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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO


ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CIV225 - HIDRÁULICA II

HIDRÁULICA II
Aula 3

Profª. Ana Letícia Pilz de Castro ➔ Teórica e Exercícios


Profª. Maria Luiza Gandini ➔ Práticas de Laboratório

Ouro Preto, MG.


Vertedores
• Estrutura formada pela abertura de um
orifício na parede de um reservatório, na
qual a borda superior atinge a superfície livre
do líquido.

– Haverá escoamento através da estrutura


formada.
– Hidraulicamente os vertedores podem ser
considerados como orifícios incompletos: sem a
borda superior.
– O escoamento é semelhante ao dos orifícios de
grandes dimensões.
Vertedores

Esquema de um vertedor retangular com lâmina livre


Vertedores

Terminologia para o escoamento através dos


vertedores

Corte transversal Corte Longitudinal


Vertedores

Classificação

Quanto à altura relativa da soleira:


• Livres ou completos: (P > P’);
• Afogados ou incompletos: (P < P’);

Quanto à forma:
• Simples: retangular, triangular,
trapezoidal, circular, exponencial;
• Compostos: mais de uma forma
simples combinadas;
Vertedores

Classificação

• Quanto à espessura da parede:


• parede delgada ou soleira fina: e ≤ 2H/3

• parede espessa ou soleira espessa: e >


2H/3;

• Quanto ao perfil da soleira:


• Crista viva
• Arredondada
Vertedores

Classificação
• Quanto à forma da Lâmina:
Vertedores

Classificação

• Quanto à posição do vertedor (em relação à


corrente)
– Normal
– Lateral

• Quanto ao perfil do fundo:


– Em nível
– Em degrau

• Quanto às normalizações:
– Vertedor padrão
– Vertedor particular
Vertedores

Classificação

• Quanto à contração do vertedor


– Sem contrações (L=B)
– Uma contração (L<B)
– Duas contrações (L<B)

a) sem contrações; b) uma contração lateral; c) duas contrações


Vertedores

Classificação

• Quanto à inclinação da face de montante


Vertedor Retangular de Parede Delgada

• Sem contrações laterais Descarga livre

Os filetes inferiores se elevam para atravessar a crista do


vertedor. A superfície livre da água e os filetes próximos
são rebaixados, ocorrendo o estreitamento da veia
fluida.
2 3
Q = Cd L 2 g H 2
3
Vertedor Retangular de Parede Delgada

Coeficiente de descarga:

a) Bazin (1889)
2
0,0045 𝐻
𝐶𝑑 = 0,6075 + . 1 + 0,55
𝐻 𝐻+𝑃

Para: 0,08 < H < 0,50m;


0,20 < P < 2,0m.
Vertedor Retangular de Parede Delgada

Coeficiente de descarga:

b) Rehbock (1912)
𝐻 1
𝐶𝑑 = 0,605 + 0,08 +
𝑃 1000. 𝐻

Para: 0,05 < H < 0,80m;


P < 0,3m e H<P.
Vertedor Retangular de Parede Delgada

Coeficiente de descarga:

c) Rehbock (1929)
3/2
𝐻 + 0,0011 0,0011
𝐶𝑑 = 0,605 + 0,0813 . 1+
𝑃 𝐻

Para: 0,03 < H < 0,75m;


L > 0,3m; P > 0,3m e H<P.
Vertedor Retangular de Parede Delgada
Coeficiente de descarga:
d) Francis (1905)
2
𝐻
𝐶𝑑 = 0,615. 1 + 0,26
𝐻+𝑃
Para: 0,25 < H < 0,80m; P < 0,3m e H<P.
Para V não desprezível:

  H 
2

Q = 1,8381 + 0,26   LH 3 / 2
Para H/P>3,5 - Cd:0,623  H+ p 

Para V desprezível:

𝑄 = 1,838, 𝐿. 𝐻3/2
Vertedor Retangular de Parede Delgada
Coeficiente de descarga:
e) Kindsvater e Carter (1957)]

𝐻
𝐶𝑑 = 0,602 + 0,075
𝑃

Para: 0,03 < H < 0,21m;


0,10 < P < 0,45m e L=0,82m.

2 𝐻
𝑄= 0,602 + 0,075 2𝑔. 𝐿𝑒. 𝐻𝑒 3/2
3 𝑃
𝐿𝑒 = 𝐿 − 0,001
𝐻𝑒 = 𝐻 − 0,001
Influência da Forma da Veia Fluida

Quando o ar não entra, naturalmente, no espaço


abaixo da lâmina vertente, pode ocorrer uma pressão
menor que a pressão atmosférica, produzindo uma
depressão da veia líquida. Esse fenômeno altera a
determinação da vazão pelas fórmulas clássicas.

• O fenômeno é comum nos vertedores sem


contração e pode ocorrer ocasionalmente nos
vertedores com contração lateral.

• Nessas condições a lâmina deixa de ser livre, para


adotar as formas de lâmina deprimida, lâmina
aderente ou lâmina afogada.

