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8.

INSTALAÇÕES ELEVATÓRIAS

8.1 Máquinas
É um transformador de energia (absorve energia em uma forma e restitui em outra).
Entre os diversos tipos de máquinas, as máquinas fluidas são aquelas que promovem um
intercâmbio entre a energia do fluido e a energia mecânica. Dentre elas, as máquinas hidráulicas se
classificam em motora e geradora.
- máquina hidráulica motora: transforma a energia hidráulica em energia mecânica (ex.:
turbinas hidráulicas e rodas d’água);
- máquina hidráulica geradora: transforma a energia mecânica em energia hidráulica
(bombas).

8.1.2 Classificação das Bombas Hidráulicas

- Bombas volumétricas: o órgão fornece energia ao fluido em forma de pressão. Essa


transferência de energia é feita através de um órgão mecânico com movimento rotativo ou
alternativo, obrigando o fluido a executar o mesmo movimento. Com o movimento rotativo ou
alternativo do órgão propulsor, há uma alternância entre diminuição e aumento de pressão,
fazendo com que o fluido ocupe um determinado volume no interior da bomba e, depois
(pelo aumento da pressão) é expulso em direção à saída (daí o nome de bombas
volumétricas). São as bombas de êmbulo ou pistão e as bombas diafragma para bombas
alternativas (Figura 71) e bombas de engrenagens, parafuso, palhetas, etc. para bombas
rotativas (Figura 72).

Figura 71. Bombas de pistão utilizadas em rodas d’água (alternativas).

1) 2) 3)
Figura 71. Bombas de diafragma (1 e 2) e Carneiro hidráulico (3) (alternativas).

1
Bomba de engrenagem Bomba de lóbulos Bomba de palhetas
Figura 72. Bombas rotativas.

- TurboBombas ou Bombas Hidrodinâmicas: o órgão (rotor) fornece energia ao fluido em forma de


pressão. O rotor se move sempre com movimento rotativo (Figura 73).

Figura 73. Modelo de turbobomba

8.2 Principais Componentes de uma Bomba Hidrodinâmica

Rotor: órgão móvel que fornece energia ao fluido. É responsável pela formação de uma depressão no
seu centro para aspirar o fluido e de uma sobrepressão na periferia para recalcá-lo (Figura 74).

Difusor: canal de seção crescente que recebe o fluido vindo do rotor e o encaminha à tubulação de
recalque. Possui seção crescente no sentido do escoamento com a finalidade de transformar a energia
cinética em energia de pressão (Figura 74).

Figura 74 – Corte do rotor e difusor tipo caracol.

2
8.3 Classificação das Turbobombas
8.3.1 Quanto à trajetória do fluido dentro do rotor

a) Bombas radiais ou centrífugas: o fluido entra no rotor na direção axial e sai na direção radial.
Caracterizam-se pelo recalque de pequenas vazões em grandes alturas. A força predominante é a
centrífuga (Figura 75).

Figura 75 – Corte de uma bomba radial.

b) Bombas Axiais: o fluido entra no rotor na direção axial e sai também na direção axial. Caracterizam-se
pelo recalque de grandes vazões em pequenas alturas. A força predominante é a de sustentação (Figura
76).

Figura 76- Corte de uma bomba axial.

b) Bombas diagonais ou de fluxo misto: o fluido entra no rotor na direção axial e sai numa direção
intermediária entre a axial e a radial. Caracterizam-se pelo recalque de médias vazões em médias
alturas. Nesse caso as forças centrífugas e de sustentação são importantes (Figura 77).

Figura 78- Corte de uma bomba axial.

3
8.3.2 Quanto ao número de entradas para a aspiração e sucção

a) Bombas de sucção simples ou de entrada unilateral: a entrada do líquido se faz através de uma
única boca de sucção (Figura 79).

b) Bombas de dupla sucção: a entrada do líquido se faz por duas bocas de sucção, paralelamente ao
eixo de rotação. Esta configuração equivale a dois rotores simples montados em paralelo. O rotor de
dupla sucção apresenta a vantagem de proporcionar o equilíbrio dos empuxos axiais, o que acarreta
uma melhoria no rendimento da bomba, eliminando a necessidade de rolamento de grandes
dimensões para suporte axial sobre o eixo (Figura 79).

Figura 79- Corte de bombas de sucção simples e dupla.

8.3.3 Quanto ao número de rotores dentro da carcaça

a) Bombas de simples estágio ou unicelular: a bomba possui um único rotor dentro da carcaça.
Teoricamente é possível projetar uma bomba com um único estágio para qualquer situação de altura
manométrica e de vazão. As dimensões excessivas e o baixo rendimento fazem com que os
fabricantes limitem a altura manométrica para 100 m .

b) Bombas de múltiplo estágio: a bomba possui dois ou mais rotores dentro da carcaça. É o resultado
da associação de rotores em série dentro da carcaça. Essa associação permite a elevação do líquido
a grandes alturas (> 100 m), sendo o rotor radial o indicado para esta associação (Figura 80).

Figura 80 – Corte de uma bomba de múltiplo estágio.

4
8.3.4 Quanto ao posicionamento do eixo

a) Bomba de eixo horizontal: é a concepção construtiva mais comum ( Figura 81).

Figura 81 – Corte de uma bomba de eixo horizontal.

b) Bomba de eixo vertical: usada na extração de água de poços profundos (Figura 82).

Figura 82 – Corte de uma bomba de eixo vertical.

