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APRESENTAÇÃO
Há muito tempo vem sendo solicitado pelas equipes de liturgia e pelas comunid ades
um Guia Litúrgico Pastoral para ajudar na organização e na animação das celebrações, tendo
em vista a participação ativa e consciente do povo na liturgia, a valorização da vida, das cul
turas e da rica tradição litúrgica da Igreja.
O presente Guia Litúrgico Pastoral, inspirado na tradição litúrgica da Igreja e nas ori
entações do Magistério, apoia-se nas práticas celebrativas da Igreja e na caminhada das co
munidades. Não pretende cercear nem inibir o trabalho criativo das equipes de liturgia, mas,
imbuído do espírito celebrativo, oferece princípios e critérios para animar e renovar as cele
brações litúrgicas como memória da Páscoa de Jesus Cristo em realização na humanidade e
na vida dos cristãos.
É um serviço para enriquecer a pastoral litúrgica nas dioceses e paróquias e desen
volver a espiritualidade litúrgica como caminho de libertação, comunhão com Deus e solidari
edade com todas as criaturas, sobretudo os seres humanos, com especial atenção aos mais
pobres e oprimidos do mundo.
Os destinatários do Guia Litúrgico Pastoral são as comunidades e suas equipes de li
turgia. Elaborado numa linguagem simples e popular não substitui a Instrução Geral do Mis
sal Romano, as Introduções Gerais dos Rituais dos Sacramentos e dos outros livros litúrgi
cos. Nelas se apóia e a elas se refere como literatura indispensável para conhecer, viver e
celebrar bem a liturgia.
V. A CELEBRAÇÃO DE BÊNÇÃOS
VI. EXÉQUIAS
1. Os ministérios ordenados
2. Os ministérios instituídos
3. Os ministérios confiados
3.1. Ministros extraordinários da sagrada Comunhão
3.2. Ministros extraordinários do Batismo
3.3. Testemunhas qualificadas do Matrimônio
3.4. Ministros da Celebração da Palavra
4. Outras funções ministeriais
1. Átrio
2. O lugar da assembléia
3. O lugar da presidência
4. O lugar da Palavra
5. O lugar do sacrifício e da ceia
6. O lugar do batismo
7. O lugar da reconciliação
8. O lugar da reserva eucarística
9. O lugar das imagens
10. Decoração
11. As vestes litúrgicas
12. Os vasos sagrados
13.Sacristia
14.Igrejas históricas
6
X. PASTORAL LITÚRGICA
1. Pastoral Litúrgica
2. Equipes de pastoral litúrgica e equipes de celebração
a. Equipe de pastoral litúrgica
b. Equipe de celebração
3. Formação litúrgica
4. Plano da organização litúrgica
5. Passos para a preparação da celebração
a. Preparação remota
b. Preparação próxima
XI. BIBLIOGRAFIA
7
SIGLAS E ABREVIAÇÕES
AT Antigo Testamento
BC Ritual do Batismo de Crianças
CB Cerimonial dos Bispos/Cerimonial da Igreja
CD Vaticano II. Decreto “Christus Dominus” sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja
CDC Código de Direito Canônico
CELAM Conselho Episcopal Latino-americano
CELMU Curso Ecumênico de Liturgia e Música
Cf. Confira / Cenferir
CIC Catecismo da Igreja Católica
CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CP Communio et Progressio, Instrução Past. da Com. Pont. para as comunicações sociais
ELM Elenco das Leituras da Missa
EM Eucharisticum Mysterium, Sagrada Congregação dos Ritos e Consilium, 1967.
GS Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” sobre a Igreja no mundo de hoje
IGLH Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas
IGMR Instrução Geral sobre o Missal Romano
LG Vaticano II. Constituição Dogmática “Lumen Gentium” sobre a Igreja
MND Mane Nobiscum Domine (Carta Apostólica de João Paulo II para o Ano da Eucaristia
MS Musicam Sacrae, Sagrada Congregação dos Ritos e Consilium, 1967
NALC Normas sobre o Ano Litúrgico e o Calendário
NT Novo Testamento
ODC Ofício Divino das Comunidades
OLM Ordo Lectionum Missae (Elenco das leituras da missa)
REB Revista Eclesiástica Brasileira
RM Ritual do Matrimônio
RP Ritual da Penitência
SC Constituição “Sacrosanctum Concilium” sobre a Sagrada
SD Santo Domingo – IV Conferência do Episcopado Latino-Americano, 1992
UE Rito da Unção dos Enfermos e sua Assistência Pastoral
VV.AA. Vários Autores
8
I - O ANO LITÚRGICO
O Ano Litúrgico não apenas recorda as ações de Jesus Cristo, nem somente r enova a
lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força sacramental e especial eficácia
para alimentar a vida cristã 1. Por isso, o Ano Litúrgico é sacramento e, assim, torna-se um ca
minho pedagógico-espiritual nos ritmos do tempo.
1
Cf. Paulo VI, Carta Apostólica Mysterii paschalis celebrationem, dada em forma de Motu proprio aprovando as Normas
universais sobre o ano litúrgico e o novo Calendário Romano, 1969.
9
vigílias, principalmente na de sábado à noite, que inicia o domingo, dia da ressurreição,
celebramos em espera vigilante o mistério da volta do Senhor. Em algum outro momento do
dia ou da noite, rezamos o “Ofício das Leituras”. E, em qualquer hora do dia, celebramos a
Eucaristia, que abrange a totalidade do tempo.
Com hinos, salmos e cânticos bíblicos, com leituras próprias, com preces de louvor e de súplica,
celebramos o mistério pascal do Cristo. Como toda a liturgia, o Ofício acompanha o Ano Litúrgico, expressa
nosso caminhar pascal, do nascimento à morte e ressurreição, do advento à segunda vinda gloriosa de
Cristo.
Como oração do povo de Deus, verdadeira ação litúrgica, o Ofício Divino é excelente escola e
referência fundamental para nossa oração individual. Os ministros ordenados e religiosos assumem
publicamente o compromisso de celebrarem a Liturgia das Horas nas principais horas do dia. Os fiéis leigos
também são convidados a celebrá-la, individual ou comunitariamente. Podem fazê-lo seguindo o roteiro
simples e adaptado proposto pelo Ofício Divino das Comunidades, que conserva a teologia e a estrutura da
Liturgia das Horas.
Incentivem-se também outras formas de oração comunitária da Igreja, por exem
plo, Ofícios Breves adaptados, Celebrações da Palavra de Deus, Horas Santas, Ladainhas,
Ângelus, Via-Sacra e Rosário comunitário.
2
A festa da Imaculada Conceição, dia 08/12, quando cai num domingo do Advento, permanece no domingo, concessão fei
ta pela S. Sé à Igreja no Brasil.
11
a)Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor - da Missa vespertina
na Ceia do Senhor até as vésperas do domingo da Ressurreição. É o ápice do ano
litúrgico porque celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor, “quando Cristo reali
zou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu misté
rio pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a
vida” (NALC 18).
b)Tempo Pascal - os 50 dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo
de Pentecostes. É o tempo da alegria e da exultação, um só dia de festa, “um gran
de domingo” (cf. NALC 22). São dias de Páscoa e não após a Páscoa. “Os oito pri
meiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como so
lenidades do Senhor” (NALC 24). A festa da Ascensão é celebrada no Brasil no 7 o
domingo da Páscoa. A semana seguinte, até Pentecostes, caracteriza-se pela pre
paração à celebração da vinda do Espírito Santo. Em sintonia com as outras Igrejas
cristãs, no Brasil, realizamos nesta semana a “Semana de Oração pela Unidade
dos Cristãos”. Recomendam-se para esta ocasião orações durante a missa, sobre
tudo na oração dos fiéis, e oportunamente a celebração da missa votiva pela unida
de da Igreja (cf. Dir. Ecum., n. 22 e 24).
c)Tempo da Quaresma - da 4a feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Se
nhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da Páscoa. “Tanto na liturgia
quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quares
mal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitên
cia, fazendo os fiéis ouvirem com mais freqüência a palavra de Deus e entregarem-
se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC 109).
d)Tempo do Natal - das primeiras vésperas do Natal do Senhor ao domingo
depois da Epifania ou ao domingo depois do dia 06 de janeiro, inclusive. É a come
moração do nascimento do Senhor, em que celebramos a “troca de dons entre o
céu e a terra”, pedindo que possamos “participar da divindade daquele que uniu ao
Pai a nossa humanidade” 3. Na Epifania, celebramos a manifestação de Jesus Cris
to, Filho de Deus, “luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação” 4.
e)Tempo do Advento - das primeiras vésperas do domingo que cai no dia
30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, até as primeiras véspe
ras do Natal do Senhor. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo
um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a pri
3
Oração sobre as Oferendas, Missa da Noite de Natal.
4
Prefácio da Epifania do Senhor
12
meira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por
meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda
do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apre
senta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC 39).
f) Tempo Comum - começa no dia seguinte à celebração da festa do Batis
mo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma, inclusive. Reco
meça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das Pri
meiras Vésperas do 1o. domingo do Advento (cf. NALC 44). A tônica dos 33 (ou 34)
domingos é dada pela leitura contínua do Evangelho. Cada texto do Evangelho pro
clamado nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamamento dos dis
cípulos até os ensinamentos a respeito dos fins dos tempos. Neste tempo, temos
também as festas do Senhor e a comemoração das testemunhas do mistério pascal
(Maria, Apóstolos e Evangelistas, demais Santos e Santas).
g)As Rogações e as Quatro Têmporas - em cada estação do ano, a Igreja
dedica um ou vários dias de preces, jejuns e penitência para rogar ao Senhor por
diversas necessidades, principalmente pelos frutos da terra e pelo trabalho huma
no, e render-lhe graças publicamente (cf. NALC 45). Estas celebrações têm origem
nas festas de semeadura e nas festas de colheita. Apesar de sua origem agrária,
elas não deixam de ter sentido nos tempos atuais, por causa da crescente consci
ência ecológica do mundo moderno. Conforme decisão da CNBB, na sua XII As
sembléia Geral, em 1971, a regulamentação da celebração das Têmporas e Roga
ções fica a critério dos Conselhos Episcopais Regionais. Para tais celebrações, po
de-se escolher as mais adequadas entre as Missas para diversas circunstâncias.
2.1 - As Solenidades
“As solenidades são constituídas pelos dias mais importantes, cuja celebração
começa no dia precedente com as Primeiras Vésperas. Algumas solenidades são também en
riquecidas com uma Missa própria para a Vigília, que deve ser usada na véspera quando
13
houver Missa vespertina” (NALC 11). Estas celebrações têm orações, leituras e cantos própri
os ou retirados do Comum.
2.2 - As festas
“As festas celebram-se nos limites do dia natural; por isso, não têm Prime iras
Vésperas, a não ser que se trate de festas do Senhor que ocorrem nos domingos do Tempo
Comum e do Tempo do Natal, cujo Ofício substituem” (NALC 13). Na Missa, as orações, leitu
ras e cantos são próprios ou do Comum.
2.3 - As memórias
2.3.2 – Comemorações
14
As memórias obrigatórias, que ocorrem nos dias de semana da Quaresma e nos dias
17 a 24 de dezembro, podem ser celebradas como memórias facultativas. Neste caso, são
chamadas simplesmente de comemoração.
A celebração de todos os fiéis defuntos, por não ter caráter de solenidade, festa ou
memória propriamente ditas, é chamada pela Igreja de Comemoração. Trata-se de uma Co
memoração muito especial, celebrada mesmo quando ocorre em domingo.
“Dias de festa”, “dias de preceito”, “festas de preceito” ou, como se diz, “dias santos
de guarda”, são dias em que “os fiéis têm obrigação de participar da Missa e devem abster-se
das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do
Dia do Senhor e o devido descanso do corpo e da alma” (cân. 1247)
Para promover o bem pastoral dos fiéis, é lícito transferir para os domingos do Tempo
Comum as celebrações pelas quais o povo tem grande apreço e que ocorrem durante a se
mana, contanto que, na tabela de precedência, elas se anteponham ao próprio domingo. Es
tas celebrações podem ser realizadas em todas as Missas celebradas com o povo (NALC,
58).
Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de
idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade (quem completou 18 anos)
até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e pais cuidem para que se
jam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei
do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade (cf. cân. 1252).
“No Brasil, toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com
solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimen
to, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de
piedade.
“A comunidade deve celebrar a sua vida na liturgia(...). Mas deve celebrá-la à luz de
Jesus Cristo ressuscitado, vivo, presente e atuante na comunidade, e não à luz de um tema,
de uma idéia (...). Deve celebrar a sua vida, sim, com os problemas que lhe tocam mais de
5
Legislação complementar da CNBB quanto aos cânones 1251 e 1253 do Código de Direito Canônico.
16
perto; mas à luz da palavra viva, como o único tema... E quando não se penetra profunda
mente na palavra de Deus, na docilidade do Espírito, facilmente pode-se cair na moralização.
(...) Assim, o domingo celebra realmente a vida da comunidade, nos seus diversos coloridos,
mergulhada na única vida do Ressuscitado que lhe dá vida” (Liturgia, 20 anos de caminhada
pós-conciliar, Coleção Estudos da CNBB, no. 42, pág. 79-80).
A liturgia não pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os te
mas e problemas que afligem a comunidade. A liturgia “não esgota toda a ação da Igr eja” (SC
9). Ele é, sim, “o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte don
de emana a sua força” (SC 10).
A liturgia não é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela
“não pode ser aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe perten
cem. Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se poderá
concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem coloridos diferentes para a
celebração, segundo as ‘cores’ da vida da comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo
na diversidade das situações: a luz do mistério pascal nas ‘cores’ diferentes da vida trazida
com seu mistério para o encontro da celebração dominical”
(Liturgia, 20 anos de caminhada pós-conciliar, Coleção Estudos da CNBB, no. 42,
pág. 79-80).
Para dar aos meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equi
pe de Pastoral Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas folhetos e sub
sídios oferecidos. Na missa, os “temas” podem ser lembrados no início (recordação da vida),
na homilia e nas preces dos fiéis.
Se ocorrem no mesmo dia várias celebrações, celebra-se a que ocupa um lugar supe
rior na tabela dos dias litúrgicos. Se uma solenidade for impedida por um dia litúrgico que tem
precedência sobre ela, transfere-se para o dia mais próximo que estiver livre. Quando no
mesmo dia coincidem as Vésperas Ofício do dia com as Primeiras Vésperas do dia seguinte,
rezam-se as Vésperas da celebração que, na tabela dos dias litúrgicos têm precedência; em
caso de igualdade, celebram-se as Vésperas do dia.
Quarta-feira de Cinzas.
Férias da Quaresma;
III
18
10. Memórias obrigatórias do calendário universal;
11. Memórias obrigatórias próprias:
a) Memória do Padroeiro secundário do lugar, da diocese, da
região ou da província, da nação ou de um território mais vasto, da Ordem
ou Congregação e da província religiosa;
b) Outras memórias obrigatórias inscritas no calendário de
cada diocese, Ordem ou Congregação;
12. Memórias facultativas, que também se podem celebrar no dias re
feridos no n. 9, segundo o modo peculiar descrito nas Instruções Gerais do Missal
Romano e da Liturgia das Horas. Podem celebrar-se da mesma forma, como memó
rias facultativas, as memórias obrigatórias que, eventualmente, ocorram nas férias
da Quaresma;
13. Férias do Advento até o dia 16 de dezembro, inclusive;
Férias do Tempo de Natal, desde o dia 2 de janeiro até o sábado depois da
Epifania;
6
Diretório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero, n. 1.
