sua palavra
• Levar a assembleia a u m g r a n d e c l a m o r ao
o u da direção de D e u s s o b r e a vida deles.
Espírito Santo p e d i n d o seu b a t i s m o e seus d o n s , es-
A palavra de s a b e d o r i a é f r e q u e n t e m e n t e dada p e c i a l m e n t e o D o m da Sabedoria.
n o a c o n s e l h a m e n t o de o u t r o s , e m r e s p o s t a a seus
• C o n c l u i r c o m l o u v o r e ação de graças.
p r o b l e m a s , dando-lhes clareza e direção pela ação
d o Espírito Santo. T o d o s p o d e m e d e v e m aspirar " RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Carismas, p. 108.

36
.^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

CAPÍTULO 7

CARISMA DA FÉ''
"A outro, a fé, pelo mesmo Espírito" (I Cor 12, 9a).

1. INTRODUÇÃO

C o m o D o m da Fé iniciamos o e s t u d o s o b r e A fé é c o m o u m r a i o de luz q u e p a r t e de D e u s
os d o n s das o b r a s , d o n s de p o d e r , q u e são: D o m da para a alma. O Espírito Santo, q u e é o a u t o r da fé,
Fé, D o m de C u r a s e D o m de Milagres, pois manifes- v e m ao m u n d o de h o j e reavivar, d a n d o assim s e n t i d o
t a m o p o d e r de D e u s agindo e m n o s s o m e i o , aqui e à vida cristã de m u i t o s batizados que viviam i n d i f e -
agora. r e n t e s ao seu estado.

O cristão p o d e t e r ousadia e m sua vida saben- Para c o m p r e e n d e r b e m o que é o d o m caris-


d o q u e é u m a pessoa de fé. Pode r e i v i n d i c a r a fé n e - mático da fé, é necessário fazer a distinção e n t r e ;
cessária para q u a l q u e r situação. Q u e benção é p o d e r a fé t e o l o g a l o u d o u t r i n a i , a fé v i r t u d e o u f r u t o d o
t e r c e r t e z a q u e a fé é d o m d e r r a m a d o ! " P o r q u e é Espírito Santo e o d o m carismático da fé:
g r a t u i t a m e n t e q u e fostes salvos m e d i a n t e a fé. Isto
não provém de vossos méritos, mas é p u r o d o m de a. F é t e o l o g a l ou d o u t r i n a l (fé q u e acre-
D e u s " (Ef 2 , 8 ) . dita)

Por ela o cristão a c r e d i t a nas verdades revela-


2. C O N C E I T O
das p o r D e u s s o b r e si m e s m o e s o b r e o h o m e m e
q u e são definidas pela Igreja.
A c a r t a aos H e b r e u s apresenta e m seu capítulo
E fé t e o l o g a l faz o h o m e m c r e r f i r m e m e n t e e m
I I u m dos t e x t o s mais expressivos a r e s p e i t o da fé.
D e u s c o m o seu Pai, que se i m p o r t a c o m a sua vida.
D i z o t e x t o s a g r a d o : " A fé é o f u n d a m e n t o da e s p e -
C r e r e m Jesus C r i s t o c o m o o enviado d o Pai, o Filho
rança, é u m a c e r t e z a a r e s p e i t o d o q u e não se vê. Foi
de D e u s , o salvador d o m u n d o . C r e r também n o Es-
ela que fez a glória dos nossos antepassados. Pela fé
pírito Santo q u e edifica a Igreja de C r i s t o e a s a n t i f i -
r e c o n h e c e m o s q u e o m u n d o f o i f o r m a d o pela pala-
ca. C r e r que o Espírito Santo é o p o d e r de D e u s . E
v r a de D e u s e q u e as coisas visíveis se o r i g i n a r a m d o
p o r q u e crê nas três pessoas da Santíssima T r i n d a d e ,
invisível. (...) O r a , sem fé é impossível agradar a D e u s ,
o h o m e m não só crê i n t e l e c t u a l m e n t e , mas adere
pois para se achegar a ele é necessário q u e se creia
p r o f u n d a m e n t e às suas verdades, que se t o r n a m luz
p r i m e i r o q u e ele e x i s t e e q u e r e c o m p e n s a os q u e o
e a m o r para seu c a m i n h o . Essa fé t e o l o g a l é necessá-
p r o c u r a m " ( H b I I, 1-3.6).
ria para a salvação ( c f G l 2, 15s).
A fé, e m última análise, é u m d o m que o Es-
A fé t e o l o g a l v e m e m consequência d o b a t i s m o ,
pírito Santo c o l o c o u à disposição d o h o m e m para
d o anúncio de C r i s t o , d o t e s t e m u n h o , da catequese.
q u e ele possa e x p e r i m e n t a r c o n c r e t a m e n t e da o n i -
É ela que a p r o f u n d a a esperança e faz o h o m e m agir
potência de D e u s . -
na caridade ( c f G l 5, 6). F u n d a m e n t a d a na Palavra de
A fé, n o m u n d o de h o j e , é u m g r a n d e desafio, Deus, nos s a c r a m e n t o s , na vida de oração e na vida
pois m u i t o s só crêem e m si m e s m o s , nas suas p r ó - comunitária, a fé t e o l o g a l é u m g r a n d e s u s t e n t o para
prias capacidades, nos seus próprios t a l e n t o s , n o seu o cristão d o m u n d o de h o j e , o n d e os h o m e n s " n ã o
d i n h e i r o , nos seus planos. Já não a c r e d i t a m nos o u - s u p o r t a m a sã d o u t r i n a " ( c f 2 T i m 4, 3-4).
t r o s irmãos e a fé e m D e u s está m u i t o fragilizada.
A l g u m a s vezes trata-se de u m a fé t r a d i c i o n a l , vaga,
subjetiva, superficial, fria, i n d i f e r e n t e . Este conteúdo composto originalmente na Apostila do Grupo de Ora-
ção da Escola Paulo apóstolo (1999, p. 28 e 29) e foi adaptado para esta apostila.

37
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^.

b. F é v i r t u d e ( f é q u e c o n f i a ) N ã o é p r e c i s o " f a z e r f o r ç a " para t e r fé, n e m


" f o r ç a r " D e u s agir c o m "palavras d e f é " . A fé é u m
Leva o h o m e m a c o n f i a r p l e n a m e n t e na realida- d o m g r a t u i t o e o cristão deve, c o m m u i t a t r a n q u i -
de das promessas de D e u s . Impulsiona-o a i r além d o lidade, s e m p r e c r e r q u e Ele faz o m e l h o r e nunca
a t o de a d e r i r às promessas de D e u s , c o n d u z i n d o - o d e c e p c i o n a q u e m nele c o n f i a .
a u m a e n t r e g a t o t a l a D e u s e à sua providência (cf.
Mt6,25).
3. O DOM DA FÉ NA PALAVRA
Pela fé v i r t u d e , o h o m e m se abandona à p r o v i - DE DEUS
dência divina, p r a t i c a a Palavra de D e u s , vive segundo
a m e n t a l i d a d e de Jesus C r i s t o ; não só c o n h e c e os
m a n d a m e n t o s c o m sua inteligência, mas i n t e r i o r i z a N a palavra de D e u s e x i s t e m vários episódios

-os n o coração, vive os e n s i n a m e n t o s de D e u s não q u e d e s c r e v e m a ação p o d e r o s a d e D e u s m o v i d a


c o m o obrigação, mas p o r a m o r , e x p e r i m e n t a e c r ê pela fé:
na b o n d a d e e na misericórdia de D e u s . • Rm 4 , 2 3 - 2 4 - A b r a ã o o pai da fé.