8.3.5 Quanto a pressão desenvolvida

a) bomba de baixa pressão (Hm <= 15 m)


b) bomba de média pressão (15 m < Hm < 50 m)

5
c) bomba de alta pressão (Hm >= 50 m)
8.3.6 Quanto ao tipo de rotor
a) Rotor aberto: usada para bombas de pequenas dimensões. Possui pequena resistência estrutural.
Baixo rendimento. Dificulta o entupimento, podendo ser usado para bombeamento de líquidos sujos
(Figura 83).

b) Rotor fechado: usado no bombeamento de líquidos limpos. Possui discos dianteiros com as palhetas
fixas em ambos. Evita a recirculação da água, ou seja, o retorno da água à boca de sucção (Figura
83).

c) Rotor semi-aberto ou semi-fechado: usado para recalque de água bruta sedimentada. Possui apenas
um disco onde são afixadas as palhetas. (Figura 83).

Figura 83 – Esquemas de rotores fechado, semi-aberto e aberto, respectivamente.

8.3.7 Quanto à posição do eixo da bomba em relação ao nível da água.

6
a) Bomba de sucção positiva: o eixo da bomba situa-se acima do nível d’água do reservatório.

Figura 84 – Instalação típica com manômetro à saída da bomba e vacuômetro à entrada.

b) Bomba de sucção negativa ou afogada: o eixo da bomba situa-se abaixo do nível d’água do
reservatório de sucção.

Obs.: para as bombas de sucção positiva, o valor lido no vacuômetro é negativo e para as bombas de
sucção negativa ou afogada, o valor lido no vacuômetro é positivo.

8.4 Escolha da Bomba e Potência Necessária ao seu Funcionamento

Basicamente a seleção de uma bomba para uma determinada situação, é função de:

7
- vazão a ser recalcada (Q);
- altura manométrica da instalação (Hm).

- Vazão a ser recalcada

A vazão a ser recalcada depende essencialmente de três elementos: consumo diário da


instalação, jornada de trabalho da bomba e do número de bombas em funcionamento (bombas em
paralelo).

- Altura manométrica da instalação

O levantamento topográfico do perfil do terreno permite determinar: o desnível geométrico da


instalação (Hg), o comprimento das tubulações de sucção e de recalque e o número de peças especiais
dessas tubulações. Com os comprimentos das tubulações e o número de peças especiais, a perda de
carga é facilmente calculada pelo conhecimento dos diâmetros de sucção e de recalque. A altura
manométrica será calculada por:

Hm = Hg + ht (perdas de carga)

- Cálculo dos diâmetros de sucção e de recalque

Dentre os métodos utilizados para a determinação dos diâmetros de sucção e de recalque,


podemos utilizar o critério das chamadas velocidades econômicas, cujos limites são:
* na sucção: Vs < 1,5 m/s (no máximo 2,0 m/s);
* no recalque: Vr < 2,5 m/s (no máximo 3,0 m/s).

Adotadas as velocidades, o cálculo dos diâmetros é facilmente determinado pela equação da


continuidade, já que se conhece a vazão (Q=AV), ou seja:

4Q 4Q
Ds  e Dr 
Vs Vr

Observações importantes:
É procedimento usual admitir o diâmetro comercial imediatamente superior ao calculado para a sucção e
o imediatamente inferior par o recalque.

- Potência necessária ao funcionamento da bomba (Pot)

8
A potência absorvida pela bomba é calculada por:

QH m 0,735..Q.H m
Pot  (cv) ou Pot  (kw)
75. 75.

- Potência instalada (N) ou potência do motor

O motor que aciona a bomba deverá trabalhar sempre com uma folga ou margem de segurança
a qual evitará que o mesmo venha, por uma razão qualquer, operar com sobrecarga. Portanto,
recomenda-se que a potência necessária ao funcionamento da bomba (Pot) seja acrescida de uma folga,
conforme especificação a seguir (para motores elétricos):

Potência exigida pela Bomba Margem de segurança recomendada (%)


(Pot)
Até 2 cv 50%
De 2 a 5 cv 30%
De 5 a 10 cv 20%
De 10 a 20 cv 15%
Acima de 20 cv 10%

Para motores a óleo diesel recomenda-se uma margem de segurança de 25% e a gasolina, de
50% independente da potência calculada.
Finalmente para a determinação da potência instalada (N), deve-se observar que os motores
elétricos nacionais são fabricados com as seguintes potências comerciais, em cv:

1/4 - 1/3 – 1/2 – 3/4 - 1 1/2 - 2 – 3 – 5 – 6 – 7 1/2 – 10 – 12 – 15 – 20 – 25 – 30 – 40 – 45 – 50 – 60 –


100 – 125 – 150 – 200 – 250 - 300

8.6 Peças Especiais numa Instalação Típica de Bombeamento

A Figura 86 mostra as peças especiais utilizadas numa instalação de bombeamento.


8.6.1 Na linha de sucção

1) Válvula de pé com crivo


Instalada na extremidade inferior da tubulação de sucção. É uma válvula unidirecional, isto é, só
permite a passagem do líquido no sentido ascendente. Com o desligamento do motor de acionamento da
bomba, esta válvula mantém a carcaça ou corpo da bomba e a tubulação de sucção cheia do líquido
recalcado, impedindo o seu retorno ao reservatório de sucção ou captação. Nestas circunstâncias, diz-se
que a válvula de pé com crivo mantém a bomba escorvada (carcaça e tubulação desta válvula é a de
impedir a entrada de partículas sólidas ou corpos estranhos como: folhas, galhos, etc., A válvula deve
estar mergulhada a uma altura mínima de:

9
h  2,5D s  0,1 ( h e D s em metros)
para evitar a entrada de ar e formação de vórtices.

