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VIDAS CRUZADAS
&
VIDROS QUEBRADOS
Capa/Diagramação
Magno Nicolau
Revisão
Cícero Émerson do Nascimento Cardoso
Ilustração da capa
https://www.istockphoto.com/br/foto/amor-cora%C3%A7%C3%A3o-de-fundo-gm621373622-108500141 (Muenz)
75p.
ISBN 978-85-463-0494-3
CDU 81-34
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Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810
EDITORA
www.ideiaeditora.com.br
A. J. S.
PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO - 6 -
PREFÁCIO DA VERSÃO EM EBOOK - 8 -
VIDAS CRUZADAS
SEM BALAS - 10 -
DE VOLTA AO PASSADO - 12 -
VERDADES - 14 -
MENTIRAS - 16 -
TORTURAS - 19 -
MALDITA APOSTA - 21 -
O PLANO DE ROUBO - 23 -
A FUGA - 25 -
A DESPEDIDA - 27 -
O ROUBO - 28 -
PRESOS NA CABANA - 30 -
SEM SAÍDA - 32 -
VIDROS QUEBRADOS
MEIA NOITE - 36 -
A CARTA - 39 -
NOSSO FILHO - 41 -
A MORTE EMINENTE - 43 -
PROPOSTA INFERNAL - 45 -
NO METRÔ - 48 -
A RUIVA - 51 -
O RECOMEÇO - 55 -
A CORDA - 59 -
O DEDO DE DEUS - 64 -
O ÚLTIMO BEIJO - 66 -
VIDROS QUEBRADOS - 69 -
POSFÁCIO - 72 -
SOBRE O AUTOR - 74 -
Prefácio da 1ª edição
SEM BALAS
DE VOLTA AO PASSADO
VERDADES
MENTIRAS
TORTURAS
MALDITA APOSTA
O PLANO DE ROUBO
A FUGA
A DESPEDIDA
O ROUBO
PRESOS NA CABANA
SEM SAÍDA
perguntou por que é que tua mulher procurava outros homens? Teu
pinto é pequeno! ― e caiu na gargalhada, misturada com tosse.
Cavalo do Cão atirou em sua cabeça. Sentiu-se
profundamente irado. Um ódio encheu o seu coração. Não se sabe
o motivo ao certo, mas ele não quis ir atrás de Adrian. Subiu em
seu cavalo e foi embora com os legionários sobreviventes, deixando
os corpos dos outros para trás.
Enquanto isso, bem distante dali, Adrian já se aproximava da
Fazenda Matas Virgens e, lá chegando, percebeu que Elisabeth
estava sentada ao lado de uma árvore. Aproximou-se calmamente e
pôde ouvir estas palavras:
― Meu Deus, que eles voltem em segurança!
― Aqui estou! ― exclamou Adrian esbaforido.
Elisabeth virou-se e então o viu. Ele estava muito machucado.
Abraçaram-se e ficaram assim por algum tempo. Beijaram-se. Foi
aí que Adrian sentiu que havia algo em um de seus bolsos. Meteu a
mão direita e tirou-o: era o diamante de cor-de-rosa que pertencera
a Alexandra.
VIDROS QUEBRADOS
MEIA NOITE
(01/09/2010)
A CARTA
(05/09/2010)
Ao ler isto, não posso negar que aquilo me doeu. Não falei
nada. Pedi permissão e saí da sala sem fazer comentários. Meu
chefe estranhou aquela atitude, pois sabia que eu estava
acostumado a ler e até mesmo a relatar fatos bem mais duros que
aquele.
Tentei almoçar – a comida me parecia úmida demais. Nem
aceitei o café. Saí dali meio enjoado e sem a menor vontade de
retornar ao trabalho naquele dia. Tudo ficou sombrio e desprezível.
Não senti interesse em nada mais pelo restante da tarde. Fui para
casa.
Melissa estava sentada como de costume na sacada do
Duplex. Ela usava um vestidinho vermelho, com detalhes pretos.
Suas curvas suaves e sua aparência física ainda eram a mesma de
outrora. Dez anos casados e nada de filhos. Isto me fez lembrar
daquela moça. Sara – este era o nome de uma jovem que teve sua
vida interrompida, ceifada!
Eu sentia que precisava esquecer essa história. Olhei para os
olhos de minha esposa, que sempre me fizeram feliz. Por muitos
momentos eles foram reconfortantes – ainda são.
