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MÓDULO XIII Lei de Destruição e Lei de Conservação

Quadragésima Nona Aula: Flagelos destruidores

Objetivos específicos: Indicar os tipos de flagelos destruidores; descrevendo-os. Analisar as


consequências morais dos flagelos destruidores.

Conteúdo básico:

■ Há dois tipos de flagelos destruidores: os naturais e os provocados pelos homens. Na primeira


linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados a
peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra [...]. Allan Kardec: O
livro dos espíritos, questão 741– comentário.

■ Os flagelos destruidores provocados pelo homem revelam a predominância [...] da natureza


animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os
povos conhecem um só direito – o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é
um estado normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque
ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a sente necessária. Allan Kardec: O
livro dos espíritos, questão 742.

■ Deus permite que flagelos destruidores atinjam a Humanidade para [...] fazê-la progredir mais
depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos
Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? [...].
Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o
advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido
muitos séculos. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 737.

■ Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra? A liberdade e o progresso. Allan


Kardec. O livro dos espíritos, questão 744.

■ Existirá um dia em que as guerras serão banidas da face do Planeta, [...] quando os homens
compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos.
Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 743.

Subsídios:

Os flagelos fazem parte do processo provacional e expiatório do nosso Planeta, alcançando,


indistintamente, grandes e pequenos, ricos e pobres. Jesus, conhecedor profundo das
necessidades de aprendizado humano, já nos advertia no Sermão da Montanha (Mateus, 24:6-
8): Haveis de ouvir sobre guerras e rumores de guerra. Cuidado para não vos alarmardes. É
preciso que aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação e reino
contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das
dores. Os Espíritos Orientadores nos esclarecem que Deus permite ser a Humanidade atingida
por flagelos, para [...] fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma
necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um
degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados
possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os
qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são
frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de
coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos. Na verdade, o
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homem poderia evitar o sofrimento dos flagelos se fosse mais cuidadoso nas suas escolhas.
Deus, em sua infinita bondade, oferece-nos inúmeros outros instrumentos de progresso, mas,
como seres imperfeitos que ainda somos, optamos por seguir os caminhos mais ásperos e
tortuosos da vida. Deus nos dá [...] os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal.
O homem, porém, não se aproveita desses meios. Necessário, portanto, se torna que seja
castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza. Dessa forma, os [...] flagelos
são provas que dão ao homem a ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua
paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus
sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.
Há dois tipos de flagelos destruidores: os naturais e os provocados pelos homens. Na primeira
linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados a
peste [e outras doenças semelhantes], a fome, as inundações, as intempéries fatais às
produções da terra. Os flagelos destruidores provocados pelos homens revelam predominância
[...] da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado
de barbaria, os povos conhecem um só direito — o do mais forte. Por isso é que, para tais povos,
o de guerra é um estado normal. No que diz respeito aos flagelos naturais, tais como [...] as
inundações, as intempéries fatais à produção agrícola, os terremotos, os vendavais etc., que
soem causar tantas vítimas, instruem-nos, ainda, os mentores espirituais, são acidentes
passageiros no destino da Terra (mundo expiatório), que haverão de cessar no futuro, quando
a Humanidade que a habite haja aprendido a viver segundo os mandamentos de Deus, pautados
no Amor, dispensando, então, os corretivos da Dor. Dessa forma, em face [...] do impositivo da
evolução, o homem enfrenta os flagelos que fazem parte da vida. Os naturais surpreendem-no,
sem que os possa evitar, não obstante a inteligência lhe haja facultado meios de os prevenir e
até mesmo de remediar-lhes algumas consequências. Irrompem, de quando em quando,
desafiando a capacidade intelectual, ao mesmo tempo estimulando-lhe os valores que deve
aplicar para os conjurar e impedir. Enquanto isso não ocorre, constituem-lhe corretivos morais,
mecanismos de reparação dos males perpetrados, recursos da Vida para impulsioná-lo ao
progresso sem retentivas com a retaguarda. Inúmeros desses flagelos destruidores já podem ser
previstos e alguns têm diminuídos os seus efeitos perniciosos, em razão das conquistas que a
Humanidade vem alcançando. Outros, que constituíam impedimentos aos avanços e à saúde,
têm sido minorados e até vencidos, quais a fertilização de regiões desérticas, o saneamento de
áreas contaminadas, a correção de acidentes geográficos, a prevenção contra as epidemias que
dizimariam multidões, assolando países e continentes inteiros, e, graças ao Espiritismo, a terapia
preventiva em relação aos processos obsessivos que dominavam grupos e coletividades [...]. O
homem recebeu em partilha uma inteligência com cujo auxílio lhe é possível conjurar, ou, pelo