Figura 86 – Peças especiais numa instalação de bombeamento.


2) curva de 90o
Imposta pelo traçado da linha de sucção.

3) Redução Excêntrica
Liga o final da tubulação à entrada da bomba, de diâmetro geralmente menor. Essa
excentricidade visa evitar a formação de bolsas de ar à entrada da bomba. São aconselháveis sempre
que a tubulação de sucção tiver um diâmetro superior a 4” (100 mm).

8.6.2 Na linha de recalque

1) Ampliação concêntrica
Liga a saída da bomba de diâmetro geralmente menor à tubulação de recalque.

2) Válvula de retenção
É unidirecional e instalada à saída da bomba, antes da válvula de gaveta. Suas funções são:

- impedir que o peso da coluna de água do recalque seja sustentado pela bomba o que
poderia desalinhá-la ou provocar vazamentos na mesma;
- impedir que, com o defeito da válvula de pé e estando a saída da tubulação de recalque
afogada (no fundo do reservatório superior), haja um refluxo do líquido, fazendo a bomba
funcionar como turbina, o que viria a provocar danos à mesma;

10
- possibilitar, através de um dispositivo chamado “by-pass”, a escorva da bomba.
3) válvula de gaveta

Instalada após a válvula de retenção. Suas funções são de regular a vazão e permitir reparos na
válvula de retenção.

Observação: a bomba centrífuga deve ser sempre ligada e desligada com a válvula de gaveta fechada,
devendo-se proceder de modo contrário nas bombas axiais.

8.7 Curvas Características das Bombas


Constituem-se numa relação entre a vazão recalcada com a altura manométrica, com a potência
absorvida, com o rendimento e às vezes com a altura máxima de sucção.
Pode-se dizer que as curvas características constituem-se no retrato de funcionamento das
bombas nas mais diversas situações.
Estas curvas são obtidas nas bancadas de ensaio dos fabricantes. As mais comuns são:
a) Hm = f (Q);
b) Pot = f (Q);
c)  = f (Q).
O aspecto destas curvas depende do tipo de rotor.
No caso de bombas centrífugas, tem-se:

Figura 87 – Curvas características de bombas centrífugas.

No caso de bombas axiais, tem-se:

11
Figura 88 – Curvas características de bomba axial.

Obs.: o aspecto das curvas Hm = f (Q) e Pot = f (Q) refere-se apenas à região de rendimento aceitável
( > 40%).

8.7.1 Algumas conclusões tiradas das curvas características das bombas

a) o aspecto achatado das curvas de rendimento das bombas centrífugas mostra que tal tipo de
bomba é mais adequado onde há necessidade de variar vazão. A vazão pode ser variada
sem afetar significativamente o rendimento da bomba.

b) a potência necessária ao funcionamento das bombas centrífugas cresce com o aumento da


vazão e decresce nas axiais. Isto mostra que, as bombas radiais devem ser ligadas com a
válvula de gaveta fechada, pois nesta situação, a potência necessária para acioná-las é
mínima. O contrário ocorre com as bombas axiais.

c) Para bombas radiais, o crescimento da altura manométrica não causa sobrecarga no motor;
especial atenção deve ser dada quando a altura manométrica diminui. Quando Hm diminui,
aumenta a vazão, o que poderá causar sobrecarga no motor.

É muito comum o erro de se multiplicar a altura manométrica calculada por um valor, (1,5 por
exemplo) e com isso, selecionar o motor para trabalhar com bastante “folga”. Pela figura a seguir,
vejamos o que acontece no caso de bombas centrífugas ou radiais:

12
Figura 89 – Gráfico
que mostra a
escolha de uma
bomba a ser
adotada.

(0) curva
característica
da bomba que
deveria Ter sido
adotada.
(1) Curva característica da bomba adotada em razão do aumento da altura manométrica.

Pontos de projeto que deveriam ter sido adotados: Q o, Ho, Poto


Pontos de projeto adotados: Qo, H1, Pot1 (motor adquirido)
Ponto real de funcionamento: Q1, H2, Pot2 (potência solicitada do motor)

Solução: operar na válvula de gaveta até coincidir Q 1 = Qo; isto faz com que H 2  H1 e Pot2  Pot1,
aliviando desta forma a sobrecarga no motor.

d) o contrário do que foi discutido no item anterior (item c) ocorre no caso de bombas axiais.

8.8 Curvas Características do Sistema ou da Tubulação

A expressão da altura manométrica fornece:

Hm  HG  h t (para reservatórios abertos)

As perdas de carga acidentais podem ser incluídas nas perdas de carga distribuídas, desde que
se use o método dos comprimentos equivalentes (Le). Então, pode-se escrever que:

Le 16Q 2
ht  f  K.Q 2 , onde Le é o comprimento normal da canalização mais o
D  2 2.g.D 4

comprimento correspondente às peças especiais.