19
acordo com dados da CNBB, 70% das comunidades brasileiras se reúnem ao redor da Pala
vra de Deus7.
As celebrações dominicais da Palavra de Deus são incentivadas pelo Concílio Vatica
no II: “Promova-se a celebração da Palavra de Deus nas vigílias das festas solenes, em al
guns dias feriais do advento e da quaresma e nos domingos e dias de festa, especialmente
onde não houver padre; neste caso será um diácono, ou outra pessoa delegada pelo bispo a
dirigir a celebração” (SC 35,4).
Na verdade, “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como o próprio Corpo do
Senhor, não deixando nunca, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar da mesa quer da Pala
vra de Deus quer do Corpo de Cristo e distribuir aos fiéis o Pão da Vida” (DV 21). “As cele
brações sagradas da Palavra de Deus são da máxima utilidade para a vida, quer dos indiví
duos quer das comunidades, no sentido de fomentar o espírito e a vida espiritual, despertar
neles um amor mais intenso à Palavra de Deus, realizar celebrações mais frutuosas, quer da
Eucaristia quer dos outros sacramentos” 8.
7
Cf. CNBB. Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), Introdução e n. 2.
8
Cerimonial do Bispos, n. 222.
9
CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 53.
20
Para a celebração da Palavra de Deus, não há um rito definido, porém há uma certa
lógica a ser observada que, em seu conjunto, reflete uma coerência teológico-litúrgica. É a ló
gica da revelação: o Senhor convida e reúne, o povo atende e se apresenta; o Senhor fala, a
assembléia responde professando sua fé, suplicando e rezando, louvando e bendizendo. A
comunidade com ritos, gestos e símbolos expressa e renova a Aliança de Deus com o seu
povo e deste com Deus. A assembléia é abençoada e enviada em missão para a construção
de comunidades vivas 10.
Desenvolve-se, desta forma, um verdadeiro diálogo de Deus com o seu povo reunido,
um colóquio contínuo do Esposo e da Esposa, ou seja, a oração.
É necessário integrar movimento e descanso, gesto e palavra, canto e silêncio, ex
pressão e interiorização, ação dos ministros e participação da assembléia. Tudo num ritmo
harmonioso, respeitando a maneira de ser da pessoa humana, levando em conta as exigênci
as da comunicação e da cultura do povo 11.
É preciso ainda valorizar os seguintes elementos:
1º - reunião em nome do Senhor (ritos iniciais);
2º - proclamação e atualização da Palavra (ritos da Palavra);
3º - louvor ou ação de graças;
4º - envio e missão (ritos finais) 12.
Geralmente, nas celebrações dominicais da Palavra de Deus, os ritos iniciais, os ritos
da Palavra e os ritos finais seguem o mesmo roteiro da celebração eucarística. Pode também
ser utilizado o roteiro da Liturgia das Horas 13 ou do Ofício Divino das Comunidades.
O rito de louvor ou ação de graças nunca deve faltar, pois o domingo é o dia primordi
al para o louvor e a ação de graças. Este rito pode ser realizado de maneiras diferentes.
Entre os subsídios para a celebração dominical da Palavra, pode-se destacar: as
Orientações para a celebração da Palavra de Deus, que apresenta oito roteiros que podem
ser utilizados nas comunidades 14; o Dia do Senhor, publicado em 6 volumes: tempo comum
(anos A, B, C separados), ciclo do natal (Advento e Natal), ciclo da páscoa (Quaresma e Pás
10
Cf. Idem, n. 52.
11
Cf. Ibidem, n. 53.
12
Cf. Ibidem, n. 54. Para estes ritos ver os números 57 a 94 do Documento 52.
13
Cf. Diretório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero, n. 33.
14
Cf. CNBB. Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), Anexos.
21
coa) e santoral. São eles subsídios que qualificam as celebrações dominicais da Palavra de
Deus.
A seguir, apresentamos dois roteiros básicos 15. O roteiro da primeira coluna segue o
esquema básico da liturgia da missa e o da segunda coluna, o esquema da Liturgia das Ho
ras/Ofício Divino das Comunidades.
Na Liturgia da Palavra, Deus fala ao seu povo, para manifestar-lhe o mistério da re
denção e da salvação. O próprio Cristo, por sua palavra, está presente no meio dos fiéis. Pe
los cantos, o povo se apropria da Palavra de Deus e a ela adere pela profissão de fé. Alimen
tado por essa Palavra, reza, na oração universal, pelas necessidades de toda a Igreja e pela
salvação do mundo inteiro 17.
15
Os roteiros básicos aqui apresentados para os diversos momentos rituais foram extraídos do livro Celebração do domingo
ao redor da Palavra de Deus , São Paulo, Paulinas, p. 133, de autoria de Ione Buyst, com algumas alterações.
16
Cf. Diretório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero, n. 41a. Veja também CNBB, Orientações para
a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 57-65.
17
Cf. Idem, n. 41b e CNBB, Idem, n. 66-82.
22
Liturgia da Palavra. Liturgia da Palavra.
* Primeira leitura * Primeira leitura
* Salmo responsorial * Salmo responsorial
* Segunda leitura * Segunda leitura
* Aclamação ao evangelho * Aclamação ao evangelho
* Evangelho * Evangelho
* Homilia - partilha da palavra * Homilia - partilha da palavra
* Profissão de fé * Profissão de fé
* Oração dos fiéis * Oração dos fiéis
O rito de louvor ou ação de graças, é “um dos elementos fundamentais da celebração co
munitária, com a qual se bendiz a Deus pela sua imensa glória. A comunidade conhece a ação salva
dora de Deus, realizada por Jesus Cristo e canta seus louvores. ‘Bendito seja o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos’. ‘Ele nos arrancou do poder
das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, no qual temos a redenção – a remis
são dos pecados(Ef 1, 3-10)”18. “A comunidade sempre tem muitos motivos para agradecer ao
Senhor, seja pela vida nova que brota da ressurreição de Jesus, como pelos sinais de vida
percebidos durante a semana na vida familiar, comunitária e social” 19.
Este momento pode ser realizado com salmos, hinos, cânticos bíblicos, orações litâni
cas, louvações populares 20. Não deve ter a forma da celebração eucarística. Não faz parte
desta celebração a apresentação das ofertas de pão e de vinho, a oração eucarística da mis
sa, o canto do cordeiro de Deus, pois este é um canto que acompanha o rito da fração do
pão. Não se deve substituir o louvor e a ação de graças pela adoração ao Santíssimo Sacra
mento21.
Em seguida apresentamos três opções para a realização do rito do louvor ou ação de
graças.
18
CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 83.
19
Idem, n 84.
20
Cf. Ibidem, n. 85.
21
Cf. Ibidem, n. 86.
23
O momento de louvor ou ação de graças pode ser feito de uma forma simples, ou
seja, somente com uma oração ou canto de ação de graças ou louvação, oração do Pai Nos
so, abraço de paz, concluindo com a oração final.
* Cântico evangélico
* Louvação
*Oração * Oração
O momento de louvor e ação de graças pode também ser realizado com a distribuição
do Pão já consagrado, como é costume em muitas comunidades. Neste caso, após as preces,
canta-se a louvação ou ação de graças. Em seguida, o pão consagrado é colocado sobre o
altar e passa-se aos ritos da comunhão: Pai Nosso, convite à comunhão, distribuição do pão con
sagrado, silêncio, oração final.
* Oração
* Oração
2.3.3. Rito de louvor ou ação de graças com partilha de alimentos 22
22
Este modelo se inspira num antigo costume, conservado até hoje, na liturgia bizantina. O pão é abençoado (não eucaristi
zado) e distribuído a todos, sem distinção, em sinal de fraternidade, como Jesus que alimentou a multidão no deserto (Cf.
L’Osservatore Romano (edição italiana), 09.01.1981, p. 5).
24
Muitas comunidades, conforme sua cultura e não tendo a possibilidade de ter a co
munhão eucarística, costumam fazer a celebração com a partilha de alimentos. Neste
caso, após as preces, os alimentos são colocados em lugar apropriado, em seguida se faz
a louvação com bênção ou ação de graças, se reza o Pai Nosso, se fazem a partilha dos
alimentos e a oração final.
* Oração * Oração
3. Ação ministerial
A celebração dominical da Palavra de Deus é ação ministerial. Ela supõe uma equipe
de liturgia que prepare, anime e integre os diversos serviços: presidência, acolhimento frater
no, animação, canto, proclamação das leituras e dos salmos, distribuição da comunhão euca
rística e outros. É presidida por um diácono ou um leigo ou uma leiga designado(a) para tal
serviço24.
23
Cf. CNBB, Orientações para a celebração da Palavra de Deus (Documento 52), n. 92.
24
Cf. Idem, n. 42-43.
25
gelho e homilia; convite às preces; proclamação da ação de graças ou da louvação; convite
ao Pai-nosso; convite à comunhão ou à partilha de alimentos; oração final e bênção.
O papel principal do presidente é manter viva a relação dialogal entre Deus e a comu
nidade celebrante, entre os ministérios e a comunidade, entre os vários ministérios.
1. A estrutura da missa
A natureza da eucaristia como Ceia do Senhor e o direito e dever de a asse mbléia
nela participar ativa, consciente e plenamente exigem, antes de mais nada, que na missa se
faça aquilo que Jesus fez na última ceia e que ele mandou fazer em sua memória - tomou o
pão, deu graças, partiu o pão e o deu a seus discípulos, depois tomou o cálice, deu graças e
o deu a seus discípulos - para assim celebrar sua entrega total ao Pai para a salvação do
mundo.
Deve-se, portanto, respeitar a estrutura fundamental da celebração eucarística, con
forme o exemplo e o mandato do Senhor. Ela nos é dada no rito da missa. Este, ao longo da
história foi enriquecido e, em certas épocas, deturpado. O Concílio Vaticano II restaurou sua
forma clássica. De fato, nós fazemos na missa o que Jesus fez na última ceia: Ele tomou o
pão, na preparação das oferendas o pão e o vinho são levados ao altar; Jesus deu graças,
nós rezamos a oração eucarística; Jesus partiu o pão, nós o fazemos também antes da comu
nhão e acompanhamos esta fração do pão com o canto do “Cordeiro de Deus”; ele deu o pão,
os ministros dão o corpo e o sangue de Cristo na comunhão.
A preparação das oferendas não deve dar a impressão de já ser o oferecimento do
sacrifício eucarístico ou de ser a parte mais importante da missa. A oração eucarística é o
ponto culminante da missa e, pela dignidade e solenidade de sua realização, assim precisa
aparecer. A fração do pão deve ser um gesto visível e significativo. Na comunhão, se dá o
corpo de Cristo , se possível, se dê também o sangue do Senhor. Não se saliente indevida
mente os elementos que não pertencem à estrutura fundamental da missa, como adoração
prolongada no centro da oração eucarística, depois das palavras de Jesus sobre o pão e o vi
nho; oração pela paz recitada por toda a assembléia; saudação da paz como confraterniza
ção geral de todos. Não se enfraqueça a força do Amém final da oração eucarística pela reci
tação em comum da doxologia, pois este Amém é a ratificação pela assembléia de toda a
ação de graças e súplica que o sacerdote dirige a Deus, em nome de todos, na oração euca
rística.
3. A liturgia eucarística
O memorial do mistério pascal de Cristo, segundo a ordem do Senhor, se realiza “fa
zendo o que ele fez naquela ceia derradeira”: “Tomou o pão” (preparação dos dons), “pronun
ciou a bênção de ação de graças” (oração eucarística ou anáfora), “partiu o pão” (fração do
pão) “e o deu a seus discípulos” (comunhão).
A comunhão manifesta a unidade de todos, sendo sua fonte o corpo de Cristo “entre
gue” e o seu sangue “derramado” por nós, “por um Espírito eterno” (Hb 9,14). “Pela fração do
pão e pela comunhão os fiéis, embora muitos, recebem o Corpo e o Sangue do Senhor de um
só pão e de um só cálice, do mesmo modo como os Apóstolos, das mãos do próprio Cristo”
(IGMR 72,3).
O canto da comunhão, que pode retomar o evangelho do dia, garante a unidade das
duas mesas (palavra e eucaristia). Cantos de adoração ao Santíssimo e cantos de cunho in
dividualista ou temático não expressam a densidade desse momento.
• “Tomai e comei, tomai e bebei” foi o mandamento deixado por Cristo na
ceia: tomar o pão e beber do cálice.
• A verdade do sinal exige que o pão eucarístico seja reconhecido como
alimento, e que, portanto, sempre que possível, o pão, embora ázimo, seja preparado
de tal forma que possa ser repartido entre todos (cf. IGMR 320 e 321).
• Da mesma forma, valorize-se, na medida do possível, a comunhão do cá
lice, sob a espécie de vinho, para todos os fiéis, pois assim se “ressalta mais perfeita
mente o sinal do banquete eucarístico, e expressa-se com mais clareza a vontade se
gundo a qual a nova e eterna Aliança foi selada no sangue do Senhor, e, ainda, a rela
31
ção entre banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai (cf. Mt 27-
29)”28.
• Valem todos os esforços para garantir aos comungantes o santo alimento
oferecido na mesma celebração, deixando a reserva eucarística para a finalidade a
que se destina, a saber, a comunhão aos enfermos e o culto eucarístico.
• Privilegie-se o silêncio como expressão de intimidade pessoal e comuni
tária com o mistério.
4. A liturgia da Palavra
28
Instrução Eucharisticum Mysterium sobre o culto do mistério eucarístico (25.05.1967), n. 32.
29
CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 293.
32
Cristo, em seu mistério pascal (Evangelho), é a chave de leitura da revelação bíblica (demais
leituras) e dos acontecimentos atuais (a vida que trazemos para a eucaristia).
Quando, na missa, lemos e interpretamos as Sagradas Escrituras, é o próprio Cristo
que fala (cf. SC 7). A força sacramental da Palavra na liturgia faz acontecer aquilo que anun
cia; realiza nossa transformação pascal. Na liturgia da Palavra, Cristo está realmente presen
te e atuante no Espírito Santo.
• Daí decorre a exigência para os leitores, ainda maior para quem pr oclama
o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que
fala ao seu povo.
• À preparação espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo,
tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da palavra, as vestes.
• A função do salmista é de suma importância. Sua função ministerial cor
responde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus pos
ta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser pro
clamado do ambão e, se possível, cantado.
• A homilia (conversa familiar) interpreta as leituras bíblicas dentro da reali
dade atual, tem o mistério de Cristo como centro do anúncio e faz ligação com a litur
gia eucarística (dimensão mistagógica) e com a vida (compromisso e missão).
• Em todo o rito, a Palavra é realçada também por momentos de silêncio,
por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à
Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade.
• A mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto,
portanto há de se manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção
dada à procissão de entrada e a outras procissões, bem como homilias prolongadas,
introduções às leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam o rito
eucarístico que, em conseqüência, passa a ser feito de forma apressada.
• Priorize-se a entrada solene do Evangeliário na procissão inicial. Na falta
deste, embora não mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou
a Bíblia. A entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais.
“Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde de certo modo à palavra
de Deus acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salva
ção de todos. Convém que normalmente se faça esta oração nas Missas com o povo, de tal
sorte que se reze pela Santa Igreja, pelos governantes, pelos que sofrem necessidades, por
todos os seres humanos e pela salvação do mundo inteiro.
33
No entanto, em alguma celebração especial, tal como Confirmação, Matrimônio,
Exéquias, as intenções podem referir-se mais estreitamente àquelas circunstâncias.