Por esta fé o h o m e m p r o v a a si m e s m o e ao • Ex 14, 10 - Moisés d i a n t e das murmurações


m u n d o que a Palavra de D e u s não é u m a u t o p i a , mas d o p o v o , ao v e r o s egípcios se a p r o x i m a r e m .
f o r t e i m p u l s o i n t e r i o r , ao qual a d e r e sua v o n t a d e ,
• Ex 14, 13-14 - r e s p o s t a de D e u s .
u m a vez q u e a fé está gravada n o mais p r o f u n d o d o
• Ex 14, 16-21 - Moisés e s t e n d e u a mão s o b r e
seu coração (cf. Rm 1, 17; 4, 19-21).
o mar, c o n f i a n t e q u e D e u s iria o p e r a r maravilhas.
Esta fé v i r t u d e leva o h o m e m a c r e r e e x p e r i -
• IRs 18, 20-40 - Elias e os p r o f e t a s de Baal
m e n t a r a b o n d a d e , a misericórdia e o a m o r d e D e u s
- u s o u Elias o d o m carismático da fé, pois agiu c o m
na sua vida (cf. IJo 4, 16), t o r n a n d o sua oração u m
m u i t a a u t o r i d a d e e confiança.A fé deu-lhe a c e r t e z a
a t o c o n f i a n t e : " S e D e u s é p o r nós, q u e m será c o n t r a
antecipada de q u e o S e n h o r agiria e m seu f a v o r
nós?" ( R m 8 , 3 1 - 3 4 ) .
Milagres realizados p o r Jesus e m razão d o d o m
" P o r q u e nele se revela a justiça de D e u s , que se
carismático da fé:
obtém pela fé e c o n d u z à fé, c o m o está e s c r i t o : O
j u s t o viverá pela fé.Abraão não v a c i l o u na fé, e m b o r a • M t 8,5-13 - centurião,
r e c o n h e c e n d o o seu próprio c o r p o sem v i g o r - pois • M t 15,21 -28 - Cananéia,
t i n h a quase c e m anos - e o seio de Sara i g u a l m e n t e
• Mc 5,25-34 - hemorroíssa,
a m o r t e c i d o . A n t e a p r o m e s s a de D e u s , não v a c i l o u ,
não d e s c o n f i o u , mas conservou-se f o r t e na fé e d e u • Lc 5, 21 -26 - paralítico e os amigos,
glória a D e u s " ( R m I, 1 7 ; 4 , 19-21). • Jo I I, 1-44 - ressureição de Lázaro.

c. O d o m c a r i s m á t i c o d a fé (fé e x p e c t a n t e )
4. CONCLUSÃO
A fé carismática se manifesta q u a n d o u m a pes-
soa é m o v i d a a t e r u m a confiança íntima de q u e O d o m da fé é u m p r e s e n t e que D e u s dá para
D e u s agirá de f o r m a atual. Essa confiança leva a u m a o b e m da c o m u n i d a d e , assim c o m o os demais d o n s .
oração c o n v i c t a , a u m a decisão, a u m a f i r m e z a d e N u n c a é demais n o t a r q u e esse d o m está p r o f u n -
a t i t u d e o u a algum a t o q u e l i b e r a a bênção d e Deus^' d a m e n t e associado c o m a c a r i d a d e . C o m o os d o n s
( c f M c I 1,22-23; Ex 14, 13-14; IRs 18,20-40). são dados para o b e m c o m u m , sua prática r e f l e t e a
caridade. A s s i m também a c o n t e c e c o m o d o m da fé.
Essa c e r t e z a é tão especial que D e u s age, e o
r e s u l t a d o manifesta a glória de D e u s . O p a d r e O v i l a P o r t a n t o , c o m o diz São Paulo, o cristão deve se
M e l a n ç o n " ensina q u e este d o m é d a d o e m vista de e m p e n h a r e m p r o c u r a r a c a r i d a d e , mas deve também
ajudar a o r a r " c o m absoluta confiança e sem d u v i - aspirar i g u a l m e n t e aos d o n s espirituais ( c f I C o r 14,
dar". I ) . A s s i m , é b o m e necessário p e d i r c o m insistência

O d o m carismático da fé c o n s i s t e e m c r e r i n - ao Pai o d o m da fé e x p e c t a n t e , para realizar as o b r a s


que c o n s t r o e m o R e i n o e e d i f i c a m a Igreja.
c o n d i c i o n a l m e n t e n o p o d e r de D e u s ; c r e r é saber
q u e Ele agirá " a q u i e a g o r a " para o b e m de seu p o v o ,
c u r a n d o , l i b e r t a n d o e realizando milagres q u e levem
Cf. RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Carismas, p. 150.
à edificação d o Reino.
C f Perguntas e respostas, Jesus Vive e é o Senhor, n. 68:4 i 3.

38
. R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

5. PROPOSTA DE DINÂMICA
• P r o m o v e r u m f o r t e m o m e n t o de oração
c o m t o d a a assembleia p e d i n d o ao S e n h o r o d e r r a -
m a m e n t o d o Espírito Santo n o d o m da Fé c r e n t e e
e x p e c t a n t e , fé carismática.

39
^ ^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

CAPÍTULO 8 ^ ' '^y-'-''^^/^'^:

DOM DE CURA E DOM DE MILAGRES


A outro a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom

de milagres (ICor 12,9b-lOa)

1. DOM DE CURA

L L Introdução . d o s o f r i m e n t o . Segundo ele, "poder-se-ia d i z e r q u e


o h o m e m s o f r e p o r causa de u m b e m d o qual não
O s d o n s da fé, c u r a e milagres p o d e m ser cha- p a r t i c i p a , d o qual é, n u m c e r t o s e n t i d o excluído, o u
m a d o s "dons-sinais", c o m o já v i m o s , também c h a m a - d o qual ele próprio se p r i v o u " " .
dos carismas das " o b r a s , de p o d e r " , p o r q u e sinali-
zam algo de extraordinário realizado p e l o p o d e r de 1.3. C o n c e i t o d e s a ú d e ( e q u i l í b r i o ) x
D e u s . D i a n t e d o p o d e r de D e u s q u e se m a n i f e s t o u doença (desequilíbrio)
e m Jesus e nos apóstolos, m u i t o s se c o n v e r t e r a m à
fé, ao p r e s e n c i a r e m u m a c u r a , u m milagre, u m prodí- Deus criou o h o m e m em harmonia perfeita
gio s o b r e n a t u r a l , u m a ressurreição e t c . c o m t o d a s as coisas. O Espírito de D e u s governava

Esses d o n s c o n t i n u a m s e n d o manifestados na o espírito d o h o m e m ; este governava a alma e a alma

Igreja. N ã o f o r a m necessários s o m e n t e n o início d o governava o c o r p o . E o h o m e m gozava de u m d o m

c r i s t i a n i s m o , para sua expansão. É próprio da Igreja, c h a m a d o i m o r t a l i d a d e c o r p o r a l , além da i m o r t a l i d a -

t e s t e m u n h a r , pela manifestação d o s d o n s carismá- de d o espírito. Havia h a r m o n i a - equilíbrio - e n t r e

t i c o s , a ação p o d e r o s a d o S e n h o r e m m e i o a seu o espírito, a alma e o c o r p o . Q u a n d o o h o m e m saiu,

p o v o . Pelos carismas, a evangelização é c o n f i r m a d a . v o l u n t a r i a m e n t e , d o plano o r i g i n a l de D e u s , p e l o p e -

" O s discípulos p a r t i r a m e p r e g a r a m p o r t o d a a par- c a d o das o r i g e n s , e n t r a r a m n o m u n d o o s o f r i m e n t o ,

t e . O S e n h o r c o o p e r a v a c o m eles e c o n f i r m a v a a sua a doença (desequilíbrio, d e s a r m o n i a ) e a m o r t e .

palavra c o m os milagres q u e a a c o m p a n h a v a m " ( M c A doença (que é u m desequilíbrio) p o d e t e r


16,20). início e m u m d o s e l e m e n t o s c o n s t i t u t i v o s d o ser
h u m a n o e atingir os o u t r o s , s e c u n d a r i a m e n t e . P o r
1.2. A s e n f e r m i d a d e s e a c u r a u e x e m p l o : u m a doença q u e c o m e c e n o espírito (pneu-
ma) p o d e se e x p r i m i r na m e n t e (psique) e n o c o r p o
"Enviou-os a pregar o R e i n o de D e u s e a c u r a r (soma). Então, é u m a doença pneumopsicossomáti-
os e n f e r m o s " (Lc 9 , 2 ) . ca, u m a doença d o h o m e m t o t a l . E x e m p l i f i c a n d o : u m
pecado, q u e é u m a doença d o espírito ( o u d o pneu-
A n t e s de e n t r a r p r o p r i a m e n t e n o d o m de c u r a
ma), p o d e g e r a r u m s e n t i m e n t o de " r e m o r s o " " (na
convém t e c e r alguns comentários a r e s p e i t o da
alma o u psique), levando à doenças ósseas ( n o c o r p o
questão das e n f e r m i d a d e s , de sua relação c o m a vida
ou no soma).
cristã e o plano da salvação.
O h o m e m e m desequilíbrio ( d o e n t e ) precisa
O e n t e n d i m e n t o da Igreja a r e s p e i t o dessas
ser c u r a d o , r e s t a u r a d o , r e g e n e r a d o e m t o d o o seu
realidades é de q u e a e n f e r m i d a d e e o s o f r i m e n t o
ser para v o l t a r à h a r m o n i a inicial. A c u r a é isto: a
s e m p r e e s t i v e r a m e n t r e os p r o b l e m a s mais graves da
restauração d o equilíbrio, da h a r m o n i a d o plano de
vida h u m a n a : " N a doença, o h o m e m e x p e r i m e n t a sua
Deus.
impotência, seus limites e sua f i n i t u d e " (Catecismo
n. 1500). " J O Ã O PAULO II apud RENOVAÇÃO CARISMÃTICA CATÓUCA,
Oração pela cura. p. 14.
O Papa J o ã o Paulo II, e m sua C a r t a Apostólica
o "remorso" distingue-se da "contrição" pelo seu caráter altivo: a pes-
Salvifici D o l o r i s - " O s e n t i d o cristão d o s o f r i m e n t o soa sente-se atingida no orgulho, ao se deparar com sua imperfeição.A contrição
é uma atitude de humildade, por meio da qual a pessoa se reconhece pecadora e
h u m a n o " - p r o c u r a r e s p o n d e r ao s e n t i d o da d o r e solicita a misericórdia de Deus.
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^,