Le.f .16
K = constante para uma determinada instalação.
 2 2.g.D 5

Se fosse utilizada a equação de Hazen-Willians, teríamos:

13
1,852
 4Q 
h t  J.Le  Le. 
 0,335CD 2,63 
 

ht  K ' Q 1,852

Então Hm do sistema é:

Hm  H G  K 'Q 2 (Eq. de Darcy)

Hm  H G  K ' Q1,852 (Eq de H.W)

Essas equações quando representadas graficamente tem o seguinte aspecto:

Figura 90 – Curva característica da tubulação (sistema).

8.9 Ponto de Operação do Sistema

A curva característica da bomba associada à curva característica do sistema tem o seguinte


aspecto:

14
Figura 91 – Ponto de funcionamento do sistema.

A intersecção das duas curvas define o ponto de trabalho ou ponto de operação da bomba, ou
seja: para a vazão de projeto da bomba, a altura manométrica da bomba é igual àquela exigida pelo
sistema.

8.10 Influência do Tempo nas Curvas Características do Sistema e da Bomba

Com o passar do tempo surgem o desgaste e a corrosão provocando uma queda no rendimento
da bomba. O desgaste e a corrosão também afetam a curva característica do sistema (devido ao
aumento da perda de carga), tornando-a mais inclinada. O gráfico a seguir esclarece muito bem a
influência do tempo de uso do conjunto bomba-sistema.

Figura 92 – Comparação de rendimento entre a bomba e o ponto de sistema velho e novo.

8.11 Variação das Curvas Características das Bombas

15
As curvas características das bombas podem variar:

a) variando a rotação do rotor (para um mesmo diâmetro)


b) variando o diâmetro do rotor (para uma mesma rotação)
c) variando a forma do rotor (competência do próprio fabricante)
d) com o tempo de uso.

Os recursos a e b são muito utilizados na prática para evitar sobrecarga no motor.

a) variação da rotação do rotor:

Nesses casos o diâmetro é mantido constante e o rendimento deverá ser mantido o mesmo para
ambas as rotações (a rotação especificada e a requerida).
As equações utilizadas são
2 3
Q1 n 1 H1  n 1  Pot 1  n1 
 ;   ;  
Q2 n2 H2  n2  Pot 2  n 2 

Estas fórmulas foram originadas da semelhança geométrica de bombas. Como os pontos


pertencentes às curvas de mesmo rendimento (curvas de iso-eficiência) obedecem às equações
anteriores, combinando-as tem-se:

2
H1  Q1  H1 H2
  ou   cons tan te
H2  Q2  Q12 Q22

Esta equação é chamada de parábola de iso-eficiência ou iso-rendimento e é usada para obter


os chamados pontos homólogos (pontos de mesmo rendimento).

b) Variação do diâmetro do rotor

Nesse caso a rotação é mantida constante. Esta é uma operação mais indicada para bombas
centrífugas, já que as faces do rotor são praticamente paralelas.
A operação consiste na usinagem (raspagem) do rotor até um valor correspondente a 20% no
máximo do diâmetro original sem afetar sensivelmente o seu rendimento.
As equações utilizadas mantendo-se constantes a rotação e o rendimento, são:

2
Q1  D1 
  segundo Louis Bergeron e outros (experimental)
Q2  D2 

16
Q1 D1
 segundo Karassik (experimental)
Q2 D2
2
Hm1  Q1 
  (parábola de iso-eficiência)
Hm 2  Q 2 

3
Pot 1  D1 
  (experimental)
Pot 2  D 2 

Observação: o corte no rotor afasta um pouco a hipótese de semelhança geométrica entre o rotor
original e o usinado; daí as expressões Q = f(D), Hm = f(D) e Pot = f(D) não obedecem a lei de
semelhança geométrica.

8.12 Exemplo de curvas características de bombas

17
Figura 93 – Curva característica da bomba modelo DE.

18
Figura 94– Curva característica da bomba modelo GBN.

19
8.13 Cavitação – Altura da Instalação das Bombas

8.13.1 Introdução

Convém salientar que a cavitação é um fenômeno observável em líquidos, não ocorrendo sob
quaisquer condições normais em sólidos ou gases. A cavitação consiste da rápida vaporização e
condensação de um líquido.
Pode-se comparativamente associar a cavitação à ebulição em um liquido:
Ebulição: um líquido "ferve" ao elevar-se a sua temperatura, com a pressão sendo mantida
constante. Sob condições normais de presssão (760.mm Hg), a água ferve a l00 oC.
Cavitação: um líquido "ferve" ao diminuir sua pressão, com a temperatura sendo mantida
constante. À temperatura de 20 oC a água “ferve” à pressão absoluta de 0,24 m.c.a = 17,4 mm Hg. A
pressão com que o líquido começa a “ferver” chama-se pressão de vapor ou tensão de vapor. A tensão
de vapor é função da temperatura (diminuí com a diminuição da temperatura).
Um líquido ao atingir a pressão.de vapor libera bolhas de ar (bolhas de vapor), dentro das quais
o líquido se vaporiza.

8.13.2 Ocorrência da Cavitação

O aparecimento de uma pressão absoluta à entrada da bomba, menor ou igual a pressão de


vapor do líquido, na temperatura em que este se encontra, poderá ocasionar os seguintes efeitos:
- Se a pressão absoluta do líquido na entrada da bomba for menor ou igual à pressão de vapor e se ela
(a pressão) se estender a toda a seção do escoamento, poderá formar-se uma bolha de vapor capaz de
interromper o escoamento.
- Se esta pressão for localizada a alguns pontos da entrada da bomba, as bolhas de vapor liberadas
serão levadas pelo escoamento para regiões de altas pressões (região de saída do rotor). Em razão da
pressão externa maior que a pressão interna ocorre a implosão das bolhas (colapso das bolhas),
responsável pelos seguintes efeitos distintos da cavitação.
(ocorrem simultaneamente esses efeitos):

Figura 95 – Ilustração de bomba com cavitação.