“Cabe ao sacerdote celebrante, da cadeira, dirigir a oração. Ele a introduz com breve
exortação, convidando os fiéis a rezarem e depois a conclui. As intenções propostas sejam
sóbrias, compostas por sábia liberdade e breves palavras e expressem a oração de toda a
comunidade. Normalmente as intenções são proferidas, do ambão ou de outro lugar apropria
do, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. O povo, de pé, exprime a sua
súplica, seja por uma invocação comum após as intenções proferidas, seja por uma oração
em silêncio”(IGMR 71).
Os ritos iniciais e os ritos finais expressam uma eclesiologia: somos povo convocado
por Deus, reunido no amor de Cristo, na força do Espírito Santo para sermos enviados em
missão. Podemos assim celebrar a memória do mistério pascal e nos tornar, cada vez mais, o
que como batizados nunca deixamos de ser: o corpo eclesial de Cristo, chamado a ser na so
ciedade o sacramento da unidade de todo o gênero humano (cf. LG 1) .
5.1. Os ritos iniciais fazem com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam
uma comunhão em Cristo e se disponham a ouvir atentamente a palavra de Deus e a celebrar
dignamente o sacramento da unidade (cf. IGMR 46).
• Precedida pela procissão de entrada, que é acompanhada do canto de
abertura, a saudação inicial ressalta que é Deus que nos convoca. Só depois desta
saudação convém situar a celebração, no tempo ou festa litúrgica e na realidade da
comunidade com a recordação da vida, especialmente em comunidades menores, na
quais os fiéis podem efetivamente recordar em voz alta os acontecimentos.
• Evitem-se os costumeiros “comentários iniciais”.
• A recordação da vida é o espaço ideal para manifestar os fatos marcantes
como aniversários, bodas, momentos de dor e de luto, missas de 7 o e 30o dia e, princi
34
palmente, os acontecimentos importantes que ocorreram durante a semana que pas
sou, na comunidade, na cidade, na região e no mundo.
• O lugar próprio da lembrança dos falecidos é nas intercessões da oração
eucarística (memento dos mortos). Não se exclui a possibilidade de rezar pelos defun
tos também na oração dos fiéis, especialmente em missas pelos falecidos. Deve-se
evitar fazer a leitura de uma lista de intenções antes da missa, menos ainda antes da
oração do dia (coleta), após o “oremos”.
• O ato penitencial é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de
Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade. Não deve ser confundido
com o sacramento da penitência. Evitem-se, pois, as descrições de pecados.
• A aspersão com água é um rito próprio do domingo, Dia do Senhor, pás
coa semanal. Este rito significativo substitui o ato penitencial. Recorda o nosso batis
mo, que nos inseriu no Mistério Pascal e que nos fez morrer para o pecado e renascer
para uma vida nova. Acentua nossa identidade de povo sacerdotal.
• O Glória não é um hino trinitário, mas cristológico. Deve-se estar atento a
este fato na escolha dos cantos para o momento do Glória. Ideal seria cantar o texto
mesmo, tal como nos foi transmitido desde a antiguidade.
• A oração do dia (coleta) é a súplica do povo sacerdotal que se abre ao di
álogo da aliança e ao rito eucarístico. É uma oração presidencial, precedida de um si
lêncio significativo, que integra a oração silenciosa da assembléia à do ministro que
preside.
5.2. Os ritos finais têm uma estreita relação com os ritos iniciais. Pelos ritos iniciais
somos convocados para estar com o Senhor e nos finais somos enviados em missão (cf. Mc
3,14), para sermos, entre todos os povos e culturas, sacramento de unidade e da salvação de
todo o gênero humano (cf. LG 1), mensageiros de solidariedade, paz, justiça, transformação
pascal, vida, salvação e aliança.
• Como membros da comunidade, devemos estar cientes e participar das
iniciativas tomadas pelas pastorais e outros grupos da comunidade. Daí a importância
das comunicações feitas neste momento. Sejam elas objetivas, claras e devidamente
motivadas, para maior envolvimento da comunidade.
• Na bênção em nome da Trindade, leve-se em conta as possibilidades que
o missal oferece (bênçãos solenes, oração sobre o povo). Ela expressa que o mistério
celebrado na ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas di
mensões.
35
• Para as palavras finais da despedida o missal apresenta várias alternati
vas. Ressalte-se aí a graça do Senhor que nos acompanha no nosso dia-a-dia e o cul
to verdadeiro que o cristão exerce por sua própria vida (cf. Rm 12,1-2). Com a devida
preparação prévia, a despedida pode ser relacionada com o Evangelho que foi procla
mado, desde que isto não se torne mais uma pseudo-homilia. O rito termina com a
aclamação “graças a Deus” da assembléia, que significa: exultamos por Ele nos acom
panhar com sua graça na missão que nos confiou.
É preciso, por isso, na formação litúrgica realçar que a Igreja procura, solícita e cui
dadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores
mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente e, ao oferecer
juntamente com o sacerdote a hóstia imaculada, aprendam a oferecer-se a si mesmos
como oferta agradável a Deus (cf. SC 48).
Por isso:
Ao ocorrer uma necessidade mais grave ou por utilidade pastoral, pode-se celebrar
em qualquer dia a Missa conveniente com ordem ou permissão do Ordinário do lugar, exceto
nas solenidades, nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, nos dias da oitava da
Páscoa, na Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e na Sema
na Santa.
Quando ocorre uma memória obrigatória ou nos dias de semana do Advento até dia
16 de dezembro; nos dias do Tempo de Natal desde o dia 02 de janeiro, e nos dias do Tem
po pascal depois da oitava da Páscoa, de per si são proibidas as Missas para diversas cir
cunstâncias e votivas. Se, porém, verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exigirem po
derão ser usadas na celebração com povo as Missas que correspondam a tal necessidade ou
utilidade, a juízo do reitor da igreja ou do próprio sacerdote celebrante (cf. IGMR 373 e 374).
Para favorecer a piedade dos fiéis, pode-se celebrar, durante o ano, nos dias de se
mana em que ocorra uma memória facultativa ou se celebre o Ofício do dia de semana, as
Missas votivas sobre os mistérios do Senhor ou para honrar a Bem-aventurada Virgem Maria
ou algum Santo (cf. IGMR 375).
Na Missa em que vários presbíteros participam, todos agem em virtude do mesmo sa
cerdócio e na pessoa do mesmo Sumo Sacerdote, com uma única vontade e com uma única
voz. Numa única ação sacramental, eles realizam e oferecem o único sacrifício e participam
dele. Desta única celebração, participam também os fiéis, consciente e ativamente, cada um
da maneira que lhe é própria. Assim se manifesta, de modo vivo, sobretudo quando o Bispo
preside, a Igreja em sua unidade, o único altar, com seus ministros e seu povo (Ecclesiae
semper, n. 8 e 9). A concelebração manifesta e fortalece os laços fraternos entre os presbíte
ros, pois em virtude da sua ordenação e Missa comum, eles estão unidos numa fraternidade
bem íntima (Eucharisticum Mysterium, n. 47).
Também na Missa concelebrada, cada um faça tudo e somente aquilo que lhe compe
te pela natureza das coisas e conforme as normas litúrgicas (cf. SC 28). Aqueles que foram
ordenados para presidir as celebrações litúrgicas exercem colegialmente o ministério da pre
sidência. Igualmente, os outros participantes da celebração contribuem com os serviços que
lhes são próprios. Por isso, devem-se exercer na Missa concelebrada, na medida do possível,
os ministérios do diácono, do leitor, do cantor e dos ministrantes.
Para que haja verdadeira partilha do pão consagrado, convém preparar partículas
grandes de modo a haver verdadeira fração do pão.
Não é licito ao sacerdote celebrar mais de uma vez ao dia, exceto nos casos em que,
de acordo com o direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia mais vezes no mesmo
dia.
Se houver falta de sacerdotes, o Ordinário local pode permitir que, por justa causa, os
sacerdotes celebrem duas vezes ao dia e até mesmo três vezes nos domingos e festas de
preceito, se as necessidades pastorais o exigirem.
O sacerdote que celebra mais Missas no mesmo dia pode aplicar cada uma delas se
gundo a intenção pela qual foi oferecida a espórtula, mas com a condição de reter para si a
espórtula de uma só Missa, excetuando o dia do Natal do Senhor, e entregar as outras para
os fins determinados pelo Ordinário, admitindo-se alguma retribuição por título extrínseco.
O sacerdote que concelebrar no mesmo dia uma segunda Missa, por nenhum título,
pode receber espórtula por ela (cf. cân. 905 e 951).
40
8. Orientações litúrgico-pastorais
O rito da bênção e aspersão de água benta pode ser feito, em todas as igrejas e ora
tórios, em todas as missas de domingo, especialmente dos domingos da Páscoa, mesmo nas
que se antecipam em horas vespertinas do sábado. Este rito substitui o ato penitencial que se
realiza no início da missa.
Quem já recebeu a santíssima Eucaristia pode recebê-la uma segunda vez no mesmo
dia, somente dentro da celebração eucarística em que participa (CDC, cân. 917;.
Mesmo que já tenham comungado nesse dia, recomenda-se vivamente que comun
guem de novo aqueles que vierem a ficar em perigo de morte (CDC, cân 921, 2).
Recomenda-se também que os fiéis recebam a sagrada comunhão na própria cele
bração eucarística; seja-lhes, porém, administrada fora da Missa quando a pedem por justa
causa, observando-se os ritos litúrgicos (CDC, cân. 918). “É muito recomendável que os fiéis
recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na mesma Missa e participem do cálice
nos casos previstos, para que, também através dos sinais, a comunhão se manifeste mais
claramente como participação no Sacrifício celebrado” (IGMR 85).
41
8.4. Comunhão sob as duas espécies
“A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal, quando sob as duas
espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e
se exprime, de modo mais claro, a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no San
gue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico
no Reino do Pai” (IGMR 281).
Além dos casos previstos nos livros rituais, a Comunhão sob as duas espécies é per
mitida nos seguintes casos:
a) aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício;
b) ao diácono e a todos que exercem algum ofício na Missa;
c) aos membros das comunidades na Missa conventual ou na Missa chamada “da co
munidade”, aos alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou que
participam de alguma reunião espiritual ou pastoral.
O Bispo diocesano pode baixar normas a respeito da Comunhão sob as duas espéci
es para a sua diocese, a serem observadas inclusive nas igrejas dos religiosos e nos peque
nos grupos. Ao mesmo Bispo se concede a faculdade de permitir a Comunhão sob as duas
espécies, sempre que isso parecer oportuno ao sacerdote a quem, como pastor próprio, a co
munidade está confiada, contanto que os fiéis tenham boa formação a respeito e esteja exclu
ído todo perigo de profanação do Sacramento, ou o rito se torne mais difícil, por causa do nú
mero de participantes ou por outro motivo.
A Comunhão sob as duas espécies pode ocorrer nos seguintes casos:
1. a todos os membros dos Institutos religiosos e seculares, masculinos e femininos e
a todos os membros das casas de formação sacerdotal ou religiosa, quando participarem da
Missa da comunidade;
2. a todos os participantes da missa da comunidade por ocasião de um encontro de
oração ou de uma reunião pastoral;
3. a todos os participantes em Missas que já comportam para alguns dos presentes a
comunhão sob as duas espécies, conforme os Princípios e Normas para uso do Missal Roma
no:
a. quando há uma Missa de batismo de adulto, crisma ou admissão na
comunhão da Igreja;
b. quando há casamento na Missa;
c. na ordenação de diácono;
42
d. na bênção da Abadessa, na consagração das Virgens, na primeira profis
são religiosa, na renovação da mesma, na profissão perpétua, quando feitas duran
te a Missa;
e. na Missa de instituição de ministérios, de envio de missionários leigos e
quando se dá na Missa qualquer missão eclesiástica;
f. na administração do viático, quando a Missa é celebrada em casa;
g. quando o diácono e os ministros comungam na Missa;
h. havendo concelebração;
i. quando um sacerdote presente comunga na Missa;
j. nos exercícios espirituais e nas reuniões pastorais;
l. nas Missas de jubileu de sacerdócio, de casamento ou de profissão religi
osa;
m. na primeira Missa de um neo-sacerdote;
n. nas Missas conventuais ou de uma “Comunidade”;
4. Na ocasião de celebrações particularmente expressivas do sentido da comunidade
cristã reunida em torno do altar (cf. IGMR, 283).
Os pastores de almas devem aplicar a missa pelo povo que lhes foi confiado, todos
os domingos e nas outras festas de preceito de sua Diocese; mas quem estiver legitimamente
impedido de fazê-lo, aplique-a nesses dias por intermédio de outro ou pessoalmente em ou
tros dias. O sacerdote a quem estiverem confiadas várias paróquias, também a título de admi
nistração, satisfaz à obrigação aplicando uma só missa por todo o povo que lhe está confia
do. Quem não tiver cumprido esta obrigação aplique, quanto antes, tantas missas pelo povo
quantas tiver omitido (CDC, cân. 388 a 534; cf. câns. 914, 427 # 1, 540 # 1).
O mistério eucarístico é o maior e o mais expressivo dos sinais da fé. Guiada pelo
Espírito Santo, a Igreja expressa sua fé na presença de Jesus na Eucaristia, conservando
o pão eucarístico para ser levado aos doentes, aos moribundos e para receber a adoração
que só é devida a Deus30. “Ninguém coma dessa carne sem primeiro adorar...; não só não
pecamos adorando-a, mas pecaríamos se não a adorássemos!”, já dizia Santo Agostinho 31.
O rito do “fermento” que consistia na prática de levar uma porção do pão consagrado a ou
tra igreja para ser colocado no cálice, antes da comunhão, testemunha a fé da Igreja na
presença permanente do Senhor. Os bispos enviavam o “fermento” aos seus presbíteros
ou a outros bispos em sinal de unidade. Usava-se a palavra fermento para indicar que a
Eucaristia deve ser o fermento da comunhão e da unidade. Fermento que transforma os
cristãos, levando-os a formar o único Corpo de Cristo.
Diante da presença do Senhor, podemos pouco a pouco assimilar o que Ele nos
mandou celebrar em sua memória: “Isto é meu corpo entregue por vós; isto é meu sangue
derramado por vós.” Somente um coração humilde pode beneficiar-se dessa presença de
comunhão.
30
cf A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da missa, Introdução Geral, 5
31
In Ps 98,9
45
expressão: por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós Deus Pai todo-poderoso, toda honra e
toda glória, agora e para sempre!
32
O culto do mistério eucarístico fora da missa, 82
33
Idem, 86
34
Ibidem, 89
46
• As exposições breves do Santíssimo devem organizar-se de tal
maneira que haja tempo conveniente para a escuta da Palavra, cânticos, preces
e momentos de silêncio 35.
35
Ibidem, 89
36
Ibidem, 91
47
8.8.6.Adoração eucarística e a escuta da Palavra
No Brasil, há muitos anos, temos missas transmitidas pela rádio e pela televi
são. Em encontros nacionais, promovidos pelos bispos, têm-se dado orientações pastorais
sobre o modo de realizá-las e sobre o significado delas na vida dos cristãos.
Muitos católicos por motivos diversos assistem a essas transmissões. O que di
zer sobre isso?
A assistência à missa pela rádio e pela televisão não justifica a ausência na celebra
ção para quem tem condições de participar dela fisicamente.
37
Dom Geraldo Lyrio Rocha, intervenção no Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, realizado em outubro
de 2005.
