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UNIVERSIDADE CEUMA

ARQUITETURA E URBANISMO
PROJETO V

PARTIDO, CONCEPÇÃO ESPACIAL,


ANALOGIA
O projeto de arquitetura não é uma tarefa linear, matemática.

“É um processo em que todos os aspectos importantes são


submetidos a um rigoroso juízo crítico (LEUPEN, 2004).”

Inicia-se com um programa e com a interpretação das exigências.

Hotel Unique- São Paulo, SP (2003)- Ruy Ohtake

Museu Guggenheim Bilbao- Bilbao, Espanha (1997)- Frank Gehry


Na continuação, o arquiteto define um conceito. O conceito
expressa a ideia subjacente no desenho e orienta as decisões de
projeto em uma determinada direção, organizando e excluindo as
variantes (LEUPEN, 2004).

Fundamenta a concepção do projeto arquitetônico;

Estudos de caso

Beko Building, Belgrado, Sérvia – Zaha Hadid

Congresso Nacional, Brasília-DF (1960)- Oscar Niemeyer


•Análise do programa de necessidades;
• Pré-dimensionamento;
•Elementos que precedem o projeto;
Piet Mondrian
Pintor holandês modernista

Composição com vermelho, amarelo e azul - 1921

Cadeira vermelho e azul- Gerrit Rietveld, 1917


1. Analogia a outras formas, figuras, personagens e cultura
existentes:
Design

Perfume J’adore Cadeira saci

Arquitetura

Museu de Arte Contemporânea- Niterói Coin Building- Abu Dahbi, EA (2010)


2. Analogia à natureza
Design

Velcro Carrapicho Pé de pato Patas patos

Vaso Lago Aalto


(Designer Jan Čtvrtník - concurso ambiental -Droog)
Pia Caracol

Mesa Seca

Luminária DNA
Arquitetura

Museu do olho Olho humano Estádio nacional Ninho de pássaro

Olympiahalle Olympiazentrum

Casa da Folha
Arquitetura
FORMA ANALÓGICA – analogia com formas exteriores a arquitetura

Milwaukee Art Museum – EUA. Santiago Calatrava


Arquitetura
FORMA ANALÓGICA COM GEOMETRIA – Formas simples da geometria

Catedral de Brasília. Oscar Niemeyer


“Niemeyer procurou uma forma compacta e
Arquitetura límpida, composta por 16 montantes de
concreto que, ao invés de se unirem em teto,
arco ou ogiva, convergindo para uma abóbada
protetora e invertida, se opõem, ao contrário,
num gesto violento de tensão, como o de duas
mãos estendidas com os dedos abertos num
espasmo de súplica. Outros a comparam com
a coroa de espinhos de Cristo na Paixão.
Representa algo inteiramente oposto à
serenidade ascética do Gótico ou ao
contentamento erótico do Barroco”.
Apresenta-se como um volume único, capaz
de surgir com a mesma pureza, seja qual for o
ângulo de visão, pela planta circular e a
estrutura que se lança ao céu em uma série de
elementos hiperbólicos. O partido
arquitetônico valoriza a forma escultórica, um
marco visual reforçado pela escala
monumental do sítio onde está implantada e
pela homogeneidade do conjunto de edifícios
da Esplanada dos Ministérios.
Catedral de Brasília. Oscar Niemeyer
Partido arquitetônico = contexto objetivo do programa
(interpretação dos condicionantes) + intenção plástica do
projetista (SILVA,1991).