20
a) Efeito químico - com as implosões das bolhas são liberados íons livres de oxigênio que atacam as
superfícies metálicas (corrosão química dessas superfícies).

b) Efeito mecânico - atingindo a bolha região de alta pressão, seu diâmetro será reduzido (inicia-se o
processo de condensação da bolha), sendo a água circundante acelerada no sentido centrípeto.
Com o desaparecimento da bolha, ou seja: com a condensação da bolha as partículas de água
aceleradas se chocam cortando umas o fluxo das outras. Isso provoca o chamado golpe de aríete e
com ele uma sobrepressão que se propaga em sentido contrário, golpeando com violência as
paredes mais próximas do rotor e da carcaça, danificando-as.

Figura 96 – Efeito da cavitação no interior da bomba.

8.13.3 Altura Máxima de Sucção das Bombas

Para que uma bomba trabalhe sem cavitar, torna-se necessário que a pressão absoluta do líquido
na entrada da bomba, seja superior à pressão de vapor, à temperatura de escoamento do líquido.
Considere-se a figura seguinte:

21
Figura 97 – Esquema de uma instalação de bombeamento.

Aplicando a equação da energia entre (0) e (1), à entrada da bomba, com referência em (0) vem:
(chamando a perda de carga total na tubulação de sucção de hf)
2
Patm VA 2 P V
  0o  1  1  hs  hf
 2g  2g

2 2
Patm  P1 V A  V1
hs    hf (1)
 2g
Se fosse possível desprezar as perdas de carga e a variação da energia cinética, a expressão anterior
pode ser escrita como:

Patm  P1
hs 

Deduz-se que, teoricamente, a maior altura de sucção seria obtida quando a pressão criada no interior
(entrada da bomba) fosse igual ao vácuo absoluto (P1=0).

Para as condições ideais de temperatura e pressão, tem-se:

Patm  0 10330kgf / m 2  0
hs    10,33 m.c.a
 1000kgf / m 3

Obs.: Patm = 1 atm = 10,33 m.c.a. = 10330 kgf/m2 (nível do mar)


P1 = 0 (vácuo perfeito)
 (4oC) = 1000 kgf/m3

Esta seria a altura de sucção máxima (teórica) com que poderia ser instalada uma bomba
comum (sem dispositivos especiais). Na prática, não são desprezíveis as perdas de carga (e às vezes a
variação da energia cinética), P1 >= Pv , Patm < 1 atm e T > 4oC. Para que a cavitação não ocorra é
necessário que, em todos os pontos do percurso da água, a pressão seja sempre maior que a pressão
de vapor, à temperatura de operação.

22
Retornando à expressão (1), podemos escrever, fazendo p 1 = pv (pressão de vapor):
2
P  Pv V1  VA 2
hs  atm   hf (2)
 2g

Na expressão (2), Patm e Pv são tabelados. Na falta de tabela, a pressão atmosférica poderá ser
calculada por:

Patm Patm
 10  0,0012.A ; em que e A (altitude) são dados em metros.
 

Pressão de Vapor e densidade da água.

Temperatura Tensão de Vapor


o Densidade
C mm Hg Kgf /cm2

15 12.7 0.0174 0.999


20 17.4 0.0238 0.998
25 23.6 0.0322 0.997
30 31.5 0.0429 0.996
35 41.8 0.0572 0.994
40 54.9 0.0750 0.992
45 71.4 0.0974 0.990
50 92.0 0.1255 0.988
55 117.5 0.1602 0.986
60 148.8 0.2028 0.983
65 136.9 0.2547 0.981
70 233.1 0.3175 0.978
75 288.5 0.3929 0.975
80 354.6 0.4828 0.972
85 433.0 0.5894 0.969
90 525.4 0.7149 0.965
95 633.7 0.8620 0.962
100 760.0 1.0333 0.958
105 906.0 1.2320 0.955
110 1075.0 1.4609 0.951
115 1269.0 1.7260 0.947
120 1491.0 2.0270 0.943

Pressão atmosférica em função da altitude

Altitude (m) Altura de coluna de água equivalente à pressão


atmosférica (m).
0 10.33
300 9.96
600 9.59
900 9.22
1200 8.88
1500 8.54
1800 8.20
2100 7.89
2400 7.58
2700 7.31

23
3000 7.03

Na expressão (2) levou-se em conta apenas a perda de carga existente até à entrada da bomba.
Considerando-se que as bolsas de vapor serão levadas para a saída do rotor, devemos adicionar à
referida expressão a perda de carga hB que leva em conta a perda existente entre a entrada da bomba
e a saída do rotor (porque é na saída que ocorre o colápso das bolhas). Essa perda não é calculada
pelas expressões usuais de perda de carga.
v2
Quanto menor menor a perda de carga. Desta forma, recomenda-se utilizar maiores
2. g

diâmetros na tubulação de sucção e v  2 m/s.