1.4.0 exercício do d o m de cura 2Pd 1,4) e d o a m o r d i v i n o ( c f IJo 4 , 9 ; 5, I I ) .

Se Jesus d e u a vida p e l o h o m e m , se " f o m o s


Se a doença é n o c o r p o , precisa-se de c u r a fí- trasladados da m o r t e para a v i d a " (IJo 3, 14), Ele o
sica; se na m e n t e , é necessária u m a c u r a psíquica; q u e r c h e i o d e vida, de saúde, de felicidade, pois ele
a d o e c e m as emoções, a carência é de u m a c u r a i n - é o D e u s da vida; Ele " é o D e u s q u e nos c u r a " ( c f
t e r i o r C a s o o p r o b l e m a seja e s p i r i t u a l (libertação). Ex 15, 2 6 ) , " q u e sara as nossas e n f e r m i d a d e s " ( c f D t
Em q u a l q u e r hipótese, o d o m de c u r a g e r a l m e n t e se 32, 3 9 ; SI 102, 3; 146, 3). A s doenças e n c o n t r a m sua
manifesta p o r m e i o da oração de c u r a . causa n o próprio h o m e m , n o seu pecado, o r g u l h o ,
Para o r a r p o r cura, a única p r e r r o g a t i v a é i n - ambição; e m sua d e s a r m o n i a consigo m e s m o , c o m
v o c a r o n o m e de Jesus. É p r e c i s o d e i x a r de lado o os o u t r o s , c o m a n a t u r e z a e, p o r f i m , c o m o próprio
m e d o e os enganos e o r a r pelos e n f e r m o s , sabendo C r i a d o r Mas esta é u m a v e r d a d e bíblica: D e u s q u e r
que D e u s os c u r a pelos méritos de Jesus C r i s t o e o h o m e m saudável!
não p o r q u e a pessoa sabe o r a r , t e m experiência o u
é santa. T o d o s p o d e m e x e r c i t a r o d o m de o r a r p o r 1.6. D o m d e c u r a e s o f r i m e n t o h u m a n o
c u r a de doenças.

O propósito d e D e u s é q u e os seus f i l h o s se- N o A n t i g o T e s t a m e n t o percebe-se q u e o p o v o

j a m t o t a l m e n t e sadios, c u r a d o s , r e s t a u r a d o s , r e g e n e - de Israel t i n h a o e n t e n d i m e n t o de que as e n f e r m i -

rados e l i b e r t o s . Para isso Ele e n v i o u o Seu Filho dades estavam m i s t e r i o s a m e n t e ligadas ao pecado e

para m o r r e r pela h u m a n i d a d e . Pelas suas chagas Je- ao m a l ; mas elas atingiam também os j u s t o s , o que

sus t r o u x e a c u r a t o t a l e a libertação (cf. Is 5 3 , 4 - 5 ) . levava o h o m e m a interrogar-se o porquê ( c f Jo 9 , 2 ) .


O Papa J o ã o Paulo II esclarece s o b r e isso:"Se é ver-
O Papa J o ã o Paulo II diz q u e " O h o m e m é des-
dade q u e o s o f r i m e n t o t e m u m s e n t i d o de castigo
t i n a d o à alegria, mas t o d o s os dias e x p e r i m e n t a m
q u a n d o é ligado à culpa, já não é v e r d a d e que t o d o
variadíssimas f o r m a s de s o f r i m e n t o e de d o r " " . E
o s o f r i m e n t o seja consequência da culpa e t e n h a u m
a Congregação para a D o u t r i n a da Fé, e m recente
caráter de castigo. A f i g u r a de J ó é disso u m a p r o v a
publicação", se manifesta d i z e n d o q u e e x a t a m e n t e
c o n v i n c e n t e n o A n t i g o T e s t a m e n t o (...). Se o S e n h o r
p o r q u e o h o m e m é d e s t i n a d o à alegria, o Senhor,
p e r m i t e q u e J ó seja p r o v a d o p e i o s o f r i m e n t o , fá-lo
nas suas promessas de redenção, anuncia a alegria d o
para d e m o n s t r a r a sua justiça. O s o f r i m e n t o t e m ca-
coração ligada à libertação d o s s o f r i m e n t o s .
ráter de p r o v a " " .

A p a r t i r da v i n d a de Jesus C r i s t o é q u e se e n -
1.5. D e u s q u e r o h o m e m saudável
c o n t r a u m a r e s p o s t a mais c o m p l e t a para a questão
das e n f e r m i d a d e s . Q u a n d o Jtsus se d e p a r a c o m os
N o " D i á l o g o " " , encontram-se registros p r i m o -
e n f e r m o s , e i s t o é u m a c o n s t a n t e na n a r r a t i v a de t o -
r o s o s de c o m o D e u s vê a separação d o h o m e m e a
dos os evangelistas, a sua a t i t u d e é s e m p r e de c u r a r
sua necessária reconstrução:
e de l i b e r t a r de t o d o s os males. A esse r e s p e i t o diz
" Ó filha b o n d o s a e q u e r i d a , a h u m a n i d a d e não a Congregação para a D o u t r i n a da F é : " A s curas são
f o i leal e fiel para c o m i g o . D e s o b e d e c e u à m i n h a o r - sinais de sua ação messiânica ( c f Lc 7, 20-23). M a n i -
d e m ( G n 2, 17) e a c h o u a m o r t e . D e m i n h a p a r t e f e s t a m a vitória d o Reino de D e u s s o b r e t o d a s as
m a n t i v e a f i d e l i d a d e , c o n s e r v e i a finalidade para a espécies d e mal (...), s e r v e m para m o s t r a r q u e Jesus
qual a criara, c o m a intenção de d a r ao h o m e m a f e - t e m o p o d e r de p e r d o a r os pecados ( c f Mc 2, 1-12)
licidade. U n i a n a t u r e z a divina, tão perfeita, à mísera e são sinais dos bens salvíficos"'". O m e s m o p o d e
n a t u r e z a humana, resgatei a h u m a n i d a d e , restituí-lhe ser o b s e r v a d o a o l o n g o dos A t o s dos Apóstolos. São
a graça pela m o r t e de m e u Filho. O s h o m e n s sabem f r e q u e n t e s as curas e as libertações p o r m e i o d e -
de t u d o isso, mas não a c r e d i t a m q u e s o u p o d e r o s o les e dos discípulos. A Sagrada Congregação para a
para socorrê-los, f o r t e para auxiliá-los e defendê-los
dos i n i m i g o s , sábio para i l u m i n a r suas inteligências
"Christifideles Laici, n. 53. ' : i>:
(...). A n a t u r e z a divina uniu-se c o m p o d e r m e u (o
" Instrução sobre as orações para alcançar de Deus a cura, p. 5.
Pai), c o m a s a b e d o r i a d o Filho e c o m a clemência d o
" Principal obra de Santa Catarina de Sena. a obra-prima dessa doutora da
Espírito S a n t o . T o d o o a b i s m o da T r i n d a d e , uniu-se à Igreja. Foi escrito na forma original de "revelação divina" de Deus Pai à santa por
volta do ano de 1.377.
vossa humanidade".^®
^Mdem p.3l5.
Jesus v e i o ao m u n d o para d a r ao h o m e m vida " J O Ã O PAULO II apud C O N G R E G A Ç Ã O PARAA DOUTRINA DA FÉ,
Instrução sobre as orações para alcançar de Deus a cura, p. 5.
e m p l e n i t u d e , m a n i f e s t a n d o o a m o r de D e u s Pai ( c f
"Ibid.p.6. • -u.- .r-
Jo 3, 16) para torná-lo p a r t i c i p a n t e da n a t u r e z a ( c f