De acordo com a terminologia de uso corrente no âmbito


profissional:
“partido, em arquitetura, é o nome que se dá à consequência formal
de uma série de determinantes, tais como, o programa do edifício, a
conformação topográfica do terreno, a orientação, o sistema
estrutural adotado, as condições locais, a verba disponível, as
condições das posturas que regulamentam as construções, e
principalmente, a intenção plástica do arquiteto”. (SILVA, Elvan)
“Preparar uma comida não é uma mera questão de unir
ingredientes, mas perceber como se elaboram, mesclam e
cozinham”. (LEUPEN, 2004)

CONTEXTO INTERPRETAÇÃO
INTENÇÃO
OBJETIVO DO DOS
PLÁSTICA DO
PROGRAMA DE CONDICIONANTES
ARQUITETO
NECESSIDADES
LEGAIS

FÍSICOS

LOCAIS
Expressões do partido arquitetônico

Estudo de manchas e esquema topográfico – formas de representar o partido arquitetônico


O PARTIDO ARQUITETÔNICO PODE SURGIR:

1-DA ANÁLISE DO TERRENO:


Localização / Fotos do local / Entorno / Visitas / Ligações / Acessos.
2-DO PROGRAMA DE NECESSIDADES:
Setorização/ Arranjo vertical / horizontal
3-DOS ASPECTOS DA IMPLANTAÇÃO:
Orientação / Insolação / Luz natural / Privilegiar o meio ambiente existente.
4-DOS ASPECTOS CONSTRUTIVOS:
Materiais / Partido estrutural

5-DO VOLUME PRETENDIDO:


Forma / Fachadas / Movimento / Transparência / Cor / Linhas curvas ou retas

6-DOS FLUXOS:
Distribuição espacial das funções / Circulação principal / Integração espacial
7-DA IDENTIDADE:
Imagem do lugar
O PARTIDO ARQUITETÔNICO PODE SURGIR:

8-DOS ASPECTOS CONCEITUAIS:


Tema / História...

9-DOS CRITÉRIOS DE VIABILIDADE DO PROJETO:


Econômica / Técnico-construtiva/ Respeito ao Meio Ambiente

10-DA POSIÇÃO ARQUITETÔNICA:


determinado Arquiteto e/ou Tendência Contemporânea
11-DE TEORIAS / IDEIAS:
Fruto de leituras, análises de projeto e reflexão sobre o tema.
12-DA NECESSIDADE DE FLEXIBILIDADE DO PROJETO:
para crescimento futuro e/ou adaptações possíveis
13-DA LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA:
Código de obras, Leis de uso do solo, Ambiental,etc..
PARTIDO: Formas puras, diferentes planos, integração total com a natureza

Casa da Cascata. Arquiteto Frank Loyd Wright. 1939. Integração com a natureza, extensão da natureza.
PARTIDO: Aproveitamento da sinuosidade do terreno. Linhas curvas

Condomínio Pedregulho. Afonso Reidy


PARTIDO: Entorno, integração com a paisagem, acessos.

MAC – Museu de Niteroi RJ. Arquiteto Oscar Niemeyer. Integração com a natureza, Entorno, Acessos. Paisagem
Relação do HOMEM com a natureza e com o meio ambiente

O hotel como espaço de reaproximação entre homem e meio ambiente

1º Lugar – Hotel Aliah – São Paulo


A paisagem como protagonista do projeto

O Projeto Aliah almeja não ser


apenas um hotel confortável e
inovador, mas sim um espaço
transcendental, onde os visitantes
são instigados a reavaliar esta
postura em prol de um modo de
vida melhor, mais saudável e
equilibrado. A arquitetura proposta
para o Projeto Aliah busca colocar
estes conceitos em foco,
resgatando valores essenciais e
atemporais que permeiam o
convívio entre o ser humano e o
meio ambiente, e promovendo,
assim, oportunidades para a
contemplação, o passeio e a
meditação.
1º Lugar – Hotel Aliah – São Paulo
Linguagem arquitetônica traduzindo a sustentabilidade

Optou-se por implantar o


conjunto arquitetônico próximo à
parte mais elevada do terreno,
em um eixo longitudinal ao longo
da cumeeira do terreno,
acomodando-se à topografia
natural e direcionando as visuais
rumo às belas vistas
panorâmicas do entorno. A leitura
sensível desse território reflete
na maneira com que o projeto
interage com o relevo,
estabelecendo uma relação
dialética na qual a arquitetura
atua como suporte físico para a
contemplação ambiental.

1º Lugar – Hotel Aliah – São Paulo


Linguagem arquitetônica traduzindo a sustentabilidade

1º Lugar – Hotel Aliah – São Paulo


CONCLUINDO...