Sendo assim, a expressão (2) pode ser rescrita como:

2 2
Patm  Pv V1  VA
hs    hf  hB (3)
 2g
Separando, no primeiro membro, as grandezas que dependem das condições locais, e, no
segundo membro as que dependem das características de entrada da bomba, tem-se:

* NPSH disponível na instalação e NPSH requerido pela bomba

8.13.4 NPSH disponível na instalação e NPSH requerido pela bomba


NPSH – Net positive suction Head (Altura positiva líquida de sucção)

Pela equação (3), separando o primeiro membro as grandezas que dependem das condições
locais da instalação (condições ambientais) e no segundo membro as grandezas relacionadas com a
bomba, tem-se:

2 2
P P V1  VA
atm
 hs  v
 h   hB
        f 
2g
 
NPSH disponível NPSH requerido
( na instalação ) ( pela bomba )

A soma dos termos do primeiro membro representa a carga líquida positiva disponível =
NPSHdisponível.
Já o segundo membro refere-se á carga líquida requerida pela bomba = NPSH requerido.
Para que a bomba não cavite, a carga líquida disponível deve ser maior que àquela requerida
pela bomba, ou seja:
NPSHd  NPSHr

O NPSHd é um parâmetro que o projetista pode modificar, já, o NPSHr, é fornecido pelo
fabricante de bombas. Como segurança, a altura de sucção deve ser bem menor que a calculada.

24
8.13.5 Medidas destinadas a dificultar o aparecimento da cavitação, por parte do usuário

a) trabalhar com líquidos frios (menor temperatura, menor pv)


b) tornar a linha de sucção a mais curta e reta possível (diminui a perda de carga)
c) selecionar o diâmetro da tubulação de sucção de modo que a velocidade não ultrapasse a 2 m/s
(diminui a perda de carga)

8.14 Associação de Bombas

Razões de naturezas diversas levam à necessidade de se associar bombas:

a) inexistência no mercado de bombas que possam, isoladamente, atender a vazão de demanda;


b) inexistência no mercado de bombas que possam, isoladamente, atender a altura manométrica de
projeto;
c) aumento da demanda com o decorrer do tempo.
As associações podem ser em paralelo ou em série. As razões (a) e (c) requerem a associação
em paralelo e a razão (b), associação em série.

8.14.1 Associação em Paralelo

Para a obtenção da curva característica das bombas associadas em paralelo as vazões se


somam para uma mesma altura manométrica. Esta associação é muito utilizada em abastecimento de
água de cidades e em indústrias.
Uma bomba de dupla sucção possui dois rotores em paralelo, onde as vazões se somam para a
mesma altura manométrica (é um caso particular de associação em paralelo).
A interseção entre a curva característica da associação e a curva característica do sistema indica
o ponto de trabalho da associação em paralelo. A seguir é apresentando um esquema da associação em
paralelo:
Por meio da figura seguinte, pode-se tirar as seguintes conclusões:

a) se as duas bombas funcionassem isoladamente, a vazão de cada uma seria Q 1 e Q2 e a vazão total,
Q1+Q2; esta vazão total é maior do que a vazão Q3 da associação em paralelo (Q1+Q2 > Q3).
Esta diferença da vazão será tanto mais acentuada quanto mais inclinada for a curva do sistema ou
quanto mais achatadas forem as curvas características das bombas;

25
b) Na associação em paralelo, a vazão de cada bomba é obtida projetando-se horizontalmente o ponto
P3 até encontrar a curva característica de cada bomba. Assim, a vazão da bomba (1) é Q I e da
bomba (2) é QII.

c) Na situação da curva característica passando por P 2 ou acima deste, a bomba (1) não conseguirá
vencer a altura manométrica da associação em paralelo. Sendo assim, a bomba (2) fornecerá toda a
vazão Q2. Nesse caso não tem sentido a associação em paralelo. A bomba (1) sofrerá
superaquecimento, pois não conseguirá vencer a altura manométrica (situação perigosa).

Figura 98 – Associação de bombas em paralelo.

26
Associação em
paralelo (1) + (2)

Figura 99 – Curvas características de uma associação em paralelo.

8.14.2 Associação em Série


Para traçado das curvas características das bombas
associadas em série, as alturas manométricas se somam para
uma mesma vazão. Nas bombas de múltiplos estágios os rotores
estão associados em série numa mesma carcaça. Na associação
em série, deve se ter o cuidado de verificar se a flange da sucção
e a carcaça a partir da segunda bomba suportam as pressões
desenvolvidas.

Exemplo de uma associação de duas bombas em série:

Observação: Observando a Figura, se a bomba (2) for desligada, a bomba (1) não conseguirá vencer a
altura manométrica (curva característica do sistema se situa acima da curva da bomba 1). Haverá
recirculação do líquido e sobreaquecimento do mesmo (situação perigosa).

27
Figura 100 – Curvas características de uma associação em série.
8.14.3 Rendimentos Totais (t)
a) Para bombas em paralelo
Q1

Bomba (1) na associação  Q1 H 1


 H1  Pot 1 
 751
 1

Q 2

Bomba (2) na associação  Q 2 H 2


H 2  Pot 2 
 752
 2

Q 3
Q 3 H 3
Bomba (3) na associação 
H 3

 3
 Pot 3 
753

Q

Associação das bombas em paralelo 


H


 Pot 
QH
75 t

H = H1 = H2 = H3 ; Q = Q1 + Q2 + Q3
 (Q1  Q 2  Q 3 ) H
Pot = Pot1 + Pot2 + Pot3 =
75t
Q1H1 Q 2 H 2 Q 3 H 3  (Q1  Q 2  Q 3 )H
   , ou
751 75 2 753 75 t
n
n Q  Qi
Q1 Q 2 Q 3 Q1  Q 2  Q 3
     i  1
i
1  2 3 t 
i 1 i
t