49
o encontro através da Palavra proclamada para todos e realiza-se um encontro pessoal, par
ticular e salvífico (cf. Ap 3,20).Na comunhão eucarística, este encontro é mais profundo e
também pessoal no sentido de individual
3. A liturgia eucarística
O memorial do mistério pascal de Cristo, segundo a ordem do Senhor, se realiza “fa
zendo o que ele fez naquela ceia derradeira”: “Tomou o pão” (preparação dos dons), “pronun
ciou a bênção de ação de graças” (oração eucarística ou anáfora), “partiu o pão” (fração do
pão) “e o deu a seus discípulos” (comunhão).
A comunhão manifesta a unidade de todos, sendo sua fonte o corpo de Cristo “entre
gue” e o seu sangue “derramado” por nós, “por um Espírito eterno” (Hb 9,14). “Pela fração do
pão e pela comunhão os fiéis, embora muitos, recebem o Corpo e o Sangue do Senhor de um
só pão e de um só cálice, do mesmo modo como os Apóstolos, das mãos do próprio Cristo”
(IGMR 72,3).
O canto da comunhão, que pode retomar o evangelho do dia, garante a unidade das
duas mesas (palavra e eucaristia). Cantos de adoração ao Santíssimo e cantos de cunho in
dividualista ou temático não expressam a densidade desse momento.
• “Tomai e comei, tomai e bebei” foi o mandamento deixado por Cristo na
ceia: tomar o pão e beber do cálice.
• A verdade do sinal exige que o pão eucarístico seja reconhecido como
alimento, e que, portanto, sempre que possível, o pão, embora ázimo, seja preparado
de tal forma que possa ser repartido entre todos (cf. IGMR 320 e 321).
• Da mesma forma, valorize-se, na medida do possível, a comunhão do cá
lice, sob a espécie de vinho, para todos os fiéis, pois assim se “ressalta mais perfeita
mente o sinal do banquete eucarístico, e expressa-se com mais clareza a vontade se
gundo a qual a nova e eterna Aliança foi selada no sangue do Senhor, e, ainda, a rela
ção entre banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai (cf. Mt 27-
29)”39.
• Valem todos os esforços para garantir aos comungantes o santo alimento
oferecido na mesma celebração, deixando a reserva eucarística para a finalidade a
que se destina, a saber, a comunhão aos enfermos e o culto eucarístico.
39
Instrução Eucharisticum Mysterium sobre o culto do mistério eucarístico (25.05.1967), n. 32.
55
• Privilegie-se o silêncio como expressão de intimidade pessoal e comuni
tária com o mistério.
4. A liturgia da Palavra
40
CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 293.
56
• Daí decorre a exigência para os leitores, ainda maior para quem pr oclama
o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que
fala ao seu povo.
• À preparação espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo,
tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da palavra, as vestes.
• A função do salmista é de suma importância. Sua função ministerial cor
responde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus pos
ta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser pro
clamado do ambão e, se possível, cantado.
• A homilia (conversa familiar) interpreta as leituras bíblicas dentro da reali
dade atual, tem o mistério de Cristo como centro do anúncio e faz ligação com a litur
gia eucarística (dimensão mistagógica) e com a vida (compromisso e missão).
• Em todo o rito, a Palavra é realçada também por momentos de silêncio,
por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à
Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade.
• A mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto,
portanto há de se manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção
dada à procissão de entrada e a outras procissões, bem como homilias prolongadas,
introduções às leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam o rito
eucarístico que, em conseqüência, passa a ser feito de forma apressada.
• Priorize-se a entrada solene do Evangeliário na procissão inicial. Na falta
deste, embora não mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou
a Bíblia. A entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais.
“Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde de certo modo à palavra
de Deus acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salva
ção de todos. Convém que normalmente se faça esta oração nas Missas com o povo, de tal
sorte que se reze pela Santa Igreja, pelos governantes, pelos que sofrem necessidades, por
todos os seres humanos e pela salvação do mundo inteiro.
“Cabe ao sacerdote celebrante, da cadeira, dirigir a oração. Ele a introduz com breve
exortação, convidando os fiéis a rezarem e depois a conclui. As intenções propostas sejam
sóbrias, compostas por sábia liberdade e breves palavras e expressem a oração de toda a
comunidade. Normalmente as intenções são proferidas, do ambão ou de outro lugar apropria
57
do, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. O povo, de pé, exprime a sua
súplica, seja por uma invocação comum após as intenções proferidas, seja por uma oração
em silêncio”(IGMR 71).
Os ritos iniciais e os ritos finais expressam uma eclesiologia: somos povo convocado
por Deus, reunido no amor de Cristo, na força do Espírito Santo para sermos enviados em
missão. Podemos assim celebrar a memória do mistério pascal e nos tornar, cada vez mais, o
que como batizados nunca deixamos de ser: o corpo eclesial de Cristo, chamado a ser na so
ciedade o sacramento da unidade de todo o gênero humano (cf. LG 1) .
5.1. Os ritos iniciais fazem com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam
uma comunhão em Cristo e se disponham a ouvir atentamente a palavra de Deus e a celebrar
dignamente o sacramento da unidade (cf. IGMR 46).
• Precedida pela procissão de entrada, que é acompanhada do canto de
abertura, a saudação inicial ressalta que é Deus que nos convoca. Só depois desta
saudação convém situar a celebração, no tempo ou festa litúrgica e na realidade da
comunidade com a recordação da vida, especialmente em comunidades menores, na
quais os fiéis podem efetivamente recordar em voz alta os acontecimentos.
• Evitem-se os costumeiros “comentários iniciais”.
• A recordação da vida é o espaço ideal para manifestar os fatos marcantes
como aniversários, bodas, momentos de dor e de luto, missas de 7 o e 30o dia e, princi
palmente, os acontecimentos importantes que ocorreram durante a semana que pas
sou, na comunidade, na cidade, na região e no mundo.
• O lugar próprio da lembrança dos falecidos é nas intercessões da oração
eucarística (memento dos mortos). Não se exclui a possibilidade de rezar pelos defun
tos também na oração dos fiéis, especialmente em missas pelos falecidos. Deve-se
evitar fazer a leitura de uma lista de intenções antes da missa, menos ainda antes da
oração do dia (coleta), após o “oremos”.
58
• O ato penitencial é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de
Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade. Não deve ser confundido
com o sacramento da penitência. Evitem-se, pois, as descrições de pecados.
• A aspersão com água é um rito próprio do domingo, Dia do Senhor, pás
coa semanal. Este rito significativo substitui o ato penitencial. Recorda o nosso batis
mo, que nos inseriu no Mistério Pascal e que nos fez morrer para o pecado e renascer
para uma vida nova. Acentua nossa identidade de povo sacerdotal.
• O Glória não é um hino trinitário, mas cristológico. Deve-se estar atento a
este fato na escolha dos cantos para o momento do Glória. Ideal seria cantar o texto
mesmo, tal como nos foi transmitido desde a antiguidade.
• A oração do dia (coleta) é a súplica do povo sacerdotal que se abre ao di
álogo da aliança e ao rito eucarístico. É uma oração presidencial, precedida de um si
lêncio significativo, que integra a oração silenciosa da assembléia à do ministro que
preside.
5.2. Os ritos finais têm uma estreita relação com os ritos iniciais. Pelos ritos iniciais
somos convocados para estar com o Senhor e nos finais somos enviados em missão (cf. Mc
3,14), para sermos, entre todos os povos e culturas, sacramento de unidade e da salvação de
todo o gênero humano (cf. LG 1), mensageiros de solidariedade, paz, justiça, transformação
pascal, vida, salvação e aliança.
• Como membros da comunidade, devemos estar cientes e participar das
iniciativas tomadas pelas pastorais e outros grupos da comunidade. Daí a importância
das comunicações feitas neste momento. Sejam elas objetivas, claras e devidamente
motivadas, para maior envolvimento da comunidade.
• Na bênção em nome da Trindade, leve-se em conta as possibilidades que
o missal oferece (bênçãos solenes, oração sobre o povo). Ela expressa que o mistério
celebrado na ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas di
mensões.
• Para as palavras finais da despedida o missal apresenta várias alternati
vas. Ressalte-se aí a graça do Senhor que nos acompanha no nosso dia-a-dia e o cul
to verdadeiro que o cristão exerce por sua própria vida (cf. Rm 12,1-2). Com a devida
preparação prévia, a despedida pode ser relacionada com o Evangelho que foi procla
mado, desde que isto não se torne mais uma pseudo-homilia. O rito termina com a
aclamação “graças a Deus” da assembléia, que significa: exultamos por Ele nos acom
panhar com sua graça na missão que nos confiou.
59
É preciso, por isso, na formação litúrgica realçar que a Igreja procura, solícita e cui
dadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores
mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente e, ao oferecer
juntamente com o sacerdote a hóstia imaculada, aprendam a oferecer-se a si mesmos
como oferta agradável a Deus (cf. SC 48).
Por isso:
Para favorecer a piedade dos fiéis, pode-se celebrar, durante o ano, nos dias de se
mana em que ocorra uma memória facultativa ou se celebre o Ofício do dia de semana, as
Missas votivas sobre os mistérios do Senhor ou para honrar a Bem-aventurada Virgem Maria
ou algum Santo (cf. IGMR 375).
Na Missa em que vários presbíteros participam, todos agem em virtude do mesmo sa
cerdócio e na pessoa do mesmo Sumo Sacerdote, com uma única vontade e com uma única
voz. Numa única ação sacramental, eles realizam e oferecem o único sacrifício e participam
63
dele. Desta única celebração, participam também os fiéis, consciente e ativamente, cada um
da maneira que lhe é própria. Assim se manifesta, de modo vivo, sobretudo quando o Bispo
preside, a Igreja em sua unidade, o único altar, com seus ministros e seu povo (Ecclesiae
semper, n. 8 e 9). A concelebração manifesta e fortalece os laços fraternos entre os presbíte
ros, pois em virtude da sua ordenação e Missa comum, eles estão unidos numa fraternidade
bem íntima (Eucharisticum Mysterium, n. 47).
Também na Missa concelebrada, cada um faça tudo e somente aquilo que lhe compe
te pela natureza das coisas e conforme as normas litúrgicas (cf. SC 28). Aqueles que foram
ordenados para presidir as celebrações litúrgicas exercem colegialmente o ministério da pre
sidência. Igualmente, os outros participantes da celebração contribuem com os serviços que
lhes são próprios. Por isso, devem-se exercer na Missa concelebrada, na medida do possível,
os ministérios do diácono, do leitor, do cantor e dos ministrantes.
Para que haja verdadeira partilha do pão consagrado, convém preparar partículas
grandes de modo a haver verdadeira fração do pão.
Não é licito ao sacerdote celebrar mais de uma vez ao dia, exceto nos casos em que,
de acordo com o direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia mais vezes no mesmo
dia.
Se houver falta de sacerdotes, o Ordinário local pode permitir que, por justa causa, os
sacerdotes celebrem duas vezes ao dia e até mesmo três vezes nos domingos e festas de
preceito, se as necessidades pastorais o exigirem.
O sacerdote que celebra mais Missas no mesmo dia pode aplicar cada uma delas se
gundo a intenção pela qual foi oferecida a espórtula, mas com a condição de reter para si a
espórtula de uma só Missa, excetuando o dia do Natal do Senhor, e entregar as outras para
os fins determinados pelo Ordinário, admitindo-se alguma retribuição por título extrínseco.
O sacerdote que concelebrar no mesmo dia uma segunda Missa, por nenhum título,
pode receber espórtula por ela (cf. cân. 905 e 951).
8. Orientações litúrgico-pastorais
O rito da bênção e aspersão de água benta pode ser feito, em todas as igrejas e ora
tórios, em todas as missas de domingo, especialmente dos domingos da Páscoa, mesmo nas
que se antecipam em horas vespertinas do sábado. Este rito substitui o ato penitencial que se
realiza no início da missa.
64
Quem já recebeu a santíssima Eucaristia pode recebê-la uma segunda vez no mesmo
dia, somente dentro da celebração eucarística em que participa (CDC, cân. 917;.
Mesmo que já tenham comungado nesse dia, recomenda-se vivamente que comun
guem de novo aqueles que vierem a ficar em perigo de morte (CDC, cân 921, 2).
Recomenda-se também que os fiéis recebam a sagrada comunhão na própria cele
bração eucarística; seja-lhes, porém, administrada fora da Missa quando a pedem por justa
causa, observando-se os ritos litúrgicos (CDC, cân. 918). “É muito recomendável que os fiéis
recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na mesma Missa e participem do cálice
nos casos previstos, para que, também através dos sinais, a comunhão se manifeste mais
claramente como participação no Sacrifício celebrado” (IGMR 85).
“A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal, quando sob as duas
espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e
se exprime, de modo mais claro, a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no San
gue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico
no Reino do Pai” (IGMR 281).
Além dos casos previstos nos livros rituais, a Comunhão sob as duas espécies é per
mitida nos seguintes casos:
65
a) aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício;
b) ao diácono e a todos que exercem algum ofício na Missa;
c) aos membros das comunidades na Missa conventual ou na Missa chamada “da co
munidade”, aos alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou que
participam de alguma reunião espiritual ou pastoral.
O Bispo diocesano pode baixar normas a respeito da Comunhão sob as duas espéci
es para a sua diocese, a serem observadas inclusive nas igrejas dos religiosos e nos peque
nos grupos. Ao mesmo Bispo se concede a faculdade de permitir a Comunhão sob as duas
espécies, sempre que isso parecer oportuno ao sacerdote a quem, como pastor próprio, a co
munidade está confiada, contanto que os fiéis tenham boa formação a respeito e esteja exclu
ído todo perigo de profanação do Sacramento, ou o rito se torne mais difícil, por causa do nú
mero de participantes ou por outro motivo.
A Comunhão sob as duas espécies pode ocorrer nos seguintes casos:
1. a todos os membros dos Institutos religiosos e seculares, masculinos e femininos e
a todos os membros das casas de formação sacerdotal ou religiosa, quando participarem da
Missa da comunidade;
2. a todos os participantes da missa da comunidade por ocasião de um encontro de
oração ou de uma reunião pastoral;
3. a todos os participantes em Missas que já comportam para alguns dos presentes a
comunhão sob as duas espécies, conforme os Princípios e Normas para uso do Missal Roma
no:
a. quando há uma Missa de batismo de adulto, crisma ou admissão na
comunhão da Igreja;
b. quando há casamento na Missa;
c. na ordenação de diácono;
d. na bênção da Abadessa, na consagração das Virgens, na primeira profis
são religiosa, na renovação da mesma, na profissão perpétua, quando feitas duran
te a Missa;
e. na Missa de instituição de ministérios, de envio de missionários leigos e
quando se dá na Missa qualquer missão eclesiástica;
f. na administração do viático, quando a Missa é celebrada em casa;
g. quando o diácono e os ministros comungam na Missa;
h. havendo concelebração;
i. quando um sacerdote presente comunga na Missa;
j. nos exercícios espirituais e nas reuniões pastorais;
66
l. nas Missas de jubileu de sacerdócio, de casamento ou de profissão religi
osa;
m. na primeira Missa de um neo-sacerdote;
n. nas Missas conventuais ou de uma “Comunidade”;
4. Na ocasião de celebrações particularmente expressivas do sentido da comunidade
cristã reunida em torno do altar (cf. IGMR, 283).
