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ISBN 978-85-522-1658-2
CDD 628
Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
Introdução a projetos ambientais���������������������������������������������������������������� 7
Seção 1
Conceitos básicos para elaboração de projetos ambientais���������� 9
Seção 2
Introdução a projetos ambientais – etapas de um projeto����������20
Seção 3
Introdução a projetos ambientais – elementos para a
redação de um projeto���������������������������������������������������������������������33
Unidade 2
Gestão de projetos ambientais�������������������������������������������������������������������50
Seção 1
Planejamento de projetos����������������������������������������������������������������52
Seção 2
Gerenciamento do cronograma������������������������������������������������������64
Seção 3
Outras normas pertinentes para atuação do profissional
farmacêutico��������������������������������������������������������������������������������������78
Unidade 3
Produção mais limpa����������������������������������������������������������������������������������94
Seção 1
Projetos de produção mais limpa���������������������������������������������������95
Seção 2
Implantação da metodologia de Produção Mais Limpa
(P+L)����������������������������������������������������������������������������������������������� 110
Seção 3
Produção mais limpa e o desenvolvimento sustentável����������� 122
Unidade 4
Mecanismo De Desenvolvimento Limpo (MDL)�������������������������������� 140
Seção 1
Mudanças climáticas e as respostas mundiais��������������������������� 141
Seção 2
Mecanismo De Desenvolvimento Limpo (MDL)��������������������� 153
Seção 3
Mercado e precificação de carbono��������������������������������������������� 167
Palavras do autor
E
stimado estudante, seja bem-vindo à disciplina Projetos Ambientais.
A disciplina Projetos Ambientais é de fundamental importância
para sua formação profissional, pois nela você aprenderá como desen-
volver e implementar diferentes tipos de projetos ambientais como projetos
de recuperação de áreas degradadas, implantação de aterros sanitários,
viabilidade ambiental de empreendimentos, estudo de impacto ambiental,
Produção Mais Limpa e mecanismo de desenvolvimento limpo, entre outros.
O objetivo é guiá-lo na compreensão da importância dos projetos
ambientais e abordar os principais conceitos envolvidos para a sua elaboração
bem como as etapas que marcam um projeto ambiental. O planejamento, a
implantação, o gerenciamento e a avaliação de um projeto ambiental também
serão alvos desse trabalho.
Ao final dessa disciplina você será capaz de compreender o conceito, as
etapas e os elementos para elaboração de um projeto ambiental; a metodo-
logia e os processos de gerenciamento de projetos para a área ambiental.
Conhecerá também o conceito, a elaboração e a implantação de projetos de
Produção Mais Limpa e, ainda, compreenderá os instrumentos legais sobre
a redução e eliminação de emissões de gases do efeito estufa para elaboração
de projetos ambientais.
No decorrer das quatro unidades de ensino que compõem a disciplina,
discutiremos os temas por meio de situações-problema que envolvem a reali-
dade da profissão do gestor ambiental. Na primeira unidade serão apresen-
tados conceitos básicos para elaboração de projetos ambientais; etapas de um
projeto e elementos para a redação de um projeto.
Posteriormente, na Unidade 2, abordaremos a metodologia do gerencia-
mento de projetos, aprofundando nossas compreensões principalmente no
que tange ao planejamento, ao cronograma e aos riscos dos projetos ambien-
tais. Na terceira unidade de ensino trabalharemos com projetos de Produção
Mais Limpa, nos atentando, especialmente, ao modo de implantação e às
contribuições que esse modelo de gestão pode trazer. Também abordaremos
o Mercado de Títulos Verdes como processo de financiamento de projetos
ambientais.
Para concluir a construção de seus conhecimentos nessa disciplina, na
Unidade 4, abordaremos os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, o mercado e a precificação do carbono. Ao final desta disciplina você
será capaz de ter um amplo entendimento sobre projetos na área ambiental,
tanto nos que estão relacionados à recuperação, bem como àqueles que têm
como objetivo promover um processo produtivo mais sustentável.
Portanto, convido você, aluno, futuro gestor ambiental, a construir
e ampliar, com o professor e seus colegas, os conhecimentos sobre
projetos ambientais.
Bons estudos!
Unidade 1
Flávia da Silva Bortoloti
Convite ao estudo
Você já pensou que estamos sempre diante de algum projeto?
Ao realizar o curso superior, por exemplo, você está realizando um
projeto que teve início com o seu ingresso no curso e terá sua conclusão no
último semestre, e que apresentará, como resultado, sua habilitação na área
escolhida. Perceba que nesse exemplo já podemos constatar algumas carac-
terísticas dos projetos que serão tema de nossa primeira unidade de ensino.
Ao final desta unidade você será capaz de compreender o conceito, as etapas
e os elementos para elaboração de um projeto ambiental. Para que possamos
abordar os conteúdos desta unidade considere a seguinte situação hipotética:
Você, como tecnólogo em gestão ambiental, foi contratado como gestor
ambiental da Prefeitura Municipal de Alto Céu. Seu primeiro desafio será
desenvolver um projeto ambiental, juntamente com a equipe de gestão ambiental
da Pedreira Cacoal, para a recuperação de uma área de exploração de basalto
desativada há cinco anos, que será doada ao Poder Municipal após a recuperação.
A Pedreira Cacoal foi autuada pela Secretaria Municipal do Meio
Ambiente por não apresentar e não realizar um Plano de Recuperação de
Área Degradada juntamente com a licença de desativação. Desse modo, o
processo foi encaminhado ao Ministério Público, que propôs como resolução da
infração um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que os responsáveis
por esse empreendimento deveriam recuperar a área e doá-la à prefeitura local.
Para tanto, seu papel enquanto gestor ambiental, acompanhado da equipe
de gestão ambiental da Pedreira Cacoal, será realizar todas as atividades
necessárias para elaboração do projeto que se tornará o Plano de Recuperação
do local. Dessa forma, em um primeiro momento, você deverá identificar os
stakeholders do projeto, propor um novo uso para área a ser recuperada e
identificar os profissionais que farão parte da equipe de projetos.
Em um segundo momento, deverá ser realizada a concepção do projeto e
seu ciclo de vida, logo na seção dois de nossa primeira unidade de ensino. Por
fim, na seção três da Unidade 1, será realizada a redação do projeto composto
pelos itens: Introdução, Justificativa, Objetivos, Metas e Avaliação, para a
posterior apresentação ao prefeito.
Para que área a ser recuperada cumpra sua função ambiental, social e
territorial, é necessário que vários elementos sejam levados em conside-
ração. Qual a importância da realização de um projeto ambiental para a
recuperação de uma área degradada? Quais usos seriam interessantes? Como os
diferentes profissionais das ciências ambientais poderiam se integrar na equipe de
projeto? Lembre-se de registrar todas as informações levantadas, pois elas deverão
compor o projeto final que será entregue ao prefeito de Alto Céu.
As três seções desta unidade auxiliarão você na construção de seus
conhecimentos sobre os conceitos básicos de elaboração de projetos ambien-
tais, bem como na aplicação à sua realidade como futuro gestor ambiental.
Seção 1
Diálogo aberto
Estimado aluno, nesta seção você será instigado a refletir sobre as carac-
terísticas dos projetos, os estímulos e as partes interessadas para a reali-
zação de projetos e, ainda, os profissionais que podem estar envolvidos em
projetos ambientais.
Relembrando que você, como tecnólogo em gestão ambiental, foi contra-
tado como gestor ambiental da Prefeitura Municipal de Alto Céu. Seu
primeiro trabalho será desenvolver um projeto ambiental juntamente com a
equipe de gestão ambiental da Pedreira Cacoal, para a recuperação de uma
área de exploração de basalto, desativada há cinco anos, que será doada ao
Poder Municipal após a recuperação.
O seu primeiro desafio enquanto gestor ambiental da Prefeitura Municipal
de Alto Céu é elaborar um projeto de recuperação de uma antiga pedreira,
juntamente com a equipe de gestão ambiental da Pedreira Cacoal.
A fim de obter informações relevantes que nortearão a concepção e
execução do projeto, bem como identificar a situação atual da área degra-
dada, você e a equipe de gestão ambiental da Pedreira realizaram uma visita
ao local para fazer o reconhecimento da área e de seu entorno, definir os
parâmetros de recuperação para, posteriormente, definir um modelo de
recuperação, discutir sobre as possíveis técnicas e ações que serão adotadas
no projeto e, ainda, sobre a proposta de monitoramento e avaliação da efeti-
vidade da recuperação.
Considerando as realizações para minimização dos impactos ambientais
durante a exploração da jazida, é necessário estruturar o projeto de recupe-
ração ambiental dessa área, dando a ela um novo uso para cumprir a função
social, ambiental e territorial. Para tanto, vocês iniciarão esta estruturação a
partir dos seguintes questionamentos: Qual uso poderá ser dado a essa área?
Quais seriam as partes interessadas (stakeholders) no desenvolvimento desse
projeto? Quais profissionais seriam necessários para o desenvolvimento dele,
ou seja, qual seria a melhor forma de convocar a equipe multidisciplinar que
será responsável pela sua elaboração?
Vamos iniciar a construção desse projeto?
9
Não pode faltar
10
tarefas inter-relacionadas e da utilização eficaz de recursos.” Portanto,
pode-se afirmar que projetar é estabelecer um objetivo, elaborar o planeja-
mento e executá-lo para conseguir alcançar o resultado.
A definição de projeto aparenta ser simples, entretanto não é tão fácil
separar um projeto das rotinas diárias, logo foque nas expressões tempo-
rário e exclusivo. Um projeto tem início, meio e fim bem definidos (é algo
temporário) e gera resultados únicos (é exclusivo) e, ainda, deve oferecer
parâmetros de custo, tempo e qualidade.
Se voltarmos ao exemplo inicial da implantação de um aterro sanitário,
veremos que o objetivo principal do projeto seria a disposição ambien-
talmente adequada dos resíduos sólidos. Deve apresentar um início (a
concepção do projeto em linhas gerais), meio (a execução da obra do aterro)
e fim (entrega do aterro em condições de atender a demanda de resíduos).
Geraria um resultado único – o aterro sanitário.
De modo geral, uma demanda específica pode ser considerada ou
definida como um projeto a partir da resposta às seguintes perguntas: Tem
início e fim? Tem escopo limitado? Tem recursos definidos? Gera um resul-
tado único? Em uma situação hipotética, caso a resposta seja positiva para
todas as perguntas, então tem-se um projeto.
Vocabulário
De acordo com o Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, escopo seria:
Ponto de mira; alvo. Algo que se pretende conseguir ou atingir; intenção,
objetivo. Espaço que circunda ou envolve; âmbito. (ESCOPO, 2019)
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diferindo das ações rotineiras (ou operações/operacionais), o término de um
projeto pode ser considerado quando:
• Os objetivos tiverem sido alcançados.
• Conclui-se que os objetivos não serão atingidos.
• O projeto não é mais necessário.
Perceba que a temporalidade não se aplica ao produto (serviço ou resul-
tado concreto) do projeto, ou seja, de modo geral, os projetos são realizados
para criar um produto duradouro.
Quando pensamos em projetos ambientais, teremos inúmeros projetos
que podem ser desenvolvidos, como a recuperação de áreas degradadas;
áreas de mineração (concepção ou desativação); aproveitamento de recursos
hídricos; tratamento de efluentes industriais; implantação de um sistema
de gestão em uma empresa; desenvolvimento de projetos de mecanismo
de desenvolvimento limpo (MDL) e elaboração de planos de saneamento
municipais (água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem).
Outros exemplos são a recuperação de mata ciliar; educação ambiental;
implantação de tecnologias verdes em indústrias; programas de reflores-
tamento; desenvolvimento de novos materiais de construção e técnicas
construtivas sustentáveis para habitações; programa de coleta seletiva;
reciclagem dos resíduos orgânicos sólidos para produção de adubo e utili-
zação na produção agroecológica; dentre outros.
Nesse momento, você pode estar se perguntando: de onde surgem os
projetos? Os projetos podem surgir de demandas ou necessidades (Figura 1.1)
por meio de fatores que vão estimular sua criação.
Figura 1.1 | Fatores que estimulam projetos nas organizações
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Vamos entender cada um deles? As demandas de mercado são capazes
de direcionar a necessidade de um projeto. Por exemplo, uma loja de artigos
sustentáveis para artesanato inicia um projeto para oferecer aos clientes a
possibilidade de realizar suas compras por meio de redes sociais, dada a
constatação de que a maioria de seus clientes e da população em geral utiliza
mais da metade do tempo na internet em redes sociais.
O avanço tecnológico pode estar relacionado com reformulação dos
serviços e produtos, de organizações que apresentam como objetivo a
ampliação da vantagem competitiva. Como exemplo, podemos citar uma
indústria que implanta um novo modelo de gestão ambiental, com base
em uma nova tecnologia de automação, para que haja o menor desperdício
possível de matérias-primas, água e energia durante o processo produtivo.
Reflita
Os novos modelos econômicos e sistemas de gestão ambiental imple-
mentados em empresas podem contribuir de diversas formas com a
redução na degradação do meio ambiente. Em termos financeiros,
como a indústria poderia agregar valor por meio da preocupação com
o meio ambiente?
13
Os projetos, em especial os da área ambiental, podem surgir devido a um
problema (ou impacto) ambiental existente. Por exemplo, uma indústria
química de produção de corantes realizou um despejo incorreto de efluentes
em um córrego próximo de suas instalações, e isso causou sua contaminação,
levando à morte inúmeras espécies de peixes. Surge, aí, a necessidade de um
projeto que promova a descontaminação desse córrego.
Note que para cada projeto é necessário que haja um estímulo. Por meio
do estímulo é que são orientados os objetivos, as metas, o planejamento e
todos os demais passos do projeto. Lembre-se que o estímulo deve sempre
estar alinhado com o objetivo e com o resultado final do projeto.
Agora que você já apreendeu sobre o conceito, as características e os estímulos
para realização de projetos, vamos refletir sobre as partes que poderiam estar
envolvidas ou apresentam interesse no desenvolvimento de um projeto.
Quando falamos em partes interessadas em um projeto, podemos utilizar
o termo stakeholders. Essas partes podem variar de acordo com o tipo e área
de conhecimento a que se destina o projeto.
Assimile
Stakeholder é definido como:
[…] pessoas e organizações, como clientes, patrocinadores, organiza-
ções executoras e o público que estejam ativamente envolvidas no
projeto ou cujos interesses possam ser afetados de forma positiva ou
negativa pela execução ou término do projeto. Elas podem também
exercer influência sobre o projeto e suas entregas.” (OLIVEIRA; CHIARI,
2014, p. 19)
Exemplificando
Suponha que você, gestor ambiental, foi contrato para desenvolver
um projeto de implantação de um sistema de gestão ambiental em
14
uma determinada empresa. Quais seriam as partes interessadas nesse
projeto? A princípio, a empresa contratante, a equipe responsável pela
concepção e execução do projeto, e todos que direta ou indiretamente
serão afetados pelo projeto em si.
15
Sem medo de errar
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será necessário compor uma equipe técnica multidisciplinar para a realização
desses projetos, e alguns dos possíveis profissionais envolvidos seriam: você
(gestor ambiental); geólogo, biólogo, engenheiro florestal, engenheiro civil,
arquiteto, geógrafo, dentre outros profissionais que estejam em consonância
com os meios físico, biótico e socioeconômico.
Conclui-se que os exemplos aqui explorados são ilustrativos, como um
possível encaminhamento de como você e sua equipe de projetos podem
desenvolver os questionamentos iniciais que permeiam a concepção de um
projeto ambiental, havendo diferentes possibilidades que dependerão do tipo
do projeto, das solicitações impostas, dos stakeholders, dos estímulos e do
resultado esperado.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
É sabido que a temática ambiental necessita de uma visão que perpassa
diferentes áreas de conhecimentos, portanto, é necessário que em qualquer
projeto ambiental a equipe de projeto seja composta por profissionais que
atendam aos fragmentos ambientais, ou seja, o meio físico, o meio biótico e
também o socioeconômico.
Tendo isso em mente, você decidiu, a princípio, convocar para sua equipe
de projetos um geógrafo, que teve como função realizar o georreferencia-
mento e o mapeamento da área em que o cinturão verde se localizará. Com
esses dados em mãos, um agrônomo foi chamado para realizar análises do
solo da área e aferir a necessidade de correção da sua composição química.
17
Um biólogo e um engenheiro florestal também compuseram a equipe
com o objetivo de, conjuntamente, decidir quais seriam as melhores espécies
para florestar a área, bem como realizar os levantamentos para saber quantas
mudas seriam necessárias e em qual intervalo essas mudas seriam plantadas.
A fim de obter uma visão globalizante da colocação desse cinturão na
comunidade do entorno, você convocou um cientista social para realizar entre-
vistas com os moradores das áreas próximas, com o objetivo de compreender
quais poderiam ser os possíveis impactos positivos e negativos na vizinhança.
Após realizar toda a concepção e planejamento do projeto, foi necessário
convocar pessoas para realizarem o plantio das árvores de acordo com o que
foi definido no escopo do projeto. Posteriormente ao projeto entregue, foi
preciso realizar uma avaliação dele, portanto, você sugeriu ao solicitante do
projeto que contratasse um auditor externo para que a avaliação fosse o mais
imparcial possível.
Você consegue perceber a gama de áreas de conhecimento que está
presente desde a concepção até a finalização do projeto? Por isso afirmamos
que os projetos são compostos por uma equipe, da qual cada membro atuará
no seu ramo de trabalho, para alcançar um resultado positivo e duradouro.
18
e. Tempo determinado, escopo limitado, recursos limitados, resultado
único.
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Seção 2
Convite ao estudo
Caro aluno, chegamos a mais uma seção dos nossos estudos introdu-
tórios dentro do âmbito de projetos ambientais. Sabe quando uma área de
mineração é desativada e precisa de um plano de recuperação? Todas as
atividades que serão realizadas devem estar elencadas dentro de um projeto,
sendo que cada etapa dele o seu ciclo de vida. Para darmos prosseguimento
em nossos estudos, após compreender o que são os projetos, vamos refletir e
aprofundar nossos conhecimentos sobre cada fase que compõe o seu ciclo de
vida, permitindo que, ao final desta seção, você seja capaz de compreender
todo esse processo, bem como as etapas envolvidas.
Lembre-se de que você foi contratado como gestor ambiental da Prefeitura
Municipal de Alto Céu, e seu primeiro desafio será desenvolver um projeto
ambiental juntamente com a equipe de gestão ambiental da Pedreira Cacoal,
para a recuperação de uma área de exploração de basalto desativada há cinco
anos, que será doada ao Poder Municipal após a recuperação.
Para tanto, seu papel, enquanto gestor ambiental acompanhado da equipe
da Pedreira Cacoal, será realizar todas as atividades necessárias para elabo-
ração do projeto que se tornará o Plano de Recuperação do local.
Após reuniões prévias entre você e a equipe de gestão ambiental da
Pedreira Cacoal, em que foram levantadas as principais questões estrutu-
rais do projeto de recuperação ambiental da antiga pedreira, é o momento
de realizar a concepção do projeto e seus direcionamentos gerais. Nessas
reuniões foram abordados pontos como: a situação atual da área degrada,
a definição dos objetivos, as estratégias para a recuperação, as atividades
que cada membro da equipe realizará, a definição dos recursos e também o
cronograma do projeto.
Suponha que durante a concepção do projeto houve uma significativa
falta de direcionamento dos responsáveis pelo planejamento preliminar da
recuperação da área, e você conclui que isso poderá afetar negativamente a
qualidade e o prazo de entrega do produto.
Essa inconsistência se deu devido à não consideração de alguns elementos
durante a delimitação do escopo do trabalho; não foram mensurados e
20
mencionados, pela equipe de monitoramento e controle, a necessidade de
contratação de fornecedores para a realização de determinadas atividades
como: provimento de mudas de espécies nativas da região e levantamento
topográfico da área. Além disso, não consideraram na formação da equipe
de execução profissionais da área da construção civil e engenharia florestal.
Assim, você, enquanto gestor ambiental da Prefeitura, principal parte
interessada na conclusão do projeto, deve propor um modo de reverter tal
situação para apresentação do projeto executivo.
Dessa forma, surgem as seguintes questões norteadoras: como serão
realizadas as ações de monitoramento e controle da execução do projeto?
Quais os agentes que estarão envolvidos na execução? Como se dará a finali-
zação do projeto?
Fique tranquilo! O conteúdo desta seção auxiliará você a solucionar essa
problemática proposta. Vamos lá?
Diálogo aberto
Olá, aluno, vamos dar prosseguimento aos nossos estudos sobre projeto?
Todo projeto é composto por cinco etapas, chamadas de ciclo de vida,
a saber: Iniciação; Planejamento; Execução; Controle e Monitoramento e
Finalização. Cabe lembrar que a fase de controle e monitoramento perpassa
o ciclo de vida do projeto desde o planejamento até sua finalização, como se
pode observar na Figura 1.2.
Figura 1.2 | Ciclo de vida de um projeto
21
Os projetos são ações encadeadas e executadas com objetivo de se obter
um produto único. Portanto, para se iniciar um novo projeto, é necessário
defini-lo. Dessa maneira, deve-se responder ao seguinte questionamento: “O
que queremos fazer?”.
É a partir da(s) resposta(s) dessa indagação que será possível realizar o
planejamento e as demais fases do ciclo de vida de um projeto, pois é essen-
cial para o sucesso dele que haja uma boa elaboração e clareza dos objetivos.
Cumpre destacar a diferença entre fases e o grupo de processo de um
projeto, de acordo com Borges e Rollim (2015, [s.p.]):
22
Figura 1.3 | Termo de abertura do projeto
23
Posteriormente à etapa inicial, temos o Planejamento do projeto, fase que
consiste no detalhamento de todas as atividades que vão compor o trabalho a
ser desenvolvido e, dessa forma, em que será investido 80% do tempo. Ainda,
é necessário pesquisar e determinar prazos, definir a alocação dos recursos e
custos, resultando, desta maneira, em uma lista de tarefas.
Portanto, nessa fase determina-se o que deve ser feito (escopo e entregas),
como será realizado (atividades e sequências), quem o fará (recursos, respon-
sabilidade), quanto tempo será necessário (duração, programação), quanto
custará (orçamento) e quais são os riscos.
Lembre-se de que essa etapa é dinâmica. Ainda que aparente uma espécie
de ponto de partida, envolve constantes atualizações e revisões. Deve-se
promover uma ampla consulta daqueles que participarão e serão influen-
ciados direta e indiretamente, pois quanto maior for o envolvimento da
equipe e dos stakeholders, melhor será a qualidade do roteiro de planeja-
mento, bem como a facilidade de sua implantação.
No momento do planejamento, além de refinar os objetivos, é necessário
realizar as seguintes definições:
• Estratégias de gerenciamento do projeto.
• Declaração de escopo.
• Estrutura Analítica do Projeto.
• Sequenciamento das atividades e cronograma.
• Orçamento.
• Riscos e limitações.
• Matriz de responsabilidades.
• Plano de gerenciamento de mudanças.
Atente-se para o fato de que qualquer modificação ocorrida ao longo do
ciclo de vida do projeto gera a necessidade de revisar uma ou mais ações do
planejamento e, possivelmente, algumas ações da iniciação.
Exemplificando
O planejamento de um projeto, quando bem feito, permite que as
etapas posteriores do ciclo sejam realizadas com menor risco de contra-
tempos.
Pense em um projeto de licenciamento ambiental de um cemitério, em
que foi necessário realizar o Estudo de Impacto Ambiental. Durante o
24
processo de planejamento desse projeto, a equipe elaborou o crono-
grama dentro do limite de tempo imposto pelo contratante, porém não
se atentou ao tempo que seria necessário para a realização das análises
de solo e levantamentos topográficos que dependiam de fornecedores
externos à equipe.
Dessa forma, acarretou um atraso no cronograma e, portanto, na
entrega do EIA e de todo o processo de licenciamento, o que justifica
a necessidade de ser assertivo no planejamento e de levantar possíveis
cenários que podem impactar o andamento.
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equipe de projetos apta a cumprir os compromissos com conhecimento técnico;
disponibilização de informações; respostas às solicitações, modificações e riscos.
É essencial realizar a documentação e o acompanhamento das ativi-
dades que estão sendo entregues, para que se possa mensurar os avanços
das conclusões parciais do escopo. Deve-se também ficar atento às possíveis
mudanças que venham a ocorrer pois, se necessário, realizam-se interven-
ções a fim de ajustar o planejamento inicial para que problemas relacionados
aos recursos, orçamento ou riscos não interfiram no resultado final.
O monitoramento e controle ocorre ao mesmo tempo em que o projeto está
sendo executado. É uma fase necessária para assegurar que o projeto está evoluindo
de acordo com o planejado e que o objetivo será concluído. Dessa maneira, deve-se
medir o progresso atual e compará-lo com o que foi anteriormente planejado.
A qualquer momento em que a comparação demonstrar que há um
atraso, orçamento excedido ou especificações não atendidas, ações corretivas
devem ser tomadas para regularizá-lo. No entanto, de acordo com Clements
e Gido (2013), antes da decisão de realizar a implantação de ações corretivas
é necessário avaliar diversas possibilidades para ter certeza de que essas ações
colocarão o projeto em consonância com o escopo, cronograma e custos que
fazem parte do objetivo, pois por vezes a incorporação de recursos para reparar
um equívoco no cronograma e manter as atividades dentro do prazo programado
poderá ter como resultado um aumento na estimativa do custo antes planejado.
