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Universidade Federal de Uberlândia

Faculdade de Engenharia Civil

FECIV39505 – Hidráulica

3 VERTEDOR

Dispositivo usado para medir e/ou controlar a vazão em canais, definido como orifício de
grandes dimensões, onde a parte superior da veia líquida fica em contato com a pressão
atmosférica. Para medir a vazão do curso de água é necessário que o vertedor esteja
perpendicular ao escoamento. Algumas utilizações práticas seguem:

- Sistema de irrigação;
- ETA – Estação de Tratamento de Água;
- ETE – Estação de Tratamento de Esgoto;
- Barragens;
- Medição de vazão em córregos.

3.1 Nomenclatura e classificação

As partes constituintes de um vertedor são:

- Crista ou soleira: - aresta biselada (parede delgada ou fina)


- espessura elevada (parede espessa)

- Carga sobre a soleira (h): medida a 6-10h a montante do vertedor

- Altura do vertedor P

- Largura ou luz da soleira L

Também, os vertedores são classificados quanto a:

1
- Forma geométrica: retangular, triangular, trapezoidal, circular e parabólico;

- Altura relativa da soleira: - Descarga livre, quando P > P´


- Descarga submersa, quando P ≤ P´

- Natureza da parede: - parede delgada, quando e < 2/3.h


- parede espessa, quando e ≥ 2/3.h

- Largura relativa da soleira: - sem contrações, quando L = b;


- com contrações, quando L < b.
Onde b é a largura do canal.

- Inclinação com a vertical: vertical ou inclinada.

Obs.: A vazão Q é medida pela carga hidráulica (h) a montante do vertedor, definida como
a distância vertical entre a soleira do vertedor e a superfície líquida, medida a 6–10h à
montante da barragem, através da colocação de uma régua graduada.

3.2 Detalhes construtivos

Alguns detalhes construtivos incluem:

- instalar em trecho retilíneo e uniforme do canal;


- existência da pressão atmosférica por baixo da lamina (arejamento);
- régua graduada a 6-10.hmax a montante do vertedor;
- hmin = 2 cm (evita que a lamina vertente cole na parede);
- L ≥ 3.h;
- 5 cm ≤ h ≤ 60 cm;
- P ≥ 2.h e P ≥ 20 cm.

3.3 Influência da contração lateral

2
3.4 Vertedor retangular de parede fina ou delgada, sem contrações

- na linha de corrente CD;


- desprezando as perdas de cargas;
- escoamento uniforme a montante do vertedor;

- aplicando Bernoulli entre C e D:

2
v aprox. v 2vertente
H  H  y  
2g 2g
 2
v aprox. 

v vertente  2g y  
 2g 
 
Na seção AB, a vazão unitária é:
Q v .y.L 
dq  d   dq  d vertente   v vertente.dy
L  L 
Chamando vaprox.  v o e v vertente  v1

3
h h
 v2 
q   v1.dy   2g y  o  .dy
0 0  2g 
h
 v2 
q  2g .  y  o  .dy
0 
2g 
v o2
Chamando y   u  dy  du
2g
u 32 h
u
u1 21 2  v2 
q  2g . u .du  2g .  q  . 2g . y  o 
0
1 2 1 0 3  2g 
0

2  v2 
32
 v2  
32

q  . 2g . y  o    o  
3  2g   2g  
Considerando-se que y = h (seção AB) → é uma simplificação!!!
2  v o2 
32
 v o2  
32

q  . 2g . h       (equação de Weisbach)


3  2g   2g  
Na realidade existe a contração vertical dos filetes e a perda de carga na passagem pelo
vertedor. Existe a necessidade de correção da equação de Weisbach e, para isso, introduz-se
o coeficiente de descarga cd.
2  v o2 
32
 v o2  
32

q  .cd. 2g . h      
3  2g   2g  
Se a área do canal de acesso (vertical) > 6.L.H → vo ≈ 0.

2
q= .cd . (2 g ).h 3 2
3
Como Q = q.L
2
Q  .cd. 2g .L.h 3 2
3

3.5 Determinação do coeficiente de descarga cd

Há várias fórmulas empíricas para estimar o coeficiente de descarga, onde cd = f(h,P,L).