Os pastores de almas devem aplicar a missa pelo povo que lhes foi confiado, todos
os domingos e nas outras festas de preceito de sua Diocese; mas quem estiver legitimamente
impedido de fazê-lo, aplique-a nesses dias por intermédio de outro ou pessoalmente em ou
tros dias. O sacerdote a quem estiverem confiadas várias paróquias, também a título de admi
nistração, satisfaz à obrigação aplicando uma só missa por todo o povo que lhe está confia
do. Quem não tiver cumprido esta obrigação aplique, quanto antes, tantas missas pelo povo
quantas tiver omitido (CDC, cân. 388 a 534; cf. câns. 914, 427 # 1, 540 # 1).
O mistério eucarístico é o maior e o mais expressivo dos sinais da fé. Guiada pelo
Espírito Santo, a Igreja expressa sua fé na presença de Jesus na Eucaristia, conservando
o pão eucarístico para ser levado aos doentes, aos moribundos e para receber a adoração
68
que só é devida a Deus41. “Ninguém coma dessa carne sem primeiro adorar...; não só não
pecamos adorando-a, mas pecaríamos se não a adorássemos!”, já dizia Santo Agostinho 42.
O rito do “fermento” que consistia na prática de levar uma porção do pão consagrado a ou
tra igreja para ser colocado no cálice, antes da comunhão, testemunha a fé da Igreja na
presença permanente do Senhor. Os bispos enviavam o “fermento” aos seus presbíteros
ou a outros bispos em sinal de unidade. Usava-se a palavra fermento para indicar que a
Eucaristia deve ser o fermento da comunhão e da unidade. Fermento que transforma os
cristãos, levando-os a formar o único Corpo de Cristo.
Diante da presença do Senhor, podemos pouco a pouco assimilar o que Ele nos
mandou celebrar em sua memória: “Isto é meu corpo entregue por vós; isto é meu sangue
derramado por vós.” Somente um coração humilde pode beneficiar-se dessa presença de
comunhão.
41
cf A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da missa, Introdução Geral, 5
42
In Ps 98,9
69
alto na comunhão sacramental. Portanto, fomenta de modo excelente o culto em espírito e
verdade que lhe é devido 43.”
43
O culto do mistério eucarístico fora da missa, 82
44
Idem, 86
45
Ibidem, 89
46
Ibidem, 89
70
• Os acólitos e Ministros extraordinários da Sagrada Comunhão po
dem expor e repor o Santíssimo, porém não lhes é facultado dar a bênção aos
fiéis. O bispo pode conceder a faculdade de expor o Santíssimo a outras pesso
as47.
47
Ibidem, 91
71
No Brasil, há muitos anos, temos missas transmitidas pela rádio e pela televi
são. Em encontros nacionais, promovidos pelos bispos, têm-se dado orientações pastorais
sobre o modo de realizá-las e sobre o significado delas na vida dos cristãos.
Muitos católicos por motivos diversos assistem a essas transmissões. O que di
zer sobre isso?
A assistência à missa pela rádio e pela televisão não justifica a ausência na celebra
ção para quem tem condições de participar dela fisicamente.
48
Dom Geraldo Lyrio Rocha, intervenção no Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, realizado em outubro
de 2005.
73
se devem transmitir missas gravadas. Toda celebração deve se realizar com unção e ter um
tom orante. As celebrações litúrgicas são celebrações da Igreja e fundadas na longa tradição
litúrgica; por isso, não cabe nelas inventar coisas e nem o cultivo de subjetividades. Muito
menos devem ser palco de ‘shows’ e esnobismos de grupos ou pessoas.
Nos “cursos de noivos” seja reservado um tempo para o estudo do rito do ma
trimônio, ocasião em que todos poderão desfrutar da teologia e da espiritualidade des
te sacramento.
49
Sobre os critérios para a escolha de cantos, veja no capítulo VII, Canto e Música na Liturgia, item 1.
75
V – A CELEBRAÇÃO DE BÊNÇÃOS
1. O Sentido da bênção
A bênção, como expressão da aliança entre Deus e seu povo, tem uma dupla
dimensão: é dom, é graça no sentido de que Deus abençoa, por si ou por meio de ou
tras pessoas, comunicando sua bondade e realizando as promessas; é louvor do povo
que exalta, bendiz e presta culto de piedade, reconhecendo a Deus como fonte de todo
o bem e de toda a graça.
50
Cf Catecismo da Igreja Católica, n. 1079.
51
Idem, n. 1078.
76
Pela celebração de bênção, as pessoas são convidadas a unir o coração e a voz à
voz maternal da Igreja. Por isso, não é recomendável, habitualmente a celebração da bên
ção de coisas ou lugares sem a participação de ao menos algum fiel 52.
Para que a “ação de abençoar” realize o que significa e o que a Igreja suplica, re
querem-se as disposições de fé, de esperança e de caridade. Da bênção não se espera
um efeito mágico. Da escuta da Palavra,\ a fé se alimenta e as pessoas recebem os bene
fícios da graça de Deus.
A oração de bênção com o gesto que lhe corresponde adquire o sentido e a eficá
cia a partir da Palavra de Deus proclamada 54. É esta quem atualiza a ação salvadora de
52
Cf. Ritual de Bênçãos, Introdução Geral, n.17.
53
Cf. Idem, 20.
54
Cf. Ibidem, n 21.
77
Deus, motivo pelo qual a comunidade bendiz. Assim, a oração de bênção é um sinal sa
grado e não um gesto mágico ou supersticioso 55. Por estas razões, não convém a realiza
ção da bênção de objetos e lugares, usando-se somente sinais externos, sem qualquer re
ferência à Palavra de Deus ou de alguma oração 56.
4. Ministro da Bênção
55
A renovação litúrgica lembra que não há mais bênção com um simples sinal-da-cruz, pois toda bênção comporta a proclamação da Pa
lavra de Deus e uma oração. Ritual de Bênçãos, Introdução Geral, n. 27.
56
Cf. Ritual de Bênçãos, Introdução Geral, n. 27.
57
Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1669.
58
Cf. Ritual de bênçãos por ministros leigos. 7a ed. Paulus, São Paulo, 2004.
78
tros de romaria, de santuários, no contexto de uma celebração da Palavra de
Deus;
• levar em conta o tempo litúrgico e o Mistério Pascal nas celebra
ções de bênçãos;
• zelar, com bom senso, para que as celebrações de bênçãos não le
gitimem situações de exploração, opressão, discriminação, injustiça e violên
cia;
• cuidar que a ação simbólica da bênção seja feita com dignidade e
nobre simplicidade.
A celebração de bênçãos deve caracterizar-se pela relação carinhosa e amiga com
as pessoas, feita com fé e com o coração, fazendo memória do gesto de Jesus que acolhia e
abençoava as pessoas.
VI - EXÉQUIAS
59
Prefácio dos defuntos I.
79
forma que não pareçam ignorar ou desprezar a mentalidade e o modo de agir dos homens do
seu tempo e região, no que se refere aos mortos. Aceite-se de bom grado o que houver de
bom nas tradições familiares, nos costumes locais e nos serviços das empresas funerárias; o
que, porém, estiver em contradição com o Evangelho, procure-se transformar, de modo que a
celebração das exéquias cristãs manifeste realmente a fé pascal e o espírito do Evangelho" 60.
No Brasil, pelo fato de ter sido feita a tradução literal do novo Ritual, não foi le
vada em conta a cultura de nosso povo. Multiplicaram-se, por isto, pelas dioceses e paróqui
as, textos para os funerais dos fiéis. Preocupada com tantos textos não oficiais, a Dimensão
Litúrgica da CNBB, elaborou um texto ad experimentum intitulado: Nossa Páscoa: subsídios
para a celebração da esperança. A intenção é, após um tempo de experiência e depois de
acolher as observações feitas, aperfeiçoá-lo e oficializá-lo como Ritual de Exéquias, próprio
para o Brasil.
O texto se compõe de três celebrações para o velório, inspiradas na Celebração
da Palavra, no Ofício Divino das Comunidades e na Vigília Pascal. Contém celebrações para
a encomendação e para o sepultamento. Uma das celebrações está prevista para os casos
de cremação. Há também celebração para velório, encomendação e sepultamento de crian
ças. Como se afirma na apresentação, "em tudo há um grande esforço de valorizar os símbo
los, numa linguagem orante e adaptada à sensibilidade do povo brasileiro".
O texto contém, além de dois apêndices, uma Introdução Geral. O Apêndice I é
um pequeno lecionário com onze (11) textos bíblicos apropriados para a celebração das exé
quias e o Apêndice II apresenta uma seleção de cantos. Na Introdução, há uma reflexão so
bre a morte cristã e sua celebração; apresentam-se as orientações da Igreja sobre a crema
ção ou incineração; e algumas orientações sobre a pastoral das exéquias.
Cada celebração de exéquias em si mesma é sempre um desafio que exige uma
constante e renovada sensibilidade litúrgico-pastoral desde a preparação até a execução da
celebração.
Para que os fiéis, na celebração de exéquias, experimentem mais intensamente
a pascalidade da morte cristã, é importante valorizar os diversos elementos rituais, presentes
em suas diferentes etapas (velório, encomendação e sepultamento ou cremação): acolhida
fraterna dos irmãos, a escuta orante da Palavra de Deus e a oração.
É importante ainda:
60
Ritual de Exéquias, Introdução, n. 2.
80
• cuidar do espaço, providenciando círio pascal, cruz, velas, bíblia,
flores e água benta;
• valorizar os gestos e ações simbólicas, tais como a aspersão que
lembra o batismo e a incensação que presta homenagem ao corpo como templo
do Espírito Santo. A aspersão, a incensação, o círio aceso, a cruz, a Palavra es
cutada, as flores, a bênção do túmulo possibilitam aos participantes entrarem na
dinâmica pascal e participarem da paixão, morte e ressurreição do Senhor;
• considerar, nos ritos iniciais, o tipo de assembléia celebrante, res
peitando o momento de dor dos enlutados e acolhendo-os terna e fraternalmen
te de modo a manifestar a comunhão desejada por Cristo, figura da comunhão
definitiva de todos no céu;
• recordar a vida da pessoa falecida;
• valorizar o canto dos salmos, a leitura da Palavra de Deus, como
mensagem de consolo e de esperança;
• levar em conta nas orações (inicial, preces, encomendação, etc), a
pessoa falecida, a idade e as diversas circunstancias de morte;
• observar as pausas e o silêncio.
3. A cremação
Como atitude pastoral, lembra-se ao ministro que, por ocasião das exéquias, ele
é de modo especial "sinal do amor de Cristo" e "ministro da consolação". Não deve recusar-
se a celebrar as exéquias de ninguém, mesmo daqueles que não participavam da comunida
81
de. Afinal de contas, a Igreja também reza por aqueles dos quais só Deus conheceu a fé 61.
Cuidado muito especial se deve ter para com os familiares daqueles cuja morte ocorreu em
circunstâncias de violência. É preciso ter também uma atenção redobrada para com aqueles
que não são católicos ou, se católicos, raramente ou jamais participam da Eucaristia. Evitem-
se os elogios fúnebres sem, no entanto, levar ao extremo o uniformismo e a total falta de dife
renciação entre as pessoas.
É importante valorizar a atuação de uma equipe que zele pelas celebrações.
Esta tenha uma ótima preparação humana, espiritual, teológica e litúrgica, por meio de cur
sos, retiros, etc., de modo que atue com eficácia e equilíbrio perante as diversas situações
que possam surgir no exercício do ministério.
5. O luto
O luto é um tempo propício para a assimilação do mistério da morte. É necessário
respeitar cada etapa do luto que é marcado pela dor humana da separação. Estas etapas,
especialmente os novenários realizados nas casas dos parentes dos falecidos, as celebra
ções de sétimo dia e dos aniversários de morte auxiliam os cristãos a viverem o luto como
um elemento salutar e necessário no processo da caminhada, fortificando a fé no mistério
pascal e na ressurreição dos mortos.
2. ‘Ministérios’ litúrgico-musicais
64
Cf. SC 121.
65
Cf. SC 112.
66
Cf. SC 107.
67
Cf. SC 38-40.
68
Cf. SC 29.
69
BUYST, Ione. Oração da Igreja – eucologia. In: BUYST, I. & SILVA, J. Ariovaldo da. O mistério celebrado: memória e
compromisso I. Siquém/Paulinas, 2002, p. 147.
83
O desempenho eficaz dos ministérios na ação litúrgica pressupõe, necessariamente,
a inclusão e a integração de todas as pessoas ligadas ao serviço de animação litúrgico-musi
cal, na equipe de liturgia.
O(a) compositor(a), antes de tudo, deve estar engajado(a) na comunidade ecles ial.
Só assim poderá compor uma música que brote da cultura musical do povo, do qual provêm
os participantes da assembléia celebrante.
O exercício deste ministério pressupõe o conhecimento da liturgia e, especificamente,
da função ministerial de cada canto na ação litúrgica e dos critérios elencados acima. Os tex
tos e melodias destinados a cada momento da celebração litúrgica devem expressar-se em
linguagem poética, mística, dialogal e orante.
70
IGMR 103.
71
Cf. MS 23; Instrução “Inter Oecumenici”, 97.
84
Mais do que simplesmente cantar, o(a) salmista deve “proclamar” 72 o salmo no am
bão, pois ali é o lugar de onde Deus dirige sua Palavra ao povo reunido 73.
Como o salmo responsorial constitui uma resposta da assembléia (com a própria Pa
lavra de Deus), é fundamental uma perfeita sintonia entre o(a) salmista e a assembléia. Esta
sintonia pressupõe uma atitude espiritual (integração do corpo-mente-coração) de quem can
ta o salmo para que seu conteúdo atinja a todos de forma plena e frutuosa.
Mais do que nunca, quem exerce o ministério de salmista deve obter uma formação
técnica e litúrgico-musical adequada. Eis os principais aspectos desta formação 74:
• formação bíblico-litúrgica - aprofundar o sentido literal e cristológico dos
salmos; estudar cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de
salvação de Deus.
• formação espiritual - saber orar com o salmo, saboreá-lo como Palavra
de Deus para nossa vida atual; saber cantar de forma orante;
• formação musical - saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção
e até mesmo saber ler uma partitura simples; aprender as melodias dos salmos res
ponsoriais; saber se entrosar com os instrumentos musicais que eventualmente acom
panham o canto do salmo;
• formação prática: saber manusear o Lecionário e o Hinário Litúrgico; sa
ber em que momento subir ao ambão, como se comunicar com a assembléia, como
usar o microfone; conhecer os vários modos de se cantar o salmo.
O(a) salmista jamais deve substituir o salmo responsorial por outro canto. Se, porven
tura, não puder cantá-lo, que o recite alternando com o refrão do povo 75.
72
Sobre a diferença entre recitar, ler, proclamar..., veja: Ione BUYST. O Ministério de leitores e salmista. Paulinas, 2001
73
Cf. IELM, 22 e IGMR, 309.
74
Cf. Ione BUYST. O ministério de leitores e salmistas. Paulinas, 2001, p. 50. O grifo é nosso.
75
Cf. IGMR 61.
76
Cf. MS 62-64.
85
a) o excessivo volume - além de dificultar a compreensão dos textos, inibe a
participação da assembléia no canto;
b) a postura de quem toca - às vezes passa a impressão de um “show” para
a assembléia;
c) o toque em momentos inoportunos – sobre isto, a Instrução adverte: “ca
lem-se quando o sacerdote ou o ministro pronunciam em voz alta algum texto, por for
ça de sua função própria” 77.