Os processos de monitoramento e controle incluem, sistematicamente:
1. Medir o desempenho do projeto.
2. Identificar as variações entre planejado e executado (comparar a linha
de base aprovada com o que foi efetivamente realizado).
3. Recomendar ações corretivas ou preventivas.
4. Analisar impactos de mudanças solicitadas e submetê-las à aprovação.
Durante sua maior parte, essa fase lida com a aferição do desempenho do
projeto e o progresso em relação ao plano de gerenciamento. Ela corresponde
à verificação do escopo e ao controle para verificar e monitorar os avanços.
Para que haja um processo eficaz de monitoramento e controle do
andamento das atividades do projeto é fundamental que se produza relató-
rios de acompanhamento, e neles devem estar inclusos os seguintes itens:
• Status, que demonstra o ponto em que o projeto se encontra.
• Progresso, isto é, o que já foi executado até o momento de elaboração
do relatório.
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• Desvio, caso haja, que se caracteriza pelo relato do que se tinha
esperado realizar, mas não ocorreu.
• Ações corretivas (se houver desvios), que é a descrição detalhada do
que foi implementado para corrigir os desvios.
• Previsões, que trazem a apresentação dos processos futuros. Dismore
e Silveira Neto (2013).
Assimile
Pensando no sucesso do projeto, podemos adotar o controle integrado.
Implementar o controle integrado de mudanças é fundamental para
possibilitar o sucesso do projeto. Algumas mudanças ocorrem ao longo
de seu ciclo de vida, devido, especialmente, à necessidade de atender
novas exigências dos stakeholders. Ressalta-se que a mudanças podem
causar grandes impactos na execução das atividades, portanto, somente
devem ser introduzidas se forem imprescindíveis para correção de
equívocos ou desvios que possam ocorrer.
O controle integrado de mudanças é composto pelos seguintes
processos: Solicitação de mudança; Revisão do impacto dos custos e
benefícios gerados pela mudança; Aprovação; Replanejamento contem-
plando a mudança; Execução, controle e monitoramento da mudança;
Encerramento da entrega ou resultado contemplando a mudança.
27
É nessa fase em que a execução dos trabalhos pode ser avaliada por meio
de uma auditoria interna ou externa (terceiros), os livros e documentos do
projeto são encerrados e todas as falhas ocorridas no processo são discutidas e
analisadas para que erros similares não ocorram em novos projetos (aprendi-
zados) e, assim, as experiências relevantes tendem a contribuir futuramente.
No encerramento do projeto — em especial, na reunião de finalização
— deve-se avaliar os seguintes aspectos: O projeto atingiu seu objetivo?
O cliente está satisfeito? Os parâmetros de custo, prazo e qualidade foram
mantidos? Aconteceram situações de risco? Como foram resolvidas? Houve
problemas com contratos? A equipe superou os problemas?
O objetivo desta avaliação é identificar e documentar as lições aprendidas
e capitalizar o conhecimento e experiências adquiridas no projeto. O gerente
de projetos pode convocar uma reunião final para a apresentação de um
relatório e a exposição de informações gerais sobre a conclusão do projeto.
Nesta seção você teve a oportunidade de compreender cada fase do ciclo
de vida de um projeto, e o quanto são importantes a elaboração e o desen-
volvimento de cada uma delas. O planejamento umas das fases cruciais do
projeto, pois sendo bem-estruturado pode promover o sucesso do projeto,
auxiliando na construção bem-sucedida dos profissionais envolvidos.
28
de mudas nativas. Também não foi mencionada a necessidade de contra-
tação de profissionais da engenharia civil e florestal para comporem a equipe
executora, logo isso teria um impacto significativo na qualidade e no prazo
de entrega do projeto.
Deste modo, você se questionou: “Como resolver esse problema?”. Então
lembrou-se de que durante sua formação acadêmica você estudou sobre
plano de planejamento e execução de projetos e procedimentos diante de
solicitação de mudanças no escopo. Portanto, você se reuniu com os profis-
sionais da equipe de gestão ambiental da Pedreira Cacoal e propôs a refor-
mulação do escopo do projeto, para que esse incluisse os profissionais de
engenharia civil e florestal na formação da equipe executora, a contratação
de uma empresa especializada em topografia e georreferenciamento e, ainda,
a indicação dos fornecedores de mudas nativas para a realização da recom-
posição vegetacional da área.
Posteriormente a essa reunião os profissionais realizaram as alterações
necessárias para que o escopo do projeto abarcasse as ações relativas aos
profissionais e fornecedores anteriormente desconsiderados no planeja-
mento preliminar. A equipe lhe apresentou as reformulações e, como todas
suas solicitações foram consideradas, você aprovou o escopo, possibilitando
a realização da redação do projeto executivo – plano de recuperação da
Pedreira Cacoal – que será apresentado às partes interessadas.
Avançando na prática
Cidades resilientes
29
Resolução da situação-problema
Algumas das inovações necessárias para construir de forma sustentável
requerem novos materiais e processos que não são cobertos por regulamen-
tações governamentais, assim esse projeto sofreu um atraso no cronograma
para superar esses obstáculos relacionados com os códigos de construção,
zoneamento urbano e regulamentações. Com o processo acelerado, foi neces-
sário um esforço extra para preparar a documentação sobre como as inova-
ções atenderiam aos códigos atuais de construção e zoneamento urbano.
A nova construção exigiu materiais e processos que afetaram o crono-
grama do projeto no prazo da atividade, com pouco impacto sobre o prazo
de construção total. As atividades exigiram processos e equipamentos inova-
dores, e a prevenção da poluição impactou a duração da atividade, adicio-
nando tempo para estabelecer o controle de sedimentos, de erosão mais
extensiva e proteção da vegetação atual.
Na avaliação do pós-projeto, você pôde constatar que as previsões reali-
zadas com base em projetos anteriores não auxiliaram na implantação dessa
construção, uma vez que os prazos foram ampliados e os custos foram
superiores, dado os tipos de materiais empregados. Portanto, as lições apren-
didas estão relacionadas à programação e aos preços para futuros projetos de
construção sustentável.
30
e. N
a fase de iniciação ocorre todo o processo de concepção do projeto
que culmina na criação do Termo de Abertura do Projeto.
31
I. A fase de planejamento é o momento de definição dos objetivos,
escopo, justificativa e demais elementos decisivos para o bom
andamento do projeto.
II. O monitoramento e controle perpassa todas as fases dos projetos
para auxiliar na diminuição dos riscos e aumento da qualidade.
III. Na fase de execução não poderá haver alterações com relação às
expectativas dos clientes.
IV. Na fase de encerramento deve-se documentar todo o processo do
projeto e encerrar as aquisições.
V. Na fase de execução todo o planejamento deve ser revisado a fim
de ser modificado caso haja inconsistência da ideia do produto final
solicitado e da expectativa do cliente.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a. F – V – V – F – F.
b. V – F – V – F – V.
c. V – V – F – V – F.
d. V – F – F – F – V.
e. F – F – V – V – F.
32
Seção 3
Convite ao estudo
Estimado aluno, chegamos ao final de nossa primeira unidade de ensino.
Até o momento, tivemos a oportunidade de compreender o que são os
projetos, as áreas de aplicação, os diferentes profissionais que atuam neles e
como se dá cada etapa do ciclo de vida de um projeto.
Nesta seção, você será levado a compreender os principais elementos que
compõem a redação de projetos: introdução, justificativa, desenvolvimento
dos objetivos (geral e específico), as metas, metodologia, coleta de dados
e avaliação.
Lembre-se que você foi contratado como gestor ambiental da Prefeitura
Municipal de Alto Céu, sendo seu primeiro trabalho desenvolver um projeto
ambiental juntamente com a equipe de gestão ambiental da Pedreira Cacoal,
para a recuperação de uma área de exploração de basalto desativada há cinco
anos e que será doada ao Poder Municipal após recuperação.
Posteriormente à realização de levantamento prévio, o planejamento do
projeto de recuperação da Pedreira Cacoal foi concebido e está em conso-
nância com as solicitações das partes interessadas, optando-se por recuperar
a área com a implantação de um Parque Ecológico.
Após realizar a versão prévia da redação do projeto que foi apresentado
para os stakeholders, os agentes financiadores e demais partes interessadas
apresentaram críticas sobre a compreensão do objetivo geral do trabalho,
solicitando o detalhamento na justificativa e nos métodos de avaliação
pós-projeto. Para facilitar o trabalho, foram elencados pontos que notoria-
mente não ficaram adequados no projeto, como a descrição do local a ser
recuperado e, assim, as seguintes questões norteadoras foram levantadas:
Qual o local será recuperado? Qual a justificativa de realizar a recuperação?
Qual o objetivo geral do projeto? E os específicos? As metas foram definidas?
Qual as personas envolvidas no projeto? Como será realizado o monitora-
mento e avaliação?
Ao tomar conhecimento dessas solicitações, você se reuniu com sua
equipe para fazer os ajustes necessários nos elementos pontuados pelos
stakeholders e realizar o processo de revisão geral da versão do projeto
que será apresentado novamente ao prefeito de Alto Céu, aos proprietários
33
da Pedreira Cacoal e aos agentes financiadores do projeto de recuperação
ambiental, a fim de ter autorização do Termo de Abertura para dar início às
demais fases de implantação do Parque Ecológico.
Bons estudos!
Diálogo aberto
Olá, aluno! Vamos dar sequência aos nossos estudos sobre projetos
ambientais? Para isso, é importante que você reflita sobre os seguintes questio-
namentos: Você já teve a oportunidade de redigir um projeto? Conhece os
elementos essenciais para a sua redação? Quais os questionamentos que
norteiam a confecção do texto? É chegada a hora de conhecer os elementos
da redação de um projeto para que possamos compreender essas questões.
A redação de um projeto ambiental é a última etapa de concepção do
projeto e, dessa forma, é necessário entender os elementos que o compõem.
O projeto deve ser claro, coeso e comunicar o leitor em relação aos objetivos,
metas, processos de execução, dentre outras informações relevantes. Para
isso, é possível guiar-se por meio de perguntas-chave, que direcionam a sua
confecção, como “para quem?” (relativo ao público alvo) e “como?” (que
norteará a metodologia a ser utilizada), dentre outros aspectos que compõem
os elementos necessários a sua redação (Figura 1.4).
Figura 1.4 | Elementos da redação do projeto
34
Para iniciarmos as discussões sobre os elementos da redação, há a neces-
sidade de ter clareza sobre a demanda ou estímulo que promoveu o desen-
volvimento da sua ideia ou, ainda, a problemática que deve ser solucionada.
Definido o estímulo, problema ou demanda, faz-se a redação da intro-
dução do projeto, etapa que deve ser guiada pelo seguinte questiona-
mento: “Qual é o cenário do problema a ser solucionado?” Como exemplo,
podemos pensar em uma região de uma cidade de médio ou grande porte
que apresenta um corpo hídrico contaminado por rejeitos de uma indústria
química, ou um terreno que é utilizado pela população para o descarte incor-
reto de resíduos sólidos.
A introdução deve apresentar a temática como um todo, sem extensos
detalhamentos, tendo como principal função aproximar o leitor do
cenário real, bem como fornecer a ideia geral do objetivo da realização do
projeto. Para isso, deve ser redigida de forma clara e objetiva, contendo as
informações gerais, problemas socioambientais existentes, desafios que
devem ser superados e, ainda, o cenário do local/região onde se pretende
desenvolver o projeto.
Por meio de um texto curto, mas bem organizado, deve-se explicar quais
os objetivos e argumentos que você usará ao longo do desenvolvimento
de seu projeto.
Outro elemento essencial é a justificativa, que apresenta detalhadamente
as razões pelas quais o projeto precisa ser realizado e como serão promovidos
impactos positivos à população e ao meio ambiente. Deve destacar quais
problemáticas ambientais serão abrangidas na execução, bem como o modo
que as ações previstas influenciarão a transformação da realidade.
Fundamenta-se, especialmente, a partir da análise da área de atuação do
projeto, como a situação socioambiental, utilização dos recursos naturais,
atividades econômicas relevantes, dentre outros.
Reflita
A redação da justificativa de um projeto nada mais é que a defesa da
razão de realizá-lo, é informar ao leitor a razão pela qual o projeto
deve ser desenvolvido. Pensando em um cenário no qual você tenha
que realizar um projeto para a implantação de uma usina de energia
eólica, quais seriam os argumentos que poderiam ser utilizados para a
construção dessa usina?
35
Na concepção do projeto é essencial caracterizar seu público-alvo, isto é, as
pessoas que se configurarão como usuários ou que serão afetadas positiva ou
negativamente pela sua execução e/ou produto. A determinação do público-alvo
deve estar em consonância com as metas e resultados esperados. Para auxiliar nessa
definição podemos levar em consideração alguns questionamentos:
• Quais serão os beneficiários do projeto? Como foram definidos?
• Quais são as características distintivas desse público? Quais singulari-
dades devem ser consideradas?
• Qual a quantidade de indivíduos que estará envolvida direta e indire-
tamente no projeto?
• Como será o envolvimento da comunidade com o projeto? Estará
desde a concepção até sua finalização ou terá participações pontuais
em determinados momentos?
Agora que você já apresentou a problemática a ser solucionada, descreveu
o cenário, defendeu a ideia e definiu a qual público está direcionado o projeto,
é o momento de refinar o objetivo geral e os objetivos específicos, pois a
partir deles derivarão as metas, a metodologia e as demais ações que culmi-
narão na execução e entrega do produto. Lembre-se que no momento de
realização da justificativa os objetivos já devem estar delimitados, portanto, a
delimitação dos objetivos e a redação da justificativa são processos simultâ-
neos. No entanto, há a possibilidade de realizar o refinamento dos objetivos
para que eles fiquem em consonância com o que será realizado no desenvol-
vimento do projeto.
O estabelecimento dos objetivos é a resposta ao que se pretende fazer
no projeto ou o que pretende alcançar como resultado. O objetivo geral
demonstra de forma ampla os benefícios que devem ser alcançados com a
implantação, ou seja, corresponde a uma visão macro do pretendido.
A definição do objetivo do projeto é crucial para compreensão do
problema que se está buscando solucionar/mitigar, como também quais os
resultados esperados e os critérios de realização. A partir dessa definição é
que se pode direcionar as ações para a resolução da problemática posta.
É papel do gerente de projeto, considerando as opiniões dos membros da
equipe, definir o objetivo geral, sendo importante detalhá-lo para que seja
possível ter visão dos seus componentes.
36
Exemplificando
Um projeto no qual a temática seja a recuperação de uma área degra-
dada pela exploração mineral, como o Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas desenvolvido pela APF Engenharia Projetos Ambientais, do
estado da Paraíba, que definiu como objetivo geral do projeto:
Exemplificando
Ainda analisando o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas desenvolvido
pela APF Engenharia Projetos Ambientais, do estado da Paraíba, é possível
ver que os objetivos específicos desse trabalho são:
37
Após a delimitação do que se pretende realizar com o projeto é neces-
sário definir suas metas, ou seja, descrever de forma concreta, quantificável e
dentro de um período de tempo, os objetivos específicos, sendo que de cada
objetivo pode derivar uma ou mais metas. A formulação delas é orientada
pelas questões de o que, com que alcance e em quanto tempo se realizará
uma ou mais ações para alcançar o objetivo geral do projeto.
As metas se diferenciam dos objetivos específicos, pois são definições em
termos quantitativos e com prazos definidos, ou seja, tarefas específicas reali-
zadas para alcançar os objetivos. Já os objetivos específicos são as descrições
daquilo que se pretende alcançar no âmbito do projeto.
Quando se possui metas claras, a visualização dos caminhos escolhidos é
facilitada, sendo que, dessa forma, as informações contribuem para orientar
as atividades que estão sendo desenvolvidas e servem como instrumento
para avaliar o que foi previsto e o que foi realizado.
Assimile
Para melhor definir e controlar metas para diferentes projetos siga os passos
a seguir:
38
A metodologia indica as ideias e conceitos considerados importantes
e que nortearão a prática, justificando os métodos escolhidos, garantindo
maior consistência ao projeto.
Uma parte integrante da metodologia é a coleta de dados, uma vez que
eles são utilizados para alcançar o objetivo proposto. Para obtenção de dados
podem ser utilizadas diferentes técnicas de pesquisa, como a documentação
indireta – busca de informações em fontes variadas –, documentação direta
(obtenção de informações in loco, ou seja, o levamento de dados ocorre no
local de estudo, onde ocorreu ou ocorre o problema), além da observação
direta intensiva, por meio de entrevistas e/ou observação criteriosa do
problema e a observação direta extensiva (elaboração e aplicação de questio-
nários e/ou formulários aos envolvidos com o objeto do projeto).
Um exemplo de levantamento de dados diretos na área ambiental dá-se
com a realização de estudos diagnósticos para identificação de áreas degra-
dadas que devem ser recuperadas, ou obtenção de subsídios in loco para a
proposição de um projeto de reposição de mata ciliar.
Pela documentação indireta é possível obter dados por meio de fonte
primárias, aquelas que são reunidas pelo próprio autor do projeto ou pesquisa
com base em análise de registros públicos, relatos de visitas, laudos técnicos,
dentre outros. Já a documentação direta é aquela consultada com base nos
levantamentos de dados in loco, dados coletados via visita técnica, trabalhos
de campo, coleta sistemática de dados, dentre outros.
Alguns dos questionamentos que podem orientar a confecção da metodo-
logia e dos métodos de trabalho são:
• Quais serão as atividades executadas para se alcançar o objetivo e as
metas estabelecidas?
• Que tipo de técnicas, recursos e instrumentos serão utilizados?
• Quais serão as pessoas responsáveis por cada atividade?
• Como se dará o registro e divulgação das tarefas realizadas?
• Como mensurar o que já foi realizado?
• De que maneira será realizada a avaliação pós-projeto?
Como é possível acompanhar as atividades que devem ser realizadas em
um projeto? Ou seja, como delimitar as tarefas no tempo? Isso é possível por
meio do cronograma do projeto.
39
O cronograma demonstra as atividades que devem ser cumpridas no
projeto, apresentando a data de início e de final. Montar um bom crono-
grama é fundamental para que o projeto seja executado de modo organizado,
diminuindo os riscos de equívocos. Iremos aprofundar essa temática outrora,
quando trabalharemos o gerenciamento do tempo de um projeto ambiental.
O cronograma tem como funções e benefícios: a definição da sequência de
atividades; previsão da duração de cada atividade; controle da realização das ativi-
dades; aumento do foco e da produtividade; auxílio da previsão de gastos; anteci-
pação das falhas; facilitação da gestão de tarefas de cada membro da equipe.
Prosseguindo, como podemos acompanhar a realização das ações e o
cumprimento das metas do projeto, e como verificar as mudanças que estão
acontecendo por meio do projeto?
Em todo projeto, é indispensável a avaliação no decorrer do desenvol-
vimento. Planejada na fase de elaboração, deve ser realizada continuamente no
decorrer da execução, permitindo a verificação da concretização parcial ou total
dos objetivos, as boas práticas, acertos e pontos a melhorar (dificuldades), possibi-
litando o replanejamento das ações, por meio de plano de mudanças.
O processo de avaliação deve acontecer por meio das seguintes verificações:
Avaliação de resultados: verificação do cumprimento de metas e
objetivos nos prazos previstos por meio de visitas, análise de documentos,
fotos, dentre outros.
Avaliação de conteúdo: análise e descrição das tendências verificáveis
em documentos escritos como memórias de reuniões, publicações, relató-
rios, dentre outros.
Avaliação de processo: análise da forma como o projeto é conduzido,
verificando-se a eficiência dos métodos, identificando a coerência, qualidade
e viabilidade das técnicas.
Avaliação de impactos: análise dos impactos (transformações) sociais e
ambientais causados pelo desenvolvimento do projeto.
É possível observar no Quadro 1 os principais aspectos a serem conside-
rados para a avaliação dos projetos.
40
Quadro 1.1 | Aspectos a serem considerados para a avaliação dos projetos
O processo Exemplos
Quem?
Quem são os responsáveis pelo plane-
Equipe, participantes e avaliadores externos.
jamento das ações de monitoramento e
avaliação?
Metodologia utilizada:
Instrumentos utilizados (diagnósticos,
Como? relatórios, de atividades, questionários de
Como serão feitos o acompanhamento e a opiniões, rodas de conversa, relatório foto-
avaliação? gráfico, análise dos projetos implementados,
lista de presença e percepção/observação da
equipe técnica/participantes).
Após realizar a versão prévia da redação do projeto que foi apresentado aos
stakeholders, os agentes financiadores e demais partes interessadas apresen-
taram algumas críticas sobre a clareza do objetivo geral do trabalho, solici-
tando detalhamento na justificativa e nos métodos de avaliação pós-projeto.
Ao tomar conhecimento dessas solicitações, você se reuniu com sua
equipe para fazer os ajustes necessários nos elementos pontuados pelos
stakeholders e realizar o processo de revisão geral da versão do projeto que
será apresentado novamente.
41
Para reestruturar os elementos ressaltados principalmente pelos agentes
financiadores, você deverá informar ao leitor qual é o cenário da problemá-
tica que o projeto pretende solucionar, portanto, deve descrever como está
a área degradada pela exploração mineral e como pretende recuperá-la.
Posteriormente, deve-se redigir a justificativa, ou seja, a defesa do porquê do
desenvolvimento do projeto. No caso da Pedreira Cacoal, a justificativa seria
a necessidade de recuperação da área degradada para que ela possa cumprir
sua função social, ambiental e territorial e, ainda, promover um novo uso
para esta área, a fim de integrá-la à vida dos moradores do município de Alto
Céu, auxiliando no desenvolvimento local.
Dessa maneira, podemos afirmar que o objetivo geral do projeto é:
“Promover a recuperação da área degradada pela exploração mineral da
Pedreira Cacoal no município de Alto Céu, por meio da implantação de um
Parque Ecológico”
• Alguns dos objetivos específicos poderiam ser:
• Promover a acomodação dos solos eventualmente retirados.
• Elaborar o plano de recuperação da flora e da fauna nativas.
• Controlar a erosão oriunda do processo de lavra.
• Realizar a construção do Parque Ecológico com diferentes usos.
Para cada objetivo específico é necessário traçar uma ou mais metas, e
podemos citar como exemplo as seguintes metas, como aponta o Roteiro de
Apresentação para Plano de Recuperação de Área Degradada, do Ministério
do Meio Ambiente:
• Realizar a recuperação e proteção do solo por meio de técnicas de
bioengenharia, com vistas ao controle da erosão e acomodação dos
solos eventualmente retirados.
• Recomposição da flora nativa com da técnica de sucessão ecológica
(meta de longo prazo derivada do plano de recuperação da flora
nativa).
• Plantio heterogêneo com mudas, técnicas de nucleação, translocação
de serrapilheira para aporte de banco de sementes.
• Manejo da fauna existente.
• Medidas que estimulem a vinda de dispersores de sementes
e polinizadores.
42
• Reestruturação da biota com a construção e manutenção de corre-
dores ecológicos (meta de longo prazo, derivada do plano de recupe-
ração da fauna).
• Construir o centro de visitantes do Parque Ecológico, que funcionará
como espaço de aprendizagem na realização de curso, palestras e
workshops de temas relacionados ao meio ambiente.
• Construção dos diferentes espaços que comporão o Parque, como
quadra para prática de esportes; praças com quiosques e bancos;
pequenas construções, para serem utilizadas por eventuais feiras no
município.
• Preparação de uma parte do paredão de pedra para prática de rapel;
destinação de uma área para realização de caminhadas.
A metodologia que orientou a criação desse projeto foi a da observação
direta do local a ser recuperado, além de levantamentos de dados em registros
públicos sobre como era a área antes da implantação da extração mineral.
O método de trabalho é baseado na composição de uma equipe multi-
disciplinar para a realização das metas e da execução do projeto. Essa equipe
será composta por gestor ambiental; geólogo, biólogo, engenheiro florestal,
engenheiro civil, arquiteto, geógrafo e profissionais da construção civil,
dentre outros profissionais que estejam em consonância com os meios físico,
biótico e socioeconômico.
O monitoramento e avaliação se dará por meio de relatórios de andamento
do projeto, informando às partes interessadas o nível de desenvolvimento das
etapas de recuperação, além da realização de avaliação dos resultados ao final
do projeto.
Após ter detalhado todas as etapas que serão realizadas, você deve entregar
uma cópia da proposta de projeto de recuperação da Pedreira Cacoal para
cada um dos stakeholders, para o representante do poder público municipal,
o responsável pela pedreira, os agentes financiadores dos projetos e o repre-
sentante da sociedade civil organizada, para que o projeto possa ser aprovado
e, assim, sua execução seja iniciada.
43
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Após realizar um levantamento minucioso de dados sobre o descarte
incorreto de resíduos eletrônicos no município de Monte Alegre, que
demonstravam os locais de descarte e a quantidade de cada tipo de resíduo
descartado, você percebeu que o número de televisões e computadores era
extremamente elevado, portanto definiu como objetivo geral do esboço do
projeto: “Construir um centro de reciclagem e reaproveitamento de equipa-
mentos eletrônicos”.