CONCEITO PARTIDO

Situa-se num plano A concepção do projeto


abstrato, pode-se admitir não deve violar as ideias
várias soluções espaciais assumidas pelo arquiteto,
e formais viáveis, que e sim atender as
devem ser testadas condicionantes e
quanto às suas qualidades qualidades locais
formais, construtivas ou geradoras da síntese, que
funcionais para a definição resulta no PARTIDO
do melhor partido, porém ARQUITETÔNICO.
Composição

Conjunto de elementos que formam o todo. Colocação


ou distribuição dos elementos de uma forma perfeita e
equilibrada, sejam esses elementos, objetos ou vazios,
seguindo certos padrões e princípios.

Elementos básicos da composição:

Ponto, linha, contorno, forma,


textura, tom, cor e luz
Ponto
Unidade de comunicação visual mais simples e irredutível.
A forma mais orgânica e natural.
Serve sempre como referência ou indicador de espaço e
tem grande poder de atração visual.
Ambiente: cadeira, quadro, objeto
decorativo, ou qualquer outro
elemento pequeno em relação ao
espaço, mas que exerça forte
atração visual.
Fachada/ volumetria: equivalente a um elemento.
Linha
Pontos se aproximam tanto que não é mais possível
distingui-los. Nunca é estática, está sempre em movimento.
Grande propriedade em conduzir o olhar!
Separa a forma do fundo.
Podem disfarçar ou ressaltar Vejle, Dinamarca (2010) Henning Larsen Architects,

elementos arquitetônicos de um
espaço, dependendo da intenção.

Catedral. Brasília, DF. Oscar Niemeyer.


Contorno
A distinção entre o objeto e seu fundo. (É preciso contraste).
Palácio Tajmahal, Índia.
Forma
A forma pode ser definida como a figura ou
a imagem visível do conteúdo.
De um modo mais prático, ela nos informa sobre a natureza
da aparência externa de alguma coisa.
“ Tudo que se vê possui forma”
Para se perceber uma forma, é necessário que existam
variações, ou seja, diferenças no campo visual, contraste, diferença
entre a figura e o fundo.
Pouco contraste

Muito contraste
Textura, Tom, Luz, Cor ...
A forma pode se constituir num único ponto, linha, plano ou volume.

O Plano...
Imagem em duas dimensões, podendo ser ou não uma forma
geometria conhecida.

Cuidado ao cortar planos!!!


Percepção humana dominada pela visão.

Como o cérebro processa a imagem???

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA 1. Varredura da imagem
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA Reconhecimento de padrões e
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA formas.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA Processo rápido. Pré-atenção
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
(Primeira percepção global).
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA 2. Foco sobre os detalhes da
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA imagem, nos quais se quer
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA prestar atenção visual.

Chamar a atenção, depois prender a atenção!!!!!!


Gestalt - Psicologia da forma (teoria alemã-1910)

A forma é processada em nosso cérebro obedecendo a leis que


levam em consideração fatores de equilíbrio, clareza e harmonia
visual como uma necessidade interna de organização.

Teoria do Gestalt:
“A visão humana tem uma predisposição para reconhecer
determinados padrões”.

Nosso cérebro está programado para extrair certos padrões


visuais e arrumá-los em uma imagem com significado.

Programação do cérebro → estímulos visuais ao longo da vida,


processos fisiológicos
Regras do Gestalt
Regras operacionais do programa que existe em
nossa mente.

 Proximidade (leva ao conceito de grupo)


 Similaridade (cria coesão pois induz a padrões)
 Fechamento (busca por contornos reconhecíveis)

O>O>O>O
O>O>O>O
O>O>O>O
O>O>O>O
O>O>O>O

.......................
.......................
.......................
 Simetria
 Figura e fundo. (Separamos a parte
da imagem considerada mais importante:
objeto e fundo).
 Continuidade
“Se vários elementos apontam para o
mesmo canto, por exemplo, o resultado
final “fluirá” mais naturalmente e facilita a
compreensão”.
O conceito de boa continuidade está ligado
ao alinhamento, Dois elementos alinhados
passam a impressão de estarem
relacionados, em harmonia
A busca pela proporção harmônica (agradável
aos olhos)
Relação entre as partes.