42
. R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

D o u t r i n a da Fé a c r e s c e n t a : " E r a m prodígios que não " e x p i a r os nossos p e c a d o s " (cf. IJo 4, 10); v e i o " p a r a
estavam ligados e x c l u s i v a m e n t e à pessoa d o A p ó s - salvar os p e c a d o r e s " (cf. I T i m I, 15); v e i o " p a r a nos
t o l o , mas que se manifestavam também através dos resgatar de t o d a a i n i q u i d a d e e nos p u r i f i c a r " ( c f . T t
fiéis"^'. 2, l 4 ) ; v e i o , e n f i m , para que t o d o s tivessem vida plena
( c f Jo 10, 10).
1.7. Enfermidades no Antigo Testa- N o início de seu ministério público,"Jesus per-
mento i/u;;>r: S C T : ; c o r r i a t o d a a Galileia, e n s i n a n d o nas suas sinagogas,
p r e g a n d o o Evangelho d o Reino, c u r a n d o t o d a s as
A o l o n g o d o A n t i g o T e s t a m e n t o , após a n a r r a - doenças e e n f e r m i d a d e s e n t r e o povo... e Ele curava
t i v a d o p e c a d o e das consequências q u e ele t r o u x e a t o d o s " ( M t 4, 23-25). N ã o s o m e n t e Jesus curava,
para o h o m e m , começa a surgir, e s p e c i a l m e n t e nos mas dava aos discípulos o p o d e r de fazê-lo:"Curai os
salmos e através d o s p r o f e t a s , u m a visão nova da d o e n t e s , ressuscitai os m o r t o s , p u r i f i c a i os l e p r o s o s ,
doença diante de D e u s : elas se t o r n a r a m c a m i n h o de expulsai os demónios..." ( M t 1 0 , 8 ) .
conversão (cf. SI 3 8 , 5 e 3 9 , 9 . 1 2 ) e o perdão de D e u s
U m a palavra p o d e d e f i n i r o r e l a c i o n a m e n t o de
inaugura a c u r a (cf. C a t e c i s m o n. 1502). Chega-se a
Jesus c o m os e n f e r m o s : compaixão. Diversas vezes
m o m e n t o s de u m a compreensão extraordinária da
os evangelistas se r e f e r e m à sua compaixão. O Ca-
d o r e da redenção a s e r e m manifestadas p l e n a m e n t e
t e c i s m o , n. 1503, diz que "sua compaixão para c o m
n o C o r d e i r o de D e u s , o Justo, o S e r v o : "Ele t o m o u
t o d o s aqueles q u e s o f r e m é tão g r a n d e q u e ele se
s o b r e si nossas e n f e r m i d a d e s , e c a r r e g o u os nossos
identifica c o m eles: 'Estive d o e n t e e m e visitastes'."
s o f r i m e n t o s . . . E a i n d a : " f o m o s c u r a d o s graças às suas
Ele é o d i v i n o médico e q u e r c u r a r o h o m e m t o t a l
chagas" (Is 5 3 , 4 a . 5 c ) .
(cf M t 8 , 3 ; M c l , 4 l ; L c 13,32).
O Messias t e r i a e m si a p l e n i t u d e d o Espírito
Santo; seria c o n s a g r a d o pela unção, e " e n v i a d o a l e - 1.9.A i g r e j a e o p o d e r d e c u r a r d o e n ç a s
var a Boa N o v a aos h u m i l d e s , a c u r a r os corações
d o l o r i d o s , a anunciar aos cativos a redenção e aos
A p ó s a ressurreição, Jesus apareceu aos após-
p r i s i o n e i r o s a l i b e r d a d e . " (Is 6 1 , I ) , c o m o alguém q u e
t o l o s e lhes disse: " C o m o o Pai m e e n v i o u , assim
v i r i a " p e n s a r a chaga de seu p o v o e c u r a r as c o n t u -
também eu vos e n v i o a v ó s " ( j o 2 0 , 2 1 ) . A missão
sões dos golpes q u e r e c e b e u " (Is 3 0 , 2 6 ) .
q u e Jesus r e c e b e u d o Pai, de t o r n a r p r e s e n t e e n t r e
os h o m e n s o seu a m o r salvífico. Ele o t r a n s f e r i u à
1.8. O Novo Testamento: Jesus e os sua Igreja.A missão de Jesus e da Igreja é a salvação
enfermos d o s h o m e n s , e esta é a v o n t a d e d o Pai ( c f I T i m 2 , 4 ) .

A o despedir-se dos apóstolos, Jesus o r d e n o u :


N o N o v o T e s t a m e n t o , vê-se Jesus c u m p r i n d o
" I d e p o r t o d o o m u n d o e pregai o Evangelho a t o d a
as profecias. U m dos t e x t o s claros, neste s e n t i d o , é
c r i a t u r a . Q u e m c r e r e f o r batizado será salvo, mas
Lucas 7 , 2 2 : " l d e anunciar a J o ã o o que t e n d e s v i s t o e
q u e m não c r e r será c o n d e n a d o . Estes milagres a c o m -
o u v i d o : os cegos v e e m , os c o x o s a n d a m , os l e p r o s o s
panharão os que c r e r e m : expulsarão os demónios
f i c a m l i m p o s , os s u r d o s o u v e m , os m o r t o s ressusci-
e m m e u n o m e , falarão novas línguas, manusearão
t a m , aos p o b r e s é a n u n c i a d o o Evangelho" (E Jesus
s e r p e n t e s e, se b e b e r e m algum v e n e n o m o r t a l , não
acabara de fazer muitas curas: cf. v. 2 1 ) .
lhes fará m a l ; imporão as mãos aos e n f e r m o s e eles
F u n d a m e n t a l m e n t e , os evangelistas se esforçam ficarão c u r a d o s " (Mc 16, 16-18). Eles o b e d e c e r a m :
p o r t r a n s m i t i r aos seus l e i t o r e s e o u v i n t e s , a v e r d a d e
a. Pedro c u r a u m c o x o de nascença, c o m mais
q u e Jesus é o Messias a n u n c i a d o pelos p r o f e t a s , o
de q u a r e n t a anos de idade ( c f A t 3, I -1 I; 4 , 2 2 ) ;
Filho de Deus, q u e devia v i r ao m u n d o para realizar
0 p l a n o d o Pai: a salvação d o s h o m e n s e a manifesta- b. A s o m b r a de Pedro, passando p o r s o b r e os

ção d o Reino d e f i n i t i v o (cf. M t 1,21 -22; 16, 16; M c I, d o e n t e s os curava; D e u s fazia milagres extraordiná-

1 -15; 15,39; Lc 7, 18-23;Jo 4 , 2 5 - 2 6 ; I 1,27 e t c ) . J e s u s r i o s p o r intermédio de Paulo ( c f A t 5, 12-16; 19, I I-

anunciava o Reino de D e u s (cf. Lc 9, I I ) presente 12);


n'Ele e e m sua o b r a (cf. M t 1 2 , 2 8 ; Lc I 1,20). c. N a Samaria, c o m o Diácono Filipe, a c o n t e -

A Encarnação d o V e r b o , na p l e n i t u d e dos t e m - c e m prodígios e curas ( c f A t 8,4-8);

pos, q u a n d o "se fez c a r n e , e h a b i t o u e n t r e n ó s " (cf.Jo


1, 14), é salvífica, pois Ele v e i o ao m u n d o " p a r a salvar
o seu p o v o de seus p e c a d o s " (cf. M t 1,21); v e i o para "Ibid, p.7.