28
b) Para bombas em série
Q1

Bomba (1) na associação  Q1 H 1


 H1  Pot 1 
 751
 1

Q 2

Bomba (2) na associação  Q 2 H 2


H 2  Pot 2 
 752
 2

Q

Associação das bombas em série 


H


 Pot 
QH
75 t

Q = Q1 = Q2 ; H = H1 + H 2
Q(H1  H 2 )
Pot = Pot1 + Pot2 =
75 t
n
Q1H1 Q 2 H 2 Q(H1  H 2 )
  n H  Hi
, ou H1 H 2 H1  H 2 i i 1
751 75 2 75 t     
1  2 t 
i 1 i
t
8.15 Aríete Hidráulico

8.15.1. Introdução

O carneiro ou aríete hidráulico destinado a elevar água por meio da própria energia hidráulica,
desde que se tenha uma queda d’água, de modo que parte da água aduzida no carneiro faça a
transferência de sua energia a outra parte, fazendo com que esta se eleve a alturas maiores que a
inicial. Ele foi inventado pelos irmãos Montgolfier (sec. XVIII), sendo uma máquina simples e de grande
utilidade, quando se deseja elevar pequenas vazões, e não se tem outra forma de energia disponível no
local. É muito usado para abastecimento domiciliar, pequenas instalações zootécnicas e irrigação de
pequena hortas e pomares.

8.15.2. Partes constituintes do carneiro e seus condutos

Um carneiro hidráulico instalado se constitui das seguintes partes:

- tubo de alimentação AB – é um tubo que vai da captação até a entrada do carneiro hidráulico. Tem
comprimento limitado e se prolonga no carneiro hidráulico até a válvula de escapamento.

- válvula de escapamento E – é a válvula colocada na extremidade do prolongamento do tubo de


alimentação AB, por onde a parte da água, que cedeu sua energia à outra, escapa a intervalos
regulares. Esta válvula se fecha de baixo para cima porque o empuxo da água sobre sua base é
maior que o peso da válvula. Naturalmente ela se mantém fechada. Durante o funcionamento do
carneiro ela se abre a intervalos regulares por causa da onda de depressão que ocorre após um
golpe de aríete.

- válvula de recalque R – é a válvula localizada na entrada da campânula ou câmara de ar. Ela se


abre pela maior pressão ocasionada pelo golpe de aríete, permitindo neste instante que parte da

29
água captada, que recebeu energia da outra parte, penetre na câmara de ar do carneiro, para que
possa posteriormente seja elevada.

- campânula ou câmara de ar C – peça ovóide que caracteriza o carneiro hidráulico, localizada sobre a
base do carneiro. Ela recebe a água que penetra pela válvula R, a cada golpe de aríete e pela
descompressão do ar, a encaminha para o tubo de elevação.

- tubo de elevação DF – conecta o carneiro ao local de elevação, com a finalidade de conduzir a água
que é pressionada pelo ar até o reservatório ou ponto de elevação.

30
Figura 101 – Desenho esquemático de um carneiro hidráulico.

8.15.3. Princípio de funcionamento

O funcionamento do carneiro hidráulico se fundamenta no golpe de aríete que é a elevação


brusca da pressão num conduto forçado, quando se intercepta repentinamente uma coluna líquida em
movimento, fazendo com que ocorram transferências de energia de uma parte da água para outra,
possibilitando assim a elevação de uma parte da massa líquida.
O funcionamento do carneiro é continuo e se inicia pela movimentação da haste da válvula de
escapamento E, que a faz abrir, provocando o escoamento da água no tubo de alimentação AB. Pela
ação do empuxo sobre a base da válvula, esta vai se fechar e interceptar bruscamente a coluna líquida
em movimento, provocando um golpe de aríete na canalização AB. Esta elevação faz com que a válvula
de recalque se abra permitindo a entrada de água no interior da campânula. Simultaneamente, há a
ocorrência de uma onda de depressão ou vácuo se acaba e pela ação do empuxo na base da válvula,
esta novamente se fecha provocando novo golpe e o processo vai se repetindo ininterruptamente. A
cada golpe, portanto, parte da água que desce pelo tubo de alimentação é admitida no interior da
campânula. Ao penetrar nesta campânula, a água comprime o ar existente nela. Por reação, o ar se
descomprime e empurra a água. Como a válvula de recalque R está neste instante fechada, a água que
está sendo empurrada pelo ar só tem um caminho: se elevar pelo tubo de recalque ou elevação. Para
que a água se eleve até ao reservatório superior, é necessário que a pressão exercida pelo ar na água
seja superior a altura de elevação e para a água penetrar do tubo de alimentação para o interior da
campânula, é necessário que o golpe de aríete provoque uma pressão na tubulação AB superior à
pressão no interior da campânula, para que a válvula R se abra.