Os objetivos específicos propostos foram:
• Promover ações de coleta de resíduos eletrônicos e direcioná-los ao
centro de reciclagem e reaproveitamento.
44
• Realizar a triagem dos resíduos classificando como recicláveis ou
passíveis de reaproveitamento.
• Fornecer os equipamentos passíveis de reaproveitamento às escolas
municipais, creches e demais instituições que podem utilizar esses
eletrônicos para auxílio à população do município.
Perceba que os exemplos aqui citados são ilustrativos, como um possível
encaminhamento de como você, gestor ambiental da prefeitura de Monte
Alegre, pode iniciar o esboço de um projeto de resolução de uma problemá-
tica ambiental.
45
Os argumentos apresentados nos trechos I e II podem ser utilizados em
qual etapa da redação de um projeto ambiental?
a. Objetivo Geral.
b. Justificativa.
c. Metas.
d. Metodologia.
e. Objetivos Específicos.
46
Referências
BORGES, C.; ROLLIM, F. Gerenciamento de projetos aplicado: conceitos e guia prático. Rio de
Janeiro: Brasport, 2015.
DISMORE, P.; SILVEIRA NETO, F. H. da. Gerenciamento de projetos: como gerenciar seu projeto
com qualidade, dentro de prazo e custos previstos. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2013.
DISMORE, P.; SILVEIRA NETO, F. H. da. Gerenciamento de projetos: como gerenciar seu projeto
com qualidade, dentro de prazo e custos previstos. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2013.
ESCOPO. In: MICHAELIS Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 2019. Disponível em:
http://michaelis.uol.com.br/busca?id=le7a. Acesso em: 29 jul. 2019.
MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ciência Ambiental. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
PAGIOLA, S.; VON GLEHN, H. C.; TAFFARELLO, D. Pagamento por serviços ambientais.
In: SÃO PAULO (Estado) Secretaria do Meio Ambiente / Coordenadoria de Biodiversidade e
Recursos Naturais. Experiências de pagamentos por serviços ambientais no Brasil. São Paulo:
SMA/CBRN, 2013. pp. 17-27.
VALERIANO, D. Moderno gerenciamento de projetos. 2. ed. São Paulo: Pearson Education, 2005.
Unidade 2
Flávia da Silva Bortoloti
Convite ao estudo
Estamos iniciando uma nova unidade de estudos sobre Projetos
Ambientais, você perceberá que ao passo que aprofundamos nossas discus-
sões ocorre a interligação dos conteúdos, promovendo, deste modo, seu
gradual processo de aprendizagem e construção amplificada dos conhe-
cimentos. Nesta unidade vamos discutir sobre metodologia de gestão de
projetos em projetos ambientais. Ao estudá-la você será capaz de aplicar os
processos que compõem a área de conhecimento do gerenciamento do plane-
jamento, do cronograma, do custo e dos riscos em um projeto ambiental.
Para que possamos iniciar as fundamentações dos conteúdos compo-
nentes desta unidade de ensino, suponha a seguinte situação: você foi contra-
tado, devido à sua experiência em gerenciamento de projetos ambientais,
para compor a equipe de gestão ambiental da empresa Geoyde, que produz
embalagens de filmes flexíveis, laminados, encolhíveis e coextrudados em
diferentes estruturas para os mercados de alimentos, bebidas, cosméticos,
farmacêuticos, higiene pessoal, limpeza doméstica e pet food, e atende todo o
continente americano. Essa empresa apresenta uma estrutura organizacional
matricial balanceada, no entanto, a direção executiva da Geoyde deseja
migrar para uma estrutura projetizada e utilizar a metodologia de Gestão
de Projetos para que tenha maior possibilidade de sucesso na sua execução.
O diretor de criações da Geoyde, Hector Marcondes, propôs que você
assumisse o papel de gerente de projetos para que, juntamente da equipe
de gestão ambiental e da equipe de criação, você realize a concepção de um
projeto para o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis para pet food.
Por se tratar do primeiro projeto da empresa foram levantados vários
pontos de reflexão: quais processos do gerenciamento de projetos serão utili-
zados? É um projeto viável? Qual será o escopo do projeto? Como produzir o
plano de gerenciamento do projeto? Como será o sequenciamento das ativi-
dades? Qual o tempo de execução? Quanto de recurso financeiro será neces-
sário? Quem são o stakeholders? Quais os riscos desse projeto? Como criar
respostas rápidas aos possíveis riscos?
Esses questionamentos são abordados ao longo das três seções que
compõem a segunda unidade de ensino da disciplina de Projetos Ambientais.
Na seção intitulada “Planejamento de projetos” discutiremos sobre os
processos do planejamento, os elementos utilizados para a definição do escopo
do projeto, bem como a maneira de criar a estrutura analítica do projeto.
A seção “Gerenciamento do tempo” traz as discussões relativas à gestão
do tempo, nela abordaremos temáticas como: o estudo de viabilidade de
projetos; a definição e sequenciamento das atividades e a construção do
cronograma. Na seção “Gerenciamento do custo e de risco” nos aproxima-
remos dos temas relacionados ao gerenciamento do custo e dos riscos dos
projetos, portanto, vamos construir os conhecimentos sobre o planejamento
orçamentário do projeto ambiental, as fontes de recursos e linhas de finan-
ciamento; o plano de gerenciamento de riscos e a construção do mapa de
stakeholders. Preparado para mais este desfio na construção de seus conhe-
cimentos sobre projetos ambientais?
Seção 1
Planejamento de projetos
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à seção de planejamento de projetos! Até o
momento, abordamos a definição de projetos, fases de seu ciclo de vida (e os
processos que as compõem) e os elementos da redação. Nesta seção, traba-
lharemos os processos da gestão de projetos de acordo com o PMBOK®; os
elementos que constituem o plano de projetos e o escopo e, ainda, aprende-
remos a criar estrutura analítica do projeto (EAP).
Para auxiliar na aplicação dos conteúdos que serão apresentados, imagine
que você foi contratado para compor a equipe de gestão ambiental da empresa
Geoyde, que produz embalagens de filmes flexíveis, laminados, encolhíveis e
coextrusados, para distintos segmentos do mercado, como alimentos para
animais de estimação, e a empresa está modificando sua estrutura organiza-
cional de matricial para a projetizada.
Diante desta nova realidade de estrutura organizacional, o diretor de criações
da empresa propôs a você assumir o cargo de gerente de projetos para que junto
da equipe de gestão ambiental e de criação realizem a concepção de um projeto
para o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis para pet food.
A equipe do projeto Biopetfood, gerenciada por você, que terá como desafio
desenvolver a embalagem biodegradável da Geoyde, é composta pela equipe de
gestão ambiental e pela equipe de criação da empresa. Para iniciar o processo de
desenvolvimento deste novo produto, que poderá ser distribuído em todo conti-
nente americano, você se reuniu com sua equipe com a finalidade de criar a EAP.
A EAP é parte integrante do plano de gerenciamento e principal referência
para a equipe do projeto para dar encaminhamento nas atividades das fases
posteriores. Esse plano integra e consolida todos os planos de gerenciamento
auxiliares e linhas de base dos processos de planejamento, deste modo, sua
construção deve responder, especialmente, aos seguintes questionamentos:
qual é o objetivo do projeto Biopetfood? Qual é o seu escopo? A partir destes
questionamentos, o seu desafio junto da sua equipe de projetos é criar uma
versão preliminar da estrutura analítica do projeto, para ser apresentada ao
diretor com a intenção de aprovação do escopo.
Após receber uma prévia da estrutura analítica do projeto Biopetfood você,
enquanto gerente de projetos, solicitou alguns ajustes, já que a descrição do escopo
não estava convergindo com os pacotes de trabalho presentes na EAP apresentada.
52
De que modo você e sua equipe poderiam realizar a descrição do escopo
do projeto para que ela esteja em consonância com a descrição do escopo?
Como ficaria a nova EAP a ser apresentada?
Vamos planejar o Biopetfood?
Bons estudos!
53
• Gerenciamento da integração: abrange os processos necessários para
assegurar que todos os elementos sejam integrados e coordenados,
para que haja o benefício do todo;
• Gerenciamento do escopo: refere-se aos processos necessários para
que no projeto sejam realizadas as atividades requeridas para concluí-lo;
• Gerenciamento do cronograma: compreende os processos que
garantem que o projeto será concluído dentro do prazo previsto;
• Gerenciamento dos custos: aborda os processos que asseguram que o
projeto seja concluído de acordo com o orçamento previsto;
• Gerenciamento dos recursos: está relacionado aos processos que
garantirão com que os recursos (equipamentos, materiais e pessoas)
sejam utilizados de modo efetivo;
• Gerenciamento das aquisições: abrange os processos referentes às
compras de bens e serviços fornecidos por terceiros;
• Gerenciamento da qualidade: consiste em processos que possibi-
litam que os produtos ou serviços estarão em consonância com o que
foi solicitado pelo cliente ou contratante;
• Gerenciamento dos riscos: se dá por meio de planejamento,
identificação, qualificação, quantificação, criação de respostas
e monitoramento;
• Gerenciamento das partes interessadas: é composto pelos processos
que garantem que estas sejam identificadas, avaliadas e estrategica-
mente gerenciadas.
Pesquise mais
Para saber mais sobre os 49 processos e os fluxos que os compõem, por
meio de uma imagem gráfica, acesse o site de Ricardo Vargas, especia-
lista em gerenciamento de projetos.
VARGAS, R. Fluxo de processos do PMBOK ® - Guide 6a edição. Rvdown� -
loads. [S.l], [s.d.].
Saiba Mais
O podcast indicado a seguir é uma das melhores maneiras de compreender
como ler o Guia PMBOK®. Ricardo Vargas explica como realizar essa leitura
de uma forma mais produtiva, para que você possa entender melhor as
áreas de conhecimento de gerenciamento de projetos e seus processos.
VARGAS, R. A melhor maneira de se ler o Guia PMBOK®. [S.l.], 31 jan. 2018.
54
Como trabalhamos na seção “Introdução a projetos ambientais”, a fase do
planejamento é aquela que consome mais energia para sua concepção, já que
nela estarão dispostas as atividades que orientarão o projeto como um todo
é nela que encontraremos grande parte das áreas de conhecimento da gestão
de projetos (Quadro 2.1).
Quadro 2.1 | Processos do planejamento
Área de conhecimento Processos
Integração Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto
Partes interessadas Planejar o gerenciamento das partes interressadas
• Planejar o gerenciamento do escopo
• Coletar os requisitos
Escopo
• Definir o escopo
• Criar a EAP
• Planejar o gerenciamento do cronograma
• Definir as atividades
Tempo • Sequenciar as atividades
• Estimar os recursos das atividades
• Desenvolver o cronograma
• Planejar o gerenciamento de custos
Custo • Estimar os custos
• Determinar o orçamento
Qualidade Planejar o gerenciamento da qualidade
Recursos humanos Planejar o gerenciamento dos recursos humanos
Comunicações Planejar o gerenciamento das comunicações
Aquisições Planejar o gerenciamento das aquisições
• Planejar o gerenciamento dos riscos
• Identificar os riscos
Riscos • Realizar a análise qualitativa dos riscos
• Realizar a análise quantitativa dos riscos
• Planejar as respostas aos riscos
Fonte: Carvalho (2015, p. 42).
55
• Declaração do escopo do projeto;
• Estrutura analítica do projeto (EAP);
• Redes de atividades e cronograma;
• Recursos e custos;
• Riscos, limitações e restrições e como lidar com eles;
• Forma de mediação de performance de prazo e custos;
• Matriz de responsabilidades;
• Controle de mudanças;
• Planos auxiliares.
Assimile
Planos auxiliares aos processos de planejamento de um projeto são os
planos que derivam do escopo, da qualidade, do tempo, dos recursos,
das comunicações, das partes interessadas, dos riscos, das aquisi-
ções, das mudanças e da configuração. Cada um desses processos se
desdobra em planos de gerenciamento:
• Plano de gerenciamento do cronograma
• Plano de gerenciamento dos custos
• Plano de gerenciamento da qualidade
• Plano de melhoria dos processos
• Plano de gerenciamento dos recursos humanos
• Plano de gerenciamento das partes interessadas
• Plano de gerenciamento das comunicações
• Plano de gerenciamento dos riscos
• Plano de gerenciamento das aquisições
• Plano de gerenciamento da configuração
• Plano de gerenciamento de mudanças
56
é importante mensurar quais seriam os benefícios trazidos pela criação deste
e a partir disso traçar as estratégias do gerenciamento, bem como a descrição
do escopo (criação de um parque eólico no município de Salvador a fim de
fornecer energia para 20 mil casas, por meio da instalação de 5 turbinas,
cada uma com 253 metros de altura e 78 deles abaixo da água). Tendo o
escopo e sua respectiva descrição é possível dar sequência ao processo
de planejamento.
Reflita
O processo de planejamento de um projeto e consequentemente a
elaboração do plano de gerenciamento suscita diversas reflexões como:
por que planejar? Por que dedicar tanto esforço e tempo no planeja-
mento se poderíamos ir diretamente para execução? Por que elaborar
um plano se a probabilidade de haver mudanças é grande? Qual é o
benefício de se planejar se certamente as atividades não sairão exata-
mente como foi planejado?
57
critérios de aceitação evita mal-entendidos. “Critérios de aceitação claros e
inequívocos para todas as entregas são importantes, pois a base para verificar
se o escopo do projeto foi contemplado de acordo com as exigências e expec-
tativas do cliente” (CLEMENTS; GIDO, 2013, p. 98).
A estrutura analítica do projeto (EAP) é o último elemento que compõe
a definição do escopo. A EAP ou Work Breakdown Structure (WBS) é uma
ferramenta utilizada para representar o detalhamento do escopo e é composta
pelos principais elementos do projeto. É a forma hierárquica para divisão do
projeto e atividades mensuráveis e controláveis. Lembre-se que para serem
planejados e controlados, os projetos precisam ser divididos em tarefas!
Essas tarefas ou atividades apresentadas na EAP são subdivididas em
níveis para que seja possível sequenciá-las e controlá-las. Deste modo, estru-
tura analítica é a decomposição do projeto nas partes menores que o consti-
tuem, isto é, ela estabelece a estrutura para indicar de qual maneira o trabalho
será realizado a fim de produzir as entregas.
As partes menores do projeto são denominadas itens de trabalho. Os
itens de trabalho de níveis mais baixo de qualquer divisão são chamados
de pacotes de trabalho, os quais incluem todas as atividades específicas que
precisam ser realizadas para produzir a entrega a ele associada. (CLEMENTS;
GIDO, 2013, p. 101).
O número de níveis de decomposição de uma EAP dependerá do
tamanho do projeto, da complexidade e da filosofia operacional. O
primeiro nível (nível 0) da EAP é o nome do projeto; no segundo nível (o
nível 1 da decomposição) deve-se colocar as fases que estabelecem o ciclo
de vida, sendo que este nível deve ser construído da esquerda para direita,
à esquerda devem conter os subprodutos do gerenciamento do projeto e à
direita do encerramento. Nos níveis posteriores estarão as atividades e os
pacotes de trabalho.
Para o sucesso do projeto, você deve identificar os subprodutos necessá-
rios em cada fase e do gerenciamento (subprodutos necessários ao planeja-
mento, monitoramento e controle, execução e ao encerramento).
Exemplificando
Vejamos um exemplo de EAP de um projeto para implantação de um
viveiro de mudas:
58
Figura 2.2 | EAP – Mudas para vida
Perceba que esta estrutura analítica é composta por três níveis: no nível
zero tem-se o nome do projeto; no nível 1 da decomposição, constam as
fases do ciclo de vida e no nível 3 estão os pacotes de trabalho.
59
ao processo de planejamento do projeto. Observamos o que a construção do
plano de gerenciamento do projeto é essencial para o desenvolvimento do
escopo e das demais atividades que compõem o projeto
Aprendemos o que é e como construir uma estrutura analítica do projeto
(EAP) que é a ferramenta que auxilia na decomposição do escopo e estrutu-
ração das atividades do projeto. Na próxima seção iremos aprofundar nossos
conhecimentos com relação ao sequenciamento das atividades, como fazer o
cronograma e mensurar a viabilidade do projeto.
60
• Pesquisa de materiais sustentáveis que satisfazem os requisitos solici-
tados (biodegradáveis);
• Escolha da matéria-prima adequada;
• Realização de testes controlados para verificação da qualidade da
matéria-prima escolhida;
• Produção da embalagem modelo;
• Apresentação do modelo de embalagem;
• Envio da embalagem aprovada para a produção;
• Venda e distribuição.
A partir da descrição do escopo podemos elaborar uma prévia da EAP
que ficaria como no modelo a seguir:
Figura 2.3 | EAP – Biopetfood
61
Atente-se que a EAP aqui apresentada é uma estrutura preliminar que
passará pela sua avaliação, a qual pode ser aprovada ou passar por reformu-
lações tanto na definição do escopo como em elementos da EAP para que ela
ilustre realmente a abrangência do projeto e suas atividades.
62
d. O escopo do projeto pode ser alterado em qualquer momento da
fase de planejamento e de execução do projeto, pois ele é flexível e
passível de revisões.
e. Do escopo do projeto derivam as ações de iniciação, planejamento e
controle do projeto, no entanto, o escopo não influencia na execução
do projeto.
63
Seção 2
Gerenciamento do cronograma
Diálogo aberto
Estimado aluno, estamos nos aproximando da construção de alguns
elementos que compõem o gerenciamento de projetos ambientais. Nesta seção,
você estudará a viabilidade dos projetos, sobre a relação entre o ciclo PDCA
(plan, do, check, act), a qualidade e o gerenciamento do cronograma, e ainda,
sobre a definição e sequenciamento das atividades que compõem um projeto.
Você é membro da equipe de gestão ambiental da empresa que produz embala-
gens de filmes flexíveis, laminados, encolhíveis e coextrusados em diferentes
estruturas para os mercados de alimentos, bebidas, cosméticos, fármacos, higiene
pessoal, limpeza doméstica e pet food atendendo a todo o continente americano.
Esta empresa tem uma estrutura organizacional projetizada, portanto, todo novo
produto ou sistema passa pela metodologia de gestão de projetos para que tenha
maior possibilidade de sucesso ao final de sua execução.
O diretor de criações, propôs a sua equipe de criação, a concepção de um
projeto para o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis para pet food
(alimentos para animais domésticos). Como membro da equipe de gestão
ambiental, você foi convidado para ajudar nesse projeto.
Após a aprovação do plano de gerenciamento, realizado na etapa anterior,
agora é o momento de a equipe desenvolver as ações que foram planejadas.
Para que estas ações estejam em consonância com o que foi planejado pela
equipe e pelo gerente do projeto, é necessário sequenciar as atividades e,
ainda, criar e controlar o cronograma dessas atividades, ou seja, é a hora de
pensar a execução do projeto.
Com o intuito de ter mais esta etapa aprovada com êxito pelo diretor de
criações, você, em conjunto com sua equipe de projetos criou um plano de geren-
ciamento do cronograma para o projeto. No entanto, o diretor não aprovou esse
cronograma, pois a lista de atividades apresentava incoerência com a descrição do
escopo e com a estrutura analítica do projeto (EAP), apresentada anteriormente.
Assim, o diretor de criações solicitou que fosse realizada uma nova lista
de atividades para que o plano fosse aprovado e fosse possível dar sequência
ao projeto. Desse modo, você e a equipe de projetos devem realizar uma nova
lista de atividades para o projeto Biopetfood, a qual deve ser coerente com
seu escopo e com a EAP.
Bons estudos!
64
Não pode faltar
Olá, aluno, chegamos a mais uma seção sobre a gestão de projetos ambientais.
Discutimos, na seção planejamento de projetos, o escopo do projeto, a confecção
da estrutura analítica e o modo de dividir as tarefas que a compõem. No entanto,
há um questionamento imperativo no desenvolvimento de um projeto: como
saber se ele é viável? Isso pode ser realizado por meio do estudo de viabilidade!
Essa etapa irá investigar a exequibilidade do projeto, os modos de alcançar seus
objetivos, as opções de estratégia e a metodologia. Esse estudo prevê ainda os
prováveis resultados, riscos e consequências de cada ação, oferecerá uma estima-
tiva aproximada dos custos, auxiliando na estimativa dos prazos e dos recursos.
A seguir destacam-se alguns fatores, de acordo com Keeling (2006), que
devem ser considerados quando se realiza um estudo dessa natureza, tais como:
• Esboço da definição do projeto e avaliação inicial de sua necessidade;
• Antecedentes do projeto, incluindo a proposta inicial;
• Escopo, propósito e objetivos;
• Composição da equipe e áreas de responsabilidade individual;
• Orçamento;
• Busca e validação das informações;
• Parâmetros ou limitações para o projeto, tais como, tempo, condições
financeiras, clima organizacional da empresa, condições climáticas
(para realização de obras) e mercadológicas;
• Necessidade de avaliação de impacto tecnológico, ambiental, político
e sociológico;
• Formato do relatório.
Um estudo de viabilidade bem conduzido constitui uma base segura para
a tomada de decisões, definições e esclarecimento de objetivos, planejamento
e avaliação de riscos do projeto, adequação para investimentos ou apoio
financeiro, bem como a sua qualidade.
Reflita
Sabendo que todos os projetos apresentam um elemento de risco e que
uma ameaça séria pode fazer com que o projeto seja modificado ou
abandonado, reflita sobre qual seria a importância dos estudos de viabi-
lidade para o sucesso de um projeto.
65
Existe alguma possibilidade de se garantir o sucesso de um projeto, sem
a realização de um estudo de viabilidade? Quais seriam os seus riscos?
Fonte: Shutterstock .
66
gerenciamento, você imagina como desenvolver e gerenciar o cronograma de
um projeto? Como é possível definir o tempo que cada atividade irá durar?
Como determinar qual atividade será executada primeiro?
O gerenciamento do cronograma do projeto é uma ferramenta que
permite responder todos os questionamentos supracitados, por meio dos
seguintes processos:
• Planejamento do cronograma: objetiva o controle do cronograma
por meio de atividades determinadas;
• Definição da atividades: identificação das ações necessárias para
produção das entregas;
• Sequenciamento das atividades: identifica e documenta a interre-
lação das tarefas que serão executadas;
• Estimativa dos recursos das atividades: afere a quantidade e os tipos
de materiais, pessoas, equipamentos e/ou suprimentos necessários à
execução das tarefas planejadas;
• Estimativa da duração das atividades: estima o tempo e os recursos
necessários para o cumprimento das atividades;
• Desenvolvimento do cronograma: elabora o cronograma com base
na análise da sequência, do tempo de duração, dos recursos e das
restrições das atividades;
• Controle do cronograma: monitoramento do andamento das ativi-
dades, atualizando seu avanço e gerenciando as possíveis mudanças
realizadas no decorrer do projeto.
Saber organizar as atividades e garantir que elas sejam executadas dentro
dos prazos pré-estabelecidos e distribuí-las pelos responsáveis são tarefas
fundamentais no processo de planejamento. E como fazer isso? Por meio de
uma única ferramenta: o cronograma.
O cronograma é um instrumento-chave para impedir que determinados
problemas surjam ao longo do projeto, como modificação do escopo, falhas
na comunicação, atrasos nas entregas, dentre outros. Esta ferramenta orienta a
equipe sobre a sequência de execução das atividades, em quanto tempo elas serão
realizadas e se tudo o que foi planejado está acontecendo dentro do estipulado.
Lembre-se que uma das premissas do gerenciamento do tempo é priorizar
o tempo de acordo com a importância e urgência do assunto com que se está
tratando (HELDMAN, 2005).
Após realizar o planejamento do cronograma é o momento da definição
das atividades. O planejamento e o controle são funções complexas. Deste
67
modo, é necessário desmembrar as atividades em parte gerenciáveis para que
sejam o mais eficiente possível, portanto, recorre-se à estrutura analítica do
projeto (EAP), que apreendemos na seção Planejamento de projetos. Para
que você mais bem compreenda os processos que compõem o gerenciamento
do cronograma, vamos pensar em um projeto hipotético de implantação de
um cinturão verde na área industrial do município de Londrina (PR). Para
que se possa construir a EAP é necessário definir o escopo:
• Descrição do escopo do produto: o produto do projeto será o
cinturão verde da área industrial do município de Londrina (PR),
constituído por 1600 mudas de árvores nativas de 29 espécies em uma
área com 14.616,3m².
• Critérios de aceitação do produto: atender aos objetivos propostos.
• Entregas do projeto: projeto físico, elaborado pelas entidades parti-
cipantes; Cinturão verde.
• Restrições do projeto: o orçamento pré-definido para a execução de
todo o projeto; Data do plantio.
Com base na definição do escopo apresentada é possível criar a seguinte
estrutura analítica do projeto (Figura 2.7):
Figura 2.7 | EAP do Projeto de Implantação do cinturão verde em Londrina
68
Por meio da visualização da EAP e da descrição do escopo é possível
definir as atividades que serão necessárias para alcançar o objetivo do
projeto. As atividades determinam especificamente como o trabalho será
feito. Quando todas as atividades específicas forem definidas para todos os
pacotes de trabalho, elas devem ser consolidadas em uma lista de atividades,
e posteriormente deve-se criar o sequenciamento destas atividades.