43
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ,

d. Pedro, e m Lida, c u r a o paralítico Enéias e e m 2.2. Conceito


Jope, ressuscita Tabita, o q u e suscita a fé e m m u i t o s
corações, q u e se v o l t a m ao S e n h o r ( c f . A t 9, 32-43); O d o m de milagres p o d e s e r d e f i n i d o c o m o
e. Em Icônio, o S e n h o r o p e r a prodígios p o r u m a ação d o p o d e r de D e u s i n t e r v i n d o e x t r a o r -
m e i o de Paulo e Barnabé ( c f . A t 14, Iss); d i n a r i a m e n t e e m d e t e r m i n a d a situação. A l g u m a s
curas são milagres, mas esse d o m não se l i m i t a à
f. Em L i s t r a , Paulo c u r a u m h o m e m alei-
ação de D e u s na restauração da saúde. Q u a n d o
j a d o das p e r n a s , c o x o d e n a s c e n ç a ( c f . A t 14,
a c o n t e c e u m a c u r a instantânea, é m i l a g r e p o r q u e o
8-10); emTrôade, ressuscita u m moço ( c f . A t 2 0 ,
f a t o r intervenção de D e u s é óbvio a p o n t o de não
7-10); e m M a l t a , c u r a o p a i d e P ú b l i o e o s d o e n -
ser r e f u t a d o .
t e s da i l h a ( c f . A t 2 8 , 8-9).
"O milagre é u m a c o n t e c i m e n t o o u evento
Se Jesus a s s o c i o u a evangelização aos sinais
s o b r e n a t u r a l , o u a execução de algo q u e seja c o n -
visíveis d e seu p o d e r p r e s e n t e na Igreja, não se
trário às leis da n a t u r e z a ; é u m f e n ó m e n o s o b r e n a -
p o d e s e p a r a r evangelização e sinais s e m d e t u r p a r
t u r a l , q u e desafia a razão e t r a n s c e n d e as leis n a -
sua intenção. A p ó s a e r a apostólica, a Igreja c o n -
t u r a i s ; este d o m é s i m p l e s m e n t e a h a b i l i d a d e dada
t i n u o u a e x e r c e r estes dons de cura e milagres; é
p o r D e u s de c o o p e r a r - s e c o m Ele, e n q u a n t o Ele
c o n h e c i d a a f a m a d o s s a n t o s e d o s místicos, p o r
e x e c u t a os milagres através de u m a t o c o o p e r a t i v o
seus m i l a g r e s e m f a v o r d o p o v o . Esta i d e i a da s a n -
c o m os h o m e n s " " .
t i d a d e u n i d a a f a t o s p r o d i g i o s o s , manteve-se f i r m e ,
p o r vários séculos na Igreja: s e r s a n t o e r a o p e r a r O s milagres são intervenções diretas de D e u s
prodígios e c u r a s . na n a t u r e z a d o h o m e m o u na o r d e m da criação. O s
milagres p r o v a m o p o d e r de D e u s agindo na vida d o s
D e p o i s d o Concílio d o V a t i c a n o II, mais p r e c i -
h o m e n s , levando-os a u m a fé mais viva e e x p e c t a n t e .
s a m e n t e a p a r t i r da experiência de D u q u e s n e , e m
f e v e r e i r o de 1976, m a r c o d o início da R C C , s u r g i r a m
2.3. D i f e r e n ç a e n t r e o D o m d e Curas
na Igreja Católica g r u p o s de oração q u e r e t o m a r a m
e o D o m de Milagres
o u s o d o s d o n s carismáticos. C o n s e q u e n t e m e n t e , o
d o m de c u r a c o m e ç o u a expressar-se c o m mais f r e -
quência n o m e i o d o p o v o , c o m o o a s p e c t o de u m A c u r a p o d e o c o r r e r t a m b é m através d a m e -

Pentecostes r e n o v a d o . dicina, de maneira gradativa. A c o n t e c e e m nossos


dias, q u e p e s s o a s c o m d o e n ç a s g r a v e s , até d e s e n -
O C a t e c i s m o , n. 1508, atesta essa v o n t a d e de
ganadas p e l o s m é d i c o s , v ã o a o g r u p o d e o r a ç ã o
D e u s e m c u r a r o seu p o v o e r e c o n h e c e : " © Espírito
e c l a m a m p o r c u r a . Fazem o t r a t a m e n t o m é d i c o
Santo dá a algumas pessoas u m carisma especial de
e é atestada a cura. Pode também a c o n t e c e r que
c u r a para manifestar a força da graça d o ressuscita-
haja c u r a instantânea, c o m o p o r e x e m p l o , u m t u -
d o " . Dessa f o n t e maravilhosa, os g r u p o s de oração
m o r maligno e x p o s t o que desaparece. Então é
da Renovação Carismática Católica têm b e b i d o e é
milagre.
possível t e s t e m u n h a r as maravilhas q u e o S e n h o r
t e m f e i t o neles. , , F r e q u e n t e m e n t e , Jesus o p e r a v a milagres, dei-
x a n d o - s e levar pela compaixão d i a n t e d o s o f r i m e n -
t o h u m a n o . A o p r e s e n c i a r a c u r a de u m cego e m
2 . 0 DOM DE M I L A G R E S J e r i c ó ( c f Lc 18, 3 5 - 4 3 ) , o p o v o d e u glória a D e u s ;
d i a n t e da c u r a d o paralítico e m C a f a r n a u m ( c f M t
9, I -8), o p o v o g l o r i f i c o u a D e u s p o r t e r d a d o t a l
2.1. I n t r o d u ç ã o
p o d e r aos h o m e n s ; a n t e o espetáculo d o s m u d o s
q u e falavam, d o s aleijados q u e e r a m c u r a d o s , d o s
Para o D o m d e M i l a g r e s , seguem-se o s m e s -
c o x o s q u e andavam d o s cegos q u e v i a m ( c f M t 15,
m o s critérios q u e para o D o m de Curas. Milagres
29-3 I ) , o p o v o g l o r i f i c a v a o D e u s d e Israel.
s e m p r e e s t i v e r a m p r e s e n t e s na história d a salva-
ção, p r o v a n d o a p r e s e n ç a v i v a d e D e u s j u n t o a o N e s t e s e n t i d o , o milagre não apenas revelava a
seu p o v o e l e i t o . M u i t o s m i l a g r e s f o r a m o p e r a d o s b o n d a d e de D e u s e sua compaixão pelos h o m e n s ao
através d o s p r o f e t a s ( c f Ex 7, 8 - 1 3 ; I R s 17, 7ss; curá-los, mas "efetuava também a salvação de D e u s .
18, 2 0 s s ; 2Rs 2, 19ss). E r a m sinais e prodígios q u e É u m a t o de força, de poder, para r e p e l i r os adversá-
c o n f i r m a v a m a fé d o p o v o n o único D e u s v e r d a -
deiro.
" RENOVAÇÃO CARISMÃTICA CATÓLICA, Grupo de Oração, p. 37.

44
, R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do B r a s i l - RCCBRASIL

r i o s de D e u s : u m a irrupção d o d i v i n o neste m u n d o , t o d o s os cristãos. Q u a n d o o d o m de c u r a começa