Quanto aos solos instrumentais - tomando como referencial a liturgia eucarística – a
mesma Instrução prevê quatro momentos adequados para este tipo de música: no início, du
rante a procissão de entrada do presidente e demais ministros; enquanto se faz a procissão e
a preparação das oferendas; à comunhão e no final da missa 78.
Qualquer instrumento pode ser utilizado na liturgia, contanto que a maneira de tocá-lo
corresponda à sua finalidade primeira que é favorecer a participação ativa e frutuosa da as
sembléia, sustentando o seu canto 79.
A Instrução Geral sobre o Missal Romano nos lembra: “Convém que haja um cantor
ou regente de coro para dirigir e sustentar o canto do povo. Mesmo não havendo um grupo
de cantores, compete ao cantor dirigir os diversos cantos, com a devida participação do
povo”80.
Nesta orientação, está implícita a dimensão sacramental do canto da assembléia litúr
gica: a unidade das vozes expressa a unidade da Igreja congregada no Espírito Santo que,
sob a ação do mesmo Espírito entoa o “canto novo” diante do trono do Pai e do Cordeiro (cf.
Ap 5,9).
Não resta dúvida, portanto, sobre a importante função do(a) regente ou animador(a)
do canto na celebração litúrgica e da responsabilidade de cada Igreja no cuidado da forma
ção técnica e litúrgico-musical de quem exerce este ministério 81.
77
MS 64.
78
Cf. MS 65. E ainda: a) durante o Advento, quaresma, Tríduo Pascal e nos Ofícios e missas de defuntos, não é permitida a
execução de solos instrumentais (cf. MS 66); b) que os instrumentistas tenham uma boa formação técnica e litúrgica (cf. MS
67).
79
Cf. SC 120.
80
IGMR, n. 104; Cf. MS, 21.
81
Há vários anos, funciona o “Curso Ecumênico de Formação Litúrgico-musical” (CELMU). Este curso tem ajudado a mui
tos ‘ministros’ da música da Igreja no Brasil.
86
Vejamos, a seguir, alguns lembretes básicos a serem observados pelo(a) regente ou
animador(a) de canto82:
a) mostrar-se sumamente respeitoso(a) com as pessoas, acolhendo-as com
um semblante pascal, inspirando-lhes confiança, serenidade e segurança;
b) manter, ao longo de toda a ação litúrgica, a “atitude espiritual”: o gesto
corporal, o sentido teológico-litúrgico do mesmo gesto e a dimensão afetiva devida
mente integrados83;
c) estar em lugar bem visível por toda a assembléia, pelos instrumentistas,
bem como pelo coral ou grupo de cantores;
d) ter as mãos livres, se necessário, usar uma estante de apoio para o livro
e/ou partituras;
e) estar em sintonia com os diversos ministérios: presidência, leitores, sal
mista, instrumentistas, grupo de cantores, equipe de celebração e assembléia;
f) cuidar para que o volume dos instrumentos musicais e dos microfones
não se sobreponha ao canto da assembléia;
g) ensaiar as partes que cabem à assembléia, tais como: refrãos, aclama
ções, cantos do “ordinário da missa” etc., antes do início de cada celebração;
h) reservar um momento de silêncio entre este breve ensaio e o início da ce
lebração;
i) cuidar da dignidade da própria veste e da postura do corpo;
j) em momentos de ensaios propriamente ditos, é bom observar o seguin
te84:
• iniciar o ensaio pedindo à assembléia que, enquanto se canta, ela
acompanhe silenciosamente, escutando bem a melodia e lendo o texto, sobretu
do quando se trata de um canto desconhecido;
• quando a comunidade já estiver acompanhando, elogiá-la;
• nunca se deve dizer que tal ou qual canto é difícil ou feio, predis
pondo negativamente a assembléia;
• quando oportuno, é bom fazer uma brevíssima introdução, antes de
iniciar o ensaio de um canto, destacando o que há de mais importante em seu
texto e a sua função litúrgica;
• durante o canto, fazer gestos básicos de regência;
82
Cf. CNBB, A música litúrgica no Brasil, n. 252; SECRETARIADO NACIONAL DE LITURGIA (Espanha), Canto y mú
sica en la celebración, n. 108
83
Cf. BUYST, I., Liturgia, de coração. São Paulo, Paulus, 2003, p. 126.
84
Cf. CNBB, A Música litúrgica no Brasil, n. 248.
87
• a expressão facial deve ser sempre alegre, incentivadora;
• ter sempre em mente que a base para se cantar bem está na respi
ração e que uma das funções do(a) regente é ensinar a cantar. Não se canta
apenas com a boca, mas com todo o ser.
O(a) regente ou animador(a) do canto, conhecendo o real sentido do exercício de seu
ministério e observando estas orientações, evitará certas atitudes incompatíveis com a índole
da liturgia, por exemplo, certos “estrelismos”, como a utilização inadequada da função para
projetar e exibir vaidades pessoais. Nestes casos, as celebrações se transformam em verda
deiros “shows” e distanciam-se de sua real identidade.
A liturgia é ação do povo de Deus reunido. Todos os minist érios exercidos ali têm por
finalidade levar a assembléia à participação ativa, plena e frutuosa. Todos são atores. Ne
nhum ministério seja exercido para, mas com a assembléia.
85
Cf. SC 107.
86
O repertório litúrgico para este tempo encontra-se em dois CDs, gravados pela Paulus: “Liturgia IV” e “Liturgia VIII”.
88
pressurosos até o presépio. A boa notícia é sobretudo para eles, embora seja de alegria
para todos os povos 87: “A luz resplandeceu em plena escuridão...”; “Vimos sua estrela no
Oriente e viemos adorar o Senhor” 88.
Cantar a quaresma é, antes de tudo, cantar a dor que se sente pelo pecado do
mundo, que, em todos os tempos e de tantas maneiras, crucifica os filhos de Deus e prolon
ga, assim, a Paixão de Cristo. É um canto de penitência e conversão, um canto sem “glória” e
sem “aleluia”, um canto sem flores e sem as vestes da alegria, um canto “das profundezas do
abismo” em que nos colocaram nossos pecados (Sl 130); um grito penitente de quem implora
e suplica: “Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade, e conforme a vossa
misericórdia, apagai a minha iniqüidade” (Sl 50) 89.
O hino da Campanha da Fraternidade de cada ano explicita o compromisso dos fiéis
na vivência concreta da quaresma. Ele pode ser entoado em algum momento da homilia – o
que facilitaria a vinculação da liturgia da Palavra com o “chão” da vida (tema da CF) - ou nos
ritos finais, no momento do “envio”.
Nestes três dias, vivenciamos, de forma condensada, o mistério pascal de Cristo que
se desdobra nas celebrações do “Tríduo Sacro” de sua morte, sepultura e ressurreição.
O canto de abertura da Missa na Ceia do Senhor - “Quanto a nós devemos gloriar-
nos na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo que é nossa salvação, nossa vida, nossa esperan
ça de ressurreição...” – nos dá o “tom” do que será explicitado ao longo da celebração: é na
glória dessa cruz que brilha o mandamento do amor (lava-pés); é no brilho dessa cruz que
resplandece o sacramento do amor (eucaristia); é no resplendor dessa cruz que podemos
cumprir o pedido do Mestre: “fazei isto em memória de mim”.
Na celebração da Paixão do Senhor, cantamos a confiança do Servo Sofredor que se
entregou, sem reservas, nas mãos d’Aquele que o pode livrar “do poder do inimigo e do
opressor” (Sl 30, 16) e aguarda com ânimo forte e resistente a sua salvação. Abandonando-
87
Cf. Hinário Litúrgico - 1, introdução.
88
O repertório litúrgico para este tempo encontra-se no CD “Liturgia V”, gravado pela Paulus.
89
Cf. Hinário litúrgico – 2, introdução. O repertório litúrgico para este tempo encontra-se nos CDs: “Liturgia XIII” e “Li
turgia XIV”, gravados pela Paulus.
89
nos com Cristo nas mãos do Pai, cantamos a esperança da vitória de seus fiéis seguidores,
os “crucificados” de nossos dias.
Na noite do Sábado, cantamos o esplendor de uma luz que jamais se apagará. Pro
clamamos as maravilhas de Deus que nos libertou das trevas da morte e nos devolveu a vida.
Revigoramos nosso compromisso batismal. E, enquanto nos alimentamos da ceia eucarística
cantamos: “Celebremos nossa páscoa, na pureza, na verdade. Aleluia!” 90.
O tempo comum – o mais extenso do ano litúrgico – nos possibilita desfrutar de ou
tros aspectos da vida e da missão de Jesus e seus discípulos, que não são contemplados nos
tempos do Natal e da Páscoa. Cada domingo do tempo comum tem o sabor de “páscoa sema
nal”. O Hinário Litúrgico – 3 traz um rico repertório que acompanha o conteúdo central do
evangelho de cada domingo, sobretudo nos versículos das aclamações ao evangelho e nos
refrãos dos cantos de comunhão 92.
* Celebrações do Senhor
Apresentação do Senhor no Templo (2 de fevereiro);
90
Cf. Hinário litúrgico – 2, introdução. O repertório do Tríduo Pascal encontra-se no CD duplo “Liturgia XV”, gravado pela
Paulus.
91
O repertório litúrgico do Tempo Pascal (ano B) encontra-se no CD “Liturgia X”, gravado pela Paulus. O repertório dos
anos A e C está fase de gravação.
92
O repertório litúrgico do tempo comum encontra-se gravado nos CDs “Liturgia VI e VII” (ano A), “Liturgia IX” (ano B) e
“Liturgia XI e XII” (ano C), gravados pela Paulus.
90
Anunciação do Senhor (25 de março).
Santíssima Trindade (domingo depois de pentecostes);
Transfiguração do Senhor (6 de agosto);
Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro);
Cristo, Rei do Universo (último domingo do T. Comum).
* Outras celebrações:
Maria (Mãe de Deus, Assunção, Imaculada Conceição, Aparecida);
Santos (Natividade de S. João Batista, São Pedro e São Paulo Apóstolos, To
dos os santos);
Dedicação da Basílica do Latrão;
Comemoração dos fiéis defuntos 93.
A Instrução sobre a Música Sacra, dentre outras coisas, nos recomenda que na medi
da do possível, celebrem-se com cantos os sacramentos e sacramentais de maior importância
na vida de toda a comunidade paroquial, como o Batismo, a Confirmação, as Ordenações, o
Matrimônio, a Dedicação de uma Igreja ou de um altar, as Exéquias etc. Ela adverte-nos para
atentamente cuidarmos para que, sob o pretexto de solenidade, nada se introduza de mera
mente profano ou menos condizente com o culto divino, principalmente na celebração do ma
trimônio94.
Os textos dos cantos sejam inspirados na Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas 95.
Cada canto ou música seja executado de acordo com sua função ministerial, ou seja, no mo
mento ritual específico de cada celebração 96.
A liturgia como ação de Cristo e da Igreja, “que atinge a cada um dos seus membros
de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual” (SC
26), é uma ação ministerial. Pelo exercício dos ministérios e funções, todos os membros de
93
O repertório litúrgico de todas as solenidades e festas mencionadas encontram-se em quatro CDs, gravados pela Paulus:
“Festas litúrgicas I”, “Festas litúrgicas II”, “Festas litúrgicas III” e “Festas litúrgicas IV”.
94
Cf. MS 43. Ainda sobre este assunto: Cf. MS 42, 44-46; CNBB, A música litúrgica no Brasil, (Estudos da CNBB, 79), n.
327-338.
95
Cf. SC 121.
96
Cf. SC 112.
91
uma assembléia contribuem, cada um a seu modo, e em base aos dons e carismas recebidos,
para a edificação do corpo eclesial, “sacramento de unidade” (cf.1Cor 14,5; Ef 4,12).
São ministérios exercidos pelo bispo, pelo presbítero e pelo diácono. Situam-se no
horizonte da unidade, da animação, da coordenação e da presidência da comunidade 97 e das
ações litúrgicas (cf. IGMR 92-95).
97
Cf. CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas (Documento 62), n. 87.
98
IGMR, n. 98; cf. IGMR n. 187-193.
99
IGMR, n. 99; cf .IGMR n. 194-198;
100
Cf. CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas (Documento 62), n. 87.
101
CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 60; CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas (Docu
mento 62), n. 87.
102
Cf. CDC, cân. 230, #3, 943 e 1112.
92
Os ministros extraordinários da sagrada Comunhão, homens e mulheres, prestam um
serviço litúrgico e de caridade. Segundo o testemunho dos Santos Padres, este ministério
existe desde a antiguidade 103. Estes ministros assumem a presidência e distribuem a sagrada
Comunhão nas Celebrações da Palavra 104; ajudam a distribuir o Pão Eucarístico em assem
bléias numerosas105; levam a Comunhão aos enfermos e, em caso de necessidade, adminis
tram o Viático106; na ausência do padre ou diácono, expõem o Santíssimo Sacramento para a
adoração dos fiéis e o repõem sem dar a bênção; por vezes, acompanham os velórios e ofici
am as exéquias; dão a bênção aos idosos e doentes 107.
O bispo local “tem a faculdade de permitir a cada um dos sacerdotes, no exercício do
sagrado ministério o poder de designar uma pessoa idônea, a qual, nos casos de verdadeira
necessidade, distribua a sagrada Comunhão ad actum”108.
Quem recebe o ministério de acólito já está habilitado para as funções de ministro ex
traordinário da Sagrada Comunhão 109. O Rito para conferir o Ministério Extraordinário da dis
tribuição da Sagrada Comunhão encontra-se no Pontifical Romano.
O fiel a ser escolhido como ministro extraordinário da sagrada Comunhão deve distin
guir-se pela vida cristã, pela fé e bons costumes e ter sido devidamente instruído para exer
cer tão nobre ministério 110. Convém que os ministros extraordinários da sagrada Comunhão
mantenham postura digna durante a celebração. Se permanecerem no presbitério, ajudem o
presbítero ou o diácono na preparação das ofertas. Antes de distribuírem a sagrada Comu
nhão, purifiquem as mãos e, depois da comunhão, auxiliem na purificação dos vasos sagra
dos na credência.
103
Cf. São Basílio, Epístola 93; São João Crisóstomo, Homilia 24 in 1Cor.
104
Cf. Instrução acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes
(15.08.1997), art. 8.
105
Cf. Instrução Fidei Custos sobre os ministérios extraordinários da administração da santa comunhão (30 de abril de 1969), n.
1.a.b.c.
106
Rito da unção dos enfermos, Introdução, n. 29.
107
Cf. Ritual de Bênçãos, Introdução, n. 260.
108
Instrução Immensae caritatis para tornar mais fácil a Comunhão sacramental em algumas circunstâncias (29.01.1973), n.
2.
109
Cf Instrução Inaestimabile donum sobre algumas normas relativas ao culto do mistério eucarístico (3 de abril de 1980), n. 10;
IGMR 162 e 192.
110
Cf. Instrução Fidei custos sobre os ministérios extraordinários da administração da santa comunhão (30 de abril de 1969), n. 5.
93
contra-se o rito a ser usado por ministro (a) extraordinário (a) do batismo. Cabe ao bispo dio
cesano definir critérios sobre a necessidade deste ministério (Cân 861) bem como instituí-lo
em sua diocese. Os documentos da Igreja alertam para que se tome cuidado com interpreta
ções por demais extensivas e se evite conceder essa faculdade de forma habitual. Segundo
essas orientações, não constituem razões suficientes para se conceder este ministério, o ex
cessivo trabalho do ministro ordinário, sua não residência no território da paróquia, tampouco
sua não disponibilidade no dia previsto pela família 111.