Assimile
No início do projeto há a possibilidade de não se definir todas as ativi-
dades específicas. Isto ocorre sobretudo em projetos de longa duração,
sendo mais fácil definir as tarefas de um trabalho de curto prazo.
Contudo, à medida que maior quantidade de informações são conhe-
cidas e tornam-se mais claras, a equipe pode elaborar progressiva-
mente as atividades específicas (GIDO; CLEMENTS, 2013).
Atividade Descrição
Preparo do relevo com o uso de maquinário específico, como moto
Preparação do
niveladora (patrola), escavadeira, carregadeira, trator nivelador e ca-
terreno
minhão caçamba.
Descompactação do solo, reconfirmando as feições dos terrenos e
Recuperação da
construindo as infraestruturas de manejo das águas (terraços e drenos
estrutura física
de superfície).
Realização de ações preventivas como o manejo e cultivo correto dos
solos com cobertura vegetal dos solos e manejo ativo com práticas que
Manejo das águas resultem na construção de terraços com declividade, canais coletores
de excedentes e bacias de dissipação de energia e materiais ou bacias
de acumulação e infiltração.
Canais com declividade e largura adequadas para facilitar as operações
Obras de
com máquina, tendo as laterais inclinadas e revestidas com espécies de
drenagem
gramíneas, implantadas através do plantio de sementes.
Recuperação da
Realização de adubação corretiva baseada em dados médios da região.
fertilidade
Implantação Plantio das espécies de gramíneas para a forração do solo, sendo ba-
das espécies de sicamente gramíneas consorciadas, como espécies que promoverão
gramíneas rápida cobertura dos solos.
O sistema de plantio será em linhas e observando as práticas do cul-
Plantio tivo mínimo, ou seja, com manutenção da gramínea implantada, bem
como a vegetação espontânea.
69
Tutoramento e As mudas plantadas serão protegidas por tutores de madeira na posi-
amarração ção vertical.
Realizado sempre que necessário, combatendo formigas que compro-
Combate às
metem o desenvolvimento das plantas, procurando utilizar produtos
formigas
recomendados pelos órgãos competentes.
Realizadas quando da necessidade de limpeza no local do plantio, prio-
Roçadas e capinas
rizando uma coroa de 50 cm ao redor de cada muda.
Verificação periódica das condições de crescimento e manutenção do
Vistorias
plantio das mudas.
As ações ocorrerão por meio de ensinamentos sobre a conservação,
preservação e recuperação dos recursos naturais presentes, com au-
Educação xílio de voluntários, dos funcionários, membros da comunidade, ór-
ambiental gãos públicos, estudantes da educação básica e superior, moradores
dos bairros próximos, com o objetivo de destacar a importância do
cinturão verde.
Reposição das
Após as vistorias, as plantas que forem identificadas sem condições de
plantas que
sobreviverem serão substituídas por novas mudas.
morreram
Fonte: adaptado de Dockhorn (2012, p. 52).
70
O gráfico de rede que demostra o sequenciamento das atividades do projeto
de implantação do cinturão verde (Figura 2.8) permite observar a depen-
dência de cada atividade, que pode ser obtida por meio de processos lógicos.
Figura 2.8 | Gráfico de rede do projeto de implantação do cinturão verde no município de Lon-
drina
Não há como realizar o plantio das mudas caso não tenha sido realizada
a preparação do solo, a adubação e o plantio de gramíneas. Somente após
o plantio das mudas pode ser realizado o tutoramento e a amarração das
mesmas, a irrigação, as roçadas e capinas e o possível combate às formigas,
sendo esses elementos possíveis de verificação por meio de vistorias.
Posteriormente aos processos apresentados é necessário realizar as
estimativas de recursos do projeto, que será aprofundado na seção três dessa
unidade de ensino, a qual refere-se à quantidade de pessoas, equipamentos e
materiais necessários para elaboração e execução do projeto.
Exemplificando
É possível estimar o tempo de uma atividade por meio da técnica PERT,
que permite utilizar três estimativas de tempo para definir uma faixa
aproximada para a duração da mesma. O tempo otimista (to), atribuído
com base na análise de melhor cenário para a conclusão da atividade,
quando se pode encerrá-la em menos tempo. O tempo mais provável
(tm), atribuição normalmente realizada, com base no entendimento
coletivo de duração da atividade, nas condições normais de realização.
O tempo pessimista (tp) atribuído com base na análise de pior cenário
para a conclusão da atividade, quando pode haver atraso.
A duração final da atividade, o tempo esperado (te), pode ser obtido por
meio da média ponderada, a partir da seguinte fórmula:
71
to 4tm tp
te
6
A variância também segue a mesma lógica:
tp to
2
Variância
6
1 Coveamento 14 dias
2 Plantio 21 dias
3 Vistorias 30 dias
72
Quadro 2.4 | Cronograma do projeto de implantação do cinturão verde em Londrina
73
A partir desses conhecimentos, você será capaz de produzir projetos
ambientais que apresentem coerência entre os objetivos e os prazos necessá-
rios para sua realização.
74
Para definir as atividades que devem ser realizadas do início ao fim do
projeto retornemos, também, ao seu escopo:
• Propósito: produzir embalagens biodegradáveis com matérias-
-primas sustentáveis para animais de estimação doméstico;
• Resultado final esperado: venda e distribuição da
embalagem biodegradável;
• Critérios de sucesso: aprovação da embalagem e produção com alta
qualidade (matérias-primas biodegradáveis com custos reduzidos);
• Delimitação do escopo: o projeto inicia com a aprovação do termo
de abertura, do plano de gerenciamento, validação do escopo e do
cronograma. Requer pesquisa de materiais sustentáveis que satis-
façam os requisitos solicitados (biodegradáveis), definição da matéria-
-prima adequada, realização de testes controlados para verificação
da qualidade da matéria-prima escolhida, produção da embalagem
modelo, apresentação do modelo de embalagem, envio da embalagem
aprovada para a produção.
Para esta EAP, são propostas as seguintes atividades presentes no Quadro 2.5.
Quadro 2.5 | Lista de atividades do projeto Biopetfood
Atividade Descrição
Redação da justificativa do projeto; levantamento
Definição do termo de abertura dos requisitos, necessidades e expectativas; estima-
tivas de recursos.
Definição da equipe Decidir os membros da equipe Bioetfood.
Definir quem são as partes interessadas além da
Definição das partes interessadas
equipe e do diretor de criação.
Definição dos objetivos Listar os resultados a serem alcançados.
Criação do escopo Definir a abrangência do projeto.
Produzir embalagens biodegradáveis com maté-
Revisão dos objetivos rias-primas sustentáveis para animais de estimação
domésticos.
Realizar pesquisa de matérias-primas biodegradá-
Pesquisa de matérias-primas
veis e sustentáveis para a produção das embalagens.
Escolher a matéria-prima mais adequada no que
Definição dos materiais
tange aos custos e à qualidade.
Após a realização de todo planejamento redigir o
Criação do plano do projeto
plano de gerenciamento do projeto.
Validação do escopo Aprovar o escopo com as partes interessadas.
75
Enviar a matéria-prima e o modelo de embalagem
Produção da embalagem modelo
para a produção.
Apresentação da embalagem Realizar reunião de apresentação da embalagem
modelo modelo para as partes interessadas.
Após a realização das adequações, caso houver,
Aprovação do modelo
submeter à nova apresentação e aprovação.
Envio da embalagem modelo para Enviar a embalagem aprovada para a produção em
produção escala.
Vender e distribuir as embalagens para os parceiros
Venda e distribuição
comerciais e filiais da empresa.
76
O trecho faz referência à/ao:
a. Diagrama de rede.
b. Estrutura analítica do projeto (EAP).
c. Gráfico de Gantt.
d. Cronograma.
e. Escopo.
77
Seção 3
Diálogo aberto
Estimado aluno, chegamos ao final da unidade Gestão de Projetos
Ambientais. Tivemos a oportunidade de compreender os elementos do
gerenciamento de projetos, bem como o planejamento do escopo, definição
e sequenciamento das atividades, elaboração do cronograma e compreensão
das áreas de conhecimentos da gestão de projetos.
Nesta seção, você será levado a compreender acerca dos riscos dos
projetos e criar planos de respostas a eles. Além disso, vai conhecer alguns
agentes financiadores de projetos ambientais.
Lembre-se de que você foi contratado para compor a equipe de gestão
ambiental de uma empresa que produz embalagens de filmes flexíveis,
laminados, encolhíveis e coextrudados em diferentes estruturas para os
mercados de alimentos, bebidas, cosméticos, farmacêuticos, higiene pessoal,
limpeza doméstica e pet food, atendendo todo o continente americano. Essa
empresa tem uma estrutura organizacional projetizada, portanto todo novo
produto ou sistema é concebido e passa pela metodologia de Gestão de Projetos,
para que tenha maior possibilidade de sucesso ao final de sua execução.
O diretor de criações da empresa propôs a sua equipe de gestão ambiental
e à equipe de criação a concepção de um projeto para o desenvolvimento de
embalagens biodegradáveis para pet food, denominado Biopetfood. Ele está
muito satisfeito com seu trabalho e de sua equipe, entretanto, há pontos que
trazem preocupações, como os possíveis riscos envolvidos após o início da
execução do projeto, como o atraso na pesquisa e na obtenção da matéria-
-prima que será utilizada, dentre outros.
Dessa forma, toda equipe foi reunida, sendo solicitada a realização de um
Plano Gerenciamento de Riscos do Projeto, com o objetivo de definir como
conduzir as atividades de gerenciamento que podem impactar o desenvolvi-
mento do produto. Nesse escopo, será definido como tomar as devidas ações
corretivas, identificando as causas, impactos e ações preventivas para que, o
problema ocorrendo, não se repita. Por fim, serão documentadas todas as
decisões tomadas, notificando os responsáveis e garantindo os seus respec-
tivos comprometimentos na resolução.
78
Após a apresentação da prévia do Plano de Gerenciamento de Riscos ao
diretor de criações, este avaliou a proposta e imediatamente reuniu a equipe,
para solicitar modificações quanto aos planos de respostas aos riscos.
Durante a apresentação do plano de gerenciamento ao diretor e
demais lideranças, estes questionam o que seria realizado caso ocorram os
seguintes riscos:
Atraso na pesquisa e desenvolvimento do piloto das embalagens biode-
gradáveis, devido à troca dos pesquisadores envolvidos.
Demora na entrega da matéria-prima por um fornecedor.
Necessidade de troca do fornecedor da matéria-prima.
Portanto, como resolver essa nova solicitação? Quais os planos que devem
ser realizados? Como os riscos devem ser considerados?
79
as empresas possibilitariam aos consumidores conhecer os impactos ambien-
tais envolvidos em todas as etapas do processo produtivo, da matéria-prima
ao pós-consumo, chegando à destinação final dos resíduos/rejeitos.
Assimile
Com a adesão de empresas na Rede Empresarial Brasileira de Avaliação
do Ciclo de Vida, objetiva-se a construção de uma sociedade consumi-
dora mais atenta, permitindo que acompanhem o percurso do produto
desde a chegada ao comércio até o seu descarte final, possibilitando-
-lhes escolher produtos que promovam menores impactos negativos ao
meio ambiente. Avaliar o ciclo de vida de um produto envolve também
a possibilidade de analisarmos os impactos que ele possa causar na
natureza, nas diferentes fases de sua vida, tais como a emissão de gases
de efeito estufa, o consumo de recursos naturais, a quantidade de água
e energia requeridos para a sua confecção, entre outros.
80
Podemos citar como exemplo de risco positivo, o término antecipado de
alguma fase ou do projeto como um todo, o que poderia gerar: incentivos
financeiros dos investidores, novos sócios para a organização e experiências
para futuros projetos.
Ainda que ocorram incertezas durante o projeto, existem riscos que são
passíveis de serem previstos, com respostas planejadas para enfrentá-los. A
antecipação dos riscos e a tratativa para contorná-los, condiz com um geren-
ciamento denominado proativo.
Em um cenário ideal, teríamos que todos os riscos poderiam ser previstos
e gerenciados.
Assimile
Gerenciamento proativo dos riscos é o ato de antecipar futuras
mudanças ou necessidades que podem ocorrer ao longo do projeto.
Este tipo de gestão permite tomar decisões antecipadas, minimizando
os possíveis problemas gerados pelas modificações (CARVALHO, 2015).
81
• Implantar respostas aos riscos: realiza o planejamento relativo às
respostas aos riscos.
• Monitoramento e controle dos riscos: implanta os planos de
resposta, acompanha os riscos identificados, monitora os riscos
residuais, identifica novos riscos e avalia a eficácia dos processos de
tratamento em todo o projeto.
Para realizar o Plano de Gerenciamento de Riscos é necessário conhecer
o escopo, os planos de gerenciamento de custos, do cronograma, comuni-
cações, bem como os processos organizacionais da empresa ou solicitante.
Tendo o conhecimento sobre esses elementos, realiza-se reuniões com a
finalidade de desenvolver tal plano, que envolve:
• Definir métodos, abordagens, ferramentas e fonte de dados para o
gerenciamento de riscos.
• Os papéis e as responsabilidades de cada membro da equipe.
• Orçamento e recursos disponíveis.
• Determinar a frequência e os prazos com que o plano deve ser revisado.
• Categorizar os riscos como internos ou externos.
• Definição de probabilidade e impacto.
• Revisão de tolerância aos riscos pelos stakeholders.
• Formatação dos relatórios para a comunicação.
• Modo de acompanhamento e documentação.
A identificação de riscos significa apontar fatores a que os projetos estão
expostos. Os riscos podem ter origem distintas, como em causas não plane-
jadas (acidentes e incêndios, entre outros); causas externas (modificação de
legislação, crises políticas, crise econômica ou ambiental) e até sabotagens
(podendo ser interna ou externa), bem como no próprio projeto, devido
decisões relativas aos métodos, financiamentos, especificações, embargos de
obras, tecnologias, estratégias ou planejamento (KEELING, 2006).
Para cada risco identificado, seus impactos potenciais devem ser
previstos. Esses impactos podem estar relacionados a atrasos no crono-
grama, a despesas adicionais ou ao não cumprimento dos critérios de aceite.
De acordo com Vargas (2018), são os critérios, os requisitos de desempenho
e condições essenciais que devem ser atendidos antes que as entregas do
projeto sejam aceitas. Da mesma forma, o encerramento do contrato antes
82
do previsto, caso haja falhas do projeto, atrasos, mudanças econômicas, pode
gerar riscos até de afastamento de investidores nas organizações.
Em projetos de longo prazo ou que apresentam várias fases, pode não ser
possível identificar todos os riscos, no entanto enquanto o projeto progride
e a equipe obtém maiores informações ou elas tornam-se mais claras, é
possível, progressivamente, identificar novos riscos e estimativas de impactos
de riscos já detectados (CLEMENTS; GIDO, 2013).
O Quadro 2.6 a seguir apresenta uma sugestão para classificação de riscos:
Quadro 2.6 | Matriz Qualitativa de Riscos
Exemplificando
A área de mineração é um exemplo de atividade que apresenta um plano
de gerenciamento de riscos, uma vez que esse plano é uma exigência para
a obtenção das licenças ambientais (prévia, instalação, operação e desati-
vação). Nele devem constar todos os riscos envolvidos no escopo da ativi-
dade, como sistemas de alerta de rompimento de barragens, planos de
evacuação, medidas preventivas e mitigatórias, escopo dos grupos de
brigada, impactos diretos e indiretos ocasionados em caso de acidentes,
bem como o potencial, prazo de recuperação e, principalmente, qual a
probabilidade de ocorrência de qualquer risco descrito no plano.
83
é possível aceitá-lo, o que significa lidar com ele, se e quando ocorrer, em vez de
tomar medidas para evitar ou reduzir o impacto (CLEMENTS; GIDO, 2013).
O plano de resposta é um conjunto determinado de ações com a finali-
dade de prevenir ou minimizar a probabilidade de ocorrência ou impacto de
um risco, ou para ser implantado, caso o evento ocorra. Envolve o desenvol-
vimento de um plano de ação para reduzir a probabilidade de ocorrência e
o impacto potencial de cada risco. Esse plano pode ser classificado como de
contingência ou de contenção.
O plano de contingência são procedimentos ou ações que têm como
objetivo minimizar os impactos de um ou mais fatores de risco assumirem
proporções que possam prejudicar as chances de sucesso de um projeto. Já
o plano de contenção compreende ações ou procedimentos com o objetivo
de reduzir as chances de um ou mais fatores de risco virem a assumir valores
que possam prejudicar o sucesso do projeto.
Reflita
Tendo em mente o que foi discutido até o momento sobre os planos de
respostas aos possíveis riscos que podem ocorrer nos projetos, quais
seriam as vantagens econômicas da elaboração de um plano de contin-
gência em um projeto? Reflita!
Assimile
A modificação do escopo do trabalho pelo cliente ou solicitações de
mudanças no cronograma e no orçamento podem afetar a avaliação
dos riscos previamente elaborados, ou ainda, resultar na identificação
de novos riscos. Por exemplo, em um projeto de implantação de uma
central de coleta e reciclagem de resíduos, o cliente pode resolver
aumentar ou diminuir a área de recolhimento, o que influenciará direta-
mente no tamanho do local onde ocorrerá a reciclagem, na quantidade
de equipamentos e de mão de obra, gerando modificações no crono-
grama e nos custos.
84
Outros pontos cruciais do desenvolvimento do projeto são a definição
dos custos, a captação de recursos (fontes financiadoras) e a determinação do
mapa de stakeholders. Quando falamos da definição de custos de um projeto
estamos nos referindo ao orçamento, que terá como objetivo apresentar os
custos planejados para a realização do projeto.
Esses custos estão relacionados à mão de obra, equipamentos e despesas
fixas que podem e devem ser consideradas no orçamento do projeto, já que
esse se configura como o cronograma financeiro, indicando com o que e
quando serão gastos os recursos, bem como de que fontes eles derivarão.
O planejamento orçamentário é constituído pelos planos de receitas,
custos, gastos com pessoal, despesas operacionais e investimentos (ou aquisi-
ções). Não se deve confundir planejamento orçamentário com uma adivi-
nhação. Ao contrário, ele é baseado em fatos e argumentos para a realização
de previsões mais precisas e exatas possíveis.
A determinação do orçamento do projeto envolve duas etapas: Em um
primeiro momento, elabora-se um orçamento para cada pacote de trabalho,
agregando-se os custos estimados às atividades específicas associadas em
cada pacote. Posteriormente, o orçamento para cada um deles é distribuído
pelo intervalo de tempo esperado em que as atividades sejam realizadas, de
modo que seja possível determinar quanto de seu orçamento deve ser gasto
até determinado momento. O Quadro 2.7 a seguir demonstra o resumo das
funções relacionadas ao gerenciamento de custos de um projeto.
Quadro 2.7 | Fatores do gerenciamento dos custos do projeto
85
outros, ou de agentes financiadores diversos, como da iniciativa pública,
privada ou da parceria público-privada.
Uma das alternativas para captação de recursos financeiros necessários
para o desenvolvimento de projetos é o financiamento por meio de institui-
ções financeiras, empresas investidoras ou outras pessoas físicas ou jurídicas.
A obtenção de um financiamento envolve, via de regra, diversas atividades
adicionais, além de custos e riscos associados. Vamos utilizar um financiamento
bancário como exemplo para observarmos as atividades adicionais envolvidas:
• Cadastro da empresa na instituição financeira.
• Preenchimento da proposta do financiamento incluindo garantias
pela empresa.
• Análise de crédito da proposta pelo banco.
• Aprovação da proposta para o financiamento pelo banco.
• Assinatura do contrato do financiamento.
• Liberação das parcelas pelo banco.
• Pagamento das parcelas pela empresa.
Os custos adicionais de um financiamento bancário envolvem juros
cobrados pelo financiamento, taxas bancárias, multas por atraso, tempo gasto
com as atividades adicionais, e ainda oferece alguns riscos e impactos como:
• Não aprovação da proposta.
• Atraso na liberação do financiamento.
• Atraso no pagamento das parcelas por parte da empresa.
• Juros e multas adicionais.
• Uso das garantias por parte do banco.
• Inviabilização do projeto devido ao aumento dos custos.
• Muitos bancos brasileiros oferecem linhas de crédito para implantação
de projetos ambientais como: Fundo Amazônia; Programa Nacional
de Florestas; Programa Produção Mais Limpa; Gestão Sustentável
de Resíduos Sólidos; Estímulo para Construções Mais Sustentáveis;
Estímulo a Boas Práticas Sociais e Ambientais; Drenagem Urbana
Sustentável, dentre outros.
Os agentes financiadores, sejam eles internos (cliente e/ou solicitante
do projeto) ou externos (público e/ou privado) são partes interessadas no
86
desenvolvimento e execução das tarefas do projeto, portanto devem necessa-
riamente constar no mapa de stakeholders, sendo uma ferramenta essencial
para a comunicação entre as partes. Por meio desse mapa é possível identi-
ficar pessoas-chave, entender os interesses e os fatores críticos de sucesso.
No mapa de stakeholders deve constar aqueles são internos ao projeto,
como o cliente, gerente, equipe e os externos, agentes financiadores, público
alvo e fornecedores, entre outros. Todos apresentam um grau de importância
e influência dentro do projeto.
Nesta seção você teve a oportunidade de se aproximar dos conhecimentos
relativos ao planejamento de risco de um projeto e compreender os elementos
que o compõe. Ainda, apreendeu de onde derivam os recursos que podem finan-
ciar projetos ambientais e como o mapeamento das partes interessadas de um
projeto é importante para a sua comunicação. Aprofunde seus conhecimentos
realizando pesquisa de matérias sobre o gerenciamento de projetos ambientais.
Bons estudos!
87
• Necessidade de troca do fornecedor da matéria-prima.
Algumas respostas possíveis seriam:
O atraso na pesquisa devido à troca dos pesquisadores no decorrer do
processo é um risco que não pôde ser previsto, portanto não poderia ser
evitado, somente mitigado e aceito, para que o impacto fosse o menor
possível. Desse modo, duas respostas são possíveis de serem elaboradas.
Com relação à diminuição do impacto, pode-se contratar terceiros para a
realização da pesquisa. Já se a decisão for aceitar esse risco, é provável que o
cronograma e os custos sejam impactados negativamente.
Em relação à demora na entrega das matérias-primas pelo fornecedor
é possível traçar respostas para evitar e mitigar os impactos e a probabili-
dade de ocorrência. A fim de evitar esse risco, pode-se apresentar mais de
uma opção de fornecedor para as matérias-primas. Para mitigá-lo, pode-se
criar uma cláusula no contrato de fornecimento que prevê multa por atraso
na entrega da matéria-prima, possibilitando um equilíbrio entre os gastos e
custos com a matéria-prima escolhida.
Em um cenário em que se tenha a necessidade de realizar a troca do forne-
cedor, é fundamental que estejam contempladas no plano de gerenciamento de
riscos outras empresas que possuam o material e que possam vir a ser opções de
fornecedores, minimizando o risco de falta de material no processo produtivo.
Os riscos levantados tendem a ocasionar o atraso na produção da
embalagem modelo, que é, então, considerado um risco previsível, e sua
probabilidade de ocorrência está atrelada aos fatores supracitados. Sabendo
que, caso ocorra qualquer um dos problemas citados, existe a possibi-
lidade de contratar funcionários temporários para acelerar a produção,
tal decisão acarretará maiores custos em prol do cumprimento do crono-
grama estabelecido.
Portanto, é essencial que o plano de gerenciamento esteja em conso-
nância com o planejamento orçamentário, para que a ocorrência de eventos
que impactem negativamente o desenvolvimento do projeto não torne os
custos maiores que os previamente planejados.
Os exemplos aqui explorados são ilustrativos, como um possível encami-
nhamento de como você e sua equipe de projetos podem resolver a solici-
tação do diretor de criações para a criação de um plano de resposta a alguns
riscos envolvidos no projeto Biopetfood, havendo diferentes possibilidades
que dependerão das solicitações impostas, dos stakeholders e experiências
advindas da equipe em projetos anteriores.
88
Faça valer a pena
89
( ) A obtenção de um financiamento envolve, via de regra, diversas atividades
adicionais, além de custos e riscos associados.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a. V – V – F – F.
b. F – F – V – V.
c. V – F – V – V.
d. F – V – F – V.
e. V – V – F – V.
90
Referências
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de Janeiro: Brasport, 2015.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Apoio a projetos. Brasília, 2019. Disponível em: https://
www.mma.gov.br/apoio-a-projetos.html. Acesso em: 25 set. 2019.
CLEMENTS, J. P.; GIDO, J. Gestão de Projetos. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
DISMORE, P.; SILVEIRA NETO, F. H. da. Gerenciamento de projetos: como gerenciar seu
projeto com qualidade, dentro de prazo e custos previstos. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark
Editora, 2013.
KEELING, R. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2006.
MONTES, E. Gerenciamento das Aquisições: O melhor custo x benefício das suas compras.
São Paulo: [s.n.], 2018. Disponível em: https://escritoriodeprojetos.com.br/livro-gerenciamen-
to-das-aquisicoes. Acesso em: 22 set. 2019.
