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DISCIPLINA: HIDRÁULICA

RESUMO
6 CONDUTOS LIVRES

6.1 INTRODUÇÃO

O escoamento de água em um conduto livre, tem como característica principal o fato de


apresentar uma superfície livre, sobre a qual atua a pressão atmosférica. Rios, canais, calhas e
drenos são exemplos de condutos livres de seção aberta, enquanto que os tubos operam como
condutos livres quando funcionam parcialmente cheios, como é o caso das galerias pluviais e dos
bueiros.

Os canais são construídos com uma certa declividade, suficiente para superar as perdas de
carga e manter uma velocidade de escoamento constante.
Os conceitos relativos à linha piezométrica e a linha de energia são aplicados aos condutos
livres de maneira similar aos condutos forçados.

V12 Hf V12 Hf
2g 2g
V22 V22
P
1 2g P
1 2g
 

A1 P2 P2
 
A2

Z1 Z1
Z2 Z2

PlanodeReferência PlanodeReferência
Condutos Forçados Condutos livres

A solução de problemas hidráulicos envolvendo canais é mais difícil do que aqueles


relativos aos condutos forçados. Nos condutos forçados, a rugosidade das paredes é bem definida
pelo processo industrial e pelos materiais utilizados, o mesmo não ocorrendo com os canais naturais
e os escavados em terra, onde a incerteza na escolha do coeficiente de rugosidade é muito maior do
que nas tubulações. Quanto aos parâmetros geométricos, nos condutos forçados as seções são
basicamente circulares, enquanto os canais apresentam as mais variadas formas.
6.2 ELEMENTOS GEOMÉTRICOS DE UM CANAL

- Seção transversal: é a seção plana do conduto, normal á direção do escoamento;


- Seção molhada: é a parte da seção transversal do canal em contato direto com o líquido;
- Perímetro molhado: corresponde a soma dos comprimentos (fundo e talude) em contato com o
líquido;
- Raio hidráulico: é a razão entre a seção molhada e o perímetro molhado;
- Borda livre: corresponde a distância vertical entre o nível máximo de água no canal e o seu topo.

Borda
B

B – largura da superfície livre de água;


b – largura do fundo do canal;
h – altura de água;
Talude do canal – 1:m (vert:horiz)

6.3 FORMA GEOMÉTRICA DOS CANAIS

A maioria dos condutos livres apresentam seção trapezoidal, retangular ou circular.

6.3.1 Seção trapezoidal

- Seção (área): A  h  b  m.h 

- Perímetro: P  b  2.h 1  m 2

A
Raio hidráulico: R 
P

6.3.2 Seção retangular

- Seção (área): A  b.h b

- Perímetro: P  b  2.h
A
- Raio hidráulico: R 
P
6.3.3 Seção circular (50%)

- Largura da superfície:

.D 2
- Seção (área): A 
8

.D
- Perímetro: P 
2

A D
- Raio hidráulico: R  
P 4

Exemplo: Calcular a seção, o perímetro molhado e o raio hidráulico para o canal esquematizado
a seguir (talude = 1 : 0,58)

2m

1m
Resolução:

A  h  b  m.h 
A  21  0,58.2   4,32m 2

P  b  2.h 1  m 2
P  1  2 x 2 1  0,582  5,62m

A 4,32
R   0,77 m
P 5,62

Exercício: Calcular a seção, o perímetro molhado e o raio hidráulico para o canal de terra com
as seguintes características: Largura do fundo = 0,3 m; inclinação do talude - 1:2; e
profundidade de escoamento = 0,4 m.
Resposta: A = 0,44 m2; P = 2,09 m; R = 0,21 m

6.4 FÓRMULA PARA DIMENSIONAMENTO DE CANAIS (FÓRMULA DE MANNING)


A fórmula de Manning é de uso muito difundido, pois alia simplicidade de aplicação com
excelentes resultados práticos. Devido a sua intensa utilização, estão disponíveis na literatura
valores para o seu fator de rugosidade que cobrem a maioria das situações encontradas na prática.