O ministro extraordinário do batismo deve estar preparado para a celebração desse
sacramento, o que significa saber o que é o batismo, com suas implicações de preparação e
de compromisso futuro, assim como viver sua adesão a Jesus, dando testemunho dele.
Se ele está convicto do valor do batismo, vai realizá-lo com seriedade e com alegria,
pela felicidade de estar diante do mistério de uma vida nova em Jesus Cristo.
Tudo deve ser feito e falado com tranqüilidade e clareza, em vista da boa participação
de todos.
É muito importante o acolhimento a ser dispensado aos pais, padrinhos e participan
tes, que seja um acolhimento fraterno e amigo, pelo nascimento do novo irmão ou irmã na co
munidade.
A postura do ministro e sua fala devem lembrar que toda a comunidade está ali, re
presentada por ele e por mais alguns participantes. O fato de o ministro agir com uma equipe
já é fator positivo nesse sentido.
Este ministério pode ser concedido a leigos, homens e mulheres, somente em casos
de grave falta de ministros ordenados. A delegação é feita pelo Bispo depois de ter obtido o
voto favorável da Conferência Episcopal Nacional, ou seja da CNBB, e a necessária licença
da Santa Sé. Nem padre nem diácono, em nenhuma circunstância, podem autorizar um fiel
não ordenado a exercer este ministério.
Embora seja testemunha qualificada do matrimônio, o titular deste ministério não tem
a faculdade de conceder as dispensas previstas no Cânon 1079 § 1 e 2.
A testemunha qualificada do matrimônio deve ser sob todos os pontos de vista uma
pessoa digna, preparada intelectualmente e que não tenha nenhum desejo de obter proveito
pessoal com este ministério; tenha capacidade de preparar os futuros esposos e tenha condi
111
Cf. Instrução Ecclesiae de mysterio, acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministé
rio dos sacerdotes, art. 11.
94
ções de presidir a celebração de modo tal que apareça o significado espiritual do sacramen
to.
Geralmente muitos elementos festivos acompanham a celebração, mas eles nunca
devem encobrir a nobre simplicidade dos gestos litúrgicos. O ministro, portanto, não pode se
prender àqueles detalhes: flores, roupas, etc. Quem dera tudo isso expressasse a consciên
cia e alegria do mistério celebrado.
O ministro deve falar com clareza e tranqüilidade a sua mensagem. Não seja moralis
ta, mas irmão e amigo. É importante que os noivos e os convidados sintam que o ministro é
uma pessoa realizada e que, de coração sincero, deseja aos noivos toda a felicidade que
Deus quer para eles.
Os participantes devem perceber, pela fala e pelos gestos do ministro, que ele faz
parte de uma equipe. Isto será um indício do papel que a comunidade de fé tem na celebra
ção do matrimônio.
Também o(a) leigo(a) que preside uma celebração litúrgica é sinal de Cristo-cabeça
da Igreja.
Mas existe igualmente um motivo prático para este ministério: a coordenação dos di
versos elementos da celebração dominical da Palavra exige um serviço de presidência. Os di
áconos são os primeiros indicados para exercer este ministério. No entanto, todo cristão, ho
mem ou mulher, por força do seu batismo e confirmação, pode assumir legitimamente este
serviço. Dentre os não ordenados, os acólitos e os leitores, instituídos para o serviço do altar
e da Palavra de Deus, têm preferência. Devem ser escolhidos tendo em atenção as suas qua
lidades de vida em consonância com o Evangelho e a sua aceitação pela comunidade, à qual
devem ser apresentados em celebração especial. Devem ter um mandato especial do Bispo,
que deve dar as indicações oportunas sobre a duração, o lugar e as condições 112.
Cada um dos gestos e palavras, o tom da voz e a atitude de quem preside a c elebra
ção da Palavra devem revelar a ternura do Espírito, de quem recebeu o dom para atuar na
assembléia de irmãos. Como presidente, sua função é ajudar o povo a tomar parte de cada
ação litúrgica e a viver interiormente o sentido de cada uma delas, não com discurso, mas fa
zendo bem e colocando alma naquilo que faz. Sua principal tarefa é tecer relações entre
Deus e seu povo, entre os ministérios e a comunidade celebrante, fazendo das pessoas reu
112
Cf. Instrução Ecclesia de mysterio, acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério
dos sacerdotes, art.7 § 1.
95
nidas uma assembléia, uma comunidade participante, um povo que exerce o seu sacerdócio.
Assume espiritualmente a atitude de Jesus que veio para servir e não para ser servido. O ser
viço da presidência na celebração dominical da Palavra pode admitir mais de uma pessoa
(co-presidência), mas que fique evidente aquele que é sinal de Cristo-Cabeça, os outros são
como que auxiliares. "Isso não significa que essa pessoa deva falar o tempo todo ou comen
tar tudo aquilo que os outros ministros fazem... Não! Trata-se mais de uma atitude e de um
olhar: de atenção amorosa, de `peso`, de autoridade (que é o oposto de autoritarismo), de
responsabilidade, de oração (estar constantemente ligado com Deus), de sóbria alegria, de
cuidado com a participação de toda a comunidade" 113.
Compete a quem preside, na abertura, o sinal da cruz, a saudação em nome de Je
sus, a exortação ao mistério do dia, o convite para a recordação da vida, o ato penitencial e o
glória (se houver), o convite para a oração e a oração; na liturgia da Palavra, a exortação
para a escuta da Palavra, a proclamação do Evangelho, a partilha da Palavra na homilia, o
convite e a conclusão da oração dos fiéis; na ação de graças, a louvação e a bênção (quan
do há alimentos), o convite para o abraço da paz; o convite ao Pai-nosso, a distribuição da
comunhão junto com os demais ministros da comunhão; nos ritos finais, a oração depois da
comunhão ou da partilha dos alimentos, o convite para a vivência da semana, a saudação fi
nal, a bênção e a despedida.
Outros ministérios que não são instituídos, mas que podem ser um serviço litúrg ico de
forma estável ou ocasional, são: coroinhas, leitores, salmistas, grupo de cantores, instrumen
tistas, regente do coral ou do canto, sacristães, animador (comentarista), os que fazem as co
letas na igreja, recepcionistas, mestre de cerimônias. Além destes ministérios e serviços, inú
meros homens e mulheres assumem, na celebração, serviços espontâneos que a tornam
mais participada114.
IX - O ESPAÇO CELEBRATIVO
113
I. BUYST, Presidir a celebração do dia do Senhor, S. Paulo, Paulinas, 2004, p. 28.
114
Cf. CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 62.
96
O primeiro espaço a ser cuidado, o espaço por excelência, são as pessoas. Quando
os cristãos ainda não possuíam locais para as suas celebrações, mas celebr avam nas casas,
os santos padres faziam questão de lembrar aos fiéis que o templo não são os muros, mas as
pessoas. Nos primeiros séculos do cristianismo, as casas onde os cristãos se reuniam se
chamavam “domus eclesiae”, a casa da Igreja.
1. Átrio
O cuidado para que cada pessoa se sinta bem, seja bem acolhida, demanda uma sé
rie de serviços e espaços. A entrada ou átrio tem a função de acolher, recepcionar, preparar,
predispor, informar, fazer a transição. Neste átrio, um mural, com cartazes, avisos, fotos das
atividades pastorais, das ações caritativas que a celebração suscita e a comunidade promo
ve, uma frase do Evangelho do dia, contribui para introduzir no mistério celebrado.
2. O lugar da assembléia
“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt
18,20). “Reunidos, como comunidade celebramos o mistério pascal para tornar-nos, cada vez
mais verdadeiramente o que os batizados nunca deixamos de ser: o corpo ecl esial de Cris
to”116.
A forma radial (ao redor de) ajuda a comunidade a participar melhor. Os bancos ou
cadeiras acomodem bem as pessoas. Acomodar significa também respeitar as pessoas com
115
Ritual da dedicação da Igreja e altar, Introdução n.1.
116
CNBB, A eucaristia na vida da Igreja (Estudos da CNBB n. 89), p. 73.
97
necessidades especiais: mães com crianças de colo, mulheres grávidas, pessoas portadoras
de deficiências e idosos.
3. O lugar da presidência
Todo o espaço manifeste que somos um povo convocado por Deus, no Espírito, sob a
presidência de um ministro ordenado. “O celebrante principal da Eucaristia é o próprio Cristo;
ele está visível no ministro ordenado, sacramento do Cristo cabeça, e na assembléia seu cor
po eclesial” 118.
A forma e o material da cadeira criem uma unidade com o altar e o ambão. Não
são indicadas para o espaço litúrgico cadeiras comerciais, feitas em série, que co mbinam
117
Ver matéria no capítulo sobre a música.
118
CNBB, A eucaristia na vida da Igreja (Estudos da CNBB n. 89), p. 112.
98
com mesas de sala de jantar, mas não combinam com as peças litúrgicas. As cadeiras com
almofadas são indicadas para os climas frios.
Para realçar a unidade, é bom que a cadeira do presidente nunca esteja isolada, sozi
nha, mas ladeada pelos assentos dos concelebrantes, diáconos e demais ministros. Convém
que, antes de ser destinada ao uso litúrgico, que se faça a sua bênção 119.
4. O lugar da Palavra
Não há nenhuma norma que estabeleça qual o local mais adequado para o am
bão. A sensibilidade litúrgica aliada à estética fará encontrar o melhor lugar para situá-lo. Al
gumas Conferências Episcopais incentivam que se pense o ambão também fora do presbité
rio, próximo da assembléia, como testemunha a tradição litúrgica.
A procissão que o diácono faz, ladeado pelos acólitos, com incenso e velas, du
rante o canto de aclamação, carregando o Evangeliário, que até este momento deve estar so
bre o altar, perde o sentido e a beleza se a distância entre o altar e o ambão for muito peque
na.
119
Cf. IGMR 310 e cf. Ritual Romano, Ritual de Bênçãos, ed. Típica 1984, Bênção de Cadeira de Presideência, n. 880-899.
120
CNBB, A eucaristia na vida da Igreja (Estudos da CNBB n. 89), p. 93.
99
É de suma importância recuperar a identidade deste “lugar” do anúncio da Pal avra
dentro do espaço celebrativo.
Convém que, em toda a igreja, exista um altar fixo que significa de modo mais claro e
permanente Jesus Cristo, pedra viva (1 Pe 2,4; cf. Ef 2,20) (Cf. IGMR 298).
O altar dentro da igreja goza da mais alta dignidade, merece toda honra e distinção,
pois nele se realiza o mistério Pascal de Cristo, do qual é símbolo por excelência.
Pela sua dignidade e valor simbólico, o altar não pode ser um móvel qualquer ou uma
peça sem expressão, mas precisa ser nobre, belo, digna, plasticamente elegante. Nada se
sobrepõe ao altar. Ele pode ser realçado com a toalha, as velas, a cruz processional, as flo
res. Todos estes elementos devem enfatizar a sua nobreza e sobriedade, sem escondê-lo ou
dificultar as ações litúrgicas.
6. O lugar do batismo.
O lugar da fonte batismal deve ser pensado em conjunto com os outros espaços,
manter sempre a conexão com o espaço da celebração eucarística, mas não colocado no
presbitério. O costume de colocar a fonte batismal próxima da entrada também é válido, con
tanto que favoreça a participação da comunidade e os deslocamentos necessários d urante o
rito não sejam dificultados. O ritual do batismo fala da fonte batismal com água natural e lim
pa. Dependendo das condições do lugar, a água pode ser aquecida 122.
“O batistério ou lugar onde a fonte batismal jorra água,... deve ter tal amplitude, que
possa conter o maior número possível de pessoas presentes. Encerrado o tempo da Páscoa,
é conveniente conservar-se o círio pascal em lugar de honra dentro do batistério, de maneira
que nele se possam com facilidade acender as velas dos batizandos na celebração do batis
mo”123.
7. O lugar da reconciliação
“O sacramento da penitência, a não ser que haja justa causa, normalmente é celebra
do na igreja ou oratório... cuide-se que haja sempre, em lugar visível confessionários com
grades fixas entre o penitente e o confessor, os quais possam ser usados livremente pelos fi
122
Cf. Ritual do batismo de crianças, nn. 18-20.
123
Ritual do batismo de crianças, n. 25.
101
éis que o desejarem”124. Também podem ser previstos locais que contemplem outras modali
dades: com a grade ou o contato direto.
O lugar da Reconciliação deve ser previsto dentro do conjunto da igreja como os de
mais espaços. Não pode ser uma simples caixa de madeira que se coloca aqui e acolá sem
relação com o conjunto arquitetônico. A reconciliação é a festa do retorno e por isso o espaço
demanda boa iluminação, ventilação adequada e a necessária privacidade. É bom que este
espaço faça parte do corpo da igreja para que o sacramento manifeste a sua íntima ligação
com a comunidade eclesial que aí se reúne.
O sacrário pode estar sobre um aparador, sobre base ou coluna ou embutido na pró
pria parede. Para realçar o sacrário, a parede pode ser pintada com uma cor de de staque ou
revestida com um material que combine, evitando-se as cortinas. Perto do sacrário, é bom
prever um apoio para que os ministros possam depor as âmbulas, enquanto o abrem e fe
cham. Haja uma lamparina permanentemente acesa, indicando a presença do Santíssimo.
As imagens, pinturas e vitrais não são meros enfeites para o espaço. Elas poss uem
uma função mistagógica. Ajudam-nos a compreender e a entrar no mistério que celebramos.
124
Introdução Ritual da Reconciliação, n. 12.
102
Na tradição cristã, as imagens traduzem o que o próprio nome diz: são veículo para
compreender o mistério de Deus. Por isso, no primeiro milênio não havia preocupação com
as formas, mas com o conteúdo revelado. Tudo devia conduzir e convergir para Cristo.
O Missal Romano recomenda que haja uma justa ordem na disposição das imagens e
que não haja mais que uma do mesmo santo (cf. IGMR 318).
10. Decoração
“Na Igreja, que é o Corpo de Cristo, nem todos os membros desempenham a mesma
função. Esta diversidade de funções na celebração da Eucaristia manifesta-se exteriormente
pela diversidade de vestes sagradas, que por isso devem ser um sinal da função de cada mi
nistro. Importa que as próprias vestes sagradas contribuam também para a beleza da ação
103
sagrada” (IGMR 335). Há veste para o presbítero, para o diácono, para os leitores, para os
ministros extraordinários da comunhão e para os coroinhas ou os acólitos.
Convém que a beleza e nobreza de cada vestimenta decorram não tanto da mul
tiplicidade de ornatos, mas do material usado e da forma (cf. IGMR 344). Os tecidos e as fi
bras naturais se prestam para esta função, pois têm uma boa caída e quase sempre apresen
tam um aspecto de sobriedade.
“As diferentes cores das vestes sagradas visam manifestar externamente o cará
ter dos mistérios celebrados e também a consciência de uma vida cristã que progride com o
desenrolar do ano litúrgico” (IGMR, 345).
“Com relação à cor das vestes sagradas, seja observado o uso tradicional, a saber:
125
MARTIMORT A. G., A Igreja e oração Vol. I, Ed. Vozes, 1988, pg. 173.
104
g) em dias mais solenes podem ser usadas vestes sagradas festivas ou
mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia.
Para consagrar as hóstias, é conveniente usar uma patena de maior dimensão, onde
se coloca tanto o Pão de quem preside como o de toda a assembléia (cf. IGMR331).