SEHNEM, S.; SARQUIS, A. B.; CASSOL, N. K. Fontes e Linhas de Financiamento para Projetos
Ambientais. Revista dos Mestrados Profissionais, v. 4, n. 1, p. 213-223, 2015. Disponível em:
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VARGAS, R. A melhor maneira de se ler o Guia PMBOK®. [S.l.], 31 jan. 2018. Disponível em:
https://ricardo-vargas.com/pt/podcasts/the-best-way-to-read-the-pmbok-guide/. Acesso em:
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VARGAS, R. Fluxo de processos do PMBOK ® - Guide 6a edição. Rvdownloads. [S.l], [s.d.].
Disponível em: https://bit.ly/2R1wlZh. Acesso em: 28 nov. 2019.
VARGAS, R. V. Manual prático do plano do projeto. 6. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2018
[E-book].
Convite ao estudo
Estamos iniciando uma nova unidade de estudos sobre Projetos
Ambientais, na qual trabalharemos a temática: Produção mais limpa.
Você já parou para pensar em como a tecnologia evoluiu exponencial-
mente a partir da revolução industrial? E ainda, como isso acompanhou
o modelo de produção? Veja: se antes tínhamos todo o despejo industrial
diretamente em corpos hídricos, a conscientização ambiental fez com que
tais condições fossem inadmissíveis, acarretando o surgimento de leis para
controle.
Então, qual seria o próximo passo? Tentar reduzir a geração de impactos
no próprio processo de produção!
Os negócios atualmente apresentam grandes preocupações com o modo
de produzir, distribuir e consumir seus produtos, portanto, é essencial que
você, futuro tecnólogo em gestão ambiental, saiba elaborar e implantar
projetos de modo a resolver problemas com criatividade e raciocínio crítico
no que tange a produção mais limpa.
Para compreender a lógica do modelo de produção mais limpa vamos
discutir primeiramente os Projetos de Produção Mais Limpa (P+L), o conceito
desse sistema de produção, as etapas de implantação do projeto, bem como
o papel da Organização das Nações Unidas no desenvolvimento da P+L e
como o setor financeiro tem auxiliado a promoção da economia susten-
tável no Brasil. Posteriormente, abordaremos a Implantação da metodologia
de Produção Mais Limpa (P+L), na qual serão abordados os contrapontos
dos modelos de Gestão Ambiental e a Produção Mais Limpa; a produção e
consumo sustentável e os exemplos de sucesso de projetos de P+L.
Por fim, compreenderemos a Produção Mais Limpa e o Desenvolvimento
Sustentável, bem como discutiremos sobre as Políticas de mitigação de
impacto ambiental, o Mercado de títulos verdes e a Pegada ecológica.
Preparado para mais este desfio na construção de seus conhecimentos
sobre projetos ambientais? Bons estudos!
Seção 1
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à Seção de Projetos de Produção Mais Limpa
(P+L)! É chegada a hora de aprenderemos o conceito desse sistema de
produção, as etapas de implantação do projeto, o papel da Organização das
Nações Unidas no desenvolvimento da P+L e como o setor financeiro tem
auxiliado a promoção da economia sustentável no Brasil.
Para nortear nossas discussões vamos supor a seguinte situação:
A alta diretoria de uma indústria de laticínios, visando a possibilidade de unir
os ganhos ambientais aos econômicos, decidiu implantar o modelo de gestão
ambiental denominado Produção Mais Limpa (P+L). Este modelo tem como
objetivo aplicar estratégias e técnicas, tanto aos processos produtivos quanto aos
produtos, visando, principalmente, minimizar ou reciclar resíduos gerados.
Com o intuito de fomentar a Produção Mais Limpa, o diretor de
responsabilidade socioambiental da indústria solicitou da equipe de gestão
ambiental da empresa, da qual você, gestor ambiental, faz parte, para iniciar
a concepção do projeto de implantação de P+L.
Nesta mesma reunião, o Diretor apresentou à equipe os procedimentos e
etapas que deveriam ser realizadas para concluir a implantação deste modelo de
gestão na empresa. De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas
(CNTL, 2003, p. 15-29) os procedimentos são: pré-avaliação da empresa;
capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa; elaboração de um
balanço ambiental, econômico e tecnológico do processo produtivo; avaliação
do balanço elaborado e identificação de oportunidades de P+L; priorização
das oportunidades identificadas na avaliação; elaboração do estudo de viabi-
lidade econômica das prioridades; estabelecimento de um plano de monito-
ramento para a fase de implantação; implantação das oportunidades de P+L
priorizadas; definição dos indicadores do processo produtivo; documentação
dos casos de P+L e elaboração de planos de continuidade.
Foi solicitado à equipe que ao final da implantação fosse realizada uma
apresentação aos investidores da empresa sobre o processo de implantação
do modelo de Produção Mais Limpa, a fim de conseguir debêntures (emprés-
timos dos investidores para as empresas) com o objetivo de financiar futuros
projetos positivos ao meio ambiente e à participação da empresa de laticínios
no mercado de títulos verdes.
95
Posteriormente à reunião de apresentação da proposta de implantação do
modelo de Produção Mais Limpa, você e sua equipe iniciaram os estudos e
levantamentos necessários para a concepção e execução deste novo projeto.
Decidiram, então, em princípio, realizar as seguintes ações: pré-avaliação da
empresa; capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa; elabo-
ração de um balanço ambiental, econômico e tecnológico do processo
produtivo; avaliação do balanço elaborado e identificação de oportunidades
de P+L; priorização das oportunidades identificadas na avaliação; elaboração
do estudo de viabilidade econômica.
A fim de realizar estes primeiros procedimentos, você e sua equipe
deveriam responder a alguns questionamentos: Como estabelecer o ecotime?
Qual a abrangência do projeto? Como identificar as barreiras e soluções para
implantação da Produção Mais Limpa? Em qual fase do processo produtivo
haverá aplicações de produção mais limpa? Qual será o benefício econômico
gerado através da aplicação da Produção Mais Limpa?
Além disso, o diretor propôs que a equipe, além de conceber os primeiros
procedimentos de implantação da P+L, apresentasse uma ação a ser reali-
zada com relação à fonte de energia utilizada no processo produtivo dessa
indústria. Portanto, qual fonte de energia poderia ser implantada no processo
produtivo da indústria que esteja em consonância com os propósitos da P+L
e, ainda, confira eficiência energética à indústria?
Posteriormente a essas etapas, você, juntamente com a sua equipe, deve
iniciar o processo de confecção de um relatório sobre a implantação do
projeto de P+L com a finalidade de conseguir empréstimos dos investidores
para a empresa, com o objetivo de financiar futuros projetos e a participação
da empresa de laticínios no mercado de títulos verdes.
96
organismos supranacionais em sua implantação e a ação do setor financeiro
na promoção da P+L.
Afinal, o que seria a P+L? Datada do fim da década de 1980, consiste
em um modelo de produção pautado em estratégias produtivas com o
viés atrelado ao desenvolvimento sustentável. Tem como objetivo eliminar
a poluição durante o processo produtivo e não após sua conclusão, como
ocorre no controle “fim de tubo”. Alguns exemplos de tecnologias utilizadas
para o controle da poluição no modelo produtivo “fim de tubo” são: filtros de
emissões atmosféricas; estações de tratamento de efluentes líquidos (ETE) e
tecnologias de tratamento de resíduos sólidos.
Assimile
End-of-pipe (fim-de-tubo) é o controle de resíduos ao final do processo
produtivo, intensamente utilizado entre as décadas de 1970 e 1980,
caracteriza-se por adotar tecnologias de tratamento de poluentes –
emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos – com o
objetivo de reduzir os poluentes antes do descarte no ambiente. Nesse
tipo de técnica a preocupação ambiental está pautada na remediação
dos impactos ambientais decorrentes do processo produtivo.
97
recursos e gestão ambiental, por meio da “[...] aplicação contínua de uma
estratégia ambiental que envolve processos, produtos e serviços, de maneira
que se previnam ou reduzam os riscos de curto ou longo prazo para o ser
humano e o meio ambiente”. (Ministério do Meio Ambiente, 2019, n.p.).
Com a finalidade de difundir cada vez mais a P+L, cada país interessado
pode instalar um Centro Nacional de Produção Mais Limpa, vinculado ao
UNIDO e ao PNUMA.
No Brasil, foi criado o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL)
junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do Rio
Grande do Sul, ao qual estão ligados os demais núcleos do país. Suas ativi-
dades foram iniciadas em onze empresas do setor agroindustrial, polímeros
e metalomecânico. Esses setores foram identificados como adequados para a
implantação da P+L devido às oportunidades que seus passivos ambientais
poderiam proporcionar, do potencial de reaproveitamento de seus resíduos
e da influência na economia do estado, ou seja, atendiam aos princípios
básicos da metodologia (Figura 3.1).
Figura 3.1 | Princípios Básicos da P+L
Não
Geração Redução
Reaprovei-
Reciclagem
tamento
98
Como mencionado a P+L envolve procedimentos relacionados aos produtos,
processos produtivos e serviços, os quais podemos observar no Quadro 3.1.
Quadro 3.1 | Produção Mais Limpa: procedimentos
Procedimentos Ações
Exemplificando
Vamos analisar os ganhos econômicos e ambientais com duas ações de
implantação da lógica de P+L, realizada por uma consultoria ambiental
em uma empresa de produção de móveis localizada no estado do Rio
Grande do Sul, segundo dados disponibilizados pela mesma:
99
I. Utilização de plástico bolha reciclado para embalagem dos móveis.
• Houve o ganho Trimestral de R$ 63.508,32. Em 1 ano obtiveram
o ganho de R$ 254.033,35. Dos 209.080,96 kg de plástico bolha
utilizados anualmente 45% (94.086,43 kg) é reciclado e 55%
continua como plástico bolha virgem (114.994,52 kg).
II. Utilização de somente 1 compressor durante o segundo turno.
• Economia de R$ 46.450,80 por ano em energia elétrica corres-
pondente ao uso do compressor GA-75 (deixado fora de uso).
Redução do consumo de 20 litros de óleo lubrificante a cada
6 meses, que corresponde a R$ 130,00. Ganho de um filtro
separador de óleo a cada 4.000 horas a um custo de R$ 1.160,44
que corresponde a 1 ano e 11 meses de horas trabalhadas.
Ganho de 2 filtros de óleo a cada 2.000 horas a um custo de R$
35,53 cada (R$ 71,06), que corresponde a 11 meses de horas
trabalhadas. Obteve ganho ambiental, pois houve redução no
consumo de energia elétrica que deixa de ser fornecida pelas
hidrelétricas, ficando disponível para outros sistemas.
Fonte: P+L Consultoria: cases. 2019.
100
É notável a relação da Produção Mais Limpa com o Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) e com a melhoria contínua, uma vez que buscam usar a
matéria-prima de forma racional, gerando menor quantidade de resíduos e
menos impactos ambientais.
Para que possamos melhor compreender a relação da P+L com a lógica
da melhoria contínua, em especial com o Ciclo PDCA, vamos explorar um
estudo de caso de um cemitério que apresentava como passivo ambiental os
resíduos da exumação (CETESB, 2002).
Os principais problemas eram os impactos ambientais associados ao seu
descarte e os custos elevados para coleta e destinação.
Na fase de planejamento (P) a administração do cemitério definiu que
o objetivo seria reutilizar esses resíduos no processo de compostagem e
produção de adubo orgânico.
A execução (D) ocorreu em cinco etapas:
1. Mapeamento de todo os resíduos gerados pelas unidades de acordo
com a sua classificação;
2. Avaliação da geração, armazenamento, coleta e destinação dos
resíduos por empresas contratadas;
3. Criação de “Ecoponto” para coleta e armazenamento dos resíduos;
4. Compra de um triturador de resíduos orgânicos;
5. Treinamento dos operadores das unidades para operação e controle
do processo
O investimento foi no valor de R$29 mil, sendo destinados R$28 mil
para aquisição de dois trituradores de resíduos orgânicos e o restante
para compra de Equipamento de Proteção Individual e ferramentas para
manutenção do equipamento.
Na checagem dos resultados (C) observou-se que os benefícios ambien-
tais alcançados foram:
• Redução no consumo de adubos químicos/orgânicos adquiridos.
• Produção de adubo orgânico, para uso em nossos viveiros de mudas
e na revitalização das quadras gramadas, contribuindo com a melho-
raria do ambiente natural, demonstrando a responsabilidade assumida
pela administração com o meio ambiente e o desenvolvimento de um
empreendimento sustentável.
101
• Otimização do armazenamento de resíduos de madeira, prove-
nientes de urnas, em caçambas metálicas contratadas para este tipo
de resíduos: de 33 urnas por caçamba para 56 urnas por caçamba.
• Redução do volume anual de resíduos classe II-A (não inertes, podem
ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou
solubilidade em água) destinados em aterro: de 352,5 m³ para 270,0 m³.
Os resultados econômicos não estão relacionados com um menor dispêndio
na contratação de caçambas (economia referente a uma caçamba por mês)
pelas empresas contratadas, de R$ 10.626,00 anual para R$ 6.160,00 anual.
Por fim, na fase da Ação (A), nesse exemplo, compreende as atuações
futuras com vistas à melhoria contínua que seriam a “Formação de parce-
rias para educação ambiental e Manutenção nos viveiros utilizando o adubo
gerado pela trituração de resíduos.”
A implantação dessa estratégia produtiva ocorre por meio de projetos
realizados em cinco etapas (Quadro 3.2) que podem ser subdivididos em
dezoito tarefas (Figura 3.2).
Quadro 3.2 | Etapas/Fases de implantação da P+L
Etapas/Fases Ações
102
Figura 3.2 | 18 tarefas para implantação da P+L
Comprometiment Seleção do foco
Elaboração dos
o da direção da de avaliação e
fluxogramas
empresa priorização
Avaliação técnica,
Pré-avaliação Barreiras ambiental e Seleção da opção
econômica
103
envolvimento efetivo da empresa com a proposta de trabalho; entraves em
conseguir os equipamentos de medição (balanças).
Reflita
Existem diversos processos industriais que demandam elevadas quanti-
dades de insumos e/ou energia em sua operação. São exemplos a
produção de alimentos, papel, plástico, metalurgia, dentre outras. Será
que todo processo industrial permite a aplicação da metodologia P + L?
Reflita sobre isso!
Assimile
A inserção de tecnologias limpas para geração de energia elétrica é uma
das diversas alternativas que podem auxiliar a empresa em reduzir o
consumo de energia elétrica de fontes não renováveis. Um exemplo é
a instalação de painéis fotovoltaicos, os quais utilizam a energia solar
para geração de energia elétrica, por meio de conversão química.
Vale ressaltar que, caso o empreendimento possua energia excedente,
poderá ser comercializado com a companhia fornecedora de energia elétrica.
Para que seja possível alcançar uma economia sustentável são necessários
esforços conjuntos dos consumidores e governos que podem atuar de modo
incisivo contra os infratores via aparatos jurídicos ambientais; as indústrias,
por melhorarem seus métodos produtivos em busca de alternativas tecnoló-
gicas mais limpas que reduzam o risco de geração de passivos ambientais e o
sistema financeiro, agindo no direcionamento de recursos para que todos os
outros processos se tornem viáveis. (BARGUENA, 2009).
Algumas ações do setor financeiro para auxiliar na ampliação de uma
economia sustentável são: presença dos bancos em índices de sustentabilidade,
104
financiamentos socioambientais, fundos socialmente responsáveis, seguros
ambientais, mercado de carbono, financiamentos para empresas que tenham
interesse em implantar a P+L, crédito sustentável (privilegia atividades menos
agressivas ao meio ambiente, mais socialmente inclusivas e que gerem empregos).
O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) apresenta linhas de
créditos voltadas à micro e pequenas empresas para implantação de projetos
relacionados ao uso de energias renováveis e eficiência energética. Essas
ações permitem melhor gestão do risco, socioambiental nas operações de
crédito e amplia as oportunidades de negócios que surgem nessa nova ótica
da economia verde e inclusiva. Algumas ações de incentivo econômico
(Quadro 3.3) foram realizadas no âmbito estadual para estimular as organi-
zações a implantarem a P+L.
Quadro 3.3 | Ações governamentais para incentivo na implantação da P+L
Ações de Incentivo
Objetivos
Econômico
Programa Estadual de
Redução do consumo de energia nos segmentos públicos
Eficiência Energética e
e privados; consumo racional de energia; incentivo a
deIncentivos ao uso de
utilização de energias renováveis e técnicas e produtos
Energias Renováveis –
mais eficientes.
PROENERGIA, Espírito Santo
105
Sem medo de errar
106
algumas atitudes. Pontuar que a partir da alteração da lógica de produção é
possível pleitear investimentos e ter abatimento em determinadas tributações.
Com relação à fonte de energia uma proposta viável seria o investimento em
instalação de painéis fotovoltaicos para a geração de energia solar, que além de
ser utilizada na indústria o excedente, caso aja, pode ser comercializado com a
organização fornecedora de energia elétrica, auxiliando nos ganhos econômicos.
Há, também, a possibilidade de solicitar incentivos econômicos por meio
de programas e políticas estaduais de auxílio ao uso de fontes de energias
renováveis e eficiência energética. O que promove os ganhos econômicos
da indústria e ainda melhora sua imagem junto aos investidores, acionistas,
funcionários e sociedade.
Os apontamentos aqui explorados são ilustrativos, como um possível
encaminhamento sobre como você e sua equipe podem desenvolver os
questionamentos iniciais que permeiam a implantação da P+L.
107
2. Leia e analise o trecho a seguir:
108
fazer com os resíduos?” para “O que fazer para não gerar resíduos?”. Sobre
este último princípio fundamenta-se a Produção Mais Limpa.
Esta nova abordagem sobre a questão dos resíduos levou a uma mudança de
paradigma. O resíduo, que antes era visto apenas como um problema a ser
resolvido, passou a ser encarado também como uma oportunidade de melhoria.
Sobre a Produção Mais Limpa analise as afirmativas a seguir:
I. A Produção Mais Limpa considera a variável ambiental em todos os
níveis da empresa, como por exemplo, a compra de matérias-primas, a
engenharia de produto, o design, o pós-venda, e relaciona as questões
ambientais com ganhos econômicos para a empresa.
II. Apesar de trazer benefícios ambientais, como a redução e eliminação
de resíduos, produção sem poluição, eficiência energética, dentre
outros, no entanto os benefícios econômicos são pífios.
III. A Produção Mais Limpa caracteriza-se por ações que são implemen-
tadas dentro da empresa com o objetivo de tornar o processo mais
eficiente no emprego de seus insumos, gerando mais produtos e
menos resíduos.
IV. A Produção Mais Limpa ocorre em dois níveis, um que se refere a
reciclagem interna e outro que se restringe a reciclagem externa.
Assinale a alternativa que apresenta a(s) afirmativa(s) correta(s):
a. I, II e IV.
b. II, III e IV.
c. I, II e III.
d. I e III apenas
e. I e IV apenas.
109
Seção 2
Diálogo aberto
Olá, aluno!
Você já percebeu que, ao longo do tempo, os modos de produzir bens
e mercadorias se modificaram? Se antes a lógica produtiva estava relacio-
nada à extração indiscriminada de recursos para satisfazer o afã do consumo,
atualmente nota-se uma maior preocupação com as ações ambientalmente
corretas. Um exemplo notório é a difusão da política dos “3rs”, baseadas nos
princípios de reduzir, reutilizar e reciclar.
Mas, como isso se relaciona com o que iremos estudar? Nesta seção
vamos avançar nas discussões sobre a Produção Mais Limpa, especialmente
sobre os projetos de sucesso no Brasil e as temáticas relativas à produção e
consumo sustentável.
Com o intuito de fomentar a Produção Mais Limpa, o Diretor de
Responsabilidade Socioambiental da empresa solicitou da equipe de gestão
ambiental da qual você, enquanto gestor ambiental, faz parte para iniciarem
a concepção do projeto de implantação de P+L.
Você e sua equipe cumpriram as primeiras tarefas para implantar o
modelo de Produção Mais Limpa na indústria de laticínios. Apresentaram as
projeções e previsões do processo realizado à alta diretoria que se mostrou
muito satisfeita, especialmente com os ganhos econômicos e ambientais que
a empresa conseguiria após a implantação da P+L. Deste modo, autorizaram
que o projeto fosse encaminhado aos demais procedimentos.
Portanto, você e a equipe de gestão ambiental devem realizar os seguintes
procedimentos: estabelecimento de um Plano de Monitoramento para a fase
de implantação; implantação das oportunidades de P+L e Elaboração de
Planos de Continuidade.
Baseado nas experiências vivenciadas em projetos anteriores (porém, em
escopos e metodologias diferentes), a equipe realizou um brainstorm para
alinhamento dos processos, no qual foram elencados, em forma de questio-
namentos, pontos para auxiliar na execução desses procedimentos, sendo:
como preparar o plano de implementação da Produção Mais Limpa? De que
110
maneira será o monitoramento e controle desta implantação? Quais ações
serão necessárias para sustentar as atividades de P+L?
Lembre-se que esses procedimentos comporão o relatório final que
deverá ser entregue ao Diretor da indústria e apresentado aos futuros inves-
tidores com a finalidade de conseguir empréstimos para implementação de
outros projetos ambientais na organização.
Para realizar mais esse desafio, você utilizará os conhecimentos relativos às
etapas de implementação dos projetos P+L, a lógica da produção e consumo susten-
táveis e da relação entre o Sistema de Gestão Ambiental e a Produção Mais Limpa.
Preparado para mais esse desafio?
Bons estudos!
Olá, aluno! Você sabe qual a diferença entre Produção Mais Limpa (P+L),
ecoeficiência, ecodesign e ecoinovação?
A P+L é uma abordagem de gestão ambiental que visa melhorar o desem-
penho ambiental de produtos, processos e serviços, concentrando-se nas
causas dos problemas ambientais em vez dos sintomas (UNEP, 2002).
Desta forma, este tipo de produção é um caminho diferenciado ao tradi-
cional controle da poluição (que se dá ao final do processo produtivo), que é
controlada ou os resíduos são tratados após a geração, configurando-se como
uma abordagem reativa. Já a P+L é uma abordagem proativa ou preventiva,
uma vez que promove a minimização de resíduos e matérias-primas, incentiva
a reciclagem, o uso de materiais menos tóxicos, a eficiência energética e hídrica.
A ecoeficiência seria uma forma de produzir e fornecer bens e serviços
que sejam competitivos, utilizando menor quantidade de recursos naturais e
que gerem menos resíduos e poluentes. Este termo foi definido em 1992 pelo
Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, inspi-
rado pela ideia de sustentabilidade do Relatório de Brundtland.
Assimile
O Relatório de Brundtland ou Nosso Futuro Comum, publicado em 1987
é fruto da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento, presidida por Gro Harlem Brundtland, mestra em saúde pública,
ex-primeira Ministra da Noruega. Este relatório traz as bases concei-
tuais do Desenvolvimento Sustentável, colocando o assunto direta-
mente na agenda pública.
111
O paradigma da ecoeficiência pressupõe diversas estratégias (Figura 3.3)
aliando corte de custos, redução do uso de recursos e aumento dos lucros.
Figura 3.3 | Estratégias que compõem o paradigma da ecoeficiência
112
minimizar o impacto ambiental durante seu ciclo de vida, isto é, reduzir a
geração de resíduos e de custos com a disposição final.
Os resíduos podem sem minimizados por meio da lógica da qualidade
e durabilidade, investindo em produtos com maior durabilidade, eficiência,
resistência e funcionalidade. Preza-se também a modularidade, priorizando
a criação de objetos que apresentem peças intercambiáveis, ou seja, que
possam ser trocadas caso apresentem defeitos, evitando a troca do objeto
todo e, ainda, perfazendo o princípio da reutilização e reaproveitamento,
sendo projetados para sobreviver ao seu ciclo de vida, possibilitando serem
reutilizados ou reaproveitados para outras funções após seu uso.
A ecoinovação está relacionada à modificação tecnológica nos processos
produtivos e nos produtos, mas também pode ser considerada a mudança
de hábito e comportamento individuais ou de organizações. De acordo com
Pnuma (2015, p.46) ecoinovação é:
113
O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) propõe cinco passos para que
uma empresa introduza a ecoinovação, conforme a Figura 3.4:
Figura 3.4 | Cinco passos para ecoinovação
1- Compreender o ciclo de
vida, principais atividades, 2- Revisar a estratégia 3- Repensar o modelo
seus impactos, ameaças empresarial e propor de negócios e a forma
e oportunidades, mudanças que estejam de atuação da empresa
identificando pontos alinhadas com os pontos para alcançar os
críticos para a inserção identificados. objetivos esperados.
da sustentabilidade.
4- Estabelecer um 5- Avaliar os
plano de ação para resultados para
colocar em prática os tomar novas decisões
projetos de mudanças. a respeito da
empresa.
Exemplificando
Pensando na implantação de um Sistema de Gestão de Indicadores de
Sustentabilidade em um hotel, com base nos princípios da ecoeficiência
e da ecoinovação, são exemplos de ações:
• Realizar um monitoramento do consumo mensal de água e
energia, permitindo ações assertivas que podem ser implan-
tadas, como: uso de equipamentos com baixo consumo elétrico,
sistemas de desligamento automático e iluminação natural
nas áreas comuns; práticas para captação e reutilização da
água; adoção de torneiras com temporizadores, chuveiros com
redutores de vazão.