menos, atenuar os efeitos de todos os flagelos naturais. Quanto mais saber ele adquire e mais
se adianta em civilização, tanto menos desastrosos se tornam os flagelos. Com uma organização
sábia e previdente, chegará mesmo a lhes neutralizar as consequências, quando não possam ser
inteiramente evitados. Assim, com referência, até, aos flagelos que têm certa utilidade para a
ordem geral da Natureza e para o futuro, mas que, no presente, causam danos, facultou Deus
ao homem os meios de lhes paralisar os efeitos. Assim é que ele saneia as regiões insalubres,
imuniza contra os miasmas pestíferos, fertiliza terras áridas e se industria em preservá-las das
inundações; constrói habitações mais salubres, mais sólidas para resistirem aos ventos tão
necessários à purificação da atmosfera e se coloca ao abrigo das intempéries. É assim,
finalmente, que, pouco a pouco, a necessidade lhe fez criar as ciências, por meio das quais
melhora as condições de habitabilidade do globo e aumenta o seu próprio bem-estar. Tendo o
homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da
sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de
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evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor;
o espírito se entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão
que o impele para a frente, na senda do progresso. Os flagelos destruidores provocados pelo
homem representam, ao contrário dos naturais, uma grave infração à lei de Deus. Sabemos que,
de todos os sofrimentos existentes na Terra, [...] os males mais numerosos são os que o homem
cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua
cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas
acarretam, das dissenções, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal,
das enfermidades. Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem.
Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe
traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lhe a lembra
constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados
que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela
multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se
conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais
agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não procede, é por virtude do seu livre-arbítrio:
sofre então as consequências do seu proceder. Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o remédio
ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o
excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida.
Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por
efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque
reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se
moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições
materiais da sua existência. Esta é a explicação para a ocorrência de tragédias que, como se
surgissem do nada, se abatem sobre indivíduos e coletividades. Na verdade, esses sofrimentos
dolorosos, que assumem a feição de flagelos destruidores, fazem parte da programação
reencarnatória, representando, em última análise, medidas de reajuste espiritual perante a Lei
de Deus. São aflições que remontam às ações ocorridas no passado, em outras reencarnações.
Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são
efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há
de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual,
há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado,
não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos,
é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. É uma
alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de
Deus. De todos os flagelos destruidores, provocados pela incúria e imprevidência humanas, a
guerra traduz-se, possivelmente, como sendo o mais doloroso. Contudo, à medida que [...] o
homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a
com humanidade, quando a sente necessária. Infelizmente, o ser humano ainda não está
preparado para viver a paz, de forma que a guerra representa, ao lado das graves tragédias, um
doloroso processo de conquista da liberdade e do progresso. Neste sentido, a principal causa
[...] da guerra está no atraso dos indivíduos e das sociedades humanas, donde derivam as
paixões desordenadas, que tomam o caráter de violência e, com sua impetuosidade, produzem
os conflitos que ensanguentam as páginas da história da Humanidade. No futuro, quando a Terra
passar, definitivamente, para a categoria de mundo de regeneração, estando o Planeta livre de
expiações, as guerras serão banidas. Mas isto somente ocorrerá quando, efetivamente, [...] os
homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão
irmãos. Assim, [...] a guerra-monstro de mil faces que começa no egoísmo de cada um, que se
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corporifica na discórdia do lar, e se prolonga na intolerância da fé, na vaidade da inteligência e


no orgulho das raças, alimentando-se de sangue e lágrimas, violência e desespero, ódio e rapina,
tão cruel entre as nações supercivilizadas do século XX [e do atual], quanto já o era na corte
obscurantista de Ramsés II – somente desaparecerá quando o Evangelho de Jesus iluminar o
coração humano, fazendo com que os habitantes da Terra se amem como irmãos.

Anexo

Guerra e Paz

Soldado após a rígida campanha,

Guardando as palmas de ilusória lida,

Marchei de peito arfante e face erguida,

Crendo-me herói de olímpica façanha.

Mas, varando os umbrais da morte estranha,

Revivi, descontente, a própria vida,

E, muito embora os louros da acolhida,

Senti-me verme alçado na montanha.

Alma tocada de arrependimento,

Desperdiçara, em vão, força e cultura,

Qual chama entregue ao temporal violento.

Assim, entre a ventura e a desventura,

Sou rei na guerra de cruel tormento,

E mendigo de paz na sorte escura.

José de Abreu Alban

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