• Quando se utiliza um vertedor para medição de


vazão, deve-se evitar a ocorrência do fenômeno
acima descrito.
Influência da Contração Lateral

Quando existe Contração Lateral: o seu efeito se manifesta na


diminuição da largura útil da soleira causando uma super-
estimativa da vazão pelas fórmulas anteriores.
Nesse caso, corrige-se a largura do vertedor.

A largura corrigida L’ será dada por: L’ = L – n.C’.H

H = carga; L = largura real do vertedor


n = número de contrações C’ = fator de contração
Usualmente:
C’ = 0,10 para soleira e faces com canto vivo
C’ = 0,00 para o caso de soleira e faces com bordas
arredondadas.

Obs: 1) Se L > 10H ➔ desprezar o efeito da contração lateral


2) O efeito da contração no plano vertical é considerado no coeficiente de
descarga.
Influência da Contração Lateral

Francis propôs a seguinte correção levando em


consideração a largura efetiva do vertedor:

Obs: Bons resultados práticos se H < 0,5p e H < 0,5L.


Vertedor triangular:

São recomendados para medições de vazões abaixo


dos 30 l/s, com cargas entre 0,06 e 0,50m.

É um vertedor tão preciso quanto os retangulares na


faixe de 30 a 300 l/s.

Considerando um vertedor triangular com ângulo α e


carga H, a relação entre a vazão e carga pode ser
facilmente determinada, desprezando-se a carga
cinética de aproximação.
Vertedor triangular:

Vertedor Trapezoidal
Vertedor circular

Q = 1,518D 0, 693
H 1,807

• Usado para pequenas vazões


• Fácil construção e instalação
• Não requer nivelamento da soleira
• Lâmina vertente sempre aerada
• Mais eficiente para pequenos valores de H
• Pouco empregado
Vertedor Tubular Vertical de Descarga Livre

Formado por tubo de eixo vertical


Soleira é curva
Escoamento se dá em lâmina livre
H < De / 5 Q=K LH n

L =  De
Usualmente emprega-se n = 1,42

De (m) K
0,175 1,435
0,250 1,440
0,350 1,455
0,500 1,465
Vertedor Tubular Vertical de Descarga Livre
Vertedor Tubular Vertical de Descarga Livre
Vertedor Retangular de Parede Espessa
Extravasor de Barragem

Em muitas barragens o extravasor da barragem


(overflow spillway) possui uma soleira com perfil
curvo, calculada para uma dada vazão denominada
de vazão de projeto.

Vários tipos de perfis da soleira podem ser utilizados.


Os mais importantes são:

Perfil Creager.

Perfil WES (USA).


Extravasor de Barragem

Perfil Creager.

Dada tabela com as coordenadas (x,y) do perfil


(soleira normal) relativas a H = 1,0m. Para H diferente
de 1,0m, as coordenadas do correspondente perfil
são multiplicadas pelo valor de H.
Extravasor de Barragem

Perfil Creager.
Extravasor de Barragem

Perfil WES (USA)

O perfil do vertedor WES (Waterways Experiment Station)


com paramento de montante vertical pode ser traçado a
partir da equação:

x1,85
y = 0,5 0,85
H

A vazão pode ser avaliada pela equação:

Q = K.L.H3/2

Um valor usual para K é 2,2.

Na verdade, o coeficiente K não é constante. Ele cresce com H.


Exercício 1

Um vertedor triangular com ângulo de abertura de 90°


descarrega água com uma carga de 0,15 m em um
tanque, que possui no fundo três orifícios circulares com
40 mm de diâmetro. Na condição de equilíbrio,
determine a vazão e a profundidade da água no tanque.
Sabendo que Cd do orifício é igual a 0,61.
Exercício 2

Calcular a vazão de água que escoa sobre a crista de


uma barragem, quando o nível da água na barragem
atingir 1,0 m acima da sua crista. Considerar que a
soleira é espessa, plana e com 50 m de largura.
Considerar duas hipóteses:
1) caso de vertedor de soleira espessa;
2) que a crista da barragem foi adaptada a um perfil
WES.
Exercício 3

Determinar a vazão em um vertedor retangular de


parede delgada com 2,00 m de largura da soleira,
instalado em um riacho de 4,00 m de largura, quando
a carga sobre o vertedor for de 0,30 m (usar eq. De
Francis).

Q = 0,586 m³/s
Exercício 4

Os dois reservatórios mostrados na figura, estão em


equilíbrio para uma vazão de entrada Qo: 65 l/s. O
reservatório da esquerda possui um orifício no fundo
de 10 cm de diâmetro e coeficiente de vazão Cd: 0,60,
descarregando na atmosfera. O da direita possui um
vertedor triangular de parede fina com ângulo de
abertura igual a 90°. Com os dados da figura,
determine as vazões descarregadas pelo orifício Q1, e
pelo vertedor, Q2. Use a fórmula de Thomson.

Q1 = 0,04375 m³/s
Q2 = 0,02126 m³/s

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