• Utilização de iluminação natural e placas solares para o aqueci-
mento da água.
• Uso de pallets e caixotes na decoração e, ainda, treinamento
da equipe e estímulo ao engajamento dos hóspedes para evitar
desperdícios e disseminar regras de boa convivência.
• Adoção de separação seletiva, destinando materiais como vidros,
plásticos e papéis a cooperativas de catadores.
• Realização de compostagem com os resíduos orgânicos prove-
nientes da alimentação, dentre outras.
114
estágios: planejamento, preparação, implementação, análise e relatório de
dados, considerando os seguintes itens (SENAI, 2003, p. 34):
• Quando devem acontecer as atividades determinadas.
• Quem é o responsável por estas atividades.
• Esperados os resultados e sua temporalidade.
• Quando e por quanto tempo monitorar as mudanças.
• Quando avaliar o progresso.
• Quando devem ser assegurados os recursos financeiros.
• Quando a gerência deve tomar uma decisão.
• Quando a opção deve ser implantada.
• Quanto tempo deve durar o período de testes.
• Qual é a data de conclusão da implementação.
Retomando os conceitos relacionados à P+L, é importante compreen-
dermos o conceito de Produção Sustentável e Consumido sustentável. De
acordo com Ministério do Meio Ambiente (2011, p. 4):
115
Os consumidores exigem produtos e serviços que possuem apelo susten-
tável. A minimização de impactos ambientais advinda da exigência regulatória
e os fatores de risco à natureza são pontos cruciais para orientar novas formas
de produzir, consumir e de fazer negócios. Ainda que seja um nicho pequeno
de consumidores, geralmente, de média e alta renda, é um processo cultural
que está em evolução e tende a aumentar nos próximos anos ao passo que os
produtos sustentáveis fiquem mais acessíveis do ponto de vista monetário.
Nesse quesito, cabe às empresas buscarem em seus processos produtos
e/ou serviços, ações que promovam a sustentabilidade, bem como a preser-
vação do meio ambiente. No Quadro 3.6 podemos observar exemplos de
ações sustentáveis que podem ser introduzidas nas empresas.
Quadro 3.6 | Ações sustentáveis em empresas
Dimensão Ações
116
Quadro 3.7 | Exemplos de ações de empresas brasileiras na utilização da P+L.
Empresa Ação
Fonte: https://cetesb.sp.gov.br/consumosustentavel/casos-de-sucesso/listagem-geral/setor-produtivo-industria/.
Acesso em: 14 out. 2019.
Reflita
Analisando os conceitos e ações discutidas nessa seção reflita sobre
qual seria o papel do gestor ambiental na promoção da produção
e consumo sustentáveis em uma organização. Quais ações você,
enquanto futuro tecnólogo em gestão ambiental, poderia desenvolver
em uma empresa de consultoria?
117
Nesta seção você teve a oportunidade de aprender mais sobre as distintas
ações que podem ser realizadas para alcançar a produção e consumo susten-
táveis, também foi possível compreender as diferenças entre Produção Mais
Limpa, ecoeficiência e ecoinovação. Com esses conceitos em mente, você será
capaz de desenvolver projetos ambientais alinhados à lógica da sustentabilidade.
118
de matérias-primas e materiais auxiliares, operação adequada de equipamentos
e melhor organização interna; substituição de matérias-primas e materiais
auxiliares e modificações tecnológicas. Elaboração de manuais de boas práticas
operacionais; substituição de fornecedores; uso de resíduos como matérias-
-primas de outros processos (reciclagem interna); modificação de embalagens
de matérias-primas; uso de matérias-primas biodegradáveis.
É fundamental que os envolvidos compreendam que, após a implementação
do Programa de P+L, é fundamental avaliar os resultados obtidos. Além disso,
torna-se necessário criar condições para que o Programa tenha sua continui-
dade assegurada por meio da utilização da metodologia de trabalho e elabo-
ração de ferramentas que possibilitem a manutenção da cultura implantada,
bem como sua evolução em conjunto com as atividades futuras da empresa.
Lembre-se que todas essas informações devem constar no relatório
final que você e sua equipe entregará e apresentará à alta diretoria e aos
futuros investidores.
119
2. Leia e analise o trecho a seguir, sobre a Produção Mais Limpa:
A adoção de processos de Produção mais Limpa e de Tecnologias Limpas é
um instrumento eficiente e eficaz para cumprir as necessidades ambientais
do desenvolvimento sustentado. É a metodologia oferecida pelo Conselho
Nacional de Tecnologia Limpa para que os setores produtivos possam reduzir
o uso de ____________, energia e ____________, otimizar seus processos
para evitar desperdícios, e reduzir a poluição através da minimização de seus
____________. Este processo de racionalização leva a uma economia signi-
ficativa (SENAI, 2003).
Assinale a alternativa que apresenta os termos que completam, correta e
respectivamente, as lacunas apresentadas no trecho.
a. recursos / custos / combustível.
b. resíduos / recursos / matérias-primas.
c. minérios / custos / recursos.
d. produção / produtos / bens.
e. água / resíduos / matérias-primas
120
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justi-
ficativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
121
Seção 3
Diálogo aberto
Olá, aluno! Você sabe o que são títulos verdes? Como eles podem contri-
buir para o desenvolvimento sustentável e para os projetos de Produção mais
Limpa (P+L)? Quantos planetas Terra seriam necessários para manter o nível
de produção e consumo de bens que se apresenta atualmente? Esses serão
alguns dos questionamentos que iremos desvendar nessa última seção da
unidade Produção Mais Limpa.
Nesta seção aprofundaremos as discussões sobre a Produção Mais Limpa
(P+L), em especial a sua relação com o desenvolvimento sustentável, o
mercado de títulos verdes, pegada ecológica e capacidade suporte do meio
ambiente. Para nortear nossas reflexões, lembre-se que você faz parte da
equipe de gestão ambiental da indústria de laticínios e participou da implan-
tação do projeto de P+L nessa indústria.
Um ano se passou desde a implantação do modelo de Produção Mais
Limpa na indústria e, durante este período, você e sua equipe coletaram
dados diários para comprovar a eficácia da P+L tanto nas estratégias relativas
à redução de utilização de recursos naturais quanto aos produtos comercia-
lizados pela empresa. Em posse destes dados, a equipe deve apresentar aos
Diretores os benefícios econômicos e ambientais adquiridos neste período, a
fim de tornar a indústria uma empresa emissora de Títulos Verdes.
O fato de alguns investidores estarem relutantes e questionarem as vanta-
gens de investir nesse novo modelo, alguns membros da alta diretoria estavam
inclinados a não dar seguimento, mesmo após o projeto piloto ter sido reali-
zado por determinado período. No entanto, um dos diretores acredita que
este modelo trará muito benefícios à indústria e designa você para defender
a continuidade do projeto de P+L.
Nesse contexto você foi nomeado para ser porta voz da equipe de gestão
ambiental na reunião com a alta diretoria e os investidores, com o intuito de
realizar uma apresentação capaz de conquistar maiores investimentos para
a continuidade do projeto implementado e para projetos futuros, a equipe
realizou alguns questionamentos que norteariam a preparação da demons-
tração dos dados:
122
Como se dá o funcionamento do Mercado de Títulos Verdes? É possível
reduzir a Pegada ecológica da indústria por meio do projeto implan-
tado? Existe alguma contribuição deste projeto para o Desenvolvimento
Sustentável? Como demonstrar que as ações para mitigação dos impactos
ambientais são efetivadas pela indústria?
A partir desses questionamentos, você, juntamente com sua equipe,
deve realizar uma apresentação demonstrando as vantagens alcançadas com
a implantação da P+L e argumentando quais benefícios os futuros investi-
dores poderiam ter ao participar do Mercado de Títulos Verdes emitidos pela
indústria de laticínios.
Ecológico Ecológico
Supor- Supor-
Viável Viável
tável tável
Susten-
Susten-
tável tável
123
Assimile
O Triple Botton Line é um conceito que surgiu no ano de 1999, em Chapel
Hill, nos Estados Unidos, uma conferência que ampliou o conceito de
desenvolvimento sustentável. A partir dela, esse termo se consolidou
como sendo mais que a racionalização da extração e utilização dos
recursos naturais e passou a envolver, também, as questões sociais e
econômicas. Deste modo, as organizações passam a considerar, além
das atividades produtivas e o uso racional dos recursos naturais, sua
atuação junto à sociedade e o retorno econômico de suas ações.
Algumas empresas que participam do ISE, no ano de 2019, são: Tim, Lojas
Americanas, Natura, Santander, Banco do Brasil, Klabin, Cielo, dentre outras.
Essas empresas inscrevem-se voluntariamente para compor a carteira do
índice, e são submetidas a um questionário, construído coletivamente pelo
Conselho Deliberativo do ISE, composto por sete dimensões:
124
• Geral: que considera os critérios de transparência, compromissos,
alinhamento, corrupção.
• Natureza do produto: impactos pessoais, impactos difusos, princípio
da precaução, informação ao consumidor.
• Governança corporativa: prioridade; conselho de administração,
auditoria e fiscalização, conduta e conflito de interesses.
• Social: política, gestão, desempenho, cumprimento legal.
• Mudanças climáticas: política, gestão, desempenho, reporte.
• Ambiental: política, gestão, desempenho, cumprimento legal.
• Econômico-financeira: política, gestão, desempenho, cumpri-
mento legal.
Esse índice, como mencionado, é um modo de demonstrar que uma
organização preocupa-se com o desenvolvimento sustentável. Mas haveria
um modo de uma empresa receber investimentos para que realize projetos
visando alcançar a sustentabilidade? Sim! É o chamado mercado de títulos
verdes. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN e
o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável -
CEBDS (2016, p. 7),
125
São exemplos de vantagens para os emissores: a diversificação e/ou
ampliação da base de investidores, marketing positivo, maior visibilidade
para os Projetos Verdes, reconhecimento do comprometimento com a
conservação do meio ambiente e com a mitigação e prevenção dos riscos
originados pelas mudanças climáticas. Já os investidores contam com maior
transparência na utilização dos recursos; convergência com compromissos
voluntários e retorno financeiro. (FEBRABAN/CEBDS, 2016).
Mas, quais seriam os tipos de projetos passíveis de serem financiados por
meio de Títulos Verdes? No Quadro 3.8. podemos observar alguns exemplos
de atividades elegíveis.
Quadro 3.8 | Exemplos de atividades elegíveis para projetos de financiamento com Títulos Verdes
Categorias Exemplos
Geração, transmissão; armazenamento ou uso de energia
Energia Renovável solar; eólica, bioenergia, hidráulica; maremotriz (energia
das marés); geotérmica.
Edificações sustentáveis (retrofit e novas construções);
Eficiência Energética
sistemas eficientes de armazenamento; sistemas eficientes
(equipamentos e produtos)
de aquecimento; redes inteligentes (smart grids)
Tratamento de efluentes, controle de emissões (GEE e outros
Prevenção e controle da poluentes); descontaminação de solos; reciclagem e geração
poluição de produtos de alto valor agregado; geração de energia a
partir de resíduos; análises e monitoramentos ambientais.
Agropecuária de baixo carbono; silvicultura e manejo flo-
Gestão sustentável dos restal sustentável; conservação, restauração e recomposi-
recursos naturais ção de vegetação nativa; recuperação de áreas degradadas,
pesca e aquicultura sustentável.
Proteção de habitats terrestres, costeiros, marinhos,
Conservação da
fluviais e lacustres; uso sustentável da biodiversidade;
biodiversidade
implementação de corredores ecológicos.
Produção e uso de veículos elétricos e híbridos; veículos
Transporte limpo não motorizados; ferroviário e metroviário; multimodal;
infraestrutura para veículos limpos.
Tratamento e despoluição da água; infraestrutura para cap-
Gestão sustentável dos tação e armazenamento; infraestrutura para distribuição;
recursos hídricos proteção de bacias hidrográficas; sistemas sustentáveis de
drenagem urbana; sistemas para controle de enchentes.
Monitoramento climático ou de alerta rápido; infraestru-
Adaptação às mudanças tura de resiliência (barragens e/ou outras estruturas); de-
climáticas senvolvimento/uso de variedades resistentes a condições
climáticas extremas.
Produtos, tecnologias Selos ecológicos/certificados de sustentabilidade; desen-
de produção e processos volvimento de tecnologia/produtos biodegradáveis ou de
ecoeficientes origem renovável; produtos/processos ecoeficientes.
126
Lembre-se que a elaboração de projetos dentro do escopo elencado no
Quadro 3.8 é um nicho de mercado a ser explorado por você, aluno, em sua
futura profissão, já que a metodologia P+L está cada dia mais sendo aplicada
por empresas de diferentes setores da economia.
O mercado de Títulos Verdes tem se demonstrado bastante promissor no
Brasil. Em 2019, havia 19 títulos emitidos e 13 emissores, perfazendo 5,13
bilhões de dólares, sendo o país o maior mercado de títulos da região da
América Latina e Caribe, responsável por 69% dos emissores (CLIMATE
BONDS INITIATIVE, 2019).
Exemplificando
A Klabin, uma das maiores produtoras de papel e celulose do Brasil,
emitiu dois títulos verdes de US$ 500 milhões (em 2017 e 2019). Eles
receberam um SPO da Sustainalytics, confirmando a conformidade com
os Princípios do Green Bond que promovem as melhores práticas em
transparência e divulgação.
A Klabin divulgou o uso de recursos de seu primeiro título verde, sendo
realizados investimentos em vários projetos. O portifólio de projetos
florestais sustentáveis incluem:
• Uma filial de 21 km e aquisição de 306 vagões e sete locomotivas,
evitando emissões de CO2 na escala de 50 tCO2eq (toneladas de
dióxido de carbono equivalente) por tonelada transportada.
• Ampliação e aprimoramento de um parque ecológico.
• Instalação de um novo Centro Tecnológico e investimentos em
pesquisa e inovação, com uma média estimada de incremento
de produtividade de 40-60 m3/ha/ano (CLIMATE BONDS
INITIATIVE, 2019).
127
na forma de alimentos, fibras e madeira, e de suprir o
sequestro de dióxido de carbono. [...]. é medida em relação
a cinco categorias de uso: terras cultivadas, terras de
pastoreio, áreas de pesca, terras florestadas, e terras com
área construída. Juntas, essas cinco categorias satisfazem
as duas categorias de demanda: produtos florestais e
sequestro de carbono.
20
Bilhões de hectares globais (hag)
Legenda
10
Biocapacidade Mundial
Carbono
Fundos pesqueiros
Terras agrícolas
Áreas edificadas
Produtos florestais
0
1961 1970 1980 1990 2000 2012 Terra de pastagem
Reflita
Sabendo que a produção e o consumo de bens e serviços ultrapassam
a capacidade suporte do planeta em prover recursos ambientais, quais
ações você poderia tomar em sua vida pessoal e profissional para
contribuir com a diminuição da Pegada Ecológica do país?
128
quantidade de bens e serviços consumidos pelos residentes, os recursos naturais
utilizados e o carbono gerado para prover tais bens e serviços (WWF, 2016).
Entre os países que apresentam maiores médias per capita estão Estados
Unidos, Canadá, Austrália, Luxemburgo, Suécia, Qatar, Omã e Barein,
apresentando mais de 7 hectares globais de biocapacidade. No entanto,
quando analisamos a Pegada Ecológica total, temos outro cenário, que
apresenta os três países mais populosos, China, Índia e Estados Unidos
(EUA), possuindo as mais elevadas pegadas ecológicas totais. Destacando
que Brasil, China, Estados Unidos, Rússia e Índia respondem por quase
metade da biocapacidade total do planeta.
O que esses países têm em comum, além da grande quantidade de
habitantes? São países que apresentam elevado número de indústrias de
diferentes setores e, ainda, destacam-se na produção agropecuária intensiva
e na exportação de produtos primários, o que contribui sobremaneira na
pressão dos recursos ambientais, promovendo, desta maneira, intenso déficit
ambiental e a perda de habitats.
O Brasil, devido ao seu pujante desenvolvimento industrial e agrope-
cuário apresentava, em 2012, uma biocapacidade total de 500 milhões de
hectares globais, sendo o país da região da América Latina e Caribe com
maior Pegada Ecológica total (WWF, 2016).
Com o intuito de promover a sensibilização do setor industrial e empre-
sarial brasileiro a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desen-
volveu, no ano de 2016, o Programa de Rotulagem Ambiental (Rótulo
Ecológico), uma certificação voluntária de produtos e serviços, desenvolvido
de acordo com as normas ABNT NBR ISO 14020 e ABNT NBR ISO 14024.
Este rótulo leva em consideração todo o ciclo de vida dos produtos deste a
extração de recursos, fabricação, distribuição e utilização ao descarte, com
objetivo de minimizar nos impactos negativos causados ao meio ambiente.
Segundo a ABNT (2019, n.p.), o Rótulo Ecológico:
129
(MMA) que promovem ações no âmbito da avaliação de impacto ambiental
e salvaguarda dos recursos naturais, por meio do planejamento racional e a
construção de uma política de integração entre o setor produtivo e o meio
ambiente. O MMA promove mecanismos de gestão para subsidiar políticas,
planos, programas e projetos de contabilidade e valoração econômica dos
recursos naturais, remuneração dos serviços ambientais, promoção da
inovação do setor produtivo e estímulo ao consumo sustentável (MMA, 2019).
Mas qual seria o papel do gestor ambiental e dos projetos ambientais na
contribuição da pegada ecológica? São fundamentais no auxílio às organiza-
ções que pretendem implantar ações com vistas à diminuição de sua pegada
ecológica. Ao prestar consultoria às empresas e/ou indústrias, principalmente
sobre implantação da P+L, realizando projetos de viabilidade ambiental
ou implementação de gestão e educação ambiental o tecnólogo em gestão
ambiental já estará trabalhando para reduzir a pegada ecológica da organi-
zação ou empreendimento.
Quais ações poderíamos apontar para que uma indústria possa conseguir
diminuir sua pegada ecológica por meio da implantação do modelo de P+L?
Podemos citar como exemplo:
• A ampliação da eficiência energética devido à troca de tecnologia de
alguns maquinários e instalação de “timers” para otimizar a economia
de energia.
• Promoção a reutilização de subprodutos do leite, como o soro, para a
produção de novos produtos, diversificando a produção
• Uso de embalagens retornáveis, possibilitando a diminuição da
extração de recursos para a produção de novas embalagens.
• Economia e água ao reutilizar a água da chuva em banheiros e
irrigação da área verde da indústria.
• Realização de compostagem com os resíduos orgânicos advindos da
produção e do refeitório. Utilização do adubo da compostagem na
horta que supre parte da alimentação dos funcionários.
Essas ações também podem auxiliar na candidatura da organização para
ser uma emissora de Títulos Verdes e, com relação a isso, o gestor ambiental
pode desenvolver projetos em organizações que visem emitir e negociar esses
papéis investindo em restauração florestal, gestão hídrica, energia renovável,
abastecimento inteligente de água, produtos sustentáveis, dentre outros.
Nessa seção você teve a oportunidade de compreender a relação entre
os projetos de Produção mais Limpa e a promoção do desenvolvimento
130
sustentável. As ações dos diferentes setores da economia buscam contri-
buir na busca da produção e consumo racional, visando a criação de uma
economia verde por meio do Mercado de Títulos Verdes, que tem apresen-
tado amplo crescimento no Brasil e no mercado mundial.
Os critérios para definição da Pegada Ecológica e da biocapacidade dos
diferentes países também foi uma temática discutida. Pudemos apreender
que a humanidade está consumindo mais recursos ambientais que o planeta
pode oferecer, causando, deste modo, elevado déficit ambiental, perda
de habitats e impactos ambientais negativos que, se não forem mitigados,
poderão se tornar irreversíveis.
131
Por meio dessas ações, a empresa conseguiu o Rótulo Ecológico da
ABNT e tornou-se emissora de títulos verdes, possibilitando o acesso a
novos investidores com fundos sustentáveis, como o Nikko Asset (fundo
de títulos verdes do Banco Mundial).
A indústria de laticínios conquistou o reconhecimento do comprometi-
mento com a conservação do meio ambiente e com a mitigação e prevenção
dos riscos originados pelas mudanças climáticas, sendo elegível para ingressar
no Índice de Sustentabilidade Empresarial.
Posteriormente à realização da apresentação dessas informações aos
futuros investidores, você argumentou que, ao aplicar seus capitais nos títulos
verdes da indústria, eles poderiam ter maior transparência na utilização de
seus recursos, já que os projetos concebidos com os recursos obtidos pela
emissão de Títulos Verdes, via de regra, são estruturados e enquadrados em
uma estratégia de longo prazo da empresa, devendo ser aderentes à política
de responsabilidade socioambiental e revelar a governança para a sustentabi-
lidade dos negócios. Isso faz com que os Projetos Verdes apresentem menores
riscos associados ao investimento.
A facilitação do cumprimento de compromissos voluntários assumidos
pelas organizações no mercado nacional e internacional que orientam
investimentos em projetos com objetivo de favorecer desenvolvimento
ambiental e social sustentável. Finalmente, o retorno financeiro com
valores definidos pelo mercado.
Por meio do relatório construído com base nas análises dos resultados de
implantação da metodologia P+L e sua apresentação dos resultados ambien-
tais e dos argumentos econômicos e financeiros realizados pela alta diretoria,
a indústria conseguiu aumentar sua base de investidores e pretende construir
uma unidade produtiva com práticas totalmente direcionadas à promoção
da sustentabilidade.
Os exemplos aqui citados são ilustrativos e relacionados ao desenvolvi-
mento do Projeto de Produção Mais Limpa que iniciamos nas discussões na
seção um, Projetos de Produção Mais Limpa, desta unidade de ensino. Portanto,
demonstra-se como um possível encaminhamento, enquanto gestor ambiental,
apresentar os benefícios alcançados por meio de um projeto ambiental.
132
geração de resíduos e rejeitos. Dessa forma, entra em pauta recente preocu-
pação com a degradação do meio ambiente e a concepção do desenvolvimento
sustentável. Com relação ao conceito de desenvolvimento sustentável, conce-
bido no âmbito da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, em 1987, e
publicado no documento Nosso Futuro Comum, analise o trecho a seguir:
“É um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção
dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de
atender às necessidades e aspirações futuras” (DIAS, 2006, p.31).
Fonte: DIAS, R.. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabili-
dade. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
Sobre essa proposta de modelo de desenvolvimento, assinale a alternativa correta:
a. O conceito de desenvolvimento sustentável demonstra o privilégio do
desenvolvimento econômico em detrimento das relações ambientais.
b. O conceito de desenvolvimento sustentável advém da ideia de preser-
vação ambiental, ou seja, não retirada dos recursos naturais.
c. O conceito de desenvolvimento sustentável demonstra o privilégio da
exploração ambiental em detrimento do desenvolvimento econômico.
d. O conceito de desenvolvimento sustentável privilegia a extração de
recursos ambientais de maneira predatória, desde que o desenvolvi-
mento econômico seja beneficiado.
e. O conceito de desenvolvimento sustentável advém da ideia de conser-
vação ambiental, isto é, uso racional dos recursos naturais.
133
( ) Para o ingresso no Índice as empresas passam por um processo de
análise rigoroso que analisa diferentes dimensões da sustentabilidade.
( ) As empresas que compõem a carteira do ISE são melhores vistas no
mercado mundial, já que realizam ações com vistas ao cuidado com o
meio ambiente.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a. F, F, V, V.
b. V, F, V, V.
c. F, V, V, F.
d. V, V, F, V.
e. F, V, F, F.
3.0
2.5
Número de terras
2.0
1.5
1.0
0.5
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Legenda
Biodiversidade Pastagem
Área construída Biocombustíveis
Área de floresta Área cultivada
Pesqueiro Carbono
134
O gráfico demonstra a quantidade de planetas necessários para satisfazer
as necessidades de sobrevivência das populações humanas nos padrões de
consumo e produção nos períodos contínuos 1960 a 2005, posteriormente
dados de 2015 e projeções para 2030 e 2050.
Sobre os dados apresentados no gráfico, assinale a alternativa correta.
a. O gráfico apresenta que, a partir de 1960, a população mundial está
em superávit ambiental, já que a extração de recursos naturais tem se
tornado mais racional.
b. O gráfico aponta que se mantivermos este padrão de consumo no
ano de 2050 serão necessários mais de dois planetas para promover a
sobrevivência humana.
c. Os dados demonstram que as populações humanas, devido ao padrão
de consumo, promovem maior pressão na área cultivada.
d. O gráfico aponta uma constante equidade nos dados relativos à perda
da biodiversidade e à quantidade de emissões de carbono na atmosfera.
e. Os dados demonstram um aumento da biocapacidade terrestre já que
houve uma diminuição das áreas cultivadas ao longo dos anos.
135
Referências
ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2002.
B3. O que é Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). 2019. Disponível em: http://iseb3.
com.br/o-que-e-o-ise. Acesso em: 23 out. 2019.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Do conceito de P+L para o conceito de PCS. 2019.