e ao m e s m o t e m p o u m sinal d o m u n d o v i n d o u r o " " . a se m a n i f e s t a r c o m frequência na vida d o s e r v o d o
Sinalizava-se deste m o d o a presença salvífica de g r u p o de oração, i s t o é u m sinal que ajuda a carac-
D e u s e m m e i o aos h o m e n s e a implantação d o seu t e r i z a r u m serviço específico o u ministério. N e s s e
Reino (cf. Mc 6 , 7 ; 7 , 2 6 ; Lc 7, 18.22; 9, I -6; M t 1 2 , 2 8 ) . caso torna-se necessária u m a formação mais a p r o -
fundada.
A s s i m c o m o Jesus, ao fazer o milagre e m Caná
da Galileia, " m a n i f e s t o u a sua glória, e os seus discí- Jesus assegura q u e é possível o b t e r o que se
p u l o s c r e r a m n'Ele" (jo 2, I I ) , na c o m u n i d a d e cujos pede na oração (cf. Mc I 1, 2 4 ) . A oração d e c u r a
m e m b r o s se d e i x a m guiar p e l o Espírito Santo (cf. R m está i n t i m a m e n t e unida à fé n o p o d e r de D e u s , a
8, 9.14; G l 5, 16.25), os milagres se t o r n a m p r e s e n - q u e m nada é impossível. O d o m de c u r a , o u a graça
tes, pois são promessas de Jesus a t o d a sua Igreja: de c u r a r as doenças n o p o d e r d o Espírito Santo, é
" Q u e m crê e m m i m fará também as o b r a s que eu t r a t a d o na Sagrada Escritura de u m a f o r m a bastante
faço, e fará ainda m a i o r e s d o q u e estas, p o r q u e v o u simples, n o c o n j u n t o dos demais d o n s carismáticos:
para j u n t o d o Pai" (jo 14, 12). "... a o u t r o , a graça de c u r a r as doenças, n o m e s -
m o Espírito"; " M a s u m e o m e s m o Espírito d i s t r i b u i
C a b e , pois, a cada cristão, abrir-se s e m p r e mais
t o d o s esses d o n s , r e p a r t i n d o a cada u m c o m o lhe
a esse d o m q u e é também necessário nos dias d e
apraz" ( I C o r I 2 , 9 b . l I).
h o j e , pois Jesus p r o m e t e u sua presença. "Se dois d e
vós se u n i r e m s o b r e a t e r r a para pedir, seja o que for, É D e u s q u e m c u r a s e m p r e , servindo-se de ins-
o conseguirão de m e u Pai q u e está n o c é u " ( M t 18, t r u m e n t o s h u m a n o s . Por isso, t o d o cristão p o d e p e -
19). O n d e está a Igreja r e u n i d a na fé, na esperança, d i r o d o m de c u r a e, na m e d i d a e m q u e rezar pelos
n o a m o r , n o l o u v o r , na ação de graças, Jesus se t o r n a d o e n t e s começará a c o n s t a t a r q u e as curas o c o r r e m .
p r e s e n t e c o m o A q u e l e s o b r e o qual o Pai c o l o c a a
Para rezar pela cura, o u t r o s d o n s p o d e m se
sua complacência (cf. M t 3, 17).
manifestar, c o m o a Palavra de Ciência, q u e f o r n e c e
Toda vez q u e se reúnem e m n o m e d o S e n h o r u m "diagnóstico" o u a causa da doença. Também
Jesus, " t e n d o p o r Ele acesso j u n t o ao Pai n u m m e s - para t e r orientação s o b r e c o m o o r a r e o q u e d i z e r à
m o Espírito" (Ef 2, 18), os milagres p o d e m o c o r r e r pessoa p o r q u e m se o r a , p o d e se p e d i r e o b t e r u m a
de f o r m a n a t u r a l , f o r t a l e c e n d o a fé de t o d o s . Palavra de Sabedoria o u o d o m d o D i s c e r n i m e n t o .

O p a d r e D a r i o Betancourt*'' usa o t e x t o d o
2.4. E quando as curas não aconte- Eclesiástico 3 8 , 9-12 para i n d i c a r os passos para a

cem?
cura: _ -.^^ • . • . ;c. .-sj;,.,
a. O r a r p e d i n d o a c u r a : v. 9 - " M e u f i l h o , se
estiveres d o e n t e não t e descuides de t i , mas o r a a o
Essa questão é i n t r i g a n t e e i n q u i e t a m u i t o s d o s
Senhor, q u e t e curará".
que se d e d i c a m a o r a r pelos e n f e r m o s . Existe s e m -
p r e u m mistério e m t o r n o da v o n t a d e de D e u s . Por b. A r r e p e n d e r - s e e confessar os pecados ( c o n -
q u e uns são c u r a d o s e o u t r o s não? fissão s a c r a m e n t a l ) : v. 10 - "Afasta-te d o pecado,
r e e r g u e as mãos e p u r i f i c a t e u coração de t o d o o
E m b o r a seja da v o n t a d e de D e u s c u r a r o seu
pecado".
p o v o , é b o m l e m b r a r q u e " m e s m o as orações mais
intensas não c o n s e g u e m o b t e r a c u r a de t o d a s as c. Ir à missa e oferecê-la pela cura: v. I I - " O f e -
d o e n ç a s " ( C a t e c i s m o n. 1508). São Paulo m o s t r a q u e rece u m incenso suave e u m a lembrança de f l o r de
os s o f r i m e n t o s fazem p a r t e da caminhada: " A g o r a farinha; faze a oblação de u m a vítima g o r d a " . ' '
m e alegro nos s o f r i m e n t o s s u p o r t a d o s p o r vós. O ' d. P r o c u r a r o médico e tratar-se: v. 12 - " E m
q u e falta às tribulações de C r i s t o , c o m p l e t o na m i - seguida dá lugar ao médico, pois ele f o i c r i a d o p o r
nha c a r n e , p o r seu c o r p o que é a I g r e j a " ( C o l 1, 2 4 ) . D e u s ; que ele não t e d e i x e , pois sua a r t e t e é neces-
A s s i m , pode-se s e m p r e rezar c o m m u i t o a m o r sária".
pela c u r a , mas cabe ao S e n h o r c u r a r s e g u n d o a Sua
vontade.

2.5. A o r a ç ã o d e cura

" RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA. Grupo de oração, p. 38.


A s orientações expressas a seguir t ê m u m ca-
Cf.Venho para curar, p. 36.
ráter introdutório e s e r v e m c o m o u m r u m o geral a

45
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^

2.6. A oração de cura interior no gru- 4. O r a r pela c u r a i n t e r i o r , i n t e r c e d e r , p e d i r a


po de oração** c u r a e m n o m e de Jesus. Pelo p o d e r d o seu sangue.
O r a r e m línguas,

a. Con%\áGra<;Qe% 5. Pedir os f r u t o s d o Espírito Santo de D e u s


Em t o d o G r u p o de O r a ç ã o , há pessoas c o m para c r i a r nova realidade psicológica e e m o c i o n a l ,
p r o b l e m a s . Pessoas que passaram por momentos 6. A g r a d e c e r e l o u v a r pela cura.
d o l o r o s o s e f i c a r a m marcadas, feridas, abaladas, t r a u -
Analise cada u m destes passos e p e r c e b a a se-
matizadas.
quencia lógica e necessária e x i s t e n t e e n t r e eles. N a
O s t r a u m a s p o d e m ser d e múltiplas espécies: oração de c u r a i n t e r i o r não seja i m e d i a t i s t a . N ã o
t r a u m a s de rejeição de vida, de a m o r o u de s e x o , pule degraus. N ã o passe de i m e d i a t o a realizar o pas-
de m e d o s c o m p u l s i v o s e i n q u i e t a d o r e s ; de s e x u a l i - so número cinco, s e m p r e p a r a r os corações f e r i d o s .
dade; de experiências m a r c a n t e s e m doenças g r a - Faça b e m f e i t o , c o m fé viva, s a b e d o r i a e confiança,
ves, acidentes, cirurgias e m o r t e s de entes q u e r i d o s ; para q u e a c u r a possa a c o n t e c e r ,. . ,
t r a u m a s de separações m a t r i m o n i a i s , s e m p r e tão
d. Oração de cura interior por etapas
d o l o r o s a s ; escravidão e vícios; frustrações diversas;
c o m p l e x o s nos r e l a c i o n a m e n t o s h u m a n o s e t a n t o s Você pode p r o g r a m a r uma caminhada de cura
outros. i n t e r i o r realizando-a p o r etapas o u área de r e l a c i o -
n a m e n t o . Reserve v i n t e a t r i n t a m i n u t o s da reunião
C o o r d e n a d o r , v o c ê não p o d e o m i t i r - s e n o c u i -
de oração para fazer a graça a c o n t e c e r Em cada r e u -
d a d o da c u r a d o p s i q u i s m o d o s p a r t i c i p a n t e s ! Ela é
nião, faz-se oração de c u r a i n t e r i o r p o r u m a d e t e r -
necessária e imprescindível para q u e as pessoas t e -
m i n a d a área da vida das pessoas.
n h a m sua n a t u r e z a i n t e r i o r sadia e e s t e j a m e m boas
condições p s i c o e m o c i o n a i s , a f i m de q u e o Espírito Você p o d e p r o g r a m a r orações de c u r a i n t e r i o r

Santo de D e u s possa nelas realizar a sua o b r a . A g r a - dos p r o b l e m a s :

ça de D e u s para a santificação supõe a n a t u r e z a apta 1. D a fase da vida i n t r a u t e r i n a , pré-natal,


e p r e p a r a d a . Isto é, se a pessoa está f e r i d a , marcada,
2. D o n a s c i m e n t o até 3 o u 4 anos.
escravizada, a m o r t e c i d a i n t e r i o r m e n t e , o Espírito Ti
terá dificuldades de agir nela.
3. D a m e n i n i c e , d o s 5 aos 10 anos, K
A oração de c u r a a c o n t e c e n o d e c o r r e r da r e u -
4. D a adolescência,
nião de oração e, c o n f o r m e a necessidade dos par-
t i c i p a n t e s . É p r e c i s o d i s c e r n i m e n t o n o Espírito, para 5. D a j u v e n t u d e até o c a s a m e n t o ,

e n f o c a r o s p o n t o s sensíveis para aquele m o m e n t o . 6. D a vida m a t r i m o n i a l , t