Melissa me conhecia bem, deve ter percebido meu olhar
introspectivo. Ela, no entanto, não me perguntou nada. Olhou para
mim insinuante e apontou para o quarto. Eu a segui resignado. Ao
aproximar-se da cama, ela começou a tirar o vestido e tocou-me
com excitação. Eu deixei a tristeza de lado e a envolvi em um abraço
caloroso. Ela tirou o restante da roupa e, antes de deitar, também
tirou a minha. Passamos horas e horas nos amando.
Adormeci. Despertei algum tempo depois e vi que a minha
amada chorava e soluçava. Não entendi o que se passava com ela.
Foi aí que notei que ela segurava um papel em suas mãos. Pensei
que fosse a manchete do jornal ou qualquer outra coisa. Tentei
acalmá-la, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Ela não
parava de lamentar. Pedi o papel e li o que havia sido escrito e tomei
o maior susto ao ler essas palavras:
Sara (02/09/2010)
NOSSO FILHO
(10/09/2010)
― Não estou grávida! Desista, pois isto não vai acontecer. Sou
uma figueira seca! Você pode me deixar, se quiser... Não vou te
julgar por isso.
Estas foram algumas das últimas palavras de Melissa após
uma longa conversa comigo sobre nosso filho. Antes de nos
casarmos, nós havíamos falado sobre isto: eu queria filhos e ela
também. No entanto, os anos passaram e nada. Dez anos! Era algo
que nós dois falávamos um ao outro.
Tentamos todos os métodos naturais e científicos, mas o
resultado era o mesmo: negativo. Isto atrapalhava a nossa relação
a ponto de cogitarmos divórcio. Um de nós recuava e desistia dessa
loucura, afinal nós nos amávamos. Neste dia, no entanto, ela me
pareceu bem diferente, se mostrou decidida e saiu em busca de
uma advogada para dar entrada nos papéis do divórcio. Fiquei sem
chão.
Ao final da tarde, retornei ao Duplex e vi que ela já estava com
uma montanha de documentos, que só precisavam de minha
assinatura. Eu não tinha interesse em fazer isso, eu a amava muito.
Foi então que tive uma ideia e comecei o assunto:
― Tenho uma proposta para você...
― Fale.
― Você me ama?
― Eternamente.
― Quer uma saída?
― Sim.
― Vamos transar!
― Quê?
― Vamos fazer isto de forma diferente.
― Como assim?
― Dez dias, dez posições!
― Que ideia é essa?
― Quantos anos nós estamos casados?
― Dez anos!
― Então, eu só quero dez chances de mostrar o quanto te amo!
― Só isso? Mas eu nunca duvidei de teu amor. Não precisa.
― Mas eu quero assim mesmo, aceita?
― Tudo bem, mas com uma condição...
― Combinado!
― Não quer nem saber que condição?
Melissa (20/09/2010)
A MORTE EMINENTE
(20/09/2010)
PROPOSTA INFERNAL
(21/09/2010)
NO METRÔ
(21/09/2010)
A RUIVA
(22/09/2010)
1 N. A.: Ó senhor! Ó pai! Onde tu estás? Eu sou tua escrava, hoje e sempre, ó pai!”.
O RECOMEÇO
(23/09/2010)
A CORDA
(24/09/2010)
Meu amor, não fique triste e nem lamente pelo que farei
em seguida. Não posso viver com esta dor. Sinto muito.
Eu não suporto saber que a causa de todo o nosso
sofrimento é por causa de minha mãe. Fui feliz ao teu
lado cada segundo. Adeus! Mesmo na morte, te amarei
sempre!
Melissa (25/09/2010)
O DEDO DE DEUS
(25/09/2010)
[...].
O ÚLTIMO BEIJO
(28/09/2010)
com uma tampa com imagens de anjos. O caixão era feito de uma
madeira meio envelhecida, conservada e sem cheiro.
Melissa já estava posta em uma posição que ofuscava os
efeitos das queimaduras, ocultando o corpo em meio a uma
infinidade de flores. Pouco se podia ver do rosto, desfigurado e
queimado
― Nossa! São jasmins, gardênias e margaridas! ― estas flores
eram suas preferidas, lembrei.
O rosto dela não exibia mais nenhuma linha daquela beleza
de antes, não vi os belos olhos que haviam me envolvido em uma
paixão arrebatadora. Os cabelos estavam enfumaçados, sem brilho
e sem perfume. Só havia tristeza naquela que foi a minha amada.