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Unidade 4
Flávia da Silva Bortoloti
Convite ao estudo
Estamos iniciando uma nova unidade de estudos sobre Projetos Ambientais,
no qual trabalharemos a temática: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Você já parou para pensar em quantas modificações geológicas, geomorfoló-
gicas, climáticas já ocorrem no planeta Terra desde sua formação? Muitas dessas
modificações deram resultado aos distintos tipos de solos, rochas, relevos e recursos
naturais que temos na atualidade. Em certa medida, as transformações naturais que
ocorreram na história da Terra foram responsáveis pela evolução dos ecossistemas.
Mas, e se pensarmos nas transformações realizadas pelos seres humanos,
todas são benéficas? É certo que a humanidade evoluiu com o desenvolvi-
mento das técnicas e tecnologias, mas, temos presenciado impactos negativos
sobre o sistema terrestre que têm se tornado cada vez mais preocupantes. Um
desses impactos são as mudanças climáticas provenientes das emissões de
gases do efeito estufa pelas atividades humanas.
Muitos acordos, estudos e projetos têm sido realizados nessa área a fim de
mitigar os efeitos dessas mudanças, portanto é essencial que você, futuro tecnó-
logo em gestão ambiental, saiba elaborar e implantar projetos, de modo a resolver
problemas com criatividade e raciocínio crítico no que tange a esta temática.
Para auxiliar na construção de seus conhecimentos sobre as mudanças
climáticas e os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, discu-
tiremos na primeira seção Mudanças Climáticas e as repostas mundiais, as
principais ações que têm sido empreendidas pelas Nações para diminuir as
emissões de gases do efeito estufa. Na segunda seção, Etapas e Aplicações de
Projetos de MDL, serão abordados os tipos de projetos de MDL implantados
no Brasil, as etapas de Implantação de projetos de MDL e os benefícios do
MDL. Na terceira seção, Mercado e Precificação de Carbono, discutiremos o
funcionamento do mercado de créditos de carbono, o conceito de Reduções
Certificadas de Emissões e sua função e, ainda, a precificação do carbono.
Preparado para mais este desfio na construção de seus conhecimentos
sobre projetos ambientais?
Bons estudos!
Seção 1
Diálogo aberto
Estamos iniciando uma nova unidade de estudos e, durante o desen-
volvimento da disciplina de Projetos Ambientais, você teve a oportuni-
dade de conhecer distintos papéis do gestor ambiental. Com o propósito
de aprofundar seus conhecimentos sobre as diferentes aplicabilidades dos
projetos ambientais, suponha a seguinte situação hipotética.
Um aterro localizado em um município de Minas Gerais necessita de
novos investimentos, devido à baixa captação de recursos públicos e privados.
Dessa forma, a prefeitura, responsável pela administração do mesmo,
objetivando uma gestão sustentável para pleitear uma vaga no concurso de
Cidades Resilientes, propôs a adequação do local para promover o aumento
no recebimento do ICMS Ecológico.
Dessa forma, a consultoria em que você atua como consultor ambiental foi
contratada para verificar as condições atuais e verificou que, atualmente, não há
ganho real em buscar aumentar o ICMS Ecológico, porém levanta que existe
outra medida para arrecadação de recursos: os Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo (MDL)! Você será o responsável pelo projeto e deverá planejar e implantar
um projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no local.
O Aterro Sanitário cobre uma área total de sessenta e seis hectares,
sendo quarenta hectares destinados à disposição de resíduos, e atende um
município com 500 mil habitantes, que tem na gestão dos resíduos sólidos
um dos seus maiores desafios, pois este município está concorrendo a uma
vaga no Programa Cidade Resiliente.
Com a intenção de promover uma cidade mais resiliente e sustentável,
e ainda, cumprir o décimo terceiro objetivo do desenvolvimento susten-
tável – Promover ações contra a mudança global do clima – proposto pela
Organização das Nações Unidas (ONU), foi solicitado a você o planejamento
de um projeto que cumprisse os ditames do MDL e, ainda, que o projeto
pudesse participar do mercado de carbono, com a finalidade de utilização
dos recursos financeiros, advindos da venda de Reduções Certificadas de
Emissões (RCE’s), na instalação de infraestrutura verde no município.
Ao aceitar o desafio de desenvolver um projeto de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo no Aterro, sua primeira tarefa é apontar quais
tipos de projetos poderiam ser realizados nesse aterro, com a finalidade de
141
ser classificado como MDL e poder gerar Reduções Certificadas. Portanto,
como primeira entrega ao gestor do Aterro Sanitário você deve realizar um
relatório em que deve constar o tipo de projeto de MDL que poderia ser
desenvolvido neste local.
Para auxiliar nessa tarefa você utilizará os conteúdos apreendidos nesta
seção, como a finalidade dos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, os exemplos de projetos ambientais que contribuem para a diminuição
ou eliminação de gases do efeito estufa na atmosfera e, ainda, o posiciona-
mento científico diante das mudanças climáticas e do aquecimento global.
Preparado para realizar mais essa tarefa que o encaminhará para
construção e amplificação de seus em projetos ambientais?
Bons estudos!
Olá, aluno!
Você acredita que o clima do planeta está mudando? As ações antrópicas
podem influenciar o clima mundial? Suas ações cotidianas interferem no meio
ambiente? Mas o que esses questionamentos têm a ver com o que estudaremos?
Vamos iniciar nossas discussões pensando, em princípio, o que é o
Aquecimento Global. Seria o aumento da temperatura da superfície terrestre
e dos oceanos por causas naturais ou atividades humanas, especialmente,
pela elevação das emissões de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera,
principalmente o dióxido de carbono (CO2).
Reflita
O Efeito Estufa é um fenômeno natural no qual determinados gases
presentes na composição da atmosfera terrestre têm a capacidade
de absorver e refletir radiação solar. Deste modo, você acredita que o
efeito estufa é um fenômeno maléfico para o Planeta ou sem ele não
seria possível a existência de vida?
142
Isso nos faz pensar: seria possível separar mudanças climáticas naturais
das mudanças climáticas antrópicas?
Quando pensamos em modificações naturais do clima devemos
compreender que elas não ocorrem de maneira isolada, o sistema climático
(formado, principalmente, pela atmosfera, vegetação, superfície terrestre,
oceano e gelo) (Figura 4.1) tem seu funcionamento sustentado e modificado
pelas Forçantes Climáticas.
Figura 4.1 | Forçantes climáticas, componentes do sistema climático e variações no clima
143
da sexta edição em 2022. No entanto, há publicações periódicas para informar
observações científicas importantes dos grupos de trabalho.
A opinião dos cientistas, com relação às causas do aquecimento global
serem derivadas das atividades humanas, é quase unanime. Na publicação
Climate Change 2014, síntese do quinto relatório oficial sobre o aquecimento
global os cientistas afirmam que:
144
Quadro 4.1 | Linha do tempo das medidas envolvendo Mudanças Climáticas
Ano Evento
1992 Rio 92: Criação da convenção da ONU sobre Mudanças do Clima.
Protocolo de Kyoto: metas obrigatórias para países desenvolvidos redu-
1997
zirem em 5% as emissões de GEE.
2002 Adesão voluntária do Brasil ao Protocolo de Kyoto.
Implantação do Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmata-
2004
mento na Amazônia Legal.
2005 Entra em vigor o Protocolo de Kyoto.
Anúncio da meta voluntária brasileira de reduzir entre 36,1% e 38,9%
2009
suas emissões até 2020.
Acordo de Paris: limitar o aumento da temperatura da Terra em até 1,5º
2015
até 2100.
2020 Início da vigência do Acordo de Paris.
Observe que desde 1992 têm sido feitos diferentes acordos e políticas na
tentativa de controlar as emissões de gases na atmosfera, a fim de minimizar
os impactos negativos no clima terrestre.
Para alcançar os objetivos do Protocolo de Kyoto, os países signatá-
rios apresentam metas de redução diferenciadas, nas quais os mais indus-
trializados têm metas mais rigorosas, já que possuem um maior potencial
de emissões.
Dentre os mecanismos de flexibilização do Protocolo, o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo surgiu de uma proposta brasileira de criação de um
Fundo de Desenvolvimento Limpo, em que os países que estivessem descum-
prindo suas metas de redução de emissões deveriam depositar valores, que
seriam utilizados pelos países em desenvolvimento, com objetivo de auxiliá-
-los no desenvolvimento tecnológico.
Esta proposta não foi aceita pelos países da Conferência das Partes (COP)
sendo substituída, na conferência de Kyoto, em 1997, pelo Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo. Somente em 2002 foram definidos os critérios para
elaboração de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a criação
do Mercado de Carbono.
Assimile
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo possibilita que os países
desenvolvidos, que possuem metas de reduções de emissões, possam
145
adquirir Reduções Certificadas de Emissões (RCE) em projetos imple-
mentados em países em desenvolvimento, como forma de cumprir
parte de suas metas.
Comércio Internacional de
Característica Mecanismo de Desenvolvimen-
Emissões e Implantação con-
do Mecanismo to Limpo
junta
Entidades
Públicas Públicas e/ou privadas
envolvidas
Existe porque os projetos conjun-
tos escolhidos serão os melhores. Não existe porque os países não-
No caso dos países não-Anexo I -Anexo I não estarão reduzindo
Penalidade
assumirem compromissos de re- suas emissões em relação a ne-
por ações
dução de emissões, as melhores nhum ano base. Na realidade, há
antecipadas
oportunidades de implementação incentivo para a "ação imediata".
já terão sido utilizadas.
Atividades de redução de emis-
Os projetos conjuntos, como a
sões que podem ser conduzidas
construção de usinas hidrelétricas
Ênfase pelos países não-Anexo I por
ou melhoria da iluminação.
conta própria.
As reduções de emissões são As CERs (ou RCEs) são uma
Caráter bilateral
transferidas de um país a outro commodity a ser negociada livre-
ou multilateral
em uma base projeto a projeto. mente no mercado.
Apenas países do Anexo I ou
Países Países do Anexo I e países não-
países do Anexo I e não-Anexo I
envolvidos -Anexo I.
(relação projeto-projeto).
Não há passivo para os países
Passivo
Créditos e dívidas são trocados. não-Anexo I, apenas reduções de
ambiental
emissões.
Emissões relacionadas a um ano
Paradigma Aumento de temperatura.
base.
Entidades compradoras e vende-
Atores Países "doadores" e "anfitriões".
doras.
146
Perceba que os países em desenvolvimento podem, voluntariamente,
“emprestar” seus territórios para que os países industrializados, poluidores
potenciais, possam desenvolver projetos que produzam reduções certifi-
cadas de emissões (RCEs) de GEE. Lembrando que as RCEs são vendidas
ou trocadas e não somam na redução dos países em desenvolvimento, pois
geram “passivos ambientais” negativos.
Reflita
Sendo o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo um instrumento que
possibilita que países desenvolvidos diminuam suas metas obrigató-
rias de emissões de gases do efeito estufa, reflita sobre as vantagens e
desvantagens de adoção do MDL para os países em desenvolvimento.
Seria vantajoso para o país anfitrião de projetos de MDL auxiliar países
que não conseguem alcançar suas metas de redução?
147
Tipo de projetos GEE
Tratamento Geração de biogás Eliminação de CH4
de resíduos
(aterro, Geração de composto Eliminação de CH4
agrícola, etc)
Geração de biogás a partir dos lo-
Tratamento Eliminação de CH4
dos
de águas
residuais Geração de composto a partir dos
Eliminação de CH4
lodos
Substituição de combustíveis fós-
seis por outros de menores emis- Redução de CO2 e N2O
Transporte sões de CO2
Implantação ou melhoria de rede
Redução de CO2
de transporte público
Processos in- Captura ou eliminação de GEE de
Eliminação HFCs, PFCs, SF6
dustriais processos industriais
Substituição de combustíveis fós-
seis por outros de menores emis- Redução de CO2 e N2O
sões de CO2
Reflorestamento Absorção de CO2
Florestamento Absorção de CO2
Usos da terra Gestão florestal sustentável Absorção de CO2
Agricultura sustentável Redução de N2O
Melhoria de práticas agrícolas Redução de CH4
148
Exemplificando
Para que você possa se aproximar de casos empíricos, vamos analisar o
projeto de MDL em aterro sanitário.
O Aterro Sanitário Nova Gerar, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, foi o primeiro
projeto de MDL em aterro sanitário aprovado no Brasil e no mundo,
anteriormente ao projeto, esse local era um lixão sem controle sobre os
poluentes. Após a recuperação ambiental da área degradada e a trans-
formação desse local em um aterro sanitário que cumpre as exigências
ambientais, foi possível eliminar gás metano, convertendo-o e biogás,
possibilitando o uso para geração energia elétrica de 39.240 MW/ano.
Esse projeto emite Reduções Certificadas fazendo com que empresa
que o administra participe do mercado de carbono. Desta maneira, a
criação desse aterro diminuiu as emissões de GEE para atmosfera e, em
particular, mediante a recuperação do lixão melhorou muito o passivo
ambiental do local.
Nesta seção você teve a oportunidade de se aproximar das ações que têm
sido empreendidas em âmbito mundial e nacional para que as emissões de
gases do efeito estufa sejam reduzidas e estabilizadas, a fim de minimizar os
impactos sobre o sistema climático e os ecossistemas. Desse modo, a propo-
sição de projetos ambientais em diferentes setores da economia é essencial
para cumprir os Acordos e Convenções sobre as mudanças climáticas.
149
Sem medo de errar
150
Faça valer a pena
151
a. Compra, por países subdesenvolvidos, de RCE’s geradas em projetos
em países industrializados, como forma de cumprir suas reduções de
emissões de gases do efeito estufa.
b. Compra, por países desenvolvidos, de RCE’s geradas em projetos de
MDL em países em desenvolvimento, como forma de cumprir suas
reduções de emissões de gases do efeito estufa.
c. Financiamento, por países em desenvolvimento, de RCE’s geradas em
projetos em países não industrializados, como forma de cumprir suas
reduções de emissões de gás metano.
d. Comercialização de créditos de carbono, por países em desenvolvi-
mento, aos países industrializados subdesenvolvidos.
e. Venda, por países desenvolvidos nas bolsas de valores do continente
europeu de créditos de carbono gerados em projetos em países subde-
senvolvidos.
152
Seção 2
Diálogo aberto
Olá, aluno!
Você sabia que o Brasil é o terceiro país com maior número de projetos de
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo? (BRASIL, 2016). Pensando nisso,
será que todos os projetos ambientais implantados nas industrias, no trata-
mento de resíduos, na agropecuária, no uso do solo, no setor de transportes,
dentre outros, podem ser considerados de MDL? Quais seriam os requi-
sitos para que um projeto seja considerado de MDL e possa gerar Reduções
Certificadas de Emissões (RCEs)? Quais seriam os benefícios ambientais
desses projetos? Todas organizações podem participar?
Nessa seção descobriremos as respostas para esses questionamentos e
lhe oportunizaremos a compreensão sobre as etapas de implantação de um
projeto de MDL. Para tanto, continuando em nosso contexto hipotético, a
consultoria em que você atua como consultor ambiental será a responsável
por planejar e implantar um projeto de MDL em um Aterro Sanitário em
Minas Gerais. Esse aterro cobre uma área total de sessenta e seis hectares,
sendo quarenta hectares destinados à disposição de resíduos. Atende
um município com 500 mil habitantes, que tem na gestão dos resíduos
sólidos um dos seus maiores desafios: concorrer a uma vaga no Programa
Cidade Resiliente.
Durante a primeira etapa de sua consultoria, você entregou ao gestor do
aterro sanitário uma proposta de projeto que contemplaria a instalação de
extração e conversão de biogás em fonte de energia para atender o Aterro e,
caso houvesse excedente, vender a energia elétrica.
Levando em consideração que uma das solicitações do contratante é
que o projeto do Aterro seja passível de emitir Reduções Certificadas de
Emissões para serem negociadas no Mercado de Carbono, para que o projeto
seja aprovado e tenha a execução iniciada, você deve produzir e entregar
um relatório contendo as resoluções dos seguintes questionamentos: quais
as etapas esse projeto deve cumprir para ser considerado de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo e possa gerar Reduções Certificadas de Emissões
para participar do Mercado de Carbono? Quais serão os benefícios deste
projeto a médio e longo prazos?
153
Você está prestes a iniciar uma nova etapa para a concretização de seu
primeiro projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, vamos dar a
sequência à construção de seus conhecimentos em projetos ambientais?
Bons estudos!
Olá aluno!
Estamos iniciando uma nova seção da disciplina de Projetos Ambientais,
em que abordaremos os tipos de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL), quais etapas eles devem cumprir para poder emitir Reduções
Certificadas de Emissões (RCEs) e os benefícios de implantação de projetos
de MDL em diferentes ramos de atividades.
Você já pensou quais são os gases que podem promover o aquecimento
terrestre, quais as fontes de emissões e como eles podem influenciar nossas
vidas? No Quadro 4.4 foram listados os principais gases do efeito estufa
(GEE), as principais fontes de emissões e a porcentagem de contribuição para
o aquecimento global.
Quadro 4.4 | Principais gases do efeito estufa
Contribuição para
GEE o aquecimento Principais fontes de emissão
global (%)
CO2 (Dióxido de Uso de combustíveis fósseis, desmatamen-
60%
Carbono) to e alteração dos usos do solo
Produção e consumo de energia (incluin-
CH4 (Metano) 20% do biomassa), atividades agrícolas, aterros
sanitários e águas residuais
Halogenados:
HFC, PFC e SF6 Indústria, refrigeração, aerossóis, propul-
14%
(Hexafluorido de sores, espumas expandidas e solventes
Enxofre)
N2O (Óxido Uso de fertilizantes, produção de ácidos e
6%
Nitroso) queima de biomassa e combustíveis fósseis
154
(Quadro 4.5). A esta relação dá-se o nome de Potencial de Aquecimento
Global (Global Warming Potential – GWP), isto é, a influência dos gases
na alteração do balanço energético da Terra. O GWP é adotado pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) na confecção de
seus relatórios.
Quadro 4.5 | GEE e valor correspondente para o GWP
GEE GWP (em toneladas de CO2)
Dióxido de carbono (CO2) 1
Metano (CH4) 21
Óxido nitroso (N2O) 310
Hexafluoreto de enxofre (SF6) 23.900
Assimile
Reduções Certificadas de Emissões (RCEs): é uma unidade emitida
pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
para cada tCO2 (medida utilizada para comparar os diferentes gases do
efeito estufa) reduzida ou removida do meio ambiente.
Para a geração das RCEs, é necessário que se demonstre, no decorrer
do projeto de MDL, o potencial de redução da emissão original de
gases poluentes. Deve-se especificar, em princípio, a quantidade de
155
GEE emitido antes da implementação do projeto. Posteriormente é
necessário realizar a verificação (que ocorre periodicamente durante a
execução dos projetos) da diminuição de emissão dos gases poluentes.
Deste modo, as RCEs são calculadas pela diferença entre emissões antes
da implantação do MDL e emissões verificadas em decorrência das ativi-
dades do projeto, incluindo as fugas.
156
Quadro 4.6 | Fontes de Emissões de GEE por Setor no Brasil
Reflita
Ao observar as fontes de emissões em cada setor ou atividades antró-
picas você consegue ver a relação entre a produção, o consumo de bens
e mercadorias e as emissões de GEE? Como seria possível se posicionar,
enquanto cidadão, para auxiliar na redução de GEE?
157
Figura 4.3 | Emissões líquidas de gases de efeito estufa no Brasil, por setor, de 1990 a 2015 (Tg
= milhões de toneladas)
Emissões líquidas
4000
3500
3000
2500
2000
1500
Tg CO 2 eq
1000
500
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
ENERGIA TRATAMENTO DE RESÍDUOS
PROCESSOS INDUSTRIAIS AGROPECUÁRIA
MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTAS
Figura 4.4 | Emissões brutas de gases de efeito estufa no Brasil, por setor, de 1990 a 2015 (Tg =
milhões de toneladas)
Emissões brutas
4000
3500
3000
2500
2000
1500
Tg CO 2 eq
1000
500
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
158
De acordo com a publicação Estimativas Anuais de Emissões de Gases
do Efeito Estufa no Brasil (BRASIL, 2017), a diferença entre os dois totais
(emissões líquidas e brutas) (Figura 4.5) correspondente às remoções pelo
crescimento da vegetação nas florestas e campos naturais manejados.
Figura 4.5 | Comparação entre as emissões totais brutas e líquidas, em CO2eq (Tg = milhões de
toneladas)
Note que as próximas décadas são cruciais para empreender ações que visem
limitar as emissões de CO2 e dos demais GEE para que, até o fim do século, haja a
159
possibilidade de zerar tais emissões. Deste modo, os instrumentos de flexibilização
e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, propostos pelo Protocolo de Kyoto,
juntamente com ações da sociedade, de modo geral, podem auxiliar nesse intento.
Mas, quais as características de um projeto para ser considerado de MDL?
Em princípio os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
devem comprovar que reduzem as emissões de gases de efeito estufa para a
atmosfera, bem como promovem o desenvolvimento sustentável.
Para que os projetos possam emitir RCEs necessariamente devem cumprir
sete etapas do Ciclo de Projetos de MDL (CETESB, 2019, n.p.) (Figura 4.7):
1. Elaboração do Documento de Concepção do Projeto (DCP ou PDD,
de Project Design Document).
2. Validação pela Entidade Operacional Designada (EOD).
3. Aprovação pela Autoridade Nacional Designada (AND).
4. Registro no Conselho Executivo do MDL.
5. Monitoramento.
6. Verificação e certificação pela Entidade Operacional Designada.
7. Emissão das RCEs pelo Conselho Executivo do MDL.
Figura 4.7 | Fluxo de um Projeto de MDL
Requerimento à ONU
como projeto de MDL.
160
O MDL admite projetos nos seguintes setores (FELIPETTO, 2017):
• Energia renovável.
• Melhoria da eficiência no uso final da energia.
• Melhoria da eficiência na oferta de energia.
• Substituição de combustíveis.
• Agricultura (redução das emissões de CH4 e N2O).
• Processos industriais (CO2 da indústria cimenteira, entre outras,
HFCs, PFCs, SF6).
• Projetos de “sumidouros” ou sequestro de carbono (apenas floresta-
mento e reflorestamento).
Exemplificando
Vejamos o exemplo de duas cerâmicas apresentado no Guia Sobre
“Mecanismos Voluntários De Compensação Individual De Emissões De
Gases De Efeito Estufa” produzido pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento em 2017 que realizaram a compensação de GEE:
Cerâmicas Guaraí, Itabira e Santa Izabel: evitam, em conjunto, a
emissão de 42 mil toneladas de CO2, por ano, gerando cerca de 42 mil
créditos de carbono. Isto é possível, pois substituem o uso de combus-
tíveis fósseis por resíduos industriais. Com a comercialização dos
créditos, puderam realizar contribuições a iniciativas sociais da região e
aprimorar os filtros das suas fábricas.
Cerâmica Irmãos Fredi: Ao utilizar bagaço de cana-de-açúcar e
serragem como combustível para seus fornos, coibiu a extração de 24
mil toneladas de lenha nativa do Cerrado e reduziu a emissão de quase
29 mil toneladas de CO2 por ano, gerando 23 mil créditos de carbono
anualmente (BRASIL, 2017).
161
• Entrada de recursos de países estrangeiros.
• Introdução de tecnologias limpas e melhoria da qualidade ambiental.
• Modernização das atividades produtivas.
• Redução de penalidades.
• Diminuição dos impactos à sociedade.
A comercialização de créditos de carbono possibilita a geração de uma
fonte alternativa de receita para a empresa ou para governos, configuran-
do-se como um benefício financeiro dos projetos de MDL.
Ainda como benefícios está a redução das emissões de outros gases
poluentes e do consumo de água, combustíveis e outros recursos; a diminuição
de custos atrelados ao tratamento e disposição de resíduos, efluentes e
emissões; menores riscos tecnológicos e custos de seguros; economia de
recursos, aumento do valor da marca.
Nessa seção você teve oportunidade de se aproximar dos conhecimentos
relativos aos projetos de MDL, sua origem, etapas e benefícios ambientais
e econômicos. Lembre-se que esses conhecimentos o auxiliarão na sua
jornada profissional.
162
sólidos pela ação de microorganismos. Seu potencial de aquecimento global
é 21 vezes maior que o gás carbônico, pois o componente mais expressivo no
biogás é o metano. Portanto cada tonelada de metano emitido para a atmos-
fera é equivalente a 21 toneladas de CO2. Desta maneira, ao promover a
conversão do biogás em energia haverá uma diminuição na emissão de GEE.
O que deixou de ser lançado na atmosfera pode ser negociado como créditos
de carbono ou emissões reduzidas de carbono, ou seja, RCEs.
Conforme a UNFCCC (2016) projetos que aplicam metodologia de
captação de gás de aterro e geração de eletricidade nos casos em que a
captação de gás de aterro não é obrigatória por lei, envolvem uma ou mais
combinações das seguintes opções de tratamento de resíduos: processo de
compostagem em condições aeróbicas; gaseificação para produzir syngas
(gás de síntese) e seu uso; digestão anaeróbica com coleta e queima de
biogás e ou seu uso (isso inclui o processamento e a atualização do biogás e a
distribuição do mesmo através de uma rede de distribuição de gás natural);
processo de tratamento mecânico/térmico para produzir combustível
derivado de lixo/biomassa estabilizada e seu uso; incineração de resíduos
frescos para geração de energia, eletricidade e/ou calor; tratamento de águas
residuais em combinação com resíduos sólidos, por compostagem ou em um
digestor anaeróbico.