A s reuniões específicas para c u r a física e c u r a i n -
7. D a fase escolar,
t e r i o r , e m o u t r o s m o m e n t o s , poderão ser mais e x -
tensas e detalhadas. N a reunião d o g r u p o , se h o u v e r 8. D o t e m p o de t r a b a l h o . " "

oração de c u r a , v o l t a r l o g o a o l o u v o r Nessas etapas, o r a r s o b r e t o d o s os possíveis


acontecimentos dolorosos ocorridos como: proble-
b. Quando orar para a cura interior
mas d e r e l a c i o n a m e n t o e m família, rejeições, desa-
A necessidade de c u r a i n t e r i o r é e v i d e n t e . O m o r e s , e n f e r m i d a d e s , m o r t e s , t r a u m a s de acidentes,
p o v o de D e u s é f e r i d o . Por isso, a p a r t i r da realidade p r o b l e m a s de sexualidade e t c .
de seu G r u p o , v o c ê p r o g r a m a o p r o c e s s o necessário
de c u r a d o s seus irmãos.Você p o d e utilizar-se de d i - 2.7. O r a ç ã o d e c u r a física n o g r u p o de

versas o p o r t u n i d a d e s c o m o : o t r a n s c u r s o da própria oração

reunião d e oração; u m a o u mais reuniões p r o g r a m a -


das para a oração de c u r a i n t e r i o r ; u m r e t i r o de f i m D e n t r e os p a r t i c i p a n t e s de seu g r u p o de o r a -
de semana t o d o d e d i c a d o à c u r a dos p a r t i c i p a n t e s . ção há s e m p r e p o r t a d o r e s de p r o b l e m a s de saúde
física, m e n o s o u mais graves. Jesus ressuscitado c o n -
c. Conno orar

Deve-se m o t i v a r a oração de c u r a i n t e r i o r :

1. C r i a r c l i m a da presença de Jesus, i n v o c a n d o *^0 conteúdo desse item.bem como do item 7.2, foi tomado de Alírio José
PEDRINI, Grupos de Oração: como fazer a graça acontecer, passim. O padre Alírio
-o e a d o r a n d o - o ,
faz uma abordagem prática da oração de cura, tal como deve ser ministrada nas
reuniões de oração. Não se trata de um modelo único e fechado, mas orientações
2. A p r e s e n t a r e e n t r e g a r o p r o b l e m a a Jesus, aplicáveis total ou parcialmente nas reuniões ou na dinâmica de grupo de oração,
de acordo com o discernimento e planejamento do núcleo de serviço. O leitor
3. Se f o r necessário,realizar os passos d o perdão. observará uma mudança de estilo de linguagem.

46
^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

t l n u a a m a n d o e t e n d o compaixão d o s e n f e r m o s e P r o c u r a m a c u r a e m si, e não o S e n h o r q u e c u r a .


d o e n t e s q u e p a r t i c i p a m d e seu G r u p o d e O r a ç ã o . P r o c u r a m a c u r a c o m o u m a t o p e l o qual se l i v r a -
Q u e m é d o e n t e s o f r e . Q u e m s o f r e necessariamente rão d e suas e n f e r m i d a d e s o u p r o b l e m a s e m o c i o n a i s .
p r o c u r a solução para os seus males. É p r e c i s o c o m - Buscam a c u r a nos g r u p o s d e oração, t a n t o q u a n t o
p r e e n d e r a realidade d e q u e m s o f r e . É p r e c i s o s e n t i r no espiritismo o u curandeirismo.
0 q u e s e n t e m e aliar-se a eles para a solução de suas
Jesus ensina q u e a fé e m sua Pessoa, c o m o Filho
doenças e s o f r i m e n t o s .
de D e u s , r e v e l a d o r d o a m o r d o Pai, salvador d o h o -
Jesus é o m e s m o o n t e m , h o j e e s e m p r e . Sabe- m e m , é necessária para a v i d a e m t o d o s o s m o m e n -
m o s d o número cada vez m a i o r d e pessoas q u e são t o s e não s o m e n t e p o r ocasião das e n f e r m i d a d e s .
curadas nos nossos g r u p o s d e oração. A o c o n v i d a r Pedro para q u e este caminhasse s o b r e
as águas, exigiu dele u m a t o d e fé, e fé f i r m e ! E a o
São diversas as ocasiões e possibilidades d e se
estender-lhe a mão e segurá-lo lhe disse: " H o m e m
i n t e r c e d e r pelos necessitados d e saúde:
de p o u c a fé, p o r q u e duvidaste?" ( M t 14, 3 I ) .
• C r i a r u m serviço carismático p e r m a n e n t e d e
oração pelos d o e n t e s , u m ministério de oração p e - Se p o r u m lado, Jesus notava a falta d e fé n o s

los e n f e r m o s , a n i m a d o p o r algumas pessoas maduras, o u v i n t e s , p o r o u t r o lado, curava p o r q u e via a fé p r e -

esclarecidas e acolhedoras d o s carismas, q u e se dis- sente n o s p e d i d o s d e c u r a : " V a i , seja-te f e i t o c o n f o r -

põem a rezar pelos necessitados de saúde física. m e a t u a f é " ( M t 8, 13). Ele c u r o u o paralítico,"vendo
a fé daquela g e n t e " ( M t 9, 2 ) . À hemorroíssa Ele dis-
• G r a n d e oração d e c u r a física f o r a da r e u -
se:"Filha,a t u a fé t e salvou.Vai e m paz e sê c u r a d a d o
nião d e oração: realize p e r i o d i c a m e n t e , a cada mês
t e u m a l " ( M c 5, 3 4 ) . A m u l h e r p e c a d o r a , na casa d e
o u dois meses, u m a g r a n d e oração d e c u r a física f o r a
Simão, disse:"Tua fé t e salvou; vai e m p a z " (Lc 7 , 5 0 ) .
da reunião d e oração. N e s t a reunião p r o g r a m a d a , os
c a n t o s , a Palavra d e D e u s escolhida, os t e s t e m u n h o s , O cristão d e h o j e precisa, c o m o s e m p r e , se

t u d o seja d i r e c i o n a d o para d e s p e r t a r a fé na p r e s e n - a p r o x i m a r d e Jesus c o m t o d a a fé d o coração; se

ça e n o p o d e r d e Jesus v i v o e p r e p a r a r os corações ainda não a t e m , p o d e rezar p e d i n d o , c o m o f i z e r a m

para r e c e b e r e m as bênçãos da saúde. os apóstolos: "Senhor, aumenta-nos a f é " (Lc 17, 5 ) ;


pois Jesus é o " a u t o r e c o n s u m a d o r d e nossa f é ! "
• O r a ç ã o d e c u r a física nas reuniões de o r a -
( H b 12, I ) .
ção: o u t r a o p o r t u n i d a d e para rezar p e d i n d o saúde
é a p r o v e i t a r as chances q u e se a p r e s e n t a m n a t u r a l - b. A fo/ío de perdoo

m e n t e , d u r a n t e as reuniões d e oração. Jesus c o l o c a u m a c e n t o especial n o perdão


c o m o condição para a c u r a ; insiste q u e se reze p o r
Para a eficácia da oração p e d i n d o c u r a física,
aqueles q u e causaram mal a o u t r e m e até q u e se
é útil levar e m consideração três passos: C r i a r c l i -
a m e m os inimigos (cf. M t 5,43-48). A falta d e perdão
m a favorável à oração d e c u r a física, o r a r ao S e n h o r
parece s e r u m a das causas mais constatáveis d o p o r -
p e d i n d o a c u r a e agradecer e t e s t e m u n h a r a c u r a
quê d e m u i t o s não r e c e b e r e m a c u r a . Constata-se
recebida.
que " o ódio e os maus r e l a c i o n a m e n t o s p r o v o c a m
t o d a s as espécies d e e n f e r m i d a d e s , e essa enfer-
2.8. M o t i v o s q u e i m p e d e m o u dificul-
m i d a d e h a b i t u a l m e n t e p e r m a n e c e , até q u e a causa
tam a cura
originária seja r e m o v i d a " ' ^ . Q u a n t o mais se p e r d o a
de coração, mais f a c i l m e n t e acelera-se o p r o c e s s o
Sabe-se q u e D e u s q u e r a c u r a d e seus f i l h o s ;
c u r a t i v o . Jesus d e u o e x e m p l o , e s t a n d o p r e g a d o na
se ela a c o n t e c e n u m m o m e n t o o u n o u t r o , o u m e s -
c r u z , p e d i n d o ao Pai q u e perdoasse os seus algozes
m o se não a c o n t e c e , cabe s o m e n t e a D e u s c o n h e c e r
(cf.Lc 2 3 , 4 3 ) .
os últimos m o t i v o s o u razões. C o n t u d o , observa-se
q u e algumas razões o u m o t i v o s p o d e m i m p e d i r o u A p ó s ensinar o "Pai n o s s o " , Jesus a c r e s c e n t o u :
d i f i c u l t a r a c u r a . Francis M a c n u t t " chega a n u m e r a r " P o r q u e , se p e r d o a r d e s aos h o m e n s as suas ofensas,