31
8.15.4. Transformações de energia

Para uma fração da água que desce pelo tubo de alimentação seja elevada a alturas maiores
que a do reservatório de alimentação, é necessário que esta fração aumente o seu estado de energia.
Esta energia adicional deve ser cedida pela outra fração, água que sai pela válvula de escapamento, que
diminui o seu estado de energia. Tal transferência de energia ocorre por transformações desta durante
cada ciclo do funcionamento do carneiro hidráulico.
Energia potencial (1)  Energia cinética
quando a válvula de escapamento se abre;
Energia cinética  carga piezométrica
quando a válvula de escapamento se fecha;
carga piezométrica  Energia potencial
quando o ar comprime a água na campânula C e esta se eleva no tubo de recalque;

8.15.5. Cálculo da vazão

A potência de qualquer máquina hidráulica ou de qualquer aproveitamento hidrelétrico pode ser


calculada teoricamente pela expressão:
P  .Q.H m
em que:
P = potência;
 = peso específico;
Q = vazão; e
Hm = altura manométrica.
No sistema MKS, P é dada em Kgm/s;  em Kgk/m3 , Q em m3 /s e Hm em m.
Na instalação de um carneiro, tem-se uma queda que tem uma potência teórica e se tem uma
máquina hidráulica (carneiro) que para realizar o trabalho de elevar uma vazão q a uma altura H,
consome uma potência.
A potência da queda d’água no carneiro pode ser dada pela expressão:

Pq  .Q.h
em que:
Pq = potência da queda d’água; e
h = altura de queda.

Por causa das baixas velocidades da água nas canalizações do carneiro, a altura manométrica
foi tomada igual à altura geométrica.
Similarmente, o carneiro consome energia para elevar água à altura H e a potência consumida
será:

32
Pc  .q.H
em que:
Pc = potência consumida pelo carneiro;
q = vazão elevada pelo carneiro; e
H = altura de elevação.
Como não há injeção de energia no processo, as duas potências devem se igualar, portanto:

.Q.h  .q.H ou Q.h  q.H

Na prática há que se considerar os atritos, neste caso, o segundo membro é menor que o
primeiro e para torná-los iguais é necessário multiplicar o primeiro por um coeficiente menor que a
unidade:

Q.h.R  q.H

em que R é o rendimento do carneiro.


O rendimento do carneiro vai depender do acabamento, da relação entre h/H e da freqüência de
golpes com que a válvula de escapamento trabalha. Maior freqüência implica em maiores rendimentos,
porém a vazão elevada diminui. Para menor freqüência, o rendimento se reduz e a vazão elevada
aumenta, para uma mesma instalação.
Colocar o carneiro em funcionamento numa das duas condições vai depender principalmente da
disponibilidade de água na propriedade. Quando a água disponível é limitante, deve-se aproveitá-la ao
máximo, portanto é desejável Ter-se maiores rendimentos, senão não faz sentido economizá-la e sim
elevar o máximo possível, mesmo que seja com baixo rendimento.
A tabela 1 fornece o rendimento do carneiro hidráulico em função da relação h/H, para condições
ótimas de instalação e ajustamento da válvula.

Tabela 1 – Valores aproximados do rendimento do carneiro em função da relação h/H

Relação h/HRendimento R (%)1:2801:3751:4701:5651:6601:755

8.15.6. Tamanho do carneiro

Existem carneiros hidráulicos de vários tamanhos, que devem ser escolhidos em função das
vazões disponíveis e desejadas. Abaixo tem-se as especificações do carneiro marca Marumby, segundo
seu fabricante.

33
Tabela 2 – Tamanho do carneiro caracterizado por um número e suas características principais

8.15.7. Cuidados na instalação do carneiro


Embora seja um equipamento de fácil uso e instalação, alguns cuidados essenciais devem ser
tomados para que o aparelho tenha um bom desempenho. Muitos problemas surgem da não
observância de cuidados elementares na instalação do carneiro.
a- a base deve ser firme e nivelada;
b- a altura de queda deve se situar entre 1 e 9 m.
h menor que 1 m – baixos rendimentos e mau funcionamento
h maior que 9 m – desgaste excessivo da válvula de escapamento
c – os diâmetros dos tubos de alimentação e elevação são os determinados e recomendados
pelo fabricante, para cada tamanho de carneiro. Em casos especiais, o diâmetro do tubo de elevação
deve ser aumentado par reduzir as perdas por atrito.
d – cuidados na instalação do tubo de alimentação:
d1 – o material deve ser de ferro galvanizado ou outro material rígido, para não absorver
o golpe de aríete que ocorre na tubulação;
d2 – o comprimento do tubo de alimentação deve ser maior que a altura de elevação H.
Na prática este valor se situa entre 8 e 15 m;
d3 – o tubo de alimentação deve ter seu traçado de modo a passar sempre abaixo da
linha de carga efetiva (LCE), como o recomendado para os condutos que escoam
água por gravidade;
d4 – deve ser o mais reto possível;
d5 – deve ter a extremidade protegida por crivos, para evitar a entrada de detritos
maiores os quais poderiam provocar falhas nas duas válvulas;

34
e – cuidados na instalação do tubo de elevação:
e1 – deve ser o mais reto possível;
e2 – deve estar sempre em aclive.

Exemplo:
Dados:
- Vazão necessária: 90,83L/h
- Altura de queda (h): 2,5m
- Altura de recalque (H): 15m

Resolução:
Proporção:
h/H = 2,5 / 15 = 1/6  Tabela 2  R = 0,60

Vazão de alimentação (Q) para atender a vazão necessária (q):


h
q  Q. .R  Q = 908,3 L/h
H
Diâmetros de entrada e saída

Q = 908,3 L/h = 15,13 L/min (Tabela 2)  De = 1 ¼”; Ds = ½”

Escolher carneiro com essas dimensões conforme o fabricante.

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