No quesito ações mitigadoras de emissão dos gases do efeito estufa
teríamos: produção de energia renovável, a partir do momento em que as
emissões de CH4 são evitadas por processos alternativos de tratamento
de resíduos.
Para que esse projeto possa gerar RCEs deve passar pelas sete etapas do
Ciclo do Projeto de MDL, a fim de realizar o cálculo do total de Certificações
de Emissõoes Reduzidas pelo projeto, deve-se realizar a comparação entre a
quantidade de gás metano emitida anteriormente à implantação do projeto e
a quantidade de emissão após a introdução das novas técnicas e tecnologias
advindas do MDL.
Alguns benefícios que poderiam ser gerados a médio e longo pazo são:
• Introdução de tecnologias limpas e melhoria da qualidade ambiental.
• Modernização das atividades produtivas.
• Redução de penalidades ambientais.
163
• Diminuição de custos atrelados ao tratamento de emissões.
• Eficiência energética.
A partir dessas informações você já poderá passar para o próximo passo
que será fazer com que créditos desse projeto sejam comercializados no
Mercado de Carbono.
164
c. Os países em desenvolvimento com metas de limitação desenvolvem
projetos em países sem metas de redução de GEE.
d. Os países desenvolvidos com metas de redução de GEE podem
implantar projetos em países em desenvolvimento.
e. Os países em desenvolvimento podem desenvolver projetos em países
também em desenvolvimento sem metas de redução de GEE.
165
II. No tratado internacional de Kyoto há mecanismos dos quais os
países industrializados podem se valer para diminuir as emissões de
gases poluentes, como a Implantação Conjunta.
III. O Protocolo de Kyoto entrou em vigor efetivamente em 1997, já que
os todos países industrializados, considerados maiores poluidores
globais, assinaram o compromisso de redução das emissões de gases
do efeito estufa.
O Comércio de Emissões e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo são
exemplos de mecanismo de flexibilização propostos pelo Protocolo de Kyoto.
Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas.
a. I e III, apenas.
b. I e II, apenas.
c. II e IV, apenas.
d. IV, apenas
e. III, apenas.
166
Seção 3
Diálogo aberto
Olá, aluno!
Chegamos ao final da unidade Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
de nossa disciplina e, até o momento, já percorremos um longo caminho na
construção de nossos conhecimentos sobre projetos ambientais.
Para que possamos dar sequência à construção de nossos conheci-
mentos, vamos dar continuidade ao nosso contexto hipotético, no qual a
consultoria em que você atua foi contratada para planejar e implantar um
projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em um Aterro
Sanitário em Minas Gerais, que cobre uma área total de sessenta e seis
hectares, sendo quarenta destinados à disposição de resíduos. Atendendo
um município com 500 mil habitantes, tem na gestão dos resíduos sólidos
um dos seus maiores desafios, objetivando concorrer a uma vaga no
Programa Cidade Resiliente.
Durante o processo de consultoria, foi proposta a instalação de um
processo de extração e conversão de biogás ( CH 4 ) em fonte de energia
para atender o Aterro, bem como uma possível venda, em caso de produção
excedente. Na segunda etapa da consultoria você teve produzir um
relatório explicando as etapas que o projeto deveria cumprir para poder
emitir Reduções Certificadas de Emissões (RCE) e participar do mercado
de carbono.
Um ano se passou desde a implantação do projeto de extração e conversão
de biogás ( CH 4 ) em fonte de energia no Aterro e já é possível concluir que os
benefícios ambientais são reais, além dos ganhos financeiros.
Constatou-se, durante o acompanhamento da operação do projeto, que o
aproveitamento do biogás para geração de energia possibilitou o uso racional
das fontes de energia disponíveis, diminuiu a dependência de fontes externas,
propiciando uma economia significativa dos gastos com energia elétrica, o
que auxiliou na busca pela eficiência energética.
A redução de emissões de gases de efeito estufa, se comparada com a
quantidade de gases emitidos antes da implantação do projeto, também foi
considerável. Isto se dá, principalmente, devido à conversão do metano ( CH 4
) em dióxido de carbono ( CO2 ), já que o metano tem potencial de aqueci-
mento global maior, quando comparado ao CO2 . Deste modo, o Aterro
167
reduziu o potencial tóxico das emissões ao mesmo tempo em que produz
energia elétrica, agregando, desta forma, o ganho ambiental e financeiro.
Os ganhos financeiros puderam ser verificados pelo montante arrecado
com a venda dos créditos de carbono, que ocorreu desde o início do funciona-
mento do projeto, viabilizando os investimentos no planejamento e execução
de projetos de implantação de infraestrutura verde.
O Programa Cidade Resiliente tem como finalidade eleger municípios
que apresentem a capacidade de mitigar impactos ambientais e promover
adaptações para enfrentar os problemas causados pelas alterações climáticas,
para que possam receber financiamentos de iniciativas públicas e privadas
para ampliação de sua resiliência e sustentabilidade.
Para finalizar sua consultoria, na implantação do MDL no Aterro
Sanitário, você deve criar uma apresentação, a partir dos dados levan-
tados durante esse ano de execução do projeto, para o comitê de seleção do
Programa Cidades Resilientes.
Nessa apresentação deve conter:
Qual modalidade de comercialização das Reduções Certificadas de
Emissões do Aterro poderiam ser negociadas.
O modo como esse projeto auxilia o município na mitigação dos
problemas que podem ser causados pelas alterações climáticas.
Qual a contribuição dos recursos advindos das vendas dos créditos de
carbono para a implantação dos projetos a de infraestrutura verde;
Quais projetos poderiam ser planejados e executados para que o
município seja mais resiliente e sustentável.
Para o auxiliar na realização desta apresentação, nessa seção, aprofun-
daremos nossas discussões sobre as mudanças climáticas e as emissões de
gases do efeito estufa, especialmente sobre o funcionamento do Mercado de
Carbono e as ferramentas de precificação do carbono.
Aluno, sua dedicação e motivação até aqui foram essenciais para a
construção de seus conhecimentos sobre projetos ambientais, agora é o
momento de finalizar seu último desafio nesta disciplina, para que você esteja
melhor preparado para atuar como gestor ambiental nas diversas temáticas
que discutimos no decorrer de nossa disciplina.
Bons estudos!
168
Não pode faltar
Olá aluno!
Pensando na temática das mudanças climáticas e as ações que têm sido
empreendidas pelos organismos nacionais e supranacionais, especialmente com
relação aos mecanismos de mercado que possibilitam o cumprimento das metas
de redução de gases do efeito estufa (GEE) dos países desenvolvidos industria-
lizados, você já pensou como seria possível determinar o preço do CO2 ? Como
são comercializadas as Reduções Certificadas de Emissões (RCEs)?
Nesta seção exploraremos o funcionamento do mercado de carbono no
mundo, como se dá a precificação do carbono, suas vantagens e o Projeto
Patnership for Market Readiness (PMR) Brasil. Vamos iniciar mais essa jornada?
Você se recorda que as Reduções Certificadas de Emissões são uma
unidade emitida pelo Conselho do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL) e o crédito de carbono é unidade comercial com objetivos finan-
ceiros? A partir dessa distinção compreenderemos o Mercado de Carbono.
Assimile
Mercado de Carbono é campo de trocas regulado pelo Conselho Execu-
tivo do MDL, que permite aos países que apresentam metas de redução
de GEE que comprem o “excedente” das cotas de países que emitem
menos CO2 ou que tenham projetos de Implantação Conjunta (países
desenvolvidos) e de MDL (países em desenvolvimento).
169
A primeira iniciativa e principal experiência de comercialização cap
and trade foi o Comércio de Emissões Europeu, iniciado em 2005 como um
projeto piloto (2005 a 2007), objetivando preparar os participantes para o
início do primeiro período de cumprimento das metas estabelecidas pelo
Protocolo de Kyoto. A segunda fase ocorreu de 2008 a 2012 e a terceira
encontra-se em vigor de 2013-2020, tendo os leilões como método padrão de
distribuição das permissões.
No que tange ao comércio de emissões, os mais abrangentes são: União
Europeia, China, Cazaquistão, Suíça, Coréia do Sul e Nova Zelândia, pois são
referentes a países ou conjunto de países. Cada esquema de comércio apresenta
metas e regulamentos específicos. O Quadro 4.7 apresenta alguns exemplos
dos comércios de emissões implementados no mundo até o ano de 2017.
Quadro 4.7 | Exemplos de Comércios de Emissões Implementados no Mundo até 2017
Créditos de
Esquema Criação Metas
Carbono
Até 2020, redução de 20% em
relação aos níveis de 1990; Podem ser utili-
Comércio de Emissões Até 2030, redução de 40% em zados para cum-
1997
Europeu relação aos níveis de 1990; prir até 50% das
Até 2050, redução de 80-95% obrigações.
em relação aos níveis de 1990.
Podem ser utili-
Iniciativa Regional de Até 2020, redução de 50% em
zados para cum-
Gases de Efeito Estufa 2005 relação aos níveis de 2005, para
prir até 3,3% das
(Estados Unidos) a geração de eletricidade.
obrigações.
Até 2020, redução de 5% em re-
lação aos níveis de 1990;
Comércio de Emissões
Até 2030, redução de 11% em
Nova Zelândia 2008 Não inclui
relação aos níveis de 1990;
Até 2050, redução de 50% em
relação aos níveis de 1990.
Sem limites para
Comércio de Emissões Até 2020, redução de 21% em créditos regionais
2011
Saitama – Japão relação aos níveis de 2005. e limite de 8% para
créditos externos.
Até 2020, retornar aos níveis de
Podem ser utili-
Comércio de Emissões 1990; Até 2030, redução de 40%
zados para cum-
Califórnia (Estados 2012 em relação aos níveis de 1990;
prir até 8% das
Unidos) Até 2050, redução de 80% em
obrigações.
relação aos níveis de 1990.
Até 2020, redução de 20% em Podem ser utili-
relação aos níveis de 1990; Até zados para cum-
Comércio de Emissões 2030, redução de 35% em re- prir até 4,5 - 11%
2013
Suíça lação aos níveis de 1990; Até das obrigações,
2050, redução de 50% em rela- a depender das
ção aos níveis de 1990. condições.
170
Créditos de
Esquema Criação Metas
Carbono
Até 2020, redução de 30% em Podem ser utili-
Comércio de Emissões
2015 relação aos níveis de 1990; zados para cum-
Coréia do Sul
Até 2030, redução de 15 a 37% prir até 10% das
em relação aos níveis de 1990. obrigações.
Podem ser utili-
Comércio Piloto Até 2020, redução de 19,5%
zados para cum-
de Emissões Fujian 2016 da intensidade de carbono em
prir até 5% das
(China) comparação a 2015.
obrigações.
Fonte: modificado de Guida (2018, p. 47-48).
171
• Mensurável: o volume de reduções de emissões pode ser medido
com precisão.
• Verificável: um auditor neutro de terceiros verificou as reduções de
emissões. (HAMRICK; GALLANT, 2018).
Uma iniciativa de auxílio às organizações na participação na compen-
sação voluntária de carbono é o Greenhouse Gas Protocol (GHP), criado em
1998 por uma parceria entre o World Resources Institute (WRI) e o Conselho
Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD). O
Protocolo de GEE estabelece estruturas padronizadas internacionalmente
para medir e gerenciar as emissões de gases de efeito estufa de operações do
setor público e privado. Atua junto a governos, associações industriais, ONGs,
empresas e outras organizações oferecendo treinamento sobre as metodologias
e ferramentas que orientam a construção e o serviço de revisão dos relatórios e
inventários corporativos de GEE. “A metodologia do GHG Protocol é compa�-
tível com as normas da International Organization for Standardization (ISO)
e com as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental sobre
Mudança Climática (IPCC)”. (FGVces; WRI, 2017, p.8).
Seguindo essa lógica, em 2008 foi criado no Brasil o Programa Brasileiro
GHG Protocol (PBGHGP, 2008) e apresenta a incumbência de adaptar o
método GHG Protocol ao contexto brasileiro e desenvolver ferramentas de
cálculo para estimativas de GEE. Foi desenvolvido pelo Centro de Estudos
em Sustentabilidade (FGVces) e WRI, em parceria com o Ministério do
Meio Ambiente, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), WBSCD e 27 Empresas Fundadoras (Natura
Cosméticos S/A, Suzano Papel e Celulose, Votorantim, AMBEV, COPEL, O
Boticário, Petrobrás, Banco do Brasil, Ford, Furnas, dentre outras).
Entre os principais benefícios disponibilizados pelo programa às organi-
zações participantes, destacam-se:
• Registro histórico de emissões: possibilita o monitoramento das
emissões ao longo do tempo, estabelecimento de metas e indicadores,
auxiliando a implementação de processo de melhoria interna de
redução de emissões e/ou economia de recursos.
• Participação nos mercados de carbono: por meio dos inventários,
os participantes podem identificar oportunidades para redução de
emissões e, consequentemente, investir na realização de projetos
passíveis de obtenção de créditos comercializáveis.
• Vantagem competitiva: auxilia na garantia da sustentabilidade
dos negócios e a melhoria das eficiências econômica, energética e
172
operacional. Auxílio na obtenção de novos investimentos e acesso a
linhas de créditos especiais.
• Melhoria nas relações com os stakeholders: a publicação de um inven-
tário corporativo/institucional de GEE, desenvolvido com base em
critérios e padrões internacionais, possibilita à empresa divulgar
informações fidedignas segundo os critérios do Carbon Disclosure
Project, do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Global
Reporting Initiative (GRI), entre outros de interesse para financia-
dores, consumidores e outros públicos. Promove a reputação e credi-
bilidade da organização em seu meio (FGVces; WRI, 2017).
A Natura Cosméticos S/A faz uso das metodologias GHP Protocol para
a publicação de inventários de emissões de GEE e participação em mercados
de carbono, aliando os aspectos financeiros e socioambiental na condução
do negócio. Dessa forma, possui certificação internacional da União para o
BioComércio Ético (UEBT), a qual atesta a sustentabilidade da cadeia de forne-
cimento de produtos.
Em 2007 criou o Programa Carbono Neutro Natura, contabilizando uma
redução de um terço de suas emissões atmosféricas até 2013. O objetivo é
neutralizar as emissões em toda a sua cadeia produtiva, desde a extração das
matérias-primas ao descarte final das embalagens, para conseguir diminuir
em 33% a emissões até 2020 (NATURA, 2018).
Para alcançar 100% da neutralização do carbono emitido, a empresa
adquire créditos de carbono de organizações que reduziram suas emissões
por meio de projetos que visam a preservação das florestas ou que realizam
ações de reflorestamento, de substituição de combustíveis fósseis e de efici-
ência energética, aliando a redução de impactos ao clima à geração de benefí-
cios socioambientais.
Ainda no escopo das ações de compensação voluntária de emissões
de GEE o Verified Carbon Standard (VCS) é uma iniciativa conjunta do
Grupo do Clima, da Associação Internacional de Comércio de Emissões
e do Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável.
Iniciado em 2005, é um programa voluntário global para redução e remoção
de emissões de GEE mais utilizado no mundo. Atualmente, existem 1544
projetos de VCS certificados, que reduziram ou removeram coletivamente
mais de 200 milhões de toneladas de carbono e outros gases do efeito estufa
da atmosfera (VERRA, 2019, n.p).
Para projetos nos setores de energia, mineração, florestas, agricultura,
descarte de dejetos, o VCS oferece uma série de metodologias pré-aprovadas,
que são utilizadas para auxiliar no processo de registro.
173
Um exemplo de projeto registrado em 2012 no VCS é o Pesqueiro Energia
Small Hydroelectric Project (PESHP), localizado no rio Jaguariaíva, no estado
do Paraná, que consiste em uma Pequena Central Hidrelétrica. Tem por
finalidade a geração de energia por meio de fontes renováveis, reduzindo,
assim, as emissões de gases do efeito estufa.
A metodologia utilizada no desenvolvimento do PESHP foi AMS-I D
(Geração de Energia Renovável Conectada à Rede), na qual estão incluídas
hidroelétricas, eólica, geotérmica, dentre outras fontes de geração de energia
por fontes renováveis, aplicáveis a projetos de pequena escala. O monitora�-
mento desse tipo de projeto é realizado por meio da quantidade de eletri-
cidade líquida fornecida à rede; quantidade de biomassa/combustível fóssil
consumido e o valor calorífico líquido da biomassa, determinado no primeiro
ano do período de obtenção de créditos (UNFCCC, 2018).
Os projetos de VCS (Figura 4.8) seguem um ciclo diferenciado dos de
MDL, pois ainda que precisse utilizar uma metodologia, não é necessário ter
registro em um Conselho Excecutivo ou ser aprovado por uma Autoridade
Nacional Designada.
Figura 4.8 | Ciclo de projeto do VCS
174
Além da VCS, atualmente denominada VERRA, que é responsável por
toda gestão do programa voluntário de redução de emissões, há o Gold
Standard e o American Carbon Registry (ACR).
O Gold Standart foi estabelecido em 2003 por Organizações Não
Governamentais (OGNs) internacionais com a finalidade de que projetos
que reduzissem as emissões de carbono apresentassem altos níveis de integri-
dade ambiental e contribuíssem para o desenvolvimento sustentável. Com a
adoção do Acordo de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
a organização lançou um padrão de melhores práticas para intervenções
climáticas e de desenvolvimento sustentável.
Nos projetos registrados no Gold Standart, o desenvolvedor deve compar-
tilhar as informações sobre os objetivos, escala e duração, contribuição para
o desenvolvimento sustentável e cumprimento das garantias de que as partes
interessadas estejam ativamente envolvidas no projeto desde o início, permi-
tindo influenciar a concepção e implementação do projeto.
Já a American Carbon Registry (ACR) é uma empresa sem fins lucrativos,
fundada em 1996, juntamente com o primeiro registro voluntário privado
de gases de efeito estufa no mundo. Visando acelerar ações de redução de
emissões e aproveitar o poder dos mercados para melhorar o meio ambiente,
a ACR estabeleceu o padrão de qualidade de compensação que atualmente é
o padrão do mercado e continua a liderar inovações nesse segmento.
O ACR aponta que a coleta e combustão de biogás é um método eficaz para
diminuir as emissões de GEE de aterros sanitários, evitando sua liberação na
atmosfera. A metodologia utilizada fornece as estruturas de quantificação e
contabilidade, incluindo requisitos de elegibilidade e monitoramento para a
criação de créditos de compensação de carbono pelas reduções nas emissões
de GEE resultantes da destruição ou conversão do gás em energia elétrica.
Agora que você sabe como se dá o funcionamento do mercado de carbono,
como é possivel definir um preço para o CO2 ? Quais são as diretrizes para
essa definição? Afinal, o que é precificação do carbono? Quando adquirimos
determinado bem de consumo não estão incluídos em seu preço os custo
referentes aos impactos que ele causa ao meio ambiente, seja na produção ou
no descarte, conceito denominado externalidade.
Uma alternativa é a precificação do carbono, por meio de duas ações:
Taxação do carbono e Mecanismo de Cap and Trade.
No primeiro, é definido um preço a ser cobrado por cada unidade de
emissão gerada. Essa taxa é paga aos governos, funcionando como um
imposto, e seu valor é calculado de forma a atingir o nível social ótimo de
175
emissões. Este nível ótimo representa o ponto em que o aquecimento global
seja contido ao limite de 2°C.
O segundo, consiste na definição um “teto” de emissões permitidas. As
empresas podem comprar créditos de carbono de empresas que deixaram de
emitir, o que, na prática, já ocorre. Desta maneira, cada empresa pode decidir
como gerir suas emissões e, a partir do momento em que essa taxação é
implementada, as empresas têm duas opções: continuar emitindo e pagando
o preço estabelecido ou abater as emissões e pagar menos imposto.
Esses dois caminhos teriam como finalidade incentivar as organizações a
desenvolverem medidas para a redução das emissões e, consequentemente, dos
custos. É exatamente por haver dois vieses distintos que a discussão no Brasil
ocorre desde 2011, e até o presente momento não se chegou a um consenso.
No entanto, há locais, como na Austrália e no Canadá, em que ocorrem
sistemas híbridos de regulamentação. No Canadá, por exemplo, setores mais
estruturados têm acesso ao mercado de certificados, já os setores que apresentam
instituições menos consolidadas devem pagar uma taxa sobre suas emissões.
De acordo com o Coselho Empresarial Brasileito para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS) e o Disclosure Insight Action (CDP), mais de 437 corpo-
rações globais utilizam a precificação de carbono no processo de decisão de
investimento e mais 1000 empresas e investidores apoiam a adoção de um
preço global para o carbono.
Reflita
Diante do que discutimos até o momento sobre o mercado de carbono
e as alternativas para precificar as emissões, quais seriam as vantagens
para as empresas em termos econômicos e ambientais, com relação à
comercialização e de créditos de carbono? Reflita!
Exemplificando
Precificação do carbono por governo
Em fevereiro de 2014, o Ministério de Energia do México anunciou o poten-
cial desenvolvimento de um Emissions Trading System (ETS) no setor de
176
energia. O país se comprometeu com uma redução não-condicional de 25%
das suas emissões de GEE e gases poluentes de vida curta para o ano de 2030.
O México também tem um objetivo condicional de cortar suas emissões
em mais de 4% em 2030, sujeita a um acordo internacional de preci-
ficação de carbono, acesso a financiamento de baixo custo e transfe-
rência de tecnologia. Isso é parte de uma política de mudanças climá-
ticas mais ampla, que inclui taxação para combustíveis fósseis.
Precificação do carbono por empresas
A Vale, companhia de mineração, em 2014, desenvolveu a própria curva
MAC (Curva de Custos Marginais de Abatimento) para identificar as
opções de mitigação mais efetivas e, no futuro, selecionar e priorizar
projetos abaixo de um preço limite, a Vale escolheu um preço limite
plano de US$ 50,00 por tonelada de CO2 ( tCO2 ) e, ao longo do tempo,
como um proxy para precificar o carbono e alcançar seu objetivo.
177
iniciativa do Banco Mundial que, no Brasil, é liderada pela Coordenação
Geral de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Ministério da Fazenda.
O PMR Brasil tem como objetivo subsidiar o processo de tomada de
decisão acerca do papel de instrumentos de precificação de carbono nas
políticas de mitigação de emissões de GEE, por meio de estudo e avaliação
detalhada dos impactos de mecanismos de precificação de carbono sobre a
economia, a sociedade e o meio ambiente.
Somente haverá a adoção de instrumento(s) de precificação se:
178
a instalação do processo de extração e conversão de biogás ( CH 4 ) em fonte
de energia para atender o Aterro e possível venda, em caso de produção
excedente.
179
de aquecimento global maior, quando comparado ao CO2 . Deste modo, o
Aterro reduziu o potencial tóxico das emissões ao mesmo tempo em que
produz energia elétrica, agregando, assim, o ganho ambiental e financeiro.
Os recursos advindos da comercialização dos créditos de carbono
auxiliaram na execução e planejamento de projetos como:
• Construção de calçadas verdes que promovem maior infiltração
(em processo de execução); aumento da arborização urbana (em
andamento) que auxilia na redução da quantidade de águas pluviais
que entram nas redes de esgotos aumentando a capacidade natural de
retenção e absorção; construção de ciclovias (em andamento) para
estimular o uso de transportes alternativos não poluentes; melhoria
do transporte público de massa.
• Fomento à agricultura urbana em pequena escala; instalação de
iluminação pública de baixo consumo energético (em andamento);
construção de corredores verdes e captação e reuso de água pluvial.
Essas ações contribuiriam, também, para o sequestro de carbono, a
melhoria da qualidade do ar, a atenuação das ilhas de calor e a criação de
mais espaço para acolher habitats de flora e fauna nativas e atividades de
lazer, enriquecendo a paisagem cultural e histórica, conferindo identidade
aos lugares e cenários do município onde as pessoas vivem e trabalham.
Os dados coletados durante a execução do projeto e a utilização dos
recursos advindos dele demonstram que, sendo selecionado para o Programa
Cidade Resiliente, o município recebendo financiamentos de fontes públicas
e/ou privadas poderia investir em projetos assertivos para ampliação de sua
resiliência e sustentabilidade.
180
a. Ampliação dos ganhos das empresas e minimização dos custos com
projetos de reflorestamento.
b. Diminuição das emissões de gases do efeito estufa e ampliação das
modificações de uso do solo.
c. Mitigação das mudanças climáticas e cumprimento da meta de
redução de emissões estabelecida pelo Protocolo de Kyoto.
d. Melhoria da qualidade do ar e diminuição da poluição atmosférica
devido ao aumento dos projetos de reflorestamento.
e. Ampliação da utilização de matérias-primas via reflorestamento e
melhoria da qualidade da poluição atmosférica.
181
e. Ao mercado de carbono somente é obrigatório a países subdesen-
volvidos que oferecem projetos de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo a países em desenvolvimento via Protocolo de Kyoto.
182
Referências
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do Clima - PNMC e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12187.htm. Acesso em: 5 dez. 2019.
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