1
Q  A. .R 2 / 3.i1 / 2
n
Em que:

Q – vazão transportada pelo canal (m3/s);


R – raio hidráulico (m);
i – declividade do canal (m/m);
n – coeficiente de manning

Tabela - Coeficiente de Manning.


Natureza da parede Conservação
Excelente Bom Regular Ruim
Canal revestido com concreto 0,012 0,014 0,016 0,018
Canal não revestido escavado em terra, reto e uniforme 0,017 0,020 0,023 0,025
Geanini Peres (1996)

Exemplo: Determinar a velocidade de escoamento e a vazão de um canal trapezoidal com as


seguintes características: inclinação do talude – 1:1,5; declividade do canal 0,00067 m/m,
largura do fundo = 3,5 m e profundidade de escoamento = 1,2 m. Considera um canal com
paredes de terra, reto e uniforme. Considerar n=0,02 pois o estado é bom.

Resolução:

A  1,2. 3,5  1,5x1,2   6,36m 2


P  3,5  2 x1,2 1  1,52  7,83m
A 6,36
R   0,81m
P 7,83

Canal de terra, reto e uniforme: n = 0,02

1
Q  A .R 2 / 3 .i1 / 2
n

1
Q  6,36. .0,812 / 3.0,000671 / 2  7,17m 3 / s
0,02

Q 7,17
V   1,13m / s
A 6,36

Exercício: Determinar a declividade “i” que deve ser dada a um canal retangular para atender
as seguintes condições de projeto: Q = 2 m 3/s; h = 0,8 m; b = 2 m e paredes revestidas com
concreto em bom estado (n = 0,014).
Resposta: i = 0,0009 m/m
- Fórmula de Manning para condutos circulares parcialmente cheios

A fórmula de Manning também é bastante utilizada para o dimensionamento de drenos e


bueiros. Neste caso utiliza-se a equação abaixo:
0 ,375
 Q.n 
D   1/ 2 
 k.i 

Tabela - Valores de K.

h/D 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,95 1,0


K 0,156 0,209 0,260 0,304 0,331 0,334 0,311

D
h

Exercício: Dimensionar dreno subterrâmeo, supondo Q = 0,73L/s, i = 0,002 m/m, tubo de PVC
corrugado – n = 0,016 e h/D = 0,6.
Resposta: 81,5 mm, diâmetro comercial mais próximo = 4”

6.5 VELOCIDADE DE ESCOAMENTO EM CANAIS

O custo de um canal é diretamente proporcional as suas dimensões e será tanto menor


quanto maior for a velocidade de escoamento.
A utilização de velocidades altas está limitada pela capacidade das paredes do canal
resistirem a erosão. Por outro lado, velocidades baixas implicam em canais de grandes dimensões e
assoreamento pela deposição do material suspenso na água.

Tabela - Velocidade limites.

Tipo de canal Velocidade mínima (m/s)


Areia muito fina 0,20 - 0,30
Terreno arenoso comum 0,60 – 0,80
Terreno argiloso 0,80 – 1,20
Concreto 4,00 – 10,0
Fonte: Silvestre

6.6 DECLIVIDADES RECOMENDADAS PARA CANAIS

Quanto maior a declividade do canal maior será a velocidade de escoamento, o que pode
provocar erosão dos canais. As declividades recomendadas seguem na tabela abaixo.
Tipo de canal Declividade (m/m)
Canal de irrigação pequeno 0,0006 – 0,0008
Canal de irrigação grande 0,0002 – 0,0005

6.7 INCLINAÇÕES RECOMENDADAS PARA OS TALUDES DOS CANAIS

A inclinação dos taludes depende principalmente da natureza das paredes.

Natureza das paredes m


Canais em terra sem revestimento 2,5 – 5
Terra compacta sem revestimento 1,5
Concreto 0
Fonte: Silvestre

6.8 BORDA LIVRE PARA CANAIS

A borda de um canal corresponde à distância vertical entre o nível máximo de água no canal
e o seu topo. Esta distância deve ser suficiente para acomodar as ondas e as oscilações verificadas
na superfície da água, evitando o seu tranbordamento.
Por medida de segurança recomenda-se uma folga de 20 – 30% ou 30 cm para pequenos
canais e 60 a 120 cm para grandes canais.

Borda
B

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