Homem Vitruviano - Leonardo da Vinci (1490).


Figura masculina desnuda separadamente e
simultaneamente em duas posições sobrepostas
com os braços inscritos num círculo e num
quadrado. A cabeça é calculada como sendo um
oitavo da altura total. Às vezes, chamado de
Cânone das Proporções.

O Modulor – Le Corbusier.
Sistema de proporções que referencia medidas
modulares baseadas nas proporções de um
indivíduo imaginário (1,75 m e mais tarde 1,83 m
de altura).
Desenho de plantas e animais seguem regras matemáticas...

Serie Fibonacci

0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144.....

Razão áurea – 0,618 (Número de ouro-símbolo da harmonia)

Maneira matematicamente perfeita para dividir uma linha em


duas porções

Espiral logarítmica

A série fibonacci, a secção áurea e a espiral logarítmica são


encontradas em todos os lugares da natureza!!

Seres humanos têm sensibilidade especial para identificar


formas orgânicas e padrões de plantas e animais.
◼Conchas Nautilus Pompilius

Partenon Grego Pirâmides de Gizé


É a relação do edifício com o ambiente à sua volta
e com todas as variáveis do ambiente às quais ele
está submetido.

PARÂMETROS:
 Formal
Físico
 Climático Histórico
 Ambiental
Cultural
Social
PARÂMETRO FORMAL
 Tecido -> parte de um conjunto

Prédios- Asa Norte

 Objeto ->destaque no contexto

Catedral de Brasília
OBJETO
 Concentram atenção visual
 Salientam-se sobre um fundo
 Exceção em relação ao contexto (descontinuidade)

Sede da Ypioca- Fortaleza

TECIDO
 Paisagem formada por edificações homogêneas

 Normalmente de mesma tipologia


Centro histórico - São Luís
CAOS NA PAISAGEM URBANA
 Consideração apenas do programa de necessidades
 “Irrelevância” dos impactos físicos e sociais na
estrutura da cidade
 “Vício” de arquitetos e clientes

Av. Marechal Castelo Branco- São Luís


INSERÇÃO DAS EDIFICAÇÕES NO ESPAÇO

Qual a relação entre o edifício e seu contexto?

Qual o papel do edifício? Objeto no espaço ou parte


do tecido urbano?

POR QUE UMA EDIFICAÇÃO


COMO OBJETO ?

• Uso
• Significado
• Impacto visual sobre
a paisagem
Congresso Nacional- Brasília
COMO INSERIR A EDIFICAÇÃO
COMO OBJETO?

 Diferenciação no contexto urbano;

 Criação de impacto visual;

 Estabelecimento de compatibilidade
formal com demais edificações (
através de regularidades e
contrastes) e com os elementos
naturais.
 Dica: panos verdes, distancia de
demais objetos...
PARÂMETRO CLIMÁTICO

Influência das variáveis climáticas do entorno sobre a


edificação
Radiação solar
Temperatura do ar Umidade

Ruídos

Ventos

Elementos sombreadores significativos do entorno


 Respeito ao clima e micro climas ao entorno

 Influência da forma sobre o movimento de ar


 Ilhas de calor
PARÂMETRO AMBIENTAL
Implantação sustentável da edificação no terreno!!

 Impactos na comunidade local: restringir a necessidade de


novos serviços, de novas infraestruturas, de novas redes etc.

 Preservação/melhoria dos ecossistemas e da biodiversidade

 Gestão das águas pluviais

Impactos do edifício sobre a vizinhança

 Assegurar à vizinhança o direito ao sol


 Assegurar à vizinhança o direito à luminosidade
 Assegurar à vizinhança o direito às vistas
 Assegurar à vizinhança o direito à saúde
 Assegurar à vizinhança o direito à tranquilidade
ROTEIRO TRABALHO
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