Solicitei que fechassem o caixão, pois eu não aguentava mais
ver tudo aquilo. Não houve velório. Decidi que seria melhor enterrá-
la naquela mesma tarde. Não tínhamos parentes perto. O enterro
foi marcado para as dezenove horas e seria feito no cemitério local.
Saí do necrotério e voltei ao apartamento de Aline. Quando
entrei fui recebido aos beijos por ela.
― Onde você foi? Eu estava preocupada!
― Fui ao necrotério.
― E então?
― O enterro será hoje, no início da noite.
― Início? E que horas você pensa que é? Falta meia hora para
o pôr-do-sol.
― Nossa!
― Vamos tomar um banho, eu irei contigo! ― não tive tempo
para dizer qualquer palavra, pois ela segurou-me e levou-me ao
banheiro.
Tomamos banho. Nos vestimos. Em seguida fomos ao
cemitério. Não senti forças para ir junto ao carro em que o caixão
estava. Então, o esperamos em frente à entrada daquele lugar tão
fúnebre que arrepiava cada centímetro de meu peito. Aquele era um
lugar sem vida e vazio.
Ao entrarmos, lembrei que não havia comunicado aos meus
amigos e parentes. Esqueci-me também de ligar para os parentes
dela. Foi neste momento que lembrei que ela não tinha nenhum
parente ou familiar que eu conhecesse. Só havia a estória da mãe
dela, que inclusive já havia falecido há tempos.
Ao nos aproximarmos do local destinado a Melissa senti uma
enorme tristeza no peito. Quando ela foi colocada no buraco e quase
não pude mais ver o caixão, gritei:
― Melissa! Deixa-me beijá-la pela última vez! ― entrei no
buraco e fiquei a arrancar a areia com minhas mãos, chorando e
praguejando.
VIDROS QUEBRADOS
(30/09/2010)
Notei que ela não se parecia em nada com Melissa e que talvez
por este motivo eu pudesse amá-la, pois eu não me sentiria bem
vivendo com alguém semelhante à minha amada, pois por ser tão
diferente, Aline teria condições de apagar a tristeza que eu
carregava no peito. Depois, adormecemos.
No meio da noite um vento começou a soprar indo e vindo de
fora do apartamento. Fazia um barulho igual a de um assobio. E
isto ficava cada vez mais alto e mais barulhento. Nós
continuávamos dormindo, porém Aline levantou-se e foi à cozinha,
talvez beber um pouco de água.
Ela saiu caminhando meio sonolenta, acendeu a luz e viu que
havia alguém de costas, sentado, virado para a janela do quarto,
ficou paralisada. Não conseguia se mover ou falar, tomada de tanto
pavor, vendo aquela imagem ali imóvel. Tentou gritar, mas a voz
não saiu. Segurou um pequeno copo e o jogou no chão, fazendo um
barulho de vidros estilhaçados. Eu confesso: não ouvi nada. Ela
pegou outros dois e repetiu o ato. Nada. Eu permanecia quieto. Eu
estava mergulhando nas profundezas de um sono pesado.
A figura então falou para ela:
― Não adianta fazer nada disso. Ele não ouvirá!
― Como assim? Quem é você? ― falou ela, meio trêmula, sem
compreender o que se passava ali, correu até o quarto e tentou me
acordar. O ser maligno continuou falando, em alta voz:
― Eu vim buscá-lo.
― Quem é você? Vai levá-lo para onde?
― Para habitar comigo no inferno.
― Não! Não! Não!
― Ele irá sim. Eu já levei a esposa dele, junto com o filho.
― Não faça isso, eu te imploro!
― Não há saída! Ele é meu!
― Pelo nome do Deus vivo: Nosso Senhor Jesus! Deixe-o! Farei
o que desejar!
― Não toque no nome deste teu deus! Caso ouse proferir
alguma palavra dele, eu a matarei aqui e agora!
― Eu não me importo, por amor deste homem que aqui dorme,
lutarei até a morte! Afaste-se de mim satanás, maldito! Em nome
de Jesus, condeno-te a retornar aos infernos que é o lugar de onde
jamais deveria ter saído!
― Tu vais morrer, compreendes?
― Quem você pensa que é, maldito? Pensa mesmo que poderá
me tocar, sendo eu filha de Deus, batizada nas águas sagradas e
bendita pelo Espírito Santo! Mal sabe o que posso fazer naquele que
me fortalece! Deus enviou-me para salvar esta alma e você não
poderá tocá-la!
POSFÁCIO
14 de setembro de 2019
SOBRE O AUTOR
E-mail: adilio.souza@urca.br