- Bazin (1889)
0,0045    2
  h 
cd   0,6075  .1  055
, .  
 h   hP 
Sujeito a: 0,08 m < h < 0,50 m; 0,2 m ≤ P < 2,0 m

4
- Rehbock (1912)
h 1
cd  0,605  0,08. 
P 1000 .h
Sujeito a: 0,25 m < h < 0,80 m; P > 0,3 m; h < P

- Rehbock (1929)
  h  0,0011   0,0011 
32

cd  0,6035  0,0813 .  
. 1  
  P   h 
Sujeito a: 0,03 m < h < 0,75 m; L > 0,3 m; P > 0,3 m; h < P

- Francis (1905)
CD = 0,615 . [1 + 0,26 . (h/(h + P))2]

Sujeito a: 0,05 m < h < 0,80 m; P > 0,3 m; h < P


Para P/h > 3,5 → vo = 0 → cd = 0,623, onde:

2
Onde: Q  .0,623 . 2.9,81.L.h 3 2
3
Q  1,838.L.h 3 2 (expressão mais utilizada na prática)

- Kindsvater e Carter (1957)


 h
cd   0,602  0,075. 
 P
Sujeito a: 0,10 m < P < 0,45 m; 0,03 m < h < 0,21 m; L = 0,82 m.

3.6 Vertedor retangular de parede fina ou delgada, afogados e sem contrações

5
Q  m* .L.H 3 2 . 2g
Onde : m*  x.m
 H  H  H1
x  1,05  1  1 .3
 5.P1  H1
 0,003   0,55.H 2 
m   0,405  .1  
 H   H  P 2 

3.7 Vertedor triangular de parede fina ou delgada

É bastante recomendado para medir pequenas vazões (abaixo de 30 L/s). É recomendável


para 0,06 m ≤ h ≤ 0,50 m.

Desprezando-se a velocidade de aproximação, a vazão através da área dA fica:


dQ  cd.dA. 2gy  cd.2x.dy. 2gy

dA

Como tg/2   x h  y
x  h  y .tg /2 
dQ  cd.2.h  y .tg /2 .dy. 2gy
Q h

 dQ  2.cd.tg/2.
0
2g . h  y . y .dy
0

 
h
Q  2.cd.tg /2 . 2g . h.y1 2  y 3 2 .dy
0

 h.h 3 2 h 5 2 
Q  2.cd.tg /2 . 2g .  
 3 2 5 2 

6
2 
Q  2.cd.tg /2 . 2g . .h 5 2  .h 5 2 
2
3 5 
 10.h 5 2  6.h 5 2 
Q  2.cd.tg /2 . 2g . 
 15 
Q  .cd.tg /2 . 2g .h 5 2
8
15

Os vertedores triangulares com abertura α = 90° são mais utilizados. Para este ângulo
usam-se as seguintes fórmulas mais usuais:

- Thomson: Q = 1,40 . h5/2

Sujeito a: 0,05 m < h < 0,38 m; P > 3h; b > 6h

- Gouley e Crimp: Q = 1,32 . h2,48

Sujeito a: 0,05 m < h < 0,38 m; P > 3 h; b > 6 h

3.8 Vertedor Cipoletti

O vertedor Cipoletti possui formato trapezoidal, parede fina ou delgada e inclinação dos
lados (1H:4V).

Q = 1,861.L.h3/2

Sujeito a: 0,08 < h < 0,60 m; a > 2h; L > 3h; p > 3h; 30h < b < 60h

3.9 Vertedor circular em parede vertical

Q  1,518.D0,693.H1,807
Onde: Q (m3/s), D (m) e H (m)

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3.10 Vertedor de soleira espessa horizontal (e ≥ 2/3.H)

De acordo com Azevedo Netto: Q = 1,71 . L. H3/2, onde L é a largura do vertedor.

De acordo com Rodrigo Melo Porto: Q = cd.1,704.b.H3/2, onde b = L = largura do vertedor


,
De acordo com Lesbros (cd = 0,907):
32
 v2 
Q  1,55.L. H  1 
 2g  , Aqui, v1 = vaprox
Se A1  6.L.H  v1  0

3.11 Vertedor tubular (tubos verticais livres)

De é o diâmetro externo;
H < De/5 (tubo vertical funciona como vertedor com
contrações laterais);

De/5 ≤ H ≤ 3.De (tubo vertical funciona como orifício –


interferência dos vórtices);

Se vertedor: Q = K.L.1,42

Onde: L = п.De; K = f(De) → Azevedo Netto

3.12 Extravasores de barragens (perfil Creager)

O formato do vertedor segue a forma tomada pela face inferior de uma lâmina vertente que
sai de um vertedor retangular, de parede delgada, sem contrações e bem arejada.

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As vantagens são:
- perfeito assentamento da lâmina vertente sobre toda a soleira;
- possibilita o escoamento da vazão máxima;
- previne o aparecimento de pressões negativas;
- previne turbulências na lâmina vertente, evitando danos na estrutura.

Q ≈ 2,2.L.H3/2

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