1 I dessas causas, a d m i t i n d o ainda q u e o u t r a s d e v a m vosso Pai celeste também v o s perdoará. Mas, se não

e x i s t i r A l g u m a s p a r e c e m f u n d a m e n t a i s e mais c o - p e r d o a r d e s aos h o m e n s , t a m p o u c o vosso Pai v o s

muns: p e r d o a r á " ( M t 6, 14-15).

a. A fa/ío do fé N u m a pregação. D o m M u r i l o K r i g e r , e n s i n o u :

M u i t o s p r o c u r a m a c u r a c o m o tal, sem u m i n t e -
" É Jesus que cura, p. 245ss.
resse m a i o r e m m e l h o r a r sua v i d a e s p i r i t u a l , e m par-
" RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓUCA, Carismas no grupo de ora-
t i c i p a r d o s s a c r a m e n t o s , da vida comunitária eclesial. ção, p. 36.

47
A p o s t i l a 2 do M ó d u l o B á s i c o - Carismas ^

" P e r d ã o não é s e n t i m e n t o , é decisão. Posso c o n t i n u - 3. CONCLUSÃO ^«


ar l e m b r a n d o o f a t o - t e n h o b o a memória - não sig- h

nifica q u e não p e r d o e i . Seguindo o e x e m p l o de Jesus,


na c r u z , eu d e c i d o p e r d o a r Eu p e r d o o e m n o m e de Os dons de C u r a s e de Milagres estiveram

Jesus, m e s m o se meus s e n t i m e n t o s são contrários e s e m p r e p r e s e n t e na Igreja, m a n i f e s t a n d o a santidade

r e z o p o r q u e m m e f e r i u . Q u a n d o eu r e z o , de c o r a - de D e u s e sua ação n o m u n d o , p r o v a n d o seu a m o r

ção, p o r q u e m m e f e r i u e peço q u e seja abençoado, Deus continuará a g i n d o de f o r m a extraordinária,

eu p e r d o e i , m i n h a d o r vai d e s a p a r e c e n d o " . c o m o agiu n o A n t i g o T e s t a m e n t o , n o N o v o Testa-


m e n t o c o m Jesus e sua Igreja. Ele q u e r o p e r a r h o j e ,
A falta de perdão poderá i m p e d i r a c u r a ; o p e r -
p o r m e i o de cada batizado. Sua v o n t a d e não m u d o u .
dão o f e r e c i d o de coração s i n c e r o acelerará a c u r a .
E q u a n d o se reúnem pessoas para l o u v a r a D e u s e
P e r d o a r p o d e não ser fácil, h u m a n a m e n t e falando. É
p r o c l a m a r sua glória, não é de e s t r a n h a r q u e m i l a -
p r e c i s o fé, decisão da v o n t a d e e confiança e m D e u s !
gres aconteçam r e a l m e n t e .
" O r a i pelos que vos m a l t r a t a m e p e r s e g u e m " ( M t
5 , 4 4 ) . Q u a n d o se reza p o r alguém se deseja t o d o o Em alguns casos é necessário q u e se reze vá-

b e m . E o perdão virá! rias vezes, até q u e a c u r a t o t a l seja c o n s t a t a d a . Pode


a c o n t e c e r que o e m p e c i l h o para a c u r a esteja n o
c. O pecado " o i u ^ ^ «b •
m i n i s t r o e não n o " p a c i e n t e " ; p o r isso, antes de rezar
O p e c a d o é u m a doença e s p i r i t u a l e b l o q u e i a a p o r alguém, cada u m deve v e r i f i c a r suas condições
comunhão de vida c o m o S e n h o r Muitas e n f e r m i d a - espirituais, e assim, c o m m u i t o a m o r , rezar c o m fé n o
des provêm da falta de observância da lei de D e u s , a m o r m i s e r i c o r d i o s o de Jesus. ^
que é f u n d a m e n t a l m e n t e a m o r a D e u s e aos irmãos.
Jesus, ao c u r a r o paralítico, p e r d o o u p r i m e i r o o seu
p e c a d o e a seguir o c u r o u de sua paralisia (cf. Lc 5,
17-26). Para Jesus, nesse caso, a paralisia estaria de
alguma f o r m a relacionada c o m o pecado. Em M a r c o s
I 1, 25, Jesus r e c o m e n d a o perdão antes da oração
4. PROPOSTA DE DINÂMICA
para q u e esta seja o u v i d a . Ele também r e c o m e n d a
a reconciliação antes da o f e r t a sacrificai (cf. M t 5, • C o n d u z i r u m p r o f u n d o m o m e n t o de oração
23-24). c o m a assembleia p e d i n d o ao S e n h o r q u e se rea-

Jesus v e i o l i b e r t a r e salvar o h o m e m d o peca- lizem curas, milagres e prodígios. Se possível, t e r a

do. O perdão p o d e ser o b t i d o p e l o s a c r a m e n t o da presença d o Santíssimo o u fazer esse m o m e n t o na

reconciliação. Jesus se t o r n o u " a expiação de nossos Capela, desde que seja apenas para as pessoas p a r t i -

p e c a d o s " (cf. IJo 3, 5 ) . "Ele é fiel e j u s t o para nos cipantes d o e n c o n t r o .

p e r d o a r os pecados e para nos p u r i f i c a r de t o d a i n i - • C u r a s e milagres g e r a l m e n t e vêm acompa-


q u i d a d e " (IJo 1,9). nhados de Palavras de Ciência, Profecia e Palavras de

U m f a t o real: " C e r t a ocasião, u m a pessoa es- Sabedoria, p o d e n d o t e r confirmações bíblicas.

tava desesperada: não d o r m i a , não se alimentava d i - • É também u m b o m m o m e n t o para os i n i -


r e i t o , v i v e n d o sob calmantes. A o c o n v e r s a r c o m o ciantes e x e r c i t a r e m os dons de revelação q u e r e c e -
s a c e r d o t e constatou-se a violação de u m a lei m o r a l . beram.
A pessoa foi c o n f o r t a d a e r e c e b e u o s a c r a m e n t o da
• C o n v i d a r as pessoas a se a p r o x i m a r e m d o
reconciliação. E ela se refez física, e m o c i o n a l e e s p i r i -
S e n h o r e n t r e g a n d o seus males e p e d i n d o a c u r a e a
t u a l m e n t e . O perdão de D e u s t r a z calma, serenidade,
libertação.
equilíbrio, saúde e c u r a ! O p e c a d o é algo q u e destrói
o equilíbrio da p e r s o n a l i d a d e h u m a n a " . • P r o p o r u m plenário c o m t e s t e m u n h o s de
curas e milagres ao final deste m o m e n t o , c o m o de
A o rezar p o r alguém e m favor de sua cura, é
todo o encontro.
s e m p r e aconselhável p e d i r a Jesus q u e p e r d o e seus
• C o n c l u i r c o m grande l o u v o r e ação de graças.
pecados. E, s e n d o possível, levá-lo à confissão sacra-
m e n t a l , l e m b r a n d o que é u m S a c r a m e n t o de cura.

48
.^ R e n o v a ç ã o C a r i s m á t i c a do Brasil - RCCBRASIL

BIBLIOGRAFIA
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5. C N B B , D o c u m e n t o 6 2 , n. 8 7 17. N O G U E I R A , M a r i a Emmir, Grupo de Oração,


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11. DEGRANDIS, Robert, Vem e segue-mês. Ed. Loyola, I 9 7 5 , p p . 19.
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22. V A L S H , V i c e n t M., Conduzi o meu povo, p.20.
12. Flores, J. H. Prado, As Reuniões de oração, p.
12-13.
Renovação
Carismática
Católica

ISBN 978-85-62740-65-7

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