13. Sacristia
A sacristia faz parte do templo. Como o nome bem o diz, é “pequeno sagrado”, ou
seja, extensão do santuário. Nela se guarda e se encontra tudo o que é necessário para as
celebrações e nela os ministros se paramentam e se preparam para a celebração.
Em igrejas maiores, o ideal é ter duas sacristias: a grande sacristia, localizada próxi
ma à entrada da igreja ou em outro local, e a sacristia de apoio, perto do presbitério, onde se
encontra somente o necessário para a missa.
Esta divisão cria dois ambientes distintos, um de preparação e paramentação dos
ministros, e outro, menor, com o material estritamente necessário para a celebração.
A grande sacristia terá um armário, com diversas divisões. Numa parte arrumam-se,
de forma bem ordenada, os paramentos para os vários tempos litúrgicos: casulas, alvas, cín
105
gulos, túnicas, estolas, capas para asperge e bênção do Santíssimo, véu umeral, vestes dos
demais ministros. Noutra parte do armário, colocam-se coisas menores como: sanguíneos,
corporais, manustérgios, palas, toalhas para o altar e para a credência. Noutra parte ainda,
bem fechada, guardam-se: cálices, cibórios, patenas, relicários, sinos, castiçais, crucifixos,
aspersórios, turíbulos, naveta, incenso, ostensório, livros de oração, rituais, evangeliário, leci
onários, santos óleos, missal, hóstias, galhetas.
Na grande sacristia, pode haver também outro armário próximo a um tanque com va
sos para flores, objetos afins e velas. Parte desse armário pode conter imagens, objetos pró
prios da Semana Santa, presépio para o Natal etc.
Haja ainda, na grande sacristia, um banheiro e um local para lavar as mãos e também
um local com tanque para a limpeza e a arrumação das flores.
É bom pensar num depósito para cadeiras, genuflexórios, tapetes, andores e outros
objetos, para que não haja desleixo e os materiais não se estraguem.
A sacristia de apoio terá uma mesa, cadeiras e um armário com objetos próprios da
celebração que vai se realizar.
Nas comunidades menores, uma sacristia é suficiente, porém precisa ser bem cui
dada, limpa e ter o mínimo necessário. A sacristia faz parte do templo, por isso seja harmo
niosa e bem arrumada. Ela é lugar do respeito, do silêncio, da concentração para o presi
dente, os(as) ministros(as), os coroinhas e os demais participantes da equipe de celebra
ção. O objetivo de uma sacristia é favorecer sempre a harmonia e a acolhida.
No Brasil, existem muitas igrejas construídas antes do Concilio Vaticano II que preci
sam ser adaptadas à liturgia atual sem, no entanto, descaracterizá-las ou depredá-las.
O Concílio nos orienta: “Revejam-se quanto antes juntamente com os livros
sacros,...os cânones e os estatutos eclesiásticos que dizem respeito às coisas externas per
tencentes à preparação do culto sagrado, principalmente quanto à digna e funcional constru
ção das igrejas, à forma e edificação dos altares, à nobreza, disposição e segurança do ta
bernáculo eucarístico, à funcionalidade e dignidade do batistério, bem como a ordem razoá
106
vel das sagradas imagens, da decoração e ornamentação. O que parecer menos conveniente
à liturgia reformada seja emendado ou abolido; o que porém a favorecer seja mantido ou in
troduzido” (SC 128).
Esta tarefa solicitada pela Igreja deve ser confiada a uma equipe de pessoas que te
nham competência nas diversas áreas: litúrgica, pastoral, artística, museológica.
Os responsáveis para decidir sobre as adaptações, as reformas e construções são: o
pároco, as Comissões diocesanas de Arte Sacra e o bispo (cf. SC 126).
Tudo o que pertence à Igreja não deve ser alienado ou vendido, mas deve ser con
servado em local apropriado na igreja ou no museu diocesano de Arte Sacra.
Muitas peças antigas também podem servir para o uso litúrgico: turíbulos, castiçais,
cruzes processionais etc.
A área do presbitério das igrejas históricas, tombadas ou não, deve aos poucos ser
adaptada à liturgia e adquirir um caráter de estabilidade superando a idéia do provisório.
O altar-mor quase sempre possui um sacrário, que acaba ficando atrás do novo altar
e nas costas de quem preside a celebração. Esta situação, em muitos casos, pode ser resol
vida transportando o sacrário para uma capela lateral ou então deixando-o no altar-mor, mas
deslocando a cadeira da presidência para uma lateral e trazendo o novo altar bem para fren
te, o mais próximo do povo possível.
A liturgia reformada resgatou o ambão que, na maior parte das igrejas antigas, inexis
te. Os púlpitos nem sempre se prestam para serem adaptados como ambão, mas em certos
casos pode ser uma solução. Para estas questões, é impossível ter receitas prontas. Elas de
vem ser estudados uma a uma. O que se deve fazer é confiar esta tarefa a profissionais qua
lificados. Zelar pelo patrimônio não significa congelar o espaço, mas interferir nele com pro
priedade, adequando-o aos dias atuais e, ao mesmo tempo, salvaguardando a histórica de fé
e arte das nossas comunidades.
X – A PASTORAL LITÚRGICA
107
Pastoral litúrgica é o serviço para animar a vida litúrgica, levando em conta o co ntexto
social, histórico, cultural e eclesial das comunidades, tendo em vista a participação ativa,
consciente e plena de todos na celebração, para dela colherem os frutos espirituais.
A pastoral litúrgica, com a participação da comunidade ou de seus representantes,
ocupa-se com a preparação, realização e avaliação das celebrações. Comporta uma adequa
da organização da vida litúrgica em todos os níveis eclesiais e uma permanente formação li
túrgica do povo, dos ministros e das equipes de liturgia.
126
No Brasil, a Comissão Litúrgica em nível de Conferência intitula-se Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, integrada por três
bispos, um deles como Presidente, e por três assessores nos setores de Pastoral Litúrgica, Música e Canto Pastoral, Espaço Celebra
tivo e Arte Sacra.
108
• colocar em prática a reforma litúrgica;
• sugerir aos presbíteros iniciativas práticas para fomentar a vida li
túrgica;
• fazer um planejamento progressivo da ação pastoral litúrgica, re
correndo a pessoas competentes;
• fazer com que a pastoral litúrgica caminhe de forma integrada com
as dimensões bíblico-catequética, de música e arte, com a pastoral de conjun
to127.
c) Paróquia e comunidades - a animação litúrgica paroquial reveste-se de
um caráter bem mais concreto e prático do que nas demais instâncias. A meta é a
vida litúrgica paroquial/comunitária, a busca de celebrações bem preparadas e par
ticipadas, qualificação dos ministros e servidores.
Na paróquia ou comunidade, a pastoral litúrgica é concretizada, dinamizada e viabili
zada através de uma equipe de liturgia, unida e entrosada, imbuída da mística do serviço gra
tuito, comprometida com a vida da comunidade e marcada pelo zelo de preparar celebrações
orantes, inculturadas, festivas e repletas de Deus.
As paróquias, nos seus orçamentos anuais, incluirão as despesas
com a formação de seus agentes, a aquisição de subsídios e do material necessário para
o estudo das equipes e a preparação das celebrações
A presença e atuação das equipes de pastoral litúrgica são lembradas no Vaticano II,
quando afirma que “as ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja...
que pertencem a todo o corpo da Igreja” (SC 26); que “cada ministro ou fiel, exercendo o seu
ofício, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compe
te” (SC 28); que “os que servem ao altar, leitores, comentaristas e o grupo de cantores....
127
Cf. Instrução Inter Oecumenici (26.09.1964), n. 45-47.
109
exercem também um verdadeiro ministério litúrgico” (SC 29). O Concílio evidencia ainda a ne
cessidade da atuação de equipes, quando se refere ao incremento da vida e da ação pastoral
litúrgica (cf. SC 41-46).
A Instrução Geral sobre o Missal Romano, apresenta alguns critérios que orie ntam a
existência e o agir das equipes de pastoral litúrgica:
A ação das equipes de pastoral litúrgica é um ministério. Elas são o coração e o cére
bro da animação das celebrações e do desenvolvimento da pastoral litúrgica. Na atual práti
ca eclesial da animação litúrgica, interagem as equipes de pastoral litúrgica e as equipes de
celebração.
128
Cf. CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 187 e 215.
111
animação litúrgica. O ideal é que ela seja plural, isto é, que reflita e integre a diversidade de
idades, sensibilidades e engajamentos nas diversas dimensões da pastoral da Igreja 129.
A equipe de pastoral litúrgica atua bem quando constituída por pessoas que amam a
liturgia e prestam serviço de forma gratuita e desinteressada, aceitando trabalhar em equipe
e aderindo ao processo de formação permanente. Ela é, antes de tudo, uma equipe de vida,
de oração, imbuída do espírito do serviço gratuito e comprometida com a santidade e a espiri
tualidade da comunidade 130.
Para uma efetiva participação e crescimento eclesial, é muito importante que, periodi
camente, se renove o quadro de seus membros. Isto evitará os monopólios, o cansaço e a ro
tina131.
129
Cf. Idem, n. 216.
130
Cf. SIVINSKI M., Pastoral Litúrgica, em Curso de Especialização em Liturgia (Cadernos de Liturgia 4), São Paulo, Paulus, 1995,
p. 114.
131
Cf. CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Ducumento 43), n. 216.
132
Cf. Idem, n. 217.
112
• preparar tudo o que for necessário para uma determinada forma
celebrativa;
• elaborar a celebração nos seus diferentes elementos e momentos,
tendo presente a integração entre o mistério celebrado e a vida das pessoas;
• definir as expressões e gestos simbólicos;
• escolher os cânticos e hinos levando em conta os momentos da
celebração, o tempo litúrgico e a experiência da comunidade;
• distribuir correponsavelmente as diversas funções e serviços:
• preparar-se técnica e espiritualmente para o desempenho compe
tente das funções litúrgicas, tendo em vista a participação ativa da assembléia;
• executar ritualmente o que a equipe preparou e/ou auxiliar na exe
cução dos elementos rituais;
• avaliar, periodicamente, a prática celebrativa à luz da vida da co
munidade eclesial e da vida como um todo, isto é, enraizada na realidade do
bairro, da cidade ou do meio rural. A liturgia deverá ser sensível às condições
do povo133.
As equipes de celebração evitarão o uso de folhetos litúrgicos ou livretos pela assem
bléia celebrante. Eles podem empobrecer a ação simbólica e destruir a sacramentalidade da
liturgia (cf. IGMR, 317). A atenção de todos está centrada no altar, no ambão e na ação de
quem preside ou anima a celebração. A proclamação da Palavra de Deus, das Orações Eu
carísticas e das outras Orações deve ser acompanhada, ouvida e vivenciada com o olhar e o
coração voltados para as pessoas que exercem em nome de Cristo o ministério litúrgico.
Como povo sacerdotal não somos leitores de folhetos, mas atores da liturgia.
3. A formação litúrgica
133
Cf. Ibidem, n. 194.
113
- que possa levar ao enriquecimento espiritual de todo o povo 134.
Para tanto, é mister que, antes de tudo, se programe e se promova boa formação
litúrgica, inicial e permanente, para todos os cristãos e cristãs, desde os professores dos
institutos de teologia até os fiéis das nossas comunidades (cf. SC 14-19).
Um bom meio para articular o serviço da animação da vida litúrgica de uma paróquia,
diocese ou regional é o plano de ação da equipe de liturgia. Um plano bem feito e realista
permite caminhar com mais segurança, sabendo-se onde se quer chegar. Existem diferentes
modos de se elaborar um plano. O mais importante é começar pelo planejamento do rumo e
das atividades que vão garantir o verdadeiro serviço de pastoral litúrgica. A própria ação de
elaborar o plano ou o calendário de atividades se constitui em exercício de comunhão e de
participação.
134
Cf. Ibidem, n 189.
135
“Nesta perspectiva permanece mais do que nunca a necessidade de incrementar a vida litúrgica no interior de nossas comunidades,
através de uma formação adequada dos ministros e de todos os fiéis, em vista da plena, consciente e ativa participação nas celebra
ções litúrgicas auspiciada pelo Concílio”. Carta Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II no XL aniversário da SC.
136
Cf. CNBB, Animação da Vida Litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 195; Cf IGMR 386-398;
114
Como toda programação, também um plano de ação da equipe de liturgia supõe: co
nhecer bem a realidade da vida da paróquia, da diocese ou da comunidade; a partir do levan
tamento ou do diagnóstico da realidade, estabelecer as prioridades (ter clareza sobre as prin
cipais necessidades e ações); definir o que se quer alcançar (objetivos geral e específico); fa
zer um levantamento dos recursos humanos (pessoas), econômicos (dinheiro), materiais (lo
cal para reuniões e dos meios disponíveis); elaborar a programação de projetos ou atividades
(pode-se seguir o esquema: o quê, como, quem, quando, com quê e onde); prever a avalia
ção das atividades realizadas.
137
Cf. Idem, n 211-228.
138
Cf. Ibidem, n. 218;
115
5.1 - Preparação remota
Para promover de fato a participação “plena, consciente e ativa” (SC 14) de toda a
assembléia na celebração litúrgica e evitarem-se improvisações desagradáveis, deve ha
ver também na comunidade um ministério litúrgico específico e de suma importância, ou
seja, uma equipe que se reúne previamente para preparar a celebração. Fazem parte des
ta equipe: músicos (instrumentistas, animadores do canto etc.), leitores, motivadores, mi
nistros da acolhida, arrumadores do espaço celebrativo, o presidente da celebração.
140
CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil (Documento 43), n. 226.
141
Idem, n. 227.
117
sempre desempenhado tendo presente a imagem do Cristo servidor de todos. Longe de nós
aparentarmos qualquer sinal de superioridade ou mesmo de prestígio na comunidade. Não se
trata de dignidade maior ou menor. Trata-se de pensar e agir como Jesus o fez: “Eu estou no
meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27).
8o – vivenciar as ações simbólicas - não basta dizer e combinar como vai ser a cele
bração, como vai ser uma determinada ação ritual. É recomendável também vivenciar previa
mente cada passo, rito, ação simbólica e cantos escolhidos pela equipe. Por isso, a equipe
deve marcar com as pessoas envolvidas na celebração um momento para a vivência. É bom
que seja no mesmo lugar onde vai ser a celebração. Não basta imaginar o lugar, é preciso ir
até lá para fazer a vivência. E como fazê-la? Primeiro, tomar consciência do sentido teológico
da ação litúrgica que se vai realizar (leitura, canto, toque de um instrumento, gestos etc.).
Com esta consciência tomada, tentar então realizar a ação, conscientemente, devendo daí
emergir uma atitude interior, espiritual, orante, na pessoa que vai exercer o ministério. Repe
tir, se possível, várias vezes, buscando vivenciar espiritualmente, de fato, a ação. Não é sim
plesmente ensaiar. Trata-se de vivenciar espiritualmente, isto faz parte da preparação para
uma celebração de boa qualidade e vale, sobretudo, para a proclamação da Palavra, pois os
ministros da Palavra – leitores(as) e salmistas – têm a grande responsabilidade de comunicar
aquilo que Deus quer dizer à comunidade. Trata-se de emprestar a voz, o olhar, as mãos, o
corpo para que a mensagem da salvação chegue à comunidade reunida. O bom seria que
os(as) leitores(as) e salmistas participassem também da reunião de preparação da celebra
ção, pois aí já teriam a oportunidade de aprofundar melhor o contexto e o significado de cada
leitura e assim poderiam depois expressar melhor a espiritualidade escondida naquele texto.
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